ano xxviii • nº 226• novembro/2013 fiscalização médica ... · nesta edição do jornal...

12
ANO XXVIII • Nº 226• NOVEMBRO/2013 CFM e MPT reforçam críticas ao Mais Médicos junto ao STF Pág. 4 Fiscalização médica O texto estabelece as exigências que devem ser atendidas para que a medicina possa ser exercida sem problemas em consultórios e postos de saúde Págs. 6 a 8 Resolução estabelece critérios para funcionamento de serviços Mais Médicos Denúncias de ilegalidades chegam à OMS e OIT Pág. 3 Urgência e Emergência Vistorias atestam caos em hospitais públicos Pág. 5 Saúde da Criança Recomendação estimula ingestão de ácido fólico Pág. 10 Banco de imagens do CFM

Upload: truongtuong

Post on 09-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ANO XXVIII • Nº 226• NOVEMBRO/2013

CFM e MPT reforçam críticas ao Mais Médicos junto ao STF Pág. 4

Fiscalização médica

O texto estabelece as exigências que devem ser atendidas para que a medicina possa ser exercida sem problemas em consultórios e postos de saúde Págs. 6 a 8

Resolução estabelece critérios para funcionamento de serviços

Mais MédicosDenúncias de ilegalidades

chegam à OMS e OITPág. 3

Urgência e EmergênciaVistorias atestam caos em hospitais públicos

Pág. 5

Saúde da CriançaRecomendação estimula ingestão de ácido fólico

Pág. 10

Ban

co d

e im

agen

s do

CFM

2 EDITORIAL

jORnAL MEDICInA - nOV/2013

Reforço à fiscalização

Desiré Carlos CallegariDiretor executivo do jornal Medicina

* Por motivo de espaço, as mensagens poderão ser editadas sem prejuízo de seu conteúdo

Cabe aos con-selhos de me-dicina atuarem em defesa do bom exercício profissional, assegurando condições para a atuação dos médicos

Mudanças de en de re ço de vem ser co mu ni cadas di re ta men te ao CFM

pelo e-mail [email protected]

Os artigos e os comentários assinados são de in tei ra res pon sa bi li da de dos au to res, não

re pre sen tan do, ne ces sa ria men te, a opi nião do CFM

Diretoria

Presidente:1º vice-presidente:2º vice-presidente:3º vice-presidente:

Secretário-geral:1º secretário:2º secretário:

Tesoureiro:2º tesoureiro:

Corregedor:Vice-corregedor:

Roberto Luiz d’ AvilaCarlos Vital Tavares Corrêa LimaAloísio Tibiriçá MirandaEmmanuel Fortes Silveira CavalcantiHenrique Batista e SilvaDesiré Carlos CallegariGerson Zafalon Martins José Hiran da Silva GalloDalvélio de Paiva MadrugaJosé Fernando Maia VinagreJosé Albertino Souza

Diretor-executivo:Editor:

Editora-executiva:Redação:

Copidesque e revisor:Secretária:

Apoio:Fotos:

Impressão:

Projeto gráficoe diagramação:

Tiragem desta edição:Jornalista responsável:

Desiré Carlos CallegariPaulo Henrique de Souza Thaís DutraAna Isabel de Aquino CorrêaMilton de Souza JúniorNathália Siqueira Rejane MedeirosVevila Junqueira

Napoleão Marcos de AquinoAmanda FerreiraAmilton ItacarambyMárcio Arruda - MTb 530/04/58/DFEsdeva Indústria Gráfica S.A.

Mares Design & Comunicação

380.000 exemplaresPaulo Henrique de SouzaRP GO-0008609

Publicação oficial doConselho Federal de Medicina

SGAS 915, Lote 72, Brasília-DF, CEP 70 390-150Telefone: (61) 3445 5900 • Fax: (61) 3346 0231

http://www.portalmedico.org.br [email protected]

Abdon José Murad Neto, Aloísio Tibiriçá Miranda, Cacilda Pedrosa de Oliveira, Desiré Carlos Callegari, Henrique Batista e Silva, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, Paulo Ernesto Coelho de Oliveira, Roberto Luiz d’Avila

Conselho editorial Cartas* Comentários podem ser enviados para [email protected]

Conselheiros titulares

Ademar Carlos Augusto (Amazonas), Alberto Carvalho de Almeida (Mato Grosso), Alceu José Peixoto Pimentel (Alagoas), Aldair Novato Silva (Goiás), Alexandre de Menezes Rodrigues (Minas Gerais), Ana Maria Vieira Rizzo (Mato Grosso do Sul), Antônio Celso Koehler Ayub (Rio Grande do Sul), Antônio de Pádua Silva Sousa (Maranhão), Ceuci de Lima Xavier Nunes (Bahia), Dílson Ferreira da Silva (Amapá), Elias Fernando Miziara (Distrito Federal), Glória Tereza Lima Barreto Lopes (Sergipe), Jailson Luiz Tótola (Espírito Santo), Jeancarlo Fernandes Cavalcante (Rio Grande do Norte), Lisete Rosa e Silva Benzoni (Paraná), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará), Luiz Carlos Beyruth Borges (Acre), Makhoul Moussallem (Rio de Janeiro), Manuel Lopes Lamego (Rondônia), Marta Rinaldi Muller (Santa Catarina), Mauro Shosuka Asato (Roraima), Norberto José da Silva Neto (Paraíba), Renato Françoso Filho (São Paulo), Wilton Mendes da Silva (Piauí).

Conselheiros suplentes

Abdon José Murad Neto (Maranhão), Aldemir Humberto Soares (AMB), Aloísio Tibiriçá Miranda (Rio de Janeiro), Cacilda Pedrosa de Oliveira (Goiás), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima (Pernambuco), Celso Murad (Espírito Santo), Cláudio Balduíno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Dalvélio de Paiva Madruga (Paraíba), Desiré Carlos Callegari (São Paulo), Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (Alagoas), Gerson Zafalon Martins (Paraná), Henrique Batista e Silva (Sergipe), Hermann Alexandre Vivacqua Von Tiesenhausen (Minas Gerais), Jecé Freitas Brandão (Bahia), José Albertino Souza (Ceará), José Antonio Ribeiro Filho (Distrito Federal), José Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso), José Hiran da Silva Gallo (Rondônia), Júlio Rufino Torres (Amazonas), Luiz Nódgi Nogueira Filho, in memoriam (Piauí), Maria das Graças Creão Salgado (Amapá), Mauro Luiz de Britto Ribeiro (Mato Grosso do Sul), Paulo Ernesto Coelho de Oliveira (Roraima), Pedro Eduardo Nader Ferreira (Tocantins), Renato Moreira Fonseca (Acre), Roberto Luiz d’ Avila (Santa Catarina), Rubens dos Santos Silva (Rio Grande do Norte), Waldir Araújo Cardoso (Pará).

Como autarquias pú-blicas especiais, cabe aos conselhos de medicina atu-arem em defesa do bom exercício profissional, as-segurando condições para a atuação dos médicos e da oferta de assistência de qualidade para a popula-ção. Em seu artigo 2º, a Lei 3.268/57 não deixa dúvidas sobre esta missão.

“O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores da ética pro-fissional em toda a Repú-blica e ao mesmo tempo, julgadores e disciplina-dores da classe médica, cabendo-lhes zelar e tra-balhar por todos os meios ao seu alcance, pelo per-feito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legal-mente”, afirma o texto.

Nesta edição do jornal Medicina detalhamos um importante instrumento na luta por melhores condições de trabalho e pela oferta de uma assistência digna e de qualidade, como a popu-lação merece e tem direito. A Resolução 2.056/13 re-presenta um marco para a fiscalização dos serviços de saúde do país ao agregar modernidade, objetividade e eficiência.

Com ela, os CRMs

poderão apontar as irre-gularidades em nível local nos serviços públicos, cha-mando os gestores à res-ponsabilidade. Se antes os relatórios poderiam levar semanas para ser concluí-dos, agora, com o auxílio da informática, os docu-mentos ficarão prontos em horas.

Além disso, com a definição de parâmetros nacionais, será possível traçar diagnósticos sobre a qualidade dos serviços oferecidos e detectar os problemas mais comuns de Norte a Sul. Os ganhos serão de todos, mas prin-cipalmente dos cidadãos que contarão com o apoio qualificado dos conselhos de medicina na luta por uma saúde melhor.

Também apresentamos aos leitores a cobertura da audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que analisou dife-rentes aspectos relacio-nados ao programa Mais Médicos. O ministro Mar-co Aurélio Mello adiantou que sua decisão sobre as ações diretas de inconstitu-cionalidade em tramitação, das quais é relator, ficará para 2014.

No entanto, será difícil esquecer os argumentos apresentados por aqueles que enxergam nesta inicia-

tiva uma sucessão de equí-vocos legais e técnicos.

Em seu pronunciamen-to, o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, acusou a irresponsabili-dade do governo. No que foi apoiado por diversos outros que compareceram ao STF. Além da crítica técnica, teve destaque a leitura jurídica feita pelo Ministério Público do Tra-balho, cujo representante – procurador Sebastião Caixeta – foi veemente: trata-se de uma ação ei-vada de ilegalidades.

Finalmente, nesta edi-ção registramos mais uma homenagem do CFM ao conselheiro Luiz Nódgi, representante do Piauí no plenário, que nos deixou em setembro. A partir de agora, a Câmara 2 do CFM – onde são realiza-das reuniões e sindicân-cia – tem seu nome, uma forma de enaltecer seu compromisso com o forta-lecimento do sistema con-selhal e de toda a classe médica. Mais uma vez, o CFM expressa seu pesar pela perda do amigo.

