anÁlise comparativa dos ciclos de planejamento 2009- …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MARIA GABRIELLY FRANCISCO DE MELO ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- 2011 E 2012-1016 IMPLANTADOS NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Natal 2016

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Page 1: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MARIA GABRIELLY FRANCISCO DE MELO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009-

2011 E 2012-1016 IMPLANTADOS NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Natal

2016

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MARIA GABRIELLY FRANCISCO DE MELO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009-

2011 E 2012-1016 IMPLANTADOS NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Monografia apresentada ao Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de bacharel em administração.

Orientador: Dr. Thiago Ferreira Dias.

Natal

2016

Page 3: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Melo, Maria Gabrielly Francisco de.

Análise comparativa dos ciclos de planejamento 2009-

2011 e 2012-1016 implantados no ministério público do

estado do Rio Grande do Norte/ Maria Gabrielly Francisco de

Melo. - Natal, 2016.

68f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Thiago Ferreira Dias.

Monografia (Graduação em Administração) – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais

Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.

Page 4: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009-

2011 E 2012-1016 IMPLANTADOS NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

MARIA GABRIELLY FRANCISCO DE MELO

Monografia apresentada e aprovada em 12 de dezembro de 2016, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

_________________________________________ Prof. Thiago Ferreira Dias

Orientador

_________________________________________ Prof. Marcos Fernando Machado de Medeiros

Membro

_________________________________________ Prof. Abdon Silva Ribeiro da Cunha

Membro

Page 5: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

AGRADECIMENTOS

Em seu infinito amor, o Senhor Deus permitiu que mais um ciclo em minha

vida encerrasse, a ele, primeiramente, todo louvor e gratidão por seu plano de amor

em minha vida.

Esse caminho de desafios, aprendizado, e de muito crescimento, encerra-se

agora, e por ele, tive a graça de cruzar com outros caminhos que assim como eu

trilhavam em busca do mesmo objetivo, a eles todo o agradecimento por tudo que

vivemos e por tudo que conquistamos juntas: Raiane Nayara; Joanna Nunes; Luisi

Marques; Fernanda Louise; Rayane Barros, Matheus Vasconcelos. A vocês meus

queridos agradeço e desejo que nossos laços se estreitem ainda mais, na vida que

nos espera lá fora.

A experiência acadêmica também me proporcionou conhecer profissionais

que se tornaram grandes mestres em minha vida, à eles meus singelos

agradecimentos por terem tanto contribuído em minha formação profissional. As

queridas: Claudia Marinho e Suely Bezerra. E a todos meus colegas da Diretoria de

Planejamento e Gestão Estratégica do MPRN em especial: Wilton Pequeno; Carine

Tapia; Tiago Nunes. Muito obrigada!

Ao meu orientador, Thiago Dias, mestre que tive a honra de ser aluna, quando

cursava ainda o 4º período. E que acompanhou e me orientou na execução desse

trabalho. Muito obrigada!

Ao meu noivo, Geovani Fernandes, que sempre esteve ao meu lado me

acompanhando, nessa trajetória e na vida.

Por último e o mais importante, a minha família: Claudio. Eliane, Guilherme e

Giovana, muito obrigada por vocês na minha vida, e por terem me dado um lar tão

maravilhoso e cheio de amor, essa conquista é nossa!

Page 6: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

RESUMO

O novo cenário emergido na administração pública, após a reforma gerencial de 1995, imprimiu novo modelo de gestão nas instituições públicas. O foco, que antes era dirigido aos processos, volta-se para os resultados. Os anseios dos cidadãos passam a ser prioritários. Nessa toada, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte inciou seu processo de modernização e restruturação organizacional no ano de 2007, haja vista a sua competência e o seu importante papel perante à sociedade civil. À vista disso, incorporou uma gestão estratégica em seu âmbito, por meio da adoção de tecnologias gerenciais através do uso da ferramenta Planejamento Estratégico. Considerado um caso de sucesso, o processo estratégico desenvolvido em seu âmbito resultou em uma gama de lições. Todavia, em que pese que a implantação seja considerada eficiente, falhas no processo de execução e monitoramento prejudicaram a mensuração dos seus resultados. Em vista disso, o presente trabalho busca realizar uma análise comparativa entre os dois ciclos de planejamento 2009-2011 e 2012-2016, com vistas a identificar as principais lições aprendidas pelo órgão. Pôde-se extrair do caso estudado, que o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte é uma instituição de referência no Estado no âmbito da Gestão estratégica voltada para resultados.

Palavras-Chave: Nova Gestão Pública. Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte. Planejamento estratégico.

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ABSTRACT

The new scenario emerged in the public administration, after the management reform of 1995, printed a new management model in public institutions. The focus, which was previously focused on processes, turns to results. Citizens' yearnings become priorities. In this regard, the Public Ministry of the State of Rio Grande do Norte began its process of modernization and organizational restructuring in 2007, given its competence and its important role in the civil society. In view of this, it incorporated strategic management in its scope, through the adoption of management technologies through the use of the Strategic Planning tool. In this scenario, the objective of this work is a comparative analysis between the two planning cycles 2009-2011 and 2012-2016 The research is characterized as a case study, and analysis was of the qualitative type. Semi-structured interviews were conducted with the most influential actors in the process, as well as bibliographical and documentary research. Despite the various institutional efforts, the flaws presented during the two cycles allow us to affirm that the absence of a rooted strategic culture is a determining factor for the effective incorporation of a strategic management based

Keywords: New Public Management. Public Ministry of the State of Rio Grande do Norte. Strategic planning

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Resultados da avaliação do comitê ..........................................34

Figura 02 – Detalhamento do aspecto estratégias e planos.........................35

Figura 03 – Mapa estratégico situacional do Primeiro Ciclo.........................38

Figura 04 – Organograma Institucional do MPRN .......................................39

Figura 05 – Evolução do PPA ......................................................................43

Figura 06 – Estrutura das reuniões de análise da estratégia.......................49

Figura 07 – Mapa estratégico segundo ciclo de planejamento....................49

Page 9: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Oito princípios da estratégia no conceito da Administração

Pública.............................................................................................................19

Quadro 02 – Definições de estratégia por Mitzberg........................................21

Quadro 03 – Momentos do PES por Meirellos et.all.......................................25

Quadro 04 – Atores institucionais entrevistados ............................................27

Quadro 05 – Plano de coleta de dados...........................................................28

Quadro 06 – Composição Funcional do MPRN..............................................32

Quadro 07 – Principais ganhos Institucionais.................................................40

Quadro 08 – Atores envolvidos no processo de alinhamento.........................46

Quadro 09 – Análise comparativa dos ciclos estratégicos..............................52

Page 10: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Objetivos estratégicos X Objetivos com indicadores

falhos..............................................................................................................52

Gráfico 02 – Indicadores estratégicos criados X Indicadores estratégicos sem

avaliação........................................................................................................52

Page 11: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

LISTA DE SIGLAS

MPRN – Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte

BSC – Balanced Scorecard

PES – Planejamento Estratégico Situacional

CAOP – Centro de Apoio Operacional as Promotorias de Justiça

RAES – Reuniões de análise da estratégia

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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................ 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................... 13

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 15

1.2.2 Objetivo Específico ...................................................................................... 16

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 18

2.1 NOVA GESTÃO PÚBLICA ................................................................................ 18

2.2 ESTRATÉGIA.................................................................................................... 21

2.3 TECNOLOGIA GERENCIAIS NO SETOR PÚBLICO ....................................... 21

2.4 PLANEJAMENTO ............................................................................................. 22

2.4.1 Planejamento Estratégico ............................................................................ 23

2.4.2 Planejamento Estratégico Situacional ....................................................... 25

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 27

3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................ 27

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE ...................................................................................... 27

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS ..................................................................... 29

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4. ANÁLISE E DISCUSÃO DE ESTUDO DE CASO ................................................ 32

4.1 O MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................. 32

4.2 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE D NORTE ............ 33

4.3 PRIMEIRO CICLO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2009/2011 ............ 38

4.3.1 AVALIAÇÃO DO PRIMEIRO CICLO 2009/2011 ............................................ 45

4.4 SEGUNDO CICLO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2012/2016 ............ 46

4.4.1 Avaliação do Segundo Ciclo 2012/2016 ..................................................... 52

5. ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS E RESULTADOS ............................... 55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 62

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 65

8. APÊNDICES ......................................................................................................... 67

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

As recentes reformas do Estado, segundo consenso estabelecido entre os

estudiosos da área, é que a situação crise é o elemento sempre presente em seus

diversos contextos (CRUZ, 1998).

Segundo Paes de Paula (2005), a origem da vertente da qual deriva a

administração pública gerencial brasileira está ligada ao intenso debate sobre a crise

de governabilidade e credibilidade do Estado na América latina durante as décadas

de 1980 e 1990.

Segundo Bresser-Pereira (1998), o Brasil vivenciou no período de 1979 a

1994 um período de estagnação de renda per capta e de elevadas inflações.

Desencadeada pelo segundo choque de Petróleo, o Estado sofreu uma perda na

capacidade de coordenar o sistema econômico de forma complementar ao mercado.

Ainda segundo o autor, a crise se definiu como uma crise fiscal – perda do crédito

público e poupança pública negativa - como uma crise do modo de Intervenção do

Estado – acelerada pelo processo de globalização da economia mundial que gerou o

esgotamento do modelo protecionista de substituição de importações implantado nos

anos de 1930 a 1950 - e como uma crise da forma burocrática pela qual o Estado era

administrado.

Sobre o contexto da crise a qual o país estava inserido, o autor ainda afirma:

[...] o modelo estatista desenvolvimentista adotado pelo regime militar nos anos 70, como uma expansão fora do tempo da estratégia de substituições de importações nacional-desenvolvimentista de Getúlio Vargas, entrava em crise final. Crise fiscal, crise de intervencionismo estatal e da exagerada proteção à indústria nacional. Entrava em crise a aliança burocrático-capitalista dominante de 1964 [...] era também uma crise burocrática estatal, na medida em que esta, se identificava com o sistema autoritário em pleno processo de degeneração. (Bresser-Pereira, 1998, p.173)

Pimenta (1998) afirma, que o país tardou na realização de um ajuste fiscal e

continuou com gastos elevados, durante boa parte desse período recessivo, passando

a agir em prol da estabilização econômica e combate à inflação somente em meados

Page 15: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

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dos anos 90. A visão econômica orientou medidas como redução de despesas (corte

de pessoal, privatização e extinção) a fim de solucionar as distorções encontradas na

economia brasileira devido ao grande endividamento interno e externo do Estado.

