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ANATEL Gerência de Universalização e Ampliação do Acesso - Superintendência de Planejamento e Regulamentação

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Page 1: ANATEL Gerência de Universalização e Ampliação do Acesso ......assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso

ANATEL

Gerência de Universalização e Ampliação do Acesso - Superintendência de Planejamento e Regulamentação

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Discussão Prévia com a Sociedade sobre temas relevantes para construção do Regulamento Geral de

Acessibilidade em Telecomunicações

Agosto, 2014

INTRODUÇÃO

O presente documento, para fins didáticos, está dividido por temas. Cada tema contém (i) texto com informações e exposição de alguns dados, a fim de auxiliar na contextualização e no nivelamento de entendimento de todos os atores envolvidos e (ii) perguntas sobre questões relacionadas. Importante salientar que este instrumento não tem a pretensão de abordar os temas de forma exaustiva, nem tão pouco direcionar ou antecipar qualquer tipo de encaminhamento ou decisão regulatória. Ao contrário, por meio da presente iniciativa objetiva-se a obtenção de comentários da sociedade seja por meio das respostas aos questionamentos ou por meio de contribuições e sugestões relacionados a algum tema. De modo a permitir uma análise mais aprofundada das necessidades relacionadas a serviços e equipamentos de telecomunicações das pessoas com deficiência, bem como permitir identificar as expectativas dos atores envolvidos, orienta-se que as respostas e contribuições dos interessados sejam apresentadas ressaltando o tipo de deficiência, se for o caso. Vale destacar que as contribuições e sugestões serão importantes para a elaboração do Regulamento Geral de Acessibilidade em Telecomunicações, o qual será precedido de Análise de Impacto Regulatório (AIR).

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A AIR está prevista no novo Regimento Interno da Anatel e deve preceder os atos de caráter normativo da Agência. Trata-se de ferramenta sistemática de política pública, usada para examinar e medir os possíveis benefícios, custos e efeitos de novas regulações ou daquelas já existentes. A AIR antecede e subsidia o processo de tomada de decisão, disponibilizando dados empíricos, a partir dos quais os tomadores de decisão podem avaliar as opções existentes e as possíveis consequências.Antes de adentrar no tema acessibilidade dos serviços e equipamentos de telecomunicações, apresenta-se a seguir informações sobre o papel da Anatel, visando à conscientização a respeito das competências da Agência e da legislação em vigor.

PAPEL DA ANATEL

A Anatel é uma Autarquia Especial vinculada ao Ministério das Comunicações, administrativamente independente e financeiramente autônoma, que tem dentre suas principais competências regular, outorgar e fiscalizar o setor de telecomunicações no Brasil. A Agência foi criada pela Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, sendo a primeira Agência Reguladora instalada no País, em 5 de novembro de 1997.Entre as suas atribuições estão:

• Implementar a política nacional de telecomunicações; • Fiscalizar e aplicar sanções quanto à prestação dos serviços de telecomunicações; • Reprimir infrações dos direitos dos usuários; • Emitir atos de outorga e extinção de direito de exploração dos serviços de

telecomunicações; • Representar o Brasil nos organismos internacionais de telecomunicações; • Expedir ou reconhecer a certificação de produtos de telecomunicações;• Expedir normas sobre a outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações

e dos padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços quanto aos equipamentos que utilizarem.

MissãoA Anatel tem como missão promover o desenvolvimento das telecomunicações do País de modo a dotá-lo de uma moderna e eficiente infraestrutura de telecomunicações, capaz de oferecer à sociedade serviços adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território nacional.Serviços Regulados mais conhecidosTelefonia Fixa, Telefonia Celular, Banda Larga Fixa ou Móvel e TV por Assinatura são os serviços mais conhecidos regulados pela Anatel1. Vale registrar que os serviços de telecomunicações são classificados conforme seu regime de prestação, público ou privado, conforme o disposto o art. 63 da Lei n.º 9.472/19972. Hoje, somente a Telefonia Fixa é prestada em regime público, sendo a prestação dos demais serviços de telecomunicações baseada nos princípios constitucionais da atividade econômica,

1 Serviços de Telecomunicações Regulados mais conhecidos: Telefonia Fixa (Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC), Telefonia Celular e Banda Larga Móvel (Serviço Móvel Pessoal – SMP), Banda Larga Fixa (Serviço de Comunicação Multimídia – SCM) e TV por Assinatura (Serviço de Acesso Condicionado – SeAC).

2 Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Art. 63. Quanto ao regime jurídico de sua prestação, os serviços de telecomunicações classificam-se em públicos e privados. Parágrafo único. Serviço de telecomunicações em regime público é o prestado mediante concessão ou permissão, com atribuição a sua prestadora de obrigações de universalização e de continuidade.

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tendo a liberdade como regra e como exceções as interferências do Poder Público3. Logo, apenas as concessionárias4 de Telefonia Fixa possuem obrigações de universalização e continuidade do serviço e são elegíveis para utilizarem recursos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações.Nos termos da Lei nº 9.998/2000, compete à Anatel implementar, acompanhar e fiscalizar os programas, projetos e atividades que aplicarem recursos do Fust, cabendo ao Ministério das Comunicações formular as políticas, as diretrizes gerais e as prioridades que orientarão as aplicações do fundo, bem como definir os programas, projetos e atividades financiados com tais recursos.

Salienta-se que o Fust tem como objetivo custear a universalização dos serviços de telecomunicações nas situações em que a implantação do serviço gere custos não recuperáveis com sua exploração eficiente. Não poderá servir à cobertura de custos que, nos termos dos contratos de concessão já firmados, as próprias concessionárias devam suportar.

Nesse sentido, vale destacar que os recursos do Fust já foram utilizados uma única vez para cumprir o Decreto nº 6.039, de 7 de fevereiro de 2007, que aprovou o Plano de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado em Instituições de Assistência às Pessoas com Deficiência Auditiva.

DEMOGRAFIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE

Segundo o censo demográfico do IBGE de 2010, no Brasil aproximadamente 45,6 (quarenta e cinco vírgula seis) milhões de pessoas declararam possuir alguma deficiência, o que representou um salto de 1,41% (um vírgula quarenta e um por cento) em 1991 para 23,9% (vinte e três vírgula nove por cento) da população brasileira. Ressalte-se que no trabalho desenvolvido pelo IBGE as perguntas feitas aos entrevistados buscaram identificar as deficiências visual, auditiva e motora pelos seguintes graus de dificuldade: (i) tem alguma dificuldade em realizar; (ii) tem grande dificuldade e, (iii) não consegue realizar de modo algum; além da deficiência mental ou intelectual.

Segue abaixo gráfico extraído da cartilha censo IBGE 20105, com dados pertinentes:

3 Art. 126 da Lei n.º 9.472/1997.

4 As Concessionárias são: Telemar (Oi), Telefônica, Embratel, CTBC e Sercomtel.

5 Disponível em http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas-com-deficienciareduzido.pdf

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Da pesquisa realizada pelo IBGE, verificou-se, ainda, que 18,6% (dezoito vírgula seis por cento) (35.492.573) da população possui deficiência visual, 7% (sete por cento) (13.357.420) deficiência motora, 5,10% (cinco vírgula dez por cento) (9.731.835) deficiência auditiva e 1,40 % (um vírgula quarenta por cento) (2.671.484) deficiência mental ou intelectual.

Do conjunto das pessoas com alguma deficiência, 1,6% (729.696) da população são totalmente cegas, 7,6% (sete vírgula seis por cento) (3.466.059) são totalmente surdas, 1,62% (um vírgula sessenta e dois por cento) (738.817) não conseguem se locomover. Outra constatação importante é que na medida em que a população envelhece aumenta-se o número de pessoas com deficiência.

Em 2010, 8,3% (oito vírgula três pode cento) (15.838.084) da população brasileira apresentava pelo menos um tipo de deficiência severa, sendo:

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Em relação à distribuição de renda das pessoas com deficiência, mais de 80% (oitenta por cento) possuem renda de até 2 (dois) salários mínimos, conforme gráfico abaixo:

Apesar do Brasil, ser um dos poucos países, há menos de 50 (cinquenta) no mundo, que têm uma legislação específica para este expressivo contingente populacional, ampla e avançada em relação às demais, continuam as pessoas com deficiência a compor as percentagens mais elevadas das estatísticas de exclusão social. A promoção da acessibilidade, assim, é um dos meios que dará oportunidade às pessoas com deficiência de participarem plenamente na sociedade, em igualdade de condições com as demais.6

A legislação internacional mais voltada para a temática dos direitos humanos das pessoas com deficiência foi alcançado a partir da Convenção da ONU Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, cujo propósito, definido em seu artigo primeiro, é proteger e assegurar as condições de igualdade dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todas as pessoas com deficiência7.

6 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

7 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Artigo 1 “O propósito da presente Convenção é o de promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”.

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Ressalte-se que a referida Convenção foi ratificada pelo Decreto Legislativo nº 186/20088 e promulgada pelo Decreto nº 6.949/20099, sendo recepcionada no ordenamento jurídico brasileiro com força de emenda constitucional.

Nesse contexto, faz-se necessário incorporar estes preceitos na regulamentação de telecomunicações a fim de resguardar os direitos das pessoas com deficiência.

Os princípios da Convenção estão assim relacionados:

• O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas.

• A não discriminação;

• A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;

• O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;

• A igualdade de oportunidades;

• A acessibilidade;

• A igualdade entre o homem e a mulher;

• O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.

Isso posto, vale destacar que o artigo 4° da Convenção estabelece que “Os Estados Partes se comprometem a assegurar e promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa de sua deficiência”.

A discriminação por motivo de deficiência significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o

8 Decreto Legislativo nº 186, de 2008. Art. 1º “Fica aprovado, nos termos do § 3º do art. 5º da Constituição Federal, o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que alterem a referida Convenção e seu Protocolo Facultativo, bem como quaisquer outros ajustes complementares que, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”.

9 Decreto nº 6.949, de 2009 (Promulgou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007) . Art. 1º “A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, apensos por cópia ao presente Decreto, serão executados e cumpridos tão inteiramente como neles se contém.”

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reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável.

A adaptação razoável significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.

Uma sociedade, portanto, é considerada menos excludente na medida em que reconhece as necessidades das pessoas com deficiência com a consequente adequação razoável dos meios de interação para promover a inclusão social dessas pessoas, assegurando-lhes as mesmas oportunidades que as demais pessoas.

É dentro deste paradigma da inclusão social e dos direitos humanos que se deve inserir e tratar a questão da deficiência. O desafio atual é promover uma sociedade que seja para todos e onde os projetos, programas e serviços sigam o conceito de desenho universal, atendendo, da melhor forma possível, às demandas da maioria das pessoas, não excluindo as necessidades específicas de certos grupos sociais, dentre os quais está o segmento das pessoas com deficiência10.

Isto quer dizer que, ao se projetar e desenhar uma sociedade, esse todo, dentro de sua diversidade, deve ser contemplado, incluindo as demandas específicas que não são apenas para as pessoas com deficiência. E mesmo ao se pensar nas demandas específicas das pessoas com deficiência, e elas existem, pode-se observar que seu atendimento, reverte, quase sempre, em benefício para uma série de outros grupos sociais, não precisando, portanto, ser encaminhadas como exclusividade para as pessoas com deficiência11.

10 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

11 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

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Nesse sentido, frisa-se o artigo 9º do Decreto n.º 186/200812 que cita exemplo de medidas necessárias para assegurar às pessoas com deficiência o acesso de forma igual às demais pessoas, como por exemplo, a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade nas informações e comunicações.

