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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE CORONEL FABRICIANO-MG YOLANDA VALLI SIMAN CARATINGA Minas Gerais – Brasil Maio de 2006

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Page 1: ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E …saÚde e qualidade de vida dos professores das escolas estaduais de coronel fabriciano-mg yolanda valli siman caratinga minas gerais

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE CORONEL FABRICIANO-MG

YOLANDA VALLI SIMAN

CARATINGA

Minas Gerais – Brasil Maio de 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE CORONEL FABRICIANO-MG

YOLANDA VALLI SIMAN

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

CARATINGA Minas Gerais – Brasil

Maio de 2006

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YOLANDA VALLI SIMAN

ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE CORONEL FABRICIANO-MG

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

APROVADA: 12 de maio de 2006 ______________________________ _____________________________ Prof. DSc. Marcus Vinícius de Mello Pinto Prof. DSc. José de Fátima Juvencio

____________________________ ________________________________ Prof. DSc. Luciano José Minette Prof. DSc. Marcos Alves de Magalhães (Orientador)

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Não temas o progresso lento, receie apenas ficar parado. Sabedoria chinesa

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AGRADECIMENTOS

A DEUS por me provar que sempre vale a pena ser incansável diante dos meus objetivos e por me dar a força necessária para atingi-los. Ao professor Luciano José Minette por ter me proporcionado oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Ao professor Marcos Alves de Magalhães pelo carinho e cuidado prestados ao meu trabalho e pela orientação. Ao meu marido pela compreensão, paciência e apoio incondicional. À minha família pelo conforto nas horas de desânimo. À minha amiga Márcia e sua família por me acolherem em sua casa. A todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão deste trabalho, meu sincero obrigado!

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BIOGRAFIA

Yolanda Valli Siman, filha de José Núbio Drummond Siman e Lúcia

Maria Valli Siman, nasceu no dia 08 de julho de 1978, em Coronel Fabriciano,

Minas Gerais.

Estudou na Universidade Católica de Petrópolis onde graduou-se no ano

de 1999 em Fisioterapia.

Em julho de 2001 conclui o Programa de Pós-graduação Latu Sensu em

Educação Médica na Universidade Médica de La Habana, República de Cuba.

Em janeiro de 2004 concluiu o Programa de Mestrado em Educação

Médica pela Escuela de Salud Pública - República de Cuba.

Em dezembro de 2004 conclui o Programa de Pós-graduação Latu

Sensu em Recursos Terapêuticos Manuais através da Reestruturação Postural

Sensoperceptiva pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Em 2004 iniciou o Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e

Sustentabilidade, no Centro Universitário de Caratinga-UNEC.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características gerais dos professores............................... 20

Tabela 2: Características ocupacionais dos professores................... 22

Tabela 3: Percepção dos professores quanto à autonomia, eficácia, adaptação ao trabalho e na pressão da sociedade........... 24

Tabela 4: Percepção dos professores quanto a dificuldades e cansaço na execução de suas funções ............................. 26

Tabela 5: Percepção dos professores quanto a influência das atividades escolares nas relações familiares, escolha da função e capacitação profissional....................................... 28

Tabela 6: Percepção dos professores aos equipamentos essenciais, intervalo entre as aulas e tempo para o preenchimento de documentos......................................... 30

Tabela 7: Percepção dos professores quanto aos projetos político-pedagógicos, intercâmbio profissional, planejamento e controle das práticas educacionais.................................... 31

Tabela 8: Percepção dos professores quanto a desvalorização econômica e social da categoria e desconforto e/ou nível de insatisfação................................................................... 33

Tabela 9: Percepção do professor quanto ao ambiente de trabalho.. 34

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Tabela 10: Percepção do professor quanto a higiene e segurança do trabalho............................................................................... 35

Tabela 11: Percepção do professor com relação à sindicalização....... 37

Tabela 12: Fontes de renda e faixas salariais dos professores............ 39

Tabela 13: Percepção dos professores em relação às patologias e/ou sintomas...................................................................... 41

Tabela 14: Percepção dos professores quanto aos problemas de saúde relacionados ao trabalho.......................................... 43

Tabela 15: Percepção dos professores quanto a sensação de dor e/ou desconforto nos membros superiores, nos últimos meses................................................................................. 44

Tabela 16: Percepção dos professores em relação à dor e/ou desconforto na coluna vertebral e membro inferiores, nos Últimos 12 meses...............................................................

45

Tabela 17: Percepção dos professores quanto ao cansaço, depressão e problemas de voz........................................... 46

Tabela 18: Percepção dos professores quanto a atividades recreativas.......................................................................... 47

Tabela 19: Perfil dos professores relacionado à personalidade........... 49

Tabela 20: Percepção dos professores quanto a qualidade de vida nos quatro domínios........................................................... 51

Tabela 21: Percepção dos professores quanto a qualidade de vida e satisfação com a saúde...................................................... 55

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RESUMO

SIMAN, YOLANDA VALLI. M.Sc., Centro Universitário de Caratinga, maio de 2006. Análise da organização do trabalho, saúde e qualidade de vida dos professores das escolas estaduais de Coronel Fabriciano-MG. Professor Orientador: Marcos Alves de Magalhães. Co-orientador: Mirian de Abreu Albuquerque.

Neste estudo foi desenvolvida uma análise que levou à compreensão da

relação entre a organização do trabalho, saúde e qualidade de vida dos

docentes de quatro escolas estaduais do ensino fundamental e médio

localizadas no município de Coronel Fabriciano. A atenção esteve focada nos

fatores que contribuem para a “sobrecarga de trabalho”, e nas inter-relações

destes com os problemas de saúde e qualidade de vida de acordo com as

percepções relatadas pelos professores. Para a coleta de dados foram

utilizados dois questionários, sendo um para levantamento da organização do

trabalho e saúde e o outro relacionado à qualidade de vida (WHOQOL-bref).

Diante do quadro atual constatou-se que: os professores acabam por assumir

jornadas longas de trabalho, enfrentando dificuldades determinadas por

deficiências materiais; desvalorização social e econômica; políticas

educacionais impostas; sem que os professores, muitas vezes, participem das

discussões; excesso de alunos na turma, dentre outros fatores. A diversidade

dos problemas enfrentados no trabalho afetam o desempenho profissional, a

saúde física e mental destes profissionais e contribuem para a depreciação da

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percepção de qualidade de vida nos diversos domínios avaliados: físico,

psicológico, relações sociais e meio ambiente.

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ABSTRACT

SIMAN, YOLANDA VALLI. M.Sc., University Center of Caratinga, May, 2006. Analyze of the organization of the work, health and quality of the teachers’ life of public schools in Coronel Fabriciano - MG. Adviser: Marcos Alves de Magalhães. Comittee Member: Mírian de Abreu Albuquerque. In this study was developed an analysis that leaded to the relationship

understanding among the organization of the work, health and quality of the

teachers' life the four public high schools locate in Coronel Fabriciano city. The

attention was focused in factors that contribute to the work overload, and on the

interrelation of these factors with the problems of health and perception of life

quality reported by the teachers. For the data collect went utilize two

questionnaires, one to collection of data about organization of the work and

health, and another one related to the quality of life (WHOQOL-bref). Front of

present situation, it was verified that the teachers assume a hard work

schedule, facing certain difficulties for deficient material condition, social and

economical depreciation, imposed educational politics, without that the teachers

participate on discussion, a large number of students in the classrooms, among

other factors. The diversity of the problems found in the work affect the

professional acting, physical and mental health these professionals. Besides,

they contribute to the depreciation of the perception of life quality in several

domains evaluate: physique, psychological, social connections and

environment.

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CONTEÚDO

Página

LISTA DE TABELAS................................................................................ vi

RESUMO .................................................................................................viii

ABSTRACT.................................................................................................x

INTRODUÇÃO............................................................................................1

REVISÃO DE LITERATURA.............................................................. ........3

2.1- Organização do trabalho .....................................................................3

2.2- Saúde do professor..............................................................................7

2.3- Qualidade de vida .............................................................................11

OBJETIVOS..............................................................................................14

MATERIAL E MÉTODO ...........................................................................15

4.1. Região de estudo...............................................................................15

4.2. População e amostragem ..................................................................15

4.3. Coleta de Dados.................................................................................16

4.3.1- Organização do trabalho .........................................................16

4.3.2- Saúde ......................................................................................17

4.3.3- Qualidade de Vida ...................................................................17

4.3.3.1- Interpretação WHOQOL ............................................18

RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................19

5.1. Organização do trabalho....................................................................19

5.2. Saúde do professor ...........................................................................41

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5.3.Qualidade de vida dos docentes .........................................................51

5.3.1- Domínio Físico ..........................................................................51

5.3.2- Domínio Psicológico .................................................................52

5.3.3- Domínio das Relações Sociais .................................................53

5.3.4- Domínio do Meio Ambiente ......................................................54

CONCLUSÃO............................................................................................56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................59

ANEXOS ...................................................................................................65

Anexo 1. Consentimento livre e esclarecido ............................................65

Anexo 2. Questionário sobre Organização do trabalho e saúde ..............67

Anexo 3. Questionário de avaliação sobre qualidade de vida .................72

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INTRODUÇÃO

Na sociedade contemporânea o quadro da educação no Brasil aponta

para a existência de um número insuficiente de escolas, professores e demais

trabalhadores de educação, em paralelo ao aumento do número de alunos

matriculados, ausência de equipamentos coletivos essenciais ou falta de

manutenção dos existentes; insuficiência de infra-estrutura e de recursos

materiais.

Na última década, o trabalho docente tornou-se tema de vários estudos e

de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de

pesquisadores organizados para esse fim. Cury (2003) cita que na Espanha

80% dos professores estão estressados, na Inglaterra o governo está tendo

dificuldade de formar professores, principalmente de ensino fundamental e

médio, porque poucos querem esta profissão. Já no Brasil, o mesmo autor

afirma que 92% dos professores está com três ou mais sintomas de estresse e

41% com dez ou mais. A forma na qual a educação está sendo construída tem

provocado o adoecimento dos professores, afetando a qualidade de vida e

como conseqüência afeta o rendimento no trabalho; não apenas em função de

fatores como baixos salários, razão pela qual a dignidade dos professores

precisa ser resgatada dentro da organização do trabalho.

Surge nesse cenário um conjunto de efeitos adversos que tem como

desdobramento um número elevado de professores abandonando a profissão,

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em muitos casos desestabilização da condição psicossomática do professor,

gerando doenças.

Dentro deste contexto, o interesse pela análise da organização do

trabalho, da saúde e da qualidade de vida surgiu pela necessidade de

conhecer e compreender as conseqüências dos problemas vivenciados pelos

professores e entender como esses fatores repercutem na percepção dos

professores em relação à qualidade de suas vidas.

A organização do trabalho na escola está associada à variabilidade das

atividades determinada pela gestão, política educacional, composição e

tamanho das turmas, pela infra-estrutura material. Estes aspectos são

fundamentais, pois, geram conseqüências tanto na saúde quanto no

desempenho profissional.

O Grupo de trabalho sobre “Qualidade de Vida” da Divisão de Saúde

Mental da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) definiu qualidade de

vida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações".

Na literatura são escassos os resultados de pesquisas que associam

organização do trabalho, saúde e qualidade de vida de professores que

permitam inferir de modo consistente na interação entre eles. A relevância

deste estudo baseia-se na constatação de que os problemas relacionados à

organização do trabalho de professores devem ser identificados e analisados;

para que se possa compreender de que forma estes estão relacionados com o

perfil da saúde dos professores e com a percepção de qualidade de vida

expressada por estes profissionais.

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REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Organização do trabalho

As profundas transformações no mundo do trabalho têm sido marcadas

por uma deterioração crescente da qualidade de vida nos diversos âmbitos do

trabalho humano (Heckert et al., 2001).

Estas transformações refletem na reestruturação e reforma dos sistemas

educativos afetando o quadro docente, o trabalho que desempenham, as

relações profissionais e sociais e as interações pessoais que estabelecem.

A atual crise no sistema educativo tem produzido novos desafios para o

magistério, face à rapidez das novas demandas sociais. Os profissionais da

educação, em particular os professores, como aponta Esteve (1999), têm

sofrido tanto uma exigência de posturas requeridas pela sociedade, como

problemas relativos aos recursos materiais e humanos. Modificações no

contexto social das últimas décadas alteraram significativamente o perfil do

professor e as exigências pessoais e do meio em relação à eficácia de sua

atividade. Estas mudanças no contexto social e econômico mundial nas últimas

décadas tem tido impacto direto na escola. Têm produzido efeitos perversos na

vida dos professores, que se vêem pressionados pela sociedade a cumprir um

papel que não corresponde à realidade.

Como apontam Heckert et al. (2001), as novas estratégias políticas

utilizadas no nosso país têm se constituído como instrumento de maior controle

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e regulação das práticas educacionais, expressando-se na redução da

autonomia dos profissionais da educação em formularem propostas e

estratégias de trabalho.

É exigido destes profissionais que ofereçam qualidade de ensino, dentro

de um sistema de massa, ainda baseado na competitividade e produtividade;

entretanto, os recursos materiais e humanos são cada vez mais precarizados,

tem baixos salários, há um aumento das funções dos professores contribuindo

para o esgotamento e para a contradição quanto à formação que é oferecida.

( Esteve, 1999; Barros, 2000).

Gomes (2002), em um trabalho sobre a dinâmica da relação

trabalho/saúde dos docentes do ensino médio, da rede pública estadual do Rio

de Janeiro, revela um quadro onde os professores assumem empregos em

várias escolas por conta dos baixos salários, gerando uma sobrecarga que os

impede de refletir sobre a nocividade dos ambientes, apesar de sentirem que a

pressão e a opressão culminam num processo de adoecimento. A escola

estudada refletiu o processo de precarização da rede pública de ensino,

apresentando quantidade insuficiente de trabalhadores de educação; ausência

de equipamentos coletivos essenciais ou falta de manutenção dos existentes;

insuficiência de infra-estrutura e de recursos materiais. Os professores têm de

lidar com situações adversas ligadas, por exemplo, aos recursos materiais, que

vão desde a falta de conservação das instalações escolares; à falta ou

péssimas condições de materiais como: cadeiras, carteiras, livros, materiais

didáticos; a falta de água, até a falta de folhas de papel, giz e apagador.

