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Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique 0 Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique Maputo, 22 de Fevereiro de 2018 Projecto COMBO: Conservação, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade em África Implementadores do Projecto: Financiadores do Projecto: Parceiros locais: MITADER

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

0

Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou

Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

Maputo, 22 de Fevereiro de 2018

Projecto COMBO: Conservação, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade em África

Implementadores do Projecto: Financiadores do Projecto:

Parceiros locais:

MITADER

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique.

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Referência Versão Data Preparado Aprovado

20180218_c1_gap_analysis_policy_ law_capacity_experience_nnl_en.docx

1 18-02-18 Impacto, Naseeba

Sidat, Hugo Costa

Hugo Costa

20180222_c1_analise_de_lacunas_politicas_leis_capacidade_experiencia_nnl_pt.docx

2 22-02-18 Impacto, Naseeba

Sidat, Hugo Costa

Felicidade Salgado

Hugo Costa

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Indice 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1

2 OBJECTIVO E ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO .............................................................................. 2

3 METODOLOGIA............................................................................................................................... 2

3.1 Parte I: Análise de lacunas de políticas, leis, capacidade e experiências das principais partes interessadas ................................................................................................................ 2

3.2 Parte II: Análise de lacunas sobre a capacidade e experiência das instituições governamentais Moçambicanas ............................................................................................ 5

3.3 Parte III: Workshop para analisar e validar os resultados obtidos e melhorar as análises de lacunas 6

4 RESULTADOS .................................................................................................................................. 6

4.1 Parte I: Análise de Lacunas sobre as Políticas, Leis, Capacidade e Experiência das principais partes interessadas ................................................................................................................ 6

4.1.1 Revisão e Análise de Leis, Políticas, Regulamentos, Programas e Estratégias ......... 6

4.1.1.2 Processos Estatuídos na Lei e as Práticas de Gestão nas Áreas de “Posse de Terra; Áreas Protegidas e Fauna Bravia; Direitos das Comunidades Locais, Incentivos Económicos e Regimes de Responsabilidade e fundo fiduciário”. ......................................................................... 19

4.1.2 Análise da Capacidade e Experiência ................................................................... 22

4.1.3 Passos que devem ser estabelecidos para criar capacidade para regular, administrar, monitorar e aplicar os requisitos da Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL. ........................................................................................................ 25

4.1.4 Capacidade e representação necessária das comunidades locais em Moçambique (e seus líderes e representantes) para apresentar os seus pontos de vista sobre a avaliação dos impactos, mitigação e Contrabalanços durante as consultas públicas de projectos de desenvolvimento específicos (ex. uma estrada nova ou uma mina) ................................. 26

4.1.5 Experiência de empresas ou projectos na implementação da Hierarquia de Mitigação incluindo de Contrabalanços de Biodiversidade e/ou que tenham planeado os seus projectos para alcançar a NPL/GL de Biodiversidade ....................................................................... 28

4.1.6 Registo de empresas que solicitaram ao governo alguma recomendação (ou à equipa do COMBO) em termos de requisitos da Política Nacional, Directrizes ou apoio que o governo pudesse providenciar às empresas na planificação para NPL/GL. ..................................... 29

4.2 Parte II: Análise de Lacunas sobre a Capacidade e Experiência das Instituições Governamentais Moçambicanas para Alcançar a Nenhuma Perda Líquida (or Ganho Líquido) de Biodiversidade ..................................................................................................................... 29

4.2.1 Capacidade das instituições do Governo para regular e administrar a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) de forma eficiente e eficaz ....................................................... 29

4.2.2 Existência de organização suficiente dentro da instituição e entre instituições com quem lidam, para a aplicação efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA, HM / NPL de Biodiversidade. ........................................................................................... 32

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4.2.3 Conhecimentos internos para assumir a regulação e administração da HM e avaliação dos Contrabalanços / NPL de Biodiversidade. .................................................................. 35

4.2.4 Capacidade técnica e científica das instituições para apoiar o Governo na implementação de uma política de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade. .............. 36

4.2.5 Desenvolvimento de parcerias com outras entidades .......................................... 38

4.2.6 Alocação de orçamento e equipa suficiente por parte do governo para monitorar e reforçar a fiscalização da avaliação dos impactos ambientais e políticas relacionadas ...... 39

4.2.7 Resultados da análise da coordenação ................................................................ 40

4.3 Parte III. Workshop para a análise e validação dos resultados obtidos e melhoria da análise de lacunas ........................................................................................................................... 49

4.3.1 Participantes no workshop .................................................................................. 49

4.3.2 Contribuições do workshop ................................................................................. 51

5 Conclusões ................................................................................................................................... 52

5.1 Quadro legal sobre a Nenhuma Perda Líquida e Contrabalanços de Biodiversidade 52

5.2 Licenciamento Ambiental ........................................................................................ 52

5.3 Regulamentos sectoriais ......................................................................................... 53

5.4 Monitoria e Fiscalização .......................................................................................... 53

5.5 Planeamento especial / Ordenamento .................................................................... 54

5.6 Coordenação ........................................................................................................... 54

6 Recomendações ........................................................................................................................... 55

7 Bibliografia ................................................................................................................................... 59

8 Anexos ......................................................................................................................................... 59

8.1 Anexo 1. Legislação consultada ............................................................................... 59

8.2 Anexo 2. Questionário relativamente à análise sobre as lacunas da capacidade e experiência das instituições do governo para alcançar a Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade 62

8.3 Anexo 3. Processos Estatuídos na Lei e as Práticas de Gestão nas Áreas de “Posse de Terra; Áreas Protegidas e Fauna Bravia; Direitos das Comunidades Locais, Incentivos Económicos e Regimes de Responsabilidade .............................................................................................. 64

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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1 INTRODUÇÃO

A Wildlife Conservation Society (WCS), Forest Tends e o Biotope iniciaram um projecto de 4 anos (2016-2019) cujo objectivo é reconciliar o desenvolvimento económico e a conservação da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas em África. O projecto é financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), o Fundo Francês para o Ambiente Mundial (FFEM) e a Fundação Mava. A expectativa é fortalecer a capacidade de modo a reduzir o impacto dos projectos de desenvolvimento sobre a biodiversidade.

Os parceiros do COMBO irão apoiar a iniciativa através de várias acções, nomeadamente:

Assistir os governos na identificação, análise e introdução de políticas apropriadas para

encorajar o investimento em projectos de desenvolvimento tal que resultem em Nenhuma

Perda Líquida ou Ganho Líquido (NPL/GL) de Biodiversidade;

Criar as condições adequadas para que os projectos de desenvolvimento alcancem NPL de

biodiversidade através do apoio ao processo de planificação nacional, identificação das

métricas de biodiversidade e desenvolver e implementar metodologias de avalição e

monitoramento da linha de base;

Desenvolver os mecanismos institucionais, legais e financeiros para a implementação das

compensações de biodiversidade, particularmente aqueles ligados com Fundos Fiduciários

para a conservação de modo a garantir a permanência dos resultados de conservação;

Apoiar na selecção das melhores práticas no sector público e privado, monitorar estas

iniciativas e desenvolver as lições aprendidas;

Fortalecer as capacidades nacional e regional através da partilha das lições aprendidas em

África e a nível global no que concerne a actividades de NPL, desenvolvidas por vários

stakeholders.

O projecto está a trabalhar com os governos, proponentes e com o sector industrial para divulgar e melhorar a implementação da Hierarquia de Mitigação em quatro países, nomeadamente Guiné, Madagáscar, Moçambique e Uganda, através da implementação de uma política de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade.

O conceito de Nenhuma Perda Líquida (NPL) ou Ganho Líquido (GL) de biodiversidade está cada vez mais a ser adoptado por governos, sectores de actividade, instituições multi-laterais e financiadores. Uma das ferramentas requeridas para alcançar a NPL / GL é a Hierarquia de Mitigação. Através desta abordagem, os proponentes dos projectos de desenvolvimento são solicitados a tomar medidas rigorosas para evitar e minimizar os impactos na biodiversidade e, seguidamente restaurar / reabilitar a biodiversidade nas áreas afectadas pelo projecto. Como último recurso, deverão compensar ou contrabalançar os impactos residuais sobre a biodiversidade, de modo a alcançarem NPL / GL.

Embora o conceito específico de NPL / GL seja relativamente recente, na maioria dos países já existem políticas e enquadramento legal relevantes para alcancar este objectivo. O primeiro passo é, portanto, analisar as políticas relevantes existentes a nível nacional e provincial (por ex.: AIA, lei de conservação incluindo a legislação sobre as áreas protegidas, regulamentos de ordenamento e planificação, políticas sectoriais, políticas fiscais, regimes de responsabilidade, posse de terra, direito das comunidades locais, avaliação ambiental estratégica, planos de uso de terra, e uma gama de

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incenticos económicos – por exemplo na agricultura, pesca, energia, construção) para explorar até que ponto estes servem para exigir, facilitar ou até mesmo apresentar uma barreira ao alcance de NPL / GL de Biodiversidade.

A Componente 1 do projecto COMBO visa apoiar o governo na identificação, análise e introdução de políticas apropriadas para encorajar o investimento em projectos de desenvolvimento que resultem em Nenhuma Perda Líquida ou um Ganho Líquido de Biodiversidade.

2 OBJECTIVO E ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

O objectivo deste trabalho consiste em identificar e analisar lacunas sobre as políticas, leis, capacidade e experiência de Moçambique para alcançar NPL / GL de biodiversidade.

Para alcançar esse objective o trabalho foi dividido em 4 principais actividades, que são apresentadas no presente documento em três partes:

A análise de políticas, leis, regulamentos, programas e estratégias (Parte I)

A análise da capacidade e experiências das principais partes interessadas (Parte I)

A análise da capacidade e experiência das instituições governamentais (Parte II), e

Um workshop para a analisar e validar os resultados obtidos nas partes anteriores e recolher as contribuições dos participantes para melhorar as análises de lacunas realizadas até ao momento (Parte III).

A análise de lacunas de políticas, leis, capacidade e experiências das principais partes interessadas para alcançar a NPL / GL de Biodiversidade, foi desenvolvida pela IMPACTO, Lda, uma empresa de consultoria contratada pelo projecto COMBO. Este trabalho foi focado num conjunto de partes interessadas (sector privado, instituições académicas, organizações da sociedade civil, instituições financeiras, etc.) para analisar a sua capacidade e experiência assim como o seu papel na implementação de uma política de NPL / GL de Biodiversidade, baseada numa aplicação adequada da Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade, quando necessário.

A análise de lacunas da capacidade e experiência das instituições do governo para alcançar NPL / GL de Biodiversidade, foi desenvolvida pela equipa Moçambicana do projecto COMBO. Esta foi focada na identificação da capacidade e experiência de um conjunto de instituições do Governo nas questões acima abordadas e apresentação de potenciais recomendações.

3 METODOLOGIA

3.1 Parte I: Análise de lacunas de políticas, leis, capacidade e experiências das principais partes interessadas

Como explicado anteriormente, esta parte da análise de lacunas foi dividida em duas sub-actividades. A primeira foi uma revisão e análise das políticas, leis, regulamentos, programas e estratégias, que visou:

Identificar provisões em políticas e/ou leis, por área de actividade, susceptíveis de implicarem a

revisão, emenda ou introdução de elementos nos próximos 3 anos;

Apresentar um resumo global das lacunas por área de actividade relativos a NPL/GL e requisitos

para implementar a Hierarquia de Mitigação;

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Apresentar um sumário das provisões existentes por área de actividade que melhor se adaptam

para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL;

Apresentar um sumário das provisões legais por área de actividade contrárias à introdução de

NPL/GL e que devem ser consideradas prioritárias para alteração/revogação.

A análise legal visou igualmente o esclarecimento de uma série de questões que foram consideradas essenciais para a criação de um sistema para o alcance de NPL e de gestão de Contrabalanços de Biodiversidade. Uma breve discussão sobre as referidas questões, sempre na perspectiva de NPL e contrabalanços, é apresentada na sessão dos “Resultados”.

Para esta revisão e análise, foram seleccionadas doze (12) áreas de actividade, nomeadamente: Ambiente, Minas, Florestas e Fauna Bravia, Conservação e Biodiversidade, Hidrocarbonetos, Terras e Ordenamento do Território, Turismo, Agricultura, Energia, Águas, Ambiente Marinho e Pescas, e Incentivos económicos.

A selecção das áreas de actividade objecto de revisão e análise teve em consideração as áreas cujas actividades de desenvolvimento têm maior potencial para causar os impactos sobre a Biodiversidade. A regulamentação seleccionada para a análise foi aquela considerada chave em cada uma das áreas de actividade.

O número de sectores e da legislação revistos teve também em consideração o tempo disponível para a realização do trabalho objecto dos TDR.

A lista das Leis, Políticas, Regulamentos, Programas e Estratégias consultados encontra-se na lista de referências contida no Anexo 1.

Um segundo estágio desta secção consistiu na análise da capacidade e experiência das principais partes interessadas para alcançar NPL / GL de Biodiversidade. Isto foi feito através de entrevistas, que foram realizadas com o objectivo de avaliar as seguintes questões chave:

Existência de capacidade técnica e quadros suficientes em Empresas de Consultoria, Instituições

Académicas, Organizações Não-Governamentais, Proponentes, Agências de Cooperação,

Sociedade Civil, Instituições Financeiras e Organizações Internacionais de Conservação para

administrar, monitorar e aplicar os requisitos de mitigação (evitar, minimizar, restaurar,

compensar) e Contrabalanços de Biodiversidade para o alcance de NPL / GL;

Passos que devem ser estabelecidos para criar capacidade para regular, administrar, monitorar e aplicar os requisitos de mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcancede NPL / GL;

Capacidade e representação necessária das comunidades locais em Moçambique (e seus líderes e representantes) para apresentar os seus pontos de vista sobre a avaliação dos impactos, mitigação e Contrabalanços durante as consultas públicas sobre projectos de desenvolvimento específicos (ex. uma estrada nova ou uma mina);

Experiência de empresas ou projectos na implementação da Hierarquia de Mitigação incluindo de Contrabalanços de Biodiversidade e/ou que tenham planeado os seus projectos para NPL / GL de Biodiversidade;

Identificação de empresas que solicitaram ao governo alguma recomendação (ou à equipa do COMBO) em termos de requisitos da Política Nacional, Directrizes ou apoio que o governo pudesse providenciar às empresas na planificação para NPL / GL.

Foram feitas 32 entrevistas a nove (9) grupos de stakeholders. As entrevistas foram feitas com base num questionário adaptado para cada Grupo de stakeholder e foram conduzidas de forma presencial. Para dois (2) dos Grupos (Comunidades Locais e Proponentes na área de Turismo) as

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entrevistas foram conduzidas telefónicamente, pois os representantes estão baseados fora da cidade de Maputo.

A selecção dos Grupos foi feita tendo em conta às questões chave acima descritas que deviam ser respondidas. De notar que os Grupos de Empresas de Consultoria, Proponentes e Instituições Académicas possuem maior número de entrevistados, pois tentou-se cobrir maior número de representantes por tipo de actividade que desenvolvem (hidrocarbonetos, florestas, agricultura, portos e caminhos de ferro, turismo, electricidade, infraestruturas e minas) atendendo que estes são considerados chaves na implementação do sistema de NPL / GL e Contrabalanços de Biodiversidade.

No que concerne à duração das entrevistas, o tempo variou entre 45 a 60 minutos. O tempo médio de entrevista foi de 50 minutos. A disponibilidade de tempo alocado para o trabalho foi também, no caso das entrevistas, considerada como critério para a limitação do número de entrevistados.

Os Grupos das partes interessadas, Instituições e o respectivo número de entrevistados estão identificados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Grupos das partes interessadas, Instituições e o número de entrevistados. Grupos das partes interessadas Instituição Entrevistada Número de

representantes Número Total de Entrevistados

Comunidades locais

Comunidades de Nhantelemule (Mocimboa da Praia)

Comunidades de Inhassoro-Sede

1

1

2

Empresas de consultoria

Consultec

Sal & Caldeira

IMPACTO

Austral Cowi

1

1

1

1

4

Proponentes (de Projectos de Desenvolvimento nas áreas de hidrocarbonetos, florestas, agricultura, electricidade, portos e caminhos de ferro, infraestruturas, turismo e minas, respectivamente)

Anadarko, Eni, SASOL

Portucel, Green Resources

Tongaat Hullet

HCB, EDM

CFM, PCD

ENH Logística, ENH Bonnati

Complexo Turístico Seta, Palma Residence

Rio Tinto

3

2

1

2

2

2

2

1

15

Instituições Académicas

Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (UEM)

Departamento de Ciências Biológicas (UEM)

Projecto SECOSUD II – Conservação e Uso Equitativo da Diversidade Biológica na SADC_Baseado no Departamento de Ciências Biológicas.

1

1

1

3

Organizações Não-Governamentais (ONG´s)

Centro Terra Viva – CTV, Livaningo 2 2

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Grupos das partes interessadas Instituição Entrevistada Número de representantes

Número Total de Entrevistados

Agência de Cooperação Embaixada do Reino dos Países Baixos (Holanda)

1 1

Instituições Financeiras Banco Mundial 1 1

Organizações Internacionais de Conservação

IUCN, WWF

2 2

Sociedade Civil Sekelekani, MASC 2 2

TOTAL 32

3.2 Parte II: Análise de lacunas sobre a capacidade e experiência das instituições governamentais Moçambicanas

A análise de lacunas sobre a capacidade e experiência das instituições governamentais Moçambicanas para implementar uma política de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade foi realizada pela equipa Moçambicana do projecto COMBO através de uma entrevista estruturada constituída por um conjunto de 37 questões abertas e fechadas (Anexo 2), no modo presencial. Foram entrevistadas 20 instituições governamentais pertencentes a 9 Ministérios, as quais lidam directamente ou de forma próxima com a Avaliação de Impacto Ambiental, Biodiversidade ou de ambiente no geral, nomeadamente:

- Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER): (i) Direcção Nacional do Ambiente (DINAB), incluindo o Departamento de Licenciamento Ambiental, o Departamento de Gestão Ambiental e a Repartição de Gestão do Ambiente Marinho e Costeiro, (ii) Direcção Nacional do Ordenamento Territorial e Reassentamento (DINOTER), (iii) Agência Nacional de Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA), (iv) Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), (v) Direcção Nacional de Florestas (DINAF) e (vi) Direcção Nacional de Terras (DINAT);

- Ministério dos Recursos Mineiros e Energia (MIREME): (i) Instituto Nacional do Petróleo (INP), (ii) Direcção Nacional de Geologia e Minas (DNGM) e o (iii) Instituto Nacional de Minas (INAMI);

- Ministério da Cultura e Turismo (MICULTUR): Direcção Nacional do Turismo (DINATUR); - Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA): Direcção Nacional de Agricultura e

Silvicultura (DINAS); - Ministério da Economia e Finanças (MEF): Direcção Nacional de Planificação e Orçamento

(DNPO); - Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH): Direcção Nacional

de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH); - Ministério do Mar, Águas interiores e Pesca (MIMAIP): (i) Direcção Nacional de Operações

(DNO), (ii) Direcção Nacional de Políticas Marítima e Pesqueira (DIPOL), (iii) Instituto de Investigação Pesqueira (IIP);

- Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC): Direcção Nacional de Estudos e Projectos (DNEP);

- Procuradoria Geral da República (PGR): Gabinete do Ambiente.