A comunicação compreende a linguagem simples, escrita ou falada; a linguagem corporal ou gestual; as línguas, incluindo as línguas de sinais; o braille; a leitura labial; as legendas; a transcrição simultânea; a audiodescrição; os softwares para leitura de telas; os textos de voz digitalizada; a comunicação tátil; os caracteres ampliados. Portanto, é imperativo afirmar a diversidade e promover uma sociedade plural, inclusiva, baseada em direitos humanos, e na qual o acesso aos bens sociais seja universal.13

Especificamente quanto à liberdade de expressão e de opinião e acesso à informação, o artigo 21 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência remonta ao artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 10 de dezembro de 1948, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que estabelece que “todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.” No que concerne às pessoas com deficiência, essa declaração não garantiu a abrangência desse direito por muitas décadas, até surgir esta Convenção internacional, proclamada também pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 13 de dezembro de 2006.14

12 Decreto n.º 186, de 2008. Artigo 9 “1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a: a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e local de trabalho; b) Informações, comunicações e outros serviços, inclusive serviços eletrônicos e serviços de emergência. 2. Os Estados Partes também tomarão medidas apropriadas para: a) Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação de normas e diretrizes mínimas para a acessibilidade das instalações e dos serviços abertos ao público ou de uso público; b) Assegurar que as entidades privadas que oferecem instalações e serviços abertos ao público ou de uso público levem em consideração todos os aspectos relativos à acessibilidade para pessoas com deficiência; c) Proporcionar, a todos os atores envolvidos, formação em relação às questões de acessibilidade com as quais as pessoas com deficiência se confrontam; d) Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso público de sinalização em braille e em formatos de fácil leitura e compreensão; e) Oferecer formas de assistência humana ou animal e serviços de mediadores, incluindo guias, ledores e intérpretes profissionais da língua de sinais, para facilitar o acesso aos edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso público; f) Promover outras formas apropriadas de assistência e apoio a pessoas com deficiência, a fim de assegurar a essas pessoas o acesso a informações; g) Promover o acesso de pessoas com deficiência a novos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, inclusive à Internet; h) Promover, desde a fase inicial, a concepção, o desenvolvimento, a produção e a disseminação de sistemas e tecnologias de informação e comunicação, a fim de que esses sistemas e tecnologias se tornem acessíveis a custo mínimo.”

13 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

14 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

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Em linhas gerais, essas dificuldades no acesso à informação e à comunicação podem se dar tanto no espaço físico quanto no espaço digital. Neste sentido, a convenção internacional abre novas abordagens jurídicas na questão dos Direitos Humanos. Esse segmento ao também contemplar a comunicação por intermédio das tecnologias de informação e comunicação, principalmente as ajudas técnicas, e das línguas de sinais como formas concretas de liberdade de expressão, resulta, por conseguinte, na livre disseminação da informação e das ideias pelas pessoas com deficiência. Assim, todos os países que ratificaram este tratado devem garantir às pessoas com deficiência a liberdade de expressão e de opinião e acesso à informação, respeitando-se o direito de cada pessoa em escolher ou exercer com autonomia o método de comunicação de sua preferência, assegurando-lhe o desenvolvimento de todas as suas capacidades para a vida independente.15

Vale repisar que a verdadeira acessibilidade e inclusão digital ocorrerá quando se incluir na sociedade todos os tipos de usuários, sejam eles pessoas com deficiência ou não.

LEGISLAÇÃO DE TELECOMUNICAÇÕES

A Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, conhecida como Lei Geral de Telecomunicações, estabelece que o Poder Público tem o dever de garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas, competindo à Anatel adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras .16

Nesse sentido, buscando proporcionar condições adequadas às pessoas com deficiência, diversos regulamentos da Anatel já contemplam questões relacionadas com a acessibilidade. Contudo, diante da regulamentação da Convenção por meio de diversos instrumentos normativos, ou seja, decretos, normas técnicas, portarias ministeriais, suscita-se a necessidade de um Regulamento Geral de Acessibilidade em Telecomunicações.

Desta forma, pretende-se não somente consolidar as Resoluções da Anatel num só instrumento, mas também internalizar as inovações previstas na nova legislação. Abaixo, segue rol exemplificativo das normas vigentes que tratam direta ou indiretamente do tema, no âmbito de atuação da Agência:

• Resolução nº 66, de 9 de novembro de 1998: Regulamento sobre Divulgação de Listas de Assinantes e de Edição e Distribuição de Lista Telefônica Obrigatória e Gratuita;

• Resolução nº 242, de 30 de novembro de 2000: Aprova o Regulamento para Certificação e Homologação de Produtos para Telecomunicações;

15 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Versão comentada_ disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes

16 Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, art.2º: “O Poder Público tem o dever de: I - garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas”; Art. 19: “À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade...”

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• Resolução nº 426, de 09 de dezembro de 2005: Aprova o Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC;

• Resolução nº 459, de 5 de março de 2007: Aprova o Regulamento de Características de Funcionamento do Telefone de Uso Público do STFC;

• Resolução nº 473, de 27 de julho de 2007 (alterado pela Resolução n.º 613, de 09 de maio de 2013);

• Resolução nº 477, de 7 de agosto de 2007: aprova o Regulamento do Serviço Móvel Pessoal – SMP;

• Resolução nº 482, de 25 de setembro de 2007: Aprova a Norma para Certificação e Homologação de Telefone de Uso Público;

• Resolução nº 506, de 1º de julho de 2008: Republica o Regulamento sobre Equipamentos de Radiocomunicação de Radiação Restrita;

• Resolução nº 509, de 14 de agosto de 2008: Aprova o Regulamento da Central de Intermediação de Comunicação telefônica a ser utilizada por pessoas com deficiência auditiva ou da fala – CIC;

• Resolução nº 581, de 26 de março de 2012: Aprova o Regulamento do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) bem como a prestação do Serviço de TV a Cabo (TVC), do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS), do Serviço de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite (DTH) e do Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA);

• Resolução nº 598, de 23 de outubro de 2012: Aprova o Regulamento de Obrigações de Universalização e dá outras providências;

• Resolução nº 605, de 26 de dezembro de 2012: Aprova o Regulamento de Gestão de Qualidade da Prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado – RGQ-STFC;

• Resolução nº 614, de 28 de maio de 2013: Aprova o Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia - SCM;

• Resolução n° 632, de 07 de março de 2014: Aprova o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações – RGC.

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Recentemente no Brasil, por meio da Lei 12.965, de 23 de abril de 201417, conhecida como Marco Civil da Internet, foram incorporadas regras de promoção de acessibilidade. No capítulo I, Disposições Preliminares, o art. 4º, IV, estabelece que a disciplina do uso da internet tem por objetivo a promoção da adesão a padrões tecnológicos abertos que permitam a comunicação, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicações e bases de dados. No capítulo II, Dos Direitos e Garantias dos Usuários, há previsão no inciso XII do art. 7º, que é assegurado ao usuário o direito à acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário. No capítulo IV, Da Atuação do Poder Público, há comando no art. 25, que fixa que as aplicações de internet do poder público devem buscar acessibilidade a todos os interessados, independentemente de suas capacidades físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, mentais, culturais e sociais, resguardados os aspectos de sigilo e restrições administrativas e legais.

A competência regimental de elaborar estudos e proposições visando promover o acesso aos serviços de telecomunicações às pessoas com deficiência é da Gerência de Universalização e Ampliação do Acesso da Superintendência de Planejamento e Regulamentação da Anatel.

Nesse sentido, a fim de recolher sugestões e impressões para subsidiar a elaboração do Regulamento Geral de Acessibilidade em Telecomunicações propõe-se que seja feito um debate prévio com a sociedade sobre alguns temas que se encontram abaixo elencados que afetam a prestação de serviços de telecomunicações para pessoas com deficiência.

TEMA 1: DOS DIREITOS E GARANTIAS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DAS OBRIGAÇÕES DAS PRESTADORAS

Como a acessibilidade é direito fundamental, devemos possibilitar às pessoas com deficiência usufruir de serviços e equipamentos de telecomunicações, sob todos os aspectos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a Constituição Federal, de 1988, bem como o Programa Nacional dos Direitos Humanos, de 1996, e a Lei da Acessibilidade, de 19 de dezembro de 2000, todos esses ditames, bem como seus desdobramentos e regulamentações, impõem que haja equidade de direitos e acessibilidade.

A fim de apresentar no debate práticas e legislações internacionais, a seguir serão apresentados trechos (tradução livre) do relatório18 elaborado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) em parceria com a “G3ict - The Global Initiative for Inclusive Information and Communication Technologies”, cuja missão é promover a acessibilidade das

17 Lei 12.965, de 23 de abril de 2014, art. 4º: “A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a promoção: IV- da adesão a padrões tecnológicos abertos que permitam a comunicação, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicações e bases de dados;” art. 7º: “O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: XII - acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, nos termos da lei;” art. 25: “As aplicações de internet de entes do poder público devem buscar: II - acessibilidade a todos os interessados, independentemente de suas capacidades físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, mentais, culturais e sociais, resguardados os aspectos de sigilo e restrições administrativas e legais”.

18 Making mobile phones and services accessible for persons with disabilities, disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/sis/PwDs/Documents/Mobile_Report.pdf.

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tecnologias de informação e comunicação (TIC) para pessoas com deficiência, com destaque para a promoção de acessibilidade nos serviços.

Práticas internacionais

Serviços Acessíveis (Pessoas com Deficiência Auditiva):

o Serviços de retransmissão (intermediação da comunicação). Operados por pessoas para traduzir conversas telefônicas de pessoas com deficiência auditiva. Os diferentes tipos de serviços de retransmissão são: serviços de transmissão de vídeos; serviços de transmissão de textos e serviços de transmissão de fala.

o Planos sob medida para os surdos. Planos de telefonia celular são agora adaptados para os surdos para que eles paguem somente por serviços de mensagens e não por serviços de chamadas de voz. Além de planos de mensagens, alguns operadores oferecem também planos de mensagens e dados, sem serviços de voz, como em outras opções de pacotes. Isso permite a pessoas com deficiência auditiva apreciarem planos de pagamento especiais para serviços de dados móveis.

o Tradução SMS-para-Avatar (Tunísia). WebSign é um projeto da Universidade de Tunis, baseado na tecnologia de avatar (animação no mundo virtual). O software converte o texto digitado em tempo real, com interpretação em língua de sinais, com a ajuda de um dicionário de palavras e sinais. O dicionário tem uma interface muito simples e ainda permite que as pessoas criem seus próprios sinais e palavras. O serviço facilita a comunicação entre aqueles que não conhecem a língua de sinais e os usuários surdos analfabetos e também pode ser útil para as crianças a aprender a língua de sinais.

Serviços Acessíveis (Pessoas com Deficiência Visual):

o Pessoas com visão restrita também podem ser beneficiadas com serviços de bibliotecas digitais e aplicações de GPS que ajudam a encontrar o caminho.

Legislação internacional

Austrália:

A Austrália conseguiu que as telecomunicações fossem acessíveis para as pessoas com deficiência, graças a uma combinação de obrigações de universalização, legislação relacionada aos direitos do consumidor, códigos e diretrizes da indústria, normas de telecomunicações e

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ratificação da convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, datada de 17 de julho de 2008.

Em 1992 foi editada a Lei de Discriminação da Deficiência que proibiu a discriminação das pessoas com deficiência na oferta de bens e prestação e serviços.

A Lei de Telecomunicações de 1999 (Proteção do Consumidor e Normas de Serviço – Lei TCPSS “Telecommunications Consumer Protection and Service Standards”) garantiu que o serviço telefônico fixo faça parte das obrigações de universalização, o que faz com que as pessoas com deficiência tenham acesso à telefonia fixa, em especial aos TUP(s), ou uma forma equivalente de comunicação caso a transmissão de voz não seja a forma utilizada.