Sugiro que o Ministério Público Federal seja convidado a se alinhar com o CFM no de-bate sobre os baixos salários dos médicos. Acredito que há espaço para fortalecer as lutas da categoria.

Carlos [email protected]

CRM-ES 3.670

CFM Responde: Encaminharemos sua suges-tão para a direção do CFM. E lembramos que há boa relação entre o Conselho e o MPF. In-clusive, em agosto, houve fechamento de parce-ria institucional para análise conjunta de temas relativos à saúde.

Quero parabenizar o CFM pela postura em defesa da saúde do povo brasileiro, que merece ser respeitado. Querem fazer política barata, enganando a população com a importação de profissionais não qualificados. A classe médi-ca está revoltada com o descaso dos políticos.

Mais uma vez, parabéns ao CFM por estar alerta com relação a este atentado e contra o desprestígio da medicina.

Saul [email protected]

CRM-RS 5.108

Política nunca foi meu assunto predileto; por isso, nem tenho lado definido (direita ou es-querda). Procuro sempre estar do lado certo. Mas tenho dito que não adianta trazer médi-cos de Cuba porque o problema não é falta de médicos, mas falta de recursos. Então, fica óbvio que se ao invés de estádios tivessem sido construídos hospitais e postos de saúde, talvez aí, sim, se reforçaria a medicina preventiva. Me considero parte dessa causa e vou lutar ativa-mente por uma saúde melhor para o nosso país.

Vanessa Claudia de Lima [email protected]

CRM-SP 95.309

Onde está a valorização do profissional que in-vestiu neste país e que lutou para passar nos vestibulares mais concorridos? É inadmissível pensar que o governo rejeita o seu próprio povo e dá preferência a médicos cubanos! Não à im-portação de médicos sem revalidação!

João Vicente de Souza [email protected]

CRM-RS 37.527

Temos que mostrar à população e ao governo que há médicos em demasia, concentrados nos grandes centros por falta de uma política ade-quada de interiorização. CFM, AMB, Fenam e ANMR devem estar unidos. Assim, podere-mos nos investir de nossa verdadeira força.

Giovani [email protected]

CRM-BA 13.456

3POLÍTICA E SAÚDE

jOrnAL MEDICInA - nOV/2013

O Conselho Federal de Medicina (CFM)

encaminhou denúncia formal às organizações Mundial da Saúde (OMS) e Internacional do Traba-lho (OIT) por ilegalidades na contratação de profis-sionais estrangeiros para atua rem no programa Mais Médicos.

Para o CFM, neste pro-cesso o governo brasileiro desconsiderou termos do Código Global de Prática para Recrutamento Inter-nacional de Profissionais de Saúde da OMS, do qual é signatário.

De acordo com o do-cumento encaminhado, ao mascarar a contratação de mão de obra para atuar no atendimento direto aos pa-cientes como suposto pro-grama de ensino médico, o governo trata com desi-gualdade os médicos que vieram de outros países.

Também preocupa o CFM a existência de um esquema de intermedia-ção/exploração de mão de obra – estabelecido no con-trato firmado entre o Mi-

nistério da Saúde e a Orga-nização Pan-Americana da Saúde (Opas) que receberá 5% de todos os salários dos médicos cubanos, sem jus-tificativa ou previsão legal para tanto – o que poderá representar até R$ 510,9 milhões para esse organis-mo internacional.

Na denúncia, o CFM aponta que a contratação dos médicos estrangeiros não atende aos princí-pios da transparência, equidade e promoção da sustentabilidade dos sis-temas de saúde dos paí-ses em desenvolvimento. “Em síntese, as denún-cias do CFM fazem parte dos esforços despendidos pela instituição contra a implementação do pro-grama Mais Médicos", disse o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, um dos formuladores da denúncia.

Segundo ele, “trata-se de um processo de contrata-ção de médicos, sem avalia-ção de suas competências, para assistência à saúde da maior e mais carente par-

te da população brasileira, com revestimento de pseu-docurso em pós-gradua-ção, promovido com outras intenções e com ações de marketing milionário, em desperdício do erário, em detrimento daqueles que dependem de assistência da saúde pública”.

Preocupado com o im-pacto da medida, afirmou que “essa pseudo forma de assistência à saúde é imposta ao cidadão sob o argumento coator de que esqueça a falta de infraes-trutura e aceite esse mé-dico sem revalidação do diploma obtido no exterior ou permaneça doente”.

Carlos Vital lembrou ainda que “de modo pa-radoxal à ética da res-ponsabilidade social e às necessidades do SUS, nos últimos 12 anos dei-xaram de ser realizados ou aplicados R$ 94 bi-lhões do pífio orçamento destinado ao Ministério da Saúde. Portanto, as denúncias do CFM vêm ao encontro de amplo exercício de cidadania.”

Não durou um minuto, mas foi o suficiente para mos-trar como alguns gestores são incapazes de lidar com a crítica e com outras formas de pensamento. Num dos intervalos da audiência pública do Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir as denúncias de ilegalidades contra o programa Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, me procurou – em meio a várias tes-temunhas – para falar sobre um comentário que fiz.

Em minha exposição ao ministro Marco Aurélio Mello disse que, no meu entendimento, o Mais Médicos é feito por "profissionais de calça curta que chegaram agora e pensam que estão construindo o SUS". O comentário não foi pejorativo e nem direcionado ao ministro, mas ele se sentiu ofendido e usou de ironia para tirar satisfações.

Num diálogo rápido, me agarrou pelo braço e alfine-tou: "Da próxima vez, venho de bermuda para agradá- lo". A provocação foi o suficiente para me fazer dar uma resposta à queima-roupa. Informei-lhe que não seria ne-cessário fazer isso, apenas bastava adotar ações coeren-tes, que não desvalorizem o médico brasileiro.

Aproveitei a deixa e reclamei ao ministro Padilha da campanha milionária que tem sido orquestrada pelo go-verno com vistas a desmoralizar a medicina brasileira, utilizando como desculpa o Mais Médicos. Afinal, são bi-lhões de reais investidos em anúncios e propagandas que mostram os intercambistas cubanos como “heróis da saú-de” e os médicos brasileiros como profissionais insensíveis.

Tamanha injustiça e desrespeito são agressões gratuitas a uma categoria que, historicamente, é corresponsável por todos os avanços alcançados no país no campo da saúde pública. Desde sua criação, os médicos apoiam e lutam pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se este modelo tem êxitos, os deve em grande parte à dedicação de milhares de colegas que fazem medicina em lugares onde falta tudo.

No atual momento, ao adotar esta postura, o governo faz um jogo de marketing, aproveitando-se da fragilidade da maioria da população. Omite-se de apresentar soluções reais, cria um programa de “ faz de conta” e atira sobre os médicos a responsabilidade por seu próprio fracasso.

O Ministério Público do Trabalho denunciou, por exem-plo, que o Mais Médicos – apesar de jogar luz sobre um pro-blema real que deve ser atacado – coleciona uma sucessão de equívocos legais. E nada justifica desobedecer a lei para resolver questões que poderiam ser sanadas com outras medidas, como aporte de mais recursos, profissionalização dos processos de gestão e criação de uma carreira de Estado para os médicos e outros profissionais do SUS.

Entendemos que o embate em torno deste programa ainda está longe do fim. Continuaremos a acompanhar seus equívocos, atropelos e a denunciá-lo em todas as instâncias possíveis. Até porque todos temos na mão um poderoso instrumento para mostrar que as escolhas fei-tas foram erradas.

Como profissionais e cidadãos, o exercício do voto num ano de eleições – como o é 2014 – pode ser um alerta definitivo para aqueles que acham viável a ma-nipulação impune das massas. Para eles, é importante ressaltar que os tempos são outros, de consciência plena sobre direitos e deveres. E é assim que a sociedade mos-trará que, ao contrário do que afirmam pesquisas ten-denciosas, o marketing não tem o poder de influenciar decisões tomadas pelas urnas.

Ilegalidades no Mais Médicos

Roberto Luiz d’Avila

PALAVRA DO PRESIDENTE

CFM faz denúncia contra programa na OMS e OIT

Para a entidade, o governo desrespeitou acordo internacional para contratação de estrangeiro, entre outras irregularidades

Desrespeito a Código afeta transparência e equidade

O Código Global de Prática para o Recrutamento Internacional de Profissionais de Saúde * é um documento aprovado na 63ª Assembleia Mundial de Saúde, em 21 de maio de 2010. Confira abaixo alguns dos itens que estão sendo descumpridos pelo governo federal.

Item 3.5Esta cláusula estabelece que o recrutamento internacional de profissionais de saúde deve ser conduzido segundo os princípios da transparência, equidade e promoção da sustentabilidade dos sistemas de saúde dos países em desenvolvimento.

Item 4.2 Determina que recrutadores e empregadores devem estar cientes e considerar responsabilidades legais de profissionais de saúde para o sistema de saúde de seus próprios países, tal como um contrato de trabalho justo e razoável.

Item 4.4Orienta os países que optarem pelo recrutamento a garantir aos profissionais contratações jus-tas, sem submissão a condutas ilegais ou fraudulentas. Pela regra, os recrutadores e emprega-dores devem fornecer aos profissionais de saúde migrantes informações pertinentes e precisas sobre todos os cargos oferecidos.