A crise do Estado impôs a necessidade de reconstruí-lo e a globalização

trouxe consigo o imperativo de redefinir as suas funções, pois, o Estado passou a

sofrer uma dupla pressão. De um lado, colocava-se em xeque o papel de proteção ao

cidadão, e do outro lado, exigia-se uma postura mais eficiente para realização de suas

tarefas. (BRESSER-PEREIRA, 1998).

A redefinição do papel do estado na economia e a tentativa de reduzir os

gastos públicos na área social foram as saídas mais comuns à crise das dimensões

econômicas e social do antigo tipo de Estado. Alinhado a isso, a crise levou ao

esgotamento do antigo modelo burocrático weberiano, e para responder a esse

esgotamento, foram introduzidos em larga escala, padrões gerenciais na

administração pública, conforme aponta Abrúcio (1997).

Dado o cenário envolto a crises, o qual encontrava-se o Brasil, Bresser-

Pereira (1998) afirma, que as reformas só começaram efetivamente no país a partir

de 1990. Inicialmente foram medidas voltadas para economia - ajustes fiscais;

abertura comercial; privatizações. Mas foi a partir do governo de Fernando Henrique

Cardoso o início um amplo processo de reforma da administração pública que teve

como documento básico o Plano Diretor da reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).

Nesse contexto, segundo Abrúcio (1997), o Ministro Bresser Pereira, apoiado

no estudo da experiência internacional recente, se tornou o precursor na

disseminação no plano federal e estadual sobre novas formas de gestão fortemente

orientadas para a melhoria do desempenho no setor público. Apoiando-se numa ideia

mobilizadora de uma administração voltada para os resultados e não à processos. No

âmago de responder à crise do modelo burocrático, lançou a proposta de uma

administração pública gerencial, orientada pelos valores da eficiência e eficácia, como

forma de aumentar a eficiência do Estado no que tange a sua governança e proteção

do seu patrimônio.

Page 16: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

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Uma ação inovadora trazida pelo contexto da reforma gerencial foi a

introdução de diversas novidades no campo das políticas públicas dos governos

estaduais (ABRÚCIO, 2007).

E nesse sentido de busca, por um modelo de governança estratégica eficiente

e eficaz, que o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte (MPRN),

buscando atuar com excelência no atendimento das demandas da sociedade, iniciou

no ano de 2007, o seu percurso modernizador de gestão. Implantando em seu seio

institucional, os primeiros direcionamentos de uma Gestão voltada a estratégia. O

órgão incorporou um conjunto de ações que culminaram no lançamento de seus

Planejamentos Estratégicos institucionais. Sendo o primeiro para o período de 2009 a

2011, e o segundo de 2012 a 2016, o qual no momento encontra-se em fase de

encerramento.

Nesse contexto, tendo em vista que, não basta apenas incorporar o uso de

ferramentas gerenciais, se faz necessário o seu acompanhamento e avaliação do grau

de eficiência e benefícios trazidos à organização. Além disso, é primordial que cada

organização tenha ciência das etapas vencidas, lições aprendidas e assim possam

traças um histórico frente ao caminho percorrido em prol da sua modernização

administrativa. Tendo em vista tal necessidade, considerou-se levantar a seguinte

questão problema: Quais as convergências e divergências observadas, nos

ciclos de planejamento 2009-2011 e 2012-2016 implantados no MPRN?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar as convergências e divergências nos ciclos de planejamento 2009-

2011 e 2012-2016 implantados no MPRN.

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1.2.2 Objetivos Específicos

a) Descrever o contexto organizacional e o percurso metodológico utilizado na

elaboração dos dois ciclos de Planejamento Estratégico 2009- 2011 e 2012-2016;

b) Identificar a participação dos atores institucionais nos dois ciclos em que pese ao

processo de implantação do Planejamento Estratégico;

c) Estabelecer o grau comparativo do uso dos dois ciclos estratégicos por meio da

análise das suas convergências e divergências;

1.3 JUSTIFICATIVA

Segundo Guimarães (2000), a segunda metade do século XX foi marcada por

um período de grandes transformações nos cenários tecnológico, social e econômico,

período esse que impôs novos padrões de gestão às organizações tanto públicas

quanto privadas.

Na esfera pública, fica o desafio para a nova administração pública de como

flexibilizar e tornar empreendedoras organizações com estruturas burocráticas e

hierarquizadas. Para auxílio nesse processo de racionalização organizacional,

organizações públicas passaram a absorver técnicas e práticas utilizadas inicialmente

na esfera privada, com o objetivo de aumentar a eficiência e qualidade dos serviços

públicos além de introduzir uma nova cultura de gestão (GUIMARÃES, 2000).

Consoante ao novo cenário emergido pelas organizações públicas, Matias-

Pereira (2009) afirma que o planejamento é uma prática essencial, pois é uma

tecnologia gerencial que auxilia as organizações públicas a vencerem os desafios de

se transformarem cada vez mais em organizações flexíveis e empreendedoras.

O planejamento estratégico, portanto, é uma ferramenta gerencial que auxilia

aos gestores a cada vez mais buscarem a excelência na entrega dos seus serviços,

com vistas sempre a satisfação das necessidades dos cidadãos.

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Tendo em vista a seara as quais estão imersas as discussões, em torno da

modernização administrativa dos órgãos públicos, a escolha pelo Ministério Público

do Estado do Rio Grande do Norte (MPRN) como objeto de estudo, deu-se ao fato da

instituição vir ao longo de quase 10 anos construindo sua identidade estratégica, e

assim, alcançando um certo grau de maturidade advindo de sua experiência.

A escolha também se deu pela oportunidade de acesso às diversas fontes de

informação (documentos, relatórios, próprios atores envolvidos), bem como, devido

ao fato de fazer parte do quadro de estagiários da Diretoria de Planejamento e Gestão

Estratégica. Além disso, o Ministério Público Potiguar, frente a outros órgãos da

esfera estadual apresenta uma grande relevância no Estado no quesito de gestão

estratégica, sendo até, visitado por outros órgãos públicos, com o intuito de melhor

conhecer o seu processo de modernização institucional.

O intuito do presente trabalho também consiste na contribuição do estudo

sobre a aplicação de ferramentas gerenciais inicialmente pensadas para organizações

privadas, no setor público, trazendo caso prático do uso do Planejamento Estratégico

em Ministério Público estadual.

Além disso, o presente trabalho visa, por meio do caso do MPRN, auxiliar os

demais MPs brasileiros na formulação, implantação e execução dos seus

planejamentos estratégicos, bem como, auxiliar o próprio Ministério Público com o

estudo sobre a experiência vivenciada, em termos de aspectos positivos e negativos.

Tendo em vista que, o Conselho Nacional do Ministério Público por meio da resolução

Nº1471, de 21 de junho de 2016, tornou obrigatório que todos os MPs publicassem ou

adequassem os seus planos estratégicos.

1 Resolução editada pelo Conselho Nacional do Ministério Público, a qual torna obrigatório a adequação ou formulação dos Planejamentos Estratégicos dos Ministérios Públicos brasileiro.

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18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 NOVA GESTÃO PÚBLICA

A crise brasileira foi um caso paradigmático da grande crise que ocorreu em

quase todo o mundo (BRESSER-PEREIRA, 2000). Abrúcio (2007), afirma que o

processo recente de reforma do Estado no Brasil começou com o fim do período

militar. Combinou-se dois momentos: a crise do regime autoritário e a derrocada do

modelo nacional desenvolvimentista. Ainda segundo o autor:

o regime autoritário foi pródigo em potencializar problemas históricos da administração pública brasileira, como o descontrole financeiro, a falta de responsabilização dos governantes e burocratas perante à sociedade, a politização indevida nos estados e municípios além da fragmentação excessiva das empresas públicas, com a perda do foco de atuação governamental (ABRÚCIO, 2007, p. 68).

Sobre isso, Bresser-Pereira (1998) afirma que, o regime militar aguçou ainda

mais as raízes patrimonialista existentes no Brasil, e inviabilizou a construção do país

com uma burocracia nos moldes que a reforma de 1936 propunha, pois, os militares

optaram por uma estratégia oportunista de realizar recrutamento de administradores

por meio de empresas estatais, ao invés de adotar uma redefinição de carreiras e um

processo de abertura de concurso público. Além disso, afirma o autor que o regime

autoritário ignorou a existência da crise econômica já ocorrente em todo cenário

mundial, e entrou em um processo imponderado de expansão econômica, agravando

assim de forma assídua a crise fiscal que viabilizou a crise da dívida externa e assim

culminou em mudanças no plano fiscal e balança de pagamentos.

Castro (2006) afirma que o processo sofrido no Brasil frente ao cenário de

crise que envolvia diversos países, foi o mesmo, porém, o país tardou em aderir ao

processo emergente de reforma gerencial da administração pública assim como os

demais. Para o autor, o modelo burocrático de administração presente nos Estados

começa a declinar em meados da década de 70, devido a fatores como agravamento

da dívida fiscal, globalização e as inovações tecnológicas que acabaram por

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19

enfraquecer o controle dos governos, pois as demandas da população aumentavam

frente a escassez de recursos e redução do poder.

O modelo burocrático, baseado em organização dirigida por procedimentos rígidos, forte hierarquia, total separação entre o público e privado e ênfase nas atividades meio não mais atendias as necessidades da administração pública. Diante desse quadro, o modelo de Estado e o seu aparelho administrativo passaram por uma profunda reformulação. Surge o modelo gerencial de administração pública, que busca a superação do modelo burocrático de gestão, mediante adoção de mecanismos que visam à excelência administrativa e ao foco no cidadão, ou seja, a capacidade de gestão torna-se o centro de discussão da Administração Pública, somada a significativas mudanças econômicas, tais como o ajuste fiscal e os procedimentos voltados para o mercado – a privatização e a desregulamentação por exemplo (CARSTRO ,2006, p. 2).

No concernente às mudanças, Pimenta (1998) resume em 8 princípios

básicos das estratégias dominantes no contexto da nova administração pública,

todavia, o autor afirma que esses 8 princípios não esgotam todas as possíveis ações

estratégicas, porém engloba grande parte das diretrizes encontradas nas reformas

administrativas do mundo.

Quadro 01: Oito princípios das estratégias dominantes no contexto da Administração Pública

Princípio Conceito

1 Desburocratização Busca por uma gestão mais flexível, com foco mais estratégico, eliminação de procedimentos operacionais desnecessários.

2 Descentralização

Conceituada de três maneiras: Interna (cima pra baixo na estrutura administrativa do setor público) externa ( dentro pra fora da estrutura do Estado) e níveis de governo (fortalecimento do poder local).

3 Transparência

Dar maior publicidade às ações para o bom controle do uso dos recursos utilizados. Estimula concorrência entre fornecedores e possibilita maior participação da sociedade legitimando, assim, a ação estatal.