A lei de telecomunicações também regula o serviço nacional de intermediação da comunicação, o que permite que as pessoas surdas, com deficiência auditiva ou com problemas na fala, tenham acesso a um serviço telefônico em termos e condições que sejam comparáveis ao acesso dos demais australianos, e em particular, aos serviços de emergência. O serviço de intermediação é financiado por meio de taxas impostas a operadoras de serviços de telecomunicações.

Ademais, o Regulamento de Telecomunicações da Austrália de 1998 (Equipamentos para pessoas com deficiência) descreve os recursos e equipamentos que devem estar disponíveis para serem utilizados nos serviços de telecomunicações mais comuns. Pode ser um implante coclear, um adaptador de telefone, um controle de volume - para amplificar tanto a voz de quem chama quanto de quem está sendo chamado, os alertas alternativos para indicar que o telefone está tocando, o fornecimento de aparelhos mais leves e a possibilidade de conectar ao telefone existente um segundo equipamento em paralelo. O regulamento também especifica os tipos de equipamentos que permitem que uma pessoa com deficiência tenha acesso ao serviço nacional de intermediação da comunicação.

A Norma de Telecomunicações sobre Deficiência - AS/ACIF SO40:2001 - exigiu que a tecla 5 contenha um ressalte para que as pessoas com deficiência visual possam localizar as teclas numéricas no teclado do telefone e também estabeleceu limites de interferência entre os telefones e os aparelhos auditivos.

Existem ainda códigos e diretrizes que devem ser seguidos pela indústria no sentido de garantir que as necessidades das pessoas com deficiência e daquelas da terceira idade sejam observadas pelos membros da indústria e dos órgãos vinculados.

Argentina:

A Argentina promulgou leis com conteúdo amplo, a fim de garantir a acessibilidade dos serviços de telecomunicações.

A legislação argentina trata da acessibilidade e das tecnologias de informação e comunicação desde o ano 2000, ou seja, com a assinatura do Convênio Latino-Americano para a eliminação de todas

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as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência, promulgado pelo Congresso por meio da Lei n.º 25.280.

A Lei estipulou medidas destinadas a eliminar progressivamente a discriminação e promover a integração por parte do governo e dos organismos privados na oferta de bens, serviços, instalações, programa e atividades, incluindo as telecomunicações.

A modificação mais recente no Regulamento do Serviço Telefônico Público exigiu que todos os modelos de aparelhos telefônicos para pessoas com deficiência auditiva e/ou da fala, oportunamente homologados pelo FCC (órgão regulador dos Estados Unidos da América), fossem também considerados homologados na Argentina, desde que atendam as características específicas do mercado da Argentina, como o teclado em espanhol entre outras.

Além disso, em 12 de novembro de 2010, o Congresso Argentino aprovou uma legislação adicional (Lei 4521-D-08) sobre a acessibilidade das informações nos sítios web tendo como base os navegadores web.

Suécia:

A Suécia tem uma política de acessibilidade de grande alcance com disposições específicas para a acessibilidade nas telecomunicações. O órgão regulador da Suécia que atua na área de comunicações eletrônicas e atividades postais (Swedish Post and Telecom Agency - PTS) é um dos 14 organismos que tem mandato para aplicar e realizar os objetivos da Política de Acessibilidade.

A PTS lança e financia vários projetos de desenvolvimento para melhorar os serviços existentes e criar novos. O objetivo é melhorar o potencial das pessoas com deficiência para o uso de comunicações eletrônicas e para a sua plena integração na sociedade.

São consignados a cada ano, créditos para programas e iniciativas operacionais da PTS com relação às pessoas com deficiência. No ano de 2011, por exemplo, o orçamento nacional da Suécia destinado para estes programas foi de aproximadamente 149 milhões de SEK19. Esses créditos são usados para a aquisição de serviços e implementação de projetos, bem como para a promoção de uma sociedade mais acessível com o emprego das comunicações eletrônicas.

A PTS financia uma variedade de serviços no âmbito das comunicações eletrônicas e dos serviços postais para ajudar as pessoas com deficiência (física, da fala, auditiva e visual). Entre eles, diversos serviços de intermediação da comunicação (a depender do tipo de deficiência), correio gratuito para o envio de livros para cegos, etc.

Estados Unidos:

Nos Estados Unidos há uma série de leis (genéricas e específicas) para as pessoas com deficiência. A Lei de Telecomunicações de 1996

19 Moeda - Coroa Sueca

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determinou que a Comissão Federal de Comunicações (FCC) criasse o Fundo de Universalização. Esta mesma lei exigiu ainda que os fabricantes de equipamentos de telecomunicações e prestadores de serviços garantissem que seus produtos e serviços fossem acessíveis e utilizáveis por pessoas com deficiência, se tal acesso for facilmente alcançável. Isso abrange os telefones fixos, os celulares, os “pagers”, as chamadas em espera, etc.

Quando o acesso não for facilmente alcançável, a lei exige que os fabricantes e prestadores de serviços compatibilizem seus dispositivos e serviços com os dispositivos periféricos e especializados para utilização por pessoas com deficiência, se essa compatibilidade for fornecida sem muita dificuldade ou custo.

A Lei norte-americana para pessoas com deficiência, datada de 1990 (ADA – Americans with Disabilities Act), em vigor desde 26 de julho de 1992, exigiu que todas as empresas de telefonia nos Estados Unidos prestassem o serviço de intermediação da comunicação.

Desde o ano 2000, a FCC autorizou diversos tipos de intermediação da comunicação para satisfazer as necessidades de vários usuários com diferentes deficiências e permitiu também um maior acesso às comunicações por meio da internet.

Em 1998, de acordo com a Lei de Compatibilidade dos Aparelhos Auditivos (Lei HAC), a FCC garantiu que todos os telefones fabricados e importados utilizados nos Estados Unidos, bem como os telefones essenciais, fossem compatíveis com os aparelhos auditivos. A FCC também estendeu este requisito para os telefones sem fio/ móveis.

Em outubro de 2010, o congresso americano aprovou a Lei de Acessibilidade das Comunicações e Vídeos para o século XXI (CVAA), cujo objetivo é melhorar o acesso das pessoas com deficiência às redes de próxima geração (Next Generation Networks –NGN- plataforma multisserviços sobre rede IP). A lei exige que as pessoas com deficiência tenham acesso aos serviços e equipamentos que usem esta rede. Estes equipamentos, por sua vez, devem ser compatíveis com os aparelhos auditivos, desde que esta compatibilidade seja feita sem muita dificuldade ou custo, segundo as definições da FCC.

A CVAA é fruto de uma série de leis adotadas nas décadas de 80 e 90, desenhadas para que os serviços de telefonia e televisão fossem acessíveis para todos os americanos com deficiência. Seus principais requisitos são:

• o acesso a navegadores da Internet em telefones móveis;

• aumento da responsabilidade e capacidade de implementação;

• ampliação da definição de serviços de intermediação da comunicação e dos contribuintes;

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• Equipamentos para os indivíduos cegos ou surdos de baixa renda;

• Extensão das regras de compatibilidade dos equipamentos (HAC) com os aparelhos para audição;

• Garantia de acesso à próxima geração de serviços.

Reino Unido:

O comando para as telecomunicações serem acessíveis no Reino Unido decorre de uma legislação sobre deficiência abrangente e outros regulamentos e políticas específicas. O departamento de comunicações (Ofcom) é o regulador das comunicações encarregado de supervisionar telecomunicações e mídia no Reino Unido. De acordo com a Lei de Comunicações, o Ofcom é obrigado a observar as necessidades de idosos, pessoas com deficiência e pessoas com baixos rendimentos. Além disso, há previsão de um Comitê Consultivo para as questões relativas às pessoas idosas e pessoas com deficiência.

O Ofcom publicou regras para Pessoas com Deficiência (SI 2000 No. 2410). Estas regras, juntamente com a Diretiva 98/10/EC -UE exigem que as empresas de telefonia (fixa e celular) providenciem a prestação de serviços de telefonia de voz de forma abrangente para usuários com deficiência.

Essas obrigações incluem o acesso a serviços de retransmissão ou intermediação de textos e serviços de auxílio a listas, oferta de conexões para usuários cegos com problemas de destreza, prioridade na reparação de serviços fixos e serviço de proteção para reduzir desconexões, suporte para o faturamento em formatos alternativos e alocação de pessoas para manusear contas em nome de pessoas com deficiência.

O Ofcom também tem uma obrigação decorrente da Lei contra a Discriminação das Pessoas com Deficiência de 2005 (DDA) de tomar medidas para garantir que as pessoas com deficiência possam utilizar os serviços com a mesma facilidade que todos os outros. Referida lei está atualmente consolidada como parte do Ato de Igualdade, de 2010, do Reino Unido.

O Programa de Igualdade Única da Ofcom tem como objetivo promover a qualidade e a diversidade por meio de suas funções e políticas em todos os setores.

O Ofcom também desenvolveu o Guia de Boas Práticas da Indústria de comunicação móvel para prestação de serviços para usuários com deficiência e idosos no Reino Unido, disponível em:

http://consumers.ofcom.org.uk/files/2010/06/gp_guide_eld_dis.pdf

Em janeiro de 2011, o Painel de Consumidores de Comunicações publicou um relatório sobre a usabilidade do telefone móvel:

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www.communicationsconsumerpanel.org.uk/smartweb/telecommunications/mobile-usability

Desde maio de 2011, operadores de telefonia móvel devem oferecer acesso ao serviço de emergência, por meio de mensagens, para as pessoas com deficiência auditiva (pessoas surdas e pessoas com dificuldade da fala).

União Europeia:

A Diretiva de serviço universal da Comissão Europeia (Diretiva 2002/22/EC) estabelece regras relacionadas às necessidades das pessoas com deficiência, no que diz respeito a serviços de telecomunicações (telefonia fixa, telefonia celular e banda larga).

A Diretiva estabelece que as autoridades reguladoras nacionais (NRA) dos Estados Membros podem adotar medidas, dependendo de circunstâncias específicas de suas nações, para assegurar a escolha adequada de serviços de telecomunicações para os usuários com deficiência.

Algumas das medidas adotadas pelas autoridades reguladoras nacionais em diferentes Estados Membros da União Europeia (como Noruega e Suíça) construída sob a égide da Diretiva da União Europeia estão descritas a seguir. Os países podem ter implementado essas medidas de diversas maneiras. Por exemplo, alguns fornecem subsídios estatais para as conexões que facilitam formas alternativas de comunicação para os usuários com deficiência, enquanto outros exigem que os prestadores de serviços ofereçam tais compromissos.

• Contas em formatos acessíveis: República Checa, França, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Eslovênia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

• Informações sobre serviços acessíveis cobertos por obrigações de universalização: República Checa, França, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Noruega, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

• Medidas especiais de acessibilidade para situações de emergência como o projeto de mensagem 112: República Checa, França, Grécia, Irlanda, Itália, Malta, Holanda, Noruega, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

• Serviços de Retransmissão de Texto: República Checa, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Holanda, Noruega, Portugal, Eslováquia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

• Serviços de Retransmissão de Vídeo: Alemanha e Suécia

• Serviços de Retransmissão de Voz: Suécia.

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• Teclas de marcação rápida e discagem rápida para telefonia celular: República Checa, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

• Ajuste de volumes nos aparelhos móveis: República Checa, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

Quanto ao cenário nacional, a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, conhecida como Lei de Acessibilidade, possui um capítulo próprio sobre acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização. O seu art. 1720 fixa que o Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação, para garantir às pessoas com deficiência o direito de acesso à informação e à comunicação.

De acordo com informações de representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis/DF e representantes de associações de surdos de Brasília levantadas em reunião realizada na Anatel, em 28 de abril de 2014, a maioria da comunidade surda possui dificuldade de compreender a língua portuguesa, alguns porque são analfabetos e outros porque foram alfabetizados apenas na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 21. A comunidade surda também afirma que o TTS (Terminal Telefônico para Surdos), por sua obsolescência, não é mais utilizado por pessoas com deficiência auditiva.

