análise tactil visual.pdf

18
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Geotecnia e Transportes RELATÓRIO 01 ANÁLISE TÁCTIL VISUAL DOS SOLOS 094461 Talita Beluffi de Camargo CV 924 Complementos de Fundações Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque CAMPINAS AGOSTO 2013

Upload: talita-beluffi-de-camargo

Post on 21-Oct-2015

791 views

Category:

Documents


19 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Geotecnia e Transportes

RELATÓRIO 01

ANÁLISE TÁCTIL VISUAL DOS SOLOS

094461 – Talita Beluffi de Camargo

CV 924 – Complementos de Fundações

Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque

CAMPINAS

AGOSTO 2013

Page 2: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

2

1. OBJETIVO

O experimento consistiu em identificar as características de fácil reconhecimento dos

solos, através de sua análise táctil visual.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas

sobre elas impostas ao solo. Além disto, em algumas obras, o solo é utilizado como o

próprio material de construção, como, por exemplo, os aterros rodoviários, as bases para

pavimentos de aeroportos e as barragens de terra. O estudo do comportamento do solo

frente às solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância.

Os métodos laboratoriais, ainda que constituam importantes ferramentas para o manejo

e sejam bastante exatos e precisos, são muitas vezes de difícil utilização devido ao custo e

tempo. A rápida avaliação da qualidade do solo pode ser obtida a partir de alguns testes

feitos rapidamente em uma amostra desse solo. Esse procedimento consta essencialmente

de identificar e anotar:

A ocorrência ou não de matéria estranha ao solo (raízes, pequenas conchas, matéria

orgânica etc.)

Coloração natural da amostra e sua uniformidade

Teor de umidade

Minerais reconhecíveis, no solo de solo granular. Normalmente os mais passíveis de

identificação são o quartzo, feldspato e mica.

Odores estranhos

Granulometria

Essa seqüência é quase simultânea e praticamente não exige equipamento, exigindo,

entretanto, uma grande experiência no reconhecimento e no trato do solo. Assim, para o

processo de identificação táctil visual de um solo utilizam-se freqüentemente os seguintes

Page 3: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

3

procedimentos, alguns sugeridos inclusive pela norma NBR 7250: Tato, plasticidade,

resistência ao solo seco, dispersão em água, impregnação, dilatância.

Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os

resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Por definição, os solos são

classificados em pedregulhos e areias (solos grossos), siltes e argilas (solos finos).

Os solos grossos possuem uma maior percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥

0,074 m) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e angulosas.

São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que

2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas

margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até

mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem

e ao saprolito).

As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e

arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou pelo

vento. A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte

sofrido pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende

a arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais

esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com

dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e

0,06mm (ABNT). O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu

comportamento mecânico, pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em

contrapartida, como eles deslizam entre si quando solicitados por forças externas. Por outro

lado, como estas forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos existentes

entre as partículas, as de formato mais angulares, por possuírem em geral uma menor área

de contato, são mais suscetíveis a se quebrarem.

Solos finos são aqueles que possuem dimensões menores que 0,074mm (DNER), ou

0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado como argila ou

como silte. Os solos finos possuem partículas com formas lamelares, fibrilares e tubulares e

é o mineral que determina a forma da partícula. O comportamento dos solos finos é definido

pelas forças de superfície (moleculares, elétricas) e pela presença de água, a qual influi de

maneira marcante nos fenômenos de superfície dos argilo-minerais.

Page 4: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

4

A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a 0,002mm)

se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar

variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos solos.

Já os siltes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa

resistência quando seco. A Figura 1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT

(NBR 6502):

Figura 1 – Escala granulométrica da ABNT NBR 6502/1995.

Os solos orgânicos são identificados em separado, em função de sua cor e odor

característicos. Além da identificação táctil visual do solo, todas as informações pertinentes

à identificação do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se informar,

sempre que possível, a eventual presença de material cimentante ou matéria orgânica, a cor

do solo, o local da coleta do solo, sua origem geológica, sua classificação genética,

identificação do solo da vizinhança etc.

A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica, possui

certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a identificação táctil visual

ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles podem ser utilizadas para distingui-

los. Pode-se ressaltar:

1- O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em presença

de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos quando secos, se

esfarelam com facilidade.

2- Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos siltosos. Os

solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância marcante, o que não ocorre com os

solos argilosos.

Quando pelo exame táctil visual for possível identificar a origem dos solos,

especificamente nos casos das origens marinha, orgânica e residual e no caso de aterros,

tais designações são acrescentadas à sua nomenclatura. Além disso, se a presença de

Page 5: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

5

mica for acentuada, a designação micácea também deverá ser acrescentada a

nomenclatura do solo.

Para a classificação táctil visual dos solos será considerada sua composição

granulométrica, ainda que essa classificação seja adequada principalmente para os solos

grossos, conforme as características de seu comportamento. Nesta classificação os solos

são designados pelo nome da fração preponderante. Esta afirmação deve ser analisada

com rigor, pois se sabe que as definições não deveriam ser baseadas simplesmente nas

frações majoritárias, uma vez que nem sempre são elas que ditam o comportamento de um

solo. Assim, preferindo-se agrupar os solos quanto ao comportamento e não quanto às

constituições, a classificação deveria denominá-lo de acordo com a fração mais ativa no seu

comportamento. Embora hoje recomendada mais para os solos grossos (que não

apresentam propriedades correlacionadas com a plasticidade) a classificação

granulométrica tornou-se universalmente empregada.

A classificação será realizada utilizando-se diagramas triangulares, como o de Feret,

ilustrado na Figura 2. Nesse diagrama, fazem-se corresponder aos três lados do triângulo as

porcentagens respectivas de argila, silte e areia. É mais comum somar as porcentagens de

pedregulho e areia antes de utilizar o diagrama triangular, e mencionar após a classificação,

conforme o caso, a predominância de areia ou de pedregulho.

Figura 2 – Diagrama triangular de Feret.

Page 6: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

6

Outra classificação bastante adequada para processos de identificação do solo em

campo é a tabela proposta pelo Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS),

tabela esta apresentada na Figura 3.

Figura 3 - Sistema Unificado de Classificação dos Solos para ensaios de campo.

Page 7: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

7

O sistema SUCS (ou U.S.C.) é o aperfeiçoamento da classificação de Casagrande

para utilização em aeroportos, adaptada para uso no laboratório e no campo pelas agências

americanas "Bureau of Reclamation" e "U.S. Corps of Engenneers", com simplificações que

permitem a classificação sistemática. Foi proposto por Arthur Casagrande no início da

década de 40.

Pela primeira vez os solos orgânicos foram considerados como um grupo de

características e comportamento próprio e diferente dos outros dois. As mais significativas

mudanças e revisões, da norma antiga, podem ser resumidas em 4 itens:

• A classificação de um solo é feita através de um símbolo e de um nome;

• Os nomes dos grupos, simbolizados por um par de letras, foram normalizados;

• Argilas e siltes orgânicos foram redefinidas;

• Foi estabelecida uma classificação mais precisa.

Os solos estão distribuídos em 6 grupos: pedregulhos (G), areias (S), siltes

inorgânicos e areias finas (M), argilas inorgânicas (C), e siltes e argilas orgânicos (O). Cada

grupo é então dividido em subgrupos de acordo com suas propriedades índices mais

significativos.

.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A aparelhagem necessária, como já citado anteriormente, é mínima. Serão necessários:

água corrente

proveta (ou um recipiente de vidro qualquer)

almofariz de porcelana e não de borracha

amostra de solo (serão oito) (Figura 4) .

Page 8: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

8

Figura 4 - Amostra de solo

Como os procedimentos são diversos, eles serão divididos em tópicos.

3.1. Tato

Inicia-se o procedimento de identificação das amostras de solo pela sua granulometria,

procurando-se classificar-las nas duas grandes divisões: solos grossos ou solos finos. Para

tanto, é utilizado o ensaio de tato, que consiste em friccionar uma porção do solo na mão e

entre os dedos. A amostra pode ser umedecida ou não.

Os solos grossos (as areias) são ásperos ao tato, apresentam partículas visíveis ao olho

nu e permitem muitas vezes o reconhecimento de minerais.

