anÁlise ergonÔmica no setor toggling … um dos problemas que mais tem afetado as empresas são os...
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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho
Fabrício Henrique Garcia Trinca
ANÁLISE ERGONÔMICA NO SETOR TOGGLING DE UM CURTUME: APLICAÇÕES E RESULTADOS
LINS – SP 2010
FABRICIO HENRIQUE GARCIA TRINCA
ANÁLISE ERGONÔMICA NO SETOR TOGGLING DE UM CURTUME: APLICAÇÕES E RESULTADOS
Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho sob a orientação das Professoras Dra. Márcia Maria Faganello Mitsuya e M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.
LINS – SP 2010
Trinca, Fabrício Henrique Garcia Análise ergonômica no setor Toggling de um curtume: aplicações e resultados / Fabrício Henrique Garcia Trinca. – – Lins, 2010.
64p. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho, 2010.
Orientadores: Márcia Maria Faganello Mitsuya; Heloisa Helena Rovery da Silva
1. Fisioterapia do trabalho. 2. Ergonomia. 3. Curtume. 4. Setor toggling I Título
CDU 615.8
FABRICIO HENRIQUE GARCIA TRINCA
ANÁLISE ERGONÔMICA NO SETOR TOGGLING DE UM CURTUME:
APLICAÇÕES E RESULTADOS
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho.
Aprovada em: ____/____/_________
Banca Examinadora:
Profº Dra. Márcia Maria Faganello Mitsuya
Doutora em ciências da saúde pela UNESP – Botucatu SP
_______________________________________________________________
Profº M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva
Mestre em Admistração pela CNEC/FACECA – MG
LINS – SP
2010
AGRADECIMENTOS
A Deus
Deus não rejeita oração, oração é alimento Nunca vi um justo sem resposta, ou ficar no sofrimento Basta somente esperar o que Deus irá fazer Quando Ele estende suas mãos é a hora de vencer. A gente precisa entender, o que Deus está falando Quando Ele fica em silêncio, é porque está trabalhando Basta somente esperar o que Deus irá fazer Quando Ele estende suas mãos é a hora de vencer. Então louve, simplesmente louve, está chorando louve, precisando louve, Está sofrendo louve, não importa louve, seu louvor invade o céu! Deus vai na frente abrindo caminho, quebrando as correntes, tirando os espinhos, Ordena aos anjos pra contigo lutar, Ele abre as portas pra ninguém mais fechar. Ele trabalha pra o que nele confia, caminha contigo de noite ou de dia, Erga suas mãos sua bênção chegou, comece a cantar com muito louvor!!!!! (Cassiane)
Às orientadoras: Márcia e Heloisa
Obrigado pela atenção, pelas dicas e pelo conhecimento adquirido.
Admiro muito vocês duas, profissionais brilhantes, excelentes em suas áreas
de atuação.
Obrigado por tudo! Abraços!
Fabrício Trinca
Ao amigo e professor Alessandro Colares Sales
Sou grato a Deus por ter colocado você em meu caminho, por ter
confiado em meu potencial me inserindo na área da fisioterapia do trabalho.
Agradeço a você por me passar todo seu conhecimento, nos poucos
meses que trabalhamos juntos pude aprender muito. Saiba que a semente que
você plantou em minha vida profissional germinou, floresceu, e hoje tem dado
muitos frutos e ainda dará muito mais.
Continue sendo esse exemplo de profissional e de pessoa, brilhando e
fazendo a diferença por onde passa.
Muito obrigado! Um forte abraço!
Fabrício Trinca
RESUMO
Um dos problemas que mais tem afetado as empresas são os distúrbios na saúde dos trabalhadores. Diante de tal problema, a ergonomia e a fisioterapia do trabalho são excelentes meios de prevenção. O fisioterapeuta do trabalho, através de seus conhecimentos, atua intervindo preventiva e terapeuticamente de maneira importante para a redução dos índices de doenças ocupacionais. Dentre as inúmeras atribuições do fisioterapeuta do trabalho dentro de uma empresa, a principal delas é a realização da análise ergonômica dos postos de trabalho. A análise ergonômica do trabalho (AET) visa a aplicar os conhecimentos de ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho. É a partir da análise ergonômica que surgem as grandes modificações, transformações e melhorias em todo um contexto de trabalho. O método utilizado de análise de riscos ergonômicos se baseia em uma metodologia semelhante ao método FMEA, também agrega os itens solicitados na OHSAS 18001, que permite de maneira objetiva minimizar os prejuízos oriundos de deficiências crônicas em um setor de trabalho, reconhecendo e avaliando os riscos ergonômicos através de uma visão pró- ativa. Portanto, através da aplicação da análise ergonômica em um setor toggling de um curtume, podem-se trazer bons resultados como a melhoria da qualidade de trabalho, a satisfação dos colaboradores em relação às condições de trabalho oferecidas, a melhora dos indicadores de absenteísmo e turnover da empresa e, por fim, manter a saúde dos trabalhadores e o andamento saudável de um curtume.
Palavras-chave: Fisioterapeuta do Trabalho. Análise Ergonômica. Curtume. Toggling.
ABSTRACT One problem that has affected most businesses are disturbances on the health of workers. Faced with this problem, ergonomics and physiotherapy work are excellent means of prevention. Physical therapists work through their knowledge, preventive and intervening acts of therapeutically important way to reduce rates of occupational diseases. Among the many tasks of the physiotherapist’s work within a company, the main one is the analysis of ergonomic workstations. The ergonomic analysis (AET) aims to apply the knowledge of ergonomics to examine, diagnose and fix a real work situation. It is from the ergonomic analysis who are the major modifications, changes and improvements across a work context. The method of ergonomic risk analysis is based on a methodology similar to the FMEA method also adds the items requested in OHSAS 18001, which allows an objective manner to minimize the damage from chronic deficiencies in one sector of work, recognizing and assessing the risks Ergonomic through a proactive vision. Therefore, through the application of ergonomic analysis in an industry toggling of a tannery, one can bring good results such as improving the quality of work, the satisfaction of employees regarding working conditions offered, the improvement in rates of absenteeism and turnover the company and, finally, maintain the health of workers and the healthy progress of a tannery. Keywords: Physical Therapist Labour. Ergonomics Analysis. Tannery. Toggling.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Gráfico das regiões de dor dos colaboradores do Toggling............ 26
Figura 2: Foto da plataforma sem guarda corpo............................................. 35
Figura 3: Foto dos colaboradores na postura em pé..................................... 35
Figura 4: Foto da retirada do couro da tela.................................................... 36
Figura 5: Foto do movimento de mãos e punhos........................................... 37
Figura 6: Foto da luva e hiperceratose em falanges...................................... 38
Figura 7: Foto da postura do colaborador ao grampear o couro.................... 39
Figura 8: Foto da flexão de tronco ao grampear o couro na tela.................... 40
Figura 9: Foto do posto de trabalho sem ventilador....................................... 41
Figura 10: Ritmo de trabalho intenso............................................................. 42
Figura 11: Foto da falta de espaço para deslocamento................................. 43
Figura 12: Foto de posturas inadequadas..................................................... 44
Figura 13: Foto deslocamento inseguro na plataforma................................. 45
Figura 14: Foto do manuseio incorreto de cargas......................................... 46
Figura 15: Foto do bebedouro precário e antigo........................................... 47
Figura 16: Foto do uso compartilhado de garrafas Pet entre os funcionários 48
Figura 17: Foto de grampo quebrado............................................................ 49
Figura 18: Foto do setor com exposição de ruídos....................................... 50
Figura 19: Foto do posto de trabalho Toggling Inteiros................................ 51
Figura 20: Gráfico comparativo de admissões e demissões......................... 56
Figura 21: Gráfico de admissão e demissão dos colaboradores em protocolo
do ano de 2009.............................. ............................................................... 56
Figura 22: Grampo utilizado no Toggling....................................................... 57
Figura 23: Foto do bebedouro na plataforma do Toggling............................ 58
Figura 24: Foto do colaborador utilizando o bebedouro................................ 58
Figura 25: Foto do ventilador na plataforma do toggling............................... 59
Figura 26: Guarda-corpo instalado na plataforma......................................... 59
Figura 27: Foto da palestra e treinamento pelo fisioterapeuta do trabalho... 60
Figura 28: Foto da implantação da Ginástica Laboral................................... 61
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Nível de priorização de riscos – NPR........................................... 33
Quadro 2: NPR: 06 – Médio risco para plataforma sem guarda corpo......... 35
Quadro 3: NPR: 18 – Alto risco para postura em pé..................................... 36
Quadro 4: NPR: 03 – Baixo risco para retirada do couro da tela.................. 37
Quadro 5: NPR: 18 – Alto risco para movimento de mãos e punhos............ 38
Quadro 6: NPR:08 – Médio risco para atrito e formação de hiperceratose
em falanges................................................ .................................................. 39
Quadro 7: NPR: 18 – Alto risco para postura ao grampear o couro.............. 40
Quadro 8: NPR: 18 – Alto risco para repetitividade de movimentos.............. 41
Quadro 9: NPR: 06 – Médio risco para temperatura e ventilação no setor.... 42
Quadro 10: NPR: 18 – Alto risco para ritmo de trabalho intenso.................... 43
Quadro 11: NPR: 09 – Médio risco para falta de espaço para deslocamento
na plataforma.................................................................................................. 43
Quadro 12: NPR 09 – Médio risco para posturas inadequadas..................... 44
Quadro 13: NPR: 03 – Baixo risco no deslocamento inseguro na plataforma. 45
Quadro 14: NPR: 08 – Médio risco para manuseio incorreto de cargas........ 46
Quadro 15: NPR: 18 – Alto risco para bebedouros antigos sem condições
de higiene ..................................................................................................... 47
Quadro 16: NPR: 18 – Alto risco para compartilhamento de garrafas Pet
entre os colaboradores................................................................................. 48
Quadro 17: NPR: 18 – Alto risco para utilização de grampos quebrados..... 49
Quadro 18: NPR: 03 – Baixo risco para exposição ao ruído......................... 50
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 11
CAPÍTULO I – A FISIOTERAPIA DO TRABALHO NA EMPRESA............. 13
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 13
1.1 A fisioterapia do trabalho.................................................................... 13
1.2 Algumas atividades desenvolvidas pelo fisioterapeuta do trabalho... 14
1.2.1 Avaliação fisioterapêutica pré-admissional........................................ 14
1.2.2 Atendimento fisioterapêutico ambulatorial......................................... 14
1.2.2.1 Eletroterapia..................................................................................... 15
1.2.2.2 Massoterapia................................................................................... 16
