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Ano 3 - número 3 - Belo Horizonte - Agosto 2012

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Diretor do Colégio

Eldo Pena Couto

Coordenador Pedagógico do 6º Ano do Ensino Fundamental à 3ª Série

do Ensino Médio

Wyller Mello

Revisão ortográfica

Eliane Sudário

Arte e ProduçãoInovart Comunicação Tel.: (31)3075-9732

EDITORIALO Colégio Magnum, sempre

alinhado a sua diretriz de oferecer o melhor ensino, apresenta o terceiro número da revista Sapiens. Esta revista reúne os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, sob a orientação dos

professores, e tem o objetivo de levar para a comunidade o conhecimento produzido pelos alunos durante os trabalhos de pesquisa.

Nesse número, os trabalhos abordam temas que vão do crescente problema do lixo até uma reflexão sobre a ditadura brasileira, a partir da análise de documentos encontrados no Arquivo Público Mineiro e no DOPS.

Neste ano, a Sapiens será distribuída apenas no formato eletrônico. Essa decisão se baseia em dois referenciais: a sustentabilidade ambiental e a ampliação da utilização das ferramentas digitais. Há vários anos, o Colégio vem implementando ações administrativas que visam contribuir para a redução do impacto de suas atividades no ambiente. Da mesma forma, várias são as ações pedagógicas com o objetivo de sensibilizar os alunos para as questões relativas ao ambiente. Nesse contexto, a Sapiens em formato eletrônico é mais uma dessas ações.

Hoje podemos dizer que é quase impossível desvincular o mundo digital do nosso cotidiano. Seja em casa ou no trabalho, estamos conectados às informações, às pessoas e ao lazer. Assim, com a Sapiens em formato eletrônico, o acesso fica muito mais fácil e rápido, a partir do telefone, Ipad ou computador.

Boa leitura a todos!

Wyller Mello

Coordenador Pedagógico do 6º Ano do Ensino Fundamental à 3ª Série do Ensino Médio

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ÍNDICEDestinos do lixo no Aterro Sanitário de Belo Horizonte ..................................................

O outro pelo outro ..........................................

Cerrado: um domínio morfoclimático constantemente ameaçado .........................

Grandes cidades e as matas urbanas.......

"Pai, afasta de mim este cálice"....................

pH do Planeta ..................................................

Aprendendo a aprender: uma reflexão aplicada sobre a docência ............................

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DESTINOS DO LIXO NO ATERRO SANITÁRIO DE

BELO HORIZONTEProfessora responsável: Natália Oliveira França Alunos: 6º Ano/ 2011

JUSTIFICATIVABelo Horizonte é uma cidade com 2.375.444 habitantes, segundo o IBGE (2010), e com uma geração diária de 3,8 mil toneladas de lixo. A cidade é atendida, em quase toda a sua totalidade, pelos serviços de limpeza urbana, isto é, 92% de residências, prédios públicos e outros estabelecimentos particulares. Atualmente, todo o resíduo gerado pela população é depositado no Centro de Tratamento em Resíduos Macaúbas, em Sabará/MG. Desde o ano de 1975 até o final de 2009, o lixo gerado pelos moradores da capital

mineira era destinado ao Aterro Sanitário de Belo Horizonte, que se localiza na BR 040. Há 2 anos, esse aterro atingiu quase a sua capacidade, sendo que ainda recebe o lixo de construções que pode ser reciclado.

O aterro sanitário de Belo Horizonte representa um importante destino do lixo, que esteve em total funcionamento por 36 anos, incluindo os setores de reciclagem, compostagem, tratamento do chorume e do gás metano.

OBJETIVOSO projeto visa identificar os destinos do lixo presente no aterro sanitário: reciclagem, compostagem, tratamento do chorume e do gás

metano, reconhecer a necessidade de descartar o lixo no destino mais apropriado e compreender a importância da preservação ambiental.

METODOLOGIAOs alunos do Magnum Avançado do 6º Ano visitaram o aterro sanitário de Belo Horizonte, localizado na BR 040. Nesse local, eles puderam vivenciar práticas

referentes ao estudo sobre esse tema na disciplina Ciências.

Chegada ao aterro sanitário de Belo Horizonte

Alunos no Centro de Educação Ambiental

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RESULTADOS E DISCUSSÃOOs alunos compreenderam a importância da preservação ambiental, ao assistirem a palestras e teatro com temas sobre a poluição causada por lixos em locais inadequados. Eles aprenderam também sobre o funcionamento do aterro sanitário de Belo Horizonte e identificaram os destinos do lixo presente nele: reciclagem, compostagem, tratamento do chorume e do

gás metano, bem como a importância de cada um. O grupo socializou o conhecimento com os demais alunos. Em duplas, eles apresentaram em cada turma, além de fotos sobre a visitação, informações e práticas para atenuar os efeitos do lixo e, consequentemente, promover a preservação do planeta.

Teatro sobre o lixo, com funcionários da SLU

Visão do aterro sanitário de Belo Horizonte

www.pbh.gov.br

Pátio destinado à compostagem

REFERÊNCIAS

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O OUTRO PELO OUTRO

Professores responsáveis: Bruno Rangel, Clara Maria de Oliveira, Natália Maria França e Regina DuarteAlunos: 6º Ano/ 2011

JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Essas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. Neste sentido, percebemos que as comunidades indígenas não estão desconexas do que chamamos de modernidade, uma vez que, inseridas em um todo, sofrem transformações culturais tanto endógenas quanto exógenas.

Assim, a chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e os processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência, que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. Contudo, talvez, o mito de permanência das antigas tradições é alimentado pelas comunidades periféricas, como se essas comunidades não sofressem influências, tanto internas como externas, e se mantivessem puras à margem da história das mudanças sociais e culturais.

Nosso projeto visa proporcionar ao aluno a prática do conhecimento adquirido, através da verificação da construção de identidade de uma comunidade indígena às margens do Rio Silveira, em Bertioga, litoral paulista. A reserva indígena do Rio Silveira teve que se

reinventar e recriar sua identidade ao longo do tempo, o que será um exemplo didático no que tange à compreensão das forças endógenas e exógenas que modificam a construção da identidade. Pretendemos que nossos alunos percebam e, apreendam o dinamismo das identidades, que são completamente mutáveis, independentemente do espaço e do tempo e que algumas vezes as identidades são mais duradouras e tantas outras vezes se desmancham.

O projeto, por ele mesmo, visa permitir ao aluno uma interpretação também pessoal de uma comunidade indígena do País, que vem alimentando o mito das comunidades imutáves ou guardiãs de tradições, ou ainda livres de influências externas.Alunos na aldeia do Rio Silveira

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METODOLOGIAO projeto foi desenvolvido de forma interdisciplinar, a fim de oferecer ao aluno o escopo de interpretações pessoais do “outro”. A área de códigos e linguagens desenvolveu um trabalho com foco na linguagem como signo de poder que, portanto, deve ser mantida como forma de resistência à dominação cultural e política de outro povo ou deve ser eliminada, a fim de representar a vitória do dominador.

As ciências biológicas ofereceram um arcabouço intelectual para que os alunos fossem capazes de interpretar as várias noções de produção de saúde. Nos idos de

2009, pesquisadores da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP, em consonância com o projeto municipal de Bertioga de transformar a cidade na capital do índio, promoveram ações que visavam melhorar as condições de saúde da tribo guarani, localizada às margens do Rio Silveira. Ao longo do projeto, foi identificado que a noção de saúde do índio diverge da noção dos demais moradores do município. Enquanto para aqueles a saúde está relacionada com cantos, danças e criação de animais, os demais moradores entendem que vacinação e saneamento básico é que estão relacionados à saúde.

As ciências da natureza contribuíram diretamente para a interpretação da ocupação do espaço, transformação do

mesmo para fins econômicos e noções de preservação e integração do homem com a natureza.

Alunos na trilha da água

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As questões de solidariedade que hoje nos apresentam como solução de conflitos culturais e étnicos talvez sejam a manifestação de tradições cujo ritual já tenha perdido o significado e, portanto, representem apenas um subterfúgio viciante que é propagado com o respaldo da preservação do passado e da identidade de um povo, como se esta última fosse sacralizada pelo tempo e, portanto, culturalmente imutável.

