analista de custos

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1 O Perfil do Profissional de Custos na Indústria de Transformação do Estado de Pernambuco Marco Tullio Vasconcelos Professor Doutor do Departamento de Ciências Contábeis da UFPE 1. INTRODUÇÃO A Contabilidade de Custos, como uma das especializações da Ciência Contábil , é uma área cada vez mais valorizada no meio empresarial, sobretudo nas indústrias, uma vez que um dos fatores determinantes para se manterem competitivas no mercado atual é o dispor de um correto e hábil gerenciamento de custos que disponibilize informações para embasar decisões estratégicas. Diante da dinâmica do cenário empresarial, especificamente no ramo industrial, é preciso perceber se os profissionais da contabilidade estão se preparando para as funções que lhe são demandadas atualmente, até mesmo pela notada escassez de estudos que apontem dados mais específicos sobre os profissionais de custos. As instituições de ensino superior possuem um papel muito importante, na medida em que informam as diretrizes sobre conceitos, normas e procedimentos, que possibilitem ao profissional em formação, mediante aprofundamento particular, corresponder às demandas do exigente mercado contemporâneo. Trazendo esta observação para a realidade do Estado de Pernambuco, é notado que, de um lado o ensino público federal, representado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coloca a disposição do mercado anualmente dezenas de profissionais. Do outro lado, há grandes empresas industriais com sedes ou filiais nesse estado, detentoras de forte poder competitivo e expressão econômica, que periodicamente necessitam de reforço ao seu capital intelectual. Diante desta realidade, a intenção deste estudo é colocar à disposição dos profissionais e estudantes de contabilidade, informações preliminares sobre a área de custos, através da demonstração dos aspectos relevantes da Contabilidade e do Contador de Custos, e da identificação do perfil dos profissionais que vivem atualmente a realidade do mercado industrial pernambucano. Além disso, visa-se fornecer dados à academia, que possam subsidiar o aperfeiçoamento de disciplinas que compõem a grade curricular do curso de Ciências Contábeis da UFPE. 2. A CONTABILIDADE DE CUSTOS A Contabilidade teve sua gênese a partir da necessidade do homem de conhecer e manter a memória dos fatos ocorridos em suas atividades econômicas de sobrevivência, desta forma, os métodos e técnicas contábeis vêm sendo utilizados e aperfeiçoados desde as mais antigas civilizações até a era contemporânea. É fato que o desenvolvimento da Contabilidade sempre acompanhou o da sociedade e de suas necessidades informativas, o que a levou a passar por fases, que foram do Empirismo à Ciência. Atualmente a Ciência Contábil apresenta-se composta de algumas ramificações ou especificações, dentre as quais está a Contabilidade de Custos. A origem da Contabilidade de Custos, destaca MARTINS (1998, p.19), foi observada a partir da Revolução Industrial (Séc. XVIII), momento em que começa a surgir a necessidade de mensuração dos estoques dos produtos fabricados e apuração do resultado, informações essas, que a contabilidade geral não conseguia gerar para esse novo segmento econômico que acabara de ganhar grandes proporções. Como antes da Revolução, haviam predominado as

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O PERFIL DO PROFISSIONAL DE CUSTOS

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    O Perfil do Profissional de Custos na Indstria de Transformao do Estado de Pernambuco

    Marco Tullio Vasconcelos Professor Doutor do Departamento de Cincias Contbeis da UFPE

    1. INTRODUO

    A Contabilidade de Custos, como uma das especializaes da Cincia Contbil , uma rea cada vez mais valorizada no meio empresarial, sobretudo nas indstrias, uma vez que um dos fatores determinantes para se manterem competitivas no mercado atual o dispor de um correto e hbil gerenciamento de custos que disponibilize informaes para embasar decises estratgicas.

    Diante da dinmica do cenrio empresarial, especificamente no ramo industrial, preciso perceber se os profissionais da contabilidade esto se preparando para as funes que lhe so demandadas atualmente, at mesmo pela notada escassez de estudos que apontem dados mais especficos sobre os profissionais de custos.

    As instituies de ensino superior possuem um papel muito importante, na medida em que informam as diretrizes sobre conceitos, normas e procedimentos, que possibilitem ao profissional em formao, mediante aprofundamento particular, corresponder s demandas do exigente mercado contemporneo.

    Trazendo esta observao para a realidade do Estado de Pernambuco, notado que, de um lado o ensino pblico federal, representado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coloca a disposio do mercado anualmente dezenas de profissionais. Do outro lado, h grandes empresas industriais com sedes ou filiais nesse estado, detentoras de forte poder competitivo e expresso econmica, que periodicamente necessitam de reforo ao seu capital intelectual.

    Diante desta realidade, a inteno deste estudo colocar disposio dos profissionais e estudantes de contabilidade, informaes preliminares sobre a rea de custos, atravs da demonstrao dos aspectos relevantes da Contabilidade e do Contador de Custos, e da identificao do perfil dos profissionais que vivem atualmente a realidade do mercado industrial pernambucano. Alm disso, visa-se fornecer dados academia, que possam subsidiar o aperfeioamento de disciplinas que compem a grade curricular do curso de Cincias Contbeis da UFPE. 2. A CONTABILIDADE DE CUSTOS

    A Contabilidade teve sua gnese a partir da necessidade do homem de conhecer e manter a memria dos fatos ocorridos em suas atividades econmicas de sobrevivncia, desta forma, os mtodos e tcnicas contbeis vm sendo utilizados e aperfeioados desde as mais antigas civilizaes at a era contempornea.

    fato que o desenvolvimento da Contabilidade sempre acompanhou o da sociedade e de suas necessidades informativas, o que a levou a passar por fases, que foram do Empirismo Cincia. Atualmente a Cincia Contbil apresenta-se composta de algumas ramificaes ou especificaes, dentre as quais est a Contabilidade de Custos.