De acordo com Gomes (2002) e Neves & Athayde (1998) entre outros

aspectos levantados pelos trabalhadores, chamados de fatores de sobrecarga,

destacaram-se:

• O tempo gasto com o preenchimento de relatórios, o aumento de

horas de aula e conseqüentemente a falta de intervalo entre as

aulas;

• As adaptações aos projetos políticos pedagógicos e as mudanças

repentinas dos mesmos, que configura a diferença entre trabalho

prescrito e trabalho real;

• A distância que o profissional precisa percorrer até o local do

trabalho;

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• O ambiente em que está inserida a escola, muitas vezes

apresenta-se como área de risco, onde há registros de professores

agredidos;

• O alto índice de alcoolismo entre os trabalhadores de educação;

dificuldades de acompanhar a rapidez das inovações tecnológicas,

como o computador, temendo até mesmo a substituição do

professor por esta tecnologia.

• Desvalorização social e econômica do papel do professor;

• As cobranças da sociedade;

• As várias jornadas de trabalho assumidas;

• A falta de infra-estrutura das escolas;

• A contaminação das relações familiares pela invasão das

atividades escolares no espaço domiciliar;

• Inexistência de espaços de intercâmbio profissional e de

planejamento das atividades docentes;

• As relações hierárquicas;

• O número excessivo de alunos por turma;

Esteve (1999), observou que estudos realizados sobre o trabalho de

docentes em diversos países apontam para fatores como a intensificação da

carga de trabalho, com o aumento de responsabilidades e exigências,

coincidindo com um processo histórico de uma rápida transformação do

contexto social, que tem se traduzido em uma modificação do papel do

professor, implicando em fonte importante de mal-estar para muitos deles, uma

vez que não têm sabido ou, simplesmente não têm aceitado, acomodar-se às

novas exigências.

Segundo Gomes (2002), a margem de manobra que o professor possui

diante do quadro atual do sistema educacional está cada vez mais reduzida em

função do excesso de atividades, do tempo despendido com o trabalho que

extrapola os limites da escola, do cansaço físico e mental acumulados e dos

deslocamentos, conseqüentemente há um aumento da carga de trabalho.

No ensino, tem-se que analisar a diferença entre o trabalho prescrito e o

trabalho real. O trabalho prescrito é designado pela organização do trabalho,

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com suas normas e regras. E o trabalho real é aquele que de fato acontece. A

prescrição do trabalho não consegue dar conta da série infinita de variáveis ao

qual o trabalho está submetido. O trabalho prescrito corresponde a este

conceito teórico do trabalho e dos meios de trabalho, é a maneira como o

trabalho deve ser executado: o modo de utilizar as ferramentas e as máquinas,

o tempo concedido para cada operação, os modos operatórios e as regras a

respeitar. Porém o trabalho que é executado pelo trabalhador, ou seja, o

trabalho real nunca corresponde a este trabalho prescrito.

Segundo Daniellou et al. (1999), o trabalho teórico corresponde à forma

como é compreendido por aqueles que o concebem. Onde se busca determinar

os meios de trabalho, a tarefa, o espaço, o tempo, o modo operatório e até

mesmo o pessoal, que teoricamente estaria relacionado com as aptidões

requeridas pelas exigências teóricas do posto de trabalho.

A tarefa designada e avaliada pela direção, comissão escolar, governo e

pais é acadêmica e implica que os professores simplesmente ministrem aulas

durante um certo número de horas, avaliem e dêem notas. Entretanto, para

cumprir este objetivo, os professores gastam muitas horas para preparar,

adaptar o material didático, criar um ambiente limpo e agradável, fazer um

esforço físico e emocional para atender as necessidades físicas e emocionais

dos alunos (Messing et al., 1999).

Segundo Martínez et al. (1997), oficialmente o que têm sido contado para

os professores são as horas em sala de aula ou executando alguma tarefa

específica, não é contado todo o tempo de preparação das aulas e dos

materiais didáticos construídos, nem o trabalho coletivo na escola entre os

docentes de um mesmo turno, tão pouco o tempo gasto com as modificações

da organização escolar necessariamente consensuadas. Para o critério oficial

isto se realiza fora do horário escolar ou jornada de trabalho. É como se

quando as professoras não estivessem com os alunos, não estivessem

trabalhando.

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2.2 Saúde do professor

Segundo Gomes (2002) poucas das condições laborais vivenciadas pelos

professores representam risco para sua saúde se analisadas isoladamente. O

ruído não supera os níveis permitidos na indústria, a temperatura está longe da

de uma fundição, as cargas que movem não são extenuantes. Para

compreender os transtornos de saúde dos professores, devemos considerar o

contexto global.

Esteve (1999) enumera uma graduação das conseqüências surgidas a

partir da sobrecarga de trabalho às quais os professores estão submetidos:

1. Sentimentos de desconcerto e insatisfação ante aos problemas reais

da prática da educação, contradição com a imagem ideal que os professores

queriam realizar;

2. Desenvolvimento de esquemas de inibição, como forma de cortar a

implicação pessoal com o trabalho que se realiza;

3. Pedido de transferência como forma de fugir de situações conflitivas;

4. Desejo manifestado de abandonar a docência (realizado ou não);

5. Absenteísmo como mecanismo para cortar a tensão acumulada;

6. Esgotamento, cansaço físico permanente;

7. Ansiedade como risco ou ansiedade de expectativa;

8. Estresse;

9. Depreciação de si, auto-culpabilização ante a incapacidade para

melhorar a educação;

10. Ansiedade como estado permanente, associado como causa-efeito a

diversos diagnósticos de enfermidade mental;

11. Neurose reativa;

12. Depressões.

Kaplan et al. (1997), considera que a ansiedade é o sintoma mais comum

de estresse. Estressores ocupacionais acarretam prejuízos à saúde dos

funcionários e da própria empresa, dificultando os relacionamentos

interpessoais, reduzindo a capacidade de atenção e concentração, causando

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lapsos de memória, aumento do absenteísmo, acidentes de trabalho, e

diminuição da qualidade dos serviços e a produtividade geral (França, 1997).

Na correria de escola para escola, de uma sala de aula para a outra,

transitando de um conteúdo a outro, de casa para escola e da escola para a

casa, em cadências marcadas pelos relógios, horários e calendários; movidos

pela necessidade e sentimento de que é preciso aproveitar o tempo e

compatibilizar as tarefas profissionais com suas responsabilidades de mães, de

pais, de cidadãos, de consumidor, os ritmos do tempo do trabalho dos

professores são muito particulares, conformando hábitos, estilos de vida e

modos de ser, constitutivos de suas identidades (Teixeira, 1999).

Nos tempos escolares, os professores compartilham tempos e vivencias.

Constroem formas próprias de ver, sentir, pensar, de estar na escola, na

família, na cidade, onde for. É uma experiência singular que engendra modos

de ser e de habitar o mundo, identidades sociais e história (Teixeira, 1999).

Segundo Souza (2001) os padrões de comportamento podem modificar-

se em função da vontade pessoal, do treinamento, da idade. Além disso, o

ambiente pode reforçar ou atender às características comportamentais.

O estado em que se encontra o trabalho na escola, e em particular, o

trabalho dos professores tem chamado a atenção devido ao aumento de

adoecimento e afastamento desses profissionais. Isto não é uma peculiaridade

do sistema educacional brasileiro, como aponta Esteve (1999), trata-se de um

fenômeno internacional que alcança o conjunto de países de nosso contexto

cultural. Segundo ele, os primeiros indicadores desse mal-estar começaram a

se tornar evidentes no início da década de 80 nos países mais desenvolvidos.

O sofrimento é real, não é falso, nem teatral, simplesmente veio à tona um

mundo de sofrimentos e perdas.

Entrevistas realizadas em "Santé Québec" por Carpentier-Roy (1991), as

docentes têm graves problemas de saúde. Muitas docentes de menos de 29

anos se distinguem por ter uma boa saúde mental, as que têm entre 45 e 64

anos se encontram no grupo que tem maiores transtornos mentais. Alguns

psicólogos têm se interessado recentemente com o mundo do ensino para dar

resposta aos numerosos casos de estresse que se encontram neste meio.

Segundo Carpentier-Roy (1991) a situação das docentes do ensino

fundamental parece ocasionar um sofrimento particular.

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Diante de um novo modelo de organização do trabalho, as implicações do

trabalho na saúde dos professores configuram um novo quadro de danos à

saúde que se revela em um maior sofrimento psíquico.

De acordo com Neves (1999) a falta de reconhecimento social constitui-se

em fio condutor para o entendimento da maneira pela qual os professores se

localizam social e profissionalmente, bem como se relacionam com sua saúde

mental. As dificuldades atravessadas no sistema educacional têm contribuído

para o julgamento negativo por parte da sociedade e dos pais de alunos em

particular, pelo fracasso da escola pública. Essa realidade incomoda

profundamente os professores que se ressentem coletivamente, pois, apesar

do esforço e de trabalharem com todas as adversidades, não tem os seus

trabalhos reconhecidos e valorizados.

A investigação desenvolvida por Codo (1999), específica sobre saúde

mental dos professores no Brasil, indicou que 26% da amostra apresentava

exaustão emocional, sendo a desvalorização profissional, a baixa auto-estima e

a ausência de resultados percebidos no trabalho, os principais fatores para a

configuração deste quadro. Os resultados apresentam como aspecto

fundamental do processo de sofrimento dos professores, a perda crescente do

controle no seu desempenho no trabalho e a progressiva desmotivação para

ensinar.

Os estudos sobre saúde física das docentes são mais escassos, porém,

segundo Carpentier-Roy (1991), os professores têm uma porcentagem de

enfermidades osteoarticulares mais elevado que na média das profissões

liberais (mulheres ou homens) de sua idade. As docentes têm taxas muito altas

de alergias e transtornos cardíacos e a taxa mais elevada de transtornos

cutâneos (incluídas as alergias) de todos os grupos de trabalhadores. Segundo

a entrevista realizada, os docentes têm mais acidentes laborais do que os

referidos nas notificações de acidente de trabalho. Segundo a analista, esta

situação pode dever-se a dificuldade que se tem para fazer reconhecer o nexo

entre a lesão e a tarefa.

O aumento da carga de trabalho traduziu-se em custos à saúde como:

mal-estar geral, falta de ar, pressão baixa, tonturas, cansaço, labirintite,

esgotamento físico e mental, problemas nas cordas vocais, problemas

respiratórios, alergias, rinite, perturbações do sono (insônia e sono que não é

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reparador), perturbações de caráter digestivo, formas de alimentação

inadequadas (podendo implicar a médio e em longo prazo em deficiências

nutritivas), estresse, aumento nos níveis de ansiedade, frustração, angústia,

depressão e irritabilidade. Tudo isso fica potencializado no fim do ano letivo.

(Gomes, 2002).

De acordo com Pereira (2001), um dos principais aspectos ligados à

atividade humana é a fadiga, que pode ser entendida como a diminuição

reversível da capacidade funcional de um órgão ou sistema a partir do seu uso

acima de certos limites.

Os resultados encontrados por várias pesquisas confirmam as questões

referentes aos efeitos dos "novos" modos de gestão dos sistemas públicos de

educação sobre a saúde dos trabalhadores. Evidenciam despotencialização,

paralisia, queixas, culpabilizações e, principalmente, dificuldades de produzir

análises que os desloquem desse lugar enfraquecido de onde não se

percebem como produtores desse processo e, portanto, impotentes para alterar

os rumos que a educação tem tomado nos últimos anos (Heckert et al., 2001).

Condições organizacionais desfavoráveis, sobrecarga contínua de

estruturas anatômicas, falta de tempo para se recuperar do trabalho,

constituem fatores favorecedores para o surgimento de várias patologias em

professores. Todos esses fatores, mensuráveis ou não, interatuam com a

diversidade de características individuais, sociais, e culturais dos professores e

influenciarão na percepção da qualidade de vida expressada por eles. Esta

realidade reclama uma análise da organização do trabalho e da saúde dos

professores em busca da elevação da qualidade de vida a partir da intervenção

nas condições de trabalho, idéia central do estudo que se defende.

Como professores e alunos todos nós sabemos que nossas vidas dentro

e fora da escola estão tão fortemente entrelaçadas que é inútil tratarmos da

qualidade do trabalho e da saúde sem levar em consideração questões de

qualidade de vida.

10

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2.3 Qualidade de vida

Nas últimas décadas do século 20 houve um profundo interesse no

construto “Qualidade de Vida”, que passou a ser estudado em diversas áreas

do conhecimento humano. Definição, metodologia de pesquisa e motivos para

medir a qualidade de vida passaram a ser um tema de interesse de médicos,

psicólogos, filósofos (Doward & Mckenna, 1997).

Araújo (1998) define que qualidade são atributos, características e

propriedades de determinados fenômenos e qualidade de vida enquanto

produto e processo, diz respeito aos atributos e propriedades que qualificam

esta vida no sentido que tem para cada ser humano.

Segundo Nahas (1996), qualidade de vida do ser humano expressa além

da qualidade de sua saúde, suas possibilidades e limitações individuais e

coletivas. Representando o processo de satisfação de suas necessidades

primitivas e culturais.

Fatores que ocasionam a degradação da qualidade de vida do professor,

os quais não são sanados no próprio ambiente de trabalho ou a nível individual,

acarretam sintomas psicológicos, doenças psicossomáticas, cardiovasculares.

Assim como a depressão e o estresse podem ser agravados por fatores

individuais como sedentarismo, consumo de cigarros e bebidas, descuido com

a própria saúde os quais diminuem a produtividade do profissional e

conseqüentemente a qualidade do ensino ministrado por ele. O que torna

relevante a avaliação da qualidade de vida e a sugestão de modificações no

ambiente institucional de ensino (Souza et al., 2001).

Existem vários modelos subjacentes ao conceito de qualidade de vida: O

modelo psicológico baseia-se na idéia de que estar doente é diferente de

sentir-se doente (Schipper, 1996). O modelo teórico de Bech enfatiza o estado

psíquico, o caráter subjetivo e a intenção de tratar (Bech, 1987). No modelo de

utilidade o indivíduo faz uma escolha entre quantidade e qualidade de vida

(Schipper, 1996). O baseado nas necessidades do sujeito implementado por

Hunt & Meckenna (1992) postula que a vida ganha em qualidade de acordo

com a habilidade e capacidade do sujeito em satisfazer as suas necessidades.

