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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIAL NAS EMPRESAS
Por: Claudia Lucia do Amaral Daiha e Rocha
Orientador
Prof. Rodrigo Rosa
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIAL NAS EMPRESAS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Pedagogia Empresarial.
Por Claudia Lucia do Amaral Daiha e Rocha.
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AGRADECIMENTOS
A minha família pelo carinho,
compreensão e paciência que me
dedicaram até mesmo durante o tempo
em que estiveram privados do meu
convívio e a Deus, pela oportunidade
do aprendizado e da conquista.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos, fonte de minhas alegrias
e razão de todas as minhas conquistas.
5
RESUMO
O presente trabalho visa mensurar e compreender a importância da
educação nas organizações, levando-se em conta que a educação humaniza
os indivíduos transformando-os socialmente, formando o homem integral, com
suas potencialidades desenvolvidas, capazes de transformar o ambiente social
e organizacional.
Nos três primeiros capítulos, são definidos e comentados os temas
educação, sociedade e trabalho, suas funções e características; nos capítulos
quatro, cinco e seis serão abordados os enfoques organizacionais, o papel das
organizações na sociedade e sua relação com as pessoas; nos capítulos sete
e oito a abordagem é a respeito das pessoas, da gestão de pessoas e das
competências gerenciais para as organizações de hoje e na conclusão são
tecidas as considerações a respeito do papel da educação no ambiente social
e organizacional.
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METODOLOGIA
O trabalho será realizado com o objetivo de compreender o papel da
educação no ambiente social e organizacional, ampliar os conhecimentos
sobre os fenômenos organizacionais e sociais e contribuir para a criação e o
fortalecimento dos espaços educacionais corporativos. Será adotada a
pesquisa bibliográfica como procedimento metodológico. Como teóricos
escolhemos Edgar Morin, Paulo Freire, Jacques Ardoino, Moacir Gadotti, Jean
Piaget, Karl Marx, Luiz Gonzaga Jr., para não faltar poesia, Jacques Delors e
Gareth Morgan com suas metáforas organizacionais.
Refletindo sobre os temas sociedade, trabalho e educação através do
estudo e pesquisa dos teóricos citados, desenvolveremos o tema considerando
que o conhecimento não é algo que se possa simplesmente armazenar,
acumular e distribuir, que ele só faz sentido como produção social, que é
resultado da interação entre pessoas e que é construído e transformado pela
educação, formal ou informal, que as empresas devem pensar para si uma
educação que se situe dentro de padrões de referência que se constroem a
partir de diferentes visões de mundo, homem, trabalho e sociedade.
A educação mantém uma relação muito estreita com a esfera social.
Através do trabalho o homem cria modelos de comportamento, instituições e
saberes. Através da educação ele assegura o aperfeiçoamento dessas
atividades e transfere, às gerações futuras, os conhecimentos elaborados
pelos seus antecessores.
A educação humaniza os indivíduos transformando-os socialmente,
formando o homem integral, com suas potencialidades desenvolvidas, capazes
de transformar o ambiente organizacional e social.
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O trabalho é condição essencial para que o homem se torne humano,
mas tanto pode formá-lo como deformá-lo, tornando-se fonte de infelicidade. O
trabalho traz felicidade quando forma o ser integral, consciente de seu papel
como ser humano social e capaz de transformar a si mesmo e a sociedade,
realizando seus sonhos, transformando sua vida e tornando o mundo melhor.
E, traz infelicidade quando aliena, desumaniza, deforma, reduzindo o ser
humano à condição de máquina, esvaziando-o de todo conteúdo,
transformando-se em mera fonte de sobrevivência, cansaço e esgotamento.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Educação 11
CAPÍTULO II - Sociedade 14
CAPÍTULO III – Trabalho 21
CAPÍTULO IV – Organização e pessoas 29 CAPÍTULO V – Organizações 36 CAPÍTULO VI – Organizações: instrumento de dominação 43 CAPÍTULO VII – Pessoas e gestão de pessoas 48 CAPÍTULO VIII – Megatedências e novos paradigmas 55 CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 64
ÍNDICE 67
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INTRODUÇÃO
O objetivo maior desse trabalho é compreender o papel transformador
da educação no ambiente social e organizacional, ampliando conhecimentos
sobre os fenômenos organizacionais e sociais, contribuindo para a criação e
fortalecimento dos espaços educativos nas organizações.
No primeiro capítulo aborda-se o tema educação e como seu conceito
coincide com os de socialização, bem como as cinco dimensões do processo
educacional na visão de Frei Beto. Constata-se que os processos de
socialização e de educação são contínuos e inacabados, pois têm início com o
nascimento do ser e perduram durante toda a sua existência na medida em
que se relaciona com outros seres.
No capítulo dois define-se sociedade e como se dá o processo de
socialização, de acordo com Edgar Morin, e a construção da identidade do
indivíduo no grupo segundo Pichon-Rivière. Educação e sociedade, a práxis
pedagógica, a dificuldade de separar o fazer do pensar pedagógico, a
educação informal e formal e a proposta da UNESCO, Organização das
Nações para a Educação, a Ciências e a Cultura.
No capítulo três, o trabalho, sua evolução através do tempo, Marx e o
caráter ambíguo e contraditório do trabalho, e Gonzaguinha e o trabalho como
condição essencial para que o homem se torne humano. O trabalho como
prática mediadora fundamental para a existência humana, a relação educação
e trabalho e o sentido do trabalho, segundo Estelle Morin.
No capítulo quatro, organização e pessoas, foca-se o objetivo primordial
do trabalho, os três aspectos da organização segundo Mary Parker Follet, na
visão de Chiavenato as organizações e as necessidades dos indivíduos, as
organizações como sistemas altamente complexos e as relações humanas. Os
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conceitos de grupo e equipe para Casado e Machado e a complexidade do
indivíduo como ser biopsicossocial na abordagem de Chanlat.
No capítulo cinco, as organizações vistas por meio de metáforas como
propõe Morgan, as mudanças e as transformações que causam nas
organizações, as forças endógenas e exógenas que forçam o processo de
mudança organizacional, o mundo globalizado e a necessidade de adaptação
contínua das organizações ao ambiente no qual estão inseridas.
No capítulo seis analise das organizações como instrumentos de
dominação, impondo suas vontades sobre os indivíduos e dominando a
sociedade, com sua “face repugnante” segundo Morgan. O mercado de
trabalho primário e o secundário, as organizações como prisões psíquicas
gerando doenças ocupacionais.
No capítulo sete, pessoas e gestão de pessoas, a estratégia de recursos
humanos, gestão estratégica, as pessoas e suas capacidades, segundo Fleury,
competências necessárias aos profissionais de hoje e o aprendizado contínuo.
Conhecimento habilidade e atitude.
No capítulo oito, as megatendências e novos paradigmas nas
organizações, novos conceitos e práticas empresariais. Daniel Goleman e a
inteligência emocional. Robbins e a flexibilidade do indivíduo, sua capacidade
de se ajustar a mudanças.
Por fim a conclusão, afinal, qual o papel da educação no ambiente
social e organizacional? E, que sentido pode-se dar à educação como prática
social?
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CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO
Educação é o processo para o desenvolvimento físico , intelectual e
moral do ser humano e envolve ensino e aprendizagem. É um fenômeno
observado em qualquer sociedade e é através desse fenômeo que os grupos
constitutivos da sociedade se mantêm e se perpetuam passando às gerações
subsequentes sua cultura, seus costumes, suas crenças e conhecimentos
necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou
sociedade.
Podemos dizer que a educação é exercida nos diversos espaços de
convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo
ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com
os conceitos de socialização, que é a assimilação de hábitos característicos do
seu grupo social, ou seja, o processo através do qual um indivíduo se torna
membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é
própria.
Os processos de socialização e de educação são contínuos e
inacabados, iniciando-se com o nascimento, através da família, da escola, dos
meios de comunicação, de grupos de referência, tornando o indivíduo
integrado ao grurpo em que nasceu pela aquisição de seus hábitos e valores
carcterísticos, desenvolvendo sua personalidade e sendo admitido na
sociedade. A socialização é processo fundamental para a integração do
indivíduo na sua sociedade e para a continuidade dos sistemas sociais.
Para Frei Beto ( GROSSI e BORDIN, 2009, p 16), o processo
educacional, numa estratégia holista, engloba 5 dimensões, a transmissão do
patrimônio cultural, o despertar das potencialidades humanas e espirituais, a
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reflexão do que se vive, a capacidade de modificar a realidade e o
aprimoramento do ser humano.
Refletindo sobre o papel da escola no mundo moderno, observa-se
que a educação se volta ao aspecto de transmissão do patrimônio cultural,
com acesso ao saber, mas alijando a criatividade e a reflexão, transformando a
educação num processo de domesticação intelectual dos sujeitos implicados
nesta relação.
A aprendizagem se resume em memorização com o professor
reproduzindo determinado saber, valorizando apenas o intelecto e
desconsiderando inúmeras potencialidades, lúdicas, artísticas, que exigem
experimentação, exploração do mundo de relação, o saber “entrando” pelos
sentidos e não apenas pelo intelecto.
A escola não se preocupa em ensinar a manipular o cotidiano, e esse
saber é fundamental para que o homem saiba manipular sua exetência, nem
se compromete com a reflexão do que é vivido pelo educando, separando o
espaço do aprendizado e o espaço da existência, como se houvesse um
compartimento estanque entre o cotidiano e suas implicações, como se não
houvesse relação entre o preço da passagem e as eleições.
O papel principal da educação é formar o sujeito capaz de transformar
realidades, de melhorar a sociedade, de construir um mundo mais justo, de
viver de forma consciente respeitando os seus semelhantes e mais feliz, em
vez de simplesmente adaptá-lo às regras que o sistema impõe.
A educação é a prática mais humana e, talvez, a mais importante,
dada sua influência na existência dos homens, pois é pela educação que
construímos, histórica e socialmente, o cotidiano que catalisa nossas
experiências, legamos a outros humanos o conhecimento construído e
armazenado pela nossa prática e pela nossa reflexão. É pela relação educativa
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que nos aproximamos dos outros homens e nos tornamos mais humanos. A
educação tem como papel principal transformar a sociedade e possibilita na
audaciosa tarefa de gestar um mundo melhor.
Podemos dizer que educar náo é informar, mas formar o ser humano e
o cidadão, para ter criatividade na carreira profissional, para que seja capaz de
orientar sua vida e de transformar a sociedade.
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CAPÍTULO II
SOCIEDADE
Sociedade, do latim societas que significa associação amistosa com
outros, é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos,
preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma
comunidade. Grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada.