1.2.2.3 Cinesioterapia.................................................................................. 16
1.2.2.4 Crioterapia....................................................................................... 17
1.2.2.5 Termoterapia................................................................................... 17
1.2.3 Treinamentos e palestras.................................................................. 18
1.2.4 Ginástica laboral................................................................................ 19
1.2.5 Análise ergonômica........................................................................... 20
CAPÍTULO II – ANÁLISE ERGONÔMICA DO SETOR TOGGLING........... 22
2 INTRODUÇÃO.................................................................................... 22
2.1 Metodologia utilizada.......................................................................... 23
2.2 Principais objetivos do método........................................................... 23
2.3 Passos básicos utilizados na análise ergonômica.............................. 24
2.3.1 Análise da demanda........................................................................... 24
2.3.2 Inspeção, observação e acompanhamento........................................ 24
2.3.3 Pesquisa: entrevistas e questionários................................................ 24
2.3.3.1 Censo de ergonomia......................................................................... 25
2.3.3.2 Objetivos do censo de ergonomia..................................................... 25
2.3.3.3 Censo aplicado no setor Toggling...................................................... 26
2.3.4 Análise dos postos, funções, ou atividades de trabalho..................... 28
2.3.5 Classes para identificação de riscos.......................................................................... 29
2.3.5.1 Posturais........................................................................................................................ 29
2.3.5.2 Instrumentais................................................................................................................. 29
2.3.5.3 Interfaciais...................................................................................................................... 29
2.3.5.4 Acionais............................................................................................ 29
2.3.5.5 Comunicacionais........................................................................................................... 30
2.3.5.6 Organizacionais.............................................................................................................. 30
2.3.5.7 Movimentacionais e deslocamento................................................... 30
2.3.5.8 Ambientais....................................................................................................................... 31
2.3.5.9 Acidentários..................................................................................................................... 31
2.3.5.10 Instrucionais................................................................................................................... 31
2.3.6 Classificação dos riscos..................................................................... 31
2.3.6.1 G – Gravidade................................................................................... 32
2.3.6.2 H – Histórico...................................................................................... 32
2.3.6.3 E – Eficácia....................................................................................... 32
2.3.6.4 NPR – Nível de priorização de risco................................................. 33
2.3.7 Conduta ergonômica.......................................................................... 34
2.3.8 Posto de trabalho Toggling Inteiros.................................................... 34
2.3.8.1 Descrição do processo...................................................................... 34
2.3.8.2 Ciclo de atividade prescrita............................................................... 34
2.3.8.3 Apreciação ergonômica.................................................................... 34
CAPÍTULO III – APLICAÇÕES E RESULTADOS OBTIDOS..................... 51
3 O SETOR TOGGLING....................................................................... 51
3.1 Situação encontrada........................................................................... 51
3.2 Medidas tomadas após levantamento da situação encontrada.......... 52
3.2.1 Protocolo de adaptação ao trabalho no setor toggling........................ 52
3.2.1.1 Relatório das primeiras semanas e depoimentos dos supervisores.. 54
3.2.1.2 Resultados Obtidos com o protocolo de adaptação ao trabalho........ 55
3.3 Melhorias realizadas no posto de trabalho.......................................... 57
3.3.1 Manutenção e compra de grampos novos........................................... 57
3.3.2 Bebedouros novos............................................................................... 57
3.3.3 Ventiladores....................................................................................... 58
3.3.4 Guarda-corpo na plataforma.............................................................. 59
3.3.5 Treinamentos.................................................................................... 60
3.3.6 Ginástica laboral............................................................................... 60
3.4 Considerações finais......................................................................... 61
CONCLUSÃO.............................................................................................. 62
REFERÊNCIAS........................................................................................... 63
11
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a prática da promoção da saúde e a prevenção de
doenças ocupacionais vêm ganhando interesse crescente por parte das
empresas de grande e médio porte. Essa procura se deve aos altos índices de
absenteísmo e turnover que têm gerado grande aumento nos custos para as
empresas no Brasil.
Em busca do aumento da produtividade e da redução de custos, as
empresas têm imposto aos trabalhadores alterações significativas na sua forma
de trabalhar, acelerando o ritmo de trabalho, diminuindo as pausas de
descanso, gerando impacto sobre a saúde dos trabalhadores e,
consequentemente, um aumento do número de afastamentos e de doenças
ocupacionais.
Sabe-se que a produtividade de um curtume é conseguida através de
uma combinação de recursos disponíveis e representa o resultado entre o
trabalho humano e os meios de produção. Portanto, perdas de rendimento do
elemento humano no trabalho, afastamentos por acidentes ou doenças
ocupacionais, situações irregulares no ambiente de trabalho, perdas de
produção, desperdício, têm um custo relativamente alto para as empresas, e
que, muitas vezes, não são qualificados, quantificados ou sequer percebidos.
Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições
de trabalho, conforme estabelecido na Norma Regulamentadora 17.
Assim, a solução tem sido a busca pela ergonomia, por meio da análise
ergonômica do trabalho e seu potencial de soluções.
Portanto o trabalho tem por objetivo mostrar que, com a análise
ergonômica, pode-se traçar uma conduta, em que são apresentadas sugestões
de melhoria a serem desenvolvidas nos pontos observados, visando à
transformação da situação de trabalho analisada. Devem ser propostas ações
corretivas e ou preventivas para todos os itens críticos e com altos índices de
risco, objetivando sempre melhorar as condições de trabalho.
Usando a análise ergonômica como ferramenta, em seus programas de
melhorias contínuas, os curtumes e as empresas em geral poderão aumentar a
12
eficiência do elemento humano, aumentar a satisfação dos funcionários,
aumentar a produtividade das áreas, aumentar a qualidade de seus produtos,
diminuir o absenteísmo, reduzir o turnover, prevenir danos de produção e
reduzir acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais.
O método utilizado para escrever os capítulos foi elaborado por meio de
um estudo de caso em um posto de trabalho de um curtume.
Parte-se da seguinte pergunta-problema:
De que maneira uma análise ergonômica pode melhorar a qualidade de
trabalho dos funcionários e reduzir os incides de absenteísmo e turnover no
setor toggling de um curtume?
O trabalho está assim organizado:
Capítulo I: Descreve a fisioterapia do trabalho, o fisioterapeuta do
trabalho e suas principais atribuições e funções dentro de uma empresa.
Capítulo II: Descreve a toda análise ergonômica realizada no setor
toggling de um curtume e a metodologia de análise utilizada.
Capítulo III: Mostra os resultados obtidos com a análise ergonômica e as
aplicações e melhorias realizadas no setor, partindo-se das observações e
condutas propostas pela análise ergonômica.
Para finalizar o trabalho, vem a conclusão.
.
13
CAPÍTULO I
A FISIOTERAPIA DO TRABALHO NA EMPRESA
1 INTRODUÇÃO
Saúde, segundo a definição dada pela Organização Mundial da Saúde, é
o estado de completo bem estar físico, mental, social e espiritual.
Nahas (2001) classifica a saúde como dois pólos, sendo um positivo e o
outro negativo. A saúde positiva se caracteriza com uma vida satisfatória e
confirmada com a sensação do bem estar geral; a saúde negativa, com a
doença e, no seu extremo, com a morte prematura.
Um dos problemas que mais tem afetado as empresas são os distúrbios
na saúde dos trabalhadores. Na maioria das vezes, ocasionadas devido a uma
organização do trabalho que envolve tarefas repetitivas, pressão constante por
produtividade, jornada prolongada além de tarefas fragmentadas, monótonas
que reprime o funcionamento mental do trabalhador. Esses distúrbios trazem
como consequência dor e sofrimento para os trabalhadores e, para os
empresários, traz onerosas despesas com assistência médica e pagamento de
seguros.
Diante de tal problema, a ergonomia e a fisioterapia do trabalho são
excelentes meios de prevenção, pois é através dela, que muitos empresários
encontram um meio de prevenção e manutenção a saúde de seus
colaboradores.
1.1 A fisioterapia do trabalho
A Fisioterapia do Trabalho é uma especialidade da fisioterapia que atua
prevenindo e resgatando a saúde do trabalhador, para isto, ela aborda os
aspectos da ergonomia, da biomecânica, da atividade física laboral e a
recuperação de queixas ou desconforto físico, sob o enfoque multiprofissional e
interdisciplinar, com o propósito de melhorar a qualidade de vida do
trabalhador.
14
O fisioterapeuta do trabalho atua em empresas e ou organizações
detentoras de postos de trabalho, intervindo preventiva e ou terapeuticamente
de maneira importante para a redução dos índices de doenças ocupacionais.
Ele deve atuar de forma sistêmica, flexível, adequando-se às necessidades do
cliente bem como atendendo as exigências do cenário atual.
1.2 Algumas atividades desenvolvidas pelo fisioterapeuta do trabalho
1.2.1 Avaliação fisioterapêutica pré-admissional
No processo de seleção, são aplicados diversos testes para avaliação
do candidato, sendo um dos objetivos a prevenção de futuros problemas de
saúde.
A história pregressa de problemas músculo-esqueléticos relatados pelos
avaliados é de suma importância na seleção dos mesmos, pois uma história
positiva de tais problemas pode ser uma estimativa de riscos em potencial.
“O propósito da seleção de trabalhadores e dos programas de pré-
alocação de trabalhadores é indicar o trabalhador adequado para o tipo de
trabalho”. (CHAFFIN; ANDERSON; MARTIN, 2001, p. 502).