Nesse sentido, proposta aprovada em 2012 na 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência22, apontou a necessidade de substituição destes aparelhos por aparelhos com tecnologia adequada de imagem, com serviço de intermediação por videoconferência utilizando uma central de intérpretes de Libras. Também merecem destaques as propostas aprovadas abaixo:

a) Disponibilização de contas de telefone em Braille e escrita ampliada, bem como garantia de acessibilidade dos sites para consulta e impressão dos referidos documentos, tendo obrigatoriedade de envio por e-mail sempre que solicitado.

20 Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, art. 17. “O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer.”

21 Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, art. 1º: “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.”

22Relatório final da 3º Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/livro-relatorio-3a-conferencia-final_0.pdf

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b) Adequação dos telefones públicos para cadeirantes, pessoas com nanismo e de baixa estatura, com deficiência visual ou baixa visão.

c) Garantia que todos os sites governamentais sejam acessíveis à pessoa com deficiência, viabilizando a navegação com softwares livres, como leitores de tela, janela de libras e demais recursos disponíveis, incentivando a iniciativa privada a adotar o mesmo procedimento em conformidade com as normas técnicas internacionais WCAG 1.0 e WCAG 2.0 atualizadas do consórcio W3C e da Norma técnica nacional e-MAG 3.0.

d) Estímulo à criação de sistemas de atendimento 24 horas (incluindo sábados e domingos), gratuito às pessoas com deficiência por meio de uma central de intérpretes e guia-interpretes e tecnologias que atendam por meio de SMS, chat e SIV (Sistema de Intermediação de Vídeo), chamadas de emergências e urgências em hospitais, corpo de bombeiros, delegacias e outros serviços de forma presencial e virtual.

e) Garantia de protagonismo da Pessoa com Deficiência, por meio do seu empoderamento político e financeiro, bem como enfatizar as normas de acessibilidade universal, principalmente no que diz respeito à informação, comunicação e serviços.

f) Garantia de disponibilidade de intérpretes de Libras em todas as instituições que prestam atendimento ao público, privadas ou públicas – neste caso, por meio de concurso –, assim como de versões em braille e em letras ampliadas dos impressos que distribuírem, além de pessoal treinado para o atendimento de pessoas surdas e cegas ou com deficiência intelectual.

Especificamente na área de comunicação, vale destacar as seguintes propostas aprovadas na referida Conferência:

a) Garantia que todo material produzido pelo poder público e privado seja produzido e veiculado em sistema de braille, texto digital, caracteres ampliados, legenda, intérprete de libras, recursos visuais e de áudio descrição.

b) Observância de que fabricantes de produtos, operadoras de telefonia celular e comerciantes garantam a acessibilidade de pessoas com deficiência, devendo ser disponibilizado atendimento ao consumidor via mensagem de celular (SMS) e videoconferência, garantida pelo Código de Defesa do Consumidor, de modo a promover a autonomia de todas as pessoas com deficiência, incluindo acesso gratuito a saldo de créditos e bônus por meio sonoro.

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Atualmente, de acordo com informações obtidas nas reuniões com alguns atores envolvidos23, pessoas com deficiência auditiva e visual utilizam smartphones como principal meio de comunicação, por meio de aplicativos com recursos de acessibilidade. Com relação ao atendimento das pessoas com deficiência auditiva, é demandado atendimento por Web Chat via Internet, atendimento por serviços de mensagens e videochamada.

Com relação às obrigações existentes hoje para as prestadoras de telecomunicações, a Anatel contempla em dispositivos esparsos regras para promover a acessibilidade, eliminando ou reduzindo as barreiras existentes. A título de exemplo, cita-se:

i. A obrigação de as prestadoras de telefonia fixa, telefonia celular, banda larga fixa e Televisão por assinatura disponibilizarem, no mínimo, o demonstrativo dos valores parciais e o valor total para pagamento, escritos em braille.24

ii. A obrigação de as prestadoras de telefonia fixa, telefonia celular, banda larga fixa e Televisão por assinatura disponibilizarem garantir que a sua comunicação com Consumidores com deficiência visual, auditiva ou da fala seja realizada por meio adequado em quaisquer interações.25

iii. A obrigação das prestadoras de Banda Larga Fixa de disponibilizarem meios para que o conteúdo do contrato de prestação do serviço e do Plano de Serviço seja acessível aos portadores de deficiência visual26;

iv. A obrigação das prestadoras de Telefonia Fixa de garantirem acessibilidade ao serviço, mediante a supressão de barreira na comunicação e informação e dar

23Representantes de Associações de Surdos e da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.

24 Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (aprovado pela Resolução nº 632, de 8 de março de 2014): Art. 76. “O documento de cobrança deve ser entregue ao Consumidor com antecedência mínima de 5 (cinco) dias da data de vencimento. (...)§ 5º A Prestadora deve enviar, mediante solicitação, documento de cobrança com, no mínimo, o demonstrativo dos valores parciais e o valor total para pagamento, escritos em braille.”

25 Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (aprovado pela Resolução nº 632, de 8 de março de 2014): “ 18. Além das outras obrigações decorrentes da regulamentação editada pela Anatel e aplicáveis a serviços de telecomunicações, a Prestadora deve garantir que a sua comunicação com Consumidores com deficiência visual, auditiva ou da fala seja realizada por meio adequado em quaisquer interações.”

26 Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia (aprovado pela Resolução nº 614, de 28 de maio de 2013) Art. 47: “Sem prejuízo do disposto na legislação aplicável, as Prestadoras de SCM têm a obrigação de: VI - enviar ao Assinante, por qualquer meio, cópia do Contrato de Prestação do SCM e do Plano de Serviço contratado; Parágrafo único. As Prestadoras devem proporcionar meios para que o conteúdo do contrato de prestação do serviço e do Plano de Serviço seja acessível aos portadores de deficiência visual”.

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atendimento especializado e prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida27;

v. A obrigação das prestadoras de TV por Assinatura de tornarem disponível, independente do Plano de Serviço, sempre que solicitado pelo Assinante, Unidade Receptora Decodificadora - URD, que assegure a utilização de janela com interprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) ou a subtitulação, por meio de legenda oculta, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, em todas suas saídas de sinal, analógicas e digitais28;

vi. A obrigação das prestadoras de Telefonia Celular de disponibilizarem Plano Alternativo de Serviço, tanto Pós-pago quanto Pré-pago, para atendimento específico de pessoas portadoras de deficiência auditiva e da fala, a preços razoáveis29;

vii. A obrigação das prestadoras de Telefonia Fixa e Celular de disponibilizarem centrais de intermediação de comunicação30.

27 Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC (aprovado pela Resolução nº 426, de 09 de dezembro de 2005), Art. 35: “A prestadora deve garantir acessibilidade ao serviço mediante a supressão de barreira na comunicação e informação e dispensar o atendimento especializado e prioritário à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, nos termos da legislação, observando: I - a prestadora deve possuir no local de atendimento, pelo menos, um telefone adaptado para comunicação direta ou para utilização por pessoa portadora de deficiência auditiva; II - a prestadora na modalidade local deve garantir, nas localidades onde o serviço estiver disponível, a instalação de acesso individual para uso por pessoa portadora de deficiência auditiva e da fala, que disponha da aparelhagem adequada à sua utilização; § 1º Para fins de acessibilidade, considera-se barreira na comunicação e informação, qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagem por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, bem como aquele que dificulte ou impossibilite o acesso à informação. § 3º A prestadora deve tornar disponível em sua central de informação e de atendimento ao usuário, em seu sítio na Internet e nas lojas de atendimento pessoal, o endereço dos TUP adaptados para os portadores de deficiência.”

28 Regulamento do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) bem como a prestação do Serviço de TV a Cabo (TVC), do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS), do Serviço de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite (DTH) e do Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA, aprovado pela Resolução nº 581, de 26 de março de 2012), Art. 73: “Constituem obrigações da Prestadora do serviço, sem prejuízo do disposto na legislação aplicável: II - tornar disponível, independente do Plano de Serviço, sempre que solicitado pelo Assinante, URD que assegure a utilização de janela com interprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) ou a subtitulação, por meio de legenda oculta, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, em todas suas saídas de sinal, analógicas e digitais”;

29 Regulamento do Serviço Móvel Pessoal – SMP (aprovado pela Resolução nº 477, de 7 de agosto de 2007), Art. 67: “A Prestadora deve disponibilizar Plano Alternativo de Serviço, tanto Pós-pago quanto Pré-pago, para atendimento específico de pessoas portadoras de deficiência auditiva e da fala. Parágrafo único. O plano previsto no caput deve garantir ao Usuário o acesso ao SMP a preços razoáveis.”

30 Regulamento do Serviço Móvel Pessoal – SMP (aprovado pela Resolução nº 477, de 7 de agosto de 2007) Art. 10: “Além das outras obrigações decorrentes da regulamentação editada pela Anatel e aplicáveis a serviços de telecomunicações e, especialmente, ao SMP, constituem deveres da prestadora: XVIII - garantir a existência de centrais de intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de deficiência auditiva e de fala, que funcionem ininterruptamente, durante 24 (vinte e quatro) horas por dia e 7 (sete) dias por semana, e atendam a todo território nacional, funcionando de forma integrada com todas as prestadoras de SMP e STFC”; Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC (aprovado pela Resolução nº 426, de 09 de dezembro de 2005), Art. 35, inciso III: “a prestadora deve manter centro de atendimento para intermediação da comunicação telefônica, a ser utilizado por pessoa portadora de deficiência auditiva e da fala, que funcione

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Também existe obrigação fixada no Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, aprovada pela Resolução da Anatel nº 632, de 7 de março de 2014, estabelecendo que os Setores de Atendimento Presencial das prestadoras de serviços de telecomunicações devem observar as regras de acessibilidade dispostas em legislação específica31.

Vale registrar, ainda, que os Centros de Atendimento Telefônico das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações devem estar adaptados de forma a permitir o acesso gratuito dos usuários32, sendo que o acesso das pessoas com deficiência auditiva ou de fala será garantido, em caráter preferencial, facultado à empresa atribuir número telefônico específico para este fim.

Sobre o tema, a norma da ABNT NBR 15599: 2008 - Acessibilidade - Comunicação na prestação de serviços - rege que as instituições públicas e empresas prestadoras ou concessionárias de serviços públicos devem divulgar amplamente os locais, dias e horários do serviço de informação, para orientação e instrução adequadas, especialmente destinado ao cidadão usuário de LIBRAS. Além disso, toda informação visual em texto deve atender as especificações necessárias para entendimento e legibilidade da redação, devendo haver também sinalização tátil no piso para orientação até o local de atendimento. Por fim, toda informação sonora e verbal deve atender as condições para entendimento da oração, devendo ser aplicadas as informações sonoras faladas, gravadas, digitalizadas ou sintetizadas.

Dispõe ainda que todo atendimento direto ao público deve ser prestado por pessoas que tenham o domínio das necessidades das pessoas com deficiência e das especificidades dos surdos oralizados. Pelo menos um atendente deve ter articulação orofacial que permita a leitura labial. Além disso, há também possibilidade do atendimento ao público ser feito por meio de equipamentos.

Em relação ao atendimento ao consumidor, para reclamação, consulta e resposta ao consumidor, devem estar disponíveis múltiplos meios de comunicação, como correio eletrônico, fax, telefone, Telefone para Surdo (TS), Central de Atendimento ao Surdo (CAS) ou Serviço de Intermediação Surdo Ouvinte (SISO), Internet on-line ou outros, devidamente identificados no local do serviço e nos meios de divulgação. Os conteúdos de rótulos, manuais de utilização, bulas ou qualquer outro material em texto - contas, faturas e cobranças de cartão

em tempo integral e atenda a todo o território nacional, de forma integrada com todas as prestadoras do STFC e do Serviço Móvel Pessoal (SMP). § 2º Para efeitos de intermediação da comunicação telefônica considera-se, para início de tarifação ou de medição, o atendimento da chamada no terminal de destino.”

