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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO TECNOLGICO - CTC

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL - ECV

    ANA PAULA SUELI NICOLAU

    STEPHANIE THIESEN

    ANLISE HIDRODINMICA E DE PADRES DE TRANSPORTE DE SEDIMENTOS

    E PROPOSTAS PARA A RECUPERAO DA PRAIA DA ARMAO

    DO PNTANO DO SUL FLORIANPOLIS/SC

    FLORIANPOLIS/SC

    2011

  • Ana Paula Sueli Nicolau Stephanie Thiesen

    ANLISE HIDRODINMICA E DE PADRES DE TRANSPORTE DE SEDIMENTOS

    E PROPOSTAS PARA A RECUPERAO DA PRAIA DA ARMAO DO PNTANO DO SUL FLORIANPOLIS/SC

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado disciplina ECV 5513 do Curso de Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito obteno do ttulo de Engenheiro Civil.

    Orientador: Profo Marcos Aurlio Marques Noronha, Dr.

    FLORIANPOLIS/SC 2011

  • ANA PAULA SUELI NICOLAU STEPHANIE THIESEN

    ANLISE HIDRODINMICA E DE PADRES DE TRANSPORTE DE SEDIMENTOS

    E PROPOSTAS PARA A RECUPERAO DA PRAIA DA ARMAO DO PNTANO DO SUL FLORIANPOLIS/SC

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado disciplina ECV 5513 do Curso de Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito obteno do ttulo de Engenheiro Civil.

    Florianpolis (SC), junho de 2011.

    ______________________________________________

    Prof.o Eng.o Civil Marcos Aurlio Marques Noronha, Dr.

    Professor Orientador

    _____________________________________________

    Oceangrafo Rafael Bonanata, M.Sc.

    Membro da banca examinadora

    _____________________________________________

    Eng. Civil Rinaldo Manoel da Silveira

    Membro da banca examinadora

    ______________________________________________

    Oceangrafo Rodrigo Barletta, Dr.

    Membro da banca examinadora

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Luiz Carlos e Sueli, pelo apoio no somente nesta, mas em toda

    minha caminhada

    Aos meus queridos irmos, Josiani e Luiz Henrique, por compartilharem sempre

    comigo as minhas conquistas

    Ao meu namorado Carlo, por toda compreenso, pacincia e incentivo

    minha parceira, deste e de muitos outros desafios enfrentados durante a vida

    acadmica, pela competncia, garra, companheirismo e amizade

    E a todos aqueles que estiveram ao meu lado, me incentivando, dando foras e

    acreditando em meu potencial. Ana Paula Nicolau

    Vida

    famlia (Mami, Papi, Opa, V Juca, Allan, Natlia)

    Ao Brian

    Ao PET

    Aos amigos

    parceira de todos os momentos Ana Paula, pela conduta, desempenho, pacincia. Stephanie Thiesen

    Ao Professor e orientador Marcos Aurlio Marques Noronha, pela compreenso e

    apoio essenciais para a realizao deste trabalho

    Ao Luiz Antnio Costa, pela colaborao solcita para realizao desse desafio

    E em especial aos novos amigos Rodrigo Barletta e Rafael Bonanata, pela presteza

    e apoio incondicional. Profissionais de excelncia sempre dispostos a compartilhar

    suas experincias.

    Ana Paula Nicolau e Stephanie Thiesen

  • A mente que se abre a uma nova idia jamais volta ao seu tamanho original.

    Albert Einstein

  • i

    RESUMO

    Tomando-se conhecimento do severo fenmeno de eroso sofrido pela praia da

    Armao do Pntano do Sul, localizada em Florianpolis/SC, durante os meses de

    abril e maio de 2010, o presente trabalho teve por objetivo principal entender e

    avaliar os processos hidrodinmicos e de padres de transporte de sedimentos

    atuantes na regio.

    Este estudo de caso considerou em suas anlises a altura significativa de onda,

    correntes geradas pelas ondas e o transporte potencial de sedimentos, tanto para a

    situao em que a Praia encontra-se atualmente, quanto para implementao de

    diferentes tipos de obras rgidas que visem sua recuperao. Para isso,

    primeiramente buscou-se compreender o equilbrio em planta da Praia, atravs do

    modelo parablico de Hsu, e posteriormente, por meio de modelagens numricas,

    traar um modelo conceitual bsico de comportamento da regio.

    A influncia de diferentes estruturas rgidas (quebra-mar e espigo) em

    posicionamentos diversos possibilitou um conhecimento evolutivo das respostas

    hidrodinmicas e de padres de transporte de sedimentos para a rea estudada.

    A partir de tal anlise, foi possvel verificar bons resultados na implementao de

    estruturas rgidas como campo de quebra-mares e espigo combinados com aterro

    hidrulico no flanco curvo da Praia.

    Assim, apesar das propostas apresentarem-se em carter conceitual, o trabalho

    mostra-se efetivo quando utilizado como ferramenta auxiliar na tomada de deciso.

    Palavras-chave: Praia da Armao do Pntano do Sul, Eroso Costeira, Modelo

    de funcionamento Hidrodinmico, Interveno.

  • ii

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1: Localizao da Ilha de Santa Catarina - Florianpolis ................................. 4

    Figura 2: Localizao e extenso da Praia da Armao ............................................. 4

    Figura 3: Configurao da Praia da Armao ............................................................. 5

    Figura 4: Consequncia dos fenmenos meteorolgicos na Praia da Armao ......... 6

    Figura 5: Trecho da praia com eroso acentuada ....................................................... 7

    Figura 6: Execuo da obra emergencial na Praia da Armao Dique de

    Enrocamento ................................................................................................ 8

    Figura 7: Acompanhamento realizado aps a execuo da obra emergencial ........... 8

    Figura 8: Direo Predominante dos Ventos ............................................................... 9

    Figura 9: Ondgrafo, fundeio e localizao ............................................................... 11

    Figura 10: Variao Longitudinal da Morfodinmica da Praia da Armao ............... 14

    Figura 11: Vulnerabilidade eroso costeira na Praia da Armao (a) I.V. Anual;

    (b) I.V. - Decadal. 1- Altura de onda na quebra; 2- Inclinao de face

    litornea; 3- Altimetria mdia da orla; 4- Velocidade residual de corrente

    longitudinal; 5- Tamanho mdio de gro da face praial; 6- Declividade

    mdia da face praial; 7- Largura mdia de ps praia; 8- Balano Potencial

    de Sedimentos .......................................................................................... 17

    Figura 12: Variaes temporais na linha de costa na praia da Armao (1938-

    2002) ........................................................................................................ 19

    Figura 13: Compartimentos de uma praia de enseada ............................................. 22

    Figura 14: Definio dos pontos de controle ............................................................. 23

    Figura 15: Carta Nutica 1904 .................................................................................. 25

    Figura 16: Digitalizao da batimetria, Carta Nutica 1904 Software SMS ............ 26

    Figura 17: Espectros - Ondulao de Sudeste .......................................................... 28

    Figura 18: Espectros - Vaga de Leste ....................................................................... 29

    Figura 19: Espectros - Vaga de Nordeste ................................................................. 30

    Figura 20: Lanamento das malhas para ondulaes de: a) Sudeste b) Leste c)

    Nordeste ................................................................................................... 32

    Figura 21: Definio da direo das ondas dominantes ............................................ 33

    Figura 22: Etapas da elaborao do MP. a) Entrada de dados linha de costa e

    batimetria b) Lanamento e ajuste do MP c) Praia de Equilbrio ............. 34

  • iii

    Figura 23: Dimenses da linha de costa analisada ................................................... 35

    Figura 24: Variao da largura da parte emersa da Praia Zona Ativa .................... 35

    Figura 25: Ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de

    onda significativa. ..................................................................................... 37

    Figura 26: Ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b) Transporte

    de sedimentos. ......................................................................................... 38

    Figura 27: Ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de onda

    significativa. .............................................................................................. 39

    Figura 28: Ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b) Transporte de

    sedimentos. .............................................................................................. 40

    Figura 29: Ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de

    onda significativa. ..................................................................................... 41

    Figura 30: Ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b) Transporte de

    sedimentos. .............................................................................................. 42

    Figura 31: Caractersticas Morfodinmicas da Praia da Armao. ............................ 44

    Figura 32: Hiptese de antigas fontes de sedimentos. .............................................. 45

    Figura 33: Proposta 1 Anlise em planta da linha de costa pelo Modelo Parablico.

