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AUTORES Ângelo Augusto Caldas Bello Vanessa Saback de Freitas ORIENTADORA Dayana Bastos Costa Universidade Federal da Bahia - UFBA ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR-BA 4

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AUTORES Ângelo Augusto Caldas Bello

Vanessa Saback de FreitasORIENTADORA Dayana Bastos Costa Universidade Federal da Bahia - UFBA

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR-BA

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Acrescente pressão social em prol da sustentabilidade vem deman-dando do setor da construção mudanças para a redução do impacto

ambiental. No Brasil, no entanto, ainda são limitadas as iniciativas de construções sustentáveis, especialmente em Habitações de Interesse Social (HIS), que apre-sentam baixa margem de variação de orçamento para as construtoras. Observa--se uma lacuna na análise quantitativa e qualitativa para a adoção de práticas de sustentabilidade em HIS. Este trabalho propõe melhorias na adoção de soluções sustentáveis aplicadas a projetos de HIS, baseadas nos critérios estabelecidos pela certificação ambiental Selo Casa Azul (Caixa Econômica Federal), desen-volvida para o contexto brasileiro. A presente pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e implementação de dois estudos de caso em empreendi-mentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) da Região Metropolitana de Salvador. Os estudos envolveram uma avaliação fundamentada nos critérios Selo Casa Azul e a proposição de soluções acompanhada da análise da viabilida-de econômica, por meio da análise de documentos, entrevistas e levantamento de custos. Os resultados revelam que menos de 50% dos critérios adotados pelo Selo Casa Azul nas diferentes categorias foram contemplados pelos empreen-dimentos estudados. Estimou-se que para atendimento das categorias Bronze e Prata os empreendimentos estudados teriam um acréscimo de custos inferior a 1,5%. Para a categoria Ouro estima-se um incremento maior, variando entre 3,64% e 7,23% do custo total da obra.

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável se fundamenta no reconhecimento de que o meio ambiente exerce papel importante no fornecimento das bases materiais e ambientais do ecossistema e da energia de que dependem os processos econômicos (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, 2010).

Segundo Correia (2013), o conceito de sustentabilidade está em construção há, pelo menos, 40 anos. Cada vez mais novas definições, objetivos e metas são agregados a seu significado, uma vez que sempre surgem novos desafios, novas tecnologias, novos problemas e também novas soluções. Para Silva (2003), sus-tentabilidade é a busca do equilíbrio entre o que é socialmente desejável, eco-nomicamente viável e ambientalmente sustentável, sendo usualmente descrita em função da chamada triple botton line, que congrega as dimensões ambiental, social e econômica do desenvolvimento sustentável.

Nos últimos anos vem aumentando a pressão social em prol da sustentabili-dade, o que consequentemente é cobrado do setor da construção civil na forma de técnicas, modelos de produção, materiais e práticas, visando à diminuição dos impactos gerados por esse setor. No Brasil, os avanços nesse sentido não al-cançam níveis satisfatórios, pois a produção na construção civil brasileira ainda demonstra características artesanais, na qual são priorizados o atendimento do prazo e os custos, em detrimento de outros aspectos, como a sustentabilidade. Além disso, observa-se a falta de interesse de consumidores e fornecedores.

O impacto ambiental causado pelo setor da construção civil e a crescen-te consciência acerca do conceito de sustentabilidade despertaram a necessi-dade de avaliação do desempenho ambiental das construções para controle e mitigação desse impacto. Para tanto surgiram as metodologias de certificação ambiental, que avaliam os empreendimentos, de acordo com critérios por elas estabelecidos, em relação à concepção do projeto, ao planejamento, à constru-ção/reforma e ao uso/operação.

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Os critérios de avaliação de uma certificação ambiental variam de acordo com a localidade (por exemplo, a disponibilidade de recursos naturais para fabri-cação de alguma matéria-prima, o acesso à água ou à energia elétrica). Cada um dos critérios apresenta diferentes prioridades de acordo com o contexto em que surgiu e em que é aplicado.

Dentre as metodologias, cabe destacar: BREEAM (Building Research Establishment’s Environmental Assessment Method), criado em 1990, na Inglaterra, por pesquisadores do BRE (Building Research Establishment); LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), criado em 1996, nos EUA, pela USGBC (U.S. Green Building Council); AQUA (Alta Qualidade Ambiental), criado em 2007, no Brasil, pela Fundação Vanzolini, inspirado no método francês (HQE); e Selo Casa Azul, lançado pela Caixa Econômica Federal em 2009.

Segundo Agopyan & John (2011), as certificações importadas, mesmo quando adaptadas, não refletem a agenda de um país e, portanto, têm efetividade reduzida e podem se tornar arbitrárias e, algumas vezes, desprovidas de sentido em outro ambiente. Na prática, o selo de edifícios que não fazem parte de uma política pública mais ampla (como o BREEAM, na Inglaterra) está confinado ao mercado de edifícios voltado para empreendimentos sofisticados. No Brasil, exceto pela recente certificação Selo Casa Azul, a prática tem sido restrita a edifícios corporativos de altíssimo padrão (Agopyan & John, 2011).

O Selo Casa Azul foi desenvolvido especificamente para a realidade habitacional brasileira e, em especial, para atender também habitações de interesse social. Para esse tipo de empreendimento, o Selo Casa Azul se torna o mais aplicável em razão da implementação mais prática dos critérios sugeridos do que em outras certificações e em virtude do menor custo para a obtenção da certificação (John & Prado, 2010).

