ano iv - anphlac.fflch.usp.branphlac.fflch.usp.br/sites/anphlac.fflch.usp.br/files/boletim 5.pdf ·...
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Ano IVNúmero 5
Outubro de 1996
Boletim da ANPHLAC
f9nEditorial)o Boletim da ANPHLAC, dando continuidade aos seus
objetivos de congregar os pesquisadores brasileiros em Histórialatino-americana e caribenha e de lhes divulgar informações deinteresse comum, destaca, nesta edição, a realização do II EncontroNacional da ANPHLAC, ocorrido em Brasília, de 24 a 26 de julhopróximo passado. Para manter atualizados os associados que nãopuderam ali comparecer, noticiamos, também, as decisões tomadasna Assembléia Geral, efetuada durante o Evento, na qual foi eleita adiretoria para o biênio 1997-98.
Aproveitamos este espaço, ainda, para, de público, agradecerà Comissão Organizadora do II Encontro Nacional da ANPHLAC,pelo empenho dispensado à realização do mesmo, assim como à UnBe ao CNPq que, com o apoio de recursos humanos e aportesfinanceiros respectivamente tornaram possível o alto nível alcançado.
A Direção
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B letim da ANPHLAC
(9t\ Pesquisas em América Latina n Brasil
Título: A Igreja e a Praça - Um Estudo das Relaç 'S .ntr Espaço eImaginário
Pesquisadora: Eliane Cristina Oeckmann Fleck
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
SumulaEste Projeto de Pesquisa tem como objetivo primordial dar
continuidade a dois projetos já concluídos, dedicados a levantar e analisar asmanifestações e alterações do imaginário cristão ocidental dos "seiscentos"na prática missionária jesuítica.
Pretendemos, através do presente Projeto, dar ênfase à importância
da Igreja (templo) e da praça, não como espaço exclusivamente de
demonstração das manifestações de religiosidade características doimaginário ocidental do século XVII, mas como espaço deconsolidação/concretização do modelo civilizador ibérico e jesuítico, em
suas instâncias políticas, culturais e religiosas.
Ao privilegiar este enfoque e levantar a documentação referente ao
período de implantação do modelo reducional, pretendemos contribuir para
o avanço do conhecimento acerca da religiosidade guarani em meio às
transformações provocadas pelo modelo cristão-ocidental e do papel que
coube ao templo e à praça no processo de assimilação da cultura cristã-ocidental.
Endereço Pura CorrespondênciaI'rograllla de l'(,s-(;radlla~'~IIl:1ll l lixrória -IINISI OS - Antiga Sede
I'n",-a Tirudcnrcs, .1.')- Sã" I .copoldo - I~S - CI-:I' ')3010-020Fax: (O.')I)S')Z.lúll -ltllllal!.10
Boletim da ANPHLAC
Título: As reduções jesuítico-guaranis na perspectiva de umahistória da sensibilidade
Pesquisadora: Eliane Cristina Oeckmann FleckInstituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Sumulao presente projeto de pesquisa tem como objetivo a "construção"
de uma história das reduções jesuítico-guaranis que privilegie, na expressão
de José Pedro Barran, "una historia de Ia sensibilidad", "una evolución de Iafacultad de sentir, de percibir placer y dolor, que cada cultura tiene y en relación a
qué Ia tiene".*A proposta da pesquisa está centrada na análise do impacto
exercido pelas concepções cristãs-ocidentais acerca das doenças e da morte
na mentalidade guarani, em especial, nas suas manifestações concretas de
religiosidade, enfim, no seu modo de ser e de sentir.
Após a leitura da expressiva produção bibliográfica sobre a prática
missionária jesuítica, e após análise documental referente ao período de
1609 a 1639, pudemos constatar a influência que as doenças e as concepções
e rituais ligados à morte exerceram sobre o pensamento mágico-mítico
guarani, a ponto de contribuírem decisivamente, na etapa de implantação
do projeto reducional para a conversão ao cristianismo.
Este tema de investigação adquire uma especial significação por
possibilitar uma nova leitura interpretativa sobre o papel exercido pelas
doenças e, principalmente, pela cura das mesmas, no processo de
modelação moral e espiritual dos guarani. Significa, sobretudo, uma
ampliação da discussão em torno do impacto das concepções cristãs no
modo de ser e de sentir dos povos indígenas sul-americanos.
