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Ed. Especial 2017 Ano 33 | Medicina Veterinária Ano 33 - Edição Especial Medicina Veterinária

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Ed.Especial

2017Ano 33 | Medicina Veterinária

Ano 33 - Edição Especial

Medicina Veterinária

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2017Ano 33 | Medicina Veterinária

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Rua Alagoas, 2050 CEP 86082-430 - Fone (43) 3357-7405 - Londrina, Pr. www.unifil.br

2017

CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

ENTIDADE MANTENEDORA

INSTITUTO FILADÉLFIA DE LONDRINA

Diretoria:

Sr.a Ana Maria Moraes Gomes................................ Presidente Sr. Getúlio Hideaki Kakitani.................................... Vice-Presidente Sr.a Edna Virginia Castilho Monteiro de Mello........... Secretária Sr. José Severino................................................... Tesoureiro Dr. Osni Ferreira (Rev.).......................................... Chanceler Dr. Eleazar Ferreira.................................................. Reitor

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

REITOR

Dr. Eleazar Ferreira

PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Lupércio Fuganti Luppi

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO E INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Mario Antônio da Silva

PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Francisco Carlos D'Emílio Borges

Coordenadores do Curso de Graduação

Administração Prof.a Ms. Denise Dias Santana

Agronomia Prof. Dr. Fábio Suano de Souza

Arquitetura e Urbanismo Prof. Ms. Ivan Prado Júnior

Biomedicina Prof.a Dr.a Karina de Almeida Gualtieri

C. Computação./ S. de Informação Prof. Ms. Sérgio Akio Tanaka

Ciências Contábeis Prof. Ms. Eduardo Nascimento da Costa

Design Gráfico Prof.a Esp. Cristiana Maria Conte Bouças

Direito Prof. Dr. Osmar Vieira

Educação Física Prof.a Ms. Rosana Sohaila T. Moreira

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Farmácia Prof.a Ms. Fabiane Yuri Yamacita Borim

Fisioterapia Prof.a Ms. Heloisa Freiria Tsukamoto

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Logística Prof. Esp. Pedro Antonio Semprebom

Medicina Veterinária Prof.a Dr.a Suelen Tulio de Córdova Gobetti

Nutrição Prof.a Ms. Lucievelyn Marrone

Psicologia Prof.a Dr.a Denise Hernandes Tinoco

Teologia Prof. Dr. Mário Antônio da Silva

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REVISTA TERRA E CULTURA EDIÇÃO ESPECIAL ANO 33 - 2017

Coordenadores de Cursos em EaD

Administração e Processos gerenciais Ms. Cristiano Ferreira

Complementação Teológica Esp. Emerson C. Mildenberg

Educação Física Ms. Rosana Sohaila T. Moreira

Engenharias e Manutenção industrial Ms. Adriano Rodrigues Siqueira

Logística semipresencial Esp. Pedro Semprebom

Pedagogia Ms. Camila Fernandes de Lima

Podologia Esp. Cleonice Cartolari

Radiologia Esp. Juliana de Lucca Piemonte

Serviços Jurídicos Esp. João Ricardo Anastácio

Serviço Social Ms. Adarly Rosana Moreira Goes

Teologia Esp. Alexsandro Alves da Silva

Rua Alagoas, nº 2.050 - CEP 86.020-430

Fone: (43) 3375-7405 - Londrina - Paraná www.unifil.br

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REVISTA TERRA E CULTURA EDIÇÃO ESPECIAL ANO 33 – 2017

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof.a Amanda de Freitas Pena Prof.a Cristiane Caroline Abade Prof.a Daniela Becegato Prof.a Fabiane Sabino Prof. Fábio Goscinscki Prof.a Giovana Rumiatto Prof.a Joice Elaine Campanha Prof. José Francirlei Oliveira Prof.a Kassia Amariz Pires Menolli Prof.a Laura Fernanda Condato Borba de Souza Prof.a Letícia Yamaraki Buck Prof. Marco Aurélio Torrecillas Sturion

Prof.a Natália Albieri Koritiaki

Prof. Rafael Carvalho Prof. Rogério Marcasso Prof.a Suelen Córdova Gobetti

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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA RADIOLÓGICA NA MEDICINA VETERINÁRIA........................................ ..........................................8 ASSIS, DA.G.; BRENE, B.R.; ARGOLO, E.V.; COSTA, V.; GOBETTI, S.T.C.; MENOLLI, K.A.P.; COSENZA, M.; STURION, M.A.T. A UTILIZAÇÃO DO CORNICHÃO (LOTUS SP.) EM TERRAS DO SUL DA AMÉRICA LATINA........................... ..........................13 BOBROFF, J.V.S.; BACARIN, D.A.G.; GOBETTI, S.T.C. ALIMENTOS TAMPONANTES PARA BOVINOS................. .........20 RIBEIRO, P.H.; GOBETTI, S.T.C. CACAU NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL........................ ...................33 MALTA, S.K.C.; DA SILVA, G.; GOBETTI, S.T.C. CAJU NA LIMENTAÇÃO ANIMAL.......................... .......................40 DA SILVA, G.; MALTA, S.K.C.; GOBETTI, S.T.C. CANA DE AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES.......4 9 SANTOS, P.D.; BECARI, D.R.; SIMIONI, M.L.S.; SIMÃO, P.A.; GOBETTI, S.T.C. DETECÇÃO DE FRAUDES DE LEITE NO SEU RECEBIMENTO EM UM LATICINIO DE LONDRINA, PR.................... .....................61 NAKASE, F. M.; EVERS, F.; MORI, F. M. R. L., GOBETTI, S. T. C. EPILEPSIA IDIOPÁTICA EM CÃES....................... ........................68 CARNEIRO, A.A.; HASHIZUME, E.Y. HELMINTO GASTROINTESTINAL EM CÃES E SUA CORRELAÇÃO COM OS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS DE CONTROLE DA ZOONOSE................................ ...........................84 BARROS, C.A.; MORI, FABIANA M.R.L.; EVERS, F.; PACHECO, G.D. IMPORTÂNCIA DO JEJUM ALIMENTAR PRÉ-ABATE EM FRANGOS DE CORTE...................................................................91 FELIPPEFALAT, L.; LOZANO, A.P.; EVERS, F.; PACHECO, G.D. MÉTODOS DE UTILIZAÇÃO DO GIRASSOL.................. ............103 BRIEGA, D.; SOUSA, R.F.; SOUSA, R.T.M.; GOBETTI, S.T.C.; PENA, A.F. QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO EM UM MUNICÍPIO DO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ............. ......111 SILVA, P.C.; EVERS, F.; MORI, F.M.R.L.; GOBETTI, S.T.C.

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RELATO DE CASO – UTILIZAÇÃO DE FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO CIRCULAR TIPO ILIZAROV EM OSTEOSSÍNTESE DE TÍBIA E FÍBULA EM UM FILHOTE DE ANTA ( Tapirus terrestris) .......................................................................................................121 SILVA, A.L.R. SÍNDROME CÓLICA: torção de cólon maior e encarceram ento de intestino delgado no forame epiplóico........... ......................128 SANTOS, L.C.; GOMES, R.G.; BECEGATTO, D.B.; COSENZA. M. UTILIZAÇÃO DO BIODIGESTOR PARA TRATAMENTO DE DEJETOS DA SUINOCULTURA............................ ......................136 BENEGA, R.M.; LOZANO, A.P.; BARROS, C.A.; PACHECO, G.D.

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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA RADIOLÓGICA NA MEDICINA VETERINÁRIA.

Diego Alexandre Garcia Assis1*

Brenda dos Reis Brene1

Eduardo Vieira Argolo¹ Vanessa Costa¹

Suelen Tulio de Córdova Gobetti2

Kassia Amariz Pires Menolli3

Mariana Cosenza4 Marco Aurélio Torrecillas Sturion5

Resumo Para obter uma boa imagem radiológica, existem alguns fatores que devemos levar em consideração, o equipamento utilizado, técnica aplicada, conhecimento das estruturas anatômicas do animal, escolha da melhor contenção, seja ela física ou química e principalmente o correto posicionamento durante o exame. Esses fatores juntos, vão produzir uma imagem radiológica nítida e confiável, que vão auxiliar o clinico no diagnostico final. O objetivo deste estudo é demonstrar que o posicionamento anatômico adequado do animal aliado a um equipamento de imagem de qualidade, auxiliam o clínico em seu diagnóstico final, por produzir uma imagem nítida do órgão a ser analisado. Palavras-chave: posicionamento radiográfico, radiologia veterinária, raios-X.

Abstract In order to obtain a good radiological image there are some factors that must be taken into account: the equipment used, the technique applied, the knowledge of animal’s anatomical structures, the choice of the best restraint method, whether it is physical or chemical, and mainly the correct positioning during the exam. These factors together will result in a clear and reliable radiological image, assisting the clinician in the final diagnosis. The aim of this study is to demonstrate that the appropriate anatomical positioning of the animal, allied to a quality imaging equipment cooperate with the clinician for an accurate diagnosis. Keywords: radiographic positioning, veterinary radiology, X - rays.

INTRODUÇÃO

Os raios-X foram descobertos em oito de novembro de 1895 por

Wilhelm Conrad Roentgen, um físico alemão. Esta nova modalidade foi colocada em

1 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL – email: [email protected]. Autor para correspondência 2 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 3 Médica Veterinária, Mestre, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 4 Médica Veterinária, Mestre, Coordenadora do Hospital Veterinário – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 5 Médico Veterinário, Mestre, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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pratica rapidamente para fins médicos, e muitas aplicações médicas sofisticadas logo

foram inventadas (THRALL, 2014).

Em 1897, logo após sua descoberta, o médico mineiro Dr. José Carlos

Ferreira Pires, acreditando nas aplicações médicas desta descoberta, trouxe para a

sua cidade, Formiga (MG), o primeiro aparelho de Raios-X na América do Sul

(MATUSHITA, 2002).

Apesar do grande interesse dos veterinários na nova possibilidade de

diagnóstico no raios-X, sua aplicação se desenvolveu gradualmente, no entanto o

interesse científico ficou evidente numa fase muito precoce, e em 1896 cinco tratados

foram publicados pelos veterinários Eberlein e Tröster na Alemanha; Hobday e

Johnson na Inglaterra e Lemeoine na França. Richard Eberlein, diretor do “Royal

Veterinarian University” em Berlim, demonstrou as vantagens do procedimento

radiodiologico em animais, mas foi Hobday e Johnson que o sucederam na tomada de

raios-x de um cavalo vivo em setembro daquele ano (BUSCH, 2013).

A obtenção de imagem convencional por filme-écran através de

processamento químico das imagens é usada há mais de 100 anos, desde a

descoberta dos raios X em 1895, e ainda é hoje a forma predominante de obtenção de

imagens clínicas. Entretanto, os avanços no uso da computação em imagens

radiográficas nos últimos 20 a 30 anos vêm trazendo formatos novos e radicalmente

diferentes às imagens médicas chamadas imagens digitais (Bontrager, 2001).

As vantagens desse novo sistema são muitas tais como eliminar o

processamento químico, a obtenção de cópias de imagem sem a necessidade de

novas tomadas radiográficas, a facilidade de comunicação com outros profissionais e

principalmente a redução da dose de exposição dos pacientes aos raios-X

(CANDEIRO at all.,2009).

O exame de imagem radiográfica tem alta especificidade para

avaliação de estruturas ósseas e muitas vezes articulares. Tendo isso em mente,

devemos saber que para uma boa avaliação, a qualidade da imagem se faz presente.

Pensando nisso, sabemos que além das técnicas radiológicas aplicadas (Kv e mAs) o

posicionamento do paciente é de suma importância para esta qualidade.

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Tendo em vista a importância do estudo do Raio-X e suas aplicações

na Medicina Veterinária, o objetivo do presente artigo é avaliar a qualidade das

imagens radiográficas obtidas a partir de diferentes tipos de posicionamento do animal

durante a realização do exame.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no setor de radiologia do Hospital

Veterinário do Centro Universitário Filadélfia, em Londrina- Pr.

Utilizou-se como modelo um paciente canino, macho, não castrado. O

exame radiográfico foi realizado em aparelho de DR, da marca GE Healthcare®,

sendo a quantidade de kV e mAs, mantida em igualdade para ambas radiografias,

visando a saúde do paciente e do técnico, sendo 70 kV e 200 mAs.

Para realização das imagens, o animal foi posicionado de maneiras

diferentes, sendo, na primeira imagem (A), mantido em contenção física na posição

dorsoventral, em calha almofadada, sem contenção química para realização do

exame.

Já para a realização da segunda imagem (B), o animal foi mantido nas

mesmas condições, mas sem o rigor da técnica de posicionamento anatômico e

radiográfico, existindo apenas a contenção física manual do proprietário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mesmo com a praticidade da radiologia digital é preciso ter alguns

cuidados com o paciente antes de realizar o exame, sendo fundamental uma avaliação

física para determinar qual a melhor forma de contenção, nível de dor, como não

prejudicar ainda mais uma possível fratura. A contenção correta, se não for

acompanhada de um bom posicionamento radiológico na hora do exame, não

resultará em um resultado satisfatório e útil para o clínico veterinário.

Como pode ser observado na Figura 1 A, o posicionamento do animal

foi adequado e resultou em uma imagem definida das estruturas radiografadas. Já na

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Figura 1 B, não houve o cuidado necessário no posicionamento do animal, resultando

em uma imagem distorcida.

Figura 1 – Animal em posição dorsoventral com contenção física (A). Animal em posição dorsoventral

sem contenção física (B). (Imagem própria)

A contenção física tem como finalidade restringir os movimentos do

animal na tentativa de realizar a avaliação do paciente e/ou a execução de outros

procedimentos como a manutenção de curativos, administração de medicamentos e

realização de exames de imagem. Em pequenos animais, por mais que o animal se

apresente dócil a contenção deve ser realizada de maneira cautelosa e por

profissional treinado, pois pode gerar uma reação de defesa como mordeduras e

arranhaduras no caso de cães e gatos ou, em imagens não nítidas devido a

movimentação do animal no momento do exame (FEITOSA, 2014).

A contenção química, em pequenos animais, é realizada para a

tranquilizar um paciente agressivo para que se possa realizar um exame físico ou

complementar (como radiografias contrastadas ou de fraturas que necessitam de

posicionamento específico), resultando em menores alterações fisiológicas.

O conhecimento da anatomia animal e do correto posicionamento de

cada afecção, com uso ou não da contenção química, são imprescindíveis durante as

aulas práticas de diagnóstico por imagem e na prática do radiologista veterinário.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A radiologia na Medicina Veterinária é de suma importância para

auxílio diagnóstico na clinica médica e cirúrgica. Por se tratar de um campo de

atuação que cresceu muito nas ultimas décadas, capacitar o acadêmico de Medicina

Veterinária através da prática radiológica é de fundamental importância, pois uma

imagem produzida com qualidade depende diretamente do tipo de aparelho utilizado,

quantidade correta de kV e mAs, e principalmente dos envolvidos na contenção do

paciente, sendo o técnico em radiologia veterinária um forte aliado de conhecimento e

prática.

SUPORTE FINANCEIRO Hospital Veterinário UniFil REFERÊNCIAS

BUSCH, U. The progress in radiology in 1896: Veterinary Medicine. The Story of Radiology, Vienna, Austria, European Society of Radiology , v. 2, p. 19-20, oct. 2013. BONTRAGER, K. L. Tratado de Técnica Radiológica e Base Anatômica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. CANDEIRO, G. T. de M.; BRINGEL, A. de S. F.; VALE, I. S. do. Radilogia Digital: revisão de literatura. Revista Odontológica de Araçatuba, v.30, n.2, p. 38, Julho/Dezembro, 2009. FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014. MATUSHITA, J.P.K. Fala Doutor: História da Radiologia. São Paulo, Boletim Informativo do Colégio Brasileiro de Radiologia , ed. 168, p. 16, fev. 2002. THRALL, D. E. Diagnóstico de Radiologia Veterinária. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

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A UTILIZAÇÃO DO CORNICHÃO ( Lotus sp .) EM TERRAS DO SUL DA AMÉRICA LATINA

João Victor de Souza Bobroff1 Danilo Augusto Gonçalves Bacarin1

Suelen Tulio de Córdova Gobetti2

Resumo Esse artigo tem por objetivo apresentar as principais características do Cornichão (Lotus sp.), através de revisão de literatura. Essa leguminosa apresenta dois gêneros conhecidas: Lotus corniculatus (Cornichão São Gabriel) e o Lotus subbiflorus (Cornichão El Rincon). É uma planta muito resistente a solos com pH ácido. Em geral é utilizado na alimentação de ovinos e bovinos in natura sob pastejo, consorciado com outras forrageiras ou em forma de feno. Nesta revisão de literatura também é possível observar uma comparação entre o Cornichão e a Ervilhaca. Palavras-chave: São Gabriel; El Rincon; Leguminosa; Solos; Consorciação.

Abstract The objective of this article is to present the main characteristics of Birdsfoot trefoil (Loutus sp.), by literary review. This legume has two known genus: Lotus corniculatus (Birdsfoot trefoil São Gabriel) and Lotus subbiflorus (Birdsfoot trefoil El Rincon). This legume is very resistant to soils with low pH. It is used as feed for sheep and cattle in natura, mixed with other forage or in the form of hay. In this literature review can also be observed a comparison of the Birdsfoot trefoil and Vetch. Keywords: São Gabriel; El Rincon; Leguminous Vegetable; Soils; Intercropping.

INTRODUÇÃO

O Cornichão é uma leguminosa perene de inverno que apresenta

caule fino podendo atingir de 30 a 75 cm. Por causa de seu porte é muito sensível ao

pisoteio e não tolera sombreamento. Sua raiz é pivotante e muito ramificada, para

poder buscar água nas profundezas em época de seca. Suas folhas são pequenas e

pinadas. As flores apresentam forma de umbela. Seu legume é linear com variação de

coloração marrom a púrpura, cilíndrico e deiscente. As sementes são escuras,

globosas e pequenas (FONTANELI et al., 2012, p. 321 - 326).

É uma planta que possui baixa exigência em fertilidade e resistente a

solos com pH até 4,8. Apesar destas características, gera melhores resultados em

1 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL – email [email protected]. Autor para correspondência 2 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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solos corrigidos e com níveis adequados de fertilidade (FONTANELI et al., 2012, p.

321 – 326; MANUAL..., 2004 p. 394).

A espécie São Gabriel está presente, no Brasil, na região sul. Já a

outra espécie encontra-se, em sua maioria, na América do sul abaixo do trópico de

câncer (CARVALHO et al. p. 1 - 64). Em 2014 foi criado por uma empresa brasileira

uma variação de cornichão que apresenta características diferentes dos outros dois

gêneros mais cultivados.

As sementes de Cornichão São Gabriel produzem 10 kg/ha, quando

consorciadas produzem de 8 a 10 kg/ha. Já as sementes de Cornichão El Rincón

produzem de 4 a 6 kg/ha e consorciadas produzem 4 kg/ha (SILVEIRA et al. 2008,

Alimentação e manejo - Sistema 1. Em campo natural e pastagem cultivada).

HISTÓRICO DA CULTURA

Os principais cultivares de Cornichão são o Lotus corniculatus e Lotus

subbiflorus, que apresentam origens distintas.

O Lotus corniculatus tem distribuição natural na Europa ocidental e no norte da África, e distribuição secundária no nordeste e centro-oeste dos Estados Unidos, sudeste do Canadá, sul da América Latina, Europa oriental e central, e partes de Ásia. A história do cornichão, no Rio Grande do Sul, se iniciou em 1940 a partir do desenvolvimento da espécie “São Gabriel”, caracterizada pelas folhas grandes, de crescimento ereto e indeterminado e sem rizomas (PAIM et al., 1988, p. 23). O Lotus subbiflorus foi citado pela primeira vez com interesse forrageiro no norte da Nova Zelândia em 1918, devido a sua adaptação a solos de baixa fertilidade e períodos de seca estival. No Uruguai foi introduzido há mais de 40 anos acompanhando, provavelmente como impureza, uma mescla de sementes forrageiras importadas. Sua destacada produtividade provocou sua posterior multiplicação e a obtenção do cultivar denominada “El Rincón” a partir de 1987 (CARÁMBULA et al., 1993, p. 23).

Em 2014 a Embrapa Pecuária Sul e parceiros criaram um novo

genótipo de Cornichão – Cornichão URSBRS Posteiro – que foi selecionado

especialmente para a produção de forragem, persistência e tolerante ao pastejo,

sendo recomendado para sobressemeadura em campos naturais e consórcio com

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gramíneas forrageiras de inverno em áreas mais altas e bem drenadas da região Sul

brasileira.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

É uma leguminosa de inverno que se adapta bem em climas de

regiões temperadas médias a temperadas frias. Por sua raiz ser pivotante e ramificada

esta leguminosa é resistente ao frio e a escassez hídrica, podendo buscar água em

partes mais profundas do solo (FONTANELI et al., 2012, p. 321 - 326).

MANEJO

É uma planta que tem época de semeadura de abril a junho, mas pode

também ser plantada na primavera (CARVALHO et al. 2015, p. 26).

Durante o primeiro ano de desenvolvimento o manejo deve ser cuidadoso, com isso, é

obtido um correto estabelecimento dessa planta e, também, deve-se observar seu

crescimento fazendo com que atinja a altura de 7cm e não decresça (CALEGARI et

al., 1993, p. 324 - 325).

Em termos de qualidade o cornichão pode substituir o feno de alfafa,

por isso seu cultivo é preferido em solos de fertilidade média a baixa em grandes

áreas (FONTANELI et al. 2012, p. 321 – 326).

Seu desenvolvimento estende-se de março a setembro e podendo ser usado na

pastagem de inverno por ressemeadura natural ou juntamente com trigo ou aveia

preta e ervilhaca ou também em fenação (CALEGARI et al., 1993, P. 324 - 325).

Em trabalho de Santinaque & Carámbula (1981, p. 16 - 21), a mistura

contendo cornichão também se destacou como a de menor incidência de invasoras.

Esses autores consideram o cornichão como uma leguminosa temperada, mas de

crescimento estival, o que pode explicar sua efetividade na competição com invasoras

de verão e excelente desempenho numa região de temperaturas amenas.

Apesar de o cornichão ser uma espécie de crescimento inicial lento, no

trabalho de Santinaque & Carámbula (1981, p. 16 - 21) a espécie apresentou um

excelente acúmulo de matéria seca no primeiro ano, destacando-se das demais. Seu

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desempenho foi favorecido pela pouca competição exercida pela festuca, similar ao

constatado por Short & Carlson (1989, p.1131-1136), que verificaram melhor

estabelecimento do cornichão quando associado com cultivares tardios de capim-dos-

pomares (Dactylis glomerata L.).

Em trabalho desenvolvido por Osaki e Negrelo (2007, p. 369 - 377)

foram comparadas, em dois cortes e duas formas de manejo, as forrageiras Cornichão

e Ervilhaca. As comparações foram de rendimento de matéria seca e de teores de

nitrogênio utilizando calcário e inoculantes entre os cortes e entre as duas forragens. A

Ervilhaca apresentou maior produção de matéria seca na ausência de inoculante,

quando comparada na presença deste. Já o Cornichão apresentou maior produção de

matéria seca na presença de inoculantes. Na presença de calcário o Cornichão

apresentou maior teor de nitrogênio quando comparado com a Ervilhaca. Os

inoculantes favoreceram a produção de matéria seca e aumentaram os teores de

nitrogênio no segundo corte das duas plantas. A Ervilhaca apresentou maiores teores

de nitrogênio no primeiro corte na presença de calcário. No segundo corte da

presença de inoculantes o Cornichão apresentou maior teor de nitrogênio quando

comparado o mesmo corte na presença de calcário. No primeiro corte da presença e

da ausência de calcário a Ervilhaca apresentou maior produção de matéria seca. Já no

segundo corte com a presença e com a ausência de inoculante quem apresentou

maior produção de matéria seca foi o Cornichão.

GANHO DE PESO NA PRODUÇÃO ANIMAL

Em trabalho desenvolvido por Santos et al. (2002, p. 142), com

sistemas de integração lavoura-pecuária, sob plantio direto, pastagens consorciadas

de aveia preta e ervilhaca propiciaram 273 kg de PV bovino ha-¹; de festuca,

cornichão, trevo branco, trevo vermelho propiciaram 299 kg de PV ha-¹; de pensacola,

cornichão, trevo branco, trevo vermelho propiciaram 326 kg GPV ha-¹; a alfafa

propiciou 287 kg PV ha-¹. Não foram encontradas diferenças significativas entre as

médias de ganho de peso animal.

Para contribuir no ganho de peso, o Cornichão apresenta alto valor

nutritivo, por possuir elevados teores de proteína (até 24%), de digestibilidade (até

86%) e taninos condensados, que aumentam de 18% para 25% o

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aproveitamento das proteínas. (BARRO et al., 2007, p. 1 – 133; SCHEFFER-BASSO

et al. 2001 p. 975 - 982).

CARACTERÍSTICAS DO CORNICHÃO EL RINCON

O Cornichão El Rincon é uma espécie anual próprio para solos pobres,

exigem inoculante específico (SILVEIRA et al. 2008, p. 1).

CARACTERÍSTICAS DO CORNICHÃO SÃO GABRIEL

O cornichão São Gabriel é perene e com boa adaptação a solos desde

textura pesada a leve, resiste bem a períodos de estiagem (SILVEIRA et al. 2008, p.

1).

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DESSA LEGUMINOSA

Uma das vantagens do plantio do cornichão é que apresenta melhores

resultados que o feno da alfafa, pois ele é tolerante a diversos solos, podendo ser

plantado em diversas regiões e, dependendo do clima, ele apresenta maiores ganhos

de peso vivo (MANUAL... 2004, p. 394).

Devido ao seu porte ereto apresenta problemas de persistência, por

isso é sensível ao pastejo e pisoteio. Por ser uma leguminosa de baixo porte não é

tolerante ao sombreamento (FONTANELI et al. 2012, p. 321 - 326).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste artigo foi possível interpretar como o cornichão é uma

espécie muito adaptada a regiões frias, como as do sul do Brasil, podendo suportar

temperaturas extremamente baixas, até mesmo o gelo. Esta leguminosa apresenta

grande sucesso devido a sua alta facilidade de manejo, que, além de ser plantada em

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solos ácidos é resistente a períodos de seca, proporcionando aos animais alta

produtividade nesse período.

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<https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-

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ALIMENTOS TAMPONANTES PARA BOVINOS

Pedro Henrique Ribeiro 1* Suelen Tulio Córdova Gobetti 2

Resumo: Os ruminantes têm seu estomago dividido em quatro partes sendo que o rúmen, onde ocorre a fermentação e digestão da celulose, contém um ecossistema ruminal onde está presente bactérias, fungos e protozoários. Esse ecossistema precisa estar em equilíbrio, isso é, ter uma temperatura, um pH e outros parâmetros adequado para esses microorganismos. A saliva é a principal substância que deixa esse pH adequado. Quando o ruminante se alimenta com alimentos com de pouca fibras não tem uma salivação suficiente para manter o pH, assim o ecossistema torna-se mais acido causando algumas patologia sendo a principal a acidose. Para isso não acontecer utiliza-se tampontes artificiais, que fazem a função da saliva. Assim é possível aumentar a quantidade de concentrado oferecida ao animal, proporcionando uma melhor produção seja ela de carne ou de leite. Palavras ‐‐‐‐chave : fermentação, saliva, acidose.

Abstract: The ruminantes have their stomachs divided into four parts, being the rumen, where occurs the fermentation and the digestion of the cellulose, an ecosystem where it’s present bacteria, fungi and protozoa. This ecosystem needs to be in balance, that means, have a temperature, a pH and others parameters suitable for this microorganisms. The saliva is main substance that keep this pH suitable. When a ruminant feed itself with aliments with a few fibers it doesn’t have enough salivation to keep the pH, this way, the ecosystem became more acid causing some pathologies and the acidosis is the main one. In order to avoid this, artificial tampons have been used to copy the function of the saliva. This way is possible to raise the quantity of the concentrate offered to the animal, providing a better production of meat or milk. Keywords : fermentation, saliva, acidosis.

INTRODUÇÃO

O animal em pastejo na maioria das vezes não apresenta necessidade

do uso de tamponantes, pois a pastagem rica em fibra estimula a produção de saliva,

que tem função de tamponamento. Quando não é possível proporcionar uma

fermentação ruminal adequada através do manejo correto da alimentação animal,

recomenda-se o uso de aditivos tamponantes ou alcalinizantes.

1 Discente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL – email: [email protected]. Autor para correspondência 2 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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É comum a oferta de dietas altamente palatáveis, contendo

ingredientes de alta digestibilidade e altos níveis de energia, porem são pobres em

fibras e não estimulam o tamponamento natural através da salivação, propiciando o

aparecimento da acidose clínica. Quando os sistemas tamponantes naturais não são

eficazes utilizam-se os tampões químicos ou biológicos, que servem para neutralizar o

excesso de ácidos produzidos no rúmen, promovendo a melhoria na produtividade e

evitar problemas metabólicos no animal.

O objetivo do trabalho é apresentar, na forma de revisão de literatura o

uso de alimentos tamponantes na alimentação de bovinos em pastejo ou confinamento

a fim de evitar algumas patologias e conseguir aumento na produção de carne ou leite.