Já os solos finos são divididos em siltes e argilas.

Page 9: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

9

O silte é menos áspero que a areia, mas perceptível ao tato. Entre os siltes grossos e as

areia fina, a distinção é praticamente impossível, a não ser cokm o auxilio de outros testes.

Por outro lado, as argilas, quando misturadas a água e trabalhadas entre os dedos,

apresentam uma semelhança com pasta de sabão escorregadia; quando seca os grãos

finos da argila proporcionam ao tato a sensação de farinha. A Tabela 1 apresenta um

resumo dessas características.

Tabela 1 – Classificação segundo o tato

Análise táctil Classificação

Ásperos ao tato / partículas visíveis / reconhecimento de minerais

AREIAS

Pouco ásperos / perceptíveis ao tato SILTES

Macios ao tato / sensação de farinha / sensação de pasta de sabão quando úmido

ARGILAS

3.2. Visual

O exame visual das amostras permite avaliar a predominância do tamanho dos grãos,

sendo possível individualizar grão de tamanho superior a décimos de milímetros, admitidos

visíveis a olho nu. Na Tabela 2 são apresentadas as dimensões características para a

classificação dos grãos. Além disso, também deve-se classificar os solos em bem ou mal

graduados, sendo que solos bem graduados apresentam solos com partículas de tamanhos

bastante distintos enquanto que solos mal graduados apresentam graduação praticamente

constante de grãos.

Tabela 2 – Classificação visual segundo a dimensão dos grãos

Dimensão dos grãos (mm) Classificação

PEDREGULHOS

AREIAS

SILTES E ARGILAS

Page 10: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

10

3.3. Cor

A nomenclatura dos solos deve ser acompanhada pela indicação da cor, feita logo após

a colheita das mesmas, utilizando-se até no máximo de duas designações de cores. Quando

as amostras apresentarem mais do que duas cores, deve ser utilizado o termo variegado no

lugar do relacionamento das cores.

Embora considerando o caráter subjetivo desta indicação de cor, devem ser utilizadas as

seguintes designações: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde,

admitindo-se ainda as designações complementares, claro e escuro.

3.4. Teste de sujar as mãos ou impregnação

Faz-se uma pasta de solo e água e esfrega-se na palma das mãos, colocando-se em

seguida sob água corrente. O solo arenoso lava-se facilmente, isto é, os grãos de areia

limpam-se rapidamente das mãos.

Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.

O solo mais siltoso só se limpa depois que bastante água correu sobre as mãos, sendo

necessário sempre alguma fricção para a limpeza total. O solo mais argiloso distingue-se

pela dificuldade de se desprender da palma das mãos, porque os grãos muito finos

impregnam-se na pele, sendo necessário friccionar vigorosamente para que a palma da mão

se ver livre da pasta (Tabela 3).

Tabela 3 – Classificação segundo o teste de sujar as mãos

Impregnação nas mãos Classificação

Grãos lavam-se fácil e rapidamente AREIAS

Necessidade de alguma fricção para a limpeza total SILTES

Necessidade de friccionar vigorosamente ARGILAS

3.5. Resistência do solo seco

Foram realizados pequenos cubos de 1cm³ com as amostras de solo umedecidas. Esses

cubos foram colocados sob uma peça de papelão onde ficaram durante uma semana, para

que secassem. Cada um desses cubos pode apresentar grande, média ou nenhuma

Page 11: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

11

resistência quando se tenta desfazê-lo entre os dedos. Isso indica, respectivamente, uma

grande coesão dos solos argilosos, pouca coesão para os solos siltosos e nenhuma coesão

para os solos arenosos. Na Tabela 4 apresentam-se esses conceitos.

Tabela 3 – Classificação segundo o teste de resistência conforme o comportameto dos

cubos quando submetidos a pressão dos dedos.

Teste de resistência Classificação

Difícil/impossível formar cubos / não resistentes a pressão dos dedos

AREIAS

Pouco resistentes à pressão dos dedos SILTES

Muito resistente à pressão dos dedos ARGILAS

Observação: quando os cubos foram colocados sobre o papelão, desenhou-se o

perímetro da face do cubo que estava contato com o papelão. Após a semana na qual os

cubos permaneceram para secagem, verificou-se que alguns cubos retraíram. Sabe-se

ainda que os movimentos de retração e expansão que se observam quando há variação de

umidade são característicos da argila presente no solo, representados essencialmente pelos

argilominerais.