Endereço Para CorrespondênciaPrograma de l'os-Graduução em l lisrória - lINISINOS - I\ntiga Sede
Praça Tiradenrcs, _,5 - São Lcopoldo - I{S - CI':I' ')301O-0Z0Fax:(OSI)5')Z.lúll- Ramal DO
* Bi\RIV\N, José Pcdro. l lisroriu de Ia scnsihilidad cn cI Uruguav. [Torno 11. La Cultura rbrhara.t\loIltcvidco: Edicioncs de 1<1Banda Oriental, 1<)')0, p. tI.
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Boletim daANPHLAC
f9n Resenhas)
DORATIOTO, Francisco F. Monteoliva. O Conflito com O Paraguai:A Grande Guerra do Brasil. [Série Princípios]. São Paulo: Editora Ática,1996.
Nota-se, a partir do subtítulo do livro de Doratioto - A GrandeGuerra do Brasil -, uma ênfase forte na participação brasileira na guerra.Uma vez realizada a leitura, pode-se apreciar o "descompromisso" do autor
com as correntes historiográficas tradicionais a respeito do conflito. O livro
desmonta uma das versões brasileiras, que destaca a "bravura" e o
"destemor" dos chefes aliados diante do "cruel" ditador Solano López e
também uma versão paraguaia, que atribui os motivos da guerra ao processode expansão do capitalismo imperialista britânico. Este teria escolhido o
Brasil como seu "braço armado" na América do Sul para eliminar prováveis
concorrentes na região.
O texto deixa claro que cada um dos países envolvidos na luta
contra o Paraguai tinha interesses que somente seriam alcançados com a
destruição do pequeno país guarani. O Império brasileiro - a maior potência
da área em litígio - sempre manteve um grande contingente militar, tanto
naval como terrestre, situado no Rio Grande do Sul. A finalidade de se
manter estas forças estacionadas naquela província era garantir a hegemoniabrasileira sobre a navegação no Prata e fornecer suporte político-militar aosaliados do Império nos países platinos. Desta forma, preservava-se as
diretrizes da política externa imperial e, simultaneamente, mantinha-se adependência destes países em relação ao Brasil. As atitudes do Império na
região, como a intervenção no Uruguai e na Argentina em 1851-1852, são
reveladoras desta posiç ão.As motivações da Argentina ou, mais propriamente, as necessidades
do governo da província de Buenos Aires passavam pelos problemas da
centralização política. Ao norte, nas províncias de Corrientes e Entrerios, o
governo central enfrentava fortes obstáculos dos grupos federalistas,
defensores de uma maior autonomia das províncias. A partir de 1862, estes
grupos passaram a contar om apoio material de Solano López, então
ditador do Paraguai.
temor de Solun» I.rip ",. .ra o fortalecimento da Argentina na
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o predomínio deste país sobre a navegação e o comércio paraguaios no Prata.Por esta razão, o ditador paraguaio, além de preparar o seu país para a guerra,optou por realizar a mesma política externa do Império brasileiro: procurouapoiar-se em aliados que, nos países platinos, se identificavam pela oposição
quer ao Brasil, quer a Buenos Aires, isto é, os federalistas de Corrientes e
Entrerios na Argentina e, no Uruguai, o Partido Blanco.
Com o ataque à política externa brasileira no cone-sul, o "equilíbrio"
do poder regional sofreu um profundo abalo. A causa imediata da eclosão da
guerra comprova isso: o Uruguai participa do conflito, desde o início, porque
o Partido Colorado, no poder desde a intervenção brasileira de 1864, buscava
estreitar seu relacionamento com o Rio de Janeiro. A motivação uruguaia
para a guerra estava relacionada, portanto, com suas vinculações com o
Império brasileiro.
A partir da compreensão dos interesses e das motivações do conflito,
pode-se passar diretamente à observação das operações militares após a
deflagração dos combates.Desde 1865, e mesmo contando com duas vitórias (Riachuelo e
Uruguaiana, que expulsaram os paraguaios do território brasileiro), os
exércitos aliados não puderam aproveitar-se de sua clara vantagem para pôr
fim a guerra mais rápido do que o esperado. Isso ocorreu devido a vários
erros cometidos pelos comandantes na linha de frente e pelos políticos na"retaguarda", além do problema da própria estrutura sócio-econômica doscomponentes da Tríplice Aliança.