4 Accountability Controle e avaliação dos objetivos propostos, com produtividade e qualidade.

5 Ética Interligado ao Accountability, considerado fundamental no processo, devendo ser sempre estimulado.

Page 21: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

20

6 Profissionalismo

Objetivando uma administração pública gerencial, flexível e focado no controle de resultados é imprescindível que os gestores desempenhem funções com eficiência e qualidade por meio da meritocracia.

7 Competitividade Com vista à melhorias do serviço prestado

8 Enfoque no

cidadão

Valorização do cidadão como principal consumidor dos serviços públicos

Fonte: Pimenta, 2008. Adaptado pela autora.

Segundo o mesmo autor, a reforma gerencial surge do contexto em que a

crise do Estado burocrático brasileiro se caracteriza como crise operacional, quando

suas ações se tornaram menos efetivas e os seus custos cada vez mais elevados.

Para Pimenta (1998), o princípio fundamental da reforma gerencial é a concessão de

autonomia de decisão ao gerente público, consolidando a democracia dentro das

organizações públicas.

Segundo Bresser Pereira (2000), a reforma gerencial brasileira tem três

objetivos principais:

Aumento da eficiência e efetividade dos órgãos ou agências do Estado;

Fortalecimento da capacidade de promoção do desenvolvimento econômico

e social;

Garantia do caráter democrático da administração pública, com serviço

orientado para o cidadão-cliente acompanhado da responsabilização do

servidor público pelos seus resultados.

Tais objetivos, segundo Pimenta (1998) estavam em consonância com os

princípios fundamentais propostos pelo Plano Diretor da Reforma do Estado (PDRAE):

Ação com enfoque no cidadão, que passa a ser visto como cliente;

Competitividade administrada como diretriz na organização da ação estatal;

Execução dos serviços pelo Estados, preferencialmente descentralizada;

O controle das ações por meio de avaliação de resultados;

Controle social como mecanismo de transparência da ação estatal;

Sistemas administrativos flexíveis;

Page 22: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

21

2.2 ESTRATÉGIA

Kich e Pereira (2011) afirmam que o Estratégia é bastante abrangente e

possui muitas definições sob enfoques diferentes por diversos atores. Porém,

Estratégia basicamente significa o caminho de escolhas e ações que visam o

cumprimento dos objetivos da organização. Ansoff (1990) acredita, que a estratégia

nasce a partir da necessidade da organização, em superar novos desafios, ameaças

e até mesmo novas oportunidades.

Mitntzberg (2001), apresenta o conceito de estratégica baseando-se em cinco

definições:

Quadro 02: Definições de estratégia por Mintzberg (2001)

Estratégia Característica

1 Estratégia como Plano Conjunto de diretrizes voltados para uma determinada situação;

2 Estratégia como pretexto Quando usada como plano em situação de competitividade;

3 Estratégia como um padrão Consiste no comportamento resultante da estratégia como plano;

4 Estratégia com posição Como forma de mediação em a organização e o ambiente;

5 Estratégia como Perspectiva Quando formulada pelos membros da organização e compartilhada por meio de intenções e ações;

Fonte: Mintzberg (2001). Adaptado pela autora

2.3 TECNOLOGIAS GERENCIAIS NO SETOR PÚBLICO

Abrúcio (2007) afirma que a nova gestão pública tem uma série de

peculiaridades que dizem respeito à necessidade de se ter instrumentos gerenciais e

democráticos novos para combater os problemas que o Estado enfrenta no mundo

contemporâneo. Todavia, segundo o autor alguns alicerces do modelo burocrático

weberiano podem, porém, constituir uma alavanca para a modernização,

Page 23: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

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principalmente em prol da meritocracia e da separação clara entre o público e o

privado.

As realizações em torno da modernização da Administração Pública têm

ganhado destaque nas discussões sobre o reparo da Gestão Pública. São constantes

as iniciativas inovadoras, encaminhadas pelos estados e municípios, tanto na

melhoria da eficiência administrativa quanto na forma de prestação de serviços aos

cidadãos. (Lima; Jacobini; Araújo, 2015).

Kliksberg (1992) afirma que as organizações no setor público não podem ficar

inertes frente à necessidade de reestruturação estratégica e de adoção de novas

ferramentas de gestão, que são necessárias para melhor atender as complexas

demandas organizacionais e ambientais. Ou seja, as organizações públicas devem

preocupar-se com o aumento da sua eficiência, e assim, devem buscar por meio de

uma mudança organizacional, maior agilidade em detrimento de uma diminuição da

complexidade burocrática na implementação de ações estratégicas.

Matias Pereira (2009) destaca que o Planejamento Estratégico é uma

ferramenta gerencial essencial. Nessa mesma linha, Silva et. al (2013) afirma que a

importância do planejamento como uma ferramenta de gestão é primordial pela

necessidade constante de melhorar a eficiência, eficácia e efetividade da máquina

pública brasileira.

2.4 PLANEJAMENTO

Para Akoff (1982) é por meio do planejamento que as organizações definem

o futuro desejado e os meios para alcança-lo. Para o autor o planejamento é um

processo de tomada de decisão, porém, ressalva que nem toda tomada de decisão

poderá ser considerada um planejamento, para isso, elenca algumas caraterísticas

que norteia o gestor a saber quando se está tratando de planejamento:

Processo de tomada de decisão antecipada, que se estabelece o que fazer e

como fazer antes de estabelecida uma ação;

Page 24: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

23

Sistema de decisões, onde o efeito de cada decisão no resultado depende de

outra decisão de um conjunto;

Processo com víeis otimista e/ou pessimista;

Para Padilha (2001) o planejamento pode ser considerado um processo de

equilíbrio entre recursos com o objetivo de promover a concretização dos objetivos

firmados, prazos estabelecidos, visando um melhor desempenho organizacional.

Oliveira (2004) afirma que o propósito do planejamento é desenvolver

processos técnicas e ações que propiciem uma situação favorável à organização e as

suas implicações futuras de decisões de forma mais eficiente, e eficaz e alinhada aos

objetivos organizacionais.

2.4.1 Planejamento estratégico

O uso do Planejamento Estratégico, na literatura, é bastante difundido dada a

sua extrema importância competitiva a ser gerada para as organizações modernas.

Eis, então, a conceituação desta ferramenta por parte de alguns autores.

Alday (2000) define o Planejamento Estratégico (PE) como um instrumento

flexível que estimula os administradores a pensar em ações relevantes às

organizações concentrando-se, pois, em questões de estrita importância.

Kotler (1975), por sua vez, conceitua que o Planejamento Estratégico é um

método gerencial o qual direciona a organização para que ela tenha maior interação

com o ambiente.

Ou seja, apesar de os autores fazerem menção ao Planejamento Estratégico

com palavras diferenciadas, denota-se que a essência desta ferramenta é sempre a

mesma: eficiência e ganhos futuros com ações pensadas e holísticas.

Segundo Oliveira (2001), o processo de Planejamento Estratégico é dividido

em quatro fases, no tangente a sua elaboração e implementação.

Page 25: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

24

Diagnóstico estratégico: Busca-se a identificação da realidade atual da

organização. Normalmente, realiza-se reuniões com as pessoas das

organizações e verifica-se os aspectos inerentes à realidade interna e externa

do órgão. Divide-se em quatro etapas: Identificação da visão; Análise interna

e externa; análise de outras organizações.

Missão da empresa: se define a missão com o intuito de se compreender a

razão de ser da organização e a partir daí traçar os seus objetivos

estratégicos.

Instrumentos prospectivos: instrumentos que viabilizam o alcance dos

objetivos, segundo o autor eles podem ser: prescritivos ou quantitativos;

Controle e avaliação: verifica como a organização está caminhando em prol

dos seus objetivos, metas e desafios.

Para Pereira (2010), o processo de planejamento é realizado em três

momentos:

Diagnóstico estratégico: segundo o autor, as organizações devem verificar se

estão no momento mais adequado para elaboração de um plano estratégico,

caso sim, toda a organização se sensibiliza e escolhe a metodologia a ser

utilizada;

Formulação das etapas do processo de Planejamento Estratégico: Momento

em que os profissionais se reúnem nas reuniões de planejamento para

definirem as etapas a serem seguidas. Nessa etapa são elaboradas a missão,

valores, fatores críticos de sucesso, bem como análise situacional por meio

de uma matriz que elenque as oportunidades, ameaças forças e fraquezas

institucionais. Por fim, são elaboradas as estratégias e, por conseguinte, suas

ações.

Implantação e controle: acompanhamento e avaliação do plano e os seus

resultados.

De acordo com Pereira (2010), a fase de elaboração do planejamento pode

ser formada de três maneiras:

Top-down: quando é elaborado somente por membros da cúpula;

Bottom-up: Todos os membros participam do processo;

Page 26: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

25

Modelo misto: Pessoas das mais diversas áreas da organização contribui para

o processo;

2.4.2 Planejamento estratégico situacional

O Planejamento Estratégico situacional (PES), foi desenvolvido por Carlos

Matus. Sua proposta foi de tornar o método de planejamento mais flexível, que

permitisse trabalhar com a complexidade dos problemas sociais, pois nesse método,

as realidades são sempre acompanhadas a ponto de quando houver alguma mudança

na situação real o plano é automaticamente reajustado.

Segundo Melleiro. et.all (2005) o PES é um instrumento de gestão voltado

para a resolução de problemas, no qual os atores sociais participam efetivamente do

processo”. Segundo o autor, o método explica um problema a partir do relato do autor

que o declara, a partir daí, identifica as possíveis causas e busca diferentes modos de

abordar e propor soluções.

O método de planejamento situacional, divide-se em quatro momentos,

conforme mostra o quadro 03 abaixo:

Quadro 03: Momentos do PES conforme Melleiro. et.all (2005)

Momentos Conceito

Momento Explicativo

Descrição da realidade por meio dos problemas relevantes, buscando-se a compreensão ampla do porquê esses ocorrem e identificando-se os nós-críticos, que representam os centros práticos de ação.

Momento Normativo

Identificação dos atores que integram o problema e dos recursos disponíveis. Faz-se a projeção de cenários onde são mapeadas as melhores e piores possibilidades.

Momento Estratégico

Busca por responder questões sobre a viabilidade do processo, reações dos atores envolvidos no problema, e como combater as inviabilidades.

Page 27: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

26

Momento tático-operacional Implementação das ações propostas, e adequação à novas situações que possam surgir.

Fonte: Melleiro et.all (2005). Adaptado pela autora

Page 28: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

27

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Quanto a abordagem a pesquisa pode ser classificada como qualitativa

(ROESCH, 2000), pois busca focar na realidade organizacional, a partir da integração

e contribuição dos principais atores institucionais. Assim, busca-se obter as

informações a partir do contato direto e interativo com o objeto de estudo. Assim,

busca-se compreender os fenômenos por meio das perspectivas daqueles que estão

inseridos na situação estudada, gerando sua própria interpretação dos fenômenos

abordados.