Item 4.5 Reforça a necessidade de isonomia entre os profissionais de saúde (estrangeiros e nacionais). Pela cláusula, devem ser assegurados aos que vêm do exterior os mesmos direitos e responsabi-lidades legais que os formados no país em termos de emprego e condições de trabalho.

*A íntegra do Código está disponível (em inglês) no seguinte endereço: http://www.who.int/hrh/migration/code/code_en.pdf

4 Política e Saúde

jornal Medicina - noV/2013

4 POLíTICA E SAúDE

Ilegalidades do Mais Médicos

Julgamento no STF fica para 2014

O ministro Marco Au-rélio Mello, relator

no Supremo Tribunal Fe-deral (STF) de duas ações diretas de inconstitucio-nalidade (ADI) contra o programa Mais Médicos, acredita que os julgamen-tos acontecerão no primei-ro semestre de 2014. A informação foi dada duran-te audiência pública con-vocada pelo Supremo para angariar subsídios acerca do tema.

As ADIs em trami-tação são as de número 5.035 e 5.037, ajuizadas, respectivamente, pela As-sociação Médica Brasileira (AMB) e pela Confedera-ção Nacional dos Traba-lhadores Liberais Univer-sitários Regulamentados (CNTU).

Representantes de en-tidades médicas, do Minis-tério Público do Trabalho (MPT) e parlamentares apontaram, durante au-diência realizada nos dias

25 e 26 de novembro em Brasília, equívocos e pro-blemas do programa do governo.

Críticas do CFM – O presidente do Conse-lho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d’Avila, criticou a falta de validação de diplomas dos intercambistas do pro-grama afirmando que a medida cria dois tipos de pacientes no país. Além de abordar a negligência com que o governo trata questões como a desestru-turação do atendimento, o baixo investimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e a falta de empe-nho da atual gestão em resolver tais problemas, d’Avila apresentou de-núncias da imprensa sobre erros cometidos no atendi-mento à população.

Depoimentos – O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, e o

diretor da entidade, José Bonamigo, bem como o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferrei-ra, também esclareceram equívocos cometidos com a medida.

Marco Aurélio Mello também ouviu o ministro da Saúde, Alexandre Pa-dilha, o advogado geral da União, Luiz Adams, técni-cos do governo e represen-tantes de outras entidades.

Audiência pública deve influenciar decisão sobre duas ADIs contra o programa

O procurador do Tra-balho Sebastião Vieira Caixeta disse, durante a audiência, que é “nobre” e “necessário” suprir a necessidade de atenção básica de saúde no Bra-sil, mas que “isso tem de ser feito sem o com-prometimento de outros valores constitucionais”.

O relatório parcial do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre o tema, divulgado em 30 de outubro, revela, “com muita clareza, que o que se tem de fato é uma rela-ção de trabalho que, infe-lizmente, está mascarada por um programa de aper-feiçoamento, que seria uma pós-graduação, com foco no ensino, na pesqui-sa e na extensão. Na prá-tica, o que se vê, de fato, é uma relação de trabalho”.

Arbitrariedade – Caixeta observou que a Medida Provisória (MP) 621/13, convertida na Lei

12.871/13, não poderia, arbitrariamente, contra-riando os seus próprios pressupostos, fazer con-figuração legal destoante do que ocorre na práti-ca. “A atividade de ser-viço [dos participantes do Mais Médicos] é pre-ponderante”, destacou, observando que das 40 horas semanais de dedi-cação do profissional, 32 são de atividade laboral.

“Os direitos sociais trabalhistas têm alcan-ce coletivo e geral”, e acrescenta que “a regra de investidura no servi-ço público é o concurso público. Quando se ex-cepciona isso, deve ha-ver, no mínimo, um pro-cesso público de seleção, ainda que simplificado. E a seleção deve obser-var critérios objetivos”.

Sem sucesso – Cai-xeta também questionou o fato de os profissionais cubanos não receberem

a bolsa de R$ 10 mil, haja vista que o dinheiro é repassado pelo Brasil, por meio de convênio, para a Organização Pan- Americana da Saúde (Opas), a qual, por sua vez, o repassa para Cuba, responsável por remune-rar esses profissionais. O procurador do Trabalho relatou ter tentado, sem sucesso, acesso ao convê-nio entre a Opas e Cuba.

“Não obtive formal-mente a informação e, ao que parece, nem o governo brasileiro tem esse acesso”, informou. Acrescentou que o MPT fará inspeções das ativi-dades do Mais Médicos in loco e que os resulta-dos colhidos serão junta-dos ao processo no STF.

MPT aponta série de problemas na iniciativa

Um dos destaques da audiência pública foi a participação do médi-co William José Bicalho Hastenreiter Paulo, inte-grante do programa Mais Médicos, que não pou-pou críticas ao governo federal. Ele classificou a iniciativa como eleitorei-ra, disse que a tutoria re-cebida do governo é pre-cária, apontou a ausência de direitos trabalhistas e afirmou que, ao trazer médicos de fora, o gover-no pretende evitar críti-cas sobre a precariedade

da saúde pública no país.Eleitoreira – “O ob-

jetivo real do Mais Mé-dicos é eleitoreiro. Um marqueteiro, João Santa-na, já fez o mesmo na Ve-nezuela”, relatou William Paulo, para quem a ação tem relação com as pre-tensões políticas da pre-sidente Dilma Rousseff e do ministro Padilha. Ao encerrar, afirmou que espera não sofrer perse-guições. Na sequência, o ministro Marco Aurélio Mello repetiu o desejo de que não haja retaliações.

Integrante do programa faz críticas

Homenagem – Na noite de 28 de novembro foi realizada a cerimônia de colação de grau da 74ª turma de formandos em Medicina da Univer-sidade Gama Filho. A classe é conhecida como “Turma Dr. Roberto Luiz d’Avila”, em homenagem ao presidente do CFM, que também recebeu o título de patrono. Para os estudantes, d’Avila é hoje um referencial da consciência médica atual por seu empenho, responsabilidade, austerida-de e forma como conduziu as discussões e o andamento dos movimentos em prol da melhoria do caráter médico junto às entidades de classe. Em nome do CFM, d’Avila agradeceu o prestígio e lembrou da importância da juventude para o futuro da medicina: “Fico feliz por ver tantos formandos fazerem esse compromisso com a profissão".

Audiência: o ministro Marco Aurélio ouviu, por dois dias, diferentes críticas ao programa Mais Médicos

D’Avila: foco na falta de revalidação dos diplomas obtidos no exterior

Para assistir a íntegra da au-diência pública, acesse o ca-nal do STF no Youtube: http://www.youtube.com/stf .

Foto

s: A

sses

soria

ST

F

5POLÍTICA E SAÚDE

jOrnAL MEDICInA - nOV/2013

Urgência e Emergência

Denúncias de precariedade na rede pública continuam a chegar aos CRMs

Pacientes internados em macas pelos corredores

e colchões sobre o chão, instalações inadequadas, paredes com mofo e infil-trações. Cenários que se assemelham aos de uma enfermaria de guerra.

Este é o panorama dos principais hospitais públicos de urgência e emergência visitados pe-los conselhos de medicina, numa ação desenvolvida com a Comissão de Direi-tos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputa-dos (CDHM). O relató-rio preliminar das vistorias foi apresentado durante o seminário “O Caos no Atendimento de Urgência e Emergência no Brasil”, realizado em novembro, no Congresso Nacional.

A partir das vistorias, o Congresso Nacional re-comendará às autoridades competentes que, dentre outras providências, ado-te efetivamente a Política Nacional de Atenção às Urgências, adequando o financiamento do Sistema

Único de Saúde (SUS); amplie a abrangência do programa ‘SOS Emer-gência’, lançado em 2011; fortaleça os sistemas de referência e contrarrefe-rência e a informatização dos serviços, para que es-tes se dediquem aos casos realmente graves.

O subfinanciamen-to também foi apontado como “a expressão maior da falta de prioridade” para o tema. Para expor esse quadro, a Comissão recorreu a recente análi-se do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, com base em dados ofi-ciais do governo, revelou que o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões no SUS ao lon-go dos últimos 12 anos.

Para o 2º vice-presi-dente do CFM e coor-denador da Comissão Nacional Pró-SUS, Aloí-sio Tibiriçá, o Executivo federal precisa acatar imediatamente as reco-mendações das entidades médicas e demais partici-

pantes da ação, não ape-nas no que diz respeito à infraestrutura e finan-ciamento, mas, também, àquelas relacionadas à remuneração dos presta-dores de serviços e valo-rização dos profissionais.

“É preciso enfrentar a questão de recursos hu-manos para emergências, promovendo a formação adequada em programas específicos de residência médica e a criação de pla-nos de carreira no SUS, entre outros pontos”, disse Tibiriçá.

Mauro Ribeiro, co-ordenador da Câmara Técnica de Urgência e Emergência do CFM, acompanhou de perto os trabalhos da Comissão e enfatizou que muitos dos problemas encontrados se devem a questões es-truturais, ainda não ade-quadamente resolvidas pelo SUS. “São proble-mas que estão ferindo a dignidade e os direitos dos cidadãos brasileiros, previstos na lei”, disse.