O déficit habitacional brasileiro sempre representou um grande obstáculo para o desenvolvimento nacional e um desafio para os governos que por ele se interessaram (Bonduki, 1994). Em um contexto em que o déficit habitacional se con-centrava majoritariamente na população de baixa e baixíssima renda e em que o crédito habitacional privilegiava as populações de maior poder aquisitivo, em 2009 foi lançado pelo Governo Federal o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), gerido pelo Ministério das Cidades e operado pela Caixa Econômica Federal.

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Segundo Andrade (2012), dentre as principais orientações do programa es-tava a redução de 14% do déficit de moradias no Brasil, atuando em municípios com mais de 100 mil habitantes, além da dinamização do setor de construção civil e o emprego de mais de 1,9 milhão de pessoas (IBGE). De acordo com Reis (2011), baseado em dados recentes do Governo Federal, o PMCMV 1 atingiu a marca de 1.005.028 unidades habitacionais. Com o sucesso do PMCMV 1, foi lançado o PMCMV 2, que pretende construir 2 milhões de unidades até 2014.

As dimensões econômica, social e ambiental, que formam o conceito de sus-tentabilidade, em geral não são totalmente contempladas quando se trata de HIS, sendo negligenciados os aspectos referentes às questões ambientais. Para Vas-concelos (2011), isso se deve ao fato de os empreendimentos terem preços limita-dos por um teto, destinados predominantemente à população de baixa renda, tor-nando o lucro pequeno, se comparados aos empreendimentos de padrões médio e alto. Alia-se a isso o pensamento estereotipado de que a adição de elementos de sustentabilidade ao projeto encarece-o de modo a prejudicar o empreendedor.

Desse modo, são poucos os estudos que abordam a adoção de práticas sus-tentáveis em habitações de interesse social. Além disso, há uma lacuna na aná-lise quantitativa e qualitativa para a implantação dessas mudanças no contexto de HIS, apesar da necessidade de adoção de práticas e princípios de sustentabi-lidade adequados também para esse tipo de empreendimento.

O objetivo deste trabalho é propor melhorias para a adoção de soluções sustentáveis aplicadas a projetos de HIS, fundamentadas nos critérios de susten-tabilidade estabelecidos pela certificação ambiental Selo Casa Azul (Caixa Eco-nômica), a qual foi desenvolvida para o contexto habitacional brasileiro, levando em consideração sua viabilidade econômica.

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CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DO SELO CASA AZUL

De acordo com John & Prado (2010), o Selo Casa Azul foi o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos desenvolvido no Brasil. Em cada projeto é possível fazer algo pelo desenvolvimento sustentável dentro do orçamento existente (John & Prado, 2010). Com ele, a Caixa Econômica Federal pretende incentivar o uso racional de recursos naturais na construção de empreendimentos habitacionais, reduzir o custo de manutenção dos edifícios e as despesas mensais de seus usuários, bem como promover a conscientização de empreendedores e moradores acerca das vantagens das construções sustentáveis.

Para o contexto de empreendimentos HIS, em que se trabalha em larga escala, mesmo mudanças simples podem promover benefícios ambientais consideráveis. Outro ponto importante é que a classificação Bronze se aplica apenas a empreendimentos com valor igual ou menor do que o limite estipulado para o PMCMV, o que mostra a preocupação em também tornar possível sua certificação.

O processo de avaliação consiste em um total de 53 critérios, divididos em seis grandes grupos, que classificam os empreendimentos em três categorias de acordo com o cumprimento desses critérios: Bronze (19 critérios obrigatórios cumpridos), Prata (19 critérios obrigatórios + 6 de livre escolha), e Ouro (19 critérios obrigatórios + 12 de livre escolha). Os seis grupos são detalhados a seguir e apresentados na Tabela 1 (John & Prado, 2010):

Qualidade urbana: avalia se o projeto está inserido em uma região dotada de infraestrutura que se destaque por: qualidade, bem-estar, segurança e saúde para seus habitantes. Além disso, preocupa-se com a relação entre o empreendimento e sua vizinhança, considerando os impactos causados por ambos.

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Tabela 1 – Critérios do Selo Casa Azul

Qualidade Urbana

Qualidade do Entorno – Infraestrutura (obrigatório)Qualidade do Entorno – Impactos (obrigatório)Melhorias no EntornoRecuperação de Áreas DegradadasReabilitação de Imóveis

Projeto e Conforto

Paisagismo (obrigatório)Flexibilidade de ProjetoRelação com a VizinhançaSolução Alternativa de TransporteLocal para Coleta Seletiva (obrigatório)Equipamentos de Lazer, Sociais e Esportivos (obrigatório)Desempenho Térmico – Vedações (obrigatório)Desempenho Térmico – Orientação ao Sol e Ventos (obrigatório)Iluminação Natural de Áreas ComunsVentilação e Iluminação Natural de BanheirosAdequação às Condições Físicas do Terreno

Eficiência Energética

Lâmpadas de Baixo Consumo – Áreas Privativas (obrigatório)Dispositivos Economizadores – Áreas Comuns (obrigatório)Sistema de Aquecimento SolarSistema de Aquecimento a GásMedição Individualizada – Gás (obrigatório)Elevadores EficientesEletrodomésticos EficientesFontes Alternativas de Energia