    A origem da Contabilidade de Custos, destaca MARTINS (1998, p.19), foi observada a partir da Revoluo Industrial (Sc. XVIII), momento em que comea a surgir a necessidade de mensurao dos estoques dos produtos fabricados e apurao do resultado, informaes essas, que a contabilidade geral no conseguia gerar para esse novo segmento econmico que acabara de ganhar grandes propores. Como antes da Revoluo, haviam predominado as

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    atividades econmicas de compra e venda de mercadorias, caractersticas do Mercantilismo, tanto os valores dos estoques de mercadorias quanto a apurao do resultado eram facilmente identificados, todavia, com o advento da transformao de materiais (ou matrias-primas) em grande escala, a tarefa contbil de medir, registrar e apurar o resultado desse processo comeou a tomar vulto.

    Alm do exposto, com o desenvolvimento do ramo industrial, houve o surgimento e expanso da mo-de-obra assalariada com o uso de equipamentos e ferramentas que passaram a constituir itens relevantes no processo produtivo, tornando o registro dos seus custos mais complexos.

    No princpio a Contabilidade de Custos era utilizada de forma restrita, tendo suas funes limitadas ao clculo para identificao do custo de produo, avaliao dos estoques e valor do custo dos produtos vendidos (CPV) As indstrias, que provocaram o nascimento da Contabilidade de Custos, se constituam nos usurios predominantes dessa especializao contbil.

    No entanto, em meio as vrias mudanas decorrentes de fatores econmicos, tecnolgicos, sociais e de mercado, dentre os quais destacam-se, o aumento da concorrncia e maior exigncia dos consumidores, alm do fenmeno da globalizao, outros tipos de empresas alm das industrias, passaram a utilizar as informaes geradas pela Contabilidade de Custos, enxergando-a no s como um instrumento de registro dos fatos decorrentes do processo produtivo como tambm uma poderosa ferramenta de gerenciamento e base para tomada de decises gerenciais.

    Nesse contexto, Leone (1996, p.18) destaca a mudana de enfoque ocorrida na Contabilidade de Custos enfatizando que (...) a Contabilidade de Custos refere-se hoje s atividades de coleta e fornecimento de informaes para as necessidades de informaes de todos os tipos, desde as relacionadas com operaes repetitivas at as de natureza estratgica, no repetitivas, e, ainda, ajuda na formulao das principais polticas das organizaes.

    Diante da expanso do campo de atuao da Contabilidade de Custos, atualmente lhe so atribudas trs funes principais, conforme MARTINS (1998, p.22): Avaliao de estoques, tomada de decises e controle.

    Os principais conceitos intrnsecos Contabilidade de Custos se constituem no alicerce para o entendimento da matria, quando no incio dos estudos contbeis e so a base para o desenvolvimento dos procedimentos e tcnicas utilizados na prtica dos contadores de custos.

    O entendimento das nomenclaturas, conceitos e procedimentos de custos so essenciais para a concretizao dos objetivos propostos pela Contabilidade de Custos. A idia que cada definio transmite possui a finalidade de nortear a sua aplicao prtica para o desenvolvimento eficaz das funes de mensurao de estoques, de identificao do resultado, controle e tomada de decises.

    Nas literaturas pertinentes possvel notar que os conceitos gerais, como os de custos fixos, variveis, diretos e indiretos, abordados por grande parte dos autores, mesmo que apresentados com redaes diferentes, guardam grande similaridade de contedo. Estes conceitos so necessrios a uma adequada classificao de custos, sem a qual no se podem estruturar os dados necessrios sobre os custos da empresas em determinado perodo.

    O professor Alves (2001, p.6) em entrevista ao Jornal do Conselho Federal de Contabilidade pronuncia que em cima dos dados contbeis bem ordenados, voc faz planejamentos e oramentos com competncia. Sem essas informaes, bem classificadas e ordenadas, voc se transforma em um adivinho, mas nunca em um executor cientfico.

    Outros conceitos importantes esto vinculados aplicao dos tipos de custeio mais utilizados, como por exemplo os custeios por Absoro, ABC e Varivel. MARTINS (1998, p.41) aponta que custeio significa Mtodo de Apropriao de Custos.

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    Pelo Mtodo do Custeio por Absoro, todos os custos ocorridos no processo produtivo (fixos e variveis) so apropriados aos itens fabricados em determinado perodo.

    Para a utilizao deste critrio de apropriao, os conceitos de custos diretos, variveis, fixos e indiretos so primordiais, principalmente estes ltimos, pois so submetidos a tcnicas de rateio para serem associados ao bens produzidos para que o custo final deste bem seja identificado.

    O Mtodo do Custeio ABC Custeio Baseado em Atividades, utiliza tcnicas mais aperfeioadas no que se refere ao tratamento dos critrios de rateio dos custos indiretos. Este mtodo reduz, mas no elimina as falhas encontradas nas formas de rateio tradicionais.

    No Mtodo do Custeio Varivel, apenas os custos variveis so apropriados produo do perodo. Os custos fixos so levados diretamente para o resultado.

    O Custeio Varivel o mais indicado para fins decisoriais, porm no aceito pela Auditoria Externa e pela legislao do Imposto de Renda. No utilizado para elaborao dos balanos e avaliao de estoques porque parece ferir, para alguns, os princpios contbeis da competncia e da confrontao e tambm por contrariar os interesses do Fisco Federal.