Uma rede de relacionamentos entre pessoas que compartilham interesse ou
preocupações mútuas sobre um objetivo comum.
Socialização é o processo de integração do indivíduo numa sociedade,
apropriando comportamentos e atitudes, modelando-os por valores, crenças e
normas dessa mesma cultura em que o indivíduo se insere.
A primeira socialização da qual o ser humano participa é quando
criança e aprende e interioriza a liguagem, as regras básicas da sociedade, a
moral e os modelos comportamentais do grupo no qual está inserido. Esse
processo é primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em sua
vida, pois é nesse período que é construído o primeiro mundo do indivíduo.
A partir dessa primeira socialização, qualquer processo para introduzir
o individuo já socializado em novos setores do mundo objetivo da sociedade,
onde ocorra uma aprendizagem de expectativas que a sociedade ou o grupo
depositem no indivíduo no que tange a desempenho, seja na escola, nos
grupos de amigos, no trabalho, nos novos papéis que o indivíduo possa
assumir nos vários tipos de grupos a que venha a pertencer ou nas várias
situações em que seja colocado, será uma socialização secundária. Há
portanto os grupos primários, a família, e os secundários, grupos de trabalho,
de estudo, instituições, etc, e em todos eles os indivíduos encontram uma
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forma de estar, com sua maneira de ser, desempenhando um papel de acordo
com sua história e as marcas que trazem consigo.
Para Pichon-Rivière (GROSSI, 2009, p.61) o grupo existe quando um
conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes se reúnem em
torno de uma tarefa específica, e para cumprir e desenvolver essas tarefas,
deixam de ser um amontoado de indivíduos para cada um assumir-se como
paticipante de um grupo, com um objetivo mútuo, sem perder sua identidade,
com suas diferenças, porém construindo sua identidade, cada um vai
introjetando o outro dentro de si.
“Nós, seres sociais, fazemos parte de uma sociedade,
mas a sociedade só pode se constituir pelas interações
entre os indivíduos que somos. Dessas interações
nasceram qualidades emergentes, a cultura, a educação,
e são elas que fazem de nós verdadeiros indivíduos. Ou
seja, se não houvesse essa rotação dos indivíduos para a
sociedade e da sociedade para os indivíduos, nós
seríamos apenas primatas de última linha, nós não
poderíamos desenvolver nossas qualidades indivíduais.
(MORIN,1995, p.82)”
O indivíduo é um ser geneticamente social. A identidade do sujeito é o
produto das suas relações com os outros. Essas relações auxiliam o indivíduo
na construção de seu conhecimento tácito, que está dentro do indivíduo, que é
fruto de suas vivências. O conhecimento tácito é a forma como o indivíduo
internaliza o conhecimento. Ao se relacionar com o outro o indivíduo
externaliza seus conhecimentos, tornando-os socializados, o outro componente
da relação internaliza esses conhecimentos, processa-os, transformando-os
em conhecimentos tácito e, na medida em que esse conhecimento é
externalizado, é novamente socializado e internalizado e processado e
externalizado. Esse processo de construção do conhecimento ocorre de forma
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contínua e inacabada. Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.
Tudo muda o tempo todo no mundo. Como uma onda no mar.
O indivíduo nada mais é que reflexo de uma imagem em um espelho
que aparenta ser única, mas que está composto por inumeráveis marcos de
falas, presença de modelos de outros. Cada ser deixa um pouquinho de si no
outro e carrega um pouco do outro para si.
2.1 – Educação e sociedade
A práxis pedagógica deve ser entendida como algo que se realiza
dentro de um determinado contexto, porque o homem, responsável pela ação
educacional, é um ser situado num ambiente geográfico, social, político,
econômico e histórico. Suas ações se inserem num tempo histórico e num
espaço social determinado. A escola não é um espaço neutro, desvinculado da
sociedade. Tanto na escola como no mundo do trabalho a educação mantém
uma relação muito estreita com a esfera social. Através do trabalho o homem
cria modelos de comportamento, instituições e saberes. Através da educação
ele assegura o aperfeiçoamento dessas atividades e transfere, às gerações
futuras, os conhecimentos elaborados pelos seus antecessores.
Convém neste momento abrirmos um parênteses para refletirmos
sobre a práxis pedagógica. Não obstante sua semelhança com a prática, a
palavra práxis apresenta um significado mais denso. Para os gregos, o termo
designava a atividade prática que se opunha à teoria. Marx no século XIX,
usava a palavra práxis para identificar a relação dialética1 entre teoria e prática,
significando a inexistência de anterioridade ou superioridade de uma sobre a
1 Do grego dialektike: discussão. Na Grécia Antiga, dialética expressava um modo de argumentar que consistia em descobrir as contradições contidas no raciocínio do adversário (análise), negando a validade da sua argumentação e superando-a por outra (síntese).
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outra, mas uma relação de reciprocidade entre ambas.
Dessa forma, falar de práxis pedagógica significa dizer que o fazer e o
pensar educacionais estão intimamente entrelaçados, numa relação de
constante troca mútua, de maneira tal que um não pode ser compreendido
sem o outro. Assim o fazer está vinculado à atividade educacional, enquanto o
pensar está vinculado à teoria ou filosofia que embasa o trabalho educacional.
A dificuldade que se tem de separar o fazer do pensar pedagógico
enconta-se no fato de que ao conceber ou coordenar uma atividade em sala de
aula o professor, implicitamente, revela os valores filosóficos que sustentam
sua opção educacional.
Observa-se que mesmo nas relações educativas informais, as de
âmbito familiar por exemplo, as orientações repassadas são pautadas em
princípios e valores considerados importantes. Essa influência pode ser
acidental, quando a aprendizagem de um determinado comportamento não é o
resultado de uma intenção explícita, ou deliberada, quando há a intenção de
formar explicitamente, ao ensinarmos nossos filhos a respeitar as pessoas.
Na educação formal a orientação é sempre um ato intencional que
exige competência técnica, que envolve saber e saber fazer, e compromisso
político, que envolve princípios e valores que orientam nosso ser e nosso
conviver no mundo e se liga ao objetivo do educador, por que fazer?
Essas dimensões, saber, saber fazer, ser e conviver, estão
contempladas na proposta da UNESCO, Organização das Nações para a
Educação, a Ciência e a Cultura, e foram traduzidas em quatro formas de
aprendizagem como pilares da educação para o século XXI, sinalizando que a
humanidade, a Terra-Pátria, deve ser concebida como um fim a ser construído
por todos e para todos. Esse processo de aprendizagem é complexo e deve
ser exercitado não apenas nas escolas, mas na vida em geral. Essas
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aprendizagens são:
è Aprender a Conhecer é adquirir os instrumentos da compreensão
supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção,
a memória e o pensamento.
è Aprender a Fazer significa combinar a qualificação técnica e
profissional, o comportamento social, a aptidão para o trabalho em
equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto pelo risco para poder
agir sobre a realidade.
è Aprender a Conviver consiste em perceber a crescente
interdependência dos seres humanos, buscando conhecer o outro,
sua história, tradição e cultura e aceitando a diversidade humana. A
realização de projetos comuns, a gestão inteligente e pacífica de
conflitos envolvem a análise compartilhada de riscos e a ação
conjunta em face dos desafios do futuro.
è Aprender a Ser implica desenvolver a autonomia e a capacidade
de julgar, bem como fortalecer a responsabilidade pelo
autodesenvolvimento pessoal, profissional e social. Implica no
desenvolvimento integral do ser humano, processo dialético que
começa pelo conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida,
à relação com o outro.
Estatísticas mostram que os países desenvolvidos investem mais
recursos em educação e por isso há uma defasagem educacional nos
separando desses países, assim somos tentados a acreditar que a solução
para a educação resume-se a investimento. Será a questão tão simples
assim? Será que todos os nossos problemas poderiam ser resolvidos com
investimento em educação? Que sentido pode ser dado à educação como
prática social? E qual a direção e o papel que a educação exerce na
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sociedade?
Alguns acreditam que a educação tem uma missão salvadora,
redentora, possuindo autonomia absoluta sobre a sociedade e pode salvá-la
da ignorância. Acreditam que ela interfere, quase que de forma absoluta, nos
destinos do corpo social, curando-o de suas mazelas, em vez de receber as
interferências da sociedade. Para os teóricos da educação este é um modo
otimista, mas ingênuo, de compreender a relação entre educação e sociedade.
O positivo deste pensamento é o grande valor dado à educação.
Há uma segunda tendência de interpretação do papel da educação na
sociedade que acredita que a educação faz, integralmente, parte da sociedade
e a reproduz. Ao contrário da tendência anterior, aborda a educação como uma
instância dentro da sociedade e exclusivamente a seu serviço. Para este
grupo, a educação tem função reprodutora e sofre determinação absoluta da
ideologia2 dos grupos sociais hegemônicos. Embora seja uma posição crítica,
não deixa de ser pessimista.
Lembremos que ideologia é um conjunto de ideias gerais que constitui
um corpo de doutrina filosófica e política, que se acha na base de um
comportamento individual ou coletivo. Marx e Engels utilizaram o termo em A
ideologia alemã (1845/1846) em um sentido crítico, significando o processo de
racionalização, um autêntico mecanismo de defesa, dos interesses de uma
classe ou grupo dominante. Para eles, a ideologia tem por objetivo justificar o
domínio de uma classe sobre a outra e manter a sociedade coesa,
apresentando a realidade como homogênea e a sociedade como não dividida.
Assim, torna-se possível evitar os conflitos e exercer a dominação.
A terceira tendência ou terceiro grupo compreende a educação como
uma instância mediadora, que não salva nem reproduz a sociedade, mas pode
2 Do grego idea, ideia + logos, razão. Conjunto de ideias gerais que constitui um corpo de doutrina filosófica e política, que se acha na base de um comportamento individual ou coletivo.
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e deve servir de meio para a efetivação de um projeto social. Projeto que tanto
pode ser conservador como transformador, entendendo que a educação tem
caráter contraditório, podendo tanto reproduzir como transformar a realidade.
Sua autonomia e determinação são, portanto, relativas, refletindo o embate de
forças da sociedade. Essa é uma posição crítico-realista, na medida em que
não cede ao ilusório otimista e considera a força dos determinantes sociais,
sem negar as possibilidades estratégicas da ação pedagógica.
Se analisarmos a história do pensamento pedagógico, identificaremos
como essas concepções teóricas que interpretam o papel da educação na
sociedade marcaram a prática educacional. Esse olhar retrospectivo não deve
ser entendido como mera erudição ou simples curiosidade, mas como uma
tentativa de compreensão da realidade atual, a partir da análise da experiência
passada.
