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Análise do Sistema de Radionavegação Galileo Catarina José Afonso Dias Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores (Telecomunicações) Orientador: Prof. Doutor Fernando Duarte Nunes Júri: Presidente: Prof. Doutor Nuno Cavaco Gomes Horta Orientador: Prof. Doutor Fernando Duarte Nunes Vogal: Prof. Doutor José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino Julho de 2015

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  • Análise do Sistema de Radionavegação Galileo

    Catarina José Afonso Dias

    Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

    Engenharia Electrotécnica e de Computadores

    (Telecomunicações)

    Orientador: Prof. Doutor Fernando Duarte Nunes

    Júri:

    Presidente: Prof. Doutor Nuno Cavaco Gomes Horta

    Orientador: Prof. Doutor Fernando Duarte Nunes

    Vogal: Prof. Doutor José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino

    Julho de 2015

  • II

  • III

    Agradecimentos

    Em primeira instância gostaria de agradecer ao meu orientador, Professor Doutor Fernando Duarte

    Nunes, pelo apoio e dedicação no decorrer da presente dissertação, de modo a atingir os objectivos

    preditos e os resultados esperados.

    Quero agradecer aos meus pais que me apoiaram em todo o meu percurso académico, desde o início

    até à conclusão deste trabalho final, pelo que lhes dedico esta dissertação, bem como todos os

    sucessos que obtive nesta caminhada. Obrigada por todo o apoio e confiança que depositaram em

    mim.

    Agradeço ao meu namorado, Francisco Correia, que me apoiou nos momentos mais difíceis e que

    sempre me ajudou e encorajou, mostrando que eu era capaz de atingir este grande objectivo. Obrigada

    pela força e dedicação para comigo, não têm preço mesmo.

    Gostaria de agradecer também a toda a minha família e amigos que estiveram do meu lado e me deram

    força, acreditando sempre em mim, nomeadamente aos meus avós, tios, tias, primo, primas e demais

    familiares.

  • IV

  • V

    Resumo

    A presente dissertação tem como principal objectivo o estudo do sistema de radionavegação Galileo,

    desde a emissão dos sinais dos satélites da sua constelação até à recepção dos mesmos pelo

    utilizador. Sempre que possível irão ser realizadas simulações em Matlab.

    Inicialmente serão apresentados os vários sistemas de radionavegação global existentes, GNSS, com

    especial atenção para os sistemas americano GPS e europeu Galileo.

    Posteriormente será efectuada uma comparação entre o número de satélites visíveis dos sistemas GPS

    e Galileo, durante 24 horas, em três pontos distintos da superfície terrestre.

    Neste documento serão ainda analisadas as expressões e os esquemas de multiplexagem das

    modulações de cada um dos sinais de Galileo e obtêm-se também as respectivas funções de

    autocorrelação (ACF) e densidades espectrais de potência (PSD).

    Para finalizar abordar-se-á a arquitectura geral do receptor, tanto a escalar como a vectorial. Serão

    ainda estudados os receptores específicos dos sinais MBOC e AltBOC de Galileo. Também são

    apresentados os discriminadores NELP e HRC que permitem o estudo do desempenho das técnicas

    de mitigação de multipercurso em sinais do sistema de radionavegação Galileo, que será apresentado

    em forma de gráfico, com e sem filtragem.

  • VI

  • VII

    Abstract

    The main goal of the present dissertation is the study of the Galileo radionavigation system, from the

    emission of the constellation’s satellite signals to their reception, by the user. Initially, the various existing

    global radionavigation systems GNSS will be presented, with special attention for the American GPS

    and the European Galileo. Matlab simulations will be obtained whenever it is possible.

    A comparison between the number of the visible satellites of the GPS and Galileo systems will be made,

    during 24 hours, in three different points of the Earth’s surface.

    In this document the expressions and the multiplexing schemes of each Galileo signal’s modulations

    will be made and the respective autocorrelation functions (ACF) and power spectral densities (PSD) are

    obtained.

    Finally, the scalar and vectorial architectures of the receiver will be presented, as well as the specific

    receivers of the AltBOC and MBOC signals, with the scalar architecture being soundly exposed. The

    NELP and HRC discriminators will be described and presented, and will allow us to study graphically

    the performance of the multipath mitigation techniques in Galileo signals, with and without filtering.

  • VIII

  • IX

    Índice

    Índice de figuras ............................................................................................................................. XIII

    Índice de tabelas .............................................................................................................................. XV

    Lista de siglas ................................................................................................................................ XVII

    Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................................................1

    1.1. Objectivos ................................................................................................................................1

    1.2. Enquadramento do tema ..........................................................................................................1

    1.3. Estrutura da dissertação ...........................................................................................................2

    Capítulo 2 - GNSS ..............................................................................................................................3

    2.1. Conceito de GNSS ...................................................................................................................3

    2.2. GPS .........................................................................................................................................5

    2.2.1. Segmento de controlo ........................................................................................................6

    2.2.2. Segmento espacial ............................................................................................................7

    2.3. Galileo......................................................................................................................................7

    2.3.1. Segmento de controlo ........................................................................................................8

    2.3.2. Segmento espacial ............................................................................................................8

    2.4. Outros sistemas .......................................................................................................................9

    2.4.1. GLONASS .........................................................................................................................9

    2.4.2. BeiDou ............................................................................................................................ 10

    Capítulo 3 - Simulação diária do número de satélites GPS e Galileo ................................................. 11

    3.1. Introdução .............................................................................................................................. 11

    3.2. Fundamentos teóricos ............................................................................................................ 11

    3.2.1. Dimensionamento das coordenadas ECEF ...................................................................... 11

    3.2.2. Dimensionamento das coordenadas ENU ........................................................................ 14

    3.2.3. Almanaques de GPS e de Galileo .................................................................................... 15

    3.3. Simulações dos sistemas de radionavegação Galileo e GPS, em 24 horas............................. 17

    3.3.1. GPS ................................................................................................................................ 17

    3.3.2. Galileo ............................................................................................................................. 19

    3.3.3. Análise comparativa ........................................................................................................ 20

    3.4. Número detalhado de satélites visíveis na Reserva Nacional Natural Nukak, Colômbia .......... 21

    Capítulo 4 - Características do sinal Galileo ...................................................................................... 25

    4.1. BOC ....................................................................................................................................... 25

    4.2. CASM .................................................................................................................................... 27

    4.3. Plano de frequências .............................................................................................................. 28

    4.4. Modulação ............................................................................................................................. 29

  • X

    4.4.1. Sinal E5 ........................................................................................................................... 30

    4.4.2. Sinal E6 ........................................................................................................................... 35

    4.4.3. Sinal E1 ........................................................................................................................... 36

    4.4.4. Funções de autocorrelação e densidades espectrais de potência .................................... 39

    4.5. Características dos códigos de espalhamento ........................................................................ 45

    4.6. Dados de navegação.............................................................................................................. 46

    4.7. Serviços suportados ............................................................................................................... 47

    Capítulo 5 - Arquitecturas do receptor ............................................................................................... 49

    5.1. Estrutura do receptor geral ..................................................................................................... 49

    5.1.1. Antena de recepção......................................................................................................... 50

    5.1.2. LNA e factor de ruído ....................................................................................................... 50

    5.1.3. Filtros passa-banda ......................................................................................................... 50

    5.1.4. Amplificadores ................................................................................................................. 51

    5.1.5. Conversão para baixas frequências ................................................................................. 51

    5.1.6. Amostragem .................................................................................................................... 51

    5.1.7. Conversão para banda de base ....................................................................................... 52

    5.1.8. Oscilador de referência e sintetizador .............................................................................. 52

    5.1.9. Aquisição ......................................................................................................................... 52

    5.1.10. Seguimento do código e da portadora ............................................................................ 53

    5.1.11. Extracção dos dados de navegação............................................................................... 54

    5.1.12. Cálculo das pseudodistâncias, filtro de navegação e estimativas de PVT ....................... 55

    5.2. Comparação das arquitecturas escalar e vectorial do receptor ............................................... 55

    5.3. Receptores de AltBOC ........................................................................................................... 57

    5.3.1. Receptor de AltBOC de banda lateral simples .................................................................. 57

    5.3.2. Receptor de AltBOC de banda lateral dupla ..................................................................... 59

    5.4. Receptores de MBOC ............................................................................................................ 64

    5.4.1. Seguimento clássico ........................................................................................................ 65

    5.4.2. Seguimento TM61 ........................................................................................................... 66

    Capítulo 6 - Mitigação dos erros de multipercurso ............................................................................. 67

    6.1. Multipercurso.......................................................................................................................... 67

    6.2. Discriminador NELP ............................................................................................................... 68

    6.2.1. Desempenho sem multipercurso ...................................................................................... 68

    6.2.2. Desempenho na presença de multipercurso e largura de banda infinita ........................... 70

    6.3. Discriminador HRC ................................................................................................................. 73

    6.3.1. Desempenho sem multipercurso ...................................................................................... 73

    6.3.2. Desempenho com multipercurso e largura de banda infinita............................................. 74

    6.4. Desempenho do discriminador NELP com multipercurso e largura de banda finita ................. 75

    6.5. Análise comparativa e conclusões .......................................................................................... 79

    Capítulo 7 – Conclusões e perspectivas de trabalho futuro ................................................................ 81

  • XI

    7.1. Conclusões ............................................................................................................................ 81

    7.2. Perspectivas de trabalho futuro .............................................................................................. 83

    Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 93

    Anexo A – Almanaque de Galileo ...................................................................................................... 85

    Anexo B – Seguimento do código e da portadora .............................................................................. 87

    B.1 – Malha de seguimento de código (DLL) ................................................................................. 87

    B.2 – Malha de seguimento da portadora (PLL/FLL) ...................................................................... 88

    Anexo C – Desenvolvimento em série das sub-portadoras da modulação AltBOC(15,10) .................. 91

  • XII

  • XIII

    Índice de figuras

    FIGURA 2.1 - TRILATERAÇÃO DE UM SISTEMA GNSS. FONTE: [2] ................................................................3

    FIGURA 2.2 - GNSS BÁSICO. FONTE: [3] .................................................................................................5

    FIGURA 2.3 - SEGMENTO DE CONTROLO DO GPS. FONTE: [7] ....................................................................6

    FIGURA 2.4 - LOGOTIPO DO SISTEMA GALILEO. FONTE: [10] .......................................................................7

    FIGURA 2.5 - SEGMENTO DE CONTROLO DO GALILEO. FONTE: [12] .............................................................8

    FIGURA 2.6 - CONSTELAÇÃO DO SISTEMA GALILEO. FONTE: [14] ................................................................9

