ano 66 | edição 3362 | 9 a 13 de setembro de 2021

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Editorial Encontro com o Pastor Espiritualidade Liturgia e Vida A leitura da Bíblia não deve estar dissociada do pertencimento à Igreja Centenário de Dom Paulo: em memória ao grande cidadão, Bispo e Pastor Peçamos a Deus a graça de saber ouvir e de falar nas horas certas Sem o auxílio divino, o homem não pode distinguir qual é o maior bem Página 4 Página 2 Página 5 Página 23 A Igreja vive e se alimenta constantemente da Palavra de Deus 67 anos de dedicação da Catedral da Sé são festejados com missa Em setembro, a Igreja em todo o Brasil comemora o Mês da Bíblia. O livro mais lido do planeta e traduzido para cerca de 3 mil idiomas reúne as Sa- gradas Escrituras, presentes na vida dos cristãos, de modo es- pecial na liturgia. Página 11 O Cardeal Scherer presidiu no domingo, 5, a Eucaristia pelo aniversário de dedicação da Catedral da Sé. Na homilia, o Arcebispo afirmou que a igreja- mãe da Arquidiocese é um sinal visível da comunhão e unidade em torno de Cristo. Página 22 ‘Continuem firmes a espalhar o testemunho de Santa Teresa de Calcutá’ Com presença no Brasil desde 1979, a Congregacão das Missionárias da Caridade, fundada por Santa Teresa de Calcutá (1910- 1997), tem uma de suas casas de missão no Jardim Peri, na zona Norte da capital paulis- ta, auxiliando pastoralmente nos trabalhos da Paróquia Nossa Senhora da Penha. No sábado, 4, na véspera da memória li- túrgica da Santa, o Cardeal Scherer presidiu missa na Paróquia, com a participação das Ir- mãs Missionárias da Caridade e dos homens idosos e em situação de vulnerabilidade que são por elas atendidos regularmente, com a ajuda de voluntários e benfeitores. “Continuem firmes a espalhar o testemu- nho de Santa Teresa de Calcutá, para que ela seja conhecida, imitada por muitas pessoas em nosso meio”, exortou o Arcebispo Metro- politano durante a missa, na qual também lembrou que a Santa amou os mais pobres, buscando lhes assegurar a dignidade huma- na, e dando testemunho verdadeiro da vida cristã: “Teresa de Calcutá foi uma mulher de Deus na oração, na penitência e na caridade. A Adoração, a leitura da Palavra de Deus e o silêncio contemplativo moviam suas ações”. Páginas 12 e 13 Cardeal Odilo Pedro Scherer, padres concelebrantes, Irmãs Missionárias da Caridade e idosos por elas assistidos, em foto após missa na Paróquia Nossa Senhora da Penha, no sábado, 4 SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 66 | Edição 3362 | 9 a 13 de setembro de 2021 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 www.arquisp.org.br | Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Page 1: ano 66 | Edição 3362 | 9 a 13 de setembro de 2021

Editorial

Encontro com o Pastor

Espiritualidade

Liturgia e Vida

A leitura da Bíblia não deve estar dissociada do pertencimento à Igreja

Centenário de Dom Paulo: em memória ao grande cidadão, Bispo e Pastor

Peçamos a Deus a graça de saber ouvir e de falar nas horas certas

Sem o auxílio divino, o homem não pode distinguir qual é o maior bem

Página 4

Página 2

Página 5

Página 23

A Igreja vive e se alimenta constantemente da Palavra de Deus

67 anos de dedicação da Catedral da Sé são festejados com missa

Em setembro, a Igreja em todo o Brasil comemora o Mês da Bíblia. O livro mais lido do planeta e traduzido para cerca de 3 mil idiomas reúne as Sa-gradas Escrituras, presentes na vida dos cristãos, de modo es-pecial na liturgia.

Página 11

O Cardeal Scherer presidiu no domingo, 5, a Eucaristia pelo aniversário de dedicação da Catedral da Sé. Na homilia, o Arcebispo afirmou que a igreja-mãe da Arquidiocese é um sinal visível da comunhão e unidade em torno de Cristo.

Página 22

‘Continuem firmes a espalhar o testemunho de Santa Teresa de Calcutá’

Com presença no Brasil desde 1979, a Congregacão das Missionárias da Caridade, fundada por Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), tem uma de suas casas de missão no Jardim Peri, na zona Norte da capital paulis-ta, auxiliando pastoralmente nos trabalhos da Paróquia Nossa Senhora da Penha.

No sábado, 4, na véspera da memória li-túrgica da Santa, o Cardeal Scherer presidiu

missa na Paróquia, com a participação das Ir-mãs Missionárias da Caridade e dos homens idosos e em situação de vulnerabilidade que são por elas atendidos regularmente, com a ajuda de voluntários e benfeitores.

“Continuem firmes a espalhar o testemu-nho de Santa Teresa de Calcutá, para que ela seja conhecida, imitada por muitas pessoas em nosso meio”, exortou o Arcebispo Metro-

politano durante a missa, na qual também lembrou que a Santa amou os mais pobres, buscando lhes assegurar a dignidade huma-na, e dando testemunho verdadeiro da vida cristã: “Teresa de Calcutá foi uma mulher de Deus na oração, na penitência e na caridade. A Adoração, a leitura da Palavra de Deus e o silêncio contemplativo moviam suas ações”.

Páginas 12 e 13

Cardeal Odilo Pedro Scherer, padres concelebrantes, Irmãs Missionárias da Caridade e idosos por elas assistidos, em foto após missa na Paróquia Nossa Senhora da Penha, no sábado, 4

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 66 | Edição 3362 | 9 a 13 de setembro de 2021 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00www.arquisp.org.br |

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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2 | encontro com o Pastor | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Dias atrás, um jovem jornalista me per-guntou sobre os mo-tivos da comemo-

ração do centenário do Cardeal Paulo Evaristo Arns. Achei que a pergunta poderia ser uma pro-vocação, mas levei a questão pelo lado bom e achei que valia a pena responder, pois também podia ser uma busca sincera das razões para essa comemoração. Por quais mo-tivos comemoramos o centenário de Dom Paulo? Ou o aniversário da dedicação da Catedral Metro-politana, como fizemos no dia 5 de setembro? Ou o aniversário da Proclamação da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro?

Comemorar significa trazer à memória e recordar. Naturalmen-te, com características de festa, boas lembranças e algo mais. Não se fazem comemorações de fatos detestáveis. Se muito, deles se faz a lembrança para que isso sirva

como advertência, para que nunca mais aconteçam.

Comemoramos o dia da In-dependência do Brasil como lembrança de um fato bom e importante para nosso país e o povo brasileiro. Ao mesmo tem-po, tomamos consciência de que a independência não diz respei-to apenas a circunstâncias e fatos do passado, mas é uma constru-ção contínua, que envolve cada geração, a fim de que os objetivos e benefícios da independência cheguem a todos os brasileiros. Assim, constatamos que, quase 200 anos após a Proclamação da Independência, seus benefí-cios ainda não chegaram a gran-de parte dos brasileiros. Temos muito a fazer, também em nos-sos dias, para que isso aconteça.

Há muito o que fazer para que a grande desigualdade social e econômica do Brasil seja supera-da; que os benefícios da educa-ção, saúde, saneamento básico, trabalho, habitação e alimento diário cheguem a todos. A In-dependência do Brasil precisa se refletir numa convivência respei-tosa, fraterna e solidária, em que violências, discriminações e ódios

sejam superados. A comemoração da Independência do Brasil é um chamado a olhar para o presente e o futuro, com a renovação do compromisso de trabalhar pelo bem do Brasil, considerado em sua enorme diversidade regional, social, cultural e humana. Um país verdadeiramente independente não abandona nem descarta ne-nhum de seus filhos.

A comemoração do centenário do Cardeal Paulo Evaristo Arns, quinto arcebispo metropolitano de São Paulo, é um convite a fazer memória desse grande cidadão, Bispo e Pastor da Igreja, de sua personalidade marcante e os múl-tiplos aspectos de seu empenho no serviço à Igreja e à sociedade. É hora de lembrar, para não esque-cer, o legado e as lições que Dom Paulo deixou. A Igreja faz história nos acontecimentos e pessoas que testemunham tempos e situações vividas por ela e pela comunida-de humana e atitudes tomadas no desempenho de sua missão. Dom Paulo viveu num momento mui-to especial da vida da Igreja, logo após o Concílio Vaticano II, que procurou colocar em prática na sua ação pastoral. Mas também

viveu um tempo difícil na história do Brasil e não ficou indiferen-te diante da situação vivida pelo povo brasileiro, empenhando-se com coragem e esperança para a superação das agressões à digni-dade humana e para o retorno à convivência democrática.

Não há um tempo igual ao ou-tro, embora possam existir muitas semelhanças. Fazer a memória de personalidades do passado serve para nos inspirar na construção do presente e na projeção do futuro. Uma construção boa requer bases sólidas. A base sólida da Igreja é sempre Jesus Cristo, a Palavra de Deus e o testemunho dos após-tolos. Mas ela também olha para as situações já vividas ao longo de dois milênios e para o testemunho dos seus grandes protagonistas, ao longo dessa história, perscrutando suas vidas e sua obra, para discer-nir sobre o presente e sobre deci-sões a tomar.

Faço votos de que o centenário do nascimento de Dom Paulo Eva-risto Arns, que vamos abrir sole-nemente no próximo dia 14 de se-tembro, ajude a Igreja e a sociedade a se confrontar com o testemunho e as lições que ele deixou.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Comemorando

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www.arquisp.org.br | 9 a 13 de setembro de 2021 | Geral/atos da cúria | 3

Atos da CúriaPOSSES CANÔNICAS:

Em 01/08/2021, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, no bairro de Jabaquara, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reve-rendíssimo Padre Daniel Apareci-do de Campos, SCJ.

Em 28/08/2021, foi dada a posse ca-nônica como Administrador Paro-quial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Vila Brasilândia, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Aldenor Al-ves de Lima.

Na memória litúrgica da padroeira da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, Setor Pastoral São Mateus, no domin-go, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a Eucaris-tia na igreja matriz, no bairro Terceira Divisão, tendo entre os concelebrantes o Padre Elson Lopes, Pároco.

No começo da missa, o Pároco recordou o tema da-quela celebração – “A falta de amor é a maior de todas as pobrezas”, extraído de uma das falas de Santa Teresa de Calcutá, e o lema “Assim como eu vos amei, amai-vos”, do Evangelho segundo São João. Na sequência, o Arce-bispo Metropolitano manifestou sua alegria em poder celebrar com a comunidade paroquial a primeira festa da padroeira da Paróquia criada em fevereiro deste ano.

Na homilia, Dom Odilo exortou os fiéis a serem evangelizadores no território de abrangência da Paró-quia e recordou que Santa Teresa de Calcutá sempre se envolveu nas causas dos mais pobres e cuidou das pesso-as “descartadas”, doentes, idosos. Tais exemplos devem ser seguidos pelos fiéis desta comunidade paroquial, ins-talada na periferia da zona Leste da cidade.

Como parte das comemorações dos centenários de nascimento de Dom Pau-lo Evaristo Arns (1921-2016), Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, e do edu-cador Paulo Freire (1921–1997), a Pontí-ficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realizou a série de conferên-cias comemorativas “Dois Paulos da PU-C-SP – PUC-SP de dois Paulos”.

Na quinta-feira, 2, a atividade foi em homenagem ao educador Paulo Frei-

re. A conferência on-line foi aberta pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebis-po Metropolitano de São Paulo e Grão-chanceler da PUC-SP; e a Profª. Drª. Maria Amalia Pie Abib Andery, reitora da PUC-SP.

Ao saudar os participantes, Dom Odilo comentou que Paulo Freire dei-xou marcas profundas na cultura e na educação brasileira: “Pessoalmente, não cheguei a conhecer Paulo Freire, mas te-nho grande admiração por ele, por aqui-lo que li e dele ouvi, portanto alegro-me por essa sessão de homenagem a Paulo

Freire e o centenário de seu nascimento”, comentou.

O Cardeal Scherer e a reitora tam-bém realizaram, na noite da quarta-feira, 8, a abertura da conferência “Dom Paulo Evaristo Arns e a PUC-SP – autonomia e compromisso social”.

As duas conferências contaram com a participação de estudiosos sobre Dom Paulo e Paulo Freire, bem como de pesso-as que conviveram próximos dos home-nageados. A transmissão on-line dos dois eventos pode ser vista pelo YouTube da TV PUC: https://www.youtube.com/tvpuc.

PUC-SP realiza conferências comemorativas dos centenários de Dom Paulo e Paulo Freire

REDAÇÃ[email protected]

Dom Odilo preside missa na 1ª festa patronalda Paróquia Santa Teresa de Calcutá

FERnAnDO ARThUR ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Sejamos testemunhas também nós do Evangelho de Jesus Cristo, que quando é acolhido e vivido faz bem para todos, pois dá esperança e traz vida melhor para todo o mundo e une a comunidade numa luta boa”, disse o Arcebispo Metropolitano.

Ao fim da celebração, houve manifestações de gra-tidão do Cardeal Scherer e da comunidade paroquial

pela missa realizada e a festa da padroeira como um todo. O Arcebispo exortou que todos continuem fir-mes nas atividades evangelizadoras. “Apoiemos estas iniciativas, para que possam estar cheias de católicos que testemunhem a presença de Deus nestas áreas, ainda muito complicadas, onde falta tudo, mas que nunca falte Deus.”

Pascom da Paróquia Santa Tereza de Calcutá

Dom Odilo Pedro Scherer, padres concelebrantes e fiéis ao lado do nicho com a imagem de Santa Tereza de Calcutá, dia 15

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Ler a Bíblia junto com a IgrejaEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Dom Paulo Evaristo Arns, de quem celebramos o centenário de nascimento neste mês, tem uma ex-tensa coletânea de escritos. Ele, ao longo de sua vida, desde os anos do Centro Radiofônico Franciscano até quando se tornou Arcebispo Eméri-to de uma das maiores metrópoles da América Latina, publicou inúmeros artigos em jornais e revistas acadê-micas, concedeu entrevistas, redigiu livros, organizou traduções e grafou sua autobiografia. Seus textos foram vertidos para diversos idiomas, des-de o italiano, passando pelo espanhol e pelo alemão até o maltês, vernáculo de um pequeno arquipélago no Mar Mediterrâneo, quiçá falado no sul da Itália ou por migrantes maltenses.

Sua extensa obra literária, asso-ciada aos seus atos e posicionamen-tos, diz muito a respeito do Cardeal. Eles denunciam para onde se dirigia o olhar desse grande intelectual. Ho-mem que verteu sobre si a humilda-de do hábito de São Francisco, mas que também se revestiu do espírito de muitos dos grandes intelectuais de sua ordem como, entre outros, São Boaventura (que, como Dom Paulo, frequentou a Sorbonne) ou o Doctor Apostolicus Lourenço de Brindisi. Foi um homem da acade-mia, da Igreja e do povo.

Na sua vasta produção, encon-

Os livros e o Cardeallivros. Redigiu “Viver é participar”, no qual antecipava a ideia que mais tar-de seria assumida pela Igreja de que a comunidade eclesial fosse pautada pela comunhão e participação. Escre-veu, ainda, “O Evangelho: Incomoda? Inquieta? Interessa?”, versando sobre a questão da evangelização e repercu-tindo o sínodo de 1974. Advogou no opúsculo “Ministérios na Igreja” a re-novação dos ministérios eclesiais. En-fim, a temática eclesiológica era uma constante de Dom Paulo.

Por fim, não faltaram livros auto-biográficos. Entre os quais podem- -se citar “Da esperança à utopia” ou “Corintiano, graças a Deus”. O pri-meiro desvela a história de um filho de colonos, que por amor a Cristo e a São Francisco, se fez frade, bispo e defensor dos pobres. O segundo, um homem que, por amor ao clube, salvou a devoção a São Jorge. Afinal, não se poderia prejudicar a Ingla-terra tampouco a nação corintiana.

Enfim, vasta é a literatura do Car-deal já falecido. São mais de cinco dezenas de livros. Neste ano em que celebramos seu centenário, escolher e ler uma entre as várias obras se tor-na um especial caminho para conhe-cer e entender – e, por que não, se apaixonar? – pelo intelectual e pastor que foi Paulo Evaristo Arns.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

tram-se inúmeras traduções. Foi ele que verteu para a nossa língua tex-tos como “Cartas de Santo Inácio de Antioquia”, “A Carta de São Clemen-te Romano” ou “Sacramentos e os mistérios”, de Santo Ambrósio. Tam-bém do bispo franciscano, quando ainda padre jovem, sob os albores do Vaticano II, do qual ele é um filho ilustre, uma das primeiras traduções para o português dos decretos Pres-byterorum ordinis, Perfectae caritatis e Apostolicam actuositatem, e da De-claração Gravissimum educationis.

Não faltou em sua produção a fi-

delidade a sua Família Franciscana. Entre outras, publicou “Olhando o mundo como São Francisco”, “Con-versas com São Francisco”, “Dez ca-minhos para a perfeita alegria” ou “I Poveri e la pace prima di tutto”. São textos que revelam o modo como o Bispo, que foi formado nas fileiras dos filhos do povorello de Assis, con-templava seu, assim chamado, Pai Se-ráfico e seu sonho para o mundo.

Dom Paulo Evaristo Arns era fi-lho de Francisco, mas também filho da Igreja. Por essa razão, temáticas ligadas à Igreja despontam em seus

PADRE REUbERSOn FERREIRA, MSC

Opinião

Padre Reuberson Ferreira, MSC, é pároco da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração e mestre e doutorando em Teologia pela PUC-SP.

4 | Ponto de Vista | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Uma acusação que ainda nos é frequentemente dirigida por alguns irmãos sepa-rados – e à qual convém

responder logo no início deste Mês da Bíblia – é que a Igreja Católica supos-tamente proibiria seus fiéis de tomar contato direto com as Escrituras. Nada mais distante da verdade: o que a Igreja realmente ensina é que “é preciso que os fiéis tenham acesso patente a Sagrada Escritura” (constituição dogmática Dei Verbum, 22) – por isso mesmo, aliás, é que desde os primeiros séculos a tradi-ção católica foi incorporando e difun-dindo traduções dos textos sagrados para as línguas mais faladas (a Septua-ginta, que traduzia o Antigo Testamen-to do hebraico para o grego, e a famosa Vulgata de São Jerônimo, que vertia toda a Escritura para o latim, língua então mais acessível). Em nossos dias, esta preocupação se traduz no incenti-vo a “traduções aptas e fiéis nas várias línguas” modernas (Ibidem).

Mais do que isso: a Igreja não ape-

nas recomenda aos padres e pregado-res que “mantenham um contato íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo aturado”, para que assim possam “comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssimas ri-quezas da palavra divina” – antes, ela também “exorta com ardor e insistência todos os fiéis” à “leitura frequente das divinas Escrituras, porque ‘a ignorância das Escrituras é ignoraância de Cristo’” (Idem, 25).

A própria participação na San-ta Missa, por sinal, é uma excelente forma de ganhar intimidade com a Bíblia: as leituras da Liturgia nunca são escolhidas ao acaso – antes, elas são estruturadas em ciclos periódi-cos, para que os fiéis possam, ao cabo de dois ou três anos, percorrer todo o conteúdo dos Evangelhos e dos escri-tos apostólicos, e as principais partes do Antigo Testamento.