Observações gerais da postura, amplitude de movimento e
deformidades não parecem ser indicadores confiáveis de risco futuro; no
entanto idade e sexo têm alguma influência direta sobre a susceptibilidade.
“O risco de lesões músculo-esqueléticas aumenta com a idade e é maior
em mulheres do que em homens”. (CHAFFIN; ANDERSON; MARTIN, 2001. p.
507).
1.2.2 Atendimento fisioterapêutico ambulatorial
Inflamações dos músculos, tendões ou fáscias, decorrentes da
exposição de determinados grupamentos musculares a fatores biomecânicos e
organizacionais inadequados, durante a realização das atividades, configuram
as lesões por esforços repetitivos ou os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho.
15
Os impactos para as organizações decorrentes das LER/DORT atingem diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade, ao aumento dos custos, aumento do absenteísmo médico, com o comprometimento da capacidade produtiva das áreas operacionais, menor qualidade de vida ao trabalhador, aposentadorias precoces e indenizações. (COUTO, 2000, p. 38).
Para esta situação, é de suma importância a instalação de um
ambulatório de fisioterapia dentro da empresa. Vários são os recursos que
podem ser utilizados no ambulatório como:
1.2.2.1 Eletroterapia
A eletroterapia consiste no uso de correntes elétricas dentro da
terapêutica. Os aparelhos de eletroterapia utilizam uma intensidade de corrente
muito baixa, são miliamperes e microamperes.Os eletrodos são aplicados
diretamente sobre a pele e o organismo será o condutor. Na eletroterapia, tem-
se que considerar parâmetros como: resistência, intensidade, voltagem
potência e condutividade.
Os equipamentos atuais empregam diferentes tipos de correntes, em
que o aparelho emite a energia eletromagnética, que é então conduzida
através de cabos condutores até os eletrodos que ficam aderidos à pele do
paciente.
As correntes podem ser classificadas quanto à sua frequência:
a) baixa frequência: 1 a 1.000 Hz mais utilizada na prática clínica, à
faixa de 1 a 200 Hz. Como exemplo, tem-se a Corrente Galvânica,
Farádica, Diadinâmicas, Tens e FES.
b) média Frequência: 1.000 a 100.000 Hz, utilizada na eletroterapia de
2.000 a 4.000 Hz. Como exemplo, tem-se a corrente Interferencial e
Corrente Russa.
c) alta Frequência: Acima de 100 mil Hz. Ondas Curtas, Ultracurtas,
Decimétricas, Microondas, Ultrassom Terapêutico.
“Dentro da eletroterapia, muitas são as ações terapêuticas e que, se
aplicadas corretamente, produzirão resultados altamente satisfatórios”.
(MACHADO, 2002, p. 17).
Existe uma diversidade de correntes que podem ser utilizadas na
eletroterapia, cada qual com particularidades próprias quanto às indicações e
16
contra-indicações. Mas todas elas têm um objetivo comum: produzir algum
efeito no tecido a ser tratado, que é obtido por meio das reações físicas,
biológicas e fisiológicas que o tecido desenvolve ao ser submetido à terapia.
Seu uso terapêutico traz benefícios como o controle da dor aguda e
crônica; redução de edema; redução de espasmo muscular; minimização de
atrofia por desuso; facilitação da reeducação muscular; fortalecimento
muscular; facilitação da cicatrização tecidual; facilitação da consolidação de
fraturas.
1.2.2.2 Massoterapia
Massoterapia é a prática de aplicar força ou vibração sobre tecidos
macios do corpo, incluindo músculos, tecidos conectivos, tendões, ligamentos e
articulações para estimular a circulação, a mobilidade, a elasticidade ou alívio
de determinadas dores corporais. Pode ser aplicada nas partes do corpo ou
continuamente em todo o corpo, para curar traumas físicos, aliviar stress
psicológico, controlar a dor, melhorar a circulação e aliviar tensão.
A massagem atua tanto no corpo físico como no emocional, por isso,
além de revigorar o corpo devido aos desgastes das atividades diárias, a
massagem também faz o massageado se sentir acolhido, aliviando sua
carência afetiva.
Uma boa massagem vai afetá-lo em todos os níveis do seu ser. Fisicamente, seus benefícios são o relaxamento e a tonificação dos músculos; a ajuda ao fluxo venoso do sangue; o aumento do nível de hemoglobina; o incentivo ao fluxo linfático; e o alongamento do tecido conjuntivo das articulações. (LIDELL et al., 1998, p. 27).
As massagens, hoje em dia, estão cada vez mais enraizadas nas
culturas chegando até mesmo às empresas. Cada vez mais, grandes
organizações incorporam nos seus pacotes de incentivos, massagens inclusive
no próprio local de trabalho.
1.2.2.3 Cinesioterapia
Cinesioterapia é a terapia pelo movimento. São procedimentos em que
se usa o movimento com os músculos, articulações, ligamentos, tendões e
17
estruturas do sistema nervoso central e periférico, que têm como objetivo
prevenir, eliminar ou diminuir os distúrbios do movimento e função.
“A cinesioterapia é, etimologicamente, a arte de curar que utiliza todas
as técnicas do movimento”. (XHARDEZ, 1990, p. 2).
Dentro da cinesioterapia, são utilizadas técnicas básicas como a
massagem; mobilizações passivas; movimentações ativas; exercícios ativos,
ativo-assistido, passivo e ativo resistido; contrações isométricas e isotônicas;
técnicas manipulativas; quiropraxia; osteopatia; mobilização neural; técnicas de
bobath; método Kabat; entre outros.
1.2.2.4 Crioterapia
“Crioterapia significa, literalmente, terapia com frio. Assim, todo e
qualquer uso de gelo ou aplicações de frio para fins terapêuticos é crioterapia”.
(KNIGHT, 2000, p.8).
A crioterapia pode ser usada na redução de dor, edema e hipóxia
secundária à lesão em casos agudos. Traz possibilidade do exercício ativo
mais cedo na reabilitação de uma entorse articular aguda, reduz a dor e o
espasmo em distensão muscular aguda e auxilia no alongamento do tecido
conjuntivo.
“O maior beneficio do frio durante a reabilitação é a diminuição da dor e
do espasmo muscular, permitindo, assim, a mobilização precoce”. (KNIGHT,
2000, p. 8).
1.2.2.5 Termoterapia
Toda aplicação de calor terapêutico ao corpo é denominada
termoterapia. O uso do calor é indicado nos estágios inflamatórios subagudos e
crônicos de uma lesão.
Semelhante à aplicação de compressas frias, o calor úmido diminui a dor
e o espasmo associado com o traumatismo, promove o relaxamento da
musculatura cervical e aumenta a extensibilidade do tecido.
18
“Em comparação com o aquecimento a seco, o calor úmido é
considerado um método mais confortável de aplicação e pode ser mais
benéfico na redução da dor”. (STARKEY, 2001, p. 155).
Os métodos de aquecimento são classificados como superficiais ou
profundos.
Dentre os recursos que geram calor superficial, estão as lâmpadas
infravermelhas, as compressas quentes úmidas, banhos de parafina, turbilhão
e ou imersão aquecida. Entre os recursos que geram calor profundo, encontra-
se a diatermia de ondas curtas, diatermia de microondas e o ultrassom
terapêutico.
1.2.3 Treinamentos e palestras
Treinar é uma constante no mundo atual, e um programa de treinamento
deve estar diretamente ligado às necessidades da empresa, com
comprometimento total de toda a equipe de colaboradores, incluindo
supervisão, gerência e diretoria.
O treinamento possui a finalidade de ajudar a empresa a alcançar seus
objetivos, criando oportunidades e ampliando a visão de seus colaboradores.
Com isso, muda-se a atitude das pessoas, tornando-as mais conscientes de
sua saúde física.
Palestras e treinamentos são ferramentas importantes em que o
fisioterapeuta do trabalho educa e, ao mesmo tempo, previne que os
colaboradores tenham atitudes inseguras em relação a sua saúde durante as
atividades laborais.
Já em sua admissão na empresa, o novo colaborador deve receber os
treinamentos necessários para iniciar suas atividades.
Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. (MANUAIS..., 2005, p.244).
19
Várias estratégias podem-se adotar para as palestras e treinamentos,
como a utilização de vídeos, livretos e folder, pratica em grupo, utilização de
imagens do trabalho em si, e do corpo humano.
1.2.4 Ginástica Laboral
Ginástica laboral é o conjunto de práticas de exercícios físicos realizados
no ambiente de trabalho com o objetivo de desenvolver o corpo e a mente do
trabalhador para sua jornada de trabalho.
O programa de ginástica laboral na empresa objetiva, prioritariamente, a prevenção das doenças ocupacionais, a diminuição dos índices de absenteísmo, o aumento da disposição para o trabalho, bem como promover uma melhor interação e integração social entre todos os envolvidos no processo de trabalho. (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2005, p. 86).
Existem três tipos de ginástica, sendo elas: a preparatória, a
compensatória e a de relaxamento.
A ginástica preparatória é aquela realizada antes da jornada de trabalho,
tendo uma duração de 10 a 15 minutos. O objetivo é alongar grandes e
pequenos grupos musculares, melhorar a flexibilidade e a postura corporal,
além de estimular a coordenação motora e o equilíbrio. É indicada para todos
os tipos de empresa, justamente pelos objetivos apresentados.
A ginástica compensatória é aquela realizada durante a jornada de
trabalho, tendo uma duração de 05 a 10 minutos. O objetivo é alongar
pequenos grupos musculares, melhorar a circulação local e geral, além de
estimular pontos de relaxamento e alívio de dor. É indicada para as empresas
que possuam trabalhos com grande exigência de esforço físico, postura rígida
ou fixas, movimentos repetitivos e grande precisão, quantidade e qualidade.
A ginástica de relaxamento é aquela realizada no término da jornada de
trabalho, tendo uma duração de 10 a 15 minutos. O objetivo é alongar
pequenos e grandes grupos musculares, melhorar a circulação local e geral,
estimular a percepção e o autoconhecimento corporal, ou seja, o trabalhador
passa a entender em quais locais do corpo está se localizando maior acúmulo
de tensão e dor. É indicada para empresas que possuam trabalhos com grande
20
exigência de esforço físico, postura rígida ou fixas, movimentos repetitivos e
grande precisão, quantidade e qualidade.