    No mtodo do Custeio Varivel, destacam-se alguns conceitos indispensveis aplicao de modelos gerenciais de custos, atualmente bastante solicitados para efeito interno nas empresas componentes do mercado industrial, dado que se traduz em uma ferramenta norteadora de aes estratgicas. O entendimento primordial aplicao do Custeio Varivel o de Margem de Contribuio, que (...) o valor que cada unidade efetivamente traz empresa de sobra entre a receita e o custo que de fato provocou e lhe pode ser imputado sem erro. MARTINS (1998, p.194)

    O clculo do Ponto de Equilbrio: (...) conjugao de Custos Totais com as Receitas Totais. MARTINS (1998, p 273), um conceito utilizado para as anlises da relao custos x volume x lucro. Se refere a quantidade da produo que a empresa deve vender, cuja receita seja equivalente ao valor dos custos e despesas.

    Outra informao valiosa fornecida pela Contabilidade de Custos refere-se a fixao do preo de venda. Este pode ser determinado de acordo com vrios critrios, internos e externos empresa. Por isso, importante que o seu valor seja identificado pela rea de Custos, servindo de base para o posicionamento final do produto no mercado a um preo coerente que viabilize o alcance dos resultados esperados pela empresa.

    O clculo do retorno sobre o investimento mais um relevante componente informativo para as aes gerenciais, uma vez que se traduz em um termmetro de avaliao a respeito dos empreendimentos efetuados pela empresa. MARTINS (1998, p.227) define a taxa de retorno como sendo a diviso do lucro obtido antes do imposto de renda e antes das despesas financeiras pelo ativo total utilizado para a obteno do produto. 3. O CONTADOR DE CUSTOS

    No contexto atual, percebido que o contador foi induzido a mudanas no seu perfil profissional em razo de alguns fatores, entre os quais aponta-se a evoluo tecnolgica, sobretudo no que diz respeito ao uso do computador.

    A utilizao de sistemas integrados, automatizando atividades e acelerando o processamento dos registros forou o desenvolvimento das funes de apoio gerencial, planejamento, anlise e projees das informaes geradas, tornando-as mais valorizadas em relao as atividades de registro dos fatos e apurao do rdito.

    Atualmente, a anlise dos nmeros apresentados nos demonstrativos pertinentes aos custos das indstrias uma das prticas mais valorizadas, vistos que, atualmente, to somente dispor de forma tempestiva, as informaes no o suficiente, se no estes dados no

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    estiverem vinculados a uma interpretao que fornea o mximo de subsdios tomada de decises gerenciais. Ao fornecer para os gestores informaes precisas conjugadas com interpretaes teis, o contador de custos acaba por intensificar sua participao, mesmo que de forma indireta, dos atos decisrios da empresa, na medida em que fornece aos administradores o suporte informativo necessrio s suas deliberaes.

    O contador que atua na rea de custos, alm de possuir os conhecimentos gerais de contabilidade, deve ter aprofundamento das matrias, conceitos e procedimentos relacionados quela rea da Cincia Contbil. No desenvolvimento das suas atividades, dominar e conduzir eventos como oramentos, apurao e anlise de custos, alm do acompanhamento de indicadores de desempenho fazem parte das suas atribuies cotidianas. Alm disso, no mercado global, onde a dinmica de grandes negcios internacionais predominante, a compreenso de uma lngua estrangeira vem se tornando essencial ao complemento dos conhecimentos do contador.

    O aperfeioamento profissional do contador assunto constantemente debatido entre os membros da classe, como o foi no I Encontro Sul Matogrossense de Estudantes e Professores de Contabilidade (1993). Neste evento alertou-se que o profissional de contabilidade no pode aspirar a qualquer sucesso na profisso sem antes preparar-se adequadamente. (FRANCO; 1997, p.63)

    Alm de possuir o conhecimento pertinente rea, Schwez (2001, p.73) ressalta que O profissional contbil deve ser e passar a imagem de uma pessoa dinmica, bem informada, deter as informaes, saber utiliz-las e saber transmiti-las.

    percebido, ento, que a pessoa que escolhe a profisso contbil precisa estar sempre atualizada a respeito dos assuntos correlatos sua rea de atuao e, alm de complementar permanentemente os conhecimentos adquiridos na formao acadmica, deve possuir bom nvel cultural e estar informado sobre os fatos econmicos, sociais e polticos do pas e do mundo.

    Em uma palestra sobre o aperfeioamento do contabilista foi endossado que (...) necessrio estar preparado, tcnica e culturalmente bem como estar consciente das grandes responsabilidades que essa atividade envolve. (FRANCO, 1997, p.95) 4. O ENSINO DAS CINCIAS CONTBEIS

    H algum tempo debates de questionamento sobre a eficincia no ensino da Contabilidade, vm ganhando destaque em congressos e palestras voltados classe contbil. Em 1993, em palestra proferida no I Encontro Sul Matogrossense de Estudantes e Professores de Contabilidade afirmou-se que O ensino contbil no Brasil deficiente; os currculos no propiciam formao cultural adequada nem a experincia prtica necessria ao exerccio profissional (FRANCO, 1997, p.62).

    A falta de preparao prtica dos acadmicos em Cincias Contbeis, provavelmente o assunto que merece maior ateno dos responsveis pelo ensino superior de contabilidade. A observao da realidade de mercado demonstra que, em muitos casos, o contabilista de nvel superior, mesmo que detenha bons conhecimentos tericos, se no possuir a experincia prtica exigida, tem dificuldade de colocao em cargos da sua rea. No se deve desconsiderar, pois, a existncia de esforos para melhoria de qualidade do ensino superior de forma geral, que esto sendo materializados, por exemplo, atravs do aprimoramento da grade curricular do curso e brevemente pelo Exame Nacional de Cursos, cuja aplicao para o curso de Cincias Contbeis esperado para os prximos perodos.