Trata-se de um estudo de caso (YIN, 2010), pois foi especificado um órgão

específico para estudo, para análise da realidade vivenciada em período delimitado

de pesquisa.

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE

O universo da pesquisa compreende o Ministério Público do Estado do Rio

Grande do Norte. Os sujeitos da pesquisa, foram servidores que participaram

ativamente do processo de construção estratégica do órgão. Sendo três deles

envolvidos com os dois ciclos de planejamento 2009-2011 e 2012- 2016, e um deles,

envolvido diretamente no processo de execução do segundo ciclo.

Para a realização do presente trabalho foram realizadas pesquisas de modo

qualitativo, por meio de entrevistas, pesquisa documental e análise do ambiente. A

técnica de análise qualitativa se caracteriza, por amostras pequenas para análise de

determinado fenômeno (ZANELLA, 2006), dessa maneira, como o objetivo da

pesquisa trata-se da análise e identificação de características atenuantes aos dois

ciclos de planejamento instituído pelo órgãos, para fins de comparação, optou-se por,

realizar de forma semiestruturada entrevistas com os atores institucionais que mais

estiveram presentes, no processo de formulação, elaboração e implementação da

estratégia. São, portanto, servidores envolvidos na área de planejamento e gestão

Page 29: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

28

estratégica da instituição. Por motivos de indisponibilidade e difícil acesso aos

membros da administração superior não foi possível a realização de entrevistas com

esses, todavia, como o objetivo da pesquisa se concentra na área meio da instituição,

a execução da análise do trabalho não foi prejudicada.

O quadro 04 abaixo elenca os servidores entrevistados de acordo com seu

cargo e devido relacionamento com a ferramenta gerencial estudada.

Quadro 04 Atores institucionais entrevistadas

CARGO/FUNÇÃO

RELACIONAMENTO COM O PE

DIRETOR ADMINISTRATIVO

Era o gestor de planejamento na época em que o mesmo foi pensado e implementado na instituição. Atualmente responde como usuário do PE.

GERENTE DE GESTÃO ESTRATÉGICA Acompanhou todo o processo de elaboração, implementação e execução.

DIRETORA DE PLANEJAMENTO E

GESTÃO ESTRATÉGICA

Acompanhamento do processo de levantamento de resultados do PE.

DIRETORA DE GESTÃO DE PESSOAS

Acompanhou todo o processo de elaboração, implementação. Atualmente responde como usuária do PE.

Fonte: Elaborada pela autora.

A pesquisa documental foi realizada por meio dos arquivos disponíveis nas

pastas da Diretoria de Planejamento e Gestão Estratégica, bem como, pelas

publicações oficiais do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte (MPRN),

a saber: Relatórios de gestão (2011-2015) e Publicação do Planejamento Estratégico

2012-2016.

Por fim, por meio das entrevistas, investigação documental e análise realizada

do ambiente organizacional do MPRN, tornou-se possível a elaboração de uma

análise comparativa entre os dois ciclos estratégicos implantados pelo órgão.

Page 30: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

29

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS

O plano de coleta de dados constituiu-se de duas etapas. A primeira foi

embasada por um levantamento de estudo, por meio de pesquisa documental e

bibliográfica. A segunda tratou-se na realização de entrevistas semiestruturadas que

permitiram o envolvimento direto dos principais atores envolvidos, a partir da

identificação das suas perspectivas, grau de envolvimento, funções e seus anseios

frente à incorporação de uma modernização organizacional.

No quadro 05 a seguir, estão dispostos, as categorias de análise abordadas

na pesquisa, a sua técnica de coleta, bem como, os sujeitos e/ou objetos, e a relação

com os objetivos específicos de pesquisa propostos.

Quadro 05: Plano de coleta de dados

Categoria de

análise Técnica de coleta

Sujeito/ objeto

da pesquisa

Objetivo(s)

específico(s)

atingido(s)

Como se deu o

processo de

sensibilização.

1 Entrevista

semiestruturada

2 Análise Documental

1 Diretor administrativo; Diretora de planejamento; Gerente de gestão estratégica; Diretora de gestão de pessoas

2 Pesquisa documental : Relatórios de gestão; Planejamento estratégico 2009-2011; PE 2012-2016.

a) descrever o contexto

organizacional e o

percurso metodológico

utilizado na elaboração

dos dois ciclos de

planejamento

estratégico 2009- 2011

e 2012-2016;

b) identificar o grau

participação dos atores

institucionais em que

peso ao processo de

implementação e

execução da estratégia.

Como se deu o

processo de

elaboração

1 Entrevista

semiestruturada

2 Análise Documental

1 Diretor administrativo; Diretora de planejamento; Gerente de gestão

a) descrever o contexto

organizacional e o

percurso metodológico

Page 31: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

30

estratégica; Diretora de gestão de pessoas

2 Pesquisa documental : Relatórios de gestão; Planejamento estratégico 2009-2011; PE 2012-2016

utilizado na elaboração

dos dois ciclos de

planejamento

estratégico 2009- 2011

e 2012-2016;

c)Estabelecer o grau

comparativo do uso dos

dois ciclos estratégicos

por meio da análise das

suas convergências e

divergências;

Metodologia

empregada e o

porquê?

1 Entrevista

semiestruturada

2 Análise Documental

1 Diretor administrativo; Diretora de planejamento; Gerente de gestão estratégica; Diretora de gestão de pessoas

2 Pesquisa documental : Relatórios de gestão; Planejamento estratégico 2009-2011; PE 2012-2016.

a) descrever o contexto

organizacional e o

percurso metodológico

utilizado na elaboração

dos dois ciclos de

planejamento

estratégico 2009- 2011

e 2012-2016;

c)Estabelecer o grau

comparativo do uso dos

dois ciclos estratégicos

por meio da análise das

suas convergências e

divergências;

Como se deu a

execução dos

ciclos de

planejamento.

1 Entrevista

semiestruturada

2 Análise Documental

1 Diretor administrativo; Diretora de planejamento; Gerente de gestão estratégica; Diretora de gestão de pessoas

2 Pesquisa documental :

c) estabelecer o

grau comparativo

do uso dos dois

ciclos estratégicos

por meio da análise

das suas

convergências e

divergências;

Page 32: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

31

Relatórios de gestão; Planejamento estratégico 2009-2011; PE 2012-2016

Fonte: Elaborada pela autora.

Page 33: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

32

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

4.1 O MINISTÉRIO PÚBLICO

A história do Ministério Público (MP) remonta ao ano de 1934, porém, seu

marco histórico data o ano de 1988, com a promulgação da Constituição Federal. A

partir daí o órgão, que antes vivia às sombras do poder executivo, passa a constituir-

se de autonomia nas áreas administrativas, orçamentárias e financeiras. A carta

magna também conferiu ao órgão um capítulo exclusivo para tratar das competências

e atribuições.

O Ministério Público passou a ser definido de acordo com o art.127 da

Constituição Federal de 1988, como: “...instituição permanente, essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. (Brasil, 1988).2

A carta constitucional ampliou as atividades desempenhas pelo Ministério

Público, que passou a atuar na instauração de Termos de Ajustamento de Conduta

(TACs), bem como, enquanto órgão de controle da administração pública, a

possibilidade de processa contra agentes públicos em casos de improbidade

administrativa ou outro previsto em lei.

Assim, o Ministério Público passa a ter uma posição de destaque, frente às

demandas da sociedade. Possui competência para agir em prol da defesa dos direitos

individuais e da coletividade indisponíveis. Sua atuação abrange diversas áreas,

como: Meio Ambiente, Criminal, Cidadania, Infância e Juventude, Inclusão, entre

outros.

Dada tamanha atribuição conferida ao órgão, foi criado por meio da Emenda

constitucional nº45 de 2004, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), com

atribuição de controle de atuação administrativo e financeiro do MP e de cumprimento

dos deveres funcionais dos membros. Instalado em junho de 2005, o CNMP buscou

2 Disponível em <htt:// http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acessado

em 26 de Novembro de 2016.

Page 34: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

33

imprimir uma visão nacional à instituição além de coordenar esforços para o

cumprimento das funções ministeriais estabelecidas.

4.2 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, estabeleceu sua

estrutura orgânica por meio da lei complementar estadual nº141/1996. Além dessa,

têm-se a Lei complementar nº446/2010 que rege sobre a sua estrutura administrativa,

e a Resolução nº 74/2011 que trata sobre o seu Regimento interno.

Sua composição é formada da seguinte maneira:

Quadro 06: Composição funcional do MPRN

Órgãos da Administração Superior

Procuradoria-Geral de Justiça

Procuradoria-Geral de Justiça Adjunta

Corregedoria-Geral de Justiça

Corregedoria-Geral de Justiça Adjunta

Colégio de Procuradores de Justiça

Conselho Superior do Ministério Público

Órgãos da Administração

Procuradorias de Justiça

Promotorias de Justiça

Órgãos de execução

Procuradores de Justiça

Promotores de Justiça

Órgãos auxiliares

Centros de Apoio Operacional às Promotorias

de Justiça (CAOP)

Centro de Estudo e aperfeiçoamento Funcional (CEAF)

Page 35: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

34

Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO)

Ouvidoria

Unidades de apoio administrativo

Diretoria-Geral

Diretoria de Planejamento e Gestão Estratégica;

Diretoria de Tecnologia da Informação;

Diretoria de Gestão de Pessoas;

Diretoria de Orçamento, finanças e

contabilidade;

Diretoria Administrativa

Diretoria de comunicação

Fonte: Relatório de Gestão 2011.

Até o ano de 2006, o MPRN era uma instituição bem descoincidente,

com estruturas burocráticas bastante predominantes. Quase todas as

Promotorias de Justiça funcionavam às bases da estrutura do poder judiciário.

Apenas a sede da Procuradoria de Justiça, possuía prédio próprio. Seus

recursos físicos, tecnológicos e de pessoal eram bastante defasados.

Sua estrutura organizacional era fragilizada, e a instituição encontrava-

se bem dispersa espacialmente e objetivamente, pois cada unidade buscava

suprir suas demandas, suas metas e seus objetivos próprios.

Era bastante comum a atuação única do Promotor de Justiça em sua

respectiva comarca, o que impactava diretamente sua atuação frente às

demandas sociais.