Conservação de Recursos

Materiais

Coordenação ModularQualidade de Materiais e Componentes (obrigatório)Componentes Industrializados ou Pré-fabricadosFormas e Escoras Reutilizáveis (obrigatório)Gestão de Resíduos da Construção e Demolição (obrigatório)Concreto com Dosagem OtimizadaCimento de Alto-Forno (CPIII) e Pozolânico (CPIV)Pavimentação com RCDFacilidade de Manutenção da FachadaMadeira Plantada ou Certificada

Gestão da Água

Medição Individualizada – Água (obrigatório)Dispositivos Economizadores – Sistema de Descarga (obrigatório)Dispositivos Economizadores – ArejadoresDispositivos Economizadores – Registro Regulador de VazãoAproveitamento de Águas PluviaisRetenção de Águas PluviaisInfiltração de Águas PluviaisÁreas Permeáveis (obrigatório)

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Práticas Sociais

Educação para Gestão de RCD (obrigatório)Educação Ambiental dos Empregados (obrigatório)Desenvolvimento Pessoal dos EmpregadosCapacitação Profissional dos EmpregadosInclusão de Trabalhadores LocaisParticipação da Comunidade na Elaboração do ProjetoOrientação aos Moradores (obrigatório)Educação Ambiental dos MoradoresCapacitação para Gestão do EmpreendimentoAções para Mitigação de Riscos SociaisAções para Geração de Emprego e Renda

Projeto e conforto: trata dos aspectos relacionados com o planejamento e a concepção do projeto do empreendimento, considerando-se, principalmente, as ações relativas à adaptação da edificação às condições climáticas, às ca-racterísticas físicas e geográficas locais e à previsão de espaços na edificação destinados a usos e fins específicos.

Eficiência energética: o objetivo é a redução do consumo e a otimização da quantidade de energia gasta pelos usuários, mediante a utilização de equipa-mentos mais eficientes, uso de fontes alternativas de energia, dispositivos eco-nomizadores e medições individualizadas, proporcionando uma redução nas des-pesas mensais dos moradores.

Conservação de recursos materiais: objetiva reduzir a perda de materiais e geração de resíduos, além de evitar o uso de materiais de baixa qualidade, melho-rando o desempenho e reduzindo o desperdício de recursos naturais e financeiros.

Gestão da água: objetiva melhorar o gerenciamento e a redução do consumo de água, tanto por unidade habitacional como pelo condomínio.

Práticas sociais: busca promover a sustentabilidade do empreendimento por meio de ações que abrangem os diversos agentes envolvidos na elaboração do pro-jeto, construção e ocupação das edificações, ampliando a consciência ambiental, além de contribuir para a redução de algumas desigualdades sociais.

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MÉTODO DE PESQUISA

A presente pesquisa foi composta pela revisão bibliográfica, visando ao entendimento do conceito de sustentabilidade, sua problemática na construção civil e à compreensão da certificação ambiental Selo Casa Azul, bem como pela realização de dois estudos de caso.

Os estudos de casos foram realizados em dois empreendimentos do PMCMV da Região Metropolitana de Salvador, denominados A e B.

Enquadrado no PMCMV para mutuários que recebem entre 0 e 3 salários--mínimos, o empreendimento A é composto por 2.400 unidades habitacionais, distribuídas em 120 prédios, com térreo e mais quatro pavimentos. Cada aparta-mento contém dois quartos, sala, cozinha e banheiro, com uma área interna total de aproximadamente 42m². O sistema construtivo adotado foi o de paredes de concreto, o segundo sistema mais utilizado nesse programa.

Enquadrado no PMCMV para mutuários que recebem entre 3 e10 salários-míni-mos, o empreendimento B é composto por 440 unidades habitacionais, distribuídas em nove prédios, com térreo e mais quatro pavimentos. Existem duas tipologias de apartamento, uma contendo dois quartos, sala, cozinha e banheiro, e a outra com um quarto, sala, cozinha e banheiro. As áreas internas totais variam de 35 a 48m², apro-ximadamente. O sistema construtivo adotado foi o de estrutura convencional com alvenaria em bloco cerâmico, o sistema mais utilizado nas obras da região estudada.

Os estudos consistiram nas seguintes fases: avaliação com base nos critérios Selo Casa Azul; proposição de soluções; análise da viabilidade econômica das soluções propostas; proposição de medidas para os intervenientes do PMCMV.

Inicialmente, buscou-se identificar o atendimento dos critérios da meto-dologia de certificação Selo Casa Azul. Foi realizada uma visita a cada um dos empreendimentos, incluindo registro fotográfico e análise de documentos, como projetos arquitetônicos e orçamentos. Além disso, foram feitas entrevistas com o engenheiro de produção de cada uma das obras estudadas.

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Como mencionado previamente, o regulamento do Selo Casa Azul estabele-ce 19 critérios obrigatórios, devendo os demais critérios ser selecionados pelos pleiteantes de modo a se adequar à realidade dos empreendimentos em estudo, levando em consideração a relevância ambiental, social e econômica dos cri-térios. Neste trabalho, considerou-se a categoria Bronze conforme o Selo Casa Azul, que inclui todos os itens obrigatórios, como mostra a Tabela 1, apresentada anteriormente. Para a categoria Prata foram considerados os critérios obrigató-rios (categoria Bronze), além de seis critérios opcionais. Enfim, para a categoria Ouro foram considerados os critérios da categoria Prata, além de outros seis critérios, conforme descrito a seguir:

• Prata (obrigatórios + seis critérios): eletrodomésticos eficientes; concreto com dosagem otimizada; desenvolvimento pessoal dos empregados; capacitação para gestão do empreendimento; inclusão dos trabalhadores locais; educação ambiental dos moradores.