ECOSSISTEMA RUMINAL

Os microrganismos têm um papel importante na produção animal, eles

atuam nos ruminantes transformando as substancias indigeríveis como a celulose,

lignina e outros compostos em ácidos orgânicos, aminoácidos e vitaminas, bem como

substâncias que estimulam o crescimento e a produção de carne, leite e lã (OLIVEIRA,

2007).

O rúmen é considerado um ecossistema aberto e contínuo e apresenta

um ambiente favorável para os microrganismos, pois ele atua como uma câmara

fermentadora, por ter características de temperatura entre 38 a 42ºC (média de 39ºC);

anaerobiose; ph tampão variando entre 5,5 a 7,0(média de 6,8); presença de

bactérias, protozoários e fungos; matéria seca entre 10 a 15%; gravidade específica

entre 1,022 e 1,055; tensão superficial do líquido de 50 dinas/cm e pressão osmótica

constante (LANA, 2005).

Os ruminantes por apresentarem uma relação simbiótica com os

microrganismos ruminais, apresentam a capacidade de utilizar uma grande variedade

de alimentos como fonte de nutrientes. Essa relação se dá com o animal fornecendo o

ambiente (rúmen) com as características para o crescimento do microrganismo, que

por sua parte suprem o animal com ácidos resultante da fermentação e com a proteína

microbiana (OLIVEIRA, 2007).

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BACTÉRIAS

Existe várias bactérias presentes no rúmen, elas fazem a degradação

da celulose, hemicelulose, lignina, amido, proteína e pouca quantidade de óleo. A

interação entre elas mesmas e outros grupos de microrganismos são responsáveis

pelo efeito sinérgico na produção de ácidos graxos voláteis e proteína microbiana no

rúmen (OLIVEIRA, 2007).

Essas bactérias são na maioria são gram-negativas, sendo que o

número de bactérias gram-positivas tende a aumentar com a elevação da energia na

dieta. E a maioria são anaeróbias obrigatórias, existindo algumas anaeróbias

facultativas. Elas possuem um pH de crescimento entre 6,0 e 6,9 e uma temperatura

ótima em torno de 39°C (KAMRA, 2005).

As bactérias do rúmen se dividem em basicamente dois tipos, sendo

fermentadoras de carboidratos estruturais e fermentadoras de carboidratos não-

estruturais (Tabela 1).

PROTOZOÁRIO

Os protozoários do rúmen são ciliados, utilizam bactérias como

principal fonte aminoácido e acido nucléico. Eles são divididos em dois grupos

dependendo de características morfológicas: os Entodiniomorfos, que ingerem

partículas insolúveis suspensas no fluído ruminal e estão presentes em maior número

quando a dieta é a base de forragem, e os Holotriquias, que tem maior capacidade de

ingerir materiais solúveis e grânulos de amido e estão presentes em maior número

quando a dieta é rica em grãos de cereais como mostra a Tabela 2 (OLIVEIRA,2007).

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Tabela 1: Bactérias fermentadoras de carboidratos estruturais.

Fonte: OLIVEIRA et.al, 2007.

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Tabela 2: Protozoários do ecossistema microbiano do rúmen de animais domésticos e selvagens.

Fonte: OLIVEIRA et.al, 2007.

FUNGOS

Segundo Oliveira (2007), os fungos encontrados no rúmen são todos

anaeróbios restritos, iguais os encontrados em outras partes do trato gastrintestinal de

animais herbívoros, eles fazem a degradação de fibras. Alguns dos fungos presente

no rúmen estão ilustrados na Tabela 3.

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Tabela 3: Fungos do ecossistema microbiano do rúmen de animais domésticos e selvagens.

Fonte: OLIVEIRA et.al, 2007.

TAMPONAMENTOS NATURAIS

Com a ingestão de alimentos ácidos ou a produção de ácidos no

metabolismo intracelular, faz que haja um desequilíbrio ácido-básico no organismo,

para isso existe o tamponamento sistêmico onde existe três sistemas, sendo eles

sistema tampão, regulação renal e regulação pulmonar. Alem desses tamponamentos

os ruminantes tem o tamponamento ruminal onde a saliva dos ruminantes possui pH

de aproximadamente 8,2 e contém em mEq/l, sódio (160-180), cloro (10-20), potássio

(4-10), fosfato (10-70) e bicarbonato (90-140), tendo capacidade tamponante, além de

mucinas que garantem a viscosidade do fluido rumenal mantendo a tensão superficial

normal, impedindo a formação de bolhas. Cerca de 70% do líquido ruminal é

proveniente da secreção salivar (DE CARVALHO, 2008).

A taxa de alimentação é importante na determinação da capacidade

tamponante, pois a secreção de saliva é estimulada pela mastigação e ruminação. O

tempo gasto para mastigação e ruminação dos concentrados é menor do que dos

alimentos fibrosos, contribuindo, portanto para uma menor secreção de saliva (VAN

SOEST, 1994).

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O estímulo à ruminação, exercido pelo roçar de fibras longas contidas

no alimento na parede do rúmen, é de extrema importância para regulação do pH

ruminal, pois, durante este processo, ocorre uma secreção de saliva 2 a 3 vezes maior

do que durante a ingestão ou repouso do animal (DIRKSEN, 1981).

TAMPONAMENTOS ARTIFICIAL

Os tampões têm a função de neutralizar o excesso de ácidos

produzidos no rúmen em situações onde os sistemas tamponantes, principalmente

bom fluxo salivar, são insuficientes, como afirmam os autores Valadares Filho e Pina

(2006).

Tamponantes neutralizam ácidos presentes na dieta, produzidos na

fermentação ruminal ou no metabolismo animal ou secretados durante a digestão. O

termo "tamponante" é usado genericamente em nutrição. Os "tampões verdadeiros"

previnem o aumento na acidez (redução no pH), mas não aumentam o pH acima de

um determinado valor (LEAL et al. 2007).

Segundo o mesmo autor, exemplos de tampões verdadeiros seriam o

bicarbonato de sódio (NaHCO3), o sesquicarbonato de sódio (Na2CO3NaHCO3 2 H2O)

e o calcário calcítico (CaCO3, carbonato de cálcio). Os "alcalinizantes", outro tipo de

aditivo alimentar, além de neutralizarem a acidez também podem causar aumento

grande no pH. O óxido de magnésio (MgO) é um exemplo de alcalinizante usado na

alimentação animal.

De acordo com Góes (2004), normalmente o animal em pastejo não

apresenta necessidade do uso de tamponantes, pois a pastagem rica em fibra

estimula a produção de saliva, rica em tamponantes, portanto são mais utilizados para

bovinos em confinamento. A saliva é considerada o mais importante tampão fisiológico

do rúmen. O bovino adulto tem a capacidade de produzir entre 100 e 190 litros de

saliva por dia com um pH entre 7,9 e 8,6. Tampões químicos é a combinação entre

ácidos fracos e suas respectivas bases.

O uso de tampões pode ser benéfico em rações contendo alto teor de

grãos, na adaptação de bovinos a novas dietas, no uso de silagem de milho, de grãos

com alta umidade ou dietas à base de trigo.Os compostos classificados como

tamponantes ruminais seriam o bicarbonato de sódio, bicarbonato de potássio,

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carbonato de magnésio e bentonita. Um composto alcalinizante fornecido ao gado

leiteiro, seria o óxido de magnésio (NAGARAJA, 1997).

BICARBONATO DE SÓDIO

O Bicarbonato de Sódio na nutrição animal é um composto cristalino

usado predominantemente como tamponante ruminal dos bovinos alimentados com

altas quantidades de concentrados. Sua fórmula química é NaHCO3. É considerado

um tampão verdadeiro pelo seu pKa ser bastante próximo do pH fisiológico adequado

do rúmen, por possuir alta solubilidade no rúmen, o que permite rápida diluição no

líquido e maior efetividade de ação (OLIVEIRA, 2008).

Existem condições especificas em que o bicarbonato de sódio tem

melhor atuação, todavia o fato de possibilitar a manutenção do pH ruminal em

condições ideais, possibilita a ingestão adequada de MS pela vaca leiteira.

Geralmente a ação dos bicarbonatos torna-se evidente em vacas leiteiras de alta

produção ou no inicio da lactação. O bicarbonato pode causar o aumento na ingestão

de MS, no entanto, nem sempre provoca aumento na produção de leite ou de gordura

do leite, conforme onde a alimentação foi feita com bicarbonato de sódio (NaHCO3) e

óxido de magnésio (MgO) sendo alimentadas com 40% de volumoso e 60% de

concentrado (ROMANELLI, 1995).

ÓXIDO DE MAGNÉSIO

Este é um dos agentes mais utilizados atualmente, sendo utilizado

como fonte de Magnésio (54%) e como um agente alcalinizante. Um grande

agente alcalinizante ou neutralizante, cuja função é elevar o pH. As recomendações

indicam 0,3 a 0,5% na MS, ou 50 a 90g/dia (ROMANELLI, 1985).

Segundo o mesmo autor, pode no entanto ser misturado ao NaHCO3

na proporção 1:3, e a mistura ser fornecida a 1,25% da MS. Tamponantes combinados

com o óxido de magnésio aumentaram o volume ruminal e o desaparecimento na

digestão que a suplementação de MgO na dieta com relação 40 : 60 de volumoso e

concentrado aumentou o pH ruminal, dados esses que podem ser verificados.

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O óxido de magnésio é normalmente utilizado como tampão, mas na

realidade ele é um agente alcalinizante, devido a sua capacidade de neutralizar

ácidos. O óxido de magnésio não tem seu pKa definido e tende a ser relativamente

insolúvel em água, embora seja muito efetivo na elevação do pH ruminal, no aumento

da gordura secretada no leite e na elevação do consumo de alimentos (NAGARAJA,

1997).

CARBONATO DE CÁLCIO

É um grande agente alcalinizante, porém, apresenta restrições quanto

ao fornecimento, pois tem baixa solubilidade e deprime o consumo de MS. Como

conseqüência, tem pequena e confusa ação sobre o pH e sobre a percentagem de

gordura do leite. Tem seu uso questionado, pode ser incluído em 1,2% da MS da dieta

ou 115 a 180g/dia (ROMANELLI, 1985).

SESQUICARBONATO DE SÓDIO

Este produto tamponante é um composto de NaHCO3 e carbonato de

sódio. Estequimetricamente, o sesquicarbonato de sódio contém um mole de

carbonato de sódio e um mole de bicarbonato ligado a dois moles de água e é um

derivado purificado de um mineral encontrado normalmente na natureza. Alguns

autores têm demonstrado uma eficiência um pouco superior àquela apresentada pelo

bicarbonato de sódio. As recomendações têm sido para 1% na MS dieta ou entre 160

a 300 g/dia (ROMANELLI, 1985).

RESULTADOS DOS ADITIVOS TAMPONANTES

Quando os aditivos tamponantes são utilizados corretamente pode

observar aumentos na concentração de gordura do leite; na produção de sólidos totais

do leite; na relação acetato: propionato; na síntese de proteína microbiana; na taxa de

diluição; nas produções de leite e leite corrigido para gordura; no consumo de água; no

consumo e digestibilidade da MS e no pH ruminal. Também são observados

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diminuições na produção de propionato e na taxa de desordens metabólicas do

rebanho (ROMANELLI, 1985).

Algumas dietas onde se teria uma resposta positiva à utilização de

substâncias tamponantes, de acordo com (Hutjens, 1991) são:

a) dietas com alta percentagem de silagem de milho: Estas

apresentam alta umidade (60 a 70%), acima de 30% de CHO fermentáveis e um baixo

pH (3,9 a 4,2%). A silagem de milho tem um tamanho pequeno de partícula devido ao

corte mais preciso e promove menor salivação devido a sua umidade natural;

b) baixa fibra na ração: Dietas com menos de 19% de FDA deprimem

a ruminação e podem causar uma acidose ruminal;

c) baixo consumo de feno: O feno estimula a produção de saliva,

aumentando o tempo de mastigação e ruminação. Uma dieta com feno de média

qualidade poderá resultar em 27,1 litros de saliva/kg de MS consumida;

d) alto consumo de concentrado: Os concentrados substituem as

forragens na dieta, reduzindo o nível de fibra. Pesquisas com vacas alimentadas com

dietas contendo 30% de forragem mostraram que elas produziam 199 g a menos de

bicarbonato de sódio, através da saliva, do que vacas alimentadas com dietas

contendo 70% de forragem; grandes quantidades de concentrado por refeição (acima

de 3 kg/refeição); alta concentração de carboidratos solúveis: Afetam a quantidade e a

taxa de degradação de CHO no rúmen, pH ruminal, digestão da fibra e a produção de

AGV.

A elevação dos teores de fibra da dieta pode-se elevar a capacidade

de tamponamento ruminal, devido ao estímulo a produção salivar. Entretanto, em

situações onde ocorre a necessidade de trabalhar com altos níveis de concentrados

(animais de alta produção), torna-se difícil realizar estes ajustes, tornando-se

necessário, o uso destes aditivos. Os tampões podem promover melhoria na

produtividade e evitar problemas metabólicos no animal por neutralizar o excesso de

ácidos produzidos no rúmen em situações onde os sistemas tamponantes do próprio

animal, principalmente o fluxo salivar são inadequados (ROMANELLI, 1985).

A adoção de produtos tamponantes na ração é válida para a

prevenção do problema em animais confinados que recebem grandes quantidades de

grãos. (PIRES, 2004).

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CONSEQUÊNCIAS DA ACIDOSE LÁCTICA

Quando há ingestão excessiva de grãos, ocorre um aumento na

produção de ácido láctico no trato digestivo, com destruição de grande número de

bactérias e liberação de suas toxinas. A acidose ruminal provoca uma lesão na

mucosa ruminal com aumento de sua permeabilidade, levando a uma endotoxemia

(intoxicação) e acidose sistêmica, que resulta em vasoconstrição periférica, com

redução do fluxo sangüíneo às lâminas do casco (DE CARVALHO, 2008).

O melhor método para prevenção é a adoção de medidas que evitem

a acidose láctica, que pode ser feito através de um adequado esquema de adaptação

para animais que receberão dietas altamente concentradas e o uso de produtos

alcalinizantes (bicarbonato ou carbonato de cálcio) na ração. Evitar o confinamento de

animais muito novos também pode ser indicado para diminuir a incidência da doença.

Uma medida a longo prazo para redução da incidência da doença seria a seleção

contra machos cujas progênies apresentem esta condição (PIRES, 2004).

A acidose láctica e uma doença metabólica aguda, causada pela

ingestão súbita de grãos ou outros alimentos altamente fermentáveis em grandes

quantidades, que é caracterizada por perda do apetite, depressão e morte, também

conhecida por sobrecarga ruminal, indigestão aguda, impactação aguda do rúmen ou

indigestão por carboidratos (PIRES, 2004).

Segundo o mesmo autor, quando os grãos ou outros produtos

facilmente fermentáveis são consumidos rapidamente e em grandes quantidades, há

alteração da microflora ruminal com predominância de bactérias gram-positivas,

principalmente o Streptococcus bovis, e produção de grandes quantidades de ácido

láctico. A grande concentração de ácido láctico leva a uma queda no pH. Ocorre um

aumento da pressão osmótica do rúmen resultando em desidratação e diarréia. O

animal apresenta polipnéia e depressão.

A manifestação de rumenite e laminite, assim como o desenvolvimento

de abcessos hepáticos, são seqüelas comuns de um quadro de sobrecarga ruminal. A

rumenite ocorre devido à alta acidez do conteúdo ruminal, que causa lesões à

mucosa, possibilitando a invasão de bactérias, que pela circulação atingem o fígado,

onde formam abcessos. As medidas mais eficazes para este fim são aquelas que

buscam evitar o acesso acidental de animais a grandes quantidades de grãos e a

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adoção de um bom esquema de adaptação, com mudança lenta e gradual ao

concentrado (PIRES 2004).

CONSIDRAÇÕES FINAIS

O uso de aditivos tamponantes é recomendado quando não é possível

proporcionar uma fermentação ruminal adequada, somente com o manejo correto da

alimentação animal. Esses aditivos são mais encontrado em bovinocultura leiteira e

também em situações de confinamentos, para a prevenção de alterações metabólicas

como a acidose ruminal.

Os tamponantes estariam relacionados ao aumento ou a resistência a

mudanças do pH ruminal e ao aumento da taxa fracional de saída do fluido através do

orifício reticulo-omasal ou da taxa de diluição ruminal, ou seja, os tamponantes agem

aumentando ou não deixando variar o pH ruminal e também aumentando a ingesta de

água, modulando o balanço e as atividades das espécies microbianas facilitando a

digestão fermentativa. Assim é essencial a adição de tamponantes quando se quer

aumentar a quantidade de concentrado na alimentação de ruminantes.

REFERÊNCIAS

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CACAU NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL COCOA IN FEED ANIMAL

Samara Koloda Cristino Malta¹ Gislaine da Silva²

Suelen Túlio de Córdova Gobetti³(*)

Resumo A árvore do cacau (Theobroma cacao), quando empregada em sistemas agroflorestais, representa uma forma alternativa de uso do solo para a agricultura familiar, além do retorno econômico, benefícios sociais, fazendo o pequeno agricultor no campo, pois, além da venda do cacau como matéria prima para as indústrias de alimentação humana, pode também ser utilizado na alimentação animal em forma de farelo, reduzindo os custos de produção, aumentando a produtividade animal. Dados de literatura apontam que as principais vantagens do uso do farelo na alimentação animal são seus excelentes valores nutricionais, com média de 13,62% de proteína bruta, 11,09% de extrato étereo, 7,36% de matéria mineral, 45,56% de fibra em detergente neutro e 37,81% de FDA. Palavras-chave : alimento alternativo, produtividade animal, nutrientes, sistema agroflorestal.

Abstract The cacao tree (Theobroma cacao), when used in agroforestry systems, represents an alternative form of land use for family farms, and economic return, social benefits, making the small farmer in the field, because in addition to cocoa sale as raw material for the food industries, it can also be used as feed in the form of bran, lowering production costs, improving animal productivity. Literature data show that the main advantages of using the meal in animal feed are its excellent nutritional values, averaging 13.62% crude protein, 11,09% of ethereal extract, 7,36% mineral matter, 45, 56% of neutral detergent fiber and 37,81% of FDA. Keywords : alternative food, animal productivity, nutrients, agroforestry system.

1 Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL. Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, 1626 - Caixa Postal 196 - CEP - 86.020-000 - Londrina, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL. Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, 1626 - Caixa Postal 196 - CEP - 86.020-000 - Londrina, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected] 3. Dra. Médica Veterinária, Professora do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL. Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, 1626 - Caixa Postal 196 - CEP - 86.020-000 - Londrina, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]. (*) Autora para correspondência.

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INTRODUÇÃO

O cacaueiro (Theobroma cacao) é uma árvore de ambiente úmido,

que não é resistente aos raios solares intensos e ao vento forte. No

Brasil apresenta seu maior percentual de cultivos nos estados da

Bahia (62,3%), Pará (25,7%), Rondônia (7,1%), Espírito Santo (3,3%), Amazonas

(1,4%) e Mato Grosso (0,3%).

O farelo de cacau surge como alternativa viável tanto no ponto de

vista nutricional quanto no econômico, podendo ser utilizado como alimento

alternativo.

Oferece rápida e abundante disponibilidade de nutrientes além de

apresentar grande potencial para utilização na alimentação de ruminantes, tendo

como principal objetivo o aumento da produtividade.

CACAU

O cacau, origina-se da palavra cacahualt, que no idioma maia é a

palavra designada para a árvore que produz cacau, o cacaueiro. O cacau foi

primeiramente utilizado por povos mesoamericanos, como maias e astecas, com

imensa importância social. Nessas sociedades, as sementes do cacau exerciam o

papel de moeda de troca (JESUS, 2003, p. 05).

No Brasil, é uma planta nativa da floresta amazônica e sua origem

está nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, tanto nas terras baixas, dentro dos

bosques escuros e úmidos sob a proteção de grandes árvores, como em florestas

menos exuberantes e mais abertas (FERREIRA, 2013, p. 10). A árvore do cacau,

chega a medir em média cerca de 5 metros de altura e costuma viver até 100 anos

ou mais, não apresenta resistência a exposição a ventos muito fortes e a insolação

muito intensa, por isso necessita de proteção de outras árvores de grande porte

(JESUS, 2003, p. 06).

Os solos para o cultivo do cacaueiro, em geral, devem ser profundos, bem drenados, de textura argilo-arenosa, que permitam um bom desenvolvimento radicular. Não devem ter impedimentos, como piçarra e cascalhos, e o lençol freático deve estar a mais de

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um metro de profundidade. De qualquer forma, o clima e o tipo de solo são muito importantes para se definir o manejo do cacaueiro. Quando se trata do nível de sombreamento da cultura, regiões com solos mais rasos e com menor quantidade de chuvas devem utilizar um maior nível de sombreamento e devem, inclusive, dar maior ênfase à produção florestal (FERREIRA, 2013, p. 14).

De acordo com Jesus et al. (2003, p. 07) a árvore do cacaueiro é

formada por folhas finas de aproximadamente 40 cm, tronco com tonalidade

escura, do qual se originam os frutos, e flores com cinco pétalas, e a sua

reprodução é auxiliada pela polinização através de insetos (entomofilia).

Possui uma raiz principal, pivotante, podendo chegar a dois metros, dependendo da estrutura, profundidade efetiva e fertilidade do solo. Da raiz partem ramificações laterais, com maior concentração nos primeiros 20 a 30 cm da superfície do solo, que se dividem e formam uma rede densa. São essas raízes as principais responsáveis pela absorção de água e nutrientes pela planta, enquanto a pivotante tem como principal função a fixação do cacaueiro. O caule é ereto, de casca lisa e verde durante os dois primeiros anos, tornando-se cinza escuro e de superfície irregular na planta adulta. As flores são hermafroditas e pentâmeras, apresentando pétalas, sépalas, estames e estaminódios ou falsos estames. O cacaueiro produz frutos indeiscentes, do tipo bacóide drupissarcídio, pentalocular, com ampla variação de tamanho, formato, pigmentação, rugosidade, profundidade do sulco longitudinal na superfície da casca, espessura da casca e cerosidade. As sementes constituem a parte de maior interesse econômico do cultivo, variando em cor, formato, peso e tamanho, segundo o grupo genético e o cultivar (FERREIRA, 2013, p. 20 - 21).

O plantio é feito a partir de mudas, por fornecerem maiores

vantagens como vigor e uniformidade dos cacaueiros, diminui o número de falhas

nas plantações e provavelmente antecipação da fase produtiva das plantas. Após

a seleção das plantas vigorosas e sadias o plantio do cacaueiro deve ser feito em

covas de 40 x 40 x 40 centímetros (MATOS et al., 2001, p. 17).

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FARELO DE CACAU

O grão do cacau é utilizado para fabricação de chocolate e durante

o processamento gera uma grande quantidade de resíduo denominado farelo de

cacau (AMORIM, 2011, p. 14)

A tostagem, operação que se realiza após a fermentação dos grãos, com temperatura em torno de 150°C, reduz a umidade dos mesmos para cerca de 2%. Na tostagem, compostos fenólicos, como taninos, presentes no grão, são oxidados, sendo nesse processo eliminado também o ácido acético formado durante a fermentação, ésteres e outras substancias aromáticas não desejáveis, além de ovos de eventuais parasitos. Após tratamento térmico, o aroma e a cor dos grãos são reforçados, tornando os grãos duros e quebradiços, com desprendimento da casca da semente (BELITZ et al., 1998, p. 813). Essa casca constitui o farelo de cacau, que possui composição variando de acordo com o processo usado nessa separação. Aderidos a casca, podem se soltar pedaços dos grãos; a maior ou menor quantidade que se solta confere ao farelo de cacau diferenças em sua composição química, principalmente em proteína e fibra. Além da tostagem, outro processo pode ser usado para separar a casca do grão, que consiste em lavá-los após secagem ao ar e, em seguida, submetê-los a vapor em equipamento apropriado; dessa maneira, o grãos incha e a casca solta (PIRES, 2005, p. 02).

Segundo Nunes (1998, p. 185), além do farelo de cacau com 16%

de proteína bruta, dois outros farelos são encontrados no mercados nacional,

como o de cacau que apresenta 5% de FB, 25% de PB e 7% de MM, e o de casca

de cacau, com teores de FB entre 23 a 26%, 0,8% de cálcio e de 0,55% de fósforo.

Em meado do século XVII, instalaram-se as primeiras plantações de cacau no Brasil, no Estado do Pará. Posteriormente, essa cultura migraria para o sul da Bahia. Em 1995 a produção brasileira de 175 mil toneladas distribuía-se da seguinte forma: Bahia, Com 83%; Pará, com 10%; e Rondônia, com 5%. Assim a lavoura cacaueira constitui-se em uma importante atividade da agricultura brasileira. O Brasil já chegou a produzir cerca de 400 mil toneladas de cacau na metade da década de 80. O predomínio da doença denominada vassoura-de-bruxa, pelo fungo Moniliophthora perniciosa, causa queda na produção devido aos ramos do cacaueiro ficarem secos como uma vassoura velha, e as áreas afetadas não conseguem realizar fotossíntese e, para piorar, liberam substâncias tóxicas que diminuem a produção de frutos, e os poucos frutos produzidos se tornam inviáveis para a fabricação de chocolate. Portanto, faz-se necessário a busca de novas tecnologias, de modo a incentivar um maior desenvolvimento desta

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cultura, que desempenha um papel de extrema importância social e econômica (PIRES et al, 2003, p. 03).

USO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

A utilização de resíduos agroindustriais na alimentação animal,

principalmente em sistema de confinamento, é de fundamental importância quando

o objetivo é reduzir o custo de produção, podendo contribuir, ainda, para a retirada

desses materiais do meio ambiente, o que poderia causar grandes transtornos e

problemas ambientais ao serem descartados em algum período de sua vida

(CARVALHO, 2009, p. 01).

O farelo de cacau apresenta vários alcalóides, sendo os mais

importantes a teobromina e a cafeína. A presença destes compostos restringe o

uso desse resíduo na composição de rações de animais (AMORIM, 2011, p. 18). O

grão cru possui 1 – 2% de teobromina e 0,1% de cafeína. A casca do grão possui

de 0,5 a 0,8% de teobromina. Entretanto após sofrer fermentação e torrefação,

esse teor aumenta para 1,0 a 2,98%, com média de 2,2%, por transferência, a

partir do grão (NUNES, 1998, p. 185).

De acordo com Goodman et al. (1987, p. 387 – 393), a cafeína e a teobromina têm várias ações em comum. Elas estimula o sistema nervoso central (SNC), agem sobre os rins, induzindo a diurese, estimulam o músculo cardíaco e relaxam o músculo liso, em particular a musculatura brônquica. São escassos os estudos da ação da teobromina em animais, mais além das já citadas, sabe-se que, à medida que a dose é elevada, as metilxantinas produzem nervosismo, agitação, tremores e outros sinais de estimulação do SNC. Em doses mais altas, surgem convulsões.

Nunes (1998, p. 185), relatou que o farelo de cascas de cacau (23

a 26% de FB) deve ser usado em até 30% dos concentrados para vaca em

lactação, de 10 a 15% da ração de suínos e abaixo de 5% da ração para aves.

Ultrapassando esses valores, pode provocar queda de postura nas aves, além de

menor fertilidade, redução no número de pintos vendáveis, aumento na

mortalidade embrionária de aves e pode provocar morte em suínos.

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Segundo Silva et al. (2005, p. 02) em estudo realizado com cabras da raça Saanen de 41,66 kg de peso vivo e 60 dias de lactação, recebendo dieta a base de silagem de milho e concentrado padrão e 30% de substituição no farelo de cacau, concluíram que a inclusão de farelo de cacau e torta de dendê, até 30% de substituição parcial ao milho e farelo de soja, no concentrado padrão, não afetou a digestibilidade aparente da matéria seca da ração completa.

Costa et al. (2006, p. 01), estudando técnicas de obtenção de NDT (nutrientes digestíveis totais) com ovinos da raça Santa Inês, concluíram não houve diferença estatística para as comparações entre os métodos de NDT, em função da inclusão de até 21% de farelo de cacau na dieta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A árvore Theobroma cacao possui ciclo vital que pode ultrapassar

a cem anos, ainda apresentando desenvolvimento vegetativo com boa

produtividade, sendo economicamente importante devido todo o aproveitamento

do fruto, principalmente a amêndoa. A agricultura familiar de cacau é uma das

características que confere às famílias oportunidade de alternativas de renda que

podem ir além das atividades agrícolas

O farelo de cacau é utilizado como fonte de alimento alternativo e

oferece uma alta fonte de nutrientes aos animais, com 1.538 kcal/kg de energia

digestível, 35,5% de nutrientes digestíveis totais, 13,62% de proteína bruta, 4,9%

de gorduras%, 14,89 de fibra bruta e 7,6% de matéria mineral. A procura desse

método alternativo de formulação de rações para animais é um dos aspectos

importantes, no sentido de diminuir os custos de produção sem afetar o

desenvolvimento animal.

REFERÊNCIAS

AMORIM, M. G., Fermentação de farelo de cacau por Aspergillus niger para obtenção de lipase e biomassa para alimentação anim al. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, p.01 e 18,2011. BELITZ, H. D.; GROSH, W. Química de los alimentos . Zaragoza: Acríbia, 1998, p. 813.