Mas de onde vem, então, aquela noção tão amplamente difundida de que os católicos teriam ressalvas quan-

to à leitura da Bíblia? A resposta, aqui, é que nós, católicos, de fato, recomen-damos certas cautelas ao nos aproxi-marmos do texto sagrado – pois, como alerta o próprio São Paulo, “a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2Cor 3,6). Lembremos também que o diabo foi capaz de tentar Nosso Senhor, in-vocando os próprios textos sagrados! A Bíblia, portanto, pode ser pedra de tropeço se usada sem o devido prepa-ro: e a prova cabal disso se deu em nos-so país alguns anos atrás, quando um autoproclamado “pastor” convenceu uma mulher casada a cometer adul-tério porque, segundo o pastor, Deus mandara a Oseias: “Adultera!” – quan-do na verdade o que estava escrito era “adúltera” (com acento)...

Mil anos antes de Lutero promover seu cisma, Santo Agostinho já adver-tia que “as heresias nascem exatamen-te porque as Escrituras, que são boas, são entendidas de uma forma que não é boa – e então aquilo que nelas não é bem entendido é também propagado de

maneira temerária e audaz” (In Evan-gelium Iohannis, tract. 18,1). E o Papa Inocêncio III, na carta “Cum ex iniunc-to”, enviada em 12 de julho de 1199 aos habitantes de Metz que haviam traduzi-do a Bíblia para o francês, escrevia que “o desejo de entender as divinas Escri-turas e o zelo de exortar em conformi-dade com estas não merece repreensão, mas antes, recomendação; porém, estes leigos mostram-se dignos de repreen-são, porque celebram pequenas reu-niões ocultas, usurpam para si o ofício da pregação e zombam da simplicidade dos sacerdotes” (PL, 214, 695C-697A). Foi, afinal, o próprio Cristo quem “es-tabeleceu a alguns como apóstolos; a ou-tros, profetas; a outros ainda, doutores” (cf. Ef 4,11) – de modo que ninguém deve arrogar para si próprio o direito de pregar.

Amemos, então, as Escrituras; leiamo-las com assiduidade, dirigin-do nosso coração a Deus – mas não abandonemos jamais a Mãe Igreja, que no-las deu de presente!

Page 5: ano 66 | Edição 3362 | 9 a 13 de setembro de 2021

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www.arquisp.org.br | 9 a 13 de setembro de 2021 | regiões episcopais/Fé e Vida | 5

Como vemos no Evangelho do domingo passado, a maneira como Jesus realiza a cura do surdo-mudo é diferente das

demais, porque não é imediata e ins-tantânea, mas segue um pequeno pro-cedimento. Primeiramente, Jesus levou o homem a um lugar à parte, colocou o dedo nos seus ouvidos e tocou sua língua com a saliva. Depois, elevou os olhos para o céu e disse: Effetha!, que significa: “Abre-te!”. E imediatamente se lhe abriram os ouvidos e se lhe sol-tou a prisão da língua, e falava clara-mente. Ainda que a cura tenha resul-

tado das palavras de Cristo, o Senhor quis utilizar nesta ocasião, como aliás em outras, alguns elementos materiais visíveis, para dar a entender, de alguma maneira, a ação mais profunda que os sacramentos iriam efetuar nas almas. Vemos nessa cura uma imagem da ação de Deus nas almas: liberta dos pecados, abre o ouvido para escutar a Palavra divina, permite a língua proclamar a Boa-Nova.

Todos nós, de certa maneira, preci-samos receber a graça da cura da nossa surdez e da nossa incapacidade de falar, porque muitas vezes somos surdos e não escutamos os chamados de Deus, não entendemos as suas palavras, não percebemos que Deus nos fala de diver-sas maneiras: no silêncio do coração, na leitura de uma passagem bíblica, nos pedidos das pessoas etc. Muitas vezes, Deus nos fala por meio dos aconteci-mentos, das necessidades das pessoas, como, por exemplo, nos pede que termi-nemos nossas tarefas, porque há pessoas que dependem delas. Deus também está

falando algo conosco quando sentimos uma certa inquietação em nosso cora-ção: não nos sentimos plenamente con-tentes e achamos que os culpados são os outros, quando isso não corresponde à verdade, mas não queremos aceitá-la. Há pessoas que desejariam escutar a voz de Deus, mas não o conseguem porque fogem do silêncio, porque andam o dia todo numa agitação contínua e Deus costuma falar no momento de recolhi-mento e não no meio do turbilhão de sons, de sentimentos, de sensações etc. Outro momento em que devemos abrir a nossa língua: quando nos aproxima-mos da Confissão, devemos falar tudo o que nos pesa no coração e ouvir os con-selhos do sacerdote.

Por outro lado, Deus nos dá o dom da palavra, como fez ao homem no Evange-lho, e espera que a utilizemos para edifi-car as pessoas, para instruir dando bons conselhos e falar das coisas de Deus. Quando foi a última vez que você e eu falamos de Deus para alguém? Ficamos mudos e nos omitimos quando alguém

se comporta de maneira equivocada, e nós não dizemos nada. Ou quando as pessoas esperam de nós uma palavra de atenção, um retorno a seus pedidos le-gítimos, e não nos manifestamos. Não devemos permanecer calados quando a justiça e a caridade nos recomendam fa-lar: os pais a seus filhos, ensinando-lhes desde pequenos as orações e os funda-mentos da fé; aos amigos, quando surge uma ocasião oportuna, ou tomando ini-ciativa de conversar sobre alguma ques-tão de atualidade relativa à fé cristã; aos estudantes, de tratar sobre temas de in-teresse para a formação humana de seus colegas, com quem passam muitas horas juntos. Há momentos em que se espera de nós uma palavra que consola: no fa-lecimento de um familiar; na visita a um doente ou quando se comenta uma no-tícia caluniosa sobre uma pessoa ausen-te. São muitos os motivos para falar da beleza na nossa fé católica, da alegria de viver perto de Jesus Cristo Nosso Senhor, do amor materno de Nossa Mãe Maria Santíssima etc.

DOM CARLOS LEMA GARCIAbISPO AUXILIAR DA

ARQUIDIOCESE nA REGIÃO SÉ E VIGÁRIO

EPISCOPAL PARA A EDUCAÇÃO E A

UnIVERSIDADE

EspiritualidadeSaber ouvir e saber falar

Belém

No sábado, 4, o Irmão Edvaldo Car-neiro, SS.CC, foi ordenado diácono na Paróquia Santo Emídio, na Vila Pru-dente, pela imposição das mãos de Dom Luiz Carlos Dias.

Nascido em Suzano (SP), em 15 de setembro de 1987, Edvaldo Carneiro cresceu em Ferraz de Vasconcelos (SP). Em 2013, ingressou na Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria (SS.CC). Em 2016, fez o noviciado em Chaclacayo, no Peru, e em janeiro do ano seguinte professou os primeiros vo-tos na Paróquia Santo Emídio. Fez o ju-niorato em Belo Horizonte (MG) e sua profissão perpétua ocorreu em 17 de ja-neiro de 2021, no Santuário da Saúde e da Paz, também na capital mineira. Em fevereiro, foi nomeado para atuação na comunidade paroquial na Vila Prudente.

No começo da celebração, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Be-lém foi acolhido pelo Superior Provincial

[BELÉM] Em 29 de agosto, aconteceu uma missa vocacional na Paróquia São José do Maranhão, no encerramento do mês dedicado às vocações. A Eucaristia foi presidida pelo Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidio-cese, e concelebrada pelo Padre Arlindo Teles, Pároco. Na homilia, Padre José Car-los convidou os jovens a refletirem sobre o chamado vocacional feito por Deus e o necessário discernimento para que bem cumpram uma vocação futura, seja como pais de família, seja como religiosos con-sagrados, seja como ministros ordenados.

(Com informações do Padre Arlindo Teles)

[BELÉM] No sábado, 4, em missa presidida na Paróquia Santa Adélia por Dom José Soares Filho, OFMCap, Bispo Emérito de Carolina (MA), 14 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma. Concelebrou o Padre Jonatas Mariotto, Pároco. Na homilia, ao se dirigir aos crismandos, o Bispo recordou-lhes de que são parte da Igreja e, assim, com seus talentos, devem se dedicar ao bem de todos.(por Fernando Arthur)

Dom Luiz Carlos Dias ordena diácono na Paróquia Santo EmídioFERnAnDO ARThUR

COLAbORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃOda Congregação dos Sagrados Corações, Padre Osvânio Humberto Mariano, que também saudou os fiéis e os sacerdotes presentes.

“Você hoje receberá o primeiro grau da Ordem e, ao recebê-la, começa a par-ticipar do sacerdócio de Cristo, que o ha-bilita como Seu representante, a agir em Seu nome. É pura graça! Pois, pela impo-sição das mãos do Bispo que aqui está e a oração, será concedido a você o Espírito Santo para exercício do ministério sacer-dotal como diaconia”, disse Dom Luiz Carlos na homilia.

Dom Luiz Carlos também explicou que diaconia significa originalmente “aquele que serve à mesa” e lembrou que se trata de um ministério suscitado pelo Espírito Santo. Mencionou ainda São Lourenço, diácono e mártir, celebrado para recordar que o diácono tem de ser-vir à comunidade e amparar os fiéis.

Logo em seguida, o Bispo procedeu aos ritos próprios da ordenação, impon-do as mãos sobre o Irmão Edvaldo, que, posteriormente, foi vestido com a estola

diaconal e dalmática pelo Irmão Anto-niel Santos e pelo Padre Paulo Dekker. Por fim, foi cumprimentado e abraçado por sua mãe, Laura Carneiro.

Ao fim da celebração, o Diácono Ed-

valdo fez uma breve retomada de sua caminhada vocacional, falou sobre a di-mensão do serviço diaconal e agradeceu a seus colegas de congregação e a Dom Luiz Carlos Dias.

Facebook da Paróquia Santo Emídio

Arquivo paroquial

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[SANTANA] No sábado, 4, em missa presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região San-tana, o Diácono Permanente Franco An-tônio Abelardo foi apresentado como As-sistente Pastoral da Paróquia Rainha Santa Isabel, no Setor Casa Verde.

(por Simone Arruda)

Simone Arruda

Sérgio Eduardo Henrichs Franco Fornari

Pascom paroquial

Na noite do sábado, 4, na Paróquia Territorial Nossa Senhora da Paz, Setor Catedral, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a 115 crismandos de várias nacio-nalidades, entre brasileiros, paraguaios, bolivianos e ango-lanos da Paróquia Pessoal dos Fiéis Latino-Americanos.

[SÉ] O vídeo do “Brasil, Terra de Santos” rela-ta o que, em outubro de 2020, o Papa Fran-cisco reconheceu: o martírio da Serva de Deus Isabel Cristina Campos, uma jovem de Barbacena (MG) que foi brutalmente assas-sinada ao resistir a uma tentativa de estupro. Os detalhes sobre a vida e as virtudes da jo-vem martirizada são explicados pelo Diáco-no Prado, Vice-postulador da causa de bea- tificação. A íntegra do conteúdo pode ser vista em: https://youtu.be/h1L_KZ7bynE.

(por ‘Brasil, Terra de Santos’)

Dom Carlos Lema confere sacramentos na Capela da Santa Casa de Misericórdia

27/10/2021

09/11/2021

[SANTANA] No domingo, 5, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa solene na festa do padroeiro na Capela Beato Cláudio Granzotto, que pertence à Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, Setor Pastoral Tucu-ruvi. O Beato é patrono dos escultores.

(por Luciana Pinheiro)

[SANTANA] No domingo, 5, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Capela Santo Expedito, que pertence à Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Jaçanã. Con-celebrou o Padre Luis Isidoro Molento, Pároco. (por Bianca Araujo)

[LAPA] Em 31 de agosto, na Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, a Pastoral Social distribuiu 270 cestas básicas, 270 bandejas de ovos, rou-pas, calçados, um botijão de gás, além de 70kg de ração para cachorros e outros 10kg para gatos. (por Pascom paroquial)

[BRASILÂNDIA] No domingo, 5, o Padre Genésio de Morais, Pároco da Pa-róquia São Francisco de Assis, Setor Dom Paulo Evaristo, presidiu missa na Comuni-dade Nossa Senhora das Graças, durante a qual fez menção a três fatos relacionados ao mês de setembro: o Mês da Bíblia, o centenário do nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns e o cuidado com as árvores, em consonância com o Dia da Árvore, no dia 21. (por Marcos Rubens Ferreira)

[LAPA] A Pastoral da Comunicação (Pas-com) da Região Lapa se reuniu de modo on-line, no dia 2. Participaram os coorde-nadores gerais Paulo Ramicelli e Maria Tie-mi, e demais coordenadores e agentes dos setores. Na ocasião, Ramicelli enalteceu o trabalho dos agentes nas transmis-sões on-line das missas nas paróquias e das lives de Dom José Benedito Car-doso ao longo dessa pandemia. Houve ainda a entrega do projeto pastoral para o ano de 2022. por Pascom Regional)

Oito jovens e adultos, com ida-des entre 20 e 30 anos, receberam o sacramento da Crisma no domingo, 5, durante missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia na Capela Nos-sa Senhora da Misericórdia, da Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo.Os recém-crismados começaram

a se preparar em 2019 para receber o sacramento por meio de encontros presenciais na própria capela, aos sá-bados. Com a pandemia, porém, des-de março de 2020 as atividades passa-ram a ser realizadas quinzenalmente

de modo on-line. Além disso, eles re-cebiam a liturgia diária com a Leitura Orante, enviada pelo Padre Tiago Gur-gel do Vale, Capelão da Santa Casa, e pelo Diácono Permanente João Carlos Fornari, cooperador da Capela. Nessa mesma missa, dois crismandos tam-bém foram batizados.

CEnTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ

115 jovens são crismados na Paróquia Pessoal dos Fiéis Latino-Americanos

CEnTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ Concelebraram o Padre Antenor João Dalla Vec-chia, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz; Padre Irmani Paulo Borsatto, Pároco da Paróquia Pessoal dos Fiéis Latino-Americanos; e o Padre Paolo Parise, Pároco da Paróquia Pessoal Italiana São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena, assistidos pelo Diácono seminarista Sales Conceição de Melo Nogueira, todos scalabrinianos.

Após o Padre Irmani pedir que os crismandos se levantassem, anunciando suas nacionalidades, Dom Carlos Lema deu início à homilia, dizendo que “muito se alegra em ver um grande grupo de crismandos de vá-rios países, além dos brasileiros”. Depois, refletiu sobre a Solenidade de Pentecostes, que acontece 50 dias de-pois da Páscoa. Destacou que, para os judeus, no Antigo Testamento, esta festa tinha um sentido específico que era agradecer a Deus os frutos provenientes do campo, das colheitas. Então, reuniam-se em Jerusalém para ce-lebrar Pentecostes de onde vinham, também, muitos judeus que moravam fora e ao redor da Terra Santa. Ele recordou que, de repente, aconteceu um fenômeno sur-preendente: um vento impetuoso começou a soprar e chamas de fogo desceram do céu, repartiram-se e de-positaram-se sobre a cabeça de cada um dos presentes. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, começaram a falar em línguas e a proclamar as maravilhas de Deus.

Assim como naquele dia, ressaltou o Bispo, “muitos de fora do Brasil estão reunidos aqui hoje para receber o sacramento da Crisma”. Dom Carlos destacou que a Crisma não é apenas uma exigência da Igreja, mas, sim, um sacramento de confirmação da fé no Batismo, é o recebimento do Espírito Santo.

Reprodução

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Fé e Cidadania

PADRE JOSÉ ULISSES LEVA

A Igreja e a sociedade lembram os 100 anos de nas-cimento de Dom Paulo Evaristo Arns, OFM, Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998. O Cardeal da Esperança em Esperança nasceu em 14 de setembro de 1921. “Para simplificar, o que é a alma no corpo são no mundo os cristãos” (Carta a Diogneto, VI, 1). Belíssima passagem é esta pérola da Patrística. Dom Paulo Evaristo Arns e outros estudiosos da Igreja Primitiva, nos anos poste-riores ao Concílio Ecumênico Vaticano II, presentea-ram-nos com notáveis e profundas pesquisas da Igreja Primeva. Inegável a atuação de Dom Paulo Evaristo Arns diante do seu tempo. Ele atuou magistralmente em todas as áreas na Igreja e na sociedade.

Sangue imigrante alemão, nascido em Forquilhinha, interior catarinense. Filho de Gabriel Arns e Helena Steiner. Franciscano que estudou por longos anos na França. Versado em latim e grego. Profundo conhecer da Igreja Primitiva. Em 1952, defendeu sua tese inti-tulada: “A técnica do livro segundo São Jerônimo”. O objeto de sua pesquisa esteve centrado na técnica do livro, para tanto examina o papel de uma ferramenta, o objeto livro, como mediadora da comunicação huma-na. No século IV, período em que viveu São Jerônimo, conhecido na Patrística como Padre Latino, a técnica usada para escrever era o rolo, de difícil manuseio e pouca presença entre seus pares. São Jerônimo se serve do códex, instrumento capaz de chegar em maior nú-mero aos seus de sua época.

Cardeal do diálogo, grande orador e patrólogo, ele sempre nos lembrava: “Gostaria de merecer a graça de alegrar-me convosco em tudo. Bem, por isso é que con-vém glorificar de toda a sorte a Jesus Cristo que vos tem glorificado, para que, reunidos em uma só submissão, sujeitos ao bispo e ao presbitério, vos santifiqueis em todas as coisas” (Santo Inácio de Antioquia aos Efésios, II, 2). Essa belíssima passagem da Igreja endereçada à Igreja em São Paulo é tradução de Dom Paulo Evaris-to, que, como homem de cultura, legou suas pesquisas à posteridade; e, como pastor, viveu na Arquidiocese como abnegado bispo, amando seu presbitério e se dis-ponibilizando a ele.

Cardeal do compromisso. Recordo-me sempre da sua presença marcante. Ele sempre lembrava essa máxima: “Sigam todos ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos apóstolos. Acatem os diáconos, com a lei de Deus. Ninguém faça sem o bispo coisa alguma que diga respeito à Igreja” (Car-ta de Santo Inácio de Antioquia aos Esmirnenses, VIII, 1). Dom Paulo Evaristo sempre foi muito pre-sente junto aos seus padres. Conhecia-os pelo nome e a todos dedicava carinho especial. Meses depois da minha ordenação presbiteral, aceitou com prontidão celebrar a Santa Missa por ocasião dos festejos dos 50 anos de ereção canônica da Paróquia São Paulo do Belém. Tempos difíceis para a comunidade. Ele, po-rém, nos confortou na esperança e nos animou para que reerguêssemos a comunidade na dinamicidade e crescimento na fé.

Cardeal da presença. Dom Paulo Evaristo Arns marcou profundamente a Igreja em São Paulo, com as resoluções emanadas do Concílio Ecumênico Vaticano II. Procurou incentivar as proposições dos Documen-tos do Concílio nas comunidades, para que elas lessem, entendessem, vivessem e se sentissem como Igreja. Em 1998, Dom Paulo Evaristo tornou-se Emérito da Igre-ja em São Paulo. Depois da sua saída como Arcebispo e sua vida reclusa, sua presença ainda se fez sentir em nós. Mesmo com os quase cinco anos do seu falecimen-to, ele sempre será lembrado.

Padre José Ulisses Leva é professor de História Eclesiástica da PUC-SP.

Dom Paulo Evaristo Arns: diálogo, compromisso, presença

Brasilândia

SIMOnE RIbEIRO CAbRAL FUzARO

Em época de pandemia, é muito importante pensarmos sobre o que estamos vivendo e o que estamos deixando como memória afetiva na vida dos nossos filhos.