É neste ponto das desmistificações e estudo do presente, não apresentado nos livros

didáticos, devido a uma simples questão de atualização, que a convergência de diversas áreas do saber pôde propiciar ao aluno do Colégio Magnum a experiência de ver o “outro” a partir de suas próprias referências culturais e ideológicas. Neste sentido, as diversas áreas do saber envolvidas no projeto mobilizaram uma série de habilidades no desenvolvimento de competências essenciais à formação do aluno, como compreender, interpretar, construir argumentação e propor soluções a respeito dos conflitos culturais existentes na sociedade brasileira.

BHABHA, Homi K. “O local da cultura”. Ed. UFMG. BH. 1998CANCLINI, Néstor Garcia. “Culturas híbridas”. Ed. Gêneses. SP, 2003.HALL, Stuart. “A identidade cultural na pós-modernidade”. Ed. DP&A. RJ, 2002.Sites acessados em 8/3/2011http://www.bertioga.sp.gov.br/http://www.projetobertioga.com.br/

RESULTADOS E DISCUSSÃO

REFERÊNCIASAlunos na aldeia do Rio Silveira

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CERRADO: UM DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO CONSTANTEMENTE AMEAÇADO

Professores responsáveis: Emerson Domingues, Heloisa Helena e Regina Duarte.Alunos: Davi Goncalves Bonifácio, Gabriel Ricardo Thomaz, Gustavo Dehaini, Larissa Verçosa Tramontina, Pedro Luiz Rodrigues Barreto, Bernardo Hudson Alves, Guido Guimarães, João Pedro Esteves Castro, Henrique Galvão, Marcelo Lobato Boson Santos, Marina Jardim Nunes.

JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

As cidades são consideradas estruturas complexas, originárias das sucessivas ações do homem. Surgiram com as primeiras civilizações da Antiguidade, e foram sendo consolidadas a partir da Revolução Industrial, ocupando áreas anteriormente cobertas no Brasil por diferentes formações vegetais como o Cerrado. Nesse contexto, as cidades passaram a apresentar significativa importância, resultando em um espaço comum de intensa produção industrial e maior desenvolvimento socioeconômico, apesar dos grandes prejuízos ambientais.

A ampliação das atividades econômicas no campo, como a agricultura, pecuária, extração madeireira e mineral, também contribuiu para a redução de extensas áreas de Cerrado. Para conciliar a expansão dos núcleos urbanos e

as atividades econômicas desenvolvidas em áreas rurais, nos atuais padrões de consumo e produção como o desenvolvimento de adequadas práticas ambientais, torna-se necessária a definição da sustentabilidade como princípio fundamental para a regulamentação das diferentes formas de utilização do espaço pela sociedade.

Com a proposta de trabalho, pretende-se avaliar os impactos ambientais no Cerrado, decorrentes da sua forma de ocupação pelas atividades urbanas e rurais, caracterizar o domínio morfoclimático do Cerrado e reconhecer, em obras literárias, fragmentos de textos que descrevem o domínio morfoclimático do Cerrado.

Trilha interpretativa do Cerrado

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A sustentabilidade tornou-se um conceito abrangente que procura incorporar todas as dimensões socioambientais e todos os aspectos de uma realidade espacial.

Favorecer uma aprendizagem significativa em concordância com o desenvolvimento de habilidades relacionadas à prática ambiental é sempre um grande desafio aos sistemas educacionais.

O desenvolvimento do trabalho favoreceu uma aprendizagem realmente significativa. Possibilitou o reconhecimento das características do domínio morfoclimático do Cerrado, incentivou a prática de análise espacial e a valorização do ambiente.

O uso das tecnologias aplicadas à educação, como o ambiente virtual de aprendizagem e a produção do arquivo eletrônico – “Prezi”, tornou o processo ensino-aprendizagem mais dinâmico. Favoreceu a autonomia aos alunos para a produção de textos e análise de imagens, além de contribuir para a utilização das ferramentas de ensino.

METODOLOGIAA metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho consistiu inicialmente em um encontro temático presencial. Em sala de aula, os professores apresentaram as características gerais do domínio morfoclimático do Cerrado.

O direcionamento de questões envolvendo o tema proporcionou a validação da atividade de campo, estudo do meio, realizado no município de Catas Altas – Parque Nacional do Caraça.

Foram formuladas questões propostas sobre o tema, socializadas em um fórum de discussão em um ambiente virtual de aprendizagem. Procederam-se sucessivas apresentações de trechos de obras literárias que caracterizam o domínio morfoclimático do Cerrado. Enfim, desenvolveram um documento eletrônico – “Prezi”, com registros de informações e imagens digitalizadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parque Nacional do CaraçaVisita técnica orientada

Verificação da constituição local das rochas

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REFERÊNCIASMARTIN, Gilles. “Direito do ambiente e dano ecológico”. Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra, v.3, 1990.

SILVA, Ricardo Toledo. “A regulação e o controle público da infraestrutura e dos serviços urbanos no Brasil”. In: Deák, Csaba; SHIFFER, Suely Ramos (orgs.) “O processo de urbanização no Brasil”. São Paulo. Edusp, 1999. p. 261/312.

COSTA, Heloísa Soares – “Desenvolvimento Urbano Sustentável: uma contradição de termos“, in Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, A.1, n.2,1999.

HADDAD, Paulo R. “Agenda 21 Brasileira” - Versão Preliminar, Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – Secretaria-Executiva, fevereiro 2002.

FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. “Planejamento ambiental para a cidade sustentável”. São Paulo: Anablume/Fapesp, 2001.

Estudo do meio e análise da formação vegetal do Cerrado

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JUSTIFICATIVA

GRANDES CIDADES E AS MATAS URBANAS

Professores responsáveis: Bruno Rangel e Prof. Leonardo Luís Alunos participantes: Ana Luísa Nunes, Bárbara Garcia Ardison, Bruno Amaral de Oliveira, Camila Akemi Oliveira Yamada, Catharina Allegro Martins Oliveira, Eduarda Franco de Castro, Felipe Rodrigues Miranda, Gabriela Ângelo Diniz Teixeira, Gustavo Moura Barros, Gustavo Sena Piccon, Isabella Cristina Oliveira de Paula Salomão, Júlia Lacerda de Souza Vilaça, Laís Moreira Melo, Laura Guimarães Fortini, Laura Melo Mendes, Marcele Almeida Santos, Maria Clara Teodoro Costa Pinto, Nádia Eliza Ramos, Natália Carvalho Amorim, Paola Carlos Quintana, Pedro Antônio Diniz Chaves, Renato Cesário de Castro, Thaís Espíndola Pereira de Sena e Victor Luiz Cristino Moreira.

O Colégio Magnum, na condição de escola associada à UNESCO, reconhece e valoriza as ações da entidade de fomentar práticas sociais e educativas dedicadas ao cuidado com o ambiente. Em 2011, a UNESCO celebrou o Ano Internacional das Florestas, uma iniciativa que visou clarificar a importância das matas para a existência da vida no planeta.

Como instituição de ensino comprometida com a formação de uma mentalidade sustentável, o Colégio desenvolveu, com os alunos do 8º Ano, o Projeto Grandes cidades e as matas urbanas. O tema da campanha “Florestas para o povo” ressaltou a necessidade de alertar que, com o avanço e crescimento dos grandes centros urbanos, nossas florestas não estão mais distantes do cotidiano da população e, portanto, a conscientização para a integração do ser humano com as florestas torna-se essencial para a sua preservação.

A preservação das florestas está intrinsecamente ligada à preservação dos mananciais de água utilizados para o abastecimento dos grandes centros urbanos. A reflexão dessa discussão trazida para a nossa realidade nos atentou para

o fato de que a projeção da capital mineira, pensada pelo engenheiro Aarão Reis, teria como suporte os mananciais de água localizados na Mata da Mutuca (MG) e que seriam suficientes para o abastecimento de Belo Horizonte.

