analise filosofica - minority report

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Introdução a Filosofia II – Filosofia do Cinema Problemas Filosóficos Minority Report (Steven Spielberg – 2002) O filme Minority Report retrata de um futuro relativamente próximo (2054), onde, por meio da tecnologia, uma equipe policial denominada de unidade “Pré Crimes”, por meio da tecnologia e de pessoas que nasceram com dons paranormais, preveriam com uma antecedência de até três dias o cometimento de homicídios, desta forma podendo evita-los, e prender o iminente criminoso antes de que este cometa o fato. As previsões fazem-se por meio de três pessoas (Précogs) mergulhadas em nutrientes, que por razões biológicas e cientificas, nasceram com dons paranormais, sendo capazes de prever os crimes de homicídio, uma vez que “estes são os que mais destroem a cadeia metafísica”. Tais previsões são imagens vistas em seus sonhos, e transmitidas para computadores, e interpretadas pelos detetives da Pré Crimes. Neste futuro altamente tecnológico, há um grande controle social além desta punição de fatos futuros. Todas as pessoas são rastreadas em tempo integral por scanners de suas retinas. Tais escanners encontram-se espalhados por toda a cidade (lojas, mercados, ruas, etc.) estando interligados entre si, então, bastando um cruzar de olhos com um scanner, para a localização do procurado ser imediatamente remetido aos computadores da polícia. O protagonista é John Anderton, (Tom Cruise) que ingressou nesta unidade policial em razão da perda de seu filho, que foi assassinado a seis anos antes. Nela, torna- se um dos líderes e investigadores, sendo que é ele quem recebe as informações visuais dos précogs, a interpreta, e

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Analise Filosofica - Minority Report

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Page 1: Analise Filosofica - Minority Report

Introdução a Filosofia II – Filosofia do Cinema

Problemas Filosóficos

Minority Report (Steven Spielberg – 2002)

O filme Minority Report retrata de um futuro relativamente próximo (2054), onde, por meio da tecnologia, uma equipe policial denominada de unidade “Pré Crimes”, por meio da tecnologia e de pessoas que nasceram com dons paranormais, preveriam com uma antecedência de até três dias o cometimento de homicídios, desta forma podendo evita-los, e prender o iminente criminoso antes de que este cometa o fato.

As previsões fazem-se por meio de três pessoas (Précogs) mergulhadas em nutrientes, que por razões biológicas e cientificas, nasceram com dons paranormais, sendo capazes de prever os crimes de homicídio, uma vez que “estes são os que mais destroem a cadeia metafísica”.

Tais previsões são imagens vistas em seus sonhos, e transmitidas para computadores, e interpretadas pelos detetives da Pré Crimes.

Neste futuro altamente tecnológico, há um grande controle social além desta punição de fatos futuros. Todas as pessoas são rastreadas em tempo integral por scanners de suas retinas. Tais escanners encontram-se espalhados por toda a cidade (lojas, mercados, ruas, etc.) estando interligados entre si, então, bastando um cruzar de olhos com um scanner, para a localização do procurado ser imediatamente remetido aos computadores da polícia.

O protagonista é John Anderton, (Tom Cruise) que ingressou nesta unidade policial em razão da perda de seu filho, que foi assassinado a seis anos antes. Nela, torna-se um dos líderes e investigadores, sendo que é ele quem recebe as informações visuais dos précogs, a interpreta, e com auxílio do Ministério Público e Magistrado, recebe julgamento e ordem de prisão imediatamente.

Para ser possível tais previsões, seria necessário aceitarmos como verdade a tese sobre o Determinismo Causal, ou seja, que vivemos num mundo onde todos os eventos são

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causa e efeito de outros eventos, e portanto, sendo determinado.

Resumindo: todas as ações de todas as pessoas são plenamente determinadas, e relacionadas como causa e efeito de outras ações.

No desenrolar do filme, John é visto numa previsão como autor de um homicídio, onde dentro de 36 horas, mataria um homem que até então desconhecia por completo e portanto, não sabia o porquê viria a mata-lo.

Neste momento, mostra-se uma situação bastante paradoxal:

John tem conhecimento do crime que provavelmente cometerá pois é ele quem recebe as informações do précog. Ao receber tal informação (além de tornar-se procurado pelos seus colegas), ele passa a querer descobrir o porquê de ele matar aquele homem nos próximos dias, descobrindo que ele poderia ser aquele que matou seu filho, desejando matá-lo, e finalmente, matando.

Clareando: Se ele não soubesse que mataria, não teria matado.

A única maneira de se escapar da previsão seria ter o conhecimento desse futuro, e das condições que levam ao resultado (o que é demonstrado ao final do filme, quando John Anderton não é morto).

Analisando o apresentado no filme, extrai-se três problemas filosóficos:

Na obra cinematográfica é retratado basicamente o conflito entre “Liberdade x Determinismo”, e o consequente conflito com a “Responsabilidade Moral”.

Logo no início é retratado o debate entre a equipe “Précrimes” e um detetive do Judiciário, onde discute-se a legitimidade de tais prisões, pois:

Tecnicamente nunca houve um crime em razão da intervenção da equipe Précrimes.

Talvez nunca tivesse realmente ocorrido o homicídio, pois, por qualquer razão poderia haver um desencadear diferente de eventos, mudando todo o desenrolar fático, mas mesmo assim, o iminente autor é punido (sendo aprisionado numa capsula e mantido em estado vegetativo).

O futuro é um momento que está por vir. Se este for alterado, e não mais ocorrer, não seria mais o futuro, e

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desta forma, qualquer fato que estaria contido no primeiro futuro e não estivesse na nova linha temporal, jamais existiria, mesmo potencialmente.

Como que alguém poderia ser punido por um evento futuro que se quer potencialmente existe?

E quando que o agente passa a ser um criminoso?

A simples iminência ou o mero desejo de cometer um fato considerado como crime, que leva-o a iniciar uma agressão, já poderia ser considerado um homicídio consumado?

O que seria melhor: Uma sociedade livre de crimes ou uma sociedade onde se pune a iminência do cometimento de um crime (que pode não vir a se concretizar)?