O primeiro problema derivou das desconfianças que os comandantes
brasileiros nutriam por seus aliados platinos e vice-versa. Isto acabou,
efetivamente, "emperrando" o avanço contra os paraguaios. Estas
desconfianças se expressavam no receio dos comandantes em colocar suas
forças no campo de batalha antes que seus aliados também o fizessem, pois o
primeiro seria, imaginavam eles, o que mais sofreria na peleja. Um exemplo
disso foi brilhantemente demonstrado no livro. Trata-se do "medo" que o
Império brasileiro sentia em colocar sua marinha na linha de frente pois,
sendo esta o principal agente da agressiva política brasileira no Prata, temia-se que sua destruição favorecesse, com o fim do conflito, a Argentina ou ao
Uruguai. A indevida ingerência dos interesses políticos em relação aos
problemas tipicamente militares foi um outro grave problema, ocasionando o
prolongamento da guerra. A recusa dos políticos liberais em aceitar militares
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A indevida ingerência dos interesses políticos em relação aos problemas
tipicamente militares foi um outro grave problema, ocasionando o
prolongamento da guerra. A recusa dos políticos liberais em aceitar militaresconservadores, e vice-versa, na chefia de comandos nas Forças Armadas,mesmo sabendo-se da reconhecida capacidade de muitos desses militares,retirava a possibilidade de dar às diversas unidades em combate um
comando coeso.
Como se não bastasse tudo isso, a estrutura sócio-econômica
atrasada dos aliados não permitia que se explorasse adequadamente aspotencial idades destes países em recursos humanos e industriais, visandosuprir as necessidades de uma guerra de caráter internacional. O
recrutamento que já era feito de maneira forçada, quando da invasão
paraguaia, passou, com O ataque aliado ao território paraguaio, a ser
realizado quase que exclusivamente dentro das senzalas. Porém, não era aetnia do soldado o fator determinante das suas disposições físicas e
psicológicas para o combate mas, primeiramente, a forma como este soldado
era recrutado. No caso do Brasil, o recrutamento de escravos "a laço" retirava
completamente as referidas disposições para o combate, visto que diminuía
o moral da tropa e, a exemplo dos erros anteriores, prolongava o conflito.
Podemos apresentar ainda outros problemas que motivaram o
alongamento do conflito, tais como a deficiência de abastecimento das
tropas, a notória falta de preparo profissional nos exércitos aliados e a
obstinada resistência das forças paraguaias. Todavia estes como os demaisproblemas apontados pelo autor conduziram ao mesmo resultado: odesagrado da opinião pública nos países da Tríplice Aliança, especialmente
no Brasil, frente à demora e ao desgaste causados pela guerra; além do
desgosto "mundial" por um conflito que mais se parecia ao martírio de um
pequeno país enfrentando três outros ao mesmo tempo.
À guisa de conclusão, façamos agora um raciocínio simples. Se tudoo que foi dito no livro teria obrigado o Brasil a não mais prosseguir na guerrapor que, então, o Império, enfrentando duras críticas no contexto da opinião
pública brasileira e a simpatia internacional pela "causa" paraguaia,
continuou incentivando este conflito? Talvez a resposta esteja no fato de
que o Paraguai se constituía realmente em uma ameaça à política externa
brasileira no Prata ou mesmo à consolidação do Estado centralizado na
Argentina. Mas, ao que tudo indi a e segundo a visão do autor, não o era
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para a toda poderosa Inglaterra e seu capital em expansão.
Este é, seguramente, o mérito do livro de Doratioto. Ele foge, oumelhor, combate os velhos clichês que tanto acometem a historiografiasobre o assunto. O livro é, assim, prioritário, não somente para o especialista
que se dedica ao assunto mas também para o estudante ou o cidadão
comum, pois lança argumentos contundentes sobre a arcaica concepção quecoloca a Inglaterra, conduzindo o Brasil, a Argentina e, em menor grau, o
Uruguai, para juntos destruírem o "orgulhoso" Paraguai que, por sua vez, serecusa a tornar-se dependente do capital inglês. Visão esta que retira o pesode responsabilidade que deveria recair sobre as elites políticas que
sustentaram a Tríplice Aliança. Atribuir tudo aos supostos ganhos ingleses é,em síntese, isentar aquelas elites de juízo histórico.