• Ouro (obrigatórios + seis critérios): solução alternativa de transporte; iluminação natural de áreas comuns; ventilação e iluminação natural de banheiros; sistema de aquecimento solar; dispositivos economizadores – arejadores; dispositivos economizadores – registro regulador de vazão.

A partir das informações obtidas, foram analisados e contabilizados os cri-térios atendidos em cada um dos projetos, os quais foram classificados como atendidos ou não atendidos.

A segunda fase do estudo consistiu na proposta de soluções para que o empreendimento atendesse às categorias Bronze, Prata e Ouro do Selo Casa Azul. Com o objetivo de ampliar o conhecimento para a proposição dessas solu-ções, foram realizadas entrevistas com dois coordenadores de projetos MCMV nas faixas de 0 a 3 salários-mínimos e de 3 a 10 salários-mínimos da Gerência de Desenvolvimento Urbano da (GIDUR) da Caixa Econômica Federal, um ar-quiteto especialista em certificações ambientais e um professor-doutor com experiência em projetos sustentáveis.

A seleção das propostas de soluções analisadas no estudo, com base no Selo Casa Azul, levou em consideração aquelas que menos alterariam a reali-dade do projeto, conservando suas principais características e a um custo mais

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baixo. Em seguida, foi realizada a análise de viabilidade econômica dessas pro-postas, a qual foi realizada a partir do orçamento total da obra e do orçamento de cada uma das propostas de soluções. Ao final, buscou-se identificar o per-centual relativo ao custo adicional no orçamento total da obra necessário para atender às categorias Bronze, Prata e Ouro do Selo Casa Azul.

Na última fase do estudo, foram traçadas as propostas de ação para os intervenientes do PMCMV, quais sejam: construtora, Caixa Econômica e futuro morador do empreendimento.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

Este item descreve a avaliação dos empreendimentos A e B em relação aos critérios do Selo Casa Azul, por categoria (Bronze, Prata e Ouro), apre-sentando soluções para o atendimento dos critérios estimando os custos adi-cionais do orçamento.

ANÁLISE PARA A CATEGORIA BRONZE

Quanto aos critérios obrigatórios do Selo Casa Azul, o empreendimento A aten-deu a nove dos 19 critérios (47%) e o empreendimento B atendeu a dez dos 19 crité-rios (53%), de acordo com os indicadores estabelecidos e detalhados na Tabela 2.

Observa-se que, apesar dos diferentes sistemas construtivos utilizados nos empreendimentos A e B, sete critérios foram atendidos por ambos os em-preendimentos, quais sejam: qualidade do entorno – infraestrutura; qualidade do entorno – impactos; local para coleta seletiva; equipamentos de lazer, sociais e esportivos; formas e escoras reutilizáveis; gestão de resíduos de construção e demolição; e orientação aos moradores. Os demais critérios atendidos foram: medição individualizada (gás e água) (pelo empreendimento A) e lâmpadas de baixo consumo – áreas privativas, dispositivos economizadores – áreas comuns

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e qualidade dos materiais e componentes (pelo empreendimento B).

Os critérios não atendidos pelos dois empreendimentos foram, principalmen-te, os da categoria Projeto, em especial aqueles que enfocam o desempenho tér-mico. Na categoria Práticas Sociais, por sua vez, os critérios referentes a práti-cas de RCD e educação ambiental dos empregados, apesar da simplicidade, não foram atendidos em nenhum dos empreendimentos.

Para os critérios não atendidos, foram propostas soluções e, em seguida, analisados os custos de cada uma delas, para mensuração do impacto no orça-mento de sua implementação, como mostrado na Tabela 3.

Tabela 2 – Atendimento dos critérios da categoria Bronze

CRITÉRIOS INDICADOR ATENDE?A B

Qualidade do entorno – Infraestrutura

Proporcionar aos moradores qualidade de vida, considerando a existência de infraestrutura, serviços, equipamentos comunitários e comércio disponíveis no entorno do empreendimento.

SIM SIM

Qualidade do entorno – Impactos

Inexistência, no entorno do empreendimento, de fatores considerados prejudiciais ao bem-estar, à saúde ou à segurança dos moradores.

SIM SIM

PaisagismoExistência de arborização, cobertura vegetal e/ou demais elementos paisagísticos que propiciem melhora no desempenho térmico da edificação.

NÃO NÃO

Local para coleta seletiva

Existência de local apropriado para coleta, seleção e armazenamento de material reciclável. SIM SIM

Equipamentos de lazer, sociais e esportivos

Existência de equipamentos como: quadra esportiva, salão de jogos, salão de festas e parque de recreação infantil, dentre outros, de acordo com o número de unidades.

SIM SIM

Desempenho térmico – Vedações

Atendimento das condições arquitetônicas gerais de acordo com a zona bioclimática onde se localiza o empreendimento.

NÃO NÃO

Desempenho térmico – Orientação ao sol e ventos

Atendimento às condições arquitetônicas gerais, quanto à estratégia de projeto, de acordo com a zona bioclimática onde se localiza o empreendimento.

NÃO NÃO

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Lâmpadas de baixo consumo – Áreas privativas

Existência de lâmpadas de baixo consumo e potência adequada em todos os ambientes da unidade habitacional.

