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1 ANÁLISE DO DESEMPENHO DA GESTÃO DE UMA PEQUENA MÉDIA EMPRESA ATRAVÉS DE INDICADORES Joziane Raquel Bernardi * RESUMO Este trabalho tem por objetivo realizar a análise do desempenho da gestão de uma Pequena Média Empresa através da aplicação de indicadores. A matriz da empresa, objeto de estudo está localizada em Sapiranga RS e se constitui de uma franquia do segmento de cosméticos. Sendo assim, procura-se verificar se o uso de indicadores pode ser considerado um fator determinante na identificação da saúde financeira da empresa. A coleta de dados se deu através de pesquisa bibliográfica e análise de documentos da empresa ainda, a pesquisa se classifica como quantitativa, visto a utilização das demonstrações contábeis de 2015 e 2016 como base para a aplicação dos indicadores. Após aplicação da análise, o estudo demonstra que a empresa possui boa saúde financeira e que é possível através de alguns indicadores, realizar uma breve análise da gestão e situação financeira. Palavras-chave: Análise. Indicadores. Desempenho. 1 INTRODUÇÃO A sociedade atual vem se caracterizando pelo aparecimento de uma série de fatos que aumentam dia a dia a dificuldade administrativa das organizações, impedindo atuações improvisadas. Mudanças de natureza econômica, política, tecnológica e social levam líderes empresariais a se preocuparem, de uma forma mais intensa, com o aperfeiçoamento de seus processos de planejamento e gestão. Convivemos com situações que estão exigindo o trabalho em equipe, cooperação, agilidade e praticidade das equipes e organizações para o alcance dos objetivos. Todavia, a gestão muitas vezes precisa tomar decisões rápidas e assertivas e, para isso é necessário conhecimento acerca do negócio e da atual situação da empresa. * Discente do Curso MBA Gestão Financeira e Controladoria da Universidade La Salle Unilasalle, matriculada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso. E-mail: [email protected], sob a orientação do Prof. Me. Juliano Lautert. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 31 ago. 2017.

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ANÁLISE DO DESEMPENHO DA GESTÃO DE UMA PEQUENA MÉDIA

EMPRESA ATRAVÉS DE INDICADORES

Joziane Raquel Bernardi*

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo realizar a análise do desempenho da gestão de uma Pequena

Média Empresa através da aplicação de indicadores. A matriz da empresa, objeto de estudo

está localizada em Sapiranga – RS e se constitui de uma franquia do segmento de cosméticos.

Sendo assim, procura-se verificar se o uso de indicadores pode ser considerado um fator

determinante na identificação da saúde financeira da empresa. A coleta de dados se deu

através de pesquisa bibliográfica e análise de documentos da empresa ainda, a pesquisa se

classifica como quantitativa, visto a utilização das demonstrações contábeis de 2015 e 2016

como base para a aplicação dos indicadores. Após aplicação da análise, o estudo demonstra

que a empresa possui boa saúde financeira e que é possível através de alguns indicadores,

realizar uma breve análise da gestão e situação financeira.

Palavras-chave: Análise. Indicadores. Desempenho.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade atual vem se caracterizando pelo aparecimento de uma série de fatos que

aumentam dia a dia a dificuldade administrativa das organizações, impedindo atuações

improvisadas. Mudanças de natureza econômica, política, tecnológica e social levam líderes

empresariais a se preocuparem, de uma forma mais intensa, com o aperfeiçoamento de seus

processos de planejamento e gestão.

Convivemos com situações que estão exigindo o trabalho em equipe, cooperação,

agilidade e praticidade das equipes e organizações para o alcance dos objetivos. Todavia, a

gestão muitas vezes precisa tomar decisões rápidas e assertivas e, para isso é necessário

conhecimento acerca do negócio e da atual situação da empresa.

* Discente do Curso MBA Gestão Financeira e Controladoria da Universidade La Salle – Unilasalle, matriculada

na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso. E-mail: [email protected], sob a orientação do

Prof. Me. Juliano Lautert. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 31 ago. 2017.

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Nesse contexto, encontra-se a empresa analisada, denominada na pesquisa como

“Belatto”, com matriz em Sapiranga no Rio Grande do Sul. A empresa é franqueada de uma

marca de cosméticos, atua no comércio e varejo com total de 8 lojas no Vale do Paranhana.

A temática deste trabalho se concentra em uma análise de desempenho da gestão de

uma pequena média empresa através da aplicação de alguns indicadores específicos, buscando

de maneira simplificada identificar a situação financeira da empresa. Tendo em vista que a

empresa já possui algumas práticas de gestão e vem acompanhando o comportamento das

suas demonstrações contábeis, a problemática desta pesquisa consiste em: Será que é possível

identificar e analisar a saúde financeira de uma PME através de indicadores?

Para responder a pergunta, o objetivo geral é avaliar a situação financeira da empresa

através da utilização de indicadores. Com isso, por meio da análise será possível realizar um

breve diagnóstico acerca da saúde da empresa, detectar a evolução do negócio e os eventos

que foram importantes.

Deste modo, a pesquisa será baseada em um estudo de caso de natureza aplicada com

abordagem quantitativa. Quantitativa no que se refere a interpretação e aplicação dos dados.