A ginástica laboral, quando bem orientada, oferece vários benefícios
tanto para as empresas como para os funcionários.
O alongamento é uma atividade simples, suave, tranquila, que proporciona grande relaxamento e bem-estar. Praticado corretamente, pode evitar muitos problemas relacionados ao trabalho, com a vantagem de que pode ser realizado em quase todos os lugares e qualquer hora, não exigindo nenhum equipamento especial. (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2005, p. 68).
Conforme a literatura, os principais benefícios que a ginástica laboral
traz para as empresas são:
a) aumento da produtividade;
b) diminuição de incidência de doenças ocupacionais;
c) menores gastos com despesas médicas;
d) marketing social;
e) redução do índice de absenteísmo e rotatividade dos funcionários;
f) redução dos números de erros e falhas, pois os funcionários ficam
mais espertos e motivados.
Os benefícios para os funcionários são:
a) melhora da auto-imagem;
b) redução das dores;
c) redução do estresse e alívio das tensões;
d) melhoria do relacionamento interpessoal;
e) aumento a resistência da fadiga central e periférica;
f) aumento da disposição e motivação para o trabalho;
g) melhoria da saúde física, mental e espiritual.
Para se obter sucesso com o programa dentro da empresa, é
necessário comprometimento de todos da alta administração, diretoria,
gerência, chefia e também do trabalhador operacional.
Ela pode ser aplicada pelo fisioterapeuta e também por agentes
multiplicadores, que são os próprios colaboradores, sendo estes bem treinados
pelo profissional responsável.
1.2.5 Análise ergonômica
21
Dentre as inúmeras atribuições do fisioterapeuta do trabalho dentro de
uma empresa, a principal delas é a realização da análise ergonômica dos
postos de trabalho.
Uma Análise Ergonômica, também chamada de Parecer Ergonômico ou Laudo Ergonômico, tem como objetivo averiguar (quantitativa e qualitativamente) as condições de trabalho de uma determinada tarefa, com a observância dos vários aspectos a ela relacionados. (SANTOS; SANTOS, 2006, p. 28).
Além da obrigatoriedade legal da realização da análise ergonômica do
trabalho pelas organizações, seu propósito também vai ao ponto de que os
riscos devem ser controlados, reduzidos ou eliminados, antes mesmo que
possam vir a ocorrer.
A análise busca a avaliação de aspectos como a duração da jornada de trabalho, a função, o ciclo da tarefa, o número de movimentos, as pausas, as posturas inadequadas, o esforço muscular e os ritmos necessários para a realização da tarefa, assim como o tipo de ferramenta, os equipamentos e as condições globais de trabalho. (SANTOS; SANTOS, 2006, p. 27).
É a partir da análise ergonômica que surgem as grandes modificações,
transformações e melhorias em todo um contexto de trabalho.
22
CAPÍTULO II
ANÁLISE ERGONÔMICA DO SETOR TOGGLING
2 INTRODUÇÃO
Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta norma regulamentadora. (MANUAIS..., 2005, p. 244).
A análise ergonômica em uma abordagem tradicional baseia-se no
estudo dos movimentos corporais do ser humano necessários para se executar
uma tarefa, e na medida do tempo gasto em cada um desses movimentos. A
sequência dos movimentos necessários para se executar a tarefa é baseada
em uma série de princípios de economia de movimentos, sendo que o melhor
método é escolhido pelo critério do menor tempo gasto.
O desenvolvimento do melhor método é feito geralmente em laboratório
de engenharia de métodos, em que os diversos dispositivos, materiais e
ferramentas são colocados em posições mais convenientes, baseados em
critérios empíricos e em experiências pessoais dos próprios analistas de
métodos.
Já em uma abordagem ergonômica, a análise ergonômica consiste em
delimitar o objeto de estudo a um aspecto da situação de trabalho:
decomposição em um sistema humano-tarefa, uma abordagem globalizante
que impõe a recomposição da situação de trabalho.
“A Análise Ergonômica do Trabalho consiste em se estudar itens de
valor sobre o desempenho global de determinados sistemas (homem e
trabalho, qualidade e produtividade, saúde e segurança)”. (SANTOS; SANTOS,
2006, p. 7).
Por meio da análise ergonômica, pode-se traçar uma conduta
ergonômica, em que são apresentadas sugestões de melhoria a serem
desenvolvidas, visando à transformação da situação de trabalho analisada.
23
Deve ser ressaltada sempre a importância da participação dos trabalhadores, que não deve ser limitada a uma simples coleta de opiniões, mas deve servir de grande auxílio na descrição da realidade do trabalho, das atividades perceptivas, cognitivas e motoras dos mesmos, sendo esta uma forma de validar as informações. (SANTOS; SANTOS, 2006, p. 9).
Este processo é a base da metodologia proposta.
2.1 Metodologia utilizada
O método utilizado de análise de riscos ergonômicos foi elaborado
cientificamente pelo pesquisador Eduardo Ferro dos Santos. A técnica aplicada
por ele se baseia em uma metodologia semelhante ao método FMEA (Failure
Mode Effect Analysis). FMEA ajuda uma equipe identificar modos de falha
potenciais com base em experiências anteriores com produtos ou processos
similares, permitindo à equipe projetar essas falhas do sistema com o mínimo
de esforço e dispêndio de recursos, reduzindo o tempo de desenvolvimento e
custos.
Segundo Santos (2006) o método também agrega os itens solicitados na
OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Services) que é
um sistema de gestão voltado para a saúde e segurança ocupacional,
explicados na OHSAS 18002, e que remetem ao Anexo D da BS 8800. Nesta
norma, aborda-se de maneira objetiva ações pró-ativas, buscando minimizar
prejuízos oriundos de deficiências crônicas.
2.2 Principais objetivos do método
a) reconhecer e avaliar os riscos ergonômicos através de uma visão
pró-ativa;
b) identificar ações que possam eliminar ou reduzir a chance do risco
ocorrer;
c) documentar o processo de análise ergonômica do trabalho de forma
padronizada.
A partir da análise critica, é realizada a ação necessária para minimizar a
probabilidade do evento ou minimizar a gravidade do efeito. O objetivo principal
24
é identificar todas as irregularidades e problemas que possam ser ocasionados
em formulário padronizado.
2.3 Passos básicos utilizados na análise ergonômica
2.3.1 Análise da demanda
É realizada na fase inicial, visando a identificar quais os riscos, os
pontos, e as classes a serem observadas. É nesta fase em que identificam os
motivos (não conformidade legal, notificação, melhoria, adequação a um
sistema de gestão, certificação, perícia) e abrangência da analise ergonômica
(produto, processo, postos de trabalho, atividades, funcionários, grupos
homogêneos ou heterogêneos de exposição). Esta fase é puramente extraída
da negociação formal em solicitante e executante da analise ergonômica e sua
equipe de trabalho.
“A análise da demanda dá-se, notadamente, no início do processo de
pesquisa. É o ponto de partida, um evento ou fenômeno desencadeador da
análise, a solicitação do estudo ergonômico”. (SANTOS; SANTOS, 2006, p.35).
Neste trabalho, ficou bem claro que a demanda vem do estudo dos
problemas relacionados às diversas atividades de forma pró-ativa.
2.3.2 Inspeção, observação e acompanhamento
As funções e o trabalho dos colaboradores são inspecionados e
acompanhados. Para isso, as visitas iniciais às situações de trabalho são
extremamente importantes, logo nos primeiros contatos com a organização,
para contribuírem na compreensão inicial da natureza das questões
levantadas.
2.3.3 Pesquisa: entrevistas e questionários
A entrevista é feita com o contato verbal entre o pesquisador e o
pesquisado. Ela pode ser estruturada com procedimentos previamente
definidos e questões feitas, ou não estruturada, quando se define o tópico
25
relevante, numa conversa informal, deixando o pesquisado expor livremente
seu pensamento.
Já o questionário possui vantagens por alcançar um grande número de
pessoas com um gasto pequeno, além de manter o anonimato dos
pesquisados. As questões podem ser de múltipla escolha, abertas ou questões
de escala.
Por fim, é importante esclarecer que, qualquer que seja a técnica, questionário ou entrevista, a formulação adequada das perguntas é o elemento chave para o sucesso da pesquisa e que, para se formular bem uma indagação, há de se conhecer bem o que se está pesquisando, por mais óbvio que seja essa afirmação. (SANTOS; SANTOS, 2006, p. 44).
2.3.3.1 Censo de ergonomia
Trata-se de uma ferramenta formulada à base de questionário, podendo
ser auxiliada por entrevista por meio da qual o trabalhador expressa sua
percepção a respeito do posto de trabalho e da atividade que executa,
informando se sente ou não desconforto, dificuldade ou fadiga, em que
intensidade, se está relacionado ou não ao trabalho que executa e, ao mesmo
tempo, dá sugestões do que melhorar.
Deve-se ter sigilo profissional, sendo passado esse compromisso ao
colaborador, antes que o mesmo preencha o documento.
2.3.3.2 Objetivos do censo de ergonomia
Os objetivos do censo de ergonomia são:
d) detectar situações de trabalho causadoras de lesões ou
afastamentos relacionados à condição de ergonomia do trabalho;
e) detectar situações causadoras de dor ao executar a tarefa;
f) detectar as situações causadoras de desconforto, dificuldade e
fadiga;
g) mapear diversas áreas da empresa quanto à prevalência de
problemas ergonômicos;
h) obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas
condições de trabalho.
26
2.3.3.3 Censo aplicado no setor Toggling
No presente trabalho, foi aplicado o censo de ergonomia com os
colaboradores do setor togling, onde se colheram as seguintes informações:
a) Você sente atualmente algum desconforto ou dor nos membros
superiores, coluna ou membros inferiores?