    O curso de Cincias Contbeis da Universidade Federal de Pernambuco, o mais tradicional do Estado de Pernambuco e o que registra maior concorrncia em relao s

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    universidades e faculdades particulares, nas ocasies do concurso vestibular (9,7 candidatos/vaga para 2002).

    Reconhecido pela Lei Federal 1.254 de 01/12/1950, o interesse pelo curso bastante influenciado pelos conhecimentos que viabilizam a atuao profissional em vrios campos de atuao, alm de ser oferecido pela nica Instituio de Ensino Superior do Estado de Pernambuco de ensino pblico, sendo considerada uma das melhores do Norte/Nordeste do Brasil.

    At o primeiro semestre de 1999, a grade curricular do curso contemplava duas disciplinas especficas que preparam o futuro contador para o mercado de custos industriais: Custos 1 e Custos 2.

    A partir do segundo semestre de 1999, algumas mudanas para aperfeioamento do curso foram concretizadas, dentre as quais houve a incluso de mais uma disciplina, em carter eletivo, para reforar as disciplinas de custos j existentes: Anlise de Custos.

    De acordo com a ementa da disciplina Custos 1, o contedo fornece ao estudante de Cincias Contbeis uma primeira viso sobre a Contabilidade de Custos, que se inicia com as noes introdutrias pertinentes, as nomenclaturas e terminologias prprias da rea, sendo mencionados princpios bsicos, classificaes e as formas de apropriao de custos diretos e indiretos.

    A disciplina de custos 2 centraliza os conceitos, modelos e procedimentos de custos voltados para controle e para tomada de decises.

    Includa na grade curricular do curso de Cincia Contbeis h pouco mais de um ano, a disciplina anlise de custos refora toda a matria apresentada nas cadeiras de Custos 1 e Custos 2.

    O aprofundamento dos assuntos relacionados Contabilidade de Custos fundamental para a melhor preparao do estudante de Cincias Contbeis, dado que esta disciplina tem a proposta de ressaltar a viso interpretativa das informaes e intensificar os procedimentos de custos, que so itens bastante solicitados atualmente pelo mercado. 5. ASPECTOS CONSIDERADOS NA PESQUISA

    Na definio da amostra, alguns requisitos foram levados em considerao, tendo em vista que as empresas componentes do ramo industrial se constituem em um segmento bastante amplo e diversificado.

    As indstrias de transformao do Estado de Pernambuco acabaram por centralizar a aplicao dos questionrios, uma vez reputados os seguintes aspectos: 1. Representatividade expressiva em relao s empresas de maior faturamento em Pernambuco: cerca de 50%, ou seja, das 50 empresas com receita operacional lquida superior a 18.000,5 (R$ Milhares) no ano de 2000 que lideram a retomada do crescimento Pernambucano, de acordo com o Instituto Miguel Calmon, doravante denominado IMIC, 25 so indstrias de transformao; 2. O setor industrial de transformao mostra-se representativo no que se refere aos segmentos que o compem, abrangendo diversos sub-setores, como as indstrias do ramo de bebidas, calados, eletroeletrnicos, metalrgica, alimentos, qumica e txtil. 3. Por se tratar de grandes indstrias, provavelmente possuem uma poltica de gesto de custos organizada absorvendo em seu quadro de colaboradores, profissionais relacionados com essa rea, indicados composio da pesquisa.

    Assim, de um universo de 56 empresas listadas pelo IMIC, foram selecionadas a princpio 27 indstrias, cujo critrio de escolha foi o de possurem receita operacional lquida superior a 18.000,5 (R$ Milhares), o que as classifica entre as 50 maiores empresas de Pernambuco.

  • 6

    Escolhido este critrio, foi observado que nos subsetores de mecnica e plsticos/borracha nenhuma indstria alcanou o referido patamar de receita. Por isso, foram consideradas na amostra uma indstria de cada um desses subsetores, cuja receita foi a maior apontada pelo IMIC, o que complementou o total das 29 indstrias para as quais os questionrios foram enviados. As perguntas elaboradas para o questionrio objetivaram identificar caractersticas pessoais, formao acadmica, conhecimentos especficos e informaes sobre o desempenho das atividades profissionais. O questionrio foi enviado para as 29 indstrias componentes da amostra, via correio, no final do ms de agosto de 2001. Aos profissionais inquiridos foi facultada a opo de envio das respostas atravs da internet (e-mail) ou pelo correio. O retorno dos questionrios ocorreu durante todo o ms de setembro e em parte do ms de outubro de 2001. Das 29 correspondncias enviadas, as de 16 profissionais foram remetidas com as respostas solicitadas. 6. O PERFIL DO PROFISSIONAL DE CUSTOS: Resultado dos Questionrios

    As entrevistas realizadas atravs de questionrios com os profissionais atualmente responsveis pela rea de custos das grandes indstrias transformao do estado de Pernambuco, apresentaram os seguintes resultados: 6.1 Caractersticas Pessoais:

    Estado Civil

    6%

    63%

    31%Sol.

    Cas.

    Div.

    Idade

    31%

    6%

    63%

    20 a 30

    30 a 40

    40 a 50

    Sexo

    12,5%

    87,5%Masc.

    Fem.