3.6. Dispersão em água

Para este teste o solo deve estar completamente desagregado, por isso devem-se

desfazer os torrões. Deve-se tomar especial atenção com os agregados de solos finos,

porque estes são muitas vezes resistentes a desagregação mecânica, sendo necessário

para uma separação perfeita fos grãos a adição de defloculantes.

O procedimento consiste em colocar uma pequena quantidade da amostra de solo

destorroado (20ml) numa proveta e completá-la com água (até 100ml) (esses valores são

arbitrários). Agita-se o conjunto por aproximadamente 2 minutos, provocando assim uma

dispersão homogênea do solo com na água. Deixa-se em repouso e observa-se o tempo de

deposição da maior parte das partículas constituintes da amostra. Os solos arenosos

depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e demoram para

sedimentar. A Tabela 5 apresenta o tempo para a deposição das partículas conforme o tipo

de solo.

Page 12: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

12

Tabela 5 – Classificação conforme o tempo de deposição dos sólidos.

Tempo para assentamento das partículas Classificação

30 a 60 segundos AREIAS

15 a 60 segundos SILTES

Podem levar horas em suspensão ARGILAS

3.7. Dilatância ou mobilidade de água intersticial

O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de movimentação

da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma amostra de solo

homogênea e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência mole, porém não

lamacenta. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos, em concha, e

distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O teste

se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra

a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma lâmina

d'água na superfície do solo (brilho) e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da

mão deve ser aberta, o que provocará o aparecimento de fissuras e o ressecamento

aparente da superfície da pasta.

O tempo de reação da massa de solo, isto é, sob as vibrações, rapidamente assumiu o

aspecto liso e brilhante, indica que a presença de maior porcentagem de partículas grossas.

Também ao se abrir a mão, o solo rapidamente se fissura e torna a absorver a água

superficial, indica a facilidade de movimento através das partículas ou presença de solos

grossos.

A reação lenta, tanto no aparecimento da superfície brilhante, como na fissuração

reduzida, indica a presença de solos finos, ou seja, indica a dificuldade de movimentação

das partículas de água aderentes ou coesas às partículas de solo.

A classificação é feita conforme apresentado na Tabela 6.

Tabela 6 - Classificação conforme a resposta ao teste de dilatância

Aparecimento da água / fissuras Dilatância Classificação

Rápido Rápida AREIAS

Médio Média SILTES

Lento Lenta SILTE OU AREIA ARGILOSA

Sem mudança aparente Nenhuma ARGILAS

Page 13: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

13

3.8. Plasticidade

Consiste em moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são

moldáveis enquanto as areia e siltes não são moldáveis. A classificação varia entre

rigída, baixa, média e nenhuma, como apresentado na tabela 7.

Tabela 7 – Classificação conforme a plasticidade.

Característica Plasticidade Classificação

Facilmente Moldáveis Rígida AREIAS

Moldáveis Média SILTES

Pouco moldáveis Baixa SILTE OU AREIA ARGILOSA

Não moldáveis Nenhuma AREIAS

4. RESULTADOS

Após realizados todos os testes citados no item 3, foram anotados os seguintes

resultados obtidos em laboratório para cada uma das oito amostras (Tabela 8).

Page 14: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Geotecnia e Transportes

Tabela 8 – Identificação das características das amostras de solo para cada uma das oito amostras.

Item Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8

Procedência Jaguariúna Americana

Campinas - Ouro Verde

UNICAMP Jundiaí Paraíba Sorocaba Cubatão

3.3. Cor Cinza e marrom clara

esbranquiçado Marrom claro

Marrom avermelhado claro

Marrom avermelhado escuro

Vermelho amarronzado

Marrom amarelado

Marrom claro amarelado

Cinza escuro

3.1. 3.2.