31Regulamento Geral do Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (aprovado pela Resolução da Anatel nº 632, de 7 de março de 2014), Art. 35: “A Prestadora deve adotar medidas para que o Setor de Atendimento Presencial seja claramente identificável pelo Consumidor e observar as regras de acessibilidade dispostas em legislação específica.”

32 Regulamento do Serviço Móvel Pessoal – SMP (aprovado pela Resolução nº 477, de 7 de agosto de 2007) Art. 93: “O Centro de Atendimento deve estar adaptado de forma a permitir o acesso gratuito de Usuários portadores de deficiência auditiva e da fala.” Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008 (regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC), Art. 3º: “As ligações para o SAC serão gratuitas e o atendimento das solicitações e demandas previsto neste Decreto não deverá resultar em qualquer ônus para o consumidor.” Art. 6º “O acesso das pessoas com deficiência auditiva ou de fala será garantido pelo SAC, em caráter preferencial, facultado à empresa atribuir número telefônico específico para este fim.”

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de crédito, multas, impostos, taxas e outros - devem estar disponíveis em braille, disquetes ou fitas k-7 ou outros meios eletrônicos (páginas na Internet, correio eletrônico etc.) em formato digital, que possam ser processados por sistemas de leitura e ampliação de tela.

Nesse contexto, em consulta no mês de maio de 2014 (período junho de 2012 a janeiro de 2014), ao Sistema de Suporte do Atendimento aos Usuários (FOCUS) da Anatel, foi verificado que as principais reclamações dos usuários relacionam-se às questões de atendimento especializado, preços diferenciados, pacotes e planos específicos e disponibilização de informações em formatos acessíveis. A seguir serão transcritas os exemplos de reclamações das pessoas com deficiência:

• Falta de atendimentos especializados para pessoas com deficiência visual e auditiva;

• Solicitação de conta em braille sem o devido atendimento;

• Falta de planos específicos voltados para pessoas com deficiência auditiva;

• Dificuldade das pessoas com deficiência visual para saberem o saldo de créditos na Telefonia Celular;

• Ausência de canais de comunicação efetivos para as pessoas com deficiência auditiva;

• Informações insuficientes dos planos contratados para as pessoas com deficiência visual;

• Cobrança de serviços não contratados, que são incompatíveis de serem utilizados por pessoas com deficiência visual e auditiva;

• Informações insuficientes de aparelhos acessíveis;

• Informações insuficientes em formatos acessíveis dos serviços de telecomunicações contratados;

• Exigência de número de protocolo para o deficiente visual;

• Falta de treinamento dos atendentes voltado para o atendimento de pessoas com deficiência;

• Atendimento não especializado na Central de Intermediação de Comunicação Telefônica;

• Indisponibilidade do nº 142;

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• Ausência de videochamada para a Central de Intermediação de Comunicação Telefônica;

• Discriminação das pessoas com deficiência pelos atendentes das prestadoras;

• Ocultação de legendas de canais abertos retransmitidos por TV por assinatura;

• Ausência de detalhamento da fatura em meios adequados para atender pessoas com deficiência visual;

• Indisponibilidade de atendimento por mensagens para pessoas com deficiência auditiva;

• Exigência de pagamento por serviços de voz que não serão utilizados por pessoas com deficiência auditiva;

• Cancelamento do serviço sem disponibilização de informação prévia, em formatos adequados, para as pessoas com deficiência;

• Dificuldade no cancelamento de serviços contratados por terceiro em nome de pessoas com deficiência auditiva;

• Solicitação de reparo de orelhão adaptado sem atendimento;

• Informações insuficientes sobre setores e canais de atendimento especializados;

• Não disponibilização do contrato de prestação de serviço em formato acessível para pessoas com deficiência visual;

• Falta de atendimento prioritário para as pessoas com deficiência;

• Bloqueio indevido do serviço de mensagens;

• Solicitação de pacotes com preços diferenciados para pessoas com deficiência auditiva;

• Ausência de divulgação de pacotes direcionados e diferenciados para as pessoas com deficiência;

• Lojas de atendimento que não são acessíveis;

• Recusa da empresa em atender a solicitação de instalação de linha analógica para o serviço TTS;

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• Cobrança de serviço de auxílio à lista para pessoas com deficiência visual;

• Solicitação de retorno das prestadoras com relação às reclamações de pessoas com deficiência por outros meios sem ser o telefone;

• Ausência de aparelhos para as pessoas com deficiência visual.

XIII Feira Internacional de Reabilitação, Inclusão, Acessibilidade e Esporte Adaptado - REATECH 2014

A Anatel também esteve presente na XIII Feira Internacional de Reabilitação, Inclusão, Acessibilidade e Esporte Adaptado - REATECH 2014. Representantes da Gerência de Universalização e Ampliação do Acesso (PRUV) e da Assessoria Parlamentar e de Comunicação Social (APC) realizaram pesquisa por meio de questionário sobre acessibilidade em serviços e equipamentos de telecomunicações.

Foram respondidos 219 questionários e da compilação das respostas objetivas foram obtidos os seguintes resultados, abaixo demonstrados graficamente:

A maioria dos entrevistados (pessoas com deficiência ou pessoas que lidam diariamente com pessoas com deficiência) respondeu que os serviços de telecomunicações oferecidos atualmente (Telefonia Fixa, Telefonia Celular, TV por Assinatura, Banda Larga, etc.) seriam mais acessíveis se houvesse mais divulgação sobre a existência de funcionalidades específicas para as pessoas com deficiência no ato da contratação do serviço. Consideraram que o grau de acessibilidade das páginas das prestadoras de serviços de telecomunicações na Internet é baixo.

Com relação aos meios adequados para disponibilizar o conteúdo do contrato de prestação do serviço, do Plano de Serviço e do documento de cobrança, libras e braille foram os mais apontados.

Em referência ao tipo de oferta de serviços de telecomunicações que atenderia as expectativas das pessoas com deficiência, planos com preços diferenciados foi a resposta da maioria dos entrevistados.

No que tange aos requisitos mínimos de acessibilidade que devem fazer parte de um equipamento de telecomunicações, resposta tátil e sonora nas teclas, menu acessível por

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comando de voz, identificação sonora das teclas e leitura de mensagem de texto integrada tiveram um índice de resposta aproximados, conforme gráfico abaixo.

Referente à utilização do Telefone de Uso Público Adaptado, constatou-se o baixo uso pelos entrevistados. Em relação ao que estimularia o seu uso, as respostas mais apontadas foram: videochamadas e chamadas com preço reduzido.

Quanto à Central de Intermediação de Comunicação Telefônica – CIC, a maioria dos entrevistados colocou que atendimento especializado poderia provocar o aumento de seu uso.

Relativamente às sugestões, na tabela abaixo foram destacados os principais pontos demandados:

Serviços de telecomunicações Interação com o consumidor Equipamentos

Audiodescrição na programação da TV por assinatura

Melhor divulgação das funcionalidades específicas e ofertas para as pessoas com deficiência na mídia (TV, Rádio, Internet, Facebook, etc.) e em instituições representativas

Respeito ao princípio do desenho universal

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Planos com preços diferenciados para as pessoas com deficiência

Divulgação em formato acessível (Libras, Legendas, etc.)

Aparelhos com preços diferenciados para as pessoas com deficiência

Planos específicos para as pessoas com deficiência, de acordo com o tipo de deficiência

Sites acessíveis Compatibilidade entre aparelhos auditivos e celulares;

Serviços gratuitos para as pessoas com deficiência

Atendimento especializado para as pessoas com deficiência

Softwares com acessibilidade

Acessibilidade para serviços de emergência

Aparelhos adaptados

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Serviços de telecomunicações em formatos acessíveis

Ampliação das Centrais de Intérpretes

Subsídios para a compra de aparelhos

Melhoria da qualidade dos serviços

Aplicativos que permitam a interpretação de Libras para a Língua Portuguesa

Melhorias da qualidade do som com possibilidade de amplificação

Em relação aos planos de serviço da telefonia celular específicos para pessoas com deficiência, constatam-se planos homologados de todas as empresas na Anatel, conforme consulta realizada em 20/5/14 no sistema SGPS.

PRÉ PÓS

Por SMS Pacote SMS HabilitaçãoAssinatura mensal

AD chamada SMS Fora do Pacote

CLARO R$ 0,26 150 R$ 70,00 R$ 22,50 R$ 1,00 R$ 0,15

CTBC R$ 0,19 150 R$ 30,00 R$ 22,50 R$ 1,00 R$ 0,15

NEXTEL R$ 0,28 - R$ 50,00 R$ 60,00 R$ 1,10 R$ 0,25

OI R$ 0,17 (R. I e III)R$ 0,19 (R. II)

150 R$ 50,00 R$ 22,50 R$ 1,00 R$ 0,15

SERCOMTEL R$ 0,19 300 R$ - R$ 35,20 R$ 1,00 R$ 0,15

TIM R$ 0,19 150 R$ 75,00 R$ 22,50 R$ 1,00 R$ 0,15

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VIVO R$ 0,19 150 R$ 50,00 R$ 22,50 R$ 1,00 R$ 0,15

Insta informar também que as operadoras já possuem homologados planos exclusivos de Internet, sem a obrigatoriedade da contratação mensal de voz.

Oficio Circular nº 070/2014/PRUV

Adicionalmente, foram solicitados, por meio de Ofício Circular, dados de algumas prestadoras de serviços de telecomunicações acerca das ações de acessibilidade executadas para o público deficiente.

As principais ações apontadas pelas prestadoras foram:

Disponibilização do Código de Ética da prestadora na versão em áudio, disponível na internet;

Confecção e distribuição de exemplares do Código de Defesa do Consumidor em braille;

Oferta de planos específicos para pessoas com deficiência auditiva e/ou da fala;

Disponibilização de centro de atendimento especifico para pessoas com deficiência auditiva;

Acessibilidade da página da prestadora na internet;

Possibilidade de solicitar o recebimento de sua fatura em braille;

A acessibilidade nas lojas de atendimento e disponibilização de TUPs adaptados;

A implantação de canais específicos de comunicação tanto com as pessoas com deficiência auditiva via SMS e por e-mail, quanto com as pessoas com deficiência visual;

A disponibilização da opção de compra de créditos pré-pagos pela internet e SMS, bem como a verificação de saldo e bônus via áudio e via SMS, assim como para a compra de pacotes de serviços;

A divulgação do contrato de prestação do serviço de telecomunicações em braille;

Lojas com atendentes treinados em libras e telefones adaptados para pessoas com deficiência auditiva.

Após a análise do cenário nacional e internacional, ressalta-se que a intenção do Regulamento Geral de Acessibilidade em Telecomunicações é resguardar os direitos de milhões de brasileiros com deficiência, adaptando a regulamentação às proposições da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e estimulando o uso de tecnologia assistiva33,

33 Tecnologia assistiva: conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visem auxiliar a mobilidade, a percepção e a utilização do meio ambiente e seus elementos por pessoa com deficiência.

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reconhecendo a importância, para as pessoas com deficiência, da sua autonomia e independências individuais, inclusive da liberdade para fazer as próprias escolhas.

1.1 PERGUNTAS SOBRE O TEMA.

• Os serviços de telecomunicações (Telefonia Fixa, Telefonia Móvel, Banda larga fixa ou móvel e TV por assinatura) que são oferecidos atualmente possuem barreiras para a utilização por pessoas com deficiência (visual, auditiva, motora e mental ou intelectual)? Quais ações/mecanismos em prol da eliminação de barreiras na utilização dos referidos serviços devem ser priorizadas?