Enquadra-se também a pesquisa exploratória, visto a busca de informações sobre o assunto e a

pesquisa bibliográfica no desenvolvimento do referencial teórico.

Para a realização do trabalho a pesquisa bibliográfica baseou-se nas seguintes

referências: Silva (2010), Assaf Neto (2006), Gitman (2010), Padoveze (2010) e Iudícibus et

al (2010) entre outros que embasaram os conceitos acerca das demonstrações contábeis e

indicadores. Para o desenvolvimento do método de pesquisa foram utilizados os autores Gil

(2010) e Beuren et al (2008) entre outros.

Assim sendo, o trabalho se divide em cinco partes, sendo que o primeiro compreende

esta introdução. A segunda parte descreve os conceitos acerca das demonstrações contábeis de

Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do Exercício e os indicadores de liquidez,

rentabilidade e lucratividade. A terceira parte, abrange de maneira breve os métodos

empregados na pesquisa e a quarta parte destina-se ao estudo de caso, caracterização da

empresa e sua análise. Por último é exposto as considerações finais verificando o alcance dos

objetivos.

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2 GESTÃO DE EMPRESAS

A administração de uma empresa consiste de um processo contínuo de tomada de

decisões estruturadas e não estruturadas, por meio do planejamento, organização, direção,

coordenação e controle visando o alcance de objetivos.

Silva (2010) traz que a análise do desempenho financeiro informa se a empresa está

contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros e do lucro líquido. Assim, toda

empresa precisa ter controles confiáveis e atualizados para uma análise periódica, como

vendas, custos, despesas, inclusive as financeiras e tributárias.

2.1 Balanço patrimonial – BP

Os Balanços Patrimoniais são considerados instrumentos estáticos, representando uma

fotografia, pois refletem as condições da empresa na época de sua elaboração, normalmente

no fim do ano ou de um período prefixado. Para os autores Ross, Jaffe e Westerfield (1995) o

Balanço Patrimonial é um imediato do valor contábil da empresa em definida data, como se

esta tivesse ficado momentaneamente imóvel. Indica também o que a empresa possui e como

tudo é financiado.

A estrutura do Balanço Patrimonial, conforme Iudícibus Et al. (2010), é composta de

três elementos básicos: do lado esquerdo, a coluna do ativo e, do lado direito, a coluna do

passivo e patrimônio líquido.

O patrimônio da empresa é constituído de bens, direitos e obrigações. O ativo abrange

os bens e direitos pertencentes à empresa, ou seja, demonstra onde a empresa aplicou seus

recursos como dinheiro, estoques, créditos, valores mobiliários, bens de uso etc. O passivo

representa as obrigações da empresa, podendo ser com credores, terceiros ou fornecedores.

O Balanço de acordo com Iudícibus e Marion (2011) pode ser expresso pela seguinte

equação:

A = P + PL

Onde:

A: Ativo, que compreende os recursos controlados pela entidade e dos quais se

esperam benefícios econômicos futuros. É o total de recursos à disposição da

empresa.

P: Passivo, que engloba as exigibilidades e obrigações.

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PL: Patrimônio líquido, que representa a diferença entre o ativo e o passivo, ou seja, o

valor líquido da empresa. Constitui-se do capital próprio ou que pertence aos

proprietários ou acionistas da empresa.

Helfert (2000, p. 30), ressalta que,

O Balanço Patrimonial, preparado a partir de uma data específica, registra as

categorias e quantias de ativos empregados pelo negócio e as obrigações devidas aos

financiadores e proprietários. [...] o Balanço sempre tem que igualar, por definição,

o valor registrado dos recursos totais investidos naquele período (ativos) com as

obrigações exigidas e patrimônio líquido (passivos) que sustentam esses recursos.

(HELFERT, 2000, p. 30).

De acordo com Silva (2010b), o ativo é composto de dois grupos o ativo circulante e o

ativo não circulante. O ativo total representa onde a empresa aplicou os recursos de que

dispõe, ou seja, seus bens e direitos. Por sua vez, os recursos aplicados no ativo são

provenientes ou dos sócios ou de dívidas. O passivo e o patrimônio líquido, portanto indicam

a proveniência dos recursos.

O passivo, ainda para Silva (2010b) é composto do passivo circulante e do passivo não

circulante ambos representando as dívidas da empresa. O passivo circulante representa as

dívidas da empresa com prazo de vencimento até um ano. O passivo não circulante representa

as dívidas da empresa com prazo de vencimento superior a um ano.

O patrimônio líquido representa os investimentos dos proprietários em capital além

das reservas e outros itens. De forma simplificada o patrimônio líquido equivale ao total das

aplicações feitas pelos proprietários na empresa (MARION, 2004). Assim, o Balanço

Patrimonial tem uma estrutura de grupos que pode ser esquematizada conforme o Quadro 1:

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTE

ATIVO NÃO CIRCULANTE:

REALIZÁVEL À LONGO PRAZO

INVESTIMENTOS

IMOBILIZADO

INTANGÍVEL

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

PATRIMÔNIO LÍQUIDO:

CAPITAL SOCIAL

RESERVAS DE CAPITAL

RESERVAS DE LUCROS

LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS

Quadro 1 – Grupos do Balanço Patrimonial

Fonte: Iudícibus et al., 2010, p. 03.