NÃO SIM

Dispositivos economizadores – Áreas comuns

Existência de sensores de presença, minuterias ou lâmpadas eficientes em áreas comuns dos condomínios.

NÃO SIM

Medição individualizada – Gás

Existência de medidores individuais certificados pelo INMETRO para todas as unidades habitacionais. SIM NÃO

Qualidade dos materiais e componentes

Comprovação da utilização apenas de produtos fabricados por empresas classificadas como “qualificadas” pelo Ministério das Cidades, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Hábitat (PBQP-H).

NÃO SIM

Formas e escoras reutilizáveis

Reduzir o emprego de madeira em aplicações de baixa durabilidade, que constituem desperdício, e incentivar o uso de materiais reutilizáveis.

SIM SIM

Gestão de resíduos de construção e demolição

Existência de um “Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC” para a obra.

SIM SIM

Medição individualizada – Água

Existência de sistema de medição individualizada de água. SIM NÃO

Dispositivos economizadores – Sistema de descarga

Existência, em todos os banheiros e lavabos, de bacia sanitária dotada de sistema de descarga com volume nominal de seis litros e com duplo acionamento (3/6L).

NÃO NÃO

Áreas permeáveisExistência de áreas permeáveis em, pelo menos, 10% acima do exigido pela legislação local. NÃO NÃO

Educação para gestão de RCD

Existência de Plano Educativo sobre a Gestão de RCD. NÃO NÃO

Educação ambiental dos empregados

Existência de plano de atividades educativas, para os empregados, sobre os itens de sustentabilidade do empreendimento.

NÃO NÃO

Orientação aos moradores

Existência de, no mínimo, uma atividade informativa sobre os aspectos de sustentabilidade previstos no empreendimento que inclua a distribuição do Manual do Proprietário (ilustrado, didático e com conceitos de sustentabilidade).

SIM SIM

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Tabela 3 – Soluções e variações no orçamento: categoria Bronze

CRITÉRIOS SOLUÇÕESVARIAÇÃO NO ORÇAMENTO

A B

Paisagismo Análise qualitativa – –

Desempenho térmico – VedaçõesSubstituir esquadrias para adequar-se ao tamanho mínimo 0,38% 0,09%

Desempenho térmico – Orientação ao sol e ventos

Análise qualitativa – –

Lâmpadas de baixo consumo – Áreas privativas

Instalar lâmpadas de baixo consumo 0,14% Atendido

Dispositivos economizadores – Áreas comuns

Instalar sensores de presença 0,05% Atendido

Medição individualizada – Gás Implantar medidor Atendido 0,35%

Qualidade dos materiais e componentes

Análise qualitativa – –

Medição individualizada – Água Implantar medidor Atendido 0,64%

Dispositivos economizadores – Sistema de descarga

Implantar bacia sanitária dual flux 0,72% 0,27%

Áreas permeáveisSubstituir pavimento asfáltico por pavimento intertravado nas vagas de estacionamento do condomínio

0,04% 0,06%

Educação para gestão de RCDMaterial + Plano feito pela empresa – –

Educação ambiental dos empregados

Material + Palestra – –

VARIAÇÃO DE CUSTOS EM RELAÇÃO AO CUSTO DA OBRA 1,33% 1,41%

É importante destacar que, pelas análises realizadas, estima-se um acrésci-mo inferior a 1,5% do custo total do empreendimento para que os empreendimen-tos analisados alcancem a categoria Bronze do Selo Casa Azul. A seguir, serão analisadas as soluções apresentadas:

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Paisagismo: segundo John & Prado (2010), a utilização de soluções que visem ao resfriamento ou ao aquecimento passivo da arquitetura pode ocasionar a redu-ção dos gastos de energia e favorecer a sustentabilidade econômica do empreen-dimento. Para o estudo de caso, não foram considerados os custos referentes à implantação do paisagismo, uma vez que essas modificações devem ser pensadas no momento de concepção do projeto arquitetônico, período em que as modifica-ções podem ser mais facilmente efetuadas com a minimização dos custos.

Desempenho térmico – Vedações: o aumento necessário da área das esquadrias foi orçado para que se atingissem os 15% de área de esquadria em relação à área do ambiente, conforme estabelecido no Guia Selo Casa Azul (John & Prado, 2010). Foi or-çada também a redução correspondente em alvenaria estrutural e a diferença de custo.

Desempenho térmico – Orientação quanto ao sol e os ventos: em um proje-to de arquitetura, deverão ser considerados os seguintes aspectos: direção dos ventos, insolação, temperatura, umidade e demais características naturais do local, como forma de proporcionar maior conforto aos moradores e diminuir os gastos energéticos para resfriamento e/ou aquecimento da habitação (John & Prado, 2010). Assim como no que se refere ao critério Paisagismo, essas modifi-cações devem ser pensadas no momento da concepção do projeto, para que os benefícios sejam aproveitados sem custos adicionais.

Lâmpadas de baixo consumo – Áreas privativas: foi orçada a diferença de preço entre as lâmpadas fluorescentes e as lâmpadas incandescentes entregues nos empreendimentos.

Dispositivos economizadores – Áreas comuns: foi orçada a instalação de sensores de presença nas áreas comuns.

Medição individualizada – Gás: foi orçada apenas a instalação dos medido-res de gás, uma vez que ambos os empreendimentos já contavam com a tubula-ção necessária instalada para cada unidade habitacional.