• Quais as principais obrigações de acessibilidade a serem seguidas pelas prestadoras de serviços de telecomunicações no intuito de promover a acessibilidade?

• As páginas das prestadoras de serviços de telecomunicações na internet atendem aos requisitos de acessibilidade desejados? O que poderia ser melhorado?

• Os Setores de Atendimento (Telefônico, Presencial e Internet) das prestadoras de serviços de telecomunicações estão preparados para receber e prestar informações às pessoas com deficiência? O que poderia ser feito para melhorar a relação com o consumidor com deficiência?

• Os planos de serviço das prestadoras são adequados para as pessoas com deficiência? De que forma o atendimento e as ofertas (planos e promoções) poderiam ser melhorados?

• As prestadoras de serviços de telecomunicações oferecem meios adequados para disponibilizar o conteúdo do contrato de prestação do serviço, do plano de serviço e do documento de cobrança às pessoas com deficiência?

• Caso entenda oportuno, apresente outras sugestões e considerações sobre o tema.

TEMA 2: DA ACESSIBILIDADE NOS TERMINAIS

Em conformidade com a Convenção, o “Desenho Universal” deve ser observado na fabricação de equipamentos de telecomunicações, ou seja, estes devem ser concebidos para serem usados, na maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico.

No que se refere à acessibilidade nos terminais de telecomunicações, os mesmos devem conter funcionalidades e/ou facilidades para permitir o acesso a serviços de telecomunicações

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por pessoas com deficiência. Conforme proposta do estatuto da pessoa com deficiência, a concepção e a implantação dos projetos que tratam do meio físico, transporte, informação e comunicação, inclusive sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências as normas de acessibilidade.

A título de exemplo, cita-se o terminal de voz de Serviço de Telecomunicações com teclado, que deve possuir a tecla do dígito 5 com características que possibilitem facilmente a sua identificação por pessoas com deficiência visual, devendo obedecer à sequência de números crescente ou decrescente a partir do número 5, não podendo ser aleatória34.

Com relação a Terminais de voz que utilizem tecnologia de tela sensível ao toque, seja fixo ou móvel, entende-se que devem possuir sintetizador de voz ou quaisquer outros programas/aplicativos capazes de fornecer a funcionalidade de acessibilidade para as pessoas com deficiência visual, segundo contribuições da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) apresentadas na Consulta Pública n° 26/2013-Anatel, que apontam que os celulares possuam no mínimo: software leitor de telas e sintetizador de voz em língua portuguesa; funcionalidade que permita a ampliação de textos e imagens exibidos na tela; funcionalidade que permita o ajuste de contraste; funcionalidade que oriente e facilite a navegação em telas sensíveis ao toque.

A partir de tais funcionalidades, espera-se que os usuários de serviços de telecomunicações com deficiência visual possam executar no mínimo as seguintes operações: efetuar e receber ligações telefônicas; enviar e receber mensagens SMS; acessar e interagir com as opções disponíveis no menu de configuração do aparelho; acessar e interagir com a agenda de contatos; acessar informações técnicas, tais quais: a rede na qual está conectado, potência do sinal, carga da bateria e data e hora, dentre outras; acesso imediato ao identificador de chamadas; enviar e receber e-mails, quando disponível no aparelho; acessar o navegador de páginas na internet, quando disponível no aparelho.

34 Regulamento da Interface Usuário – Rede e de Terminais do Serviço Telefônico Fixo Comutado (aprovado pela Resolução nº 473, de 27 de julho de 2007 e alterado pela Resolução n.º 613, de 09 de maio de 2013), Art. 48, inciso I: “a tecla do dígito 5 deve ter características que possibilitem facilmente a sua identificação por deficientes visuais”; Art. 48, inciso II: “quando existirem teclas de funções suplementares, estas podem ser dispostas livremente”. § 1º : “Terminais de voz podem possuir teclados com disposição física das teclas diferente da estabelecida no caput, desde que atendam ao inciso I e as teclas numéricas estejam dispostas de forma sequencial e uniforme possibilitando a sua identificação por deficientes visuais a partir da tecla 5.”

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Outro exemplo a ser pontuado é que os orelhões (Telefones de Uso Público – TUP) devem atender as características mínimas de funcionamento fixadas em regulamentação35, incluindo facilidades para as pessoas com deficiência auditiva, visual e de locomoção.

Com relação às facilidades, ressalta-se que, atualmente, há diversos aplicativos com recursos de acessibilidade disponíveis no mercado, que permitem: conversão de textos e áudios em libras por meio de uso de programas que utilizam tecnologia de animação virtual, resposta tátil e sonora nas teclas, identificação sonora das teclas, leitura de telas integrada, menu acessível por comando de voz, volume do aparelho ajustável para pessoas com deficiência auditiva, alertas visuais e vibratórios, ajustes de fontes, zoom integrado, monitores em braille, ativação de legendas ocultas, compatibilidade com aparelhos auditivos, ajustes de brilho e contraste, dentre outras funcionalidades.

Nesse sentido, apresentam-se abaixo trechos (tradução livre) do relatório da UIT citado no TEMA 1, com recomendações para promover a acessibilidade no setor de telecomunicações enfatizando a parte dos recursos dos dispositivos e aplicativos.

Recursos de acessibilidade (Pessoas com Deficiência Auditiva):

o Opções de mensagens. A função mais importante de um telefone celular para pessoas com deficiência auditiva é permitir contato nos formatos de texto, e-mail, mensagens multimídia, devendo oferecer alternativas à comunicação verbal.

o Alertas visuais ou vibratórios. Os telefones celulares podem ser programados para vibrar ou dar alertas visuais para informar o usuário sobre chamadas recebidas, e-mails, mensagens, compromissos do calendário e alarmes, etc.

o Controle de volume ajustável especialmente útil para aqueles que são pessoas com deficiência auditiva, bem como para aumentar a funcionalidade dos aparelhos auditivos.

o Registro de Chamadas. O display de chamadas perdidas ou recebidas que podem ter sido perdidas por ausência de alertas visuais ou vibratórios.

35 Regulamento de Características de Funcionamento do Telefone de Uso Público do STFC (aprovado pela Resolução nº 459, de 5 de março de 2007) Art. 1º: “Este Regulamento estabelece as características mínimas de funcionamento do Telefone de Uso Público – TUP utilizado na rede de telecomunicações suporte ao Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC, destinado ao uso do público em geral, incluindo facilidades para portadores de necessidades especiais, sejam de visão, auditivas ou de locomoção. § 1º As condições de uso do TUP específico para pessoa portadora de outras deficiências devem ser objeto de regulamentação específica.” § 2º “O TUP que for instalado preferencialmente para usuário em cadeira de rodas deve atender a Norma ABNT NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas.”

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o Indicadores visuais ou táteis para o teclado. Destacando os botões pressionados no teclado, quer através de luzes ou vibração, confirmarão ações que estão sendo tomadas.

o Serviço de mensagens multimídia. Enquanto mensagem originalmente começou com apenas texto, há toda uma gama de opções de mensagens multimídia disponíveis hoje em dia, por exemplo, o envio de fotos ou vídeos usando telefones celulares. A mensagem-visual enviada na maioria dos 'smartphones' melhora a experiência de mensagens de texto. Esta é uma característica especialmente importante para usuários surdos que são analfabetos e dependem, sobretudo, das comunicações via imagens ou língua de sinais.

o Mono Áudio. Esse recurso transfere conteúdo de áudio do canal esquerdo e direito para ambos os fones de ouvido e fazendo com que ouvir música e realizar chamadas seja mais fácil para as pessoas com perda de audição afeta a uma orelha.

o Videoconferência. Esta é outra característica cada vez mais disponível em 'smartphones', que melhorou significativamente os meios de comunicação para surdos e pessoas com deficiência auditiva. Chamada face a face (Videochamada) é mais simples de usar através de 3G e redes sem fio. Pessoas com deficiência auditiva podem se comunicar instantaneamente e de forma mais eficaz utilizando videochat via língua de sinais ao invés de confiar em mensagens de texto.

o Legendas. Muitos telefones celulares suportam a reprodução de vídeos e filmes com legendas ocultas, legendas abertas e subtítulos. Enquanto legenda oculta refere-se à exibição de áudio transcrito para as pessoas que especificamente solicitem, legendagem aberta significa demonstração de áudio transcrito para todos.

Recursos de acessibilidade (Pessoas com Deficiência Visual):

o As pessoas com deficiência visual dependem - total ou parcialmente, dependendo do nível de deficiência - de um leitor de tela para fazer uso de um computador ou de um celular. O leitor de tela é um software que traduz e converte as informações exibidas na tela em fala, em sons não falados e em Braille para um display Braille.

o As novas gerações de telefones touchscreen vêm com leitores de tela baseados em gestos. Isso permite que os usuários com deficiência visual possam ouvir as descrições das funções de seus telefones

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através do toque e também permite que eles controlem suas atividades por meio de arrastes e toques.

o Marcadores táteis. Os marcadores ajudam na orientação dos dedos sobre o teclado. O ponto elevado sobre o número cinco em telefones e celulares ajuda os usuários a navegar pelo teclado.

o Retorno sonoro ou tátil. Confirma que um botão foi apertado. Por exemplo, o recebimento de um alerta sonoro após o recebimento de um correio de voz e vibração do celular após ter sido ligado.

o Retorno de sintetizador de voz de telas sensíveis ao toque. O retorno de voz permite aos usuários de aparelhos com telas sensíveis ao toque ouvir a descrição do ícone sobre o qual seus dedos estão apontando. Quando em modo de retorno de voz (como o Voice Over do iOS), as telas sensíveis ao toque ficam praticamente congeladas a fim de que os usuários possam explorar os ícones. Gestos especiais, como três dedos de cada vez são necessários para provocar o deslizamento de páginas quando estiver no modo de retorno de voz.

o Sinais sonoros. Os ruídos são utilizados para indicar serviços específicos ou recursos como: bateria baixa, chamada em espera, finalização de chamada, ajuste do nível de volume, etc.

o Ajuste do tamanho de fontes. Este recurso permite ao usuário aumentar o tamanho da fonte conforme suas necessidades.

o Leitor de telas. Muito utilizado por pessoas com deficiência visual que fazem uso de computadores e aparelhos celulares. Alguns celulares já possuem um leitor de telas embutido, mas o recurso pode ser colocado posteriormente nos que não o tem.

o Controle de ajuste de brilho e contraste. Permite ao usuário customizar sua tela conforme suas necessidades. Nos smartphones BlackBerry, por exemplo, é possível reverter as cores da tela. Usuários com pouca visão podem fazer ajustes de acordo com seu nível de conforto, alterando a intensidade das cores de fundo, do claro para o escuro, ou vice-versa. As cores também podem ser convertidas em tons de cinza.

o Mudança do tamanho da tela principal. O tamanho da tela pode ser alterado conforme necessidade do usuário.

o Visor retro iluminado. O visor retro iluminado auxilia a visualização da tela em ambientes com pouca iluminação, em ambientes internos e em ambientes externos.

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o Conversor de texto para voz. Converte um texto em áudio. Utilizado, por exemplo, na leitura de mensagens de texto.

o Scanner e Reconhecimento Óptico de Caractere. Fornece alta precisão na conversão de uma impressão em um texto eletrônico.

o Ampliador de tela. Permite aos usuários ampliar as fontes e as imagens. Essencial para aqueles com baixo nível de visão.

o O Mobile Speak da Code Factory é um leitor de telas (software) desenvolvido para ser instalado em aparelhos celulares de pessoas com deficiência visual ou de pessoas com dificuldade de leitura. A informação da tela passa por um sintetizador TTS (text-to-speech) e depois é enviada para o alto-falante ou headphone. A informação também pode ser apresentada em Braille se o celular ou o PDA estiver conectado num display Braille. A saída em áudio ou em Braille podem ser usadas ao mesmo tempo. O software interage com diversas funções, dentre elas:

Realização e recebimento de chamadas; Leitura e escrita de SMS; Gerenciamento de contatos e listas de chamadas; Rediscagem e identificador de chamadas; Navegador de internet; Envio e recebimento de e-mails; Gerenciamento de calendário e alarme; Criar textos e notas de áudio; Ouvir músicas e notícias; Alterar as configurações do telefone.