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Os grupos de contas apresentados seguem uma ordem decrescente de liquidez, onde

no ativo são apresentados em primeiro lugar às contas mais rapidamente conversíveis em

disponibilidades, iniciando com o disponível, contas a receber, estoques e assim

sucessivamente. No passivo, classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade

ocorre antes. (IUDÍCIBUS et al., 2010).

2.2 Demonstrativo do resultado do exercício – DRE

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um demonstrativo contábil que

visa fornecer, de maneira esquematizada, os resultados -lucro ou prejuízo- auferidos pela

empresa em determinado exercício social ou período, bem como os fatores – despesas e

receitas – que provocaram o resultado positivo ou negativo. (ASSAF NETO, 2006).

De acordo com Gitman (2010, p. 41) a DRE “fornece um resumo financeiro dos

resultados operacionais da empresa durante um determinado período”. Dessa forma a

demonstração do resultado apresenta de forma acumulada às receitas, os custos, e as despesas

relativas a um período de tempo mostrando o resultado e possibilitando conhecermos seus

componentes principais. Normalmente a demonstração do resultado engloba o período de um

ano, sendo encerrado sempre em uma data específica, no geral em 31 de dezembro do ano

corrente.

A DRE mediante confrontação das receitas realizadas e das despesas incorridas

evidencia a formação do lucro ou prejuízo. Enquanto o Balanço Patrimonial representa a

situação da empresa em determinado momento a demonstração do resultado acumula as

receitas, os custos e as despesas relativas a um período de tempo, mostrando o resultado e

possibilitando conhecer seus componentes principais. (SILVA, 2010b).

Por consistir em um resumo ordenado de receitas e despesas a DRE é apresentada de

forma dedutiva no sentido vertical, ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em

seguida, indica-se o resultado.

A demonstração do resultado é subdividido em várias partes. A parte referente às

operações da empresa apresentam suas receitas e despesas. A parte não operacional inclui

todos os custos de financiamento, como as despesas com juros. Já outra parte indica como

item em separado o montante de impostos devidos sobre o lucro. E o último item da

demonstração é o resultado líquido do exercício. (ROSS; JAFFE; WESTERFIELD, 1995).

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A DRE inicia com a receita bruta da empresa, e através de sucessivas adições e

subtrações chega-se ao resultado líquido do exercício, como mostra o Quadro 2.

RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS

Deduções, descontos concedidos, devoluções

Impostos sobre vendas

RECEITA LÍQUIDA

Custo dos Produtos vendidos e dos Serviços Prestados

LUCRO BRUTO

Despesas de Vendas

Despesas Administrativas

Despesas Financeiras Líquidas

Outras Despesas Operacionais

Outras Receitas Operacionais

LUCRO OPERACIONAL

Despesas Não Operacionais

Receitas Não Operacionais

( + ) ( - ) Saldo da Conta de Correção Monetária

LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

Provisão para Imposto de Renda

LUCRO LÍQUIDO ANTES DE PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

Participações

Contribuições

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Lucro por Ação=

=

Demonstração do Resultado do Exercício - DRE=

( - )

=

( - )

( - )

( - )

( - )

( + )

=

( - )

( - )

=

( - )

( + )

=

( - )

( - )

( - )

=

Quadro 2 – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício

Fonte: Adaptado de Assaf Neto, 2006.

O demonstrativo de resultados em sua estrutura representa os itens pertinentes à

receita diminuídos os custos e despesas do período, um processo que envolve o regime de

competência de exercícios e o uso extenso de alocações de receitas e custos.

No regime de competência de exercícios considera-se que as receitas e despesas

devem ser registradas em função de sua geração e não em função de seu recebimento ou

pagamento (IUDÍCIBUS et al., 1998). Dessa forma a receita é considerada no momento em

que ocorre a venda, transferência de um bem a outrem ou a prestação de um serviço.

Ocorrendo da mesma forma para as despesas incorridas na obtenção das receitas.

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Ao elaborar um DRE alguns detalhes são imprescindíveis e devem constar no

demonstrativo como, o nome da empresa, denominação do demonstrativo e o período coberto.

Existe também uma preocupação com a riqueza dos detalhes no sentido de propiciar um

maior número de informações para a tomada de decisão.

2.3 Indicadores de análise

Grande parte dos indicadores de desempenho são da área econômico-financeira, sendo

que, existem os convencionais, que tratam das atividades e resultados operacionais, e os

estratégicos, que tratam dos investimentos, captação de recursos, alavancagem financeira e

resultados oriundos pelo desempenho de ações. Todos os indicadores econômico-financeiro

têm o seu ponto de partida nos registros contábeis.

As principais características da análise, conforme Assaf Neto (2006), são a

comparação dos valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos

anteriores e o relacionamento desses valores com outros afins. Dessa forma, o ponto mais

importante na análise das demonstrações contábeis é o cálculo e a avaliação dos índices.

O montante de uma conta ou de um grupo patrimonial quando tratado isoladamente

não retrata adequadamente a importância do valor apresentado e muito menos seu

comportamento ao longo do tempo. Nesse sentido, a comparação dos valores entre si e com

outros de diferentes períodos oferece um aspecto mais dinâmico e elucidativo à posição

estática das demonstrações contábeis (ASSAF NETO, 2006). Esse processo de comparação,

indispensável ao conhecimento da situação de uma empresa é representado pelos indicadores

de liquidez, endividamento e lucratividade.