Os entrevistados foram os Directores/ Chefes de Departamento / Chefes de Rapartição e / ou técnicos ligados ao sector ambiental / processos de Avaliação de Impacto Ambiental. O número de entrevistados em cada uma das instituições variou de 1 a 4, sendo que a média foi de 2

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entrevistados. Relativamente à duração das entrevistas, o tempo mínimo foi de 34 minutos e o máximo de 2 horas e 23 minutos; o tempo médio de entrevista foi de 1 hora e 14 minutos.

O estudo realizado não é de carácter científico, mas sim técnico. Através de uma amostra, pretende determinar quais as principais lacunas existentes ao nível das instituições do Governo que mais lidam com os processos de Avaliação de Impacto Ambiental e Biodiversidade, no que respeita às políticas, leis, capacidade e experiência de Moçambique para implementar uma política de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade. O estudo não se focou na análise individual da capacidade e experiência de cada instituição, mas sim numa análise global, baseada na análise do questionário padrão realizado a um reduzido número de indivíduos dentro cada instituição.

3.3 Parte III: Workshop para analisar e validar os resultados obtidos e melhorar as análises de lacunas

O Workshop intitulado “Análise de Lacunas sobre as Políticas, Leis, Capacidade e Experiência para Alcançar a Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade” foi realizado em Maputo, no dia 7 de Novembro de 2017, no Hotel Montebelo Indy.

Um total de 60 participantes provenientes de 45 instituições estiveram presentes no evento, representando as instituições académicas / investigação, instituições governamentais, sector privado (consultores e promotores), ONGs, projectos específicos e instituições bilaterais (Error! Reference source not found.). Este workshop também pretendeu a realização da primeira reunião do Conselho Consultivo Técnico do projecto COMBO, que é constituído por estas instituições e algumas outras que não poderam estar presentes. Foram apresentadas duas versões draft de Análises de Lacunas referentes a:

Análise de Lacunas sobre as Políticas, Leis, Capacidade e Experiência das principais partes interessadas, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) de Biodiversidade em Moçambique, e

Análise de Lacunas sobre a Capacidade e Experiência das Instituições Governamentais Moçambicanas para Alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) de Biodiversidade.

Estes documentos foram previamente enviados aos participantes, de forma que estes pudessem familiarizar-se com o conteúdo e preparar os respectivos comentários a apresentar no workshop.

4 RESULTADOS

4.1 Parte I: Análise de Lacunas sobre as Políticas, Leis, Capacidade e Experiência das principais partes interessadas

4.1.1 Revisão e Análise de Leis, Políticas, Regulamentos, Programas e Estratégias

4.1.1.1 Quadro Legal e as Provisões existentes para a NPL, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade

Em geral, o quadro legal em Moçambique não contém provisões específicas que exijam NPL/GL e a observância da Hierarquia de Mitigação. A excepção do regulamento sobre o Processo de Avaliação

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do Impacto Ambiental (AIA), Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro e a Lei 16/2014 de 16 de Junho, relativa à Protecção, Conservação e uso Sustentável da Diversidade Biológica, alterada pela Lei 5/2017 de 11 de Maio. O Decreto 54/2015 obriga a aplicação adequada da Hierarquia de Mitigação, introduzindo no quadro legal os Contrabalanços de Biodiversidade para compensar os impactos residuais. A Lei 16/2014 alterada pela Lei 5/2017 exige a Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade dentro das Áreas de Conservação e suas zonas tampão.

As Convenções Internacionais ratificadas por Moçambique, não exigem explícitamente o alcance de NPL, o respeito pela Hierarquia de Mitigação ou Contrabalanços de Biodiversidade. No entanto, a Convenção da Diversidade Biológica (CBD) no seu Artigo 14, referente ao tópico "Avaliação do Impacto Ambiental e Minimização dos Impactos Adversos", estabelece que cada Parte deve estabelecer procedimentos apropriados para a avaliação do impacto ambiental dos projectos submetidos que possam vir a ter efeitos adversos importantes para a diversidade biológica com vista a evitar ou reduzir ao mínimo esses efeitos. É assim criada, na CBD, uma base para respeitar o princípio "evitar" na Hierarquia de Mitigação. Esta Convenção cria uma base sólida para promover a conservação e utilização sustentável da biodiversidade.

A Convenção de Ramsar, sobre Terras Húmidas de Importância Internacional, especialmente as que servem como habitat de Aves Aquáticas, não é específica quando a NPL e a necessidade de se respeitar a Hierarquia de Mitigação, contudo é relevante para promover a introdução dos Contrabalanços, pois no seu Artigo 4, Ponto 2, obriga que cada Parte que por razão de interesse nacional, retirar da Lista ou reduzir os limites da área (s) húmida (s) deverá na medida do possível compensar pela perda de recursos da área e criar reservas naturais adicionais para as aves aquáticas e para a protecção de uma porção adequada do habitat original, seja na mesma área ou em qualquer parte do país.

Também a resolução Nº 9/2008 de 19 de Setembro relativa a ratificação da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias Selvagens determina no seu artigo 3 ponto 4.b) que quaisquer efeitos adversos de actividades ou obstáculos que impeçam seriamente a migração de espécies sejam evitadas, removidas, minimizadas ou compensadas conforme o apropriado.

Por sua vez, o Governo de Moçambique (GOM) reconhece como prioridade a conservação da biodiversidade. Este reconhecimento foi materializado através da “Estratégia e Plano de Acção para a Conservação da Biodiversidade” (NBSAP). A Estratégia fornece uma visão geral da importância da biodiversidade não apenas para a economia nacional, mas fornece também informação sobre o estado de conservação da biodiversidade em Moçambique, tendências, ameaças e seus impactos na vida das comunidades, os desafios e perspectivas para os próximos 20 anos (2015-2035). A estratégia e as acções são definidas de forma a "assegurar a conservação da biodiversidade através da integração, treinamento, financiamento e fortalecimento de fortes parcerias entre os diferentes sectores". A Estratégia define a compensação da biodiversidade com uma acção para reduzir a perda de biodievrsidade (Objectivo Estratégico A e respectivas acções).

Ademais, o GOM no seu Programa Quinquenal 2015-2019, estabelece como uma das prioridades (Prioridade V) para "Assegurar a Gestão Sustentável e Transparente dos Recursos Naturais e Ambiente". Um dos Objectivos Estratégicos no âmbito da Prioridade V é "Reforçar a capacidade de avaliação e monitoria da qualidade ambiental, em especial nas áreas de implementação de projectos de desenvolvimento". É neste contexto que o Programa recomenda a melhoria da gestão e condução da AIA e licenciamento ambiental. Como referido anteriormente, a exigência de realização de AIA (ao abrigo das especificações do Decreto 54/2015, sobre o Processo de a AIA) cria imediatamente um espaço para a exigência do cumprimento da Hierarquia de Mitigação, do alcance de NPL e dos Contrabalanços de Biodiversidade.

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Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida

(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Em 2016, o Banco Mundial, produziu o documento “ Um sistema Agregado de Contrabalanços de Biodiversidade: Um Roteiro para Moçambique” cujo objectivo é traçar um percurso para alcançar a Nenhuma Perda Líquida em Moçambique, através da aplicação adequada da Hierarquia de Mitigação, incluindo a criação de um sistema agregado de Contrabalanços de Biodiversidade. A abordagem visa incentivar a minimização dos impactos ambientais resultantes da implementação das actividades de desenvolvimento económico. O documento analisa o papel das organizações financeiras de desenvolvimento, como por exemplo o IFC, como catalizadores do arranque deste processo pelos projectos que beneficiam de seus financiamentos em Moçambique. O IFC possui uma série de Padrões de Desempenho (particularmente o PS6) que exigem que seja implementada a Hierarquia de Mitigação, incluindo a identificação de impactos residuais e Contrabalanços de Biodiversidade nos casos de existir impactos residuais.

É também analisado o quadro nacional que facilitaria a introdução do sistema de Contrabalanços em Moçambique, nomeadamente a existência da Lei do Ambiente e da legislação sobre a AIA que já exigem que seja respeitada a Hierarquia de Mitigação e que os impactos residuais necessitam de ser contrabalançados. A existência das instituições governamentais chave, a existência de uma rede de áreas de conservação de biodiversidade em Moçambique e de um Fundo Fiduciário da Conservação (BIOFUND) são também considerados factos que facilitariam a introdução do sistema de Contrabalanços em Moçambique.

É proposto um roteiro para Moçambique para alcançar Nenhuma Perda Líquida (NPL) que recomenda principalmente (1) a inlcusão da exigência de NPL nos instrumentos legais nacionais, (2) a criação de instrumentos legais específicos para NPL, (3) a utilização da actual rede de áreas de conservação atendendo as múltiplas vantagens que representaria, como por exemplo, a redução dos custos de transação, sinergias de agregação, permanência, vantagens para o governo, entre outros, (4) o desenvolvimento de mecanismos de implementação através do apoio de projectos–piloto, (5) a adaptação e melhoria e (6) aprendizagem e capacitação.

Este roteiro é um ponto angular importante para um sistema de NPL em Moçambique e propõem os seguintes passos: i) melhorar o quadro legal actual, que por sua vez já inclui a necessidade de aplicar a Hierarquia de Mitigação; ii) garantir um alto compromisso por parte do governo, que já se encontra sensibilizado com a matéria; iii) identificação de áreas a evitar, que não são possíveis de contrabalançar (incluindo métodos definidos para determinar referências e medir as perdas e ganhos de biodiversidade); iv) definição do mecanismo para mapear e divulgar as áreas de contrabalanço; v) estabelecer um fundo fiduciário que é capaz de gerir o finaciamento para os Contrabalanços; vi) desenvolvimento de estruturas de gestão e coordenação, e; estabelecer o primeiro projecto piloto, promovendo o treinamento adequado.

Nos guiões de orientação internacionais, BBOP ou IFC PS 6 e 7 existe uma orientação teórica de como se pode implementar a Hierarquia de Mitigação, contudo a implementação prática é ainda considerada bastante complexa. É de notar que o MITADER está presentemente a criar instrumentos legais de forma a desenhar um quadro para NPL/GL e Contrabalanços de Biodiversidade. Foi recentemente apresentada em consulta pública um rascunho da regulamentação da Lei da Conservação que pretende, entre outros aspectos, clarificar o mecanismo de implementação dos Contrabalanços de Biodiversidade a ser usado dentro das Áreas de Conservação.

A Tabela 2 abaixo, resume os resultados da “Análise das Leis, Políticas, Regulamentos, Programas e Estratégias por Área de Actividade” no que concerne a NPL/GL, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

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Tabela 2. Resumo dos Resultados da Análise das Leis, Políticas, Regulamentos, Programas e Estratégias por Área de Actividade. Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos

próximos 3 anos Resumo global das lacunas relativas ao alcance de

NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

Ambiente Com excepção do Decreto 54/2015, sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, as provisões na legislação ambiental não são explícitas e precisas quanto a alcançar NPL/GL de Biodiversidade e a implementação da Hierarquia de Mitigação. O Decreto 54/2015 é o único que aborda claramente a necessidade de se respeitar a Hierarquia de Mitigação (Artigo 9, Ponto 2) e Artigo 12, alínea h). Esta legislação é, contudo, específica quanto à necessidade de se preparar Planos de Gestão de Contrabalanços de Biodiversidade, para os casos referidos como necessários (Artigo 11, alínea o) e Artigo 22, Ponto 7.). Os processos e critérios sobre Contrabalanços não estão ainda patentes nesta legislação, contudo o Artigo 8, Ponto 4, estipula que "Os termos e condições para a avaliação e identificação das necessidades de Contrabalanços de Biodiversidade afectada serão regidos por regulamentação específica".

Quanto ao alcance de NPL/GL, o quadro legal não tem qualquer provisão explícita. Relativamente à implementação da Hierarquia de Mitigação, o quadro legal é explícito, conforme referido na coluna ao lado. De notar que o MITADER está presentemente a preparar um regulamento específico sobre Contrabalanços de Biodiversidade de forma a desenhar um quadro para os Contrabalanços/NPL. Portanto, a breve trecho espera-se que as provisões relativas a NPL/GL e Contrabalanços de Biodiversidade estejam regulamentados.

As provisões plasmadas na regulamentação ambiental não são explícitas quanto a NPL/GL. Não há, portanto, qualquer exigência que conduza os investidores a planos para NPL. Para se considerar NPL de Biodiversidade, no âmbito da implementação dos projectos de desenvolvimento, seria necessário que a regulamentação tivesse provisões que induzissem a quantificação dos impactos ambientais (incluindo os residuais) e, por outro lado, a implementação de um sistema de Contrabalanços que pudesse assegurar NPL/GL. De salientar que as melhores provisões foram identificadas no Decreto 54/2015, Artigo 11, alínea o), que claramente exige que seja preparado um Plano de Gestão de Contrabalanços de Biodiversidade (quando for necessário) e no Anexo V, sobre Questões Fatais, que exige que estas sejam sempre avaliadas durante a AIA. A base desse anexo é o PS6. Determina ainda quais as áreas em que nenhuma actividade potencialmente causadora de impactos significativos será autorizada. Estão aqui incluídas, as áreas ecológicamente sensíveis que possuam espécies criticamente em perigo, e/ou em perigo, espécies endémicas, espécies migratórias e áreas cruciais para provisão de serviços de ecossistemas chaves. A exigência de manutenção dos serviços dos ecossistemas é igualmente uma provisão que pode ancorar a exigência de NPL. No regulamento 54/2015 é claramente previsto que deve ser efectuada a avaliação

No geral, não se identificaram provisões que sejam contrárias à obtenção de NPL/GL, embora se reconheça que é necessário introduzir procedimentos que induzam à implementação da Hierarquia de Mitigação e a quantificação dos impactos.

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

qualitativa dos serviços dos ecossistemas (Artigos 9,10, 11, 12). Na Estratégia e Plano de Acção da Biodiversidade, Capítulo V, Ponto 5.4, Justificação do Objectivo Estratégico C, " a necessidade de conservação e utilização sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais, como forma de manter os serviços dos ecossistemas”, é também abordada.

Florestas e Fauna Bravia

No geral, a legislação é omissa no que concerne às questões de Hierarquia de Mitigação, NPL/GL ou Contrabalanços de Biodiversidade, pelo que mais do que rever/emendar é necessário introduzir novas provisões que concorram para introdução do princípio de respeito pela Hierarquia de Mitigação e alcance de NPL como resultado da implementação dos projectos de desenvolvimento. É igualmente importante introduzir provisões que criam os mecanismos e procedimentos para a implementação de um sistema de Contrabalanços de Biodiversidade. De notar que uma nova Lei de Florestas encontra-se em processo de elaboração. Com a publicação da nova lei de florestas, a lei de florestas e fauna bravia deixará de existir, uma vez que passará a estar coberta pela nova lei das florestas e pela lei da conservação.

As provisões das Leis e Políticas na área de Florestas e Fauna Bravia são no geral, favoráveis à conservação da biodiversidade. Contudo estas não são explícitas quanto à necessidade de se respeitar a Hierarquia de Mitigação ou alcançar NPL. É no Decreto 12/2002, Artigo 81 que há uma referência explícita sobre a necessidade de se realizar estudos de impacto ambiental para a plantações com fins industriais, comerciais e energéticos. Sendo assim, com o actual Decreto 54/2015 significa que é possível uma abordagem referente a observância da Hierarquia de Mitigação e de Contrabalanços de Biodiversidade. Por outro lado, na Lei de Florestas e Fauna Bravia há também uma referência explícita sobre a necessidade de repôr ou compensar por danos causados nos ecossistemas de florestas. Estas são as provisões expressas e favoráveis à implementação dos Contrabalanços de Biodiversidade. A necessidade de se implementar a Hierarquia de Mitigação não é explícita e não se identificaram mecanismos que permitam que o orgão regulador avalie se foi implementada a Hierarquia de Mitigação, principalmente no que concerne aos esforços desenvolvidos para evitar os impactos.

No geral, não há referências claras e orientadoras no que concerne a Hierarquia de Mitigação, NPL/GL e Contrabalanços de Biodiversidade, todavia existem já algumas provisões que contribuem para a implementação da Hierarquia de Mitigação, através das exigências para elaboração de EIA. Na Lei 10/99 , Artigo 3, é claramente estabelecido o princípio da responsabilidade objectiva, no qual quem degrada deve recompor ou compensar a perda de biodiversidade.

No geral, a regulamentação na área de florestas e fauna bravia não apresenta provisões contrárias a NPL/LG, todavia é necessário que a mesma seja específica, por exemplo, quanto às provisões para se aplicar a Hierarquia de Mitigação, alcançar NPL, incluindo a compensação de biodiversidade.

Conservação e A legislação cria bases notáveis referentes à necessidade de Relativamente às lacunas, consultar a coluna A Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017, No geral, as provisões na

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

Biodiversidade conservação da biodiversidade, à observância da Hierarquia de Mitigação e ao alcance de NPL como resultado da implementação dos projectos de desenvolvimento. É também explícita quanto à necessidade de compensação em caso de danos sobre a biodiversidade e recursos naturais. Referência específica é feita à Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017, Artigo 4 alínea e), referente à responsabilidade social no qual se destaca o dever de quem danifica os recursos naturais, de repor e/ou pagar os custos para eliminação e compensação dos danos por si causados de forma a assegurar que não ocorra Nehuma Perda Líquida de Biodiversidade. O Artigo 11, Ponto 2, é também explícito quanto à necessidade de assegurar que não ocorra Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade. Contudo, as metodologias, os mecanismos e procedimentos através dos quais se deve operacionalizar estas premissas deve ainda ser debatido e devidamente introduzido no quadro legal, da forma que se mostrar mais eficaz.

anterior. De uma forma geral a legislação é favorável à implementação da Hierarquia de Mitigação e a NPL (Artigo 4 alínea e Artigo 11, Ponto 2).

institui o Princípio de Responsabilidade Ambiental onde " A Presenvação, protecção e gestão do meio ambiente deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente. O dever de quem danifica os recursos naturais, repô-los e/ou pagar os custos para a eliminação e compensação dos danos por si causados de modo a garantir que não ocorra Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade ou dos recursos naturais".

legislação criam um espaço para a introdução de NPL e o respeito pela Hierarquia de Mitigação. Não foram identificadas provisões que sejam explicitamente contrárias a NPL.

Minas Na área de minas, as provisões das Leis e Políticas são, no geral, favoráveis à conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e biodiversidade, contudo não são explícitas e precisas quanto à questão da Hierarquia de Mitigação, do alcance de NPL/GL e dos Contrabalanços de Biodiversidade. É importante que as provisões na legislação mineira estejam em consonância com a Lei Quadro do Ambiente e que acompanhe a evolução do novo regulamento 54/2015 e da Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017.