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CAJU NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL CASHEW IN ANIMAL FEED

Gislaine da Silva¹ Samara Koloda Cristino Malta²

Suelen Túlio de Córdova Gobetti³

Resumo O caju (Anacardium occidentale L.) apresenta-se como uma excelente opção de renda para os fruticultores, pois, além da venda do fruto e da semente para consumo humano, seus resíduos podem ser aproveitados na formulação de dietas para ruminantes e aves. A busca por alimentos alternativos é, e sempre foi de fundamental importância para as agroindústrias. O farelo de castanha de caju, subproduto oriundo do beneficiamento da castanha de caju, é um dos principais alimentos alternativos produzidos no Brasil, sendo o Nordeste o estado que lidera a produção desse alimento. Nutricionalmente, o farelo de castanha de caju destaca-se por apresentar valores médios de proteína bruta (PB) de 22,15%, extrato etéreo (EE) de 35,97%, matéria mineral (MM) de 3,09%, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) de 21,42% e 5,82%, respectivamente. O objetivo deste trabalho é apresentar, através de revisão de literatura, as principais características da castanha de caju, seus subprodutos e uso na alimentação animal. Palavras-chave: Aves, agroindústria, resíduos, ruminantes, subprodutos.

Abstract Cashew (Anacardium occidentale L.) is presented as an excellent income option for growers because in addition to the sale of the fruit and the seed for the human consumption, its waste can be used in formulating diets for ruminants and birds. The search for alternative food is, and has always been of fundamental importance to the agricultural industries. The cashew nut meal, a by-product derived from the processing of cashew nuts, is a leading alternative food produced in Brazil, the states in the Northeast that leads the production of that food. Nutritionally, cashew nut meal stands out to present average values of crude protein (CP) of 22,15%, ether extract (EE) of 35,97%, mineral matter (MM) of 3,09%, neutral detergent fiber (NDF) and acid detergent fiber (ADF) of 21,42% The objective of this work is to present, through literature review, the main characteristic of cashew nuts, its byproducts and use in animal feed. Keywords: Birds, industry, waste, ruminants, by-products.

1 Acadêmica do Curso de Medina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia-UNIFIL. Endereço: AV. Juscelino Kubitschek, 1626-Caixa Postal 196-CEP-86.020-000-Londrina, Paraná, Brasil. E-mail:[email protected] 2 Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia-UNIFIL. Endereço: AV. Juscelino Kubitschek, 1626-Caixa Postal 196-CEP-86.020-000-Londrina, Paraná, Brasil. E-mail:[email protected] 3 Dra., Médica Veterinária Professora do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia-UNIFIL. Endereço: AV. Juscelino Kubitschek, 1626-Caixa Postal 196-CEP-86.020-000-Londrina, Paraná, Brasil. E-mail:[email protected]. (*) Autora para correspondência.

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INTRODUÇÃO

A indústria alimentícia brasileira gera muitos subprodutos da

produção de frutas, que não são utilizados para alimentação humana, podendo ser

usadas na alimentação animal.

O farelo da castanha de caju, subproduto do beneficiamento da

castanha de caju pode ser usados na fabricação de ração para ruminantes e aves,

agregando maior valor ao produto, além de gerar empregos diretos e indiretos na

cadeia produtiva da fruticultura e aumento dos lucros do produtor rural.

O CAJU

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) pertence à família

Anacardiaceae. Esta família, composta por mais de 60 gêneros e 400 espécies,

engloba árvores e arbustos tropicais e subtropicais que apresentam folhas

alternadas e caule resinoso (SOARES, 1986, p.256).

A árvore é sempre verde, chegando a atingir uma altura de até 10

ou mais metros, de copa ampla e esparramada. O tronco é tortuoso, esgalhado a

partir da base, de ramos longos, sinuosos, formando fraude ampla e irregular

(BRAGA, 1976, p.540).

Segundo Soares (1986, p.256), o cajueiro é uma planta típica de clima tropical, sendo encontrada como espontânea ou cultivada em vários países do mundo. Os locais onde o cajueiro encontrou melhores condições de propagação foram no Nordeste do Brasil, principalmente nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, nas costas Leste e Oeste da Índia, e nas regiões litorâneas da Tanzânia, Moçambique e Quênia.

UTILIZAÇÃO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Assim, a polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale L.),

cuja produção brasileira é estimada em mais de um milhão de toneladas/ano,

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sendo produzido quase totalmente na região Nordeste, merece atenção dos

criadores e do meio técnico-científico (DANTAS FILHO, 2004, p.60).

No Ceará pode-se destacar o caju (Anacardium occidentale L.), como uma das principais fruteiras cultivadas, o qual, garante ao estado o destaque de principal produtor no Brasil. Vale ressaltar, que na industrialização do pseudofruto do caju para produção de sucos são gerados em torno de 40% de subproduto (bagaço do pseudofruto do caju) (FERREIRA et. al., 2004, p.1380-1385). O pseudofruto do caju, em média, 81% é representado pelo suco e o restante pelo bagaço úmido (HOLANDA et. al., 1997, p.79-81).

Segundo Dantas Filho (2004, p. 60), a safra de caju na região

Nordeste ocorre na estação seca do ano, no período de julho a janeiro, com

algumas variações, dependendo do estado.

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO ANIMA L

Os principais subprodutos do caju para uso da alimentação animal

são o farelo de castanha de caju, o farelo do resíduo da industrialização do

pedúnculo para extração de suco e ainda o próprio pedúnculo (caju em baga) seco

no campo (MEDEIROS, et. al., 2013, p.364).

Também pode ser usado o bagaço de pedúnculo de caju

enriquecido proteicamente por leveduras, através da fermentação submersa, já

vem sendo utilizada com sucesso em criações de galinha caipira, como ingrediente

substitutivo do milho, trazendo benefícios no ganho de peso desses animais

(HOLANDA et. al., 2002, p.72).

Os animais necessitam de alimentação que atenda às suas

exigências nutricionais quantitativa e qualitativamente, a um custo reduzido,

melhorando a produtividade (MEDEIROS et. al., 2013, p.364).

A alimentação representa um dos mais altos custos da produção,

podendo ser responsável por até 80% do custo total. Assim, torna-se necessário o

conhecimento dos alimentos disponíveis para que se possam escolher os mais

adequados para cada situação e para cada região (RIBEIRO, 1997, p.318).

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Segundo Medeiros et. al. (2013, p.365), fica cada vez mais clara a necessidade de encontrar fontes alternativas de alimentos para animais. Para reduzir os custos com a aquisição de alimentos, o criador deve produzir de forma econômica a maior parte do volumoso e do concentrado utilizados, levando em conta as forragens nativas disponíveis na propriedade e os resíduos da agricultura ou fruticultura disponíveis na região. De acordo Ferreira et. al. (2004, p.1380-1385), na região Nordeste do Brasil a produção de forragem apresenta forte estacionalidade devido principalmente a má distribuição das chuvas. Este fato leva ao fornecimento de forragens de baixa qualidade aos animais, determinando um inadequado consumo de nutrientes, comprometendo assim, a produção animal. Uma das maneiras de se alterar o quadro vigente é desenvolver alternativas para o aproveitamento de subprodutos da agroindústria disponíveis no período crítico do ano. Visto que o ruminante apresenta um sistema 20 digestivo peculiar, capaz de converter, em alimentos de alta qualidade, materiais grosseiros, produtos fibrosos das plantas e subprodutos diversos.

Os resíduos da extração do suco do pseudofruto do caju e dos

pedúnculos imprestáveis para o consumo humano podem ser utilizados na

alimentação animal, seja ao natural, como farelo de polpa de caju (LAVEZZO,

1985, p.50-57).

O resíduo da extração de suco de caju apresenta açúcares em sua composição que podem ser metabolizados como fonte de energia para reações de biossíntese, elevando seu teor protéico. O processo de bioconversão ocorre por meio da reprodução de leveduras que possibilita a obtenção de um concentrado protéico. O pedúnculo do caju, maduro, contém apenas 3% de matéria seca, e, para se processar a biossíntese proteica, a umidade ideal deve situar-se entre 60% e 70%, o que significa que o material fresco deve ser submetido a uma secagem parcial para evitar perdas de açúcares no suco desperdiçado no processamento com umidade total (Medeiros et. al., 2013, p.364).

No Nordeste, na estação seca do ano existe uma menor

disponibilidade de forragem na região, tanto em quantidade como em qualidade, o

que força o produtor a recorrer ao mercado de rações para manutenção do

rebanho (DANTAS FILHO, 2004, p.364).

Desta forma a busca pela utilização mais adequada desse

subproduto, é de extrema importância, não só na formulação de rações para

ruminantes, mas como forma de evitar a poluição do meio ambiente (FERREIRA et.

al., 2004, p.1380-1385).

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Segundo Campos et. al. (2005, p.01), por ser rico em fibras não

digeríveis, pobre em vitaminas e proteínas, pedúnculo de caju tem seu valor

nutritivo limitado, sendo utilizado como ração animal ou descartado no meio

ambiente.

Segundo Neiva et. al. (2001, p.01) relataram valores para este

subproduto de 91.0% matéria seca (MS); 22.1% proteína bruta (PB); 35.8% extrato

etéreo (EE); 18.76% fibra em detergentes neutros (FDN) e 6.9% de cinza.

Em um trabalho de pesquisa, Dantas Filho (2004, p.60), por sua

vez, encontrou os valores de 91,52% de matéria seca, 16,05% de proteína bruta,

2,23% de matéria mineral, 62,64% de fibra em detergente neutro e 26,79% de fibra

em detergente ácido, para o pseudofruto desidratado do cajueiro.

Ferreira et, al. (2004, p.1380), concluíram que o bagaço de caju pode ser utilizado como aditivo na ensilagem de capim-elefante, melhorando as características fermentativas da silagem, com elevação no teor de PB e redução dos teores de FDN, sendo recomendada a adição de até 47,7% de bagaço de caju para se obter o nível máximo de PB e, aproximadamente, 37,5% de adição de bagaço de caju para atingir o menor nível de FDN.

Segundo Freitas et. al. (2006, p.1001) o farelo de castanha de caju,

utilizado na alimentação de frangos de corte, não compromete o desempenho nas

diferentes fases de criação. A inclusão do farelo de castanha de caju na ração

para frangos de corte, a partir de 10%, melhora o ganho de peso e a conversão

alimentar dos animais.

Na atividade avícola, a alimentação é o ponto crítico, pois

representa cerca de 60 a 70% dos custos de produção da carne de frango; além

disso, no Brasil, os principais ingredientes utilizados nas dietas de aves, o milho e a

soja, são produtos também são consumidos pelo homem (FREITAS et. al., 2006,

p.1001). O farelo de castanha de caju apresenta valor nutricional satisfatório,

podendo ser perfeitamente utilizado nas dietas para ruminantes (ALMEIDA, 2014,

p.03).

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Segundo Araújo (2012, p.76) a inclusão de até 15% de bagaço de caju com adição ou não do complexo enzimático na alimentação de codornas em postura diminui o consumo de ração das aves e melhorou o peso médio dos ovos. Com a adição de complexo enzimático na dieta melhorou a conversão alimentar por massa de ovos e no tratamento com 75% de bagaço de caju desidratado melhorou a conversão alimentar por dúzia de ovos. Já Dantas Filho (2004, p.60), ao estudar o efeito do pseudofruto do cajueiro na alimentação de ovinos, destacou que o cajueiro é constituído pelas seguintes partes: a castanha que contém a amêndoa, o líquido da casca e a casca; o pedúnculo do qual se obtêm o suco e o bagaço (polpa de caju), que, quando seco, dá uma farinha que é utilizada como componente de ração animal; a lenha, proveniente da poda dos galhos muito ramificados e que se espalham atingindo o solo.

O consumo pelos animais pode ser feito de forma in natura, porém

não deve ser administrado puro, pois é deficiente em cálcio (0,059%), fósforo

(0,037%), cobre (0,087 ppm), cobalto e a proteína apresenta deficiência acentuada

em aminoácidos essenciais tais como, fenilalanina, metionina e isoleucina.

(HOLANDA et. al., 1997, p.79, LEITE et. al., 2011, p.38).

O produto final, após secagem, apresenta maior conteúdo protéico

que o caju fresco e maduro, com determinação de até 14,8% de proteína bruta

(FONSECA FILHO, 1983, p.59).

Um composto considerado antinutricional, presente no pedúnculo

de caju, é o tanino, responsável pelo sabor amargo. Os teores de taninos variam de

acordo com o ano de colheita, local, tipo de caju, variedade e método de secagem

do pseudofruto (MEDEIROS et. a.l, 2013, p.367).

Os teores de taninos em excesso na ração podem causar

problemas de palatabilidade e redução na taxa de crescimento dos animais, pela

diminuição no aproveitamento energético da dieta e excreção de altos níveis de

nitrogênio nas fezes como resultados da interação taninos e proteínas

(DURINGAN, 1994, p.127).

Segundo Medeiros et. al. (2013, p.366), é importante a correção

das deficiências minerais para maximizar o potencial alimentar, devendo o caju ser

consumido em misturas balanceadas. O uso contínuo e exclusivo de caju sem

correção mineral, por ruminantes, pode ocasionar o abortamento de crias, o

nascimento de filhotes atrofiados e até a morte de animais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caju apresenta-se como uma alternativa de uso na alimentação

animal, com resultados satisfatórios relatados quando usado principalmente na

alimentação de frangos de corte.

Encontra-se no pseudofruto desidratado do cajueiro valores de

aproximadamente 92% de matéria seca, 16% de proteína bruta, 63% de fibra

detergente neutro (FDN) e 27% de fibra detergente ácido (FDA), demonstrando ser

um subproduto de excelente valor nutricional.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. S. de; SANTOS NETO, L. D. dos; PAIVA, K. S. L. de; ZAIDEN, R. T.; SILVEIRA NETO, O. J.; BUENO, C. P. Utilização de subprodutos de frutas na alimentação animal. Revista Eletrônica Nutritime , v.11, n.3, p.03, 2014. Disponível em < http://www.nutritime.com.br/arquivos_internos/artigos/ARTIGO248.pdf >. Acesso: 24 mai 2015. ARAÚJO, K. B. de S. Utilização de bagaço de caju desidratado e complex o enzimático na ração para codornas japonesas em post ura . Universidade Federal do Rio Grande do Norte Programa de pós-graduação em produção animal. Dissertação (Mestrado), Macaíba, RN, dez, 2012, p.76. Disponível em < http://www.bvs.vet.org.br/.../utilizacao-de-bagaco-de-caju-desidratado-e-comp...>. Acesso 01 set 2015. BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 3.ed. Fortaleza, ESAM, p.540, 1976. CAMPOS, A. R. N.; SANTANA, R. A. C. de; DANTAS, J. P. OLIVEIRA, L. S. C. SILVA, F. L. H. de. Enriquecimento protéico do bagaço do pedúnculo de caju por cultivo semi-sólido. Revista de Biologia e Ciências da Terra , Paraíba, v.5, n.2, p.01, 2005. Disponível em < http://www.redalyc.org/pdf/500/50050210/pdf >. Acesso: 15 ago 2015.

DANTAS FILHO, L. Inclusão da polpa de caju (Anacardium occidentale L.) desidratada na alimentação de ovinos mestiços da ra ça Santa Inês: desempenho, digestibilidade e balanço de nitrogênio . Teresina, PI. UFPI. 2004.

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p.60. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) ─ Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Piauí. Disponível em < http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ciencianimal/arquivos/files/DM_LADF.pdf >. Acesso: 31 ago 2015. DURIGAN, J. F. Fisiologia da digestão e absorção das aves: fatores antinutricionais. Campinas: Fundação APINCO de Ciências e tecnologia Avícolas, p.127-150, 1994. FERREIRA, A. C. H; NEIVA, J. N. M; RODRIGUEZ, N. M; LÔBO, R. N. B. VÂNIA, R. V. Valor Nutritivo das Silagens de Capim-Elefante com Diferentes Níveis de Subprodutos da Indústria do Suco de Caju. Revista Brasileira Zootecnia , v.33, n.6, p.1380-1385, 2004. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1516-35982004000600004&script >. Acesso 01 set 2015. FERREIRA, A. C. H. Valor nutritivo das silagens de capim elefante com diferentes níveis de subprodutos da indústria do su co de caju. Fortaleza, Ceará, 2002. Disponível em < http:/ /www.neef.ufc.br/dissert%20%ana%20cristin.pdf >. Acesso: 31 ago 2015. FONSECA FILHO, V. M. Valor nutritivo do farelo do resíduo industrial do psedo fruto do cajueiro (Anacardium occidental L.). Dissertação (Mestrado). Departamento de Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba, Areia, p.59. FREITAS, E. R.; FUENTES, M. de F. F.; SANTOS JÚNIOR, A. dos; GUERREIRO, M. E. F.; ESPÍNDOLA, G. B. Farelo de castanha de caju em rações para frangos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira , Brasília, v.41,n.6.p.1001-1006,jun. 2006. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/pab/v41n6/30867.pdf. Acesso: 20 jun 2015. HOLANDA, J. S.; OLIVEIRA, J. F.; MELO, J. B.; SILVA, J. C.; SOUZA, N. A.; SILVA, H. P.; AZEVEDO, J. C. T. Manejo e produção de galinha caipira . Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, 2002, p.72. HOLANDA, J. S.; OLIVEIRA, A. J. E; FERREIRA, A. C. Enriquecimento protéico de pedúnculos de caju com emprego de leveduras, para alimentação animal. Pesquisa Agropecuária Brasileira : v.33, n.5, 1997, p.79-81. Disponível em < http://www.ainfo.cnptia.embrapa.br/.../ENRIQUECIMENTO-PROTEICO-DO-PEDU >. Acesso 01 set 2015. LAVEZZO, W. Silagem de capim-elefante. Informe Agropecuário , Belo Horizonte, v.11, n.1 32, p.50-57, 1985.

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LEITE, D. F. de L. Consumo e digestibilidade de rações a base de caju na dieta de ovinos. Monografia (curso de zootecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, p.38, 2011. MEDEIROS, V. B. de; Holanda, J. S. de; LEITE, D. F. de L. Farelo de caju na produção de leite de cabras. Agronegócio caju: práticas e inovações . Brasília, DF: Embrapa, cap.4, p.364-367, 2013. Disponível em < http://www.ceinfo.cnpat.embrapa.br/arquivos/artigos_4154.pdf >. Acesso: 20 jul 2015. NEIVA, J. N. M.; Teixeira, M. C.; LOBO, R. N. B. Avaliação do valor nutritivo de silagens de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) com diferentes níveis de subproduto de pseudofruto do caju (Anacardium ocidentale). In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 37., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: SBZ, p.01-03. 2001. RIBEIRO, S. D. A. 1997. Caprinocultura: Criação Racional de Caprinos. São Paulo. Nobel, 1997.1ª Ed. p.318. SOARES, J. B. O caju: aspectos tecnológicos. Fortaleza, BNB, 1986, p. 256.

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CANA DE AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Paula Dias dos Santos¹ * Danieli Rodrigues Becari¹

Mariana Lopes Silvestre Simioni¹ Patrícia Alves Simão¹

Suelen Tulio de Cordova Gobetti²

Resumo A cana de açúcar (Saccharum officinarum) é uma planta muito resistente à secas, tolera solos pouco férteis e diferentes tipos de pH, sendo portanto adaptável às diferentes regiões de cultivo do Brasil, além de doenças e pragas. A contra indicação de cultivo são solos arenosos, pois esses não armazenam muita água e dessa forma pode diminuir a produção de sacarose na planta. Na alimentação é recomendada como volumoso e suplemento especialmente para bovinocultura, não sendo indicada para animais monogástricos, como por exemplo, os equinos por poder causar cólicas. Esse trabalho tem como objetivo destacar, através de revisão de literatura, o histórico da cana de açúcar, suas qualidades nutritivas, forma de cultivo da planta e formas de se utilizada na alimentação de animais de diferentes espécies, principalmente ruminantes. Palavras-chave: Histórico; plantio; utilização; alimentação de ruminantes.

Abstract Sugarcane (Saccharum officinarum) is a plant very resistant to droughts, tolerates very non fertile soils and different types of pH, being therefore adaptable to the different regions of cultivation in Brazil, besides diseases and pests. The contraindication of cultivation are sandy soils, since they do not store much water and in this way can decrease the production of sucrose in the plant. In feed is recommended as a bulky and supplement especially for cattle breeding and is not indicated for monogastric animals, such as horses for causing colic. This work aims to highlight, through a literature review, the history of sugarcane, its nutritional qualities, the way of cultivating the plant and the ways it is used to feed animals of different species, mainly ruminants. Keywords: History; planting; use; ruminant feed

1. HISTÓRICO DA CULTURA

A cana de açúcar é uma planta de origem do sul e sudeste asiático. Especialistas afirmam que as espécies cultivadas atualmente são oriundas da Melanésia. A espécie Saccharum officinarum, por exemplo, estava intimamente 1 Acadêmicas do Curso de Medina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia-UNIFIL. 2 Dra., Médica Veterinária Professora do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia-UNIFIL. Endereço: AV. Juscelino Kubitschek, 1626-Caixa Postal 196-CEP-86.020-000-Londrina, Paraná, Brasil. E-mail:[email protected]. (*) Autora para correspondência.

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associada à vida social da população desta região, pois desde a pré-história ela vem

sendo cultivada, consumida e relatada no local. Acredita-se que sua origem

domesticada e plantada para consumo iniciou-se na Melanésia, em Oceania. E depois

se dissipou por nova Guiné e Java (CIB, 2013).

Desde então da Nova Guiné se espalhou por varias linhas do sul

do Oceano Pacífico tais como na Indochina e Bengala (CREDIDIO, 2007).

Existem diversos relatos e literaturas datados desde a Antiguidade

que comprovam a cultivação e manejo da cana pelos persas. Eles são considerados

os pioneiros de diversas técnicas de produção do açúcar cristalino a partir da cana. O

meio que utilizaram por séculos é, em seu modo geral, simples, porém eficaz onde

consistia na drenagem do mel com base na ação da gravidade. Os segredos dessa

produção de açúcar se espalharam rapidamente por todo o Oriente Médio. Os árabes

e os egípcios, por exemplo, aprenderam com os persas esse cultivo e a retirada do

mel do interior da planta. E foi dessa forma que por volta do século X e XI se

estabeleceram as chamadas “rotas do açúcar” onde as caravanas faziam o transporte

do açúcar entre os países asiáticos e africanos (BORGES, 2012).

Foi em Constantinopla, atual Istambul, que concentrava todo o

comércio Ocidental à porta de entrada da cana para a Europa (CREDIDIO, 2007).

Após as Grandes Navegações vários lugares já existia a cana, já

que essa por sua vez se disseminou rapidamente devido o sabor adocicado de seu

caldo (MACHADO, 2012).

Coube para Portugal e Espanha através dos navegantes a

implantação da cana nas Américas (BORGES, 2012).

Cristóvão Colombo, como muitas literaturas indicam, trouxe para

as Américas o plantio de cana em 1493, na sua segunda viagem para o continente,

onde hoje se localiza a Republica Dominicana (MACHADO, 2012).

Já no Brasil foi Martins Affonso de Souza que em 1532 introduziu

a primeira muda de cana de açúcar vindas da ilha Madeira e iniciou o plantio na

capitania de São Vicente. Lá ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar

brasileiro em 1533 (BORGES, 2012).

Desde então a produção se dissipou por todo o território brasileiro.

Foi no Nordeste, principalmente nas capitanias de Pernambuco e Bahia que a

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produção teve maior multiplicação e desenvolvimento. Sendo que em Pernambuco no

final do século XVI já se encontrava 66 engenhos implantados (MACHADO, 2012).

A lavoura de cana de açúcar foi a primeira a ser instalada no

Brasil. Já no século XVII o Brasil já era considerado o maior produtor de açúcar do

mundo. Isso só foi possível devido ao rico solo e ao clima favorável do qual a planta se

adaptou perfeitamente (PARANHOS, 2006).

A organização do trabalho na cana do Brasil se dividiu em dois: a

grande lavoura que usava grande quantia de mão de obra, com uso extensivo da terra

e representando grande volume da produção era destinada para a exportação. Já as

pequenas lavouras empregava mão de obra reduzida e era utilizada para o consumo

interno, a subsistência do cultivador (BORGES, 2012).

A cana de açúcar deu suporte e sustentação da colonização no

Brasil. Foi na capitania de Pernambuco que se iniciou e floresceu o primeiro centro

açucareiro brasileiro motivado por três grandes aspectos: a habilidade e eficiência do

donatário, a terra e o clima favorável para a produção e a localização geográfica mais

próxima da Europa (GODOY, 2007).

O progresso da indústria açucareira no século XVII foi espantoso.

Na Bahia, onde os indígenas destruíram os primeiros engenhos, a produção começou

após 1550. Alagoas fronteira com Pernambuco, só teve seu primeiro engenho em

1575. Em Sergipe os portugueses procedentes da Bahia iniciarão a produção de cana

de açúcar a partir de 1590 (BORGES, 2012).

No Paraná não se sabe exatamente quando a cana chegou aqui e

como sua produção se estabeleceu, mas sabe-se que no Paraná a produção é voltada

para o etanol e a indústria automobilística (SANTOS; BORÉM, 2007).

EXIGÊNCIAS DA PLANTA

Para o plantio da cana de açúcar existem diversas exigências

necessárias que a planta possui. Antes do inicio do plantio deve-se fazer o

planejamento do local que será utilizado para o plantio. Realiza-se uma preparação da

área com um levantamento topográfico, e após isso se inicia um trabalho de

engenharia chamado sistematização do terreno, no qual se divide a área em talhões e

colocam-se os carreadores em principais e secundários (ROSSETTO, 2009).

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O plantio dos talhões atualmente é buscado de forma que fiquem

alinhados com grande comprimento para facilitar a manobra das maquinas durante a

colheita. Pois em geral esses talhões de cana são subdivididos por meio da topografia

do solo e que tem em média de 10 a 20 hectares (ROSSETTO; SANTIAGO, 2009).

Antes do plantio é necessário também planejar o plantio das

mudas ou buscar as mesmas no mercado ou pelo um fornecedor. Sendo assim, então

se divide o plantio em quatros etapas: corte das mudas, distribuição do sulco, corte

dos colmos dentro dos sulcos e cobertura (BORGES, 2012).

Porém antes de distribuir as mudas nos talhões existe muitas

variáveis a serem consideradas como: amostra do solo, escolha da cultiva, clima,

época de plantio e a quantidade de mudas (ROSSETTO; SANTIAGO, 2009).

1.1. Solo

ROSSETTO (2009), cita que é importante conhecer e adaptar os

solos para as exigências de fertilidade da cana de açúcar, pois assim se tiver um solo

de boa qualidade comparado a necessidade de cana, pode-se obter um produto final

muito mais nutritivo e de boa qualidade.

Como base em dados (MARTIN, 2007) o solo mais utilizado na

plantação da cana de açúcar no Paraná é de solo tipo argiloso, nitossolo, latossolo

roxo e latossolo de textura média.

O solo para a cana são em geral solos profundos, pesados, bem

estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção de agua são os ideais para a

cana devido à rusticidade e simplicidade da planta (BORGES, 2009).

1.2. Clima

O conhecimento das formas e exigências das plantas é

fundamental para o sucesso da atividade e por isso esse fator é importante

economicamente aceitável e auxilia a diminuição do impacto ambiental (MARTIN,

2007).

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No clima, por exemplo, a cana se adapta muito bem em regiões de

clima tropical, quente e úmido, e a temperatura geralmente é aceitável entre 19 e 32

°C onde as chuvas devem ser bem distribuídas, com precipitação de acumulo de 1000

milímetros por ano (ROSSETTO, 2009).

A cultura tem duas fases principais de desenvolvimento: o

crescimento vegetativo; a fase que a planta esta favorecida por clima úmido e quente.

E a maturação; que é quando as temperaturas amenas e a baixa disponibilidade de

agua que favorecem o acumulo da sacarose (BORGES, 2012).

As condições mais excelentes para a produção da cana de açúcar

são no estado de São Paulo, como pode ser observado na Figura 1, pois permite o

crescimento vigoroso da planta durante a primavera e o verão e oferece condições

melhores para a maturação e a colheita (MARTIN, 2007).

O plantio da cana pode ser feito em três épocas distintas: cana de

ano, cana de ano e meio, e cana de inverno. As condições climáticas têm importância

fundamental para o plantio, pois afetam o desenvolvimento e o acumulo de açúcar da

cana. A planta precisa de alta disponibilidade de agua, temperaturas elevadas e alto

índice de radiação solar, por estes fatores, ela se desenvolve melhor em regiões

quentes e úmidas (ROSSETTO; SANTIAGO, 2009).

Os canaviais são semiperenes, porque só são replantados após

cinco ou seis anos do primeiro plantio, ou seja, são feitas cinco colheitas antes de sua

reforma (BORGES, 2012).

No estado de São Paulo o plantio é realizado entre outubro a

março, no Nordeste de junho a novembro. Atualmente a maior parte, senão

totalmente, do plantio é feita manualmente em sulcos enterrados entre 20 a 30 cm, os

colmos (toletes) em linhas com distancia de 1,5 m uma das outras para colheita

mecanizada. A primeira colheita pode ser realizada entre 12 e 18 meses do plantio. A

produção varia de 60 a 95 toneladas por hectare (ROSSETTO; SANTIAGO, 2009).

O Brasil possui mais de 400 mil usinas de processamento da cana

e mais de 70 mil produtores de matéria prima (ROSSETTO, 2009).

1.3. Quantidade de mudas

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A quantidade necessária de mudas varia entre dez e quinze

toneladas por hectare. Quando a época de plantio é adequada e a qualidade da muda

esta excelente, pode-se optar por menores quantidades de mudas (BORGES, 2012).