Leandro J. C. GonçalvesPós-Graduando do Curso de História da FHDSS da UNESP/Franca - SP
I Esta concepção pode ser apreciada em Tt\LI NAY, Visconde de. Cartas de Campanha. Suo Paulo:1\Iclhorumcnros, 1()22.l'Ed abordagem pode ser visru em POi\IER, Lcou. La Guerra dei Pnruguai: Grun negócio]. BIICIlOS Aircs,1'Jf>K
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RIVAS, Ricardo Alberto. Historiadores del Siglo XIX y Ia Historia deAmérica. La Plata, Universidad Nacional de La Plata, Facultad deHumanidades y Ciencias de Ia Educación, Serie:Estudios/Investigaciones, 1995.
Ricardo A. Rivas, docente e investigador de Ia Universidad de La
PIata y especialista en Historia Americana, presenta en este trabajo una
"parte" de Ia investigación que bajo su dirección está \levando a cabo. en esainstitución, bajo el título: Temas, problemas y enfoques de Ia historiografía
Latinoamericana (1850-1940).EI interés par traer a estas páginas esta resefía, radica en el
importante aparte que Ia misma realiza con su re-lectura de Ias hipótesis,
debates e interpretaciones que conforrnaron Ia historia de Ia historiagrafíade América.
EI recorte escogido par el autor recae sobre Ias abras de historia de
américa producidas en eI sigla pasado pero, cama Ia mayar producción para
eI período delimitada debe buscarse en Ias historias naaonales, cabe a estas
ocupar un lugar de complemento indispensable. Así, a partir de Iadelimitación deI cuerpo documental, padría decirse que un doble objetivoorienta Ia exposición: par un lado. rastrear el desenvolvirniento de Ias ideas
que fueron construyendo Ias diferentes imágenes dei pasadohispanoarnericano en el sigla XIX; y por el otro, Ia necesidad de sefialar esta
producción cama antecedente inmediato, ya que cupa a estos historiadores"fundar Ia disciplina". EI desenvolvimiento de Ias respectivas historiasnacionales surgidas luega de Ia independencia constituyó un paso previo y
fundamental. Compilar inforrnación y documentación, definir métodos de
pesquisa, discutir críticamente Ias publicaciones de su tiernpo tal corno se
hacía en Europa y Estados Unidos, fueron algunos de sus cometidos,
La periodización se hace posible adoptando a 1860 corno momento
de despegue de esta verdadera intención historiadora acorde con Ias ejes
que Ia disciplina incorporó bajo Ias influencias deI positivismo y su método
crítico, sefialando Ia cesura con Ia producción de los anos de Ia
Independencia, para Ia cual 1810 adquiere en Ia generalidad de los casos un
significado de génesis. A su vez, puede destacarse en eI período iniciado en
1860 un desdoblamiento en Ias interpretaciones, según recibieran
influencias dei movimiento romántico en los primeros decenios de esta
Boletim da ANPHLAC
segunda década deI siglo o por el positivismo para fines de siglo y primeras
décadas dei veinte.
Las temáticas abordadas permiten identificar Ias influencias
ideológicas sucesivas, Ia ilustración, eI romanticismo y el positivismo y Ias
realidades deI presente deI historiador. Así , los primeros afios ocuparon
centralmente como tema de debate Ia lndependencia, no obstante desde
esta problemática se abrió Ias puertas a un balance más amplio sobre los
orígenes de Ia nacionalidad, el rol de los personajes históricos (Ias auto-
biografias tanto como Ias biografías fueron dos opciones historiográficas de
relevancia en Ia época), el período colonial y el Descubrimiento. Así Iahistoria de Ia lndependencia fue una base para los trabajos que buscaronenmarcar el resultado dei proceso anticolonial, para unos, como el
surgirniento de los Estados Nacionales y su diferenciación aI
independizarse de Ia metrópoli (liberalismo antiespafiol); para los otros, yahacia fines de siglo, Ia culminación de un proceso hacia Ia consolidación deIEstado (positivismo laicisista). Se suceden de esta manera, Ias "sutiles"diferencias que confrontaron a criollos y espafioles, liberales y
conservadores, centralistas o federalistas.
De qué manera designaron su objeto de estudio según Ias
circunstancias, Ias temáticas y el período de análisis es otro elemento que
aporta aI conocimiento de Ias influencias y Ias interpretaciones. La
designación de "América", "Hispanoamérica" (en menor medida se usaron
"lberoamérica" o "Sudamérica") y finalmente Ia designación de "AméricaLatina" permiten identificar en el curso dei siglo, Ias obras de los
historiadores americanos, latinos como sajones, o europeos y dentro de estos
diferenciar entre los espafioles y los franceses e ingleses.