A legislação não contém provisões para a exigência de NPL/GL. Concernente à Hierarquia de Mitigação, o quadro legal não é explícito quanto à necessidade de implementá-la. Não é também claramente exigido nesta legislação que os projectos alcancem NPL de biodiversidade. De referir que, de acordo com a DNGM, a nova regulamentação ambiental da lei de minas será preparada em breve. Está igualmente em preparação uma série de instrumentos orientadores dentro do sector de minas, como por exemplo, "Estratégia para a Mineração de Pequena Escala", "Guiões Ambientais para Operações Mineiras e Petrolíferas". Estes instrumentos irão concerteza cobrir algumas das lacunas já identificadas durante o processo de avaliação e revisão do quadro legal, como por exemplo "A questão de como abordar melhor os desafios relacionados com a avaliação

As provisões plasmadas no Decreto 26/2004, Lei 20/2014 e Resolução 2/2014 contribuem directamente para exigir o cumprimento da Hierarquia de Mitigação, alcançar NPL ou apoiar os planos de Contrabalanços dos investidores. A legislação não prevê explicitamente a compensação de biodiversidade, todavia é feita a menção a algumas ferramentas que poderiam ser utilizadas para concorrer para os objectivos de NPL e em caso necessário, compensação de biodiversidade na implementação de projectos que, pela sua natureza, localização ou dimensão, sejam susceptíveis de causar danos na biodiversidade e resultar em perda líquida, como por exemplo o Estudo de Impacto Ambiental, a necessidade de conservação

No geral, não se identificaram provisões que sejam contrárias à obtenção de NPL/GL, embora se reconheça que é necessário introduzir mecanismos devidamente testados, que permitam iniciar um sistema de implementação da Hierarquia de Mitigação, incluindo a gestão de Contrabalanços. É importante e urgente actualizar e harmonizar a legislação ambiental mineira à luz das provisões

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

e/ou estabelecimento de metodologias para compensações de biodiversidade".

da biodiversidade, etc. (Lei 20/2014, Artigo 36, alínea j) e k), Artigo 44, alínea l) e Artigo 47, alínea h); Decreto 26/2004, Capítulos III e IV referentes à Gestão Ambiental e Conservação Ambiental, respectivamente.

sobre NPL, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade criadas ao abrigo do Decreto 54/2015 e da Lei 16/2004, alterada pela Lei 5/2017.

Hidrocarbonetos No geral, a legislação contribui para a implementação das provisões referentes à protecção e conservação do ambiente e da biodiversidade em particular. Referência específica é feita de modo a evitar-se a degradação do meio ambiente (por exemplo Artigo 66, Lei 21/2014 e Artigo 90, Decreto 24/2004). Quanto à necessidade de se implementar a Hierarquia de Mitigação, incluindo os Contrabalanços, de modo a alcançar a NPL, a legislação não é específica, contudo possui várias provisões que contribuem para que estas exigências sejam introduzidas (Decreto 56/2010, Artigos 2, 3 e 16). De notar que há que considerar a revisão da legislação na área petrolífera de forma que a mesma acompanhe os avanços já verificados no Decreto 54/2015 concernente à Hierarquia de Mitigação, incluindo os Contrabalanços. Há que considerar igualmente a criação de provisões legais para a obtenção de NPL de biodiversidade. Directrizes técnicas específicas deverão ser criadas e divulgadas para assegurar o sucesso destas medidas a introduzir. Não foram identificados outros aspectos que carecem de emendas ou revisão.

A legislação não se refere claramente à necessidade de se observar a Hierarquia de Mitigação, ou alcançar NPL, contudo no geral contém provisões para incentivar o cumprimento da Hierarquia de Mitigação, pois estabelece sempre como princípio que se deve evitar os danos ao ambiente, que os impactos devem ser identificados, as medidas de mitigação devem ser identificadas, o ambiente deve ser reabilitado e/ou compensado dos danos causados ao meio ambiente (Veja por exemplo o Decreto 21/2014, Artigo 66, sobre a Protecção e Segurança Ambiental, no qual é exigido que os proponentes das actividades devem realizar as operações pertolíferas em conformidade com a legislação ambiental; Decreto 34/2015, Artigo 89, sobre a Protecção do Ambiente, no qual o operador é obrigado a respeitar a legislação ambiental e tomar todas as medidas de protecção ambiental, evitar danos ao ambiente e reparar as perdas caso ocorram durante a condução das operações petrolíferas; Decreto 56/2010, Artigo 13, alínea m), segundo o qual é claremente explícito que o EIA deve apresentar as medidas planeadas de moso a previnir, controlar , mitigar, reabilitar e compensar eventuais efeitos negativos sobre o ambiente). Não foram identificadas provisões que possam suportar o alcance de NPL. De notar que para assegurar a observância da Hierarquia de Mitigação, incluindo Contrabalanços e NPL é importante que a legislação actualmente em vigor contenha provisões explícitas a este respeito.

No geral, a legislação não contém provisões explícitas para exigir ou apoiar os planos dos investidores para NPL/GL, contudo há provisões que podem servir de ponto de partida para se produzir directrizes e procedimentos específicos que orientem os investidores (Veja por exemplo Decreto 21/2014, Artigo 66; Decreto 34/2015, Artigo 89; Decreto 56/2010, Artigo 13 . Veja informação geral do conteúdo destes Artigos na coluna ao lado).

No geral, a regulamentação na área de petróleos não apresenta provisões contrárias a Hierarquia de Mitigação ou a NPL, todavia é necessário que a mesma seja específica, por exemplo, quanto às provisões para se aplicar a Hierarquia de Mitigação, quanto à necessidade de se alcançar NPL, a necessidade de quantificação dos impactos para apoiar na quantificação dos impactos residuais e apoiar na decisão sobre a necessidade de Contrabalanços.

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Análise de Lacunas das Políticas, Leis, Capacidade e Experiência, para alcançar a Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

É necessário haver uma coordenação entre o regulamento ambiental das operações petrolíferas e o regulamento de AIA, de modo a haver uma uniformização de procedimentos e requisitos, nomeadamente para o alcance de NPL e implementação dos Contrabalanços de Biodiversidade nos casos em que seja necessário para o alcançar.

Terras e Ordenamento do Território

As provisões na legislação são no geral favoráveis aos princípios de precaução, responsabilização, conservação e salvaguarda dos valores ambientais (veja por exemplo Decreto 31/2012, Artigo 4, que estabelece o princípio de responsabilização ambiental, de acordo com o qual quem polui ou degrade o ambiente deve reparar ou compensar os danos daí resultantes; Decreto 23/2008, Artigo 58, o qual estabelece como um dos objectivos finais dos inventários ambientais, sociais e económicos a compreensão da dinâmica dos fenómenos ambientais, sociais e económicos de modo a suportar a elaboração de estratégias de desenvolvimento que tenham em consideração a preservação e sustentabilidade dos recursos naturais; Decreto 18/2007, Ponto 2, alíneas b) e i) sobre os Princípios da Precaução e Princípio da Responsabilização, respectivamente. Segundo o Princípio da Precaução aqui estabelecido, a elaboração, execução e alteração dos instrumentos de ordenamento do território deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente. O Princípio da responsabilização aqui estabelecido define que qualquer entidade pública ou privada, com competência para intervir sobre o território, é responsável pelos danos que possam afectar a qualidade de vida dos cidadãos, sustentabilidade ambiental, estando obrigados a proceder à reparação desses mesmos danos e a compensar os prejuízos causados; Decreto 18/2007, Ponto 3.3 , alínea a) que estabelece como objectivo específico da Política de Ordenamento para o âmbito rural o de “Preservar o equilíbrio ecológico e o património e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais; Lei 19/2007, Artigo 4, alínea d), que estabelece o Princípio da Precaução (já definido anteriormente); Artigo 5, ponto 1 e ponto

A legislação no geral não contém provisões para incentivar o cumprimento da Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

A legislação estabelece no geral, importantes princípios e objectivos de precaução, responsabilização, conservação e salvaguarda dos valores ambientais que são importantes para a promoção de um desenvolvimento sustentável, conforme referido nas colunas anteriores, contudo não é explícita quanto à necessidade de cumprimento da Hierarquia de Mitigação e alcançe de NPL. A Resolução 18/2007, Ponto 2, alínea b) estabelece o princípio da Precaução, segundo o qual os instrumentos do ordenamento territorial devem priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis, independentemente da existência da ceteza científica de ocorrência de tais impactos. Esta provisão pode concorrer para a introdução da exigência de NPL nos instrumentos de ordenamento territorial. Foram identificadas provisões que contribuem para os Contrabalanços de Biodiversidade. O Decreto31/2012, Artigo 4, alínea g) e o Decreto 18/2007, Ponto 2,

As provisões na legislação não são contrárias a NPL, contudo reconhece-se a necessidade de adequar a legislação para se alcançar NPL/GL como consequência da implementação de projectos de desenvolvimento.

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

2, alíneas d) e g), nos quais é claramente plasmado que um dos objectivo do ordenamento do território é a protecção e conservação do meio ambiente). É desejável que se crie uma ligação entre os vários instrumentos legais ou haja referência específica nos instrumentos legais tal que a necessidade de cumprir com a Hierarquia de Mitigação, alcançar NPL sejam claramente abordados. De referir que o MITADER está a analisar a potencial criação da legislação em AAE. Está também em curso o processo para a elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento do Território.

alínea i) estabelecem o Princípio de Responsabilização Ambiental, segundo o qual quem polui ou degrade o ambiente tem a obrigação de reparar ou compensar os danos daí resultantes.

Turismo

A legislação cria bases notáveis referentes à necessidade de conservação e utilização sustentável da biodiversidade (Lei 4/2004, Artigos 3,9 e 16; Resolução_14/2003, Pontos 6, 7 e 9), contudo não há referência específica relativamente ao alcance de NPL, e à observância da Hierarquia de Mitigação. A regulamentação é explícita ao sujeitar a EIA os projectos de desenvolvimento do turismo, incluindo os localizados dentro das áreas de conservação (Resolução 14/2003, Ponto 9.11) O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, estabelece como uma das recomendações estratégicas de intervenção, a promoção do desenvolvimento turístico ambientalmente e socialmente sustentáveis através da aplicação da legislação ambiental nacional assim como práticas e directrizes de sustentabilidade internacionalmente aceites, incluindo a Convenção sobre a Diversidade Biológica. Referência explícita é feita sobre a necessidade dos empreendimentos turísticos obterem as Licenças Ambientais ao abrigo da legislação sobre a Avaliação do Impacto Ambiental. (Capítulo 4, Ponto 4.8). Esta exigência abre espaço para se exigir a observância da Hierarquia de Mitigação e dos Contrabalanços de Biodiversidade. Não há uma exigência clara que os projectos devem alcançar NPL.

De uma forma geral, a legislação não é explícita quanto ao alcance de NPL e à implementação da Hierarquia de Mitigação. Como referido na coluna anterior, a regulamentação é explícita ao sujeitar a EIA os projectos de desenvolvimento do turismo, incluindo os localizados dentro das áreas de conservação (Resolução 4/2003, Ponto 9.11; Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, Capítulo 4, Ponto 4.8). Actualmente é através deste mecanismo que se abrem janelas para a exigência do cumprimento da Hierarquia de Mitigação e dos Contrabalanços de Biodiversidade. Não é exigido que se alcance NPL.

No geral, a legislação é favorável para a exigência da Hierarquia de Mitigação, pois remete para a necessidade de cumprimento da legislação ambiental e, nesta legislação é explícito que a Hierarquia de Mitigação deve ser observada. Ademais, especificamente na Lei 10/99, Artigo 3 alínea d) é explicitamente exigida a recomposição ou compensação dos danos causados. Portanto há aqui onde ancorar a questão da Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade. Não há aqui exigências que concorram para o alcance deNPL.

Não foram identificadas provisões que sejam contrárias a introdução de NPL/GL.

Agricultura A legislação consultada na área de agricultura possui no geral provisões que contribuem para a protecção e conservação do ambiente e dos recursos naturais (Decreto 11/2013, Artigos 2 que estipula que a qualidade dos fertilizantes que circulam no

No geral a legislação consultada na área de agricultura não contém provisões que contribuam para NNL ou observância da hierarquia de mitigação.

De acordo com análise na coluna anterior, a exigência de cumprimento com a legislação ambiental que está patente na kegislação da área da agricultura é um passo

No geral, a regulamentação na área de agricultura e segurança alimentar não apresenta

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Área de Actividade Provisões susceptíveis de rever/emendar ou introduzir nos próximos 3 anos

Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

país devem observar os princípios de protecção da saúde pública, animal e do ambiente; Artigo 6 que atribui ao registador de fertilizantes, a responsabilidade de assegurar que a gestão dos fertilizantes seja de cordo com as normas nacionais e internacionais aplicáveis; Artigo 21, Ponto 2, que estipula que o pedido de autorização para a produção industrial de fertilizantes deve ser acompanhado da Licença Ambiental). O Decreto nº 6/2009 (Artigos 2 e 21) obriga que as actividades referentes a produção de pesticidas, a reembalagem de pesticidas com propósitos comerciais, a comercialização e armazenagem de pesticidas agrários e os utilizados na saúde pública assim como a eliminação de pesticidas e de suas embalagens está sujeita a AIA, ao abrigo do Decreto 54/2015. No geral, a regulamentação carece de revisão de forma a incluir provisões ambientais necessárias à sua harmonização com o quadro da legislação ambiental e particularmente atinente aa alcance de NPL/GL, Hierarquia de Mitigação, incluindo Contrabalanços de Biodiversidade.

As referências tendentes a prevenção e protecção do ambiente e recursos naturais são feitas através do recurso ao licenciamento ambiental. Pela via da necessidade do licenciamento ambiental é possível ancorar as exigências. A regulamentação carece de provisões específicas com vista à observância da Hierarquia de Mitigação e ao alcance de NPL. Como mencionado na coluna anterior a legislação na área da agricultura remete a decisão ambiental para o regulamento 54/2015. É pela via deste Decreto que os princípios de Hierarquia de Mitigação e NPL poderão ser cumpridos. É, no entanto, importante estabelecer os procedimentos técnicos que deverão orientar o alcance de NPL As referências à legislação ambiental são ao regulamento sobre o processo de avaliação do impacto ambiental, Decreto 45/2004, já revogado, o que se recomenda que seja actualizado.

importante e concorre para a exigência do alcance de NPL.

provisões contrárias à implementação da Hierarquia de Mitigação ou a NPL, todavia é necessário que a mesma seja revista de forma a incluir provisões ambientais que ccontribuam para NPL e para estar em conformidade com a evolução da legislação ambiental e de conservação em vigor.

Energia No geral, a legislação cria bases notáveis referentes à necessidade de conservação da biodiversidade (Lei 21/97, Artigo 5 e Artigo 31, segundo os quais o desenvolvimento da capacidade energética deve garantir o equilibrio ecológico, a conservação e a preservação do meio ambiente) e à observância da legislação pertinente na área ambiental (Artigo 16, alínea h), onde é estabelecido que o titular de uma concessão, deve observar a legislação pertinente sobre as questões ambientais). Não há qualquer referência explícita quanto à necessidade de observância da Hierarquia de Mitigação e o alcançe de NPL. Uma vez que Lei 21/97 reconhece que se deve cumprir com toda a legislação ambiental para a implementação dos projectos de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica, é uma base para se exigir a este tipo de projectos que

Para que os mecanismos e procedimentos das actividades de energia que estão em conformidade com a Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços de Biodiversidade, poderem ser operacionalizados, é necessário ser debatido e devidamente introduzido no quadro legal. Não se identificaram requisitos específicos conducentes à implementação da Hierarquia de Mitigação e o alcance de NPL Contudo, é possível exigir que os princípios de Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços de Biodiversidade sejam respeitados, através da implementação do Decreto 54/2015 pois, a Lei 21/97 exige que a reguamentação ambiental seja respeitada.

No geral, a legislação é favorável para a exigência do cumprimento da Hierarquia de Mitigação, de NPL e Contrabalanços através da recorrência ao regulamento de AIA (Lei 21/97, Artigo 16, alíneas g) e h). A exigência ao respeito pela Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade poderá ser feita, por exemplo, através do regulamento de avaliação de impacto ambiental (Decreto 54/2015) que por um lado já contém provisões específicas e por outro vincula todos os projectos de desenvolvimento ao licenciamento ambiental (com excepção de

No geral, as provisões na legislação criam um espaço para a introdução de exigências com vista à observância da Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços de Biodiversidade. Não foram identificadas provisões que sejam explicitamente contrárias a NPL/GL.

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Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

cumpram com a Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade. Contudo, a necessidade de alcance de NPL, não está aqui coberta.

minas e hidrocarbonetos que possuem regulamentação ambiental dedicada).

Águas A legislação apresenta no geral bases para a promoção da protecção e conservação dos recursos naturais e ambiente (Lei 16/91, Artigo 7) que refere que "as obras hidráulicas não podem ser aprovadas sem análise dos impactos sociais, económicos e ambientais"; O Artigo 13, referente ao esquema geral de aproveitamento dos recursos hídricos refere que este Esquema visa a defesa do meio ambiente garantindo que o aproveitamento de água se realize sem prejudicar o caudal mínimo e o caudal ecológico. O Artigo 30, estabelece como obrigação dos titulares de direito de uso e aproveitamento dos recursos hídricos, o dever de garantir o mínimo de impacto ambiental. A Política Nacional de Águas (Resolução 46/2007), contempla no geral provisões que sustentam a visão da necessidade de disponibilidade de água para a sustentabilidade ambiental (veja Parte 1, 2 e 3 da Resolução). A Política prevê ainda que " a fim de proteger os recursos hídricos enquanto se se promove o desenvolvimento socioeconómico, serão empregues ferramentas de gestão ambiental de acordo com a legislação moçambicana de AIA e padrões de qualidade ambiental" (Ponto 4, Água e Ambiente). Abre-se desta forma, uma janela para a consideração da Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços de Biodiversidade. A exigência para o cumprimento destas provisões de forma explícita podem ser feitas através da legislação sobre avaliação do impacto ambiental.

Não se identificaram requisitos específicos conducentes à implementação da Hierarquia de Mitigação ou a NPL. Contudo, as provisões existentes na Lei concernentes à protecção, conservação e prevenção de danos ambientais, associado à exigência de realização de EIA (por exemplo, Lei 16/91, Artigos, 7, 13 e 30; Resolução 46/2007, Ponto 4, Água e Ambiente (detalhes já referido na coluna anterior), abre espaço para se introduzir/exigir provisões tendentes ao cumprimento da Hierarquia de Mitigação e a NPL de Biodiversidade.

No geral, a legislação é favorável para a exigência de NPL/GL através da realização da AIA conduzida pela regulamentação em vigor sobre esta matéria. A Lei 16/91, Artigo 7 refere que "as obras hidráulicas não podem ser aprovadas sem análise dos impactos sociais, económicos e ambientais".