Regiões de dor e desconfortoColaboradores do Toggling
19
15
12
7 76 6
54
2 2 21
0
2
4
6
810
12
14
16
18
20
Mão
s e d
edos
coluna
ombr
o
punh
o
pern
a
braç
o
antebra
ço
joelho
pesc
oço
quad
ril
coto
velo
pés
coxa
Mãos e dedos
coluna
ombro
punho
perna
braço
antebraço
joelho
pescoço
quadril
cotovelo
pés
coxa
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Figura 1: Gráfico das regiões de dor dos colaboradores do Toggling
b) O que você sente e que referiu na questão anterior está relacionado
ao trabalho no setor atual?
100% dos entrevistados responderam sim.
c) Há quanto tempo você vem sentindo esse desconforto ou dor?
15% há um mês.
35% de 1 a 3 meses.
55% acima de 6 meses.
d) A dor ou desconforto que você sente, classifica-a como?
Leve: 5% dos entrevistados.
Moderada: 45% dos entrevistados.
Forte: 50% dos entrevistados.
27
e) O que você sente, aumenta com o trabalho?
85,7% referem que a dor aumenta durante a jornada normal.
9,5% referem que a dor aumenta durante a noite.
4,7% referem que a dor aumenta durante as horas extras.
f) O que você sente, melhora com o repouso?
38% dos entrevistados dizem que a dor melhora nos finais de semana.
23% dos entrevistados dizem que a dor melhora nas férias.
19% dos entrevistados dizem que a dor melhora à noite.
9% dos entrevistados dizem que a dor não melhora.
4,7% dos entrevistados dizem que a dor melhora com o revezamento.
g) Você tem tomado remédio ou colocado compressas para poder
trabalhar?
Sim: 25% dos entrevistados.
Não: 30% dos entrevistados.
Às vezes: 45% dos entrevistados.
h) Como você avalia seu sono?
Agradável: 35% dos entrevistados.
Agitado: 65% dos entrevistados.
i) Com relação à qualidade do seu sono:
Acordam dispostos: 25% dos entrevistados.
Acordam cansados: 75% dos entrevistados.
j) Qual sua postura ao dormir?
38,9% dormem de lado.
33,3% dormem de barriga para baixo.
23,8% dormem de barriga para cima.
k) Você já praticou ginástica laboral?
Sim: 15% dos entrevistados.
Não: 85% dos entrevistados.
28
l) Pratica alguma atividade física?
52,3% não praticam.
23% praticam uma vez na semana.
9,5% praticam 3 vezes na semana.
9,5% praticam diariamente.
m) Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalho, tarefas ou
atividades que, na sua opinião, contem dificuldade importante ou
causam desconforto importante, causam fadiga ou mesmo dor?
Ao colocar os grampos; dor nos dedos da mão; a tela no calor fica muito
quente; dores na coluna devido ficar em constante inclinação; muito
calor devido à falta de ventilador; metas de produção muito altas, muita
correria para executar o trabalho.
n) Qual é a sua sugestão para melhorar o problema desse posto de
trabalho ou desta atividade ou tarefa?
Poderia melhorar a qualidade das luvas; trocar as grades de segurança
que estão quebradas; aumentar a altura da tela que está muito baixa, fazendo
com que precise inclinar muito a coluna para grampear o couro; arrumar os
ventiladores que não estão funcionando; aumentar a largura da plataforma que
está muito estreita; colocar mais colaboradores por tela para trabalhar.
2.3.4 Análise dos Postos, Funções, ou Atividades de Trabalho
Segue a metodologia proposta neste documento, e adequada ao
escopo da OHSAS 18001, referenciada no Anexo D da BS 8800. As análises
são interpretadas e sequenciadas conforme a Planilha de Identificação de
Riscos Ergonômicos.
As principais atividades são registradas por meio de fotografias e ou
filmagens e são anexadas na análise ergonômica do trabalho.
A análise ergonômica do trabalho (AET) visa a aplicar os conhecimentos de ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho. Ela foi desenvolvida por pesquisadores franceses e se constitui em um exemplo de ergonomia de correção. (IIDA, 2005, p.60).
29
2.3.5 Classes para identificação de riscos
Para Santos (2006) em cada alvo de análise, são selecionadas classes
que servem de guia na identificação de riscos. Estão agrupadas nas seguintes
classes:
2.3.5.1 Posturais
Posturas prejudiciais resultantes de inadequações do posto de trabalho,
do campo de visão, do envoltório acional e dos alcances, do posicionamento de
componentes, dos apoios, das articulações, do espaço de trabalho, da
flexibilidade postural, das características antropométricas, com prejuízos para o
sistema músculo-esquelético.
2.3.5.2 Instrumentais
Ferramentas de trabalho e materiais manipulados que acarretam
dificuldades ou desconfortos no manuseio, com falta de ajustes, falta de apoios
e características dimensionais inadequadas. Conservação de ferramentas e
instrumentos de trabalho.
2.3.5.3 Interfaciais
Arranjos físicos e deficiências na identificação de painéis de informações
e de comandos, que acarretam dificuldades na tomada de informações e de
acionamentos, e de exploração visual, que possam causar prejuízos na
memorização, detecção e na tomada de decisões.
2.3.5.4 Acionais
Aspectos biomecânicos que possam ser prejudiciais no ataque acional a
comandos, ferramentas, painéis, ângulos, movimentação de materiais e outros,
que agravam as lesões por traumas repetitivos. Nestes, estão incluídos
30
aspectos repetitivos, fisiológicos, cinesiológicos funcionais, esforços estáticos e
dinâmicos.
2.3.5.5 Comunicacionais
Ruídos e desajustes quando necessária a transmissão de informações
sonoras ou gestuais. Má audibilidade de mensagens radiofônicas e ou
telefônicas.
2.3.5.6 Organizacionais
Ritmo e monotonia intensa, pressão de prazos de produção e de
controles, ausência de pausas e micro-pausas, excesso de horas trabalhadas,
falta de controle do operador.
Falta de objetivação, responsabilidade, autonomia e participação.
Inexistência de uma gestão participativa, desconsiderando opiniões e
sugestões de funcionários.
Centralização de decisões, excesso de níveis hierárquicos, falta de
transparência nas comunicações das decisões, prioridades e estratégias, falta
de política de cargos e salários coerente, descuido ao trabalhador.
Conflitos entre indivíduos e grupos sociais, dificuldades de
comunicações e interações interpessoais, falta de opções de descontração e
lazer.
Falta de ordem, arrumação, local de deposição de materiais, como
armários e gavetas.
2.3.5.7 Movimentacionais e deslocamento
Excesso de peso, distância do curso da carga, frequência de
movimentação dos objetos a levantar ou transportar, desnivelamento de pisos
que possam causar deficiências em transporte de cargas, ausência ou
desajustes de facilidades mecânicas ou hidráulicas, que acarretam no esforço
humano. Desrespeito aos limites recomendados de movimentação manual de
materiais, com riscos para o sistema músculo-esquelético.
31
Excesso de caminhamentos e deambulações. Grandes distâncias a
serem percorridas para a realização das atividades da tarefa.
Utilização inadequada e constante de plataformas e escadas. Utilização
de áreas de higiene pessoal
2.3.5.8 Ambientais
Isolamento, má aeração, insolação, reflexos, temperatura, ruído,
iluminação, vibração, radiação, acima ou abaixo dos níveis recomendados.
Partículas, elementos tóxicos e aero-dispersóides em concentração no
ar acima dos limites permitidos.
Falta de otimização da cor, do ambiente, falta de higiene e assepsia, o
que permite a proliferação de germes patogênicos.
2.3.5.9 Acidentários
Falta de dispositivos de proteção de máquinas, precariedade do solo, de
andaimes, rampas e escadas, manutenção insuficiente. Deficiência na rotina de
equipamentos para emergências.
2.3.5.10 Instrucionais
Desconsideração das atividades concretas da tarefa durante o
treinamento, falta de orientação à prevenção e gerenciamento de riscos.
Manuais de instrução confusos que privilegiam a lógica do funcionamento.
2.3.6 Classificação dos riscos
Após a determinação das irregularidades perante as observações de
classes, são levantados, pelo avaliador, os possíveis riscos. Estes podem ser
classificados com a nomenclatura da patologia e especificação da região, ou
simplesmente pela delimitação da região. É possível, com a identificação de
perigo (irregularidades) e risco (possível efeito), sugerir condutas de melhoria.
32
Tendo-se conhecido todos estes fatores, organiza-se então a planilha de
análise ergonômica do trabalho.
2.3.6.1 G – Gravidade
A avaliação da gravidade do dano, lesão ou risco ergonômico:
d) dão-se 3 pontos para danos maiores, afastamentos e danos por
longo prazo, e grandes interrupções na produtividade;
e) dão-se 2 pontos para danos leves, afastamentos e danos por curto
prazo, pequenas interrupções à produtividade;
f) dá-se 1 ponto para desconforto funcional, sem alterações
significativas e sem prejuízos à produtividade.
2.3.6.2 H – Histórico
É avaliado de acordo com as entradas ambulatoriais, queixas,
afastamentos, ou relato dos funcionários, colhidos em entrevistas ou no
questionário individual de identificação de riscos ergonômicos. Se houver
medidas preventivas, subtrai-se um número do período de exposição.
a) dão-se 3 pontos, quando as queixas são específicas e frequentes,
com indicadores demonstrativos;
b) dão-se 2 pontos, quando existem reclamações e ocorrências em
nível de verbalizações. Existem procuras e consultas ambulatoriais
por reclamação de dor e desconforto;
c) dá-se 1 ponto quando há pouquíssima ou nenhuma ocorrência. Não
há ocorrência médica aparentemente relacionada com o agente.
2.3.6.3 E – Eficácia
É avaliado se existem procedimentos e planos para lidar com o risco,
controle técnico e sua eficiência para minimizar o risco.
a) dão-se 3 pontos, quando não existe nenhum plano ou
conscientização para lidar com o risco;
33
b) dão-se 2 pontos, quando existe um plano para lidar com o risco, mas
há ausência de procedimentos formais;
c) dá-se 1 ponto, quando o risco se encontra sobre controle técnico e
abaixo do nível de ação.