Recursos de acessibilidade (Pessoas com Deficiência Motora):

o Reconhecimento de voz - Tetraplégicos e pessoas com limitação motora dependem muito de comandos de voz para trabalhar com computadores, usar telefones celulares, fazer chamadas, escrever mensagens de texto, compor documentos, abrir e fechar aplicações (calendário, ajuste de lembretes, músicas e Vídeos) e navegar na web.

o Auto Texto - textos pré-carregados que reduzem o número de teclas necessárias para escrever determinada mensagem.

o Outros: Telefones de tela sensível ao toque podem beneficiar os usuários com limitação de movimento nos dedos. Para pessoas que possuam dificuldade em manter o celular parado (ex.: pessoas com Parkinson, com distúrbios nervosos, com hipotireoidismo e idosos), existem aplicativos que estabilizam a imagem da câmera.

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o Atender com qualquer tecla.

o Possibilidade de o usuário bloquear algumas teclas do teclado QWERTY e executar ações que necessitariam de múltiplos toques com apenas um único toque.

o Resposta por viva voz.

o Design do celular que torne desnecessária a realização de movimentos de deslizamento ou abertura para sua utilização.

o Celular com fundo plano de forma a possibilitar seu apoio numa mesa, sem necessidade de segurá-lo.

o Acessórios opcionais, como fone de ouvido ou teclado Bluetooth. A ausência de fio facilita o manuseio e também evita pressionar numerosos botões.

o Formato ergonômico e uso de materiais antiderrapantes.

Recursos de acessibilidade (Pessoas com Deficiência Cognitiva):

o Predição de texto. O editor de texto do telefone prevê algumas palavras à medida que inicia a digitação o que facilita enquanto se escreve uma mensagem.

o Reconhecimento de voz. Tem se tornado altamente preciso e a maioria dos reconhecedores de voz tem a capacidade de reconhecer várias entonações.

o Texto para Voz (“text-to-speech”). A capacidade de converter texto em fala remove a ansiedade associada com a leitura de: nomes dos contatos, identificador de chamadas, mensagens, e-mails, instruções/direções, livros e muito mais. Telefones com câmeras de alta resolução fornecem a opção de conversão de um texto impresso em um texto eletrônico por meio de um único clique. Este texto pode então, ser lido em voz alta usando “text-to-speech”, pode ser destacado e ouvido simultaneamente.

o Calculadora e Agenda. A agenda com alertas de áudio, visual e vibratório ajuda os usuários a se lembrarem de seus eventos futuros e das tarefas que precisam realizar. A sincronização dos calendários com Microsoft Outlook e com o Google Calendar é bem útil.

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o Maiores telas e opções de formatação. Textos com mais espaço entre cada palavra (de forma que elas fiquem em destaque e com uma fonte maior) juntamente com o aumento do brilho torna a leitura mais fácil e agradável.

o Manuais de instrução claros e de fácil entendimento.

o Menus com ícones simples que facilitem a navegação, de forma que o próprio usuário realize o que deseja.

o Fornecer um tempo suficiente para que os usuários entrem com as informações desejadas.

o Capacidade de associar fotos a números de telefone.

o Opção de escolher um alerta sonoro, visual ou vibratório a fim de que o usuário saiba que está recebendo uma chamada.

o Tela com alta resolução de forma a facilitar a leitura da tela.

o Capacidade de armazenar detalhes dos contatos de emergência.

o Fornecimento de um retorno de áudio, visual e/ou tátil após pressionar o teclado.

o Comandos de voz pré-gravados para funções mais utilizadas.

o Menus de ajudas preditivos.

o Atalhos de teclado para fazer cada passo de forma rápida e eficiente.

Apesar do analfabetismo não ser classificado como uma deficiência, sua existência entre as pessoas com deficiência visual e auditiva, nos países em desenvolvimento, merece atenção especial. É importante notar que uma série de recursos projetados para pessoas com deficiência podem ajudar os analfabetos a usufruir serviços de telecomunicações com maior facilidade e compreensão, e que por sua vez, aumenta o número de negócios para os provedores de serviços e fabricantes.

Alguns recursos de acessibilidade relevantes para pessoas analfabetas são descritos a seguir.

o Interface de Usuário Intuitiva. Uma interface de usuário intuitiva, baseada em compreensíveis ícones gráficos, facilita o uso de telefones celulares.

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o Interface de Áudio. Uma interface de áudio tem de suportar não só a linguagem nativa de pessoas, mas também os dialetos devido à conveniência e facilidade de utilização.

o Retorno sonoro ou tátil de teclado.

o Capacidade de associar fotos a números de telefone.

o Atalhos de teclado.

o Reconhecimento de voz.

o Tradução de SMS para Avatar para os analfabetos com deficiência auditiva.

Além desses recursos, o uso de smartphones também pode ajudar na alfabetização das pessoas de todo o mundo. Por exemplo, o Celedu - Cellular + Education - deu início a um projeto neste sentido na Índia, disseminando habilidades linguísticas e outros conteúdos de aprendizagem através de jogos para download em celulares.

GARI – Global Accessibility Reporting Initiative

A fim de facilitar o acesso à informação da população que necessita de aparelhos com recursos específicos para determinada deficiência, apresenta-se a seguir ferramenta de busca disponibilizada livremente na internet.

O Mobile Manufacturers Forum (http://www.mmfai.info/public/index.cfm?lang=pt) desenvolveu e disponibilizou na rede mundial de computadores uma página de internet (http://www.mobileaccessibility.info/) para apoiar pessoas com deficiência na escolha de aparelhos celulares, aplicativos e tablets. Esse site, com dados espontaneamente alimentados por alguns fabricantes é hoje conhecido como GARI, abreviação do Inglês para “Global Accessibility Reporting Initiative”.

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Apenas a título exemplificativo, sem a pretensão de obter resultados exaustivos, a área técnica realizou no mês de maio do corrente ano pesquisa selecionando tipo de aparelho, se telefone ou tablet, e escolhendo o filtro por deficiência: motricidade, visão, audição/fala e cognição.

Segue abaixo resultado de pesquisa realizada no GARI (somente fabricantes cadastrados) com quantitativo de celulares disponíveis na América Latina e adequados a cada tipo de deficiência:

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Produto FabricanteDeficiência Visual

Deficiência Auditiva/Fal

a

Deficiência Motora

Deficiência

CognitivaCelular Samsung 45 44 43 44

Celular LG 21 27 27 22

Celular BlackBerry 26 26 26 26

Celular Nokia 2 3 3 3

Celular Apple 5 5 5 5Celular Motorola 23 23 23 21Tablet Nokia 1 1 1 1

Tablet Motorola 4 4 4 4

Tablet BlackBerry - 2 2 2

Após pesquisa livre na internet, verificou-se que os preços dos aparelhos listados no GARI variam de R$ 294,00 (duzentos e noventa e quatro reais) a R$ 3.599,00 (três mil quinhentos e noventa e nove reais), dependendo do tipo, modelo e marca do celular.

Conforme citado anteriormente, a relação apresentada pelo site é para todos os países da América Latina. De modo a aprofundar o estudo, foi também levantado no sistema de Homologação e Certificação de Aparelho da Anatel, quais e quantos aparelhos com recursos de acessibilidade encontram-se disponíveis no Brasil. Segue resultado:

Fabricante

Quantitativo de celulares

homologados na Anatel

Quantidade de celulares

cadastrados no sistema GARI

Quantidade de celulares homologados na Anatel e

presentes no sistema GARI

Samsung 291 44 27

LG 269 24 12

Apple 7 5 5

Nokia 149 3 2

Motorola 251 23 21

BlackBerry 40 26 15

Outros 1158 0 0

TOTAL 2165 125 82

Quanto aos aplicativos, foram levantadas algumas soluções que podem ajudar as pessoas com deficiência, como por exemplo:

Aplicativos por meio da leitura dos menus e telas desses programas por um sintetizador de voz;

Leitores de telas e de código aberto; ampliadores de tela para pessoas com baixa visão;

Vocalizadores de texto;

Tradutores de português para libras;

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Aplicativos que permitem às pessoas com mobilidade reduzida controlar o cursor do mouse pelos movimentos da cabeça,

Teclados virtuais, etc.

2.1 PERGUNTAS SOBRE O TEMA.

• Quais os recursos básicos de acessibilidade por tipo de deficiência que devem ser priorizados nos equipamentos de telecomunicações?

• Qual a forma mais adequada de divulgação dos modelos de equipamentos e aplicativos com recursos de acessibilidade por tipo de deficiência poderia ser utilizada pelos fabricantes, prestadores de serviço e demais envolvidos no desenvolvimento, produção, distribuição e venda de equipamentos?

• Quais os mecanismos de incentivo poderiam ser priorizados para facilitar a aquisição de equipamentos de telecomunicações com recursos de acessibilidade, considerando os preços de mercado e a renda média das pessoas com deficiência?

• Caso entenda oportuno, apresente outras sugestões e considerações sobre o tema.

TEMA 3: DO TELEFONE DE USO PÚBLICO DO STFC ADAPTADO

Com relação aos Telefones de Uso Público - TUPs (orelhões) adaptados para pessoas com deficiência, a Anatel estabelece em regulamentação que em toda localidade com mais de 300 (trezentos) habitantes, pelo menos 2,5% (dois e meio por cento) dos telefones públicos devem ser adaptados, sob demanda, para cada tipo de deficiência, seja auditiva, da fala ou de locomoção36.

Pessoas com deficiência podem – diretamente ou por meio de representante – solicitar à concessionária de telefonia fixa de sua região a instalação de um orelhão adaptado37. O prazo para instalação é de 7 (sete) dias e os custos são integralmente pagos pela prestadora. Também

36 Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público – PGMU (aprovado pelo Decreto n° 7.512, de 30 de junho de 2011) Art. 14: “A partir da data de publicação deste Plano, nas localidades atendidas com acesso individual do STFC, as concessionárias do STFC na modalidade Local devem assegurar que, pelo menos, dois e meio por cento dos TUP sejam adaptados para cada tipo de deficiência, seja auditiva, de fala e de locomoção, no prazo de sete dias contado da solicitação dos interessados, observados os critérios estabelecidos na regulamentação, inclusive quanto à sua localização e destinação.”

37 Regulamento de Obrigações de Universalização (aprovado pela Resolução nº 598, de 23 de outubro de 2012), Art. 13: “As pessoas com deficiência, seja de locomoção, auditiva ou de fala, podem, diretamente, ou por meio de quem os represente, solicitar TUP adaptado de acordo com suas necessidades, com indicação do local de instalação desejado, cujo atendimento deve ser efetivado no prazo máximo de sete dias”.

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podem solicitar a instalação de TUP adaptado o responsável legal de lugares de grande circulação pública tais como aeroportos, rodoviárias, centros comerciais, dentre outros38.

Todos os orelhões devem estar adaptados às pessoas com deficiência visual. Para saber o número e a localização de todos os orelhões adaptados, devem ser consultadas as informações disponíveis no Sistema Fique Ligado, ou na central de informação e de atendimento ao usuário das prestadoras de STFC (telefonia fixa), bem como os sítios na internet e lojas de atendimento pessoal, pois é uma obrigação tornar disponível o endereço dos TUP(s) adaptados para pessoas com deficiência.

