análise viamundo

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Análise crítica da mídia Viamundo, programa presente na Rádio Inconfidência Mineira.

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Page 1: Análise Viamundo

Instituto de Comunicação e Artes

ANDRADE, Flávia Cristina da Silva

CARVALHO, Felipe Augusto Oliveira de

Análise Crítica da Mídia

Programa Viamundo – Rádio Inconfidência Mineira

Belo Horizonte

1º sem./2013

Page 2: Análise Viamundo

A presente análise crítica tem por objetivo apresentar o programa “Viamundo”, da

Rádio Inconfidência Mineira.

A emissora surgiu numa época em que um telegrama era entregue em três dias,

fazendo com que informações importantes não chegassem ao destino num tempo hábil.

Com o objetivo de interligar todo o estado de Minas Gerais, foi fundada em 1936, ainda

em frequência AM, número 880. Inicialmente era conhecida do grande público apenas

como “PRI-3”, mas, partindo da necessidade de popularizar, ficou conhecida com o

slogan “A voz de Minas para toda a América”.

Ficou conhecida em solo mineiro por ser pioneira em vários sentidos. Por se tratar

de uma rádio governamental, a Inconfidência conseguia abordar inúmeros assuntos, sem

restrição, se tornando a rádio mais conhecida da época em Minas. Foi ela que lançou “A

Hora do Fazendeiro”, considerado o mais antigo e tradicional programa de rádio do

mundo ainda veiculado ao vivo e diariamente. Mostrando sua diversidade de conteúdo,

em 1938 foi a primeira rádio do país (e, talvez, do mundo) a transmitir um jogo da

Seleção Canarinho numa Copa do Mundo em tempo real.

Entre os anos 40 e 50, época de ouro da rádio no Brasil, a Inconfidência lançou

mais duas estações, ambas em FM, abrangendo uma área maior e chegando a outros

países. Fez parte do sucesso das rádionovelas, o frisson das donas de casa e

adolescentes apaixonadas da época. Também foi pioneira em Minas ao transmitir

concertos ao vivo, em programas de auditório diretamente dos estúdios. Recebeu

grandes artistas como Carmem Miranda, Nelson Gonçalves e Orlando Silva, além de

servir de vitrine para mineiros como Clara Nunes.

Ao completar 25 anos de existência, lançou um livro que trazia o primeiro LP

prensado apenas com músicas de artistas de Minas. Quando sua antiga sede foi

desativada, seus estúdios foram desmembrados e seus programas foram espalhados em

diversos pontos da capital enquanto uma nova sede surgia. Seus programas de auditório

eram gravados no Teatro Francisco Nunes, que se tornou um ponto de encontro para os

jovens da época.

Só chegou ao formato conhecido hoje em 1979, quando lançou a Inconfidência

FM 100,9 – Brasileiríssima, uma rádio compromissada em lançar e valorizar artistas

brasileiros, principalmente os vindos de Minas Gerais. Firmou-se no espaço nacional

como a “Gigante do Ar” e trás uma programação diversificada até hoje, com conteúdo

100% nacional e jornalismo com ênfase em cultura e com a constante participação de

seu público via diversos meios de comunicação.

Um de seus programas mais conhecidos por essa interação com o público é o

Viamundo, transmitido de segunda a sexta, sempre de 12h00min as 13h00min, com

apresentação de Daniella Zupo e programação de Flávio Henrique Silveira. Criado em

2009, o Viamundo é uma vitrine para novos artistas mineiros e tem ouvintes em volta

do globo inteiro, graças à webrádio e o blog do programa.

Page 3: Análise Viamundo

Segundo a descrição do site oficial, hospedado na página da emissora:

Revista diária de cultura com um time de correspondentes internacionais e

comentaristas que avaliam a produção artística e os fenômenos culturais no

Brasil e no mundo. Tudo isso com música brasileira de todos os ritmos e

tendências. (Disponível em <<

http://www.inconfidencia.com.br/modules/programacao/index.php?op=home

Programa&prog_id=10005>>. Acesso em 10/05/2013.)

Ao analisarmos o programa, percebemos que este leva um tom elitista, pelo

fato de escolher divulgar a cultura de forma erudita, direcionada. Seus ouvintes

geralmente são seguidores assíduos e ditos “cultos” por seu gosto singular, não será

qualquer ouvinte a apreciar o Viamundo devido sua programação.