Textura Mista com predomínio

de grossos Grossa

(Areia Fina) Média / Mista Média para fina Média para fina Fina Média Fina

Porção Grossa

3.2. Graduação Bem Graduado Mal Graduado Mal Graduado Bem Graduado Bem Graduado Mal Graduado Bem Graduado Mal Graduado

3.1. Forma das Partículas

Mista - arredondado e subangular

Arredondada Subangular Subangular Mista – arred. e

subangular Arredondada

Mista – arred. e angular

Arredondada

3.1. Mineralogia Quartzo, Feldspato e

Mica Mica Indefinido Indefinido Mica Indefinida Indefinida Indefinida

Porção Fina / Mista

3.4. Aderência Baixa Baixa Muito Baixa Muito Baixa Média Muito Alta Baixa Muito Alta

3.7. Dilatância Rápida Rápida Lenta Rápida Média Nenhuma Lenta Média

3.8. Plasticidade Nenhuma Nenhuma Média Baixa Média Rígida Média Rígido

3.5. Resistência a Compressão

- - Média Alta Média Baixa Muito Alta Alta Muito Alta

Dispersão

3.6.

%Areia - - 60 30 70 5 95

% Silte - - 20 60

% Argila - - 20 10 30 95 5

Page 15: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Geotecnia e Transportes

Deve-se ainda comentar que nenhum dos solos apresentava qualquer tipo de odor

característico, uma vez que não eram exatamente amostras recentes.

Outra observação diz respeito a retração sofrida pelos cubos do ensaio de

resistência a compressão (teste 3.5.). Quando observados os cubos após a secagem de

uma semana, percebeu-se que as amostras 6 e 8 apresentaram grande retração.

Além disso, a amostra de número 3 apresentou friabilidade, que é a capacidade de

fragmentação de uma partícula ou de um torrão. Torrões quase secos de silte apresentam

fácil desagregação por pressão dos dedos, enquanto os de argila são muito menos friáveis.

A observação da friabilidade foi realizada com as amostras durante os ensaios e

comprovada posteriormente no ensaio de resistência a seco.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Como o solo é uma mistura heterogênea de areia silte e argila, com presença ou

não de pedregulho, estes testes serviram para classificar a granulometria predominante das

amostras. Isto é, ao executar a classificação visual e táctil de um solo, pode-se identificar

item a item, como apresentado na Tabela 8.

Comparando a tabela de resultados (Tabela 8) com as tabelas apresentadas no

item 3 (Tabelas 1 a 7), podemos classificar individualmente cada item, ou seja, se um

determinado item se enquadra na categoria areia, silte ou argila. Dessa forma, após

considerar item a item, devemos olhar para as características da amostra como um todo e,

com o auxilio do diagrama de Feret finalmente classificá-la. Além disso, também procede a

classificação baseada no na tabela proposta pelo Sistema Unificado de Classificação dos

Solos (SUCS) (Figura 2), de modo que os resultados sejam os mais corretos posssíveis. A

classificação obtida por cada um dos métodos encontra-se apresentada na Tabela 9.

Page 16: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

16

Tabela 9 – Classificação dos solos através do triângulo de Feret e do SUCS após

análise das amostras.

Triângulo Feret SUCS

1 Areia bem graduada com presença de pedregulho

GW Pedregulhos bem graduados, mistura de areia e pedregulho e

pedregulho com pouco ou nenhum fino

2 Areia mal graduada SP Areias mal graduadas, areias pedregulhosas, com pouco ou

nenhum fino

3 Areia argilosa SC Areias argilosas, misturas bem graduadas de areia e argila

4 Areia siltosa ML Siltes inorgânicos e areias muito finas, alteração de rocha,

areias finas, siltosas ou argilosas com pequena plasticidade

5 Areia argilosa SF Areias siltosas, misturas mal graduadas de areia e silte

6 Argila CH Argila inorgânicas de alta plasticidade, argilas gordas

7 Areia siltosa SC Areias argilosas, misturas bem graduadas de areia e argila

8 Argila CH Argila inorgânica de alta plasticidade, argilas gordas

Percebe-se que as amostras 1, 2, 3, 4, 6 e 8 foram classificadas de modo igual

utilizando ambos os métodos. Por outro lado, a amostra 7 diferiu em parte, uma vez que na

classificação de Feret o silte era o segundo maior em fração preponderante, enquanto que

pelo SUCS a argila é quem aparece na segunda posição. Já no caso da amostra 5 o

problema é semelhante, invertidos os papéis da argila e do silte.