O modelo de qualidade de vida relacionada à saúde desenvolvido por Parsons

(1958) considera que a doença só se torna um problema quando ela afeta a

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capacidade de desempenho e a saúde é considerada como o mais valioso

estado de existência.

Apesar da diversidade de modelos conceituais para qualidade de vida, há

poucos dados empíricos que testaram a adequação destes modelos. No

entanto, alguns aspectos são consenso na literatura:

1- É uma medida que varia ao longo do tempo (Schipper, 1996).

2- É uma medida subjetiva que parte da percepção do sujeito (Schipper,

1996).

3- A qualidade de vida deve ser avaliada em vários níveis: desde

questões para avaliar o bem-estar geral do paciente até questões relacionadas

a domínios específicos (Spilker, 1996; Guyatt et al, 1993).

Existem diversos instrumentos publicados na literatura para avaliação da

qualidade de vida. A OMS desenvolveu o WHOQOL- “World Health

Organization Quality of Life Instrument”, instrumento para a avaliação da

qualidade de vida que levasse em consideração as peculiaridades de

diferentes países em diferentes culturas (Organização Mundial de Saúde,

1998).

Este estudo teve como ponto de partida a criação de um conceito

universal para qualidade de vida.

Assim, a OMS (1998) definiu qualidade de vida como: “a percepção do

indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações".

O conceito de qualidade de vida possui uma aplicabilidade extensa tanto

em nível de pesquisa, quanto na clínica. Os profissionais da área de saúde ao

avaliar de forma mais ampla a vida do indivíduo é capaz de escolher

tratamentos mais efetivos, do que se levar em consideração apenas a ausência

ou presença de sintomas.

Na área de pesquisa os instrumentos de avaliação de qualidade de vida

fornecem informações de como algumas doenças impedem o bem-estar do

indivíduo em diversos âmbitos de sua vida e também podem facilitar o

direcionamento de modificações nas políticas de saúde que visem a melhoria

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da qualidade de vida da população. No campo econômico, avaliação da

qualidade de vida auxilia na definição da relação custo/benefício, no impacto

que uma doença pode determinar na capacidade produtiva de um sujeito, além

de avaliar a qualidade dos recursos de saúde disponíveis

(WHOQOL GROUP, 1994).

Considerando que a avaliação da qualidade de vida deve considerar os

diversos âmbitos da vida do indivíduo, os resultados obtidos permitem a

compreensão de como uma infinidade de questões relacionadas à

personalidade, condições de vida, relação interpessoal, trabalho, saúde, lazer

entre outros fatores; podem estar influenciando na percepção da qualidade de

vida de uma determinada população. Este nível de análise está em íntima

relação com o objeto de estudo na medida em que o enfoque está na relação

da qualidade de vida com a organização do trabalho e saúde de professores de

escolas estaduais.

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OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo analisar a organização do trabalho, a

saúde e a qualidade de vida de professores que atuam em quatro escolas

estaduais do ensino médio e fundamental localizadas em Coronel Fabriciano-

MG, visando a melhoria da saúde, do bem-estar, da segurança no trabalho e

conseqüentemente uma melhor qualidade de vida desses profissionais.

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MATERIAL E MÉTODO

4.1 Região de estudo

O estudo foi desenvolvido em quatro escolas estaduais de Coronel

Fabriciano, município localizado na região do Vale do Aço, estado de Minas

Gerais, situado a 202 Km da capital do estado e limitado pelos municípios de

Ferros, Joanésia, Mesquita, Ipatinga, Timóteo e Antônio Dias. As escolas

estaduais Padre José Maria de Man, Geraldo Perlingeiro de Abreu, Professora

Carmen Cota e Professor Pedro Calmon foram selecionadas para o

desenvolvimento da pesquisa, respeitando primeiramente o interesse e

autorização da direção da escola em participar da pesquisa.

4.2 População e amostragem

Os professores foram informados sobre os objetivos da pesquisa sendo

lido o termo de consentimento (Anexo 1) e após a assinatura do mesmo o

questionário foi aplicado aos professores. O universo era composto por 671

professores, segundo informações da Secretaria de Educação do Estado de

Minas Gerais. O questionário foi aplicado inicialmente em uma amostra piloto, a

partir desta amostra foi definida a variância e o desvio padrão. Este dado foi

aplicado na fórmula desenvolvida por Costa Neto (1997), em que:

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N= (t.s/e)2 sendo: “N” o número de pessoas; “t” um coeficiente tabelado

(distribuição de Student); “s” o desvio padrão e “e” precisão estatística

desejada (5% de erro). Por meio desta amostra piloto chegou-se a uma

amostra final total de 120 professores (sendo, selecionados ao acaso, 24 do

sexo masculino e 96 do sexo feminino).

4.3 Coleta de dados

Os questionários referentes à organização do trabalho, saúde e qualidade

de vida foram aplicados aos professores de cada escola participante da

pesquisa no período compreendido entre abril e junho de 2005. O questionário

foi entregue aos professores e as questões respondidas individualmente. Os

professores demoraram em média uma hora e quinze minutos para responder

os questionários.

4.3.1 Organização do trabalho

O questionário foi elaborado com questões abertas e fechadas, no qual

estavam inseridas perguntas relacionadas à organização do trabalho e saúde

(Anexo 2). A validação foi realizada por três juizes, professores doutores, os

quais fizeram acréscimos, decréscimos e modificações para a confecção final

do instrumento. Após esta etapa o mesmo foi aplicado á um grupo de trinta

professores, selecionados aleatoriamente, para atestar se as questões

poderiam ser utilizadas com o propósito da pesquisa. Em relação à

organização do trabalho o questionário foi elaborado com vinte questões

referentes aos dados dos professores, trinta e cinco questões referentes às

características da função, quatro referentes ao ambiente de trabalho, quatro

relacionadas à higiene e segurança do trabalho, onze sobre as fontes de renda,

cinco referentes à sindicalização e três relacionadas à capacitação, totalizando

82 questões.

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4.3.2 Saúde

Os questionamentos referentes à saúde estavam impressos no mesmo

instrumento que continha as questões referentes à organização do trabalho. O

questionário apresentou questões abertas e fechadas, sendo: vinte

relacionadas a aspectos específicos da saúde, quatro referentes a atividades

recreativas e quinze sobre a personalidade, totalizando 39 questões.

4.3.3 Qualidade de vida

Foi aplicado o questionário de avaliação de qualidade de vida elaborado

pela OMS WHOQOL-bref (Anexo 3). Este instrumento foi validado para a

língua portuguesa por Fleck et al. (1999). Essa versão têm 26 questões

abrange quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e ambiente). Há

cinco escalas para a avaliação da intensidade, capacidade, freqüência e

avaliação, variando os scores de zero a quatro (WHOQOL GROUP, 1997).

Os domínios são assim dispostos:

Domínio I - Domínio físico

(Questões: 3, 4, 10, 15, 16, 17, 18)

Facetas:

1. Dor e desconforto

2. Energia e fadiga

3. Sono e repouso

Domínio II - Domínio psicológico

(Questões: 5, 6, 7, 11, 19, 26)

Facetas:

4. Sentimentos positivos

5. Pensar, aprender, memória e concentração

6. Auto-estima

7. Imagem corporal e aparência

8. Sentimentos negativos

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Domínio III – Relações Sociais

(Questões: 20, 21, 22)

Facetas:

9. Relações pessoais

10. Suporte (apoio) social

11. Atividade sexual

Domínio IV- Ambiente

(Questões: 8, 9, 12, 13, 14, 23, 24, 25)

Facetas:

12. Segurança física e proteção

13. Ambiente no lar

14. Recursos financeiros

15. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade

16. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades

17. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer

18. Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)

19. Transporte

Questão 1 e 2 são questões de caráter geral e não são enquadradas em

nenhum domínio razão pela qual foram analisadas isoladamente.

4.3.3.1- Interpretação do WHOQOL- bref

Os resultados obtidos na análise do WHOQOL foram transformados para

uma escala de 0 a 100, a partir do valor absoluto obtido para cada domínio,

foram analisadas as questões que representavam cada domínio e seus

resultados correlacionando com as respectivas facetas do mesmo domínio. Isto

permitiu determinar em que medida as questões influenciaram no resultado

final obtido naquele domínio e conseqüentemente na percepção da qualidade

de vida desta população. Este critério contribuiu para o cumprimento do

objetivo da pesquisa, pois, muitas questões do WHOQOL têm relação também

com a saúde e a organização do trabalho; a análise isolada das mesmas

permitiu reafirmar, comparar, contrapor e complementar resultados obtidos no

questionário sobre a organização do trabalho e saúde.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Organização do trabalho

Existe uma variedade de fatores relacionados à organização do trabalho

que contribuem para a sobrecarga e desmotivação do professor:

desvalorização do seu papel na sociedade; falta de preparo para o trabalho

educacional; insegurança quanto às metodologias e técnicas utilizadas; jornada

de trabalho extensa e dificuldade de se relacionar com os alunos, pais e

colegas.

A compreensão da organização do trabalho dos professores é relevante

para o desenvolvimento de trabalhos relativos a treinamentos, orientações e

interferência no ambiente de trabalho.

A Tabela 1 apresenta dados referentes às características gerais dos

professores estudados.

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TABELA 1: Características gerais dos professores

Características analisadas Percentual Sexo Feminino 80,0 Masculino 20,0 Idade (anos) Entre 20 e 30 15,8 Entre 31 e 40 33,3 Entre 41 e 50 39,2 Entre 51 e 60 10,0 Mais de 60 1,7 Destreza Destro 90,0 Ambidestro 2,5 Canhoto 7,5 Estado civil Casado 57,5 Solteiro 22,5 Viúvo 8,3 Divorciado 7,5 Separado 4,2 Número de filhos Nenhum 35,0 1 12,5 2 32,5 3 16,7 4 2,5 5 0,8 Religião Católica 68,4 Evangélica 19,1 Não responderam 5,0 Não tem religião 4,2 Espírita 2,5 Budista 0,8 Bens materiais Fogão 90,8 Geladeira 85,0 Aparelho de som 80,0 Rádio 79,2 Máquina de lavar 75,8 Casa própria 74,2 Carro 63,3 Moto 18,3 Casa alugada 15,0 Lote 11,7 Sítio 5,9

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A predominância de educadores do gênero feminino 80% é corrobada por

Batista e Codo (1999) que mostram em seu estudo que ainda hoje os

profissionais da educação constituem uma categoria essencialmente feminina,

porém afirma que uma análise mais profunda permite relativizar este dado

quando faz uma divisão nos níveis de ensino em que atuam estes profissionais.

As idades foram divididas em faixas etárias e variaram entre 20 e mais de

60 anos, sendo que a idade prevalecente é a que se localiza na faixa entre 41

e 50 anos, representado 39,17% da amostra. Vieira (2003), apresenta uma

pesquisa realizada em dez Estados do Brasil, em todos os níveis de ensino há

predominância de educadores na faixa etária entre 40 e 50 anos.

A destreza foi outro dado coletado, considerando que os professores

responderam também questões relacionadas à dor e sua localização. As

maiorias dos professores são destras (90%), este dado e outros referentes aos

recursos utilizados pelos professores no trabalho permitiram compreender

porque os índices de dor no membro superior direito foram mais relevantes

(Siman, 2004).

Dos professores entrevistados, 57,5% são casados e 35% não possuem

filhos.

Em relação aos bens materiais os dados mais relevantes foram: 74,2%

dos professores possuem casa própria, 15% moram em casa alugada, 5,9%

são proprietários de um sítio, 63,3% possuem carro, a maioria dos professores

possui bens como geladeira, fogão, máquina de lavar.

Quanto à religião foi constatado que 68,4% são católicos.

A Tabela 2 descreve as características ocupacionais dos professores

pesquisados:

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TABELA 2: Características ocupacionais dos professores

Aspectos analisados Percentual Ano que começaram a lecionar Entre 1961 e 1970 4,2 Entre 1971 e 1980 20,8 Entre 1981 e 1990 25,0 Entre 1991 e 2000 38,3 A partir de 2000 11,7 Tempo que estão lecionando (ano) Menos de 1 2,5 1 2,5 2 3,3 Entre 3 e 5 9,2 Entre 6 e 10 15,9 Entre 11 e 15 23,3 Mais de 15 43,3 Área de atuação Ensino fundamental e médio 34,2 Ensino fundamental 31,7 Ensino médio 23,3 Ensino médio, fundamental e educação de jovens e adultos 5,0 Ensino fundamental e educação de jovens e adultos 4,2 Educação de jovens e adultos 1,6 Disciplina que lecionam Matemática 20,0 Português 18,3 História 16,7 Geografia 12,5 Ciências 11,7 Biologia 7,5 Ed. Física 6,7 Inglês 6,7 Biologia 7,5 Química 5,9 Número de aulas/semanais 1 à 10 5,8 11 à 20 25,8 21 à 30 12,5 31 à 40 31,7 Mais de 40 16,7 Não responderam 7,5 Número de alunos por turma Consideram excessivo 74,2 Consideram suficiente 25,8 Consideram pequeno 0,0 Média de alunos por turma 1 à 20 5,0 21 à 30 5,0 31 à 40 61,7 41 à 50 20,8 Não responderam 7,5

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Em relação ao número de anos exercendo a profissão, 43,3% dos

professores disseram atuar há mais de 15 anos, 23,3% têm entre 11 e 15 anos

de exercício profissional; 45,8% começaram a lecionar entre 1971 e 1990.

Um estudo realizado por Borges et al. (2005) sobre o trabalho e

distúrbios psíquicos em professores da rede municipal de Vitória da Conquista-

BA, refere-se a docentes que trabalham em média há 10,4 anos como

professores. No caso específico dos professores de Coronel Fabriciano, 65,6%

dos entrevistados trabalham há mais de 11 anos.

Em relação à área de atuação, 34,2% dos professores atuam no ensino

fundamental e médio; 31,7% só no ensino fundamental e 23,3% atuam apenas

no ensino médio. Assim como no presente estudo, na investigação

desenvolvida por Borges et al. (2005) a maioria dos professores atuava

também no ensino fundamental 64,7%.

Os professores que participaram deste estudo lecionavam as seguintes

disciplinas: Matemática 20% dos professores, Português, 18,3%; História,

16,7%, Geografia 12,5% e outras 32,5%.