No geral, as provisões na legislação criam um espaço para a introdução de NPL/GL, uma vez que é exigido o cumprimento da regulamentação sobre AIA (Lei 16/91, Artigos, 7, 13 e 30; Resolução 46/2007, Ponto 4). Não foram identificadas provisões que sejam explicitamente contrárias a NPL/LG.

Ambiente Marinho e Pescas

Especialmente com a aprovação do Decreto 21/2017, a legislação na área marinha cria bases notáveis referentes à necessidade de conservação dos recursos biológicos aquáticos, da biodiversidade, da manutenção dos serviços dos ecossistemas e à necessidade de compensação em caso de danos sobre a

Relativamente às lacunas, veja coluna anterior. A vinculação entre o Decreto 21/2017 e a Lei de conservação e de AIA cria espaço para a implementação da Hierarquia de Mitigação e alcance de NPL. Decreto 21/2017, Artigo 11 alínea

No geral, a legislação é favorável para a exigência da observância da hierarquia de mitigação e alcance de NPL/GL através da aliança estabelecida com a Lei da Conservação e o regulamento de AIA.

No geral, as provisões na legislação criam um espaço para o respeito pela Hierarquia de Mitigação, o alcance de

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Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

biodiversidade e recursos biológicos aquáticos. Referência específica é feita ao Decreto 21/2017. Este Decreto é bastante inovador no que concerne a provisões tendentes à preservação e utilização sustentável do meio ambiente, biodiversidade e serviços dos ecossistemas. Veja-se o Artigo 11, no qual fica estatuído que o Plano de Situação deve incluir, entre outros, a identificação de áreas e ou de volumes relevantes para a conservação da natureza, nos termos da Lei de Conservação. O Plano de Situação é sujeito a AIA e AAE (Artigos 12, 13, 14, 23). A aplicação das provisões legais referidas nos Artigos 12,13, 14, 23 deverá ser discutida de forma a alcançar-se um consenso técnico sobre a aplicação destes dispositivos. Note que de acordo com a presente regulamentação, os Instrumentos de Ordenamento do espaço marítimo são sujeitos a 2 instrumentos distintos de avaliação ambiental, nomeadamente AIA e AAE. A Lei 22/2013 apresenta ainda várias provisões tendentes à protecção e conservação dos recursos aquáticos e da biodiversidade (veja Artigos 12, 16, 17, 18, 51). As actividades de aquacultura são sujeitas a EIA pelo seu potencial de impactos negativos sobre o ambiente (Artigo 64). Através da obrigatoriedade de vinculação das provisões contidas no Decreto 21/2017 à AIA (veja Artigo 12, Ponto 3, alínea b) que refere que o Plano de Situação deve ser acompanhado de um Relatório e Declaração Ambiental.; Artigo 13, Ponto 2, alínea e) que refere que o Plano de Situação está sujeito a AAE; Artigo 14 que sujeita o Plano de situação a AAE; Artigo 23 que exige uma AIA. Desta forma, está salvaguardado o respeito pela Hierarquia de Mitigação, contudo não há obrigatoriedade de alcançar NPL. O novo Decreto 21/2017 não é explícito quanto aos Contrabalanços, mas cria espaço para a introdução desta exigência, através dos EIA (Artigos 12 e 23) . De referir que é recomendável a discussão técnica sobre como operacionalizar a exigência simultânea de AIA e AAE para os Instrumentos de Ordenamento do Espaço Marítimo.

d); Artigos 12 e 23. NPL/GL e dos Contrabalanços de Biodiversidade. Não foram identificadas provisões que sejam explícitamente contrárias a NPL/GL.

Incentivos Existem alguns instrumentos económicos e mecanismos embora

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Resumo global das lacunas relativas ao alcance de NPL/GL e requisitos para implementar a Hierarquia

de Mitigação

Sumário das provisões que melhor se adaptam para exigir ou apoiar os planos dos investidores para alcançar NPL/GL

Sumário das provisões contrárias à introdução de NPL/GL e que devam ser consideradas prioritárias para alteração/revogação

Económicos não especificados em quase toda legislação consultada. Por exemplo, na área do turismo, Lei 4/2004, Artigo 14, refere que "os investimentos, empreendimentos novos bem como as benfeitorias podem pelo seu interesse socioeconómico no desenvolvimento do sector, beneficiar de incentivos especiais a definir pelo conselho de ministros. Abordagem similar foi encontrada na seguinte legislação: Florestas, Lei 10/99 (art.º. 35), Regulamento 12/02 (art.º. 79 e 101), Resolução 8/97 (ptº 3.v, alínea 55 do ptº 4 e ptº 5.5); Pescas, Lei 22/2013 (alínea 5 do art. 6 e alíneas 1,2 e 3 do art.º. 53), Decreto 45/2006 (alínea c do art.º. 10) e Turismo, Lei 4/2004 (alínea 2 do art.º. 7 e art.º. 14).

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4.1.1.2 Processos Estatuídos na Lei e as Práticas de Gestão nas Áreas de “Posse de Terra; Áreas Protegidas e Fauna Bravia; Direitos das Comunidades Locais, Incentivos Económicos e Regimes de Responsabilidade e fundo fiduciário”.

Posse de Terra

A Área de Posse de Terras é chave para a implementação de planos de Contrabalanços de Biodiversidade, considerando que poderá ser necessário adquirir parcelas de terra com habitats similares aos perdidos por implementação de projectos de desenvolvimento para compensar os impactos residuais.

Existe uma política de posse de terra, mas o cadastro de terra difícilmente permite saber quem tem o direito a uma determinada parcela de terra, pois a gestão da terra atravessa vários processos devido ao desenvolvimento humano e requere adaptaptações regulares, o que não ocorre (segundo informação registada pelo COMBO).

A criação de áreas de Contrabalanços de Biodiversidade poderá requerer a posse legal de terra por longo tempo – o DUAT. No caso de encerramento de um projecto ou de transmissão dos direitos de implementação do projecto, deveria também ser transmitida a obrigação de gestão da área de contrabalanço. No entanto, legalmente não foram identificadas provisões relativas à transmissão de obrigações relativas à conservação da biodiversidade nos processos de venda ou transferência de terra a terceiros (foi efectuada consulta à legislação de Conservação - Lei 16/2017, alterada pela Lei 5/2017 – Lei de Terras - Lei 19/97 e Decreto 66/98 - e do Ordenamento do Território - Lei 19/2007 e Decreto 23/2008).

De realçar que com base nas 32 entrevistas realizadas para avaliar a capacidade e experiência de vários grupos de stakeholders envolvidos directa ou indirectamente na implementação de projectos de desenvolvimento (um dos objectivos do presente trabalho de revisão da legislação), foi sugerido que, deveria ser efectuado um levantamento/actualização das áreas com elevado valor de biodiversidade e/ou críticas e constituí-las como áreas de conservação sob gestão do governo. As entidades privadas/públicas que tivessem a obrigação de constituir áreas de Contrabalanços, deveriam canalizar recursos para apoiar a gestão destas áreas. De notar que o risco de ter cada investidor a identificar uma área para contrabalanço é de ter muitas áreas de "conservação" fora da rede nacional de áreas de conservação, quando estes recursos poderiam ser utilizados e concentrados nas áreas de conservação actualmente existentes, que neste momento carecem de recursos para a sua protecção e gestão.

Áreas Protegidas e Fauna Bravia

As áreas de conservação estão devidamente classificadas e regulamentadas ao abrigo da Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017. A regulamentação sobre as áreas protegidas mostra-se consistente, todavia é necessário auscultar os gestores das áreas de conservação para registar os desafios que têm enfrentado durante a implementação da Lei.

Dentro das áreas de conservação há actividades específicas que são permitidas, por exemplo, actividade turística, apicultura, exercício cinegético, entre outras. De notar que dentro das áreas de Protecção Total é proibida a extracção de recursos, prevendo-se apenas o uso indirecto dos recursos naturais, com as excepções previstas na Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017, no Plano de Maneio da respectiva área de conservação e na legislação específica, de acordo com o Artigo 27, Lei 16/2014.

Não foi identificado algum impedimento legal para estabelecer Contrabalanços de Biodiversidade dentro das áreas protegidas actualmente existentes. Contudo, de acordo com as boas práticas

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internacionais, os critérios e procedimentos para se estabelecer um Contrabalanços de Biodiversidade requerem uma articulação entre os interessados em estabelecer o contrabalanço e a equipa de gestão da área de conservação. Isto ainda é necssário ser regulamentado.

De acordo com a Lei 16/2014, revista pela Lei 5/2017, a proposta de criação de áreas de conservação pode ser feita pelos orgãos governamentais, por instituições académicas, pelo sector privado, por organizações Não-governamentais ou comunidades locais ou de acordo com um conjunto de categorias (Artigo 38). As áreas de conservação são constituídas para cumprir uma série de objectivos de conservação, dentre eles, "contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais moçambicanas" e " proteger as espécies ameaçadas de extinção, raras e endémicas nos âmbitos nacional provincial, distrital e autárquico" (Artigo 12 da Lei 16/2014). Assim, fica claro que se o objectivo é a conservação, então é legalmente possível que as áreas de contrabalanço sejam estabelecidas como áreas de conservação.

Direitos da Comunidades Locais

As provisões legais que obrigam a "consentimento livre e prévio" estão plasmadas nos vários instrumentos legais, como por exemplo no Decreto 12/2002 (Artigo 6 que estipula que “O Plano de maneio das zonas de protecção deve ser feito com a participação das comunidades locais” o que permite que as comunidades participem na tomada de decisões sobre a gestão dos recursos naturais e biodiversidade; Artigo 36 sobre “Reunião de Auscultação”, que obriga a consulta ás comunidades locais durante o processo de Pedido de Concessão Florestal); Decreto 54/2015 (Artigo 15 sobre “Processo de Participação Pública”, Ponto 1, onde está prevista disponibilização de informação e auscultação às partes interessadas e afectadas directa ou indirectamente por uma actividade); Diploma Ministerial 130/2006 que define as normas para participação pública no processo de tomada de decisão sobre os projectos de desenvolvimento; Diploma Ministerial 55/2013 Artigo 3 que obriga a consulta às comunidades locais no âmbito do licenciamento florestal.

Portanto, está estatuído na legislação que os projectos de desenvolvimento só são implementados com o consentimento das comunidades locais e outras partes interessadas e afectadas. Embora esteja claramente plasmado na legislação que as comunidades locais devem ser consultadas nem sempre os direitos e procedimentos de acesso à informação, reclamação, veto, inclusão das ideias das comunidades no âmbito das consultas previstas às partes interessadas e afectadas (incluindo as comunidades afectadas), está devidamente regulamentado.

Caso uma determinada comunidade proponha a inclusão de uma dada medida de mitigação ou proponha medidas para evitar um determinado impacto sobre os serviços de um dado ecossistema, e esta medida não seja acatada pelo proponente, não está explícito de que forma a comunidade pode levar avante a sua reclamação e vincar esta sua preocupação, caso pertinente.

Incentivos Económicos

Verificou-se que existem alguns instrumentos económicos e mecanismos, embora não especificados em quase toda legislação consultada. Por exemplo, na área do turismo, Lei 4/2004 (Artigo 14) refere que "os investimentos, empreendimentos novos bem como as benfeitorias podem pelo seu interesse socioeconómico no desenvolvimento do sector, podem beneficiar de incentivos especiais a definir pelo Conselho de Ministros”. Abordagem similar foi encontrada na legislação sobre Florestas, Lei 10/99 (Artigo. 35), Regulamento 12/02 (Artigo. 79 e 101), Resolução 8/97 (Ponto 3.v, alínea 55 do Ponto 4 e Ponto 5.5); Pescas, Lei 22/2013 (alínea 5 do Artigo 6 e alíneas 1,2 e 3 do Artigo 53), Decreto 45/2006, alínea c do Artigo 10e Turismo, Lei 4/2004 (alínea 2 do Artigo 7 e Artigo 14).

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Regime de Responsabilidade e Fundos fiduciários

Quanto ao regime de responsabilidade, na maior parte da legislação consultada e constante na lista de referência está prevista a obrigação do cuidado básico através da obrigatoriedade/princípios de prevenção de danos; princípio de responsabilização e utilização de boas práticas ambientais.

Está estatuído o "Princípio da responsabilização ambiental", por exemplo, na Lei 20/97, Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017, Decreto 31/2012, contudo não é especificado o tipo de compensação que deve ser feita por aqueles que lesem o ambiente.

Não foram identificados na legislação consultada (ver lista de referências), provisões explícitas que estabeleçam obrigações ou outras medidas de investimento prévio para atenuar os impactos na biodiversidade. No entanto, salientar que a obrigatoriedade de respeito por padrões ambientais préviamente estabelecidos por lei, podem obrigar a realização de investimento tecnológico prévio.

No que concerne à responsabilidade no âmbito do reassentamento, esta está devidamente detalhada e é obrigatória a compensação económica, física e social dos afectados (Decreto 31/2012, Artigo 4, 10).

Já existe em Moçambique um fundo fiduciário para conservação: Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND). Esta fundação tem o objectivo de apoiar a conservação da biodiversidade marinha e terrestre e o uso sustentável dos recursos naturais, incluindo a consolidação do sistema Moçambicano de áreas protegidas. Esta apresenta 3 objectivos estratégicos:

- Que a BIOFUND seja uma instituição eficiente e efectiva no financiamento da conservação; - Que os parques e reservas nacionais sejam adequadamente financiadas; - Aumentar a sensibilização sobre a importância da conservação da biodiversidade.

A BIOFUND gere múltiplas fonts de financiamento, incluindo um fundo de doações estabelecido para assegurar o financiamento a longo prazo para a conservação da biodiversidade. O valor do mercado do capital de doaçãp da BIOFUND em Dezembro de 2016 foi de USD 21 247 518 como resultado das doações recebidas da KfW, Banco Mundial / GEF e a Conservação Internacional / GCF.

Dentro da sua fase actual e piloto, a BIOFUND iniciou o desembolso de fundos para as Áreas de Conservação através do Projecto “Abelha”. O objectivo é de cobrir até 80% do orçamento operacional actual das Acs; a BIOFUND espera que o seu financiamento seja adicional à contribuição do Governo e normalmente não irá cobrir os custos de salários da equipa das áreas de conservação existentes.

Espera-se que o Governo cubra estes custos. Os salários para recursos humanos adicionais para realizar os planos de gestão podem ser considerados elegíveis. A BIOFUND iniciou o desembolso de fundos em 2016, financiando apenas uma área de conservação, e está a planear em apoiar mais cinco em 2017; é esperado que em 2018 a BIOFUND irá financiar oito áreas de conservação a partir dos fundos do projecto Abelha.

Uma das acções estratégicas da BIOFUND é de “ explorar formas inovativas de gerar fundos, como os Contrabalanços de Biodiversidade e créditos de carbono entre outros”. O actual foco principal da instituição é nos Contrabalanços de Biodiversidade trabalhando com o governo e indústrias para definir mecanismos apropriados de acordo com o Roteiro dos Contrabalanços de Biodiversidade para Moçambique. Actualmente (2017), a BIOFUND está a rever o seu plano estratégico (esta revisão é financiada pela KfW) e decidiu em continuar por considerar os Contrabalanços de Biodiversidade como uma fonte alternativa de financiamento para doar as contribuições para as suas doações.

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Embora seja compreensível, os actuais procedimentos e documentações da BIOFUND escassamente mencionam os Contrabalanços de Biodiversidade como uma potencial fonte de financiamento e não parece ser suficiente para incluir a gestão dos Contrabalanços baseados no desempenho (ao contrário de simples “compensação” financeira pelas indústrias) como parte do arquivo da BIOFUND. Os procedimentos e documentos podem contudo ser actualizados para integrar o que é necessário para atingir isso.

Como parte dos TDR foram avaliadas questões específicas sobre os Processos Estatuídos na Lei e as Práticas de Gestão nas Áreas de “Posse de Terra; Áreas Protegidas e Fauna Bravia; Direitos das Comunidades Locais, Incentivos Económicos e Regimes de Responsabilidade”. As respostas a estas questões estão no Anexo 3.

4.1.2 Análise da Capacidade e Experiência

4.1.2.1 Existência de capacidade técnica e quadros suficientes das partes interessadas para administrar, monitorar e aplicar os requisitos de mitigação (evitar, minimizar, restaurar, contrabalançar) e alcançar a NPL/GL

Da análise feita, verificou-se que não existe capacidade para administrar, monitorar e aplicar os requisitos de mitigação (evitar, minimizar, restaurar, compensar), Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL pelas partes interessadas, como: Empresas de Consultoria, Instituições Académicas, Organizações Não-Governamentais, Proponentes, Agências de Cooperação, Sociedade Civil e Organizações Internacionais de Conservação (Figura 1).

Figura 1. Existência de capacidade técnica e quadros suficientes das partes interessadas para administrar,

monitorar e aplicar os requisitos de mitigação (evitar, minimizar, restaurar, compensar), NPL/GL e

Contrabalanços de Biodiversidade.

Cada Grupo de stakeholders entrevistado apresentou comentários específicos sobre a questão da capacidade. Abaixo são apresentados os referidos comentários.

Empresas de consultoria (EC)

As quatro empresas entrevistadas (100%) foram unânimes em afirmar que não existe capacidade técnica dentro das empresas e seus consultores para administrar, monitorar e aplicar a Hierarquia de Mitigação, incluindo Contrabalanços, com vista a alcançar NPL/GL de Biodiversidade (Figura 1).

100%

Existe capacidade técnica e quadros suficientes para administrar, monitorar e aplicar os requisitos de mitigação, NP/GL e

contabalanços de biodiversidade

Não existe capacidade

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Os entrevistados reconhecem que os contrabalanços, NPL/GL de Biodiversidade são uma matéria recente e complexa e ainda existe muitas lacunas de conhecimento para calcular as perdas de biodiversidade e para compor um plano de Contrabalanços de Biodiversidade.

Apenas duas das empresas de consultoria que foram entrevistadas tiveram uma capacitação em Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade:

1 com a WCS e Forest Trends em Madagáscar, em 2012 (1 único consultor na empresa)

1 empresa promoveu cursos online de sensibilização de cálculos e percepção dos Contrabalanços de Biodiversidade. Participaram três consultores da empresa nesse curso.

As empresas possuem a capacidade técnica para a avaliação de impactos ambientais e definição de medidas de mitigação, contudo ficou claro que os impactos são raramente quantificados o que não permite avaliar o que deve ser contrabalançado. As quatro empresas não experimentaram ainda uma abordagem sobre NPL.

Instituições Académicas (IA)

Os três entrevistados (100%) reportaram que não existe capacidade (particularmente para quantificação de impactos e implementação de sistema de NPL) a nível das instituições (Figura 1). Um entrevistado é de opinião que existe boa capacidade técnico-científica para apoiar na elaboração das estratégias, mas as pessoas indicadas na instituição precisariam de passar por uma formação neste âmbito de Contrabalanços e NPL.