Já passamos de um ano e meio de restrições no convívio, de cui-dados com os mais velhos, mais vulneráveis, além de muitas datas comemorativas importantes para a convivência familiar sendo dei-xadas de lado em nome da saúde física das pessoas. Sem dúvida, uma preocupação muito lícita e importante.

No entanto, o que trago hoje para a nossa reflexão são as per-das que estamos promovendo com essa realidade. Para nós, adultos, um ano e meio de menos convívio, de restrições nos contatos físicos e manifestações afetivas tão próprias da nossa cultura, custa muito, mas, não muda tanto nossa biografia – temos experiência dessa realidade, temos memórias e uma bagagem de histórias de encontros familiares, trocas e aprendizagens.

Se considerarmos, porém, as crianças, veremos que esse pre-juízo se torna tanto maior quanto menor elas forem.

Algumas, inclusive, nasceram nessa perspectiva do isolamen-to social e estão privadas de uma experiência fundamental na cons-trução de sua personalidade, de seu sentido de pertença – algo que faz parte da estrutura da persona-lidade da pessoa.

O convívio familiar mais ex-tenso – com avós, tios, primos – é

precioso na biografia da pessoa. As histórias familiares compartilhadas pelos mais velhos, os hábitos da organização do encontro, a divisão das tarefas, as brincadeiras e pas-satempos que se organizam quase que de forma natural são um meio eficiente de transmissão de valores e de cultivo de virtudes. Para além disso, são um momento muito espe-cial de identificação das origens: eu pertenço a este grupo, com estes va-lores, estes costumes e esta história.

Toda pessoa tem sede de per-tença. Temos muita alegria e con-forto afetivo de nos sentirmos pertencentes a um grupo, espe-cialmente quando se trata da nos-sa origem – fotos, histórias, con-versas que deixam marcas. Essa é uma das características mais pre-ciosas da família.

Somos seres radicalmente so-ciais – fomos feitos para o convívio e precisamos ser formados para que esse convívio aconteça de modo equilibrado, feliz, frutuoso. Na fa-mília, temos a oportunidade de ex-perimentar essa realidade e absor-ver experiências formativas. Claro que existem histórias de família nas quais esses encontros não deixaram memórias tão positivas, mas, mes-mo assim, são formativas. É impor-tante identificar a pertença, mes-mo que essa não seja “bem-vista”, porque esse é um meio eficiente de promover mudanças. Nem sempre podemos mudar as pessoas que es-tão ao nosso redor; certamente, não poderemos mudar o passado delas e os motivos que as levaram a um convívio ruim. Podemos, porém, promover convívios diferentes,

podemos crescer e construir uma história familiar mais feliz para as próximas gerações. Não podemos esquecer: Deus, de todo mal, tira um bem. E nós, como seus filhos, podemos nos espelhar Nele e, com sua ajuda, fazer o mesmo.

Preocupa-me a ideia de que, para toda uma geração que está em plena formação, o convívio mais intenso com a família estendida fique prejudicado e, o pior: que acatem como natural esse modo de viver, ou seja, que essa seja a realidade deles – não se sente falta do que nunca se teve.

O relacionamento intergera-cional é precioso e formativo. Pre-cisamos garantir essa possibilidade se quisermos famílias bem consti-tuídas, valores familiares garanti-dos e pessoas capazes de formar família no futuro.

Diante das circunstâncias que se apresentam a cada momento, pre-cisamos ser criativos, estabelecer alternativas saudáveis. Para isso, é preciso identificar o bem que que-remos garantir e, daí sim, definir os meios para que aconteça da melhor maneira possível.

Proteger-nos e proteger a saúde física daqueles que amamos é, sem dúvida, muito importante. Proteger a formação, os vínculos, as neces-sidades afetivas deles, porém, é tão fundamental quanto.

Vamos pensar, criar e possibili-tar essa rica experiência para nos-sos filhos – se não o fizermos, cer-tamente nos arrependeremos.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site:

www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.

ComportamentoEncontros familiares

Dom Carlos Silva preside missa pelos 100 anos da Legião de Maria

O centenário do movimento Legião de Maria foi festejado na Região Brasilândia no domingo, 5, com missa realizada na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, Setor Pastoral Freguesia do Ó.

A celebração foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, e concelebrada pelo Padre Edemil-son Gonzaga de Camargo, Pároco. Participaram legionários que atu-am na Região Brasilândia.

“Ser legionário é servir! Não para se colocar a serviço e ficar de braços cruzados; é preciso se colocar a serviço no cami-nho, a exemplo de Maria”, afir-mou o Bispo Auxiliar da Arqui-

diocese na Região Brasilândia. A Legião de Maria é um mo-

vimento que se iniciou na Irlanda em 7 de setembro de 1921 e hoje está presente no mundo todo.

Durante a mesma missa, hou-ve o envio da imagem peregrina

de Nossa Senhora das Graças em missão à Comunidade Nossa Se-nhora da Alegria e São Paulo, da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Morro Grande. A imagem estava no Setor Freguesia do Ó desde no-vembro de 2020.

ELIAnA LUbIAnCOCOLAbORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Pascom da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba

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A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Moema, iniciou, em julho, o projeto chamado “So-mos a Igreja do pão”, que tem como meta levar lan-ches às pessoas em situação de rua para que possam se alimentar.

O projeto é liderado pelo Vigário Paroquial, Padre Rafael Araújo, SDS, e conta com o apoio do Pároco, Pa-dre Samuel Cruz, SDS. A proposta é sempre envolver

cada vez mais a comunidade nesta ação caritativa em favor daqueles que mais precisam.

A distribuição dos lanches é feita todo primeiro do-mingo de cada mês. Apenas em agosto, foram distribuí- dos cerca de 2 mil lanches. Os voluntários montam os kits durante a manhã do domingo e na hora do almoço saem para a distribuição, geralmente no centro de São Paulo.

Interessados em colaborar com a atividade podem entrar em contato pelo telefone (11) 5052-4919 ou pelo Facebook (@aparecidamoema).

Rua, uma unidade móvel que percorre-rá todos os pontos da cidade em que há concentração de pessoas em situação de rua. Trata-se de um serviço da Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cida-dania, administrado pelo Sefras. Dom

José Benedito participou da inauguração do ônibus itinerante.

Gabriela Masteguin, psicóloga do Se-fras e responsável pelo ônibus, explicou os principais serviços oferecidos: assistência jurídica para documentação e canal de de-

iPiranGa

laPa

Projeto ‘Somos a Igreja do pão’ mobiliza a Paróquia nossa Senhora Aparecida

TERESA GERIbELLOCOLAbORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No domingo, 5, em diferentes paró-quias da Região Lapa, foram celebra-das missas pelo 7º dia do falecimento do Padre Paulo Francisco Santana Ri-beiro, que foi encontrado morto, em 30 de agosto, em sua residência, aos 75 anos de idade, 47 dos quais como sacerdote.

Ele foi sepultado no dia seguinte, no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, com a presença de alguns padres, ami-gos e familiares. Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidio-cese na Região Lapa, realizou os ritos das exéquias.

Uma das missas de 7º dia aconteceu

na Paróquia Santo Alberto Magno, Se-tor Pastoral Butantã, presidida pelo Pa-dre Antônio Francisco Ribeiro, Pároco, assistido pelo Diácono Antônio Geral-do de Souza.

Padre Paulo Santana era Vigário Pa-roquial nesta Paróquia havia mais de um ano e celebrava algumas missas aos do-

mingos na matriz, na Área Pastoral São João Batista e na Comunidade Nossa Se-nhora Auxiliadora.

Durante a missa, o Pároco recordou que o Padre Paulo Santana era muito querido pelas comunidades da Região Lapa e pelos fiéis da Paróquia Santo Al-berto Magno. (BN)

Padre Paulo Santana é recordado em missas

A Paróquia São José Operário, no Jardim Sarah, Setor Pastoral Rio Pequeno, recebeu a visita pastoral de Dom José Benedito Cardoso, entre os dias 3 e 5.

Na tarde da sexta-feira, 3, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa foi recebido pelo Pa-dre Leandro Calazans, Pároco. A primeira ação foi a visita aos enfermos. À noite, houve missa na Ca-pela Santa Teresa D’Ávila.

No sábado, 4, pela manhã, Dom José reuniu- -se na igreja matriz com os participantes da Ca-tequese infantil e com os catequistas. À tarde, visitou os enfermos da Comunidade Santa Mô-nica e Santo Agostinho, e à noite presidiu missa, com a participação dos jovens, na igreja matriz.

No domingo, 5, o Bispo celebrou a Eucaristia novamente na Capela Santa Teresa D’Ávila e visitou pessoas enfermas. À tarde, teve encontro com as lideranças paroquiais. Depois, participou da aber-tura do Mês da Bíblia e, por fim, presidiu missa na igreja matriz.

Em conversa com a Pastoral da Comunica-ção (Pascom) regional, Dom José comentou que foram três dias muito intensos e que ficou satis-feito com a presença e participação de todas as pastorais, movimentos e a comunidade. “Espero que minha visita venha contribuir ainda mais para o crescimento da Paróquia São José Operá-rio”, desejou. (BN)

bispo faz visita pastoral à Paróquia São José Operário

Dom José benedito participa da inauguração de unidade móvel de atendimento aos ‘irmãos da rua’

bEnIGnO nAVEIRACOLAbORADOR DE COMUnICAÇÃO nA REGIÃO

Inspirado no método “Ver, Julgar e Agir”, consagrado na Igreja Católica des-de o Concílio Vaticano II, no dia 1º, Dom José Benedito Cardoso visitou um local conhecido como a “minicracolândia da Vila Leopoldina”, na zona Oeste da cidade.

Além do Bispo Auxiliar da Arquidio-cese na Região Lapa, participaram da ação Tatiana Vieira, da Pastoral Fé e Política, e Antônio Geraldo de Sousa, coordenador do Núcleo da Caritas Arquidiocesana de São Paulo na Região Lapa, com o apoio do Fórum Social Leopoldina, do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), do Observatório Leopoldina e da Rede Leo-poldina Solidária.

A “minicracolândia da Vila Leopol-dina” foi um dos primeiros locais esco-lhidos para a passagem do Centro de Promoção dos Direitos da População de

núncia para os casos de violação de direi-tos dessa população.

Durante a visita, houve um momento de diálogo entre Daniel Beltrão, Pastor da Igreja Batista Palavra Viva; Angelo Apro Junior e Alessandra Apro Montagner, do movimento social da Comunidade Nos-sa Senhora Aparecida e São Joaquim, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Leopoldina; e Déborah Mussato, da rede de doações Leopoldina Solidária. Tam-bém participou Neusa Carvalho, que vive no canteiro central da Avenida Gastão Vi-digal, próximo ao portão 6 da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Dom José Benedito falou a todos os participantes sobre os esforços para que se implemente o “Movimento Lapa pelo Pac-to pela Vida e pelo Brasil” e ressaltou ainda que agora se abre um importante diálogo com a sociedade sobre os desafios socioe-conômicos dessa região da cidade.

Arquivo pessoal

Tereza Geribello

Arquivo paroquial

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Até o fim de outubro, cada setor pas-toral da Região Episcopal Sé deverá reali-zar ao menos três encontros de formação para candidatos a ministros extraordiná-rios da Sagrada Comunhão Eucarística que forem indicados pelos párocos, ad-ministradores paroquiais e capelães ao Vigário Episcopal da Região, Dom Carlos Lema Garcia.

Os nomes dos candidatos deverão ser apresentados pelos sacerdotes ao Bispo Auxiliar da Arquidiocese após os encon-tros, até 15 de novembro, para que, assim, ele decida nomeá-los ou não. Não há li-mite na quantidade de ministros extraor-dinários em cada comunidade paroquial. Cada paróquia ou capelania terá um co-ordenador e um vice, responsáveis pelos ministros extraordinários.

Em 31 de agosto, em carta enviada ao clero atuante na Região Sé, Dom Car-los Lema e o Padre Helmo César Faccio-li, Coordenador Regional dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, informaram que a nomeação destes ministros extraordinários terá du-ração até 15 de fevereiro de 2022 e será coletiva. A partir do referido mês, serão emitidas carteiras individuais. A duração do mandato será de três anos, encerrando- -se em dezembro de 2024.

Nos encontros formativos nos setores, serão abordadas as temáticas de funda-mentação bíblica da Eucaristia; ensino da Igreja sobre a Eucaristia; o sacramento da Eucaristia; o ministério do ministro ex-traordinário da Sagrada Comunhão (e a pessoa do ministro e suas atribuições); o ministro e a Igreja em saída; o exercício

Região Sé estrutura a formação de ministros extraordinários da Sagrada Comunhão

REDAÇÃ[email protected]

prático do ministério nas celebrações eu-carísticas; e a visita aos enfermos.

O QUE FAz O MInISTRO EXTRAORDInÁRIO?

Em um subsídio elaborado pela Re-gião Sé, a partir de documentos da Igreja sobre o tema, são detalhadas as atribuições dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística. Trata-se de um serviço à comunidade eclesial e não algo para a promoção ou destaque de quem exerce essa função: “Mais do que repar-tir a Sagrada Comunhão, é missão do(a) ministro(a) fomentar a comunhão na vida da comunidade eclesial, caso contrário se descaracteriza o significado da Eucaristia”.

Entre as atribuições dos ministros extraordinários estão a de distribuir a Sa-grada Comunhão na Santa Missa quando não há presbíteros e diáconos em número suficiente para tal; dirigir celebrações da Palavra quando há real impossibilidade de um ministro ordenado (bispo, padre) ce-lebrar a Santa Missa – neste caso, porém, as hóstias já devem ter sido consagradas

anteriormente por um presbítero; e levar a Sagrada Comunhão aos enfermos e impe-didos por justa causa de ir ao templo para a celebração da Eucaristia.

Conforme aponta o subsídio, “o minis-tro extraordinário da Sagrada Comunhão nunca substitui o ministro ordenado, por-tanto, sua função é de suplência”.

REQUISITOSNa carta enviada ao clero, Dom Car-

los Lema e Padre Helmo lembram que são condições básicas para o ministério que a pessoa tenha boa saúde física, disponibi-lidade em servir, não pretenda distribuir a Comunhão somente nas celebrações eucarísticas, esteja disponível para visitar os enfermos e pessoas impossibilitadas de se locomover, além de estar disposta a oferecer Catequese para crianças, jovens e adultos.

No subsídio, há outros detalhamen-tos como: o candidato deve ter ao me-nos 25 anos de idade; já ter recebido os sacramentos do Batismo, Comunhão e Crisma; e ter ao menos três anos de in-

serção na vida de uma comunidade pa-roquial.

“O mandato terá sempre a duração de três anos e poderá ser renovado. Após seis anos consecutivos de ministério, o mi-nistro deverá exercer outro serviço para ampliar sua experiência pastoral e evange-lizadora. Observará o período de três anos para voltar ao ministério da distribuição da Sagrada Comunhão”, consta no subsídio.

ESPIRTUALIDADE E UnIDADE COM A IGREJA

Ainda segundo o material formativo, o ministro extraordinário deve ter uma vida espiritual alimentada pela Palavra de Deus; participar constantemente do sacra-mento da Eucaristia, empenhando-se em aprofundar seu conhecimento sobre este sacramento; dar testemunho de vida – “ele deve testemunhar a pessoa de Jesus Cristo por meio de sua conduta humana e cristã”; construir sólida vida espiritual “que per-mita intimidade com Deus pela oração e meditação, sendo que essa espiritualidade desejada pelo ministro deve estar em sin-tonia com a espiritualidade proposta pela Igreja, nunca esquecendo que a espiritua-lidade cristã leva ao encontro com Deus, consigo mesmo e com o outro”.

No subsídio, é lembrado ainda que o ministro extraordinário tem estreita liga-ção de comunhão com o pároco ou cape-lão, de modo que não atua por conta pró-pria nem de modo paralelo ao sacerdote. “O ministro é o articulador da boa convi-vência na comunidade paroquial. Ele cria elos de comunhão e recorda permanen-temente à comunidade, mediante teste-munho e empenho da vida, que somente a comunhão é capaz de gerar vida nova e união entre as pessoas.”

Arquivo pessoal

[SANTANA] Em 31 de agosto, o Padre Fernando da Silva Moreira celebrou seus 25 anos de ordenação sacerdotal, em mis-sa presidida na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Jardim Tremembé. Concelebra-ram os Padres Roberto Fernando Lacerda, Pároco, e Eduardo Coelho, assistidos pelo Diácono Pedro Domenico Bruno. Também participaram fiéis de diversas paróquias em que o jubilando exerceu seu minis-tério, entre elas Nossa Senhora da Anun-ciação e São Sebastião, na Vila Guilherme; São Roque, no Imirim; São Francisco Xa-vier, no Jardim Japão, todas pertencentes à Região Episcopal Santana. Atualmente, Padre Fernando atua como Capelão do Hospital Sírio-Libanês.

(por Padre Roberto Fernando Lacerda)

Bruno Vicente Pastoral do menor

[SÉ] Na tarde do sábado, 4, a coordena-ção da Pastoral do Menor da Paróquia do Divino Espírito Santo, Setor Santa Cecília, esteve reunida e contou com a participa-ção da Irmã Josefa Ferreira de Medeiros, coordenadora regional da Pastoral; do Pá-roco, Padre Valmir Neres de Barros; da co-ordenadora da Pastoral do Menor na Paró-quia, Márcia Terezinha Stefano Carmona, que é médica ginecologista; além das representantes da Pastoral do Menor na Região Sé: Carolina Carraro Dias, psicóloga que atua também na Pastoral na Paróquia Santa Cecília; e Sônia Maria Pereira, assis-tente social, vice-secretária da Pastoral na Região, colaborando na organização do mapeamento das famílias, crianças, ado-lescentes e jovens nas paróquias onde já foram implantadas a Pastoral do Menor.

(por Irmã Josefa Ferreira de Medeiros)

[BRASILÂNDIA] Em agosto, foi retomada a reza do Terço semanal na Paróquia Santos Apóstolos. Devido à pandemia, as mulheres estavam rezando apenas em suas casas. A atual reorganização e a retomada segura no espaço da matriz paroquial têm sido feitas com o cumprimento dos protocolos sanitários necessários. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

[SÉ] Na sexta-feira, 3, em missa no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no bairro do Sumaré, Setor Pastoral Perdizes, Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sa-cramento da Crisma a dois jovens e a cinco adultos. Concelebrou o Pároco, Frei Jair Roberto Pasquale, TOR. (por Centro de Pastoral da Região Sé)

Pascom Santos Apóstolos

Alexandre José Motta

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10 | Papa Francisco | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

“Serão dias de adoração e oração no coração da Europa”, descreveu o Papa Francisco sobre sua viagem à Hungria e à Eslováquia, que começa no domingo, 12. Após o Angelus, no dia 5, ele afirmou que, ali, pretende recordar a memória dos “confessores da fé que testemunharam naqueles lu-gares o Evangelho, entre hostilidades e perseguições”.

O Congresso Eucarístico Inter-nacional de Budapeste, na Hungria, começou no dia 5 e será concluído com uma missa presidida pelo Papa Francisco. Esta 52ª edição do evento

é, nas palavras do Cardeal Peter Erdő, Arcebispo de Esztergom-Budapeste e Primaz da Hungria, “um sinal de re-nascimento após mais de um ano de pandemia”.