Atualmente, grande parte da água que abastece a cidade é retirada do Rio das Velhas, mas os mananciais da Mutuca continuam fornecendo água para Belo Horizonte e Nova Lima. Assim, a preservação da Mata da Mutuca está relacionada ao equilíbrio do clima na capital, à diversidade biológica e ao fornecimento de água para a Região Metropolitana de B.H. Exemplos dos mais variados a respeito da má gestão ambiental trouxeram e trazem terríveis consequências para um grande número de pessoas. A ilha de calor, fenômeno que acomete grandes centros urbanos com vastas extensões impermeabilizadas, é uma séria preocupação em cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Los Angeles, que tem o desequilíbrio centro-periferia destacado a seguir:

“A estação infernal em Los Angeles vai do fim de agosto ao início de outubro. O centro da

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OBJETIVOS

cidade está normalmente amortalhado por um smog amarelo e acre, enquanto ondas de calor se espalham pelo Wilshire Boulevard. Fora dos edifícios com ar-condicionado, os sem-teto acotovelam-se miseravelmente em qualquer sombra disponível. A alguns quarteirões de distância, em mal ventiladas sweat shops de confecção de roupas, centenas de operadoras respiram com dificuldade diante das máquinas de costura. Chefes irritados, com as camisas manchadas de suor, gritam sem parar ordens em espanhol, armênio, coreano ou cantonês. (...)

(...) A apenas 50 km de distância, a costa de Malibu – onde o exagero chega até as ondas – goza o sol num clima totalmente diferente. A temperatura é de 300C (dez graus abaixo do centro de Los Angeles) e o céu azul-cobalto é tão claro que se pode perceber a forma esfumada da ilha de Santa Bárbara, quase 80 km distante da costa.” (DAVIS, 2001, p.95)

As matas urbanas servem como reguladores térmicos que amenizam o efeito da ilha de calor. Do mesmo modo, a presença de lagos e as grandes superfícies hídricas auxiliam em tal regulação. Como forma de exemplificar o efeito do desequilíbrio ambiental associado ao caos climático, temos o caso da diminuição da superfície do Mar de Aral, abordada neste trecho:

“Em outros tempos, o Aral regulava o clima da região. Era grande o suficiente para agir como um condicionador de ar no verão e um reservatório de calor no inverno, amortecendo as tempestades de inverno vindas da Sibéria. Com a perda de Aral, o clima local tornou-se mais continental, com extremos de temperatura,

encurtando a estação de cultivo para 170 dias sem gelo por ano, menos do que os 200 necessários para o algodão (...)

Em 1956, o povoado de Muynak era uma ilha no delta do Amu Darya. Por volta de 1962, já era uma península. Em 1970, o mar estava a uma distância de 10 quilômetros, e o cais e os desembarcadouros de pesca foram abandonados. Uma década mais tarde, a água mais próxima estava a uma distância de 40 quilômetros, e em 1998, a 75 quilômetros. O leito do mar tinha se tornado um deserto. (...) (VILLIERS, 2002, p.166)

A questão ambiental ganhou força à medida que as agressões ao meio ambiente tornaram-se um problema econômico. O encolhimento do Mar de Aral prejudicou a economia local, baseada na pesca; as ilhas de calor fazem com que o gasto de energia estimulado pelo uso de refrigeração cresça exponencialmente e a destruição das matas urbanas comprometem o abastecimento hídrico das grandes cidades. Contudo, é necessário que a pragmática abordagem economicista dos grandes agentes econômicos, que flerta com a hipocrisia, seja substituída por uma visão mais holística da preservação ambiental.

Portanto, o projeto visou buscar experiências bem-sucedidas de preservação de matas urbanas, a fim de promover a reflexão e a ação de preservação da nossa mata. Para isso, após o reconhecimento dos arredores da Mata da Mutuca (MG), visitamos o Parque Nacional da Mata da Tijuca (RJ), cuja experiência de preservação fez com que a UNESCO o declarasse, em 1991, como Reserva da Biosfera.

O foco atual da educação está no desenvolvimento de competências que permitam ao ser humano propor ações eficazes para solução de problemas. Ou seja, a prática do conhecimento passa a ser

mais valorizada do que o acúmulo de informações.

Para isso, o Colégio Magnum compreende que é necessário favorecer ao seu aluno a

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METODOLOGIA

prática empírica do saber. A problematização proposta pela UNESCO de preservação das florestas avaliza o nosso recorte de focar na aproximação física entre os grandes centros urbanos e as matas. Por isso, levamos o nosso aluno a conhecer experiências bem-sucedidas

de preservação, para fazê-lo refletir, colocar em prática ações pessoais e elaborar propostas coletivas para a preservação da Mata da Mutuca (MG), que vem sendo cada vez mais ameaçada pela expansão urbana e pelas grandes mineradoras.

Os alunos visitaram o Parque Nacional da Tijuca (RJ) e o entorno da Mata da Mutuca (MG), na divisa de Belo Horizonte e Nova Lima. Em ambas as oportunidades, os alunos apreenderam, in loco, o conceito de patrimônio natural, que versa sobre:

O Patrimônio Natural de um país reúne áreas de importância preservacionista e histórica. São áreas que transmitem a importância do ambiente natural, para que possamos lembrar do passado, de onde viemos, o que estamos fazendo com o ambiente e para onde vamos. É a inter-relação do homem com seus semelhantes e tudo o que o envolve, como meio ambiente, fauna, flora, ar, minerais, rios, oceanos, manguezais, e tudo o que eles contêm. Esses elementos estão em contato com o homem, e acabam interagindo, e até mesmo interferindo no seu cotidiano.

A visita à cidade de Petrópolis proporcionou oportunidade ímpar de observação a respeito da preocupação humana de projetar as suas cidades, levando em consideração a preservação das matas. O projeto original da cidade, criado ainda no primeiro Império, foi respeitado por D. Pedro II. O código manoelino, ainda no período colonial, já previa punições para aqueles que desmatassem um perímetro superior a 100 metros de distância de rios e mananciais. O objetivo, segundo o código, era evitar o assoreamento dos rios e a morte dos mananciais.

Neste sentido, a cidade de Petrópolis manteve a sua mata nas encostas dos morros, apesar do que foi noticiado no ano de 2010 sobre o deslizamento da terra dos morros da cidade.

Petrópolis, na verdade, quase não sofreu com esses deslizamentos, no entanto, as cidades vizinhas, que têm autorizado a construção de pousadas nas encostas, bem como não têm fiscalizado a expansão imobiliária, sofreram com os desastres no decorrer das chuvas daquele ano.

A preservação da mata garantiu à cidade de Petrópolis um clima ameno e agradável, e uma paisagem idílica que certamente faz parte da memória dos alunos que visitaram a cidade e, ainda mais, de seus moradores. Portanto, a instituição do tombamento natural corrobora a necessidade de preservação da paisagem para, além de preservar o meio, preservar também a memória e o passado.

A manutenção do patrimônio arquitetônico e artístico também nos proporcionou experiências singulares durante a visita. Nossos alunos puderam apreender a importância da preservação dos monumentos como fontes históricas e referência da nossa identidade. Entretanto, através de um olhar crítico, também elaboraram questionamentos sobre o acesso e uso dos nossos patrimônios.

Duas experiências merecem destaque. A primeira ocorreu no sábado, dia 5 de novembro, no momento em que assistíamos à belíssima apresentação “Luz e Som”, no Museu Imperial. O espetáculo encantou, mas também gerou questionamentos. Um grupo de alunos questionou os responsáveis pelo espetáculo sobre a utilização da água no show. A preocupação referia-se à captação da água utilizada no espetáculo, bem como o seu uso

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exagerado que, aparentemente, não era reutilizada, gastando assim, a cada show, vultosas quantidades de água. Os alunos também questionaram a narrativa histórica contada pelo espetáculo, evidenciando, assim, a prática do conhecimento que eles vêm adquirindo em sala de aula.

A segunda experiência que marcou a nossa visita à cidade foi o questionamento quanto à garantia de acessibilidade à casa de Santos Dumont. Apesar de ter recurso para garantir o acesso de visitantes cadeirantes às dependências da casa, o mesmo estava inutilizado por determinação do IPHAN. Segundo declarações de um funcionário, o argumento para a desativação do acesso facilitado alega que o elevador descaracteriza o patrimônio.

A indignação dos alunos era justa, coerente e uma manifestação de cidadania, pois uma construção só ganha o status de patrimônio em função de sua

representatividade para a memória coletiva. O olhar crítico dos alunos apontou uma incoerência em relação à justificativa dada pelo IPHAN, que levou à desativação do elevador de acesso.

Ao analisarem a solução para a preservação do telhado colonial da casa, perceberam que o mesmo estava coberto por chapas de alumínio pintadas de vermelho, em uma tentativa de se aproximar às telhas originais. Imediatamente os alunos apontaram a descaracterização da intervenção e criticaram a incongruência do IPHAN, que desativa o acesso por descaracterizar o monumento e a própria instituição o descaracteriza ao proteger o telhado com uma placa de metal pintada de vermelho. Nossos alunos escreveram ao IPHAN, a fim de obterem respostas sobre tal incongruência e até a data limite de publicação deste artigo a instituição não se manifestou.