    ............................................................................................................................ 47

    Figura 34: Proposta 1, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 48

    Figura 35: Proposta 1, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 49

    Figura 36: Proposta 1, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 50

    Figura 37: Proposta 1, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 51

    Figura 38: Proposta 1, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 52

    Figura 39: Proposta 1, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 53

    Figura 40: Proposta 2 Indicao da regio de engordamento por meio do Modelo

    Parablico................................................................................................. 55

  • iv

    Figura 41: Proposta 2, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 56

    Figura 42: Proposta 2, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 57

    Figura 43: Proposta 2, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 58

    Figura 44: Proposta 2, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 59

    Figura 45: Proposta 2, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 60

    Figura 46: Proposta 2, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 61

    Figura 47: Proposta 3 Lanamento dos espiges e do aterro hidrulico. ............... 63

    Figura 48: Proposta 3, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 64

    Figura 49: Proposta 3, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 65

    Figura 50: Proposta 3, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 66

    Figura 51: Proposta 3, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 67

    Figura 52: Proposta 3, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 68

    Figura 53: Proposta 3, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 69

    Figura 54: Proposta 4 Lanamento da estrutura. a) Disposio dos quebra-mares

    para formao de salincias por meio do modelo parablico de Hsu. b)

    Arranjo final das estruturas. ...................................................................... 71

    Figura 55: Proposta 4, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 72

    Figura 56: Proposta 4, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 73

  • v

    Figura 57: Proposta 4, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 74

    Figura 58: Proposta 4, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 75

    Figura 59: Proposta 4, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 76

    Figura 60: Proposta 4, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 77

    Figura 61: Proposta 5 Lanamento da estrutura. a) Disposio dos quebra-mares

    para formao de salincias pelo modelo parablico de Hsu. b) Arranjo

    final das estruturas. .................................................................................. 80

    Figura 62: Proposta 5, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 81

    Figura 63: Proposta 5, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 82

    Figura 64: Proposta 5, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 83

    Figura 65: Proposta 5, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 84

    Figura 66: Proposta 5, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 85

    Figura 67: Proposta 5, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 86

    Figura 68: Proposta 6 Lanamento da estrutura. a) Disposio dos quebra-mares

    para formao de salincias por meio do modelo parablico de Hsu. b)

    Arranjo final das estruturas. ...................................................................... 88

    Figura 69: Proposta 6, ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 89

    Figura 70: Proposta 6, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 90

    Figura 71: Proposta 6, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 91

  • vi

    Figura 72: Proposta 6, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 92

    Figura 73: Proposta 6, ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b)

    Altura de onda significativa. ...................................................................... 93

    Figura 74: Proposta 6, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b)

    Transporte de sedimentos. ....................................................................... 94

    Figura 75: Implantao das estruturas rgidas e ocupao litornea ........................ 95

    Figura 76: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Sudeste a) Diagrama das

    cristas e cavas. b) Altura de onda significativa. ........................................ 96

    Figura 77: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Sudeste a) Correntes geradas

    pela onda. b) Transporte de sedimentos. ................................................. 97

    Figura 78: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Leste a) Diagrama das cristas

    e cavas. b) Altura de onda significativa. ................................................... 98

    Figura 79: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Leste a) Corrente gerada pela

    onda. b) Transporte de sedimentos. ......................................................... 99

    Figura 80: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Nordeste a) Diagrama das

    cristas e cavas. b) Altura de onda significativa. ...................................... 100

    Figura 81: Cenrio Futuro Proposta 6, ondulao de Nordeste a) Corrente gerada

    pela onda. b) Transporte de sedimentos. ............................................... 101

  • vii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Padres de ondas para o litoral de Santa Catarina ................................... 12

    Tabela 2: Ocorrncia simultnea dos sistemas ......................................................... 13

    Tabela 3: Caractersticas das Praias do Sul de Florianpolis ................................... 13

    Tabela 4: Dados granulomtricos da Praia da Armao do Pntano do Sul ............. 14

    Tabela 5: Fatores relacionados eroso costeira ..................................................... 15

    Tabela 6: Regras para tornar as variveis como indicadores de eroso ................... 16

    Tabela 7: Dados gerais de variao da linha de costa expressos em taxas anuais e

    variao longitudinal ao longo dos perfis, por praias e de forma geral ..... 19

    Tabela 8: Padres de ondas utilizados na modelagem ............................................. 27

  • SUMRIO

    RESUMO ........................................................................................................................ i

    LISTA DE ILUSTRAES .................................................................................................. ii

    LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... vii

    SUMRIO ...................................................................................................................... 8

    INTRODUO ................................................................................................................. 1

    OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 2

    Geral .......................................................................................................................... 2

    Especficos ................................................................................................................ 2

    JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 3

    1. REA DE ESTUDO ...................................................................................................... 4

    1.1. Eroso da Praia .................................................................................................. 5

    1.2. Caracterizao da rea de estudo ................................................................... 8

    1.2.1. Clima e Meteorologia ........................................................................................ 9

    1.2.2. Ventos............................................................................................................... 9

    1.2.3. Mars .............................................................................................................. 10

    1.2.4. Regime de Ondas ........................................................................................... 10

    1.2.5. Caractersticas Morfodinmicas ...................................................................... 13

    1.2.6. Estudo de Vulnerabilidade .............................................................................. 14

    2. METODOLOGIA ........................................................................................................ 20

    2.1. Modelo Emprico Parbola de Hsu .............................................................. 20

    2.2. Modelo Numrico ............................................................................................. 24

    2.2.1. Pr-Processamento da batimetria .................................................................. 24

  • 2.2.2. Definio dos casos de ondas para as simulaes numricas ....................... 27

    2.3. Malha ................................................................................................................ 31

    3. RESULTADOS .......................................................................................................... 33

    3.1. Modelo Emprico Caracterizao da Praia ..................................................... 33

    3.2. Modelagem Numrica Situao Atual ............................................................ 36

    3.3. Definio do Modelo Conceitual ....................................................................... 44

    3.4. Resultados das Simulaes das Propostas de Interveno ............................. 45

    3.4.1. Proposta 1 Espigo na Ilha das Campanhas ............................................... 47

    3.4.2. Proposta 2 Espigo na Ilha das Campanhas Combinado com Aterro

    Hidrulico .................................................................................................................. 55

    3.4.3. Proposta 3 Espigo na Ilha das Campanhas Combinado com Aterro

    Hidrulico e Miniespigo na Praia ............................................................................. 63

    3.4.4. Proposta 4 - Espigo na Ilha das Campanhas Combinado com Aterro

    Hidrulico e Campo de Trs Quebra-Mares .............................................................. 71

    3.4.5. Proposta 5 - Espigo na Ilha das Campanhas Combinado com Aterro

    Hidrulico e Campo de Cinco Quebra-Mares ............................................................ 79

    3.4.6. Proposta 6 - Espigo na Ilha das Campanhas Combinado com Aterro

    Hidrulico e Campo de Quatro Quebra-Mares .......................................................... 88

    3.4.7. Discusso de Resultados ............................................................................. 103

    CONCLUSO ............................................................................................................. 106

    REFERNCIAS ........................................................................................................... 107

    ANEXOS

    ANEXO I REFERENCIAL TERICO

    I. REFERENCIAL TERICO ......................................................................................... 114

  • I.A. Ondas ............................................................................................................. 114

    I.A.a. Origem das ondas......................................................................................... 116

    I.A.b. Conformao das ondas rasas, intermedirias e profundas ......................... 117

    I.A.c. Classificao das ondas ............................................................................... 120

    I.A.c.1.Capilar .......................................................................................................... 120

    I.A.c.2.Vagas(Sea) .................................................................................................. 120

    I.A.c.3.Ondulaes (Swell) ...................................................................................... 120

    I.A.c.4.Seiche (Clapotis) .......................................................................................... 121

    I.A.c.5.Tsunami ....................................................................................................... 122

    I.A.c.6 Mars ............................................................................................................ 122

    I.A.c.7.Evoluo do espectro de ondas ................................................................... 122

    I.B. Efeitos da Propagao de Ondas de guas Profundas para Rasas ........ 124

    I.B.a. Refrao ....................................................................................................... 124

    I.B.b. Empolamento ................................................................................................ 125

    I.B.c. Difrao ........................................................................................................ 126

    I.B.d. Arrebentao ................................................................................................ 127

    I.B.d.1.Arrebentao Progressiva ou Derramante (Spilling) .................................... 128

    I.B.d.2.Arrebentao Mergulhante (Plunging) ......................................................... 129

    I.B.d.3.Arrebentao Colapsante (Collapsing) ........................................................ 130

    I.B.d.4 Arrebentao Oscilante (Surging) ................................................................. 130

    I.B.e. Reflexo ........................................................................................................ 131

    I.C. Processos Litorneos................................................................................... 131

    I.C.a. Correntes induzidas pelas ondas e Transporte de sedimentos .................... 132

  • I.D. Praias Arenosas ............................................................................................ 133

    I.E. Eroso e Deposio Praial ........................................................................... 134

    I.F. Morfodinmica .............................................................................................. 135

    I.F.a. Praias Dissipativas........................................................................................ 136

    I.F.b. Praias Reflectivas ......................................................................................... 137

    I.F.c. Praias Intermedirias .................................................................................... 137

    I.G. Obras de Defesa dos Litorais ...................................................................... 138

    I.G.a. Obras longitudinais ....................................................................................... 139

    I.G.b. Espiges ....................................................................................................... 140

    I.G.c. Quebra-mares destacados da costa ............................................................. 141

    I.G.d. Alimentao artificial de praias ..................................................................... 142

    I.G.e. Dragagem ..................................................................................................... 143

    ANEXO II MATRIZ DE COMPARAO DOS RESULTADOS

    01/03 Ondulao de Leste

    02/03 Ondulao de Nordeste

    03/03 Ondulao de Sudeste

    ANEXO III MATRIZ DIFERENAS DOS RESULTADOS

    01/03 Ondulao de Leste

    02/03 Ondulao de Nordeste

    03/03 Ondulao de Sudeste

  • 1

    INTRODUO

    As praias constituem um sistema dinmico de interao entre ventos, gua e

    areia, resultando em processos hidrodinmicos, erosivos e deposicionais complexos

    (BROWN e MCLACHLAN, 1990). Charlier e Meyer (1998) evidenciam que os

    processos erosivos podem ser fruto da interferncia antrpica. Em Santa Catarina,

    aproximadamente 68% (sessenta e oito) da populao encontra-se na zona costeira

    (POLLETE et al., 1995). A ocupao em reas imprprias, estimulada pelo

    desenvolvimento de atividades como turismo, transporte, pesca e indstria, tem

    desencadeado e at acelerado processos erosivos ao longo da costa (WISNER et

    al., 2004).

    Assim, a construo geomorfolgica das linhas de costa funo de um

    conjunto de processos dinmicos de eroso e deposio de sedimentos

    condicionados, diretamente, pelo nvel energtico dissipado por meio das ondas nas

    zonas costeiras e pela prpria morfologia e ocupao da costa. Micallef e Williams

    (2002) destacam a importncia do estudo da dinmica da zona costeira, j que essa

    regio configura-se como altamente vulnervel s modificaes antrpicas e/ou

    naturais devido interao com diferentes agentes de processos marinhos,

    continentais e atmosfricos.