A passagem do Papa pela Hungria está limitada à missa do dia 12. Ele vai ficar apenas seis horas no país. Não vai visitar o centro de Budapeste nem ou-tras cidades. É provável que tenha um breve encontro com autoridades locais na chegada, além de um encontro com os bispos e representantes de outras tradições cristãs e comunidades hebrai-cas da Hungria.

Francisco parte, em seguida, para a Eslováquia, país do Leste Europeu de maioria católica que resistiu à perse-

guição dos tempos da União Soviética – cerca de 65% dos 5 milhões de ha-bitantes. O país vive, no entanto, uma crescente secularização, e a expectativa dos líderes da Igreja local é de que a vi-sita do Papa possa trazer novo vigor à fé dos cristãos eslovacos.

Em Bratislava, capital da Eslová-quia, o Papa encontrará as autoridades locais, além de bispos, religiosos, se-minaristas e catequistas. Também pre-sidirá uma liturgia em rito bizantino. Encontrará jovens, membros da comu-nidade Rom (popularmente conheci-dos como “ciganos”) e da comunidade hebraica. A missa de conclusão da visi-ta pastoral, na quarta-feira, 15, será no Santuário Nacional de Šaštin.

A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos publicou, na terça-feira, 7, o Do-cumento Preparatório e o vademecum que indica as diretrizes sobre as quais o caminho do Sínodo sobre a sinodalidade será orientado.

O Sínodo será solenemente aberto nos dias 9 e 10 de outubro, em Roma, e em 17 de outubro nas dioceses; e con-cluído com a Assembleia dos Bispos no Vaticano em 2023.

O Documento Preparatório preten-de ser sobretudo “um instrumento” para facilitar a primeira fase de escuta e con-sulta do povo de Deus nas Igrejas par-ticulares, que começará em outubro de 2021 e terminará em abril de 2022. Já o vademecum é concebido como “um ma-nual” que oferece “apoio prático” aos re-ferentes diocesanos para preparar o povo de Deus. Inclui orações on-line, exem-plos de sínodos recentes, um glossário de termos para o processo sinodal. “Não um livro de regras”, mas, “um guia para

apoiar os esforços de cada Igreja local”.Na base das duas publicações, há

uma questão fundamental: “Como é que este caminhar juntos se realiza hoje em diferentes níveis (do local ao universal) que permite à Igreja de anunciar o Evan-gelho, de acordo com a missão que lhe foi confiada? Quais passos o Espírito nos convida a dar para crescermos como Igreja sinodal?”.

PROCESSO ECLESIALPara responder a esta pergunta, a

Secretaria do Sínodo salienta a necessi-dade de “viver um processo eclesial par-ticipativo e inclusivo” que ofereça a cada um, de maneira particular àqueles que se encontram à margem, a oportunidade de se expressar e ser ouvido; em seguida, reconhecer e apreciar a variedade de ca-rismas e examinar “como a responsabi-lidade e o poder são vividos na Igreja”. Em seguida, é solicitado a “credenciar a comunidade cristã como um sujeito credível e parceiro fiável” em percursos de diálogo, reconciliação, inclusão e par-ticipação. E também para “regenerar as

relações” com representantes de outras confissões, organizações da sociedade civil e movimentos populares.

O documento dedica amplo espa-ço aos leigos. Reafirma que todos os batizados são “sujeitos ativos de evan-gelização” e que é fundamental que os pastores “não tenham medo de ouvir o rebanho”.

CAMInhAR JUnTOSO texto preparatório propõe, então,

perguntas para orientar a consulta do povo de Deus, começando com uma questão: Como se dá hoje o “caminhar juntos” em sua Igreja particular? Por isso, é preciso reexaminar as experiências da própria diocese a este respeito, levando em conta as relações internas da Diocese entre os fiéis, o clero e as paróquias, mas também entre os bispos, com as diver-sas formas de vida religiosa e consagra-da, com as associações, os movimentos e as instituições como escolas, hospitais, universidades e organizações caritativas. Também devem ser consideradas as rela-ções e iniciativas comuns com outras reli-

giões e com o mundo da política, cultura, finanças, trabalho, sindicatos e minorias.

Por fim, o documento ilustra dez núcleos temáticos sobre a “sinodalidade vivida” a serem explorados a fim de enri-quecer a consulta. Estes incluem: refletir sobre quem faz parte do que chamamos de “nossa Igreja”; escutar os jovens, as mulheres, os consagrados, os descarta-dos, os excluídos; considerar se um estilo autêntico de comunicação é promovido na comunidade, sem duplicidade; avaliar como a oração e a liturgia guiam o “ca-minhar juntos”; refletir sobre como a co-munidade apoia os membros engajados em um serviço; repensar lugares e mo-dos de diálogo nas dioceses, com dioce-ses vizinhas, com comunidades e movi-mentos religiosos, com instituições, com os não crentes. Também se questionar como é exercida a autoridade na Igreja particular, como as decisões são toma-das, que instrumentos são promovidos para a transparência e responsabilidade, qual a formação dos que têm posições de responsabilidade.

Fonte: Vatican News

Publicado o documento preparatório para a fase de consulta do Sínodo de 2023

“Nunca passou pela minha cabeça renunciar”, disse o Papa Francisco, em entrevista à rádio espanhola COPE, veiculada no dia 1º. Comentando os boatos de que poderia terminar o seu pon-tificado após a recente cirurgia no intestino, ele brincou: “Não sei de onde tiraram isso. Sempre que um papa está doente, corre uma brisa ou um furacão de conclave”.

Na conversa à rádio dos bispos da Espanha, além de falar de sua saúde e dizer que “um enfermeiro salvou sua vida” ao lhe recomen-dar que fizesse a cirurgia para tratar uma diverticulite, o Papa comentou vários aspectos de seu pontificado. Dentre eles, as refor-mas estruturais na Cúria Romana e o julgamento sobre suspeitas de corrupção que atualmente corre na Justiça do Vaticano.

Francisco também explicou a perspectiva pastoral da ques-tão litúrgica envolvendo a missa tridentina, dizendo que se trata apenas de impedir a instrumen-talização ideológica de algo que já existia. Entre outros assuntos, também criticou a intervenção militar dos países do Ocidente, liderados pelos Estados Unidos, no Afeganistão, que resultou em 20 anos de ocupação e violência na região. (FD)

Francisco diz que jamais pensou em renunciar

hungria e Eslováquia esperam a chegada do Papa

FILIPE DOMInGUESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

REDAÇÃOosaopaulo @uol.com.br

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Em setembro, a Igreja no Brasil come-mora o Mês da Bíblia, que em 2021 cele-bra 50 anos. Instituído em 1971, na Ar-quidiocese de Belo Horizonte (MG), esse mês temático ganhou ampla abrangência nacional por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Essa comemoração tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia na ação evangelizadora da Igreja no Brasil, criar subsídios bíblicos nas diferentes

A Palavra de Deus está presente em toda a vida da Igreja

FERnAnDO [email protected]

cia da leitura da Palavra de Deus é a Liturgia. Desde os primeiros séculos, os cristãos se reuniam para celebrar o mistério da fé tendo como referência a Sagrada Escritura.

“Cada ação litúrgica está, por sua na-tureza, impregnada da Sagrada Escritu-ra”, ressaltou o Papa Emérito Bento XVI, na exortação apostólica pós-sinodal Ver-bum Domini, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.

Na missa, por exemplo, além da li-turgia da Palavra propriamente dita, na qual são proclamadas as leituras bíblicas, explicadas pela homilia, as orações, pre-

agir em favor de todos os homens”, subli-nha a Verbum Domini, tomando como referência a constituição Sacrosanctum concilium, do Concílio Vaticano II.

AnO LITúRGICO

Ao longo do ciclo do Ano Litúrgico vivido pela Igreja, os católicos perpassam por praticamente toda a Sagrada Escri-tura. Para celebrar o mistério de Cristo presente na Palavra proclamada, as cele-brações dominicais foram divididas ao longo de três anos litúrgicos, chamados de Ano A, Ano B e Ano C.

São, portanto, três ciclos de leituras

gelhos das liturgias feriais são dispostos em um único ciclo que se repete todos os anos.

“Se a pessoa participa de todas as missas dominicais durante três anos, vai ler o conjunto dos Evangelhos. Já a pes-soa que participa da missa de segunda a sábado por dois anos, terá lido a Bíblia inteira”, explicou o Padre Boris Agustín Nef Ulloa, doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, professor e diretor da Facul-dade de Teologia Nossa Senhora da As-sunção da PUC-SP, acrescentando que, na Liturgia, a Palavra de Deus é lida “no

formas de comunicação e faci-litar o diálogo entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.

Nesta 50ª edição, o Mês da Bíblia no Brasil tem como tema a Carta de São Paulo aos Gála-tas e o lema “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d).

A Bíblia Sagrada é o livro mais lido do planeta. Traduzida para cerca de 3 mil idiomas, es-tima-se que quase 4 bilhões de exemplares tenham sido vendi-dos em todo o mundo.

De bolso, com capa dura, ilustrada, em braile, em áudio, on-line ou nos dispositivos digi-tais, a Bíblia está ao alcance de todos, nas mais variadas plata-formas e com preços acessíveis. É fato que, em alguns países, como a China, a obra ainda seja proibida, sendo mantida clan-destinamente pelos cristãos.

LER, COMPREEnDER E VIVER

A Bíblia, entretanto, não é um livro para simplesmente ter na biblioteca e ser consultada esporadicamente. Ela reúne as Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus, pela qual é possível ter uma experiência real e concre-ta com o Deus vivo. Para isso, é preciso lê-la, meditá-la e vivê-la cotidianamente.

Muitas pessoas afirmam ter dificuldade de ler e compreen-der as Escrituras, por não en-tender sua linguagem, símbo-los e contextos. É por isso que a Igreja apresenta caminhos e métodos para auxiliar os fiéis a ter uma íntima re-lação com a Palavra de Deus.

A Igreja Católica indica a seus fiéis que adquiram familiaridade com os tex-tos da Bíblia por meio da leitura diária individual ou comunitária. Além disso, os cursos bíblicos, grupos de oração e círculos de leitura orante da Palavra são outros meios eficazes de aprofundamen-to dos ensinamentos da Bíblia.

nA LITURGIA

No entanto, o lugar por excelên-

ces, antífonas, cantos e invocações têm como fonte, em sua maioria, as leituras bíblicas.

“Mais ainda, deve-se afirmar que o próprio Cristo ‘está presente na sua pa-lavra, pois é Ele quem fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura’. Com efeito, ‘a celebração litúrgica torna-se uma contí-nua, plena e eficaz proclamação da Pa-lavra de Deus. Por isso, constantemente anunciada na Liturgia, a Palavra de Deus permanece viva e eficaz pela força do Espírito Santo, e manifesta aquele amor operante do Pai que não cessa jamais de

para as liturgias dos domingos (Evange-lho e demais livros do Antigo e do Novo Testamento). No Ano A, é lido o Evan-gelho de Mateus; no Ano B, o Evangelho de Marcos; e, no Ano C, o Evangelho de Lucas. O Evangelho de João é reservado para ocasiões especiais, principalmente festas e solenidades.

Já para os dias da semana, conhecidos como feriais, o Ano Litúrgico é dividido em ano par e ano ímpar, de modo que, especialmente no Tempo Comum, a pri-meira leitura e o Salmo se distribuem em dois ciclos que se alternam. Já os Evan-

âmbito de uma comunidade que ouve”.

A Palavra de Deus também tem um lugar privilegiado na Igreja por meio da oração do Ofício Divino, ou Liturgia das Horas, por meio do qual o cris-tão santifica o percurso do dia mediante a recitação de salmos, cânticos e outros textos bíbli-cos. Quando se reza todas as horas do Ofício, percorre-se, ao longo de uma semana, os 150 Salmos da Bíblia.

TRADIÇÃO E MAGISTÉRIO

A leitura bíblica na Liturgia também permite que a Palavra de Deus seja meditada na Igre-ja e com a Igreja. A constitui-ção dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, reafirma que a leitura adequada das Sa-gradas Escrituras deve sempre ser feita à luz da Tradição e do Magistério da Igreja, levando em conta a coerência com as verdades da fé. “Nós não pega-mos a Bíblia e vamos tirando conclusões e fazendo interpre-tações aleatórias segundo os nossos sentimentos e intuições”, enfatizou o Padre João Becha-ra Ventura, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.

Nesse aspecto, tem especial importância a homilia. Padre Boris recordou que, na exor-tação apostólica Evangelii gau-dium, o Papa Francisco dedica um bom espaço para falar da

homilia e sobre o quanto é importan-te bem prepará-la. Nesse documento, o Pontífice afirma, ainda, que foi com a Palavra que Jesus conquistou o coração das pessoas e que os apóstolos “atraíram para o seio da Igreja todos os povos com a Palavra”.

Diante dessas informações, pode-se considerar equivocada a afirmação feita por alguns membros de outras comuni-dades cristãs de que os católicos não dão o devido valor à Bíblia. Pelo contrário, a Palavra de Deus permeia toda a vida e missão da Igreja.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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No sábado, 4, o Cardeal Odi-lo Pedro Scherer presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Jardim Peri, Região Episcopal Santana.

Em meio à assembleia de fi-éis, estavam cinco religiosas da Congregação das Missionárias da Caridade, fundada por San-ta Teresa de Calcutá, e que na cidade de São Paulo tem uma comunidade de missão próxima à Paróquia. Idosos ali acolhi-dos, voluntários e benfeitores da instituição também estiveram na missa, assim como Marcílio Haddad Andrino, que, pela in-tercessão de Madre Teresa, re-cebeu a graça de uma cura, mi-lagre que foi reconhecido pela Santa Sé para a canonização da religiosa em 2016.

A Eucaristia foi concelebra-da pelos Padres Juarez Murialdo Dalan, Pároco; e José Ferreira Filho, Secretário do Arcebispo Metropolitano, assistidos pelo Diácono Welton Tadeu Marcon-des de Oliveira Santos.

PRESEnÇA PROFÉTICANa homilia, o Arcebispo Me-

tropolitano recordou o testemu-nho de Santa Teresa de Calcutá e seu grande amor aos pobres: “Santa Teresa de Calcutá amou de fato, com obras e não por meio de discursos, foi ao encon-tro das pessoas, inclinando-se para resgatar a dignidade das que estavam caídas”, afirmou, desta-cando que ela era uma mulher pobre em meio aos pobres.

O Cardeal recordou que San-ta Teresa dedicou sua vida aos desprovidos, aos quais acolhia, cuidava e, sobretudo, buscava devolver a dignidade a quem es-tava abandonado à margem da sociedade. Era, ainda, uma mu-lher orante: “Teresa de Calcutá foi uma mulher de Deus na ora-ção, na penitência e na caridade. A Adoração, a leitura da Palavra

Missionárias da Caridade mantêm as ações de Santa Teresa de Calcutá nas periferias existenciaisEM SãO PAULO, IRMãS TêM ATUAçãO NO JARDIM PERI, NA zONA NORTE, E NA PARóqUIA NOSSA SENHORA DA PENHA

ROSEAnE WELTERESPECIAL PARA O SÃO PAULO

de Deus, o silêncio contemplativo moviam suas ações”.

Dom Odilo falou sobre a presença profética das religiosas da Congregação das Missionárias da Caridade, inseridas no bairro do Jardim Peri e na Paróquia.

“As irmãs inseridas por carisma nas periferias são testemunhas do Evangelho de Cristo presente no cotidiano que trans-forma a vida de tantas pessoas, são sinais da presença do Cristo que ama e acolhe”, disse, ressaltando que o exemplo de fé e humildade é um “testemunho eloquente da proximidade de Deus que permanece vivo em nossos dias”.

‘MÃE DOS PObRES’Agnes Bojaxhiu nasceu em Skopje,

hoje capital da Macedônia do Norte, em 26 de agosto de 1910. Na adolescência, teve contato com os padres jesuítas mis-sionários que viviam em missão na Índia,

os quais lhe contaram como era a ação missionária naquele país. Daí brotou a vontade de ser missionária. Aos 18 anos, Agnes sentiu o desejo de consagrar sua vida a Deus.

Em 29 de setembro de 1928, ingres-sou na Congregação das Irmãs de Nos-sa Senhora do Loreto, na Irlanda. Fez sua profissão religiosa em 24 de maio de 1931, quando adotou o nome Teresa, em homenagem a Santa Teresa de Lisieux, padroeira dos missionários. Em seguida, foi transferida para Calcutá (Índia), onde, por 17 anos, se dedicou ao ensino como professora.

Em 1946, por ocasião de um retiro es-piritual, Irmã Teresa foi a Darjeeling, onde viu de perto a realidade da pobreza. O ape-lo de doar-se em favor dos pobres era algo emergente em seu coração e, ao deparar-se com pessoas, entre elas crianças em situa-ção de extrema pobreza, fome, doenças, a

implorar ajuda, tomou a firme decisão de se dedicar aos pobres.

Conseguiu, em 1948, a li-cença para deixar as Irmãs de Loreto. Mantendo sua condi-ção de religiosa, mudou-se para Calcutá, onde empenhou-se ex-clusivamente à sua nova missão, ajudando aos mais necessitados.

Dedicada aos pobres, vivia também sua vida de forma hu-milde, somente com o básico. Na Eucaristia, buscava as forças para se manter fiel.

Em 1979, foi homenageada com o Prêmio Nobel da Paz. Fa-leceu em 5 de setembro de 1997. Em 2002, o Vaticano reconheceu o primeiro milagre atribuído à intercessão de Madre Teresa: a cura de uma mulher de Bangla-desh chamada Monika Besra, de 30 anos, que sofria de um tumor abdominal.

Em 2008, o segundo milagre, do brasileiro Marcílio Haddad Andrino, de 35 anos, que sofria de múltiplos abscessos no cére-bro e um quadro de hidrocefalia obstrutiva. Era um caso conside-rado crítico e sem resultados de melhora. A família começou a rezar, pedindo a intercessão de Madre Teresa; e, milagrosamen-te, Andrino recuperou a saúde. Foi beatificada em 19 de outubro de 2003, por São João Paulo II, e canonizada, em 2016, pelo Papa Francisco.

COnTEMPLATIVAS nO CORAÇÃO DO MUnDO

Em 1949, Madre Teresa es-creveu as constituições das Mis-sionárias da Caridade e, no dia 7 de outubro de 1950, a congre-gação foi aprovada pela Santa Sé, expandindo-se por toda a Índia e pelo mundo. Hoje, as Missioná-rias da Caridade somam mais de 5 mil religiosas.

Irmã Lelia, coordenadora da comunidade das religiosas no Jardim Peri, é indiana. “Nós so-mos consagradas contemplativas no coração do mundo, porque rezamos o nosso trabalho. Reali-zamos uma ação social, e somos mulheres consagradas a Deus no mundo de hoje. Entregamos a nossa vida a Jesus, com uma re-núncia total e a serviço dos po-bres, tal como Jesus nos deu a sua vida na Eucaristia”, mencionou a Freira que conheceu a fundado-ra e conviveu com ela.

A Irmã relatou ao O SÃO

No Jardim Peri, Missionárias da Caridaade mantêm um abrigo para homens em vulnerabilidade social

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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PAULO que a simplicidade e a caridade são elementos que compõem o cotidiano das mis-sionárias, ancoradas na Divina Providência.

“Pessoalmente, não possuí-mos nada. Não ganhamos di-nheiro. Vivemos da caridade e para a caridade. Buscando a face de Deus em todas as coi-sas, em todas as pessoas, em todos os lugares, durante todo o tempo, esse é o verdadeiro sentido da contemplação”, disse a Religiosa, recordando que o sári indiano, roupa usada pelas irmãs, representa essa pobreza material, espiritual e a comu-nhão com os pobres.