Os três entrevistados participaram no workshop de capacitação liderado pelo COMBO em 2016, na cidade de Maputo, onde abordaram os conceitos de Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços e NPL de Biodiversidade. Adicionalmente, dois dos entrevistados participaram também em outros workshops que abordaram os mesmos conceitos. Um dos entrevistados participou num programa da União Europeia que envolveu a abordagem do conceito de Contrabalanços e NPL.

De salientar que, embora presentemente não haja capacidade para desenvolver metodologias e dados necessários para NPL, as Instituições académicas possuem capacidade para implementar os requisitos da avaliação de impacto ambiental e estão disponíveis para participar em formações sobre NPL para que possam apoiar as empresas e instituições que necessitarem.

Organizações Não-Governamentais (ONG´s)

Quanto à capacidade técnica das ONG's para aplicar os requisitos de mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL, os dois entrevistados (100%) foram unânimes em dizer que não existe capacidade técnica (Figura 1).

Apenas uma (1) organização das 2 entrevistadas foi convidada e participou num workshop realizado pelo COMBO, mas foi uma introdução aos conceitos de Contrabalanços de Biodiversidade.

Proponentes (Pp)

Dos quinze proponentes entrevistados, todos (100%) afirmaram que não existe capacidade nas suas instituições para aplicar os requisitos de mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL (Figura 1).

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Sete dos quinze proponentes entrevistados afirmaram ter já lidado com os novos conceitos de HM, Contrabalanços de Biodiversidade e NPL, e oito disseram que não conheciam os conceitos.

Dos sete proponentes que já lidaram com os conceitos, dois foram recomendados a elaborar e incluir um plano de gestão de Contrabalanços de Biodiversidade nos planos de gestão em EIAs, porque foram identificadas dentro da área do projecto, áreas com habitats críticos que seriam afectadas.

Entretanto, o plano de gestão de Contrabalanços ainda não foi preparado devido à complexidade dos critérios para a preparação do plano. Referiram não haver ainda experiência para o cálculo das perdas líquidas e elaboração de um Plano de Contrabalanços.

Agências de Cooperação (AC)

A única Agência entrevistada nunca lidou com os conceitos de HM, Contrabalanços de Biodiversidade e NPL. A Agência referiu que não existe capacidade na sua instituição para aplicar os requisitos de mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL.

Referiu igualmente que o foco da organização é financiar projectos e não a sua implementação. Por outro lado, a Agência não tem estado a fazer a exigência de cumprimento da HM, incluindo Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL, uma vez que é uma matéria complexa e o país não está ainda preparado, pois não possui procedimentos claros para orientar os investidores sobre como implementar um sistema de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

Ficou registado que existe competência para entenderem técnicamente os conceitos e implementá-los, contudo foi referido que as instituições carecem de capacitação para implementar um sistema de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade. É também preciso um trabalho aturado de difusão e popularização dos conceitos.

Sociedade Civil (SC)

Os dois entrevistados (100%) disseram que a nível das suas organizações não existe capacidade técnica (Figura 1). Um dos entrevistados disse que precisaria de capacitação neste âmbito.

Os dois (2) entrevistados não têm conhecimento sobre os conceitos de HM, Contrabalanços de Biodiversidade e NPL/GL.

Instituições Financeiras (IF)

A única instituição entrevistada, afirmou que existe capacidade na sua organização, no entanto referiu que não é um processo claro. Há necessidade de avaliar quantitativamente a biodiversidade que se pode perder com a implementação de um projecto. Não é ainda claro como devem ser feitas as avaliações necessárias num sistema de NPL/GL. Referiu ser um processo complexo e que as instituiçoes não estão ainda técnicamente preparadas para implementar um sistema de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

A instituição entrevistada comentou ainda que é necessário fazer-se uma análise técnica dos requisitos necessários, legalizar e expandir as técnicas para NPL e Contrabalanços. Esta afirmou ainda que se deve assegurar que os principais intervenientes entendem o conceito para assegurar a sua implementação.

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O entrevistado trabalhou em vários projectos que lidaram com a questão dos Contrabalanços de Biodiversidade, em vários países. A sua experiência em Moçambique não foi por muito tempo porque quando chegou, o projecto que abordava este conceito estava no fim. Nesse projecto o entrevistado participou na elaboração do estudo intitulado “Um Sistema Agregado de Contrabalanços de Biodiversidade: Um Roteiro para Moçambique”.

Organizações Internacionais de Conservação (OIC)

Para os dois entrevistados (100%), dentro das suas organizações não existe capacidade (Figura 1). No entanto, a nível da sua rede internacional, existe especialistas que lidam com sistemas de NPL e de Contrabalanços de Biodiversidade.

Um dos entrevistados afirmou ter um representante em formação fora do país (no Brazil) em matérias ligadas a NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

Uma das instituições entrevistada esteve envolvida desde o início do processo de Contrabalanços em Moçambique, numa iniciativa chamada Trustfund, visto que eles colaboraram para o estabelecimento do BIOFUND em Moçambique. Trabalharam também em Madagáscar no âmbito do conceito de Contrabalanços, antes da existência do projecto COMBO.

4.1.3 Passos que devem ser estabelecidos para criar capacidade para regular, administrar, monitorar e aplicar os requisitos da Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL/GL.

Oito grupos entrevistados (exceptuando as Comunidade Locais, pois não lhes foi colocada a pergunta) referem que é necessário haver uma acção conjunta que inclua todos os stakeholders que directa ou indirectamente estarão envolvidos na implementação de um sistema com vista a administrar, monitorar e aplicar os requisitos da Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e alcançar a NPL / GL. Foram apresentadas várias propostas de acção, que a seguir são sumarizadas:

Realizar debates sobre os mecanismos, procedimentos e directrizes sobre NPL e Contrabalanços de Biodiversidade de forma que todos os intervenientes participem activamente na construção do sistema que deverão futuramente implementar;

Criação de legislação/directrizes claras e específicas;

Realizar um estudo de base de forma a identificar as áreas de elevada biodiversidade e susceptíveis de conservação;

Criação de procedimentos claros sobre um eventual sistema de implementação de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade (Nota: como já referido neste documento, todo o trabalho de base e fundamentos que propõem um roteiro para a criação de um sistema de Contrabalanços foi já apresentado no documento“ Um sistema Agregado de Contrabalanços de Biodiversidade: Um Roteiro para Moçambique”. Este documento deverá ser divulgado e estudado pelas partes interessadas, através de um Mecanismo de Facilitação para apoiá-los tecnicamente;

Criação de capacidade a nível do governo e de todos os sectores que devem participar na implementação do um sistema de NPL e de Contrabalanços de Biodiversidade;

Incorporação do tema na formação académica;

Criação de um Mecanismos de Facilitação para apoiar técnicamente na implementação deste novo conceito de NPL;

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Divulgação do conceito e consciencialização à todas as partes interessadas que potencialmente serão envolvidas na regulamentação, implementação e monitoramento da implementação de NPL e Contrabalanços;

Implementação de um projecto piloto para testar as técnicas, mecanismos e procedimentos para a introdução adequada de um sistema de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

4.1.4 Capacidade e representação necessária das comunidades locais em Moçambique (e seus líderes e representantes) para apresentar os seus pontos de vista sobre a avaliação dos impactos, mitigação e Contrabalanços durante as consultas públicas de projectos de desenvolvimento específicos (ex. uma estrada nova ou uma mina)

Dos 32 entrevistados que compõem os nove grupos de stakeholders, 12 (38%) são de opinião que as comunidades locais (CL) possuem capacidade necessária para apresentar os seus pontos de vista sobre a avaliação dos impactos e mitigação durante as reuniões de consulta pública sobre os projectos de desenvolvimento. Os restantes 20 (63%) reportaram que as comunidades não têm capacidade necessária (Figura 2).

Figura 2: Existência de capacidade necessárias nas comunidades locais para apresentar seus pontos de vista

sobre a avaliação de impactos e mitigação nas consultas públicas dos projectos de desenvolvimento.

Embora os doze indivíduos (38%) sejam de opinião que as CL têm a capacidade para expressar suas inquietações e sentimentos perante os projectos (Error! Reference source not found.), apontam como principais dificuldades do processo de comunicação durante as reuniões de consulta pública, as seguintes:

Os conteúdos abordados são complexos e são apresentados em formato pouco familiar para as comunidades, o que faz com que elas não possam apresentar as suas contribuições de forma segura. A comunicação em língua Portuguesa é também uma limitante durante a comunicação, visto que a maioria fala a língua local;

Os representantes das comunidades têm receio de sofrer represálias de outros membros e líderes das comunidades e de seus superiores hierárquicos;

As comunidades têm a convicção de que nem sempre são ouvidas pelos proponentes, principalmente no que diz respeito à forma de compensação quando são projectos que influenciam de forma directa as suas actividades de subsistência e as oportunidades de emprego;

As comunidades focam-se nas suas necessidades básicas.

38%

62%

Existe capacidade necessária nas comunidades locais para apresentar os seus pontos de vista sobre avaliação de impactos, mitigação e contrabalanços

durante as consultas públicas

Sim Não

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Os 20 indivíduos (63%) que são de opinião que as CL não têm a capacidade para expressar as suas inquietações e sentimentos perante os projectos (Figura 2), apontam como principais limitantes as seguintes:

As comunidades sentem-se intimidadas em reagir nas reuniões na presença de seus líderes, pois estes são associados ao sistema político-partidário que consideram ser pouco receptivo à diversidade partidária;

As comunidades muitas vezes ouvem pela primeira vez muita informação sobre o projecto durante as consultas públicas, pelo que têm dificuldades em reagir;

Não conhecem os seus direitos; Têm dificuldade em perceber como é que os projectos poderão influênciar nas suas vidas,

pelo que dificilmente reagem.

Foi igualmente questionado se as CL têm a capacidade de apresentar os seus pontos de vista sobre Contrabalanços de Biodiversidade. Os 32 entrevistados (100%) são de opinião que as CL não possuem essa capacidade (Figura 3). Contudo referiram que elas podem dar contribuições pontuais específicas sobre os serviços dos ecossistemas e sobre soluções alternativas caso se verifique a perda dos habitats de onde as comunidades retiram os recursos.

Referiram ainda que é importante que as mensagens que lhes são transmitidas, sejam preparadas de forma simples, focada, gráfica e transmitida em língua local.

Figura 3: Capacidade das Comunidades Locais de apresentar os seus pontos de vista sobre Contrabalanços de

Biodiversidade.

Quanto à representatividade, 18 indivíduos (56%) consideram que a representatividade das CL é boa (Figura 4). As comunidades são habitualmente representadas por seus chefes (parte da gestão administrativa do território), líderes e influentes.

Um dos entrevistados do Grupo de CL falou da existência de algumas ONG's que têm trabalhado com as comunidades. Falou também de alguns membros influentes e capacitados das comunidades que exercem o papel de representantes das comunidades nas reuniões e em outros fórums.

Quatorze indivíduos (44%) consideram que as CL não estão devidamente representadas nas consultas públicas de projectos de desenvolvimento (Figura 4), principalmente porque as estruturas que os representam, nomeadamente os chefes e líderes comunitários, são uma extensão do governo a nível local e por isso, estão nas reuniões para defender os interesses do Governo.

100%

Existe capacidade das comunidade locais apresentarem os seus pontos de vista sobre contrabalanços de biodiversidade?

Não existe capacidade

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Figura 4. Existência de representação necessárias nas comunidades locais para apresentar seus pontos de

vista sobre a avaliação de impactos e mitigação nas consultas públicas dos projectos de desenvolvimento.

4.1.5 Experiência de empresas ou projectos na implementação da Hierarquia de Mitigação incluindo de Contrabalanços de Biodiversidade e/ou que tenham planeado os seus projectos para alcançar a NPL/GL de Biodiversidade

Dos oito grupos entrevistados (com excepção das CL, pois esta questão não foi a elas dirigida) nenhuma instituição aplicou a Hierarquia de Mitigação, incluindo o uso de compensações de biodiversidade. Contudo três empresas referiram estar a realizar trabalhos internos no sentido de entender como funcionaria técnicamente um sistema com vista a NPL.

Três proponentes entrevistados referiram que já iniciaram internamente um exercício para entender como poderão efectuar os cálculos necessários ao alcance de NPL/GL e implementação de um sistema de Contrabalanços. Referiram ainda que constitui um desafio poder quantificar os impactos, determinar as perdas líquidas de biodiversidade para saber o que compensar, todavia continuam a trabalhar para clarificar quais deverão ser os procedimentos e técnicas a utilizar.

Os proponentes reconhecem que a implementação de um sistema de NPL irá contribuir para a conservação da biodiversidade. Por outro lado, pretendem também estar em conformidade com as exigências internacionais (IFC_PS6 e PS7) e melhorar a sua imagem a nivel nacional e internacional.

A instituição financeira referiu ter financiado o Projecto de "Um Sistema Agregado de Contrabalanços de Biodiversidade: Um Roteiro para Moçambique", mas nunca exigiu que os projectos de desenvolvimento abordassem a questão da observância da Hierarquia de Mitigação, NPL e Contrabalanços, por ser uma matéria ainda pouco esclarecida.

A maior parte dos entrevistados reconhece que a implementação de um sistema de NPL e Contrabalanços trará benefícios em termos de melhoria da imagem e de cumprimento da legislação em vigor (IFC e nacional).

56%

44%

Existe representação necessária nas comunidades locais para apresentar os seus pontos de vista sobre avaliação de impactos, mitigação e contrabalanços durante as

consultas públicas

Sim Não

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4.1.6 Registo de empresas que solicitaram ao governo alguma recomendação (ou à equipa do COMBO) em termos de requisitos da Política Nacional, Directrizes ou apoio que o governo pudesse providenciar às empresas na planificação para NPL/GL.

Nenhuma empresa solicitou apoio ao governo (ou à equipa do COMBO) em termos de requisitos da Política Nacional ou Directrizes para efeitos de planificação para NPL/GL.

Uma Organização Internacional de Conservação referiu que esteve envolvida no processo de debates e formação sobre Contrabalanços. Referiu ainda que sempre trabalhou em coordenação com o MITADER, BIOFUND, ANAC e WCS.

4.2 Parte II: Análise de Lacunas sobre a Capacidade e Experiência das Instituições Governamentais Moçambicanas para Alcançar a Nenhuma Perda Líquida (or Ganho Líquido) de Biodiversidade

4.2.1 Capacidade das instituições do Governo para regular e administrar a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) de forma eficiente e eficaz

Da análise dos resultados das entrevistas relativamente à capacidade das instituições do governo para regular e administrar uma política de Nenhuma Perda Líquida, verificou-se que 10 das instituições entrevistadas (50%) consideram que, no geral, o Governo de Moçambique possui a capacidade e os conhecimentos técnicos para regular e administrar as avaliações de impacto ambiental de forma eficiente e eficaz (Figura 5), uma vez que possuem um procedimento de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) bem definido e já com mais de dez anos de implementação e uma revisão recente da legislação. O Ministério das Terras Ambiente e desenvolvimento Rural (MITADER) possui uma Direcção (Direcção Nacional do Ambiente – DINAB) com um Departamento dedicado a esta temática (Departamento de Licenciamento Ambiental) com vários técnicos experientes na área, e outros departamentos, como é o caso do Departamento de Gestão Ambiental que também possuem técnicos experientes na área e que participam no procedimento de AIA. Foi, contudo, identificada a necessidade de melhorar a capacidade técnica e conhecimentos das equipas quer no geral, quer em áreas específicas, como é o caso dos conteúdos ligados à avaliação ecológica dos impactos. Foi ainda identificada a necessidade de revisões periódicas de formação devido à dinâmica das questões ambientais e legislação associada.

Por seu lado, 10 instituições (50%) responderam de forma negativa (Figura 5), citando como justificativa a existência de lacunas na qualidade e capacidade técnica existente e a deslocação da equipa técnica para outras posições dentro ou fora da instituição, o que neste caso faz com que o conhecimento seja perdido. Foi assim identificada a necessidade de capacitações regulares nestas temáticas a vários técnicos das instituições.

Analisando em detalhe o conteúdo das respostas dadas verifica-se que, no geral, há uma boa sensibilização das instituições para as questões ambientais, nomeadamente para a Avaliação de Impacto Ambiental, as quais conhecem os trâmites legais e administrativos para o efeito, estando internamente organizadas para tal. Contudo, exceptuando a DINAB que lida com questões ambientais há já bastante tempo e possui técnicos com experiência na área, há lacunas de conhecimentos sobre a matéria, especialmente nas instituições cujas questões ambientais constituem uma área relativamente recente de actuação. Por exemplo, ao nível da capacidade para avaliar correctamente os estudos, uma vez que há desconhecimento técnico dos impactos

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específicos causados pelas actividades de projectos dos diversos sectores económicos, principalmente quando são complexos (gás e petróleo, mineração, indústrias novas no país, etc.). Supõe-se inclusivamente que das 10 instituições que responderem de forma afirmativa a esta questão (que há capacidade) potencialmente, 6 delas não tenham a capacidade suficiente para regular e administrar a AIA de forma eficiente e eficaz, tendo em conta o tipo de lacunas internas que identificaram, as quais são semelhantes às das instituições que responderam negativamente à questão colocada:

Necessidade de capacidade técnica e de conhecimentos na área ambiental, assim como em biodiversidade, pois ainda se trata de uma área muito recente;

Necessidade de actualizar e adquirir mais conhecimentos no que diz repeito aos impactos ambientais;

Necessidade de um guião para a avaliação técnica dos EIA e de pessoal dedicado para o efeito.

Figura 5. Existência de capacidade e conhecimentos técnicos para regular e administrar as avaliações de

impacto ambiental de forma eficiente e eficaz, dentro do governo de Moçambique.

Na instituição que é responsável pelos processos de AIA (DINAB), existe um departamento exclusivo para o Licenciamento Ambiental (com 15 técnicos) e outro para a Gestão Ambiental (com 20 técnicos), possuindo assim mais técnicos dedicados a esta temática do que qualquer outra instituição. Por seu lado, algumas das restantes instituições indicaram possuir internamente um técnico especificamente designado como ponto focal para o licenciamento ambiental, o qual interage com a DINAB (e.g. DINATUR, DINAF, DNGRH) e é geralmente parte da Comissão Técnica de Avaliação (CTA). Dentro da sua instituição, sempre que considera necessário, o técnico solicita apoio de outros membros da equipa. Há, contudo, outras instituições que não mencionaram possuir uma organização interna similar.

De acordo com as entrevistas realizadas (Error! Reference source not found.), foi também constatado que, considerando a globalidade das instituições entrevistadas, o número de técnicos dedicados ao licenciamento e outras questões ambientais é considerável (n~145). Este variou entre 1 e 36 por instituição, não considerando as Direcções/Delegações/Departamentos provinciais, que ficaram fora do âmbito do presente estudo.

Por seu lado, o número de projectos avaliado por ano/instituição em termos do procedimento de Avaliação de Impacto Ambiental variou entre 3 e 110, o que corresponde a um número de projectos/técnico/ano que varia entre 2 e 17. É de salientar que exceptuando a DINAB, as restantes

50% 50%

Existe capacidade no Governo para regular e administrar a AIA de forma eficiente e eficaz?