2.3.6.4 NPR – Nível de priorização de risco
Demonstra a atitude a ser tomada na prevenção, eliminação ou
minimização do risco, de acordo com a sua prioridade. Devem-se fazer
esforços para que os índices sejam os menores possíveis, visando à melhoria
da condição observada e a prevenção do risco de maneira pró-ativa. Conforme
o resultado final, quanto maior, pior a condição, mais prioritária é a intervenção.
O nível de priorização de risco é o resultado da multiplicação de G x H x
E, metodologia esta utilizada no FMEA.
Exemplo de multiplicação: G x H x E = NPR
Escala Descrição Definição
Até 1 ponto
TRIVIAL Nenhuma ação é requerida e nenhum
registro documental precisa ser
mantido. Baixíssimo Risco
De 2 a 3 pontos
TOLERÁVEL A monitoração é necessária para
assegurar que os controles serão
mantidos. Baixo Risco
De 3 até 9 pontos
MODERADO Pode-se considerar uma solução mais
econômica ou aperfeiçoamento que
não imponham custos extras (de longo
prazo). Médio Risco
De 12 até 18 pontos
SUBSTANCIAL Devem ser feitos esforços para reduzir
o risco em médio prazo. Os custos
devem ser cuidadosamente medidos
e limitados. As medidas devem ser
implementadas dentro de um período
de tempo definido.
Alto Risco
27 pontos
INTOLERÁVEL Ações urgentes devem ser tomadas.
Deve-se reduzir o risco com recursos
ilimitados. O risco deve ser reduzido
(em curto prazo). Recursos
consideráveis poderão ter de ser
alocados.
Altíssimo Risco
Fonte: Santos; Santos, 2006, p. 84
Quadro 1: Nível de priorização de riscos – NPR
34
2.3.7 Conduta ergonômica
São apresentadas sugestões de melhorias a serem desenvolvidas nos
pontos observados.
“Devem ser propostas ações corretivas e ou preventivas para todos os
itens críticos e com altos índices de risco”.(SANTOS; SANTOS, 2006, p.85).
O objetivo das ações recomendadas é reduzir os índices de histórico,
controle e gravidade, além de, consequentemente, melhorar as condições de
trabalho adequando a empresa à norma regulamentadora 17 (NR 17).
2.3.8 Posto de trabalho Toggling Inteiros
2.3.8.1 Descrição do processo
O posto de trabalho Toggling Inteiros é composto por 102 funcionários
distribuídos no primeiro, segundo e terceiro turno, sendo 88 grampeadores de
couros, 8 operadores de máquina e 6 repositores de grampos.
2.3.8.2 Ciclo de atividade prescrita
a) retirar a pele de couro do carrinho e colocar na tela para grampear;
b) prender a pele de couro na tela por meio de grampos prendedores;
c) girar a tela manualmente;
d) estender outra pele de couro no verso da tela;
e) prender a pele de couro por meio de grampos;
f) acionar o funcionamento da máquina para as telas andarem;
g) retirar os grampos das peles de couro de já foram processadas pela
máquina;
h) colocar a peles de couro que já foram expandidas e processadas em
um cavalete de madeira.
2.3.8.3 Apreciação ergonômica
35
A observação é o método mais utilizado numa Análise Ergonômica, uma vez que permite uma abordagem de maneira global da atividade no trabalho, na qual o pesquisador, partindo da estruturação das classes de problemas a serem observados, faz uma espécie de filtragem seletiva das informações disponíveis, da qual advém a observação assistida. (SANTOS; SANTOS, 2006, p.28).
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 2: Foto da plataforma sem guarda corpo.
a) Avaliado: A segunda plataforma de trabalho não apresenta corrimão
de segurança.
b) Risco: Acidentes de trabalho por queda de nível elevado.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 2 1 06
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 2: NPR: 06 – Médio risco para plataforma sem guarda-corpo
c) Observações e condutas: Colocação de corrimão (guarda-corpo) na
segunda plataforma logo depois da escada.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 3: Foto dos colaboradores na postura em pé.
36
a) Avaliado: Os colaboradores ficam muito tempo na postura em pé.
b) Risco: Desconforto muscular em membros inferiores e lombalgias
posturais.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
2 3 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 3: NPR: 18 – Alto risco para postura em pé.
c) Observações e condutas: Deve ser incluído um programa de
exercícios preparatórios (ginástica laboral). Não realizar horas extras
devido à natureza da tarefa. Nunca devem ser dados benefícios por
produtividade em atividades com riscos ergonômicos do tipo acional
e organizacional.
“Os exercícios físicos também podem aumentar o nível de endorfina de
uma pessoa, o que ajuda a reduzir a dor crônica”. (STARKEY, 2001, p. 61).
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 4: Foto da retirada do couro da tela.
a) Avaliado: Os colaboradores realizam movimentos de rotação de
tronco na retirada do couro da tela.
37
b) Risco: Lombalgias posturais que podem gerar afastamento da
produção.
A rigor, pode-se estimar, sem qualquer medo de erro, que a adoção de medidas de Ergonomia é capaz de reduzir em pelo menos 80% a incidência de dores lombares. Mais surpreendente é que a grande maioria das medidas é de baixíssimo custo. (COUTO, 2007, p.55).
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 1 1 03
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 4: NPR: 03 – Baixo risco para retirada do couro da tela.
c) Observações e condutas: Frequência baixa da tarefa de retirada do
couro da tela. Deve ser feito treinamento para os colaboradores em
relação à postura e movimentos corretos, pelo fisioterapeuta do
trabalho.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 5: Foto do movimento de mãos e punhos.
a) Avaliado: Os colaboradores realizam desvio ulnar do punho,
associado com adução do polegar e flexão da II e da III falange, com
carga, para o manuseio dos grampos.
b) Risco: Lesões tendíneas com cronicidade do primeiro, segundo e
terceiro dedo, que podem gerar afastamento por quadro doloroso e
cronicidade.
38
“Indivíduos com dor crônica vivem em um mundo onde a dor dita suas
vidas, e desenvolvem um padrão de comportamento doloroso”. (STARKEY,
2001, p. 61).
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 3 2 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 5: NPR: 18 – Alto risco para movimento de mãos e punhos.
c) Observações e condutas: Testes são feitos na empresa na confecção
de grampos em relação ao conforto e segurança do colaborador.
Padronizar um tipo de grampo com maior espaço para apoio do ll e
do lll dedo. Pausas de 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos.
Foto: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 6: Foto da luva e hiperceratose em falanges.
“Em uma entorse simples, a dor pode interferir no uso funcional da mão
durante uma ou duas semanas, se a articulação for sobrecarregada”. (KISNER;
COLBY, 2005, p. 445).
a) Avaliado: Ocorre atrito dos dedos e do dorso da mão com a tela
durante a tarefa de grampear o couro.
39
b) Risco: Desconforto e formação de hiperceratose nos metacarpos e
falanges dos dedos lV e V.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
2 2 2 08
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 6: NPR:08 – Médio risco para atrito e formação de hiperceratose em
falanges.
c) Observações e condutas: A empresa já oferece equipamento de
proteção. Para a realização da função, os colaboradores utilizam
luvas de elanca. Deve ser orientado ao colaborador para levantar o
grampo, não grampear o couro escorregando a mão sobre a tela.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 7: Foto da postura do colaborador ao grampear o couro.
a) Avaliado: Realizam movimentos constantes de extensão com rotação
da cabeça, flexão de ombro de 30 a 90 graus. Extensão do antebraço
40
e punhos com desvio ulnar com carga e força de tração. Os
colaboradores ficam muito tempo na postura em pé.
b) Risco: Desconforto muscular nas regiões cervical, ombros, braços e
mão que podem gerar afastamentos por quadro doloroso e
cronicidade. Desconforto muscular na região lombar e membros
inferiores.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
2 3 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 7: NPR: 18 – Alto risco para postura ao grampear o couro.
c) Observações e condutas: Deve ser incluído programa de exercícios
preparatórios (ginástica laboral). Ajuste de 1,10m de altura da tela ou
plataforma em relação à cintura dos colaboradores. Estudar essa
possibilidade com a manutenção, gerência e colaboradores.
Modificar as quinas das telas para o formato arredondado. Não fazer
a admissão de colaboradores com altura abaixo de 1,65m e acima
1,80m e obesos.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 8: Foto da flexão de tronco ao grampear o couro na tela.
41
A resistência muscular à fadiga é necessária para manter o controle postural. Posturas sustentadas requerem pequenas adaptações contínuas nos músculos estabilizadores para suportar o tronco contra as forças flutuantes. Movimentos repetitivos amplos também requerem que os músculos respondam para controlar a atividade. (KISNER; COLBY, 2005, p. 599).
a) Avaliado: Há repetitividade de movimentos de flexo extensão dos
ombros e dos braços, desvio ulnar dos punhos e adução de
polegares.
b) Risco: Desconfortos musculares de ombros, punhos e mãos, que
podem gerar afastamentos por quadro doloroso e cronicidade.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
2 3 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 8: NPR: 18 – Alto risco para repetitividade de movimentos.
c) Observações e condutas: Devem ser incluídos programa de ginástica
laboral, pausas, escala de revezamento e rodízios de funções.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 9: Foto do posto de trabalho sem ventilador.
42
a) Avaliado: A segunda plataforma de trabalho sem ventilação. Setor
apresenta temperatura ambiente acima dos 24 graus recomendado.
b) Risco: stress e fadiga.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 2 1 06
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 9: NPR: 06 – Médio risco para temperatura e ventilação no setor.
c) Observações e condutas: Devem ser dadas atenções no controle da
temperatura do setor, colocação de ventilador na segunda
plataforma.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 10: Ritmo de trabalho intenso.
a) Avaliado: Ritmo de trabalho intenso e sobrecarga de produção.
b) Risco: Maior exposição à classe postural e acional. Stress.
Os distúrbios dolorosos da coluna vertebral se constituem no principal acometimento relacionado ao trabalho em todo o mundo. Eles são denominados lombalgia (dor na região lombar), dorsalgia (dor na região das costas, mais acima, próximo das omoplatas) e lombociatalgia (dor na região lombar que se espalha para a região das pernas, ao longo do trajeto dos nervos, na maioria das vezes o nervo ciático). (COUTO, 2007, p. 51).