As matas e as cidades

Na visita à Mata da Mutuca, ponto de partida do projeto, percebemos a força da especulação imobiliária que fortemente domina o espaço do entorno desta área de preservação. Do restaurante Rancho do Boi, que possibilita vista privilegiada da mata, vimos os grandes condomínios que circundam a área e refletimos sobre diversos conceitos fundamentais para a análise ambiental. Em outra face da área de preservação da Mutuca, junto ao Bairro Jardim Canadá, salta aos olhos

uma ameaça diferente à mata: a atividade mineradora na mina de Capão Xavier. Espremida entre a área de preservação da Mutuca e o Bairro Jardim Canadá, a mina é explorada pela empresa MBR, que não mede esforços para construir uma imagem positiva de sua atividade junto à opinião pública, ao ser um parceiro do governo no que diz respeito às melhorias da infraestrutura urbana do bairro, que incluem a instalação de áreas de lazer como a Praça 4 Elementos, situada em ponto nobre da região. Observamos também a ação de

Rancho do Boi - Jardim Canadá

Visita à Praça 4 Elementos - Jardim Canadá

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Alunos na Mata da Tijuca

Os alunos se identificaram com algumas temáticas abordadas no projeto e produziram alguns manifestos. Em um deles, as alunas Camila Akemi, Eduarda de Castro e Júlia Lacerda produziram o seguinte texto:

A importância das matas urbanas

Se perguntássemos para as pessoas que estão passando na rua: qual é a importância das matas? Muitas delas iriam responder que é para... é... Às vezes se ouve que é importante, porque abriga várias espécies tanto de animais quanto de plantas, outras vezes não se tem uma resposta; mas é só por causa dos animais e das plantas? O que muitos de nós não pensamos, muitas vezes, é que as matas

também influenciam as nossas vidas e elas são importantes.

Essas matas, principalmente as urbanas, são as responsáveis pela amenização de um fenômeno que algumas pessoas nem sabiam que existia que é a ilha de calor, que ocorre nos locais com elevado grau de urbanização, devido à impermeabilidade de grandes superfícies, que faz a temperatura ser transferida para o ar e por causa dos arranha-céus, a livre circulação do vento vai ser barrada, o que vai aumentar a sensação de calor.

Para entendermos melhor esse fenômeno climático, podemos usar como exemplo a cidade de São Paulo que é considerada uma ilha de

marketing da mineradora ao oferecer um dia de lazer na praça que ela construiu. O dia de lazer contou com oficinas e jogos, servindo para aguçar o olhar crítico de todos os envolvidos no projeto no que tange ao equilíbrio entre o desgaste da imagem de uma mineradora, tão agressiva ao meio ambiente, e suas ações de marketing que reforçam sua suposta responsabilidade ambiental.

No Rio de Janeiro, pudemos apreciar a grande área de preservação da Floresta da Tijuca, que cerca a via que serpenteia o morro que dá acesso ao Parque Nacional da Tijuca. Filetes de água escorrendo de mananciais que podiam ser vistos de dentro do ônibus chamavam a atenção. A mata parecia caprichosamente abraçar os transeuntes que experimentavam temperaturas bem menores do que as encontradas em bairros mais impermeabilizados próximos do centro histórico da cidade. O parque em si, convidativo, apresenta um modelo que chama a população para ver a sua exuberância, o que é uma estratégia pedagógica de desenvolvimento de um sentido de preservação em mentes e corações. Os envolvidos no projeto, neste momento, não puderam deixar de se perguntar a razão pela qual a Mata da Mutuca não poderia fazer um modelo similar, à medida que a área de preservação mineira proíbe a entrada da população.

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REFERÊNCIAS

calor. Como esta cidade tem grande concentração de asfalto (ruas, avenidas) e concreto (prédios, casas e outras construções), concentra mais calor, fazendo com que a temperatura fique acima da média dos municípios da região. A umidade relativa do ar também fica baixa nessas áreas.

Além de reduzir os efeitos da ilha de calor, as matas também servem como uma alternativa de lazer, para reduzir a poluição tanto sonora quanto atmosférica e regular a temperatura.

Mas, se falarmos dos problemas nas cidades, temos que pensar como elas são construídas sem levar em consideração os futuros possíveis problemas, devido à falta de planejamento, como por exemplo, o grande número de prédios concentrados em um lugar, o modo como são as ruas, onde poderia ser usado o paralelepípedo em vez de asfalto, entre outras coisas, podendo assim gerar as ilhas de calor, como já foi dito antes, intensificando o efeito do aquecimento global. (AKEMI, CASTRO e LACERDA)

Os professores envolvidos no projeto destacam o comprometimento dos alunos e registram a produção de diversos textos que versam sobre a especulação imobiliária, o patrimônio natural e outros temas associados ao projeto. Há de se ressaltar a presença de posicionamentos críticos muito aguçados, que nos dão a certeza de um legado importante deixado pela nossa empreitada. A aluna Laura Melo Mendes deixou a sua impressão, com a qual brindamos o consistente aprendizado proporcionado pelo projeto:

Ao participar do projeto “Grandes cidades e matas urbanas”, pude perceber como patrimônio natural e patrimônio cultural estão interligados. Percebi também como as empresas grandes tentam acabar com esses patrimônios em nome do progresso e do desenvolvimento, muitas vezes sem perceber que para construir o futuro é necessário considerar o passado.

BHABHA, Homi K. “O local da cultura”. Ed. UFMG. BH. 1998.

BURKE, Peter. “Testemunha ocular: história e imagem”. Ed. EDUSC. SP, 2004.

CASTRIOTA, Leonardo Barci. SOUZA, Antônio Cruz. “Fórum Brasileiro do Patrimônio Cultural”. Ed. UFMG. BH, 2004.

DAVIS, Mike. “Ecologia do medo: Los Angeles e a fabricação do desastre”. Rio de Janeiro: Record, 2001.

FONSECA, Maria Cecília Londres. “O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil”. Ed. UFRJ. RJ, 2005.

PIRES, Maria Coeli Simões. “Da proteção ao patrimônio cultural: o tombamento como principal instituto”. Ed. Del Rey. BH, 1994.

VILLIERS, Marq de. “Como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar na mais séria crise do século XXI”. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/patrimonio/patrimonio-mundial-natural-acessado em 1º/10/2011

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JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

"PAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE"

Professor responsável: Bruno RangelAlunos: Isabella França Moreira, Gabriel Augusto Gomes Gonçalves, Fernanda de Figueiredo Gomes, Ana Carolina Mathias Santa Rita, Fernanda Coelho de Campos Rocha

A relevância do nosso projeto se baseia na valorização da memória das pessoas perseguidas pela ditadura – 1964 a 1985. Segundo o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, que assumiu o cargo em abril de 2007, até então a questão da anistia no Brasil tinha um viés marcadamente econômico, voltado para a reparação indenizatória.

“Desde então, trabalhamos para que a Comissão chegasse ao que é hoje: um instrumento de vazão das vozes caladas no passado. Mais importante que a reparação econômica é a reparação moral, é o Estado se redimir dos erros que cometeu.”

Neste sentido, pretendemos que nossos alunos do Magnum Avançado deem voz à história

silenciada pela ditadura. Através de pesquisas nos arquivos do DOPS, disponíveis no Arquivo Público Mineiro, pretendemos dizer não ao esquecimento e à banalização dos crimes de tortura praticados amplamente no País e “que se aprenda a olhar o passado para restaurar a dignidade da democracia” (ministro Tarso Genro).

Além de levar nossos alunos para o aprendizado fora dos muros da escola, contribuiremos para a sua formação crítica sobre os perigos de um Estado de exceção, bem como a conscientização da luta travada por pessoas que pagaram com sua moral, dignidade e até mesmo vida para que tivéssemos a atual democracia em que vivemos.