As mudas são canas novas, com oito a dez meses plantados em

condições ótimas, com controle de pragas e doenças. É necessária a distribuição de

ao menos 12 gemas por metro de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, é

necessário dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro (ROSSETTO;

SANTIAGO, 2009).

1.4. Impactos ambientais da cana

Os impactos ambientais da cana é um assunto de discussão muito

importante nos dias atuais. A colheita da cana é um assunto, pois em muitos lugares

ainda se utiliza as queimadas, mesmo sendo proibida e monitorada há muitos lugares

que ainda praticam esse ato obsoleto e poluente (ROSSETTO, 2009).

A vigilância da sociedade e do governo em frente a esse tema é

repercutida medidas de prevenção, eliminação e regulação das queimadas (BORGES,

2012).

1.5. Colheita

A colheita da cana pode ser feita de modo manual e de modo

mecanizado.

O corte ou colheita manual da cana é o modo mais comum de colheita,

porém é alvo de polemicas que são relacionadas as queimadas que alguns utilizam

para facilitar a colheita (ANTUNES et al, 2009).

No entanto, essa técnica vem se tornando obsoleto por diversos

fatores dentre eles: a inovação tecnológica, a poluição e a grande quantidade de mão

de obra exigida (ANTUNES et al, 2009).

O trabalhador que faz a colheita manual utiliza equipamento que

pode ser chamado de diversos nomes, folha, podão ou facão variando com a região.

Se o corte do material não for de interesse de usinas, que ocorre com a cana crua, o

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trabalhador faz o corte e tem sua palha eliminada pela queimada. Em seguida o

cortador faz corte dos colmos na altura basal e o corte dos ponteiros, lança da cana

cortada sobre a área formando “leitos” (BORGES, 2012).

Já o corte mecanizado proporciona a redução de 20% dos custos

da produção quando comparado ao de corte manual. Porém aqui no Brasil ainda se

investe muito pouco neste setor, mesmo sendo mais eficaz e econômico além de

evitar poluentes no meio (ANTUNES et al, 2009).

O acamamento da cana no Brasil tem um problema para o corte

mecânico já que nas condições atuais as maquinas aqui apresentam baixo

rendimento. Então para que haja uma elevada eficiência desse tipo de colheita o

produtor deve ter características associadas como, menor densidade de colmo e alta

produtividade, além de acamamento da planta. Por ser uma tarefa muito árdua é

pouco utilizada no Brasil (BORGES, 2012).

O corte mecanizado pode reduzir a longevidade da cana de

açúcar, porque algumas máquinas não possuem o corte eficiente, podendo chegar a

cortar próximo a 50 cm acima da superfície do solo, geralmente o corte eficiente é

cerca dos 20 cm. Portanto, durante o cultivo é necessário que o relevo da área seja

uniformizado, facilitando assim o corte dos colmos (ANTUNES et al, 2009).

Cortar a cana em alturas elevadas pode trazer prejuízos de

diversas naturezas, como o desperdício deixado pelo toco no campo e a diminuição do

perfilho. Para que esse prejuízo seja minimizado, recomenda-se a colheita manual dos

tocos. Em canaviais onde essa prática foi adotada chegou-se a colher cerca de oito

toneladas de cana. O corte dos ponteiros também é importante, pois assim pode-se

obter uma cana de melhor qualidade e com menos palha para a indústria e não

comprometeria o rendimento da moagem da cana (SANTOS; BOREM, 2007).

DESTINO DA PRODUÇÃO DA CANA DE AÇÚCAR

A cana de açúcar tem diversas finalidades e toda sua estrutura é

utilizada. Produz açúcar, etanol, álcool consumível, forragem para animais, consumo

da sacarose, rações animais, entre outras funções. O bagaço da cana pode ser

aproveitado como um ótimo adubo (ALCARDE, 2009).

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Silagem: a cana de açúcar pode ser conservada e utilizada na

forma de silagem, diminuindo a necessidade de mão de obra adicional para o corte e a

picagem diária dela. O inconveniente desta forrageira na obtenção de silagem é seu

alto nível de açúcares solúveis que cria a rápida manifestação de leveduras com

produção de etanol e gás carbônico. Portanto, deve-se ter cuidado especial no

processo de ensilagem, utilizando de preferência cana e outra forrageira picada no

processo de enchimento do silo, observaram que o tamanho da partícula apresentou

influencia sobre os teores médios de proteína bruta das silagens de cana de açúcar

(BAUER; VARGAS JR, 2008).

ASPECTOS NUTRICIONAIS DA CANA DE AÇÚCAR

A cana de açúcar é uma fonte de minerais: ferro, cálcio, potássio,

sódio, fósforo, magnésio e vitaminas do complexo B e C, além de antioxidantes que

em humanos previne em certas circunstancias, como doenças cardiovasculares e

auxilia no sistema imunológico (ANTUNES et al, 2009).

Pode-se observar no Quadro 1, a composição Bromatológica da

cana de açúcar, segundo Nussio (2007).

USO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

A cana de açúcar possui um componente fisiológico que o

diferencia entre as gramíneas tropicais, pois sua digestibilidade total aumenta com a

maturação da planta. O grande modo de uso da cana na alimentação animal se deve à

sua disponibilidade como volumoso durante seca, sua produção elevada por hectare e

por apresentar pequeno custo da tonelada da matéria seca e energia (PINTO, et al

2003).

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Quadro 1. Composição Bromatológica da Cana de açúcar

Variável

(%)

Número de

Amostras

Valor médio Valor Mínimo Valor Máximo

Matéria seca 21 27,7 20,4 33,9

Proteína Bruta 33 2,73 1,19 4,43

Extrato etéreo 26 0,73 0,31 1,28

Matéria mineral 33 3,10 0,81 6,42

ENN 26 68,0 53,3 75,5

FDN 23 47,3 37,9 63,9

FDA 26 30,0 23,8 41,8

Celulose 23 25,3 20,0 35,6

Lignina 23 4,73 3,56 6,93

NDT estimado 33 64,5 53,9 69,5

Fonte: Adaptado de Nussio (2007)

A cana é utilizada principalmente como suplemento alimentar para o

período de seca com os ruminantes. Esse fator se baseia na facilidade do cultivo e na

tradição do mesmo (PINTO, et al 2003).

SOUSA (2011), estudou a utilização da cana como opção de volumoso

na dieta de ruminantes, dieta composta de 40% de volumoso da silagem da cana de

açúcar de alta digestibilidade de fibras 60% de outros concentrados apresentam-se

uma taxa maior de passagem de alimento no rúmen.

Pelo fato da safra de cana ocorrer no inverno ela se torna atrativa ao

produtor. Mas alguns não a utilizam pelo fato de ter problemas relacionados a baixa

digestibilidade por conter muita fibra de baixa qualidade (BORGES, 2012).

Porém um estudo feito por Mesquita (2013), analisando a variedade

IAC86-2480 da cana que tem alta digestibilidade da fibra e se comprovou que a oferta

da cana fresca desta variedade ao gado não interfere no desempenho do animal.

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Mas entra em questão outro problema, pois a oferta da cana fresca

para o gado pode ser um problema operacional, uma vez que nessa forma a cana tem

necessidade do corte diário, um único animal consome entre 15 a 20 kg de volumoso

por dia (DIAS, 2013).

A cana na alimentação de equinos não é muito recomendada pelo fato

de dar cólicas para o animal, mas pode ser utilizada em pouca concentração na dieta

do animal junto com algum outro volumoso. Se o equino não esta acostumado com

essa gramínea deve-se utilizar a introdução na dieta aos poucos para evitar as cólicas

e o mínimo desconforto ao animal (ROSSETTO, 2009).

CONCLUSÃO

A cana de açúcar é uma planta muito forte que resiste tanto solos

ácidos como solos alcalinos, solos inférteis e secas longas anuais.

A colheita da cana é feita em ate seis vezes o que a torna uma planta

semiperene de várias colheitas antes deum novo plantio para renovar a plantação e

sempre ter um ótimo rendimento.

Na alimentação animal é muito recomendada como suplementação de

dieta de volumosos para ruminantes. Mas possui uma contra indicação para equinos

uma vez que causam cólicas e desconforto no animal.

Apresenta composição Bromatológica com média de MS 27,7%; PB

2,73%; Extrato Etéreo 0,73%; Matéria Mineral 3,10%; ENN 68%; FDN 47,3 %; FDA

30%; Celulose 25,3%; Lignina 4,73% e NDT estimado de 64,5%.

REFERÊNCIAS

ALCARDE, A. R. (2009) Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acuca/arvore/CNTAG01_108_22122006154841.html>. Acessado em 27.mar.2016. ANTUNES, J. F. G.; AZANIA, C. A. M.; AZANIA, A. A. P. M. (2009) Impactos Ambientais das Queimadas de Cana de Açúcar. Disponível em

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ANTUNES, J. F. G.; AZANIA, C. A. M.; AZANIA, A. A. P. M. (2009) Impactos Ambientais das Queimadas de Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.grupocultivar.com.br/artigos/impactos-ambientais-das-queimadas-de-cana-de-acucar>. Acessado em 27.mar.2016. BAUER, F. C.; VARGAS JR, F. M. (2008) Produção e Gestação Agroindustrial vol. 2. Campo Grande/MS. Disponível em <http://www.fkb.br/biblioteca/livrosadm/Produ%C3%A7%C3%A3o%20e%20gest%C3%A3o%20agroindustrial%20-%20Fernando%20C%C3%A9sar%20Bauer%20e%20Fernando%20Vargas%20Jr.pdf> Acessado em 28.mar.2016. BORGES, B. M. M. N. (2012) Resposta da Segunda Soqueira da Cana de Açúcar à Aplicação de Nitrogênio na Presença e Ausência de S ilício. Disponível em <http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/96862/borges_bmmn_me_jabo.pdf?sequence=1>. Acessado em 30.mar.2016. CIB, Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2013) Cana de Açúcar – Origem. Disponível em <http://cib.org.br/biotec-de-a-a-z/publicacoes/guia-da-cana-de-acucar/origem/>. Acessado em 26.mar.2016. CREDIDIO, E. (2007) Você Sabia que o Açúcar é o Ouro Branco? Disponível em <http://grupoalimenta.com.br/voce-sabia-que-o-acucar-e-o-ouro-branco/>. Acessado em 26.mar.2016. DIAS, V. (2013) Silagem de Cana é Opção de Volumoso para Bovinos. Disponível em <http://www.usp.br/agen/?p=147634>. Acessado em 29.mar.2016. GODOY, M. M. (2007) Civilizações da Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20304.pdf>. Acessado em 27.mar.2016. MACHADO, F. B. P. (2012) A História da Cana de Açúcar – Da Antiguidade aos Dias Atuais. Disponível em <http://www.udop.com.br/index.php?item=noticias&cod=993>. Acessado em 26.mar.2016. MARIN, F. R. (2003) Arvore do Conhecimento: Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_2-_3112006152934.html>. Acessado em 30.mar.2016 MARTIN, F. R. (2007) Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_18_3112006152934.html>. Acessado em 27.mar.2016.

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MESQUITA, B. S. (2013) Efeitos da Digestibilidade da Fibra da Cana de Açúc ar e do Nível de Concentrado Sobre o Desempenho em Touri nhos Nelore em Terminação. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10135/tde-19112013-094518/pt-br.php>. Acessado em 29.mar.2016. PARANHOS, P. (2006) O Açúcar no Norte Fluminense. Disponível em <http://www.hitorica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao08/materia02/>. Acessado em 26.mar.2016. PINTO, A. P.; PEREIRA, E. S.; MIZUBUTI, I. Y. (2003) Caracteristicas Nutricionais e Formas de Utilização da Cana de Açúcar na Alimentaç ão de Ruminantes. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/semina_24_1_19_20_000fkv0tsyq02wyiv80sq98yqz5yxae.PDF>. Acessado em 28.mar.2016. ROSSETTO, R. (2009) Arvore do Conhecimento: Cana de Açúcar – Corte. Disponível em <http://wwwagencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_98_22122006154841.html>. Acessado em 28.mar.2016. ROSSETTO, R.; SANTIAGO, A. (2009) Cana de Açúcar. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_98_22122006154841.html>. Acessado em 26.mar.2016. SANTOS, F. A.; BOREM, A. Cana de Açúcar: do plantio à colheita. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG, cap. 2 e 3, p.27-49.

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DETECÇÃO DE FRAUDES DE LEITE NO SEU RECEBIMENTO EM UM LATICINIO DE LONDRINA, PR

Flávia M. Nakase¹ Fernanda Evers²

Fabiana Maria Ruis Mori² Suelen Tulio de Córdova Gobetti2

Resumo O leite é um dos alimentos mais consumidos no mundo todo, porém é muito perecível. Assim o controle de qualidade deve ter uma grande preocupação com a segurança sua matéria-prima. As fraudes em leite já são práticas históricas, porém algumas ficaram mais modernas, sendo um verdadeiro desafio identificá-las e monitorá-las. São comumente relatadas no recebimento de leite aos laticínios pelo Brasil, por isso se faz necessário análises de cada lote. Essas análises ou provas são estabelecidas pela legislação e devem ser rigorosamente seguidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar as fraudes encontradas no recebimento de leite de um laticínio de Londrina - PR e quais as provas utilizadas para descobri-las. As fraudes encontradas foram a adição de água, adição do reconstituínte sacarose e inibidor/conservante antibiótico. A aplicação de punição para fraudadores e o pagamento por qualidade do leite, teriam maiores efeitos para a qualidade da produção de leite no país. Palavras-chave : Análises, água, sacarose, antibiótico

Abstract Milk is one of the most consumed foods in the world, but it is very perishable. So quality control should have a great concern with the safety of its raw material. Milk frauds are already historical practices, but some have become more modern, and it is a real challenge to identify and monitor them. They are commonly reported in dairy milk in Brazil, so it is necessary to analyze each batch. These analyzes or evidence are established by law and must be strictly followed. The objective of this work was to evaluate the frauds encountered in the receipt of milk from a dairy in Londrina - PR and the evidence used to discover them. The frauds were the addition of water, addition of reconstituínte sucrose and antibiotic inhibitor / preservative. The application of punishment to fraudsters and payment for milk quality would have greater effects on the quality of milk production in the country. Keywords: Analyzes, water, sucrose, antibiotic

1. Trabalho de Conclusão de curso da primeira autora 2. Médicas Veterinárias, doutoras, professoras do curso de Medicina Veterinária

do Centro Universitário Filadélfia- Unifil. Autoras para correspondência.

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INTRODUÇÃO

Segundo a legislação Brasileira entende-se por leite o produto oriundo

da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem

alimentadas e descansadas (BRASIL, 1997). Devido ao seu grande valor nutritivo, o

leite representa uma grande importância para a alimentação humana (OHI et al.,

2010). Ele é uma grande fonte de carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e

minerais, em decorrência disto o leite também se torna um meio para crescimento de

microrganismos indesejáveis (SOUZA et al.,1995), assim a sua durabilidade é

extremamente limitada. Com o crescimento dos microrganismos há modificações

físico-químicas (VENTURINI; SARCINELLI; SILVA, 2007).

As condições físico-químicas devem ser verificadas laboratorialmente

determinando sua qualidade, valor nutricional, rendimento industrial e detecção de

possíveis fraudes (PONSANO et al., 2001). É considerado leite fraudado, adulterado

ou falsificado o que for adicionado de água, tiver sofrido subtração de qualquer dos

seus componentes, for adicionado de substâncias conservadoras ou de quaisquer

elementos estranhos à sua composição (BRASIL, 1997). Dentre as fraudes é possível

encontrar substancias conservadoras e/ou inibidoras, redutoras de acidez e

reconstituintes de densidade (TRONCO, 2013).

A fraude mais comumente encontrada no leite é a adição de água,

aumentando assim o seu volume total (SILVA et al., 2015). A simples adição de água

é facilmente detectada por alteração nas provas de determinação do ponto de

congelamento (crioscopia), densidade, índice de refração, extrato seco total

(TRONCO, 2013). Em muitas vezes a adição de água vem acompanhada por

substancias reconstituintes, como sal, açúcar, álcool e citrato (FAGNANI, 2016).

A crioscopia normal de um leite cru deve ser - 0,55 a – 0,53ºC, quando

se há fraude com adição de água ele tende a aproximar mais ao 0ºC, porém quando

junto se adiciona o reconstituinte a tendência é a diminuição (BECCHI, 2003). Assim,

algumas substâncias reconstituintes podem compensar a adição fraudulenta de água

(FAGNANI, 2016). A densidade normal do leite varia de 1,028 a 1,034 g/cm³ e a

adição de água, cuja densidade é de 1,00 g/cm³, permite diminuir a densidade do leite.

Algumas substâncias possuem efeito contrário ao da água na densidade, aumentando

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esse valor. Dessa forma, reconstituíntes também podem compensar a adição

fraudulenta de água (BRASIL, 2011; FAGNANI, 2016).

Outra fraude muito encontrada é a adição de soro de queijo em leite. A

legislação proíbe a adição de soro proveniente da fabricação de queijo ao leite vendido

para consumo. Porém, por ser muito acessível e possuir baixo custo, torna-se

economicamente atrativa a adição deste ao leite (CARVALHO et al., 2007). A adição

de substâncias como bicarbonatos tem como finalidade de neutralizar a acidez e

indica leite com baixa qualidade. O uso de formol e de peróxido de oxigênio são

fraudes que paralisam a atividade microbiana (CAMPOS et al., 2011).

A adição de sacarose e amido no leite é uma fraude muito comum,

devido à facilidade de sua execução e o preço reduzido do produto. Porém, o produtor

não sabe exatamente a quantidade adequada de água e substancia fraudulenta que

deve ser adicionada, o que torna essas fraudes fácies de serem detectadas (CAMPOS

et al., 2011).

Antibióticos podem ser adicionados no leite intencionalmente para

minimizar o crescimento bacteriano ou quando não se aguarda o tempo de carência

para utilizar o leite da vaca tratada, sendo esse resíduo expressado no leite (BRASIL,

2012). A presença de resíduos de antibiótico gera problema de resistência à essas

drogas e até alergia em humanos, impedindo a utilização desse leite para a produção

de iogurtes e queijos (SANTOS, 2000). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi

detectar através de análises físico-químicas as fraudes no leite em um laticínio em

Londrina, PR.

MATERIAIS E MÉTODOS

Coletas de amostras aleatórias foram analisadas antes do

descarregamento e recebimento de leite em um laticínio situado em Londrina – PR,

durante o período de 23 de maio a 02 de agosto de 2016. As provas físico-químicas

realizadas foram: Características organolépticas, estabilidade ao álcool, acidez dornic,

redutase, densidade a 15ºC, crioscopia, gordura, estrato seco total, estrato seco

desengordurado, temperatura, fosfatase, peroxidase, pH, proteínas totais e a procura

por redutores de acidez, inibidores, conservantes e reconstituíntes.

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As provas a procura de redutores de acidez, inibidores, conservantes e

reconstituíntes são água oxigenada, formol, cloro e hipocloritos sacarose, amido,

cloretos, ureia, hidróxidos, bicarbonato e álcool etílico. A procura de antibióticos foi

realizada através de kit comercial e consiste em um ensaio enzimático de ligação a

receptores para detecção de resíduos de penicilina, demais Beta-lactâmicos e

tetraciclina. Todas as análises foram procedidas segundo a legislação vigente.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fraude comumente encontrada durante as coletas e análises foi a

adição de água, porém foi constatado também adição de água e sacarose e

antibiótico. Não houve aplicação de penalidades aos produtores pegos nas fraudes

somente a perda da produção fraudada.

Em uma amostra analisada foi constatada alteração nas provas de

crioscopia, gordura que estavam diminuídas e a da densidade que estava aumentada.

Na mesma amostra foram realizadas provas na procura de reconstituíntes e redutores

de acidez (água oxigenada, formol, cloro e hipocloritos, amido, sacarose, cloretos,

álcool etílico, uréia, alcalinos hidróxidos e bicarbonato) onde foi constatada a presença

de sacarose (açúcar), concluindo que ocorreu a fraude por adição de água +

reconstituínte sacarose.

A sacarose tem a capacidade da reconstituição da crioscopia e da

densidade, porém a fraude deve ocorrer nas quantidades corretas para não ser

flagradas nas provas (FAGNANI, 2016). A gordura normal do leite cru refrigerado deve

ser maior que 3%, encontrando fora deste padrão o leite é considerado fraudado

(BRASIL, 1997).

O caminhoneiro deve trazer separado consigo uma amostra individual

de leite de cada produtor. Quando constatado a adulteração são realizadas novas

provas em todas as amostras dos produtores do tanque analisado. Se o produtor

responsável for encontrado, cabe a ele o reembolso aos outros. Se nas análises

individuais não for comprovada alteração, pode ter ocorrido a adulteração no tanque

de expansão comunitário ou no próprio caminhão. Quando ocorre uma não

conformidade, o leite é devolvido ao caminhoneiro responsável para a devolução ao

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(s) produtor (es) ou é encaminhado ao centro de tratamento de resíduos situado

dentro do laticínio.

Após as análises, a conclusão foi que a sacarose havia sido

adicionada intencionalmente na tentativa de encobrir a fraude de adição de água para

aumentar o volume do leite, garantindo assim maior lucro ao produtor. A produção de

todo caminhão era somente de um produtor, o leite foi descaracterizado e enviado a

central de resíduos onde foi devidamente descartado. Firmino et al. (2010)

encontraram 6% de sacarose em tanques de expansão de leite cru analisados

enquanto que Campos et al. (2011) encontraram sacarose em 100% das amostras

coletadas de leite pasteurizado tipo C. Em uma das análises de resíduo de antibiótico

o leite apresentou o resultado positivo para tetraciclinas. O leite provinha de apenas

uma propriedade sendo descaracterizado e descartado. A alegação foi a recente

aquisição dos animais sem o conhecimento da utilização do medicamento. Análises

posteriores individuais de cada animal demonstrou que todos apresentavam resíduos

de antibiótico no leite.

Segundo Estevão et al. (2015) o tempo para o aproveitamento do leite

após a terapia de vacas secas com antibióticos é de 30 dias e de 60 dias para vacas

em lactação. Em um estudo de Piracicaba SP, realizado em 96 amostras de leite

pasteurizado, 48 apresentaram substâncias antimicrobianas totalizando 50,0%

(NASCIMENTO, et al., 2001). Nero et al. (2007) estudaram resíduos de antibióticos em

210 amostras de leite cru de quatro regiões do país, tendo 24 resultados positivos

sendo 13 amostras de Londrina – PR, quatro de Botucatu – SP, quatro de Viçosa –

MG, e três de Pelotas – RS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que o produto final chegue ao consumidor com a qualidade

esperada, a aplicação de análises físico-químicas deve ser rigorosamente seguida. É

de extrema importância a descrição delas nas legislações e a exigência de sua

aplicação por meio de fiscalizações. Porém, ainda se faz necessário legislações

punitivas para os fraudadores.

De acordo com os resultados das análises percebe-se o

descompromisso de alguns produtores com a qualidade da produção de leite para o

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consumidor, a preocupação fica somente com a quantidade de leite produzida e o

lucro gerado.

Alguns laticínios já adotam a o pagamento do leite por qualidade e não

somente pela quantidade. Se essa mudança ocorresse em todas as indústrias

captadoras de leite do país, estimularia os produtores a buscar melhoria na produção

desde a genética dos animais, bem-estar animal até a obtenção, resfriamento e

transporte. Seria provavelmente seria o começo do fim das fraudes.

REFERÊNCIAS

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EPILEPSIA IDIOPÁTICA EM CÃES

Andressa Aparecida Carneiro¹, Eduardo Yudi Hashizume²,

Bruno César Elias³

Resumo: A epilepsia é classificada como sendo um distúrbio neurológico crônico, em que ocorrem crises convulsivas recorrentes e persistentes. Quando ocorrem de duas ou mais crises epilépticas agrupadas dentro de 24 horas e o animal recupera a consciência entre elas podem ser denominadas pelo termo em inglês “cluster”. Se as crises consecutivas durarem um tempo superior a cinco minutos ou se nas convulsões repetidas o animal não recupere totalmente a consciência, utiliza-se o termo status epilepticus. A epilepsia idiopática é causada por problema funcional hereditário do cérebro, tendo predisposição por algumas raças, sendo a síndrome convulsiva mais comum em cães. Há aumento de sua proliferação pelos cruzamentos endogâmicos, a idade de começo dos ataques epilépticos é entre 1 e 5 anos, possuindo maior incidência em machos. O diagnóstico deve ser baseado na exclusão de outras possíveis doenças causem epilepsia, sendo levado em consideração o histórico do animal e de seus antecedentes. O tratamento para epilepsia e convulsões sequenciais é de caráter emergencial e deve ser necessário o uso de terapia antiepiléptica. Esse trabalho tem como objetivo elucidar aspectos importantes da epilepsia idiopática, tanto diagnósticos quanto terapêuticos, assim como desafios os comprometimentos dos tutores para com seus animais, levando a um eficiente controle da doença. Palavras-chave: Cães, Neurologia, Convulsão.

Abstract: Epilepsy is classified as a chronic neurological disorder, occurring in persistent and recurrent seizures. When there are two or more seizures grouped within 24 hours and the animal regains consciousness between them may be called cluster. If consecutive crisis last for a period longer than five minutes or repeated convulsions in the animal does not fully regain consciousness, uses the term status epilepticus. Idiopathic epilepsy is caused by hereditary brain functional problem, and predisposition for certain breeds were the most common convulsive syndrome in dogs. There are increasing their proliferation by inbred crosses, the age of early epileptic seizures is between 1 and 5 years, having higher incidence in males. The diagnosis should be based on the exclusion of other possible diseases causing epilepsy, taking into consideration the history of the animal and its antecedents. Treatment for epilepsy and sequential seizures is an emergency and should be necessary to use antiepileptic therapy. There are several treatments such as drugs, surgical, vagal stimulation, and diet and acupuncture methods described. This study aims to elucidate important aspects of idiopathic epilepsy, both diagnostic and therapeutic, as well as challenges the commitments of tutors to their animals, leading to an efficient control of the disease. Keywords: Dogs, Neurology, Convulsions. 1.Trabalho de conclusão de curso da primeira autora 2.Médico Veterinário, Mestre, Professor do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia (in memorian) 3.Médico Veterinário Autônomo.

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INTRODUÇÃO

Ao serem discutidos temas sobre sinais neurológicos surgem algumas

dúvidas por conta principalmente dos tutores, ao se tratar de convulsão existem alguns

sinais característicos que permitem a sua identificação, muitas vezes a convulsão é

confundida com uma síncope, além da dúvida entre convulsão e epilepsia, portanto,

antes de entrarmos afundo sobre o assunto abordado precisamos definir e diferenciar

a convulsão de epilepsia.

A convulsão é qualquer evento não especifico, de inicio súbito,

paroxístico e transitório (MATIJATKO et al., 2007). A epilepsia é uma doença cerebral

crônica, onde ocorrem crises epilépticas recorrentes e involuntárias, com ou sem

perda de consciência (ABOU-KHALIL, 2008; BAILEY et al., 2008; BERENDT et al.,

1999; CASAL et al., 2006; CHANDLER et al., 2008; DE LAHUNTA, 2008; DEWEY et

al., 2008; ENGEL, 2001; GRUENENFELDER, 2008; MORITA et al., 1999; MUÑA-NA

et al., 2002; PLATT et al., 2006; SCHARFMAN, 2007; VOLK et al., 2007). A epilepsia

não é necessariamente a causa de convulsões recorrentes, geralmente é aplicada em

casos onde não se foi descoberta a causa ou o animal tenha um componente

hereditário que o predisponha a tal fato (GRUENENFELDER, 2008).

A convulsão é classificada em parcial e generalizada e manifesta-se

por descargas elétricas paroxísticas que afetam os neurônios e causa excitação, com

causas de origem intra ou extracraniana (CHRISMAN, 1985). A convulsão

generalizada manifesta-se principalmente pela perda de consciência, associada com

decúbito e movimentos motores como contrações involuntárias tônicas-clônicas. A

convulsão parcial apresenta início focal, sinais motores em membros pélvicos e

torácicos e viradas espasmódicas da cabeça para o lado sempre contralaterais ao foco

convulsivo (QUESNEL, 2011).

O início da manifestação de uma convulsão é o pródomo,

caracterizado por agitação do animal de algumas horas a dias antes. A segunda fase,

denominada aura, é o verdadeiro início de uma crise convulsiva, quando o animal

manifesta comportamento de esconder e procurar o dono. A terceira fase, ou icto,

pode durar de dois a 10 minutos e caracteriza o estado epilético de manifestações

motoras involuntárias. A quarta fase é a pós-ictal, quando o animal fica inquieto,

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hiperativo, de andar compulsivo, desorientado ou temporariamente cego e que pode

defecar e urinar involuntariamente (CHRISMAN, 1985).

A presente revisão tem como objetivo elucidar aspectos importantes

da epilepsia idiopática, tanto diagnósticos quanto terapêuticos, assim como desafios

os comprometimentos dos tutores para com seus animais, levando a um eficaz

controle da doença.

CLASSIFICAÇÃO

A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico, caracterizado pela

manifestação motora em que ocorre convulsão espontânea e recorrente, comum em

cães, cuja causa em sua maioria é de origem idiopática (BERENDT et al., 2002;

BIELFELT et al., 1971; PATTERSON et al., 2005). Dois episódios epilépticos são

suficientes para o diagnóstico de epilepsia, pelo fato da possibilidade de recorrência

(ENGEL, 1989; ENGEL, 2006; FISHER, 2005; GUILHOTO, 2006).