Em relação ao número de aulas lecionadas por semana 31,7% dos

entrevistados ministram entre 31 e 40 aulas/semanais, 25,9% entre 11 e 20

aulas semanais e 16,7% lecionam mais de 40 aulas/semanais. Os resultados

obtidos por Borges et al. (2005) revelam dados similares, em seu estudo, cuja

carga horária média foi de 38,8 horas/semanais.

Em relação ao número de alunos por turma a maioria dos professores

74,2% considera excessivo o número de alunos por turma; 61,7% dos

professores possui entre 31 e 40 alunos por turma, e 20,8% possui entre 41 e

50 alunos por turma, portanto, 82,5% dos professores ministram aulas em

salas com pelo menos 31 alunos.

Um estudo realizado por Gomes (2005), sobre a percepção do estresse

laboral em professores do primeiro ano básico de escolas municipais,

apresentou dados comparáveis aos encontrados no presente estudo; as turmas

eram formadas por uma média de 34,9 alunos. Segundo Martinez et al. (1997),

a Organização Internacional do Trabalho e a Unesco têm recomendado, desde

os anos 80, não superar 25 alunos por turma.

A Tabela 3 apresenta a percepção dos professores quanto a autonomia,

eficácia e adaptação ao trabalho e pressão da sociedade.

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TABELA 3: Percepção dos professores quanto à autonomia, eficácia, adaptação ao trabalho e pressão da sociedade

Aspectos analisados Percentual Autonomia na formulação de propostas e estratégias de trabalho Consideram que o contexto atual reduz a autonomia dos professores 75,8 Consideram que o contexto atual não reduz a autonomia dos professores 22,5 Não responderam 1,7 Alteração das exigências em relação à eficácia do trabalho Consideram que o contexto social influenciou na alteração das exigências 90,8 Não consideram que o contexto social influenciou na alteração das exigências 9,2 Dificuldade para se adaptar ao atual contexto educacional Têm dificuldade para se adaptar ao novo contexto 53,3 Não têm dificuldade para se adaptar ao novo contexto 40,8 Não responderam 5,9 Pressão da sociedade para que cumpram um papel que não corresponde à realidade da educação

Se sentem pressionados pela sociedade 80 Não se sentem pressionados pela sociedade 17,5 Não responderam 2,5

De acordo com a percepção dos professores, 75,8% consideram reduzida

a autonomia dos profissionais de educação. Também Messing et al. (1999),

concluíram que os professores não participam de modo adequado em relação

à disponibilidade de material pedagógico e sobre outros elementos que

condicionam o ato de ensinar.

Entre os professores pesquisados, 90,8% consideram que as

modificações no contexto social alteraram as exigências pessoais e do

ambiente escolar, em relação à eficácia do trabalho docente. Trabalho

desevolvido por Barros (2000), considera que as reformas educacionais

implementadas são anunciadas com modernizantes e salvadoras, porém, tem

provocado alterações no funcionamento das escolas, no sentido da educação,

do educador e da organização do trabalho docente.

Da população entrevistada, 53,3% dos professores têm dificuldade para

se adaptar ao atual contexto educacional. De acordo com Gomes (2002)

considera que a margem de manobra que os professores possuem diante do

quadro atual do sistema educacional está cada vez mais reduzida em função

do excesso de atividades, do tempo utilizado com o trabalho que extrapola os

limites da escola, do cansaço físico e mental.

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Carlotto (2002) afirma que as mudanças do papel do professor na

sociedade refletem na prática de ensino e produz efeitos sobre sua saúde

resultando em absenteísmo e solicitação de licença médica para tratamento da

saúde, além da forma despersonalizada com que os professores começam a

tratar os alunos. Entre os professores pesquisados 80% se sentem

pressionados pela sociedade a cumprir um papel que corresponde à realidade,

considerando todas as condições físicas, estruturais e organizacionais do

sistema educacional.

A Tabela 4 apresenta a percepção dos professores para as dificuldades

e cansaço na execução de suas funções.

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TABELA 4: Percepção dos professores quanto a dificuldades e cansaço sentido na execução de suas funções

Aspectos analisados Percentual Dificuldade para exercer a função Consideram a função difícil 58,3 Não consideram a função difícil 40,9 Não respondeu 0,8 Justificativas para as dificuldades na realização de suas funções Desinteresse dos alunos 24,1 Falta de apoio do governo, pais e alunos 12,1 Condições inadequadas de trabalho 10,3 Excesso de responsabilidade de tempo 9,2 Baixo salário 8,0 Indisciplina dos alunos 5,7 Falta de reconhecimento por parte dos pais e alunos 3,4 Turmas heterogêneas 2,3 Outras justificativas citadas por apenas um professor 24,1 Justificativas para o cansaço sentido na execução das atividades Trabalho escolar executado em casa 28,4 Falta de interesse dos alunos 17,9 Baixo rendimento e indisciplina dos alunos 14,9 Grande número de aulas e reuniões 8,9 Falta de interesse da família e do governo 7,5 Função estressante 7,5 Posturas adotadas, uso em excesso da voz 6,0 Grande número de alunos por turma 6,0 Condições materiais 4,5 Condições inadequadas de trabalho 4,5 Excesso de concentração necessária 3,0

Conforme dados apresentados na Tabela 4, 58,3% dos professores

consideram a sua função difícil.

Em relação às justificativas para essas dificuldades os motivos mais

citados pelos professores foram: o desinteresse dos alunos (24,1%); a falta de

apoio do governo, da família e dos alunos (12,1%) e as condições inadequadas

de trabalho (10,3%). Gomes (2002) considera que os professores têm que lidar

com as variabilidades ligadas aos recursos materiais, à falta de conservação

das instalações dos edifícios das escolas, às péssimas condições materiais.

Pedrabissi et al. (1993) atribuiu como as dez maiores fontes de esgotamento

para docentes: a desmotivação dos alunos, comportamento indisciplinado dos

alunos, falta de oportunidade de ascensão na carreira profissional, baixos

salários, más condições de trabalho, turmas grandes, pressões de tempo e

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prazo, baixo reconhecimento e pouco prestígio social da profissão, conflitos

com colegas superiores e rápidas mudanças nas exigências de adaptação dos

currículos. Garcia et al. (2005) cita que as rápidas mudanças provocadas pela

globalização e pelas modificações econômicas globais tornam o trabalho

docente mais complexo e difícil.

Em relação ao cansaço sentido na execução das atividades, o trabalho

escolar executado em casa foi a justificativa mais citada pelos professores

pesquisados (28,3%). Outros fatores como: baixo rendimento e indisciplina dos

alunos (14,9%), grande número de aulas e reuniões (8,9%) e falta de interesse

da família e governo (7,5%) também foram citados.

Segundo Capel (1987) a categoria docente é uma das mais expostas à

ambientes conflituosos e de alta exigência de trabalho, tais como tarefas

extraclasse, reuniões e atividades adicionais, problemas com os alunos que

chegam até a ameaças verbais e físicas.

A Tabela 5 apresenta a percepção dos professores quanto a influência

das atividades escolares nas relações familiares, escolha da função e

capacitação profissional.

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TABELA 5: Percepção dos professores quanto a influência das atividades escolares nas relações familiares, escolha da função e capacitação profissional

Aspectos analisados PercentualInvasão do espaço familiar pelas atividades escolares Consideram que a invasão acontece 86,7 Consideram que a invasão não acontece 12,5 Não respondeu 0,8 Influência das atividades escolares nas relações familiares Consideram que influencia nas relações familiares 88,5 Consideram que não influencia nas relações familiares 11,5 Gostam de exercer a função Sim 94,2 Não 5 Não respondeu 0,8 Motivo que os levaram a escolher esta função Gostam do trabalho 70 Falta de outra oportunidade 17,5 Outros motivos 12,5 Em relação aos estudos Estão estudando atualmente 21,7 Não estão estudando atualmente 75 Não responderam 3,3 Vontade de voltar a estudar Têm vontade de voltar a estudar 75,6 Não têm vontade de voltar a estudar 22,2 Não responderam 2,2 Curso que pretendem fazer Pós-graduação strictu sensu 47 Pós-graduação latu sensu 16,2 Gruduação 23,6 Não responderam 13,2

A invasão do espaço familiar pelas atividades escolares é afirmada por

86,7% dos professores; reforça a existência de atividade extraclasse em

excesso, e falta de tempo para executar estas atividades. Gomes (2002) cita a

dificuldade de valorar o esforço do professor, considerando que muitas

atividades são executadas em casa, fora do horário de trabalho.

Oliveira (2001) realizou um estudo em Campinas, entre professores do

ensino fundamental da rede particular no ano de 2000, colocando em evidência

em seus resultados a contaminação do tempo extratrabalho, sendo freqüentes

as dificuldades encontradas pelos professores em realizar tarefas diárias com

satisfação, explicando o quadro de nervosismo, tensão e preocupação

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referidos em casa. No presente estudo, 88,5% dos professores relatam a

influência das atividades escolares no espaço familiar (Tabela 5).

Um estudo realizado por Gomes (2005) com professores do primeiro ano

básico em escolas municipais urbanas de Punta Arena (Chile), relacionado à

percepção em relação ao estresse laboral revelou que 91,4% dos professores

gostavam de exercer a função e se sentiam motivados com o trabalho.

Apesar de tantas adversidades vivenciadas pelos professores das

escolas estaduais de Coronel Fabriciano, 94,2% dos entrevistados disseram

que gostam de exercer a função e 70% revelaram que escolheram a função por

gostarem da mesma, comprova que a busca de soluções para tantos fatores

que influenciam na atividade docente influenciarão na satisfação destes

profissionais.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais - INEP (2003), entre os professores que atuam no ensino

fundamental no Brasil; 2,8% estudou até o ensino fundamental, 64% concluiu o

ensino médio com o magistério, 2,9% concluiu o ensino médio sem o

magistério, 3,9% terminou o ensino superior sem licenciatura e 26,4% concluiu

a licenciatura. Já entre os professores do ensino fundamental (5ª à 8ª séries)

para os quais a exigência mínima legal é de licenciatura plena; 0,3% só cursou

o ensino fundamental, 18,9% o ensino médio com magistério, 9,7% ensino

médio sem o magistério, 3% o ensino superior sem a licenciatura, e 68,3%

concluíram a licenciatura. Entre os professores que atuam no ensino médio

79% possuem licenciatura. O INEP afirma que apesar dos professores

participarem de cursos de formação continuada, o percentual daqueles que

cursaram pós-graduação, mesmo que na modalidade lato sensu, ainda é

pequeno.

Os resultados apresentados na Tabela 5 mostram que 75,5% dos

professores tem vontade de voltar a estudar e que a proporção dos professores

que realmente estão investindo em seus estudos é ainda baixa (21,7%). A

parcela de professores que pretende fazer mestrado (47,0%), declararam que

este título possibita valorização profissional em relação aos outros professores.

A Tabela 6 apresenta a percepção dos professores aos equipamentos

essências, intervalo entre as aulas e tempo para o preenchimento de

documentos.

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TABELA 6: Percepção dos professores aos equipamentos essenciais, intervalo entre as aulas e tempo para o preenchimento de documentos

Aspectos analisados Percentual Professores em relação aos equipamentos coletivos essenciais Consideram os equipamentos suficientes 34,2 Consideram os equipamentos insuficientes 63,3 Não responderam 2,5 Estado de conservação dos equipamentos da escola Consideram que estão em bom estado de conservação 40,0 Consideram que não estão em bom estado de conservação 55,0 Não responderam 5,0 Em relação ao intervalo entre as aulas Consideram suficiente 68,4 Consideram insuficiente 30,8 Não respondeu 0,8 Tempo destinado ao preenchimento de documentos O tempo é insuficiente 54,2 O tempo é inexistente 18,3 O tempo é suficiente 25,9 O tempo é maior que o necessário 0,8 Não respondeu 0,8

Dentre os professores entrevistados, 55% consideram que os

equipamentos da escola não estão em bom estado de conservação. Trabalho

desenvolvido por Gomes (2002) também comenta sobre a falta de manutenção

dos equipamentos da escola como mais um fator na configuração das

condições precárias de trabalho e mostra que o cenário do sistema escolar

brasileiro apresenta quantidade insuficiente de equipamentos coletivos

essenciais e falta de manutenção dos existentes, insuficiência na infra-estrutura

e recursos materiais.

O intervalo que existe entre as classes corresponde ao tempo necessário

para a troca de sala, foi considerado suficiente por 68,3% dos professores.

Pereira (2001) pontua que os intervalos são necessários, pois permitem que

ocorra alternância entre estresse e relaxamento. O organismo humano

necessita de períodos de recuperação de energia para manter sua capacidade

funcional.

Com relação ao tempo destinado para o preenchimento de documentos e

diários, 54,2% dos professores consideram que é insuficiente, 18,3% dizem

que o tempo é inexistente e outros 25,8% dos professores consideram-no

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suficiente. O estudo de Gomes (2002) cita o tempo consumido com o trabalho

de mesa acadêmico como um fator de sobrecarga no trabalho de professores.

A Tabela 7 apresenta a percepção dos professores aos projetos político-

pedagógicos, intercâmbio profissional e planejamento das atividades, e

controle das práticas educacionais.

TABELA 7: Percepção dos professores quanto aos projetos político-pedagógicos, intercâmbio profissional, planejamento e controle das práticas educacionais

Aspectos analisados Percentual Satisfação com os projetos político-pedagógicos Estão satisfeitos com as adaptações feitas nos projetos 30,8 Estão insatisfeitos com as adaptações feitas nos projetos 67,5 Não responderam 1,7 Intercâmbio profissional e planejamento das atividades Consideram suficiente 29,2 Consideram insuficiente 69,2 Não responderam 1,6 Controle das práticas educacionais por exigências políticas Exigências têm se constituído em um maior controle 43,3 Exigências não têm se constituído em um maior controle 52,5 Não responderam 4,2

No que se refere aos projetos político-pedagógicos implementados nas

escolas, 67,5% estão insatisfeitos. Messing et al. (1999), recomenda que as

instâncias superiores consultem os professores durante a concepção do

material pedagógico para as classes.