Sim

Não

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instituições não possuem um sistema de registo/organização de informação que permita obter de forma expedita a estatística do número de pareceres dado por ano, pelo que os números apresentados na Tabela 3 são apenas estimativas.

Tabela 3. Capacidade técnica das instituições governamentais relativamente aos processos de licenciamento

ambiental.

Ministérios Instituições N. de

técnicos

N. de processos

anuais

Média do n. deprocessos

/ técnico

Tempo para revisão (dias)

MASA DINAS 5 40 a 50 8 a 10 5

MEF DNPO 8 ** **** **

MICULTUR DINATUR 5 *** **** 1 a 2

MIMAIP DNO ** ** **** **

MIMAIP DIPOL ** **** **** ****

MIMAIP IIP 6 60 *** 7

MIREME INP 4 24 6 > 30

MIREME DNGM 12 36 3 15

MIREME INAMI 3 50 17 3

MITADER DINAB – Departmento de Licenciamento Ambiental

15 100 7 > 50

MITADER DINAB - Departmento de Gestão Ambiental

20 50 3 6 a 10

MITADER DINAB – Repartição de Gestão do Ambiente Marinho e Costeiro

7 42 6 8 a 10

MITADER DINOTER 36 100 3 15 a 20

MITADER ANAC 1 10 10 30

MITADER AQUA 8 110 14 9

MITADER DINAF 7 11 a 20 2 a 3 15

MITADER DINAT 4 3 *** 2 a 5

MOPHRH DNGRH 2 30 15 15 a 30

MTC DNEP 1 *** **** 5

PGR Departamento de Ambiente 1 * **** *

Total 145

* Ainda não foi solicitado qualquer parecer ** Não lida directamente com a Avaliação de Impacto Ambiental *** Sem informação disponível ****Não aplicável

De acordo com a informação obtida verifica-se que algumas instituições possuem um número assinalável de técnicos que lidam com o processo de licenciamento ambiental, como é o caso da DINOTER (36) ou do Departamento de Gestão Ambiental da DINAB, o qual inclui a Repartição do Ambiente Marinho e Costeiro (total de 20 técnicos). Em contrapartida, instituições como o Departamento de Licenciamento Ambiental da DINAB está sujeito a uma maior carga de trabalho, mas possui um número de técnicos mais reduzido (15). Ainda dentro do MITADER é também este o caso da AQUA, a qual é a entidade responsável pela fiscalização do cumprimento do licenciamento ambiental e que apenas possui 8 técnicos a nível central que lidam com a fiscalização dos processos de AIA. Ao nível de outros ministérios, a DNGRH e o INAMI são dois casos evidentes em que a

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proporção de técnicos relativamente ao número de processos é muito elevada (15 e 17 projectos por técnico/ano, respectivamente), ou seja, em que os técnicos têm uma elevada carga de trabalho por ano relativamente a outras instituições.

O tempo despendido pelas várias instituições na análise de processos ambientais é muito variável (desde 1 a >50 dias). Isto é normal, pois há instituições cujo parecer se refere a uma componente muito específica, enquanto outras, têm que analisar aspectos mais transversais ou mesmo todo o projecto como é o caso da DINAB, a qual é, conforme foi referido, a responsável pelo processo de AIA.

De qualquer modo, neste caso nenhuma das instituições entrevistadas possuía um registo fidedigno do tempo despendido por processo. Especificamente, no caso da DINAB, de acordo com a informação obtida, cada técnico analisa 6 a 7 projectos por ano, sendo despendido mais de 50 dias com cada um. O número de dias não tem que ser necessariamente gasto por apenas um técnico, mas sim por uma equipa de técnicos dentro de cada instituição.

Embora nalgumas instituições a equipa associada ao licenciamento ambiental possa estar subdimensionada para o volume de trabalho a que estão sujeitas, tal como referido anteriormente, o principal problema identificado nos inquéritos consiste na lacuna de conhecimentos específicos e capacidade técnica dessas equipas, especialmente para a avaliação de projectos mais complexos e recentes em Moçambique. De facto, analisando a Error! Reference source not found. e as informações obtidas noutras secções do inquérito, pode-se assumir que caso existisse um trabalho de base de avaliação entre as instituições para se coordenarem relativamente ao licenciamento ambiental, sua monitoria e fiscalização, seria eventualmente possível optimizar os recursos disponíveis.

4.2.2 Existência de organização suficiente dentro da instituição e entre instituições com quem lidam, para a aplicação efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA, HM / NPL de Biodiversidade.

Um total de 14 instituições (70%) afirmou existir uma organização suficiente dentro da sua instituição e entre as instituições com quem lidam para a aplicação efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA. Por seu lado, 6 instituições (30%) responderam que não estão suficientemente organizadas, devido a falta de articulação com outras instituições e a capacidade técnica insuficiente. Dois casos que se considerou relevante destacar foram os seguintes:

Embora a ANAC seja naturalmente uma das instituições que possua mais técnicos com formação em biodiversidade, no que diz respeito à aplicação do regulamento de AIA encontra-se dependente do projecto MOZBIO, o qual alocou um técnico específico em salvaguardas ambientais para esta componente. Apesar do projecto cessar em breve, não foi definido um ponto focal na ANAC para ser capacitado no procedimento de AIA, o qual pudesse estar a receber treino do técnico do MOZBIO. Se esta situação continuar, o projecto MOZBIO irá cessar sem deixar na ANAC um técnico capacitado para continuar este trabalho.

Foi identificada uma potencial limitação ao nível do MIREME. Foi identificado que ainda não existe uma boa articulação entre o INAMI e a DNGM para as questões ambientais, devido a uma falta de clareza nas responsabilidades e limites específicos das funções que cada uma desempenha no processo de licenciamento ambiental e respectiva monitoria e fiscalização. Trata-se de uma lacuna importante, pois os projectos mineiros são dos mais relevantes em termos de impactos ambientais e sobre a biodiversidade, existindo um número considerável de projectos para Moçambique.

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No caso específico da aplicação da Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e Nenhuma Perda Líquida, 19 instituições (95%) afirmaram que não estão organizadas para aplicar estes conceitos. Tal deve-se à insuficiência de conhecimento e dos princípios básicos destes assuntos e ausência de legislação específica sobre os Contrabalanços de Biodiversidade. Apenas uma instituição (5%) afirmou estar organizada de forma que seja possível a aplicação efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA (Figura 6).

Figura 6. Existência de organização suficiente no ministério e entre ministérios que torne possível a aplicação

efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA, por um lado, e da avaliação da Hierarquia de

Mitigação e planos de Contrabalanços / Nenhuma Perda Líquida, por outro.

Devido à identificação de lacunas de conhecimentos e experiência em matérias como biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade e Contrabalanços de Biodiversidade, bem como, algumas necessidades particulares de cada uma das instituições, foi realizado um simples levantamento do número de técnicos e o âmbito da capacitação por instituição, como mostra a Tabela 4.

Tabela 4. Necessidade de capacitação nas instituições governamentais, relativamente aos aspectos ligados à

biodiversidade e outros.

Instituição N. de técnicos Âmbito da capacitação

ANAC 4 - Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

AQUA 16 rangers (3 environmental, 5 auditors, 3 for land issues, 1 for land use/planning and 4 for forestry); 8 technicians.

- Fiscalização ambiental, avaliação da Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade; - Língua inglesa, interpretação de documentos legais.

DINAB – Dep. de Gestão Ambiental

20 - Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

70%

30%

95%

Resposta das Instituição

Será que existe organização suficiente para a aplicação efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA, HM / NPL?

Series2

95%

Não

Sim

Não

Sim

AIA HM / NPL

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Instituição N. de técnicos Âmbito da capacitação

DINAB – Repartição de Gestão do Ambiente Marinho e Costeiro

> 6 - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade. - Impactos ambientais no ambiente marinho e costeiro que são sujeitos à actividades de Oil&Gas e de mineração etc. - Análise legal para identificar lacunas de legislação e políticas e como fazer recomendações legais para melhorar a conservação de dugongos e ecossistemas de ervas marinhas.

DINAB – Dep. de Licenciamento Ambiental

15 - Avaliação de Impactos Ambientais. - Impactos dos diferentes tipos de projectos sobre a biodiversidade. - Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DINAF 10 - Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DINAS - - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DINATUR 3 - Capacitação sobre Avaliação de Impacto Ambiental para os técnicos que estão envolvidos na área de licenciamentos.

DINOTER - - Conteúdos ambientais.

DNEP 4 - Questões ambientais.

DNGM - - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DNGRH - - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DNO 20 a 30 - Identificação de espécies, principalmente as espécies ameaçadas e que estão incluidas na CITES.

DNPO 7 - 12 - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

INAMI 7 - Hierarquia de Mitigação, Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade e Contrabalanços de Biodiversidade direccionado para o sector mineiro.

INP > 4 - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

PGR 29 - Biodiversidade; - Seminários sobre as questões ambientais a nível de todo o país, especialmente nas províncias e distritos mais problemáticos

IIP 5-20 - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

DINAT - - Biodiversidade, Nenhuma Perda Líquida, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

Sendo a instituição cujo principal foco são os assuntos ambientais, a DINAB expôs a necessidade de o Governo elaborar um regulamento específico sobre Contrabalanços de Biodiversidade, visto que há uma grande falta de clareza de como estes vão ser implementados. Esta regulamentação irá permitir à DINAB e demais instituições que lidam com as questões ambientais, obter as bases para necessárias para a devida aplicação desta abordagem aos projectos de desenvolvimento que afectam o meio ambiente e a biodiversidade.

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4.2.3 Conhecimentos internos para assumir a regulação e administração da HM e avaliação dos Contrabalanços / NPL de Biodiversidade.

Conforme é ilustrado na Figura 7, todas as instituições (100%) afirmaram que a sua equipa que trabalha actualmente na AIA não tem actualmente capacidade técnica para aplicar os regulamentos e administrar de forma eficiente e eficaz a aplicação da Hierarquia de Mitigação e dos Contrabalanços de Biodiversidade e, consequentemente, o alcance de NPL/GL. Tal deve-se ao facto destas matérias serem novas, e que o conhecimento técnico ainda não é suficiente.

Estas instituições consideram assim ser necessário mais capacitação dos seus quadros técnicos nestas matérias, pois o nível de conhecimento dos mesmos relativamente à Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e NPL/GL é considerado baixo em 7 instituições (35%), médio noutras 6 (30%) e inexistente em 7 (35%). Nalgumas instituições foi também identificado que não possuem nos seus quadros pessoal com formação na área, ou pelo menos em número suficiente tendo em conta o que seria desejável.

Figura 7. Capacidade técnica interna e nível de conhecimento da equipa actual que trabalha na AIA para

assumir a regulação e administração da Hierarquia de Mitigação e avaliação dos Contrabalanços / Nenhuma

Perda Líquida de Biodiversidade.

Ainda sobre esta matéria, verificaram-se os seguintes aspectos de relevo:

- Tirando um pequeno número de instituições, que possui um bom conhecimento técnico dos assuntos inerentes ao processo de avaliação de impacto ambiental, as restantes possuem lacunas de base, e há a necessidade de capacitar estas instituições com conhecimentos de base ao nível da avaliação de impacto ambiental e avaliação ambiental estratégica em diversas actividades ligadas a vários sectores de desenvolvimento.

- São muito poucas as instituições que possuem actividades regulares de capacitação na área ambiental e de biodiversidade, resumindo-se estas essencialmente às que possuem assistência técnica dedicada por parte de instituições estrangeiras (e.g. INP e DNGRH); várias das instituições entrevistadas apenas tiveram contacto com o conceito De Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade através do curso providenciado pelo projecto COMBO aquando do arranque do mesmo.

- Várias instituições indicaram necessitar de capacitação devidamente enquadrada e ajustada à sua área de actividade. Por exemplo:

100%

Não existe capacidade

35%

30%

35%

Qual é o nível de conhecimento sobre a HM e avaliação dos

contrabalanços / NPL?

Baixo Médio Nenhum

Existe a capacidade para assumir a regulação e administração da HM e

avaliação dos contrabalanços / NPL?

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O INAMI identificou necessitar de uma capacitação sobre Hierarquia de Mitigação, planos de gestão de Contrabalanços de Biodiversidade e Nenhuma Perda Líquida direccionada ao sector mineiro;

A Repartição de Gestão do Ambiente Marinho e Costeiro do Departamento de Gestão Ambiental da DINAB necessita de capacitação sobre os impactos ambientais na área marinha e costeira afectada pelas actividades de Oil&Gas, mineração etc.

A DINATUR necessita de capacidade técnica para validar a qualidade dos projectos a nível da sua integração no ecossistema.

- Há ainda instituições que consideram que o facto de possuírem poucos conhecimentos nesta área não é determinante, uma vez que no processo de AIA apenas lhes cabe a responsabilidade de analisar o sector pelo qual estão responsáveis, cabendo a outras instituições do Governo a responsabilidade sobre as questões da biodiversidade.

4.2.4 Capacidade técnica e científica das instituições para apoiar o Governo na implementação de uma política de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade.

Um dos aspectos relevantes para suportar a implementação de uma política de NPL por parte do Governo, é a capacidade técnica e científica das instituições para efectuar verificações no terreno, saberem utilizar sistemas de informação, mapear, modelar e desenvolver métricas e regras de câmbio. Os resultados ao inquérito efectuado são sintetizados na on Tabela 5.

Tabela 5. Existência de capacidade técnica (número de técnicos) nas instituições para efectuar as funções de

verificação no terreno, sistemas de informação, mapeamento, modelação, desenvolvimento de métricas e

regras de câmbio, fiscalização da avaliação dos impactos ambientais.

Institutição Verificação no terreno

SIG Mapeamento Modelação Métricas Fiscalização

DINAB - Dep. De Licenciamento

Ambiental

8 0 0 0 0 8

DINAB – Departamento de Gestão Ambiental

11 11 19 0 0 4

DINAB – Repartição de

Gestão do Ambiente Marinho e Costeiro

7 7 7 0 0 **

DINOTER 22 7 7 0 0 22

ANAC 1 0 0 2 0 1

AQUA 16 0 0 0 0 150 a 200

DINAF 5 11 0 0 0 15

DINAT *** 10 10 0 0 ***

INP 2 0 0 0 0 4

DNGM * 5 * 0 0 12

INAMI 7 6 6 1 0 7

Departamento de *** *** *** *** *** ***

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Ambiente da PGR

DINATUR 1 0 0 0 0 1

DNGRH 3 3 3 2 0 4

DINAS 30 4 4 2 0 4

DNPO *** *** *** *** 0 ***

DNO ** ** ** ** 0 **

DIPOL *** *** *** *** *** ***

IIP 15 a 20 4 4 4 0 ***

DNEP 8 3 3 0 0 ***

Total 136 a 141 71 63 11 0 232 a 282

* Selecção anual ** Não mencionou *** Não aplicável

Do conjunto de instituições entrevistadas, 16 (80%) consideram não possuir as capacidades técnicas e científicas necessárias para apoiar a implementação de uma política de NPL por insuficiência no número e conhecimentos dos seus recursos humanos, bem como à falta de recursos financeiros (Error! Reference source not found.). Por exemplo, relativamente à capacidade técnica e científica para o desenvolvimento e implementação de métricas e regras de câmbio, a maioria das instituições afirmou que não possui capacidades para tal, pois mesmo possuindo alguns conhecimentos teóricos básicos, não possuem experiência prática.

Figura 8. Capacidade técnica e científica necessária para apoiar a implementação de uma política de

Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade, nas instituições.

Apenas 4 instituições (20%) afirmaram possuir, no global, capacidades técnicas e científicas adequadas (Figura 8), sendo que destas, somente metade possui a capacidade para efectuar verificações no terreno, contando com o apoio de parceiros para preencher as outras áreas.

A insuficiência de conhecimentos específicos é o principal factor limitante para as instituições, assim como a falta de meios para proceder à fiscalização/verificação do cumprimento da legislação. Elencam-se abaixo alguns exemplos a este respeito:

- A ANAC possui técnicos com formação de base em biodiversidade, mas estes não devidamente capacitados para as questões de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade.

80%

20%

Existe a capacidade técnica e científica necessária para a implementação de NPL?

Não

Sim

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- Apesar do Departamento do Ambiente da PGR ter grande interesse em apoiar as questões ambientais, existem alguns obstáculos que o impedem. A nível interno, por exemplo, há necessidade de capacitação e sensibilização de grande parte dos procuradores, principalmente aos níveis das províncias e distritos, pois as questões ambientais constituem matéria nova para os mesmos.

- Sendo uma instituição que lida com os aspectos de ordenamento territorial foi constatado que a DINOTER tem falta de meios e condições internas para realizar as suas actividades, estando dependente de parcerias ou o apoio de instituições ao nível técnico e/ou financeiro;

- A AQUA é uma instituição cujo papel é efectuar a fiscalização e desenvolver o controlo da qualidade ambiental. Contudo, a instituição é nova e ainda não possui as capacidades e meios necessários para desenvolver as suas actividades. Sendo uma instituição com este tipo de responsabilidades, necessita de ser dotada rapidamente de meios, equipamentos, capacidade técnica e científica em quantidade e qualidade, bem como de outras condições operacionais para poder realizar o seu papel.

- A DNPO do MEF tem a responsabilidade de alocar o orçamento necessário aos programas e sub-programas associados ao plano quinquenal do Governo. No que diz respeito à biodiversidade, embora esta pudesse constituir um sub-programa no orçamento anual, na realidade ainda não o é, sendo apenas uma rúbrica. Para que o plano orçamental possa evoluir nesse sentido, a DNPO necessitaria de receber mais capacitação nesta área, de modo a ter os conhecimentos necessários para enquadrar a biodiversidade nos orçamentos anuais.

4.2.5 Desenvolvimento de parcerias com outras entidades

Para preencher as lacunas referentes à capacidade técnica e científica dos seus ministérios, 19 instituições (95%) desenvolveram parcerias com instituições de pesquisa, ONGs, empresas de consultoria, especialistas e/ou outros, para apoio técnico e financeiro (Figura 9). Apenas uma das instituições (5%) indicou não ter parcerias estabelecidas. Este aspecto parece estar relacionado com a sua estratégia interna associada às questões ambientais.

Figura 9. Envolvimento de parceiros para apoiar as instituções.

De entre as instituições que possuem parcerias, a maior parte, 16 (42%) fazem-no com instituições de pesquisa e ONGs e 18 (31%) com instituições multi ou bilaterais (p.ex.: Banco Mundial) ou projectos específicos. Por seu lado, 9 instituições (27%) têm parcerias com empresas de consultoria e

5%

95%

Parcerias

Não

Sim

21%

21%

14%

13%

31%

Com que tipo de parceiros as instiuições estão envolvidas?