Quando ocorrem de duas ou mais crises contínuas agrupadas dentro

de 24 horas e o animal recupera a consciência entre elas podem ser denominadas

pelo termo em inglês “cluster” (DE LAHUNTA, 2008; ENGEL, 1989;

GRUENENFELDER, 2008). Se as crises consecutivas durarem um tempo superior a

cinco minutos ou se entre as convulsões não recupere a consciência, utiliza-se o

termo status epilepticus (DE LAHUNTA, 2008; DESHPANDE et al., 2007; DEWEY et

al., 2008; ENGEL, 1989; ENGEL, 2006; FISHER, 2005; GRUENENFELDER, 2008;

PARENT, 2004; PODELL, 2004).

A epilepsia pode ser classificada em idiopática (primária), sintomática

(secundária) e sintomática provável (adquirida). A epilepsia idiopática é causada por

problema funcional hereditário do cérebro, principalmente em raças como Pastor

Alemão, Tervuren Belga, Keeshond, Beagle e Dachshund, sendo a síndrome

convulsiva mais comum em cães (BASTOS, 2009; CASAL et. al., 2006; CHANDLER et

al., 2008; DE LAHUNTA, 2008; DEWEY et al., 2008; FRASER, 2008; HOSKINS, 1993;

JONES et. al., 2002; NOEBELS, 2003; PARENT, 2004; PODELL, 2004; SRENK et al.,

1994).

Há aumento na incidência de epilepsia idiopática com os cruzamentos

endogâmicos e as convulsões nesses animais geralmente são tônico-clônicas

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generalizadas com duração de um a dois minutos (BASTOS, 2009; FRASER, 2008;

HOSKINS, 1993; JONES et al., 2002; NOEBELS, 2003; SRENK et al., 1994).

A idade que é possível observar o início dos sinais é entre 1 e 5 anos

(DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; THOMAS, 2003; PODELL, 2004), as

convulsões iniciam-se com intervalos de 4-6 semanas, tendendo a ter aumento na

frequência se não forem tratadas (DE LAHUNTA, 2008; DEWEY et al., 2008;

GRUENENFELDER, 2008). Os animais que apresentam essa doença não possuem

déficits neurológicos persistentes, são normais entre as crises epilépticas (THOMAS,

2003).

A epilepsia idiopática apesar de possuir maior incidência em machos,

também ocorre em fêmeas, está diretamente relacionada com os hormônios sexuais,

sendo assim deve ser indicada a esterilização cirúrgica como parte do tratamento

(BASTOS, 2009; FRASER ,2008; HOSKINS, 1993; JONES et al., 2002; NOEBELS,

2003; SRENK et al., 1994). O diagnóstico deve ser baseado na exclusão de outras

possíveis doenças intra ou extracranianas que causem epilepsia, sendo levado em

consideração o histórico do animal e de seus antecedentes (DE LAHUNTA, 2008;

PODELL, 2004;).

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES PARA O TRATAMENTO DA EPIL EPSIA

IDIOPÁTICA

O tratamento para epilepsia e convulsões sequenciais é de caráter

emergencial e deve ser necessário o uso de terapia antiepiléptica, geralmente iniciada

quando o animal apresenta episódios de duas convulsões consecutivas em seis

semanas ou mais. O objetivo do tratamento é reduzir a frequência de convulsões em

pelo menos uma a cada doze semanas (QUESNEL, 2011).

O quanto antes for estipulado o tratamento, melhor para o animal,

porque pacientes tratados precocemente tendem a ter um melhor controle das

convulsões em longo prazo (BERENDT, 2004; CHANDLER et al., 2008; DEWEY et al.,

2008; PODELL, 2004; THOMAS, 2003;). Antes de iniciar o tratamento o médico

veterinário deve fornecer ao tutor todas as informações sobre a doença, esclarecer

suas dúvidas e depois orientar sobre a melhor escolha de tratamento

(GRUENENFELDER, 2008; PODELL, 2004;). Os tutores devem receber

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recomendações sobre os efeitos adversos do tratamento, os planos de monitoramento

das concentrações sanguíneas, ajustes de doses que poderão ser feitas

posteriormente caso necessários, situações emergenciais que necessitem de

assistência veterinária e manter um diário com os relatos das frequências e gravidade

das convulsões, para o monitoramento da resposta terapêutica (NELSON, COUTO,

2010).

A eficácia da resposta terapêutica necessita de comprometimento

financeiro, e emocional do tutor. Sem a disponibilidade de tempo para a realização do

tratamento o controle da epilepsia idiopática não é completo, porém é possível diminuir

em 70% a 80%. (NELSON, COUTO, 2010). É uma doença incurável, o tratamento é

“ad eternum” e apenas faz o controle, dando uma melhor qualidade de vida para o

animal, os medicamentos devem ser diários e administrados regularmente, sem

interrupção do tratamento (DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PODELL,

2004;).

A monoterapia (utilização de um único fármaco) é de melhor escolha

inicialmente por diminuir a frequência de efeitos colaterais, aperfeiçoar a adesão do

tutor ao tratamento e reduzir os custos do tratamento e monitoramento (NELSON,

COUTO, 2010). Mesmo assim cerca de 20 a 50% dos animais precisarão de uma

terapia múltipla (COCHRANE, 2007).

TRATAMENTO COM UTILIZAÇÃO DE FÁRMACOS

1 Fenobarbital

O fenobarbital é o fármaco mais utilizado para prevenção de

convulsões, seu uso é de duas a três vezes ao dia (BAGLEY, 2005;

GRUENENFELDER, 2008; PARENT, 2004; PODELL, 2004; QUESNEL, 2005). Possui

sucesso no controle convulsivo de 70-80% (COX et. al., 2008; GRUENENFELDER,

2008; PLATT, 2005; PLATT, 2008; PODELL, 2004;). É primeira escolha farmacológica

sendo eficaz, segura e de baixo custo. Desde que mantenha níveis séricos abaixo de

100 umol/L (23ug/mL) o controle é eficiente, entretanto acima desse valor o

fenobarbital pode causar hepatotoxicidade (QUESNEL, 2011).

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Após duas horas de absorção o fenobarbital atinge sua concentração

plasmática máxima em 4-8 horas (BERENDT, 2004; BERGMAN et al., 2005; DEWEY

et al., 2008; PARENT, 2004; PODELL, 2004;). Para o equilíbrio dinâmico demorará de

7 a 18 dias (PLATT, 2005). Inicia-se a sua eliminação pela urina entre 42 e 89 horas,

diminuindo em até 24 a 30 horas, até ser eliminada por completo do organismo

(AITKEN et al., 2003; BERENDT, 2004; DEWEY et al., 2008; GASKILL et al., 2005;

ORITO et al., 2008; PLATT, 2005; PODELL, 2004;). Se usado concomitantemente

com a digoxina pode causar neurotoxicidade (PODELL, 2004).

A terapia inicia-se com uma dose de 2-3 mg/kg PO BID, para atingir a

concentração sérico pode ser administrada uma primeira vez por via intravenosa. Os

ajustes futuros serão realizados sempre após a dosagem de fenobarbital no organismo

do animal (BERENDT, 2004; DE LAHUNTA, 2008; DEWEY et al., 2008; PLATT, 2005;

PODELL, 2004).

É necessária a dosagem para saber a concentração sérica do

fármaco, para garantir a eficácia do tratamento (PLATT, 2005; PODELL, 2004). As

amostras devem ser coletadas 1 hora antes ou depois do horário de administração do

fármaco normalmente, com o animal em jejum (DEWEY et al., 2008;

GRUENENFELDER, 2008; PODELL, 2004). Os tubos de silicone devem ser evitados,

porque podem alterar os níveis séricos artificialmente, diminuindo os valores (DEWEY

et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PODELL, 2004).

As dosagens devem ser feitas respectivamente em 14, 45, 90, 180 e

360 dias após o início do tratamento, passado essas avaliações o animal deve ser

acompanhado a cada 6 meses. Sempre que ter ajuste na dose a avaliação deve ser

realizada 2 semanas depois, os limites devem ser entre 15-20 ug/ml (BAGLEY, 2005;

DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2005; PODELL, 2004).

Se houver uma diminuição de 20% na concentração sérica é

indicativo de controle ineficiente das convulsões (PODELL, 2004). Devem ser

monitorados os parâmetros hepáticos do animal em 45 dias e depois a cada 6 meses

(DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2005; THOMAS, 2003;).

Duas semanas depois da terapia pode ser observado em exames bioquímicos a

elevação de FA (DEWEY et al., 2008; GASKILL et al., 2005; GRUENENFELDER,

2008; PODELL, 2004; PLATT, 2005). Em cães hígidos ou que tenham hipotireoidismo

que façam o uso constante de fenobarbital as concentrações séricas de tiroxina (T4)

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livre e total poderão ser baixas (DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008;

PODELL, 2004).

Existem alguns efeitos colaterais que aparecem com o início do

tratamento com esse fármaco como alterações comportamentais como

hiperexcitabilidade, poliúria/polidipsia, inquietação ou sedação, porém se normalizam

em uma semana (DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2005;

PODELL, 2004). Reações idiossincráticas são também relatadas como neutropenia

imunomediada, anemia e trombocitopenia, sendo reversível em até seis meses desde

o início do tratamento (COX et al., 2008; DEWEY et al., 2008; PLATT, 2005; PODELL,

2004). O tratamento deverá ser suspenso em casos de neutropenia, elevação alta da

ALT e anemia intensa devendo ser substituído pelo brometo de potássio (PODELL,

2004).

2 Brometo de potássio

Caso seja necessária a utilização de um medicamento de segunda

escolha, há indicação do uso do brometo de potássio, indicado para cães com

problemas hepáticos, por não ter sua metabolização pelo fígado. É uma alternativa

para casos de hepatotoxicidade causadas pelo fenobarbital e seus efeitos colaterais

são reversíveis, tais como sedação e paresia de membros posteriores (ETTINGER,

FELDMAN, 2011), esses efeitos colaterais só são vistos em concentrações maiores

que 3000 mg/l (BAGLEY, 2005; BERGMAN et al., 2005; DEWEY et al., 2008;

GASKILL et al., 2000; GRUENENFELDER, 2008; PARENT, 2004; PLATT, 2008;

PODELL, 2004; QUESNEL, 2005).

O brometo de potássio é recomendado quando as convulsões são

persistentes mesmo com a terapia com fenobarbital em concentrações superiores a 25

ug/ml durante um mês, em casos de hepatotoxicidade ou doença hepática (não sofre

metabolização hepática), em “clusters” severos e ataques generalizados (DEWEY et

al., 2008; PODELL, 2004). O uso concomitantemente de brometo de potássio com

fenobarbital diminui o número de convulsões, 21% a 72% dos cães tratados poderão

chegar ao estado de “livre de convulsões” e 95% dos cães epilépticos apresentam as

crises controladas (BERGMAN et al., 2005; COX et al., 2008; DEWEY et al., 2008;

PLATT, 2005; PLATT, 2008; PODELL, 2004).

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A dose inicial de ataque recomendada para atingir as concentrações

séricas deve ser de 60 a 80 mg/kg por 5 dias e reduzindo para doses de manutenção

de 15 mg/kg se associado ao fenobarbital ou 20 mg/kg em monoterapia (NELSON,

COUTO, 2005). São necessários quatro meses após o início da terapia para que o

brometo de potássio atinja seus níveis séricos constantes (BERENDT, 2004).

O brometo de potássio pode ser administrado em dose inicial de 40

mg/kg quando em monoterapia e de 30 mg/kg quando associado ao fenobarbital

(DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2008; PODELL, 2004;). Essa

dose pode ser aumentada lentamente até 60 mg/kg, sua administração é por via oral

ou retal, mas nunca por via intravenosa, sendo administrada juntamente com a comida

para evita êmese, a sua administração por via retal pode causar diarreia severa

(GRUENENFELDER, 2008).

Para atingir a concentração plasmática ideal de 2450mg/l leva em

torno de 90 a 120 dias (BAGLEY, 2005; BERGMAN et al., 2005; Dewey et al., 2008;

GRUENENFELDER, 2008; MARCH et al., 2002; PLATT, 2005; PODELL, 2004). A

dieta elevada com o íon cloreto pode interferir na concentração plasmática do fármaco

e elevar a excreção renal (DEWEY et al., 2008; PARENT, 2004; PODELL, 2004).

A monoterapia só é indicada em alguns casos de epilepsia idiopática,

ou em episódios menores que 3 por ano (GRUENEN-FELDER, 2008; PODELL,

2004;). Elevado níveis de brometo e elevados níveis de sal na dieta prejudicam a

função renal, portanto a monitoração em animais com insuficiência renal deve ser

constante (COX et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2008).

As concentrações séricas deverão ser mensuradas aos 30 e 120 dias,

depois a cada 6 meses (GRUENENFELDER, 2008; PLATT, 2008; PODELL, 2004).

Mantendo um equilíbrio dinâmico de concentração de 25 ug/ml para o fenobarbital e

2000 mg/l para o brometo de potássio (DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER,

2008; PODELL, 2004). A monitoração deverá ser rigorosa, pois se os níveis estiverem

muito baixos, o animal pode ter mais predisposição à atividade convulsiva novamente

(PODELL, 2004; THOMAS, 2003;).

Essa associação com o fenobarbital poderá ter alguns efeitos

adversos como polidipsia/poliúria, polifagia, letargia, sedação, hiperatividade e uma

leve ataxia com o aumento das concentrações séricas, pancreatite e intolerância

gastrointestinal e causar problemas de pele (bromoderma) (BAGLEY, 2005;

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BERGMAN et al., 2005; DEWEY et al., 2008; GASKILL et al., 2000;

GRUENENFELDER, 2008; PARENT, 2004; PLATT, 2008; PODELL, 2004; QUESNEL,

2005). Em caso de intoxicação a administração de solução salina é indicada para

aumentar a excreção renal (BAGLEY, 2005; PARENT, 2004; QUESNEL, 2005).

3 Diazepam

Os benzodiazepínicos não são utilizados como terapia de

manutenção, pois seu uso é principalmente no manejo de crises convulsivas do estado

epiléptico (BERENDT, 2004). O diazepam é o representante mais utilizado desse

grupo para situações emergenciais e pode ser administrado por via endovenosa e

intraretal (PODELL, 2004). Em uso prolongado não pode ter interrupção abrupta no

tratamento, pois pode ocasionar convulsões com sinais de abstinência

medicamentosa, tais como tremores, anorexia e perda de peso (CHRISMANN et al.,

2003).

Não é indicado para tratamento crônico porque a sua metabolização é

muito rápida (BERGMAN et al., 2005; DEWEY et al., 2008; PARENT, 2004), tempo de

3 horas em cães (DEWEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008). O seu uso por via

oral não é efetivo para parar as convulsões, podendo causar dependência física, além

de necrose hepática e a tolerância ocorre em 1- 2 semanas (DE LAHUNTA; 2008;

DEWEY et al., 2008; PARENT, 2004; PLATT, 2005; PODELL, 2004; THOMAS, 2003).

4 Gabapentina

A gabapentina é utilizada como adjuvante na terapia com fenobarbital

e o brometo de potássio, reduzindo em até 50% a frequência das convulsões

(PODELL, 2004) ou como uso alternativo em pacientes sensíveis aos efeitos do

fenobarbital e do brometo de potássio (GOVENDIR et al., 2005). Alguns benefícios de

seu uso são a meia-vida curta (3-4 horas), rápida ação terapêutica e prevenção de

possíveis crises epilépticas agrupadas (GOVENDIR et al., 2005). Na avaliação clínica

de pacientes com terapia com esse fármaco que apresentam epilepsia idiopática, a

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melhora das convulsões foi de aproximadamente 50% associada aos outros fármacos

(PLATT, 2008; PODELL, 2004).

5 Pregabalina

A pregabalina possui efeito semelhante à gabapentina, sendo

administrada com doses de 2-4 mg/kg BID ou TID, possui sedação intensa como efeito

colateral, seu uso é ideal para animais que tenham sido refratários a outros

tratamentos anteriores (BEN‐MENACHEM, 2004; PLATT, 2006, SALAZAR, 2009).

6 Primidona

A primidona é um fármaco que em sua metabolização hepática é

biotransformada em fenobarbital, com taxa de conversão de 4 para 1, tem 85% de

efeito anti-convulsivo, o seu alto custo faz com que a preferência ainda seja do

fenobarbital (BERENDT, 2004; PODELL, 2004).

7 Feniltoína

A fenitoína tem potente poder anti-convulsivo, mas em cães é difícil

manter as concentrações terapêuticas o que limita sua eficácia, pode ser usada no

tratamento status epilepticus na dose de 2 a 5mg/kg lentamente por via endovenosa

(BERENDT, 2004).

8 Levetiracetam

O levetiracetam é um novo fármaco anticonvulsivo, muito utilizado em

humanos, eficaz como adjuvante no controle de convulsões generalizadas, apesar de

suas vantagens tem fator limitante pelo preço elevado (CHANDLER, 2006; PODELL,

2004). Poderá ser utilizado como alternativo se o controle do fenobarbital e do

brometo de potássio for insuficiente (BAILEY et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008;

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PLATT, 2005; PLATT, 2008). A frequência das convulsões diminui em 54% quando é

associado ao fenobarbital e o brometo de potássio (VOLK et al., 2007). Esse fármaco

possui elevada eficácia nas primeiras semanas, seguido por baixa mais estável

eficácia nas próximas semanas, chamado de “efeito lua-de-mel” (FRENCH et al.,

2006; VOLK et al., 2007).

TRATAMENTO EMERGENCIAL DOMICILIAR

O tratamento emergencial domiciliar visa alertar os tutores de como

proceder em casa quando ocorrem convulsões com mais de 5 minutos, status

epilepticus, “clusters” ou fases pós-ictiais superiores há 2 horas (GRUENENFELDER,

2008; PODELL, 2004). Onde devem realizar a terapia com diazepam intrarretal, isso

ajuda na redução dos custos de tratamento emergencial do animal e os efeitos de

“primeira-passagem” são evitados. O diazepam rapidamente absorvido pela mucosa

retal, atingindo seu efeito em 15 minutos, e mantendo por cerca de uma hora (DEWEY

et al., 2008; GRUENENFELDER, 2008; PODELL, 2004).

A dose recomendada é de 1mg/kg via retal, deve ser administrada

logo após o início da crise, em intervalos de 10 minutos e até 3 vezes no dia. Tem as

vantagens de reduzir as idas de emergência ao hospital, controlar a progressão de

clusters, reduzir os efeitos do pós-ictus, reduzir a ansiedade do tutor e melhorar a

qualidade de vida de um animal epiléptico (QUESNEL, 2005; PODELL, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante que o animal que tenha qualquer alteração em seu

estado de comportamento, como apresentação de um sinal de qualquer doença seja

levado regularmente ao médico veterinário. Qualquer crise convulsiva deve ser levada

em consideração, sendo imprescindível buscar a causa base o mais rápido possível.

Diagnosticando o causador, o tratamento deve ser estipulado em seguida, para evitar

quaisquer possíveis danos cerebrais que venham a ocorrer com essa frequência de

ocorrência.

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Para o controle eficiente da epilepsia idiopática em cães é necessário

um trabalho em conjunto tanto do médico veterinário em esclarecer sobre a doença,

tirar todas as dúvidas dos tutores e a escolha terapêutica, quanto dos próprios tutores

se comprometerem em realizar o tratamento correto, sempre garantir que os

medicamentos sejam administrados nos horários corretos, que sejam adquiridos de

fonte confiável, que o armazenamento seja o ideal e observando qualquer alteração ou

piora das crises no seu animal levá-lo ao hospital veterinário.

O tutor deve estar atento aos sinais que o seu animal venha

manifestar, pois o tratamento pode causar efeitos colaterais, possíveis falhas na

administração devem ser evitadas porque não garantem o controle efetivo e causam

piora na qualidade de vida do animal. Se o tutor estiver bem informado sobre a doença

e se for cuidadoso em relação aos sinais que seu animal venha a apresentar o

prognóstico desse animal é bom.

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HELMINTO GASTROINTESTINAL EM CÃES E SUA CORRELAÇÃO COM OS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS DE CONTROLE DA ZOONO SE

Carla Aparecida de Barros1* Fabiana Maria Ruiz Lopes Mori2

Fernanda Evers2 Graziela Drociunas Pacheco3

Resumo O crescente número de animais de companhia em áreas urbanas, principalmente cães, tem como consequência o estreitamento do contato desses animais com o homem, aumentando sua exposição às zoonoses. Para o controle destes parasitas, é necessário que o proprietário tenha conhecimento sobre as possíveis doenças causadas e os medicamentos utilizados para a prevenção e o tratamento de animais e humanos infectados. Muitos princípios ativos podem ser utilizados tanto em animais quanto no humano, diferenciando entres as várias espécies, as vias de administração, dose, intervalo e período de tratamento. Palavras-chave: antiparasitário; controle; prevenção; Toxocara canis; zoonose

Abstract The increasing number of companion animals in urban areas, especially dogs, results in a closer contact between animals and humans, increasing their exposure to zoonoses. For the control of these parasites, it is necessary that the owner has knowledge about possible diseases caused and the medicines used for the prevention and treatment of infected animals and humans. Many active principles can be used in both animals and humans, differentiating between the various species, the routes of administration, dose, interval and treatment period. Keywords: antiparasitic; control; prevention; Toxocara canis; zoonosis

Introdução

Os cães representam os animais de estimação que mais convivem

com o homem e esta ligação emocional estabelecida pode trazer benefícios físicos e

psicológicos, além de melhorar a integração social de portadores de doenças

imunossupressoras, idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais

(SANTOS et al., 2007). Porém, a proximidade com o cão de estimação resulta em

maior exposição humana aos agentes com potencial zoonótico (SILVA et al., 2001).

1.Médica Veterinária, Mestre, professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia- Unifil. E-mail: [email protected]. Autora para correspondência. 2. Médica Veterinária, Doutora, professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia- Unifil.

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Diversos parasitas gastrintestinais que utilizam o cão como hospedeiro

definitivo ou intermediário, podem ser transmitidos ao homem, resultando em

zoonoses (VASCONCELOS et al., 2006). O Toxocara canis devido ao seu potencial

zoonótico e sua distribuição cosmopolita é considerado um problema de saúde pública

(SANTOS et al., 2007). Segundo Ferreira et al. (2009), a toxocaríase em humanos,

traduz-se em síndrome em Larva Migrans Visceral (estágio L2 do Toxocara canis).

A Larva Migrans Visceral resulta da migração de larvas de helmintos,

através de órgãos como o pulmão, fígado, SNC e olhos, além da manifestação

alérgica, hipereosinofilia, fraqueza crônica e dor abdominal sendo que a infecção

ocorre pela ingestão de ovos larvados de Toxocara canis presentes no solo (BLAZIUS

et al., 2006).

Considerando as formas de transmissão, a idade do animal é um dos

mais importantes fatores que influenciam na incidência de infecções patentes por T.

canis em cães. O reservatório típico de T. canis é representado por filhotes de cães

menores de dez semanas de idade, pois praticamente todos são infectados por

transmissão larvária transplacentária (QUEIROZ, 2005). Para este autor, os seres

humanos se infectam por meio de ingestão do ovo infectante ou ingestão da larva de

T. canis presente em tecidos crus ou mal cozidos de hospedeiros paratênicos,

resultando na migração de larvas de terceiro estádio em órgãos e tecidos.

O contato com solo contaminado, o tamanho da população canina e a

ocorrência de geofagia que possibilita a ingestão de material contaminado com ovos

infectantes, são fatores de risco para a aquisição da infecção por T. canis. Outros

pesquisadores observaram ovos de Toxocara também recuperados de saladas e

outros vegetais crus tirados de jardins (QUEIROZ, 2005).

Para MORO et al. (2008), o solo pode ser responsável pela

transmissão de inúmeras zoonoses, principalmente quando o local é compartilhado

por animais e pessoas como parques e praças públicas. É comum o acesso de cães e

gatos a esses locais, onde geralmente depositam suas fezes, tornando alta a

probabilidade de contaminação do solo por ovos e larvas de helmintos (THOMÉ et al.,

2008). Tanto os cães errantes quanto os domiciliados podem ser responsáveis pela a

transmissão desses patógenos, uma vez que, basta o contato dos humanos com as

fezes de animais infectados, ou com o solo, fômites, alimentos e água contaminados

pelas mesmas para que haja contágio (FERREIRA et al., 2009).

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Desta forma, as metas de controle de descontaminação desses locais,

objetivando o controle das infecções dos animais e do homem, somente poderão ser

atingidas por meio de tratamento efetivo e contínuo dos cães, bem como pela restrição

desses a locais públicos, o que torna difícil para os animais errantes (PERUCHI,

2008).

Todavia, um ponto crítico em um programa de controle de verminoses

nos centros urbanos são os cães errantes, pois são excluídos de qualquer programa,

embora assumam grande importância na manutenção e disseminação destas

parasitoses no meio urbano (PERUCHE, 2008). Os resultados dos exames de fezes

dos cães mantidos em canis municipais apresentam índice elevado de infecção por

parasitos gastrintestinais. Assim, quando esses cães são recolhidos pelo setor de

controle de zoonoses do município, mantidos em canis coletivos, e muitos

posteriormente, adotados por pessoas em busca de animais de companhia, reforça a

necessidade de implantar medidas efetivas de saúde pública, como por exemplo, a

vermifugação dos animais ao chegarem aos canis municipais e abrigos ou ao serem

doados à população, visando o controle das zoonoses causadas por animais

domésticos (VASCONCELOS et al., 2006).

Os riscos potenciais da transmissão de zoonoses causadas por

helmintos de cães reforçam a necessidade de adotar medidas efetivas de Saúde

Pública como o controle da população canina com acesso às praças públicas,

apreensão de animais vadios e a construção de cercas ao redor das áreas de

recreação, como caixas de areia, ou sua cobertura com lonas durante a noite

(ARAÚJO et al., 1999).

MEDICAMENTOS UTILIZADOS COMO ANTIPARASITÁRIOS EM AN IMAIS

Para LESCANO et al. (2005), a terapia para Larva migrans visceral

(LMV) é principalmente sintomática e direcionada para diminuir a resposta inflamatória

provocada por larvas e por produtos metabólicos nos tecidos do hospedeiro. Os anti-

helmínticos benzimidazólicos têm demonstrado eficácia moderada na resolução dos

sinais clínicos com LMV, melhorando de 47% a 57% dos indivíduos tratados.

Os benzimidazóis são a principal classe de compostos com atividade

nematicida utilizada tanto em medicina veterinária quanto na medicina humana,

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principalmente no controle de nematódeos gastrointestinais. Sua eficácia está

relacionada ao tempo de contato do fármaco com o parasita, portanto é importante

que este contato ocorra em níveis de concentração suficientes e por um período de

tempo prolongado para que o efeito nematicida possa ocorrer (MADDISON, 2010).

A biotransformação desses fármacos é hepática e extra-hepática,

principalmente via reações de oxidação e hidrólise, sendo excretados pelas fezes e

urina. Agem sobre os parasitas interferindo no metabolismo energético ao inibirem a

formação de microtúbulos prejudicando a absorção de glicose e outros metabólitos,

levando ao esgotamento das reservas energéticas e à morte do parasita por inanição

(MADDISON, 2010).

Uma possível explicação para a aparente baixa taxa de cura por essas

drogas estaria relacionada ao fato dos benzimidazólicos agirem inibindo a

polimerização da tubulina e à tendência das larvas de Toxocara permanecerem

quiescentes nos tecidos dos hospedeiros por longos períodos antes de reassumirem

sua atividade migratória (LESCANO et al., 2005).

Outros medicamentos não-derivados benzimidazólicos também têm

demonstrado alguma eficácia, como a dietilcarbamazina e a ivermectina, porém com

resultados menos expressivos (LESCANO et al., 2005). No entanto, as ivermectinas

são amplamente utilizadas como anti-helmínticos tanto em humanos quanto em

animais, estando classificadas como lactonas macrocíclicas e obtidas a partir da

fermentação de fungos do gênero Streptomyces (SPINOSA, 2006).

Estão divididas em avermectinas e milbemicinas, sendo que nas

primeiras incluem ivermectina, abamectina, doramectina e selamectina e, entre as

milbemicinas estão a própria milbemicina e a moxidectina (DELAYTE et al., 2006).

Seu mecanismo de ação compreende na paralisia flácida da

musculatura esquelética do parasita, assim como na inibição da ingesta de alimentos

por bloqueio da bomba faringeal. O sítio–alvo de ação tem sido bem caracterizado

como sendo o canal de cloro controlado pelo glutamato, que está presente nas

membranas neuronais e musculares de muitos invertebrados, mas não está presente

nos mamíferos. A combinação de efeitos neuronais e musculares provavelmente está

envolvida na atividade biológica das lactonas macrocíclicas (MADDISON, 2010).

Seu uso em filhotes e nas raças Collie, Shetland Sheepdog, Old

English Sheepdog, Borzi, Border Collie, Afghand Hound, Australian Shepherd e raças

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similares é contra-indicado pois em cães dessas raças, a ivermectina provoca

toxicidade sugerindo-se que as concentrações de ivermectina no SNC seriam

elevadas, o que indicaria uma maior penetração da droga através da barreira

hematoencefálica (NOGARI et al., 2006).

Observa-se também uma maior permeabilidade da barreira

hematoencefálica nessa idade podendo estes animais manifestar sintomas de

intoxicação, como convulsão, depressão, tremores, ataxia, letargia, emese, sialorreia e

midríase, ou mesmo evoluir a óbito (DELAYTE et al., 2006).