    Tendo em vista esta complexidade de interaes, o presente trabalho tem como

    objetivo principal conhecer e avaliar o regime hidrodinmico e os padres de

    transporte de sedimentos atuantes na praia da Armao do Pntano do Sul, em

    Florianpolis/SC. Esse estudo ser fundamentado na dinmica costeira da regio

    por meio da anlise da altura significativa de onda, correntes e transporte de

    sedimentos tanto para situao atual da Praia quanto para a proposio de

    alternativas de engenharia que visam a recuperao e manuteno da faixa de praia

    emersa.

  • 2

    OBJETIVOS

    Geral

    O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo acerca dos fenmenos

    de eroso presentes na praia da Armao do Pntano do Sul por meio de uma

    investigao dos processos hidrodinmicos ocorrentes na regio. A partir deste

    sero avaliadas sugestes de interveno para a recuperao da praia.

    Especficos

    Diagnosticar a eroso costeira da Praia da Armao com base em uma teoria

    reconhecida para este fim;

    Entender o funcionamento hidrodinmico da Praia e a partir deste propor um

    modelo conceitual de comportamento para a praia;

    Entender especificamente o funcionamento da Praia do ponto de vista de

    transporte sedimentar;

    Propor alternativas para recuperao da praia baseadas no modelo conceitual

    apresentado e avaliar criteriosamente seus impactos.

  • 3

    JUSTIFICATIVA

    Um dos principais problemas da zona costeira em todo o mundo a eroso. No

    Brasil, pas com extenso litoral, os estudos sobre eroso costeira so relativamente

    recentes, ganhando grande expresso a partir da dcada de 1990 (SOUZA et al.,

    2005).

    No Pas h centenas de praias onde o processo bastante severo, requerendo

    medidas de recuperao ou conteno. Contudo, os instrumentos legais ambientais

    que tratam especificadamente das praias so escassos no Brasil, o que favorece

    muito o uso irregular e inadequado desses ambientes.

    As praias localizadas em reas urbanas so as mais prejudicadas com a eroso

    costeira, j que a ocupao da interface entre o continente e o oceano favorece esse

    processo.

    No estado Santa Catarina, onde mais da metade da populao encontra-se na

    zona costeira, a eroso vem causando srios prejuzos materiais. Na praia da

    Armao do Pntano do Sul, localizada na capital do estado, em 50 anos a praia

    perdeu 40 metros de sua extenso, com grande aproximao do mar s construes

    (SIM E HORN, 2004).

    Durante os meses de abril e maio de 2010 a praia da Armao do Pntano do

    Sul sofreu um fenmeno de intensa, rpida e progressiva eroso costeira, causando

    danos na rea urbana e colocando em risco a segurana de seus moradores. Como

    consequncia deste evento teve-se a fragilizao de encostas, movimentao de

    massas de terra e destruio de residncias.

    Em vista do problema ocorrente na praia da Armao, o presente trabalho tem a

    finalidade de gerar subsdios para a recuperao da praia, corroborando as tomadas

    de deciso em relao ao planejamento e gerenciamento costeiro desta regio,

    tornando plenamente justificvel e louvvel do ponto de vista acadmico e social a

    realizao do mesmo.

  • 4

    1 REA DE ESTUDO

    A Praia da Armao do Pntano do Sul, situada entre as coordenadas

    geogrficas 274502S/483003W e 274324S/483015W, est localizada na

    regio Sudeste da Ilha de Santa Catarina Florianpolis (Figura 1). Situada a 25

    quilmetros do centro de Florianpolis, a praia possui uma extenso aproximada de

    3.500 metros, orientada no sentido N-S, vide Figura 2 (MAZZER, 2007).

    Santa Catarina

    Figura 1: Localizao da Ilha de Santa Catarina - Florianpolis

    Fonte: RUDORFF e BONETTI, 2010 - adaptado

    Figura 2: Localizao e extenso da Praia da Armao

    Fonte: GOOGLE EARTH, 2011 Adaptado

    Lagoa do Peri

    Lagoa do Peri

    Pnt

    ano

    do S

    ul

    Cen

    tro

    SC -

    406

    3.50

    0 m

    Praia da Armao

  • 5

    A praia da Armao limitada na poro Norte pelo promontrio rochoso do

    Morro das Pedras e na poro sul pelo tmbolo formado entre a praia e a Ilha das

    Campanhas e pelo Rio Quinca Antnio (sangradouro da Lagoa do Peri), formando

    uma enseada em espiral. Destaca-se ao sul da regio a Lagoa do Peri, a qual

    representa expressivo manancial de gua doce. Por meio da Figura 3 pode-se

    visualizar a configurao da praia mencionada anteriormente.

    Figura 3: Configurao da Praia da Armao Fonte: GOOGLE EARTH, 2011 Adaptado

    1.1. Eroso da Praia

    As praias arenosas apresentam uma dinmica prpria em virtude da mobilidade

    dos sedimentos, transportados pelos efeitos constantes das ondas, correntes

    litorneas, mars e ventos (SIM e HORN, 2004). Estas praias esto sujeitas

    ao erosiva durante eventos de alta energia e a deposies durante perodos de

    menor energia (KOMAR, 1983). Portanto, os eventos de alta energia (tempestades

    tropicais e extratropicais) atravs da ao conjunta de ondas de tempestade,

    correntes longitudinais e de retorno faz com que a grande totalidade das praias

    apresentem alguma suscetibilidade eroso (SIM e HORN, 2004).

    Alm da contribuio dos eventos meteorolgicos e oceanogrficos, os processos

    erosivos tambm podem ser fruto da interferncia antrpica. O grande

    desenvolvimento e crescimento demogrfico, a ocupao em reas inadequadas,

    estimulada pelo desenvolvimento de atividades como turismo, transporte, pesca e

    indstria, tem desencadeado e/ou acelerado processos erosivos ao longo da costa

    (WISNER et al., 2004).

    Praia da Armao

    Lagoa do Peri

    Ilha Ponta das Campanhas

    Pntano do Sul

    Rio Quinca Antnio

    Morro das Pedras

  • 6

    Durante os meses de abril e maio de 2010 a praia da Armao do Pntano do Sul

    sofreu um fenmeno de intensa, rpida e progressiva eroso costeira, causando

    danos na rea urbana e colocando em risco a segurana de seus moradores.

    O acelerado processo de eroso ocorreu devido aos eventos constantes e

    recorrentes de ressaca, ocasionados pela atuao em Santa Catarina de ciclones

    extratropicais que se formaram entre o Uruguai e o sul do Pas nos meses de abril e

    maio de 2010, os quais ocasionaram chuvas e ventos intensos, deixando o mar

    agitado com ondas de at quatro metros de altura. Segundo o Centro de

    Informaes de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina

    (Ciram), somente entre estes dois meses foram verificadas a atuao de cinco

    ciclones extratropicais na costa catarinense.

    Como consequncia destes eventos teve-se a fragilizao de encostas,

    movimentao de massas de terra e destruio de residncias (Figura 4). Consta

    nos registros da Defesa Civil municipal um levantamento de 21 residncias

    ameaadas, 5 parcialmente destrudas e 5 integralmente destrudas, afetando no

    total 31 residncias e 80 moradores.

    Figura 4: Consequncia dos fenmenos meteorolgicos na Praia da Armao Fonte: Defesa Civil municipal, 2010

  • 7

    Conforme relatrio da SOTEPA, empresa responsvel

    pela obra emergencial da praia executada em 2010,

    houve eroso severa em aproximadamente 1600 metros

    da costa e, segundo relatos de moradores, a faixa de

    areia erodida em alguns pontos atingiu 50 metros. Na

    Figura 5 pode-se verificar por contraste visual que o

    trecho da praia da Armao em que a eroso foi mais

    acentuada converge com a rea de maior concentrao

    demogrfica da regio.

    Como medida emergencial, a fim de se evitar a

    destruio de um nmero maior de residncias e tambm

    de assegurar a segurana dos moradores da localidade, a

    Prefeitura de Florianpolis por intermdio da empresa

    SOTEPA executou na praia, em junho de 2010, uma

    barreira artificial (vide Figura 6 e Figura 7). Esta barreira construda por meio de um

    dique de enrocamento longitudinal se estende ao longo da rea mais crtica da praia

    (1.600 metros) chegando a atingir em alguns pontos altura de at 5 metros.

    Segundo relatrio da empresa, a obra teve como objetivo oferecer uma soluo

    emergencial de proteo e conteno da linha de dunas e casas na referida praia.

    O problema de eroso acima explanado j era observado h mais de dez anos

    por moradores e at mesmo por rgos pblicos municipais e estaduais, porm,

    este vinha ocorrendo de forma lenta e progressiva.

    Figura 5: Trecho da praia com eroso acentuada

  • 8

    Figura 6: Execuo da obra emergencial na Praia da Armao Dique de Enrocamento Fonte: Fotografado por Marcelo Cabral Vaz, Jlio Cavalheiro e SOTEPA, respectivamente

    Figura 7: Acompanhamento realizado aps a execuo da obra emergencial

    1.2. Caracterizao da rea de estudo

    Antes de um estudo mais aprofundado da praia da Armao de primordial

    importncia conhecer as caractersticas metereolgicas e oceanogrficas da regio.

    O levantamento destas caractersticas, apresentado nos itens subsequentes, foi

    realizado por meio de uma reviso bibliogrfica sobre a referida rea de estudo.

    a)

    b) c)

  • 9

    1.2.1. Clima e Meteorologia

    A ilha de Santa Catarina apresenta clima do tipo subtropical mido, com

    temperatura mdia oscilando entre 15 e 18C no inverno e entre 24 e 26C no

    vero. Dados climticos indicam temperatura mdia anual de 21,5C, precipitao

    mdia anual de 1.492mm, ventos com velocidade mdia de 3,31m/s e umidade

    relativa do ar de 80% em mdia (NIMER, 1979).