1860 sefiala Ia irrupción de un verdadero cambio: Ia perdida deI
predominio de Ia historia más tradicional político-militar hacia una escritura
de Ia historia que incorpora nuevos temas a Ia vez que revisa Ias
valoraciones sustentadas en el pasado inmediato por sus antecesores. EIpunto esencial 10 constiruyó Ia búsqueda superadora de Ia antiguacontroversia antihispanista.
Otro debate que ocupó Ia segunda mitad deI siglo y alineo aIos
partidarios respectivos mas aliá de Ias nacionalidades, fue el de Ia "historia
narrativa" versus Ia "historia filosófica". Así historiadores como JoséVictoriano Lastarria, Vicente Fidel López y Francisco Berra que adscribían
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ai método "filosófico" se confrontaron con Diego Barros Arana, Bartolomé
Mitre y Andrés Lamas que optaban por el"narrativista".
Finalmente no podía dejar de ocupar un lugar destacado Ia obra,
Historia de América de Barros Arana (1865) que sentó Ias bases de un
paradigma historiográfico que otras obras históricas sobre América no
alcanzaron a modificar substancialmente durante mucho tiempo. Es este un
análisis global de Ia historia americana desde el poblamiento hasta el
surgimiento de los nuevos estados independientes, con un expreso
"desprecio" por el período colonial. Aquí Rivas se detiene no sólo en el
análisis de Ia obra, sino que juega a su vez comparándola con Ia obra dei
espafiol Miguel Lobo y Malagamba, Histeria General. Antiguas colonias
Hispano Americanas. Desde su descubrimiento hasta el ano mil ochocientos ocho,
(1875), que recibiera una severa crítica dei historiador chileno.
Para finalizar quisiera sefialar una dificultad que en algunosmomentos Ia lectura evidencia en cuanto a Ia ordenación general de Ia
redacción. Esto puede ser atribuible ai hecho de ser esta publicación un
desmembramiento dei trabajo más amplio de investigación 10 que puede
dar motivo a lagunas o repeticiones que resultan redundantes. Por ello,
supongo que Ia publicación dei trabajo final pueda salvar Ias actuales
dificultades de este género, más aún cuando se evalúa el aparte de esta
pesquisa ai conocimiento de Ia historia de Ia historia de América.
Alina FrupicciniMestranda do Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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o texto que publicamos em seguida é uma mensagem divulgada na
Internet pelo Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista de Libertação
Nacional (EZLN). Trata-se da convocatória ao Primeiro EncontroIntercontinental pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo. Este
encontro, proposto pelos Zapatistas para abril de 1996, realizou-se com a
celebração de assembléias preparatórias continentais, tendo como sede as
cidades de Berlim, La Realidad (México), Tóquio e Sidney. O local da
reunião geral foi proposto para Los Águas Calientes Zapatistas, em Chiapas,
México, para o período de 27 de julho a 03 de agosto de 1996. A pauta geraldesta convenção convocada pelos zapatistas contou com o seguinte temário:discutir os "aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais de como se
vive embaixo, como se resiste, como se luta contra o neoliberalismo e,
finalmente, propostas para combatê-Io e lutar pela humanidade".
Motivado pelo interesse que nossos associados têm manifestadopor esta ternática, expresso, inclusive, no 11 Encontro da ANPHLAC, e porse tratar de um documento histórico, entendemos como importante a
divulgação deste texto. Nossa fonte foi Linha Viva, n. 362, 17 de maio de
1996, Florianópolis, Santa Catarina.
Alberto AggioU nesp-Franca
"Companheiros
Durante os últimos anos o poder do dinheiro apresentou uma nova máscaraem cima de seu rosto criminoso. Por cima das fronteiras, sem importar raças ou cores,o poder do dinheiro humilha dignidades, insulta honestidades e assassinaesperanças. Denomina-se 'neoliberalismo', este crime histórico da concentração deprivilégios, riquezas e impunidades, democrarizador da miséria e da desesperança.
Está deflagruda uma nova guerra mundial. Agora é contra a humanidadeinteira. Como em todas as guerras mundiais, o que se busca é uma nova divisão domundo.
Esta guerra moderna, que assassina e esquece leva o nome de'globalização'. A nova divisão do mundo consiste em concentrar o poder no Poder emiséria na miséria.