O cenário da educação brasileira vem evoluindo vertiginosamente nos últimos anos, e, talvez por isso, alcançamos melhorias contínuas em nossos indicadores nacionais e internacionais. Contudo, ainda temos muito que evoluir e, para tanto, propomos a prática do conhecimento como forma de desenvolver as habilidades e competências de nossos alunos, contribuindo com uma parcela de responsabilidade para a sua formação cultural e intelectual. Em outras palavras, a essência do nosso projeto visa à

prática da construção do conhecimento ao invés do armazenamento de informações sobre determinado conteúdo. Proporcionar ao aluno a responsabilidade e a experiência de ser autor do próprio conhecimento é o nosso objetivo principal. No entanto, salientamos que, concomitantemente, pretendemos jogar luz sobre as sombras do esquecimento que caem sobre a memória nacional daquilo que foi a ditadura militar no Brasil e a institucionalização da tortura.

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METODOLOGIAO DOPS começou a ser gestado em 1926. A Chefia de Polícia, até então subordinada à Secretaria do Interior, ganhou o status de Secretaria de Estado, ao ser criada pela lei n° 919, de 4 de setembro, a Secretaria de Estado da Segurança e Assistência Pública. Este órgão tinha como atribuições realizar os serviços de segurança pública e de polícia, além de cuidar da higiene, saúde e da assistência pública. Mas, em 1964, passou a denominar-se Secretaria de Estado da Segurança Pública. Além das funções anteriores, outras lhe foram atribuídas, como a de cooperação com outros órgãos e entidades de segurança pública, o exercício da política judiciária e a coordenação das atividades dos órgãos e entidades integrantes do sistema de segurança pública.

Tendo à nossa disposição a documentação citada acima, pretendemos identificar documentos escritos e relacioná-los ao arquivo de fotos do DOPS. Após dar nome e rosto à história contada no “papel”, pretendemos dar voz às pessoas e/ou seus familiares, a fim de que a luta dessas pessoas não caia no esquecimento. Uma vez que identificamos as pessoas e/ou seus familiares, aplicaremos um questionário semiestruturado, criado pelos professores e alunos. Além disso, pediremos aos nossos entrevistados que nos forneçam, de próprio punho, um breve relato, “feito a um só fôlego”, sobre suas memórias do período de exceção vivido por eles.

A institucionalização da tortura

A construção de uma identidade brasileira pacata e conformada com os mandos e desmandos ora do Estado, ora da elite latifundiária e ou da elite internacional não é corroborada por nossa história. Inúmeros levantes populares nos contam a respeito da inconformidade do nosso povo com as ações estapafúrdias dos nossos políticos e autoridades em geral. Foi assim com a revolta de Felipe dos Santos, em 1720, a revolta de Curvelo, em 1740, e todas as demais ao longo dos anos de exploração e submissão a que nossa

gente foi submetida. O esforço das autoridades em distorcer os objetivos dos sertanejos de Antônio Conselheiro, a fim de justificar a ação desmedida do nosso exército no fechamento da revolta de Canudos, seria mais um dos inúmeros exemplos que insistentemente vêm à tona e desmentem o caráter conformista do brasileiro.

A opressão através da tortura é um traço da nossa identidade, que nos acompanha desde os idos de colônia, período no qual os participantes de movimentos revoltosos eram torturados para entregar o esconderijo de seus comparsas. Sempre justificada pela legitimidade da lei régea e da segurança colonial, a tortura retirava dos seus prisioneiros informações que levariam mais gente a ser torturada e brutalmente assassinada.

Em 1964, o Estado de Exceção criado pelos militares se respaldaria na luta contra o comunismo que – com o apoio de uma parte da Igreja Católica e da elite progressista liberal – foi taxado de perverso e uma ameaça à liberdade, à família e à democracia. Contudo, dialeticamente, os ideais defendidos pelos nossos zelosos militares foram duramente golpeados por seus próprios defensores e como uma cortina que se descortina no palco, nossos protetores revelaram a sua verdadeira face de algozes.

De crise em crise, a incipiente democracia brasileira inaugurada em 1930, após anos de lutas dos diversos movimentos tenentistas e consolidada pela Revolução de 30, resistiu bravamente aos seus diversos algozes. Em 1937, o golpe que instituiu o Estado Novo de Getúlio Vargas teve apoio militar determinante para o sucesso do golpe. Posteriormente, em 1954, foi a vez de Getúlio Vargas sofrer a tentativa de um golpe de Estado por parte dos militares que outrora o apoiaram.

Muito possivelmente, o golpe dado em 1964 teria sido aplicado pelos militares, UDN e a elite financeira progressista do País, na década de 1950. Mas o suicídio de Getúlio Vargas fez o golpe

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retornar assustado para dentro dos quartéis. A morte de Vargas levou mais de 1 milhão de pessoas às ruas e toda essa gente apontava o dedo da acusação para os setores sociais supracitados que, apontados pelo povo como os responsáveis pelas pressões que levaram ao suicídio de Vargas, tiveram que adiar o golpe em 10 anos.

Entretanto, o herdeiro político de Vargas, João Goulart, vice-presidente eleito em 1961, ascende ao poder após a inesperada e mal explicada renúncia de Jânio Quadros, presidente eleito em 1961. A democracia brasileira resistiu, em fase terminal, aos duros golpes dados pelos militares, como a tentativa desesperada de tentar impedir a posse legítima do vice-presidente e ainda a tentativa de limitação de seus poderes ao mudar arbitrariamente a forma de governo da nação de República Presidencialista para República Parlamentarista. Foi o último suspiro da democracia brasileira, que só ganhou sobrevida graças à consulta popular em forma de plebiscito, que estendeu a vida da democracia por mais alguns anos. O golpe fatal veio após o polêmico discurso da Central do Brasil, no qual

João Goulart discursa a fim de conter a sedição já em notório andamento. Não adiantou, no dia 1° de abril de 1964, o Brasil iniciaria uma fase de repressão conspurcada pelo sangue daqueles que corajosamente lutaram para restabelecer a liberdade e a democracia brasileira.

Como uma forma de honrar a memória dessas pessoas, nossos alunos do 9° Ano realizaram uma breve pesquisa no Arquivo Público Mineiro, com o objetivo de contar a história dos abusos dos militares que, em nome da liberdade, assassinaram, estupraram, torturaram e ainda torturam os parentes vivos que sequer puderam enterrar os desaparecidos ou sequer têm acesso às informações que contariam a história do desaparecimento de seus filhos e filhas.

O Projeto Afasta de mim este cálice resignifica a música de Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento, uma vez que não vivemos mais a censura institucionalizada no País, mas corremos o risco de deixar cair no esquecimento a história dos torturados se silenciarmos a nossa voz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Relato sobre os documentos pesquisados

Por Fernanda Figueiredo Gomes

Em minha segunda visita ao Arquivo Público Mineiro, já havia me acostumado ao método de pesquisa e meus olhos estavam mais bem treinados para encontrar casos que me interessassem. Nesse dia, encontrei um caso que me tocou muito: o de Maria da Conceição Rodrigues. A menina tinha dezesseis anos na época em que foi presa. No ano de 70, o pai da menina, Gentil Rodrigues, foi até a polícia declarar o desaparecimento de sua filha de dezesseis anos, alegando que antes de sumir ela estava esquisita e com medo, com porte

de documentos estranhos. Eles vieram a saber que ela havia sido envolvida em um movimento insubordinado no colégio. Em reportagem de um jornal sobre esse caso, encontrei uma frase da menina “... andei lendo uns livros de que a polícia não gosta, por isso ficarei sob os cuidados de uma família muito boa, não precisam se preocupar comigo.”

Assim que constata o desaparecimento da filha, Gentil Rodrigues vai até a casa do namorado dela, José Natalino Magalhães, que era um ativista comunista que fazia parte de um grupo chamado “A corrente”. Porém, só encontra seu irmão Antônio Magalhães. Desconfiado de que ele possa ter alguma relação com o

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desaparecimento, Rodrigues chama a polícia. Antônio percebeu o movimento e tentou fugir com o envelope de livros comunistas, mas foi preso durante a fuga. Natalino foi dado como foragido e procurado com a suspeita de estar aliciando jovens para seu grupo, considerado pelo governo subversivo por ser comunista.

Logo depois, o pai da menina descobriu que ela estava presa em um presídio de mulheres no horto florestal, porém sua prisão não havia sido revelada oficialmente porque ela era menor de idade e, portanto, não poderia ter sido presa legalmente. Nesse momento, o pai volta à polícia e suplica para que o deixem ver sua filha, pois teme que ela seja removida para local desconhecido, mas seu pedido é negado.