“Para nós, filhas de Madre Teresa de Calcutá, cada doente, cada corpo chagado, cada pobre representa a figura do próprio Cristo que vem ao nosso encon-tro e, como no Evangelho, ao es-tender a mão, estamos acolhen-do Jesus que vem a nós”, disse, recordando a passagem bíblica de Mateus 25,35-45.

nO bRASILSanta Teresa de Calcutá

veio ao Brasil em duas ocasiões: a primeira em julho de 1979, a Salvador (BA), onde fundou a primeira comunidade das Mis-sionárias da Caridade no País. Na ocasião, conheceu Irmã Dulce dos Pobres.

Retornou em 1982, ao Rio de Janeiro (RJ), com o mesmo objetivo da sua primeira vinda. Hoje, são 14 casas no Brasil: duas em São Paulo, três no Rio

de Janeiro, uma em Vitória (ES), três na Bahia, uma em Aracaju (SE), duas no Amazonas, uma em Brasília (DF) e, re-centemente, uma em Roraima, para atuar em favor dos imigrantes venezuelanos.

A São Paulo, as irmãs chegaram no ano de 1992, e foram acolhidas pelas Ir-mãs Maria Mãe dos Apóstolos, no bairro de Santa Teresinha. Os Padres da Con-gregação Missionários da Consolata aju-daram a encontrar um lugar apropriado. Foram, então, para o Jardim Peri, na zona Norte da capital, onde atuam inseridas na realidade local e paroquial. Ali, abriram um abrigo para homens e mulheres. Atu-almente, as mulheres são acolhidas em Santos (SP), onde há outra comunidade.

AÇÃO MISSIOnÁRIAOs trabalhos das irmãs variam de

acordo com as necessidades do local: em algumas casas, assistem moradores em situação de rua; em outras, mantêm cre-ches, abrigos para mulheres ou portadores de HIV, abrigos para idosos e pessoas em situação de rua.

No Jardim Peri, a comunidade é com-posta por cinco irmãs: Lelia e Chrissy, am-bas indianas; Rosine, angolana; Paulina, mexicana; e Bonaventura, brasileira.

No local, as religiosas dirigem um abri-go no qual, no momento, estão acolhidos 15 homens. A atuação pastoral se estende às visitas às famílias, grupos de Catequese, distribuição de cestas básicas e marmitas.

“Todos os dias, as pessoas do bairro se dirigem ao convento para buscar pão. Recebemos a doação de uma boa quanti-dade de pães e os distribuímos para saciar a fome de quem bate à nossa porta”, expli-cou Irmã Lelia.

Zenaide Aragão, 51, é moradora do bairro e está desempregada. “As irmãs são anjos que Deus coloca em nossas vidas

para nos auxiliar nos momentos difíceis. Aqui, nesta casa abençoada, muitas fa-mílias encontram o alimento físico e es-piritual”, disse, referindo-se às doações de mantimentos e à evangelização. “Somos acolhidos com amor, chegamos tristes e saímos com renovada esperança”, contou.

nA PARÓQUIANa Paróquia Nossa Senhora da Penha,

a atuação das Missionárias da Caridade é colaborativa, em sintonia com as ações so-ciais. A igreja está inserida na realidade da periferia, permeada pela violência, pobre-za e desemprego.

O Pároco destacou a importância da presença das irmãs na dimensão social paroquial. “Estamos inseridos em uma região de extrema pobreza, e a presença feminina consagrada, com o carisma e espiritualidade próprias de servir aos vul-neráveis é sinal de despojamento, teste-munho de caridade, de confiança na Pro-vidência e de amor aos pobres”, afirmou.

Maria Aparecida Fernandes Silva, 63, é paroquiana e destacou a intensa atuação pastoral das freiras que vão ao encontro do povo sofredor.

“As irmãs andam pelas ruas em resga-te daqueles que estão abandonados, elas acolhem a todos: crianças, jovens, adultos, idosos. A vocação das irmãs se externa em sua capacidade de amar sem distinção”, destacou.

As restrições em virtude da pande-mia não interromperam o serviço da caridade realizado na Paróquia, que por meio das pastorais e de voluntários faz a distribuição diária de marmitas em fren-te à igreja e a doação de roupas e cestas básicas para as cerca de 160 famílias já cadastradas e outras que passaram a ser atendidas emergencialmente.

Padre Juarez destacou que, devido à

grande situação de pobreza no entorno, as doações continuam a chegar para atender a todos os que os procuram, graças à Divi-na Providência e à solidariedade de voluntários e benfeitores que acreditam nos projetos sociais da igreja e das religiosas.

EXEMPLO A SER SEGUIDONo fim da celebração, o

Cardeal Scherer incentivou as religiosas a manter a missão com os pobres: “Continuem firmes a espalhar o testemunho de Santa Teresa de Calcutá, para que ela seja conhecida e imitada por muitas pessoas em nosso meio”.

As religiosas são unânimes em afirmar que a fundadora é um exemplo a ser seguido em suas virtudes e ações ao próximo.

“Tive a oportunidade de co-nhecer a Madre e conviver com ela, que em sua santidade ema-nava o amor e a presença do próprio Cristo. Quero em minha consagração poder levar o amor de Deus para quem vem aqui na porta, ou está na rua, ou a quem encontrar”, disse, emocionada, Irmã Rosine.

Marcilio Haddad Andrino, 48, engenheiro, falou à repor-tagem que recebeu dois mila-gres da Santa. “Sou duplamente abençoado: Madre Teresa me curou dos abscessos no cérebro e, o segundo milagre é que, pela lógica da Medicina, eu não po-deria ter filhos, porém hoje sou pai da Mariana, do Murilo e da Marcela”, disse.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Irmãs Missionárias da Caridade e pessoas em situação de vulnerabilidade por elas acolhidas participam de missa presidida pelo Cardeal Scherer na Paróquia Nossa Senhora da Penham dia 4

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14 | reportagem | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

O mês de setembro é dedicado à prevenção ao suicídio. De acordo com um relatório divulgado em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas tiram a pró-pria vida todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos.

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), são registrados cer-ca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil, sendo a terceira maior causa de morte de adolescentes e jovens na faixa dos 13 aos 29 anos no País. De acordo com a entidade, 96,8% das pessoas que cometem suicídio têm um transtorno mental diagnosticável.

FEnÔMEnO COMPLEXO

“Quando se fala de suicídio, normalmente vêm à tona pergun-tas como: ‘Por que ele fez isso?’; ‘O que estava tão ruim na vida dele que o motivou a tomar esta decisão?’; ‘Como não pudemos perceber que ele estava sofrendo tanto?’; ‘Mas tudo parecia tão bom na vida dele...’. Essas dúvidas surgem porque, na vi-são leiga, comportamentos suicidas são compreendidos como um fe-nômeno motivado apenas pelo am-biente e por questões socioculturais”, destaca a médica psiquiatra Doris Hupfeld Moreno, coordenadora do Ambulatório Integrado de Bipolares (AIBIP) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, e uma das autoras de um dossiê sobre o suicídio publicado em 2019 pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

O psicólogo norte-americano Edwin Schneidman, um dos principais especialistas em suicídio e criador de um centro de prevenção nos Estados Unidos, afirma que a pessoa que fala ou pensa em suicídio não quer, de fato, pôr fim à sua vida, mas acabar com a sua dor.

Por isso, a busca de profissionais de saúde mental (psiquiatras e psico-terapeutas) e serviços públicos como o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), por exemplo, tem um papel fundamen-tal no combate a esse mal. Segundo o Ministério da Saúde, nos municípios onde existe o Caps, o índice de suicí-dios é reduzido em 14%.

O suicídio sempre foi visto pela Igreja como um grave pecado, uma vez que contraria a inclinação natural do ser humano de conservar e perpetuar a própria vida e, conse-quentemente, viola o quinto mandamento da Lei de Deus (“Não matar”).

Com o desenvolvimento científico a respeito das ra-zões que desencadeiam tal comportamento, a compre-ensão da Igreja sobre o assunto passou a considerar a complexidade desse tema. Tanto que, em uma declaração

sobre a eutanásia, publicada em 1980, a Congregação para a Doutrina da Fé reafirmou que o suicídio é tão inacei-tável quanto o homicídio, contudo, reconhece que, “por vezes, como se sabe, intervenham condições psicológicas que podem atenuar ou mesmo suprimir por completo a responsabilidade”.

Também o Catecismo da Igreja Católica, promulgado em 1992, reafirma a gravidade do suicídio e, ao mesmo tempo, reconhece que “perturbações psíquicas graves, a

angústia ou o temor grave de uma provação, de um so-frimento, da tortura, são circunstâncias que podem dimi-nuir a responsabilidade do suicida” (CIC, 2282).

O Catecismo enfatiza, ainda, que não se deve per-der a esperança da salvação daqueles que se mataram. “Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, ofere-cer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC, 2283). (FG)

O que diz a Doutrina da Igreja sobre o suicídio?

Acolher a dor do irmão salva vidasFERnAnDO GEROnAzzO

[email protected]

nA FAMÍLIA

Padre Licio Araújo Vale, sacerdo-te da Diocese de São Miguel Paulista e membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio, é au-tor do livro “Mente suicida – Respostas aos porquês silenciados”, que acaba de ser lançado pela Paulinas Editora.

O Sacerdote ressaltou que o suicí-dio é um assunto considerado tabu, mas precisa ser abordado nas famílias, escolas e igrejas. Ele insiste no papel fundamental das famílias na prevenção ao suicídio, sobretudo na educação das crianças para aprenderem a lidar com as dores e frustrações da vida.

“A vida é cheia de alegrias e satisfa-

ções, mas também é repleta de dores. Se perdermos a capacidade de educar os fi-lhos para esses limites, na primeira gran-de frustração na adolescência, associada ao impulso próprio dessa fase da vida, podem pensar na possibilidade do suicí-dio”, frisou o Padre, lembrando o elevado índice de suicídios nessa faixa etária.

A FÉ

Ainda segundo a OMS, em um estu-do intitulado “Prevenir o suicídio – um imperativo global”, entre os principais elementos que ajudam na prevenção a suicídios estão o cultivo de relações pessoais sólidas, um estilo de vida e de enfrentamento positivo das situações

cotidianas e o cultivo de uma crença religiosa ou espiritual.

“Participar de uma comunidade de fé reforça os laços afetivos e sociais. No nosso caso, como cristãos, o hábito de rezar diariamente, de meditar a Palavra de Deus, de alimentar uma relação com Deus, ajuda a pessoa a encontrar um sentido sobrenatural para a vida e, con-sequentemente, aprender a lidar com a dor”, salientou Padre Licio.

Por outro lado, lidar com a dor não significa negar sua existência ou su-bestimá-la. “A pessoa que sofre preci-sa ser ouvida e se sentir acolhida, por menor que seja a causa daquilo que a faz sofrer. É por isso que a campanha Setembro Amarelo tem como lema ‘Falar é a melhor solução’”, reforçou o Sacerdote, sublinhando que “a dor não expressa perdura até que a pessoa não a suporte mais”.

Nesse sentido, serviços de escuta, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), e, no âmbito eclesial, as pastorais da escuta e da acolhida, são essenciais na prevenção ao suicídio. Além disso, Padre Licio reforçou a missão importante dos sacerdotes, por meio da direção espiritual e da Confissão, oferecendo escuta, acon-selhamento e sendo mediadores entre aqueles que sofrem e a misericórdia de Deus, sem prescindir, claro, do encami-nhamento ao devido acompanhamento profissional, sempre que necessário.

ALGUnS SInAIS DE COMPORTAMEnTO SUICIDA

Mudanças marcantes de com-portamento ou hábitos Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança

Isolamento social Interesse por sites e/ou redes sociais sobre suicídio

Automutilação e/ou práticas autodestrutivas Na adolescência: compor-tamentos típicos dessa fase, como agressividade, irri-tabilidade e impulsividade podem camuflar um quadro depressivo

Em idosos: diminuição ou ausência de cuidados com o corpo, isolamento social e doenças crônicas

(Fontes: Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio e Ministério da Saúde)

Divulgação/setembroamarelo.com

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Nos últimos meses, o casal Márcio André de Oliveira, 49, e Angélica, 32, pais de um menino de 11 anos e de uma menina de 6, tem percebido que a renda da família já não permite encher o car-rinho de compras na ida aos “mercadi-nhos” próximos de onde vivem, na Vila Ré, na zona Leste da capital paulista.

“Teve muito aumento no preço do óleo, da carne, um pouco no feijão, no arroz, mas estes dois até que abaixou um pouco o preço agora. Deixamos de comprar carne bovina, e temos comido mais ovo e frango, que fazemos de vários jeitos: em filé, ao molho, cozido, pois a criançada gosta muito. Comprar carne bovina mesmo só quando consigo mais horas extras”, conta Oliveira, que é o mo-torista de ônibus e o único com trabalho fixo remunerado. Ele afirma, ainda, que tem ido às feiras livres perto do horário do término, para aproveitar os valores mais baratos da “xepa”.

Do outro lado da cidade, no Jardim Maracanã, na zona Noroeste, Alberto dos Anjos, 39, operador de áudio, e a es-posa, Karina Souza, 36, operadora de te-lemarketing, também precisaram mudar hábitos alimentares. “Reduzimos a com-pra de carne vermelha devido ao alto preço e estamos alternando com frango e carne suína”, afirma dos Anjos.

Diante do aumento no preço dos alimentos, muitos consumidores têm feito como esses casais, conforme de-talha Márcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermerca-dos (Abras): “O primeiro movimento do consumidor é o de trocar de marcas, por isso os supermercados estão oferecen-do mais marcas de um mesmo produto, com mais opções de preços. Outro movi-mento é o de trocar as proteínas. Quando o consumidor compara o preço da carne bovina com o do frango, da carne suína com o dos ovos, ele faz a substituição da proteína”.

IMPACTO nO bOLSOEm 25 de agosto, o Instituto Brasi-

leiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Pre-ços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15) – prévia da inflação oficial (IPCA) – acelerou a 0,89% em agosto. A alta dos alimentos e bebidas foi de 1,02% no mês, liderada pelo aumento nos preços

Um problema à mesa: a alta do preço dos alimentosINTEMPéRIES CLIMáTICAS, MAIOR DEMANDA DO MERCADO ExTERNO E AUMENTOS NOS CUSTOS DE PRODUçãO ELEVAM O VALOR DOS ITENS DAS REFEIçõES DOS BRASILEIROS E FAzEM FAMíLIAS MUDAR HáBITOS

DAnIEL [email protected]

do tomate (16,06%), frango em pedaços (4,48%), frutas (2,07%) e leite longa vida (2,07%).

O aumento no preço dos alimentos também foi verificado pelo indicador cesta Abras mercado, aferido nos 35 produtos mais consumidos em 325 uni-dades supermercadistas de diferentes regiões do País. No comparativo entre junho e julho, a alta foi de 0,98% e, em relação ao ano anterior, o aumento foi de 23,1%. Entre um mês e outro, as maio-res elevações foram nos preços do toma-te (22,88%), margarina (5,64%), queijo prato (4,93%), café (4,65%), extrato de tomate (4,49%) e açúcar (3,94%).

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em julho houve aumento no custo médio dos itens que compõem a cesta básica em 15 capitais brasileiras, e as famílias que sobrevivem com um salário mínimo comprometeram mais da metade da renda com alimentação.

TÃO CARO, POR QUê?Especialistas ouvidos pelo O SÃO

PAULO apontaram para uma conjunção de fatores que explica a alta no preço de alimentos.

“Quando se soma a atual crise hí-drica, as chuvas inesperadas em alguns

locais nos últimos meses e o aumento constante do combustível, o preço dos itens vai aumentar. Além disso, há o preço mais alto da energia elétrica, pois alguns destes itens alimentícios precisam ser conservados [em temperaturas ade-quadas]. Esse somatório faz com que o produtor e o vendedor final não tenham alternativa que não seja a de aumentar os preços”, detalha Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em Economia pela FGV-SP e professor na FEA-USP e na PUC-SP.

O vice-presidente da Abras comenta que o aumento no preço dos combus-tíveis e da energia elétrica não têm um impacto imediato no valor final dos pro-dutos nos supermercados, uma vez que muitos dos itens comercializados são os que já estavam em estoque. “Um fa-tor que tem elevado o preço dos itens é o aumento dos valores das commodities que são usadas para a produção das pro-teínas animais, como é o caso do milho e da soja. Elas servem de insumos para a carne bovina, suína, das aves e dos ovos”, explica Milan.

Em geral, as commodities – a “maté-ria-prima” de cadeia produtiva (o milho, por exemplo, é o alimento do gado lei-teiro e de corte) – são cotadas em dólar. De abril de 2020 a abril deste ano, foram registradas significativas altas no preço

do milho (+84%) e da soja (+79%), con-forme dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).

“Há uma escalada da inflação que se reflete nos preços dos produtos. No caso dos alimentos, as maiores pressões resultam da valorização das commodi-ties e das geadas de julho, que afetaram principalmente a oferta de hortifrútis. Além disso, já é possível observar a influência do aumento das tarifas de energia elétrica com a adoção da ban-deira vermelha, o que impacta toda a cadeia produtiva e se reflete na ponta do consumo”, analisa Diego Pereira, economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas).

Márcio Milan lembra que a alta no preço dos alimentos não tem ocorrido apenas no Brasil e que há grande de-manda do mercado externo: “Os go-vernos injetaram dinheiro na economia com auxílio financeiro às famílias, e isso aqueceu o consumo. Outro movi-mento que identificamos é que os países que compravam do Brasil passaram a comprar ainda mais, procurando pelas commodities e por outros produtos que antes não exportávamos tanto, como foi o caso do arroz e dos ovos”.

PERSPECTIVAS E ALTERnATIVASNa avaliação de Alves dos Santos,

embora seja um tema controverso, deve-ria haver no País uma politica de contro-le dos estoques de alimentos. “Se há uma boa política de administração do estoque e de preços mínimos, até para que se ga-ranta uma renda mínima ao produtor rural, é possível administrar melhor as variações que são normais nas atividades agrícolas. No entanto, para administrar estoque é preciso ter capital disponível, e quem faz isso é o Estado, por meio de uma política pública que garanta a oferta estável de alimentos”, afirma.

Alves dos Santos aponta que, em ou-tros países, como nos Estados Unidos, a atividade agrícola é de algum modo sub-sidiada, a fim de que haja garantias para a alimentação da população. “Oferta es-tável de alimentos a preços adequados foi o que levou, por exemplo, à criação da União Europeia. Boa parte do orça-mento da União Europeia é gasta com política agrícola”, observou, indicando haver a expectativa de queda no preço dos alimentos a partir de outubro, caso não ocorram novos reajustes nos valores do combustível e da energia elétrica nem a intensificação da crise hídrica.

Já Diego Pereira avalia que o preço in-ternacional das commodities, principal-mente milho e soja, “pressionará toda a cadeia produtiva até meados de outubro, quando a entrega das safras para a China será concluída. Isso poderá proporcionar um pouco de alívio para o preço interno, mas o movimento de demanda do mer-cado chinês continuará pressionando os preços de todas as commodities no Brasil nos próximos dois anos”.

Beth Rosengard/Pixabay

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www.osaopaulo.org.brDiariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publica-dos recentemente.