Indicadores de Liquidez

Os indicadores de liquidez, conforme Marion (2010) são utilizados para avaliar a

capacidade de pagamento, constituindo-se de um julgamento sobre as disponibilidades da

empresa em saldar seus compromissos. Silva (2010b, p. 278) destaca que “no geral, a liquidez

decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e

de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento”.

A posição de liquidez de uma empresa segundo Assaf Neto (2006) revela a sua

habilidade em gerar caixa de maneira a atender todas as suas obrigações financeiras. Em

essência, os índices de liquidez testam o grau de solvência da empresa, onde se têm como

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medida os índices de liquidez corrente, imediata, seca e liquidez total. Todavia, para o

desenvolvimento e análise deste trabalho, será utilizado o índice de liquidez total.

E o índice de liquidez total “mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo

prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo),

relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a curto e longo prazo)” (MARION,

2010, p. 79). Neste caso tem-se o seguinte método:

Liquidez Total =

Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo

(01)

Passivo Circulante + Passivo Exigível a longo Prazo

Para Assaf Neto (2006) esse indicador revela a liquidez, tanto a curto como em longo

prazo, pois de cada $1,00 que a empresa tem de dívida, o índice aponta o quanto existe de

direitos e haveres no ativo circulante e no realizável à longo prazo capaz de quitar com todas

as obrigações.

Indicadores de Endividamento

Os indicadores de endividamento têm como finalidade transformar em percentuais a

participação dos valores dos principais grupos representativos do balanço patrimonial, bem

como mensurar percentualmente sua relação com o capital próprio, representado pelo

patrimônio líquido. (PADOVEZE, 2010).

Os índices desse grupo também demostram as linhas de decisões financeiras, em

termo de obtenção e aplicação de recursos. Ainda através dos índices de endividamento é

possível analisar a estratégia utilizada pela empresa para a captação de recursos e alguns de

seus direcionamentos. (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2009).

Ainda, de acordo com Padoveze (2010), tais indicadores nos informam se a empresa

utiliza mais recursos próprios ou de terceiros ou se possui até, dependência por recursos

financeiros. As principais medidas de endividamento e estrutura são: Endividamento de Curto

Prazo, Endividamento Geral e Imobilização do Capital Próprio. Entretanto, para o trabalho em

questão, será utilizado o índice de Endividamento Geral e de Imobilização de Capital Próprio.

O índice de imobilização do capital próprio revela quanto do Ativo Fixo está sendo

financiado pelo Patrimônio Líquido. Quanto maior a aplicação de recursos no Ativo Fixo,

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maiores serão os custos fixos da empresa com depreciação, seguros e manutenção. Assim

sendo, quanto mais à empresa investir no ativo fixo, menos recursos próprios sobrarão para o

ativo circulante, e em consequência, maior será a dependência de capitais de terceiros para o

financiamento do ativo circulante (PADOVEZE, 2010). O indicador é mensurado da seguinte

forma:

Imobilização do Capital Próprio =

Ativo Fixo (02)

Patrimônio

Líquido

Para a empresa, o ideal seria dispor de um Patrimônio Líquido satisfatório, capaz de

cobrir o Ativo Fixo e ainda restar uma quantia suficiente para financiar o Ativo Circulante.

O índice de Endividamento Geral revela a dependência da empresa por recursos de

terceiros. Este indicador tem como conceito básico, verificar qual a possibilidade da empresa,

em uma situação de descontinuidade de suas operações ter condições de garantir todas as suas

dívidas com recursos próprios (PADOVEZE, 2010). Para apuração desse indicador é utilizada

a seguinte fórmula:

Endividamento Geral =

Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

(03)

Patrimônio Líquido

Este cálculo indica quanto à empresa possui de recursos de terceiros para cada unidade

monetária aplicada de capital próprio. Assim, um resultado superior a 1 denota maior grau de

dependência financeira em relação aos recursos de terceiros (ASSAF NETO, 2010). Como

critério de avaliação deste indicador, Padoveze (2010) observa que quanto menor, melhor

para a empresa.

Indicadores de Lucratividade

O grupo dos índices de lucratividade permite avaliar os lucros da empresa em relação

a um dado nível de vendas, um dado nível de ativos ou até sobre o investimento dos

proprietários (GITMAN, 2010). Os índices de lucratividade abordam a margem de lucro

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bruto, operacional e líquida. Porém, para fins de análise do trabalho em questão, será utilizado

o indicador de Margem do Lucro Líquido.

A margem de lucro líquido mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas

remanescente após a dedução de todos os custos e despesas, inclusive juros, impostos e

dividendos de ações preferenciais. Quanto mais elevada a margem de lucro líquido de uma

empresa melhor (GITMAN, 2010). A margem de lucro líquido é calculada da seguinte

maneira:

Margem de Lucro Líquido =

Lucro Líquido x 100 (04)

Receita Líquida de

Vendas

A margem de lucro líquido é uma medida frequentemente associada ao sucesso de

uma empresa em relação ao lucro obtido com as vendas, porém essa margem varia de um

setor para o outro.

No próximo capítulo aborda-se a metodologia utilizada para a elaboração do estudo e

o alcance dos seus objetivos. A descrição do método científico visa elucidar à compreensão

do leitor.