Só assim torna-se possível viabilizar projetos de mudança que não
sejam visionários ou ingênuos, nem comprometidos pelo pessimismo. Pensar
na sociedade que se quer construir e no homem que se quer formar é
fundamental para qualquer projeto educacional. Principalmente aqueles cuja
proposta seja transformadora.
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CAPÍTULO III
TRABALHO
Desde os primórdios o trabalho está presente na vida do homem e,
assim como o homem, ao longo do tempo, sua forma de organização e sua
importância sofreram alterações de acordo com o contexto sócio-histórico-
cultural.
O trabalho era exercido de forma coletiva e solidária nas sociedades
tribais e, mais tarde, com as peculiaridades de cada sociedade e época
histórica, assimiu as formas de escravidão e servidão. Tornou-se, após a
Revolução Industrial, que teve iníco na Inglaterra no século XVIII, assalariado e
caractrizou-se pelo uso de máquinas e ferramentas que se tornaram cada vez
mais sofisticadas. No século XVIII, as máquinas a vapor, no século XIX, as
máquinas elétricas e, no século XX, a automação.
A industrialização e o avanço técnico-científico da era moderna
despertaram o ideal de racionalidade e reforçaram a tendência à divisão do
trabalho e à especialização. Estamos na era do conhecimento, em meio a
revolução microeletrônica com novas formas de automação e robótica que
intensificam e multiplicam as possibilidades de racionalização do processo
produtivo. Surgem novas especializações, o homem moderno nunca teve tanto
saber nas mãos e, no entanto, percebe-se que esse saber não veio
acompanhado de realização pessoal. O homem aprendeu a fazer e se perdeu
no como fazer. O trabalho tanto pode formar como deformar o homem,
tornando-se fonte de infelicidade.
Marx, em 1845, em seu livro Ideologia Alemã, já constatava o caráter
ambíguo e contraditório do trabalho. Para ele, o trabalho degrada e
desumaniza quando leva a pessoa a perda da sua identidade, da sua própria
22
essência, reduzindo o indivíduo à simples condição de animal ou de máquina,
perdendo sua especificidade humana.
“O modo pelo qual os homens produzem seus meios de
vida depende, antes de tudo, da natureza dos meios de
vida já encontrados e que têm de reproduzir. Não se deve
considerar tal modo de produção de um único ponto de
vista, a saber: a reprodução da existência física dos
indivíduos. Trata-se, muito mais, de uma determinada
forma de atividade dos indivíduos, determinada forma de
manifestar sua vida, determinado modo de vida dos
mesmos. Tal como os indivíduos manifestam sua vida,
assim são eles. O que eles são coincide, portanto, com
sua produção, tanto com o que produzem como com o
modo como produzem. O que os indivíduos são,
portanto, depende das condições materiais de sua
produção. (MARX, 1984, p. 27-28)”
O compositor Luiz Gonzaga Jr., que sempre foi considerado um
compositor engajado e comprometido com seu tempo, costumava dizer que
suas composições refletiam suas preocupações, sociais, políticas e
econômicas, em 1983, com sua poesia Guerreiro Menino, mantém aderência
com a realidade. Para ele, o trabalho é condição essencial para que o homem
se torne humano. Sem trabalho “um homem não tem honra” e “não dá pra ser
feliz”.
Gonzaguinha cita a castração do sonho como humilhação, pois sonho é
vida e vida é trabalho e sem trabalho não se tem honra e não dá pra ser feliz.
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Guerreiro Menino
Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra do seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
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E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz
O que aproxima tanto o canto de Gonzaguinha, 1983, com o fragmento
do texto de Marx em 1845 é que em ambos parece evidente a constatação de
que os homens se formam no trabalho, mas também a denúncia de que o
trabalho pode deformar o homem, tornando-se fonte de infelicidade. É que o
trabalho, como outras mediações da existência, tem caráter ambíguo,
contraditório. Pode humanizar e desumanizar. Em seus escritos Marx foi fundo
na abordagem dessa questão. Para ele, o trabalho degrada e desumaniza
quando leva a pessoa à perda da sua identidade, da sua própria essência:
quando o indivíduo é reduzido à simples condição de animal ou máquina,
perdendo sua especificidade humana. A essa condição, Marx deu o nome de
alienação.
Alienação, abandonar, perder um direito, uma qualidade essencial. Para
Marx, a alienação surge na vida econômica quando o operário, ao vender sua
força de trabalho, perde a posse daquilo que ele próprio produziu. A
consequência dessa perda é a fragmentação da sua consciência, que também
deixa de lhe pertencer. A pessoa deixa de ser o centro de si mesma e passa a
ser “comandada” por forças estranhas a ela.
Isso mesmo, o trabalho pode ter duas faces: tanto pode conduzir à
afirmação quanto à alienção do homem. De um lado pode ser condição de
humanização, mas quando esvaziado de todo conteúdo, transforma-se em
mera fonte de sobrevivência, cansaço e esgotamento.
Ele traz felididade quando forma o ser integral, consciente de seu papel
como ser humano social, capaz de transformar a si mesmo e a sociedade,
25
capaz de realizar seus sonhos, sua vida, capaz tornar o mundo melhor. E, traz
infelicidade quando aliena, desumaniza, deforma, quando reduz o ser humano
à condição de animal ou de máquina, quando o esvazia de todo conteúdo,
transformando-se em mera fonte de sobrevivência, cansaço, estresse,
insatisfação e esgotamento. O trabalho é uma prática mediadora fundamental
para a existência humana.
3.1 – Educação e trabalho
O modelo educacional tradicional tem o professor transmissor de
conhecimentos, detentor do saber e, o aluno, ouvinte passivo do processo e
um receptor de informações. No que tange às práticas educacionais, esse
modelo não contribui efetivamente para a construção do conhecimento, para o
desenvolvimento da autonomia e do senso crítico, nem tão pouco da
capacidade analítica do educando em relação as situações do cotidiano.
Como consequência, o aluno do sistema educacional tradicional chega
ao mercado de trabalho sem as competências imprescindíveis ao colaborador
de hoje, proatividade, iniciativa, criatividade, empreendedorismo, incapaz de
gerir sua própria aprendizagem e seu desenvolvimento.
A fim de suprir essa lacuna e desenvolver as competências necessárias
ao colaborador do mundo global e da era do conhecimento, as empresas têm
assumido o papel de educar e estimular o desenvolvimento dessas
competências alinhando o profissional ao mercado e aos objetivos da
empresa. Para tanto lança mão do Pedagogo Empresarial, cuja função é
identificar soluções educacionais adequados às necessidades do negócio e ao
desenvolvimento de pessoas. Surge então a educação corporativa, a gestão
por competência, as universidades corporativas, a aprendizagem
organizacional, a andragogia e a consultoria interna.
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A Educação é um tema importante e de interesse de todos os setores
da sociedade inclusive o corporativo e todas as empresas empenhadas em
aumentar a competitividade e a longividade no mercado dá especial atenção
ao tema.
Educar é mais do que ensinar a ler, a escrever ou calcular, muito mais
do que treinar técnicas, rotinas, metodologias e ferramentas. Educar diz
respeito a criar condições para o desenvolvimento do ser humano em todas as
suas dimensões.
Independente de qualquer compromisso político, a prática educativa,
por si só, guarda vínculos com o trabalho. Na relação entre educação e
trabalho podemos citar três aspectos importantes: o profissional da educação,
a função social da educação e a relação educacional.
O profissional da educação tem como atividade profissional a
educação e como qualquer outro trabalhador desenvolve sua atividade para
prover sua existência material. O resultado do trabalho desse profissional é um
serviço necessário à sociedade, não é um produto material, mas um produto
social. É uma atividade técnica produtiva.
A função social da educação cumpre, dentre outras, a função de
preparar novas gerações para exercerem uma atividade profissional, o que
pode ser identificado nos cursos profissionalizante e nos cursos de
capacitação que as empresas patrocinam focando o aprendiz ou educando.
A relação educacional se vista como atividade pedagógica ou prática
educativa pressupõe, no processo educacional, o envolvimento de pelo menos
dois sujeitos, o educador e educando. A educação só atinge seus objetivos
quando se realiza pelo trabalho, isto é, pela atividade prática.
27
3.2 – O sentido do trabalho
É importante fazermos uma diferenciação entre trabalho e emprego.
Trabalho é uma atividade produtiva, útil, socialmente organizada e emprego é
uma forma que a sociedade industrial deu às relações de trabalho,
regulamentando-as por meio de uma legislação trabalhista.
Muito embora a estrutura do trabalho venha se modificando em sua
estrutura produtiva, social e organizacional, o trabalho mantém um papel
significativo no mundo contemporâneo englobando diversas dimensões da vida
humana, podendo ser definido em termos políticos, econômicos, sociais,
morais, ideológicos, psicológicos e filosóficos.
Estelle Morin, psicóloga, em sua pesquisa, propõe seis características
principais que o trabalho deve apresentar para ter sentido. O trabalho com
sentido é aquele que:
è é feito de maneira eficiente e leva a alguma coisa
è é intrinsicamente satisfatório
è é moralmente aceitável
è é fonte de experiências de relações humanas satisfatórias
è garante segurança e autonomia
è mantém ocupado
O trabalho deve ser realizado a fim de obter resultados úteis com
otimização de tempo, gasto racional de energia, favorecendo o
desenvolvimento da identidade e agregando valor a algo. Suas tarefas devem
gerar setimento de satisfação e permitir o aprendizado, o exercício de
competências e a solução de problemas, de forma a possibilitar o crescimento
pessoal e profissional aumentando a autonomia. Sua atividade deve respeitar
as regras e valores compartilhados pela sociedade, sendo executada de forma
28
socialmente responsável e atendendo a interesses individuais e sociais. Deve
possibilitar relacionamentos sociais significativos, proporcionando interação
entre pessoas e estabelecendo relações sociais para que haja cooperação
entre as pessoas na tomada de decisões e na solução de problemas. É
fundamental que haja reconhecimento da contribuição do profissional para a
empresa, isso gera satisfação.
O objetivo primordial do trabalho é garantir a segurança, independência
e autonomia através da remuneração permitindo o consumo e o provimento de
necessidades básicas. Fundamental acrescentar que o tempo de vida do
trabalhador é estabelecido pelo trabalho. Sua rotina diária, semanal, mensal,
anual, férias, descanso, tudo na vida do trabalhador acontece em função do
trabalho.