Qualidade dos materiais: segundo John & Prado (2010), produtos de baixa qualidade muito provavelmente serão reparados e substituídos, o que implica au-mento do impacto ambiental pela produção de material de reparo ou substituição e a geração precoce de resíduos. No planejamento do projeto, devem ser incluí-dos os materiais adequados, sem aumento relevante no orçamento.

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Medição individualizada – Água: foi orçada a instalação do medidor de água em todas as unidades habitacionais dos empreendimentos estudados.

Dispositivos economizadores – Sistema de descarga: para a obtenção da variação do orçamento total da obra com a substituição de bacias sanitárias con-vencionais por bacias sanitárias dual flux 3/6L, foi orçada a diferença de custo entre ambas, aplicadas em todas as unidades habitacionais.

Áreas permeáveis: para o atendimento da área prevista no indicador, subs-tituiu-se a área asfaltada das vagas de estacionamento dos dois empreendimen-tos por pavimento intertravado e, em seguida, foi calculada a diferença de valor do metro quadrado entre os dois tipos de pavimento.

Educação para gestão de RCD: o orçamento para esse tipo de solução foi considerado desprezível, quando comparado ao custo total do empreendimento, uma vez que dispõe apenas do planejamento para a inclusão desse conteúdo na preparação aos moradores que a empresa já fornece, sem incluir custos adicio-nais para a empresa construtora.

Educação ambiental dos empregados: o orçamento referente a essa solu-ção é também desprezível, comparado ao valor total do empreendimento, visto que para sua implantação são necessárias apenas palestras, as quais podem ser ministradas pela própria empresa.

ANÁLISE PARA A CATEGORIA PRATA

Na categoria Prata, os empreendimentos foram avaliados como mostra a Tabela 4. O empreendimento A atendeu a três dos seis critérios adicionais para a categoria Prata, totalizando o atendimento de 12 dos 25 critérios (48%) dessa categoria. O empreendimento B atendeu a dois dos seis critérios adicionais, também totalizando 12 dos 25 critérios (48%) da categoria Prata.

Novamente, pode-se perceber que critérios simples, referentes a práticas sociais, não foram cumpridos, como a educação ambiental dos moradores e a inclusão de trabalhadores locais, apesar de ambas as empresas contarem com planos de desenvolvimento pessoal dos empregados. A utilização de concreto com dosagem otimizada, que apresenta grande vantagem para as construtoras,

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foi atendida por ambos, enquanto a simples substituição de eletrodomésticos por equivalentes com eficiência comprovada pelo Procel não foi contemplada por nenhuma das construtoras pesquisadas.

Tabela 4 – Atendimento dos critérios da categoria Prata

Critérios IndicadorAtende?

A B

Eletrodomésticos eficientes

Existência de eletrodomésticos com selo Procel ou Ence Nível A, entregues nas áreas de uso comum. NÃO NÃO

Concreto com dosagem otimizada

Memorial descritivo especificando a utilização de concreto produzido com controle de umidade e dosagem em massa.

SIM SIM

Desenvolvimento pessoal dos empregados

Existência de plano de desenvolvimento pessoal para os empregados que contemple iniciativas relacionadas: idiomas estrangeiros, alfabetização etc.

SIM SIM

Capacitação para gestão do empreendimento

Existência de plano de capacitação dos moradores para a gestão do empreendimento com carga horária mínima de 12 horas e abrangência de 30% da população-alvo do empreendimento.

SIM NÃO

Inclusão dos trabalhadores locais

Existência de documento que explicite o número de vagas abertas e destinadas para contratação de trabalhadores originários da população local ou futuros moradores, considerando um percentual mínimo de 20% do total de empregados da obra.

NÃO NÃO

Educação ambiental dos moradores

Existência de um plano de educação ambiental voltado para os moradores que contemple orientações sobre uso racional e redução de consumo dos recursos naturais e energéticos, coleta seletiva, dentre outros, com carga horária mínima de 4 horas e abrangência de 80% dos moradores.

NÃO NÃO

A variação no orçamento apresentada para os critérios da categoria Prata é apresentada na Tabela 5. Nota-se novamente um acrescimento menor que 1,5% no custo total da obra para a inclusão de práticas que atendam aos critérios es-tabelecidos na categoria Prata.

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Tabela 5 – Soluções e variações no orçamento: categoria Prata

Critérios Soluções

Variação no orçamento

A B

Eletrodomésticos eficientesSubstituição de eletrodomésticos comuns por eletrodomésticos com Selo A Procel

0,00% 0,00%

Capacitação para gestão do empreendimento

Material + Palestra Atendido –

Inclusão dos trabalhadores locais

Inclusão na contratação 0,00% 0,00%

Educação ambiental dos moradores

Material + Palestra – –

VARIAÇÃO DE CUSTOS EM RELAÇÃO AO CUSTO DA OBRA 1,33% 1,41%

A substituição de eletrodomésticos comuns entregues nos empreendimen-tos por aqueles com eficiência comprovada pelo Selo A Procel não apresenta variação de custo relevante, quando comparada ao orçamento total da obra, e apresenta grande benefício na redução do consumo.

Assim como observado em outros critérios de práticas sociais já comenta-dos, os critérios capacitação para gestão do empreendimento e educação am-biental dos moradores são de simples atendimento, por consistirem apenas em palestras educacionais, não têm variação de custo relevante, além de promove-rem melhores condições de vida para a população. Ambos os empreendimentos contam com algumas práticas educacionais, como o desenvolvimento pessoal dos empregados, e o conteúdo dos critérios não atendidos pode ser disseminado de modo semelhante.