No tempo que se segue, Gentil Rodrigues tenta libertar sua filha de todas as formas possíveis, escrevendo cartas para todas as autoridades que pudessem ajudar Maria da Conceição. Ele pede às autoridades que se a considerarem perigosa e se negarem a conceder-lhe a liberdade vigiada pelos pais, em último caso solicita a remoção da menina para a Argentina, onde eles têm uma filha casada. Ele alega que ela é muito jovem, tem uma vida inteira pela frente e que ainda pode ser recuperada ideologicamente. E por fim apela ao supervisor para ser comunicado do

paradeiro de sua filha, estando ela onde estiver e nas condições em que estiver.

Depois de todas as cartas e pedidos fracassados, a mãe de Maria da Conceição, Cecília Avendanha Rodrigues, faz uma última tentativa desesperada, enviando uma carta com apelo de mãe para a primeira-dama da época, Yolanda Costa e Silva, na esperança de que ela pudesse ajudar a libertar sua filha, carta essa que nunca foi respondida.

Também nesta pasta me deparei com diversos arquivos restritos que refrearam a minha pesquisa. Apesar da incessante pesquisa, não consegui descobrir o paradeiro de Maria da Conceição Rodrigues, não sei se foi liberta ou em que condições estava, ou se, apesar de todo o zelo e busca, seus pais nunca a encontraram, acontecimento frequente na época da ditadura, quando de um dia para o outro alguém sumia e nunca mais era encontrado.

É possível imaginar o desespero que se apoderou desses pais, uma menina de dezesseis anos sumir assim repentinamente, e por mais que você se esforce e procure, não consegue encontrá-la e libertá-la da cadeia. O pior talvez seja imaginar o que estaria acontecendo a ela. Aqueles considerados comunistas ou opositores ao governo passavam por terríveis torturas e alguns não resistiam e acabavam morrendo.

Por Gabriel Augusto

Um documento que chamou muito a minha atenção foi um que contava sobre a prisão de Camillo Nogueira da Gama, preso por ser considerado subversivo como orador de comício. Camillo participou do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e se solidarizou com a Revolução Cubana, movimento armado que levou à derrubada do ditador Fulgêncio Batista. O governo então prende Camillo com o seu filho, um adolescente de apenas 16 anos, cujo nome não consta nos arquivos, pois eles eram opositores e poderiam ser uma ameaça ao governo. E no dia 16 de julho de 1964, o

marginal foi indiciado no IPM, ficha número 8 no município de Três Corações, processo feito pelo primeiro tenente engenheiro José Wilson Façanha Brito. 1

Pesquisei em vários arquivos do DOPS, mas em nenhum deles consta o que aconteceu com Camillo e seu filho, sendo que em um desses arquivos, encontrei uma carta da mulher de Camillo que procurava desesperadamente saber o que houve com seu marido e com seu filho e que fim tiveram. Ela não sabia nem mesmo se eles ainda estavam vivos. O que aconteceu em muitas famílias, em que seus membros se opunham ao governo, eram levados para o DOPS

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(Departamento de Ordem Política e Social) e a família ficava sem notícias do que aconteceu com seus familiares capturados pelos militares.

Também encontramos várias informações sobre outras pessoas que vivenciaram essa época de

extremo terror e barbaridade e pretendemos entrar em contato com algumas dessas pessoas para marcar uma entrevista com elas, a fim de coletar mais informações sobre a época de ditadura militar no Brasil.

1 APM, arquivos do DOPS. Pasta:0785,Rolo:024

Por Isabella França

No Arquivo Público Mineiro, durante as minhas pesquisas, não achei um documento específico que contasse detalhadamente o ocorrido com alguém, mas sim vários documentos com pequenos resumos do que havia ocorrido. Alguns também possuíam páginas disponíveis para a leitura e outras páginas restritas, mas não consegui achar nenhum documento que realmente falasse o que a pessoa sofreu e o seu “fim”, ou seja, se morreu ou não durante as torturas, se saiu viva, o que fez para conseguir sair com vida e a posição de sua família durante todo o tempo em que ela não esteve presente.

Uma história que me chamou a atenção foi a de José Lima, um ex-inspetor do DOPS. Os registros informam que ele teve sua entrada e sua saída registradas em outubro de 1973. Ele foi delatado por seu motorista, que descreveu um acontecido em uma noite: “Em caminho, o inspetor adjunto José Lima passou

a comentar a falta de viatura do DOPS, dizendo que o departamento estava sem veículos porque ele, José Lima, não mais pertencia ao DOPS e que, se ele aqui estivesse, as coisas não estariam assim, porque ele tem força e arranjaria os veículos. Afinal, disse: “É. O DOPS vai acabando,...” Estranhei a atitude do referido inspetor, pois falávamos em outro assunto.”2 O que me intriga é o fato dele ter entrado e saído no mesmo mês, com um agravante: a última página do documento, na qual se encontra o “seu fim.”, estava restrita.

Já aqui no Colégio, começamos uma pesquisa para tentar encontrar mais informações ou até mesmo as pessoas que eram referidas nos documentos pesquisados. No decorrer da minha pesquisa, consegui encontrar uma pessoa com o mesmo nome do documento. Tentei entrar em contato e até o presente momento espero o seu retorno.

2 APM, arquivos do DOPS. Pasta 1119, rolo 027,

Por Fernando Coelho

O promotor Paulo Duarte Fontes denunciou Arnaldo Cardoso da Rocha, de 22 anos, por ter participado da ALN Mineira, com o objetivo de tomar o poder. Esse grupo era dividido em três setores: Massas, Grupo de fogo e estudantil (mais abrangente na época). Também estavam envolvidos: Eduardo Antônio da Fonseca (falecido), Marcos Nonato da Fonseca (menor na época), Aldo Sá Bruto de Souza Neto (falecido) e Newton Moraes (processado).

O declarante Manoel de Oliveira Pinto foi acusado de participar da ALN e começou suas

atividades subversivas em 1969, através de Arnaldo Rocha. Ele foi aconselhado a terminar seu curso de Filosofia, assim seria mais útil à organização. A 1ª missão do declarante foi esconder um subversivo que cometera um assalto a banco. Para isso, o declarante pediu ajuda a seu amigo Walmir José Rezende, que escondeu o criminoso na casa de sua irmã. Depois, o subversivo assaltante foi levado para Lafaiete por “Walmir” e “Dea” e “Manoel” e “Afonso”. A 1ª dupla retornou a Belo Horizonte e a 2ª seguiu viagem. O declarante só descobriu que o assaltante em fuga era Marcos Nonato Fonseca, o integrante mais jovem da ALN, que saiu de casa aos 13 anos e aos 16 já participava

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do grupo; ele estudava no Colégio D. Pedro II, berço de muitos revolucionários; Marcos faleceu aos 19 anos.

O declarante conheceu Dea Márcia Dias da Silva no curso de História da UFMG, entre 1967 a 1970. E conheceu Afonso Maria da Cruz na Petrobras, no ano de 1963. O mesmo tinha ideias esquerdistas, mas não participava de nenhum movimento. Tanto Dea quanto Afonso não sabiam que Marcos era um assaltante, apenas que era foragido da polícia. Já Walmir José Rezende, que ajudou na fuga do assaltante Marcos Nonato, também era ex-colega de faculdade; era esquerdista, mas também não participava de movimentos.

Em 1969, o declarante escondeu por 20 dias em sua residência o terrorista Hélcio Pereira

Fortes ou Fontes, que era membro da ALN, a pedido de Sônia Maria Ferreira, também amiga de faculdade, e que, no momento do inquérito, estava foragida por ter matado o guarda Vagner Lúcio Vitorino da Silva, guarda de segurança, durante o assalto ao Banco Nacional de MG; atualmente ela mora no Piauí e trabalha como cirurgiã-dentista.

No mesmo ano, Sônia ou Hélcio passou para o declarante joias roubadas no Rio para serem vendidas em Belo Horizonte, a fim de arrecadar fundos para a ALN. As joias foram vendidas por intermédio de Alair Moraes, e elas inicialmente foram avaliadas em 250 mil cruzeiros, mas foram vendidas por 29 mil cruzeiros 3.

3 APM, arquivos do DOPS. Pasta 0051 Rolo 005.

Alunos participantes do projeto e o professor Bruno

Por Ana Carolina

Muitos alunos encontraram várias histórias interessantes. No meu caso, achei casos de crimes com armas de fogo, relatórios policiais acerca de atividades consideradas comunistas e greves, sindicalista que reivindicou a construção de monumento, além de apreensão de pessoas acusadas de participarem de partidos comunistas que foram apreendidas e enviadas para o DOPS, de onde só saíam se acusassem outro indivíduo de traição ao governo ditador, e eram duramente maltratados, através de torturas de diversas formas. Sem falar em algumas pastas, nas quais

estava escrito “Arquivo restrito”, que eram consideradas como revelação do que realmente o governo fazia, o que mancharia a imagem do governo.