    Nimer (1979) esclarece que as caractersticas climticas da regio ocorrem pela

    influncia de quatro principais sistemas atmosfricos: Baixa Presso Mvel Polar,

    Anticiclone do Atlntico Sul, Anticiclone do Pacfico Sul e Centro de Baixa Presso

    do Chaco. Estes sistemas associam-se aos principais eventos meteorolgicos, os

    quais tm influncia direta nos processos morfodinmicos da linha de costa e na

    forma de gerao de ondas martimas e de mars meteorolgicas.

    1.2.2. Ventos

    Os ventos na regio apresentam velocidade mdia de 3,31m/s, conforme j

    mencionado, sendo os de direo Norte e Nordeste os mais frequntes (a de 47%) e

    os de quadrante sul os mais intensos (a de 32,5%), alcanando at 6,50m/s

    (MAZZER, 2007). A Figura 8 ilustra estas informaes aa da direo predominante

    dos ventos.

    Figura 8: Direo Predominante dos Ventos

  • 10

    1.2.3. Mars

    Na regio de Florianpolis predomina o regime de micro mar, devido sua baixa

    amplitude mdia (menor que 2 metros) de acordo com a tbua de mars para

    Florianpolis da Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN, 2005) e regime semi-

    diurno (PEIXOTO,2005).

    Para a regio de estudo, os efeitos meteorolgicos so de grande importncia e

    precisam ser considerados. Durante as mars meteorolgicas podem ser

    observadas as maiores variaes do nvel do mar (responsveis por provocar uma

    elevao de at um metro acima da mar astronmica), devido passagem de

    sistemas frontais ciclnicos, ou frentes frias, que so acompanhados de fortes

    tempestades advindas do sul e sudeste, principalmente nos meses de outono e

    inverno. Segundo Mariotti e Franco (2001) o nvel do mar encontra-se

    continuamente oscilando em resposta s forantes astronmicas e meteorolgicas.

    O levantamento mais recente referente ao comportamento maregrfico da Praia

    da Armao do Pntano do Sul, foi realizado pela Diretoria de Obras Hidrulicas

    (DIOH) atravs do convnio entre o Departamento de Edificaes e Obras

    Hidrulicas (DEOH) e a Prefeitura Municipal de Florianpolis. Estes dados

    maregrficos foram levantados durante o perodo de 26 de maro a 28 de dezembro

    de 2001, no qual se observou o nvel do mar mximo de + 1,99 m e o mnimo de

    0,72 m durante este perodo de monitoramento.

    1.2.4. Regime de Ondas

    As informaes sobre o regime de ondas na regio foram obtidas atravs dos

    estudos realizados por Arajo et al. (2003) utilizando dados levantados entre 2002 e

    2003 por um ondgrafo direcional - Datawell Waverider Mark II - fundeado a 35 km

    ao largo da praia da Armao, em uma profundidade de 80 metros (Figura 9). O

    instrumento foi fundeado pelo Laboratrio de Hidrulica Martima (LAHIMAR) da

    Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

  • 11

    Figura 9: Ondgrafo, fundeio e localizao

    Fonte: MELO et al, 2003 - adaptado

    Com base nos dados obtidos atravs do ondgrafo Arajo et al. (2003)

    identificaram cinco padres de ondas para o litoral de Santa Catarina, consistindo

    em duas ondulaes e trs tipos de vagas: ondulaes de sul e sudeste e vagas de

    leste, nordeste e sul. Os cinco grupos so descritos a seguir:

    Sistema A: ondulao longa de sudeste com perodo de pico mdio de 14,2

    segundos e direo mdia de 146, correspondente a ondulaes distantes geradas

    em altas latitudes do Oceano Atlntico Sul.

    Sistema B: ondulao de sul com perodo de pico mdio de 11,4 segundos, com

    162 referente a ondas geradas ao largo da costa do Rio Grande do Sul e Uruguai

    por ventos do quadrante sul que ocorrem aps a passagem de frentes frias pela

    regio.

    Sistema C: vaga de leste com perodo de pico mdio de 8,5 segundos com direo

    de 92, representando um sistema de ondas estvel associado com ventos de

    nordeste do sistema de alta-presso semipermanente do Atlntico Sul.

    Sistema D: vaga de nordeste de curto perodo de pico mdio de 4,7 segundos e

    direo de 27, relacionado com ventos do quadrante norte e nordeste de menor

    durao de tempo que ocorrem logo antes da chegada de uma frente fria.

    Sistema E: vaga de sul com perodo de pico mdio de 6,4 segundos associado a

    ventos de sul que sopram logo aps a passagem dos sistemas frontais. Durante a

    primavera, este sistema mostra um padro mais complexo, dividido-se em dois

    Latitude: 27o 44`S Longitude: 48o10`W Profundidade: 79m

    Mapa de localizao do Ondgrafo

  • 12

    sistemas pela anlise estatstica, um com perodo de 8,5 segundos e outro curto

    com 5,1 segundos, ambos advindos de sul.

    Na Tabela 1 encontra-se de forma resumida os cinco sistemas identificados

    por Arajo et al. (2003), bem como a altura significativa de onda e a frequncia de

    ocorrncia por intervalo de altura de onda destes sistemas.

    Tabela 1: Padres de ondas para o litoral de Santa Catarina

    Direo em guas profundas

    Perodo de Pico

    Altura significativa

    de onda Fr*

    ( ) (Tp) (HS) (%) 0 - 1m 1 - 2m 2 - 3m 3 - 4m 4 - 5mOndulao de Sudeste

    146 14,2s 1,50 a 2,0m 16,0 19,4 40,5 24,6 9,9 3,5

    Ondulao de Sul

    162 11,4s 1,25 a 2,0m 11,0 13,8 38,0 27,8 12,7 4,8

    Vagas de Leste

    92 8,5s 0,75 a 1,75m 10,0 22,2 42,0 23,0 8,5 >3,0

    Vagas de Nordeste

    27 4,7s >0,75m 20,5 23,9 43,2 21,8 7,5 >3,0

    Vagas de Sul 188 6,4s >1,0m 10,0 - - - - -

    PRINCIPAIS TIPOS DE ONDAS OCORRENTES NO LITORAL DE SANTA CATARINA

    * Frequncia Total

    DenominaoFrequencia (%) por intervalo de altura de onda

    Fonte: ARAJO et al., 2003, apud MAZZER, 2007 - adaptado

    Condies de alta energia de onda geralmente provem de ondulaes de

    sul/sudeste, com perodos de pico acima de 11s e ondas maiores que 4 metros em

    guas profundas. Essas condies costumam ocorrer nos perodos de outono e

    inverno, entretanto ondas grandes podem ser encontradas em todas as estaes do

    ano. As condies de baixa energia so associadas a vagas de leste/nordeste

    (ARAJO et al., 2003).

    Os padres de onda mencionados podem ocorrer simultaneamente. Na

    Tabela 2 verificam-se as associaes ocorrentes em cada estao do ano

    juntamente com a frequncia de ocorrncia destas. Arajo et. Al (2003) salientam

    que os sistemas de onda A, B e C ocorrem durante todo o ano na regio.

  • 13

    Tabela 2: Ocorrncia simultnea dos sistemas

    Primavera (%)

    Vero (%)

    Outono (%)

    Inverno (%)

    A - B 1,1 7,3 4,9 19A - C 14,9 29,1 15,7 29,5A - D 3,2 1,6 11 10,1B - C 35,8 30,7 8,5 4,1B - D 15,7 11,1 22,5 20B - E 4,2 5,5 11,8 3,1B - F 11,7 - -C - D 4,2 4,4 10,6 2,7

    OCORRNCIA SIMULTNEA DOS PADRES DE ONDAS NO LITORAL DE SANTA CATARINA

    SistemasEstaes do Ano

    Fonte: ARAJO et al., 2003

    1.2.5. Caractersticas Morfodinmicas

    Durante os ltimos anos foram realizados diversos estudos destinados a

    descrever os aspectos morfodinmicos das praias de Santa Catarina. Estudos

    comprovam que as praias da poro sul da Ilha de Santa Catarina quando

    comparadas entre si apresentam ampla variao quanto aos aspectos relativos

    extenso, morfodinmica, ocupao antrpica, entre outros (MAZZER, 2007).

    Algumas destas caractersticas podem ser constatadas na Tabela 3 a seguir.

    Tabela 3: Caractersticas das Praias do Sul de Florianpolis

    Praia Extenso (m) OrientaoExposio -

    DireoFisiografia e

    Geomorfogia*Sistemas

    associadosTipo

    MorfodinmicoOcupao Antrpica

    Praia da Solido

    1.344,9 NE-SW Mdia SE,E

    Praia de bolso Desembocadura do Rio Pacas

    Dissipativa Alta

    Praia do Pntano do Sul / dos Aores

    2.472,4 ENE-WSWMdia - Baixa

    S,SEEnseada em

    espiral Dunas Dissipativa Alta e Baixa

    Praia da Armao 3.500,0 N-S

    Alta-Baixa NE, E, SE, S

    Enseada em espiral

    Desembocadura do Rio Sangradouro

    Reflectiva Intermediria Dissipativa

    Variada

    Praia do Matadeiro 1.226,8 NW-SE

    Mdia E, NE Praia de bolso

    Desembocadura do Rio Sangradouro

    Reflectiva Intermediria Dissipativa

    Alta e Mdia

    Praia da Lagoinha do Leste

    1.276,4 NNE-SSWAlta

    NE, E, SE, S, SW Praia de bolsoDesembocadura Lagunar e Dunas

    Intermediria Dissipativa Ausente

    CARACTERSTICAS DAS PRAIAS DO SUL DE FLORIANPOLIS

    Fonte: GR et al, 1997; CASTILHOS, 1995, apud MAZZER, 2007

    A Praia da Armao do Pntano do Sul especialmente diferenciada quanto

    a sua morfodinmica. A praia apresenta trs diferentes estgios morfodinmicos: ao

  • 14

    norte apresenta perfil reflexivo, no trecho central da praia apresenta perfil

    intermedirio e ao sul perfil dissipativo, conforme ilustrado na Figura 10

    (CASTILHOS, 1995, apud MAZZER, 2007).