Quanto ao critério inclusão dos trabalhadores locais, a maior contribuição con-siste no envolvimento com a comunidade do entorno, melhorando a relação cons-trutora-comunidade, além da promoção do desenvolvimento econômico no entorno. Nenhum desses pontos apresenta custos adicionais relevantes para a construtora, que, por sua vez, deve buscar cumprir seu papel de responsabilidade social.

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ANÁLISE PARA A CATEGORIA OURO

Na categoria Ouro, os empreendimentos foram avaliados como mostra a Ta-bela 6. Os empreendimentos A e B atenderam a dois dos seis critérios adicionais dessa categoria, totalizando o atendimento de 14 dos 31 critérios (45%) necessários para alcançar a certificação Ouro.

Os critérios atendidos foram iluminação natural de áreas comuns e ventila-ção e iluminação natural de banheiros. Os critérios não atendidos necessitam de ações mais específicas, que implicam alterações no projeto, e a um custo maior, como o sistema de aquecimento solar de água.

O custo adicional no orçamento representado pelos critérios da categoria Ouro inclui os custos dos itens das categorias Bronze e Prata) é apresentado na Tabela 7. Para essa categoria, estimou-se um acréscimo total de 7,23% para o empreendimento A e de 3,64% para o empreendimento B, destacando-se que o sistema de aquecimento solar exerce impacto significativo nesse custo. A inserção de bicicletários, sistema de aquecimento solar de água, arejadores e reguladores de vazão representa um acréscimo maior ao orçamento da obra, o que faz com que, normalmente, essas soluções não sejam sequer considera-das, especialmente para HIS, apesar dos benefícios que promovem. A seguir, são apresentadas considerações sobre essas soluções:

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Tabela 6 – Atendimento dos critérios Ouro

Critérios IndicadorAtende?

A B

Solução alternativa de transporte

Existência de bicicletários, ciclovias ou transporte coletivo privativo do condomínio. NÃO NÃO

Iluminação natural de áreas comuns

Existência de abertura voltada para o exterior da edificação com área mínima de 12,5% da área de piso do ambiente.

SIM SIM

Ventilação e iluminação natural de banheiros

Existência de janela voltada para o exterior da edificação com área mínima de 12,5% da área do ambiente.

SIM SIM

Sistema de aquecimento solar

Existência de sistema de aquecimento solar de água com coletores selo Ence/Procel Nível A ou B, fração solar entre 60% e 80%, aquecimento auxiliar com reservatório dotado de resistência elétrica, termostato e timer, ou chuveiro elétrico ou aquecedor a gás, projetado e operado em série com o sistema solar, com equipamentos fornecidos por empresa certificada pelo Qualisol6.

NÃO NÃO

Dispositivos economizadores – Arejadores

Existência de torneiras com arejadores nos lavatórios e nas pias de cozinha das unidades habitacionais e áreas comuns.

NÃO NÃO

Dispositivos economizadores – Registro regulador de vazão

Existência de registro regulador de vazão em pontos de utilização do empreendimento, como chuveiro e torneiras de lavatório e de pia.

NÃO NÃO

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Tabela 7 – Soluções e variações no orçamento: categoria Ouro

Critérios Soluções

Variação no orçamento

A B

Solução alternativa de transporte

Instalação de bicicletários 0,48% 0,18%

Sistema de aquecimento solarInstalação de placas solares para aquecimento de água 5,31% 2,01%

Dispositivos economizadores – Arejadores

Instalação de arejadores em todas as torneiras 0,02% 0,01%

Dispositivos economizadores – Registro regulador de vazão

Instalação de regulador de vazão 0,09% 0,03%

VARIAÇÃO DE CUSTOS EM RELAÇÃO AO CUSTO DA OBRA 7,23% 3,64%

Solução alternativa de transporte: um uso maior da bicicleta como meio de transporte depende da existência de infraestrutura urbana. Por isso, a instalação de bicicletários no condomínio incentivaria o uso desse meio de transporte, que é mais econômico e promove benefícios tanto para a saúde do indivíduo como para o meio ambiente. Para o atendimento desse critério, foi orçada a inserção de bicicletários nos dois empreendimentos, contendo vagas para bicicletas sufi-cientes para 50% da população média do empreendimento (quatro pessoas por unidade habitacional).

Sistema de aquecimento solar: o emprego de energia solar para aquecimen-to de água nas habitações constitui uma das alternativas mais viáveis, ambien-tal e economicamente, para o emprego de energias renováveis nas edificações (John & Prado, 2010). Para o atendimento desse critério, foi orçada a instalação desse tipo de sistema, de acordo com as especificações do critério, para cada unidade habitacional dos dois empreendimentos.

Dispositivos economizadores – Arejadores: a instalação de arejadores de água contribui para a redução do consumo de água em cerca de 60% e a con-sequente redução do volume de esgotos a serem coletados e tratados (John & Prado, 2010). Foi orçada a instalação de arejadores nas torneiras de banheiros e

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cozinhas do empreendimento B e apenas nos banheiros do empreendimento A, onde já existiam nas pias da cozinha.