Um dos documentos que chamou a minha atenção foi um em que havia encontrado um material de propaganda e correspondências pessoais sobre comunismo, assunto esse que nem podia ser discutido na época pelo grande diferencial com relação às ideias defendidas pelo governo. Informações que indicavam que quem as tinha seria considerado como uma ameaça e seria investigado e torturado.

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REFERÊNCIASAPM, arquivos do DOPS. Pasta 0051 rolo 005.

APM, arquivos do DOPS. Pasta 0785, rolo 024

APM, arquivos do DOPS. Pasta 1119, rolo 027.

APM, arquivos do DOPS. Pasta 0129, rolo 035.

ALVES, Maria Helena Moreira. "Estado e oposição no Brasil: 1964-1984." Petrópolis, Vozes, 1984.

ALVES, M.M. "68 mudou o Mundo: A explosão dos sonhos e a guinada conservadora num ano que valeu por décadas." Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1993.

ARQUIDIOCESE de São Paulo. "Brasil nunca mais." Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1986.

Sites: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/ - acessado em 20/2/2011

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pH DO PLANETA

JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

Professor responsável: Adjalma Rodrigues da Silva Alunos da 1ª Série: Pedro Martins Prates dos Santos e Victor Brandão BelisárioAlunos da 2ª Série: Mariana Andrade Martins; Letícia Sanders de Almada; Diego Palhares de Faria; Izabele Lovaglio Lopes; Talitha Lovaglio Lopes; Ana Lícia Moura Gomes; Gabriela Ribeiro Nacif; Victor Pra de Athayde; Victor Mendes Vargas

Na sua Assembleia Geral, realizada em Turim, Itália, em agosto de 2007, a IUPAC aprovou, por unanimidade, a resolução a favor da proclamação de 2011 como Ano Internacional da Química (AIQ). Menos de um ano depois, o Conselho Executivo da UNESCO recomendou a adoção de tal resolução.

O Magnum, como Escola Associada da UNESCO, e tendo em vista a relevância do tema e sua importância na formação de nossos alunos, adotou o AIQ como seu Projeto Transversal em 2011, assim como tema da Agenda da escola.

Os alunos da Equipe de Conhecimento foram chamados a participar das atividades relacionadas ao tema, e o trabalho que eles desenvolveram foi uma rica oportunidade

de conhecer mais sobre a Química e sua importância no mundo moderno.

Na atividade que é o tema deste artigo, os alunos coletaram uma amostra de água proveniente de uma fonte natural local, no caso, a Cachoeira da Farofa, na Serra do Cipó. Eles mediram o pH da amostra, através da utilização de soluções indicadoras coloridas. Os valores médios provenientes dos resultados foram lançados no Banco de Dados Nacional do Experimento Global (Global Experiment Database), juntamente com informações sobre a amostra e a escola participante, através de um portal nacional de recebimento dos dados (portal QNInt da Sociedade Brasileira de Química - http://qnint.sbq.org.br/qni).

Foram propostos os seguintes objetivos como foco do trabalho: potencializar o reconhecimento da Química como ciência indispensável para a sustentabilidade de todos os processos vitais da atualidade, aumentar o interesse dos jovens pela Química, em particular, e pela Ciência em geral, através dos processos científicos de

medição da acidez e avaliação da qualidade dos dados, interpretação dos dados em termos de meio ambiente e natureza da água envolvida, execução de investigações científicas e estudo das reações químicas envolvendo ácidos e bases.

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METODOLOGIAA metodologia utilizada no projeto se baseou nas instruções recebidas pela organização do Experimento Global pH do Planeta, que estão listadas a seguir:

Parte A – Coleta da amostra local de água

A amostra foi coletada de forma a garantir a não interferência de contaminantes e alteração de suas características. Para isso, alguns cuidados especiais e muito simples foram observados:

• Utilização de um recipiente limpo com tampa para coletar a amostra (uma garrafa de água mineral vazia, por exemplo).

• Lavagem do recipiente com três pequenas porções da água a ser coletada (cerca de 5-10% do volume), descartando o volume após cada lavagem.

• Após a lavagem do frasco, coleta do volume de água, preenchendo todo o recipiente, e identificação (local, hora, data).

Parte B – Medida do pH da amostra local de água

• Os recipientes foram rotulados e identificados com os números de 1 a 6, com uma marca em cada um deles na altura de 0,5 cm em cada recipiente.

• A seguir, foram preenchidos, com a amostra de água escolhida, três recipientes até a marca feita a 0,5 cm.

• Os alunos adicionaram três gotas do indicador de azul de bromotimol em cada recipiente e agitaram cada um levemente, a fim de misturar bem a solução.

• Caso o pH desse um valor maior que 7,2, as medidas deveriam ser repetidas, utilizando-se um indicador mais adequado, no caso, o púrpura de metacresol.

• Estimaram o pH de cada solução, através da tabela de cores e registraram o resultado na Tabela de Resultados do Aluno, com uma casa decimal.

Parte C – Análise e submissão dos resultados

• Os alunos calcularam o valor médio do pH para sua amostra de água e registraram os resultados na Tabela de Resultados do Aluno e, posteriormente, na Tabela de Resultados da Turma.

• Com a ajuda do professor, submeteram o valor médio de pH da turma para a amostra da fonte de água local ao Banco de Dados Nacional do Experimento Global.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Coleta da amostra local de água Determinação do pH das amostras coletadas

Os resultados obtidos a partir da amostragem da água da Cachoeira da Farofa, na Serra do Cipó, foram registrados em formulário específico enviado pela Organização do Experimento Global:

Teste Indicador Fonte de águapH da amostra

1 Azul de bromotimol Cachoeira da Farofa 6,22 Azul de bromotimol Cachoeira da Farofa 6,23 Azul de bromotimol Cachoeira da Farofa 6,24 Púrpura de metacresol - -5 Púrpura de metacresol - -6 Púrpura de metacresol - -

Média 6,2

A seguir, os resultados foram publicados no Banco de Dados Nacional do Experimento Global.

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As discussões com os alunos sobre os resultados envolveram conceitos relacionados à acidez e à escala de pH. A escala de pH é utilizada para medir a acidez das soluções. As soluções mais comuns geralmente apresentam valores de pH entre 0 e 14. Ácidos fortes possuem o pH mais baixo e podem apresentar valores negativos para ácidos fortes concentrados, tais como ácido sulfúrico. Bases fortes possuem os valores mais altos e podem estar acima de 14. Por outro lado, água pura é neutra e possui um pH de 7.

Escala de pH

Ácido Forte Base Forte Concentrado Concentrada

Ácido fraco Base Fraca Concentrado Concentrada

Neutro

A utilidade da escala de pH vem a partir de como ela é realmente medida. A medição é a extensão da reação do ácido com água. Por exemplo, com ácido clorídrico:

Os produtos da reação de ácidos e bases com água são íons (partículas carregadas) e o íon H3O+ (íon

hidrônio), que é responsável pelas propriedades ácidas. Uma das razões porque ácidos formam uma categoria tão útil de substâncias é devido aos íons H3O

+, que são formados por todos os ácidos comuns, e que possuem uma gama de propriedades comuns.

A medição de pH envolve determinar a concentração de H3O+. Há grande variação nos valores de

concentração dos íons e, portanto, uma escala logarítmica é utilizada:

pH = -log [H3O+]

Isso significa que a concentração de H3O+ em um pH 8,5 é um milésimo da concentração em pH 5,5

(uma variação comum de concentração para amostras de água natural).

Os indicadores de pH, utilizados pelos alunos, são normalmente ácidos fracos, são coloridos ou que mudam de cor quando sofrem uma reação ácido-base, ganhando ou perdendo o íon H+. As reações são geralmente reversíveis para que o indicador possua, em cada mudança de cor, duas formas moleculares: a ácida (ou protonada) e a básica (ou desprotonada). A mudança de cor nos

HCl + H2O H3O+ + Cl-

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REFERÊNCIAS

indicadores geralmente ocorre em uma mudança de 10 vezes na concentração de H3O+ e, portanto,

cobre uma mudança na escala de pH em uma unidade. Soluções do indicador que cobrem faixas de pH mais extensivas, tais como um indicador universal, são misturas de um número de indicadores.