Segundo Di Stasi (2012), mais de 90% da dose da ivermectina são

biotransformadas no fígado, e a eliminação é primariamente biliar e fecal, embora

pequena quantidade possa aparecer na urina. São excretadas em grande quantidade

pelo leite, portanto são contraindicadas em animais em período de lactação e não

recomendadas comercialização e consumo do leite proveniente desses animais por

um período de 28 dias pós-tratamento, período no qual é possível encontrar resíduo

do medicamento.

Desta forma, o tratamento da toxocaríase humana com anti-

helmínticos que possuam atividade larvicida ou larvostática tem sido recomendado

pela maioria dos autores que abordaram a questão. Entretanto, algumas dúvidas

persistem no que diz respeito à sua indicação, pois alguns pesquisadores consideram

que o tratamento anti-helmíntico somente deve ser utilizado em pacientes que, além

de revelarem títulos significativos de anticorpos anti-Toxocara, apresentem sintomas

e/ou sinais da doença (LESCANO et al., 2005).

Resultados de pesquisas com ratos mostraram que a ivermectina,

mebendazol e tiabendazol apresentaram atividade semelhante contra larvas de T.

canis, determinando significativa redução na carga parasitária, mas sem promover a

cura parasitológica. A sobrevivência de pequena quantidade de larvas, encistada nos

tecidos, revelou-se capaz de manter inalterada a resposta humoral, justificando a

persistência de testes sorológicos positivos, por tempo prolongado, em pacientes

submetidos a tratamento com essas drogas (LESCANO et al., 2005).

A maior parte dos clínicos, contudo, recomenda o tratamento sempre

que se evidencie a ocorrência de infecção, independentemente da presença de

sintomas (LESCANO et al., 2005).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interação entre o homem e os cães permite uma ligação emocional

que gera benefícios físicos e psicológicos, porém essa exposição favorece a

transmissão zoonótica de helmintos gastrointestinais. A adoção de medidas

preventivas permite a redução do risco da infecção desses agentes, já que alguns anti-

helmínticos reduzem a carga parasitária, porém não promovem a cura parasitológica.

O crescente número de adoções de animais abandonados implica na prática da

vermifugação desses animais ao chegarem aos canis municipais ou abrigos. Além

disso, a promoção de programas de controle de natalidade de animais é necessária

para diminuir o número de cães errantes e com isso a contaminação ambiental de

praças e parques públicos.

REFERÊNCIAS

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IMPORTÂNCIA DO JEJUM ALIMENTAR PRÉ-ABATE EM FRANGOS DE CORTE

THE IMPORTANCE OF FASTING FEEDING PRE-SLAUGHTER IN BROILERS

Resumo

Lucas FelippeFalat1 Arturo Pardo Lozano2

Fernanda Evers3 Graziela Pacheco3

O Brasil vem se destacando, ano após ano, como grande produtor e exportador de carne de frango. Deste modo, o setor avícola está cada vez mais atento no quesito organização da sua produção. Porém, um dos pontos críticos encontrado é o período pré-abate que está sendo acompanhado e observado com mais afinco pela indústria, poisestá intimamente ligado à qualidade do produto final, sendo esta, a maior preocupação do setor produtivo. Por esta razão, no período que antecede o abate, inicia-se o jejum alimentar das aves.Por serde suma importância, não pode apresentar falhas e negligências da indústria e do produtor. Deste modo, o objetivo deste trabalho é revisar a importância do jejum alimentar, como sendo componente do manejo pré-abate, para a qualidade final da carne. Palavras-chave : avicultura,manejo, qualidade.

Abstract Over the years Brazil has been reported as one of the greatest producer and exporter of poultry meat. Therefore, the poultry industry is increasingits organization and production. However, one of the most critical points found is the pre-slaughter period.This stepshould becarefully monitored by the industry because it is closely related to the quality of the final product.This is the greatest concern by the productive sector. For this reason, the pre-slaughter period begins with the fasting of the broilers.This time isdeeply important and doesn’t allow failures and negligence for the industry and producer.Thus, the objective of this paper is to review the importance of fasting as a component of pre-slaughter managementto the meat quality. Keywords: Poultry Farming,Management, Quality.

INTRODUÇÃO

Na década de 70, com a evolução da avicultura no Brasil, o Governo

Federal criou a EMBRAPA/Aves, contribuindo para o desenvolvimento genético na

avicultura (CANEVER et al, 1997; FRANÇA, 2000; VIEIRA; DIAS, 2005;

ESPINDOLA, 2008; ESPÍNDOLA 2012) e logo após, em Santa Catarina, surgiu o

1 Trabalho de conclusão de curso do primeiro autor. 2 Zootecnista, Doutor 3 Médica Veterinárias, Doutoras, Docentes do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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sistema de integração vertical, sendo a parceria entre os frigoríficos e os produtores,

onde o integrado contava com o auxílio da indústria nos principais insumos referentes

à produção (CNA, 2015)contribuindo com o desenvolvimento da avicultura

brasileira (BRASIL, 2012; O L I V E I R A ; N Ä Ä S , 2012), fazendo com que a

atividade ficasse mais organizada (CNA, 2015).

Em 2015, o setor avícola no Brasil, encerrou o ano em alta,

aliado a resultados satisfatórios. Isso se deu através de recordes de exportação por

conta da valorização do dólar em relação ao real e pelos altos preços da

carne bovina, fazendo com que o consumo de frango se tornasse maior. Deste

modo, o consumo doméstico, no país, de carne de frango em 2016 deve ser de 9,6

milhões de toneladas e a produção interna deve saltar para os 13,5 milhões de

tonelada com uma elevação de 500 mil toneladas em relação ao ano anterior (ZEN

et al, 2016).

A produção nacional se destaca em atingir altos níveis como ganho

de peso, conversão alimentar e baixa mortalidade e isso é decorrente da

utilização de uma boa genética, nutrição de qualidade e manejo correto, desde a

preparação do aviário para a chegada dos pintainhos até a retirada do lote,

denominado de período pré-abate (PEREIRA, 2010).

Muitos fatores que antecedem o abate como o tempo de jejum,

apanha, carregamento, transporte, temperatura e tempo de espera no

abatedouro têm o potencial de afetar a qualidade da carcaça dos animais e o

conhecimento destes, permite estabelecer práticas de manejo e bem-estar dos

animais, para obter ótima qualidade de carcaça e rentabilidade do lote (MONLEÓN,

2013). Com isso, a identificação das perdas ocorridas no manejo pré-abate torna-se

um ponto crucial na otimização dos processos de produção (VIEIRA et al., 2009).

Baseada na importância deste tema, o objetivo desse trabalho foi

abordar, através de revisão bibliográfica,a importância o jejum alimentar pré-abate

na cadeia de produção de frangos de corte.

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PROCESSO DE DIGESTÃO E ABSORÇÃO NOS FRANGOS

O mecanismo da digestão, em todos os animais, é baseado em uma

série de transformações e eventos de caráter físico, químico e mecânico, com a

finalidade de transformar os alimentos sólidos ingeridos em substâncias capazes de

serem absorvidas pelo organismo (BARROS et al., 2014).

O trato gastrintestinal da ave (TGI) é composto por bico ou boca,

faringe, esôfago, papo, pró-ventrículo, moela, intestino delgado, cecos, intestino

grosso e cloaca e os órgãos glandulares (glândulas salivares, fígado e pâncreas)

que não fazem parte da composição do trato gastrintestinal, porém auxiliam na

digestão das aves com a secreção de substâncias como a saliva que auxiliará na

lubrificação do alimento (BELL; WEAVER, 2002; RUTZ et al., 2015).

O conteúdo processado na moela é repassado em pequenas porções

para o intestino delgado, local onde acontece a maior parte da digestão e absorção.

Desta forma, os resíduos liquefeitos passam para o intestino grosso, onde a

digestão é finalizada e a água é reabsorvida pelo organismo do animal sendo o

tempo normal de trânsito intestinal do alimento nos frangos de 2 a 3 horas, entre

a ingestão até sua eliminação nas fezes (BENEZ, 2001; BARROS et al., 2014).

O TGI age de imediato perante mudanças em relação ao consumo

alimentar, sendo o primeiro sistema a ser afetado apresentando alterações na função

e estrutura intestinal. Portanto, períodos de jejum provocam diminuição da massa da

mucosa; mudanças na espessura de cripta; na altura, espessura e densidade dos

vilos e alterações da área absortiva superficial e a taxa de digestão dos alimentos

pode ser aumentada devido a mudanças no tamanho do intestino, da atividade

enzimática e de alterações musculares do TGI (FERRARIS; CAREY, 2000;

KARASOV; MCWILLIAMS, 2005; THOMPSON; APPLEGATE, 2006).

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JEJUM ALIMENTAR EM FRANGOS DE CORTE

O jejum alimentar em relação a outros fatores, é o período pré-

abate mais importante (SCHETTINO et al., 2006), sendo esta etapa indispensável

para o processamento de aves pois têm relação direta com a qualidade e com o

rendimento da carne. Portanto, este procedimento tem o objetivo de diminuir o

volume de conteúdo gastrintestinal, auxiliando para que não haja condenação da

carcaça por contaminação cruzada por consequência do rompimento das alças

intestinais durante a evisceração (KOMIYAMA et. al., 2008; RAMÃO et.al., 2011;

BARACHO et al., 2012; PEREIRA et al., 2013).

Antes da apanha é indispensável que as aves tenham livre acesso à

água de bebida para que não ocorra a paralisação da passagem do alimento do

papo, pró- ventrículo e moela para o intestino. Assim, o tempo de jejum é

compreendido entre a suspensão da última alimentação sólida fornecida na granja,

durante o transporte para o frigorífico, onde permanece nos galpões de espera,

onde as aves ficam sob ventilação juntamente com aspersão de água, realizado

para diminuir o estresse até o momento do abate (MENDES, 2001; NORTHCUTT,

2003; LUDTKE, 2010;).

Deste modo, o MAPA estipulou o tempo mínimo de seis horas e o

máximo de oito horas da retirada da ração para as aves que irão para o abate

com tempo de descanso em caixas não ultrapassando duas horas, sendo proibido

exceder 12 horas de jejum (BRASIL, 1998; LUDTKE, 2010; MOREIRA, 2005).

CONTAMINAÇÃO DAS CARCAÇAS VERSUS

TEMPO DE JEJUM

A contaminação ocorre quando o intestino se rompe de tal modo que

as fezes entram em contato com as carcaças. Entretanto, o chile, mais as caixas

de transporte (DELAZARI, 2001), a depenagem, a escaldagem e a evisceração são

locais de contaminação cruzada no frigorifico. Também, as sujidades presentes nas

penas, peles e pés abrigam um número muito grande de microrganismos (MENDES,

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2001). Embora a maioria não apresente importância na saúde

pública, alguns são potencialmente patogênicos (MEAD, 1989; HAFEZ, 1999) como

o Staphylococcus aureus (presente na pele, patas e penas) e os de maior

preocupação, a Salmonella e o Campylobacter (presentes no trato intestinal)

(DELAZARI, 2001). Fatores que reduzem a motilidade intestinal dos

frangos aumentando a probabilidade de contaminação de carcaça são mudanças

abruptas no manejo como alteração na temperatura, iluminação e estresse das aves

no momento da apanha (NORTHCUTT, 2000).

Além dos microrganismos causarem a deterioração da carcaça,

alterando a vida de prateleira da mesma, esses agentes são um risco para a

saúde pública, ao causar toxinfecções alimentares. A retirada do alimento

provoca uma alteração no pH do intestino das aves e isso pode eventualmente

favorecer a instalação e ou multiplicação de determinados microrganismos

patogênicos em alguns segmentos do aparelho digestivo (MENDES, 2001).

Se o período do jejum alimentar for longo (acima de 12 horas), pode

haver facilidade de rompimento durante a evisceração com consequente

contaminação da carcaça com material fecal. Pode-se também ocorrer

contaminação com bile nas carcaças, pois a vesícula biliar tende a aumentar de

tamanho (pois a bile é utilizada na digestão e no período de jejum não há a

ocorrência deste evento), tornando de fácil rompimento durante a evisceração, pode

provocar o retorno do excesso de bile para o fígado ou liberar conteúdo biliar para a

moela e duodeno, tornando a coloração da moela e do fígado esverdeados

(RASMUSSEN; MAST, 1989; LYON et al., 1991; SAVAGE, 1998).

Ainda, com o tempo maior de jejum, as aves podem ingerir cama do

aviário para compensar a falta de ração e com isso o risco de contaminação poderá

aumentar devido à ingestão de fezes e ocorrer um aumento na proliferação de

Salmonella e Campylobacternas carcaçaspor dois motivos: pelo estresse que as

aves passam pelo período de jejum ser longo, havendo hipermotilidade intestinal e

consequente maior liberação de fezes e pelo aumento da permeabilidade intestinal,

fazendo com que as bactérias que colonizam o intestino das aves sejam

absorvidas, aumentando o risco de contaminação. Por isso, deve-se ser

fundamental evitar o jejum prolongado e para que isto ocorra de maneira correta, as

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etapas deverão ser planejadas com responsabilidade da área de produção e pela

logística de transporte (LUDTKE, 2010).

Já nos períodos curtos de jejum alimentar, menores que 6 ou 7 horas,

há a chance de, na evisceração, ocorrer o extravasamento do conteúdo

gastrintestinal, pelo fatodo trato digestivo das aves ainda permanecer com a

presença de alimentos, ocupando uma grande porção na cavidade abdominal

(NORTHCUTT, 2000).

QUALIDADE DE CARNE VERSUS TEMPO DE JEJUM

A maioria dos frigoríficos avícolas no Brasil utilizam o abate "just in

time", metodologia que permite programar com maior precisão o tempo de jejum

(ASSAYAG JÚNIOR, 2005). Portanto, quando o jejum é realizado de maneira

correta, o impacto no bem-estar das aves e na qualidade de carne são favoráveis e

positivos (LUDTKE, 2010).

Em aves, o desenvolvimento das reações bioquímicas post mortem

têm característica de ser veloz (BRESSAN; BERAQUET, 2002), sendo menor ou

igual a 30 minutos (OLIVO, 2006). Deste modo, o jejum alimentar que for

empregado poderá delongar a velocidade de instalação do rigor mortis fazendo

com que instaure fatores indesejáveis na carcaça, afetando a qualidade final da

carne (BRESSAN; BERAQUET, 2002). Em relação a isso, a quantidade de ácido

lático no músculo no momento do abate, determinará a velocidade de instalação do

rigor mortis e o pH final (OLIVO, 2006).

O valor do pH final, que pode ser influenciado pelo jejum alimentar,

está diretamente relacionado com a quantidade de glicogênio muscular no momento

da morte da ave (OLIVO, 2006) e refletirão na luminosidade, cor da carne,

capacidade de retenção de água e na força de cisalhamento da carne (STERTEN

et al., 2009). A rapidez da degradação do glicogênio que é a causa de variações no

rigor mortis e na acidificação da carne (VALSECHI, 2001) ocasionada pelo

estresse, irá determinar a ocorrência de carnes anormais como a DFD (dry, firm,

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dark) de pH> 5,8 e PSE (pale, soft, exudative) de pH igual 5,2 (WARRIS et al.,

2010).

O jejum prolongado acarretará a depleção do glicogênio muscular,

ocasionando em uma elevação no pHpost mortem.Portanto, essa falta de glicogênio

evitará a formação proporcionalmente de ácido lático, assim, o declínio do pH e a

velocidade de instalação do rigor mortis irá se dar mais lentamente que o normal e o

pH final da carne permanecerá elevado (SWATLAND, 1993; LAWRIE, 1998;

MILLER, 2002) provocando o surgimento de carne DFD (ODA et al., 2003;

SCHNEIDER, 2004) que além de ter um aspecto menos atraente para o consumidor,

ainda possui um pH favorável para o crescimento bacteriano, encurtando a vida útil

do produto (CHEN et al., 1983; BERRI, 2000).

Já as carnes de frangos PSE são determinadas por frangos que

sofrerem estresse no manejo pré-abate com rápida glicólise post mortem (LARA et

al., 2002) e segundo Romão (2001), as aves que não forem submetidas ao período

de jejum que antecede o abate, irão apresentar maior incidência de carne PSE em

relação à aves que tiveram o devido jejum pré-abate. Deste modo, o pH baixo

que estas carnes apresentam, pode causar desnaturação das proteínas,

comprometendo diretamente as propriedades funcionais da carne, tornando-a de

qualidade inferior (PRAXEDES, 2007) e com aspecto pálido (SWATLAND, 1993).

Portanto, a diferença é que a carne PSE está associada ao estresse agudo,

imediatamente antes do abate, enquanto a carne DFD está ligada ao estresse

crônico, em longos períodos que antecedem o abate (HEDRICK et al., 1994;

LAWRIE, 1998; OWENS; SAMS, 2000).

RENDIMENTO DE CARCAÇA VERSUS TEMPO DE JEJUM

Rosa et al., (2000) indicam que as perdas de peso variam entre 0,20

a 0,40% do peso vivo, por hora de jejum. Assim, a intensidade da perda de

peso está relacionada com outros fatores como: tamanho das aves, condições de

transporte e temperatura no ambiente de espera do abate (CHENet al., 1983).

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Portanto, ocorrerá perda de peso corporal nas aves em tempos de jejum

prolongados (PAPA, 1991; BARTOV, 1998).

Schettinoet al. (2006), avaliaram que ocorreu maior perda de peso

vivo na utilização de 14 horas de jejum.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contaminação da carcaça e a qualidade final da carne de frangos

são determinadas por fatores como período de jejum, apanha, transporte, tempo

prolongado de espera antes do abate e temperatura. Portanto irão causar estresse

no animal e fazer com que o rendimento da carcaça não seja o esperado na

indústria.

Deste modo, o período de jejum é uma etapa da produção de grande

importância e deve ser monitorada desde a granja até o frigorifico para que atinja

sempre o período ideal, não sendo curto nem longo, pois poderá ocorrer

alterações na carcaça, trazendo desperdício e/ou um fornecimento de um

produto final de qualidade inferior ao consumidor.

Por esse motivo, as empresas atualmente estão sempre

orientando os produtores para seguirem à risca o momento da interrupção do

fornecimento de ração porém com livre acesso à água até o momento da apanha.

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MÉTODOS DE UTILIZAÇÃO DO GIRASSOL

Daniele Briega¹(*) Rafael Fink de Sousa¹

Rafaela T. M. Sousa¹ Suellen Tulio de Córdova Gobetti²

Amanda de Freitas Pena³

Resumo: O girassol (Helianthus annuus) é uma planta anual, originária do continente Americano, sendo cultivada em todo mundo. É uma espécie produtora de grãos e forragem de fácil adaptação aos diversos ambientes, no Brasil não possui a mesma tradição de cultivos como: milho e soja. Produz um óleo com excelente qualidade nutricional, e como fonte proteíca (PB 11,6%), o girassol é uma ótima opção para ração animal e uso humano. Palavras-chave: forragem, proteína, qualidade nutricional

Abstract: Sunflower is an annual plant native to the American continent, being grown worldwide. It is a producer of grain and forage species for easy adaptation to different environments, in Brazil does not have the same tradition of crops such as corn and soybeans. It produces an oil with excellent nutritional quality, and as a protein source, the sunflower is a great choice for animal feed and human use. Keyword: sunflower, animal feed and human consumption.

Introdução

O girassol é uma cultura de ampla capacidade de adaptação ás

diversas condições de latitude, longitude e foto período. Nos últimos anos, vem se

apresentando como opção de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras

de grãos (EMBRAPA, 1991 ; NRC, 1998).

Mais também é importante fonte de proteínas para alimentação animal.

A combinação das rações de girassol e soja é perfeita uma vez que, enquanto a

primeira é deficiente de lisina e rico em proteína, a soja apresenta relação inversa,

sendo pobre

1. Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL – email: [email protected]. Autora para correspondência 2 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 3 Médica Veterinária, Mestre, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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em proteína e rica em lisina. Algumas pesquisas indicam o girassol como uma

importante fonte de volumosos na utilização como alimento para animais, na forma de

silagem (UNGARO et. al, 1985).

HISTÓRICO DA CULTURA

Originária no México, atualmente está difundida por diversos

continentes, os principais países produtores de girassol são: Rússia, Ucrânia,

Argentina e China, porém nos últimos anos a cultura de girassol se sobressai a nível

mundial (FILHO et. al, 2014).

O cultivo de girassol no Brasil iniciou no século XIX, trazida por

colonizadores europeus, onde consumiam as sementes torradas ou como um chá na

região sul do país. Já foi considerada uma planta de muitas aptidões, porém na

década de 70 o girassol não conseguiu se estabelecer muito bem, por não ter um bom

nível produtivo igual outras culturas como milho, algodão e soja (SOUSA CÂMARA et.

al, 2011).

Atualmente o Brasil ocupa a 27 posição no Ranking dos países mais

produtores de girassol, como podemos ver na quadro 1, tendo os estados de Mato

Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul como maiores produtores (CONAB 2016).

Quadro 1 - Produção, área e produtividade agrícola de girassol (aquênios) nos principais estados produtores. Safra 2010/2011.

Estados Produção (1.000t)

P/B %

A/B %

Área (1.000ha)

Rendimento (kg ha -¹)

Mato Grosso 69,5 67,9 43,2 1.609

Goiás 13,8 13,5 81,3 9,1 1.517

Rio Grande do Sul 11,6 11,3 92,7 9,0 1.294

Mato Grosso do Sul 4,4 4,3 97,0 3,8 1.165

Ceará 1,7 1,7 98,6 2,3 751

Paraná 1,0 1,0 99,6 0,7 1.382

Bahia 0,4 0,4 100,0 0,6 684

BRASIL 102,4 100,0 100,0 68,7 1.492

¹P/B = participação percentual do estado em relação ao Brasil. ²A/B = participação percentual acumulada dos estados em relação ao Brasil Fonte: CONAB (2016)

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O sucesso dessa cultura depende também da ausência de pragas

como nematoides, considerado principal parasita de girassol. Podemos dizer também

que essa planta trás melhora a estrutura e fertilização do solo, por possuírem um

sistema radicular profundo (SOUSA CÂMARA et. al, 2011).

A semeadura predominante é a mecânica, mas também pode ser

manual. A mecânica é utilizada em grandes propriedades agrícolas, já a manual, é a

técnica mais usada em pequenas áreas agrícolas. Como na semeadura, a colheita

também pode ser feita mecanizada ou manualmente, dependendo da necessidade de

cada propriedade. O momento da colheita varia entre os meses de fevereiro á março,

após 4 a 5 meses de seu plantio (SOUSA CÂMARA et. al, 2011).

A maior utilização dessa planta é para a extração de seu óleo, porém

também pode ser utilizada de diversas formas, como: alimentação humana, tostado,

envasado e salgado, e na alimentação de aves, suínos e bovinos, como farelo (ração)

ou silagem. O óleo de girassol destaca-se por suas excelentes características

nutricionais e funcionais á dieta humana, na alimentação animal o girassol possui um

alto teor de proteína bruta e outros nutrientes essenciais (SOUSA CÂMARA et. al,

2011).

Neste contexto, vamos abordar alguns produtos oriundos do girassol e

utilizados na alimentação animal.

FARELO DE GIRASSOL

Ainda é pouco utilizao no Brasil, embora é uma boa alternativa como

fonte de proteína nas rações dos animais. O farelo é um subproduto resultante da

extração de óleo da semente de girassol, apresenta boa palatabilidade e seu uso em

rações não consta limitantes tóxicos (CORTAMIRA et. al. 2000).

O farelo de girassol é obtido após o processamento das sementes,

comercialmente o método mais utilizado para a produção do farelo é a extração com

solvente (esse processo utiliza o calor). A composição do subproduto é dependente de

vários fatores, como a quantidade de casca removida, variedade genética da planta,

tipo de solo, clima, entre outras (EMBRAPA, 1991 ; NRC, 1998).

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UTILIZAÇÃO DO FARELO DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE

MONOGÁSTRICOS

Segundo Cortamira et. al. (2000), quando o farelo de girassol é

adicionado á dieta de suínos para substituir em parte o farelo de soja, é necessário

suplementar a ração com óleo vegetal e lisina sintética.

Testando a inclusão de farelo de girassol na dieta de suínos em

crescimento e terminação, concluíram que a inclusão de até 21% do ingrediente não

influenciou o desempenho dos animais quando comparado com uma dieta tradicional,

baseada em milho e farelo de soja (SILVA et. al. 2000).

UTILIZAÇÃO DO FARELO DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Tendo em vista a dificuldade no processo de remoção de cascas, o

farelo de girassol brasileiro possui entre 28 e 35% de proteína bruta, sendo esta de

elevada degradação ruminal, somente 10% de proteína não degradável no rúmen

(GARCIA, 2001).

Segundo Irshaid et. al. (2003) estudando a substituição de 50 e 100%

do farelo de soja por farelo de girassol na alimentação de cordeiros, concluíram que o

farelo de girassol pode ser incorporado na dieta sem efeitos prejudiciais sobre a

digestibilidade desses animais.

TORTA DE GIRASSOL

A torta de girassol é decorrente de um processo mecânico de extração

de óleo, com menor eficiência, gerando um produto com média de 18% de gordura na

matéria seca (OLIVEIRA et al., 2003).

Segundo Costa et al. (2005), em termos de proteína e extrato etéreo, a

composição da torta de girassol corresponde a 22,19 e 22,15%, respectivamente.

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Alguns minifúndios optam pela extração em pequena escala do óleo

de girassol com prensa mecânica, por possuir duas vantagens: é uma opção

econômica e resulta em um subproduto potencialmente útil para o uso em rações

animais (COSTA et al., 2005). Segundo San Juan & Villamide (2000), com a

prensagem mecânica de 1000g em 80°C de semente de girassol, obtem-se 340 g de

óleo e 660 g de torta de girassol.

Em relação à quantidade de lisina, a torta de girassol apresenta menor

quantidade, pois o processo mecânico não utiliza altas temperaturas como na extração

por solventes (COSTA et al., 2005).

UTILIZAÇÃO DA TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE S UÍNOS E

FRANGOS DE CORTE

Através de um ensaio de digestibilidade com torta de girassol realizado

por Silva et al. (2002a) em suínos, foram encontrados valores de energia digestível

3.421 kcal/kg e de energia metabolizável 3.247 kcal/kg, indicando portanto ser um

ingrediente energético e de nível protéico intermediário para suínos, porém com nível

de fibra bruta elevado.

Segundo experimento realizado por COSTA, 2005 para alimentação

de suínos em fase de crescimento e terminação em até 15%, pode ser usado a torta

de girassol, pois proporcionam os mesmos índices de desempenho e características

de carcaça.

A torta de girassol mostra-se um ingrediente de caráter passível de ser

incorporados às rações de frangos de corte nos últimos seis dias ao abate, sob níveis

de até 12% de inclusão (FONSECA et al., 2007)

UTILIZAÇÃO DA TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE R UMINANTES

Para ruminantes a torta de girassol também é um alimento bastante

proteico, com proteína de alta degradação ruminal, além de ser rica em ácidos graxos

insaturados. Segundo Pereira et al. (2011), a torta de girassol pode ser usada na

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alimentação de vacas em lactação, porém a eficiência de síntese de proteína

microbiana, o perfil e a produção de ácidos graxos do leite não se alteram.

SILAGEM DE GIRASSOL

O uso do girassol na alimentação animal sob forma de silagem tem

surgido como boa alternativa para o Brasil devido aos períodos de déficit hídrico, que

impossibilitam a produção de alimentos volumosos de boa qualidade. Entretanto pouco

se conhece sobre seu potencial forrageiro e o valor nutritivo de sua silagem (TOSI et

al. 1975).

O valor nutritivo de uma silagem normalmente é considerado função

do consumo, digestibilidade e eficiência de utilização de nutrientes. Assim, um dos

principais critérios utilizados para avaliação da qualidade da silagem, além da

composição química e das características fermentativas, é o efeito dessas sobre o

desempenho animal (HENRIQUE et al. 1998).

As silagens de girassol apresentam, em regra, teores mais elevados

de proteínas, minerais e extrato etéreo do que silagens de milho, sorgo ou capim

elefante. Quando usadas em dietas balanceadas, o mais alto conteúdo proteico e

mineral pode representar uma vantagem econômica para a silagem de girassol em

relação a demais (CARNEIRO et al. 2002).

Etapas para a preparação da silagem

Corte: consiste em cortar a forragem do campo, no caso do girassol,

cortar a planta a 15cm do solo;

- Picagem: deve-se fazer uma boa picagem, com partículas em torno

de 1 a 2 cm, pois facilita a eliminação do ar;

- Compactação: a cada camada de 30 cm, o material deve ser bem

compactado. A compactação serve para que expulse o ar de dentro da massa da

forragem;

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- Vedação: depois de cheio o silo deve ser bem fechado, a vedação

deve ser feita com lona sendo as bordas presas nas laterais do silo (TELES REGO et

al. 2010).

O consumo das dietas contendo silagem de girassol é alto na maioria

dos relatos da literatura (GONÇALVES et al,; 2000), sendo um produto de ótima

palatabilidade e bem aceito pelos animais.

Para bovinos leiteiros a substituição parcial de silagem de milho por

silagem de girassol não afetou as produções de leite, gordura ou proteína (SILVA at al.