29
CAPÍTULO IV
ORGANIZAÇÕES E PESSOAS
O objetivo primordial do trabalho é garantir a segurança, independência
e autonomia através da remuneração permitindo o consumo e o provimento de
necessidades básicas. Fundamental acrescentar que o tempo de vida do
trabalhador é estabelecido pelo trabalho. Sua rotina diária, semanal, mensal,
anual, férias, descanso, tudo na vida do trabalhador acontece em função do
trabalho, como vimos anteriormente.
Chiavenato (1999) lembra a contribuição de Mary Parker Follett3 para
quem a organização apresenta três aspectos:
1. ‘Constitui o resultado global de uma série de intransigência
em um número infinito de possibilidades em torno de uma
situação específica ou única’.
2. É uma força viva, móvel e fluida.
3. São pessoas reagindo e respondendo a estímulos que não
são definidos com precisão (CHIAVENATO, apud Fallet,
1999, vol. I p192).
Assim sendo, quaisquer que sejam os problemas de uma organização
eles são constituídos por problemas de relações humanas.
3 Mary Parker Follett (1868-1933), norte-americana, fundadora da escola dos chamados “psicólogos da organização” que se opõe aos “sociólogos da organização”.
30
O ser humano não vive isoladamente, vive interagindo com outras
pessoas e com organizações, formadas por pessoas, que possuem limitações
individuais e por esse motivo se vêem obrigadas a cooperar umas com as
outras a fim de atingirem objetivos que isoladamente não seriam capazes de
alcançar.
A cooperação entre as pessoas é condição si ne qua non para a
existência da organização que somente existe se:
1. Houver pessoas capazes de se comunicarem
2. E dispostas a contribuírem em ação conjunta
3. Para alcançarem um objetivo comum.
No que diz respeito a estarem dispostas a contribuir há uma variação
das diferenças individuais entre os participantes e do sistema de recompensas
utilizado pela organização a fim de incrementar e incentivar essas
contribuições.
“As organizações permitem satisfazer a diferentes tipos
de necessidades dos indivíduos: emocionais, espirituais,
intelectuais, econômicas, etc. No fundo, as organizações
existem para cumprir objetivos que os indivíduos
isoladamente não podem alcançar em face de suas
limitações individuais. Assim, as organizações são
formadas por pessoas para sobreporem suas limitações
individuais. Com as organizações, a limitação final para
alcançar muitos objetivos humanos não é mais a
capacidade intelectual ou de força, mas a habilidade de
trabalhar eficazmente em conjunto (CHIAVENATO, 2004,
p. 22).”
31
As organizações são sistemas altamente complexos e podem estar
voltadas tanto para produção de bens ou produtos como para a produção ou
prestação de serviços, havendo, portanto uma enorme variedade de
organizações. Elas podem assumir diferentes tamanhos e estruturas
organizacionais, sem que haja duas organizações semelhantes, ainda que do
mesmo ramo de atividade, mesmo porque as organizações funcionam em
diferentes ambientes, sofrendo as mais variadas coações e contingências, que
se modificam no tempo e no espaço e usam de estratégias diversificadas para
vencer as adversidades e alcançar seus resultados.
“Os seres humanos não são simplesmente entidades
discretas e isoladas que possuem um poder de
ajustamento ao meio, mantendo um equilíbrio interno,
apesar de submetidos a constantes mudanças do
ambiente. Mais do que isto, eles possuem capacidade de
mudar o caráter dos ajustamentos em função de suas
experiências anteriores. Os seres humanos não atuam
isoladamente e sim por interações com os outros seres
semelhantes. Nas interações humanas, ambas as partes
envolvem-se “mutuamente”, uma influenciando a atitude
que a outra irá tomar e vice-versa. Este tipo particular de
interação Bernard chama de “relações sociais”
(CHIAVENATO, 1999, p. 195, vol. 1).”
Cada pessoa tem características próprias, sua atividade, seu
comportamento, seus fatores psicológicos, bagagem de vida, determinação e
poder de escolha, que é limitado a seus propósitos e objetivos.
Limitações pessoais de ordem biológica, física, psicológica e até mesmo
social, impedem que os indivíduos consigam alcançar sozinhos determinados
objetivos, surge então a necessidade de cooperação a fim de que esses
objetivos sejam alcançados. É nesse momento que as “relações sociais” ou o
32
relacionamento interpessoal entra em jogo. Aliadas às limitações decorrentes
de cada pessoa há as limitações físicas do próprio ambiente em que cada
pessoa está inserida.
Da necessidade de cooperação das pessoas para atingirem objetivos
nascem os grupos sociais e assim as organizações vistas como um sistema
cooperativo racional. A cooperação entre as pessoas é então condição
essencial para a existência da organização que só existe se há interação,
cooperação e um objetivo. Em outras palavras a organização só existe se há
pessoas capazes de se comunicarem entre si, interagindo, se essas pessoas
contribuem com ações, cooperando para concretizarem um propósito comum.
Cooperar para atingir objetivos significa “sacrificar” o controle da própria
conduta em função da coordenação, o que torna o sistema total de
contribuições instável já que ele é o resultado de satisfação e insatisfação dos
indivíduos que precisam se confiar à organização abrindo mão da própria
conduta e o fazem na medida de suas percepções individuais, portanto, de
forma variada.
A cooperação não se baseia apenas nas relações interpessoais, sofre
também influência do ambiente físico da organização, do ambiente social, do
próprio indivíduo e de outras variáveis. Por outro lado, todas essas variáveis
vão afetar diretamente o indivíduo que é a razão de existir da organização que
existe em função das suas limitações que fazem com que eles se unam para
vencê-las e assim essas limitações deixam de ser uma capacidade individual
passando a residir na habilidade de trabalho eficaz com os outros, em grupo.
Para Chiavenato (1996, vol I, p. 225), “relações humanas” são as ações
e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos. Nas
organizações os indivíduos mantêm-se em constante interação social, posto
que são participantes de grupos sociais, influenciam uns aos outros com suas
personalidades, comportamento e atitudes e sofrem influência dos diversos
33
grupos sociais que existem no mesmo ambiente. A empresa é o local onde
surge grande oportunidade de relações humanas devido às interações que
resultam de sua própria razão de existir. Por conta dos comportamentos e
atitudes individuais e da influência que cada um exerce no grupo, os elementos
emocionais do comportamento humano merecem especial atenção dos
responsáveis pelas organizações.
A essa altura do estudo, surge a necessidade de conceituarmos grupo e
equipe, já que é uma discussão presente em quase todas as obras sobre
equipes, termo muito usado no mercado de trabalho de hoje e que será
importante para esse estudo. Muito embora seja comum tratarem os vocábulos
de forma indistinta, a equipe é considerada como grupo que possui algumas
características adicionais.
Casado (2002, p.235-236) partindo da análise de diferentes conceitos
da literatura da área diz que no grupo as pessoas compartilham valores,
crenças, a mesma visão do mundo, possuindo identidade e são consideradas
como um todo. Os laços afetivos estabelecidos pelos seus membros é que
fazem a unidade do grupo. Na equipe as pessoas buscam um objetivo claro e
definido. Seus componentes direcionam suas habilidades para cumprir tarefas
vinculadas com intuito de alcançar um objetivo maior. Atribuições e
responsabilidades individuais são claramente definidas e do conhecimento de
todos. Ainda há o conceito de time que se diferencia do de equipe por ir além
da realização de tarefas e atribuições individuais, seus membros possuem
certas habilidades, compartilham valores e apresentam um alto nível de
comprometimento. No grupo as pessoas se unem pela afetividade, na equipe
foca-se o resultado e no time devido ao alto grau de comprometimento e
identidade de valores de seus componentes a preocupação extrapola a
realização das tarefas.
Machado (1998) caracteriza ambos pela estabilidade relativa, pelas
relações dinâmicas e complexas entre seus membros, pelo reconhecimento
34
como grupo por outras pessoas na organização, por compartilhar técnicas,
regras, procedimentos e responsabilidades para desempenharem suas
atividades no trabalho visando atingir objetivos comuns. A equipe, porém é um
grupo estruturado para atingir objetivos previamente determinados, com
dinâmica peculiar em que a sua própria manutenção é algo de importância
relevante.
O trabalho em equipe vem sendo muito valorizado no atual contexto
organizacional, mas para fazer com que um grupo de pessoas atue como
equipe faz-se necessário um processo de construção e desenvolvimento que
contempla ações diversas e contínuas.
O trabalho em equipe é uma tendência global e nas organizações
contemporâneas elas se tornam a forma básica de trabalho. Essa popularidade
do trabalho em equipe se dá pelo fato de que as equipes melhoram os
desempenhos dos indivíduos utilizando melhor seus talentos, são mais
flexíveis, reagindo melhor às mudanças, têm capacidade para se estruturar,
iniciar o trabalho, redefinir o foco e se dissolver permitindo que as
organizações sejam mais eficazes e eficientes. “Uma equipe de trabalho gera
uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais
resultam em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas
contribuições individuais”. Essa a diferença básica entre equipe e grupo,
nesse não há sinergia positiva, seu desempenho não é maior do que a soma
das contribuições individuais, naquele em que há sinergia positiva, o seu
desempenho tem eficácia sendo maior do que a soma das contribuições que
cada indivíduo pode dar, permitindo assim que a organização melhore seu
desempenho. Confiança é a palavra de ordem para o trabalho em equipe
(ROBBINS, 2005, p. 212-213).
Observa-se nesses conceitos ser de fundamental importância a
participação do indivíduo na formação, no crescimento, na manutenção e
35
sobrevivência das organizações e que sua participação tem deve ser sinérgica,
contribuindo para o desempenho eficaz da equipe e da organização.
Chanlat (1996, vol. I p.35) menciona o fato de ser o indivíduo um ser
biopsicossocial e que apesar de poder ser estudado sob quaisquer dos três
aspectos isoladamente é muito difícil fazê-lo ignorando os outros dois. É essa
tríplice origem do indivíduo que contribui para a construção de sua ordem
individual e o coloca como ator de sua própria história fixando seus limites. Os
três componentes, biológico, psíquico e social se influenciam mutuamente,
podendo a alteração de um causar a alteração de outro. Por exemplo, uma
alteração psíquica ou social pode ter consequências biológicas e vice-versa.
Não se pode prescindir dessa tríplice composição quando se estuda os
indivíduos nas organizações. Observando-se a realidade humana sob esses
três aspectos é possível compreender porque os indivíduos se comportam e
reagem de forma distinta no plano individual diante de situações
organizacionais similares. E acrescenta “um membro não é apenas uma
pessoa que respira e que pensa, é uma pessoa dotada de um conjunto de
procedimentos, de métodos, de atividades, de vivências, que a torna capaz de
inventar dispositivos de adaptação para dar sentido ao mundo que a cerca”
(CHANLAT apud Colilon, p. 35).