    O sexo masculino prevalece entre os profissionais que atuam na rea de custos dessas

    indstrias. Nota-se uma relao direta entre a idade e o estado civil dos profissionais: A maioria (63%) das pessoas entrevistadas que so casadas, compem a faixa etria dos 30 a 40 anos. O mesmo resultado foi observado para os solteiros e divorciados: estes tm de 40 a 50 anos e aqueles, possuem idade entre 20 e 30 anos.

    No que se refere aos hbitos cotidianos, foi possvel perceber algumas das formas utilizadas pelos profissionais para se manterem informados tcnica e culturalmente:

    Leitura de Jornais

    56%

    6%

    38%

    Dirio

    1v.semana

    2v.semana

    Leitura de Revistas

    25%

    19%

    44%

    6%

    6%Nunca

    Dirio

    1v.sem ana

    2v.sem ana

    1v.m s

    Leitura de Livros

    6%

    6%

    25%

    6%

    6%

    13%

    25%

    13%Nunca

    Dirio

    1v.semana

    2v.semana

    1v.ms

    4v.ano

    2v.ano

    1v.ano

    Acompanhamento de Telejornais

    94%

    6%

    Dirio

    2v.semana

  • 7

    O acompanhamento de telejornais e a leitura de jornais so as fontes informativas mais utilizadas pelos entrevistados;

    Apenas 6% dos entrevistados afirmaram que nunca lem revistas, ao contrrio da grande maioria que cultiva este hbito com freqncia de, pelo menos, uma vez por ms.

    A leitura de livros tambm significativamente praticada pelos entrevistados. Apesar de 13% dos profissionais no possurem este hbito, h a tendncia de que eles buscam se manter atualizados atravs de outros veculos informativos. 6.2 Formao Acadmica e Conhecimentos Especficos:

    No resultado apresentado nesta parte das entrevistas possvel ter uma percepo do perfil acadmico e profissional, que envolve, entre outros itens, a identificao dos cursos de formao e onde foram cursados, o nvel de conhecimentos extracurriculares e o interesse particular de cada profissional em atividades de atualizao acerca dos assuntos da sua rea de atuao.

    Curso Superior

    19%

    81%Completo

    Incompleto

    Especializao

    31%

    69%Sim

    No

    Formao Acadmica

    13%

    6%

    6%

    6%

    69%Contab.

    Cont+admin.

    Administ.

    Economia

    Outras

    Superior em Contabilidade: Instituio de Ensino

    42%

    8%

    17%

    8%

    25%UFPE

    ESUDA

    UNICAP

    FOCCA

    Outras

    Observa-se que 19% dos profissionais que esto atuando na rea de custos ainda no possuem nvel superior completo, 25% dos profissionais responsveis pela rea de custos no so contadores e que, apenas (um quarto) dos contadores de custos, so formados pela Universidade Federal de Pernambuco.

    Dos 42% dos profissionais de Contabilidade que marcaram a opo Outras em reposta instituio de ensino na qual concluram o curso, 25% so formados em universidades situadas em outros estados das regies Nordeste e Sudeste do Brasil. Atravs das perguntas sobre conhecimentos especficos, visualiza-se o nvel de aperfeioamento dos profissionais, o que possibilita verificar sua adequao alguns dos requisitos exigidos pelo atual mercado de trabalho: Curso de especializao, conhecimento uma de lngua estrangeira (principalmente o ingls) e aperfeioamento tcnico, que se

    18

    55

    P

    19%

    C

    31%

    Curso de Especializao

    %

    9%

    18%

    %

    Contab.Cont+ AdmCont+ Adm+EcoOutra

    Participao em Cursos, Seminrios e alestras

    68%

    13%

    1v.ano2v.ano4v.ano

    onhecimento da Lngua Inglesa

    69%SimNo

  • 8

    concretiza atravs de cursos de aperfeioamentos e do contato permanente com os assuntos da sua rea de atuao:

    De todos o profissionais entrevistados, 69% afirmaram possuir curso de especializao. Estas encontram-se demonstradas no grfico Curso de Especializao, onde pode-se visualizar que, aps a graduao, a rea de contabilidade bastante expressiva no aperfeioamento profissional dos entrevistados.

    Comumente, a maior parte dos entrevistados participa de seminrios e cursos na rea de custos uma vez por ano. A intensidade de participao em eventos, como cursos, palestras e seminrios, que envolvem assuntos da rea de custos maior entre os profissionais mais jovens, o que demonstra uma tendncia de busca dos profissionais com menos tempo de formao pelo aprimoramento das suas atividades. No grfico 12, dos profissionais que participam desses eventos 4 vezes por ano, 60% esto dentro da faixa etria dos 20 a 30 anos de idade.

    Apesar de 75% dos profissionais possurem conhecimento da lngua inglesa, menos da metade (31%) tem bons conhecimentos ou domnio do idioma. A maioria detm apenas noes bsicas da lngua. Outros idiomas como o espanhol, o italiano e o francs foram mencionados na pesquisa, todavia a expressividade foi infma em relao ao resultado totalizado para a questo. Outra relevante questo evidenciada na pesquisa realizada entre os profissionais de custos, se refere ao peso com que cada fonte informativa (Universidade, cursos, experincia prtica e outras) contribuiu para o desenvolvimento das suas atividades profissionais. As respostas pergunta Como adquiriu a maior parte dos conhecimentos que utiliza

    atualmente para o desenvolvimento da sua funo? foram as seguintes:

    Fontes dos Conhecimentos Utilizados na Funo:Respostas de todos os profissionais

    Literatura especializada 81%Experincia prtica 100%Conhecimentos acadmicos na graduao 50%Cursos na empresa 38%Cursos especficos (extra-curriculares) 75%Outra fonte 19%Fonte: Pesquisa documentada realizada pela autora

    %

    Pelo resultado apresentado nas entrevistas, pode-se observar que a vivncia prtica

    uma fonte fundamental para o aprendizado profissional, sendo citada por todos os profissionais de custos. Aps a experincia prtica, os cursos extracurriculares e a consulta a literaturas especializadas so as fontes de conhecimentos mais valorizadas pelos entrevistados.