43
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 2 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 10: NPR: 18 – Alto risco para ritmo de trabalho intenso.
c) Observações e condutas: Número maior de colaboradores para a
função de grampear o couro, devem ser colocados 6 colaboradores
por tela. Realizar rodízio de funções em escala de revezamento.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 11: Foto da falta de espaço para deslocamento
a) Avaliado: Falta de espaço para deslocamento entre colaborador e
tela.
b) Risco: acidentes de trabalho.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 1 3 09
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 11: NPR: 09 – Médio risco para falta de espaço para deslocamento na
plataforma.
c) Observações e condutas: Maior espaço entre plataforma e tela.
Evitar realizar deslocamento com a nórea da tela em funcionamento.
44
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 12: Foto de posturas inadequadas.
a) Avaliado: Falta de orientação à prevenção e gerenciamento de
riscos.
b) Risco: Desconfortos musculares e atitudes inseguras por parte dos
colaboradores.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 3 1 09
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 12: NPR 09 – Médio risco para posturas inadequadas.
c) Observações e condutas: Deve ser incluída uma política de
gerenciamento de riscos na organização, com treinamentos de
posturas corretas.
45
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 13: Foto do deslocamento inseguro na plataforma.
a) Avaliado: Os postos de reposição do couro na esteira não
apresentam passagem de segurança para o deslocamento do
colaborador à plataforma, assim como há falta de guarda corpo.
b) Risco: acidentes por queda.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 1 1 03
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 13: NPR: 03 – Baixo risco para deslocamento inseguro na plataforma
c) Observações e condutas: Colocação de uma escada ou plataforma
de ligação entre os 2 postos de trabalho. Colocação de guarda corpo
na plataforma do posto de reposição de couro na esteira.
46
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 14: Foto do manuseio incorreto de cargas.
a) Avaliado: Postura e manuseios incorretos de carga.
b) Risco: Lombalgias posturais que podem gerar afastamento por
quadro doloroso.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
2 2 2 08
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 14: NPR: 08 – Médio risco para manuseio incorreto de cargas.
c) Observações e condutas: Realização de treinamento de manuseio e
transporte de cargas aos colaboradores pelo fisioterapeuta.
47
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 15: Foto do bebedouro precário e antigo.
a) Avaliado: Bebedouros quebrados e antigos sem condição de higiene,
sendo alvo de queixas frequentes entre os funcionários.
b) Risco: Desidratação. Insatisfação dos colaboradores em relação às
condições de trabalho da empresa.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 2 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 15: NPR: 18 – Alto risco para bebedouros antigos sem condições de
higiene.
c) Observações e condutas: Troca dos bebedouros do local. Precisa-se
de mudanças voltadas a esse problema com urgência. Treinamentos
para os funcionários relacionados à importância da hidratação para
atividades de esforço físico intenso.
48
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 16: Foto do uso compartilhado de garrafas Pet entre os funcionários.
a) Avaliado: Utilização de garrafas Pet entre vários funcionários.
b) Risco: Contaminação por bactérias, fungos e vírus.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 2 3 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 16: NPR: 18 – Alto risco para compartilhamento de garrafas Pet entre
os colaboradores.
c) Observações e condutas: Instalação de novos bebedouros próximos
ao setor, com boas condições de higiene. Deve-se impedir a prática
do uso comunitário de garrafas Pet entre os funcionários.
49
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 17: Foto de grampo quebrado.
a) Avaliado: Muitos grampos quebrados estão sendo utilizados pelos
colaboradores.
b) Risco: lesões cortantes nos dedos das mãos.
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 3 2 18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 17: NPR: 18 – Alto risco para utilização de grampos quebrados.
c) Observações e condutas: Deve ser feita a troca de todos os grampos
quebrados por novos. Não permitir que os colaboradores utilizem
grampos quebrados. Constantemente, deve ser feita uma vistoria de
manutenção das ferramentas de trabalho no setor.
50
Fonte: Elaborada pelo autor, 2008
Figura 18: Foto do setor com exposição de ruídos.
a) Avaliado: Setor com exposição ao ruído de 84,1 Leq dB.
b) Risco: Stress, desconforto acústico e perda auditiva.
“Em trabalhos que exigem atividade física pesada, ou em ambientes
desfavoráveis como altas temperaturas ou excesso de ruídos, devem ser
proporcionadas pausas durante a jornada de trabalho”. (IIDA, 2005, p. 360).
Gravidade Histórico Eficácia NPR
3 1 1 03
Fonte: Elaborado pelo autor, 2008
Quadro 18: NPR: 03 – Baixo risco para exposição ao ruído.
c) Observações e condutas: A empresa oferece equipamentos
individuais de proteção de uso obrigatório, porém alguns
colaboradores não utilizam corretamente o protetor auricular.
Esforços devem ser dados no sentido de se evitar os equipamentos
ruidosos. Deve ser feita orientação quanto à importância do uso dos
protetores de ouvido.
51
CAPÍTULO lll
APLICAÇÕES E RESULTADOS OBTIDOS
3 O SETOR TOGGLING
Na Divisão Couros de uma empresa no interior de São Paulo, o setor
Toggling apresentava um alto índice de rotatividade e absenteísmo.
A atividade principal do setor Toggling é grampear e secar os couros,
interferindo de forma positiva ou negativa na medição de área do produto.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 19: Foto do posto de trabalho Toggling Inteiros.
3.1 Situação encontrada
A situação era assim representada:
a) admissão de colaboradores sem avaliação física detalhada com
testes para patologias de membros superiores, membros inferiores e
coluna, avaliação postural e histórico;
52
b) entrada de pessoas com problemas posturais, sem condição física
adequada à tarefa, histórico de fraturas e predisposição a lesões
tendíneas e lombalgias;
c) colaboradores inseridos no setor já tendo que aprender e
acompanhar o ritmo de trabalho dos demais;
d) ocorrência de dores e lesões logo nos primeiros dias de trabalho;
e) falta de orientação quanto a posturas, manuseio de cargas e
hidratação;
f) desistências nos primeiros dias pela natureza do trabalho.
3.2 Medidas tomadas após levantamento da situação encontrada
Depois de feita a análise ergonômica do setor descrita no capítulo dois,
além de se aplicar às solicitações e observações feitas na apreciação
ergonômica, também foi desenvolvido um conjunto de ações denominado
“Protocolo de adaptação ao trabalho”, com o intuito de gerenciar as condições
ergonômicas existentes no setor Toggling e conseguir a máxima retenção dos
colaboradores admitidos no setor.
O protocolo visa a uma integração gradativa do colaborador à função, de
maneira que se consiga aprender com mais tempo o trabalho e também haja
uma adaptação fisiológica de seu organismo em relação ao novo ritmo de
trabalho a que ele irá se submeter.
A adaptação resulta em aumento da eficiência do sistema cardiovascular e dos músculos ativos. Ela representa uma variedade de alterações neurológicas, físicas e bioquímicas nos sistemas cardiovascular e muscular. (KISNER; COLBY, 2005, p. 151).
3.2.1 Protocolo de adaptação ao trabalho no setor toggling
1º dia
Atividade: O colaborador deve apenas observar os postos e todas as
fases de trabalho, aprender o manuseio de grampo sem carga por 30 minutos.
53
Treinamento: Orientação completa de segurança; apresentar o POP com
o supervisor; postura e manuseio de peso com o Fisioterapeuta.
2º dia
Atividade: O colaborador deve realizar 2 tempos de 15 minutos, com
intervalo de 1,5 hora de manuseio de grampo com carga, no período antes da
refeição e repetir após a refeição, em um tempo de 15 minutos .
Quando não estiver grampeando, ele poderá: colher os grampos,
abastecer as mesas com grampos e /ou outra atividade paralela considerada
leve.
3º dia
O colaborador deve iniciar a produção, realizando 4 tempos de 20
minutos de produção, com pausas de 20 minutos de descanso.
Quando não estiver grampeando, ele poderá: colher os grampos,
abastecer as mesas com grampos e /ou outra atividade paralela considerada
leve.
4º dia
O colaborador deve iniciar produção, realizando 4 tempos de 20 minutos
de produção, com pausas de 20 minutos de descanso.
Quando não estiver grampeando, ele poderá: colher os grampos,
abastecer as mesas com grampos e /ou colocar couros na esteira da molissa.
5º dia
O colaborador deve realizar 5 tempos de 20 minutos de produção, com
pausas de 20 minutos de descanso.
Quando não estiver grampeando, ele poderá: colher os grampos,
abastecer as mesas com grampos e /ou colocar couros na esteira da molissa.
6º dia
O colaborador deve realizar 6 tempos de 25 minutos de produção, com
pausas de 15 minutos.
Quando não estiver grampeando, ele poderá: colher os grampos e
abastecer as mesas com grampos e /ou colocar couros na esteira da molissa.
7º dia
O colaborador deve realizar 6 tempos de 25 minutos, com pausas de 15
minutos e atividades de reposição de grampo.
8º dia
54
O colaborador deve realizar 6 tempos de 30 minutos, com pausas de 15
minutos e atividades de reposição de grampo.
9º dia
O colaborador deve realizar 7 tempos de 35 minutos, com pausas de 15
minutos e atividades de reposição de grampo e couro para esteira.
10º dia
Reavaliação com o fisioterapeuta (já agendada na admissão).
Reciclagem Treinamento: Orientação completa de segurança e POP;
postura e manuseio de peso com o Fisioterapeuta.
O colaborador deve realizar 3 tempos de 35 minutos com pausas de 15
minutos e atividades de reposição de grampo e couro para esteira.
11º dia ao 18º dia
O colaborador dever realizar a produção normal, somente com as
pausas do próprio setor, sem realizar horas extras.
19º dia
Nova avaliação com o fisioterapeuta. O colaborador deve realizar a
produção normal, somente com as pausas do próprio setor, sem realizar horas
extras.