Naujorks (2002) desenvolveu um estudo quali-quantitativo envolvendo

163 professores do ensino fundamental de Santa Maria-RS, identificou vários

agentes estressores com os quais os professores têm que lidar no seu

cotidiano profissional. Entre eles está a falta de trabalho pedagógico e

planejamento em equipe. Naujorks conclui que as atividades pedagógicas

permeadas por circunstâncias desfavoráveis forçam a uma reorganização e

improvisação do trabalho planejado, distorcem o conteúdo das atividades e

tornam o trabalho descaracterizado em relação às expectativas, gerando um

processo permanente de insatisfação, indignação, fracasso impotência e culpa.

Os resultados obtidos no presente estudo, embora não faça referência às

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conseqüências geradas pela falta de planejamento e intercâmbio profissional,

deixa claro que 69,2% dos professores consideram estas atividades

insuficientes, de acordo com a Tabela 7.

Segundo Schnetzler (2000) o professor é excluído das decisões

institucionais, das reestruturações curriculares, do repensar da escola, sendo

concebido como mero executor de propostas e idéias gestadas por outros.

Garcia et al. (2005) considera que os professores são a todo o momento

seduzidos e interpelados por discursos que dizem como eles devem agir para

que sejam verdadeiros e perfeitos em seu ofício. Diferentes formas de

subjetivação concorrem para essas definições e lutam pela imposição de

significados acerca de quem os professores devem ser em determinadas

conjunturas, como devem agir e qual o projeto formativo que docentes e

escolas dever levar adiante perante os desafios da cultura e do mundo

contemporâneo. Estes dados confirmam o controle das práticas educacionais,

neste estudo menos da metade dos professores (43,33%) têm consciência da

manipulação de suas ações por instâncias superiores.

A Tabela 8 apresenta a percepção dos professores à desvalorização

econômica e social da categoria e desconforto e/ou insatisfação.

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TABELA 8: Percepção dos professores quanto à desvalorização econômica e social, desconforto e/ou insatisfação

Aspectos analisados PercentualEm relação à desvalorização econômica da categoria Consideram o professor desvalorizado economicamente 88,3 Não consideram o professor desvalorizado economicamente 0,8 Não responderam 10,9 Em relação à desvalorização social da categoria Consideram o professor desvalorizado socialmente 85,0 Não consideram o professor desvalorizado socialmente 11,7 Não responderam 3,3 Desconforto e/ou insatisfação ante os problemas vivenciados Sentem desconforto e/ou insatisfação 92,5 Não sentem desconforto e/ou insatisfação 5,8 Não responderam 1,7 Em relação à permanência na carreira Já pensaram em abandonar a docência 56,7 Não pensam em abandonar a docência 42,5 Não responderam 0,8

Dos professores entrevistados, 88,3% consideram a categoria

desvalorizada economicamente e 10,8% dos professores não responderam.

INEP (2003) pontua que para tornar uma profissão mais atrativa requer entre

outros fatores a possibilidade de obtenção de bons salários, há uma correlação

entre o nível salarial da carreira e a demanda nos processos seletivos para

ingressar nas Instituições de Ensino Superior. Se o país deseja atrair e manter

os bons profissionais no magistério, é fundamental uma política progressiva e

consistente de melhoria salarial.

Para 85% dos professores pesquisados, a categoria é desvalorizada

socialmente. Segundo estudo realizado por Carpentier-Roy (1991) sobre o

professorado de Quebec, 66% dos mesmos estava insatisfeito com o

reconhecimento social de seu trabalho. Neste estudo o número de professores

insatisfeitos com o reconhecimento social de seu trabalho é ainda maior.

Neves (1999) cita que a falta de reconhecimento social representa um elo

condutor para o entendimento da maneira pela qual os professores se

encontram social e profissionalmente, bem como em relação à saúde mental.

Um número considerável de professores (92,5%) sente desconforto e/ou

insatisfação ante aos problemas vivenciados na prática da educação. Com

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base na literatura (Gomes, 2002 e Neves & Athayde, 1998) e nos dados

obtidos nesta pesquisa, é possível enumerar uma variedade de motivos para

tantos professores declararem sua insatisfação.

Segundo Gomes (2002) o processo de precarização da educação revela-

se na crescente depreciação e desqualificação dos professores; e que neste

cenário surgem efeitos perversos entre eles, um número importante de

professores abandonando a profissão. Os dados apresentados na Tabela 8 são

importantes considerando que 56,7% dos professores entrevistados já

pensaram em abandonar a docência.

A Tabela 9 apresenta a percepção dos professores ao ambiente de

trabalho.

TABELA 9: Percepção do professor quanto ao ambiente de trabalho

Aspectos analisados Percentual Iluminação das salas de aula Consideram a iluminação ideal 55,8 Consideram a iluminação insuficiente 40,0 Consideraram que a luz não funciona 3,4 Não respondeu 0,8 Temperatura no ambiente de trabalho Consideram a temperatura ideal 56,7 Consideram a temperatura alta 35,8 Consideram a temperatura baixa 5,8 Não responderam 1,7 Ruído presente nos corredores e salas Consideram que o ruído incomoda 70,0 Consideram que o ruído não incomoda 30,0 Presença e funcionamento dos ventiladores Confirmaram a presença de ventiladores 84,2 Disseram que os ventiladores estão funcionando 80,2

Messing et al. (1999) cita a importância de fazer com que o ambiente seja

mais propício à aprendizagem; o meio ambiente físico no qual se realiza o ato

de ensinar e de aprender condiciona seu êxito e influência sobre a saúde dos

professores e alunos. A atividade docente ocorre em condições pouco

propícias, em muitas escolas fatores climáticos como a temperatura e umidade

variam enormemente e excedem os limites recomendados (Messing et al.,

1999). O ruído no ambiente pode criar problemas em algumas aulas. Em tais

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condições ambientais, os alunos se incomodam facilmente, sendo difícil manter

a concentração o que aumenta a carga de trabalho.

Neste estudo chama atenção os dados referentes ao ruído presente nas

salas e corredores, pois, 70% dos professores consideram que o ruído

incomoda.

Para 40% dos professores entrevistados o nível de iluminação das salas é

inadequado e merece ser verificado; pois consideram a luminosidade

insuficiente. Para o parâmetro temperatura das salas, 35,8% dos professores

consideram-na alta, apesar de 84,2% dos mesmos citarem a presença de

ventiladores e o funcionamento destes equipamentos.

Na Tabela 10 apresenta a percepção dos professores quanto à higiene e

segurança do trabalho.

TABELA 10: Percepção do professor quanto à higiene e segurança do trabalho

Aspectos analisados Percentual Limpeza das salas Consideram que as salas são mantidas limpas 84,2 Consideram que as salas não são mantidas limpas 15,0 Não respondeu 0,8 Limpeza dos banheiros Consideram que os banheiros são mantidos limpos 90,8 Consideram que os banheiros não são mantidos limpos 9,2 Conforto da sala dos professores Consideram a sala dos professores confortável 55,0 Consideram a sala dos professores desconfortável 43,3 Não responderam 1,7 Local utilizado para lanches e refeições Consideram o local agradável 79,2 Não consideram o local agradável 19,2 Não responderam 1,7 Instalações do prédio da escola Consideram que estão em bom estado de conservação 74,2 Consideram as instalações do prédio precárias 22,5 Consideram as instalações ótimas 2,5 Não respondeu 0,8

Neto et al. (2000) estudaram o perfil de professores de 58 escolas

particulares de Salvador (BA), entre os aspectos positivos mencionados pelos

professores foram destacados: a satisfação com a limpeza dos banheiros e o

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conforto das salas dos professores. No estudo realizado em quatro escolas

estaduais de Coronel Fabriciano, os resultados relacionados à higiene e

segurança do trabalho demonstram elevado nível de satisfação dos

professores com o espaço utilizado para lanches, banheiros, limpeza das salas

e com as instalações do prédio da escola. O resultado mais preocupante

refere-se ao conforto da sala dos professores, pois, 43,3% dos pesquisados

consideram-na desconfortável.

A Tabela 11 apresenta a percepção dos professores em relação à

sindicalização.

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TABELA 11: Percepção do professor com relação à sindicalização

Aspectos analisados Percentual Sindicalização São sindicalizados 50,8 Não são sindicalizados 47,5 Não responderam 1,7 Importância de ser sindicalizado Consideram importante 68,3 Não consideram importante 25,0 Não responderam 6,7 Conhecimento sobre o que o sindicato tem feito Professores que têm conhecimento das ações do sindicato 27,5 Professores que não têm conhecimento das ações do sindicato 62,5 Não responderam 10,0 Benefícios já conseguidos pelo sindicato Não responderam 42,5 Acordo salarial 29,0 Consideram que o sindicato não conseguiu nenhum benefício 24,6 Não sabem quais benefícios foram conseguidos 24,6 Concurso público 14,5 Direito ao biênio/quinquênio 7,2 Posse 7,2 Revisão de vantagens 2,5 Manifestações, benefício marido 2,5 Direito ao Décimo Terceiro 2,5 Pó de giz 1,7 Aumento para professores aposentados igual aos da ativa 0,8 Benefícios que deveriam ser conseguidos através do sindicato Melhoria salarial 62,7 Melhoria da assistência à saúde (plano eficiente, especialidades variadas) 40,0 Melhoria das condições de trabalho 20,0 Valorização da categoria 20,0 Aposentadoria aos 25 anos de trabalho 5,3 Manter as vantagens já adquiridas 4,0 Trabalho extraclasse remunerado 2,7 Plano de carreira 2,7 Insalubridade 1,3 Direitos trabalhistas 1,3 Carteira assinada 1,3 Direito ao Fundo de Garantia por tempo de serviço 1,3 Aposentadoria para funcionário designado 1,3 Diminuição do número de alunos por turma 1,3 Material para ministrar as aulas 1,3 Não responderam 1,3

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Segundo Brito (2002) até os anos 60, a maior parte dos professores

mantinham-se à margem do movimento sindical. Gozava de uma relativa

segurança material, de emprego estável e de um certo prestígio social. A partir

da década de 70, ocorreu uma expansão das demandas da população por

proteção social, aconteceu o crescimento numérico do funcionalismo e dos

serviços públicos gratuitos, notadamente de educação e saúde (Vale, 2002).

Isto foi acompanhado por um declínio social e perda do status do funcionalismo

que foi levado a adotar a organização sindical como forma de luta (Souza et al,

2003). Apesar da década de 70 ter sido um marco em relação à sindicalização

destes profissionais, entre os pesquisados apenas 50,8% são sindicalizados e

68,3% consideram importante ser sindicalizado, conforme dados da tabela 11.

Nos anos 90, a saúde e a educação pública foram enormemente

atingidas pelas políticas de ajuste econômico, o que aumentou a degradação

das condições de vida e trabalho dos servidores da educação. Os diversos

sindicatos lutam pela valorização profissional, pela elaboração de um plano de

carreira, pelo piso salarial profissional nacional, pela defesa da garantia dos

direitos sociais e pela defesa da saúde frente à crescente degradação do

ambiente de trabalho (Souza et al, 2003). A literatura descreve as lutas

sindicais e revelam que 62,5% dos professores não conhecem as ações

sindicais. Entre os professores que conhecem as ações sindicais, citam

principalmente os seguintes benefícios obtidos pelo sindicato: acordo salarial

(29%), concurso público (14,5%).

Messing et al. (1999) cita que o sindicato tem um papel indiscutível em

relação à defesa das condições laborais, para melhorar a qualidade de vida

dos professores e a qualidade do ensino. Portanto, é função do sindicato: ser

ativo frente aos problemas cotidianos vivenciados pelos professores, oferecer

formação sobre os problemas vividos na organização do trabalho, impulsionar

os professores a realizar projetos que visam melhorar a sua qualidade de vida;

fomentar a participação em atividades que permitam adquirir maior

reconhecimento e experiência. Os anseios dos pesquisados referentes aos

benefícios que deveriam ser conseguidos pelo sindicato comprovam a

importância da melhora salarial segundo 62,7% dos entrevistados, da melhora

da assistência à saúde (40%), das condições de trabalho (20%) e da

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valorização da categoria (20%). Os resultados permitem afirmar a falta de

confiança dos profissionais de educação em relação ao sindicato, a falta de

conhecimento das ações do sindicato, e aos poucos resultados obtidos pelo

sindicato.

A Tabela 12 apresenta a renda dos professores.

TABELA 12: Fontes de renda e faixas salariais dos professores

Aspectos analisados Percentual Faixa salarial (R$) Entre 1,00 e 300,00 10,0 Entre 301,00 e 600,00 35,8 Entre 601,00 e 900,00 25,8 Entre 901,00 e 1100,00 6,7 Entre 1101,00 e 1400,00 10,0 Entre 1401,00 e 1700,00 4,2 Entre 1701,00 e 2000,00 1,7 Entre 2001,00 e 2300,00 1,7 Entre 2301,00 e 2600,00 0,8 Não responderam 3,3 Existência de outra fonte de renda Possuem outra fonte de renda 44,2 Não possuem outra fonte de renda 55,8 Origem da outra fonte de renda São professores também da rede municipal 52,8 São professores também da rede particular 13,2 Pensão 9,4 Vendas de roupas, perfumaria, bijuterias 9,4 Aposentadoria (Instituto Nacional de Seguridade Social) 5,7 Comércio 5,7 Aluguel 3,8 Rendimento proveniente da outra fonte de renda (R$) Entre 1,00 e 300,00 15,1 Entre 301,00 e 600,00 17,0 Entre 601,00 e 900,00 18,9 Entre 901,00 e 1100,00 3,8 Entre 1101,00 e 1400,00 13,2 Entre 1401,00 e 1700,00 7,5 Entre 1701,00 e 2000,00 7,5 Entre 2001,00 e 2300,00 9,4 Mais de 2300,00 7,5

Uma análise estatística realizada pelo INEP (2003) compara as

diferenças salariais de acordo com a profissão. Entre as profissões

consideradas, os profissionais com menor rendimento mensal são os

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professores que atuam na educação infantil (R$ 422,78), e do ensino

fundamental (R$ 461,67), seguidos dos professores do ensino médio (R$

599,85); enquanto médicos, advogados e outros profissionais ganham em

média quatro vezes mais. O que permite focalizar a magnitude da diferença

entre salários de profissionais que possuem nível superior.