Cardeal Scherer: ‘Na ida à igreja, encontramos a família de Deus’https://cutt.ly/TWHfIWc

Dom Paulo é homenageado em calendário de entidade científicahttps://cutt.ly/NWHfMxG

A surdez do coração é pior que a surdez física, diz o Papa no Angelushttps://cutt.ly/HWHhOng

Francisco: o Batismo confere igual dignidade a todos os cristãoshttps://cutt.ly/FWHhx7R

Uma semana de encontro e diálogo sobre a construção da paz na Colômbiahttps://cutt.ly/5WHhBpr

Com pandemia, menos refugiados se matriculam para estudoshttps://cutt.ly/eWHlI0T

Na terça-feira, 7, data em que foram comemorados os 199 anos da Indepen-dência do Brasil, os católicos foram con-vidados a rezar pelo País, como aconte-ceu na Catedral da Sé, onde foi celebrada a missa pela Pátria e pelo povo brasileiro.

Essa celebração, presidida pelo Padre Antônio Genivaldo Cordeiro de Olivei-ra, Vigário Paroquial das paróquias São Joaquim e Santo Eduardo, é prevista pela liturgia da Igreja, entre as missas para di-versas circunstâncias.

Na homilia, o Sacerdote partiu do trecho da primeira leitura (Cl 2,6-15), na qual São Paulo alerta a comunidade para o risco de aderir a falsas filosofias e doutrinas, “baseando-se em tradição humana e remontando às forças elemen-tares do mundo, sem se fundamentar em Cristo”.

No mesmo texto, o Apóstolo enfatiza que “Cristo é a Cabeça de todas as forças e de todos os poderes”.

“Essa consciência é essencial para nós neste dia. Que a fé que nós professamos nos ajude a crescer na unidade”, exortou o Padre.

O Evangelho do dia (Lc 6,12-19) mostra que os discípulos chamados para tomar parte na missão do Senhor foram escolhidos por Cristo após muita oração e, mesmo assim, não foram isentos de erros.

“Que também aqueles que têm uma missão à frente de uma comunidade ou pelo bem comum do nosso povo tenham a consciência de que precisamos ser si-nais da unidade e da concórdia”, disse o Sacerdote, chamando a atenção para a oração litúrgica dessa missa, e que se pede a Deus para que acolha “as súplicas que fazemos pela nossa pátria, para que

Dia da Pátria: ‘A independência deve ser um bem para todos os brasileiros’

FERnAnDO [email protected]

sejam consolidadas a concórdia e a justi-ça pela sabedoria dos governantes e pela honestidade do povo, trazendo-nos paz e prosperidade”.

Por fim, Padre Antônio pediu que as pessoas mais atingidas por tantos males encontrem a cura em Jesus Cristo, a for-taleza na comunidade de fé e o amparo nas instituições da sociedade.

DOM ODILO: ‘DIA DO bRASIL’

Durante o programa “Encontro com o Pastor” daquela data, na rádio 9 de Julho, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, convidou os ou-vintes a uma reflexão sobre o significado da independência do Brasil.

“A independência do Brasil deve sig-nificar um bem para todos os brasileiros, não apenas para algumas categorias de pessoas”, afirmou o Arcebispo de São Paulo, ressaltando que a independência é sempre uma construção, uma tarefa de todo o povo, que zela por ela por meio do exercício da sua cidadania, em espe-cial pelo voto, e por seu interesse pelo bem comum e pela mútua colaboração.

Dando como exemplo o contexto da atual pandemia de COVID-19, o Car-deal reforçou que, quando cada cidadão realiza bem a sua parte, o bem comum de todos os brasileiros é zelado. De igual modo, sublinhou que a prática da hones-tidade, da justiça e da solidariedade ga-rantem a independência de uma nação.

MAnIFESTAÇõES

Referindo-se às manifestações fa-voráveis e contrárias ao governo em diversas partes do Brasil, Dom Odilo lamentou a “manipulação ideológica” de muitos protestos, que apenas acentua a atual polarização política e criam divisões.

“Esse é um dia do Brasil!”, enfatizou o Purpurado, reforçando que as mani-festações devem buscar o melhor para o presente e para o futuro do País.

“Para nós, cristãos, que temos fé em Deus e esperança, também é importante que rezemos pelo Brasil”, recomendou o Arcebispo, que, por fim, pediu a interces-são de Nossa Senhora Aparecida, padro-eira do Brasil, pelo povo brasileiro e por seus governantes.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fiel reza em missa pela Pátria e pelo povo brasileiro, celebrada na Catedral da Sé, dia 7

Vatican Media

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Cnbb lança texto-base da Campanha para a Evangelização 2021

A Sociedade Brasileira de Dermato-logia (SBD) divulgou um alerta para o uso indevido de remédios com isotreti-noína, como o medicamento popular-mente vendido com o nome Roacutan, que é recomendado para a redução de acne na pele.

O medicamento está sendo aplicado

com o suposto intuito de afinar o nariz e tem ganhado popularidade, mas a SBD alerta que não há qualquer evidência de que o produto tenha esse efeito nos pa-cientes. Somente no caso de uma doen-ça chamada rinofima, espécie de outra patologia denominada rosácea, pode ocorrer a redução do nariz como efeito

de uma redução das glândulas sebáceas. Contudo, isso não significa que ocorrerá em outras situações.

Além disso, a aplicação do medi-camento sem acompanhamento pode resultar em efeitos adversos, provo-cando a elevação dos níveis de coles-terol no sangue e consequências da-

nosas sobre o fígado. “Essa medicação tem efeito particular em mulheres em idade fértil. Se elas engravidarem usando a medicação, há risco de 30% de o bebê nascer com malformação congênita”, ressalta o médico da SBD, Moysés Lemos. (DG)

Fonte: Agência Brasil

Uso indevido de remédio que combate acne pode ser danoso à saúde

misso evangelizador e para a correspon-sabilidade pelo sustento das atividades pastorais e evangelizadoras da Igreja no Brasil”.

Iniciada em 21 de novembro, a cam-panha conta com uma colaboração que repercute em cada comunidade por

Manifestações pró e contra o governo bolsonaro acontecem em todo o País

DAnIEL [email protected]

Na comemoração dos 199 anos da Independência do Brasil, na terça-feira, 7, atos pró e contra o governo Bolsonaro aconteceram em todo o País. De modo geral, foram manifestações pacíficas, com pontuais ocorrências que deman-daram a atuação de forças policiais e não houve registros de confronto entre os manifestantes.

Em Brasília (DF), os atos a favor do governo ocorreram na Esplanada dos Ministérios. Entre as pautas principais estiveram a defesa do voto impresso – medida rejeitada recentemente pelo Congresso Nacional – e críticas à atua-ção do Congresso Nacional e do Supre-mo Tribunal Federal (STF). Parte dos manifestantes pedia a intervenção mili-tar no País, com a manutenção de Bol-sonaro como chefe do Poder Executivo.

Em seu discurso aos apoiadores, o presidente da República assegurou que governa conforme os limites da

Constituição federal e que não aceitará ingerência dos demais poderes. “Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constitui-ção. Quem age fora dela se enquadra ou ‘pede pra sair’.”

Atos em favor do governo Bolsonaro aconteceram em diferentes cidades do Brasil, e chamaram a atenção pela gran-de concentração de pessoas, especial-mente na capital fluminense, ocupando boa parte da orla de Copacabana, e em São Paulo, onde cerca de 125 mil pesso-as se espalharam por 14 quarteirões da Avenida Paulista, conforme informações da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.

Ao discursar na Avenida Paulista, Bolsonaro fez críticas mais enérgicas ao STF, endereçadas especialmente aos mi-nistros Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e Alexan-dre de Moraes.

Em 20 de agosto, o presidente da República protocolou no Senado um pedido de impeachment contra Mo-

raes. Antes, no dia 4, o ministro de-terminou a inclusão de Bolsonaro no inquérito que apura a divulgação de fake news contra a urna eletrônica e o sistema eleitoral.

“Qualquer decisão do senhor Ale-xandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá”, disse Bolsonaro, assegu-rando, porém, que não quer uma briga entre os poderes da República.

Na quarta-feira, 8, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, disse que a su-prema corte não aceitará ameaças à sua independência para exercer as funções que lhe são próprias. Ele também ava-liou que “ofender a honra dos ministros, incitar a população a propagar discursos de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o descum-primento de decisões judiciais são práti-cas antidemocráticas e ilícitas”.

ATOS COnTRÁRIOS AO PRESIDEnTE

Em cerca de 200 cidades brasileiras ocorreram, também no dia 7, atos que

pediam o impeachment de Bolsonaro, com manifestações de indignação pelo crescente número de pessoas passando fome e desempregadas no País, além de críticas ao governo federal pela gestão da pandemia.

De acordo com os organizadores, em todo o Brasil 300 mil pessoas fo-ram às ruas nos atos contra o governo Bolsonaro, alguns dos quais também participantes do Grito dos Excluídos, organizado por pastorais e movimentos da Igreja Católica, e que este ano teve como tema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, tra-balho e renda, já!”.

Os manifestantes se concentraram no Vale do Anhangabaú. Eram cerca de 15 mil, de acordo com dados da Se-cretaria da Segurança Pública de São Paulo, mas os organizadores do ato, entre os quais as centrais sindicais, partidos políticos e movimentos so-ciais, falam em 50 mil pessoas.

Fontes: Agência Brasil, G1, Folha de São Paulo e Rede Brasil Atual

meio de um gesto concreto: a coleta para a Evangelização, realizada todos os anos no 3º Domingo do Advento, que, em 2021, será no fim de semana dos dias 11 e 12 de dezembro.

Despertando o compromisso evan-gelizador em cada fiel e promovendo

uma coleta em âmbito nacional, a Cam-panha para a Evangelização destina os seus recursos para a dinamização e ma-nutenção dos 19 regionais da CNBB, vi-sando à execução das atividades evange-lizadoras. Em muitos regionais existem atividades missionárias além-fronteiras,

com apoio a diversas pastorais, serviços, orga-nismos e movimentos.

“A Evangelização precisa contar com a generosidade de mui-tos que ajudem com os bens que possuem e ofe-reçam a força do apoio fraterno que anima e renova a vida comuni-tária. Trata-se de mobi-lizar a Solidariedade na Evangelização. No en-tanto, a Campanha para a Evangelização não se resume só à coleta de recursos: a oração, o envolvimento e o acom-panhamento das inicia-tivas evangelizadoras da

A Conferência Na-cional dos Bispos do Bra-sil (CNBB) divulgou na segunda-feira, 6, o texto- -base e o cartaz da Cam-panha para a Evangeliza-ção 2021. Neste ano, uma expressão de envio mis-sionário “Ide, sem medo, para servir”, proferida pelo Papa Francisco na homilia de encerramen-to da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Brasil, é usada como o grande tema motivador da campanha.

A iniciativa tem como um de seus gran-des objetivos “despertar os fiéis para o compro-

Igreja são de suma importância. É viver a alegria de ser Igreja missionária em saída, a serviço do Evangelho da vida!”, detalhou o Padre Patriky Samuel Batis-ta, Secretário-executivo de Campanhas da CNBB. (DG)

Fonte: CNBB

CNBB

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18 | reportagem | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Na Ilha do Governador, na zona Norte do Rio de Janeiro, o projeto Banho da Cidadania, liderado pela ONG Organização de Reintegração e Estímulo à Socialização (Ores), fundada em 2016, proporciona às pessoas em situação de rua um pou-co de dignidade por meio do banho, corte de cabelo, doação de roupas, atendimento médico e social.

Em 2020, a entidade ampliou sua frente de atuação e comprou um ônibus, retirou todos os bancos e adaptou o espaço interno, criando quatro cabines com chuveiro, maca médica, sala de atendimento e pia.

As iniciativas da Ores já bene-ficiaram mais de 50 mil pessoas na capital fluminense. A proposta da entidade é, além de oferecer o bási-co, retirar as pessoas das ruas, rein-seri-las em suas famílias e incenti-var a profissionalização.

ÔnIbUS ITInERAnTERicardo Machado Tavares, 55,

empresário e idealizador da ONG Ores e do Banho da Cidadania, acredita que quem está à margem da sociedade, se estiver limpo e bem vestido tem mais possibilidades de arrumar um emprego e, automati-camente, sair das ruas.

A missão do projeto é propor-cionar ao morador de rua o direito a um banho de chuveiro digno, com todo o suporte higiênico necessário.

“Quando comprei o ônibus, foi a realização de um sonho, conse-gui expandir as ações aos que mais precisam de uma mão estendida em determinado momento da vida. Muitos estão nas ruas por causa do crescente desemprego e da inflação dos aluguéis; outros, pelo vício das drogas”, afirmou Tavares.

bAnhO DA CIDADAnIA“Com a ação do Banho, devol-

vemos à população em situação de rua um pouco de dignidade. Com a unidade móvel, o ônibus, ofere-

cemos uma estrutura completa com itens básicos de higiene e, sobretudo, dignidade e esperança”, disse o idealizador, pontuan-do que a proposta da entidade é retirar as pessoas das ruas, por meio do banho e, so-bretudo, da ressocialização e do incentivo à profissionalização.

Em um único dia, o projeto atende, em média, 130 pessoas com os banhos solidários. O ônibus circula pelos bairros da capital flu-minense, entre eles, Copacabana, Largo da Carioca, Méier, Penha. A meta é abranger to-das as regiões da cidade.

FAzER O bEM Além dos banhos, a ONG Ores distribui

marmitas e cestas básicas a 200 famílias ca-dastradas, e barracas.

“Com as ações, não queremos incentivar a estada nas ruas, mas amenizar a situação de quem não tem um teto”, disse Tavares, afir-mando que foram mais de 5 mil marmitex doadas durante a pandemia.

Em paralelo a essas iniciativas, a ONG atua com um módulo de banho, uma es-trutura móvel montada sobre chassi de um automóvel, que circula às terças e quintas-feiras em parceria com o Projeto Ruas.

“Mais do que atender à necessidade pon-tual, nosso intuito é resgatar essas pessoas da invisibilidade das ruas para a visibilida-

de da sociedade e um recomeço digno”, afirmou o idealizador, feliz ao falar dos resultados positivos das ações que pro-movem oportunidades.

SORRISOS DE FELICIDADERenato, 33, ficou desempregado e,

devido a conflitos familiares, foi viver na rua. Ele encontrou na ONG Ores um suporte para enfrentar as dificuldades no período em que permaneceu nas ruas do Rio de Janeiro.

“Vinha aqui no ônibus tomar ba-nho, escovar os dentes, cortar o cabelo e, graças a essa oportunidade básica e por meio das capacitações, consegui um em-prego na área de serviços gerais, aluguei uma quitinete. Hoje, tenho uma cama para dormir, um chuveiro e sou grato por essa ONG que me despertou para a vida e resgatou minha dignidade”, disse Renato.

Fabio destacou que seu ponto de es-perança era o ônibus da Ores. “Foram muitos banhos nesse ônibus. Foi uma passagem pela rua, hoje tenho um teto, um trabalho e comprei uma moto”, disse, agradecido pelo atendimento que o fez acreditar em seus sonhos.

Ambos imprimem no rosto sorrisos de felicidade e gratidão ao projeto Banho

da Cidadania, que, muito mais que um simples ato de higiene, possibilitou novas oportunidades e reinserção no mercado de trabalho.

bAnhEIROS E LAVAnDERIASEm São Paulo, o projeto “Ação Vidas

no Centro” é uma iniciativa da prefeitu-ra, que oferece banheiros, banhos e la-vanderias a pessoas em situação de rua e, desde seu início, em abril de 2020, realizou mais de 1,5 milhão de atendi-mentos.

O projeto oferece pias com água po-tável, lavanderias equipadas com máqui-nas de lavar e secar roupas e banheiros que oferecem banho. Ao chegar aos postos de atendimento, espalhados pela cidade, a pessoa recebe um kit com sa-bonete e toalha para tomar banho; nas lavanderias, sabão e acesso às máquinas de lavar e secar.

ESTAÇõES DA AÇÃO VIDAS nO CEnTRObanhos e sanitários

Praça da Sé (com lavanderia) Praça da República (com lavanderia) Parque Dom Pedro II Largo do Paissandu – acesso pela Avenida Rio Branco.

Funcionamento: todos os dias, das 7h às 19h.

UnIDADE MÓVEL

Também em São Paulo foi inaugura-da uma unidade móvel, que utiliza um ônibus como estrutura física. O equipa-mento atenderá de forma itinerante em regiões com maior concentração de pes-soas em situação de rua.

Giulia Pereira Patitucci, coordena-dora de políticas públicas para pessoas em situação de rua da Secretária Muni-cipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), pontuou que os projetos de-senvolvidos em âmbito municipal visam a proporcionar dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade.

“O público-alvo será atendido na unidade móvel por uma equipe multi-disciplinar composta de coordenadora, educadora, advogada e assistente social, com experiência no atendimento de pes-soas em situação de rua. Os profissionais farão o atendimento direto e, também, a busca ativa para ofertar escuta e assistên-cia”, disse a coordenadora.

Após identificar a necessidade da pessoa atendida, a equipe a encaminha para os serviços públicos mais adequa-dos às suas necessidades, explicando como eles funcionam e como podem ser acessados.

A unidade móvel atua em três fren-tes: articulação das políticas públicas para as pessoas em situação de rua; atendimento e acolhimento qualificado; e ações educativas.

no ônibus adaptado, o banho solidário às pessoas em situação de ruaPROJETOS NO RIO DE JANEIRO E EM SãO PAULO OFERECEM – ALéM DOS SERVIçOS DE HIGIENE –, ATENDIMENTO MéDICO E SOCIAL, CORTE DE CABELO, DOAçãO DE ROUPAS E ALIMENTAçãO A PESSOAS EM SITUAçãO DE VULNERABILIDADE SOCIAL

ROSEAnE WELTERESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Ores

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A Lourdes Oliveira, de Guarulhos (SP), envia a seguinte pergunta: “Quan-do rezamos o Rosário, os quatro misté-rios, devemos rezar a Salve-Rainha em todos ou pode ser apenas a Ladainha de Nossa Senhora no final?”.

Lourdes, como você sabe, a palavra rosário significa “um buquê de rosas”. O Rosário, portanto, é um buquê de ro-sas, de orações, que oferecemos a Nossa Senhora.

O Rosário pode ser chamado tam-

bém de “Bíblia dos pobres”, porque em cada dezena de Ave-Marias há um Pai- -Nosso. Nós contemplamos os mistérios de nossa fé, da anunciação a Maria à co-roação dela no céu, do nascimento de Jesus à sua Ascensão ao céu.

Quando grande parte da população era analfabeta, e poucos podiam ler a Bí-blia e orar os 150 salmos, as 150 Ave-Ma-rias e os 15 mistérios da fé se tornaram a prece dos simples.

Durante séculos, o Rosário foi rezado inteiro diariamente ou apenas um Terço das 150 Ave-Marias. Vem daí a palavra Terço, isto é, um terço do Rosário.

São João Paulo II, porém, aumentou mais cinco mistérios (os luminosos), em que contemplamos a vida pública de Jesus. Hoje, então, o Rosário consta da contemplação dos mistérios gozosos (anunciação do anjo, visita de Maria a Santa Isabel, nascimento de Jesus, apre-sentação do menino Jesus no templo e encontro do menino Jesus entre os dou-tores), dos mistérios luminosos (Batismo de Jesus, bodas de Caná, anúncio do Rei-no, Transfiguração de Jesus e instituição da Eucaristia), dos mistérios dolorosos (oração no Horto das Oliveiras, flage-lação de Jesus, coroação de espinhos,

o caminho do calvário e crucifixão e morte de Jesus) e os mistérios gloriosos (Ressurreição de Jesus, Ascensão, Pente-costes, assunção de Maria e coroação de Maria no céu).