A nova divisão do mundo exclui as 'minorias'. Indígenas, jovens, mulheres,homossexuais, lésbicas, negros, imigrantes, operários, camponeses; as maiorias queformam os porões mundiais se apresentam para o poder como minoriasprescindíveis. A nova divisão do mundo exclui as maiorias.
O moderno exército do capital financeiro com governos corruptos avançamconquistando da única forma que são capazes: destruindo. A nova divisão do mundodestrói a humanidade. A nova divisão só tem lugar para o dinheiro e seus servidores.
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Homens, mulheres e máquinas se igualam na servidão e em serem dispensáveis. Amentira governa e se multiplica em meios e modos.
Uma nova mentira nos é vendida como história. A mentira da derrota daesperança, da dignidade, da humanidade. O espelho do poder nos oferece umequilíbrio à balança: a mentira da vitória do cinismo, do servilismo, doneoliberalismo.
Em lugar da humanidade, nos oferecem a globalização da miséria; em lugarde esperança, nos oferecem o vazio; no lugar da vida, nos oferecem a internacionaldo terror.
Contra a internacional do terror que representa o neoliberalismo devemoslevantar a internacional da esperança. A unidade, por cima das fronteiras, idiomas,cores, culturas, sexos, estratégias e pensamentos, de todos aqueles que preferem ahumanidade viva.
A dignidade é esta Pátria sem nacionalidade, esse arco-íris que é tambémpoente, este murmúrio do coração sem importar ao sangue que o vive, esta rebeldeirreverência que burla fronteiras, aduanas e guerras.
A esperança é esta rebeldia que rechuça o conformismo e a derrota. A vidaé o que nos devem: o direito a governar e governar-nos; a pensar e atuar com umaliberdade que não se exerça sobre a escravidão dos outros; o direito a dar e receber oque é justo.
O EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL FALA ...
A todos os que lutam pelos valores humanos de democracia, liberdade ejustiça.
A todos os que se esforçam por resistir ao crime mundial chamado'neoliberalisrno ' e a todos que alimentam a esperança de sermos melhores e quetudo isto seja sinônimo de futuro.
A todos os indivíduos, grupos, coletivos, movimentos, organizações sociais,todas as esquerdas subidas e por saber, Organizações Não-Governamentais, Gruposde Solidariedade com as lutas dos povos do mundo, sindicatos, bandas, tribos,intelectuais, indígenas, estudantes, músicos, operarios, artistas, professores,agricultores, grupos culturais, movimentos juvenis, meios de comunicaçãoalternativa, ecologistas, colonos, lésbicas, homossexuais, feministas, pacifistas.
A todos seres humanos sem casa, sem terra, sem trabalho, sem alimentos,sem saúde, sem educação, sem liberdade, sem justiça, sem independência, semdemocracia, sem paz, sem pátria, sem amanhã.
A todos que, sem importar cores, raças ou fronteiras, fazem da esperançaarma e escudo.
Dr. Alberto AggioProfessor do Curso de História da FHDSS da UNESP / Franca - SP
Fonte: Linha Viva, n.362, 17 de maio de 1996, Florianópolis, Santa Catarina.
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fé:Teses e Dissertações Defendidas)
MestradoTítulo: A vila de São Borja (1834-1887) numa conjuntura de transição:
história sócio-econômica e geopolítica.Autor: João Rodolpho Amaral FlôresCurso e Instituição: Programa de Pós-Graduação em História -
UNISINOS/RSData de Defesa: 27 de agosto de 1996
DoutoradoTítulo: A Frente Popular no Chile: história e historiografia.Autor: Alberto AggioCurso e Instituição: Programa de Pós-Graduação em História Social - USP
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Boletim da ANPHLAC
li Publicações)Livros
• ALBERDI, Juan Bautista. Fundamentos da organização política daArgentina. Campinas: Ed. UNICAMp, 1994. 269 páginas.
Publicada em 1852 com o título Bases y puntos de partida para Ia organizaaônpolítica de Ia República Argentina, o livro é um clássico para o estudo dopensamento político latino-americano.
• GARCILASO DE LA VEGA, Inca. O universo incaico. São Paulo:Educ [Ed. da PUC de São Paulo], 1992. 217 páginas.
Tradução de Rosângela Dantas. Revista por C. Giordano. Edição em
português de textos selecionados dos Comentários Reais dos Incas.
Importante para o estudo da história incaica e do processo de colonização
hispânico.