Na Tabela 12 os salários estão estratificados baseado no salário mínimo

que correspondia a R$ 300 reais; portanto 35,8% dos professores recebiam

entre RS 301,00 e R$ 600,00, 10% entre R$ 1,00 e R$ 300,00 e 25,8% entre

R$ 601,00 e R$ 900,00 reais. É importante ressaltar que o relato do salário não

levou em consideração o tempo executando a profissão; para os professores

que tem dois cargos no estado, não tem como ter certeza se estão se referindo

a um ou dois cargos. Mas percebe-se que 88,3% dos professores estão dentro

da faixa salarial referida pelo INEP; portanto, podemos considerar o salário

mais baixo do que nas outras carreiras que exigem o mesmo nível de

escolaridade.

Os resultados obtidos referentes a outras fontes de renda mostram que

44,2% dos professores possuem outra fonte de renda. A outra fonte de renda

de 66% dos professores que afirmam tê-la é proveniente de outro cargo em

escola particular ou municipal, o que confirma a necessidade que os

professores têm de assumir uma dupla jornada de trabalho para complementar

a renda. Isto sem citar os professores que assumem dois cargos em escolas

estaduais e consideram que possuem apenas uma fonte de renda, mas, que

também assumem uma dupla jornada de trabalho.

Dos pesquisados 26,7% não tem outra pessoa na família que

complemente a renda familiar e entre os que possuem, a maioria tem a renda

complementada pelos esposos. Em relação ao rendimento total da família, 20%

das famílias têm rendimento entre R$ 500,00 e 1.000,00 reais e outros 18,3%

entre R$ 1.500,00 e 2.000,00 reais.

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5.2 Saúde do professor A compreensão da saúde do professor revela a qualidade do ambiente de

trabalho, suportado a custa de desgaste e angústia. Permite a indagação e

entendimento dos caminhos a serem percorridos, em busca da promoção da

saúde destes profissionais; e valorar o sentido do trabalho e da vida frente a

deteriorações funcionais, tratamentos, organização política e econômica do

sistema assistencial à saúde dos docentes.

A Tabela 13 apresenta a percepção dos professores em relação às

patologias e/ou sintomas.

TABELA 13: Percepção dos professores em relação às patologias e/ou sintomas

Aspectos analisados PercentualAcometimento por alguma doença Já tiveram alguma doença 48,3 Não tiveram nenhuma doença 51,7 Doenças pelas quais foram acometidos ao longo da vida Patologias que afetam a coluna vertebral 15,5 Depressão 15,5 Hipertensão 12,1 Alergias 10,3 Problemas renais 8,6 Hipotiroidismo 6,9 Pneumonia 6,9 Labirintite 6,9 Gastrite 5,2 Tendinite 5,2 Doenças da infância (caxumba, catapora, sarampo) 5,2 Meningite 3,4 Estresse 3,4 Não responderam 3,4 Acometidos por alguma patologia atualmente Sim 45,0 Não 53,3 Não responderam 1,7 Patologias apresentadas pelos professores atualmente Patologias que afetam a coluna vertebral 25,9 Hipertensão 18,5 Diabetes, anemias, cardiopatia, mialgia 14,8 Alergias 13,0 Tendinite 11,1 Depressão 7,4 Outras patologias citadas por apenas um professor 33,3

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Em relação à doença foi questionado o acometimento por qualquer

patologia ao longo da vida, relacionadas ou não ao trabalho, permitindo

conhecer aspectos diversificados da saúde dos professores; 48,3% dos

entrevistados relataram que já tiveram alguma doença.

Segundo Gasparini et al. (2005), as circunstâncias sob as quais os

professores mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para

atingir os objetivos da produção escolar podem gerar sobre-esforços ou

hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas, o que desencadearia os

sintomas clínicos que explicam os índices de afastamento no trabalho.

As doenças citadas na Tabela 13 mostram o “histórico” da saúde dos

professores, foram citadas desde doenças pelas quais os professores foram

acometidos na infância e outras que ocorreram no decorrer da vida. Permitiu

aprofundar os conhecimentos relacionados à saúde dos professores. Apesar

da variedade de patologias citadas, as mais prevalentes são aquelas também

citadas pela literatura como patologias encontradas em professores com maior

freqüência do que em algumas outras profissões (Gervais, 1993). São elas:

depressão (15,5%), patologias da coluna vertebral (15,5%), alergias (10,3%).

Os professores foram questionados também sobre o acometimento por

alguma patologia na atualidade, foi constado que 45% dos entrevistados

apresentavam alguma patologia no período no qual o estudo estava sendo

realizado. A somatória dos resultados é maior que 100% porque alguns

professores apresentam mais de uma patologia e/ou sintoma.

Siqueira e Ferreira (2003), realizaram um estudo com professores das

séries iniciais do ensino fundamental em Florianópolis (SC), com o objetivo de

investigar o absenteísmo docente. E constatou que as causas mais freqüentes

de afastamento foram: doenças do aparelho respiratório, do aparelho

locomotor, problemas de saúde na família, problemas psicológicos e/ou

psiquiátricos.

Os resultados apresentados neste estudo corroboram com os citados por

Gervais (1993) considerando as doenças mais prevalentes entre os

professores: Patologias da coluna vertebral (25,9%), depressão (7,4%),

alergias (13,0%), tendinite (11,1%). Não foi encontrada na literatura citação de

patologias como hipertensão, mas é relatada por 18,5% dos professores

entrevistados, sendo este um dado que merece ser mais bem pesquisado para

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que seja estabelecida relação entre fatores desencadeantes da patologia ou a

sua relação com a atividade profissional.

A Tabela 14 apresenta a percepção dos professores quanto aos

problemas de saúde relacionados ao trabalho.

TABELA 14: Percepção dos professores quanto aos problemas de saúde relacionados ao trabalho

Aspectos analisados Percentual Relação entre os problemas de saúde e o trabalho Consideram que as patologias estão relacionadas ao trabalho 53,3 Consideram que as patologias não estão relacionadas com o trabalho 41,7 Não responderam 5,0 Patologias que consideram estar relacionada ao trabalho Patologias que afetam a coluna vertebral 53,3 Dores musculares 41,7 Alergias 17,5 Estresse 17,5 Tendinite 7,5 Ansiedade 7,5 Enxaqueca 7,5 Depressão 5,0 Síndrome do pânico 5,0 Insônia 5,0 Hipertensão 5,0 Problemas de voz 5,0

Entre os professores entrevistados 53,3% consideram que as patologias

apresentadas por eles estão relacionadas ao trabalho. As patologias mais

citadas foram: dores musculares (41,7%), patologias que afetam a coluna

vertebral (53,3%), depressão (17,5%), alergias (17,5%).

Souza et al. (2003) relata sobre o processo saúde-doença-trabalho nas

escolas e percebe que os problemas de saúde vivenciados por cada

trabalhador decorrem da degradação das condições e organização do trabalho

dos profissionais da educação. Negam a transferência da responsabilidade,

culpabilização pelo seu adoecimento que lhes foi historicamente atribuído.

Gomes (2002) considera que o aumento da carga de trabalho foi traduzida em

um aumento dos custos à saúde, segundo relatos de professoras do Rio de

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Janeiro como: mal-estar geral, falta de ar, pressão baixa, tonteiras, cansaço,

labirintite, esgotamento físico e mental, problemas nas cordas vocais,

problemas respiratórios, alergias, perturbações do sono, estresse, ansiedade,

frustração, angústia, depressão e irritabilidade.

Um estudo realizado por Siman (2004), com 198 professores de escolas

estaduais de Coronel Fabriciano revelou que 54,8% dos professores já

precisaram de ajuda médica por apresentarem patologias relacionadas ao

trabalho.

Os resultados obtidos neste estudo permitiram afirmar que os professores

estão mais atentos quanto aos efeitos das atividades executados no trabalho

sobre a própria saúde, aspecto importante na prevenção das patologias.

A Tabela 15 apresenta a percepção dos professores em relação à

sensação de dor e/ou desconforto nos membros superiores, nos últimos 12

meses.

TABELA 15: Percepção dos professores quanto à sensação de dor e/ou desconforto nos membros superiores, nos últimos 12 meses

Não Sim Região Braço Direito Braço esquerdo Ambos

% % % % Ombros 51,7 27,5 2,5 18,3 Cotovelos 90,0 8,3 1,7 0,0 Punhos/mãos 62,5 20,8 4,2 12,5

Segundo dados da tabela 15, dentre os professores que declararam sentir

dores, as regiões mais citadas foram: ombro direito 27,5%, punho e mão

direitos 20,8%, nos dois ombros 18,3% e nos dois punhos e mãos 12,5%.

Estudo realizado por Siman (2004) demonstrou que as dores prevalecem no

membro superior direito porque a maioria dos professores é destra.

Na Tabela 16 está descrita a percepção dos professores em relação à dor

e/ou desconforto na coluna vertebral e membros inferiores, nos últimos 12

meses.

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TABELA 16: Percepção dos professores em relação à dor e/ou desconforto na

coluna vertebral e membros inferiores, nos últimos 12 meses

Percentual Região Sim Não

Pescoço 51,7 48,3

Costas parte superior 65,0 35,0

Costas parte inferior 55,8 41,2

Quadris/coxas 31,7 68,3

Joelhos 31,7 68,3

Tornozelos 17,5 82,5

Em relação à presença de dor e/ou desconforto na coluna vertebral e

membros inferiores; 51,7% dos professores relataram a presença destes

sintomas no pescoço, 65% na parte superior das costas; 55,8% na parte

inferior das costas. Estudo desenvolvido por Siman (2004) obteve os seguintes

resultados: 69,5% dos professores relatavam dor no pescoço, 64,4% na parte

superior das costas, e 57,6% na parte inferior das costas.

Os dados obtidos nessas pesquisam confirmam a existência de sintomas

ligados à lesão de estruturas osteomusculares em professores.

De acordo com Delcor et al. (2004) os dados relacionados à dor nos

membros inferiores de professores são mais escassos e para obter

informações realizaram estudo transversal em escolas da rede particular de

Vitória da Conquista-BA e encontraram entre as queixas mais freqüentes: dor

nos braços e ombros (52%), dor nas costas (51%), formigamento nas pernas

(47%). Estes dados indicam que as dores apresentadas pelos professores

estão relacionadas aos recursos e posturas adotadas para exercer a função;

não sendo a caracterização da instituição (particular ou privada) determinante

na configuração deste quadro.

Na Tabela 17 estão as informações dos professores em relação ao

cansaço físico, depressão e problemas de voz.

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TABELA 17: Percepção dos professores quanto ao cansaço físico, depressão e problemas de voz

Aspectos analisados Percentual

Cansaço físico

Se sentem esgotados fisicamente 60,0

Não se sentem esgotados fisicamente 40,0

Depressão

Têm ou tiveram depressão 27,5

Não tiveram depressão 72,5

Problemas de voz

Têm algum problema de voz 26,7

Não têm nenhum problema de voz 73,3

No presente estudo 60% dos entrevistados se sentem esgotados

fisicamente, Siman (2004) relata que 52% dos professores sentem dor depois

do trabalho em conseqüência da fadiga do sistema osteomuscular.

Em relação à depressão, 27,5% dos professores relataram que tiveram ou

têm depressão. Esteve (1999) focalizou a evolução da saúde de professores de

1982 a 1989, contabilizando as licenças médicas oficiais dos professores do

ensino não universitário de Málaga, e concluiu que em um período de sete

anos o número de professores com licença triplicou. As laringites estão entre

os diagnósticos mais freqüentes, assim como, as depressões e distensões do

tornozelo.

Neste estudo, 26,7% dos professores relataram que apresentam algum

problema de voz. Delcor et al. (2004) revela em seu estudo sobre a saúde

física e mental de professores de Vitória da Conquista (BA); que 46%

apresentavam queixa de dor na garganta e 60% apresentava rouquidão.

Considerando o percentual de docentes com algum tipo de problema de voz

pode-se, portanto, afirmar a importância da orientação para prevenção de

problemas de voz em professores.

A Tabela 18 apresenta informações relativas ao comportamento dos

professores quanto a atividades recreativas.

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TABELA 18: Percepção dos professores quanto a atividades recreativas

Aspectos relacionados à recreação Percentual

Participação em atividades recreativas

Participam de alguma atividade recreativa 39,2

Não participam de nenhuma atividade recreativa 60,0

Não responderam 0,8

Atividades recreativas

Clubes 25,5

Cinema 19,1

Ir para bares 8,5

Caminhada 8,5

Viagens 8,5

Leitura 6,4

Passeio em sítio 6,4

Teatro 4,3

Passeio na casa de amigos 4,3

Academia 4,3

Passeio ao shopping 4,3

Esporte 4,3

Baralho 2,1

Igreja 2,1

Tae Know Do 2,1

Prática de esportes

Não praticam nenhum esporte 80,0

Praticam algum esporte 20,0

Vontade de praticar esportes

Têm vontade de praticar algum esporte 92,7

Não tem vontade de praticar esportes 7,3

Entre os professores entrevistados 60% não costuma participar de

atividades recreativas e entre os que praticam as mais citadas são: idas ao

clube (25,5%) e ao cinema (19,1%).

Quanto a atividades esportivas, 80% dos professores declararam não

praticam nenhum esporte apesar de 92,7% terem vontade de praticar. Este

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dado permite supor que prover oportunidade para a prática de esportes poderia

contribuir para a saúde e qualidade de vida destes profissionais, além de

atender a um interesse da categoria.

No estudo realizado por Souza (2001), relacionado à qualidade de vida

de professores, 99% não possuía tempo para o lazer o que prejudica a saúde

integral do indivíduo, degradando o nível de qualidade de vida e produtividade.

A Tabela 19 apresenta o perfil dos professores quanto aos aspectos

relacionados à personalidade.