    FIGURA 3.1 - SISTEMA DE COORDENADAS ECEF. FONTE: [22] ................................................................. 12

    FIGURA 3.2 - ESQUEMA DETALHADO DO SISTEMA DE COORDENADAS ECEF. FONTE: [25] ........................... 12

    FIGURA 3.3 - RELAÇÕES DOS TEMPOS. FONTE: [24] ................................................................................ 13

    FIGURA 3.4 - REFERENCIAL DAS COORDENADAS ENU. FONTE: [24].......................................................... 14

    FIGURA 3.5 - EXCERTO DO ALMANAQUE GPS DA SEMANA 790 (DIA 12 DE OUTUBRO DE 2014), PARA O

    SATÉLITE 1 DA CONSTELAÇÃO. FONTE: [28] .................................................................................... 16

    FIGURA 3.6 – PARÂMETROS DOS 4 PRIMEIROS SATÉLITES DA CONSTELAÇÃO GALILEO. FONTE: [21] ............. 16

    FIGURA 3.7 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS NA RESERVA NACIONAL

    NATURAL NUKAK, COLÔMBIA, PELO SISTEMA GPS. ......................................................................... 17

    FIGURA 3.8 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS EM LISBOA, PORTUGAL,

    PELO SISTEMA GPS. .................................................................................................................... 18

    FIGURA 3.9 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS EM NORTHEAST

    GREENLAND NATIONAL PARK, GRONELÂNDIA, PELO SISTEMA GPS. .................................................. 18

    FIGURA 3.10 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS NA RESERVA NACIONAL

    NATURAL NUKAK, COLÔMBIA, PELO SISTEMA GALILEO. .................................................................... 19

    FIGURA 3.11 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS EM LISBOA, PORTUGAL,

    PELO SISTEMA GALILEO. ............................................................................................................... 19

    FIGURA 3.12 - GRÁFICO QUE MOSTRA O NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS EM 24 HORAS EM NORTHEAST

    GREENLAND NATIONAL PARK, GRONELÂNDIA, PELO SISTEMA GALILEO. ............................................. 20

    FIGURA 3.13 – REPRESENTAÇÃO DO ÂNGULO DE MÁSCARA. FONTE: [29] .................................................. 20

    FIGURA 3.14 - VISUALIZAÇÕES DE CADA SATÉLITE, PARA GPS. ................................................................ 22

    FIGURA 3.15 - VISUALIZAÇÕES DE CADA SATÉLITE, PARA GALILEO. ........................................................... 22

    FIGURA 3.16 - CONTABILIZAÇÃO DO NÚMERO DE SATÉLITES VISUALIZADOS EM FRACÇÕES DE 5 MINUTOS DE UM

    DIA, DA CONSTELAÇÃO GPS. ........................................................................................................ 23

    FIGURA 3.17 - CONTABILIZAÇÃO DO NÚMERO DE SATÉLITES VISUALIZADOS EM FRACÇÕES DE 5 MINUTOS DE UM

    DIA, DA CONSTELAÇÃO GALILEO. ................................................................................................... 23

    FIGURA 4.1 - MODULAÇÃO BOC. .......................................................................................................... 25

    FIGURA 4.2 - MODULAÇÃO BOC. FONTE: [31] ........................................................................................ 26

    FIGURA 4.3 - SUB-PORTADORA DO BOCSEN. ......................................................................................... 26

    FIGURA 4.4 - SUB-PORTADORA DO BOCCOS. ......................................................................................... 27

    FIGURA 4.5 - DIAGRAMA DE BLOCOS DA TRANSMISSÃO DA MODULAÇÃO BOC. FONTE: [32] ......................... 27

    FIGURA 4.6 - BANDAS DE FREQUÊNCIA DOS SINAIS DE RADIONAVEGAÇÃO GPS E GALILEO. FONTE: [34] ....... 28

    FIGURA 4.7 - CARACTERÍSTICAS DOS SINAIS DE GALILEO. FONTE: [9] ....................................................... 29

    FIGURA 4.8 - ESQUEMA DE MULTIPLEXAGEM DO SINAL E5. FONTE: [37]..................................................... 31

    FIGURA 4.9 - PERÍODO DE DUAS FUNÇÕES DE SUB-PORTADORAS NUMA MODULAÇÃO ALTBOC. FONTE: [37] . 33

    FIGURA 4.10 - DIAGRAMA DE FASE DE 8-PSK DO SINAL ALTBOC E5. FONTE: [37] ..................................... 33

    FIGURA 4.11 - ESQUEMA DE MULTIPLEXAGEM DO SINAL E6. FONTE: [37] ................................................... 35

    FIGURA 4.12 - MODULAÇÃO BPSK. FONTE: [34] .................................................................................... 36

    FIGURA 4.13 - ESQUEMA DE MULTIPLEXAGEM DO SINAL E1. FONTE: [37] ................................................... 37

    FIGURA 4.14 – FORMA DE ONDA DAS SUB-PORTADORAS COMPÓSITAS DURANTE TSC,X-Y: A) NO CANAL B COM

    SUB-PORTADORAS EM FASE E B) NO CANAL C COM SUB-PORTADORAS EM OPOSIÇÃO DE FASE. ............. 38

    FIGURA 4.15 - ACF DE ALTBOC(15,10) NÃO-NORMALIZADA. FIGURA 4.16 - PSD DE ALTBOC(15,10). .... 40

    FIGURA 4.17 - ACF DE BPSK(5). FIGURA 4.18 - PSD DE BPSK(5). ........................ 41

    file:///C:/Users/Catarina/Dropbox/TESE/CapitulosFinais/Tese-CatarinaDiasFinal.docx%23_Toc422486284file:///C:/Users/Catarina/Dropbox/TESE/CapitulosFinais/Tese-CatarinaDiasFinal.docx%23_Toc422486284

  • XIV

    FIGURA 4.19 - ACF DE BOCCOS(10,5). FIGURA 4.20 - PSD DE BOCCOS(10,5). ............ 42

    FIGURA 4.21 - ACF DE BOCCOS(15,2.5). FIGURA 4.22 - PSD DE BOCCOS(15,2.5). ........ 43

    FIGURA 4.23 - ACF DE BOC(1,1). FIGURA 4.24 - ACF DE BOC(6,1). ....................... 43

    FIGURA 4.25 - ACF DE MBOC(6,1,1/11). ............................................................................................. 44

    FIGURA 4.26 - ACF DE CBOCPILOT(6,1,1/11). FIGURA 4.27 - PSD DE CBOCPILOT(6,1,1/11). ... 45

    FIGURA 4.28 - GERAÇÃO DOS TIERED CODES. ........................................................................................ 46

    FIGURA 5.1 - DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM RECEPTOR DE GNSS. ........................................................... 49

    FIGURA 5.2 - DIAGRAMA DE BLOCOS COMBINADO DE DLL E PLL. FONTE: [41] ........................................... 53

    FIGURA 5.3- ARQUITECTURA ESCALAR DO RECEPTOR (CLÁSSICA). FONTE: [2] ........................................... 55

    FIGURA 5.4 - ARQUITECTURA VECTORIAL DO RECEPTOR. FONTE: [45] ....................................................... 56

    FIGURA 5.5 - DIAGRAMA DE BLOCOS DA ARQUITECTURA DO RECEPTOR DE BANDA LATERAL DUPLA PARA SINAIS

    ALTBOC DE GALILEO. FONTE: [46] ............................................................................................... 59

    FIGURA 5.6 - FUNÇÃO DE AUTOCORRELAÇÃO DA SUB-PORTADORA SCE5-S(T). .......................................... 61

    FIGURA 5.7 – RESPOSTA DO DISCRIMINADOR EL PARA DIFERENTES VALORES DE ESPAÇAMENTO EARLY-LATE.

    ................................................................................................................................................. 62

    FIGURA 5.8 - RESPOSTA DO DISCRIMINADOR NELP PARA DIFERENTES VALORES DE ESPAÇAMENTO EARLY-

    LATE. ......................................................................................................................................... 63

    FIGURA 5.9 - DIAGRAMA DE BLOCOS DO SIDEBAND TRANSLATOR. FONTE: [46] .......................................... 63

    FIGURA 5.10 - ACF PARA TRÊS OPÇÕES DIFERENTES DE MBOC: CBOC EM FASE E OPOSIÇÃO DE FASE

    COMPARADO COM BOC(1,1), PARA UMA LARGURA DE BANDA INFINITA. .............................................. 65

    FIGURA 5.11 - ARQUITECTURA DE SEGUIMENTO CBOC CLÁSSICO. FONTE: [51] ......................................... 65

    FIGURA 5.12 - ARQUITECTURA DE SEGUIMENTO TM61. FONTE: [51] ......................................................... 66

    FIGURA 6.1 - SINAIS DE CAMINHO DIRECTO E DE MULTIPERCURSO. FONTE: [56] ......................................... 67

    FIGURA 6.2 - ESTRUTURA DO RECEPTOR UTILIZANDO O NELP. FONTE: [57] .............................................. 68

    FIGURA 6.3 - FIGURA COM AS VÁRIAS SOLUÇÕES DA EQUAÇÃO NÃO LINEAR PARA O DISCRIMINADOR NELP E

    MODULAÇÃO ALTBOC.................................................................................................................. 71

    FIGURA 6.4 - ENVOLVENTES DE ERRO DE MULTIPERCURSO PARA ALGUNS SINAIS UTILIZANDO O NELP, COM

    LARGURA DE BANDA INFINITA. ........................................................................................................ 72

    FIGURA 6.5 - ESTRUTURA DO RECEPTOR UTILIZANDO O HRC. FONTE: [57] ................................................ 73

    FIGURA 6.6 - ENVOLVENTES DE ERRO DE MULTIPERCURSO PARA ALGUNS SINAIS UTILIZANDO O HRC, COM

    LARGURA DE BANDA INFINITA. ........................................................................................................ 75

    FIGURA 6.7 - ENVOLVENTES DE ERRO DE MULTIPERCURSO PARA O SINAL C/A UTILIZANDO O NELP, COM

    VÁRIOS VALORES DE LARGURA DE BANDA. ...................................................................................... 78

    FIGURA 6.8 - ENVOLVENTES DE ERRO DE MULTIPERCURSO PARA O SINAL ALTBOC(15,10) UTILIZANDO O

    NELP, COM VÁRIOS VALORES DE LARGURA DE BANDA. .................................................................... 78

    FIGURA A.1 - ALMANAQUE DE GALILEO. ................................................................................................. 85