Vistorias apontam caos no atendimento

Tibiriça (à dir.): acusou a falta de responsabilidade do governo

Sofrimento: a diminuição nos investimentos penaliza os cidadãos

Oito grandes hospitais de emergências do país são avaliados por entidades médicas, parlamentares, MP e OAB

A situação constatada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias nas urgências e emergências do Brasil reflete realidade denunciada diaria-mente por médicos e pacientes. Nas unidades de gestão municipal, estadual ou federal os problemas mais comuns são aqueles que prejudicam não apenas a assistência em saúde, mas também o exercício da medicina. Confira a seguir algumas das denúncias do mês de novembro:

Hospitais vistoriados pela CDHM

Arthur Ribeiro de Saboya, em São Paulo (SP)

Souza Aguiar, no Rio de Janeiro (RJ)

Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador (BA)

Pronto-Socorro João Paulo II, em Porto Velho (RO)

Pronto-Socorro Municipal Mario Pinotti, em Belém (PA)

Hospital de Base, em Brasília (DF)

Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (RS)

Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande, em Mato Grosso (MT)

Pernambuco Piauí Rio de Janeiro

O conselho regional de medicina local (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos realizaram uma “blitz noturna” em cinco hospitais públicos (Hospital da Restauração, Hospital Agamenon Magalhães, Pron-to-Socorro Cardiológico de Pernambuco, Policlínica Amaury Coutinho e Unidade Mista Barros Lima) para avaliar a estrutura e as escalas de plantão, além de verificar com pacientes a qualidade dos atendimentos.Escalas médicas incompletas, demora na entrega dos exames, emergências superlotadas e pacien-tes nos corredores foram alguns dos problemas encontrados pelas entidades médicas. O relatório foi entregue às autoridades

Médicos da diretoria e intensivistas do Hospital Uni-versitário (HU) do estado pediram demissão no dia 29 de novembro, em protesto pela falta de estrutu-ra e de condições mínimas de trabalho na unidade. Os profissionais reclamavam de carência de equi-pamentos básicos na unidade de terapia intensiva (UTI). Recentemente, o Conselho Regional de Medi-cina do Estado do Piauí (CRM-PI) realizou fiscaliza-ção nas instalações do HU e identificou uma série de irregularidades – como a falta de alvará da Vigi-lância Sanitária, por exemplo – que irão compor um relatório a ser entregue às autoridades. Atualmente, o hospital é administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O conselho regional de medicina local (Cremerj) pediu ao secretário municipal de Saúde, Hans Do-hmann, o fechamento da emergência do Hospital Municipal Salgado Filho após ter detectado falta de leitos e de profissionais na unidade. Médicos do hospital apontaram que o posto sofre com a super-lotação, falta de recursos humanos, salários baixos e péssimas condições de trabalho. Também por pro-blemas de estrutura e carência de profissionais, o corpo clínico do Hospital Federal do Andaraí, com sede na capital fluminense, divulgou carta aberta na qual descreve o hospital como um “amontoado de escombros“. Para os profissionais da unidade, as péssimas condições evoluem para o fechamento dos serviços e prejudicam ainda mais a população.

Agê

ncia

Câm

ara

PLENÁRIO E COMISSÕES 6

jornal MEDICIna - noV/2013

A Resolução 2.056/13 estabelece a infraestru-tura mínima a ser exigida dos consultórios e ambu-latórios médicos, de acor-do com sua atividade-fim e/ou especialidade. Essa é a diferença para a Re-solução 1.613/01, que não detalhava parâme-tros mínimos. Emmanuel Fortes ressalta que as exigências estão ampara-das em portarias do Mi-nistério da Saúde. “Não inventamos nada, ape-nas queremos que sejam atendidos os requisitos básicos estabelecidos pelo próprio governo”, afirma.Os consultórios e ambu-latórios foram divididos em três tipos. Dos con-sultórios e serviços do Grupo 1, em que são re-alizadas apenas consultas, serão exigidos, por exem-plo, equipamentos bási-cos como tensiômetro, estetoscópio, termôme-tro, maca, lençóis, pia, ca-deiras para o médico, pa-ciente e acompanhante,

entre outras exigências.Já para os do Grupo 2, onde se executam pro-cedimentos sem aneste-sia local e sem sedação, como o consultório de um cardiologista que faz apenas eletrocardiogra-mas, serão exigidos, além do listado no consultó-rio básico, equipamentos próprios necessários para os exames específicos.Nos consultórios ou ser-viços com procedimen-tos invasivos ou que ex-ponham os pacientes a risco de vida (Grupo 3), que rea lizem, por exem-plo, teste ergométrico ou façam procedimentos com anestesia local ou sedações leves, os fiscais devem averiguar se há os instrumentos que assegu-rem a aplicação de forma segura e, em havendo complicação, tenha equi-pamentos de socorro à vida. O médico precisa ser preparado para reali-zar os primeiros procedi-mentos de suporte à vida.

Fiscalização médica

A partir de 2014, as fiscalizações em

unidades de saúde feitas pelos conselhos regionais de medicina (CRMs) se-rão mais ágeis e terão mais efetividade.

A base para essa afir-mação está na Resolu-ção 2.056/13, publica-da no Diário Oficial da União (DOU) no dia 12 de novembro, que mo-derniza as regras de fis-calização e estabelece critérios mínimos para o funcionamento de es-tabelecimentos médicos por meio do Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil.

A nova resolução substitui a 1.613/01 e vem acompanhada da in-formatização do proces-so de fiscalização. As vis-torias serão padronizadas

e realizadas com o auxílio de tablets, o que fará com que os resultados sejam enviados imediatamen-te para os CRMs e para o Conselho Federal de Medicina (CFM).

“Essa resolução muda substancialmente o tra-balho de fiscalização rea-lizado pelos conselhos re-gionais. É um esforço do CFM para uniformizar as práticas do controle da medicina. Queremos dar mais segurança ao ato médico e, consequente-mente, ao paciente”, ex-plica o 3º vice-presidente e coordenador de fiscali-zação da entidade, Em-manuel Fortes, relator da resolução.

Prazos – A Resolu-ção 2.056/13 entra em vigor 180 dias após sua edição e, no primeiro se-

mestre de 2014, devem ser editados novos ane-xos à mesma.

O plenário do CFM deve votar os manuais de vistoria e fiscalização para hospitais-dia, hos-pitais gerais, incluindo as unidades de terapia intensiva, e clínicas de diagnósticos. “A nos-sa intenção é terminar o mandato com todos

esses manuais aprova-dos”, adianta Emma-nuel Fortes.

Até a entrada em vigor da resolução, os CRMs farão vistorias educativas, orientando os gestores sobre a ne-cessidade de adequação às regras. Depois desse prazo, os gestores das unidades de saúde fisca-lizadas terão um tempo

de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, para resol-ver os problemas apon-tados. Caso contrário, o CFM oferecerá denún-cias aos órgãos compe-tentes, como o Ministé-rio Público e os Tribunais de Contas. Também indicará a realização de interdições éticas, como já ocorre na Paraíba e no Rio Grande do Sul.

A interdição ética proí-be o médico de trabalhar no local enquanto não fo-rem oferecidas condições mínimas de trabalho. Ge-ralmente, ela só ocorre em casos extremos e após o CRM ter notificado o ges-tor preliminarmente. Mas há casos em que é feita na primeira visita do fiscal. “Se um consultório não tem porta, por exemplo, ele é interditado imediatamen-te, pois não está garantindo a privacidade do paciente”, explica o diretor de Fiscali-

zação do CRM da Paraíba e integrante do grupo de trabalho que elaborou a Resolução 2.056/12, Eurí-pedes Souza.

A medida é adotada pelo CRM, mas os pró-prios médicos podem sus-pender suas atividades se considerarem que não têm condições de trabalhar no local. Para tanto, o corpo clínico deverá entrar em contato com o CRM, que após ir ao local poderá concordar, ou não, com a suspensão.

Unidades podem sofrer interdição ética

Regra exige requisitos mínimos

CFM moderniza processo de vistorias

Modernidade: novas regras trarão mais agilidade e uniformidade ao processo de fiscalização nas unidades de saúde

Com a Resolução 2.056/13, os CRMs têm um instrumento para exigir boas condições de trabalho e assistência

Fortes: meta é concluir a reforma da fiscalização dos CRMs até 2014

Os hospitais também terão de se adaptar à resolução quanto ao registro do pron-tuário do paciente. Nele, deverá constar anamnese, folhas de prescrição e de evolução exclusiva para médicos e enfermeiros, e também para os demais profissionais de saúde que intervenham na assistência. As evoluções e prescrições de rotina devem ser feitas pelo médico assistente pelo menos uma vez ao dia. A atualização diária também é exigida dos estabelecimentos geriátricos, psiquiátricos e de cuidados paliativos nos casos de pacientes agudos. Em pacientes estabilizados, a atualização deve ser de, no mínimo, três vezes por semana. As folhas do pron-tuário também devem ser de cores diferentes e divididas em colunas. Atualmente, poucos estabelecimentos seguem essa rotina.

Prontuário médico

PLENÁRIO E COMISSÕES 7

jornal MEDICIna - noV/2013

Fiscalização médica

Além de fixar nova sis-temática para as vistorias, o manual de fiscalização traz um modelo para o preenchi-mento de prontuários e para a elaboração das anamneses, “que hoje estão muito sucin-tas, prejudicando o raciocínio clínico, principalmente para quem não teve contato com o paciente, como nos casos de processos éticos, quando precisamos das informações corretas para avaliar se o médico agiu de modo correto diante do paciente”, argu-menta Emmanuel Fortes.