Convêm ressaltar que dentro das organizações cada indivíduo possui
seus objetivos individuais e objetivos organizacionais a serem alcançados e,
para sobreviver no sistema organizacional precisa ser eficaz, atingindo os
objetivos da empresa, e eficiente, satisfazendo seus desejos individuais.
36
CAPÍTULO V
ORGANIZAÇÕES
Segundo Chiavenato (2004, p. 27), as organizações são constituídas
por pessoas, possuindo, portanto, comportamento humano e, sua função é
satisfazer necessidades, desenvolver grupos, criar ações organizadas, motivar
pessoas, desenvolver atitudes e contribuir com a sociedade. São organizadas,
possuem uma estrutura organizacional e nascem, crescem, modificam-se ou
alteram-se, combinam e dividem-se. Como são formadas por pessoas,
possuem pessoas exercendo suas atividades e processos organizacionais e
produzem produtos e serviços, contribuem para o bem da sociedade,
comunicam-se e tomam decisões.
As organizações são um fenômeno complexo, ambíguo e paradoxal,
por isso é fundamental conhecer sua identidade e entender sua dinâmica a fim
de que sejam usadas técnicas gerenciais e estruturas que facilitem o alcance
dos seus objetivos. Existem várias formas de analisar, diagnosticar, definir e
até mesmo de observar uma organização e, de acordo com o método que se
utiliza para fazer sua “leitura”, vamos percebê-la com formas e características
diferentes.
Morgan (1996), por exemplo, propõe a observação das organizações
por meio de metáforas. O autor utiliza a metáfora da organização vista como
máquina, visão mecanicista e simplista, formada por partes bem definidas que
desempenham funções específicas; vista como cérebros com ênfase nos
processos de informação, aprendizado e inteligência, fonte de informações e
autodesenvolvimento; como sistemas políticos, com interesses, conflitos e
disputas internas e externas; como culturas; como prisões psíquicas; como
fluxo e transformação; como instrumento de dominação e como organismos.
Algumas dessas metáforas auxiliarão em muito este estudo.
37
As organizações podem ser vistas como se fossem organismos.
Conforme ensina a Biologia, um habitat e os seres vivos que o habitam são
definidos pelo ecossistema, assim a organização está inserida em um
ambiente do qual participa influenciando e sofrendo a influência dos outros
participantes. Como ser vivo, ela nasce, cresce, se desenvolve, declina e
morre ou transforma-se, já que na natureza nada se perde nada se cria tudo se
transforma, isto é, tem um ciclo de vida. Essa linha de investigação auxiliou os
teóricos organizacionais a entenderem como as organizações funcionam e os
fatores que influenciam seu funcionamento, dirigindo a atenção para a sua
sobrevivência, sua eficácia e a sua relação com o ambiente (MORGAN, 1996,
p. 43).
As organizações são sistemas sociais, pois são unidades sociais,
agrupamentos humanos, construídas e reconstruídas, com o intuito de atingir
objetivos específicos. Elas são um organismo social vivo e sujeito a mudanças
constantes e nunca uma unidade pronta e acabada. São também sistemas
abertos, que tomam entradas do ambiente, saídas de outros sistemas,
transformam essas entradas em saídas, através de uma série de atividades ou
do trabalho, a fim de atingir um objetivo. Para sobreviver esses sistemas
devem reabastecer-se de energia para manutenção de sua estrutura
organizacional detendo assim o processo de entropia4 (SILVA, 2001, p. 48).
As organizações são consideradas como um sistema aberto em
constante interação com o meio ambiente no qual está inserida e sofre
influência desse meio. O mundo tem mudado muito depressa nos últimos anos
e o ambiente de trabalho também muda na mesma velocidade. O desempenho
das organizações sofre influência de vários tipos de forças não apenas no seu
ambiente externo, mas também no interno.
4 É o processo pelo qual todas as formas organizadas tendem à exaustão, à desorganização, à desintegração e, finalmente, à morte.
38
Diante desse fato, Silva (ibid.p. 52) nos alerta que em lugar de
administradores, gerentes, as empresas necessitarão de facilitadores,
orientadores, instrutores e mentores, e nos chama a atenção para o fato de
que o termo coordenador vem substituindo o de administrador e/ou gerente.
Ao refletir a respeito dessa nova nomenclatura pode-se concluir que, diante
das mudanças constantes e das incertezas em que o mundo está mergulhado
e, por conseguinte, as organizações é necessário nesse momento a presença
de um orientador, facilitador, mentor, coordenador a fim de que não se perca o
rumo diante das mudanças que ocorrem em alta velocidade, muito embora
não se possa prescindir das atividades de planejar, organizar, dirigir e
controlar, inerentes ao administrador. As organizações dependerão e muito de
pessoas eficazes em todos os níveis de funções ou tarefas e, para tanto, será
necessário que os gerentes/administradores desenvolvam, cada vez mais, as
suas próprias habilidades de coordenadores, orientadores/instrutores e
mentores.
5.1. AS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES NAS
ORGANIZAÇÕES
A metáfora de fluxos e movimentos proposta por Morgan (1999)
remete a leitura de uma perspectiva de mudanças que influenciam e definem
as organizações, ora por sua automodelação através da retroalimentação, ora
através do movimento dialético entre opostos e do equilíbrio das forças que
esses opostos produzem. “A ideia de movimento é muito importante no mundo
atual, por ele ser altamente dinâmico, volátil, global e competitivo, e exercer
forças de mudanças que definem o escopo social das organizações” (TOMEI e
ADELSON, 1999, p. 82).
Morgan (1999) explora a mudança em três diferentes imagens
explicando como a realidade organizacional pode estar embutida na própria
lógica da mudança.
39
“A primeira baseia-se em algumas das últimas
descobertas e visa explicar como as organizações podem
ser compreendidas enquanto sistemas que se
autorreproduzem. A segunda relaciona-se com ideias da
cibernética5 que sugerem que a lógica da mudança se
acha encoberta pelas tensões e tendências encontradas
nas relações circulares. A terceira sugere que a mudança
é o produto de relações dialéticas6 entre opostos. Cada
uma provê um modo de explicar como a realidade
organizacional explicável é formada e transformada por
processos subjacentes7, cada um com sua lógica
particular” (MORGAN, 1999, p. 241).
As organizações são consideradas como um sistema aberto que estão
em constante interação com o seu contexto e as mudanças que ocorrem no
ambiente são consideradas como desafios aos quais elas devem responder.
Os teóricos da contingência acreditam que os principais problemas que as
organizações modernas enfrentam são originados de mudanças no ambiente.
A teoria da autopoiesies 8 insiste no fato de que muito embora os sistemas
possam ser caracterizados como tendo ambientes, as relações com os outros
ambientes são determinadas internamente. Nesse enfoque o sistema não
pode ser entendido como uma rede de partes separadas, mas sim como um
todo que possui uma lógica própria. Em outras palavras as transações de um
sistema com seu ambiente são transações dentro de si mesmo.
5 Ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas. 6 Desenvolvimento de processos gerados por oposições que provisoriamente se resolve em unidades. 7 Que não se manifesta, mas está oculto ou subentendido. 8 Refere-se a capacidade de auto-reprodução através de um sistema fechado de relações. Auto = prefixo indicativo de próprio (por si só, por si mesmo). Poiein = significa produzir, ação de fazer, criar algo, criar pela imagem.
40
Os especialistas em cibernética são de opinião que os sistemas podem
manter suas identidades estáveis utilizando-se de processos de feedback a fim
de detectar e corrigir desvios a partir de normas de operação e desenvolver
uma capacidade de aprendizagem que propiciem a modificação dessas
normas levando em conta as novas circunstâncias.
Assim, para a teoria da autopoiesies, a transformação ou evolução dos
sistemas vivos é resultado de mudanças geradas internamente.
Não é o sistema que se adapta ao ambiente ou o ambiente que
seleciona o sistema que sobreviverá, mas a maneira pela qual o sistema global
de interações molda seu próprio futuro que é importante. Essa teoria usada
como metáfora por Morgan (1999) apresenta implicações interessantes para a
compreensão das organizações, ela ajuda a perceber que para evoluir, mudar
e se desenvolver as organizações devem atentar para o conhecimento de sua
identidade, suas relações com o mundo exterior e os objetivos que pretende
atingir. À medida que as organizações sedimentam suas identidades podem
estabelecer as bases para a sua destruição ou criar condições para evoluírem
junto com o ambiente.
O trabalho é algo tão antigo na vida do ser humano que remonta à
época de Adão quando ele contrariou as recomendações do Criador, Deus,
fazendo com que desde então a humanidade passasse a depender do trabalho
para sobreviver. Porém, o conceito atual de trabalho surge a partir da
Revolução Industrial. No século XX aconteceram as grandes mudanças e
transformações que influenciaram a administração e comportamento das
organizações, principalmente em suas últimas décadas, dessa forma,
podemos visualizá-lo em três eras distintas: a era industrial clássica, a era
industrial neoclássica e a era da informação, (CHIAVENATO, 1999, p. 27).
Ao presente estudo interessa a última delas que é a era da informação,
que começa na década de 1990 e perdura na primeira década do século XXI e
41
tem como característica principal as mudanças rápidas, imprevistas,
turbulentas e inesperadas, a era da cibernética, a era da transformação.
O mundo se transforma em imensa aldeia global graças à tecnologia da
informação que integra a televisão, o telefone e o computador disseminando a
informação para todo o mundo em milésimos de segundos, transformando a
economia internacional em global e mundial. Aumenta a competitividade entre
as organizações. A migração dos investimentos entre continentes se dá em
segundos e com tamanha transitoriedade no mercado de capitais. Diante da
total disponibilidade da informação em tempo real as organizações que
souberem fazer uso dessas informações serão mais bem sucedidas. O
conhecimento passa a ser o recurso mais importante das organizações e será
valorizado aquele colaborador que souber usá-lo e aplicá-lo em favor da
empresa, tornado-se seu capital humano, seu capital intelectual.
No tocante as organizações, a palavra de ordem é flexibilidade,
agilidade e inovação de maneira a implementar as mudanças necessárias para
enfrentar as turbulências do ambiente aproveitando as oportunidades (ibid. p.
30).