    FIGURA B.1 - ESQUEMA PARA O SEGUIMENTO DO CÓDIGO DE SINAIS DE GNSS. FONTE: [41] ...................... 87

    FIGURA B.2 – PLL OU PLL DE COSTAS UTILIZADO PARA O SEGUIMENTO DA PORTADORA. FONTE: [24] ......... 88

    file:///C:/Users/Catarina/Dropbox/TESE/CapitulosFinais/Tese-CatarinaDiasFinal.docx%23_Toc422486321

  • XV

    Índice de tabelas

    TABELA 3.1 - VALORES FIXOS PARA O CÁLCULO DA MATRIZ ENU. ............................................................. 14

    TABELA 3.2 - COMPARAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS GPS E GALILEO PARA ÂNGULOS DE MÁSCARA DE 15 E 40

    GRAUS. ...................................................................................................................................... 21

    TABELA 4.1 - VALORES DA FREQUÊNCIA DE PORTADORA E DA LARGURA DE BANDA DE REFERÊNCIA DO

    RECEPTOR PARA CADA SINAL DA CONSTELAÇÃO GALILEO. FONTE: [37] ............................................. 29

    TABELA 4.2 - PARÂMETROS DESCRITIVOS DOS SINAIS. FONTE: [37] .......................................................... 30

    TABELA 4.3 - DADOS DOS COMPONENTES DO SINAL E5. FONTE: [37] ........................................................ 32

    TABELA 4.4 - COEFICIENTES DAS SUB-PORTADORAS DE ALTBOC............................................................. 33

    TABELA 4.5 - ESTADOS DE FASE DE ALTBOC. ........................................................................................ 34

    TABELA 4.6 - DADOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SINAL E6. FONTE: [37] ...................................................... 36

    TABELA 4.7 - DADOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SINAL E1. ........................................................................ 37

    TABELA 4.8 - VALORES DE Α E Β PARA O SINAL ALTBOC. ......................................................................... 39

    TABELA 4.9 - COMPRIMENTO DOS CÓDIGOS. .......................................................................................... 45

    TABELA 4.10 - SERVIÇOS SUPORTADOS PELOS SINAIS DE GALILEO. .......................................................... 47

  • XVI

  • XVII

    Lista de siglas

    A/D Analog-to-Digital

    ACF Autocorrelation Function

    ADC Analog-to-Digital Converter

    AGC Automatic Gain Control

    AltBOC Alternative Binary Offset Carrier

    ARNS Aeronautical Radio Navigation Service

    BNTS BeiDou Navigation Test System

    BOC Binary Offset Carrier

    BPSK Binary Phase Shift Keying

    C/NAV Commercial Navigation message

    CASM Coherent Adaptive Sub-carrier Modulation

    CBOC Composite Binary Offset Carrier

    CDMA Code Division Multiple Access

    CS Commercial Service

    DLL Delay-Locked Loop

    DOD Department Of Defense

    DOT Department Of Transportation

    DP Dot-Product

    ECEF Earth-Centered Earth-Fixed

    EKF Extended Kalman Filter

    ENU East-North-Up

    ESA European Space Agency

    EUA Estados Unidos da América

    F/NAV Freely Navigation message

    FIC Full-Band Independent Correlation

    GCS Ground Control Segment

    GEO Geostationary Orbit

    GIOVE Galileo In-Orbit Validation Element

    GLONASS Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema

    GMS Ground Mission Segment

    GNSS Global Navigation Satellite System

    GPS Global Positioning System

    http://en.wikipedia.org/wiki/GIOVE

  • XVIII

    HEO Highly Elliptical Orbit

    HRC High Resolution Correlator

    I/NAV Integrity Navigation message

    IGSO Included Geosynchronous Orbit

    IOV In-Orbit Validation

    IRNSS Independent Regional Navigation Satellite System

    ISRO Indian Space Research Organization

    ITU International Telecommunications Union

    LNA Low Noise Amplifier

    LoS Line-of-Sight

    MBOC Multiplexed Binary Offset Carrier

    MEO Medium Earth Orbit

    NASA National Aeronautics and Space Administration

    NAVSAT Navy Navigation Satellite System

    NCO Numerically Controlled Oscillator

    NELP Non-coherent Early-Late Power

    NLoS Non-Line-of-Sight

    OS Open Service

    PLL Phase-Locked Loop

    PPS Precise Positioning Service

    PRN Pseudorandom Noise

    PRS Public Regulated Service

    PSD Power Spectral Density

    PSK Phase-Shift Keying

    PVT Posição-Velocidade-Tempo

    QZSS Quasi-Zenith Satellite System

    RAAN Right Ascension of the Ascending Node

    RNSS Radio Navigation Satellite Service

    RNSS Regional Navigation Satellite System

    SAR Search And Rescue service

    SBAS Satellite-Based Augmentation System

    SBT Side-Band Translation

    SoL Safety-of-Life service

    SPS Standard Positioning Service

  • XIX

    TMBOC Time-Multiplexed Binary Offset Carrier

    TOA Time Of Arrival

    UE União Europeia

    WGS84 World Geodetic System

  • XX

  • 1

    Capítulo 1 - Introdução

    1.1. Objectivos

    O objectivo desta dissertação de mestrado é o de analisar o funcionamento do sistema de

    radionavegação Galileo. Recorre-se, sempre que possível, à visualização dos resultados teóricos

    através da ferramenta Matlab.

    Pretende-se igualmente comparar este sistema com o GPS (Global Positioning System), sendo que

    para isso irão ser efectuadas simulações, de modo a verificar a visibilidade em três pontos da superfície

    terrestre de cada um dos dois sistemas referidos, para que se possa comparar o desempenho dos

    mesmos.

    Um dos objectivos mais importantes da presente tese consiste na explicação detalhada dos sinais de

    Galileo em cada uma das bandas utilizadas (E1, E5 e E6) e das suas modulações correspondentes.

    No âmbito deste tema serão calculadas também as funções de autocorrelação e densidades espectrais

    de potência dos sinais de Galileo, bem como o plano de frequências estabelecido pela ITU (International

    Telecommunications Union).

    É de elevada relevância, também, referir a arquitectura dos receptores utilizados em Galileo e qual o

    desempenho dos mesmos na presença de multipercurso, temas estes que deverão ser explicados

    posteriormente à descrição dos sinais envolvidos, uma vez que requer conhecimento dessa mesma

    área.

    1.2. Enquadramento do tema

    O sistema de radionavegação por satélite Galileo encontra-se actualmente em fase de desenvolvimento

    com o lançamento de novos satélites. Este sistema pretende ser a resposta europeia ao sistema

    americano GPS e conta com novos tipos de sinais que proporcionam maior precisão na determinação

    da trajectória do receptor, principalmente uma maior resistência ao multipercurso.

    À data de 28 de Março de 2015 a constelação Galileo dispunha de 8 satélites operacionais em órbita,

    esperando-se a colocação de mais 6 satélites até ao fim do ano.

  • 2

    1.3. Estrutura da dissertação

    A dissertação tem a seguinte estrutura e divisão de temas desenvolvidos:

    No primeiro capítulo serão expostos os objectivos, resultados esperados e enquadramento do

    tema, de acordo com a tese em questão;

    No segundo capítulo será apresentado o conceito de GNSS (Global Navigation Satellite

    System) e a enumeração e explicação dos sistemas mais importantes, com especial destaque

    para o GPS e o Galileo;

    No terceiro capítulo será desenvolvida uma comparação da visibilidade dos satélites de GPS e

    Galileo em três pontos distintos da superfície terrestre, com o auxílio do Matlab;

    No quarto capítulo irão ser apresentadas, detalhadamente, as características dos diferentes

    tipos de sinais de Galileo e as ACF (Autocorrelation Function) e PSD (Power Spectral Density)

    correspondentes, bem como os serviços suportados por este sistema de radionavegação e o

    plano de frequências estabelecido pela ITU;

    No quinto capítulo será apresentada a estrutura genérica do receptor de GNSS, uma

    comparação das arquitecturas escalar e vectorial do mesmo e uma abordagem aos receptores

    de AltBOC (Alternative Binary Offset Carrier) e de MBOC (Multiplexed Binary Offset Carrier),

    específicos do Galileo;

    No sexto capítulo será abordado o problema do multipercurso, onde serão descritos dois tipos

    de receptores, NELP (Non-coherent Early-Late Power) e HRC (High Resolution Correlator) com

    e sem filtragem a largura de banda, e serão apresentadas simulações através do Matlab, por

    forma a obter a conclusão sobre o desempenho de ambos, isto é, descobrir qual o mais

    eficiente;

    No sétimo capítulo apresentam-se as conclusões da presente dissertação, evidenciando o

    conhecimento obtido e o trabalho desenvolvido.

  • 3

    Capítulo 2 - GNSS

    2.1. Conceito de GNSS

    O conceito de GNSS consiste num sistema de posicionamento de escala global com recurso a satélites.

    Cada GNSS tem a sua constelação de satélites, com cobertura global, em que para conseguir uma

    estimativa da posição é necessário receber informação de pelo menos quatro satélites.

    Inicialmente este sistema surgiu apenas devido a motivações militares. Contudo, o paradigma alterou-

    se em 1996, altura em que o sistema GNSS americano, conhecido como GPS, foi disponibilizado para

    utilizadores civis.

    Estes sistemas têm grande importância, uma vez que são aplicados nas mais diversas situações em

    que é necessário conhecer, com precisão, a posição em coordenadas geográficas (altitude, latitude e

    longitude), a velocidade, e tempo de um utilizador, quer este se encontre situado na superfície da Terra

    ou próximo desta. Neste tipo de sistema de navegação existe uma constelação de satélites em que

    cada um transmite um sinal com informação sobre a sua posição orbital e o instante de tempo no qual

    o sinal foi emitido. O receptor, por sua vez, mede os tempos de chegada dos sinais e infere as

    correspondentes pseudodistâncias, que são distâncias aparentes entre o utilizador e o satélite, com

    base na diferença entre o tempo de chegada (medido com o relógio do receptor) e o tempo de emissão

    do sinal (medido com o relógio do satélite). Em geral, as pseudodistâncias são diferentes das distâncias

    verdadeiras devido principalmente ao facto dos relógios dos satélites e do receptor não serem

    síncronos.

    A posição de um utilizador é obtida através da trilateração, como ilustra a figura 2.1, realizada ao

    estabelecer a geometria do problema com base nas posições dos satélites e nas distâncias entre eles

    e o utilizador, de modo a calcular a posição em que um utilizador se encontra na Terra [1,2].