Diretor de Fiscalização do CFM, Fortes acredita que essa medida irá alcan-çar as escolas médicas, que nem sempre repassam esse ensinamento aos estudan-tes. “Elas terão de ensinar a

anam nese conforme preco-nizado pelo Código de Éti-ca Médica”, afirma. Como forma de levar as faculdades de medicina a ensinarem seus alunos de acordo com a reso-lução, o CFM se dispõe a participar de seminários que tratem do assunto.

Perícia – A Resolução 2.056/13 também traz um modelo básico de como deve ser um relatório pericial e ressalta a necessidade de o médico perito ter condições de realizar seu trabalho. De acordo com o CFM, o perito deve registrar, por exemplo, a história pessoal e médica do periciado, além de reali-zar exames físicos e fazer o diagnóstico. Deve, também, responder as perguntas cons-tantes no processo.

GO e PB já estrearam novo manual

Anamnese ganha estímulo

Os conselhos regionais de medicina dos estados de Goiás (Cremego) e Pa-raíba (CRM-PB) realiza-ram, em 12 de novembro, as primeiras fiscalizações utilizando o novo software desenvolvido pelo Conse-lho Federal de Medicina (CFM) para a realização de vistorias em estabeleci-mentos de saúde. O soft-ware segue o preconizado na Resolução 2.946/13.

Na visita realizada na unidade básica de saúde (UBS) Jardim América II, em Águas Lindas de Goiás, o médico fiscal do Cremego, João Martins Neto, preencheu o for-mulário eletrônico – en-viado em 30 segundos para o CFM: “Essa nova ferramenta vai facilitar um diagnóstico mais pre-ciso da situação dos es-tabelecimentos de saúde e permitir que o Conse-lho faça maior cobran-ça aos gestores”, avalia.

Seguindo o estabele-cido no Manual de Visto-ria e Fiscalização, o fiscal analisou a estrutura física e as condições de higiene e acessibilidade. Na UBS Jardim América II, vários

dos itens considerados es-senciais pelo manual não estavam disponíveis, como toalhas de papel descar-táveis, lixeira com pedal, recipiente adequado para o descarte de agulhas, en-tre outros. Algumas macas acolchoadas estavam ras-gadas e a sala de curativos tinha infiltrações e era pou-co iluminada. O posto de saúde também não possuía um estetoscópio próprio.

“Os profissionais de saúde acabam por impro-visar, para não deixar a co-munidade sem assistência, mas essa é uma realidade que precisa ser mudada”, argumentou João Martins. Com 18 anos de experiên-cia como fiscal médico do Cremego, ressalta que a realidade encontrada nessa UBS é a mesma de outras unidades públicas.

A precarização nas re-lações de trabalho é tam-bém outra constante. Na UBS, apenas os agentes de saúde são servidores da prefeitura; os demais, incluindo a médica e uma enfermeira, têm contra-tos precários. O CFM vai informar o resultado da vistoria para a prefeitura

de Águas Lindas, dando prazo para que os pro-blemas sejam resolvidos.

João Pessoa – Na capital da Paraíba, a UBS visitada foi a Torre II, no bairro do mesmo nome. A unidade passou recente-mente por reforma e está em bom estado de conser-vação e higiene, com os consultórios, a sala de va-cina e a recepção climati-zados. Ainda falta um cor-rimão na entrada do prédio e a climatização da farmá-cia, da sala do citológico e da sala de enfermagem.

“Esta é uma unidade de saúde que está em boas condições, mesmo assim, sentimos falta da escada de dois degraus embaixo das macas e de uma cadei-ra de rodas”, explica Eu-rípedes Souza, diretor de fiscalização do CRM-PB. Também foi constatado que os médicos estavam usando formulários de atestado médico desatua-lizados. Outro problema detectado foi quanto à relação trabalhista dos médicos, que como os de Águas Lindas não eram servidores estatutários.

Diálogo: resolução também ajuda a relação entre médicos e pacientes

Agora, a caneta e o pa-pel do médico auditor

serão substituídos pelo ta-blet. O CFM vai entregar a cada CRM um kit com-posto pelo equipamento, uma máquina fotográfica, um medidor laser para averiguar o tamanho dos ambientes, um scanner di-gital, uma impressora por-tátil, além de um software. As vistorias devem seguir a determinação do Ma-nual de Vistoria, espécie de check list a ser seguido pelo auditor. “Antes, cada CRM fazia a fiscalização do seu jeito. Agora, será mais fácil parametrizar e gerar relatórios estatís-ticos”, explica Gleidson Porto, analista responsável pelo projeto no setor de in-formática do CFM.

O diretor de fiscalização do Conselho Regional de

Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Antônio Celso Ayub, que participou do grupo de trabalho responsável pela elaboração da Resolução 2.056/13, argumenta que devido ao vácuo normativo cada conselho estabelecia suas próprias regras, o que levava os grandes conse-lhos a apresentarem “es-tratégias mais eficientes de controle”.

Outra vantagem da in-formatização é a agilização no envio dos relatórios. “An-tes, o fiscal tinha de indicar a normativa do Ministério da Saúde que não estava sendo atendida. Agora, essa indicação faz parte do pró-prio programa. O relatório, que podia levar mais de trin-ta dias para ser concluído, é enviado imediatamente para o CRM e o CFM após

a conclusão da vistoria”, detalha o diretor de fiscali-zação do Conselho Regio-nal do Estado da Paraíba, Eurípedes Souza.

Pela primeira vez, o CFM terá acesso ao con-teúdo das visitas de fisca-

lização de forma online e digitalizada. Essa rotina permitirá a elaboração de estudos e levantamentos sobre carências e necessi-dades comuns ao sistema. Como forma de familia-rizar os auditores com

as novas ferramentas, o CFM vai oferecer um trei-namento nos dias 4 e 5 de dezembro, em Brasília, para todos os coordenado-res de fiscalização e mais um médico auditor contra-tado pelo CRM.

Nos CRMs, começa a era dos tablets

Online: os novos equipamentos possibilitarão enviar dados pela internet, trazendo rapidez e eficiência às vistorias

PLENÁRIO E COMISSÕES 8

jornal MEDICIna - noV/2013

Representantes dos 26 estados e do Distrito

Federal participaram, nos dias 4 e 5 de dezembro, de um treinamento para uso das novas ferramentas de fiscalização de consultó-rios e ambulatórios cria-das pelo Conselho Fede-ral de Medicina (CFM).No encontro, em Brasília (DF), receberam esclare-cimentos sobre a recente-mente editada Resolução 2.056/13, a respeito dos manuais de vistorias e vi-sitação e do manuseio dos equipamentos que serão auxiliares no trabalho. Emmanuel Fortes Ca-valcanti, coordenador do Departamento de Fis-calização, lembrou que se trata de um projeto inovador, que pode ser aperfeiçoado ao longo de sua execução. Para tanto, sugestões devem ser encaminhadas para possibilitar que a atua-lização seja constante. “Trata- se de um trabalho

que não se interrompe, pois sempre haverá aper-feiçoamentos”, lembrou o conselheiro, também 3º vice-presidente do CFM.Elogios – Na abertura da reunião, o presiden-te da entidade, Roberto Luiz d’Avila, elogiou o trabalho desenvolvido até o momento e destacou a importância da fiscaliza-ção para os conselhos de medicina. Segundo ele, uma atuação nesta área, conduzida de “forma res-ponsável, consequente, com critérios e justifica-tivas”, trará ganhos para os médicos e a defesa da qualidade da assistência.Adicionalmente, destacou a importância do novo mo-delo de fiscalização, criado após cerca de quatro anos de debates, com participa-ção direta de conselheiros de vários estados. Em sua avaliação, este instrumento permitirá dar mais agilidade aos processos, padronizar as vistorias e elaborar le-

vantamentos que aponta-rão as deficiências da rede de atenção e a responsabi-lidade dos gestores na solu-ção dos problemas.Convergência – “Den-tre as missões precípuas dos conselhos de medi-cina, a fiscalização é a que representa a maior convergência entre os interesses e os direitos dos médicos e dos pa-cientes”, ressaltou o 1º

vice-presidente do CFM, Carlos Vital, também entusiasta das ações que serão empreendidas a partir de 2014, quando a nova resolução efetiva-mente entrar em vigor, em maio.Por sua vez, o diretor te-soureiro do CFM, José Hiran Gallo, lembrou o investimento feito na área – a disponibilização de R$ 150 mil para os

CRMs que desenvolve-rem projetos específicos na fiscalização – e pediu o encaminhamento das propostas para que os repasses sejam executa-dos nos prazos previstos. Adicionalmente, Henri-que Batista, secretário- geral da entidade, as-segurou que todo este esforço fortalecerá a ima-gem do sistema em nível nacional.

CRMs aprendem sobre nova propostaNo CFM, os técnicos esclareceram dúvidas sobre as mudanças propostas

Compromisso: mudança na fiscalização sela mais uma meta assumida pela atual diretoria quando tomou posse

Fiscalização médica

Alerta do CFM

No dia 3 de dezem-bro, o Conselho Fe-deral de Medicina (CFM) recebeu de-núncia de fraude que está ocorrendo em municípios do interior. De acordo com infor-mações, um homem tem usado o nome do presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, e até se apresentado como ele para abor-dar médicos e enti-dades médicas por telefone.Nas ligações, informa que, de passagem pela região, enfrentou pro-blemas de viagem e perdeu contato com a família e com o CFM. No fim, pede ajuda fi-nanceira para resolver as supostas dificulda-des e voltar para casa.