O mundo atual se caracteriza por um ambiente em constante mudança,
dinâmico, exigindo das organizações uma elevada capacidade de adaptação a
fim de sobreviver e se manter no mercado e isso significa absorver novas
ideias ou um novo comportamento organizacional. Há forças exógenas e
endógenas que forçam o processo de mudança organizacional. A organização
deve estar sempre atenta não apenas aos problemas, mas também às
oportunidades advindas das forças exógenas, pois daí é que as empresas
traçam suas estratégias para que se mantenham no mercado e implementem
seu crescimento.
Vive-se hoje a era das constantes mudanças nas organizações, nas
estratégias e nas capacidades para se adequar às mudanças do mercado. As
42
competências essenciais às empresas bem-sucedidas incluem não apenas a
reação às ameaças do mercado, mas também a capacidade de prever e
implantar as mudanças futuras, em outras palavras, as empresas devem ter
capacidade de adaptação contínua e de criação de ambiente estável que
favoreça a mudança também contínua. Flexibilidade é a palavra chave. As
organizações flexíveis se adaptam às novas realidades do mercado e mudam
continuamente suas estratégias. “Elas são compostas por pessoas que
entendem a necessidade de transformar estruturas, processos e
comportamentos para atender às necessidades dos diferentes clientes e que
mudam o desenho organizacional à medida que o mercado e os clientes
mudam” (HSM Management, jan-fev 2000, p. 69).
Nesse contexto, bem sucedido será aquele que possuir a capacidade de
tirar proveito das informações que graças à tecnologia está a alcance de todos.
O mundo se tornou uma aldeia global fazendo com que as organizações
tenham filiais em países distintos. O mercado de capitais tem seus recursos
migrados de um continente ao outro sem que o espaço geográfico interfira nos
investimentos que passaram a ser transitórios. Torna-se imprescindível que o
colaborador tenha facilidade de se adaptar as mudanças, seja flexível e tenha
jogo de cintura para enfrentar as turbulências do mercado e as diferenças
culturais entre os ambientes em que atua.
43
CAPÍTULO VI
ORGANIZAÇÕES: INSTRUMENTOS DE
DOMINAÇÃO
Morgan (1996, p. 281) chama a atenção para o fato de que as
organizações, indivíduos ou grupos, impõem suas vontades sobre os
indivíduos dominando a sociedade. Esse fato é evidente na própria história da
empresa moderna que tem suas raízes na Antiguidade, evoluindo, crescendo e
se desenvolvendo até os dias de hoje. Há na visão de alguns teóricos
organizacionais uma característica marcante das organizações que perduram
através dos tempos que é uma combinação de realização e exploração dos
seus colaboradores, uma relação de poder assimétrico resultando na maioria
trabalhando em prol do interesse da minoria, seja lá no passado, na
construção das pirâmides, na condução de um exército, de um negócio familiar
ou de uma multinacional.
Embora muita coisa tenha mudado com o passar do tempo, a
escravidão tenha dado lugar a mão de obra assalariada e feitores tenham sido
substituídos por gerentes, trabalha-se hoje em função dos interesses dos
acionistas e, ainda perdura a busca de objetivos de poucos através do trabalho
de muitos. Assim a melhor forma de se compreender a organização é como
processo de dominação. E, se observarmos através da história as diferentes
formas de organização, tanto no passado como no mundo moderno as
compreenderemos melhor como instrumentos que só variam em relação ao
modelo de dominação que empregaram, ou seja, a forma como dominavam.
Morgan (1996 apud Heath, p. 280) relembra a “face repugnante” da
vida organizacional, pois intencionalmente ou não, as organizações
apresentam com frequência um grande impacto negativo no mundo em que
vivemos. Há mais ideologia do que realidade no enfoque das organizações
44
como empresas racionais, que perseguem objetivos que aspiram satisfazer a
todos, já que elas são usadas com frequência como instrumentos de
dominação que visam de forma egoísta os interesses de uma minoria à custa
dos interesses da maioria.
Alguns estudos realizados em profundidade a respeito das condições
de trabalho nas organizações de hoje mostram uma realidade diferente
daquela que alguns estudiosos pregam como satisfatória, isto é, elas são
frequentemente um lugar propício ao sofrimento, à violência física e
psicológica, ao tédio e mesmo ao desespero em todos os níveis empresariais,
inferiores, intermediários e superiores (CHANLAT, 1996, vol. 1, p. 25). Homens
e mulheres, colaboradores organizacionais, são considerados muitas vezes
como recursos institucionais, como ferramentas, equipamentos, matéria-prima,
e devem ter um rendimento satisfatório.
Segundo Morgan (1996, p. 85) a famosa peça teatral de Arthur Miller,
“A morte do caixeiro viajante”, que explora a tragédia de um colaborador que
durante 34 anos dedicou sua vida à empresa, viajando pela Nova Inglaterra
como vendedor, após ter sofrido algumas depressões nervosas solicita um
posto em local próximo a sua casa, embora já não tivesse o mesmo
desempenho do passado, chega a propor a redução de salário, mas é
descartado diante da informação de que a companhia não precisava mais dele,
arrasado, Willy, o caixeiro, se suicida, é uma ilustração da forma pela qual as
organizações usam, devoram e exploram seus colaboradores, usando-os
enquanto deles precisam e jogando-os fora quando não são mais úteis.
Quantos colaboradores em todos os níveis organizacionais sacrificam suas
vidas pessoais e até mesmo a saúde dedicando-se as suas empresas quase
que integralmente e, ainda assim, são jogados fora como se fossem “bagaço
de laranja”. Muito embora a situação possa ser aliviada hoje por prêmios,
PDVs (plano de demissão voluntária) e até planos de pensão, o golpe nos
seus egos e na sua autoconfiança pode ser arrasador. Esse golpe é mais
intenso naqueles que ocupam posições centrais na organização e que têm
45
acesso a informações privilegiadas, pois além de serem jogados fora são
muitas vezes obrigados a partir imediatamente a fim de que não tenham
oportunidade de carregar documentos ou informações que possam prejudicar
a organização de algum modo, aliando ao insulto a mágoa.
A metáfora política explica a organização de acordo com interesses,
conflitos e disputas de poder internas e externas à organização e dá origem a
metáfora da organização como instrumento de dominação e exploração para
atingir os objetivos organizacionais (TOMEI e ADELSON, 1999, p. 82).
Alguns teóricos organizacionais radicais são de opinião que, embora
de forma mais sutil, o mesmo padrão de exploração da época da escravidão e
da Revolução Industrial ainda existe nas organizações de hoje. Esse fato fica
evidente na forma como elas abordam as condições de insegurança no
trabalho, acidentes de trabalho, as doenças ocupacionais e principalmente o
fato de perpetuarem estruturas e práticas de trabalho que promovem o vício
pelo trabalho e o estresse mental e social.
É conveniente ressaltar aqui que há dois tipos de mercado de trabalho:
o primário e o secundário. O mercado secundário é um mercado para
trabalhadores menos especializados, que atuam em escritórios, fábricas e ao
ar livre e, portanto, mais barato já que exige pouco investimento de capital em
treinamento e educação. O mercado primário exige alto grau de competência e
conhecimentos específicos, associados a determinado ramo ou natureza da
organização, permite o encarreiramento e seus membros trabalham não só por
dinheiro, mas também por satisfação no trabalho, segurança no emprego e
pela possibilidade de galgar cargos mais altos na organização. Como podemos
observar os trabalhadores têm valores diferenciados, pois que alguns cargos
requerem mais treinamento e desenvolvimento que outros o que torna alguns
tipos de trabalho tal qual capital que necessita ser investido e esse
investimento gera custo para a empresa. Há, portanto uma distinção em
relação à força de trabalho dos dois mercados, primário e secundário.
46
Muito embora seja simples a distinção entre os dois mercados de
trabalho, suas estruturas são complexas em virtude dos variados tipos de
segmentação, que engloba divisões ocupacionais com agrupamento
profissionais, comerciais e sindicais.
No mercado primário, que será o foco deste estudo, há cargos
relativamente independentes, com elevado grau de autonomia, que
possibilitam o exercício de iniciativa e cargos que colocam seus ocupantes em
papéis de dependência e subordinação. Estes diferentes tipos de cargos estão
sujeitos a diferentes tipos de controle. Com a crescente sofisticação dos
controles burocráticos e computadorizados, muitos colaboradores do mercado
de trabalho primário tornaram-se cada vez mais sujeitos a controles rígidos,
como os que fora originariamente desenvolvido para vigiar trabalhadores do
mercado secundário, tais como exigências do cargo, princípios de
administração por objetivos e avaliações de desempenho que nada mais são
do que elementos integrantes de um vasto sistema de tarefas e metas a serem
atingidas, fazendo com que muitos colaboradores desse mercado se achem
tolhidos (MORGAN, 1996, p.290).
Nesse sentido as organizações podem ser vistas como prisões
psíquicas onde os indivíduos se acham aprisionadas por pensamentos, por
ideias, por crenças e preocupações. As organizações refletem o inconsciente
individual que busca reduzir a ansiedade, satisfazer desejos e solucionar
problemas (TOMEI e ADELSON, 1999, p. 82).
A despeito de avanços importantes nas práticas organizacionais e no
mercado de trabalho persiste a exploração implícita ou explícita dos
empregadores tanto no mercado secundário quanto no primário, fato que
facilita a produção de doenças e iniquidades na sociedade moderna.
As doenças ocupacionais do mercado secundário são as do tipo
físico em função dos riscos a que esses trabalhadores estão expostos, porém
47
os que estão no mercado de trabalho primário também são vítimas de certos
riscos que produzem certos tipos de estresse e estão mais propensas, as
doenças cardíacas, úlceras e depressões nervosas, doenças relacionadas ao
tipo de trabalho que realizam. O trabalho estressante acarreta doenças do
coração que já estão sendo rotuladas como “assassinos de executivos”.
48
CAPÍTULO VII
PESSOAS E GESTÃO DE PESSOAS
Para lidar com a complexidade do mundo atual as organizações não
podem mais contar com uma visão centralizadora e focada apenas no
planejamento que seria perfeitamente bem sucedida em um contexto estável e
previsível. Já não se pode contar no contexto atual com a noção de
previsibilidade e, para ter chance de sucesso em um mundo mais complexo e
incerto as organizações precisam desenvolver a capacidade de inovar e de
integrar as suas ações, para tanto, é imprescindível que todas as pessoas
colaborem com suas competências e seus esforços, construindo cada parte do
que realizam, e participando do cumprimento da estratégia organizacional que
antes dizia respeito apenas aos líderes. Há que haver parceria da organização
com todos os seus colaboradores, que são a principal riqueza que a
organização pode ter.