3 MÉTODO DE PESQUISA

O método de pesquisa consiste na aplicação de procedimentos e técnicas que devem

ser aplicados no desenvolvimento do conhecimento, com o intuito de comprovar sua validade

e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade. Na mesma linha, Gil (2010) aborda que o

método científico tem como finalidade chegar à veracidade dos fatos.

Para Beuren et al. (2008), o método compreende um ordenamento, no qual se deve

auferir os diferentes processos necessários visando alcançar determinado fim ou objetivo

pretendido. Assim sendo, o processo metodológico serve de apoio à construção da pesquisa,

pois existe uma sequência de procedimentos a seguir, resultando na organização das

informações que serão apresentadas.

Como proposta, este trabalho visa a aplicação de uma análise de desempenho da

gestão através de indicadores em uma empresa franqueada de cosméticos, situada no Vale do

Paranhana – RS. Com o intuito de preservar o nome da empresa, o mesmo se manterá omisso

no decorrer desta pesquisa, visando a integridade e a ética perante o mercado. O nome fictício

utilizado será “Belatto”.

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Logo, com relação aos tipos de pesquisa utilizados para o desenvolvimento deste

estudo, adotou-se uma pesquisa aplicada que, conforme Gil (2010), está voltada à aquisição

de conhecimentos com vistas à aplicação numa situação específica.

Visto que o estudo em questão, tem como problemática averiguar se é possível

identificar e analisar a saúde financeira de uma PME - Pequena Média Empresa através de

indicadores, a pesquisa classifica-se como quantitativa. A abordagem quantitativa para

Beuren et al. (2008), tem a intenção de garantir a exatidão dos resultados, evitar distorções de

análise e interpretação, possibilitando assim uma margem de segurança quanto as deduções

feitas.

Com relação aos objetivos da pesquisa, a mesma enquadra-se como exploratória, visto

que a intenção é adquirir conhecimentos acerca do assunto estudado. Cabe destacar que por

meio da pesquisa exploratória procura-se conhecer com maior profundidade o assunto, de

maneira a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa

(BEUREN et al., 2008).

Neste sentido, este estudo tem como objetivo geral avaliar a situação financeira da

empresa através da aplicação de indicadores. Para contribuir com o alcance do objetivo geral,

elaboram-se os seguintes objetivos específicos: a) analisar o Balanço Patrimonial e o

Demonstrativo de Resultado do Exercício buscando aplicar os indicadores financeiros; b)

aplicar os indicadores, visando identificar pontos relevantes para a análise; c) identificar a

saúde financeira da empresa.

Para embasar a pesquisa foram relacionadas informações sobre os temas pertinentes a

área, os quais se amparam no referencial teórico, além de conversas com a gestora, que

forneceu dados essenciais.

Ainda, dentro dos procedimentos adotados a pesquisa se enquadra como bibliográfica

e de estudo de caso. A pesquisa bibliográfica segundo Beuren et al. (2008, p. 87):

[...] abrange todo referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde

publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,

dissertações, teses, entre outros. Por meio dessas bibliografias reúnem-se

conhecimentos sobre a temática pesquisada. (BEUREN et al., 2008, p. 87).

Assim sendo, para este estudo se utilizam informações já publicadas, com autores que

possuem conhecimento nas respectivas áreas abordadas no referencial teórico, que favorecem

o desenvolvimento dos próximos capítulos.

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Beuren et al. (2008), aborda que a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se pelo

estudo concentrado de um único caso. Para Yin (2001), o estudo de caso compreende um

método que abrange tudo, envolvendo a lógica de planejamento e incorporando abordagens

específicas à coleta de dados e a análise de dados.

O trabalho compreende um estudo de caso, visto que o objetivo é analisar o

desempenho da gestão através dos indicadores da empresa “Belatto”. Para tal análise toma-se

como base as demonstrações contábeis de BP e DRE dos anos de 2015 e 2016 e a posterior

aplicação dos devidos indicadores.

4 ESTUDO DE CASO

O presente capítulo apresenta a empresa objeto do estudo, sua caracterização, negócio

e o mercado no qual está inserida. Posteriormente são analisadas as informações contábeis

conforme contextualizações do referencial teórico e de acordo com os procedimentos

metodológicos supracitados.

4.1 Contextualização da empresa

Este estudo foi desenvolvido na empresa “Belatto”, com sede em Sapiranga, RS. A

empresa se constitui de franquias de uma grande marca de cosméticos nacional, a qual atua

diretamente com comércio e varejo e abrange toda a região do vale do Paranhana.

A empresa teve início em 2007 após a desistência de um antigo franqueado.

Considerando ser um negócio promissor e acreditando na força da marca a atual proprietária

resolveu adquirir o negócio. No início eram 5 lojas em cinco municípios distintos sendo,

Sapiranga, Igrejinha, Três Coroas, Taquara e Parobé, já hoje são no total 8 lojas.

O negócio funciona de duas maneiras, lojas físicas e venda direta ao consumidor de

porta em porta. Este último iniciou em 2013 e já corresponde a 50% do faturamento total da

empresa.

A empresa possui duas lojas com sede própria e as demais locadas. Ainda, há um local

de 400m² para o estoque dos produtos da venda direta. No seu quadro de funcional atuam 40

pessoas de forma direta e 500 indiretas atuando na venda de porta em porta.