O que se tinha de plano institucional, era o plano de gestão elaborado

pelo Procurador de Justiça, vigente durante seu período de gestão. Porém esse

plano não possuía viés estratégico. A ausência de uma visão estratégica, que

Page 36: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

35

unificasse toda a organização em prol de um só objetivo institucional,

proporcionou um certo desconhecimento sobre o que era em si o órgão, seus

anseios, suas necessidades, e o que o impedia de crescer administrativamente

e institucionalmente. E essa realidade impactava diretamente o alcance da

eficiência e eficácia em suas ações, pois como afirma, Tregoe e Zimmerman

(1984), é preciso que haja um alinhamento entre o planejamento organizacional,

o planejamento estratégico e as estratégias de todas as unidades, pois dessa

forma as pessoas trabalham em conjunto, estrategicamente, para alcance dos

objetivos almejados. O autor também afirma, que esse alinhamento não impede

que as unidade tenham seus objetivos próprios, mas permite que esses estejam

congruentes com a estratégia proposta para a organização como um todo.

Diante desse cenário, no ano de 2007, um grupo de gestores da área

administrativa se reuniu, para pensar novas práticas, que pudessem propiciar

o crescimento institucional mais direcionado, já que, tendo em vista o tamanho

da competência confiada ao órgão, a sua necessidade de crescimento de forma

ordenada e estruturada, e a realidade organizacional vigente, o cenário

encontrava-se insustentável. A partir de então, após autorização da

administração superior, a instituição participou do programa de avaliação do

Gespública.

O programa foi criado com o intuito de contribuir para a melhoria dos serviços

públicos prestados, dessa forma foram estabelecidos grupos e critérios para a

avaliação dos órgãos. (BRASIL, 2005). No caso do Ministério Público Potiguar, o ciclo

avaliativo adotado foi o de 250 pontos, nesse grupo estavam presentes os critérios:

literatura; estratégias e planos; cidadãos e sociedade, informação e conhecimento,

pessoas, processos e resultados.

Os resultados da auto-avaliação mostraram o baixo grau de maturidade da

instituição frente a várias áreas, como pessoas, processos, informação e

conhecimento, mas sobretudo, frente às questões estratégicas, como mostra a figura

01 abaixo:

Page 37: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

36

Figura 01: Resultados da autoavaliação realizada pelo comitê gestor.

Fonte: Relatório de auto-avaliação do MPRN, 2007/2008.

De acordo com a auto-avaliação do comitê gestor, o MPRN foi classificado

como nível 02 de gestão, caracterizado por organizações que possuem práticas nos

primeiros estágios de gestão com lacunas significativas e resultados esporádicos

decorrentes da aplicação de algumas práticas de tendências favoráveis.

A figura 02 abaixo, retrata o resultado do critério específico estratégias e

planos:

Figura 02 Resultado detalhado do aspecto Estratégia e Plano

Page 38: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

37

Fonte: Relatório de auto-avaliação do MPRN, 2007/2008

Tal resultado permitiu que os atores institucionais, identificassem algumas

características atenuantes ao órgão:

Estratégias e planos de ações voltadas apenas à concretização do Plano de

Gestão do Procurador-Geral de Justiça;

Ausência de um Planejamento Estratégico unificado e padronizado, bem

como de uma cultura de planejamento;

Ausência de mecanismos de controle que viabilizassem o acompanhamento

do desempenho institucional de forma sistêmica;

Inexistência ou funcionamento deficiente dos mecanismos de intercâmbio de

informação entre os atores institucionais;

As medidas tomadas pelo comitê gestor, visaram primordialmente a

intervenção nas lacunas observadas por meio da avaliação. A partir daí, esforços

passaram a ser concentrados na formulação de diretrizes estratégicas capazes de

sanar as principais deficiências, assim, a concepção de uma gestão estratégica e

através dela a elaboração do Primeiro Planejamento estratégico, marcou de fato um

avanço institucional no âmbito da gestão voltada para resultados. Nesse sentido, o

primeiro passo à modernização institucional fora dado.

Page 39: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

38

4.3 O PRIMEIRO CICLO DE PLANEJAMENTO: 2009- 2011

O plano de melhorias proposto, buscou apresentar um instrumento que fosse

capaz de interferir em todas as áreas das variáveis analisadas pelo Gespública, bem

como, que causasse um alinhamento organizacional dos objetivos e metas

estratégicos. Almejou-se com esse instrumento, transformações necessárias para o

bom desenvolvimento do Ministério Público Potiguar.

O primeiro planejamento estratégico fez uso combinado de duas

metodologias: O planejamento estratégico situacional (PES), e o balanço de

Scorecard (BSC)3. O PES foi utilizado para a elaboração do plano, já o BSC foi a

metodologia pensada para fins de monitoramento e acompanhamento das metas,

indicadores e objetivos. O foco desse primeiro ciclo de planejamento concentrou-se

na necessidade de resolver problemas estruturantes, nas mais diversas áreas

(tecnologia, pessoas, estrutura predial, entre outros), isso porque, os atores

institucionais percebiam que não havia como definir metas mais audaciosas se não

houvesse uma estrutura administrativa e organizacional compatível com a demanda

de resultados que se desejava para a sociedade. Portanto, os principais projetos

priorizados foi na área de recursos humanos, realização de concurso público,

incentivo à carreira de servidores, processo seletivo para ocupação de cargos por

mérito (com intuito de evitar as influencias patrimonialistas). Além disso, foram

traçados objetivos de estruturação da área fim, e disseminação da cultura de

gerenciamento de projetos entre esses.

O processo de elaboração desse primeiro ciclo contou com a participação de

uma equipe de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),

que junto dos integrantes que faziam parte do Comitê de Planejamento, promoveram

capacitações e diversas reuniões para entender o que era o Ministério Público e onde

queriam chegar. Dessa forma, a elaboração do primeiro planejamento contou com três

fases. A primeira consistiu de uma análise situacional, promovida por meio de

realizações de fóruns de discussões, nos quais permitiam aos atores envolvidos,

3 Metodologia que compõem-se de um sistema de Gestão estratégica, que busca o alinhamento estratégico organizacional e o desmembramento indicadores, objetivos e metas..(KAPLAN E NORTON, 1992)

Page 40: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

39

pensar, refletir práticas, e a discutir sobre a realidade institucional. O segundo

momento, buscou-se traduzir toda análise realizada nos fóruns em objetivos

estratégicos, metas e indicadores, ocasião essa em que foi construído o Mapa

estratégico situacional (figura 03). Ressalta-se que, nesse momento também foram

reformulados os conceitos institucionais de missão, visão e valores.

O terceiro momento, foi a publicação do ciclo válido por três anos 2009-2011.

Fruto desse planejamento, foram desenvolvidos para fins de execução o Plano Geral

de Atuação (PGA), que correspondia aos planos relacionados a área fim e Plano Geral

Operacional (PGO), direcionando ao atendimento dos objetivos da área meio.

No tangente à sua execução, o Balanced Scorecard (BSC) foi pensado, como

ferramenta que auxiliasse os gestores a acompanhar e monitorar as ações envolto

dos objetivos traçados, todavia, os mesmos não encontravam-se capacitados para o

devido uso da ferramenta, o que comprometeu intimamente a aferição dos resultados

no que diz respeito ao acompanhamento das metas e indicadores, entretanto, os

mesmos não deixaram de ser observados por todos

A figura 03 abaixo traz o mapa estratégico desse primeiro ciclo estratégico

situacional com seus objetivos:

Figura 03: Mapa estratégico situacional do primeiro ciclo de planejamento 2009-2011

Fonte: Relatório de Gestão, 2011.

Page 41: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

40

De acordo com entrevistas e pesquisa documental, um dos grandes ganhos

institucionais foi a modernização da sua arquitetura organizacional. Foi percebido

pelos atores institucionais, que para que o Planejamento Estratégico obtivesse êxito,

seria necessário a restruturação institucional. Na ocasião, as principais mudanças

institucionais foram:

Transformação de unidades de assessoramento em Diretorias;

Criação da Gerências de Gestão Estratégica, escritórios de Projetos e

processos Unidades que são responsáveis por assessorar e fomentar esse

processo de desenvolvimento e implantação da estratégia.

Estruturação da Diretoria de Tecnologia da Informação, que antes funcionava

como órgão ligado à diretoria de Planejamento.

A figura 04 abaixo, retrata a nova arquitetura organizacional proposta para o

MPRN

Page 42: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

41

Figura 04 Organograma institucional do MPRN

Fonte: Relatório de Gestão, 2011.

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42

Nesse primeiro ciclo buscou-se fortalecer o considerado tripé da instituição:

pessoas, tecnologia e administrativo (que inclui também esse suporte do

planejamento). E esse foi o foco da primeira experiência de planejamento estratégico

que foi de curto prazo.

O quadro 07 abaixo, traz um resumo dos principais ganhos institucionais de

acordo com as suas diretrizes estratégicas estabelecidos no mapa.

Quadro 07 Principais ganhos institucionais

Diretriz Estratégica Ações

Promoção da unidade ministerial

Realização de fóruns de discussão e encontros regionais;

Instalação de comunicador instantâneo (Pandium);

Promoção de estratégias e metas de atuação finalística

Implantação de instrumento de planejamento nos órgãos de atuação finalística; ( CAOPs; GAECO e CEAF)

Disseminação da cultura de projeto nas áreas administrativas e fins;

Captação de recursos externos para custeio dos projetos.

Ampliação de parcerias estratégicas com os Poderes, Instituições e a

sociedade Civil Organizada

Captura de ideias por meio do concurso – Por uma MP mais eficiente, que contou com a participação da sociedade e integrantes da instituição;

Realização da Pesquisa de imagem e satisfação com a organização civil organizada, organizações públicas e usuários dos serviços do MPRN

Ampliação e integração com a sociedade e melhora da satisfação do

cidadão-usuário

Realização de pesquisa de imagem e satisfação com a População; Sociedade Civil organizada, Organizações Públicas e usuários de serviços do MPRN;

Prestação de contas das atividades desenvolvidas pelo MPRN, bem como,

Page 44: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

43

apresentação do Relatório Anual de Gestão ao poder legislativo e à sociedade.

Racionalização, otimização e padronização das ações dos órgãos

de execução

Implantação do Plano Geral de Atuação

Destinação de assistentes ministeriais para Promotorias de Justiça

Criação de cargos de analista

Fortalecimento da atividade extrajudicial

Implantação do Plano Geral de Atuação

Destinação de assistentes ministeriais para Promotorias de Justiça

Criação de cargos de analista, oficial de diligência e Analista de inteligência

Estruturação do GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado

Otimização da gestão da Tecnologia da Informação.