Valores de pH obtidos na atividade precisam ser interpretados cuidadosamente, pelo fato de haver uma variabilidade natural, devido aos diferentes níveis de luz e temperaturas e artefatos provenientes das diferentes técnicas de medição. No caso de fontes de água fresca, a variabilidade natural é muito grande, geralmente entre 6,5 e 8,0. Águas marinhas geralmente possuem uma faixa menor de variação de pH, entre 8,1 e 8,4.

Mudanças de temperatura causam mudanças no pH das soluções de amostra e dos instrumentos que são utilizados na medição do pH. Apesar de essas mudanças permanecerem pequenas, se a temperatura permanecer próxima de 20 – 25 oC, uma variação maior deve ser esperada, com temperaturas mais extremas.

Para águas naturais, o pH também muda durante o dia, devido ao material vivo contido na água: respiração de organismos produz dióxido de carbono, o que abaixa o pH da amostra. Durante a luz do dia, o pH aumenta, devido aos organismos que praticam fotossíntese, o que reduz os níveis de dióxido de carbono.

A geologia da área também pode afetar o pH da água local. A presença de calcário pode aumentar o pH consideravelmente. No caso dos oceanos, calcário e outras fontes de carbonato de cálcio contribuem para o pH normal do oceano, de 8,3. Porém, há a presença de dióxido de carbono adicional na atmosfera (devido à mudança de clima proveniente da atividade humana e suas emissões), e este se encontra particularmente dissolvido no oceano, reduzindo o pH (em quantidades bastante pequenas).

Azul de bromotimol- H+

+ H+

Azul de bromotimol

Forma ácida Forma básica

http://qnint.sbq.org.br/agua. Acesso em 27 de novembro de 2011.

http://www.chemistry2011.org/about-iyc/introduction. Acesso em 9 de outubro de 2011.

http://water.chemistry2011.org/web/iyc/register. Acesso em 27 de dezembro de 2011.

http://educar.sc.usp.br/quimapoio/ph.html. Acesso em 9 de outubro de 2011.

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JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

APRENDENDO A APRENDER: UMA REFLEXÃO APLICADA

SOBRE A DOCÊNCIAProfessor responsável: Estevam BravoAlunos da 1ª Série: Paulo Felipe Oilardi Mendonça, Arthur Gomes Faria, Henrique Fernandes Borba, Edson Roteia Araújo Junior, Vitória Freitas Magalhães, Pedro Martins Prates dos Santos, Vitor BelisárioAlunos da 2ª Série: Talitha Lovaglio Lopes, Izabele Lovaglio Lopes, Samuel Marques dos Reis, Diego Palhares de Faria, Vanessa Del Papa de Lacerda, Fernando Roque Ribeiro Mendonça, Letícia Sanders de Simada

A estrutura educacional é montada com uma grande finalidade: a aprendizagem. A aquisição de competências, habilidades e conhecimentos é o objetivo maior. Assim, por meio de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação, conceitos e modelos são adquiridos e modificados.

Diversas são as metodologias de ensino-aprendizagem, e a maior parte delas se apoia na figura e na ação intencional do professor. Desta forma, o mestre guia os estudantes por determinado caminho rumo ao entendimento de um conceito que julga importante. Ao se debruçar sobre a preparação de um tema a ser discutido, o professor identifica estratégias para melhor compreensão e, prevendo a utilização de ferramentas visuais, auditivas e de escrita, procura organizar a compreensão. As possibilidades são diversas, e se baseiam na escala gradativa de

complexidade, na identificação de conceitos mais elaborados e em exercícios que visam verificar o entendimento.

A constante reflexão sobre os dificultadores envolvidos é uma tarefa de predição, baseada na experiência do docente – inclusive enquanto aluno. Assim, através da reflexão sobre o tema, o próprio agente que prepara o curso também aprende.

Desta forma, os alunos da equipe do conhecimento de Biologia foram convidados a sair da condição passiva para a de agentes dispersores do conhecimento biológico. Através das discussões, puderam aumentar o seu domínio sobre os assuntos relacionados, além de contribuir para a divulgação científica na comunidade do Colégio.

Os objetivos do trabalho relacionam-se à necessidade de intensificar a divulgação científica de temas relacionados à Biologia, capacitar os alunos integrantes da equipe para apresentações em público, através de oficinas com técnicas

simples e potencializar o estudo orientado de disciplinas associadas às Ciências da Natureza, através da monitoria voluntária de Biologia, organizada pelos próprios alunos.

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A aula sobre o Sistema Nervoso reuniu os seguintes aspectos:

1. Anatomia básica: análise descritiva dos principais órgãos em questão.

· Sistema Nervoso Central.· Sistema Nervoso Periférico.

2. Histologia e Fisiologia básicas: estudo do funcionamento do sistema em âmbito das células, tecidos e órgãos.

· Neurônios;· Células da Glia;· Nervos;· Cérebro;· Medula;· Neurotransmissores;· Regulação do Sistema Nervoso Autônomo.

3. Sistema Límbico: as emoções, reações à recompensa a partir de estímulos, ação de drogas no Sistema Nervoso Central, dependência química.

· Recompensa cerebral e o mecanismo de dependência química.· As emoções (amor, paixão, raiva, inveja) e seus mecanismos.

METODOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia utilizada no projeto partiu da identificação de temas relacionados à Biologia que estimulassem o interesse dos jovens. O escolhido pela equipe foi “O Sistema Nervoso e suas relações”. A partir daí, os alunos sugeriram subdivisões de interesse: anatomia, fisiologia, ação de drogas, quadros clínicos curiosos.

Os integrantes partiram para a análise de referências bibliográficas capazes de suprir suas necessidades. Uma vez levantado o material,

através de discussões, estudos em livros e em artigos científicos, foi elaborado o material de aula.

A próxima etapa foi a de capacitação para a produção da aula, com estudos de caso envolvendo desde a produção do arquivo digital de apresentação em projetor até o ato de falar em público. A última parte foi a de execução da aula para os colegas.

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4. Quadros clínicos curiosos: descrição de males associados ao Sistema Nervoso, e que auxiliam no entendimento de seu funcionamento.

· Epilepsia;· Sinestesia;· Acidentes com rompimento medular e paralisias;· Mal de Parkinson;· Mal de Alzheimer;· Transtorno do membro fantasma;· Supermemória.

Após a aula, como metodologia de acompanhamento do processo, um grupo de 26 alunos selecionados aleatoriamente realizou uma avaliação. A atividade era composta de duas partes: a primeira com perguntas sobre o desempenho geral da equipe. Neste conjunto de perguntas, a apresentação foi avaliada como “muito relevante”, por 90% do universo amostral (Tabela 1). A segunda parte apresentava cinco questões relacionadas à atividade para medir o aprendizado, selecionadas a partir de vestibulares diversos e do ENEM. Nesta etapa, mais da metade dos alunos acertaram pelo menos quatro itens (Tabela 2).

Tabela 1 – Opinião dos demais alunos em relação à aula ministrada pela equipe

Tabela 2 – Resultado global do teste

Classificação da apresentação No de alunos No de acertos No de alunosNão sei/ Não quero opinar 1 1 1Irrelevante 2 2 3Pouco relevante 2 3 6Relevante 11 4 10Muito Relevante 10 5 6

REFERÊNCIAS

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. “Histologia Básica” – 9ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

2002 427p.

GUYTON, A. et al. “Tratado de Fisiologia Médica” – 9ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1997. 1014 p.

MACHADO, A. B. M. “Neuroanatomia Funcional” – 2ª edição. São Paulo. Atheneu, 2000. 363 p.

SOBOTTA, J. “Anatomia 1” – 20ª edição. São Paulo. Guanabara Koogan, 1993. 399p.

SOBOTTA, J. “Anatomia 2” – 20ª edição. São Paulo. Guanabara Koogan, 1993. 401p.

Ação dos Benzodiazepínicos no Sistema Nervoso Central. Disponível em:

http://www.virtual.epm.br/material/depquim/animacoes.htm. Acesso em: 15 ago. 2011.

Ação do Álcool no Sistema Nervoso Central. Disponível em:

http://www.virtual.epm.br/material/depquim/animacoes.htm. Acesso em: 15 ago. 2011.

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