• GUTIÉRREZ, Gustavo. Deus ou o ouro nas Índias. Século XVI. São
Paulo: Paulinas, 1993. 167 páginas.
Publicado originalmente em espanhol, é um estudo sobre Bartolomé de Las
Casas. As notas de rodapé são importantes pois citam e comentam outros
cronistas da conquista, especialmente do Peru.
• NEUMANN, Eduardo. O trabalho guarani missioneiro no Rio daPrata colonial - 1640/1750. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1996.
• PIZARRO, Ana (Org.). América Latina. Palavra, Literatura e Cultura.São Paulo: Ed. UNICAMP/Memorial da América Latina, 1993. Trêsvolumes.
Obra fundamental para o estudo do desenvolvimento cultural da América
Latina.
• REICHEL, Heloisa }.; GUTFREIND, Ieda. As Raízes Históricas doMercosul : A Região Platina Colonial. São Leopoldo :Ed. UNISINOS, 1996. 214p.
Boletim da ANPHLAC
• RODÓ, José Enrique. Ariel. Campinas: Ed. UNICAMP, 1991. 115páginas.
Livro importante para o estudo do pensamento latino-americano. Publicadoem 1900, é uma reflexão sobre os destinos culturais do continente .
• SUESS, Paulo (Org.). A Conquista Espiritual da América Espanhola.
Petrópolis : Vozes, 1992. 1.028 páginas.
É a maior obra documental em português sobre o tema da evangelização.
São 200 documentos traduzidos que incluem textos de origem indígena,Popul Vuh, Chilam Balam, etc., passando por cronistas importantes,Sahagún, Blas Valera, Diaz dei Castillo, Zumárraga, etc. Inclui uma série de
Reais Cédulas, Instruções, Capitulações, Ordenanças (Leis de Burgos,
Novas Leis); correspondência religiosa.
• TOURAINE, Alain. Palavra e Sangue. Política e Sociedade na AméricaLatina. São Paulo : Ed. Trajetória CulturaI/UNICAMp, 1989. 597
páginas.
Uma análise das tendências e processos políticos e sócio-econômicos do
continente no século XX. O autor parte da hipótese de que há um modo
latino-americano de desenvolvimento, isto é, uma combinação de
racionalismo econômico e de mobilização política e social própria do
continente, o que justifica a idéia de unidade continental.
As notas acrescidas às referências bibliográficas foram fornccidus pelo Prol' ·sso!'I lcctor Bruit, LJNICi\!'"IP, Campinas/SI' 15
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Boletim da ANPHLAC
«9nNotícias)
oEncontro
Com satisfação, podemos dizer que o 11 Encontro Nacional da
ANPHLAC que se realizou em Brasília no Salão de Convenções do Hotel
Bristol, de 24 a 26 de julho do corrente ano foi um sucesso.
Merece uma menção especial a organização do Encontro que
esteve a cargo de uma comissão, presidida pelo colega Jaime de Almeida.
A programação do Evento foi estruturada de forma muito
adequada, tendo um alto nível de comunicação. Além disso, incluiu uma
variedade de temas que vêm sendo investigados sobre a história da América
Latina e caribenha no Brasil, bem como reforçou a proposta básica da nossa
Associação, que é a de estimular a produção histórica nesta área de
conhecimento.
Assembléia Geral dos AssociadosA realização de uma Assembléia Geral de associados constava da
programação do 11 Encontro. Esta, realizada na tarde do dia 26 de julho,
contando com um número representativo de participantes, desenvolveu-sesob a seguinte pauta:
1. Prestação de contas da atual Diretoria2. Eleição da Diretoria para o biênio 1997-983. Assuntos Gerais
Após a aprovação pela Assembléia da prestação de contas
apresentada pela atual Diretoria, passou-se à eleição dos membros da
próxima, cujo mandato vigorará de 10 de janeiro de 1997 a 31 de dezembro
de 1998. Os eleitos, por aclamação, foram:
Presidente: Jaime de Almeida (UnB)
Vice-presidente: Maria Lígia Coelho Prado (USP, São Paulo)
Secretário: Eugênio Rezende de Carvalho (UFG, Goiás)
Tesoureiro: José Luis Beird (UNESP, Assis, São Paulo)Dentre os assuntos gerais, deliberou-se inscrever a ANPHLAC na
INTERNET. Sendo assim, brevemente noticiaremos o endereço eletrônico
da nossa Associação.