O golpe foi desco-berto quando um colega abordado de-cidiu checar se o pe-dido procedia. Diante do risco, o CFM desautoriza qualquer pedido de ajuda (logística ou financeira) feita em nome da entidade ou de seus diretores e conselheiros.Os colegas também devem ter cautela com ligações do mes-mo tipo, com pedidos atribuídos a presi-dentes ou diretores de outras entidades médicas. Quem for vítima dessas aborda-gens deve de imedia-to denunciar o caso à Polícia, para a toma-da das cabíveis provi-dências.

Cuidado com ações de golpistasMédicos fiscais elogiam as vantagens do novo modelo de trabalho

A aprovação ao novo manual e às inovações tecnológicas foi unânime. Os participantes do treinamento realizado destacaram o caráter vanguardista das novidades. Para eles, as vantagens serão grandes para todos ao permitir a siste-matização das estatísticas para aprimorar a atuação dos CRMs. Confira:

A nova ferramenta do CFM é inovadora, pois iguala a maneira de fiscalizar em todosos estados. No Norte, temos uma situação diferente e algumas particularidades, como adificuldade de acesso à internet em áreas remotas, e teremos a opção de trabalhar offline, oque é essencial nesses casos. Essa nova metodologia vai ajudar não só o CFM a conhecermelhor a situação de Roraima, mas o país a conhecer a sua situação real, porque o Brasilinteiro está vivendo completo caos na saúde

Rosa de Fátima Leal de Souza,vice-presidente do CRM-RR

Essa iniciativa materializa um anseio dos conselhos, pois em geral fazemos muitas vis-torias e produzimos muitas informações e dados estatísticos que nem sempre são apro-veitados da melhor maneira. O registro manual, muitas vezes, não favorece uma análise rápida das principais dificuldades. Mas, com essa ferramenta, o levantamento de dados estatísticos vai ser questão de minutos

Teresa Cristina de Oliveira Marques, médica fiscal do Cremego

A ideia é muito boa, pois significa a implementação de uma ferramenta padronizada que será de grande utilidade para avaliarmos as carências e necessidades do país. Além do mais, esse contato com os demais colegas durante o curso de capacitação é bastante proveitoso. Acredito que com a ferramenta poderemos construir um panorama nacional

Alexandre Porto Prestes, médico fiscal do Cremers

PLENÁRIO E COMISSÕES 9

jornal MEDICIna - noV/2013

O acesso a cirurgias de transgenitalização

e adequação sexual no Sistema Único de Saúde (SUS) será ampliado. No mês de novembro, o Mi-nistério da Saúde redefiniu o processo transexualiza-dor na rede pública e, no dia 21, a Portaria nº 2.803, que institui as novas re-gras, foi publicada no Diá-rio Oficial da União.A ampliação segue deci-são judicial de 2009, que o governo vinha descum-prindo desde então. Em setembro daquele ano, a Justiça Federal no Rio Grande do Sul deu 30 dias para que os procedimen-tos passassem a ser ofer-tados, sob pena de multa de R$ 100 mil diários. Os procedimentos ainda não eram cobertos na rede pública de saúde, mas são autorizados pelo Conse-lho Federal de Medicina (CFM) desde 2010, ano

de aprovação da Resolu-ção 1.955/10 – norma que dispõe sobre a cirurgia de transgenitalismo. A partir de agora, a reti-rada de mamas, útero e ovários passa a ser paga pelo SUS, bem como o tratamento hormonal – que também contempla os transexuais masculinos. Aos usuários, a determi-nação do ministério esta-beleceu que o SUS pagará por procedimentos como a redução do pomo de adão, com vistas à feminilização da voz e/ou alongamento das cordas vocais no pro-cesso transexualizador, além de amputação do pênis.Serão ainda contemplados os procedimentos de reti-rada de vagina e constru-ção de pênis com implante de próteses peniana e tes-ticulares, conhecido como neofaloplastia. O procedi-

mento será feito em cará-ter experimental, seguindo resolução do CFM.A portaria fixa a faixa etá-ria para o início da transe-xualização contemplada na rede pública, que prevê a idade mínima de 18 anos para o tratamento hor-monal preparatório para a cirurgia de redesignação sexual. A terapia medica-mentosa hormonal será mensalmente disponibili-

zada ao usuário durante os dois anos que antece-dem a cirurgia.A decisão é vista como um avanço por Lúcio Flá-vio Gonzaga Silva, conse-lheiro federal suplente pelo Estado do Ceará, urolo-gista e doutor em Cirurgia e autor do Parecer nº 8/13, que trata sobre terapia hormonal para adolescen-tes travestis e transexuais. O conselheiro destaca que

“há uma tendência mun-dial, pelos grandes cen-tros especializados nesse campo de atenção à saú-de, de diminuir a idade da intervenção. A portaria aponta nesta direção, em consonância com as atuais evidências científicas. Ademais, é bom destacar que obedece aos princípios técnicos e éticos elenca-dos na Resolução CFM 1.955/10”.

Financiamento da saúdeConselheiros monitoram votações sobre recursos na Câmara e no Senado

A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o financiamento do se-tor rejeitou, em 12 de novem-bro, o relatório do deputado Rogério Carvalho (PT/SE). O parlamentar, relator da Medida Provisória do Mais Médicos, tentava ressuscitar a CPMF por meio da criação de Con-tribuição Social para a Saúde (CCS). Após rejeitar a criação do novo imposto, a comissão aprovou o voto em separado apresentado pelo deputado Ge-raldo Resende (PMDB/RS).

A proposta de Geraldo Resende destina 18,7% da Re-ceita Corrente Líquida (RCL) da União ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018 – per-centual que deverá ser alcan-çado gradativamente: 15% em 2014; 16% em 2015; 17% em 2016; 18% em 2017 e 18,7% em 2018. “Este percentual re-presenta R$ 43 bilhões anuais para a saúde pública. O go-verno diz que não tem agora, mas pode ter em cinco anos”, argumenta o presidente da Comissão Especial, deputado

Darcísio Perondi (PMDB/RS). O Conselho Federal de

Medicina (CFM) entende que o caos da saúde decorre do subfinanciamento do setor e defende mais recursos para a área, mas não à custa da criação de novo imposto. A votação na Comissão Especial foi acompanhada pelo conse-lheiro pela Paraíba Dalvélio Madruga, integrante da Co-missão de Assuntos Parla-mentares (CAP). “Defende-mos mais recursos, tanto que estamos na campanha pelos 10% das Receitas Correntes Brutas da União para a saúde, mas discordamos do aumento de impostos, daí porque não podíamos concordar com a criação da CCS”, argumenta. “O governo, no entanto, tem se esquivado dessa obrigação”, constata o médico Wirlande Santos da Luz, ex-presidente do Conselho Regional de Me-dicina do Estado de Roraima, que também acompanhou a

reunião da Comissão Especial. Senado – Na segunda se-

mana de novembro, o plenário do Senado aprovou a Propos-ta de Emenda à Constituição 22A/2000, que além de criar o chamado Orçamento Impositi-vo garante mais recursos para a saúde, porém em percentuais menores do que o aprovado na Comissão Especial da Câmara. A proposta aprovada no Sena-do torna obrigatória a execução de emendas parlamentares ao Orçamento da União e cria um percentual de financiamento es-tável para a saúde pública por parte do Executivo.

De acordo com a PEC, a União deve destinar 15% da RCL para a saúde – hoje, destina cerca de 13%. Os 15% da RCL devem ser gradual-mente atingidos após cinco anos. O percentual mínimo obrigatório será de 13,2% em 2014; 13,7% em 2015; 14,1% em 2016; 14,5% em 2017 e 15% em 2018. Para isso, serão

computados os recursos das emendas parlamentares e dos royalties do petróleo.

A emenda rejeitada deter-minava que a União teria que destinar à saúde, em quatro anos, 18% da RCL do Orça-mento, também de forma es-calonada: 15% em 2014; 16% em 2015; 17% em 2016 e 18% em 2017. Ou seja, os 15% que serão obrigatórios só em 2018 poderiam passar a valer já em 2014. “Estivemos com o sena-dor Cícero Lucena na semana em que a proposta foi votada e lamentamos a rejeição da emenda dele. Mas não vamos desistir de continuar lutando por mais recursos para a saú-de. A situação atual não pode continuar”, adianta Dalvélio Madruga.

A Câmara dos Depu-tados também aprovou, em 20 de novembro, a Proposta de Emenda Constitucional 454/09, que cria a carreira de médico de Estado.

Acesso à transgenitalização

Mudanças seguem regras do CFM

Adequação: Ministério da Saúde obedeceu orientações e princípios técnicos e éticos da Resolução 1.955/10

Parecer e resoluções do CFM nortearam decisão do Ministério da Saúde

Madruga: a luta do CFM por mais recursos para a saúde não deve parar

10 integração

jornal MeDiCina - noV/2013

Saúde da Mulher e da Criança

CFM recomenda uso de ácido fólicoDocumento orienta mulheres sobre as vantagens do consumo e pede ao governo medidas para estimular sua ingestão

Novo CPEP – Corregedores e assessores jurídicos dos conselhos regionais de medicina (CRMs) e do CFM reuniram-se, no dia 7 de novembro, em Brasília (DF), para debater a aplicação do novo Código de Processo Ético-Profissional (CPEP). O I Encontro Nacional dos Corregedores e Assessores Jurídicos dos Conselhos de Medicina do Ano de 2013 reuniu representantes de todos os estados brasileiros, com vistas a elucidar as dúvidas sobre a aplicação do Código, buscando pa-dronizar condutas para aprimorar a ação judicante dos conselhos. No encontro, o corregedor do CFM, José Fernando Maia Vinagre; o vice-corregedor, José Albertino Souza; o chefe do Setor Jurídico do CFM, Alejandro Bullón e a chefe do Setor de Processos do Conselho, Marzi Sgambato, responderam às dúvidas dos participantes – que também partilharam as expe-riências vividas nos diferentes contextos brasileiros.