As habilidades antes requeridas no ambiente de trabalho mudaram e,
hoje, as organizações, cujas estruturas e processos são mais flexíveis,
esperam que seus colaboradores desenvolvam habilidades conceituais que
lhes permitam uma visão holística, sistêmica, do todo, para trabalharem de
forma mais participativa e integrada, sabendo por que faz e não apenas como
se faz. Saiu-se do adestramento, e agora é preciso que os colaboradores
desenvolvam habilidades que são reunidas sob o nome de “competências”. Na
era da informação as pessoas são fonte de produção de novos conhecimentos
e passam a ser molas mestras para o pleno funcionamento das organizações.
Gestão estratégica é a palavra de ordem e as organizações
necessitam definir uma visão estratégica para se posicionarem de forma
adequada no cenário globalizado.
49
Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 61) definem gestão
estratégica:
“como conjunto de decisões tomadas previamente acerca
do que deve ser feito em longo prazo. Gestão, em
síntese, é por em prática uma estratégia tanto no nível
microssocial quanto no nível macrossocial, ou seja,
operacionalmente, as estratégias devem direcionar a
gestão da organização”.
Fleury e Fleury (2000, p.58) destacam que foi com a introdução do
taylorismo-fordismo nas empresas que se definiram alguns princípios para
gestão de pessoas e a máxima “o homem certo para o lugar certo” passou a
fazer parte da seleção de pessoas nas organizações. Eles também ressaltam
que as políticas de gestão de pessoal devem ser parte integrante da gestão
estratégica de pessoas e não simplesmente integradas às estratégias de
negócios (idem, p. 62).”
As principais mudanças no ambiente organizacional em decorrência da
gestão estratégica de pessoas, segundo os autores, em relação ao enfoque
que predominava são:
1 – a importância atribuída ao desenvolvimento do empregado
como recurso fundamental para a consecução das estratégias
empresariais;
2 – a importância do desenvolvimento do trabalho em equipes;
3 – a gestão da cultura para o sucesso organizacional (idem,
2000, p. 63).
“A estratégia de recursos humanos deve seguir as etapas do
processo de formulação e implementação da estratégia corporativa, baseando-
se na visão do negócio para desenvolver as diversas etapas da estratégia
50
funcional que não integrar a estratégia da organização”. É importante que as
equipes estejam qualificadas e comprometidas com os objetivos mais amplos
da organização a fim de se obter vantagem competitiva sustentáveis em longo
prazo (ALBUQUERQUE, 2001, p. 40-41).
Percebe-se que a área que trata de gestão de pessoas deixou de ser
um setor isolado na organização e passou a ser parte integrante e atuante de
um todo e, que, para obter êxito no seu novo papel precisava estar bem
articulada. As pessoas são essenciais para que as organizações obtenham os
resultados desejados e merecem, portanto, atenção. A gestão de pessoas
passou então a ser mais valorizada na organização.
As pessoas eram consideradas como recursos e não tinham suas
capacidades valorizadas, porém, a globalização das atividades e os desafios
da crescente competitividade que surgiram na década de 90 levaram a política
de gestão de recursos humanos a se adequarem às estratégias da
organização mas para isso o conceito de competência foi acrescido à prática
organizacional como base do modelo para se gerenciar pessoas (FLEURY e
FLEURY, 2000, P. 64).
Um dos principais aspectos da gestão de pessoas com base em
competências é a associação da área/função de gestão de pessoas com as
estratégias organizacionais. Nasce aqui a noção de empresa como um
portfólio de competências e observa-se não só uma elevação no nível
educacional dos colaboradores bem como uma preocupação com pessoas
mais comprometidas e com competências que agreguem valor ao negócio.
Muito embora a competência seja definida de diferentes formas pelos autores,
nota-se um predomínio da idéia de associar as competências individuais ou
das equipes com as estratégias organizacionais.
Fleury (2002, p.5) define competência como “um saber responsável e
reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos,
51
habilidades, que agregue valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo”.
Várias são as categorizações de tipos de competências, dentre elas
podemos citar as organizacionais, humanas, profissionais, técnicas, gerenciais,
etc. A essa altura do estudo pode-se perceber que as competências
organizacionais dependem das competências das pessoas das organizações e
são muitas as definições e até classificações de competências relativas aos
indivíduos e às equipes. Competências humanas ou profissionais é a
classificação mais comum quando se trata de métodos e técnicas para
mapeamento dessas competências que são entendidas como uma
combinação senérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes, necessárias
ao desempenho profissional em determinado contexto ou em determinada
estratégia organizacional (Brandão e Bahry, 2005, p. 180).
Convém esclarecer, para maior compreensão da idéia de
competências muito utilizada na literatura e na prática organizacional como o
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, o que esses termos
significam. As pessoas contribuem para a organização onde atuam com aquilo
que sabem, com aquilo que aprenderam seja nas instituições de ensino ou
em sua experiência de vida, com seus conhecimentos. Competências
compreendem também o saber fazer algo que contribua para atingir os
objetivos estratégicos da organização, ter habilidades. Porém, de nada adianta
se as pessoas conhecem, sabem como fazer, mas não têm vontade de fazer
coisas que contribuam para a estratégia da empresa, ter atitudes. A gestão de
pessoas por competências envolve mudanças no modo de selecionar pessoas
para trabalhar na organização ou mesmo para exercer funções diferenciadas
na mesma organização, nas ações de treinamento, de desenvolvimento e de
educação voltadas para o aprimoramento profissional dos colaboradores. É
importante ressaltar que no modelo de gestão por competências a lógica
comum é associar a gestão de pessoas à estratégia organizacional.
52
Não se pode falar de pessoas, mudanças, conhecimento, habilidades,
atitudes e comportamento sem falar em aprendizagem. Todo comportamento
complexo pode ser aprendido. O aprendizado é contínuo, ininterrupto.
Aprendemos constantemente, o tempo todo. Para Robbins (2005, p. 37)
aprendizagem é “qualquer mudança relativamente permanente no
comportamento que ocorre como resultado de uma experiência”. O autor
ressalta que de forma irônica pode-se dizer que mudança no comportamento
indica aprendizagem e aprendizagem é uma mudança no comportamento.
Deduz-se portanto que se a reação do indivíduo diante de determinada
situação é diferente do comportamento que costumava ter, houve aprendizado.
E, também chama a atenção para o fato de que a aprendizagem envolve
mudança permanente, mudança nas ações, nos processos mentais e nas
atitudes da pessoa refletindo em seu comportamento. Acrescenta que por se
tratar aqui de comportamento há necessidade de experimento, de vivenciar a
situação, pois pode se adquirir experiência pela observação ou pela prática, de
forma direta, ou pela leitura, de forma indireta, seja como for só há
aprendizagem se a mudança comportamental for permanente.
Por se tratar de processo constante a aprendizagem também se dá no
ambiente de trabalho e os executivos buscam meios de ensinar a seus
colaboradores o comportamento que beneficie a organização, em outras
palavras, buscam modelar o comportamento deles. A modelagem
comportamental tem sido uma ferramenta gerencial muito usada e a maioria
das organizações possui um programa de treinamento.
Quinn (1998, p.56-57) fala da dificuldade das pessoas em ampliar suas
perspectivas e operar “mudanças profundas”. Essa dificuldade se dá devido ao
fato de os sucessos anteriores imprimirem, de forma muito intensa,
paradigmas, mitos, roteiros, como se fossem um “mapa” que traça o caminho
para o sucesso no cérebro de cada indivíduo, formando barreiras muito fortes
e altamente resistentes para serem simplesmente colocadas abaixo para que
novas sejam erguidas. Esses mapas, paradigmas, precisam ser revistos a fim
53
de que se amplie a visão para as situações novas e desafiadoras que se
apresentam no contexto atual.
As pessoas desenvolvem suas fórmulas para o sucesso, são
reconhecidas e recompensadas por seus esforços, têm experiências positivas
que validam suas visões de mundo ou seus paradigmas, roteiros ou mapas.
Tudo isso torna difícil enxergar que esse mapa, fórmula antiga de sucesso, as
leva simplesmente ao fim de um território conhecido e que ao se cruzar a
fronteira para o novo território a utilização do velho mapa faz com que coisas
estranhas e frustrantes aconteçam. Forma-se então um círculo vicioso e a
insistência na exploração desse novo e problemático território com o mapa
antigo torna os problemas ainda piores. A certeza de que seus paradigmas,
mapas, estão corretos os leva a dor e a frustração. A dor faz como o indivíduo
se abra a possibilidade de experimentar novas ações que podem trazer
sucesso e chance de progredir na nova situação, partindo então da reação
para a ação, nascendo o aprendizado, que é conseqüência da mudança
profunda.
Segundo o autor, tudo isso ocorre porque a visão que o indivíduo tem
do mundo é relativamente fixa enquanto o mundo exterior está em constante
mudança, tornando as duas visões cada mais fora de sincronia e os mapas e
paradigma que orientam o seu comportamento obsoleto e, nesse momento é
preciso que o sujeito se auto-reinvente, de modo a estabelecer com o mundo
uma conexão que faça algum sentido. “A mudança profunda é, na realidade,
uma experiência razoavelmente normal e evolutiva, necessária para o
desenvolvimento interior das pessoas”. Ao perseguir a mudança profunda, o
indivíduo redesenha seus mapas ou paradigmas e se realinha com o
ambiente à sua volta. E se auto-reinventa ao mudar sua perspectiva.
O autor relembra o conceito de remitologização, apresentado por
McWhinney e Batista em 1998, que acreditam que são os mitos ou histórias
pessoais que determinam como o indivíduo pensa e, assim, quando o eu
54
interno fica em desalinho com o mundo exterior é preciso realinhar esse eu
recontando as histórias mais importantes da própria vida. Ao passar pelo ritual
de contar algumas histórias básicas e centrais para sua identidade, o indivíduo
não o faz com exatidão e a reconta da perspectiva do seu problema atual, que
permite se reconecte o passado com o presente e o futuro, fazendo na
verdade com que o seu passado seja realinhado, com a inclusão de seu
presente e seu futuro, ou seja, há a combinação dos três em um único todo
dinâmico. Em outras palavras, ao recontar uma história do passado a pessoa
vê essa história com os olhos de hoje, sob nova perspectiva, e dessa forma
destrói alguns mitos que já não existem mais na visão atual, posto que seus
paradigmas são outros ou talvez esses paradigmas nem fossem seus e
fizessem parte da educação e socialização, isto é, de suas vivências, do grupo.