    Figura 2.1 - Trilateração de um sistema GNSS. Fonte: [2]

  • 4

    Para determinar a sua posição, o receptor necessita de receber um sinal de cada um de quatro satélites

    a fim de determinar as três coordenadas espaciais e uma outra que diz respeito ao tempo. Cada satélite

    proporciona uma cobertura via rádio a uma zona vasta, podendo a propagação dos sinais num

    determinado instante ser representada por uma superfície esférica, como está apresentado em forma

    de circunferência na figura 2.1. Os satélites possuem um relógio extremamente preciso que, juntamente

    com o relógio incorporado no GPS, permite que o cálculo do tempo que o sinal leva a chegar à Terra

    seja efectuado com sucesso e com a maior precisão possível.

    Recorrer apenas a um satélite permite-nos calcular a posição de um objecto colocado numa esfera,

    cujo raio é a própria distância calculada. Se o utilizador receber informações de dois satélites, a posição

    fica limitada à intersecção das duas esferas, o que resulta numa circunferência. Caso exista um terceiro

    satélite, ficamos reduzidos a dois pontos possíveis para a localização do utilizador, sendo que reduz a

    incerteza da posição a um círculo (intersecção de duas esferas) como se pode observar na figura 2.1.

    A decisão sobre qual dos pontos é o correcto é fácil se o utilizador se encontrar na superfície da Terra,

    mas requer meios mais complexos se não for este o caso. O quarto satélite é necessário uma vez que

    é preciso determinar o atraso relativo entre os relógios do satélite e do utilizador, isto é, permite

    sincronizar os relógios dos satélites e receptor. A pseudodistância é definida como o tempo aparente

    que o sinal demora no seu percurso entre o satélite e o receptor, multiplicado pela velocidade da luz no

    vácuo, ou seja:

    𝑑 = 𝑐 ∗ 𝑡𝑠−𝑟 (1)

    O tempo 𝑡𝑠−𝑟 é calculado no receptor e obtido pela diferença entre a hora de recepção do sinal

    determinado através do relógio do receptor e a hora de transmissão que é determinada pelo relógio do

    satélite (os satélites estão equipados com relógios atómicos). A precisão nos cálculos é imprescindível

    porque, por exemplo, um erro de três nanosegundos no tempo corresponde a um erro de um metro na

    determinação da posição.

    Existem postos de controlo na Terra que permitem recolher todos os dados relativos aos satélites em

    órbita e desta forma identificar a origem de vários tipos de erros. Na figura 2.2 apresenta-se um GNSS

    básico.

    Para determinar a posição e tempo são efectuados os seguintes passos [3]:

    Passo 1 – Satélites. Os satélites GNSS estão em órbita em volta da Terra e têm as suas

    efemérides correspondentes (parâmetros que definem a sua órbita). As bases de controlo na

    superfície terrestre ajustam as efemérides e o tempo, quando necessário.

    Passo 2 – Propagação. Os satélites GNSS transmitem regularmente as suas efemérides e

    tempo, assim como o seu estado. Os sinais rádio do GNSS passam através de camadas na

    atmosfera até ao equipamento do utilizador.

    Passo 3 – Recepção. O equipamento do utilizador recebe os sinais dos muitos satélites GNSS

    e, para cada satélite, há uma recuperação da informação que foi transmitida e determinação

    do tempo de propagação, isto é, o tempo que os sinais demoram a fazer o percurso satélite –

    receptor.

  • 5

    Passo 4 – Cálculo. O equipamento de um utilizador de GNSS utiliza a informação recuperada

    para calcular o tempo e a posição (resolução da equação de navegação).

    Passo 5 – Aplicação. O equipamento de utilizador utiliza as informações de posição e tempo

    nas suas aplicações, como a navegação e mapeamento.

    Figura 2.2 - GNSS básico. Fonte: [3]

    2.2. GPS

    O sistema GPS foi desenvolvido pelo DOD (Departament Of Defense) dos EUA (Estados Unidos da

    América) com o intuito de oferecer às forças armadas um sistema de navegação com plataforma orbital

    capaz de realizar estimativas precisas de posição, velocidade e tempo. As organizações

    governamentais americanas, incluindo o DOD, a NASA (National Aeronautics and Space

    Administration) e o DOT (Department Of Transportation), estavam empenhadas em desenvolver um

    sistema de navegação por satélite que tornasse possível determinar uma posição nas três dimensões

    referidas [5].

    O sistema encontra-se completamente operacional desde 1995 e actualmente oferece dois tipos de

    serviços [6]:

    Standard Positioning Service (SPS) - disponível para uso civil na banda de frequências L1;

    Precise Positioning Service (PPS) - disponível para utilizadores autorizados pelo DOD

    americano através do uso das bandas L1 e L2.

    Os satélites de GPS transmitem em duas portadoras, L1 (1575.42 MHz) e L2 (1227.6 MHz), que são

    geradas a partir da frequência fundamental do relógio interno de cada satélite. Estas portadoras são

    moduladas em BPSK (Binary Phase Shift Keying) por códigos pseudoaleatórios que têm um

    comportamento espectral semelhante a uma sequência aleatória mas que são sequências bem

    definidas, reconhecidas pelos receptores. Estes códigos, com boas propriedades ao nível da

  • 6

    autocorrelação e correlação cruzada, são particularmente apropriados para a determinação das

    pseudodistâncias utilizadas nas equações de navegação.

    Actualmente está-se a proceder à modernização e optimização do sistema GPS com a introdução de

    novos sinais civis e militares nas bandas L1, L2 e L5. Estes sinais permitem uma maior exactidão na

    determinação da posição do receptor e maior robustez do efeito de multipercurso.

    Inicialmente concebido para utilização militar, o sistema de navegação norte-americano GPS foi tendo

    um papel cada vez mais importante na sociedade civil. Este sistema está dividido em três segmentos

    denominados espacial, de controlo e do utilizador em que este último segmento é o conjunto de todos

    os receptores existentes, sejam eles portáteis ou fixos, e os outros dois segmentos estão explicados

    nos subtópicos seguintes.

    2.2.1. Segmento de controlo

    O segmento de controlo é formado por cinco estações na Terra que têm como função o envio periódico

    de informação para cada satélite, sobre as posições que deverá ocupar nas próximas horas. Este

    segmento, que se encontra detalhado na figura 2.3, é ainda responsável por manter o sincronismo

    entre os relógios dos satélites, corrigindo-os periodicamente [7].

    Figura 2.3 - Segmento de controlo do GPS. Fonte: [7]

    Os satélites de GPS enviam sinais de código a par de uma mensagem de navegação, que contém

    diversas informações sobre as efemérides como são exemplos a órbita do satélite, correcções do

    relógio interno, tempo do sistema, operacionalidade do satélite e um almanaque com informações sobre

    todos os satélites em funcionamento. Estas informações são enviadas para os satélites pelas estações

    em Terra que fazem parte do segmento de controlo e que serão posteriormente enviadas para os

    utilizadores. As informações transmitidas têm em vista o cumprimento de determinados requisitos: o

    conhecimento preciso da posição e o tempo preciso do satélite no momento da transmissão, a selecção

  • 7

    dos melhores satélites por forma a estarem posicionados o mais correctamente possível de acordo com

    as coordenadas do receptor, informação sobre a hora de transferência de informação, correcções dos

    efeitos ionosféricos para utilizadores de apenas uma frequência e qualidade dos satélites e informação.

    2.2.2. Segmento espacial

    O segmento espacial é constituído por uma constelação de 32 satélites distribuídos por seis órbitas

    posicionadas em planos MEO (Medium Earth Orbit) circulares numa órbita média com semi-eixo maior

    nominal de 26.559,7 km, havendo em cada uma quatro satélites igualmente espaçados entre si. Estas

    órbitas cruzam o equador com um ângulo de 55º e os planos onde estão contidas formam ângulos de

    60º entre si [8]. Devido à grande altitude a que se situam os satélites, as órbitas por estes descritas são

    muito estáveis e o seu movimento não é afectado pelo atrito da atmosfera, que se encontra muito mais

    abaixo.

    2.3. Galileo

    O Galileo, cujo logotipo está apresentado na figura 2.4, é um sistema de navegação que está a ser

    desenvolvido pela UE (União Europeia) e pela ESA (European Space Agency, em português Agência

    Espacial Europeia), que espera garantir vários serviços de posicionamento globais e de alta precisão

    sob controlo civil. Contudo, ainda se encontra em fase de desenvolvimento e existe uma previsão do

    funcionamento completo deste sistema para o ano de 2020.

    Figura 2.4 - Logotipo do sistema Galileo. Fonte: [10]

    As vantagens do Galileo relativamente aos outros sistemas de navegação são, por exemplo, uma maior

    precisão, maior segurança (possibilidade de transmitir e confirmar pedidos de ajuda em caso

    emergência) e menor probabilidade de ocorrência de problemas (o sistema tem a capacidade de testar

    a sua integridade automaticamente), permite um excelente controlo de tráfego aéreo, dados de

    posicionamento mais consistentes para comboios e navios e uma gestão de frotas mais sofisticada.

  • 8

    Com o uso deste sistema também será possível localizar o transporte de produtos individuais preciosos

    ou perigosos e até monitorizar complexas redes de transporte na sua totalidade [11].

    2.3.1. Segmento de controlo

    O controlo terrestre do Galileo será realizado por duas estações base: a estação GCS (Ground Control

    Segment) que será responsável pela manutenção dos satélites e da constelação, e a estação GMS

    (Ground Mission Segment) que actualizará as mensagens de navegação emitidas pelos satélites com

    base na informação fornecida por uma rede de estações de medição espalhadas pelo globo. Estas

    estações encontram-se em Munique, Alemanha, e em Fucino, Itália, como se pode observar na figura

    2.5 (os centros de controlo estão representadas por um quadrado preenchido com a cor laranja).

    Figura 2.5 - Segmento de controlo do Galileo. Fonte: [12]

    2.3.2. Segmento espacial

    O segmento espacial do sistema Galileo totalmente estabelecido consiste numa constelação de 30

    satélites (27 operacionais + 3 de substituição), posicionados em três planos orbitais de 10 satélites (9

    operacionais + 1 de substituição) com uma inclinação de 56º relativamente ao plano equatorial e com

    os nós de ascensão separados uniformemente (120º em longitude), em órbitas MEO circulares com

    um semieixo maior nominal médio de 29 600 (23222 km de altitude acima da superfície terrestre) e está

    apresentado na figura 2.6 [13]. Os satélites de substituição existentes em cada uma das orbitas terão

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Muniquehttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fucino&action=edit&redlink=1

  • 9

    a capacidade de substituir um qualquer outro satélite, do mesmo plano, em cerca de 6 horas. O tempo

    de órbita de cada satélite é de 14 horas e 4 minutos.