Aquisição de equipamentos de TI;

Criação da carreira e provimento em analista de TI

Implantação de Recurso de segurança da informação

Criação da Central de dados virtuais;

Criação de Banco de dados

Modernização e instrumentalização da comunicação interna e externa

Disponibilização do Portal da intranet

Criação do Portal de notícias do MPRN

Modernização da estrutura e gestão organizacional do MPRN

Modernização da arquitetura organizacional

Descentralização administrativa

Implantação: Escritório de projetos, gestão por processos, Reuniões de Gestão; conselho diretivo;

Modernização da Gestão de Pessoas

Ampliação do quadro de pessoal. Criação de cargos de carreira de nível superior

Implantação do Planos de Cargos Carreira e Remuneração

Qualificação e aperfeiçoamento funcional

Implantação do Programa de Qualidade de vida no Trabalho

Page 45: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

44

Processo Meritocrático para preenchimento de cargos comissionados do MPRN;

Elevação das receitas e otimização das despesas do MPRN

Captação por meio da celebração de convênios com órgãos federais;

Instituição da política de Gestão de Convênios;

Modernização e incrementação da atuação do Colégio de Procuradores

de Justiça – CPJ

Criação de comissão responsável por Estudo sobre especialização das Procuradorias de Justiça

Fortalecimento e modernização da atuação do Conselho Superior do

MPRN

Divulgação das ações no Portal do Ministério Público;

Fonte: Relatório de Gestão, 2011. Adaptado pela autora.

Foram elencados no quadro acima um resumo da gama de resultados e

avanços alcançados pela instituição. De acordo com pesquisa documental realizada

foi possível constatar que tais conquistas, permitiram que o Ministério Público tivesse

um grande salto em seu orçamento anual (Plano Plurianual - PPA), pois, conseguiu

provar a destinação dos seus recursos por meio de satisfatórios resultados. Era visível

o crescimento e a modernização institucional. Segundo dados obtidos por meio de

pesquisa aos Relatórios anuais de gestão, de 2011 (ano de encerramento desse

primeiro ciclo estratégico) para 2012 o salto orçamentário foi expressivo.

Page 46: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

45

Figura 05: Evolução do PPA 2008 - 2012

Fonte: Relatório de Gestão MPRN, 2011.

4.3.1 AVALIAÇÕES SOBRE O PRIMEIRO CICLO ESTRATÉGICO

Por mais que os resultados tenham sido satisfatórios para a organização, uma

gama de lições aprendidas foram, absorvidas pelos membros do comitê estratégico.

De acordo com os principais atores institucionais que estavam envolvidos diretamente

no processo foi possível constatar:

a) Quanto a análise situacional:

Fóruns de Discussão mostraram-se instrumentos apropriados de construção

de um Planejamento Estratégico participativo;

Necessidade de maior foco para construção da Missão, Visão e Valores e do

Mapa Estratégico;

Trabalhar com itens problemas permitiu um maior envolvimento dos

participantes, todavia ficou muito limitado às dimensões internas;

Departamento de Planejamento deu total suporte administrativo;

Membros da Comissão atuar de forma mais ativa na construção do processo;

CAOPs não aturam ativamente nesse processo de discussão e com isso não

foram trabalhadas as prioridades finalísticas do MP/RN: Educação,

Consumidor, Infância, Meio Ambiente, entre outros.

Page 47: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

46

Ausência de um cronograma com detalhamento de todo o processo de

planejamento.

Falta de compreensão da metodologia utilizada pelos participantes;

b) Quanto a construção dos objetivos, metas e indicadores:

Confusão na hora de estabelecer os próximos passos (Ausência de

cronograma)

Grupo Político Estratégico e Tático Operacional não se mostraram adequados

(sobreposição de objetivos e metas)

Não obedeceu ao modelo do BSC: diretriz, objetivos, metas e ações.

Metas e Indicadores confusos (pouca ou nenhuma atenção dada), e assim,

não foi dada a devida atenção ao Mapa Estratégico;

Prioridades dos projetos bem como responsáveis e prazos não foram

devidamente definidos;

Dificuldades metodológicas pelos chefes de setores;

A partir dessas observações, foi possível definir um diagnóstico que foi levado

para o segundo ciclo estratégico. Foi considerado que seria necessário dar maior

atenção aos indicadores e projetos, bem como a necessidade de estabelecer um

plano de comunicação e definição de uma forma de monitoramento, já que a falta de

conhecimento sobre a ferramenta escolhida impossibilitou a execução do

acompanhamento das ações.

Além disso, reconheceu-se a necessidade de concentração de esforços

também na área fim.

4.4 O SEGUNDO CICLO DE PLANJEMANTO

O segundo ciclo de Planejamento estratégico foi proposto para o período de

2012-2016. Teve como base as lições aprendidas do primeiro ciclo estratégico 2009-

2011, e um maior rigor metodológico, utilizando-se o PES somente na fase de

elaboração de diagnóstico situacional, mas a execução contou exclusivamente com o

balanced scorecard (BSC). Buscou-se nesse segundo ciclo o alinhamento dos

Page 48: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

47

esforços da área administrativa aos objetivos da área fim, bem como, com uma visão

estratégica mais voltada a atuação direta na sociedade. Buscava-se nesse ciclo,

tornar o MPRN conhecido aos seus clientes, leia-se cidadão.

A pesquisa de imagem e satisfação realizada durante o primeiro ciclo de

planejamento, serviu de base para levantar um aspecto importante, o cidadão não

conhecia o Ministério Público, logo, não possuía ciência do seu papel institucional.

Pensando nisso, os esforços nesse segundo ciclo de Planejamento se voltaram na

elaboração de políticas públicas que atingissem e causassem impacto diretos na

sociedade.

O processo de construção do segundo Planejamento estratégico do MPRN,

que contou com a participação de membros e servidores da instituição em parceria de

uma consultoria externa, a empresa 3GEN, deu-se em 7 etapas.

a) Planejamento do programa

Nessa primeira etapa, foi constituída a comissão de validação com o propósito

de acompanhar a execução do projeto e evolução dos produtos a serem entregues.

Junto a alguns gestores administrativos a comissão foi capacitada por meio de um

curso de Gestão estratégica com o uso do Balaced scorecard (BSC). O método já teria

sido utilizado no antigo ciclo, porém, os gestores não possuíam o certo nível de

conhecimento apropriado para a administração da ferramenta. Já o PES foi utilizado

apenas num primeiro momento de diagnóstico organizacional após a execução do

primeiro ciclo estratégico.

Além disso, como primeira atividade do projeto foi definido o escopo, prazo os

recursos físicos e humanos, bem como, a definição de papéis e responsabilidades.

b) Diagnóstico e Alinhamento Estratégico

Com o alinhamento institucional, buscou-se saber as principais necessidades

institucionais. Como o foco deste segundo planejamento era mais voltado a área

finalística, foi observado a necessidade de uma maior participação dos atores

Page 49: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

48

institucionais dessa área por meio dos Centros de Apoio Operacional às Promotorias

de Justiça (CAOP) em suas diversas áreas de atuação.

Nessa etapa, foi também realizada pesquisa entre os membros e os diretores

da área meio, com o intuito de conhecer as suas perspectivas, anseios e visões sobre

a instituição e a atividade a qual desempenhavam.

Quadro 08: atores envolvidos no processo de alinhamento institucional

CARGO/ FUNÇÃO

ÁREA

1 PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA

ÁREA FIM

2 PROCURADORA-GERAL DE JUSTIÇA

ADJUNTA

3 CORREGEDORA-GERAL

4

CENTROS DE APOIO OPERACIONAL:

PATRIMÔNIO PÚBLICO; INFÂNCIA E

JUVENTUDE; MEIO AMBIENTE; CRIMINAL;

CIDADANIA; SAÚDE

5 DIRETORIA ADMINISTRATIVA

ÁREA MEIO

6 DIRETORIA GERAL

7 DIRETORIA DE GESTÃO DE PESSOAS

8 DIRETORIA DE ORÇAMENTO. FINANCÇAS

E CONTABILIADADE

9 DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO

10 DIRETORIA DE TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

11 DIRETORIA PLANEJAMENTO E GESTÃO

ESTRATÉGICA

Fonte: Publicação do Planejamento estratégico do MPRN, 2012.

O evento para promoção do alinhamento estratégico contou com a presença

de membros e servidores e suas atividades foram divididas em dois dias. No primeiro

dia foi divulgado a resultado da pesquisa de imagem e satisfação que retratou a visão

que a sociedade possuía a respeito do órgão. No segundo dia, a empresa contratada

para auxiliar no processo de elaboração do segundo ciclo estratégico, coordenou as

atividades, com o objetivo de identificar as demandas e diretrizes institucionais para

Page 50: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

49

os próximos 04 anos (2012-2016). Para isso, os atores institucionais trabalharam os

seguintes passos:

b.1) Resgate histórico do MPRN: objetivou a construção de uma linha do temo.

Os participantes resgataram referências de valores, competências, eventos e marcos

importantes, com o intuito de alinhamento sobre a cultura organizacional e

identificação de fatores essenciais para a construção de um novo futuro.

b.2) Foco no presente: Análise SOWT: foram distribuídas temáticas entre os

participantes (perspectivas da área meio como Gestão de Pessoas e Tecnologia da

informação, bem como, relacionadas às áreas fins: Meio ambiente corrupção e etc.)

com o objetivo de conectar a análise do ambiente externo com as variáveis internas

que afetariam a estratégia da organização.

b.3) Foco no Futuro: Manchetes de Futuro: os atores foram convidados a

imaginar o futuro desejado para o órgão e a traduzir em manchetes futuras que

expressassem a visão desejada do MPRN.

b.4) Foco no futuro: Cenários e Tendências: os participantes foram divididos em

mesas temáticas e partir desses temas, discutiam questões-chave e os traduziam em

cenários prospectivos.

b.5) Foco no futuro: resultados e ações: os atores foram convidados a definir

alguns resultados esperados, diretrizes estratégicas e iniciativas institucionais

prioritárias, que auxiliaram na construção de uma visão de futuro.

c) Elaboração de um Plano Estratégico e BSC

Após a etapa de alinhamento estratégico, foram construídos projetos

estratégicos das áreas finalísticas em conjunto com as áreas de atuação da

instituição, os órgãos de apoio por meio dos seus coordenadores auxiliaram esse

processo.

d) Consolidação e validação do Plano Estratégico

Page 51: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

50

Foram realizados em torno de 5 encontros regionais para validação de todas

as atividades desenvolvidas. Os encontros contaram com a participação dos

integrantes da Administração Superior, gerentes de projetos das áreas fins, membros

e servidores das unidades ministeriais. Nesse encontro foram apresentados, os

projetos estratégicos, os objetivos bem como as metas e os seus indicadores.

e) Elaboração dos Planos Operacionais e de Atuação

Os gestores definiram seus planos de trabalho nas perspectivas de

alinhamento aos projetos da área fim, construção de projetos estratégicos por área,

bem como, alinhamento das demandas entre projetos da área administrativa e seus

desdobramentos no nível tático e operacional.

f) Construção do Modelo de Gestão Estratégica

Foi elaborado com o propósito de instituir uma dinâmica de trabalho, o modelo

de governança estratégica, com o objetivo de garantir o gerenciamento da estratégia

sistematicamente à luz de sua implementação. A governança estratégica garantiria a

revisão da estratégia para a melhor consecução da visão de futuro. Haja vista,

periodicamente a Administração Superior, em conjunto com os demais gestores,

analisariam e avaliariam a evolução dos projetos, das metas dos indicadores e dos

objetivos estratégicos com o intuito de assegurar que os desafios institucionais fossem

superados.