Quem reza somente uma quarta parte do rosário, que continuamos cha-mando de Terço, embora agora seja um quarto, termina com a Salve-Rainha e a Ladainha de Nossa Senhora. Quando, porém, se reza o Rosário inteiro, pode-se deixar a Salve-Rainha para o final de tudo.

E ore sempre, Lourdes. E não se es-queça de mim. Fique com Deus.

Você Perguntana reza do Rosário, quando rezar a Salve-Rainha ou a Ladainha de nossa Senhora?

PADRE CIDO [email protected]

No Brasil, quase 2 milhões de pessoas passaram a trabalhar por conta própria en-tre maio de 2020 e os 12 meses seguintes, enquanto se registrou 1,3 milhão a menos de carteiras assinadas no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) no fim de julho.

Para os que estão no trabalho infor-mal, realidade de muitos que atuam de forma autônoma, ter um planejamento fi-nanceiro é indispensável, incluindo a pre-visão de uma reserva de emergência, que pode ser usada para cobrir gastos inespe-rados como um vazamento em casa, um problema de saúde e até custear por um período as contas da família em caso de uma demissão.

Fabio Gallo Garcia, professor da Fun-dação Getulio Vargas (FGV-SP) e ex-do-cente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), reforça que é preciso criar o hábito de guardar dinheiro. “Por exemplo, fazer regime e ir a uma aca-demia são hábitos de sacrifício. Guardar dinheiro também. E por que se faz isso? Porque, quando você cria objetivos de vida e começa a guardar seu ‘dinheirinho’, percebe o que isso lhe traz de bem.”

Garcia enfatiza que, independente-mente do poder econômico, é extrema-mente importante planejar os gastos e que, mesmo em uma situação de crise, organi-zar é a palavra de ordem para todos.

“Para você ter maior bem-estar, é indi-cado planejar-se financeiramente, estrutu-

Trabalhador informal deve planejar gastos e manter reserva de emergênciaESPECIALISTAS FINANCEIROS DãO DICAS PARA ORGANIzAR AS FINANçAS PESSOAIS E ORIENTAM SOBRE AS OPçõES DE INVESTIMENTOS

IRA ROMÃOESPECIAL PARA O SAO PAULO

rar sua vida financeira para viver com o que ganha de forma melhor”, assinala o pro-fessor. “Planejar significa estabelecer seus objetivos de vida, objetivos financeiros e organizar um orçamento dentro disso.”

Como guardar dinheiro tendo uma renda variável?

O Brasil tem atualmente 14,4 milhões de desempregados. De acordo com a Pnad Contínua, no trimestre finalizado em maio, a taxa de informalidade no mercado de trabalho subiu para 40% na população ocupada.

Diante desse cenário, Garcia sugere que o planejamento dos gastos familiares, sobretudo do trabalhador informal que tem renda variável, siga o método que ele apelidou de “orçamento de guerra”, que se-para as despesas em grupos “ABCD”. Sen-do “A” de alimentar; “B” de básico; “C” de contornável e “D” de desnecessário.

No “A”, deve ser anotado gastos com a alimentação básica: arroz, feijão, óleo etc.;

No “b”, as contas fixas: aluguel, água e luz; No “C”, gastos que trazem conforto, mas que podem ser cortados: TV a cabo, academia e banda larga; No “D”, gastos que você se pergunta por que está gastando e se precisa deles, como assinatura de algum aplicativo que não usa.Garcia afirma que após fazer essa sepa-

ração, sobram basicamente itens no ABC. “Em situações como essa, você começa depois a cortar coisas do contornável (C) e criar algum grau de poupança (reserva), que no primeiro momento deve ser para emergência.”

Quanto dinheiro deve ser guardado? Administrador de empresas e espe-

cialista em gestão financeira, Marcelo Segredo aconselha que seja reservado no mínimo 10% do faturamento/renda para as emergências.

“O ideal seria 30%, que assim cria uma margem de reserva financeira es-tratégica de uma forma mais acelerada, em um espaço de tempo muito me-nor. [Diante do cenário atual] porém, a maioria não vai conseguir 30%. Por isso, damos essa média, de no mínimo 10%, todo mês”, esclarece.

O que fazer com a reserva de emergên-cia?

É preciso lembrar que a reserva de emergência é um dinheiro que a pessoa pode precisar acessar a qualquer momen-to. No entanto, os especialistas ouvidos pelo O SÃO PAULO orientam que ele não pode ficar parado, guardado “embai-xo do colchão”.

O ideal é fazer um investimento desse recurso de modo planejado para que ren-da e se multiplique.

A seguir, há algumas das opções de investimentos comentadas pelos espe-cialistas e que podem contribuir para quem deseja manter uma reserva de emergência.

Poupança: É a opção mais popular. Uma conta bancária, sem taxa e fácil de aplicar. Sem tributação, não tem incidên-cia de imposto de renda (IR) e tem liqui-dez total, ou seja, é possível ter o dinheiro à disposição quando precisar/solicitar. O rendimento é baixo, apenas 0,3% ao mês e é calculado pela Taxa Selic.

“Ao investir na caderneta de poupan-ça, você não ficará milionário, mas pelo menos vai preservar um pouco do seu di-nheiro”, diz o professor Garcia.

CDb (Certificado de Depósito ban-cário): Ao aplicar o dinheiro no banco, a rentabilidade oferecida depende da insti-tuição financeira, do prazo, entre outras situações. Geralmente, quanto maior a duração da aplicação, maior a valorização oferecida pelo banco. Tem liquidez ime-diata. Não tem taxa, porém tem incidên-cia de IR.

“Você tende a ganhar um pouquinho mais do que com a caderneta de poupan-ça, principalmente se você aceitar deixar o dinheiro guardado por algum tempo”, ex-plica o professor.

Tesouro Direto: Títulos públicos que podem ser comprados por pesso-as físicas a partir de R$ 35. Há títulos com diferentes rentabilidades. Podem ser adquiridos por meio dos bancos ou corretoras de investimentos. Há liquidez imediata, mas o ideal é mexer após um ano, para melhor rendimento.

“Sugiro investir em duas frentes: 30% no CDB, do qual é possível sacar a qual-quer momento; e 70% no Tesouro Dire-to atrelado ao IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo], que é o índice da inflação. Assim, rende os juros do Tesouro mais a inflação”, elucida Segredo.

Ele finaliza reforçando que a gestão financeira é fundamental. “Você tem que ter certeza de tudo que gasta e onde gasta. Se abrir um MEI [Microempreendedor Individual], tem que ter uma planilha de controle para sua casa e outra para sua empresa; do contrário, mistura-se tudo e nunca vai sobrar dinheiro pra nada.”

Cottonbro/Pexels

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Em meio à pandemia de COVID-19, sem o público nas arquibancadas das arenas espor-tivas e com muitos protocolos para evitar a disseminação do coronavírus, a realização da 16ª edição dos Jogos Paralímpicos foi desafiadora, mas entrou para a história pelo empenho dos atletas em alcançar a excelência em seus desempenhos.

“Em 12 dias mágicos, os atle-tas deram ao mundo confiança, alegria e esperança. Quebraram recordes, aqueceram os corações, abriram mentes. É importante ressaltar que os atletas mudaram vidas. No Japão, existe uma bela filosofia antiga chamada Kintsu-gi. Significa ‘abraçar as imperfei-ções que todos nós temos, não para escondê-las, mas para cele-brá-las’”, afirmou, na cerimônia de encerramento, o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacio-nal (IPC, na sigla em inglês).

Ao longo dos Jogos, em par-ceria com a Organização das Na-ções Unidas (ONU), foi lançada a campanha #WeThe15, que busca a conscientização global contra as discriminações que ainda sofrem as pessoas com deficiência e o apoio às suas lutas por inclusão, acessibilidade e dignidade.

“Estamos em uma encruzi-lhada determinante para o nosso planeta. Nenhuma máscara pode cobrir suas falhas. À medida que o reconstruímos e o tornamos melhor, 15% da população mun-dial não pode ficar para trás. De-vemos ver além dos atletas que ti-veram um desempenho tão bom

aqui e enxergar o 1,2 bilhão de pessoas com deficiência. Eles po-dem e querem ser cidadãos ativos em um mundo inclusivo”, ressal-tou Parsons.

CAMPAnhA hISTÓRICAA delegação brasileira alcan-

çou seu melhor desempenho em uma edição paralímpica: foram 72 medalhas, igual quantidade à dos Jogos Rio 2016, mas com recorde em conquistas de ouro, 22 ao todo (leia mais no box), o que fez com que o Brasil fosse o 7º colocado entre as 86 nações que conquistaram ao menos uma medalha em Tóquio.

“O Comitê Paralímpico Bra-sileiro (CPB) celebra, além da maior campanha de todos os tempos, o atingimento de todas as metas, como a de participa-ção de mulheres, participação de atletas jovens, participação de atletas de classes baixas [atletas com as deficiências mais seve-ras]”, ressaltou, em coletiva de imprensa, Mizael Conrado, pre-sidente do CPB.

Conrado afirmou, ainda, que os bons resultados também são fruto do programa Bolsa Atleta, iniciado em 2005, que permite a manutenção financeira dos atletas de alto rendimento, além de apor-te aos novos talentos de diferentes modalidades. Apenas neste ciclo paralímpico, o total investido di-retamente nos integrantes da dele-gação brasileira que estiveram em Tóquio foi de R$ 75 milhões.

nEM SORTE, nEM SUPERAÇÃO: MUITO TRAbALhO

Ao longo dos Jogos, muitos medalhistas ressaltaram que é

preciso que a sociedade brasileira seja mais inclusiva e levantaram voz contra o capacitismo, ideia que parte do pressuposto de que a pessoa com deficiência é menos capaz que as outras, de modo que todos os seus feitos, inclusive no campo esportivo, seriam fruto de superação de suas “naturais li-mitações” por não ter um “corpo perfeito”.

“Tudo que eu conquistei no esporte foi com muita dedicação e perseverança. Criei um nome. Creio que posso ser um influen-ciador positivo. Sou exemplo para muitas pessoas, inclusive as sem deficiência. Quero passar a men-sagem ‘Sorria para a vida’. Que em um futuro, a gente pare com o bullying e o preconceito. Temos que entender que somos diferen-tes, sim, mas iguais em capacida-de”, declarou o nadador Daniel Dias, que em Tóquio conquistou três medalhas de bronze e encer-rou a carreira com 27 pódios na história das paralimpíadas.

Aos 56 anos, Elisabeth Go-mes foi medalhista de ouro no lançamento de disco F53 no atletismo. Ela lembrou que o resultado foi fruto de intensos treinamentos: “O trabalho foi árduo desde 2016. Veio a pan-demia e não paramos, nós nos reinventamos com treinamentos remotos. Montei uma academia em casa, comprei a aparelhagem que faltava para que isso não pu-desse atrapalhar o nosso sonha-do Tóquio 2021. E hoje estamos aqui para escrever essa história. Eu acreditei e fui atrás dos meus objetivos. Eu repeti muito esse movimento, então estava segura do que ia fazer. Em nenhum mo-mento foi sorte. Foi treino”.

Paralímpicos ‘quebraram recordes, aqueceram os corações e abriram mentes’

DAnIEL [email protected]

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eiro O bRASIL EM TÓQUIO

Em sua melhor campanha em uma paralimpíada, o Brasil conquis-tou 72 pódios, sendo 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. A relação a seguir apresenta, por primeiro, os nomes dos que obtiveram mais de uma conquista e depois, aqueles que obtiveram uma medalha.

MULTIMEDALhISTAS5 PóDIOS

Carol Santiago, natação: ouro nos 50m e 100m livre e no 100m peito; prata no revezamento 4x100m livre 49 pontos; e bronze 100m costas

4 PóDIOS Gabriel Bandeira, natação: ouro nos 100m borboleta; prata nos 200m livre e nos 200m medley e bronze no revezamento 4x100m livre misto S14

3 PóDIOS Gabriel Geraldo, natação: ouro nos 200m livre e 50m costas e prata nos 100m costa S2 Wendell Belarmino, natação: ouro nos 50m livre S11; prata no revezamento 4x100m livre 49 pontos e bronze nos 100m borboleta S11 Talisson Glock, natação: ouro nos 400m S6 e bronze nos 100m livre e no revezamento misto 4x50m livre 20 pontos Daniel Dias, natação: bronze nos 200m e 100m livre S5 e no revezamento 4x50m livre 20 pontos

2 PóDIOS Yeltsin Jaques, atletismo: ouro nos 1.500m e 5.000m livre T11 Alessandro da Silva, atletismo: ouro no lançamento de disco e prata no arremesso de peso F11 Petrúcio Ferreira, atletismo: ouro nos 100m e bronze nos 400m livre T47 Thalita Simplício, atletismo: prata nos 200m e 400m livre T11 Cecília Araújo, natação: prata nos 50m livre S8 e no reveza-mento misto 4x100m livre 49 pontos Bruna Alexandre, tênis de mesa: prata no simples classe 10 e bronze com a equipe feminina nas classes 9 e 10 João Victor Teixeira, atletismo: bronze no lançamento de disco e arremesso de peso F37

DEMAIS COnQUISTASOURO

Futebol de 5 Goalball masculino Atletismo: Claudiney Batista (lançamento de disco F56), Wallace Santos (arremesso de peso F55), Elisabeth Gomes (lan-çamento de disco F53) e Silvânia Costa (salto em distância T11) Canoagem: Fernando Rufino (200m VL2) Judô: Alana Maldonado (até 70kg) Halterofilismo: Mariana D’Andrea (até 73kg) Taekwondo: Nathan Torquato (até 61kg K44)

PRATA Atletismo: Vinicius Rodrigues (100m T63), Thomaz Moraes (400m T47), Alex Pires (maratona T46), Marco Aurélio (arremes-so de peso F57), Raissa Machado (lançamento de dardo F56) e Marivana Oliveira (arremesso de peso F35). Canoagem: Luis Carlos Cardoso (200m caiaque KL1) e Giovane Vieira (200m VL3) Hipismo: Rodolpho Riskalla (adestramento grau IV) Taekwondo: Débora Menezes (+ 58kg) Esgrima em cadeira de rodas: Jovane Guissone (espada categoria B) Natação: revezamento misto 4x100 livre 49 pontos (com Wendel Belarmino, Douglas Matera, Lucilene da Silva Sousa e Carol Santiago)

BRONzE Vôlei sentado feminino Atletismo: Washington Junior (100m T47), Ricardo Gomes (200m T37), Cícero Valdiran (lançamento de dardo F57), Mateus Evangelista (salto em distância T37), Thiago Paulino (arremesso de peso F57), Jerusa Geber (200m T11), Jardênia Felix (400m T20) e Julyana da Silva (lançamento de disco F57) Bocha: José Carlos Chagas (BC1) e Maciel Santos (BC2) Judô: Meg Emmerich (+70kg) e Lúcia Araújo (até 57kg) Remo: Renê Campos Pereira (single skiff PR1) Natação: Phelipe Rodrigues (50m livre), Beatriz Carneiro (100m peito); Mariana Ribeiro (100m livre S9), Revezamento misto 4x100 livre S14 (com Gabriel Bandeira, Ana Karolina de Oliveira, Débora Carneiro e Felipe Vila Real) e Revezamento misto 4x50m livre 20 pontos (com Daniel Dias, Talisson Glock, Joana Neves e Patrícia Pereira) Tênis de mesa: Cátia Oliveira (simples classes 1 e 2) e Equipe feminina nas classes 9 e 10 (com Daniele Rauen, Bruna Alexan-dre e Jennyfer Parinos) Taekwondo: Silvana Fernandes (até 58kg K44)

José Carlos Chagas, bronze na bocha BC1, conquistou umas das 72 medalhas do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio

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Os restos mortais descobertos em março durante as reformas de uma área católica no condado de Wanju, nos arredores de Jeonju, na Coreia do Sul, após passarem por exames de DNA, foram iden-tificados como sendo relíquias de três dos mais antigos mártires ca-tólicos da Coreia.

EVEnTO nOTÁVELApós a confirmação, o Bis-

po de Jeonju, Dom John Kim Son-tae, destacou que “esta des-coberta é verdadeiramente um evento notável e monumental. Isso porque nossa Igreja, que

cresceu com base no sangue dos mártires, finalmente encontrou os restos daqueles que ocupam o primeiro lugar na nossa história de martírio”.

Os beatos Paulo Yun Ji-Chung, Jaime Kwon Sang-yeon e Francis-co Yun Ji-Heon foram torturados e executados durante a dinastia Choson, que permaneceu duran-te 500 anos no poder. O Cristia-nismo chegou à Coreia por volta do século XVIII, após estudiosos coreanos viajarem até a China e se encontrarem com missionários católicos, retornando para o seu país de origem para propagar a fé.

RELÍQUIAS AUTênTICAS“É a vontade de Deus nos per-

mitir ver os restos dos primeiros mártires para que possamos imi-tar sua espiritualidade. O mundo em que vivemos está se afun-dando na escuridão… Por muito tempo, nossa sociedade priorizou o dinheiro e o individualismo no lugar de Deus e da solidariedade”, afirmou Dom John.

De acordo com o Prelado, o processo canônico de estudos dos restos mortais dos mártires foi concluído em agosto. As relíquias dos três beatos mártires realmen-te são autênticas. O Bispo afirmou ter esperança de que a reflexão so-bre a “espiritualidade do martírio possa renovar a humanidade e os tempos de hoje”.

Fonte: Gaudium Press

Santa Missa de beatificação de Paul Yun Ji-Chung e 123 companheiros na Porta de Gwanghwamun (Seul, 16 de agosto de 2014)

A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou pedi-do de bloquear a lei de “batimentos cardíacos” do Texas, a mais radical restrição ao aborto aprovada no país desde a liberação da prática em 1973. Numa votação de cinco votos contra quatro, a Suprema Corte não derrubou a lei, que entrou em vigor no dia 1º de setembro.

A lei proíbe o aborto assim que os batimentos car-díacos do bebê são detectados, o que pode acontecer já nas primeiras seis semanas de gravidez.

VITÓRIA PRÓ-VIDA“O Texas é o primeiro estado que protege com su-

cesso os mais vulneráveis entre nós, que são as crianças não nascidas, ao proibir o aborto uma vez que se detec-tam os batimentos cardíacos”, declarou Chelsey Youman, diretora estadual do grupo pró-vida Human Coalition Action, em relação à decisão do Supremo Tribunal.

Para a maioria dos juízes, a argumentação dos pro-motores do aborto não era suficientemente sólida para a revogação da lei. Eles afirmaram que “os promotores que temos agora diante de nós levantaram sérias perguntas a respeito da constitucionalidade da lei do Texas em ques-tão. Mas sua aplicação também apresenta questões de pro-cedimento complexas e inovadoras sobre as quais eles não argumentaram”.

ISEnÇÃO DA LEIA maioria do tribunal destacou que a constituciona-

lidade da lei em si não estava sendo julgada, mas, sim, sua isenção.

“Em particular, esta ordem não se baseia em ne-nhuma conclusão sobre a constitucionalidade da lei, e de nenhuma maneira limita outras impugnações pro-cessuais adequadas à legislação texana, inclusive nos

tribunais estaduais do Texas”, sentenciou o tribunal.Os grupos pró-aborto que pediam a revogação da lei,

representados pelo Centro de Direitos Reprodutivos, não conseguiram bloquear a lei nos tribunais inferiores. Por esse motivo eles recorreram ao Supremo Tribunal.