    Figura 2.6 - Constelação do sistema Galileo. Fonte: [14]

    2.4. Outros sistemas

    2.4.1. GLONASS

    A Rússia desenvolveu o seu próprio sistema de navegação denominado por GLONASS (Globalnaya

    Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema) no final da década de 1960, início de 1970. A intenção da

    criação do GLONASS foi a de dar suporte às suas forças militares mas, após alguns testes, verificaram

    que era possível utilizar este sistema para uso civil, sem comprometer a vertente militar.

    A constelação deste sistema de navegação é constituída por 24, sendo que 3 destes são de reserva.

    Os 21 satélites asseguram, em 97% dos casos, que pelo menos 4 satélites sejam visíveis em qualquer

    ponto da superfície terrestre. Os satélites estão dispostos em três planos orbitais espaçados entre si

    de 120º, sendo que se encontram em órbita MEO, a 19100 km da superfície da Terra com uma

    inclinação de 64,8º. O período orbital é de 11 horas e 15 minutos.

    O primeiro satélite da constelação foi lançado a 12 de Outubro de 1982. No início do ano de 1996 a

    constelação GLONASS foi declarada operacional, mas alguns satélites deixaram de funcionar devido

    a problemas económicos e de manutenção e o sistema deixou de estar operacional.

    Em 2001 o governo russo estabeleceu um programa para restabelecer o seu sistema de navegação a

    partir de 2002, cujo nome é GLONASS M.

    O GLONASS utiliza as bandas L1 e L2 com as frequências de 1602 e 1246 MHz respectivamente,

    apresentando assim dois níveis de precisão sendo que a precisão elevada é para serviços militares e

    a baixa precisão para serviços civis.

    Os russos estão a trabalhar com a União Europeia e com os Estados Unidos de modo a alcançar

    compatibilidade com os sistemas GPS e Galileo.

  • 10

    2.4.2. BeiDou

    O sistema de navegação da China designa-se por BeiDou e é um sistema de navegação por satélite

    caracterizado por uma dupla utilização (militar e civil). O BeiDou foi primeiramente proposto por um

    estudante académico chamado Chen Fangyun em 1983 com o intuito de oferecer suporte à navegação

    de navios da marinha chinesa. O serviço civil deste sistema foi declarado operacional após o

    lançamento do terceiro satélite em Junho de 2003.

    O sistema designado por BeiDou-2 - COMPASS tem um segmento espacial que consiste numa

    constelação de 35 satélites, que inclui 5 satélites GEO (Geostationary Orbit), 27 MEO e 3 IGSO

    (Included Geosynchronous Orbit), com cobertura em todo o Mundo [18]. Em 2007 iniciou-se o programa

    COMPASS com o envio do primeiro satélite em órbita MEO, a 21 500km de altitude, no dia 14 de Abril

    de 2007 – COMPASS M1 e o segundo satélite, COMPASS-G2 foi lançado exactamente dois anos

    depois. Apenas em 2020 o sistema apresentará uma cobertura global, sendo que tem 10 satélites em

    órbita desde Dezembro de 2011 e exactamente um ano mais tarde começou a oferecer serviços aos

    clientes na região da Ásia e Pacífico [6]. As bandas de frequência do sistema COMPASS sofreram uma

    alteração comparativamente ao sistema BeiDou, passando a utilizar-se três bandas (1559.05 -1591.79

    MHz; 1166.22-1217.37 MHZ; 1250.62-1286.42 MHz), sendo a terceira banda de acesso restrito. O

    COMPASS apresenta-se com uma precisão melhor que 10 m (95%).

    Para além dos sistemas de navegação globais existem sistemas de navegação regionais designados

    RNSS (Regional Navigation Satellite System), que apenas servem um determinado país, como é o

    caso dos sistemas QZSS (japonês) e IRNSS (indiano) [4].

  • 11

    Capítulo 3 - Simulação diária do número de satélites GPS e Galileo

    3.1. Introdução

    Este capítulo tem como objectivo a comparação da visibilidade dos satélites da constelação Galileo e

    de GPS em três pontos distintos do planeta Terra, no período de um dia, das 0 às 24 horas. Estas

    simulações são obtidas na forma de gráficos, com recurso à ferramenta Matlab, onde se apresentarão

    três de Galileo e outros três de GPS, por forma a comparar o desempenho destes em três pontos

    distintos de um utilizador presente na Terra, com latitudes aproximadas de zero, quarenta e oitenta

    graus.

    Esta tarefa funciona como introdução ao tema da presente tese, uma vez que compara a visibilidade

    dos sinais dos sistemas de radionavegação em questão. Os gráficos obtidos permitem concluir qual o

    melhor sistema de radionavegação existente entre Galileo e GPS quanto ao número de satélites visíveis

    em cada instante, fazendo-se então uma análise comparativa a partir destes mesmos resultados.

    Em seguida irá ser apresentado o processo de cálculo que deu origem aos gráficos obtidos

    relativamente ao número de satélites visíveis de três pontos distintos na superfície terrestre. Para

    auxílio dos cálculos foi utilizada a ferramenta Excel, onde foram utilizadas informações presentes em

    artigos que estão devidamente referidos aquando da sua utilização.

    3.2. Fundamentos teóricos

    3.2.1. Dimensionamento das coordenadas ECEF

    As coordenadas ECEF (Earth-Centered Earth-Fixed) de um sistema centrado e fixo na Terra são

    coordenadas nas quais o eixo dos xx aponta na direcção de longitude 0 graus e o eixo dos yy na

    direcção de longitude 90 graus (Equador), as quais estão apresentadas na figura 3.1. As posições dos

    satélites são determinadas a partir dos dados das efemérides que são enviadas para o receptor na

    mensagem de navegação, utilizando coordenadas ECEF. Para efeitos de simulação, os dados das

    efemérides foram substituídos pelos dados provenientes dos almanaques disponíveis em [20] no caso

    de GPS e de dados específicos e únicos para Galileo [21].

  • 12

    Figura 3.1 - Sistema de coordenadas ECEF. Fonte: [22]

    A fim de calcular estas coordenadas, foi utilizada a seguinte equação [23]:

    [𝑥𝑦𝑧] = 𝑅 [

    𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑐𝑜𝑠 Ω − 𝑠𝑖𝑛 𝜃 𝑠𝑖𝑛 Ω𝑐𝑜𝑠 𝛼𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑠𝑖𝑛 Ω + 𝑠𝑖𝑛 𝜃 𝑐𝑜𝑠 Ω𝑐𝑜𝑠 𝛼

    𝑠𝑖𝑛 𝜃 𝑠𝑖𝑛 𝛼]

    (1)

    Na equação (1) são utilizados parâmetros que estão presentes na figura 3.2:

    Figura 3.2 - Esquema detalhado do sistema de coordenadas ECEF.

    Fonte: [25]

    O argumento da latitude (ângulo entre o nó ascendente e a posição do satélite medido no plano da

    órbita) no instante tst é dado por:

    𝜃 = 𝜈 + 𝜔 (2)

    Na equação (2), 𝜔 é o argumento de perigeu (valor que é dado nos Almanaques), isto é, o ângulo no

    plano da órbita entre o nó ascendente e o perigeu (ponto em que o satélite se encontra mais próximo

    do centro da Terra), e 𝜈 é a anomalia verdadeira dada por:

    𝑠𝑖𝑛 𝜈 =

    √1 − 𝑒02 𝑠𝑖𝑛 𝐸

    1 − 𝑒0 𝑐𝑜𝑠 𝐸, 𝑐𝑜𝑠 𝜈 =

    𝑐𝑜𝑠 𝐸 − 𝑒0

    1 − 𝑒0 𝑐𝑜𝑠 𝐸

    (3)

  • 13

    Para o cálculo da anomalia verdadeira, 𝜈, são utilizados os valores da excentricidade da órbita, 𝑒0, e

    da anomalia excêntrica, E, que é obtida a partir do valor da anomalia média, M (solução iterativa da

    equação de Kepler):

    𝑀 = 𝐸 − 𝑒0 𝑠𝑖𝑛 𝐸 (4)

    Na equação (4) note-se que os valores da excentricidade da órbita e da anomalia média são dados

    pelos valores presentes nos Almanaques de GPS e Galileo. Para o cálculo da anomalia excêntrica

    utilizam-se as seguintes iterações [25]:

    𝐸0 = 𝑀 +

    𝑒0 𝑠𝑖𝑛𝑀

    1 − 𝑠𝑖𝑛(𝑀 + 𝑒0) + 𝑠𝑖𝑛𝑀

    (5)

    𝐸𝑖 = 𝑀 + 𝑒0 𝑠𝑖𝑛 𝐸𝑖−1, 𝑖 = 1,2,… , 𝑛 (6)

    𝐸 = 𝐸𝑛 (7)

    A partir da solução numérica apresentada em (5), (6) e (7) obtemos o valor da anomalia excêntrica, E,

    com uma boa aproximação para i=2, e consequentemente podemos proceder ao cálculo da anomalia

    verdadeira, pois temos todos os dados que necessitamos.

    O raio da órbita, R, depende do comprimento do semi-eixo maior da órbita, A, da excentricidade da

    órbita, 𝑒0 (estes dois parâmetros são fornecidos nos Almanaques) e da anomalia excêntrica, E, que foi

    calculada em (5), (6) e (7). Esta grandeza é calculada através da expressão, para cada satélite:

    𝑅 = 𝐴 (1 − 𝑒0 𝑐𝑜𝑠 𝐸) (8)

    Para o cálculo da longitude do nó ascendente, Ω, temos a seguinte expressão:

    Ω = Ω0 + Ω̇ 𝛥𝑡 − Ω̇𝑒𝑡𝑠𝑡 (9)

    Utilizamos os valores da longitude do nó ascendente no início da semana GPS, Ω0, e da taxa de

    mudança do nó ascendente em 𝑡 = 𝑡𝑜𝑒, Ω̇, valores estes que diferem para cada satélite e que podem

    ser consultados a partir dos Almanaques. O valor da taxa de rotação da Terra é constante e tem um

    valor de Ω̇𝑒 = 7.2921151467 x 10−5 rad/s.

    Em relação às escalas de tempo, os tempos no receptor são medidos relativamente ao início da

    semana GPS, ou seja, na meia-noite de sábado para domingo.

    Tendo em conta que 𝑡𝑜𝑒 é o tempo de referência da efeméride e 𝑡𝑠𝑡 é o tempo de transmissão do sinal,

    obtém-se que 𝛥𝑡 = 𝑡𝑠𝑡 − 𝑡𝑜𝑒. Se |𝛥𝑡| ≥ 302 000 segundos, deve-se efectuar uma correcção de

    ±604 800 segundos [23]. Na figura 3.3 estão presentes as relações dos tempos [23].