    Figura 10: Variao Longitudinal da Morfodinmica da Praia da Armao

    Fonte: Relatrio SOTEPA, 2010

    Horn (2006) por meio da coleta de amostras de sedimentos e anlises

    laboratoriais subsequentes possibilitou identificar as principais caractersticas

    granulomtricas das areias praiais da ilha de Santa Catarina, dentre elas, a praia da

    Armao do Pntano do Sul. Conforme verifica-se na Tabela 4 a Praia apresenta no

    setor sul perfil dissipativo e baixa energia de onda granulometria fina e nos

    demais setores perfil intermedirio a reflexivo e energia de onda mdia a

    granulometria aumenta em direo ao norte.

    Tabela 4: Dados granulomtricos da Praia da Armao do Pntano do Sul

    Latitude Longitude phi mm phi mm1 27 43' 25,4" 48 30' 18,6" 0,13 0,91 areia grossa 0,58 0,672 27 44' 17,3" 48 30' 27,4" 0,22 0,86 areia grossa 0,63 0,653 27 44' 58,4" 48 30' 08,9" 2,07 0,24 areia fina 0,74 0,60

    *Classificao pelo dimetro do gro

    Dimetro mdio do gro Desvio PadroDADOS GRANULOMTRICOS DA PRAIA DA ARMAO

    LocalizaoClassificao*Amostra

    Fonte: HORN, 2006

    1.2.6. Estudo de Vulnerabilidade

    O estudo de vulnerabilidade tem por finalidade estimar a ocorrncia de eroses

    nas diversas pores da linha de costa. Mazzer (2007) destaca que a

    vulnerabilidade da linha de costa eroso costeira est baseada em fatores

  • 15

    geolgicos, geomorfolgicos, oceanogrficos, os quais atuam em diversas escalas

    de tempo.

    Dos estudos dos processos morfodinmicos evidencia-se a importante questo

    do grau de risco eroso da linha costeira, caracterizada por mtodos de

    determinao de ndices de vulnerabilidade. No relatrio do projeto bsico da obra

    emergencial da praia da Armao realizado pela empresa SOTEPA encontra-se um

    apanhado de diferentes mtodos propostos na literatura sobre o assunto, processos

    esses que visam integrar de forma racional os diversos fatores naturais e antrpicos

    que podem ocasionar a eroso costeira (Tabela 5).

    Tabela 5: Fatores relacionados eroso costeira

    FATORES NATURAIS FATORES ANTRPICOS

    Elevao do nvel do mar

    Tempestades

    Declividade da plataforma continental

    Disponibilidade e tamanho dos sedimentos

    Comportamento das ondas e dos ventos

    Caractersticas das correntes marinhas

    Descargas dos rios adjacentes

    Reduo e remoo dos sedimentos

    Construo de barragem nos rios

    Mudana nos canais de mars/barras

    Molhes nas desembocaduras de rios

    Construo de portos e piers

    Obras de enrocamento

    Urbanizao da orla

    Fonte: Relatrio SOTEPA, 2010

    A Praia da Armao apresenta uma combinao de diversos fatores de risco,

    tanto naturais quanto antrpicos. Mazzer (2007) destaca que o local consiste numa

    praia exposta s ondulaes dos quadrantes leste e sul e apresenta um grau de

    ocupao crescente em torno da costa. Em sua anlise vulnerabilidade Mazzer

    (2007) utilizou oito variveis, as quais foram comparadas quanto a sua correlao

    com as taxas de variaes da linha de costa interanual e interdecadal, obtidas por

    meio de aerofotos dos anos de 1938, 1978, 1994, 1998 e 2002.

    A indicao de processos de eroso costeira por parte das variveis foi baseada

    no estabelecimento de uma regra simples, vide Tabela 6, atravs da qual foi

    possvel realizar uma comparao com as taxas de eroso em escalas interdecadal

    e interanual resultando na obteno de 3 ndices de vulnerabilidade costeira: ndice

    interanual, interdecadal e geral.

  • 16

    Tabela 6: Regras para tornar as variveis como indicadores de eroso

    QUANTO MAIOR A EROSO COSTEIRA: 1 Maior altura de onda (HB)

    2 Maior ngulo de inclinao da face litornea (IFL)

    3 Menor a altitude da orla (ALT)

    4 Maior a velocidade de corrente longitudinal residual (CLR)

    5 Maior o tamanho de gro mdio na face praial (TMG)

    6 Menor inclinao mdia do estirncio (IME)

    7 Menor Largura de ps

    8 Maior valor no ndice de limites de clulas costeiras (ILCC)

    Fonte: Mazzer, 2007

    Com a anlise e ponderao das oito variveis citadas, Mazzer (2007) elaborou

    um mapa de vulnerabilidade eroso costeira para a Praia da Armao do Pntano

    do Sul, conforme pode ser visualizado na Figura 11.

  • 17

    Figura 11: Vulnerabilidade eroso costeira na Praia da Armao (a) I.V. Anual; (b) I.V. - Decadal. 1- Altura de onda na quebra; 2- Inclinao de face litornea; 3- Altimetria mdia da orla; 4- Velocidade residual de corrente longitudinal; 5- Tamanho mdio de gro da face praial; 6- Declividade

    mdia da face praial; 7- Largura mdia de ps praia; 8- Balano Potencial de Sedimentos Fonte: Mazzer, 2007

  • 18

    Mazzer (2007) salienta que a altura mdia de onda teve grande importncia na

    anlise de vulnerabilidade costeira, estando amplamente correlacionada com a

    declividade da antepraia e com as taxas de eroso, em ambas as escalas. Os

    perodos adotados nesta anlise (interdecadal e interanual) representam um bom

    perodo de avaliao uma vez que estudos realizados em uma escala de tempo de

    at 100 anos correspondem a um perodo importante em relao s influncias

    antrpicas na orla martima, devido ao fato de coincidir com um perodo de rpida

    evoluo no desenvolvimento da sociedade humana (CROWEL et al., 1991).

    Leatherman (2003) ratifica que perodos de at 100 anos so de interesse humano

    por contemporizar possveis processos de elevao do nvel do mar e eroso

    costeira.

    Os estudos de Mazzer (2007) resultam que, de forma geral, est ocorrendo

    eroso costeira na rea de estudo. Porm, em escala interdecadal, as taxas so em

    mdia trs vezes maiores que as medidas em escala interanual, ainda que a

    amplitude de valores nesta ltima escala seja superior primeira. Assim, o autor

    conclui que variaes de respostas em escala interdecadal entre as praias ressaltam

    a influncia da configurao espacial (orientao, exposio) e dos aspectos

    morfodinmicos de mdio prazo (estgio morfodinmico, rotao praial). J em

    escala interanual refletem as respostas aos processos ligados a eventos de alta

    energia e variaes sazonais e interanuais, nas condies hidrodinmicas e

    meteorolgicas.

    SOTEPA, em seu relatrio, destaca que no caso da praia da Armao, a escala

    interdecadal indica a tendncia de um processo erosivo permanente. De fato, nas

    ltimas 7 dcadas esta praia registrou um recuo mdio de 0,52m/ano (Tabela 7)

    onde alguns trechos sofreram diminuio de mais de 60m de linha costeira, como

    apresentado na Figura 12.

    Dentre os resultados encontrados por Mazzer (2007), o autor destaca que a

    praia da Armao apresenta no extremo norte perfil reflexivo e variaes positivas

    da linha de costa, apresentando taxa mxima de at +0, 22 m/ ano, enquanto, em

    seu extremo sul, onde o perfil passa a apresentar-se dissipativo, as taxas de

    variao so negativas e podem alcanar -1,34 m/ano (Tabela 7).

  • 19

    Tabela 7: Dados gerais de variao da linha de costa expressos em taxas anuais e variao longitudinal ao longo dos perfis, por praias e de forma geral

    N de Perodo 1938-2002 Perodo 1998-2002perfis Mn./Mx. Mn./Mx.

    Praia da Solido 12 -1,10 0,19 -1,4/-0,91 +0,22 1,4 -2,23/2,97 -73,65 5,15 +0,84 5,39Praia dos Aores / Pntano do Sul

    59 -0,90 0,43 -1,80/0,07 -1,15 2,20 -5,6 / 7,62 -70,55 28,29 -4,39 8,29

    Praia da Lagoinha do Leste

    26 -0,14 0,35 -1,28/0,45 -2,03 3,46 -11,6/4,9 -24,19 12,48 -7,61 12,97

    Praia do Matadeiro 13 +0,01 0,16 -0,29/0,25 -3,45 1,40 -5,71/-1,27 -13,01 10,77 -12,93 5,56Praia da Armao 68 -0,52 0,38 -1,34/0,22 +1,99 2,23 -7,54/7,11 -22,78 16,51 +6,82 11,54

    Mdia Geral 182 -0,59 0,49 -0,22 3,21 -41,71 31,58 -0,83 8,30

    Taxa de variao (m/ano) Variao da linha de costa (m)recuo (-) avano (+)

    DADOS GERAIS DE VARIAO DA LINHA DE COSTA

    Nome da PraiaPerodo 1938-2002 Perodo 1998-2002

    Fonte: MAZZER, 2007

    Figura 12: Variaes temporais na linha de costa na praia da Armao (1938-2002)

    Fonte: Relatrio SOTEPA, 2010

    No trecho central da praia ocorrem as maiores taxas de variao negativa,

    associadas uma maior exposio s ondulaes, bem como uma situao de

    transio entre o perfil. Por fim, conclui-se que a praia apresenta trechos de

    diferentes ndices de vulnerabilidade eroso, na qual a eroso diminui nos trechos

    onde o perfil reflexivo, aumenta nos perfis intermedirios, voltando a diminuir na

    poro dissipativa, mais abrigada.