2004). Já Ribeiro et al. (2002), diz que o uso da silagem de girassol como fonte única

de volumosos pode ser uma ótima opção para engorda de ovinos, pois ovelhas

alimentadas com esta silagem apresentam maiores ganhos de peso e rendimento de

carcaça do que ovelhas alimentadas com silagens de milho e sorgo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O girassol é uma das quatro maiores oleaginosas, produtora de óleo

vegetal comestível em utilização no mundo se existe uma planta ideal, do qual tudo se

aproveita, o girassol está bem próximo dela.

Podemos considerar que o girassol traz benefícios tanto para saúde

humana quanto animal através de sua ótima característica nutricional e funcional.

Tendo em vista seus benefícios, como, fonte de proteína nas rações animais,

apresentado boa palatabilidade, o uso do girassol na alimentação animal é bastante

indicado e deve ser cada vez mais utilizado.

REFERÊNCIAS

CABRAL. W. B, et. al. Silagem de Girassol na Alimentação de Bovinos . Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/nutricao/silagem-de-girassol-na-alimentacao-de-bovinos/ último acesso em 25/08/16 CEAPAR. Girassol. Disponível em: http://www.ceapar.com.br/histgira.html último acesso em 29/03/16

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COSTA. M. C. R, et. al. Utilização da Torta de Girassol na Alimentação de S uínos nas Fases de Crescimento e Terminação: Efeitos no D esempenho e nas Características de Carcaça. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbz/v34n5/26639.pdf. Acessado em: 25 de ago de 2016 CRIAR E PLANTAR. Colheita. Disponível em: http://www.criareplantar.com.br/agricultura/lerTexto.php?categoria=43&id=649. Acessado em: 29 de mar de 2016 EMBRAPA. Girassol. Disponível em: https://www.embrapa.br/soja/cultivos/girassol. Acesso em: 29 de mar de 2016.

EVANGELISTA. R. A, LIMA. A. J. Utilização de Silagem de Girassol na Alimentação Animal Disponível em: http://www.nupel.uem.br/girassol.pdf. Acesado em: 25 de ago de 2016

GAZOLLA. A. et. al. A cultura do Girassol. Disponível em: http://www2.esalq.usp.br/departamentos/lpv/lpv506/LPV-0506%20-%20GIRASSOL%20APOSTILaO%202012.pdf. Acessado em: 29 de mar de 16 LIRA. M. A. Avaliação das Potencialidades da Cultura do Girasso l, Como Alternativa de Cultivo no Seminário Nordestino. Disponível em: http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/EMPARN/DOC/DOC000000000000381.PDF. Acessado em: 29 de mar de 2016

PEREIRA. S. E, et. al. Torta de girassol em rações de vacas em lactação: produção microbiana, produção, composição e perfil de ácidos graxos do leite . Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asas/v33n4/a10v33n4.pdf. Acessado em: 25 de ago de 2016 REGO. T. M. M, et. al. Silagem de Girassol e Sorgo na Alimentação de Ruminantes. Disponível em: http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/EMPARN/DOC/DOC000000000024672.PDF. Acessado em 25 de ago de 2016 TAVERNARI. C. F. Farelo de Girassol: Composição e Utilização na Alim entação de Frrangos de Corte. Disponível em: http://www.nutritime.com.br/arquivos_internos/artigos/064V5N5P638_647_SET2008_.pdf. Acessado em 29 de mar de 2016 UNGARO. M. R. G. O girassol . Disponível em: http://www.sitioduascachoeiras.com.br/agricultura/vegetal/girassol.htm. Acessado em: 25 de ago de 2016

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO EM UM MUNICÍPIO DO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ

Patricia Costa da Silva¹ Fernanda Evers²

Fabiana Maria Ruiz Lopes Mori² Suelen Tulio de Córdova Gobetti²

Resumo A água destinada ao consumo humano deve ser monitorada rotineiramente, devido à capacidade de veicular grande quantidade de contaminantes, garantindo a segurança hídrica da população que irá consumir essa água. Assim, torna-se necessário monitorar a qualidade da água destinada ao consumo humano, baseado nas exigências da legislação vigente realizado pela Vigilância Ambiental em Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA. Esse trabalho teve como objetivo Esse trabalho teve como objetivo analisar através de parâmetros físico-químicos e microbiológicos a água de consumo humano de propriedades da zona rural de um município do norte do estado do Paraná e quantificar as não conformidades encontradas, tendo como resultados não conformes para Escherichia coli, indicando contaminação fecal. Palavras-chave: Contaminantes; segurança; análises; físico-químicas; microbiológicas.

Abstract Water intended for human consumption must be monitored routinely because of the ability to carry a large quantity of contaminants, ensuring the water safety of the population that will consume this water. Thus, it is necessary to monitor the quality of water intended for human consumption, based on the requirements of current legislation carried out by the Environmental Health Surveillance related to Water Quality for Human Consumption - VIGIAGUA. This work had as objective This work had as objective to analyze through physical-chemical and microbiological parameters the water of human consumption of properties of the rural zone of a municipality of the north of the state of Paraná and to quantify the nonconformities found, having as nonconforming results For Escherichia coli, indicating fecal contamination. Keywords: Pollutants; safety; analysis; Physical-chemical; Microbiological conditions.

1. INTRODUÇÃO

A água é um líquido natural, transparente, incolor, geralmente insípido

e inodoro, indispensável para a sobrevivência dos seres vivos. Dentre todas as

substâncias é a que pode ser encontrada em maior quantidade dentro e fora do corpo

humano (DEALESSANDRI, 2013).

1. Trabalho de conclusão de curso da primeira autora. 2. Médicas Veterinárias, doutoras, professoras do curso de Medicina Veterinária do Centro

Universitário Filadélfia- Unifil

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Por ser um recurso natural importante, pode servir de fator de risco

relevante para a sociedade, sendo causa de um número alarmante de doenças

(MORAES; JORDÃO, 2002). No meio rural o risco de ocorrência de surtos de doenças

veiculadas pela água é alto, visto que a população não possui acesso às medidas de

saneamento, tendo a possibilidade de contaminação microbiológica dessas águas por

serem captadas em poços inadequadamente vedados e próximos de fontes de

contaminação como fossas e áreas de pastagens de animais (AMARAL et al., 2003).

A atuação da vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade

da água para consumo humano deve ocorrer sobre todas as formas de abastecimento

de água coletiva ou individual, na área urbana e rural, de gestão pública ou privada,

incluindo as instalações intradomiciliares. (BRASIL, 2014).

Para que a qualidade fosse atestada de forma padronizada, surgiu a

Vigilância Ambiental em Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo

Humano – VIGIAGUA, com princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS,

com indicadores de qualidade da água para consumo humano definidos e metodologia

proposta pela Organização Mundial da Saúde - OMS, que subsidiaram o

desenvolvimento do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para

Consumo Humano - SISAGUA. (BRASIL, 1990; PORTAL DA SAÚDE, 2014).

Sabendo-se que as doenças de veiculação hídrica são também

causadas por microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana,

transmitidos pela via fecal-oral através de água ou alimento contaminado, a análise

microbiológica da água para Escherichia coli na água torna-se importante, pois é um

indicador de contaminação fecal além do agente causar enfermidades diarreicas de

natureza infecciosa. (MATTOS; SILVA, 2002).

Esse trabalho teve como objetivo analisar através de parâmetros

físico-químicos e microbiológicos a água de consumo humano de propriedades da

zona rural de um município do norte do estado do Paraná e quantificar as não

conformidades encontradas.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo compreende a zona rural de um município do Norte

do Estado do Paraná, na região da Gleba Jacutinga Sudeste, que fica nas

proximidades do Rio Jacutinga sendo composta por 60 propriedades rurais (Figura 1).

Do total de propriedades existentes, foram estudados os Sistemas de

Abastecimento Individual - SAI de 13 propriedades rurais, predefinidos pelo

zoneamento acordado na Diretriz Nacional de Plano de Amostragem – Parâmetros

Básicos no início de 2016. Das 13 propriedades rurais visitadas, 38,5% (5/13) tinham

abastecimento por poço artesiano, 38,5% (5/13) eram abastecidas por fonte/mina

d’água e 23% (3/13) através de poço escavado.

Figura 1: Principais bacias hidrográficas urbanas de Londrina Fonte: SEMA – 2007

A coleta de amostra deve ser pontual e caso seja necessário coletar

várias amostras em locais próximos, cada ponto de coleta será considerado uma

amostra diferente e amostras coletadas no mesmo ponto, em frascos diferentes,

constituem a mesma amostra. As amostras para análises microbiológicas antecederam

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as coletas para análises físico-químicas para evitar o risco de contaminação (BRASIL,

2004 a).

Nas unidades de captação subterrânea ou superficial, equipadas com

bomba, a água foi bombeada por tempo suficiente para eliminar toda a água

estagnada na tubulação. A coleta foi realizada em torneiras próximas à captação ou na

entrada do reservatório. Foram analisados cloro residual livre nas unidades de

captação que eram cloradas (BRASIL, 2004 a).

As amostras de água foram coletadas entre os meses de julho a

outubro de 2016 sempre no período da manhã e sem registro de chuvas nos últimos 3

dias anteriores. A coleta foi realizada em 3 frascos diferentes por propriedade, sendo

dois destinados para pesquisa de parâmetros físico-químicos e um para

microbiológico, sendo acondicionados em caixa isotérmica e mantidos com gelo

reciclado até o envio ao Laboratório do Centro de Controle Biológico - CCB da

Universidade Estadual de Londrina – UEL.

ANÁLISE DAS AMOSTRAS

Análise Físico-químico

Para as análises físico-químicas foram utilizados um frasco (100 ml)

para fluoreto e um frasco (100 ml) para turbidez, sendo abertos somente no momento

da coleta. A análise de Fluoreto foi realizada através do método do Eletrodo ION-

seletivo (BRASIL, 2004 a). A presença do gás halógeno natural em água in natura em

níveis superiores a 1,5mg/L pode ocasionar fluorose dental e esquelética,

principalmente em crianças, com o escurecimento dos dentes e enfraquecimento dos

ossos (BRASIL, 2004 a).

A Turbidez foi analisada pelo método Nefelométrico e consiste na

medida da dificuldade de um feixe de luz em atravessar a água, indicando matérias

sólidas em suspensão, podendo ser um indicador da presença de minerais pesados na

água in natura (BRASIL, 2004 a).

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Análise Microbiológica

As amostras foram coletadas em frascos (200 ml) estéreis, dentro do

prazo de validade, abertos no momento da coleta (BRASIL, 2004 a).

Para as unidades de captação subterrânea ou superficial equipadas

com bomba, a água foi bombeada por tempo suficiente para esgotar toda a água

estagnada na tubulação. As amostras foram coletadas em torneiras próximas à saída

da captação ou entrada do reservatório. Antes da coleta, a torneira foi higienizada com

solução de hipoclorito de sódio 100mg/L sendo o excesso de hipoclorito removido

antes da coleta (BRASIL, 2004 a).

Os Coliformes Totais indicam contato com matéria orgânica em

decomposição e foram analisados pelo Método de Substrato Cromogênico/Enzimático

(BRASIL, 2004 a).

A presença de Escherichia coli indica possível contaminação de

origem fecal (humana e/ou animal) sendo aceitável como resultado a ausência em

100ml, pelo Método de Substrato Cromogênico/Enzimático (BRASIL, 2004 a).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 13 amostras coletadas, 100% obtiveram resultados satisfatórios

para fluoreto e turbidez. Entretanto 69,2% (9/13) obtiveram resultados insatisfatórios

para Coliformes Totais e, principalmente, Escherichia coli. Das amostras não

conformes, 23,1% (3/13) foram em poço escavado, 15,3% (2/13) em poço artesiano e

30,8% (4/13) em fonte/mina d’água.

Segundo as Portarias do Ministério da Saúde nº. 518 de 2004 e nº.

2914 de 2011 é de responsabilidade das Secretarias Municipais de Saúde e dos

responsáveis pelo abastecimento de água exercer a vigilância da qualidade da água

em sua área de competência (BRASIL, 2004 b; 2011). De acordo com as diretrizes do

SUS, deve ser garantida à população informações sobre a qualidade da água e riscos

associados à saúde, além de informação ao responsável pelo fornecimento de água

para consumo humano sobre as não conformidades detectadas e exigir as correções

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necessárias, incluindo os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água

(BRASIL, 1990; 2004 b; 2011).

No município de estudo, essa função fica a cargo da Vigilância

Ambiental com a parceria do Programa Nacional de Controle da Qualidade de Agua

(PNCQA) para a implantação do VIGIAGUA. Para tanto foram realizadas análises

periódicas da água, por metodologia proposta pela Organização Mundial da Saúde

(OMS), que subsidiam o desenvolvimento do SISAGUA (BRASIL, 2014).

A Portaria 518/04 considera como solução alternativa de

abastecimento de água para consumo humano toda modalidade de abastecimento

coletivo de água distinta do sistema de abastecimento de água, incluindo, entre outras,

poços comunitários. Segundo essa Portaria, em amostras individuais procedentes de

poços, tolera-se a presença de coliformes totais, na ausência de Escherichia coli e/ou

coliformes termotolerantes. (BRASIL, 2004 b).

Ações Corretivas

Diante dos resultados obtidos foram feitas orientações aos

proprietários para que as correções fossem realizadas. Dentre elas, manter bem

vedado o poço escavado que extrai a água de lençóis freáticos ou água subterrânea

superficial; instalar clorador simplificado por difusão; fazer a limpeza e manutenção da

caixa d’água e por fim tratar a água com Hipoclorito de Sódio - 2,5% para eliminar a

contaminação. Por ser o cloro um gás halógeno volátil irá proporcionar

descontaminação da água sem prejuízo à saúde. Segundo a OMS é tolerado 0,5mg/l

de cloro residual (SMS, 2016).

Para poços artesianos que extrai água de lençóis artesianos ou água

subterrânea mais profunda, foi solicitada a compra e instalação de bomba dosadora de

cloro para a desinfecção da água diretamente no poço, conforme a vazão ou o

consumo diário, seguindo orientação técnica especializada. (SMS, 2016).

Para a proteção da fonte/mina d’água a orientação foi de manter a

vegetação ao redor, cercar a área para evitar o acesso de animais, limpar o olho

d’água, colocar pedra brita e carvão para formar um filtro “natural”, fazer o

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encanamento com tubos em PVC até a caixa d’água e manutenção da limpeza (SMS,

2016).

No caso de resultado não conforme, o proprietário do SAI pode

solicitar uma nova coleta de amostra de água para confirmação de resultado. Porém

durante o período estudado não houve nenhuma solicitação de contraprova de

resultado. Além disso, o responsável pela operação da solução alternativa de

abastecimento de água pode solicitar à autoridade de Saúde Pública a alteração na

frequência mínima de amostragem, de mensal para quinzenal até atingir um resultado

satisfatório dos parâmetros estabelecidos em função de características não conformes

com o padrão de potabilidade da água ou de outros fatores de risco (BRASIL, 2004 b).

Além das análises realizadas pelo Município, os proprietários das SAI

são também responsáveis pelo controle da qualidade da água de soluções alternativas

de abastecimentos supridos por manancial superficial. Sendo assim são coletadas

amostras semestrais da água bruta para análise, junto ao ponto de captação, de

acordo com os parâmetros exigidos na legislação vigente de classificação e

enquadramento de águas superficiais, avaliando a compatibilidade entre as

características da água bruta e o tipo de tratamento existente (BRASIL, 2004 b).

Ainda segundo a legislação vigente é de inteira responsabilidade do

proprietário/administrador do SAI fazer o controle e a desinfecção. Toda água

fornecida coletivamente deve ser submetida a processo de desinfecção, concebido e

operado de forma a garantir o atendimento ao padrão microbiológico exigido (BRASIL,

2004 b).

Riscos à Saúde – Escherichia coli

A presença de Escherichia coli na água analisada durante o trabalho é

considerada preocupante, pois é um indicador de contaminação fecal e pelo agente

causar enfermidades diarreicas de natureza infecciosa. As doenças de veiculação

hídrica são também causadas por microrganismos patogênicos de origem entérica,

animal ou humana, transmitidos pela via fecal-oral através de água ou alimento

contaminado (MATTOS; SILVA, 2002).

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No caso de surto de doença diarreica aguda, são coletadas amostras

para análise microbiológica e enviadas ao LACEN/PR com o intuito de apoiar a

investigação epidemiológica. Outros tipos de análises que envolvam doenças

diarreicas agudas ou outros agravos de transmissão fecal oral de veiculação hídrica,

as amostras são enviadas diretamente a um Laboratório de Referência Nacional, após

a comunicação ao LACEN, desde que as amostras clínicas sejam confirmadas para os

agentes suspeitos e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de

transmissão (BRASIL, 2004 a).

O risco de ocorrência de surtos de doenças de veiculação hídrica no

meio rural aumenta devido à captação de água em poços velhos, inadequadamente

vedados, próximos a fontes de contaminação, além de infiltração de fossas que

comprometem o lençol freático, defeitos na canalização ou o contato direto com fezes

de animais (MATTOS; SILVA, 2002).

Em geral, as soluções alternativas de abastecimento de água

(coletivas e individuais) são mais susceptíveis à contaminação se comparadas aos

sistemas de abastecimento de água. Consequentemente, o monitoramento da

qualidade da água de SAI é de responsabilidade exclusiva do setor saúde, porque

essas formas de abastecimento oferecem maior risco à saúde, devendo assim, ser

tratadas como prioritárias. (BRASIL, 2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as amostras analisadas das propriedades rurais estudadas,

69% indicou contaminação fecal sugerindo risco à saúde dos consumidores por

estarem fora dos padrões de potabilidade microbiológica. A educação em saúde deve

ser constantemente aplicada e estimulada na zona rural ou em locais que utilizam

fontes de água não submetidas ao tratamento clássico. A potabilidade das águas

subterrâneas e superficiais das áreas rurais devem ter a mesma qualidade e

salubridade que as águas superficiais na zona urbana. Portanto estabelecer

prioridades sanitárias, também para a água consumida pela população rural é de suma

importância, não apenas em relação aos padrões microbiológicos, mas também

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porque interferem na qualidade e quantidade dos mananciais que abastecem a área

urbana, pela forma como usufruem e cuidam das matas ciliares e nascentes.

5 AGRADECIMENTOS

Agradecimento em especial a Mauricio Gomes da Rocha Neto e sua

equipe da Vigilância Sanitária.

REFERENCIAS

AMARAL, L. A.; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O. D.; FERREIRA, F. L. A.; BARROS, L. S. S.. Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v,37, n.4, p.510-514, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei Nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação d a saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá out ras providências . Casa Civil, 1990. BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual Prático de Análise de Água . 1a. ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, pág. 7 a 14, 2004a. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 518 de 24 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao cont role e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilida de, e dá outras providências . Diário Oficial da União. Brasília, 2004b. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qua lidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade . Diário Oficial da União. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhado r. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Vigilância da Qualidade da Água Para Consumo Humano. Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água Para Consumo Humano - Brasília, 2014. DEALESSANDRI, E. I. CARTILHA: Principais doenças transmitidas e veiculadas pela água - MATERIAL DE APOIO PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL - APÊNDICE D - Cartilha doenças veiculadas e transmitidas pela água. Belo Horizonte, p.56, 2013. MATTOS, M. L. T.; SILVA, M. D. Controle da qualidade microbiológica das águas de consumo na microbacia hidrográfica Arroio Passo do Pilão . Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA. Comunicado Técnico 61, 2002.

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MORAES, D. S. L.; JORDAO, B. Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobr e a saúde humana . Revista de Saúde Pública. v.36, n.3, p.370-374, 2002. PORTAL DA SAÚDE. SISAGUA. 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/771-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/vigilancia-da-qualidade-da-agua-vigiagua/l1-vigilancia-da-qualidade-da-agua-vigiagua/12560-sisagua. Acesso em: 19 de outubro de 2016. SEMA. Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Londrina . 2007. Disponível em: http://www.londrina.pr.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=261&Itemid=205. Acesso em: 30 de outubro de 2016. SMS. Secretaria Municipal de Saúde de Cambé . Folder explicativo do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA. Departamento de Vigilância Sanitária e Ambiental, 2016.

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RELATO DE CASO – UTILIZAÇÃO DE FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO CIRCULAR TIPO ILIZAROV EM OSTEOSSÍNTESE DE TÍBIA E FÍBULA EM UM FILHOTE DE ANTA ( Tapirus terrestris )

André Luiz Rizzo Da Silva

Resumo A família Tapiridae é formada por um único gênero com quatro espécies com representantes na Ásia e nas Américas, a espécie relatada nesse trabalho é Tapirus terrestris que ocorre na América do sul. A anta é o maior mamífero neotropical, possui patas robustas para suportar seu peso que está entre 150-300kg. O filhote acompanha a mãe até 1 ano de idade e a maturidade sexual é atingida entre os 2 e 3 anos de idade. Poucas situações clínicas que requerem cirurgia têm sido relatadas em antas. Devido às similaridades anatômicas, as técnicas cirúrgicas empregadas são as mesmas utilizadas em equinos domésticos. O trabalho a seguir tem como objetivo relatar o caso de um processo cirúrgico do uso da técnica de fixador esquelético externo circular do método de Ilizarov em um Tapirus terrestris com fratura de tíbia e fíbula. Palavras- chave: Animais selvagens; Ilizarov; Tapiridae;

Abstract The Tapiridae family consists of a single genus with four species with representatives in Asia and the Americas, the species reported in this work is Tapirus terrestris that occurs in South America. The tapir is the largest neotropical mammal, has sturdy legs to support its weight that is between 150-300kg. The cub accompanies the mother until 1 year of age and the sexual maturity is reached between the 2 and 3 years of age. Few clinical situations requiring surgery have been reported in tapirs. Due to the anatomical similarities, the surgical techniques used are the same ones used in domestic equines. The objective of this work is to report the case of a surgical procedure using the external circular skeletal fixator technique of the Ilizarov method in a South American Tapir (Tapirus terrestris) with tibia and fibula fracture. Keywords: Ilizarov; Tapiridae; Wild animals;

INTRODUÇÃO

As antas, ou tapires, são grandes mamíferos relacionados

evolutivamente com os equídeos e os rinocerontes, mas diferentemente da maioria

dos outros perissodátilos, estão principalmente associados a ambientes florestais e

não a ambientes de campos e savanas. Podendo ser encontradas em áreas naturais

relativamente próximas a pequenos e médios centros urbanos, essa situação, muitas

vezes, leva a captura de animais jovens, tal fator aumenta a presença desses animais

em zoológicos e criadouros (CUBAS, 2014).

São mamíferos ungulados do gênero Perissodactyla, que pertencem a

família Tapiridae, apesar de estarem distribuídas por uma ampla região geográfica,

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esses animais são perseguidos por caçadores em todas as regiões que se encontram

presentes. No Brasil o T. terrestris encontra-se em estado de conservação satisfatório

apenas na Amazônia, contudo, se as perdas de habitat observadas atualmente se

mantiverem nas próximas décadas, a espécie pode se tornar ameaçada também

nesse bioma em um futuro não muito distante (CUBAS, 2014).

A anatomia interna e a fisiologia das antas é similar aquela do cavalo

doméstico e outros perissodáctilos. Quando não houver dados específicos para antas,

é recomendado extrapolar as doses e a terapêutica de protocolos utilizados para

equídeos e rinocerontes. As antas têm uma estrutura corpórea sólida e volumosa, sua

massa corpórea varia entre 150-300 kg, ou acima de 300 kg para a Anta Asiática

(MEDICI, 2007).

Os tapires têm uma probóscide derivada de musculatura e tecidos

moles do focinho e lábio superior. A probóscide é altamente móvel e sensível ao toque,

sendo muito importante na manipulação e ingestão de alimentos. A Anta Brasileira tem

uma crina exuberante na região dorsal do pescoço, que é derivada de gordura e

tecidos moles, sendo coberta por longos pelos negros (MEDICI, 2007).

Possuem unhas espessas e resistentes, sendo três dígitos nos

membros pélvicos e quatro nos membros torácicos. O quarto dígito do membro

torácico é menos desenvolvido e raramente toca o solo. O peso do corpo é dividido

sobre a almofada digital e os dígitos centrais, o que torna-se evidente nas pegadas

destes animais (MEDICI, 2007).

PRIMEITA CONSULTA

Um filhote de anta (Tapirus terrestris), macho, 9 kg, aproximadamente

2 meses de idade foi encontrado caído em uma rodovia na madrugada do dia

10/09/2016 próximo a cidade de Araçatuba. Foi encaminhado ao Centro de Medicina e

Pesquisa de Animais Selvagens (CEMPAS) da UNESP campus Botucatu, no dia

12/09/2016. Ao atendimento inicial foi observada fratura exposta de grau III (Fr. O III)

em terço médio de tíbia há pelo menos 4 dias e fratura simples em fíbula, próxima a

articulação do membro pélvico esquerdo. Após sedação (Cetamina+Xilasina) foi

retirada a bandagem provisória do membro fraturado e realizada a limpeza do local

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com clorexidine 2%. Notou-se necrose muscular extensa. Foi utilizado Furanil tópico

na ferida e feita nova bandagem simples, devido à hipovolemia foram administrados

Voluven (expansor plasmático) e Ringer lactato, para analgesia foi utilizado Butorfanol

(0,05mg/kg).

EXAME FÍSICO

Ao exame físico do animal observou-se apatia, hipovolemia,

hipotermia, com bom escore corporal, apresentou comportamento agitado durante a

contenção física. Optou-se por realizar anestesia com Cetamina (0,2mg/kg) e

Midazolan (0,4mg/kg), foi estabilizado com Propofol e mantido o plano anestésico com

a utilização de Isoflurano para um manejo com maior facilidade e menor estresse.

EXAMES COMPLEMENTARES E DIAGNÓSTICO

Não foi realizado nenhum exame complementar de sangue ou

bioquímicos e devido à visualização da extensão e exposição do ferimento no

momento da retirada da bandagem não foi necessário exame de imagem para

confirmação da fratura. Porem foi realizado exame de imagem (Raio X) para avaliação

da extensão, complexidade e grau da fratura.

INTERNAMENTO

O animal foi hospitalizado no dia 12/09/2016. O tratamento prescrito

durante o período de internação consistiu em alimentação com mamadeira 4 vezes ao

dia (08:00, 11:00, 14:00 e 17:00) com 250ml de leite em pó com adição de creme de

leite.

No dia 14/09/2016 animal apresentava-se constipado, mas em

normorexia. No momento da troca da bandagem observou-se ferida com extensa

necrose e contaminação em musculatura e tecidos adjacentes à região da tíbia e fíbula

do membro pélvico esquerdo, animal foi sedado para o manejo. Realizada tricotomia

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da região adjacente a ferida, debridamento manual, retirada o tecido necrótico e

limpeza com Clorexidine 2% e utilizado Furanil tópico com açúcar na ferida, curativo

fechado.

Administrado:

• Meloxican 0,1mg/kg IM SID, 4 dias;

• Ceftriaxona 40mg/kg IM BID 7 dias;

• Pentabiótico 40.000 UI/kg IM q5 dias;

Instituído:

• Metronidazol 20mg/kg, VO BID, 5 dias;

• Meloxicam (gel) 0,1mg/kg VO SID, 4 dias;

• Tramal 6mg/kg VO BID, 7 dias;

• Dipirona 20mg/kg VO SID, 5 dias;

No dia 16/09/2016 o paciente foi encaminhado para cirurgia para

colocação de fixador esquelético externo circular tipo Ilizarov devido a grande

possibilidade de crescimento de tecido ósseo por ser um filhote. Manteve-se estável

por todo o procedimento, apresentou depressão cardiorrespiratória e parada no retorno

anestésico. Realizadas múltiplas tentativas de reanimação sem resposta.

RESULTADO E DISCUSSÃO

O procedimento cirúrgico realizado no paciente foi necessário devido à

extensão da lesão, intensa contaminação, comprometimento das estruturas

anatômicas do membro pélvico esquerdo e ao tipo de fratura diagnosticada (Fratura

exposta de grau III).

Levando em conta a alta probabilidade de crescimento de tecido

ósseo, pois o paciente era um filhote, a técnica escolhida foi o método de fixador

esquelético externo circular tipo Ilizarov, o qual é amplamente utilizado no tratamento

de fraturas, defeitos ósseos, discrepância do comprimento dos membros, deformidade

e osteomielite. Embora o uso do método Ilizarov em alguns casos, revolucionou o

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tratamento destes problemas, dificuldades podem ser encontradas durante o curso do

tratamento, como manutenção dos fixadores e expansão óssea.

Como a técnica de Ilizarov é utilizada para tratar algumas das

condições mais difíceis na ortopedia, incluindo aqueles que falharam num tratamento

ortopédico anterior, o planejamento pré-operatório pode ser complexo. O método

requer a análise de um ou mais locais de deformidades e a perda óssea, dos tecidos

moles ou ambos.

A fixação esquelética externa compreende três unidades básicas: os

pinos de fixação (inseridos no osso por via transcutânea), as barras externas de

conexão (suportam o osso fraturado) e por fim as rótulas de fixação (unem os pinos de

fixação às barras externas de conexão) (JOHNSON E HULSE, 2007).

A inserção do fixador externo ocorreu sem maiores intercorrências

transoperatórias. O paciente manteve-se estável por toda a cirurgia que teve duração

aproximada de 04 horas e 30 minutos, mas devido ao extenso período anestésico o

paciente veio a óbito durante o período de recuperação. Após a realização de

necropsia do animal, foi observado apenas uma enterite discreta como alteração

macroscópica significativa.