    Um fato importante que merece ateno, a contribuio mediana demonstrada pelos entrevistados em relao influncia dos conhecimentos acadmicos da graduao para o desenvolvimento das suas funes: Apenas a metade dos profissionais afirma ter adquirido os conhecimentos que utiliza atualmente no decorrer do curso de graduao.

    Verificando este mesmo questionamento para os profissionais com formao em Cincias Contbeis, observa-se o seguinte resultado:

  • 9

    Fontes dos Conhec imentos Utilizados na Funo:

    Respos tas dos prof iss ionais com f ormao em contabilidade

    Literatura espec ializada 92%

    Experinc ia prtica 100%Conhec imentos acadmicos na graduao 58%

    Cursos na empresa 33%

    Cursos espec f icos (ex tra-curriculares ) 75%

    Outra f onte 0%

    Fonte: Pesquisa documentada realizada pela autora

    %

    A experincia prtica como fonte de conhecimentos unnime tambm para os

    contadores. A valorizao dos conhecimentos acadmicos para o exerccio profissional um

    pouco maior, todavia no pode ser considerado satisfatrio, uma vez que, no resultado geral da questo a ordem de valorizao das fontes citadas permaneceu inalterado. Ou seja, para os profissionais de custos, contadores ou no, foi encontrada a seguinte ordem: 1. Experincia prtica; 2. Literatura especializada; 3. Cursos especficos (extracurriculares); 4. Conhecimentos da graduao e 5. Outras fontes. 6.3 Ingresso Profissional na rea de Custos:

    Nesta seo, o foco recai sobre os fatores que influenciaram o envolvimento dos entrevistados na rea de custos industriais.

    F orma de Ocupao do Cargo

    31%19%

    19%

    31%

    Sel. Externa

    Sel. Interna

    Estagirio efetivado

    Outras formas

    Incio da Atuao na rea de Custos

    44%

    25%

    31%

    Antes graduaoDurante graduaoAps graduao

    Experincia Anterior na Funo

    81%

    19%

    SimNo

    Registro em Orgo de Classe

    31%

    69%SimNo

    T e m p o d e A tu a o P r o fis s io n a l

    2 5 %

    3 8 % 1 9 %

    1 9 %

    1 3 %

    5 0 %

    3 1 %

    6 %T e m p o n ae m p r e s a

    T e m p o n aFu n o

    a t d e 2 a n o s 2 a 4 a n o s 4 a 6 a n o s Ma is d e 6 a n o s

  • 10

    As formas de ingresso predominantes na rea de custos so as selees internas e externas (62%), das quais dois pontos devem se destacados:

    1. A grande maioria (80%) que passou por seleo externa, j tinha experincia na funo;

    2. Todos os profissionais que passaram por seleo interna trabalham na empresa pelo menos h 4 anos. A formao superior completa no fator determinante para viabilizar o ingresso profissional na rea de custos. A experincia prtica aparece, mais uma vez, como forte requisito para a atuao no mercado de trabalho. Cerca de 30% dos profissionais no possuem registro em rgo de classe, dentre os quais 16,7% so contabilistas. A maior parte desses contadores que no possui registro no CRC, no concluiu o curso de graduao. 6.4 Desempenho das Atividades Profissionais.

    Para completar a pesquisa, foram observados aspectos do cotidiano profissional no mbito da empresa, os quais proporcionaram visualizar, entre outros, o nvel de responsabilidade direcionada ao profissional de custos, os tipos de trabalhos por eles desenvolvidos e a importncia destes nos processos decisrios.

    Seguem os resultados:

    N o m e n c la tu r a d o C a r g o

    6 %

    6 %6 %6 %

    1 3 %

    1 3 %1 3 %

    1 9 %

    1 9 %

    E n c a r . C u s to s

    C h e fe C u s to s

    S u b -e n c a r . C u s to s

    A n a l. Fin a n c e ir o

    C o n ta d o r d e C u s to s

    S u p e r v . C u s to s

    A n a l. C u s to s S r

    C o n ta d o r

    A n a lis ta d e C u s to s

    Faixa Salarial (em 1.000 Reais)

    13%

    13%

    19%

    13%

    44%

    At 1

    1 a 2

    2 a 3

    3 a 4

    Mais de 4

    Responsabilidades

    100%

    94%

    81%

    81%

    69%

    19%

    38%

    63%

    Anlise de Custos

    Apurao dos Custos

    Classificao de Custos

    Elaborao de relatrios gerenciais

    Acomp.de indicad. desempenho

    Oramento de Custos

    Formao de preos

    Outras

  • 11

    No h um tratamento uniforme com relao nomenclatura da funo exercida pelo

    profissional de custos. Na maior parte das empresas, a denominao do cargo a de Contador ou Analista de Custos.

    A maior parte dos profissionais (63%) percebem remuneraes entre 1.000,00 e 3.000,00 reais.

    As respostas dos entrevistados confirmam que, atualmente as das atividades profissionais desempenhadas disponibilizam tanto as informaes bsicas (classificao, apurao) quanto aquelas que embasam o processo decisrio dos dirigentes, atravs dos relatrios gerenciais.