    De acordo com os estudos e dados levantados sobre a morfodinmica praial e

    vulnerabilidade eroso, verifica-se que o processo erosivo ocorrido na praia da

    Armao bastante intenso, complexo e instvel. Alm disso, a regio apresenta

    tendncia de processos erosivos permanentes, caracterizando a situao da praia

    da Armao como um problema urgente.

  • 20

    2 METODOLOGIA

    A partir do levantamento bibliogrfico e terico da regio, optou-se pelo

    estudo dessa atravs da anlise numrica (computacional), ferramenta muito

    utilizada para o estudo de ambientes costeiros. Segundo Lakhan (2003) os modelos

    numricos esto se tornando cada vez mais indispensveis no entendimento e na

    previso da dinmica do sistema costeiro, alm de dar suporte para tomadas de

    deciso e elaborao de solues para problemas complexos.

    As tcnicas numricas podem ser utilizadas nas mais diversas reas de

    conhecimento, dentre elas destaca-se a Oceanografia Fsica, na qual existem

    diversos modelos computacionais para modelagem hidrodinmica, de ondas e de

    transporte de sedimentos (SIGNORIN, 2010). De acordo com Fortuna (2000),

    apesar de toda a flexibilidade que esta tcnica oferece, ela muitas vezes no pode

    resolver algumas situaes verificadas no ambiente, estando limitada pelos

    parmetros usados na simulao. Tambm h o fato de que existem situaes

    difceis de serem modeladas e transformadas em equaes para tratamento

    numrico. Entretanto, de forma geral, a modelagem numrica apresenta resultados

    satisfatrios e vem sendo extensivamente usada e aperfeioada com os avanos da

    computao.

    A seguir ser apresentada a metodologia utilizada para o estudo da praia da

    Armao envolvendo modelos empricos e numricos.

    2.1. Modelo Emprico Parbola de Hsu

    A primeira etapa da metodologia objetiva caracterizar as condies de

    equilbrio em planta da praia da Armao do Pntano do Sul. Tal verificao ser

    realizada de acordo com a aplicao de um modelo terico emprico reconhecido

    para este fim. Essa anlise tem por finalidade iniciar um estudo da dinmica costeira

    da regio, que, por sua vez, auxiliar na definio de um modelo de funcionamento

    conceitual para esta rea.

    O estudo de estabilidade praial ser realizado em dois momentos. O primeiro

    tem como meta avaliar a estabilidade atual da praia da Armao, verificando se a

    mesma apresenta-se em equilbrio esttico ou dinmico. Em um segundo momento,

    o modelo emprico ser utilizado como uma ferramenta auxiliar na definio das

    propostas de interveno para a recuperao da praia.

  • 21

    Apesar da existncia de alguns modelos empricos destinados anlise da

    forma plana de praias de enseada em formato espiral, forma esta da praia da

    Armao, entre eles o Espiral Logartmica (KRUMBEIN, 1944 e YASSO, 1965)

    optou-se pela utilizao do Modelo Parablico (HSU e EVANS, 1989). Selecionou-se

    este, uma vez que a eficcia de tal modelo para esta configurao de praia

    constatada e pelo fato de ser reconhecida a dificuldade em definir o equilbrio em

    planta de uma praia com base em frmulas log-espiral (SILVESTER. 1970, 1974).

    Por fim ser utilizado o modelo parablico proposto por Hsu e Evans em 1989,

    porm, adaptado por Medina e Gonzlez (2001), que considera alguns parmetros

    adicionais na aplicao de tal modelo.

    De acordo com Klein et al. (apud Vargas et al., 2002), o modelo parablico

    apresenta-se mais robusto que os demais por no representar apenas uma soluo

    matemtica que define a forma da enseada a partir de dados geomtricos, mas leva

    em considerao parmetros relacionados com a direo da onda de maior energia

    (obliquidade). Medina e Gonzles (2001) destacam que esta relao parablica ,

    atualmente, a mais amplamente utilizada para verificar a estabilidade de praias de

    enseada. O modelo parablico de Hsu tambm recomendado no manual de

    Engenharia Costeira (USACE, 2002) para avaliao de projetos e determinao da

    forma da praia em equilbrio.

    O modelo selecionado foi fundamentado em uma srie de experimentos

    realizados em um modelo reduzido (prottipo) sem condies de fornecimento de

    sedimentos, e aplicvel a praias de enseada, como no caso da praia da Armao.

    Por meio dele possvel definir e analisar a linha de costa em planta, alm de prever

    possveis alteraes em sua localizao e formato.

    Segundo Silvester e Hsu (1993) as praias de enseada podem apresentar-se

    em equilbrio esttico ou em equilbrio dinmico. Em uma situao estvel, ou de

    equilbrio esttico, os trens de onda dominantes atingem perpendicularmente toda a

    extenso da praia, as cristas de onda quebram simultaneamente ao longo da praia e

    o transporte longitudinal de sedimento, bem como os processos de eroso e

    deposio, so anulados. No entanto, quando o transporte longitudinal ativo, a

    praia encontra-se em um estado instvel, ou de equilbrio dinmico. Neste tipo de

    praia, as foras de deriva litornea e o suprimento sedimentar so fatores

    determinantes na manuteno da faixa de praia na sua posio atual. As alteraes

  • 22

    morfolgicas so geralmente ocasionadas por fatores que modificam a trajetria

    natural das ondas que chegam praia, entre os quais, a existncia de barreiras

    fsicas, tais como ilhas ou promontrios rochosos e, principalmente, construes,

    como molhes e plataformas (SHORT E MASSELINK, 1999 apud VARGAS et al.,

    2002).

    Praias de enseada so, por definio, praias com geometria plana

    caractersticas, consequentes da difrao das ondas. So limitadas por promontrios

    rochosos ou outros obstculos fsicos, geralmente formando um arco de curvatura

    mais acentuada e cujo contorno tende a assumir a forma de um meio corao ou de

    uma lua crescente (SHORT E MASSELINK, 1999 apud VARGAS et al., 2002).

    Vargas et al. (2002) descreve as praias de enseada como praias que

    desenvolvem formas assimtricas, caracterizadas por uma zona de sombra, prxima

    ao promontrio rochoso, protegida da energia de ondas e fortemente curvada. A

    parte central levemente curvada e a outra extremidade retilnea, sendo

    normalmente paralela a direo dominante dos trens de onda na regio (Figura 13).

    Figura 13: Compartimentos de uma praia de enseada

    Fonte: VARGAS et al., 2002

    Para uma praia de enseada, o transporte longitudinal de sedimentos, causado

    pela incidncia obliqua e pelo gradiente de altura das ondas, responsvel pela

    modelagem da forma da praia em planta. Esta assume uma orientao dependente

    do ngulo de incidncia das ondas dominantes, uma vez que uma praia tende a ser

    moldada transversalmente direo de ataque das ondas predominantes na mesma

    (VARGAS et al. ,2002).Para a aplicao do modelo extrai-se por meio de imagens

    areas retificadas ou mapas (Figura 14), os seguintes parmetros:

  • 23

    Figura 14: Definio dos pontos de controle

    Fonte: KLEIN et al., 2003

    R Linha de controle: linha que une o ponto de controle localizado no

    promontrio rochoso aonde se inicia o processo de difrao de ondas, at a

    extremidade final da praia.

    d Linha de crista de ondas predominantes (obliquidade das ondas): a

    obliquidade das ondas predominantes na praia de enseada em questo obtida a

    partir de fotografias areas ou mapas que esto sendo utilizados, e corresponde a

    uma linha paralela poro mais retilnea da praia.

    (Beta): ngulo formado entre as linhas de crista de onda predominantes e a

    linha de controle R .

    Klein et al. (2003) afirma que algumas outras variveis associadas a

    enseadas naturais, como o tipo de praia (morfodinmica), perodo e altura da onda,

    no so includas na formulao do modelo parablico por serem consideradas

    insignificantes no resultado final. Porm, Medina e Gonzles (2001), na adaptao

    realizada formulao de Hsu, consideraram tais parmetros e ressaltam que

    obtiveram um bom comportamento em sua aplicao experimental e em campo.

    Alm disso, os resultados tambm demonstram que, se a distncia perpendicular do

    ponto de difrao at a praia e o comprimento da onda dominante conhecida,

    possvel determinar a forma e a zona afetada da praia e, portanto, a areia

    necessria para seu equilbrio.

    Sendo assim, o modelo terico escolhido permitir identificar se a praia

    analisada encontra-se numa situao de equilbrio esttico, onde no ocorre

    modificaes morfolgicas na linha de costa, ou se a mesma encontra-se em

  • 24

    equilbrio dinmico, onde a linha de costa tende a assumir uma forma diferente da

    atual.

    2.2. Modelo Numrico

    A anlise computacional ser realizada com o auxlio do software SMC -

    Cantbria (Sistema de Modelagem Costeira) desenvolvido pelo grupo de Engenharia

    Oceanogrfica e Costas (GIOC) da Universidade de Cantbria na Espanha em

    conjunto com o Ministrio do Meio Ambiente.

    Dentre os diversos modelos numricos existentes, o presente trabalho

    utilizar o mdulo MOPLA (Morfodinmica de Praias) includo no software SMC.

    Esse mdulo contm os modelos OLUCA, COPLA e EROS que permitiro a anlise

    e compreenso da propagao de ondas, correntes geradas por ondas, transporte

    de sedimentos e alteraes morfolgicas, respectivamente.