A atual composição societária é formada por duas pessoas, onde a administração cabe

a uma única que detém 96% das cotas. De início, para dar seguimento a empresa, o capital

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investido foi de 50% próprio e 50% de terceiros. Frente ao seu faturamento a empresa pode

ser enquadrada nos grupos das PME (Pequenas e Médias Empresas).

4.2 Análise das demonstrações contábeis

Através da análise das demonstrações contábeis procura-se identificar a situação

financeira da empresa Belatto no final dos anos de 2015 e 2016. Desta forma, conforme os

autores Ross, Jaffe e Westerfield (1995), o Balanço Patrimonial é um imediato do valor

contábil da empresa em definida data, como se esta tivesse ficado momentaneamente imóvel.

Indica também o que a empresa possui e como tudo é financiado.

Para o desenvolvimento deste estudo tomou-se como base alguns dados fornecidos

pela contabilidade da empresa, bem como informações descritas pelo proprietário. No quadro

a seguir tem-se o Balanço Patrimonial da empresa Belatto referente ao exercício de 2015 e

2016.

2015 2016 2015 2016

ATIVO 4.799.901,98 7.561.271,68 PASSIVO 4.799.901,98 7.561.271,68 CIRCULANTE 2.810.224,55 5.569.189,23 CIRCULANTE 2.163.982,00 3.836.234,82

DISPONIVEL 1.932.230,54 229.899,87 EXIGIBILIDADES 51.004,18 1.309.480,38

CAIXA GERAL 1.737.760,25 146.157,05 FORNECEDORES 51.004,18 1.309.480,38

BANCOS CC 48.891,78 (66.026,98)

APLICAÇÕES FINANCEIRAS 145.578,51 149.769,80 OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS 113.210,33 172.797,10

IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES 113.210,33 172.797,10

CLIENTES 3.000.939,34

DUPLICATAS A RECEBER 3.000.939,34 OBRIGAÇÕES TRAB. E PREV. 68.952,07 158.383,39

OBRIGAÇÕES SOCIAIS 68.952,07 107.890,97

OUTROS CREDITOS 8.345,23 22.058,43 PROVISÕES 50.492,42

TRIBUTOS A RECUPERAR 8.345,23 22.058,43

PARCELAMENTOS 131.797,05 66.039,49

BANCOS CTA CAPITALIZAÇÃO 12.861,65 13.123,19 PARCELAMENTOS TRIBUTÁRIOS 131.797,05 66.039,49

CAPITALIZAÇÃO 12.861,65 13.123,19

EMPR. E FINANCIAMENTOS CP 1.799.018,37 2.129.534,46

ESTOQUES 856.787,13 2.156.177,62 EMPRESTIMOS E FINANCIAMENTOS 1.799.018,37 2.129.534,46

MERCADORIAS PRODUTOS E INSUMOS 910.518,46 2.176.075,38

DEDUÇÕES DE ESTOQUE (53.731,33) (19.897,76) PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.635.919,98 3.725.036,86

PASSIVO EXIGIVEL A LONGO PRAZO - -

DESPESAS PAGAS ANTEC. 146.990,78 FINANCIAMENTOS A LONGO PRAZO

DESPESAS DE MESES SEGUINTES 146.990,78

PATRIMONIO LIQUIDO 2.635.919,98 3.725.036,86

ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.989.677,43 1.992.082,45 CAPITAL SOCIAL 126.000,00 126.000,00

INVESTIMENTOS 12.072,34 12.072,34 LUCROS / PREJUIZOS ACUMULADOS (611.336,43) 1.342.301,12

CONTROLADAS E COLIGADAS 12.072,34 12.072,34 RESULTADO DO EXERCÍCIO 3.121.256,41 2.256.735,74

IMOBILIZADO 1.976.865,09 1.979.270,11

MOVEIS E UTENSILIOS 142.614,58 158.395,59

MAQUINAS E EQUIPAMENTOS 22.103,97 24.603,97

VEÍCULOS 35.891,60 35.891,60

EQUIPAMENTOS DE INFORMATICA 48.371,28 51.296,27

INSTALAÇÕES E BENFEITORIAS 1.804.841,46 1.804.841,46

DEPRECIAÇÕES (76.957,80) (95.758,78)

INTANGIVEL 740,00 740,00

MARCAS E PATENTES 740,00 740,00

BALANÇO PATRIMONIAL

Quadro 3 – Balanço Patrimonial

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Analisando o BP é possível verificar variação negativa do ativo circulante para o

passivo circulante, sendo -23% para 2015 e -31% em 2016. Já com relação ao ativo não

circulante e o passivo não circulante, este último apresentou variação positiva em ambos os

anos, sendo 32% e 87%. Esta variação impactou de forma importante o capital circulante

liquido, apresentando redução em ambos os anos.