Instituições depesquisa

ONGs

Empresas deconsultoria

Especialistas

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especialistas. O reduzido número de instituições com este tipo de parceria deve-se ao facto da maioria sofrer de défice de fundos para pagar os eventuais serviços prestados (Figura 9); sendo que nalguns casos tal apoio é dado em base pro-bono.

Há instituições que privilegiam o estabelecimento de parcerias para apoio técnico e financeiro, as quais, pela sua quantidade e potencial qualidade, se deveriam ter entretanto traduzido em resultados mais favoráveis para as instituições do Governo; pelo menos do que respeita ao aumento de capacidade das mesmas na área da aplicação da Hierarquia de Mitigação e Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade. Algumas das instituições com mais parcerias estabelecidas e activas são a DINAS, ANAC, DINAB, DINOTER, DNPO, INP e IIP.

4.2.6 Alocação de orçamento e equipa suficiente por parte do governo para monitorar e reforçar a fiscalização da avaliação dos impactos ambientais e políticas relacionadas

No total, 14 (70%) das instituições cuja questão era aplicável responderam de forma negativa, alegando a insuficiência tanto de número de recursos humanos e orçamento para reforçar a fiscalização da avaliação dos impactos ambientais e políticas relacionadas (Figura 10). Apenas duas das instituições (10%) responderam de forma afirmativa, mas uma alegou que ainda assim há um défice de recursos humanos e outra afirma que o orçamento é limitado (Figura 10).

Figura 10. Resposta das instituições sobre a questão se o governo aloca adequadamente orçamento e equipa

suficiente para monitorar e reforçar a fiscalização da avaliação dos impactos e políticas relacionadas.

Algumas das justificações que foram mencionadas com mais frequência ou que se consideram mais relevantes são:

- Ainda existe uma insuficiência de sensibilidade para as questões ambientais, e é necessário aumentar e melhorar a capacitação e consciencialização dos governos e dirigentes nesta temática;

- Não parece haver uma estratégia e plano definidos entre as diversas instituições e sectores de actividade para enderessar de uma forma integrada as questões da fiscalização e monitoria, incluindo dos Planos de gestão Ambiental (PGAs), de modo a optimizar os recursos humanos e meios disponíveis;

0%

50%

100%

Não Sim Não aplicável

70%

10% 20% %

Resposta das instituições

Existe alocação de equipa e orçamento suficiente por parte do Governo?

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- Existem lacunas na comunicação e coordenação entre as entidades, não havendo optimização das equipas e das operações, o que poderia maximizar os reduzidos recursos financeiros disponíveis;

- Fraca fiscalização e monitoria, além de que a lei nacional ainda é muito branda. As punições não são muito severas, fazendo com que os infractores não se sintam intimidados;

- Há recursos humanos que não se encontram treinados ou não possuem as capacidades físicas necessárias ao desempenho da função de fiscalização;

- Negligência no seguimento das medidas recomendadas nos Planos de Gestão Ambiental por parte dos proponentes. É necessário identificar as razões para a deficiência dessas operações (falta de meios financeiros, fraca coordenação, falta de comprometimento, etc.?);

- Existem recursos humanos que não estão suficientemente treinados ou não possuem as capacidades físicas necessárias para desempenhar a fiscalização;

- Insuficiência de equipamentos e/ou o orçamento necessário para deslocar os técnicos para o local e mantê-los aí durante o período da missão de montoria;

- Não existe capacidade técica suficiente e ainda mais grave, há falta de de comprometimento nesses aspectos em diferentes instituições do governo devido a elevada dependência dos consultores externos;

- Há casos de falta de articulação dos procuradores aos níveis nacional, provincial e distrital, sendo que um dos principais motivos apresentados é a falta de meios;

- A burocracia do processo de procurement não está adaptado às actividades de fiscalização, cuja efectividade das mesmas depende do efeito surpresa e da capacidade de dinamismo das equipas, adaptando-se às circunstâncias encontradas em cada missão;

- Há uma falta de consciência do valor da função que os fiscais exercem, existindo muitas oportunidades para a desonestidade;

- Há uma propensão para a anulação das actividades dos fiscais pela Hierarquia, sendo muito vulneráveis a intimidações. A supremacia hierárquica não devia ter autoridade para anular a multa, devendo tal função caber apenas ao tribunal. A solução seria dar garantias de exercício da função e de validade da decisão, tal como acontece nas sentenças;

- Ainda está por ser publicado o estatuto do fiscal ambiental, ferramenta essencial para ajudar a resolver parte dos problemas anteriormente referidas.

4.2.7 Resultados da análise da coordenação

Para se determinar se as instituições governamentais e respectivos departamentos que lidam com a AIA, Hierarquia de Mitigação e NPL/GL de Biodiversidade estão devidamente coordenados para que os procedimentos sejam claros, consistentes e simplificados para os proponentes de projectos, foi necessário abordar estes aspectos de duas formas. Em primeiro lugar, ao nível da coordenação entre cada instituição e os seus homólogos a nível provincial e distrital. Em segundo lugar, entre as instituições dos diferentes ministérios. Apresenta-se abaixo o resumo da informação obtida para cada uma destas análises e os resultados consolidados.

4.2.7.1 Coordenação entre os departamentos e instituições a nível central, provincial e local dentro do mesmo ministério, na área ambiental

No que diz respeito às políticas e procedimentos de AIA e outros assuntos ambientais relacionados, um dos aspectos chave é a coordenação entre os diversos departamentos e instituições a nível central, provincial e local, dentro do mesmo ministério.

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De acordo com os inquéritos efectuados, 12 instituições (60%) afirmaram estarem coordenadas entre si. Contudo, foi maioritariamente referido que a coordenação ainda não é completamente adequada e eficaz. O sistema de coordenação precisa de ser reforçado, pois existem casos em que os processos acontecem ao nível provincial e local sem o conhecimento do nível central. Foi ainda apontada a falta de condições, ou seja, meios, equipamentos e capacitação dos líderes e fiscais para que a coordenação seja adequada.

Por seu lado, 8 instituições (40%) consideraram que não existe de facto coordenação entre os departamentos e instituições a nível central, provincial e local, dentro do seu ministério (Figura 11).

Figura 11. Existência de coordenação entre os departamentos e instituições do mesmo ministério, a

diferentes níveis (Nacional, Provincial e Distrital), sobre os procedimentos relacionados às questões

ambientais.

Os aspectos mais relevantes levantados pelas instituições que consideraram não existir a coordenação foram:

- Há situações em que a categorização dos projectos sujeitos a AIA a nível provincial não é efectuada exactamente de acordo com o regulamento 54/2015 devido à inexistência de uma comunicação eficaz entre as DPTADERs e o departamento de licenciamento ambiental da DINAB;

- A AQUA já é a entidade responsável pela fiscalização de impactos ambientais, mas de momento, ao nível provincial, esta função é ainda exercida por outras instituições devido à escassez de recursos da AQUA;

- Dentro do MITADER ainda há pouca articulação entre a AQUA e as outras instituições; - A articulação entre o INAMI e DNGM (MIREME) é frágil, devido à falta de clareza sobre as

funções que cada uma exerce ao nível ambiental. - No caso do MIMAIP, sendo um Ministério novo, as estruturas ainda estão a ser criadas para

que haja uma coordenação efectiva entre as suas instituições aos níveis nacional, provincial e distrital.

Analisando as respostas em detalhe, supõe-se que das instituições que responderam de forma positiva à questão anterior, pelo menos algumas delas não estarão de facto coordenadas de uma forma efectiva. Por exemplo:

- Ao nível da PGR, o Departamento de Ambiente possui um efectivo a nível nacional, essencialmente focado nas questões da biodiversidade, e um conjunto de 29 Procuradores

0

20

40

60

Sim Não

60

40

%

Resposta das instituições

Existe coordenação entre os departamentos e instituições governamentais, dentro do mesmo ministério?

Sim

Não

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“conservacionistas”, alocados a distritos do país onde há áreas de conservação em que há elevada pressão de crimes sobre a fauna. Contudo, ao nível Provincial ainda não existem procuradores formados nas questões de biodiversidade. Por não terem o mesmo nível de conhecimentos e de sensibilidade para as questões associadas ao ambiente e biodiversidade, há assim uma lacuna entre o Departamento de Ambiente e os Procuradores Provinciais, e outra entre estes e os Procuradores distritais. A capacitação de procuradores ao nível provincial é assim prioritária para resolver esta lacuna;

- Também foi identificado ao nível de projectos associados aos recursos hídricos, há processos que acontecem ao nível provincial e local que não são do conhecimento da DNGRH, o que pode resultar em lacunas relativamente a questões ambientais;

- No que diz respeito ao MIMAIP, o qual é um Ministério recente, já se encontra definida uma estrutura em termos de organização, mas ainda não se verifica uma coordenação adequada por falta de condições, por exemplo: i) algumas das estruturas provinciais e distritais ainda não estão criadas; ii) no que diz respeito à fiscalização ainda não há meios, equipamentos e guiões para identificação de espécies para que as actividades de fiscalização sejam efectuadas de forma coordenada; iii) a actividade de fiscalização está descentralizada nos distritos, sendo que em termos legais, por enquanto, é o SDAE que possui os fiscais de pescas. Verifica-se que há uma falta de sensibilidade destes fiscais para as questões da biodiversidade, pois para além da falta de meios, estes não possuem a capacitação adequada para exercer as suas funções, estando essencialmente sensibilizados para a agricultura e não para as pescas.

Como forma de melhorar a coordenação e evitar os problemas citados, as próprias instituições indicaram soluções, como sejam:

- Impor, através das chefias, uma articulação das instituições a nível interno e externo, nomeadamente, entre as várias instituições dos ministérios e entre os diferentes ministérios;

- Implementar um procedimento claro que obrigue à comunicação prévia das DPTADERs à DINAB, da decisão de categorização de um determinado projecto, de modo a evitar uma categorização indevida dos mesmos;

- Providenciar as condições necessárias para que a AQUA funcione na sua plenitude; - Clarificar os procedimentos e regular a coordenação entre a AQUA e as outras instituições

relativamente as componentes de monitoria e fiscalização; - Clarificar as funções e responsabilidades da DNGM e do INAMI nas questões ambientais

associadas ao sector mineiro, determinado as responsabilidades que cada uma possui sobre as questões ambientais, evitando sobreposição e duplicação de funções.

- Criar estruturas provinciais e distritais dentro do MIMAIP, assim como os Centros de Pesquisa e Estações de Investigação do IIP, e capacitar adequadamente os fiscais, para que estes recebam formação de outras instituições e parceiros e aumentando a coordenação com as demais instituições envolvidas na fiscalização ambiental.

Coordenação dos planos nacionais com os de nível local Relativamente à coordenação entre os planos nacionais com o planeamento do uso de terra a nível local, a Error! Reference source not found. ilustra que 4 instituições (20%) responderam que a coordenação não existe. Por exemplo a AQUA alegou o facto de ainda não deter as capacidades necessárias para exercer todas a suas funções e a PGR pela generalizada insuficiência de sensibilidade e conhecimentos sobre as questões do ordenamento, incluindo ao nível de

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procuradores e juízes. Por seu lado, 16 instituições (80%) afirmaram existir essa coordenação, mas não de forma integral pois existem uma série de fragilidades. Alguns exemplos identificados são:

- Por vezes a inércia dos técnicos pode levar a demoras na emissão de pareceres e partilha de informação;

- Os novos Ministérios e instituições ainda estão em fase de criação das estruturas a nível provincial e distrital;

- Tem havido desafios em divulgar os planos de ordenamento e as Avaliações Ambientais Estratégicas (AAE), como é o caso do Plano Especial de Ordenamento do Território (PEOT) do Vale do Zambeze e a AAE do Litoral Costeiro, como instrumento de apoio na tomada de decisões.

Figura 12. Coordenação entre os planos nacionais de uso de terra com o planeamento do uso de terra a nível

local.

4.2.7.2 Coordenação entre departamentos e instituições de diferentes ministérios, na área ambiental.

A outra abordagem efectuada foi ao nível da coordenação entre os departamentos e instituições governamentais de diferentes ministérios, com relevância para o licenciamento ambiental e planeamento. Um total de 15 instituições (75%) afirmaram existir coordenação (Figura 13), porém, foram identificadas várias fragilidades técnicas como:

- O atraso no fornecimento dos pareceres; - A insuficiência de conhecimento técnico dos elementos que constituem a Comissão Técnica

de Avaliação (CTA) dos EIA , exceptuando a DINAB que possui a capacidade técnica necessária para lidar com as questões ambientais;

- A insuficiência de comprometimento e alocação inapropriada dos recursos humanos dentro dos diferentes ministérios e respectivas instituições;

- A deficiência de capacitação e conhecimento dos líderes relativamente às questões relacionadas ao meio ambiente;

- A falta de plataformas digitais de partilha de informação; - Houve Ministérios que foram criados recentemente e que possuem novas atribuições no que

respeita às questões ambientais, como é o caso do MIMAIP, pelo que os mecanismos formais de coordenação ainda não estão criados;

- A insuficiência de sensibilização estruturada e fundamentada do MITADER às outras instituições acerca das questões ambientais.

20%

80%

Existe coordenação de planos nacionais com os de nível local?

Não existe

Existe

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44

Um aspecto positivo mencionado por várias instituições é a existência de equipas interministeriais criadas para discutir vários assuntos de forma a decidir a aprovação dos documentos de forma harmonizada, em particular o CTA1 no caso do processo de AIA. Foi ainda salientado que a coordenação interministerial tem vindo a melhorar ao longo dos últimos anos, em particular, no que diz respeito aos megaprojectos. O papel do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (CONDES) no passado também foi salientado, visto ser constituído por várias instituições de diferentes ministérios, permitindo a partilha de informação e coordenação relativamente aos assuntos ambientais mais relevantes. Foi recomendado que assim continue no futuro.

Por seu lado, quatro instituições (20%) afirmaram não existir coordenação entre instituições de diferentes ministérios (Figura 13. Figura 13). As principais causas apontadas são:

- A existência de demasiada burocracia; - A insuficiência de recursos financeiros e humanos devidamente capacitados; - A necessidade de clarificar as funções de cada uma das instituições em relação ao ambiente; - A necessidade de reforçar a fiscalização para garantir a implementação das leis; - Insuficiência de vontade ou interesse de colaboração; - Receio de exposição (institucional ou pessoal) e de posições que possam ser

inconstitucionais, neste caso específico relativamente à ausência de coordenação com a Procuradoria Geral da República.

- O processo de troca de informação e dados apesar de existir é burocrático e moroso entre as instituições governamentais, sendo que é ainda fraca com o departamento de ambiente da Procuradoria Geral da República;

- Os procedimentos relativos à interacção entre regulamento de AIA e o regulamento ambiental das operações mineiras possuem algumas lacunas, provocando problemas, quer na fase de arranque do processo, quer na fase de monitoria e fiscalização;

- A coordenação entre a DINAB e o INP ao nível do procedimento de AIA possui alguns pontos que ainda não estão devidamente consensualizados;

- Deficiência na de coordenação entre o Centro de Promoção de Investimentos (CPI, actualmente APIEX) e a DINAB, no que respeita à informação clara sobre a necessidade de licenciamento ambiental de alguns projectos que entram na DINAB via APIEX;

- Insuficiência de coordenação entre os Balcões de Atendimento Único (BAU) e a DINAB/DPTADER no que respeita à informação aos utentes acerca da necessidade de licenciamento ambiental de projectos/actividades;

- Ainda há pouca articulação, nalguns casos nenhuma, entre as instituições entrevistadas e a AQUA para a componente de monitoria e fiscalização, não havendo clareza de procedimentos e no modo como as instituições devem colaborar nesta componente.

No caso concreto do processo de fiscalização e monitoria dos projectos, 15 das instituições entrevistadas (88%) identificaram que participam no mesmo, e 8 (53%) consideraram que ou ainda não estão coordenados com a AQUA ou que essa coordenação é ainda incipiente. Destas 8 instituições metade pertence ao MITADER e a outra metade pertence a outros ministérios. Apenas uma instituição (5%) não respondeu à questão colocada, pois não lida com os processos de AIA (Figura 13).

Como forma de melhorar a coordenação e evitar os problemas citados, as instituições indicaram soluções, como sejam:

1 As Comissões Técnicas de Avaliação para a Avaliação de Impacto Ambiental são constituídas por técnicos das demais instituições consideradas relevantes, pela DINAB, para a avaliação ambiental de um determinado projecto.

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- Desenvolver plataformas para partilha de informações e dados de forma eficiente e eficaz a nível governamental;

- Alinhamento do decreto de AIA e do regulamento ambiental de operações petrolíferas de modo o primeiro seja aplicado de forma transversal para todos os projectos;

- Interacção entre a APIEX e a DINAB para clarificar os procedimentos necessários para a aprovação dos projectos de investimentos e acordarem entre si o procedimento que os proponentes de projectos sujeitos a AIA necessitam de seguir, esclarecendo-os sobre o assunto e informando-os que independemente da aprovação prévia dada pela APIEX, a aprovação final do projecto está dependente da obtenção da licença ambiental nos casos em que a lei o determine;

- Clarificar os procedimentos relativamente à articulação entre a AQUA e outras instituições.

Ainda relativamente à coordenação interinstitucional, o departamento de ambiente da Procuradoria Geral da República (PGR) apontou a vantagem do seu envolvimento no processo de licenciamento ambiental, informando que está disponível para ser consultado pelo MITADER, de modo a pronunciar-se na fase de licenciamento das actividades. A justificação apontada é que por vezes há licenciamentos que são mais exigentes do ponto de vista legal, tendo em conta a complexidade dos projectos, pelo que nestes casos a PGR pode funcionar como um consultor legal do governo Moçambicano, dando o seu parecer numa fase prévia, evitando assim potenciais conflitos no futuro. Por exemplo, se um projecto for licenciado de forma “indevida”, isso pode levar à abertura de processos contra o Estado Moçambicano, comprometendo a imagem do país. Foi apontado que, por vezes, a sociedade civil reclama, e com razão, pois houve descuidos na fase de licenciamento ambiental, essencialmente por deficiência na análise da legalidade da decisão. O envolvimento da PGR seria eventualmente útil nos processos dos projectos de categoria A+ e A visto que estas categorias albergam os mega projectos com determinadas especificidades e cujos impactos são repercutidos a uma escala nacional. Será necessário analisar como a PGR irá intervir nas questões ambientais, e identificar as lacunas relativamente a capacitação dos procuradores.

Figura 13. Existência de coordenação entre os departamentos e instituições de diferentes ministérios.

Troca de informação e dados entre os diferentes ministérios.

No que diz respeito à troca de informação e dados entre os diferentes ministérios, 18 instituições (90%) afirmaram que esta existe (Figura 14). Contudo, algumas instituições afirmaram vários constrangimentos, nomeadamente:

- Ocorrência de atrasos no fornecimento de informação;

0

20

40

60

80

Sim Não Não respondeu

75

20

5

%

Resposta das instituições

Existe coordenação entre os departamentos e instituições governamentais, de diferentes ministérios?