    O modelo OLUCA, baseado no modelo REF/DIF (KIRBY et al.; 1986,1994) da

    Universidade de Delaware, resolve a equao da pendente suave a partir de sua

    aproximao parablica, sobre uma malha ortogonal com um esquema de

    diferenas finitas. um modelo combinado de refrao e difrao, permitindo o

    estudo de zonas onde o efeito desses processos importante. Classifica-se como

    um modelo no dispersivo em amplitude, que resolve a fase da onda sobre

    batimetrias complexas. Seus resultados so utilizados pelo modelo COPLA, para

    calcular os tensores de radiao (radiation stress) gerados pela quebra de ondas

    (funo da altura, perodo, direo e profundidade) e gerar as correntes resultantes.

    Com os resultados do COPLA, o modelo EROS calcula o transporte de sedimentos

    gerado pelas correntes.

    Esses modelos sero executados utilizando espectros de onda visto a

    simplicidade e no aplicabilidade dos casos monocromticos na natureza.

    2.2.1. Pr-Processamento da batimetria

    Para as simulaes numricas, duas fontes de informaes batimtrica foram

    utilizadas. A primeira foi obtida a partir da digitalizao da Carta Nutica 1904 (vide

    Figura 15), na qual est contemplada a regio sul da Ilha de Santa Catarina e

    consequentemente a rea de estudo em questo, a praia da Armao do Pntano

    do Sul. Essa carta utilizada atualmente a mais detalhada para a regio.

  • 25

    Figura 15: Carta Nutica 1904

    Fonte: MARINHA DO BRASIL (adaptado)

    A segunda foram os dados de batimetria levantados em 2009 pelo

    Departamento de Edificaes e Obras Hidrulicas de Santa Catarina (DEOH). Esses

    dados obtidos junto ao DEOH foram utilizados como batimetria de detalhe, pois os

    pontos levantados so referentes apenas ao trecho sul da Praia, onde o fenmeno

    de eroso est mais acentuado.

    Iniciou-se o processamento da batimetria com a digitalizao dos pontos da

    carta nutica 1904 com auxlio do software SMS (Surface-Water Modeling System)

    da Aquaveo. Os pontos digitalizados podem ser visualizados atravs da Figura 16.

  • 26

    Figura 16: Digitalizao da batimetria, Carta Nutica 1904 Software SMS

    Antes da unio dos dados batimtricos da carta nutica com os obtidos junto

    ao DEOH, realizou-se a compatibilizao do datum vertical e horizontal de ambas.

    Isto ocorreu uma vez que a carta nutica estava referenciada ao datum vertical da

    Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN) no qual o nvel zero corresponde ao

    nvel equivalente a mdia das baixa-mar de sizgia e ao datum horizontal do WGS-

    84 (World Geodetic System 1984), enquanto os dados da batimetria detalhada do

    DEOH estavam referenciados ao datum vertical zero do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE) e ao datum horizontal SAD 69 (South Amercian

    Datum 1969).

    A converso da batimetria da carta nutica foi realizada, tambm por meio do

    software SMS, padronizando-se os dois conjuntos de dados para o datum horizontal

    SAD-69. Houve tambm a compatibilizao do datum vertical da batimetria

    detalhada, a qual foi convertida para o datum vertical do IBGE com base em

    informaes obtidas junto ao DEOH.

    Em seguida, os dados acima foram extrados para um arquivo nico para dar-

    se incio aos estudos numricos. A linha de costa da praia, obtida por meio do

    DEOH, tambm teve seu georreferenciamento compatibilizado e foi introduzida ao

    modelo.

  • 27

    Com a batimetria inserida no programa, realizou-se o pr-processamento

    destes dados afim de se evitar problemas resultantes da interpolao que pudessem

    afetar a propagao das ondas.

    2.2.2. Definio dos casos de ondas para as simulaes numricas

    Os casos de ondas foram selecionados referenciando o estudo de Arajo et

    al. (2003). Optou-se pela escolha de trs estados de mar representativos para a

    realizao da modelagem numrica: i) ondulao de sudeste, ii) vaga de leste e iii)

    vaga de nordeste. Dos padres de ondas advindos do quadrante sul e sudeste,

    optou-se pela ondulao de sudeste por esta ser a mais energtica, alm da

    atuao desta estar associada a eventos de alta energia. A opo pela vaga de leste

    se deu pelo fato da parte retilnea da praia ser moldada transversalmente direo

    de ataque destas ondas. Por fim, optou-se pela vaga de nordeste por esta ser a

    mais frequente na regio (Tabela 1), possibilitando assim a modelagem dos padres

    de ondas advindos de diferentes quadrantes de maneira a fornecer

    representatividade do comportamento hidrodinmico desta praia.

    Na Tabela 8 esto apresentados os parmetros relacionados aos casos de

    onda utilizados na modelagem.

    Tabela 8: Padres de ondas utilizados na modelagem

    Direo em guas profundas

    Perodo de Pico

    Altura significativa

    de onda

    Espalhamento Direcional

    ( ) (Tp) (HS) ( )Ondulao de Sudeste

    146 14,2s 2,0m 10

    Vagas de Leste

    92 8,5s 1,25m 15

    Vagas de Nordeste

    27 5s 0,75m 20

    PADRES DE ONDAS UTILIZADOS NA MODELAGEM

    Denominao

    A seguir esto apresentados os espectros TMA configurados no modelo

    atravs dos dados paramtricos expressos na Tabela 8. Estas figuras (Figura 17 a

    Figura 19) possibilitam uma comparao direta entre os trs casos modelados

    (sudeste, leste e nordeste) com relao energia, frequncia e direo inerente a

    cada um desses.

  • 28

    Espectro bidimensional - Ondulao de Sudeste

    Espectro frequencial Ondulao de Sudeste Hs=2,0m, Fp=0,070423Hz (Tp=14.2s)

    Espectro direcional Ondulao de Sudeste =10

    Figura 17: Espectros - Ondulao de Sudeste

  • 29

    Espectro frequencial Vaga de Leste Hs=1,25m, Fp=0,117647Hz (Tp=8.5s)

    Espectro direcional Vaga de Leste =15

    Figura 18: Espectros - Vaga de Leste

    Espectro bidimensional - Vaga de Leste

  • 30

    Espectro frequencial Vaga de Nordeste Hs=0,75m, Fp=0,2Hz (Tp=5s)

    Espectro direcional Vaga de Nordeste =20

    Figura 19: Espectros - Vaga de Nordeste

    Espectro bidimensional - Vaga de Nordeste

  • 31

    As direes apresentadas nas figuras so configuradas em relao malha

    numrica utilizada na modelagem. Deste modo, o ngulo zero apresentado pelos

    diagramas representam as direes das ondas incidentes na praia (leste, sudeste e

    nordeste) estando essas paralelas ao eixo x de clculo de cada grade numrica

    utilizada. Tendo isso em vista, possvel perceber que a partir da direo zero os

    espectros direcionais demonstram um espalhamento em torno da direo mdia de

    propagao utilizada neste trabalho, vinculada ao perodo de cada ondulao.

    possvel observar atravs das figuras uma condio de crescente energia

    de onda, quando avaliando ondulaes de nordeste, leste e sudeste

    respectivamente, uma vez que os espalhamentos direcionais so de 10 para

    ondulaes de sudeste, 15 para de leste e 20 para de nordeste.

    As imagens dos espectros bidimensionais apresentam de forma didtica os

    espectros de frequncia e espectros direcionais.

    2.3. Malha

    Para a propagao dos casos de onda no software SMC Cantbria se fez

    necessria a definio de malhas numricas. Para isso realizou-se um estudo de

    discretizao das mesmas de forma a balancear o tempo necessrio para

    processamento de dados e a preciso numrica dos resultados.

    Uma vez conhecida as limitaes do software quanto quantidade de

    elementos de malha, optou-se pelo acoplamento de duas malhas com discretizao

    diferenciada (Figura 20). A malha menos refinada (80x80m) foi posicionada na rea

    de maior profundidade, local no qual a batimetria possui menor detalhamento. Por

    outro lado, a mais refinada (10x10m) foi posicionada nas proximidades da costa,

    devido maior quantidade de dados batimtricos nessa regio. Observa-se por meio

    da Figura 20 que devido s limitaes nas dimenses das malhas e diferenas de

    ngulos de incidncia de onda, cada malha foi definida com dimenses prprias, de

    acordo com as singulares caractersticas de cada caso de onda selecionado.

  • 32

    Figura 20: Lanamento das malhas para ondulaes de: a) Sudeste b) Leste c) Nordeste

    A direo utilizada para o lanamento das malhas procurou acompanhar a

    angulao de cada uma das ondulaes incidentes (146 para de sudeste, 180 para

    a de leste e 153 para nordeste). Essa definio visa reduzir erros numricos

    relativos s variaes existentes entre a inclinao da malha e o ngulo de

    incidncia da ondulao propagada.

    Finalmente, atravs da definio das malha numricas e com base nos dados

    batimtricos iniciou-se a modelagem numrica atravs da interpolao linear desses

    dados, com auxlio do softwareI Surfer, para definio da superfcie final da malha.

    a) b) c)

  • 33

    3 RESULTADOS

    Com base na metodologia descrita anteriormente, este captulo tem por

    objetivo completar um ciclo de anlises da praia da Armao do Pntano do Sul.

    Primeiramente sero apresentados resultados para as condies atuais da regio

    que fundamentem o regime de ondas, correntes e transporte de sedimentos para

    posterior anlise das possveis aes de recuperao da praia, dos tipos de

    interveno a serem adotados, bem como do impacto da escolha dessas no regime

    hidrodinmico.

    Os resultados sero apresentados em duas etapas, a primeira ilustrada

    atravs da anlise do cenrio atual da praia e a segunda com a implantao de

    sugestes de intervenes de engenharia, caso seja verificada a sua necessidade.

    Desta forma, as mudanas na forma em planta da praia, cenrio atual versus

    cenrio futuro, sero confrontados.