    Figura 3.3 - Relações dos tempos. Fonte: [24]

  • 14

    3.2.2. Dimensionamento das coordenadas ENU

    As coordenadas de um satélite utilizadas para se saber a localização exacta dos mesmos relativamente

    à posição do receptor são as coordenadas ENU (East-North-Up), que por sua vez são obtidas a partir

    das coordenadas ECEF. Note-se que o plano constituído pelos eixos E-N é tangente à superfície da

    Terra no ponto de origem Pu com coordenadas ECEF, representadas por 𝑥𝑢, 𝑦𝑢 e 𝑧𝑢 em (10). O

    referencial destas coordenadas é dado por:

    Figura 3.4 - Referencial das coordenadas ENU. Fonte: [24]

    Para convertermos as coordenadas ECEF (x,y,z) do ponto P (𝑥′ , 𝑦′, 𝑧′) em coordenadas ENU,

    recorremos à seguinte matriz de transformação [26,27]:

    [𝑥′

    𝑦′

    𝑧′] = [

    −sin 𝜃𝑢 cos 𝜃𝑢 0−sin∅𝑢 cos𝜃𝑢 −sin∅𝑢 sin 𝜃𝑢 cos∅𝑢cos∅𝑢 cos𝜃𝑢 cos ∅𝑢 sin 𝜃𝑢 sin∅𝑢

    ] [

    𝑥 − 𝑥𝑢𝑦 − 𝑦𝑢𝑧 − 𝑧𝑢

    ] (10)

    Na matriz (10), a latitude e longitude do local onde se encontra o utilizador do receptor na Terra são

    dadas respectivamente por ∅𝑢 e 𝜃𝑢.

    Na tabela 3.1 encontram-se os valores de ∅𝑢, 𝜃𝑢, 𝑥𝑢, 𝑦𝑢 e 𝑧𝑢 para os três pontos escolhidos para as

    simulações presentes em 3.3. A altitude é sempre zero.

    Local do receptor

    GPS/Galileo na Terra Latitude Øu

    Longitude

    θu Xu (m) yu (m) zu (m)

    Reserva Nacional

    Natural Nukak, Colômbia -0,02º -70,92º 2,0849E+06 -6,0277E+06 -0,0019E+06

    Lisboa, Portugal 38,72º -9,13º 4,92E+06 -7,91E+05 3,168E+06

    Northeast Greenland

    National Park,

    Gronelândia

    80,03º -44,80º 0,7861E+06 -0,7806E+06 6,2601E+06

    Tabela 3.1 - Valores fixos para o cálculo da matriz ENU.

  • 15

    A escolha dos três pontos baseou-se em variar a latitude para locais onde esta tivesse valores

    aproximados de 0, 40 e 80 graus, de modo a comparar o número de satélites visíveis de cada um

    desses mesmos pontos, da superfície da Terra. Os valores de ∅𝑢 e 𝜃𝑢 foram retirados directamente do

    mapa, tendo sido para isso utilizada a ferramenta maps do Google. Para obter as coordenadas 𝑥𝑢, 𝑦𝑢

    e 𝑧𝑢 foi utilizada a função do Matlab que permitiu calcular directamente estes valores. A função utilizada

    foi a seguinte, que recebe as coordenadas ECEF do ponto P:

    𝑝 = 𝑙𝑙𝑎2𝑒𝑐𝑒𝑓([𝑙𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒, 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒, 𝑎𝑙𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒],′𝑊𝐺𝑆84′)

    Na função anterior 𝑝 obtém-se o valor das coordenadas ECEF a partir da latitude, longitude e altitude

    do ponto onde o utilizador se encontra na superfície terrestre. Os valores das coordenadas ECEF são

    calculados tendo em conta a norma WGS84 (World Geodetic System). A saída da função anterior são

    as três coordenadas 𝑥𝑢, 𝑦𝑢 e 𝑧𝑢 (que correspondem às coordenadas ECEF). Estas coordenadas serão

    utilizadas no cálculo das coordenadas ENU do ponto P, usando a latitude e a longitude do ponto Pu, e

    são calculadas através da seguinte função:

    [𝑥′, 𝑦′, 𝑧′] = 𝑒𝑐𝑒𝑓2𝑒𝑛𝑢(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑙𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒, 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒)

    Através da função 𝑒𝑐𝑒𝑓2𝑒𝑛𝑢 obtemos directamente as coordenadas 𝑥′ , 𝑦′ e 𝑧′.

    3.2.3. Almanaques de GPS e de Galileo

    Para o sistema de radionavegação GPS, existe um documento designado por Almanaque que possui

    vários valores utilizados para o cálculo da matriz ECEF de cada satélite. Estes ficheiros existem desde

    o dia 22 de Agosto de 1999, e estão numerados de acordo com a semana GPS desde essa data. O

    Almanaque utilizado no cálculo das matrizes que dão origem às simulações deste capítulo estão

    presentes na semana 790, mais concretamente ao dia 12 de Outubro de 2014, dos quais se utilizam

    apenas os valores dos satélites que possuem health = 000. Se o valor de health for diferente de 000

    ou se o Almanaque de algum satélite não estiver presente no ficheiro de um dado dia, significa que

    existe algum problema técnico com o respectivo satélite da constelação GPS, ou que está a haver uma

    actualização de software e os dados do mesmo não devem ser utilizados nos cálculos. No presente

    caso não foram utilizados os valores do satélite 3, dado que o mesmo não se encontrava no ficheiro

    Yuma do referido dia.

    Os parâmetros 𝑒0 (excentricidade da órbita), Ω̇ (taxa de mudança da longitude do nó ascendente no

    instante 𝑡𝑜𝑒), α (inclinação da órbita), √𝐴 (raíz quadrada do comprimento do semi-eixo maior da órbita),

    Ω0 (ascensão recta do nó ascendente, RAAN (Right Ascension of the Ascending Node)), 𝜔 (argumento

    de perigeu) e 𝑀 (anomalia média no instante de referência da efeméride 𝑡𝑜𝑒) estão presentes no

    Almanaque Yuma, para cada satélite da constelação GPS [20]. O Almanaque utilizado tem os dados

    apresentados na figura 3.5 para o satélite 1 da constelação GPS (ID=1).

  • 16

    Relativamente ao sistema da radionavegação Galileo, ainda não existe um Almanaque específico para

    cada dia do ano. Assim sendo, apenas existe uma tabela com valores referentes ao dia 1 de Janeiro

    de 2004 [21]. Desta forma, apenas conseguimos calcular os valores da matriz de coordenadas ECEF

    com os valores que foram disponibilizados por defeito. Na figura 3.6 encontra-se um excerto para os

    quatro primeiros satélites da constelação Galileo, sendo que a tabela completa se encontra no anexo

    A [21].

    Figura 3.6 – Parâmetros dos 4 primeiros satélites da constelação Galileo. Fonte: [21]

    À semelhança do sistema GPS, através deste Almanaque obtemos os valores de 𝑒0 (excentricidade da

    órbita, α (inclinação da órbita, que temos de passar para radianos para os cálculos), 𝐴 (comprimento

    do semi-eixo maior da órbita, do qual é necessário calcular a raíz quadrada), Ω0 (ascensão recta do nó

    ascendente, ou RAAN), 𝜔 (argumento de perigeu) e 𝑀 (anomalia média) cada satélite da constelação

    Galileo. Foi atribuído o valor 0 a Ω̇ (taxa de mudança da longitude do nó ascendente), uma vez que

    este assume valores muito baixos, com 9 casas decimais.

    ******** Week 790 almanac for PRN-01 ********

    ID: 01

    Health: 000

    Eccentricity: 0.3584384918E-002

    Time of Applicability(s): 61440.0000

    Orbital Inclination(rad): 0.9611432264

    Rate of Right Ascen(r/s): -0.7988904198E-008

    SQRT(A) (m 1/2): 5153.613770

    Right Ascen at Week(rad): 0.2083737257E+001

    Argument of Perigee(rad): 0.433620341

    Mean Anom(rad): 0.2280821955E+001

    Af0(s): 0.2288818359E-004

    Af1(s/s): 0.0000000000E+000

    week: 790

    Figura 3.5 - Excerto do Almanaque GPS da semana 790 (dia 12 de

    Outubro de 2014), para o satélite 1 da constelação. Fonte: [28]

  • 17

    3.3. Simulações dos sistemas de radionavegação Galileo e GPS, em 24 horas

    3.3.1. GPS

    Uma vez que o objectivo deste capítulo é a simulação do comportamento dos satélites durante um dia,

    foi escolhido o almanaque do dia 12 de Outubro de 2014, relativo à semana GPS 790. Este dia foi um

    domingo, e desta forma o tempo de referência da efeméride 𝑡𝑜𝑒 tem o valor zero no cálculo da matriz

    de coordenadas, uma vez que se trata do número de segundos no início do dia da semana GPS, que

    é na meia-noite de Sábado para Domingo [21].

    As simulações obtidas foram as das figuras 3.7, 3.8 e 3.9, que mostram o número de satélites visíveis

    dos três pontos distintos da superfície terrestre em cada 5 minutos, para um ângulo de máscara de 15

    graus.

    Figura 3.7 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas na Reserva Nacional Natural

    Nukak, Colômbia, pelo sistema GPS.

  • 18

    Figura 3.8 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas em Lisboa, Portugal, pelo

    sistema GPS.

    Figura 3.9 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas em Northeast Greenland

    National Park, Gronelândia, pelo sistema GPS.

  • 19

    3.3.2. Galileo

    Este sistema de radionavegação ainda não possui um Almanaque para cada dia do ano. Desta forma,

    apenas é possível calcular os valores com um Almanaque obtido para o dia 1 de Janeiro de 2004, que

    se encontra disponível em [21]. Obtiveram-se as simulações apresentadas pelas figuras 3.10, 3.11 e

    3.12, que mostram o número de satélites visíveis dos mesmos três pontos da Terra do que em 3.3.1,

    em cada 5 minutos, para um ângulo de máscara de 15 graus.

    Figura 3.10 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas na Reserva Nacional Natural

    Nukak, Colômbia, pelo sistema Galileo.

    Figura 3.11 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas em Lisboa, Portugal, pelo

    sistema Galileo.

  • 20

    Figura 3.12 - Gráfico que mostra o número de satélites visíveis em 24 horas em Northeast Greenland

    National Park, Gronelândia, pelo sistema Galileo.

    3.3.3. Análise comparativa

    A fim de se comparar os sistemas de radionavegação GPS e Galileo foi inserida uma funcionalidade

    que permite calcular a média de satélites, no programa desenvolvido em Matlab. Para tal, variou-se o

    ângulo de máscara (que está representado por α na tabela 3.2), e que está representado na figura 3.13.