Violência contra médicos – Os médicos de Minas Gerais têm agora um importante aliado no combate à violência enfrentada nos postos de trabalho. O con-selho regional de medicina local (CRM-MG) lançou o questionário online permanente do Observatório Es-tadual da Violência contra os Médicos, cujo objetivo é contextualizar o problema da violência e disponibilizar documentos de referência, além de partilhar experiên-cias na abordagem do tema. Nos relatórios produzidos não constarão nomes ou outras formas pessoais de identificação dos médicos que colaborarem com a pes-quisa. O projeto é coordenado pelo ex-presidente do CRM-MG, João Batista Gomes Soares, e pelo médico Hércules de Pinho – segundo este, os dados da pes-quisa serão compilados anualmente e subsidiarão as ações do conselho com relação à violência sofrida pelos médicos. Os interessados em efetivar alguma denún-cia ou participar das ações do Observatório Estadual da Violência contra Médicos podem utilizar o acesso: http://goo.gl/3WPMME

Diálogo – O Conselho Regional de Medicina do Esta-do de Mato Grosso (CRM-MT) tem realizado encon-tros com os médicos do interior para verificar as difi-culdades locais e apresentar o trabalho realizado pela entidade. Trata-se do programa Aconselhando, inicia-tiva que sempre conta com a presença de diretores, conselheiros e coordenadores de fiscalização do CFM.

Giro médico

O Conselho Federal de Medicina (CFM)

editou a Recomendação 1/2013, que orienta as mu-lheres a utilizarem o ácido fólico antes da concepção e nos três primeiros meses da gravidez. A medida atende solicitação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obste-trícia (Febrasgo), que tem realizado campanhas pelo uso da suplementação.

Ressalte-se que o uso do ácido fólico reduz em até 75% o risco de má- formação no tubo neural do feto e previne casos de

anencefalia, paralisia de membros inferiores, inconti-nência urinária e intestinal, e de diferentes graus de retar-do mental e dificuldades de aprendizagem escolar.

A Febrasgo recomen-da que as mulheres con-sumam uma suplementa-ção de 400 microgramas de ácido fólico por dia um mês antes da gravidez e durante os três primeiros meses de gestação. O pro-blema é que poucas mu-lheres usam o suplemento.

Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser obrigado a garantir a

dose diária do suplemen-to para as grávidas, nem todas as unidades bási-cas de saúde, segundo a Febrasgo, têm ácido fó-lico para distribuir. Essa informação indignou os participantes da plenária. “O valor do ácido fólico é baixo, cerca de R$ 3 nas farmácias, mesmo assim pode fazer falta em situa-ções de extrema pobre-za, daí porque o governo deveria garanti-lo”, afir-mou José Hiran Gallo, tesoureiro do CFM e conselheiro pelo Estado de Rondônia.

Além da falta do suple-mento na rede pública, a desinformação também tem levado as mulheres a não fazerem uso do ácido fólico. Pesquisa feita por Eduardo Borges da Fonseca – presi-dente da Comissão Espe-cializada em Medicina Fetal da Febrasgo e professor da Universidade Federal da Pa-raíba – com 494 mulheres, entre usuárias de planos de

saúde e do SUS, mostrou que 58% (286) delas en-gravidaram sem planejar e só 13,8% (68) receberam orientação e usaram ácido fólico no período.

O levantamento também aponta que só 3,8% toma-ram o suplemento na dose recomendada: 400 micro-gramas por dia. “Os dados demonstram que as mulheres não conhecem os efeitos do ácido fólico. Quase 90% de-las engravidaram sem utilizar a suplementação necessária. E não dá para dependermos apenas da alimentação”, ar-gumentou Eduardo Fonseca.

Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa) determinou a adição de 4,2mg de ferro e de 150mg de ácido fólico para cada 100g de farinha de trigo e de milho. De acordo com

Eduardo Fonseca, pesquisa realizada pela Universida-de Federal de Pernambuco comprovou, no entanto, que essa suplementação não tem sido suficiente para evitar a má-formação do tubo neu-ral dos fetos: “Isso ocorre, na minha avaliação, porque a indústria não está fazendo a adição do suplemento na dosagem correta e o gover-no não está fiscalizando”.Além de se destinar às mu-lheres, a recomendação do CFM também se destina aos médicos, para que falem com suas pacientes sobre a necessidade do suplemento. O Conselho também solicita que os órgãos públicos de-senvolvam “programas mais abrangentes de fortificações de alimentos e maior vigi-lância no seguimento desses programas”.

Receita: as mulheres devem ingerir 400mg de ácido fólico por dia

Gallo: acentua custo baixo

O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde- escuras, como couve, brócolis e espinafre, mas é mal absorvida pelo organismo. Por isso, a forma sintética (ácido fólico) é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher. O uso do ácido fólico por, ao menos, 30 dias antes do início da gestação, continuando até o terceiro mês, reduz em cerca de 75% a ocorrência dos defeitos de fechamento do tubo neural. O tubo neural é a estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê, incluindo cérebro e coluna. No Brasil, atualmente, uma em cada 1.000 crianças nasce com algum problema no tubo neural. Os mais comuns são espinha bífida (exposição dos nervos da medula espinhal) e anencefalia. Toda mulher que planeja en-gravidar deve usar o ácido fólico na dosagem recomendada. No caso das mulheres com história prévia de gestações de crianças com problemas no tubo neural, a dosagem recomendada é maior e é aconselhável que procurem um médico geneticista. Mulheres em idade reprodutiva precisam ser orientadas sobre os benefícios do ácido fólico e as gestantes devem ser desencorajadas a utilizar altas doses do suplemento. A Recomendação 1/2013 preconiza que o CFM encoraje os órgãos públicos a desenvolver programas mais abrangentes de fortificação de alimentos e maior vigilância no seguimento dos mesmos.

Substância pode impedir problemas neurológicos em bebês

Mulheres não têm hábito de ingerir a vitamina

11integração

jornal MeDiCina - noV/2013

A prescrição médi-ca de anorexígenos

para tratamento da obe-sidade pode ser garantida por lei. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Depu-tados aprovou no mês de novembro, em cará-ter conclusivo, proposta que libera a produção e a venda sob prescrição mé-dica em todo o país dos inibidores de apetite an-fepramona, femproporex e mazindol. O projeto de lei (PL) 2.431/11, do deputado Feli-pe Bornier (PSD-RJ), já ha-via passado pela Comissão de Seguridade Social e Fa-mília (CSSF) com emendas que garantiram o acréscimo da expressão “sob prescri-ção médica” à autorização para o consumo. O 1º secretário do Con-selho Federal de Medici-na (CFM), Desiré Carlos Callegari, avalia a mudança no texto como uma con-

quista para o tratamento da obesidade, considerado problema de saúde pública. De acordo com Callegari, o acréscimo do termo à lei poderá resgatar o consumo responsável dos inibidores de apetite: “Temos certe-za absoluta que as medi-cações prescritas por mé-dicos, acompanhadas de dietas e exercícios, além do controle dos efeitos colate-rais, colocam o tratamento da obesidade num caminho correto e seguro”.As alterações foram aca-tadas pela CCJ e o texto seguiria para o Senado Federal. No entanto, o presidente da Comissão, deputado Décio Lima (PT-SC), pediu ao pre-sidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB- RN), que a discussão da matéria vá para o plená-rio. Desde o dia 27, foi aberto prazo para apre-sentação de recurso à Mesa Diretora da Casa.

Proibição da Anvisa – O texto inicial da proposta pretendia revogar uma decisão da Agência Na-cional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa) que, em 2011, baniu esses medi-camentos do mercado. Quando da proibição, o CFM ingressou com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal para con-testar a medida. O pro-cesso aguarda sentença.Membro da Comissão

de Implantação e Acom-panhamento do Módu-lo do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC da Anvisa, De-siré Callegari ressalta a importância da autoriza-ção no país. “As medica-ções anorexígenas fica-ram por cerca de trinta anos no mercado bra-sileiro e, sob prescrição e controle médico, não produziram malefícios à

população obesa. Pelo contrário, contribuí ram em muito ao tratamen-to dos obesos e suas complicações. Portanto, o resgate deste arsenal terapêutico é uma vitó-ria dos pacientes e dos médicos, que poderão contar novamente com estes fármacos, além de contribuir para evitar o mercado paralelo, este sim deletério à saúde da nossa população.”

Avanços na Câmara recebem elogiosInibidores de apetite

Ações sociais BMJ Learning

Disponível em três idiomas (português, espanhol e inglês), o hotsite “Médicos em resgate de crianças desaparecidas” já pode ser alimentado por pes-soas que estejam vivenciando este drama e queiram contar com mais uma ferramenta para divulgar fotos e dados que podem levar ao encontro do menor. O site permite o cadastro de novos casos e a verificação de informações de outras ocorrências a partir de características (idade, tipo fí-sico, gênero etc).