Page 52: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

51

Figura 06: Estrutura das reuniões de análise da estratégia

Fonte: Publicação do Planejamento estratégico do MPRN, 2012.

g) Lançamento do Plano Estratégico

O segundo ciclo de planejamento foi lançado para a sociedade por meio da 1º

Reunião de Gestão do MPRN. Abaixo, o mapa estratégico elaborado para esse

segundo ciclo de planejamento para os anos 2012-2016.

Page 53: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

52

Figura 07: Mapa Estratégico 2012-2016

Fonte: Publicação do Planejamento estratégico do MPRN, 2012.

4.4.1 AVALIAÇÕES SOBRE O SEGUNDO CICLO ESTRATÉGICO

O segundo ciclo de planejamento será encerrado no ano de 2016, de acordo

com os atores institucionais entrevistados, esse ciclo teve anuências que

comprometeram efetivamente a execução o acompanhamento e a mensuração dos

seus resultados.

O primeiro ponto elencado pelos atores que estiveram na condução do

processo de planejamento, foi a respeito da construção dos indicadores. Segundo o

atual diretor administrativo, o gerente de gestão estratégica e a atual diretora de

gestão de Pessoas: “foram levantados indicadores que na época não era possível ser

coletados” Já atual Diretora do Planejamento reforça essa realidade quando disse:

“para mim, o ótimo é inimigo do bom, foi pensado indicadores ótimos, porém não foi

pensado esses indicadores na prática, como coletá-los, isso desde a formulação do

plano, que perpetuou na execução além disso não foi feito esforços para que os

indicadores pudessem ser coletados”. . Ou seja, a primeira barreira sobre o

Page 54: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

53

conhecimento a respeito da metodologia foi vencido, porém habilidades práticas

deixaram a desejar.

Outro fator que também se tornou negativo, foi o fato de muitas metas ficarem

a ser definidas por meio das Reuniões de análise estratégica (RAES). Essas reuniões

propostas como forma de monitoramento e acompanhamento da estratégia para atual

Diretora de Planejamento é visto como: “uma forma muito burocrática de

acompanhamento, pois, reunia-se todos os envolvidos no processo, membros,

servidores e gestores para discussões, que acabam desgastando”. Porém para o

Gerente de Gestão Estratégica e o atual Diretor Administrativo como ‘instrumento

eficiente de gestão”

Mas o principal entrave enfrentado pela instituição, foi a mudança da gestão

superior. Para que o Planejamento estratégico seja bem-sucedido, é imprescindível o

apoio da liderança. (TREGOE; ZIMMERMAN, 1984; ULRICH, 2001; BOSSIDY, 2005;

HREBINIAK, 2006 apoud. Kich e Pereira, 2011). Todo processo de coordenação da

gestão estratégica foi parado. Deixou-se de apresentar formalmente os resultados,

com isso, as Reuniões de análise da estratégia foram minimizadas ao ponto de não

mais serem realizadas, e assim todas as metas e revisões ficaram estagnadas.

As ações da nova administração levaram-se a execução e alcance de

objetivos institucionais, mas que, segundo os atores entrevistados: “sem perceber

voltavam-se ao que estava estabelecido no mapa estratégico”. Ou seja, como afirmou

a atual diretora de planejamento: “sem pretensões estavam executando o que foi

pensado para instituição, porém de maneira descoordenada”.

Com essa dissociação do planejamento estratégico, muito Projetos

estratégicos pensados para área fim foram abandonados, outros foram seguidos,

porém de maneira não relacionada com o Mapa estratégico institucional. Segundo o

atual Gerente de Gestão Estratégica: “sem o apoio da administração superior, se

tornou muito difícil o processo de acompanhamento, pois os gestores de projetos não

se sentiam mais responsáveis e acabaram por perder o foco institucional, voltando a

concentrar-se, a maioria, em suas atividades diárias”

A oportunidade da retomada a execução do Planejamento Estratégico surge

quando, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) passou, a partir de

Page 55: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

54

meados de 2014, a voltar sua atenção para a modernização organizacional e

instituição de uma gestão estratégica no âmbito dos Ministérios Públicos brasileiros.

Ações como Fórum nacional de gestão que objetivou buscar as melhores práticas de

gestão, e o prêmio nacional de gestão, que objetivava premiar os melhores projetos

adotados pelos MPs, fomentaram novamente a visão de planejamento no âmbito do

MPRN.

Com a conclusão do segundo ciclo, os gestores trabalham na busca e coleta

de possíveis resultados que, por mais que não fossem monitorados estão

relacionados com os objetivos institucionais propostos. Isso porque, o próprio CNMP,

por meio da Resolução Nº 147, de 21 de Junho de 2016 institui o planejamento

estratégico em todos os MPS, solicitando que suas estratégias sejam reformuladas

e/ou formuladas até 2017.

Page 56: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

55

5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO E RESULTADOS

Das informações coletadas, tanto por entrevistas quanto por investigação

documental, foi elaborado o seguinte quadro resumo:

Quadro 09: análise comparativa dos ciclos estratégicos

CATEGORIA DE ANÁLISE CICLO 2009-2011 CICLO 2012-2016

Processo de

Sensibilização

Ausência de mecanismos gerenciais voltados à estratégia. Sensibilização por meio do convencimento, alta resistência devido as raízes burocráticas existentes na organização.

Sensibilização por meio de resultados. Com as mudanças aparentes observados pelos atores institucionais, o processo tornou-se mais flexível, os atores institucionais abraçaram mais facilmente o projeto.

Metodologia empregada e o

porquê.

Como metodologia adotou-se o Planejamento Estratégico Situacional (PES) e o Balaced Scorecard (BSC). Por falta de conhecimento metodologico o uso combinado dessas duas metodologias não foi muito eficiente e acabou por confundir os atores participantes do processo no quesito de acompanhamento e mensuração.

Com a experiência advinda do Primeiro Ciclo estratégico, optou-se pelo uso do PES apenas em um momento inicial, de diagnóstico e do Balaced Scorecard (BSC), como metodologia para melhor traduzir a estratégia nos níveis táticos e operacionais.

Quanto ao processo de

elaboração

Processo de elaboração contou com a contração de consultoria externa, e foi de caráter participativo.

Bem como o primeiro ciclo, optou-se por uma contratação externa, entretanto, foi escolhida uma empresa mais especializada. A participação dos atores institucionais foi bem mais expressiva, bem como a contribuição para o seguimento da construção do segundo ciclo.

Quanto a execução Por mais que não contassem com um

A execução do segundo ciclo de planejamento foi

Page 57: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

56

instrumento próprio de monitoramento, a execução do primeiro ciclo foi bem mais expressivo. Os ganhos institucionais retratam bastante essa realidade.

comprometida por uma realidade organizacional, a mudança de gestão superior. Houve abandono das reuniões estratégicas e portanto abandono do acompanhamento das metas e indicadores.

Fonte: Elaborado pela autora.

a) Quanto ao processo de sensibilização à incorporação de uma gestão estratégica:

O processo de sensibilização dos dois ciclos de planejamento aconteceu de

forma distinta. No primeiro ciclo, a realidade institucional contava com a absoluta

ausência de mecanismos gerenciais, as bases institucionais eram burocráticas,

ausência de recursos tecnológicos, trabalho de controle e organização manual, e não

havia conhecimento sobre a instituição em sua totalidade, cabendo cada servidor

ciência da sua atividade setorial com suas metas individuais. O Trabalho de

sensibilização do primeiro ciclo estratégico, contou com um inteiro processo de

convencimento, por meio de reuniões com os membros da administração superior,

que possuíam absoluto conhecimento da disciplina jurídica e obsoleta ausência de

mecanismos administrativos estratégicos, ou seja, além de convencer a instituição a

se modernizar, os gestores que estavam à frente desse processo precisavam

enfrentar o mecanismo também capacitatorio.

O segundo ciclo estratégico, teve um processo um pouco mais facilitado, pois,

com os resultados apresentados pelo primeiro ciclo, ficou muito mais palpável a

contemplação dos benefícios trazidos à instituição por meio da incorporação de novas

formas de gestão. Dessa maneira, o segundo ciclo de planejamento contou com um

apoio e uma sensibilização bem maior por parte dos integrantes da organização

fazendo-o que fosse um processo participativo bem mais expressivo e abraçado por

grande parte da organização.

Visto essas duas realidades, percebe-se pela experiência institucional nos

dois ciclos de planejamento, que ainda há grandes fragilidades no tangente a uma

Page 58: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

57

cultura de gestão, pois, o processo de sensibilização conta com um considerado

dispêndio de tempo. Detona-se que a o processo de adesão do primeiro ciclo foi

baseado na grande necessidade institucional por mudanças, a situação encontrava-

se de maneira insustentável, a instituição necessitando crescer, mas não havia

direcionamento, nessa seara, o planejamento surgiu, assim pôde-se perceber como

uma esperança de resolutividade situacional. O segundo ciclo, foi um processo mais

rápido quando comparado, devido aos resultados percebidos. Ou seja, a adesão a

cultura estratégia ainda é muito motivacional, e não por uma cultura de gestão e

conscientização enraizada institucionalmente, que é pensada por todos Isso também

deve-se ao fato, da predominância do aspecto jurídico na instituição, tendo os

servidores da área administrativa, apresentar as ferramentas administrativas e como

elas podem favorecer a crescimento institucional.

b) Metodologia empregada e o porquê:

Segundo o atual Diretor Administrativo, que coordenava os processos de

planejamento no período, foi pensado para o primeiro ciclo estratégico a unificação de

duas metodologias o Planejamento estratégico situacional (PES) e o Balaced

Scorecard (BSC). O PES para análise situacional e elaboração de diagnóstico, tendo

em vista que os maiores problemas da instituição era na esfera estruturante. Já o

BSC, foi pensado para ser utilizado na fase de execução do projeto, no

acompanhamento e mensuração dos resultados. O segundo ciclo concentrou

esforços na utilização do BSC.