Já com relação a demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que, de acordo om

Assaf Neto (2006), é um demonstrativo contábil que traz, de maneira esquematizada, os

resultados -lucro ou prejuízo- auferidos pela empresa em determinado período, bem como

despesas e receitas que provocaram o resultado positivo ou negativo. A seguir está

apresentado o DRE da empresa Belatto referente os anos de 2015 e 2016, onde podemos notar

o seguinte:

2015 2016

RECEITA BRUTA 12.405.004,96 14.058.699,30

REVENDA DE MERCADORIAS 12.363.085,96 14.016.834,00

SERVIÇOS PRESTADOS 41.919,00 41.865,30

DEDUÇÕES (557.437,24) (695.423,54)

DEVOLUÇÕES (72.386,76) (255.795,98)

FRETES S/ VENDAS (24,67) -

ICMS (15.870,28) (26.475,83)

ISS (442,26) (786,20)

COFINS (2.972,94) (8.753,33)

PIS (643,98) (1.896,62)

CSLL (60.991,88) (145.448,15)

IRPJ (85.028,99) (240.332,65)

SIMPLES (319.075,48) (15.934,78)

RECEITA LIQUIDA 11.847.567,72 13.363.275,76

CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA (4.432.681,49) (5.205.456,43)

CUSTOS DIRETOS (4.390.647,00) (5.156.093,83)

DEPRECIAÇÕES (11.877,25) (13.947,88)

COMBUSTIVEIS (30.157,24) (35.414,72)

LUCRO BRUTO 7.414.886,23 8.157.819,33

DESPESAS OPERACIONAIS (4.288.226,63) (5.901.083,59)

DESPESAS COM VENDAS (2.705.734,33) (3.013.449,58)

DESPESAS ADMINISTRATIVAS (1.113.064,55) (2.635.295,82)

DESPESAS FINANCEIRAS (455.760,27) (211.607,12)

DESPESAS TRIBUTÁRIAS (13.667,47) (40.731,06)

RESULTADO OPERACIONAL 3.126.659,60 2.256.735,74

DESPESAS NÃO OPERACIONAIS (5.403,19) -

LUCRO LIQUIDO DO EXERCICIO 3.121.256,41 2.256.735,74

DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE

Quadro 4 – Demonstrativo de Resultado do Exercício

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Que o demonstrativo de resultados em sua estrutura traz os itens pertinentes a receita

diminuídos os custos e despesas do período, um processo que abrange o regime de

competência. Assim, conforme Iudicibus et al. (1998), as receitas ou prestação do serviço são

registradas em função de sua geração e não em função do seu recebimento ou pagamento.

Conforme o quadro 04, no DRE a receita liquida de 2015 para 2016 teve um

crescimento de R$ 1.515.708,04, variação de 13%, o que deveria refletir em aumento de

capital circulante liquido no BP, o qual não ocorreu. Quanto ao CMV, este teve aumento de

R$772.774,94, expressando uma variação de 17%, aumento este considerado desproporcional

em relação a receita líquida. Nesta linha, poderíamos esperar uma diminuição do lucro bruto

do período de 2016, porém este apresentou variação positiva de 10%, o que pode ser

justificado pelo aumento do faturamento, o qual possui uma representação monetária superior

a do CMV. Quanto ao lucro líquido do exercício, em 2016 teve redução de R$ 864.520,67,

variação de -28%, reflexo do aumento das despesas com vendas, administrativas e tributárias.

Cabe ressaltar que para uma correta apuração do lucro é fundamental que a empresa

mantenha seus controles e contas atualizadas e registradas. Ainda, através da DRE é possível

enxergar o ponto de equilíbrio e assim trabalhar a eficiência da empresa.

4.3 Análise de indicadores

A partir da análise prévia das demonstrações contábeis, procura-se identificar os

indicadores de liquidez que, mediante conceitos de Marion (2010), são utilizados para avaliar

a capacidade de pagamento, compreendendo um julgamento sobre a disponibilidade da

empresa em saldar seus compromissos. A posição de liquidez de uma empresa segundo Assaf

Neto (2006) revela a sua habilidade em gerar caixa de maneira a atender todas as suas

obrigações financeiras. Em essência, índices de liquidez testam o grau de solvência da

empresa.

Indicador de Liquidez 2015 2016

Liquidez Total 2,22 2,02

Quadro 5 – Indicador de Liquidez

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Examinando o quadro têm-se os índices de 2,22 e 2,02, tal indicador, referenciado por

Marion (2010) revela a liquidez da empresa tanto a curto como a longo prazo. Deste modo em

2015 a empresa dispunha de R$2,22 e em 2016 de R$ 2,02, ou seja, em ambos os anos existe

a capacidade de pagamento de todas as dívidas.

Contudo, embora no DRE a empresa tenha auferido lucro líquido positivo em 2016,

este teve variação de -28% com relação a 2015 logo, o indicador de liquidez total, apesar da

diminuição em 2016, apresentou variação desproporcional se comparado com a variação do

lucro líquido.

Os indicadores de endividamento, de acordo com Padoveze (2010), têm o objetivo de

informar se a empresa utiliza mais recursos próprios ou de terceiros, ou ainda, se apresenta

dependência por recursos de terceiros.

Indicadores de Endividamento 2015 2016

Endividamento Geral 1,82 2,03

Imobilização do Capital Próprio 0,75 0,53

Quadro 6 – Indicadores de Endividamento

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O Endividamento Geral, conceituado por Padoveze (2010), revela a dependência da

empresa por recursos de terceiros. Conforme o quadro 6, no ano de 2015 para cada Real de

capital próprio aplicado existiam R$1,82 de capital de terceiros, aumentando para R$2,03 em

2016. O resultado deste índice decorre dos empréstimos e financiamentos contraídos pela

empresa, comprovando assim redução do capital circulante líquido no BP.