    A maioria acolhe responsabilidades essenciais ao desenvolvimento das funes informativas da contabilidade de custos, como o acompanhamento de indicadores de desempenho e o controle de custos atravs dos oramentos e mesmo que alguns no tenham a atribuio de classificao e apurao de gastos relativos ao processo produtivo, percebe-se que todos os profissionais interpretam os dados gerados pelo setor, atravs da anlise de custos.

    O nico fator desfavorvel evidenciado o de que, apenas 37% dos profissionais tm a tarefa de informar dados para a fixao do preo de venda dos produtos fabricados.

    Levando-se em considerao as responsabilidades pertinentes ao profissional de custos, ainda baixo o seu nvel de participao no processo decisrio das empresas: Apenas 31% deles, habitualmente tm seu ponto de vista levado em considerao nas ocasies em que assuntos estratgicos esto sendo tratados.

    P a r ti c i p a o e m D e c i s e s G e r e n c i a i s / E str a t g i c a s

    1 9 %

    5 0 %

    3 1 % s e m p r e c o n v id a d o a o p in a r e

    g e r a lm e n t e o u v id o

    P o u c a s v e z e s c o n v id a d o a o p in a r

    N u n c a f o i c o n v id a d o a o p in a r

    Nesta ltima etapa da pesquisa, o foco de alguns questionamentos foi direcionado

    exclusivamente para o contador. Desta forma, foi possvel verificar o elo de ligao do mesmo com a sua formao no curso de graduao.

    C o n c e ito s a d q u ir id o s n a g r a d u a o e m c o n ta b ilid a d e :

    T o d a s a s In s t itu i e s d e En s in o S u p e r io r

    C la s s if. C u s t o s (d ire t o s , in d ire t o s , fix o s , va ri ve is ) 9 2 %M a rg e m d e C o n t rib u i o 9 2 %C u s t e io p o r A b s o r o 7 5 %C u s t e io V a ri ve l 7 5 %R e la o C u s t o / vo lu m e / L u c ro 6 7 %E s t im a t iva d e C u s t o s 5 0 %C u s t e io A B C 4 2 %F ix a o d o P re o d e V e n d a 4 2 %R e t o rn o s o b re In ve s t im e n t o 4 2 %F o n te : Pe s q u is a d o c u m e n ta d a r e a liz a d a p e la a u to r a

    %

  • 12

    Uma parte significativa dos conceitos e procedimentos de custos disponibilizados nas

    disciplinas do curso de graduao foram assimiladas pelos contadores que responderam essa questo mas, curiosamente, poucos contadores citaram o mtodo do Custeio ABC, geralmente bastante destacado nas disciplinas de custos no curso de Cincias Contbeis.

    Apesar de quase todos os contadores terem adquirido uma boa parte dos itens listados, esperava-se que 100% deles assinalassem os conceitos de classificao de custos, dado que so ensinamentos basilares ministrados nas disciplinas de custos.

    Ao observar as respostas desta questo apenas dos contadores formados na Universidade Federal de Pernambuco, verifica-se que os resultados apresentam-se mais positivos: C o n c e ito s a d q u ir id o s n a g r a d u a o e m c o n ta b ilid a d e

    U F PE

    C l a s s i f . C u s to s ( d i r e to s , i n d i r e to s , f i xo s , va r i ve i s ) 1 0 0 %C u s te i o p o r A b s o r o 1 0 0 %C u s te i o V a r i ve l 1 0 0 %M a r g e m d e C o n tr i b u i o 1 0 0 %R e l a o C u s to / vo l u m e / L u c r o 1 0 0 %R e to r n o s o b r e In ve s ti m e n to 1 0 0 %C u s te i o A B C 6 7 %E s ti m a ti va d e C u s to s 6 7 %F i xa o d o P r e o d e V e n d a 3 3 %F o n te : Pe s q u is a d o c u m e n ta d a r e a liz a d a p e la a u to r a

    %

    As respostas dos contadores que acompanharam o curso de graduao na UFPE, apontam que o contedo das disciplinas Custos 1 e 2, j apresentadas neste trabalho, foram ministradas de forma adequada para a maioria dos conceitos relacionados, visto que 100% dos contadores afirmam ter adquirido tais conceitos durante a formao acadmica. Para complementar a anlise a respeito dos conceitos fornecidos pelas disciplinas pelas disciplinas do curso de Cincias Contbeis da UFPE, foi solicitado aos profissionais que descrevessem os conceitos, procedimentos e tcnicas utilizados por ele no desenvolvimento das suas atividades, mas que no foram adquiridos no decorrer do curso de graduao em contabilidade. Os itens citados pelos contadores formados na UFPE, foram os seguintes:

    Apurao da Variao de Uso no Processo Produtivo; Anlise de Investimentos; Custeio ABC; Conhecimentos dos Processos (in loco);

    Mesmo fazendo parte do contedo programtico das disciplinas de Cincias Contbeis da

    UFPE, a anlise de investimentos e o mtodo do custeio ABC no foram notados por alguns dos contadores formados por essa instituio de ensino. Este resultado, no entanto, no tira os mritos do referencial terico fornecido pelas disciplinas do curso, pois conforme evidenciado no quadro 5, todos os contadores perceberam a maior parte dos conceitos utilizados atualmente enquanto freqentavam as aulas das disciplinas no curso da graduao da UFPE. 6.5 Perfil Geral

  • 13

    Aps a observao dos diversos fatores apresentados, foi possvel obter uma idia mais real de quem so os profissionais que esto atualmente exercendo atividades na rea de custos.

    De forma geral, evidencia-se uma predominncia do sexo masculino, cujo curso de formao superior ou especializao contabilidade. So profissionais em constante processo de atualizao, visto que participam com regularidade de eventos sobre assuntos na rea de custos e cotidianamente se inteiram dos acontecimentos do pas e do mundo atravs de diversos veculos informativos.