O Viamundo estabelece a divulgação da cultura como o seu carro chefe, mas

quando se fala de cultura não é todo tipo de manifestação popular que é vista no

programa. As músicas, os lançamentos de livros, as agendas culturais e até mesmo suas

críticas, envolvem um mundo diferenciado, muito apreciado pelos amantes da MPB,

Artes Cênicas, Literatura, entre outros.

A “grosso” modo podemos dizer que o programa lembra uma versão falada da

Revista Bravo!1, por suas particularidades e público altamente diferenciado, o que é

também um sucesso, pois o nicho que é atingido por este meio procura coisas

diferenciadas singulares e “culturais”. De certa forma o programa preenche a lacuna

aberta pela maioria das emissoras de rádio que apresentam em sua programação diária

músicas e notícias de cunho mais popular. A Revista Bravo! tem como temática a

venda de cultura, percebemos isso ao analisar os dados de sua distribuição é que se trata

de uma revista cult, a não ser consumida pela maior parte da população.

Quando falamos em público popular e erudito não insinuamos que um é

melhor ou pior, mas cada qual tem suas preferências, particularidades e até posição

política-social diferentes. A estruturação sócio-econômica contemporânea tem como

protagonista a cultura do consumo, que nos diz que você é o que você consome, pois

esta cultura se caracteriza por criar “necessidades” de diferenciar um indivíduo como

pertencer a este ou aquele grupo, o que leva a acreditar que o único meio de construir

determinada identidade é consumir produtos que sejam personificados, e o consumidor

se reconhece em determinado produto para ser reconhecido através do uso dele.

A olhar pelo pensamento da cultura no âmbito da maior parte da sociedade, as

pessoas associam esta às pessoas que possuem grande poder aquisitivo, dos que lêem

muitos livros e têm um pensamento com informações privilegiadas, a ser de difícil

acesso a população e não considerada como um passatempo, o que torna a cultura um

1 A revista é distribuída mensalmente, a um preço de R$ 15,00 (quinze reais), seu público se concentra em

42% do sexo masculino e 58% do sexo feminino, distribuídos pela classe A, B e C, a idade está entre 25 a

44 anos representando 64% dos leitores. (Disponível em <<

http://www.publiabril.com.br/marcas/bravo/revista/informacoes-gerais>>. Acesso em 19/06/13).

Page 4: Análise Viamundo

objeto de consumo, pois o estilo a ser abordado é adaptado a um público elegido pelas

editorias. Por isso se percebe que não será qualquer indivíduo a apreciar o programa

Viamundo, assim também como ser leitor da Revista Bravo!.

Basso (2005) mostra que historicamente o Jornalismo cultural se desenvolveu

a partir da ideia da produção voltada para a cultura erudita tendendo a mostrar a cultura

como algo superior, sofisticado e formal, operando a “estética burguesa”, com

repertórios restritos, destinados a uma minoria de conhecedores, logrando certo

prestígio dentro deste público. Seguindo esta visão, muitas vezes a linha de

segmentação cultural não é encarada como jornalismo e sim como uma zona

intermediária entre a produção de notícia e espaços de informação e formação de

opiniões críticas.

Com isso, pode-se concluir que o programa Viamundo é sim uma vitrine de

novos talentos, mas, é elitizado e tem em seu público pessoas exigentes que procuram

boa música e não aceitam qualquer artista apresentado, somente os que satisfazem seu

gosto musical. Um dos exemplos de artista que começou no programa e hoje faz

sucesso em todo o país, mas atingindo somente a classe ouvinte do mesmo, é a sambista

Aline Calixto. Carioca, veio para Minas quando resolveu estudar Geografia na

universidade de Viçosa. Começou sua carreira cantando em barzinhos e, logo em

seguida, foi trazida por produtores para a capital mineira. Teve inúmeras entrevistas

apresentadas no Viamundo e fez alguns shows com o patrocínio da rádio Inconfidência.

Seu repertório apresenta músicas como “Flor Morena” e a regravação de “Contos de

Areia” em homenagem a cantora mineira Clara Nunes.

Page 5: Análise Viamundo

REFERÊNCIAS:

BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural – subsídios para uma reflexão. Disponível

em<www.bocc.ubi.pt>, acessado em 15/06/2013 e 19/06/2013.

Site Publiabril www.publiabril.com.br/marcas/bravo/revista/informacoes-gerais,

acessado em 19/06/13.

Site Inconfidência www.warnermusic.com.br/portal/artistbiography.aspx?21, acessado

em 06/06/13.