20º dia
O colaborador deve realizar a produção normal, somente com as pausas
do próprio setor, sem realizar horas extras. Será realizada a avaliação final
com: Supervisor + RH + Fisioterapeuta.
3.2.1.1 Relatório das primeiras semanas e depoimentos dos supervisores
Durante as primeiras semanas de protocolo, os novos colaboradores do
toggling não apresentaram queixa alguma. Disseram que estão sendo
cumpridos os horários e pausas, conforme o supervisor tem orientado e estão
aprendendo todo processo e manuseio gradativamente.
Os supervisores colocaram colaboradores mais experientes para ensinar
todo o procedimento correto de trabalho aos novatos, orientando quanto ao
manuseio com os grampos e os cuidados necessários quanto à movimentação
das telas na plataforma.
55
Segundo as enfermeiras, não houve nenhuma entrada no ambulatório
pelos colaboradores que estão sob protocolo de adaptação no toggling.
Foram colhidas informações e opiniões junto aos supervisores de
produção dos três turnos, para saber como estava o andamento do protocolo e
cada um deu sua opinião.
O supervisor do turno da tarde disse o seguinte:
“Está sendo bom este protocolo, pois estamos podendo
avaliar melhor os colaboradores, seu interesse em
aprender, sua conduta nos tempos de pausa e, também,
eles estão tendo a oportunidade de aprender todo
manuseio melhor e com calma”.
O supervisor do turno da noite disse o seguinte:
“A princípio, não acreditava neste trabalho, mas analisei
melhor e vi que está sendo ótimo, pois os novatos estão
tendo tempo para aprender melhor todo serviço, e estão
podendo conhecer todo o processo do couro, não se
limitando à visão de apenas grampear o couro. Agora eles
têm a oportunidade de conhecer como funciona todo
processo. Antes desse protocolo, as pessoas entravam e
já tinham que ir dando conta do serviço, sem um preparo
gradativo e, por muitas vezes, não suportarem o ritmo de
trabalho, acabavam abandonando o serviço”.
O supervisor do turno da manhã diz o seguinte:
“Acho o protocolo bastante positivo, assim como têm sido
importante as outras melhorias, como a compra de novos
bebedouros, o conserto dos ventiladores e manutenção
das plataformas, e o pessoal está se adaptando bem,
podendo aprender melhor o trabalho, sem problemas”.
No geral, tudo está correndo bem, todo trabalho está sendo
acompanhado, visitando-se os três turnos, podendo-se trocar informações com
os supervisores e também com os colaboradores.
22 de setembro de 2008.
3.2.1.2 Resultados obtidos com o protocolo de adaptação ao trabalho
56
O gráfico abaixo mostra a situação antes e após o início do protocolo:
Admitidos e demitidos no setor Toggling 2008
109
12
8
0 0
87
21
0 00
2
4
6
8
10
12
14
Julho Agosto Setembro Outubro novembro dezembro
meses
co
lab
ora
do
res
admitidos
demitidos
Fonte: Recursos Humanos da empresa, 2008
Figura 20: Gráfico comparativo de admissões e demissões.
80% dos colaboradores admitidos em julho e 77% dos colaboradores
admitidos em agosto, que não passaram por avaliação fisioterapêutica pré-
admissional e não foram inseridos no protocolo de adaptação ao trabalho,
pediram demissão da empresa.
Já nos dois meses seguintes, após a implantação da avaliação
fisioterapêutica pré-admissional e do protocolo de adaptação ao trabalho,
apenas 16,6% em setembro e 12,5% em outubro dos colaboradores pediram
demissão, causando um impacto bastante positivo logo no início do trabalho.
No decorrer do ano de 2009, conseguiu-se manter os bons resultados
com o protocolo de adaptação, o qual é mostrado no gráfico abaixo:
Admitidos e desligados em processo adaptativo
TOGGLING - ANO 2009
52
4 30
2
10
26
42
11
20 0 1 1 0 0 0
2 1 0 1 00
5
10
15
20
25
30
jane
iro
feve
reiro
mar
çoab
ril
mai
o
junh
ojulh
o
agos
to
sete
mbr
o
outu
bro
nove
mbr
o
deze
mbr
o
admitidos
demitidos
Linear (demitidos)
Fonte: Recursos Humanos da empresa, 2009
Figura 21: Gráfico de admissão e demissão dos colaboradores em protocolo do
ano de 2009.
Início do
Projeto
57
3.3 Melhorias realizadas no posto de trabalho
Por meio da análise ergonômica, uma série de ações foi colocada em
prática, com o apoio da gerência de recursos humanos e gerência industrial,
disponibilizaram-se investimentos para algumas melhorias no setor.
3.3.6 Manutenção e compra de grampos novos
A partir da análise ergonômica, verificaram-se muitas reclamações por
parte dos colaboradores a respeito dos grampos. Havia muitos grampos
quebrados sendo utilizados juntamente com os grampos bons, e uma vez que
o colaborador utilizava os grampos quebrados, muitas vezes machucavam os
dedos das mãos nas partes quebradas pontiagudas, ou os grampos
escapavam da mão na hora de grampear, causando contusão das mãos na
tela.
Diante desta situação, passou-se a recolher com frequência os grampos
quebrados, bem como foi feita a compra de grampos novos.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 22: Grampo utilizado no Toggling.
3.3.7 Bebedouros novos
Mediante a reclamação constante dos colaboradores por falta de água e
o risco de desidratação, ou o risco de doenças por contaminação de fungos,
vírus e bactérias, devido ao uso compartilhado de garrafas Pet entre eles,
58
foram instalados bebedouros nas duas plataformas do Toggling, resolvendo e
eliminando por completo esse problema.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 23: Foto do bebedouro na plataforma do Toggling.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 24: Foto do colaborador utilizando o bebedouro.
3.3.8 Ventiladores
Devido às altas temperaturas no setor nos períodos de verão e também
devido à atividade intensa de trabalho, foram instalados ventiladores nas duas
plataformas do Toggling, melhorando a sensação térmica e a satisfação dos
colaboradores em relação às condições de trabalho na empresa.
59
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 25: Foto do ventilador na plataforma do toggling.
3.3.9 Guarda corpo na plataforma
A maioria dos acidentes no setor toggling era por quedas da plataforma,
isto devido à falta de guarda-corpo. Após a solicitação feita através da analise
ergonômica, foram colocados os guarda-corpos que estavam faltando na
plataforma, reduzindo assim os índices de acidentes por quedas.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 26: Guarda corpo instalado na plataforma.
60
3.3.10 Treinamentos
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 27: Foto da palestra e treinamento pelo fisioterapeuta do trabalho.
Foram realizados vários treinamentos com os colaboradores do setor
toggling sobre posturas, manuseio e transporte correto de cargas,
alongamento, hidratação, ginástica laboral entre outros assuntos referentes às
atividades desenvolvidas no setor toggling.
A partir do início do serviço de fisioterapia do trabalho implantado na
empresa, todos os novos colaboradores, já no primeiro dia de trabalho, têm
recebido treinamento completo em ergonomia, adquirindo as instruções
necessárias para salvaguardar sua saúde nas atividades laborais.
3.3.6 Ginástica Laboral
Após alguns meses de trabalho de melhorias no setor toggling, foi
implantada a ginástica laboral preparatória nos três turnos. Foram treinados
alguns colaboradores do próprio setor para serem multiplicadores da ginástica.
Antes de iniciar a ginástica laboral no setor, foi realizada uma palestra
com todos os colaboradores, ressaltando a importância do programa, seus
benefícios, bem como o compromisso e empenho de todos da equipe para que
o trabalho flua bem.
61
Fonte: Elaborada pelo autor, 2009
Figura 28: Foto da implantação da Ginástica Laboral.
3.4 Considerações finais
A carga de trabalho é influenciada pelas posturas e repetitividade de
movimentos durante a realização das tarefas. Havia falta de adaptação dos
colaboradores para iniciar a função, levando ao rodízio de colaboradores e
dificuldades de montar equipes, além de muitas reclamações por desconforto
músculo-esquelético entre os funcionários.
As recomendações feitas na análise ergonômica e aplicadas no presente
trabalho foram usadas com referência de uma situação já existente que
interferia direta e indiretamente sobre a atividade de trabalho realizada.
Embora a subjetividade do método interfira na análise, procurou-se
descrever os principais riscos evidenciados e, a partir deles, entrar com ações
que pudessem transformar o ambiente de trabalho, a fim de se conseguir os
resultados esperados.
62
CONCLUSÃO
A pesquisa buscou verificar a relação de queixas osteomusculares e as
atividades de trabalho, através da avaliação das posturas de trabalho adotadas
pelos trabalhadores e da ocorrência das queixas nos diversos segmentos
corporais.
Referente às queixas osteomusculares, foi possível identificar que todos
os trabalhadores apresentaram queixas de dor, desconforto e/ou dormência.
Tendo em vista esta realidade, pode-se considerar que as queixas
osteomusculares referidas pelos trabalhadores tendem a ter relação com as
posturas corporais que eles adotam para executarem as operações da
atividade de trabalho.
O setor toggling de um curtume tem um trabalho em que se fazem
necessárias condições adequadas e seguras, para se realizar a tarefa, além de
uma equipe de trabalho homogênea no aspecto físico, bem treinada para a
realização de suas atividades laborais.
Salienta-se que para realizar esta modificação, é necessária a
consciência dos gestores e é importante também ouvir o trabalhador, para ele
manifestar possíveis problemas operacionais. Para promover e proteger a
saúde do trabalhador é preciso eliminar ou reduzir a exposição às condições de
risco e isto exige soluções técnicas. Para prevenir lesões e distúrbios
decorrentes do trabalho é fundamental a intervenção interdisciplinar.
Por meio da aplicação da análise ergonômica do trabalho, mostrou-se
que mudanças puderam trazer transformações e vários benefícios aos
colaboradores em relação à saúde e desempenho de suas funções. Houve,
também, melhoria no posto de trabalho, melhoria da qualidade do trabalho e,
consequentemente, melhoria da empresa evidenciada em seus indicadores.
63
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