    Figura 3.13 – Representação do ângulo de máscara. Fonte: [29]

    O ângulo de elevação ∈ de cada satélite pode ser calculado usando a expressão (11), que utiliza as

    coordenadas ENU do satélite para uma dada posição fixa do observador:

    𝑠𝑖𝑛 ∈ =

    𝑧′

    √(𝑥′)2 + (𝑦′)2 + (𝑧′)2

    (11)

  • 21

    Na maioria dos receptores GPS, este ângulo é fixado entre 10 e 15 graus. Uma vez que um receptor

    GPS necessita de, no mínimo, 4 sinais de satélites diferentes, quanto maior o ângulo de máscara 𝛼,

    menos satélites estarão em linha de vista para um observador na Terra. Os resultados obtidos estão

    apresentados na tabela 3.2.

    Número médio de satélites visíveis no período de 24 horas

    Latitude

    aproximada

    (graus)

    𝛂=15 graus 𝛂=40 graus

    GPS Galileo GPS Galileo

    Reserva Nacional Natural Nukak, Colômbia 0 11,3 12,2 9,0 10,3

    Lisboa, Portugal 40 9,0 7,2 5,4 4,8

    Northeast Greenland National Park,

    Gronelândia 80 10,9 9,8 7,5 7,0

    Tabela 3.2 - Comparação entre os sistemas GPS e Galileo para ângulos de máscara de 15 e 40 graus.

    Como podemos observar, o sistema de radionavegação GPS é mais eficiente do que o Galileo, uma

    vez que, como se pode verificar na tabela 3.2, o número de satélite observados do mesmo ponto da

    superfície terrestre é sempre superior no caso do GPS. Através da tabela referida podemos também

    concluir que, como esperávamos, o número de satélites é muito superior para um ângulo de máscara

    de 15 graus do que para um ângulo de máscara de 40 graus. Este facto acontece devido a haver um

    menor espaçamento angular onde os satélites podem estar localizados, pois quanto maior fôr o ângulo

    de máscara, menos satélites serão vistos.

    3.4. Número detalhado de satélites visíveis na Reserva Nacional Natural Nukak,

    Colômbia

    Com o intuito de comparar o número de satélites visíveis num dado ponto dos dois sistemas de

    radionavegação GPS e Galileo, procedemos à simulação do número de vezes que cada satélite está

    visível. Note-se que a constelação de GPS contém 32 satélites e a constelação de Galileo contém

    apenas 27.

    O ponto escolhido na Terra foi na Colômbia dado que tem uma latitude de zero graus e

    consequentemente é o que mais satélites tem visíveis, dos três pontos escolhidos, sendo portanto um

    bom ponto para termo de comparação. Note-se que no gráfico da figura 3.14 o eixo dos xx corresponde

    a cada satélite e o eixo dos yy apresenta o número de vezes em que cada satélite foi visualizado num

    total de 288 vezes, que corresponde a 288 fracções de 5 minutos, que dá um total de 24 horas. Os

    gráficos obtidos estão apresentados nas figuras 3.14 e 3.15.

  • 22

    Figura 3.14 - Visualizações de cada satélite, para GPS.

    Figura 3.15 - Visualizações de cada satélite, para Galileo.

    Da análise dos gráficos anteriores concluiu-se que o número médio de vezes que cada satélite foi

    visualizado da Reserva Nacional Natural Nukak, Colômbia foi de 130,1 em GPS e 117,5 em Galileo.

    Como é normal, em GPS cada satélite é visualizado mais vezes do que em Galileo. Este facto pode

    ser justificado por a constelação de GPS (32 satélites) ser superior à de Galileo (27 satélites).

    Uma outra análise efectuada por ter relevância foi a contabilização do número de satélites visualizados

    nas 288 fracções de 5 minutos. Os gráficos para cada uma das constelações apresentam-se nas figuras

    3.16 e 3.17.

  • 23

    Figura 3.16 - Contabilização do número de satélites visualizados em fracções de 5 minutos de um dia, da

    constelação GPS.

    Figura 3.17 - Contabilização do número de satélites visualizados em fracções de 5 minutos de um dia, da

    constelação Galileo.

    Da análise dos gráficos das figuras 3.16 e 3.17 concluímos que para GPS são sempre visualizados

    entre 10 e 17 satélites, enquanto que para Galileo são sempre visualizados entre 10 e 15 satélites.

    Uma vez mais concluímos que o sistema de radionavegação GPS é mais eficiente, também por ter

    mais satélites do que a constelação de Galileo. É visível também que, tal como tínhamos concluído

    anteriormente, o número médio de satélites observados em GPS é superior a Galileo.

  • 24

  • 25

    Capítulo 4 - Características do sinal Galileo

    4.1. BOC

    A modulação BOC (Binary Offset Carrier) é a extensão de BPSK, sendo que a diferença entre ambas

    as modulações é que a modulação BOC inclui uma sub-portadora de onda quadrada. Esta modulação

    tem como objectivo que vários sinais possam ser emitidos na mesma frequência sem haver

    interferência. Para que isto possa ser obtido, o espectro do sinal codificado é dividido em 2

    componentes simétricas desviadas 𝑓𝑠𝑝

    relativamente à portadora, como resultado de ser modulado por

    uma sub-portadora binária. Esta modulação efectua a multiplicação de uma mensagem digital por um

    código CDMA (Code Division Multiple Access) de frequência de chip 𝑓𝑐= 𝑛 𝑓

    𝑟𝑒𝑓, com 𝑓

    𝑟𝑒𝑓= 1,023 𝑀𝐻𝑧

    e posteriormente por uma sub-portadora binária de frequência 𝑓𝑠𝑝

    = 𝑚 𝑓𝑟𝑒𝑓

    , tendo como representação

    BOC(𝑚, 𝑛). A representação desta modulação está apresentada na figura 4.1 [30]:

    Figura 4.1 - Modulação BOC.

    O processamento do sinal CBOC (Composite Binary Offset Carrier) é apresentado na figura 4.2, onde

    o código de espalhamento de espectro e de dados envia bits (-1 ou 1) e a sub-portadora é uma onda

    quadrada. O que sucede é que o sinal BOC apenas muda o seu sinal quando o código de espalhamento

    de espectro e de dados passa de 1 para -1 ou vice-versa, isto é, quando o código de espalhamento de

    espectro e de dados está a 1 o sinal BOC é igual à sub-portadora, mas quando está a -1 o sinal BOC

    inverte em relação à sub-portadora. A portadora é constituída por uma onda sinusoidal periódica que

    irá multiplicar pelo sinal BOC e assim originar o sinal final representado na última linha da figura 4.2.

  • 26

    Figura 4.2 - Modulação BOC. Fonte: [31]

    O sinal BOC gerado poderá ser faseado no seno ou cosseno, e o sinal resultante será respectivamente:

    𝐵𝑂𝐶𝑠𝑒𝑛(𝑚, 𝑛)

    O sinal do BOC seno é dado por:

    𝑆𝐵𝑂𝐶𝑠𝑒𝑛(𝑡) = 𝑠(𝑡) ∗ 𝑠𝑖𝑔𝑛 (sin(2𝜋𝑝𝑡

    𝑇𝑐)), 0 ≤ 𝑡 ≤ 𝑇𝑐 , 𝑝 = 1,2,…

    (1)

    em que a sub-portadora quadrada resultante é dada pela expressão 𝑠𝑐(𝑡) = 𝑠𝑖𝑔𝑛 (sin(2𝜋𝑝𝑡

    𝑇𝑐))

    com uma frequência f, e em que s(t) é o sinal BPSK equivalente.

    Graficamente, obtemos:

    Figura 4.3 - Sub-portadora do BOCsen.

    𝐵𝑂𝐶𝑐𝑜𝑠(𝑚, 𝑛)

    O sinal do BOC cosseno é dado por:

    𝑆𝐵𝑂𝐶𝑐𝑜𝑠(𝑡) = 𝑠(𝑡) ∗ 𝑠𝑖𝑔𝑛 (cos (2𝜋𝑝𝑡

    𝑇𝑐)), 0 < 𝑡 < 𝑇𝑐 , 𝑝 = 1,2,…

    (2)

  • 27

    em que a sub-portadora quadrada resultante é dada pela expressão 𝑠𝑐(𝑡) = 𝑠𝑖𝑔𝑛 (cos(2𝜋𝑝𝑡

    𝑇𝑐))

    e em que s(t) é o sinal BPSK equivalente.

    Graficamente, temos então:

    Figura 4.4 - Sub-portadora do BOCcos.

    Dados Sinal Final (RF)

    Sequência de Espalhamento

    Subportadora Portadora

    x x x

    Figura 4.5 - Diagrama de blocos da transmissão da modulação BOC. Fonte: [32]

    4.2. CASM

    Os vários sinais de navegação do sistema Galileo têm de ser combinados e utilizar larguras de banda

    eficientes devido às limitações do espectro dos sistemas de navegação. A modulação CASM (Coherent

    Adaptive Sub-carrier Modulation) é utilizada na banda L1 (E1 de Galileo), dado que uma das mais

    importantes questões nesta banda é exactamente a combinação de todos os sinais de OS e do sinal

    PRS com um bom desempenho na recepção. O resultado é que 3 sinais digitais independentes são

    convertidos num sinal digital em fase e em quadratura (sinal complexo).

    Admitindo que 𝑙𝐴(𝑡),𝑙𝐵(𝑡) e 𝑙𝐶(𝑡) são três sinais digitais independentes que tomam valores ±1, o sinal

    complexo CASM (em banda de base) com amplitude constante pode ser obtido da seguinte forma [33]:

    𝑙(𝑡) =

    1

    3[√2(𝑙𝐵(𝑡) − 𝑙𝐶(𝑡)) + 𝑗(2𝑙𝐴(𝑡) + 𝑙𝐴(𝑡)𝑙𝐵(𝑡)𝑙𝐶(𝑡))]

    (3)

  • 28

    O sinal de radiofrequência resultante 𝑙(𝑡) é:

    𝑠(𝑡) = 𝑅𝑒{𝑙(𝑡)} cos(2𝜋𝑓𝑐𝑡) − 𝐼𝑚{𝑙(𝑡)}𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓𝑐𝑡) = |𝑙(𝑡)|𝑐𝑜𝑠(2𝜋𝑓𝑐𝑡 + ∅(𝑡)) (4)

    em que 𝑓𝑐 é a frequência da portadora e ∅(𝑡) é a fase que contém informação sobre os sinais

    𝑙𝐴(𝑡), 𝑙𝐵(𝑡) 𝑒 𝑙𝐶(𝑡) e é dada por:

    ∅(𝑡) = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(

    𝐼𝑚{𝑙(𝑡)}

    𝑅𝑒{𝑙(𝑡)})

    (5)

    Para provar que o sinal 𝑠(𝑡) tem amplitude constante basta calcular:

    |𝑙(𝑡)| =

    1

    3√2(𝑙𝐵(𝑡) − 𝑙𝐶(𝑡))

    2 + (2𝑙𝐴(𝑡) + 𝑙𝐴(𝑡)𝑙𝐵(𝑡)𝑙𝐶(𝑡))2 = 1

    (6)

    Assim sendo, temos que 𝑠(𝑡) = cos(2𝜋𝑓𝑐𝑡 + ∅(𝑡)). O sinal encontra-se modulado digitalmente em fase.