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TABELA 19: Perfil dos professores relacionado à personalidade

Aspectos analisados PercentualConsideram as pessoas iguais a eles desafiantes e as ociosas, irritantes Apresentam esta característica 37,5 Não apresentam esta característica 60,8 Não responderam 1,7 Aborrecem-se depressa quando outras pessoas estão falando, interrompendo-as

Apresentam esta característica 47,5 Não apresentam esta característica 50,0 Não responderam 2,5 São fisicamente tensos e agressivos Apresentam esta característica 19,2 Não apresentam esta característica 76,7 Não responderam 4,1 Acham difícil rir de si mesmo Apresentam esta característica 20,8 Não apresentam esta característica 77,5 Não responderam 1,7 Professores que consideram difícil delegar tarefas e responsabilidades Apresentam esta característica 42,5 Não apresentam esta característica 54,2 Não responderam 3,3 Consideram quase impossível participar de reuniões sem falar Apresentam esta característica 50,8 Não apresentam esta característica 46,7 Não responderam 2,5 Consideram mais importante vencer do que apenas participar e se divertir Apresentam esta característica 24,2 Não apresentam esta característica 73,3 Não responderam 2,5 Costumam desviar as conversas para assuntos mais próximos de seu interesse

Apresentam esta característica 20,8 Não apresentam esta característica 77,5 Não responderam 1,7 Forçam as pessoas por quem é responsável a tentar seguir seus padrões Apresentam esta característica 28,3 Não apresentam esta característica 70,0 Não responderam 1,7 São descuidados com coisas que não estão ligadas ao que estão fazendo no momento

Apresentam esta característica 27,5 Não apresentam esta característica 72,5

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Tabela 19, cont.

Fazem a maioria das coisas rapidamente ( comer, falar, andar,...) Apresentam esta característica 64,2 Não apresentam esta característica 34,2 Não responderam 1,7 Tem como característica fazer várias coisas ao mesmo tempo Apresentam esta característica 55,8 Não apresentam esta característica 42,5 Não responderam 1,7 Ficam ansiosos por terminar uma tarefa, a fim de poder passar para outra Apresentam esta característica 74,2 Não apresentam esta característica 24,1 Não responderam 1,7 Preferem feriados com atividades àqueles calmos e relaxantes Apresentam esta característica 51,7 Não apresentam esta característica 45,0 Não responderam 3,3 Se sentem culpados quando relaxam, como se sempre houvesse algo a fazer

Apresentam esta característica 57,5 Não apresentam esta característica 40,8 Não responderam 1,7

A análise das respostas relacionadas à personalidade dos professores

permitiu conhecer aspectos bastante interessantes como a preservação do

senso de humor, habilidade e interesse durante a participação em reuniões,

espírito esportivo, respeito à individualidade. Estas características são

essenciais e influenciarão na formação dos alunos. Revelando a importância da

análise da influência de aspectos relacionados à personalidade no trabalho e

saúde dos professores e vice-versa. E também a influência da personalidade

na percepção da qualidade de vida referida por eles.

Algumas questões que a maioria dos professores responderam

afirmativamente estão diretamente relacionadas com a falta de tempo para

executar tantas atividades, dificuldade para relaxar e para ficar sem executar

alguma atividade, o que representa um quadro de considerável ansiedade.

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5.3 Qualidade de Vida dos docentes

A temática qualidade de vida é relevante dentro de um estudo que

envolve também a análise da organização do trabalho e da saúde, à medida

que observamos que falhas na organização do trabalho influenciam na

distância observada entre as expectativas individuais dos professores e a

realidade tanto no que se refere ao trabalho, quanto em relação às condições

de vida. A insatisfação com diversos aspectos da vida reflete na percepção de

cada indivíduo no tocante à qualidade de vida. A compreensão destes

resultados permite transcender a análise da organização do trabalho e saúde

para fora das escolas englobando conseqüências em diversos aspectos da

vida destes profissionais.

A Tabela 20 apresenta a percepção da qualidade de vida dos professores

nos quatro domínios.

Tabela 20: Percepção dos professores quanto a qualidade de vida nos quatro domínios

Domínios Percentual

Físico 65,9

Psicológico 68,3

Relações Sociais 70,3

Meio Ambiente 49,7

5.3.1 Domínio Físico:

A percepção dos professores entrevistados quanto à qualidade de vida

no domínio físico atingiu 65,9%; analisando os resultados obtidos observou-se

que as questões relacionadas à faceta dor e desconforto tiveram scores mais

baixos. 80% dos entrevistados relatam que em alguma medida a dor física

impede de fazer o que precisam e que necessitam de tratamento médico para

levar a vida diária. Outras questões referentes à energia, capacidade de

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locomoção, satisfação com o sono, desempenho das atividades diárias e

capacidade para o trabalho, que também fazem parte deste domínio, tiveram

melhores resultados.

Estes dados referentes à dor física e necessidade de tratamento médico,

somados a outros já mencionados: 45% dos professores declaram que estão

acometidos por alguma doença atualmente; mais de 50% relata dor no

pescoço, ombro, coluna; 41,7% e 53,3% respectivamente, consideram que as

dores musculares e as patologias que afetam a coluna vertebral estão

relacionadas ao trabalho. Permitem estabelecer a relação entre a saúde

através do conhecimento do adoecimento dos professores em geral e das

patologias apresentadas por eles; com a organização do trabalho

compreendendo como o trabalho executado por eles afeta a sua saúde física e

mental. Com a qualidade de vida considerando que esta é representada pela

interação de vários domínios (Spilker, 1996; Guyatt et al., 1993). Neste domínio

especificamente observou-se que a faceta “dor e desconforto” apresenta uma

inter-relação com o trabalho executado por eles, influenciando depreciação da

percepção da qualidade de vida dos professores. Siman (2004) relata que as

dores na coluna, ombro, e pescoço estão relacionadas com a utilização

predominantemente do quadro negro pelos professores, forçando a elevação

por tempo prolongado do braço e a adoção de posturas assimétricas que

afetam a coluna vertebral. Schonfeld (1992) relaciona a depressão identificada

em professores com ambientes nocivos de trabalho. Estes dados reforçam

aspectos desta relação.

5.3.2 Domínio Psicológico

O resultado obtido no domínio psicológico 68,3% foi maior do que o

obtido no domínio físico. As questões relacionadas aos sentimentos negativos

e à auto-estima tiveram scores mais baixos. Em média 61% dos professores

relatam que tem sentimentos negativos em alguma freqüência e 60% relatam

que aproveitam a vida “mais ou menos” ou pouco. A maioria dos professores

está satisfeita com eles mesmos, com a aparência física e consideram que

suas vidas têm sentido.

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Outros dados coletados nesta pesquisa permitem compreender os

resultados obtidos neste domínio e sua relação com a saúde, organização do

trabalho e qualidade de vida dos professores. Considerando que 27,5% dos

entrevistados declararam que tiveram o têm depressão, este dado certamente

influenciou na constatação de scores baixos em questões relacionadas a

sentimentos negativos e auto-estima. Outro dado que pode ser inter-

relacionado a este domínio é o percentual de professores (60%) que não

participa de nenhuma atividade recreativa; o que pode ser interpretado pelos

entrevistados como um fator indicativo que eles “não aproveitam a vida”.

5.3.3 Domínio das Relações Sociais

Este foi o domínio que os professores obtiveram maior resultado, 70,3%.

Dos professores entrevistados, 25,8% estão muito satisfeitos com as relações

pessoais, 47,5% estão satisfeitos e 20,8% nem satisfeitos nem insatisfeitos.

Em relação ao apoio que recebe dos amigos: 17,5% estão muito satisfeitos,

54,2% estão satisfeitos e 20% nem satisfeitos nem insatisfeitos. E no que

concerne à relação sexual; 31,7% estão muito satisfeitos, 25% satisfeitos, 25%

nem satisfeitos nem insatisfeitos; totalizando 81,7% da amostra.

Não é possível concluir em que medida, quando os professores citam

satisfação com as relações pessoais e com o apoio que recebem dos amigos,

eles estão se referindo também às relações de trabalho e aos amigos de

trabalho incluindo, portanto, alunos, outros professores, direção. Mas, podemos

concluir que as relações sociais dos professores influenciam positivamente na

percepção que eles tem da qualidade de suas vidas.

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5.3.4 Domínio do Meio Ambiente

Neste domínio os professores obtiveram o menor resultado; 49,7%. Três

questões relacionadas às facetas: cuidados de saúde e sociais, recursos

financeiros e participação e oportunidades de lazer obtiveram resultados

bastante representativos: 57,5% dos professores relatam que o dinheiro que

possuem é nada ou muito pouco suficientes para as suas necessidades. 52%

relatam que tem pouca ou nenhuma oportunidade de lazer. E 60% estão muito

insatisfeitos ou insatisfeitos com o acesso aos serviços de saúde. Outras

questões que fazem parte do mesmo domínio tiveram melhores resultados:

75% dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o local onde

moram, 60% satisfeitos ou muito satisfeitos com o transporte, 80% consideram

que as informações que necessitam estão muito ou completamente

disponíveis.

Outros questionamentos que se relacionam com as facetas citadas

anteriormente também tiveram resultados bastante representativos: 88,3%

consideram o professor desvalorizado economicamente (Tabela 8), 62,7%

considera que o sindicato deveria lutar por melhora salarial (Tabela 11).

A Tabela 21 apresenta a percepção dos professores quanto a qualidade

de vida e satisfação com a saúde.

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Tabela 21: Percepção dos professores quanto a qualidade de vida e satisfação com a saúde

Aspectos analisados Percentual Classificação da Qualidade de Vida Muito ruim 0,8 Ruim 5,0 Nem ruim, nem boa 41,7 Boa 43,3 Muito boa 9,2 Critérios de satisfação com a saúde Muito insatisfeito 0,8 Insatisfeito 11,7 Nem satisfeito, nem insatisfeito 33,3 Satisfeito 42,5 Muito satisfeito 11,7

Quando se pensa em qualidade de vida para 41,7% dos entrevistados

consideram a qualidade de suas vidas nem boa, nem ruim. Esse percentual

pode ser um indicador de desanimo e preocupante, considerando que por

serem educadores o seu estado de ânimo tem influência sobre o nível de

aprendizagem dos estudantes. Schuckit (2000) diz que há que se considerar a

dificuldade de se estabelecer um ponto de corte que distingue qualidade de

vida “boa” de “ruim”; como é um conceito que implica subjetividade é difícil

expressar em termos de quantidade.

A variedade de fatores relacionados à saúde e à organização do trabalho,

analisados neste estudo, para 43,3% dos professores que classificaram a

qualidade de suas vidas como boa tiveram outros motivos alheios à

organização do trabalho que influenciaram na percepção para assim classificá-

la. A saúde é um fator de grande importância na percepção da qualidade de

vida. Neste estudo foi constatada uma porcentagem considerável de

professores acometidos por alguma doença (45%), este dado, certamente,

influenciou nos resultados obtidos nesta questão: 0,8% dos professores

declararam que estão muito insatisfeitos com a saúde; 11,7% insatisfeitos;

33,3% nem satisfeitos, nem insatisfeitos.

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CONCLUSÃO

Constitui-se num desafio e uma necessidade se entender o processo

organização do trabalho nas escolas, saúde-doença do trabalhador docente e

as reais condições sob as quais ele se desenvolve, com reflexo direto sobre a

qualidade de vida. Embora os dados levantados não indiquem a real dimensão

do problema de saúde dessa categoria de trabalhadores, os indicadores podem

ser tomados como pistas sobre situações que merecem maior aprofundamento

e análise. Entretanto, o acúmulo de conhecimentos no campo de estudo das

relações saúde e trabalho permite supor associações entre os problemas de

saúde identificados na categoria dos professores e as condições ergonômicas

de trabalho.

De acordo com os resultados da análise da organização do trabalho,

saúde e qualidade de vida dos professores de 4 escolas estaduais, localizadas

na zona urbana da cidade de Coronel Fabriciano, conclui-se:

- Que as interações dos fatores internos e externos ligados à atividade

escolar interferem no desempenho dos docentes, com reflexo direto sobre o

rendimento laboral, considerando que a maioria dos entrevistados é do sexo

feminino, casada e tem filhos, o que, portanto, para essas entrevistadas implica

na realização de “tripla” jornada de trabalho, isto é, atividades desenvolvidas

em sala de aula, atividades extraclasse (elaboração e correção de provas,

planejamento de aulas, preenchimento de formulários, elaboração de relatórios,

dentre outros), além das atividades inerentes de “dona-de-casa” e de mãe;

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- Que os aspectos relacionados à auto-estima tem sido um fator que anda

“em baixa”, considerando que os professores atravessam fase de

desvalorização profissional, quer seja pelo nível de reconhecimento da

comunidade; pela política salarial vigente; pelas deficiências e limitações na

infra-estrutura escolas; pelas mudanças introduzidas nas escolas com o

argumento de adequá-las as demandas educacionais, que na prática não tem

surtido os resultados esperados; quer seja pelo baixo nível de investimento em

capacitação e reciclagem dos profissionais da educação; a baixa autonomia

dos docentes para formular propostas e estratégias de trabalho, tudo isso se

constitui em fatores de sobrecarga emocional, causadores de desmotivação e

stress;

- Que os salários recebidos pelos professores são baixos, razão pela qual

quase 60% dos entrevistados ministram mais de 30 horas aulas semanais para

aumentar os ganhos. Esse aspecto e o acesso aos serviços de saúde

influenciam diretamente na qualidade de vida dos professores e na relação

com a organização do trabalho e saúde;

- Que as profundas transformações pela difusão de inovações

tecnológicas e organizacionais nas mais diversas atividades, dentre essas a

atividade educacional dificulta a compreensão da dinâmica e natureza desse

processo de mudança, mas é fundamental para a formulação de estratégias

mais adequadas, ou seja, mais solidárias, eqüitativas e compatíveis com as

características inerentes dessa atividade. Nesse contexto, a análise da

organização do trabalho, saúde e qualidade de vida de professores assume

uma enorme relevância;

- Que para o desenvolvimento da atividade profissional é necessário

debater as políticas educativas nos domínios da relação escola-comunidade;

no sentido de contribuir para a qualidade e eficácia da escola e promover a

qualidade da educação/ensino e a coesão social. Concluiu-se que é imperativo

reforçar a autonomia das escolas no sentido de fortalecer o poder de gestão,

isto é, fortalecer o poder de decisão e autonomia das mesmas;

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- Finalmente conclui-se que apesar da quase totalidade dos entrevistados

ter declarado que gostam e exercer a profissão de professor, diante da

realidade e das dificuldades que diariamente enfrentam para executar suas

atividades, a maioria declarou que já pensou em abandonar a profissão e

buscar alternativas para a inserção no mercado de trabalho.