O cadastramento de informa-ções pode ser feito mediante formulário com dados do responsável, da criança e das circunstâncias do desapareci-mento. No espaço destinado à criança, deverão constar informações pessoais e foto. Outras orientações estão dis-poníveis no endereço www.criancasdesaparecidas.org.O 1º vice-presidente do Con-selho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, confia que a iniciativa tem condições de ajudar centenas de famí-

lias. Para ele, o site demons-tra o tipo de contribuição que os médicos podem dar à sociedade em temas que vão além das questões clínicas.Outro exemplo, desta vez coordenado pelo conselho regional e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco, foi uma campanha na qual durante um mês foram an-gariadas doações de produtos de higiene pessoal e utensílios domésticos para os 81 idosos da Associação Filantrópica Nossa Senhora de Lourdes, localizado na comunidade Vila Tamandaré, no bairro de Peixinhos, em Olinda. A campanha está integrada à Comissão de Ações Sociais do CFM, por meio do Cen-tro de Estudos Avançados do Cremepe (Ceac), com o propósito de fortalecer ações que promovam a responsabi-lidade social.

A British Medical Asso-ciation (BMJ), empre-sa britânica responsável pela publicação do British Medical Journal, forne-cerá aos estudantes bra-sileiros de áreas médicas acesso gratuito à ferra-menta BMJ Learning, um serviço de e-learning da área da saúde.A ferramenta, a ser dis-ponibilizada aos estudan-tes no período de 9 a 24 de dezembro, é utilizada por médicos formados no país como forma de atua-lização de conhecimento e treinamento e gratui-tamente fornecida pelo Ministério da Saúde. O acesso pode ser feito pelo site da BMJ, que tem um destaque para médicos brasileiros, ou pelo Portal da Saúde do ministério. O BMJ Learning é um

site de educação médi-ca independente, criado por médicos para médi-cos, que oferece rápida maneira de autoavaliar e manter-se atualizado com os desenvolvimentos da medicina. Os módulos são escritos por especia-listas, revisados por pa-res, e cobrem tanto tó-picos clínicos quanto não clínicos. O serviço possui mais de 700 módulos on-line em 70 áreas de espe-cialidade. Os estudantes, que es-tão com acesso gratuito, poderão se cadastrar pelo endereço http://learning.bmj.com, pesquisando por palavras-chave. É também possível buscar uma condição conhecida clicando no link “Procurar por especialidade”.Fonte: Assessoria BMJ

Estudantes ganham acesso livreSite ajuda luta contra sumiço de crianças

Acesso: projeto que permite venda de anorexígenos pode facilitar o tratamento da obesidade mórbida no Brasil

Os anorexígenos são considerados importantes para tratar a obesidade

Vital: médicos podem ajudar sociedade além das questões clínicas

Agê

ncia

EB

C

Ética MÉdica12

jornal MEDICIna - noV/2013

As entidades ligadas à Confederação Médi-

ca Latino-Americana e do Caribe (Confemel), dentre elas o Conselho Federal de Medicina (CFM), se decla-raram contrárias ao uso de placebo em pesquisas para doenças com tratamentos já comprovados. A prática foi mantida na nova redação dada em ou-tubro à Declaração de Hel-sinque (DH), um conjunto de princípios éticos indica-dos pela Associação Médi-ca Mundial nas pesquisas com seres humanos.A posição contrária foi aprovada na XVI Assem-bleia Geral da Confemel, realizada entre os dias 20 e

23 de novembro. Na oca-sião, entidades médicas de 14 países formalizaram este entendimento na De-claração de Pachuca – em referência à cidade de Pa-chuca, onde foi realizado o encontro, no estado mexi-cano de Hidalgo.De acordo com a Confe-mel, apesar dos esforços empreendidos junto ao gru-po de trabalho que revisou a DH, o documento man-teve a permissão do uso de placebo em pesquisas para doenças com tratamentos já comprovados, “contra-riando princípios e valores da profissão”. A nova reso-lução não fez mudanças no que diz respeito ao seu con-

teúdo, mas apenas altera-ções para uma abordagem mais sistemática quanto ao uso de placebos, incluindo no texto o uso de interven-ções menos eficazes. “As populações pobres e vulneráveis, discriminadas pela falta de recursos, não podem ser submetidas à investigação biomédica que apresentem níveis de segurança inferiores aos aplicados às socieda-des mais desenvolvidas”, aponta um trecho da De-claração de Pachuca. A Confederação propõe que os governos não auto-rizem ou financiem drogas que usam placebo quando existem melhores inter-

venções comprovadas.No Brasil, a Resolução CFM 1.885/08 restringe o uso de placebo, conside-rando não ética a partici-pação de médicos em en-saios que proponham sua utilização quando existe tratamento eficaz.Outro ponto criticado é o item 28 da DH, que trata do consentimento

informado. “Entende-se que se comprometeu o princípio ético do con-sentimento e a realidade jurídica do mesmo, não garantindo o respeito aos princípios e direitos fundamentais como os da dignidade, liberdade e privacidade dos se-res humanos”, aponta a Confemel.

Manifesto da Confemel

Vulnerabilidade: mudanças expõem população a situações de risco

O plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) prestou homenagem ao car-diologista Luiz Nódgi Nogueira Filho, conselheiro pelo Estado do Piauí desde 1973, que em 5 de setembro último faleceu aos 71 anos em decorrência de problemas coronários. Cumprindo seu terceiro man-dato consecutivo como repre-sentante do CRM-PI, Nódgi era formado pela Faculdade Nacional de Medicina (atual UFRJ) e, adicionalmente, professor da Universidade Federal do Piauí, fundador da Academia Piauiense de Medi-cina e membro da maçonaria.

A homenagem contou com a participação de sua viú-va, Conceição Nogueira, que ressaltou o apoio recebido do CFM nas duas vezes em que o

marido precisou ser internado em São Paulo para cuidar da saúde – em 2001 e agora, em 2013, quando não resis-tiu às complicações: “Todos vocês foram muito atenciosos com relação ao seu estado de saúde desde o início, intensi-ficando o apoio em todos os momentos em que ele lutava contra a doença”.

Câmara 2 – Como parte da homenagem, a Câ-mara 2 do CFM passa a se chamar Dr. Luiz Nódgi. “Com essa homenagem, quere-mos deixar gravado o nosso agradecimento a tudo o que o Nódgi fez pelo fortalecimento do CFM e da classe médica”, afirmou Roberto d’Avila.

Mesmo com a saúde de-bilitada, Nódgi trabalhava em um projeto de pesquisa que

tinha como tema “Estraté-gias empregadas por médicos para comunicar má notícia: elaboração de uma medida e seus correlatos existenciais”. Também era aluno do curso de doutorado em Bioética pela Universidade do Porto (Portugal). Exercia, na práti-ca, um de seus pensamentos favoritos: “A vida é um cami-nho. O caminho não foi aberto para a indolência e para a ociosidade, mas para o mo-vimento, que tem o endereço da eternidade” – citado por Conceição Nogueira no início da cerimônia.

CFM homenageia Luiz Nódgi

Gratidão: parentes agradeceram apoio a conselheiro falecido

Nódgi: "A vida é um caminho"

Forma de uso de placebo é alvo de críticas

A Declaração de Helsinque foi promulgada pela Associação Médica Mundial (AMM) em 1964 e desde então é considerada um dos princi-pais documentos internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos. Passou por constantes atualizações de seus princípios (1975, 1983, 1989, 1996, 2000, 2008), sendo a última delas aprovada em 18 de outubro de 2013, data em que se comemora o Dia do Médico, durante a Assembleia Geral da AMM, que ocorreu na cidade de Fortaleza, no Ceará.Antes de ser aprovada, a revisão passou por algumas consultas às as-sociações médicas mundiais e três conferências: Rotterdam (junho de 2012), Cape Town (dezembro de 2012) e Tóquio (fevereiro de 2013). Na sequência, nova consulta pública foi realizada (abril a junho de 2013), ori-ginando 129 comentários e novo encontro de especialistas e interessados na DH em Washington (agosto de 2013). Apesar de quase dois anos de debates, não foram encontradas a participação de associações de defesa dos interesses dos pacientes. O documento conclama as responsabili-dades da missão do médico e busca diferenciar a pesquisa médica que tem como objetivo essencial o diagnóstico ou a terapia para um paciente, da pesquisa médica puramente científica e sem valor diagnóstico ou te-rapêutico para a pessoa sujeita à pesquisa. A íntegra da Declaração de Helsinque (em inglês) pode ser acessada em http://bit.ly/1dWyRro.

A XVI Assembleia Anual Ordinária da Con-federação Médica Latino- Americana e do Caribe (Confemel) também apro-vou por unanimidade o apoio ao diploma médico obrigatório. Durante o evento, foram apresenta-das realidades diferentes nas relações de trabalho e nas atividades médicas. Em vários países, a valida-ção do diploma é exigida,

norma que, no Brasil, vem sendo deixada de lado pelo governo federal desde a criação do programa Mais Médicos. “Acreditamos que o licenciamento médi-co universal e obrigatório fornece garantias máximas para uma prática médica independente, autorre-gulada e validada ética e deontologicamente por seus pares”, aponta docu-mento de apoio elaborado.

Documento defende diploma obrigatório

Para entidades do continente, mudanças na Declaração de Helsinque contrariam princípios e valores éticos da medicina

Declaração passa por 7ª revisão