Quinn (1998, p. 58) propõe a técnica de contar história para a quebra
de mitos ou paradigmas. Ele costuma fazer uma sessão semanal do que ele
chama de “escrita da alma”, e certa vez, ele se vê recontando uma história
que foi muito central para a definição do seu próprio eu e, ele percebe que
ouvira várias vezes essa história , enquanto crescia, contada pela sua mãe.
Essa história ficara impressa em sua consciência com as percepções de sua
mãe, que a contava com grande reverência e com tom sagrado. Ao recontá-la
ele percebe que a está recontando sob sua perspectiva. A história era a da
morte de seu pai, aos 38 anos, vítima de tuberculose, deixando a mulher e um
filho bebê, e que se questionava a respeito do sentido de sua vida já que não
havia dinheiro, casa, seguro, evidências de sucesso mundano, nenhum legado
para marcar sua passagem. Para ele, que estava àquela época passando por
uma crise de meia idade quando se questionava a respeito do sentido de sua
própria vida com as mesma perguntas da história que recontava, houve uma
grande mudança de paradigma ao perceber que como seu pai também não
possuía legado algum. Percebeu que queria fazer de modo diferente, adotou
novas perspectivas principalmente no trabalho e sua vida foi mudada por elas.
55
CAPÍTULO VIII
MEGATENDÊNCIAS E NOVOS PARADIGMAS
Alguns conceitos foram inseridos na administração e pode-se observar
algumas tendências nas organizações. Dentre esses encontramos, por
exemplo, benchmarking, aproveitamento das melhores práticas empresariais,
responsabilidade social empresarial, adoção e a implementação de altos
padrões de conduta, comportamento social, ético e de responsabilidade social,
reengenharia e terceirização, inteligência emocional entre outras. Nesse
momento nos interessa focar a inteligência emocional e a seguir veremos
porquê.
Daniel Goleman, psicólogo, PHD pela Universidade de Harvard,
considerado precursor nos estudos e pesquisas da área da inteligência
emocional, que é uma tese científica que cria um novo paradigma de
concepção do conhecimento humano. Para Goleman (1996) a inteligência
emocional é responsável, em grande parte, pelo sucesso dos profissionais e,
conseqüentemente, das organizações de que eles fazem parte. Ele afirma que
a Inteligência Emocional refere-se aos talentos, a capacidade de motivar-se e
persistir diante de frustrações, de controlar impulsos e adiar satisfação, de
regular o próprio estado de espírito impedindo que a aflição ou ansiedade
invada a capacidade de pensar, de criar empatia e esperar, características que
não estão compreendidas na inteligência acadêmica ou no QI. Diante do fato
de que os profissionais terão que enfrentar diversidades na vida e nos
mercados por conta da velocidade das mudanças, a inteligência emocional é
fator decisivo para que eles alcancem resultados, muito embora o QI seja de
grande importância, não é suficiente para garantir grandes performances.
56
A IE abrange aspectos como conhecer as próprias emoções, lidar com
emoções, motivar-se, reconhecer emoções nos outros, lidar com
relacionamentos e de se relacionar socialmente. O indivíduo apresenta dois
tipos distintos de inteligência e o equilíbrio e a junção dos dois contribui para o
seu sucesso e a sua realização. Segundo o autor, a IE é algo aplicável nas
organizações e para destacar sua funcionalidade ele usa uma frase de
Aristóteles: “Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas, zangar-se com a
pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira
certa, não é fácil”. Ele observa que será necessário utilizar a concepção de IE
para administrar uma organização, posto que envolve o desafio de lidar com
pessoas e o de um mercado competitivo. A IE proporcionará capacidade para
trabalhar alguns aspectos dentro das organizações que são imprescindíveis
hoje, como por exemplo:
è transformar as diversidades de pensamentos em oportunidades para
novas soluções;
è priorizar a motivação das pessoas, disseminando-a no ambiente;
è combater a intolerância e os preconceitos dentro da cultura
organizacional;
è fazer críticas construtivas;
è saber liderar, convencendo as pessoas a trabalhar para um objetivo
comum;
è evitar tensões exageradas que tornem os indivíduos incapazes de atuar
de modo assertivo;
è criar um ambiente de empatia, que favoreça sugestões e participações
produtiva.
Faz sentido então, após o exposto, considerar essa concepção uma
ferramenta que facilita a adoção de posturas ou atitudes para administrar a
empresa, mantendo um bom clima organizacional, favorável ao atingimento
dos objetivos institucionais. Confirma-se desse modo a valorização dessa
57
tendência pelas empresas que buscam competitividade no mercado, pois
proporciona grandes benefícios para o relacionamento interpessoal.
Diversos estudos sugerem que a IE pode ter papel importante para o
desempenho no trabalho. Apenas para ilustrar, foi feito um estudou dos
sucessos e dos fracassos dos onze presidentes norte-americanos, de Franklin
Roosevelt a Bill Clinton, em seis quesitos, comunicação, organização,
habilidade política, visão, estilo de cognição e inteligência emocional. Concluiu-
se que o que diferenciava os bem-sucedidos, Roosevelt, Kennedy e Reagan,
dos mal-sucedidos, Johnson, Carter e Nixon, era a inteligência emocional que
os primeiros possuíam e os demais não.
O tema de base da pesquisa sobre IE é, em essência, o fato de que as
pessoas que conhecem suas próprias emoções e possuem capacidade de ler
as emoções dos outros podem ser mais eficazes no trabalho. A IE se refere à
capacidade do indivíduo em identificar e administrar referências e informações
emocionais e se decompõe em cinco dimensões:
1 – autoconsciência – ter consciência dos próprios
sentimentos.
2 – autogerenciamento – ser capaz de administrar as próprias
emoções e impulsos.
3 – automotivação – ser persistente diante de fracassos e
dificuldades.
4 – empatia – a capacidade de perceber o que as outras
pessoas sentem.
5 – habilidades sociais – a capacidade de lidar com as
emoções das outras pessoas (ROBBINS, 2005, P. 94).
58
Robbins (idem, 2005, p. 86) relembra que há 25 anos as organizações
se preocupavam em conhecer a personalidade dos trabalhadores com a
finalidade de ajustá-los a um trabalho específico. Essa preocupação se
mantém ainda hoje porém o escopo do interesse se ampliou no sentido de
incluir o ajuste entre o indivíduo e a organização. A mudança se deve ao fato
de que “os executivos estão mais interessados na flexibilidade do indivíduo
para se ajustar a situações em constante mudança do que em adequá-lo a
uma tarefa específica”.
E, tudo isso depende do sentido e da direção que se der a educação
como prática social e organizacional. Esse o mais importante papel que a
educacão exerce na sociedade. Porque vida é trabalho e sem o seu trabalho o
homem não tem honra e sem a sua honra se morre, se mata e não dá pra ser
feliz, como diz o poeta.
59
CONCLUSÃO
A educação é a prática mais humana e, provavelmente a mais
importante, dada sua influência na existência dos homens. É ela que distingue
o nosso modo de ser cultural do modo de ser cultural e do modo natural de
existir dos outros seres vivos. Através dela construímos, histórica e
socialmente, o cotidiano que catalisa nossas experiências. É ela, também, que
nos permite legar a outros humanos o estoque de conhecimento construído
pela nossa prática e pela nossa reflexão. Enfim, a relação educativa, mediada
pela própria realidade, nos aproxima dos outros homens e nos torna mais
humanos. Esse um dos mais, senão o mais, importante papéis da educação: a
transformação social.
O trabalho, é uma das mediações fundamentais da existência humana,
é condição essencial para que o homem se torne humano. Sem trabalho, diz
Gonzaguinha, “um homem não tem honra” e “não dá pra ser feliz”. Assim como
na educação constatamos que os homens se formam no trabalho, mas
também podem ser deformados por ele, se tornando alienados.
Como no mundo do trabalho, a educação mantém uma relação muito
estreita com a esfera social. Através do trabalho o homem cria modelos de
comportamento, instituições e saberes. Através da educação ele assegura o
aperfeiçoamento dessas atividades e transfere, às gerações futuras, os
conhecimentos elaborados pelos seus antecessores.
A escola não é um espaço neutro, desvinculado da sociedade, nem a
educação é apolítica. Toda a práxis pedagógica se realiza dentro de um
determinado contexto porque o homem, responsável pela ação educacional, é
um ser situado num ambiente geográfico, social, político, econômico e
histórico. Todas as suas ações se inserem num tempo histórico e num espaço
social determinado. A identidade do sujeito é o produto das relações com os
60
outros e os processos de socialização e educação são contínuos e
inacabados.
A educação é uma instância mediadora, ela não salva nem reproduz a
sociedade, mas pode e deve servir de meio para a efetivação de um projeto
social. Projeto que tanto pode ser conservador como transformador. E, se
sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas que compartilham
interesse ou preocupação mútua sobre um objetivo comum, podemos dizer
que o grupo de trabalho é um grupo social e, portanto, a educação pode ser
um projeto transformador ou conservador para as organizações.
Falar de práxis pedagógica significa dizer que o fazer e o pensar
educacionais estão intimamente imbricados, numa relação de troca, de tal
forma que um não pode ser compreendido sem o outro. O fazer vincula-se a
atividade educacional e o pensar vincula-se à teoria ou filosofia que embasa o
trabalho educacional.
No caso das organizações a educação se dá de maneira formal e é
sempre um ato intencional. As orientações repassadas, nesse caso são
pautadas em princípios e valores considerados importantes e, portanto,
passada de forma deliberada, com a intenção de formar. A educação formal é
sempre um ato intencional. Exige competência técnica e compromisso político.
A competência técnica implica em saber e em saber fazer. O compromisso
político vincula-se aos princípios e valores que orientam nosso ser e nosso
conviver no mundo e remete ao objetivo por que fazer. Aqui se torna
imprescindível a figura do pedagogo empresarial.
Concluímos que esse é o papel da educação no ambiente social e
organizacional: formar deliberadamente seus colaboradores, pautando-se em
princípios e valores considerados importantes para os objetivos institucionais
das organizações.
61
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TOMEI, Patrícia Amélia; ADELSON, Adriana Lerner. Sedução dos Modismos
Adoção Indiscriminada de Novas Práticas Gerenciais. São Paulo: Makron
Books, 1999. 128p.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Construção do Conhecimento em sala de
aula. 16. ed. São Paulo: Libertad, 2005.
67
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(TÍTULO) 11
1.1 - A Busca do Saber 12
1.2 – O prazer de pesquisar 15
1.2.1 - Fator psicológico 15
1.2.2 - Estímulo e Resposta 17
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 59
BIBLIOGRAFIA CITADA 62
ÍNDICE 65