Observação deve ser feita com relação ao solo da amostra 8. Inicialmente, devido a

sua coloração, imaginou-se ser um solo orgânico. Entretanto, o mesmo não apresentava

odor característico. Após os testes realizados e com o auxilio da tabela do SUCS, verificou-

se que a dilatância e a rigidez apresentadas não são compatíveis com a dos solos

orgânicos.

Particularmente, a classificação pelo SUCS é mais fácil, enquanto que a

classificação pelo triângulo gera margens maiores de dúvida, principalmente pois, a leitura

do triângulo é muito tendenciosa aos resultados do teste de dispersão. Além disso,

comparando os valores obtidos no teste de dispersão, estes nem sempre parecem

plenamente compatíveis com os demais testes realizados, causando insegurança na

interpretação dos dados.

Já a classificação pelo SUCS trata de forma mais abrangente todas as

características, sendo mais fácil para pessoas com menos experiência se familiarizarem

com os resultados.

Page 17: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

17

A dificuldade da classificação, entretanto reside em conseguir, com tão poucos

recursos, identificar de maneira mais correta possível a granulometria percentual da

amostra. Percebe-se, portanto, que a experiência e o constante manuseio são fundamentais

para tal fim.

6. CONCLUSÃO

Como o solo é uma mistura heterogênea de areia, silte e argila, com presença ou

não de pedregulho, estes testes serviram para classificar as frações predominantes dos

solos das amostras. Isto é, ao executar a classificação visual e táctil de um solo, chegamos

a conclusão que o solo 1 é uma mistura de areia e pedregulho, o solo 2 é uma areia mal

graduada, o solo 3 é areia argilosa, o solo 4 é areia siltosa, o solo 5 é uma areia siltosa, solo

6 é uma argila de alta plasticidade, o solo 7 é uma areia argilosa bem graduada e, por fim, o

solo 8 é uma argila.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 7181 - Solo - Análise granulométrica.

ABNT NBR 7250 – Identificação e descrição de amostras de solo obtidas em

sondagens de simples reconhecimento dos solos.

STANCATI, G.; NOGUEIRA, J. B.; VILAR, O. M. Ensaios de Laboratório de

Mecânica dos Solos. São Carlos: EESC/USP, 1991.

VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos. São Paulo: Editora McGraw-Hill do

Brasil, 1977.

CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Ed. Livros técnicos e

científicos S.A, Vols. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro, 1981.

NIERO, Luiz Augusto Cardoso. Avaliações visuais do solo como índice de qualidade

de um Latossolo Vermelho em oito usos e manejos e sua validação por análises físicas e

químicas. 2009. 111f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Pós-

Graduação – IAC. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v34n4/25.pdf. Acesso em 23

de agosto de 2013.

Page 18: Análise Tactil Visual.pdf

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo

18

ORTIGÃO, J. A. R. Introdução à mecânica dos solos dos estados críticos. Ed. Livros

técnicos e científicos S.A, Rio de Janeiro, 3ª Ed. 2007.

ALMEIDA, Gil Carvalho Paulo de. Caracterização Física e Classificação dos Solos.

Disponível em

http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/rosane/downloads/material%20de%20apoio/APOSTILA_

SOLOS.pdf. Acesso em 23 de agosto de 2013.

BASTOS, Cezar. Classificação Geotécnica dos Solos. Disponível em

ftp://ftp.cefetes.br/cursos/Transportes/CelioDavilla/Solos/Literatura%20complementar/Apostil

a%20FURG%20Solos/06-%20CLASSIFICACAO.pdf. Acesso em 23 de agosto de 2013.

BARRISON, Marcelo Ribeiro. Módulo 2 – Mecânica dos solos. Disponível em

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAZZQAA/apostila-mecanica-dos-solos?part=4.

Acesso em 23 de agosto de 2013.

http://www.forma-te.com/mediateca/download-document/4355-classificacao-dos-

solos.html Acesso em 23 de agosto de 2013.