De acordo com a realidade vista nos dois ciclos de planejamento, verifica-se,

que do segundo para o primeiro houve um avanço. Baseado na experiência do

primeiro planejamento sobre a falta de conhecimento técnico sobre a ferramenta, foi

providenciado para o segundo ciclo uma capacitação com os gestores, além da

contratação de uma empresa especializada na metodologia. Isso mostra a capacidade

que a instituição teve de superar as suas limitações e avançar

c) Como se deu o processo de elaboração:

Page 59: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

58

Os dois ciclos de planejamento contaram com o apoio de agentes externos.

O primeiro ciclo, contou com o apoio de Mestres e Doutores da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte (UFRN). Seu processo de elaboração, contou com uma

análise situacional participativa, pois alguns servidores que exerciam cargos de chefia

e membros puderam contribuir com diagnósticos sobre alguns aspectos da realidade

institucional. A segunda fase baseou-se na construção de metas objetivos e

indicadores, e a terceira etapa o seu lançamento. O segundo ciclo estratégico, contou

com o auxílio de uma empresa contratada para a prestação de consultoria. Com o

objetivo e as diretrizes mais voltadas para área fim, esse ciclo contou com uma maior

participação em seu processo de elaboração.

Aqui entra uma realidade interessante da instituição e um fator, que, se bem

utilizado, constitui de um ponto muito forte para a disseminação e o enraizamento de

uma cultura de estratégia em todo o órgão. Ambos os ciclos de planejamento

contaram com a participação de figuras institucionais, que contribuíram para com o

diagnóstico situacional, ajudando a organização a traçar metas e objetivos ligado as

realidades mais expressivas, tanto da área meio quanto da área fim. Tais figuras,

constituídas por membros e servidores, que atuavam diretamente nas duas áreas

institucionais, proporcionaram um alinhamento estratégico, e a visão da instituição

como um todo, tendo em vista que é um órgão bastante extenso e de autonomia

funcional por parte do Promotor de Justiça em sua respectiva comarca.

d) Quanto ao processo de execução:

O primeiro ciclo de planejamento foi executado durante o período de três anos,

que foi de 2009 a 2011. Foi pensado a metodologia, porém a falta de conhecimento

técnico não viabilizou o a efetividade do monitoramento e acompanhamento. No que

pese a formulação de indicadores e metas, foram pensados de maneira muito fragéis

e ineficientes. Houve resultados, porém, estes não foram acompanhados de maneira

sistêmica. O segundo ciclo, planejado para ser executado de 2012-2016, contou com

Page 60: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

59

uma capacitação sobre a metodologia, com vistas a vencer a limitação encontrada no

ciclo anterior.

Ackoff (1982) afirma, que não há valor em um plano se não há a capacidade

de execução. A experiência vivida pelo órgão em seu segundo ciclo de planejamento

reflete um pouco dessa realidade. O fato de não haver ainda uma cultura institucional

de estratégia, enraizada, o total sucesso do seu plano fica comprometido.

O primeiro entrave, enfrentado pela instituição foi quanto a elaboração dos

seus indicadores, na prática, eram indicadores que não eram possíveis de se coletar.

Além disso, muitas metas ligadas aos objetivos estratégicos não foram mensuradas,

iriam se formando ao longo do acompanhamento da execução do plano. Outro fator

que também contribuiu para o enfraquecimento do plano, foi a escolha da forma de

monitoramento, essas se realizavam de forma periódica para revisão de todo plano

Em um primeiro momento foram vistas como eficientes mas depois como método

bastante burocrático. Mas o principal, e que contribuiu para a verdadeira estagnação

do plano, foi a mudança na gestão superior do órgão. Com o advindo da nova

administração, fora decidido que não haveria seguimento do plano, com isso as RAES

foram abandonadas, objetivos ficaram sem metas, indicadores não foram revistos,

conforme comprova os dados a seguir:

Gráfico 01: Objetivos estratégicos X objetivos com falhas de indicadores

Fonte: Dados obtidos pela Diretoria de Planejamento e Gestão Estratégica, 2016;

22

11

Objetivos Estratégicos Objetivos sem indicadoresmensurados

0

5

10

15

20

25

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60

Gráfico 02: Indicadores Criados X Indicadores sem avaliação

Fonte: Dados obtidos pela Diretoria de Planejamento e Gestão Estratégica, 2016

Tal realidade comprova, a fragilidade institucional quanto à uma cultura

enraizada de gestão. Além disso, não se foi pensado nas ameaças que prejudicariam

o decurso do planejamento

Diante do exposto, torna-se possível elencar as convergências e divergências

sobre as duas experiências que órgão teve no tangente a implantação dos seus dois

planejamentos estratégicos 2009 -2011 e 2012-2016.

Aspectos convergentes

Processo de elaboração foi participativo, conseguiu envolver os principais

atores institucionais entre membros e servidores na disseminação de uma

cultura estratégica;

Ambos os ciclos contaram com a presença de um órgãos externo que apoiou,

capacitou e auxiliou a execução do projeto;

Apresentaram falhas no processo de monitoramento;

Ambos os processos em sua fase de elaboração, usaram o modelo bottom-

up, pois não foi um processo que veio da administração superior, foi

fomentada na área meio;

52

32

Indicadores Estratégicos criados Indicadores Estratégicos semavaliação

0

10

20

30

40

50

60

Page 62: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

61

Ausência de uma cultura de gestão enraizada;

Aspectos divergentes:

Processo de sensibilização: o primeiro ciclo se deu por convencimento, o

segundo por resultados;

Capacitação dos atores institucionais;

Apoio da administração superior: não houve apoio no segundo ciclo;

Falhas no monitoramento: o primeiro ciclo a falha se deu por ausência de

mecanismo e falta de capacitação, e no segundo por abandono das reuniões

de análise da estratégia; falhas dos indicadores e suspensão das RAES.

O primeiro ciclo focou no aspecto do fortalecimento estrutural, enquanto o

segundo na área fim, de formulação de políticas públicas.

.

Torna-se, assim, um grande desafio institucional o realinhamento

organizacional no tangente a objetivos e metas a serem seguidos. Da análise

comparativa, observa-se que os dois ciclos se diferem quanto ao foco, porém, isto não

é entrave para compararmos ações, posturas e comportamentos dos atores

institucionais frente à elaboração e implantação da Gestão estratégica. Pois, a partir

delas, foi possível perceber, que o grande desafio institucional hoje, é a falta de uma

enraizada cultura de gestão, que permita que todos do órgão movam ações juntos.

Tal fato também se comprova, quando os principais atores institucionais da área meio,

foram questionados em entrevista sobre o porquê da não continuação do

acompanhamento estratégico, mesmo que não fosse mais necessário a apresentação

à administração superior, e todos concordaram que foi um erro cometido na época,

pois se feito, hoje estaria muito mais fácil, coletar resultados, apontar mais

deficiências, e possui um histórico bem mais amplo de lições aprendidas levadas para

o próximo ciclo.

Enraizar uma cultura de gestão no âmbito de uma organização não é uma

tarefa fácil, sobretudo, em uma organização tão hierárquica como o Ministério Público,

porém, o novo cenário de busca por resultados o qual as organizações públicas estão

Page 63: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

62

se inserindo, bem como, a fomentação da estratégia promovida pelo Conselho

Nacional, são oportunidades que os gestores que cientes da importância do

Planejamento estratégico em organização, devem aproveitar.

Outro fator que deve ser levado em consideração, é a construção de metas e

indicadores mensuráveis, os dois ciclos apresentaram falhas nesses aspectos. Cabe

ao novo comitê estratégico uma maior atenção na elaboração desses itens, bem

como, pensar novas práticas de monitoramento, de forma mais dinâmica e eficiente.

Page 64: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

63

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou analisar, os dois ciclos de Planejamento

estratégico dos ciclos 2009-2011 e 2012-2016, no tangente às suas divergências e

convergências. Da análise da experiência organizacional, bem como da pesquisa

documental realizada, pôde-se extrair, que o fato da instituição ser comandada por

gestores que não sejam da área administrativa e que não possuíssem familiaridade

com ferramentas administrativas de gestão, tornou-se mais longo o processo de

sensibilização para adoção da estratégia. Os dois ciclos de planejamento estudados

traduzem duas realidades institucionais. O primeiro voltou-se à questões de cunho

mais estruturantes, com poucas ações voltadas as áreas finalísticas, o segundo com

vistas as lições aprendidas, voltou-se mais para as questões finalísticas entretanto, o

seu acompanhamento foi interrompido devido a mudanças organizacionais ocorridas

na instituição.

Foi verificado, que os processos de implementação dos ciclos estratégicos

contaram com a participação de atores institucionais, tanto membros quanto

servidores, que contribuíram de forma direta para a construção dos planos. Ou seja,

os processos foram participativos, além de contar com o auxílio de órgãos externos.

No tangente a sua execução os dois ciclos contaram com falhas de

monitoramento e acompanhamento, o que acabou por comprometer diretamente a

sua execução, bem como falhas de indicadores e processos de monitoramento.

A experiência estratégica do MPRN, traz uma gama de lições que auxiliam

muitas outras instituições públicas, por ela, pode-se comprovar que é necessário o

envolvimento de todos e que o apoio da liderança institucional é fundamental para a

boa execução da estratégia. Bem como, que é preciso disseminar em toda a

instituição uma cultura estratégica, para que nenhum fator interno ou externo venha

comprometer o andamento do plano e aquilo que fora planeado para a instituição.

Portanto, apesar de diversas anuências, o Ministério Público pode ser

considerado como um órgão referência no Estado, pois, suas ações ao longo desses

quase 10 anos, proporcionaram resultados significativos, que poderiam ser bem mais

expressivos se houvesse o devido acompanhamento e não houvesse interrupções

Page 65: ANÁLISE COMPARATIVA DOS CICLOS DE PLANEJAMENTO 2009- …

64

Sugestão de Pesquisa

O MPRN, encaminha-se para elaboração do terceiro ciclo estratégico, que vai

de 2017-2021, dessa forma, como forma de estudo das práticas de gestão aderidas

pelo órgão, fica a sugestão de análise comparativas entre os ciclos aqui estudados e

novo ciclo que será elaborado.

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2010.

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APÊNDICES

APÊNDICE A- ROTEIRO DE ENTREVISTAS DATA NOME: CARGO:

ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

1 QUAL O CENÁRIO QUE LEVOU A INSTITUIÇAO A ADOÇÃO DE NOVAS PRATICAS? 2 QUAL O PERCURSO METODOLOGICO ADOTADO? 3 GRAU DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS? 4 QUAL O GRAU DE APLICABILIDADE DA FERAMENTA? 5 QUAIS OS PRINCIPAIS ENTRAVES ENFRENTADOS? 6 QUAL A PERCEPÇÃO DOS ATORES FRENTE AOS CICLOS DE PLANEJAMENTO REALIZADOS?

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