O índice de Imobilização do Capital Próprio, conceituado por Padoveze (2010), aponta

quanto do Ativo Fixo está sendo financiado pelo Patrimônio Líquido. Deste modo, no quadro

06, o indicador em 2015 revela que para cada Real de capital próprio a empresa detém R$0,75

no ativo fixo. Já em 2016 a imobilização do capital apresentou redução, ficando em R$0,53.

A partir do aumento significativo do PL, o grau de imobilização reduziu em 2016.

Deste modo, tal variação deveria revelar que a saúde financeira da empresa sofreria uma

melhoria, porém como ocorreram investimentos em outras áreas, essa premissa não se

confirmou.

Os indicadores de lucratividade, conceituado por Gitman (2010), permitem avaliar os

lucros da empresa em relação ao nível de vendas, um dado nível de ativos ou até sobre o

investimento dos proprietários.

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Indicador de Lucratividade 2015 2016

Margem de Lucro Líquido 26,34 16,88

Quadro 7 – Indicador de lucratividade

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A Margem de Lucro Líquido revela o percentual de vendas remanescente após a

dedução de todos os custos, despesas, impostos e juros. Destaca-se que para cada Real

vendido em dezembro de 2015 a empresa obteve o lucro líquido de 26,34% reduzindo para

16,88% em 2016.

No entanto, embora essa redução em 2016 decorra de fatores como aumento das

devoluções, impostos, despesas com vendas e administrativas, percebe-se que esta variação

também impactou nos demais indicadores, levando a empresa a ter, na comparação 2015/2016

um efeito negativo nestes indicativos.

Finalizando a análise, com o resultado dos indicadores é possível elaborar uma visão

sobre a situação da empresa. Deste modo, pode-se afirmar que a empresa Belatto apresenta

uma boa saúde financeira, apesar de alguns indicadores apresentarem redução em 2016.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de avaliar a situação financeira de uma empresa franqueada do ramo

de cosméticos, o presente estudo realizou uma análise através de indicadores, utilizando-se de

ferramentas de BP e DRE, abrangendo os anos de 2015 e 2016. Para a obtenção dos dados

que ampararam o estudo, estes foram fornecidos pela empresa e contabilidade.

Com base nas informações fornecidas, foi possível caracterizar a empresa, sua

estrutura, os métodos de trabalho utilizados e conhecer seus dados contábeis. Além disso, com

as informações contábeis foi possível analisar o BP e o DRE e aplicar os indicadores,

cumprindo assim com o primeiro e segundo objetivo especifico delimitado para este estudo.

Mediante aplicação dos indicadores foi possível identificar a liquidez, endividamento

e lucratividade da empresa onde, o comparativo dos resultados de 2015 x 2016 apontou

redução de ambos os índices. Através do cálculo da liquidez, fica evidente que a empresa

possui capacidade de pagamento para dívidas de curto e longo prazo embora tenha ocorrido

redução no lucro líquido em 2016. O índice de endividamento geral, revela que a empresa está

trabalhando com capital de terceiros, adquirindo empréstimos e financiamento para

investimento em estoques, para o incremento da venda direta. Logo, os investimentos,

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refletidos através do índice de imobilização do capital próprio também reduziram. Quanto a

lucratividade, apesar desta ter diminuído em 2016, ainda é considerada satisfatória, visto que

existe sustentabilidade financeira do negócio.

Em resumo, através da análise dos indicadores, pode-se afirmar que empresa apresenta

boa saúde financeira, alcançando assim, o terceiro e último objetivo especifico do estudo.

Após todos os objetivos específicos delimitados no estudo terem sido alcançados, é possível

afirmar que o objetivo geral foi atingido. Assim, com a aplicação dos indicadores, foi possível

avaliar a situação financeira da empresa, conhecer o negócio e as estratégias adotadas pela

gestão.

Dando continuidade a este estudo, podem ser realizadas pesquisas visando aprofundar

a real relação entre os diversos indicadores apresentados neste estudo e os demais existentes.

Finalmente, o desenvolvimento deste estudo poderá auxiliar a empresa no

conhecimento da sua situação financeira, no impacto de suas ações, no processo de decisão e

ainda, melhorar o conhecimento de seus efetivos resultados. Para a pesquisadora, o estudo

contribuiu com o alcance de maiores conhecimentos acerca da utilização e interpretação das

ferramentas contábeis e indicadores, além da experiência de vivenciar na prática a análise de

uma empresa.

PERFORMANCE ANALYSIS OF THE MANAGEMENT OF A SMALL MEDIUM

SIZED COMPANY TRHOUGH INDICATORS

ABSTRACT

This work aims to carry out the analysis of the performance of a small medium company

through the application of indicators. The company array, object of study is located in

Sapiranga-RS and is a franchise of the cosmetic thread. Therefore, verify that the use of

indicators can be considered a determining factor in the identification of the financial health

of the company. Data collection occurred through literature search and analysis of documents

of the company, the research qualifies as quantitative, seen the use of the financial statements

of 2015 and 2016 as the basis for the application of the indicators. After application of the

analysis, the study demonstrates that the company has good financial health and that it is

possible through some indicators, perform a brief analysis of management and financial

situation.

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Keywords: Analysis. Indicators. Performance.

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