A duração do período anestésico foi longa devido à complexidade de

execução da técnica cirúrgica planejada pelos cirurgiões, que levaram em

consideração a possibilidade de osteossíntese eficaz do membro do animal,

proporcionando qualidade de vida.

Outra opção válida para o caso seria a realização de amputação alta

(articulação coxofemoral). É um procedimento de execução mais simples e

consideravelmente mais rápido, diminuindo o período anestésico e consequentemente

riscos de complicações anestésicas, mas a adaptação de um animal de grande porte

como a anta era incerta devido a distribuição assimétrica do peso nas patas

remanescentes. Foi preconizado na decisão do uso de fixador esquelético externo

circular o destino do animal após a osteossíntese, pois haveria, pelos responsáveis por

zoológicos, a dificuldade de aceite de um animal amputado para exibição pública.

A provável causa do óbito do animal não está relacionada com a

enterite encontrada na necropsia, mas possui relação com o fato do paciente ser um

filhote e ter sido submetido a um período anestésico prolongado o que eventualmente

ocasionou uma descompensação no momento do retorno anestésico caracterizando o

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óbito do animal, outras causas desconhecidas podem ter causado o óbito do animal,

devido à ausência de exames complementares como hemograma, leucograma e

bioquímicos não puderam ser completamente avaliadas.

REFERÊNCIAS

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SÍNDROME CÓLICA: torção de cólon maior e encarceram ento de intestino delgado no forame epiplóico.

Laís C. Santos1

Roberta Garbelini Gomes2

Daniela B.Becegatto2

Mariana Cosenza3

Resumo Dentre as etiologias da síndrome cólica podemos citar os vólvulos ou torções e o encarceramento de alças intestinais no forame epiplóico, acarretando em distensão e acúmulo de ingesta nas diversas porções intestinais, levando o animal à morte. Existem vários fatores predisponentes para estas afecções dentre eles o tipo de alimento fornecido, qualidade da água, estresse, aerofagia, infestações parasitárias e indigestões. Os sinais clínicos comumente encontrados nestas etiologias são: dor abdominal intensa, refluxo enterogástrico, endotoxemia, taquicardia, taquipnéia, tempo de preenchimento capilar aumentado, mucosa oral e ocular congestas. O tratamento para estas etiologias é cirúrgico e o prognóstico irá depender do grau de comprometimento do órgão e o início do tratamento. O objetivo desta revisão de literatura é discorrer sobre a síndrome cólica em equinos, tendo como etiologias a torção de cólon maior e o encarceramento de intestino delgado no forame epiplóico. Palavras-chave: equino, torção, encarceramento, forame epiplóico, cólica.

Abstract: Among the etiologies of the colic syndrome we can mention the volvulus or torsion, and the incarceration of intestinal loops in the epiploic foramen, causing in distension and accumulation of ingestion in the various intestinal portions, leading the animal to death. There are several predisposing factors to these conditions such as the type of food provided, water quality, stress, aerophagia, parasitic infestations and indigestion. The clinical signs commonly found in these etiologies are: severe abdominal pain, enterogastric reflux, endotoxemic, increased heart rate, increased respiratory rate, increased capillary filling time, oral mucosa and congestive ocular. The treatment is surgical and the prognosis will depend on the degree of organ involvement and onset of treatment. The objective of this literature review is to study the colic syndrome in horses, with etiologies of greater colon torsion and small intestine incarceration in the epiploic foramen. Keywords: equine, torsion, incarceration, epiploic foramen, colic.

1 Trabalho de Conclusão de Curso da 1º autora – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL. Autor para correspondência 2 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 3 Médica Veterinária, Mestre, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 4 Médica Veterinária, Mestre, Coordenadora do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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INTRODUÇÃO

A síndrome cólica é uma enfermidade que acomete o trato digestivo

dos equinos, causada por várias etiologias, que vão desde a produção excessiva de

gás no estômago (timpanismo estomacal) devido à fermentação dos alimentos até a

obstrução estrangulante ou torção intestinal, podendo ser tratado conservativamente

ou cirurgicamente (CAMPELO & PICCININ, 2008).

A obstrução de intestino delgado com estrangulamento vascular

(encarceramento) ocasiona a morte em cerca de 70% dos equinos acometidos,

mesmo quando são submetidos ao tratamento cirúrgico. Já a torção de cólon maior é

uma afecção que ocorre secundariamente a processos de disfunções

hiperperistalticas, neurogênicas ou por defeitos anatômicos, ocorrendo, geralmente, no

eixo longitudinal da alça, envolvendo o mesentério e os vasos localizados redor das

alças, contudo a sobrevida do animal dependerá do grau de rotação e do

comprometimento do fluxo sanguíneo intestinal (THOMASSIAN, 2005).

O objetivo desta revisão bibliográfica é discorrer sobre a síndrome

cólica em equinos, destacando as etiologias: torção de cólon maior e encarceramento

de intestino delgado no forame epiplóico.

DESENVOLVIMENTO

Etiologia

Um dos fatores predisponentes para a torção de cólon maior está

relacionado à posição anatômica do mesmo nos equinos, o qual se localiza livre na

cavidade abdominal, facilitando o seu deslocamento. Adicionalmente, outros fatores

que poderão predispor esta etiologia é o tipo de alimento, a quantidade de alimento, a

disponibilidade de água, infestações parasitárias e até mesmo indigestões

(THOMASSIAN, 2005).

O forame epiplóico é uma abertura natural de aproximadamente 4 a 6

cm de comprimento, localizado dorsalmente ao processo caudal do fígado e a veia

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cava caudal, próximo ao pâncreas, veia porta e o ligamento hepatoduodenal (WHITE,

1990). O encarceramento de um segmento intestinal no forame epiplóico poderão

ocorrer por vários fatores como o estresse, a ansiedade a aerofagia, a atrofia do lobo

caudal do fígado devido envelhecimento do equino (ARCHER et al, 2011), parto

recente, mudanças bruscas na dieta e alimentos de baixa qualidade (AUER;

STICK,2012).

A torção e o encarceramento de um segmento intestinal também

poderão acontecer secundariamente às disfunções hiperperistálticas, neurogênicas ou

até mesmo por defeitos anatômicos (THOMASSIAN, 2005).

Patogenia

A patogenia da síndrome cólica varia de acordo com a etiologia e a

gravidade do processo (RADOSTITS, 2010). Os vólvulos ocorrem por um enlaçamento

de alças intestinais, ocasionando uma grande distensão das mesmas. As torções

ocorrem no eixo longitudinal da alça, envolvendo o mesentério e os vasos ao seu

redor. Já no encarceramento, geralmente a porção jejuno e ílio se insinuam, ficando

encarceradas e podem sofrer estrangulamento e consequentemente isquemia e

necrose da mesma (THOMASSIAN, 2005).

Nas obstruções estrangulantes, as distensões de alças intestinais

ocasionam um colapso venoso, resultando ao longo do tempo em isquemia intestinal,

agravando o quadro clínico do paciente (HINES, 2010). No cólon a isquemia resultará

em necrose tecidual devido ao deslocamento de células epiteliais superficiais,

iniciando uma trombose e a oclusão capilar (REED, 2010).

A evolução clínica da torção de cólon maior é geralmente rápida e

pode variar de 45º, 90º, 180º e 360º graus e do comprometimento do fluxo sanguíneo

à parede intestinal (THOMASSIAN, 2005).

Os encarceramentos mais frequentes são aqueles que acontecem

através dos anéis inguinais, forame epiplóico, defeitos mesentéricos e as porções

anatômicas mais comuns de se encarcerar é o jejuno e ílio. (THOMASSIAN, 2005).

Esta etiologia é caracterizada como uma forma severa de cólica em equinos. Então, o

tempo entre o início dos sinais clínicos, diagnóstico e o tratamento cirúrgico é de suma

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importância para predizer o melhor prognóstico (WHITE, 1990). Pois o encarceramento

de intestino delgado no forame epiplóico resulta em comprometimento vascular da alça

intestinal, isquemia, necrose, choque hipovolêmico e endotoxêmico (THOMASSIAN,

2005).

Sinais Clínicos

Podemos citar como sinais clínicos clássicos de um equino com

síndrome cólica, olhar para o flanco, escoicear o abdômen, deitar e rolar

constantemente, sudorese, fasciculações musculares e tenesmo (MARSHALL;

BLIKSLAGER, 2012).

Na síndrome cólica tendo como etiologia a torção de cólon maior, além

dos sinais clínicos citados acima se pode ressaltar taquicardia, taquipnéia, mucosa oral

e ocular congestas, tempo de preenchimento capilar aumentado, desidratação

moderada a severa, distenção abdominal e hipomotilidade intestinal (THOMASSIAN,

2005).

Os sinais clínicos de equinos com encarceramento de intestino

delgado no forame epiplóico, são os mesmos já citados, acrescido da presença de

refluxo enterogástrico (ARCHER et al., 2008).

Diagnóstico

Uma anamnese completa facilita a avaliação precisa de um equino

com síndrome cólica e servirá para orientar a seleção de meios de diagnóstico

adicionais específicos para o caso (AUER; STICK, 2012).

O exame clínico geral do equino é de suma importância para auxiliar

no diagnóstico e na decisão do tratamento em conservativo ou cirúrgico. A

hipomotilidade ou ausência de motilidade associado a outros achados no exame

clínico poderá ser sugestiva de um quadro de torção e/ou encarceramento intestinal

(AUER; STICK, 2012).

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A sondagem nasogástrica é um meio importante de diagnóstico e

também de tratamento, principalmente nos casos de encarceramento de intestino

delgado havendo dilatação gástrica devido refluxo enterogástrico, prevenindo a ruptura

do órgão (AUER; STICK, 2012).

A abdominocentese é realizada para avaliar o grau de

comprometimento e severidade da lesão (AUER; STICK, 2012). Na paracentese o

fluido obtido terá uma coloração serosanguinolento nas etiologias em questão,

resultado da desvitalização das alças intestinais insinuadas (WHITE, 1990).

A palpação transretal é muitas vezes decisiva para o diagnóstico da

síndrome cólica, portanto no encarceramento de intestino delgado e na torção de cólon

maior devido à sua distenção, é possível realizar este tipo de diagnóstico

(BLIKSLAGER, 2012).

Os exames complementares como o hematócrito e proteínas

plasmáticas totais servem para observar o grau de desidratação do paciente, já uma

leucopenia é sugestiva de colite e os níveis de creatinina devem ser avaliados para a

possibilidade de doença renal ou desidratação (AUER; STICK, 2012).

Dentre os diagnósticos diferenciais podemos citar a peritonite, úlcera

gástrica, torção de ceco, vólvulo no intestino delgado, enterite proximal,

intussuscepção, hérnia inguinal, hérnia diafragmática e encarceramento de cólon maior

no ligamento nefroesplênico (RADOSTITS, 2010).

Tratamento

Para o controle da dor das cólicas por torção de cólon maior e

encarceramento de intestino delgado no forame epiplóico, é indicado a administração

de flunexin meglumine (1.1 mg/kg pela via intravenosa) devido a seu efeito anti-

inflamatório, analgésico e anti endotoxêmico (RADOSTITS, 2010).

O tratamento para as duas etiologias é cirúrgico, portanto é feita uma

preparação para a cirurgia com o equino em decúbito dorsal, inclinado para um dos

lados para facilitar a exteriorização do cólon e remover a pressão sobre a veia cava

caudal. O equino é submetido à anestesia geral inalatória e a incisão é realizada na

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linha média ventral do abdômen. Na torção de cólon maior, primeiramente é feito o

esvaziamento do cólon via aspiração para a manipulação.

Para corrigir a torção, o cirurgião segura em torno da base do cólon, e

suavemente faz a rotação em sentido horário reposicionando-o anatomicamente

(HARDY; RASKESTRAW, 2012). Após seu posicionamento, o cirurgião deverá

observar a coloração da mucosa da porção acometida. Se a mucosa estiver rósea ou

próxima à coloração de outras porções intestinais, é indicativo de um bom prognóstico.

Em caso de necrose da alça acometida, é indicado a enterotomia da porção acometida

e de um mau prognóstico para o animal (HARDY; RASKESTRAW, 2012).

No encarceramento de intestino delgado no forame epiplóico, o

mesmo deverá ser tracionado para reposionamento anatômico. Em seguida, é

realizada ligadura com fio 3-0 no primeiro vaso mesentérico, para ser feita a ressecção

mesentérica. Após esta ressecção, é realizada uma enterotomia transversal no

intestino, finalizado com uma enteroanastomose com fio absorvível 2-0 ou 3-0 e

padrão de sutura simples separado (FREEMAN, 2012).

A celiorrafia de ambos os processos pode ser feita da seguinte forma:

na musculatura utiliza-se o padrão de sutura simples separado com fio absorvível nº 5.

No subcutâneo é utilizado o padrão de sutura simples contínuo, com fio absorvível 2-0

e a pele é realizada a sutura simples separado com fio inabsorvível (FREEMAN, 2012).

O tratamento pós-operatório para torção de cólon maior e

encarceramento de intestino delgado no forame epiplóico consiste em fluidoterapia,

administração de analgésicos, antibióticoterapia de amplo espectro e heparina para

prevenção de laminite (THOMASSIAN, 2005).

Prognóstico

O prognóstico dependerá do quadro clínico do paciente, da etiologia

da síndrome cólica e do tempo transcorrido para a resolução do processo (REED,

2010). O prognóstico para ambas as etiologias de síndrome cólica descritas é mau

(BLIKSLAGER, 2010). No caso de equinos com vólvulos de 360 graus de cólon maior,

a taxa de sobrevivência em média é de 36%. Já nos vólvulos com 270 graus, a taxa de

sobrevivência é de 71%. A taxa de sobrevivência nos casos de encarceramento de

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intestino delgado será em média de 30% mesmo quando submetidos a procedimentos

cirúrgicos. Porém nos dois casos descritos podem ocorrer complicações pós-

operatórias como laminite devido a coagulação vascular disseminada (REED, 2010).

Prevenção

A prevenção para a torção de cólon maior e encarceramento de

intestino delgado no forame epiplóico está relacionado com o manejo dos animais

como estabulação, sanidade, alimentação com forrageiras de qualidade, frequências

de fornecimento de alimentação, mudanças bruscas de alimento, quantidade de

concentrado, disponibilidade de água e cuidados odontológicos (RADOSTITS, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que na síndrome cólica independente da etiologia, o

prognóstico varia de reservado a mau, portanto é de suma importância a decisão do

tratamento conservativo ou cirúrgico, através de um exame clínico minucioso e

exames complementares para a sobrevivência do animal.

REFERÊNCIAS

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UTILIZAÇÃO DO BIODIGESTOR PARA TRATAMENTO DE DEJETO S DA SUINOCULTURA

Rodrigo Muziol Benega1

Arturo Pardo Lozano 2 Carla Aparecida de Barros3

Graziela Drociunas Pacheco4 Resumo A produção de suínos tem grande expressão no mercado mundial. Porém, os dejetos produzidos por esses animais correspondem a um dos grandes problemas nas criações, o que torna de extrema importância fazer uso de métodos que tornem aproveitáveis essas grandes quantidades de resíduos. Meios de incentivo foram elaborados para que isso se torne um hábito entre produtores, para que empresas desfrutem desses meios, e que sirva como conscientização para a diminuição de gases poluentes, colaborando com o meio ambiente, além de proporcionar energia e uma renda adicional. Palavras-chave: Suínos, dejetos, gases poluentes. Abstract Pig production has great importance in the world market. However, its wastes are a big problem for the creations, which makes extremely important the development of methods that can reuse these remains. Incentive means have been developed to make this a habit among producers. Also, companies can make progress through these means and so become awareof the pollution that the residues generate. Moreover, it will collaborate with the environment as well as provide energy and an additional income. Keywords: Pig, wastes, pollution.

INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas que vêm sendo questionado nos últimos

anos, é o alto potencial de gases de efeito estufa que são produzidos provenientes da

degradação de dejetos em lagoas de estabilização, o que torna, não só a suinocultura

como qualquer outro tipo de produção animal um grande sistema de produção e

eliminação de gases. Esses gases impedem a radiação solar refletida na superfície

terrestre para o espaço, fazendo assim com que ocorra o aumento da temperatura

global (UNFCCC, 2006).

1 Trabalho de Conclusão de Curso da 1º autor – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL. Autor para correspondência 2 Zootecnista, Doutor. 3 Médica Veterinária, Mestre, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL 4 Médica Veterinária, Doutora, Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL

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Segundo a UNFCCC (2006), a média de vida de gases como CH4 e

N2O na atmosfera seria de 12 e 120 anos respectivamente com potencial de

aquecimento global iguais a 21 para o metano e 310 para o óxido nitroso, ou seja, 21 e

310 vezes mais perigoso que o dióxido de carbono (CO2). Sendo assim, houve um

crescimento no número de projetos MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), na

produção de suínos.

Os biodigestores representam a forma mais eficiente de tratamento

dos efluentes. Os mecanismos de desenvolvimento limpos são uma forma de reduzir

as emissões de gases prejudiciais para a atmosfera. Há uma remuneração que

unidades produtoras recebem por tonelada de CO2. Esse incentivo chamado de

crédito de carbono é ofertado para projetos que deixarem de emitir ou para quem fizer

a retirada desses gases da atmosfera (ROCHA, 2003).

Segundo Ribeiro (2005), há uma preocupação que não se revela de

forma clara pelos membros do Protocolo de Quioto em determinar que a transferência

de tecnologia dos países desenvolvidos para os que estão em processo de

desenvolvimento ocorra da forma mais segura e saudável, falando em relação ao meio

ambiente.

Os países em desenvolvimento são, de fato, os mais vulneráveis às

mudanças climáticas, pois têm menor capacidade de responder à variabilidade do

clima (CONEJERO, 2006). Não obstante, mesmo com essa peculiaridade, surgiu para

as empresas e para o governo uma oportunidade de diminuir a emissão de gases do

efeito estufa, contribuindo com o meio ambiente, e outro ponto de extrema importância

foi que estas instituições conseguiram aumentar seus lucros (MARTINEZ, 2007).

O fator que deve ser observado em relação ao biodigestor diz

respeito à sua capacidade de armazenamento. Quando há um aumento no número de

animais do plantel, há também um aumento na produção de dejetos, e quando esse

excesso de material exacerbar a capacidade do equipamento, o dejeto que se

encontrava no seu interior, ainda em processo de decomposição, terá que ser retirado

antes do prazo correto de sua degradação. Isso significa que essa mistura de fezes,

com água e urina, além de outros produtos ainda estará eliminando gases danosos e

ainda terá um potencial elevado de poluir o meio ambiente. Ou seja, o processo de

biodigestão não será totalmente eficiente (SOUZA, 2007).

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HISTÓRICO

A Índia foi o país pioneiro na produção de biogás. A instalação de

biodigestores foi de forma sistemática. Sabe-se que o primeiro biodigestor foi

construído aproximadamente em 1908. Tendo por inicio em 1951 e após 41 anos, o

programa de implantação contava com cerca de 160.000 unidades prontas para serem

usadas no país. A China, da década de cinquenta até 1992 contava com cerca de 7,2

milhões de unidades (BAUMANN; KARPE, 1980).

Foram construídos aproximadamente 8.000 unidades, sendo os

modelos chinês e indiano os mais utilizados, além de alguns de plástico que haviam

sido construídos até 1.988 e cerca de 75% destes estavam funcionando

adequadamente (COELHO et al., 2000).

A energia elétrica compreende o principal meio de produção

energética brasileira. Este tipo de energia representa 39%.

Outros meios que geram energia são os derivados de petróleo e as

outras fontes, que são responsáveis por 31% e 30% respectivamente, do total de

energia produzido ELETROBRAS (2001).

BIOGÁS

O biogás refere-se a uma composição que contém cerca de 55 a 75%

de gás metano na composição total. Outros gases são: Dióxido de Carbono,

Nitrogênio, Hidrogênio, Oxigênio e Gás Sulfídrico (Quadro 1). Esses outros

componentes são representados no quadro abaixo com suas respectivas

porcentagens.

A produção do biogás é comumente encontrada na natureza. Ele é

encontrado em locais onde a celulose sofre naturalmente a decomposição e em local

pantanoso. Este gás resulta da fermentação, em locais anaeróbios, de fezes de

animais, restos vegetais e de lixo orgânico em condições adequadas de umidade, e

pode ser usado como combustível, por possuir uma alta taxa de metano em sua

composição (KHALAF et al., 2011).

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Quadro 1 - Proporção de gases que compõem o biogás

GASES %

Metano (CH4) 55–75

Dióxido de carbono (CO2) 25–45

Nitrogênio (N2) 0–3

Hidrogênio (H2) 0–2

Oxigênio (02) 0–0,1

Gás sulfídrico (H2S) 0 – 1

Fonte: Nogueira, 1986.

O metano é um gás que não tem cor, tem um alto potencial de

combustão, quando queimado apresenta chama azul lilás, não deixa fuligem e possui

um baixo índice de poluição. Quando bem manejados os biodigestores podem ter

uma eficiência de 0,35 a 0,60 m3 de biogás a cada metro cúbico de biomassa. Sendo

recomendado em regiões frias como o sul do país o aquecimento da biomassa e os

reatores devem ser isolados com material térmico, pois os microorganismos que

produzem o metano são sensíveis a mudanças drásticas de temperatura, fazendo com

que haja uma redução na produção do metano em períodos frios do ano (OLIVEIRA;

HIGARASHI, 2006b).

Comparando a equivalência de um metro cúbico de biogás com os

combustíveis usuais temos a seguinte relação (Quadro 2).

Para facilitar a compreensão, uma família de cinco pessoas requer

cerca de 8,93 m³ por dia entre cozinhar, banho quente, iluminação e funcionamento da

geladeira.

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Quadro 2 - Relação entre biogás e outros combustíveis.

Biogás Combustíveis usuais

1 m³ de Biogás

0,61 Litros de Gasolina

0,55 Litros de Óleo Diesel

0,80Litros de Álcool

1,538 Kg de Lenha

0,58Litros de Querosene

1,428 Kwh de Energia elétrica

Fonte: Cardoso Filho, 2001.

BIOFERTILIZANTE

O biofertilizante é o efluente gerado na fermentação anaeróbia de

resíduos de um biodigestor. Ele é considerado livre de agentes patológicos e pragas

às plantas, e recompõe o teor de húmus no solo.

Este subproduto é de extrema importância pois participa de forma

significativa para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo,

ajudando na estruturação e fixação do nitrogênio atmosférico (OLIVER et al., 2008).

É muito usado para a fertilização de solos para plantio de grãos,

pastos, entre outras culturas. O biofertilizante é utilizado para enriquecer as

necessidades minerais do solo devido o seu alto teor de matéria orgânica e possui

baixo custo.

Este produto, ao contrário de fertilizantes químicos não causa

degradação e nem acidez ao solo. Barrera (2003) diz que como o pH do biofertilizante

é levemente alcalino, chegando a 7,5, este pode ser usado para reduzir a acidez do

solo aumentando assim a produtividade.

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TIPOS DE BIODIGESTORES

Dentre os variados tipos de biodigestores distinguem-se os tipos:

biodigestor de balão, com cúpula fixa (chinês) e o biodigestor com campânula flutuante

(indiano).

BIODIGESTOR BALÃO

O biodigestor balão possui um baixo custo para sua implantação. Este

tipo de biodigestor possui a opção de ser feito rente ao terreno ou pode ser pouco

aprofundado. É importante a observação deste ponto, pois, há uma grande vantagem

para lugares com nível de lençóis freáticos alto.

Dentre as vantagens, destacam-se: fácil limpeza e descarga; as

manutenções não oneram muitos esforços.

Já as desvantagens incluem: o modelo tem um curto prazo de vida

durando aproximadamente cinco anos; não é recomendado para instalação perto de

materiais perfuro cortantes; este modelo necessita de um sistema com lastro para

regular a pressão; estes reatores são mais sensíveis às variações térmicas; sua

recomendação é para locais em que as temperaturas se mantêm altas e constantes;

em locais de clima frio há necessidade de um sistema de aquecimento e proteção

contra o vento para esses biodigestores.

BIODIGESTOR TIPO INDIANO

Segundo Deganutti et al. (2002) esse tipo de biodigestor possui uma

campânula como gasômetro. Esta é a característica predominante deste biodigestor.

A campânula pode estar submersa na biomassa, onde está ocorrendo o processo de

fermentação ou em um selo d’água externo, uma parede promove a divisão do tanque

de fermentação dividindo-o em dois compartimentos que tem o objetivo de fazer com

que o material circule por todo seu interior.

A alimentação do biodigestor deve ser feita com resíduos que não

ultrapassem a concentração de 8% de sólidos totais, facilitando assim a movimentação

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no interior da câmara de fermentação, além de evitar o entupimento dos canos de

entrada e saída de resíduos (LUCAS JUNIOR, 1987).

O uso de excrementos de suínos e/ou bovinos para a alimentação do

sistema deve ser contínuo, ou seja, granjas de suínos ou estábulos que possuem

grandes quantidades de animais de produção são locais excelentes para a introdução

de um biodigestor, pois fornecem grandes quantias de material para o funcionamento

do biodigestor.

Este modelo é de fácil construção, sendo que o gasômetro de metal

pode encarecer. O biodigestor do modelo indiano apresenta algumas vantagens sobre

os outros. Estes são de fácil adaptação em diferentes tipos de solos e suas medidas

são alteradas quase que independentemente, características importantes para solos

com pouca profundidade (GASPAR, 2003).

BIODIGESTOR TIPO CHINÊS

Tem por conformação uma câmara cilíndrica, local onde ocorre a

fermentação. Possui teto abobadado, impermeável, que serve para o

acondicionamento de gás.

Quando ocorre o acúmulo de biogás ocorre o deslocamento do

efluente da câmara de fermentação em direção à caixa de saída, e o contrário ocorre

no caso de descompressão. O modelo Chinês dispensa o uso de gasômetro em chapa

de aço. Isso demanda um menor investimento.

Uma de suas desvantagens, é que se a estrutura for mal vedada ou

impermeabilizada pode ocorrer vazamento de gases. Esse biodigestor não é usado

para instalações de grande porte por haver uma liberação de gás na atmosfera para

reduzir parcialmente a pressão no seu interior (LUCAS JUNIOR, 1987).

BIODIGESTOR CONTÍNUO

Este biodigestor permite que a cada entrada de substrato orgânico a

ser fermentado, saia uma quantia de material tratado, e pode ser alimentado

diariamente (NOGUEIRA, 1986; OLIVER et al., 2008).

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No Brasil, o modelo mais utilizado é o biodigestor tubular com manta

plástica, que também é conhecido como modelo canadense (BRASIL, 2016).

Esse trabalho mostrou que esses equipamentos se tornaram de

grande importância para o meio ambiente e produtores, que agora tem como escoar a

grande produção de dejetos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o meio ambiente sofre várias injúrias devido ao

desenvolvimento de grandes países, grandes empresas e grandes produções de

animais por causa da alta taxa de emissão de gases. Devido a isso devemos ter

consciência e evitar, ou diminuir ao máximo as emissões de gases poluentes, e assim

tornar o planeta um lugar menos poluído. O seguinte trabalho mostrou o biodigestor

como um grande aliado para tornar esses objetivos reais, além de proporcionar uma

opção energética alternativa que traz uma grande economia e da a destinação correta

aos resíduos das criações na suinocultura.

REFERÊNCIAS

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COELHO et al; Medidas mitigadoras para a redução de emissões de g ases de efeito estufa na geração termelétrica ; Dupligráfica; Brasília; 2000. DEGANUTTI, R.; PALHACI, M. C. J. P.; ROSSI, M.; TAVARES, R.; SANTOS, C. Biodigestores Rurais: Modelo Indiano, Chinês e Batelada. Enc. Energ. Meio Rural , ano 4, 2002. ELETROBRÁS; Relatório: Participação das empresas de geração na capacidade instalada . Disponível em: <http//www.eletrobras.gov.br>. 2001. GASPAR, Rita Maria Bedran Leme. Utilização de biodigestores em pequenas e médias propriedades rurais com ênfase na agregação de valor . Dissertação. Um estudo de caso na região de Toledo-PR, 2003. KHALAF, P. I.; SOUZA, I. G.; CARASEK, E.; DEBACHER, N. A. Produção de gás de síntese por plasma térmico via pirólise de metano e dióxido de carbono. Revista Química Nova , v. 34, n. 9, p. 1491-1495, 2011. LUCAS JÚNIOR, J. Estudo comparativo de biodigestores modelos Indiano e Chinês. Botucatu, 1987, 114p. (Tese de Doutorado), Universidade Estadual Paulista. MARTINEZ, M. Créditos de Carbono : Lucro para Empresas e para o Meio Ambiente. 2007.Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/licaodecasa>. NOGUEIRA, L. A. H. Biodigestão : a alternativa energética. São Paulo: Nobel, 1986. OLIVER, A.P.M.; NETO, A.A.S.; QUADROS, D.G.; VALLADARES, R.E. Manual de treinamento em biodigestão. Salvador: Instituto Winrock – Brasil, 2008. OLIVER, A.P.M.; NETO, A.S.S.; QUADROS, D.G; VALLADARES, R.E. Manual de treinamento em biodigestão , 2008. OLIVEIRA, P. A. V.; HIGARASHI, M. M. Geração e utilização de biogás em unidades de produção de suínos . Concórdia: Embrapa Suínos e Aves. 2006b. (Série Documentos DOC-115). ROCHA, M.T. Aquecimento global e o mercado de carbono : uma aplicação do modelo cert. 2003. 214 f. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

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