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ANEXOS

Anexo 1. Consentimento Livre e Esclarecido

Yolanda Valli Siman, mestranda em Meio Ambiente e Sustentabilidade, do Centro Universitário de Caratinga-UNEC e Marcos Alves de Magalhães, professor doutor e orientador, viemos, por meio desta, apresentar-lhes o plano de trabalho que pretendemos realizar como parte do trabalho de dissertação e pedir-lhes o consentimento de participação neste estudo. O trabalho intitulado “Análise da organização do trabalho, saúde e qualidade de vida dos professores das escolas estaduais de Coronel Fabriciano-MG”, tem como principal objetivo avaliar a percepção dos professores quanto a saúde, organização do trabalho e qualidade de vida. Serão aplicados dois questionários: um sobre qualidade de vida e outro sobre a organização do trabalho e a saúde. Os materiais, métodos e técnicas empregadas neste estudo não oferecem possibilidades de danos aos seus sujeitos, sejam eles prejuízos físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais, imediatos ou tardios. Estaremos sempre à disposição para esclarecer qualquer dúvida desse estudo, através do telefone (31) 3841-1147 (Yolanda). O senhor(a) poderão, também, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (UNEC) através do telefone (33) 3329-4555. É importante salientar que o entrevistado poderá se recusar a participar dessa pesquisa ou retirar o consentimento sem qualquer prejuízo. A participação é voluntária.

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Caso concorde em participar, assine o termo de consentimento abaixo. Desde já agradecemos a sua atenção, Atenciosamente, _____________________ ___________________________ Yolanda Valli Siman Dr. Marcos Alves Magalhães ________________________________________ Entrevistado Coronel Fabriciano, ____ de _____________________ de 2005.

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Anexo 2. Questionário sobre Organização do trabalho e Saúde

1- Dados do professor: 1.1- Naturalidade: ______________________________1.2- Estado: _______ 1.3- Data de nascimento: _________________________1.4- Idade: _______ 1.5- Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Outro 1.6- Destreza: ( ) Canhoto ( ) Destro ( ) Ambidestro 1.7- Número de filhos: _________ ( ) Filhos ( ) Filhas 1.8- Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 1.9- Bens materiais: ( ) Casa própria ( ) Casa alugada ( ) Sítio ( ) Lote ( ) Geladeira ( ) Fogão ( ) Rádio ( ) Aparelho de som ( ) Máquina de lavar ( ) DVD ( ) Moto ( ) Bicicleta ( ) Carro 2.0- Religião: _________________________ 2- Organização do trabalho: 2.1- Características da função: 2.1.1- Ano que começou a lecionar:________ 2.1.2- Há quanto anos está lecionando: __________ 2.1.3- Qual (is) disciplina (s) você leciona?_____________________________ 2.1.4- Qual a sua área de atuação? ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Educação de jovens e adultos 2.1.5- Já trabalhou em outra função: ( ) Sim ( ) Não Se SIM, quais: Função: _____________________ Tempo: ____ anos Função: _____________________ Tempo: ____ anos Função: _____________________ Tempo: ____ anos 2.1.6- Por qual motivo você escolheu ser professor? ( ) Melhor salário ( ) Trabalho mais fácil ( ) Gosta do trabalho ( ) Falta de outra oportunidade ( ) outro_____________________________ _________ 2.1.7- Você gosta de exercer a sua função? ( ) Sim ( ) Não. Se NÃO, por quê?______________________________________________________ 2.1.8- Você acha a atividade difícil? ( ) Sim ( ) Não. Por quê_____________ __________________________________________________________ 2.1.9- Você acha a atividade cansativa? ( ) Sim ( ) Não. Por quê? __________________________________________________________ 2.1.10- Você considera o intervalo entre as aulas: ( ) Insuficiente ( ) Suficiente ( ) Maior que o necessário. 2.1.11- Com relação ao tempo destinado ao preenchimento de relatórios, diários, entre outros documentos: ( ) O tempo é insuficiente ( ) Inexistente ( ) Suficiente ( ) Maior que o necessário. 2.1.12- Você considera o intercâmbio profissional e o planejamento das atividades docentes: ( ) Suficiente ( ) Insuficiente ( ) Desnecessário 2.1.13- Você considera que as atividades escolares invadem o espaço familiar?

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( ) Sim ( ) Não. Se SIM, esta invasão influência nas relações familiares?( )Sim ( ) Não 2.1.14- Você está satisfeito com as adaptações feitas aos projetos políticos- pedagógicos? ( ) Sim ( ) Não 2.1.15- Você considera que as novas exigências políticas têm se constituído em um maior controle das práticas educacionais? ( ) Sim ( ) Não 2.1.16- Você considera que as modificações no contexto social alteraram as exigências pessoais e do meio com relação à eficácia do seu trabalho? ( ) Sim ( ) Não 2.1.17- Você considera que o contexto atual é representado por uma redução da autonomia dos profissionais de educação em formularem propostas e estratégias de trabalho? ( ) Sim ( ) Não 2.1.18- Você tem dificuldade para se adaptar a esse novo contexto? ( ) Sim ( ) Não 2.1.19- Você se vê pressionado pela sociedade a cumprir um papel que não corresponde à realidade? ( ) Sim ( ) Não 2.1.20- Você considera o seu salário: ( )Insuficiente ( ) Suficiente ( ) Mais do que suficiente 2.1.21- Você considera o professor um profissional desvalorizado socialmente: ( ) Sim ( ) Não. E economicamente? ( ) Sim ( ) Não 2.1.22- Você sente desconforto e/ou insatisfação ante aos problemas vivenciados na prática da educação? ( ) Sim ( ) Não 2.1.23- Você já pensou em abandonar a docência? ( ) Sim ( ) Não 2.1.24- Você leciona quantas aulas por semana? _______ 2.1.25- Quanto ao número de alunos por turma, você considera: ( ) Excessivo ( ) Suficiente ( ) Pequeno Em média, existem quantos alunos por turma?______ 2.1.26- Os equipamentos coletivos essenciais utilizados na sua escola são: ( ) Suficientes ( ) Insuficientes ( ) Excessivos 2.1.27- Os equipamentos existentes estão em bom estado de conservação? ( ) Sim ( ) Não 2.1.28- Quanto às instalações do prédio da escola: ( ) Estão em bom estado de conservação ( ) São precárias ( ) São ótimas 2.2- Ambiente de trabalho: 2.2.1- Quanto à iluminação das salas de aula: ( ) É ideal ( ) Insuficiente ( ) Não funciona. 2.2.2- Você considera a temperatura no ambiente de trabalho: ( ) Ideal ( ) Alta ( ) Baixa 2.2.3- Existem ventiladores nas salas: ( )Sim ( ) Não. Estão funcionando? ( ) Sim ( ) Não 2.2.4- O ruído produzido nos corredores e/ou na própria sala te incomodam? ( )Sim( ) Não 2.3- Higiene e segurança no trabalho: 2.3.1- As salas são mantidas limpas? ( ) Sim ( ) Não 2.3.2- Os banheiros utilizados na escola são limpos? ( ) Sim ( ) Não

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2.3.3- O local utilizado para lanches e refeições é agradável? ( ) Sim ( ) Não 2.3.4- A sala dos professores é confortável? ( ) Sim ( ) Não 2.4- Sindicalização: 2.4.1- Você é sindicalizado? ( ) Sim ( ) Não 2.4.2- Você tem conhecimento do que seu sindicato está fazendo por você? ( )Sim ( ) Não 2.4.3- Você acha importante ser sindicalizado? ( ) Sim ( ) Não 2.4.4- Quais os benefícios trabalhistas já conseguidos pelo seu sindicato?__________________________________________________ 2.4.5- Quais os benefícios que você acha que deveriam ser conseguidos através do sindicato?_________________________________________ 2.5- Fontes de renda: 2.5.1- Qual o seu salário mensal? R$_______ 2.5.2- Tem outra fonte de renda? ( ) Sim ( ) Não Se SIM, quais? _____________________________________________ Qual o valor? R$ ___________ 2.5.3- Rendimento mensal dos familiares que residem juntos. Filhos: R$________ Profissão: ____________________________ Esposo (a): R$ ________ Profissão: _______________________ Outros: R$ __________ Profissão: ________________________ Rendimento total: R$ ________________________ 2.6- Estudos: 2.6.1- Você está estudando atualmente? ( ) Sim ( ) Não Se não, você tem vontade de voltar a estudar? ( ) Sim ( ) Não Se sim, que curso? __________________________________________ 3. Saúde: 3.1- Aspectos específicos: 3.1.1- Você já teve algum tipo de doença? ( ) Sim ( ) Não. Se SIM, quais? ________________________________________________________ Quando? _________________________ . 3.1.2- Você tem algum problema de saúde atualmente? ( ) Sim ( ) Não. Se SIM,quais?_________________________________________________ Quando surgiu?_____________________________________________ 3.1.3- Você considera que algum(s) problema(s) de saúde está (ão) relacionados ao seu trabalho? ( ) Sim ( ) Não. Qual (is)_____________________________________ 3.1.4- Você se sente esgotado fisicamente? ( ) Sim ( ) Não 3.1.5- Sistema músculo-esqueletico:

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Nos últimos 12 meses, você teve qualquer problema como dor ou desconforto: - Pescoço: ( ) Sim ( ) Não - Ombros: ( ) Não ( ) Sim, no ombro D ( ) Sim, no ombro E ( ) Sim, em ambos. - Cotovelos: ( ) Não ( ) Sim, no cotovelo D ( ) Sim, no cotovelo E ( ) Em ambos - Pulsos/Mãos: ( ) Não ( ) Sim, pulso/mão D ( ) Sim, pulso/mão E ( ) Em ambos. - Costas parte superior: ( ) Sim ( ) Não - Costas parte inferior: ( ) Sim ( ) Não - Quadris/Coxas: ( ) Não ( ) Sim - Joelhos: ( ) Sim ( ) Não - Tornozelos: ( ) Sim ( ) Não 3.1.6- Você tem algum problema de voz? ( ) Sim ( ) Não 3.1.7- Você tem e/ou teve depressão? ( ) Sim ( ) Não 3.2- Atividades recreativas: 3.2.1- Você tem alguma atividade recreativa? ( ) Sim ( ) Não Se SIM, qual? ___________________________________________ 3.2.2- Você pratica algum tipo de esporte? ( ) Sim ( ) Não Se não pratica, tem vontade de praticar algum? ( ) Sim ( ) Não 3.3- Personalidade: 3.3.1- Você tem como característica fazer várias coisas ao mesmo tempo (por exemplo, telefonar, conversar, fazer anotações em um bloco ou almoçar e ler o jornal)? ( ) Sim ( ) Não 3.3.2- Sente-se culpado quando relaxa, como se sempre houvesse alguma coisa que deveria estar fazendo? ( ) Sim ( ) Não 3.3.3- Você se aborrece depressa quando outras pessoas estão falando, surpreendendo-se ao querer interrompê-las, terminar as frases por elas ou apressá-las de alguma forma? ( ) Sim ( ) Não 3.3.4- Costuma desviar as conversas para assuntos mais próximos de seu interesse, em vez de ouvir os outros? ( ) Sim ( ) Não 3.3.5- Quando está empenhado em uma tarefa, costuma ficar ansioso por terminá-la, a fim de poder passar a seguinte? ( ) Sim ( ) Não 3.3.6- Você é descuidado com qualquer coisa que não seja ligado àquilo que esteja fazendo no momento? ( ) Sim ( ) Não 3.3.7- Você faz a maioria das coisas (comer, falar, andar) sempre rapidamente? ( ) Sim ( ) Não 3.3.8- Considera as pessoas iguais a você como sendo desafiantes e as ociosas, irritantes? ( ) Sim ( ) Não 3.3.9- Você é fisicamente tenso e agressivo? ( ) Sim ( ) Não 3.3.10- Para você é mais importante vencer do que apenas participar e se divertir? ( ) Sim ( ) Não 3.3.11- Acha difícil rir de si mesmo? ( ) Sim ( ) Não 3.3.12- Delegar tarefas e responsabilidades é difícil para você?

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( ) Sim ( ) Não 3.3.13- Considera quase impossível participar de reuniões sem falar? ( ) Sim ( ) Não 3.3.14- Prefere feriados com atividades àqueles calmos e relaxantes? ( ) Sim ( ) Não 3.3.15- Você interfere nas decisões das pessoas por quem é responsável (filhos, empregados, subordinados) a tentar seguir seus padrões, sem conseguir demonstrar muito interesse pelo que de fato eles querem da vida? ( ) Sim ( ) Não.

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ANEXO 3. QUESTIONÁRIO SOBRE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

WHOQOL - ABREVIADO

Versão em Português

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

GENEBRA

Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck Professor Adjunto Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre – RS - Brasil

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Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada Muito pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.

nada Muito pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1 2 3 5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

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Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.

muito ruim Ruim nem ruim

nem boa boa muito boa

1 Como você avaliaria sua qualidade de vida? 1 2 3 4 5

muito insatisfeito

Insatisfeito

nem satisfeito nem insatisfeito

satisfeito

muito satisfeito

2 Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde? 1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada muito pouco

mais ou menos

bastante extremamente

3

Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?

1 2 3 4 5

4 O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?

1 2 3 4 5

5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5

6 Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária? 1 2 3 4 5

9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?

1 2 3 4 5

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As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

nada muito pouco médio muito completamente

10 Você tem energia suficiente para seu dia-a- dia?

1 2 3 4 5

11 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5

12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?

1 2 3 4 5

13

Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

14 Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

muito ruim ruim nem ruimnem bom bom muito

bom

15

Quão bem você é capaz de se locomover?

1 2 3 4 5

muito insatisfeito Insatisfeito

nem satisfeito nem insatisfeito

satisfeito Muito satisfeito

16

Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?

1 2 3 4 5

17 Quão satisfeito(a) 1 2 3 4 5

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você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

18

Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho?

1 2 3 4 5

19

Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?

1 2 3 4 5

20

Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

1 2 3 4 5

21

Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual?

1 2 3 4 5

22

Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?

1 2 3 4 5

23

Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?

1 2 3 4 5

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Page 90: ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE E …saÚde e qualidade de vida dos professores das escolas estaduais de coronel fabriciano-mg yolanda valli siman caratinga minas gerais

24

Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?

1 2 3 4 5

25

Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?

1 2 3 4 5

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.

nunca Algumas vezes freqüentemente muito

freqüentemente sempre

26

Com que freqüência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ..................................................................

Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ..................................................

Você tem algum comentário sobre o questionário?

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

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