    4.1. Modelo Emprico Caracterizao da Praia

    Para a aplicao do Modelo Parablico (MP),

    proposto por Hsu e Evans em 1989, utilizou-se o

    desenho em planta da Praia da Armao do Pntano

    do Sul.

    Utilizando uma das hipteses bsicas do

    modelo, definiu-se como direo de incidncia do

    fluxo mdio de energia da praia as ondas de leste,

    uma vez que, conforme a teoria, a praia tende a ser

    moldada transversalmente direo de ataque das

    ondas predominantes mesma (Figura 21).

    De posse dos contornos da linha de costa da

    praia, optou-se por um modelo mais simplificado no

    qual se identificou apenas um ponto onde ocorre a

    difrao das ondas, ponto este localizado na

    extremidade da ilha das Campanhas, este obstculo fsico responsvel por alterar

    a forma das cristas das ondas que chegam praia. Unindo este ponto de difrao,

    ponto de controle no qual o modelo exerce influncia na morfologia da linha de

    Figura 21: Definio da direo das ondas dominantes

  • 34

    costa, ao final da seo retilnea da praia definiu-se a linha de controle

    (R=808metros).

    Na sequncia, traou-se graficamente a direo predominante de ondas

    direo leste definida durante a anlise inicial dos contornos da praia obtendo-se o

    ngulo de 69.8o entre a linha de controle e a direo da onda dominante.

    Finalmente, realizaram-se os ajustes finos no modelo parablico de maneira a

    identificar, como por exemplo, o perodo das ondas incidentes (8.5 segundos) e a

    profundidade do ponto de difrao (10 metros).

    A aplicao do Modelo Parablico obtido para o cenrio atual pode ser

    visualizado na Figura 22 a seguir.

    Figura 22: Etapas da elaborao do MP. a) Entrada de dados linha de costa e batimetria b)

    Lanamento e ajuste do MP c) Praia de Equilbrio

    Por meio da Figura 23 possvel perceber que o Modelo Parablico aplicado

    na da praia da Armao contemplou um comprimento total de 2.220 metros da linha

    de costa existente, abrangendo assim as zonas de vulnerabilidade eroso

    classificadas como alta e muito alta identificadas por Mazzer (2007). A figura

    tambm detalha as dimenses da praia de acordo com o modelo terico adotado, no

    qual a seo retilnea da praia existente totalizou 1.060 metros adicionados aos

    1.160 metros que definiram a zona de sombra.

  • 35

    Figura 23: Dimenses da linha de costa analisada

    Comparando-se a linha de costa existente com a linha de costa terica obtida

    com a aplicao do modelo (linha azul da Figura 22c) foi possvel caracterizar uma

    situao de equilbrio dinmico da praia analisada. Logo, a partir do mtodo de Hsu

    utilizado, a Praia apresenta uma componente longitudinal de corrente de ondas

    diferente de zero, causando um transporte sedimentar longitudinal e

    consequentemente uma variao da largura da parte emersa da praia. A Figura 24 a

    seguir apresenta essa zona ativa (hachurada em vermelho) da praia resultante da

    aplicao do modelo terico.

    Figura 24: Variao da largura da parte emersa da Praia Zona Ativa

  • 36

    Assim, possvel perceber que, de acordo com o ponto de difrao adotado,

    o modelo demonstra que a praia busca se ajustar as variaes de energia

    hidrodinmica, variando a largura da parte emersa na rea mais interna da parbola.

    Apesar dessa busca pelo equilbrio ser natural e esperada, a urbanizao existente

    na regio impede que esse equilbrio seja atingido em situaes de alta energia

    hidrodinmica, potencializando os problemas de eroso costeira neste setor. Nesta

    linha de pensamento, fazem-se necessrias medidas mitigadoras para a situao de

    equilbrio dinmico apontado pelo modelo.

    Percebe-se ento, a necessidade de se fornecer uma ou mais opes para

    converter essa condio instvel da praia para uma condio de equilbrio, sendo

    necessrio um estudo mais aprofundado do funcionamento das ondas, correntes e

    transporte de sedimentos que ocorrem no cenrio atual da regio.

    4.2. Modelagem Numrica Situao Atual

    Na sequncia so apresentados os diagramas de cristas e cavas, altura de

    onda significativa, corrente gerada pela ao das ondas e transporte de sedimentos

    obtidos para cada um dos 3 (trs) casos de ondas selecionados (sudeste, leste e

    nordeste). Os resultados foram obtidos por meio da modelagem numrica para a

    situao atual da Praia.

  • 37

    Figura 25: Ondulao de Sudeste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de onda significativa.

    a) b)

  • 38

    Figura 26: Ondulao de Sudeste a) Correntes geradas pela onda. b) Transporte de sedimentos.

    a) b)

  • 39

    Figura 27: Ondulao de Leste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de onda significativa.

    a) b)

  • 40

    Figura 28: Ondulao de Leste a) Corrente gerada pela onda. b) Transporte de sedimentos.

    a) b)

  • 41

    Figura 29: Ondulao de Nordeste a) Diagrama das cristas e cavas. b) Altura de onda significativa.

    a) b)

  • 42

    Figura 30: Ondulao de Nordeste a) Corrente gerada pela onda. b) Transporte de sedimentos.

    a) b)

  • 43

    Os resultados apresentados contriburam para uma melhor compreenso do

    funcionamento da praia e permitiram o delineamento de um modelo conceitual a

    partir de certos padres de comportamento. O promontrio da ilha das Campanhas,

    por exemplo, gera uma zona de sombra no flanco curvo da Praia, uma vez que,

    devido difrao sofrida pelas ondas incidentes ao encontrar tal promontrio a

    energia das mesmas dissipada resultando em ondas de menor altura (conforme

    pode ser visualizado na Figura 25, Figura 27 e Figura 29). Essa caracterstica

    perceptvel para todos os padres de ondas selecionados, porm em menor

    intensidade para ondulaes de Nordeste, uma vez que as mesmas apresentam, de

    forma geral, condies de baixa altura de onda (ver Figura 29).

    Cita-se tambm a influncia da laje (parcel) existente nas guas da Armao,

    que, de acordo com os resultados, dependente da direo das ondas incidentes,

    uma vez que as ondulaes de leste e nordeste geram uma zona de reduo e outra

    de aumento de altura das ondas e as de sudeste (condio mais energtica)

    determina uma regio de focalizao de energia associada a duas de reduo

    localizadas nas adjacncias do foco energtico (Figura 25b). Classificou-se essa

    regio como uma zona migrante, uma vez que a mesma varia de acordo com o

    ngulo de incidncia das ondulaes. A influncia desse pequeno parcel tambm

    responsvel por alterar o fluxo de corrente gerada pelas ondas e de transporte de

    sedimento. Na Figura 26, Figura 28 e Figura 30 possvel visualizar um intenso

    vrtice gerado nesses fluxos de correntes e transporte de sedimentos prximos

    atuao da laje.

    Destaca-se ainda que no trecho sul da praia as diferenas de alturas de

    ondas geradas tanto pelas alteraes na batimetria quanto pela difrao das ondas

    em maior grau devido ao promontrio da ilha das Campanhas e em menor pela

    presena do parcel geram um gradiente hidrulico que, contribuem para

    movimentao dos sedimentos no sentido das maiores alturas de ondas para as

    menores. Desta forma, de maneira geral, o transporte de sedimentos ocorre de norte

    para sul em boa parte da praia. Alguns pontos nos quais perceptvel uma

    divergncia dos sentidos das correntes longitudinais e transporte de sedimentos

    tambm podem ser explicados pela formao de um gradiente hidrulico, como por

    exemplo, na regio com diferenas de alturas geradas pela presena da laje.

  • 44

    4.3. Definio do Modelo Conceitual

    Dos padres de transporte de sedimentos, avaliaram-se cautelosamente

    todos os casos de onda modelados. Assim, tendo em vista os resultados obtidos

    para ondulaes de nordeste e sudeste,caso mais energtico de onda na regio,

    possvel estabelecer uma tendncia de carreamento dos sedimentos para o sentido

    norte da praia (Figura 26b e Figura 30b).

    Apesar da ondulao de leste apresentar um transporte contrrio ao

    mencionado (Figura 28b), a movimentao dos sedimentos na direo norte tambm

    pode ser identificada em uma anlise emprica do problema, uma vez que ntido

    que a praia est sofrendo problemas devido eroso e o acmulo/depsito desse

    sedimento removido no ocorre ao longo do trecho crtico estudado. A existncia da

    faixa maior de areia ao norte da praia tambm corrobora a hiptese de que os

    sedimentos deslocam-se nesse sentido.

    Na sequncia a Figura 31 possibilita uma visualizao resumida das aes

    que definem o funcionamento morfodinmico da Praia da Armao.

    Figura 31: Caractersticas Morfodinmicas da Praia da Armao.

  • 45

    Considerando-se a caracterstica do carreamento de sedimentos para o norte,

    percebeu-se a possibilidade de a praia do Matadeiro juntamente com o rio Quinca

    serem uma antiga fonte de sedimentos agora obstruda pelo enrocamento existente

    entre a praia da Armao e a ilha das Campanhas (Figura 32). Aborda-se essa

    informao na qualidade de hiptese devido falta de registros ou simulaes

    numricas que comprovem tal evidncia.

    Figura 32: Hiptese de antigas fontes de sedimentos.

    A seguir sero apresentadas as principais alternativas geradas por meio dos

    modelos numricos para recuperao da praia da Armao, tais propostas foram

    idealizadas tomando-se como base as caractersticas de funcionamento

    hidrodinmico aqui identificadas.

    4.4. Resultados das Simulaes das Propostas de Interveno

    A partir do modelo conceitual e da condio de equilbrio dinmico verificada

    por meio da aplicao do modelo emprico de Hsu foi possvel sugerir alternativas de

    engenharia cos