Dispositivos economizadores – Registro regulador de vazão: a instalação de registros reguladores de vazão, assim como dos arejadores nas torneiras, contri-bui para a redução do consumo de água e a consequente redução do volume de esgotos a serem coletados e tratados. Foi orçada a instalação de arejadores nas torneiras dos chuveiros dos empreendimentos A e B, visto que esta era a única saída de água que não contava com nenhuma medida para redução do consumo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi constatado que para o empreendimento A atingir a certifi-cação Bronze seria necessário um aumento de 1,33% do custo total da obra; para alcançar a categoria Prata, não seria necessário custo adicional, além do custo de 1,33% da categoria Bronze, e para ser certificado na categoria Ouro, seria necessário o custo adicional total de 7,23%, sendo 1,33% relativo aos custos para alcancar as categorias Bronze e Prata. De modo similar, para o empreendimento B alcançar a classificação Bronze seria necessário um aumento de 1,41%; para alcançar a classificação Prata, não há necessidade de custo adicional; e para a categoria Ouro existe a necessidade de custo adicional total de 3,64%, sendo 1,41% relativo às categorias Bronze e Prata e 2,23% relativos à categoria Ouro.

No processo de construção, financiamento e compra de empreendimentos no PMCMV estão envolvidas muitas partes interessadas. Na realidade atual, difi-cilmente alguma dessas partes teria condições de arcar sozinha com o aumento de custo proposto para o projeto. Assim, propõe-se um conjunto de ações que possibilitem a incorporação desses custos em todas as partes.

Para a Caixa Econômica Federal, enquanto financiadora dos mutuários, não haveria prejuízo. Para os empreendimentos de 0 a 3 salários-mínimos, é estipulado

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um valor máximo a ser repassado pela Caixa às construtoras, as quais devem en-caixar o empreendimento nesse valor. Caso a margem adotada pelas construto-ras não seja suficiente para englobar os 7,23% a mais de custos envolvidos para atingir a certificação Ouro, propõe-se que, como forma de incentivo, a Caixa per-mita um teto mais alto para empreendimentos com a certificação ambiental Selo Casa Azul da Caixa com os recursos do Fundo Socioambiental Caixa (FSA CAIXA). O FSA CAIXA busca apoiar financeiramente projetos e investimentos de caráter social e ambiental, consolidando e ampliando a atuação da Caixa no incentivo ao desenvolvimento sustentável, composto por recursos correspondentes a até 2% do lucro da empresa (Caixa Econômica Federal, 2013).

Nos empreendimentos de 3 a 10 salários-mínimos, o financiamento da Cai-xa é diretamente destinado ao mutuário final. Para o incentivo à compra do em-preendimento certificado, poderia haver, por parte da Caixa, o aumento do subsí-dio fornecido ao consumidor.

Por parte da construtora, seria necessária a inserção de características susten-táveis no planejamento e na concepção do projeto. Na vertente econômica, o custo sobressalente não implicaria prejuízo nem nos empreendimentos de 0 a 3 salários-mí-nimos nem naqueles de 3 a 10 salários-mínimos. Para as construtoras é interessante a obtenção de um diferencial competitivo como uma certificação ambiental, visto que as margens de lucro não são tão grandes e o mercado é competitivo.

O aumento de custo para que sejam atingidas as categorias Bronze, Prata e Ouro nos empreendimentos de 3 a 10 salários-mínimos, como o empreendimento B, seria repassado inteiramente ao mutuário final. Os benefícios provenientes das soluções apresentadas para cada critério são inúmeros tanto para o meio ambien-te como para a sociedade; no entanto, o principal privilegiado é o usuário final. Maior qualidade de vida e maiores conforto térmico e acústico são alguns desses benefícios, porém o mais evidente deles se reflete na economia mensal alcançada.

As cinco principais despesas do morador são, em geral: luz, água, condomí-nio, parcela de pagamento do empreendimento adquirido e IPTU. O usuário final teria condições de arcar com esse aumento, pois, de acordo com as análises realizadas, o aumento de 3,64% na categoria Ouro pode levar, em contrapartida, a uma redução de 52% nas contas de luz e de 81% nas de água. Essas estimativas

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de consumo inicial foram feitas com base no consumo das famílias com quatro moradores por unidade habitacional e de acordo com as tabelas de consumo dos equipamentos domésticos, fornecidas pelo Procel, e dos aparelhos hidráulicos, pela Sabesp. Além disso, foram feitas simulações com base nos dados dos fabri-cantes dos aparelhos orçados em relação à redução de consumo.

Além das reduções analisadas de luz e água, em alguns municípios, como São Carlos (SP) e Curitiba (PR), já se encontra em vigor o “IPTU Verde”, que con-cede descontos, proporcionais às medidas adotadas, às residências que implan-tam medidas sustentáveis, o que pode representar mais uma economia para o consumidor que adere a essas soluções.

O estudo apresentou limitações. Para a obtenção de resultados mais repre-sentativos, seria interessante um maior número de estudos de caso, assim como o acompanhamento do ciclo de vida do empreendimento, para mensuração mais precisa da economia gerada pelas soluções implantadas.

Assim, a partir dos resultados apresentados é possível perceber que, apesar do pensamento estereotipado existente, é de fato economicamente viável aderir a soluções mais sustentáveis. Infelizmente, ainda é mais caro investir em susten-tabilidade, especialmente nas habitações de interesse social. Entretanto, com maior incentivo inicial de todas as partes envolvidas no processo (poder público, órgão financiador, construtoras e sociedade), a economia gerada certamente compensará em todos os aspectos concernentes ao tripé que suporta o conceito de sustentabilidade: social, ambiental e econômico.

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