PUnIÇÃO AOS AbORTISTASA lei do Texas permite que cidadãos comuns pro-

cessem os que pratiquem ou colaborem com abortos ilegais, incluindo os que prestam ajuda financeira. A lei permite indenizações de pelo menos 10 mil dólares em julgamentos bem-sucedidos.

“Os seres humanos são dignos de proteção em todas as fases do seu desenvolvimento, e a importância de um ser humano em crescimento no útero não pode ser ar-ruinada em boa consciência”, disse Chelsey.

Fonte: ACI Digital

Juristas mantêm em vigor lei que protege bebês contra a prática do abortoEstados Unidos

O Arcebispo do Panamá, Dom José Domingo Ulloa, fez um apelo enérgico aos panamenhos para que enfren-tem e resolvam o “grande problema” da corrupção que aflige o país e a sociedade, e isso, disse ele, acontece so-bretudo em saber escolher seus governantes.

“A corrupção é um problema real e, no momento, o grande problema é que temos uma sociedade corrupta, esta é a verdade”, disse Dom José à imprensa após pre-sidir a celebração eucarística no dia 29 de agosto. “Por isso, acredito que somos chamados a escolher quem nos representa, para que ninguém reclame”, disse o Prelado.

ESCÂnDALOSO apelo do Arcebispo panamenho ocorre após uma

série de escândalos ligados a supostos atos de corrupção, que vieram à tona na mídia local durante a pandemia de COVID-19. Alguns deles levaram à demissão de funcio-nários da área da Saúde devido a conflito de interesses. No entanto, o fenômeno da corrupção no Panamá não é recente: um levantamento da empresa de pesquisa es-panhola GAD3, realizada a pedido do jornal paname-nho La Prensa, publicada em maio passado, constatou que 71,1% dos entrevistados vinculam o atual governo de Laurentino Cortizo à corrupção, enquanto 15,8% são indiferentes.

Durante anos, o Panamá foi abalado por escândalos de corrupção, com uma resposta judicial, em muitos casos, descrita em uníssono como impunidade e uma desigualdade social que não diminui, apesar do cresci-mento econômico que marcou o país na última década. Para o Arcebispo, esta situação “não é mais do que um reflexo do que infelizmente somos como sociedade, uma sociedade corrupta, que depois se queixa de alguns cor-ruptos, mas na qual ninguém dá o primeiro passo para transformá-la”.

GOVERnONo dia 31 de agosto, o presidente do Panamá, Lau-

rentino Cortizo, declarou o combate à corrupção em seu governo, que, reiterou, promove a transparência na gestão pública.

“Não vou tolerar nenhum ato de corrupção. As de-núncias relacionadas foram feitas em colaboração com as autoridades investigadoras”, disse Cortizo, que assumiu o cargo em julho de 2019 por um mandato de cinco anos.

Fonte: Agência Fides

Arcebispo conclama a população a combater a corrupção no país

PanamáCoreia do Sul

Sul-coreanos celebram a descoberta das relíquias dos seus primeiros mártires

JOSÉ FERREIRA [email protected]

Vatican Media

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22 | Geral | 9 a 13 de setembro de 2021 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

O Cardeal Odilo Pedro Sche-rer presidiu no domingo, 5, a missa solene pelos 67 anos da dedicação da Catedral Metropo-litana Nossa Senhora da Assun-ção e São Paulo, a Catedral da Sé. A data é comemorada como solenidade litúrgica na própria Catedral e como festa em toda a Arquidiocese.

Igreja-mãe da Arquidiocese, a Catedral é o templo onde está a cátedra do Arcebispo, ou a sede (sé), de onde ele ensina e pasto-reia a porção do povo de Deus que lhe é confiada em uma Igreja particular.

“A dedicação de um templo nos recorda daquilo que somos: a Igreja de Cristo […]. Nossa Ca-tedral é também um sinal visível de nossa comunhão e unidade em torno de Cristo e da igreja congregada em torno do bispo e seus padres”, salientou o Arce-bispo de São Paulo, no início da celebração.

MORADA DE DEUS

Na homilia, o Arcebispo me-ditou a partir das leituras bíblicas que ressaltam a presença de Deus no meio da humanidade e do significado das igrejas e templos construídos nas comunidades.

Na primeira leitura (1Rs 8,22-23.27-30), após a construção do Templo de Jerusalém, Salomão faz a seguinte oração, na qual reconhece a grandeza de Deus e indaga: “Será que Deus pode realmente morar sobre a terra?”.

O Cardeal enfatizou que, ao construir casas dedicadas a Deus no meio de suas casas, o povo manifesta: “Deus tem lugar no meio de nós… Queremos que Ele habite de maneira estável nesta cidade. Que sua presença ilumine, oriente, conforte a nos-sa vida e nos mostre sempre o caminho a seguir, as escolhas a fazer”, disse.

“Deus quis ter morada en-tre nós. Ele quis estar no meio dos filhos dos homens… Isso não significa que Deus não seja infinitamente grande. Mas, de tão grande que é, também se faz pequeno, próximo, para escutar

‘Somos as pedras vivas da Igreja que tem como fundamento Jesus Cristo’AFIRMOU O CARDEAL ODILO SCHERER, NA MISSA PELO 67º ANIVERSáRIO DE DEDICAçãO DA CATEDRAL DA Sé

FERnAnDO [email protected]

nossas orações, súplicas, louvores, pedi-dos de perdão”, afirmou Dom Odilo, des-tacando, ainda, que Jesus, ao se encarnar e se fazer homem, se tornou templo de Deus no meio da humanidade.

JERUSALÉM CELESTE

Já a segunda leitura (Ap 21,1-5a) traz

um anúncio profético da “nova Jerusa-lém”, morada de Deus, imagem da Igreja na realização plena da salvação.

“Quando nos reunimos no templo, como agora, anunciamos profeticamen-te que caminhamos para a Igreja celes-te”, frisou o Arcebispo, lamentando que as igrejas, muitas vezes, são identificadas como lugares onde se buscam benefícios imediatos e não os bens eternos.

PEDRAS VIVAS

No Evangelho (Mt 16,13-19), Jesus afirma que edifica a sua Igreja sobre a fé professada por Pedro, de que Jesus é o Fi-lho de Deus. Dom Odilo ressaltou que o fundamento da Igreja é o próprio Cristo, enquanto os apóstolos são as colunas que a sustentam.

“A Igreja viva, de fato, somos nós, de-dicados, consagrados a Deus no nosso Ba-tismo”, reforçou o Arcebispo, recordando que, como afirmou São Paulo, os cristãos são as “pedras vivas” que edificam o tem-plo espiritual que tem como base sólida Jesus Cristo.

Nesse sentido, o Cardeal Scherer exortou os fiéis a permanecerem unidos ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco, e aos sucessores dos apóstolos, os bispos, para, assim, estarem unidos a Cristo.

hISTÓRIA

Inaugurada em 25 de janeiro de 1954, por ocasião das comemorações do IV centenário de fundação da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé começou a ser construída em 1912 e foi idealizada para substituir a antiga Igreja da Sé, de 1612, bastante deteriorada pelo tempo.

A nova Sé foi dedicada somente em setembro daquele ano, durante o I Con-gresso Nacional da Padroeira do Brasil,

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Caredeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, preside missa solene por ocasião dos 67 anos de dedicação da Catedral da Sé

realizado entre São Paulo e Apareci-da. A dedicação foi feita pelo Cardeal Adeodato Givanni Piazza, que veio como enviado pontifício para o Congresso da Padroeira.

PROJETO E RESTAURO

A Catedral passou pelas mãos de muitos engenheiros e arquitetos, mas o principal foi o engenheiro alemão Maximiliano Hehl, que acompanhou a construção por apenas três anos, pois morreu em 1916. O estilo neo-gótico da Catedral é considerado pe-culiar, com seu aspecto eclético em estilos arquitetônicos.

Fechada durante três anos (1999-2002), a Catedral da Sé passou por um restauro, no qual foram concluídos os 14 torreões, previstos no projeto original.

VIDA PASTORAL

O Cura da Catedral, Padre Luiz Edu-ardo Pinheiro Baronto, manifestou em seu nome e no do seu auxiliar, Padre Helmo Cesar Faccioli, a gratidão a todos os colaboradores e benfeitores que aju-dam a manter a missão evangelizadora da Sé de São Paulo.

Ao falar da vida pastoral da igreja-mãe da Arquidiocese, o Cura destacou que, mensalmente, circulam na Catedral cerca de 35 mil pessoas. Dessas, 10 mil participam das missas e 900 são atendi-das em Confissão. Além disso, uma mé-dia de 1,9 mil acompanham as liturgias pelas mídias digitais. O templo conta com 150 dizimistas e também é respon-sável pela distribuição mensal de 150kg de alimentos e 800 peças de roupas para os pobres.

Leia a reportagem completa em: https://tinyurl.com/yhaptaup.

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Liturgia e Vida

PADRE JOÃO bEChARA VEnTURA

São Pedro foi o primeiro discípulo a pro-fessar que Jesus é o Cristo salvador: “Tu és o Messias” (Mc 8,29). Ele possuía já o dom da fé, concedida diretamente pelo Pai celestial (cf. Mt 16,17). Ainda não tinha prudência sobrenatural, contudo, pois pensava “como os homens” e não “como Deus”. Após a confissão de fé, ao saber que Jesus “devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, e devia ser morto”, indignou-se e repreen-deu o Mestre (cf. Mc 8,31s). Não compreendia que a Cruz seria um bem e a fonte da salvação.

A prudência é a virtude que dispõe a alma para discernir, em cada circunstância, o verda-deiro bem e os meios necessários para alcan-çá-lo. Quando é vivificada pela fé e pela graça, ela nos leva a “pensar como Deus”: a reconhecer o Senhor como o sumo Bem a ser desejado, e a tomar decisões de acordo com sua vontade. Esta prudência sobrenatural “é o amor que sabe bem discernir entre as coisas que nos ajudam e as coisas que nos impedem de nos encaminhar-mos para Deus” (Santo Agostinho).

Quando não é iluminada pela graça, porém, a prudência fica restrita aos limites da razão humana e tende a excluir Deus de seu critério. Então, a “prudência” humana se torna carnal, mundana e mesmo diabólica, pois “a prudência da carne é a morte” (Rm 8,6). Privada da luz so-brenatural, a inteligência do homem se ensober-bece e nos leva a desejar - até mesmo com boa intenção - aquilo que se opõe aos desígnios e à sabedoria do Criador. Por isso, Jesus repreendeu Pedro com força: “Vai para longe de mim, Sata-nás! Tu não pensas como Deus e sim como os homens” (Mc 8,33).

A razão humana é capaz de chegar até certo ponto… Sem o auxílio sobrenatural, não pode distinguir, em todas as situações, qual é o maior bem, “o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso” (Fl 4,8). Sobretudo quando se trata dos mistérios de Deus e seus planos, padecemos de uma enorme cegueira! Afinal, “é o Senhor quem dá a Sabedoria, e de sua boca procedem conhecimento e prudência” (Pr 2,6). Para adquirir a prudência, precisamos da luz que vem da Palavra de Deus, da oração e dos sacramentos; é necessário o dom do Espíri-to Santo do conselho.

A verdadeira prudência nos faz enxergar que nossa missão não é apenas terrena e que a união eterna com Deus é verdadeiro bem a ser buscado por cada homem. Ela nos faz ver que o meio para isso é a observância dos Mandamen-tos, em particular do amor a Deus e ao próximo. Ela permite compreender que o amor inclui a oração, a humildade, o esquecimento de si, a pobreza em espírito, a castidade, o sacrifício, a dor e, por vezes, a doação da própria vida em favor do outro.

Sabemos que “é em Deus que está a sabedo-ria e a força: Ele tem o conselho e a inteligência” (Jó 12,13)! Somente Ele permite compreender que a sabedoria é a “linguagem da cruz, loucura para os que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,18). Peçamos-Lhe a verdadeira prudência!

24º DOMINGO DO TEMPO COMUM12 DE SETEMBRO DE2021

‘Não pensas como Deus e sim como os homens’

A Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifí-cia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Após-tolo iniciaram, no dia 1º, um cur-so de extensão sobre secretariado paroquial.

Realizado na modalidade on-li-ne, o curso conta com a participação de mais de 1,6 mil inscritos de todo o Brasil, interessados no aprofundamen-to pastoral e canônico sobre as atri-buições próprias dos secretários pa-roquiais, abordando as contribuições da Psicologia Pastoral para o atendi-mento na secretaria e as responsabi-lidades desses profissionais na gestão paroquial.

COLAbORAÇÃO IMPORTAnTEAo abrir o curso, o Cardeal Odilo

Pedro Scherer, Arcebispo Metropolita-no de São Paulo e Grão-Chanceler das instituições organizadoras, ressaltou que o número de inscritos demonstra a importância do tema e o interesse na formação técnica e pastoral dos aten-dentes paroquiais.

Dom Odilo agradeceu a todos os secretários o serviço profissional e pastoral prestado. “É uma colaboração importante, um serviço à Igreja, ao povo de Deus”, enfatizou.

O Arcebispo reforçou que o cur-so não pretende interferir nas orien-tações específicas dadas em cada diocese ou instituto eclesiástico, mas abordar aspectos gerais que dizem respeito a essa missão.

“Vocês são a vitrine da Igreja. O primeiro contato que, em geral, as pessoas têm com a instituição ecle-siástica é com aqueles que estão nas secretarias paroquiais, nas cúrias,

A missão dos secretários paroquiais é tema de curso on-line

FERnAnDO [email protected]

recebendo as pessoas, dando infor-mações, atendendo naquilo que lhes compete”, enfatizou o Cardeal, lem-brando que a primeira impressão des-sa acolhida marca profundamente a relação das pessoas com a Igreja.

SERVIÇO PASTORALO Arcebispo salientou que, além

dos aspectos humanos relacionados ao bom atendimento ao público, há uma dimensão teológica e pastoral, uma vez que esse serviço lida dire-tamente com questões referentes à vida de fé das pessoas, como a busca dos sacramentos, orientação espiritual e catequética, em síntese, o acesso às questões essenciais da vida eclesial. Nesse sentido, Dom Odilo reforçou a importância de es-ses agentes terem uma boa compre-ensão do que é a Igreja e do serviço que ela presta.

“Por isso, o trabalho de vocês [se-cretários] deve ser animado por uma profunda fé e um profundo amor à Igreja, que se expressam pelo amor às pessoas, que se traduz, naturalmente, nas várias atitudes necessárias nesse primeiro contato com o público”, reco-mendou o Cardeal.

Para bem realizar o trabalho de secretariado paroquial, Dom Odilo destacou a necessidade de um preparo técnico, com noções da legislação ca-nônica e diretrizes pastorais referentes, por exemplo, aos sacramentos do Ma-trimônio e do Batismo, à Catequese, assim como questões de ordem admi-nistrativa e organizacional.

Outro aspecto ressaltado pelo Ar-cebispo é a necessidade de se ter uma noção clara das competências dos secretários paroquiais. “Portanto, é preciso ser secretários eficientes, mas não ir além daquilo que lhes compete”, disse, sublinhando que existem tarefas que são de competência exclusiva dos

sacerdotes ou ministros por eles dele-gados, e que, portanto, não podem ser realizadas pelos secretários.

ATEnDIMEnTO E ACOLhIDAA primeira aula foi ministrada

pelo Padre Cícero Alves de França, mestre em Teologia da Espirituali-dade pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, que tratou das contribuições da Psicologia Pas-toral para o atendimento na secreta-ria paroquial.

O Sacerdote explicou que esse ramo da Psicologia, que estuda os processos psicológicos inerentes às situações pastorais, não pode ser con-fundido com a Psicoterapia, pois “a Psicologia Pastoral tem como elemen-to último a sua vocação cristã”, consi-dera-se a pessoa em referência a Deus.

A partir dos fundamentos dessa área do saber, o professor enfatizou que a secretaria paroquial não é ape-nas um “escritório para resolução de situações burocráticas”, mas o lugar onde se lida com pessoas.

Ele indicou, ainda, a necessidade da preparação interior do secretário, assim como a organização do ambien-te externo para acolher bem as pesso-as, seguido da escuta e devida atenção.

PRÓXIMAS AULASO curso se estende até o fim do

mês, e terá aulas com Dom Edson José Oriolo dos Santos, Bispo de Leopoldi-na (MG), mestre em Filosofia e autor de diversas publicações sobre Admi-nistração e Gestão Paroquial; Padre Donizete José Xavier, doutor em Teo-logia Fundamental e Diretor Adjunto da Faculdade de Teologia da PUC-SP; e Padre Everton Fernandes Moraes, doutor em Direito Canônico e Chan-celer do Arcebispado de São Paulo.

Para outras informações, acesse: www.facdcsp.com.br.

Reprodução da internet

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Arquidiocese dará início às comemorações do centenário de nascimento de Dom Paulo

Na terça-feira, 14, data em que Dom Paulo Evaristo Arns com-pletaria 100 anos de vida, a Arqui-diocese de São Paulo dará início às comemorações do centenário de nascimento do “Cardeal da Espe-rança”, como também era conheci-do o Arcebispo que esteve à frente da Igreja em São Paulo entre 1970 e 1998. Ele morreu aos 95 anos, em 14 de dezembro de 2016.

A abertura oficial será com uma solene celebração eucarística na Catedral da Sé, nesta data, às 10h, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano.

“Como Arcebispo, Dom Paulo procurou renovar a vida da Igreja e dinamizar o trabalho pastoral na Arquidiocese, atendendo às cir-cunstâncias e necessidades da cida-de de São Paulo, que crescia verti-ginosamente e carecia de atenção especial às imensas periferias. Arns procurou traduzir em novas práticas organizativas e pastorais as orienta-ções do Concílio Vaticano II no que se refere à participação do povo na vida e na missão da Igreja. Dedicou atenção especial aos pobres e des-validos, estimulando o surgimento de numerosas obras voltadas à pro-moção da caridade e da dignidade humana”, recorda Dom Odilo.

“Não deve ficar em segundo pla-no a figura de Dom Paulo como bispo e pastor dedicado à Igreja. Ele amava seu rebanho e tinha alegria em estar com o povo. Promoveu a evangelização e a organização pas-toral, a formação do clero e dos religiosos, incentivou o protago-nismo dos leigos para ocuparem com coragem seu lugar na Igreja e na sociedade. Dom Paulo que-ria a liturgia celebrada com es-mero e dignidade, a Palavra de Deus anunciada com dedicação e fervor e que o Evangelho de Cristo fosse força e transforma-ção para uma sociedade melhor”, prossegue o Cardeal Scherer.

EVEnTOS COMEMORATIVOS Além da missa de abertura, outras

atividades estão programadas para celebrar o centenário de Dom Paulo.

No próprio dia 14, às 20h, será realizada a live “Paulo, Profeta e Pastor”, transmitida pelas platafor-mas digitais da Arquidiocese.

Nos meses seguintes estão pre-vistas mais ações comemorativas, entre as quais um curso on-line so-bre a atuação de Dom Paulo, um dia a ele dedicado durante a Semana Teológica da Faculdade de Teologia

da PUC-SP, em outubro; eventos so-bre o papel do “Cardeal da Esperança” para a promoção do diálogo ecumê-nico e inter-religioso e uma exposi-ção fotográfica na Basílica Menor de Sant’Ana, a partir de 28 de outubro.

Dom Paulo também será ho-menageado em sessões especiais no Senado, no dia 13 deste mês, às 10h; e na Câmara Federal, nessa mesma data, às 14h; e na Câmara Municipal, no dia 20, às 14h.

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