Ao final de 2013, havia no Brasil 20,8 (vinte vírgula oito) mil telefones públicos adaptados para pessoas com deficiência de locomoção (cadeirantes) e 5,6 (cinco vírgula seis) mil para pessoas com deficiência auditiva ou da fala. O total de orelhões adaptados alcançava 2,4% dos equipamentos instalados. O gráfico a seguir mostra os números.

De acordo com estudos da área técnica da Anatel, baseados em dados das concessionárias do STFC de maio de 2013, 71% (setenta e um por cento) dos Telefones de Uso Público Adaptados apresentam utilização de até 2 (duas) chamadas por dia nas sedes municipais, sendo que fora das sedes esse percentual é de 62% (sessenta e dois por cento), conforme gráficos a seguir:

38 Art. 13, §3º: “Poderão também solicitar a instalação de TUP adaptado o responsável legal de lugares de grande circulação pública tais como aeroportos, rodoviárias, centros comerciais, dentre outros.”

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3.1 PERGUNTAS SOBRE O TEMA.

• A respeito do Telefone de Uso Público Adaptado, quais seriam as formas de torná-lo mais atrativo para as pessoas com deficiência?

• Caso entenda oportuno, apresente outras sugestões e considerações sobre o tema.

TEMA 4: DA CENTRAL DE INTERMEDIAÇÃO DE COMUNICAÇÃO - CIC

A área técnica da Anatel realizou estudos de Benchmark Internacional com o objetivo de conhecer como outras nações tratam a questão das centrais de intermediação por vídeo.

Benchmark InternacionalOs estudos de Benchmark têm o objetivo de conhecer como outras nações tratam a questão de acessibilidade e em especial se possuem centrais de intermediação por vídeo. A seguir passa-se a expor contatos e pesquisas já realizadas39.

Austrália

O National Relay Service do governo Australiano faz a intermediação de forma convergente por texto, através de computador (chat), telefone (via TDD - Telecommunications Device for the Deaf ou TTS – Terminal Telefônico para o Surdo) ou celular (via SMS). Considera-se intermediação também o auxilio a pessoa com dificuldade de fala e/ou auditiva. O sistema utilizado permite que uma pessoa com dificuldade de audição, por exemplo, possa se comunicar simultaneamente com um TDD para ler e um telefone para falar.

A intermediação é gratuita e o usuário só paga o equivalente a uma ligação local. O serviço funciona 24hs e há um sistema especial para a comunicação de emergência com numeração específica para TDD, atendimento por telefone ou internet.

39 Extraído da Nota Técnica 5/UNPCP/2012

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http://www.relayservice.com.au/

Reino Unido

Por meio da legislação de serviço universal determinou-se que a BT40 prestasse o serviço de intermediação por meio de texto. Todas as outras operadoras dão aos seus clientes acesso a essa central.

A intermediação pode ser feita via TDD, internet (PC transformado em um TDD) e telefone fixo, 24 horas por dia.

Pessoas com deficiência auditiva e/ou da fala e ouvintes podem fazer uso do serviço. Há um número de emergência para o deficiente auditivo se conectar a central de intermediação e solicitar o auxílio.

Cabe a todas as operadoras a obrigação de garantir que os usuários da central de intermediação não tenham uma cobrança maior pelo uso da central. Isto porque, entende-se que uma ligação via intermediação de texto é mais demorada. O desconto dado aos usuários do serviço não é regulado, contudo, de acordo com o informado à UIT, é de cerca de 0,50 e 0,60 centavos de libras por minuto. http://textrelay.org/about_us.php

Além desse serviço imposto pelo regulador, existem empresas que prestam, mediante pagamento, o serviço de intermediação por vídeo.

http://www.signvideo.co.uk/services.php; http://www.signsolutions.uk.com

http://www.deafconnections.co.uk/Table/Sign-On-Screen/

Suécia

A Swedish Post and Telecom Authority (PTS) desenvolve o trabalho de intermediação de texto que pode ser por TDD, telefone, SMS ou fac-símile. Também é possível uma intermediação por vídeo a partir de um telefone, nesse caso, a central recebe acessos via RDSI (ISDN), endereço IP e 3G. Ouvintes e pessoas com deficiência podem entrar em contato com a central de intermediação. http://pts.se/en-gb/People-with-disabilities/

Nova Zelândia

Neste país há duas centrais de intermediação: uma para texto e outra para vídeo, consequentemente existem dois números de acesso distintos. A central de texto funciona 24 horas por dia, enquanto a de vídeo funciona de segunda a sexta das 7:30h às 21:00h e sábado das 9:00h às 17:00hs.

As centrais empregam cerca de 25 (vinte e cinco) pessoas entre atendentes e intérpretes.

40 British Telecommunications

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O governo contratou a empresa Sprint/Nextel, que opera centrais de intermediações em muitos estados dos Estados Unidos, para prestar o serviço em todo o país.

Aos surdos, o TDD é ofertado gratuitamente.

Há um incentivo ao registro das pessoas usuárias do serviço.

Não há nenhuma cobrança para utilização do serviço da central, sendo as chamadas locais e nacionais gratuitas. Contudo, há exceções e especificidades:

a) Não há realização de ligações internacionais na central de vídeo.

b) As chamadas realizadas na central de intermediação por texto entre um telefone fixo e um telefone celular, chamadas de longa distância internacional e as chamadas para um número premium (0900) são pagas. Para tanto, para que essas ligações (chamadas cobráveis) ocorram deve haver um pré-registro.http://www.nzrelay.co.nz/About/

Espanha

Neste país há o Serviço de Videointerpretação ou Videointermediação em língua de sinais espanhola financiado pelo governo espanhol. O horário de atendimento é das 8:00h às 20:00h segunda e sexta e de 11:00h às 19:00h finais de semanas e feriados.

A prestação do serviço de videointermediação é gratuita para as pessoas surdas e com deficiência auditiva. Os ouvintes também tem acesso a central.

A conexão à central pode se dar através de computador, webcam no computador ou pela televisão com conexão ADSL, videotelefone, celular com tecnologia 3G

http://www.svisual.org/

Em relação à legislação brasileira, o art. 49 do Decreto nº 5.296, de 200441, determina que as prestadoras de Telefonia Fixa e Celular deverão garantir a existência de centrais de

41 Art. 49. As empresas prestadoras de serviços de telecomunicações deverão garantir o pleno acesso às pessoas portadoras de deficiência auditiva, por meio das seguintes ações: I - no Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, disponível para uso do público em geral: a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacional e em locais públicos, telefones de uso público adaptados para uso por pessoas portadoras de deficiência; b) garantir a disponibilidade de instalação de telefones para uso por pessoas portadoras de deficiência auditiva para acessos individuais; c) garantir a existência de centrais de intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras de Serviço Móvel Pessoal; e d) garantir que os telefones de uso público contenham dispositivos sonoros para a identificação das unidades existentes e consumidas dos cartões telefônicos, bem como demais informações exibidas no painel destes equipamentos; II - no Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal: a) garantir a interoperabilidade nos serviços de telefonia móvel, para possibilitar o envio de mensagens de texto entre celulares de diferentes empresas; e b) garantir a existência de centrais de intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado. § 1º Além das ações citadas no caput, deve-se considerar o estabelecido nos Planos Gerais de Metas de Universalização aprovados pelos Decretos nos 2.592, de 15 de maio de 1998, e 4.769, de 27 de junho de 2003, bem como o estabelecido pela Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997. § 2º O termo pessoa portadora de deficiência auditiva e da fala utilizado nos Planos Gerais de Metas de Universalização é entendido neste Decreto como pessoa portadora de deficiência auditiva, no que se refere aos recursos tecnológicos de telefonia.

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intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas com deficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras.

Nesse contexto, a Anatel, por meio da Resolução nº 509, de 14 de agosto de 2008, aprovou o Regulamento da Central de Intermediação de Comunicação Telefônica – CIC a ser utilizada por pessoas com deficiência auditiva ou da fala, estabelecendo os procedimentos e critérios para o atendimento e cobrança dos usuários, bem como para a manutenção dessas Centrais.

Para levantar a demanda pela atualização do Regulamento da CIC, a área técnica da Agência levantou informações com as prestadoras sobre as atuais centrais de intermediação, cujo código de acesso é o número 142.

Dos dados levantados, merecem destaque os seguintes pontos: i) existe um alto número de trotes na utilização do número 142, cerca de 80% (oitenta por cento) das chamadas; ii) apesar de terem o direito de cobrar o valor telefônico realizado por meio da CIC, as prestadoras não o fazem, por entenderem estar prestando um serviço de utilidade pública à comunidade com deficiência auditiva e admitem não terem ferramentas desenvolvidas capazes de realizar a tarifação nessa situação; iii) numa hipótese de se ter a central de intermediação por vídeo, os custos aumentarão e a cobrança das chamadas deverá ocorrer; iv) é possível a intermediação via SMS; vi) deveria ser considerada a possibilidade de implementação de uma central de intermediação única, a critério da prestadora; v) deve-se ter presente a necessidade de assimetria regulatória, pois ainda que o art. 49 do Decreto nº 5.296/2004 determine de forma indiscriminadamente que tanto operadoras de Telefonia Fixa (STFC) quanto Celular (SMP) garantam a existência de uma central de intermediação, é preciso considerar as diversidades econômicas das empresas.

Também foram realizadas reuniões com representantes das pessoas com deficiência, ocasião em que foi salientado que o TDD não é utilizado, tendo em vista o alto valor para a manutenção da linha telefônica, bem como pontuada a dificuldade de acesso aos locais públicos que disponibilizam o terminal.

Registra-se, ainda, que houve participação da Anatel na XI Feira Internacional de Reabilitação e Tecnologias Assistivas – Reatech 2012, com realização de pesquisa entre as pessoas com deficiência auditiva sobre suas expectativas com relação à modernização da central de intermediação. O questionário também foi disponibilizado por meio eletrônico em (https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dE5Yek1aVk5OYUtOY0J2UFU5YVM1ZGc6MQ#gid=0).

Do resultado da pesquisa, verificou-se: a) baixa utilização do TTS (Terminal Telefônico para Surdos) apesar de ser conhecido; b) disposição por parte de 44% (quarenta e quatro por cento) dos entrevistados de pagar até R$ 0,10 (dez centavos) pelo serviço a ser utilizado, 13,91% (treze vírgula noventa e um por cento) de pagar até R$ 0,25 (vinte e cinco centavos) e 14,5% (catorze vírgula cinco por cento) de pagar até R$ 0,50 (cinquenta centavos), e c) necessidade de atuação governamental para que sejam oferecidas modalidades de produtos/serviços específicos a esse nicho a um baixo custo, promovendo a acessibilidade.

Nesse contexto, vale destacar proposta aprovada na 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência realizada em 2012 para que sejam criadas centrais de intermediação

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de comunicação em LIBRAS regionais e/ou municipais para serem utilizadas por pessoas surdas e com deficiência auditiva diante da necessidade de comunicação em órgãos públicos, em especial em órgãos que atendam situação de emergência e hospitais que funcionem em tempo integral e atendam todo o território nacional, inclusive com integração com as prestadoras de Telefonia Celular, dentro do que estabelece o Art. 47 do Decreto n° 5.296/2004.

4.1 PERGUNTAS SOBRE O TEMA.

• A evolução da Central de Intermediação de Comunicação Telefônica para Central de Intermediação de Comunicação, por mensagem e por vídeo, estimularia o uso desse serviço? Por quê? Qual sua opinião sobre a Central de Intermediação de Comunicação Telefônica nos moldes atuais?

• Em que medida a possibilidade de compartilhamento de Central de Intermediação de Comunicação (por telefone, por mensagem e por vídeo) por várias prestadoras, com a consequente divisão de custos, incentivaria a sua adoção?

• Quais alterações deveriam ser priorizadas para tornar as centrais existentes capazes de atender às necessidades das pessoas com deficiência auditiva e/ou da fala?

• Caso entenda oportuno, apresente outras sugestões e considerações sobre o tema.