    O esquema de multiplexagem CASM é igualmente utilizado na banda L6.

    4.3. Plano de frequências

    A alocação de bandas de frequência é um processo complexo devido à possibilidade de coexistência

    de vários utilizadores e serviços no mesmo intervalo de frequências, ou seja, as mesmas frequências

    podem ser utilizadas para diferentes fins em países distintos. A ITU é a entidade que regula o uso do

    espectro de radiofrequências que envolve todo o tipo de frequências, como as utilizadas para televisão,

    rádio, telemóveis, etc, e está presente na decisão da alocação de bandas de radiofrequência utilizadas

    pelo RNSS (Radio Navigation Satellite Services), à qual o GNSS pertence. Desta forma, foram

    organizadas frequências específicas para GPS e Galileo.

    Os sinais de navegação dos dois sistemas de radionavegação referidos estão representados na figura

    4.6, dos quais se destacam os de Galileo, que serão objecto de estudo neste capítulo, e que possuem

    quatro bandas de frequência designadas por E5a, E5b, E6 e E1.

    Figura 4.6 - Bandas de frequência dos sinais de radionavegação GPS e Galileo. Fonte: [34]

  • 29

    Como podemos constatar, existem duas bandas ocupadas simultaneamente pela ARNS (Aeronautical

    Radio Navigation Service) e pela RNSS.

    Os valores da frequência de portadora e da largura de banda de referência do receptor de cada sinal

    estão apresentados na tabela 4.1. Note-se que E5a e E5b são sub-bandas que juntas constituem o E5.

    Sinal Frequência de

    Portadora (MHz) Largura de Banda de

    Referência do Receptor (MHz)

    E1 1575,420 24,552

    E5 1191,795 51,15

    E5a 1176,450 20,46

    E5b 1207,140 20,46

    E6 1278,750 40,92

    Tabela 4.1 - Valores da frequência de Portadora e da Largura de Banda de Referência do Receptor para

    cada sinal da constelação Galileo. Fonte: [37]

    4.4. Modulação

    Na figura 4.7 estão apresentados os sinais de navegação Galileo, transmitidos pelos satélites em 4

    bandas de frequências, E5a, E5b, E6 e E1 e estes utilizam 5 modulações distintas que são

    AltBOC(15,10), BOCcos(10,5), BPSK(5), BOCcos(15,2.5) e CBOC(6,1,1/11). São referidas as

    modulações como também as frequências das portadoras, as componentes em fase e quadratura e

    ainda a distribuição no espectro dos sinais transmitidos [9].

    Figura 4.7 - Características dos sinais de Galileo. Fonte: [9]

    Na tabela 4.2 estão definidos os parâmetros dos sinais que serão estudados ao longo deste capítulo,

    de acordo com a seguinte notação:

    ‘X’ é referente à portadora em questão (E1, E5, E5a, E5b ou E6)

    ‘Y’ é referente à componente de cada sinal (A, B, C, I ou Q)

  • 30

    Tabela 4.2 - Parâmetros descritivos dos sinais. Fonte: [37]

    4.4.1. Sinal E5

    O sinal E5 de Galileo é um sinal AltBOC(15,10) (descrito no final da presente secção) constituído pelos

    sinais E5a e E5b. Este sinal é transmitido na banda de frequências de 1164 a 1215 MHz alocada para

    RNSS, entidade que partilha esta banda com a ARNS. Além disso, a banda é compartilhada também

    com outros sinais de RNSS fornecidos pela EGNOS (European Geostationary Navigation Overlay

    Service), GPS (L5), GLONASS, etc, bem como alguns sinais de ARNS [36].

    O esquema de multiplexagem do sinal E5 apresenta-se na figura 4.8, onde todos os canais são

    multiplexados num sinal AltBOC, e onde o objectivo da modulação é a multiplexagem de 2 canais de

    dados e de 2 canais piloto referentes a três serviços distintos que são OS, CS e SoL (descritos no final

    deste capítulo), mantendo uma envolvente constante [37].

    Parâmetro Explicação Unidade

    frequência da portadora Hz

    potência do sinal de radiofrequência W

    período de repetição do código chips

    comprimento do chip do código s

    período da sub-portadora s

    período da sub-portadora s

    duração do símbolo da mensagem de navegação s

    ritmo de chip do código (= 1/ ) Hz

    frequência da sub-portadora(= 1/ ) Hz

    frequência da sub-portadora(= 1/ ) Hz

    taxa de símbolo da mensagem de navegação (= 1/ ) Hz

    representação do sinal passa-banda N/A

    código binário (modulado em NRZ) N/A

    Sinal da mensagem de navegação binário (modulado em NRZ) N/A

    sub-portadora binária (modulado em NRZ) N/A

    componente do sinal de navegação binário (modulado em NRZ) N/A

    sinal de banda de base normalizado: N/A

    kº chip do código N/A

    kº símbolo da mensagem de navegação N/A

    número de chips do código por símbolo (= ) N/A

    módulo de i referente a L N/A

    parte inteira de i/DC N/A

    função rectângulo: N/A

    𝑓

    𝑇𝐶, − 𝑇 ,

    𝑇 , −

    𝑇 , −

    𝑅𝐶, −

    𝑅 , 𝑅 , −

    𝑅 , −

    𝑆 (𝑡)

    𝐶 − (𝑡)

    − (𝑡)

    𝑠𝑐 − (𝑡)

    𝑒 − (𝑡)

    𝑠 (𝑡)

    𝑐 − ,

    𝑑 − ,

    𝐶 −

    |𝑖|

    [𝑖] 𝐶

    𝑟𝑒𝑐𝑡𝑇(𝑡) 1, 0 ≤ 𝑡 < 𝑇

    0, 𝑐. 𝑐.

    𝑇 , −

    𝑇 , −

    𝑇 ,

    𝑇𝐶, −

    𝑠 − (𝑡)+ 𝑗𝑠 − (𝑡)

    𝑇 , − 𝑇𝐶, −

  • 31

    Figura 4.8 - Esquema de multiplexagem do sinal E5. Fonte: [37]

    O sinal E5, como foi dito anteriormente, é um sinal AltBOC que resulta do canal de dados e do canal

    piloto (ambos sinais BPSK), sendo que cada um é transmitido na sua banda, ou seja, este sinal é

    equivalente a duas modulações QPSK separadas, colocadas nas frequências centrais de E5a e E5b,

    respectivamente. Deste modo, a banda E5 pode ser utilizada como duas bandas laterais separadas,

    convencionalmente indicadas como E5a e E5b que transmitem quatro canais diferentes que são E5a-

    I, E5a-Q, E5b-I e E5b-Q. Cada sub-banda consiste na componente em fase e em quadratura

    correspondendo respectivamente aos canais de dados e piloto. Na figura 4.8 temos os canais de dados

    DE5a-I e DE5b-I que transmitem num ritmo de 50 e 250 sps (symbols per second), respectivamente.

    O sinal E5a consiste na componente de dados transmitida em fase e na componente piloto transmitida

    em quadratura. Este sinal fornece a mensagem de navegação F/NAV (Freely Navigation message),

    não permitindo que hajam sobreposições no espectro com o sinal L5 da constelação GPS.

    Por outro lado, o sinal E5b é constituído pela componente de dados transmitida em fase e da

    componente piloto transmitida em quadratura. Este sinal fornece a mensagem de navegação I/NAV

    (Integrity Navigation message) e suporta o serviço Safety of Life, a integridade do sistema Galileo e

    Open Service.

    As quatro componentes do sinal E5 são geradas de acordo com:

    𝑒𝐸5𝑎−𝐼 contém a mensagem de navegação F/NAV 𝐸5𝑎−𝐼 modulada com o código binário 𝐶𝐸5𝑎−𝐼

    𝑒𝐸5𝑎− (𝑡) = ∑ [𝑐𝐸5𝑎− ,|𝑖|𝐿𝐸5𝑎−𝐼 𝑑𝐸5𝑎− ,[𝑖]𝐷𝐶𝐸5𝑎−𝐼

    𝑟𝑒𝑐𝑡𝑇𝐶,𝐸5𝑎−𝐼(𝑡 − 𝑖𝑇𝐶,𝐸5𝑎− )]

    +∞

    𝑖=−∞

    (7)

    𝑒𝐸5𝑎− é uma componente piloto que provém do código binário 𝐶𝐸5𝑎−

    𝑒𝐸5𝑎− (𝑡) = ∑ [𝑐𝐸5𝑎− ,|𝑖|𝐿𝐸5𝑎−𝑄 𝑟𝑒𝑐𝑡𝑇𝐶,𝐸5𝑎−𝑄(𝑡 − 𝑖𝑇𝐶,𝐸5𝑎− )]

    +∞

    𝑖=−∞

    (8)

    𝑒𝐸5𝑏− contém a mensagem de navegação I/NAV 𝐸5𝑏− modulada com o código binário 𝐶𝐸5𝑏−

    𝑒𝐸5𝑏− (𝑡) = ∑ [𝑐𝐸5𝑏− ,|𝑖|𝐿𝐸5𝑏−𝐼 𝑑𝐸5𝑏− ,[𝑖]𝐷𝐶𝐸5𝑏−𝐼

    𝑟𝑒𝑐𝑡𝑇𝐶,𝐸5𝑏−𝐼(𝑡 − 𝑖𝑇𝐶,𝐸5𝑏− )]

    +∞

    𝑖=−∞

    (9)

  • 32

    𝑒𝐸5𝑏− é uma componente piloto que provém do código binário 𝐶𝐸5𝑏−

    𝑒𝐸5𝑏− (𝑡) = ∑ [𝑐𝐸5𝑏− ,|𝑖|𝐿𝐸5𝑏−𝑄 𝑟𝑒𝑐𝑡𝑇𝐶,𝐸5𝑏−𝑄(𝑡 − 𝑖𝑇𝐶,𝐸5𝑏− )]

    +∞

    𝑖=−∞

    (10)

    Os satélites Galileo transmitem as componentes do sinal E5 com ritmo de chip do código e ritmo de

    símbolo ap