Boletim da ANPHLAC
f9nEventos)
VIII Congresso da FIEALCLocal e Data: Talca, Chile - 5 a 8 de janeiro de 1997Promoção: Federación Internacional de Estudios sobre America Latina y
el CaribeTema: Modernización e Identidad en America Latina y el Caribe en el
Marco de los Procesos de Globalización
Informações: Dr, Eduardo Devés Valdés - Universidad de Santiago dei
Chile - Institut de Estudios Avanzados
Roman Dias, 89
Providencia - Santiago - Chile
Tel: 56-2-236.0136 - Fax: 56-2-235.8089E-mail: [email protected]
Annual Conference Society For Latin American Studies
Local e Data: St. Salvator's College, University of St. Andrews - 4 a 6 de
abril de 1997
Inscrições e Informações: Will Fowler, Dept. of Spanish
St.Salvator's College, University of St. AndrewsSt.Andrews, Fife KY169ALScotland, United Kingdom
Tel: 01334462969 - Fax: 01334462959E-mail: [email protected]
XX Congresso Internacional da Latin AmericanStudies Association (LASA)Local e Data: Guadalajara, México - 17 a 19 de abril de 1997
Inscrições já encerradas (10 de maio de 1996)Informações: LASA 97, Sid Richardson Ha1l3230
Universiry of Austin, Texas
Austin, Tx 78713 - 8925 - USA
Fax: (512) 475.8169 17
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Boletim da ANPHLAC
49° Congresso Internacional de Americanistas
Local e Data: Quito, Equador - 7 a 11 de julho de 1997
Tema: "Reflexionar sobre el pasado y el presente de Ias Américas paraplanificar su futuro"
Inscrições e resumos até 31 de outubro de 1996Informações: Comité Ejecutivo deI 49° ICA
Pontificia Universidad Católica deI Ecuador
Av. 12 deoctubre y Roca
E-mail: [email protected]
Te\. 593-2-509 687/509 785
Fax: 593-2-567 117
XIX Simpósio Nacional De História
Local e Data: Belo Horizonte - 20 a 25 de julho de 1997
Tema: História e cidadania
Inscrições e resumos até 15 de dezembro de 1996Informações: Comissão Organizadora do XIX Simpósio
Nacional de HistóriaAv. Antônio Carlos, 6627
Cenex/Fafich/UFMG - Salas 1019 e 1021CEP 31270-901 - Belo Horizonte - MGFone/Fax: (031) 499-5020 (a/c Cida Spinula)
Boletim da ANPHLAC
«9nInformaçõe0
A ANPHLAC No XIX Simpósio Nacional de HistóriaSeguindo o que ocorreu por ocasião dos dois últimos Simpósios
Nacionais de História - ANPUH - nossa Associação irá inscrever-se no
próximo, que se realizará em Belo Horizonte de 20 a 25 de julho, na
qualidade de Entidade de Estudo e Pesquisa. Solicitará espaços para a
realização de uma Assembléia Geral da ANPHLAC e de uma atividade que
possibilite a discussão de temas pertinentes à pesquisa e ao ensino de
História da América Latina e do Caribe no Brasil. Sendo assim, solicitamosque nos enviem, até 25 de novembro, sugestões e/ou inscrições de temas etrabalhos para comporem esta última proposta.
Divulgue a ANPHLACA ANPHLAC está empenhada em
aumentar o número de seus associados. Para tal,conta com sua colaboração, solicitando queindique o nosso endereço ou que entregue a fichade cadastro a um colega interessado.
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Boletim da ANPHLAC
Inscreva-se ......na atividade acadêmica da ANPHLAC por ocasião
do XIX Simpósio Nacional de História /ANPUH.
Participe ......do XIX Simpósio Nacional de História / ANPUH
"História e Cidadania".
Compareça ......à Assembléia Geral da ANPHLAC que se realizará
no XIX Simpósio Nacional de História / ANPUH.
ANPHLACPresidente: Heloisa Jochims Reichel (UNISINOS - RS)Vice-presidente: Jaime de Almeida (UNB - Brasília)Secretária: Lilia Inês Zanotti de MedranoTesoureira: Ieda Gutfreind (UNISINOS - RS)
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ANPHLAC
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Associação Nacional dePesquisadores de História
Latino- Americana eCaribenha
Correspondências
Rua João Obino, 79/701- Petrópolis
CEP 90470-150 - Porto Alegre - RS