    Alm destes, o hbito de consultar a literatura especializada significativo entre os profissionais de custos, todavia, os mesmos no detm conhecimentos de lngua estrangeira, um fator bastante solicitado atualmente para o ingresso profissional em algumas funes.

    A experincia prtica aparece como item de destaque responsvel por grande parte dos conhecimentos adquiridos por todos os profissionais de custos e tambm como fator de peso para o ingresso na rea, mediante seleo externa. A maioria possui tempo de atuao profissional superior a dois anos de trabalho.

    Foi registrado, por fim, que o nvel de responsabilidades a eles atribudo bastante significativo, sobretudo no que diz respeito s atividades que geram informaes que servem de alicerce aos processos decisrios, ainda que a opinio destes profissionais seja medianamente consultada pelos gestores destas organizaes. 7. CONCLUSO No cenrio atual, marcado pela crescente competitividade, a rea de custos , certamente, uma das mais valorizadas pelas empresas, notadamente as do ramo industrial. Por extenso, os prstimos direcionados aos profissionais dessa rea tambm ganham destaque. No h dvidas de que a execuo das atividades prprias da Cincia Contbil (e no diferente para as suas ramificaes) demanda um amplo leque de conhecimentos, visto que as informaes geradas pelos seus profissionais esto subsidiando as linha de ao das empresas. A realizao da pesquisa com os profissionais responsveis pela rea de custos das grandes indstrias de Pernambuco, permitiu uma observao introdutria sobre algumas caractersticas, consideradas relevantes para a classe contbil e sua preparao para o mercado de trabalho na rea de custos industriais. Foi verificado que, no mercado industrial pernambucano, h uma presena significativa de profissionais formados em outros Estados do Brasil. Todavia, quando observam-se os profissionais formados nas instituies de ensino superior de Pernambuco, constata-se que a Universidade Federal de Pernambuco a mais representada atravs dos contadores hoje responsveis pela gesto de custos dessas industrias. percebido que a funo de custos para a tomada de decises vem sendo desempenhada pelos profissionais de custos, no entanto ainda preciso intensificar sua participao nos processos decisrios das entidades a que pertencem. Alm disso, o fato de poucos profissionais terem afirmado possuir contato com assuntos ligados a fixao do preo de venda e retorno sobre investimento, indica que a nfase analise de custos ainda pode ser melhorada. De acordo com o resultado da pesquisa pode-se verificar, ainda, que o curso de Cincias Contbeis da UFPE, no que diz respeito aos conceitos, tcnicas e procedimentos, vem fornecendo aos contadores um embasamento satisfatrio. Entretanto, consideramos que o complemento da formao acadmica atravs de um enfoque mais prtico uma questo que deve ser discutida entre os agentes responsveis pelo ensino superior em contabilidade, uma vez que o resultado da pesquisa aponta a experincia prtica como fonte de aprendizado profissional, o que extremamente importante para atuao na rea de custos.

  • 14

    Por fim, espera-se os dados preliminares disponibilizados possam contribuir, mediante aprofundamento, para os contabilistas e para academia em aes pela busca da melhoria da formao e atuao profissional para o ramo da Contabilidade de Custos. 8. FONTES BIBLIOGRFICAS CONDEPE. Desempenho Setorial da Economia de Pernambuco 1998/2000. Recife 2000. Cap. 1, 2 e 3, p. 5-29. CRC-SP/IBRACON. Custos: Ferramentas de Gesto. Coordenao Jos Barbosa da Silva Jnior. So Paulo: Atlas, 2000. Coleo Seminrios CRC-SP/IBRACON CRC-SP/IBRACON. Custos Como Ferramenta Gerencial. Coordenao Jos Barbosa da Silva Jnior. So Paulo: Atlas, 1995. Coleo Seminrios CRC-SP/IBRACON FRANCO, Hilrio. Temas Contbeis. So Paulo: Atlas, 1997. IMIC - Instituto Miguel Calmon. Desempenho das Empresas: As 5.000 maiores do Brasil. Ano 18, N. 18, p. 300-305. IUDCIBUS, Srgio de. Anlise de Custos. 2.ed. So Paulo: Atlas, 1999. IUDCIBUS, Srgio de. Teoria da Contabilidade. 6.ed. So Paulo: Atlas, 2000. Cap. 2, p. 39-40. JORNAL DO CFC, Ano 4, N. 43, Novembro de 2001, p.6 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Cientfica. 2.ed. So Paulo: Atlas, 1991. Cap. 2, p. 47-56. LEONE, George Sebastio Guerra. Custos: planejamento, implantao e controle. 2.ed. So Paulo: Atlas, 1996. LIMA E SILVA, Moacir. Contabilidade Descomplicada - Custos. So Paulo: rica, 1997 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 6.ed. So Paulo: Atlas,1998. NEVES, Silvrio das, VICECONTI, Paulo. Contabilidade Bsica. 6.ed. So Paulo: Frase Editora, 1997. SCHWEZ, Nicolau. Responsabilidade Social: meta e desafio do profissional da Contabilidade par o prximo milnio. Revista Brasileira de Contabilidade. Braslia. Ano 4, N. 43. Jul/Ago 2001, p.73. UFPE: Ementa e Programa das disciplinas Custos 1, Custos 2 e Anlise de Custos do Curso de Cincias Contbeis da UFPE UFPE: http://www.proacad.ufpe.br/cursos/cien_contabeis_01.html (acesso em 18/11/2001) UFPE: http://www.ufpe.br/uhoje.htm (acesso em 18/11/2001)

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