Sim

Não

Não respondeu

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- Por vezes os dados não são disponibilizados na forma e conteúdo necessários; - A troca de informação é mais fácil através de meios informais, pois seguindo a via formal o

processo é burocrático; - Há necessidade de se criar um sistema de base de dados para facilitar o acesso à informação.

Por seu lado, duas instituições (10%) afirmaram não existir uma troca de informação e dados efectiva entre os ministérios (Figura 14). Uma das razões apontadas foi que a troca de informações e dados ocorre essencialmente quando há uma obrigação legal por existir um processo em curso, em vez de ser algo efectuado de forma proactiva. Outra das razões apontadas é o facto de algumas instituições serem recentes, não existindo ainda as estruturas e procedimentos necessários e acordados para a troca de informação.

Figura 14. Respostas das instituições sobre a troca de informação e dados entre os diferentes ministérios.

Procedimentos acordados para rever os pedidos de permissão sob vários regulamentos ou políticas

Relativamente aos procedimentos acordados para rever os pedidos de licenciamento sujeitos a vários regulamentos ou políticas, 16 instituições (80%) responderam de forma afirmativa (Figura 15), indicando que, de um modo geral, os procedimentos existentes permitem a coordenação entre as diferentes instituições para aplicação dos regulamentos. Alguns destes, deram como exemplos específicos desta coordenação:

- A extensão dos prazos de entrega dos requisitos de modo a que os processos sejam completados com toda a informação requerida;

- A obrigatoriedade da licença ambiental como requisito para a actividade dos projectos; - A existência de grupos institucionais e inter-ministeriais, o que faz com que as instituições se

coordenem de forma a contribuir para a harmonização das suas relações.

Foram, contudo, identificadas várias lacunas, nomeadamente:

- No caso da coordenação entre o INAMI e a DINAB, os procedimentos não estão suficientemente claros e harmonizados entre os regulamentos, ou seja, há necessidade de distinguir os documentos necessários para a obtenção do título mineiro e para a licença ambiental (neste caso os PGAs): qualquer entidade que deseja obter um título mineiro tem que apresentar ao INAMI um plano de lavra que, por sua vez, inclui um Plano de Gestão Ambiental (PGA). Após a obtenção da concessão mineira, é necessário obter a licença

0

50

10090

10

%

Resposta das instituições

Existe a troca de informação e dados entre os diferentes ministérios?

Existe

Não existe

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ambiental, a qual é atribuída pela DINAB mediante a realização de um EIA que inclui um PGA específico, devidamente ajustado à realidade dos impactos identificados e das medidas necessárias para a sua mitigação. Foi argumentado que após a aprovação e atribuição da licença ambiental pela DINAB, esta instituição envia somente a licença ambiental ao INAMI, mas sem os documentos associados, nomeadamente o EIA e o respectivo PGA, o qual é fundamental para as actividades de monitoria e fiscalização realizadas pelo INAMI. Muitas vezes o INAMI orienta-se pelo PGA que foi entregue pelo proponente aquando da obtenção do título mineiro, ou seja, realizado ainda antes da elaboração do EIA;

- Deficiência na coordenação entre a APIEX e o MITADER (DINAB e DPTADER) para a aprovação de licenças ambientais para os projectos de investimentos aprovados pela APIEX. Os proponentes dos projectos de investimento recebem uma pré-aprovação da APIEX, pelo que equivocadamente, assumem que estar isentos de requerer a licença ambiental ou que essa pré-aprovação constitui uma garantia para a obtenção da mesma.

- Falta de coordenação entre a DINAB/DPTADER e o BAU: o BAU é um dos mecanismos criados pelo governo com vista a tornar o processo de licenciamento de actividades mais simples e menos burocratizado. Apesar do BAU ter delegações ao longo do país, estes não estão devidamente coordenados com o sector ambiental, pelo que têm ocorrido casos de actividades licenciadas pelo BAU sem o cumprimento de todos os requisitos ambientais. A sugestão apontada consiste na criação de um "ponto focal" em cada delegação do BAU para as questões ambientais, que esteja devidamente coordenado com o MITADER, de modo a evitar tais problemas.

Um total de 4 instituições (20%) respondeu de forma negativa à questão anterior (Figura 15), considerando não existirem procedimentos acordados para rever pedidos de licenciamento sob vários regulamentos ou políticas, alegando a necessidade de simplificar os processos. Foi ainda referido que, por vezes, a questão não são propriamente os regulamentos, mas sim o papel das lideranças, as quais deveriam criar os procedimentos e respectivas condições para a aplicação correcta dos regulamentos.

Figura 15. Existência de procedimentos acordados para revisar os pedidos de permissão sob vários

regulamentos ou políticas.

0

20

40

60

80

20

80

%

Resposta das instiuições

Existem procedimentos acordados?

Não existe

Existe

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4.2.7.3 Coordenação entre os diferentes departamentos e instituições governamentais, para que os proponentes e outros potenciais afectados pela AIA e/ ou políticas relacionadas tenham acesso a procedimentos claros e consistentes para que não haja conflictos de títulos de uso de terras e recursos.

Um total de 15 instituições (75%) afirmou existir coordenação entre os diferentes departamentos e instituições governamentais para que os proponentes e outros potenciais afectados pela AIA e políticas relacionadas tenham acesso a procedimentos claros, consistentes e simplificados, sem conflitos de títulos de uso de terra e recursos (Figura 16). Contudo, foi identificado por várias destas instituições que apesar dos procedimentos serem claros, existem problemas como:

- A falta de alinhamento do regulamento de AIA e o regulamento ambiental do Oil & Gas, que tem conduzido a problemas processuais e administrativos;

- Há necessidade de rever o regulamento ambiental do sector mineiro (2004), pois é antigo e há uma grande disparidade temporal em relação à nova lei de minas (2015), o que se revela prejudicial tanto para os proponentes como para os técnicos envolvidos no processo;

- A terra é propriedade do Estado e são apenas concedidos os Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra (DUATs), pelo que podem haver proponentes que reclamam dos processos serem morosos, pois não conhecem o regulamento da lei de terras;

- A necessidade de rever os procedimentos para tornar a lei de terras e o respectivo regulamento mais simples;

- Deficiência na de divulgação dos procedimentos aos proponentes, assim como dos períodos de tempo necessários para a realização das várias etapas do processo. Apesar de existirem procedimentos acordados para o licenciamento de projectos e planos, é possível que alguns proponentes achem que os mesmos estão burocratizados e fragmentados.

Por seu lado, quatro instituições (20%) afirmaram não existir coordenação, e foi destacado que o capítulo de licenciamento no general é muito controverso e que os procedimentos não estão claros nem para quem pretende licenciar um projecto/actividade, nem para o fiscalizador (Figura 16). Foi, por exemplo, referido o caso dos planos de gestão ambiental, maneio de florestas e exploração de terras, os quais são considerados muito complicados, necessitando praticamente de um guião para a sua interpretação. Foi assim identificada a necessidade de melhorar a coordenação entre as instituições do MITADER para harmonizar esses planos. Apenas uma instituição (5%) não respondeu a esta questão, pois não lida com os processos de AIA (Figura 16).

Figura 16. Coordenação entre os departamentos e instituições relevantes do Governo para tornar os

procedimentos claros, consistentes e simplificados, sem potencial para criar conflitos relativos a recursos e

títulos de uso da terra.

75

20

5

0

20

40

60

80

Sim Não Não respondeu

%

Respostas das instituições

Existe coordenação entre os departamentos e instituições relevantes do Governo, para tornar os procedimentos claros?

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4.3 Parte III. Workshop para a análise e validação dos resultados obtidos e melhoria da análise de lacunas

4.3.1 Participantes no workshop

A Tabela 6 ilustra os sectores presentes no evento, o número e nome de instituições por sector, bem como, o número de participantes.

Tabela 6. Lista de instituições e número de participantes dos sectores presentes no workshop e reunião do

CCT.

Sector No. de instituições Nome da Instituição No. de participantes

Academia / Investigação

4 IIAM 1

UEM - DCB 1

UEM – FAEF 1

UP 1

Especialista 1 Consultor 1

Governo 21 ANE 1

APIEX 2

ENH 1

MASA – DINAS 1

MICULTUR 1

MIMAIP - DIPOL 1

MIMAIP – IIP 1

MIREME – DNGM 1

MIREME – INAMI 1

MIREME – INP 1

MITADER – ANAC 1

MITADER – AQUA 2

MITADER – DINAB 5

MITADER – DINAF 2

MITADER – DINAT 1

MITADER – DINOTER 1

MITADER – DPC 1

MITADER – FNDS 1

MOPHRH - DNGRH 1

MTC – DNEP 1

PGR 1

Instituições bilaterais

3 Cooperação Italiana 1

PROSPEX/EU 1

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Sector No. de instituições Nome da Instituição No. de participantes

USAID 1

ONG 4 BIOFUND 4

CTV 1

WCS 1

WWF 2

Projectos 5 CONNECT – DINAB 1

SECOSUD II/BIONOMO 1

SPEED+ 1

UNEP –WCMC 3

WCS – COMBO 2

Sector privado 7 CTA – Terra e Ambiente 1

ENI East Africa 1

ERM 1

Green Resources 1

IMPACTO 2

PORTUCEL 1

SHELL 1

Total 45 60

A Error! Reference source not found. ilustra a percentagem de instituições e participantes por sector. Verificou-se que, de um total de 45 instituições, a maior representatividade foi afiliada ao governo, representado por 21 instituições (47%). O sector privado foi representado por 7 instituções (15%).

Relativamente ao número de participantes por sector, o governo também apresentou maior número, ou seja, 22 participantes (41%).

Por seu lado, quanto ao número de participantes por instituição, a Direcção Nacional do Ambiente (DINAB) do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural foi a que esteve representada por um maior número participantes (5).

Figura 17. Número de instituições e participantes por sectores que estiveram presentes no evento.

9% 2%

47%

7%

9%

11%

15%

No. de instituições por sector

7% 2%

41%

5%

15%

15%

15%

No. de participantes por sector Academia / Investigação

Especialista

Governo

Instituição Bilateral

ONG

Projecto

Sector Privado

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51

4.3.2 Contribuições do workshop

Como ilustra a Figura 18, a Naseeba Sidat do Projecto COMBO apresentou as lacunas identificadas referentes à capacidade e experiência das instituições governamentais que lidam com aspectos ambientais. Em representação da empresa IMPACTO, instituição autora do estudo em coordenação com o projecto COMBO, Dr. Hugo Costa, apresentou a análise de lacunas da revisão das políticas e leis bem como de outras partes interessadas, para o alcance de Nenhuma Perda Líquida (ou Ganho Líquido) de Biodiversidade em Moçambique.

Figura 18. Apresentação da análise de lacunas sobre a revisão das políticas e leis e a análise da capacidade e

experiência de Moçambique para alcançar a Nenhuma Perda Líquida ou Ganho Líquido de Biodiversidade.

Após as apresentações, alguns participantes apresentaram as suas contribuições. De seguida, os participantes foram organizados em grupos de trabalho (Figura 19) para responder a duas questões relativamente a ambas análises de lacunas:

Questão 1. – Concorda com as lacunas identificadas? Justifique.

Questão 2 – Que outras lacunas e/ou recomendações considera importantes que fiquem registadas?

Figura 19. Um dos participantes apresentando as suas contribuições (esquerda) e os grupos de trabalho

durante as discussões das questões após a apresentação das análises de lacunas (direita).

Todos os grupos foram unânimes ao concordar com as lacunas identificadas. Algumas lacunas adicionais que não foram identificadas durante as revisiões foram levantadas neste evento, por exemplo:

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52

Necessidade de actualizar a legislação, de modo a estar alinhada ao desenvolvimento;

Inexistência de uma análise de serviços dos ecossistemas;

Há necessidade de um estudo sobre os impactos na Zona Económica Exclusiva;

Efectivação dos Planos de Maneios de Áreas de Conservação e sua harmonização com os

aspectos ambientais, para garantir a inclusão de questões específicas sobre os requisitos de

avaliação ambiental dos projectos nas áreas de conservação e suas áreas tampão, com vista

a melhorar a conservação da biodiversidade.

5 Conclusões

5.1 Quadro legal sobre a Nenhuma Perda Líquida e Contrabalanços de Biodiversidade

O Decreto 54/2015, Regulamento do processo da Avaliação de Impacto Ambiental cria a primeira base legal para a aplicação adequada da Hierarquia de Mitigação e introdução do conceito de Contrabalanços de Biodiversidade no âmbito do licenciamento ambiental das actividades de desenvolvimento.

As provisões que exigem NPL/GL dentro das Áreas de Conservação são incluídas na Lei 16/2014 para a Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica, alterada pela Lei 5/2017.

O restante quadro legal em Moçambique não contêm provisões específicas que exigem o alcance da NPL/GL, cumprimento da Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade.

A legislação ambiental, especificamente a Lei do Ambiente, Lei 20/97 e o Decreto 54/2015 são vinculativos à todas as actividades de desenvolvimento. A Lei da Conservação, Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017 é igualmente vinculativa a todas as actividades de desenvolvimento, com ênfase para as Áreas de Conservação e suas zonas tampão.

A legislação sectorial já exige que os investidores cumpram com a legislação ambiental. A vinculação dos Decretos acima referidos (bem como os demais Decretos) à necessidade de observância da legislação ambiental e de conservação, abre espaço para a exigência do cumprimento da Hierarquia de Mitigação, Contrabalanços de Biodiversidade e do alcance de NPL/GL.

5.2 Licenciamento Ambiental

Foram detectados problemas de coordenação entre os níveis nacional, provincial e distrital, com destaque para os dois primeiros.

Não há uma plataforma simples, eficiente e eficaz para partilha de informações e dados. O processo de troca de informação e dados parece ser burocrático e moroso a nível central e provincial, relativamente ao nível das diferentes instituições do MITADER.

Tendo em conta a criação de novos Ministérios com novas atribuições no que respeita às questões ambientais, como é o caso do MIMAIP, os mecanismos formais de coordenação ainda estão sendo criados.

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53

Foi identificada a importância e utilidade do envolvimento do gabinete de Ambiente da PGR nos processo de AIA. Contudo é necessário identificar como será a sua intervenção nas questões ambientais.

Há necessidade de uma coordenação efectiva entre a APIEX e o MITADER para a aprovação de projectos, para que os processos requeridos pelos regulamentos para a obtenção da licença ambiental sejam cumpridos na integra.

O BAU é uma plataforma importante, uma vez que o cidadão pode aí encontrar toda a informação que necessita para criar um negócio. Contudo, parece que não tem existido uma coordenação efectiva entre esta instituição, a DINAB e as DPTADER.

Parece existir uma falta de estratégia/planificação e capacidade para as actividades de monitoria e fiscalização das actividades de licenciamento, incluindo os PGAs.

Há alguma rotatividade de técnicos dentro e entre instituições, o que faz com que muitas vezes o conhecimento adquirido por estes se perca nas instituições de onde os técnicos saem.

Apesar de existirem procedimentos acordados para o licenciamento de projectos e planos, é possível que alguns proponentes achem que os mesmos são burocráticos e fragmentados. Parece haver alguma deficiência na clareza de alguns procedimentos e período de tempo necessário para as etapas do licenciamento ambiental.

5.3 Regulamentos sectoriais

Foi identificada uma falta de alinhamento entre o regulamento de AIA e o regulamento ambiental das operações de Oil & Gas, o que tem conduzido a situações que suscitam discórdias entre a DINAB e o INP e com os proponentes dos projectos, levando a atrasos nos respectivos processos.

Os procedimentos entre o INAMI e a DINAB não estão suficientemente claros relativamente ao Plano de Gestão Ambiental. Há necessidade de distinguir entre o PGA que é necessário para a obter o título mineiro e o PGA para a obtenção da licença ambiental.

As instituições recomendaram que fossem criadas condições para permitir uma implementação efectiva dos regulamentos sectoriais, como por exemplo: i) criação de meios de coordenação; ii) fornecimento de equipamentos; iii) melhoria da capacitação dos técnicos e incremento do seu número; iv) resolução do problema relativo à transferência de técnicos dentro e entre instituições, a qual deve ser devidamente antecipada, promovendo-se a formação de vários técnicos dentro da mesma instituição sobre a temática ambiental e da biodiversidade.

Algumas instituições, cujo foco principal não é o ambiente, sentem a necessidade de possuir um departamento específico para as questões ambientais, com vista a melhorar a sua capacidade nesta área.

5.4 Monitoria e Fiscalização

Na componente de monitoria e fiscalização verificam-se duas principais situações, cada uma delas com algumas particularidades:

i. A primeira é a insuficiência de meios, os quais normalmente são financeiros:

Por vezes dentro das instituições o número de técnicos é suficiente, mas o problema é o orçamento disponível;

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54

As lacunas orçamentais para as questões de fiscalização, em particular ao nível da compensação financeira aos fiscais, contribuem para a ocorrência de situações de corrupção.

Há ainda uma propensão para que os fiscais vejam as suas decisões anuladas pela Hierarquia, uma vez que não são dadas garantias de exercício da função e validade da decisão. Por exemplo, a supremacia hierárquica pode anular uma decisão, sem recurso aos tribunais.

Verificam-se outros casos em que não há técnicos em número suficiente nas instituições considerando o tipo de monitoria e fiscalização que têm que ser efectuados.

Em qualquer um dos casos há grandes lacunas ao nível da capacitação e sensibilização dos fiscais, não existindo muitas vezes uma consciência do valor da função que exercem. A actual ausência do estatuto do fiscal parece contribuir para tal.

Verifica-se que há instituições que consideram não ser da sua competência pronunciarem-se sobre questões de biodiversidade, restringindo-se aos assuntos directamente relacionados à sua actividade, mesmo que esta seja dependente do bom estado da biodiversidade.

ii. A segunda é a falta de clareza de funções e de coordenação:

Por um lado, parece existir ainda uma ausência de estratégia clara e coordenada entre os Ministérios para as questões de fiscalização e monitoria das licenças ambientais, assim como os respectivos planos de acção;

A agência governamental AQUA, responsável pela fiscalização das licenças ambientais, já tomou o seu lugar, mas ainda não existe uma clareza total na divisão/coordenação do papel entre esta instituição e outras instituições sectoriais;

Por outro lado, existe uma falta de coordenação entre as várias instituições e a AQUA. Enquanto algumas delas dizem já fazer parte de equipas de inspecção conjuntas, sendo chamadas pela AQUA para integrar as mesmas, outras nunca o foram.

Verifica-se também alguns casos de falta de clareza entre as funções das instituições dentro do mesmo ministério ou de ministérios diferentes, mas com atribuições similares.

5.5 Planeamento especial / Ordenamento

Verifica-se com alguma regularidade que as informações e dados não existem no formato que se pretende para as questões de ordenamento, afectando o trabalho da DINOTER.

Há desafios em divulgar os planos de ordenamento e a Avaliação Ambiental Estratégica entre os governantes e técnicos como instrumento de apoio na tomada de decisões (dois exemplos são o PEOT do Vale do Zambeze e AAE do Litoral Costeiro).

5.6 Coordenação

Para além dos aspectos abordados nos tópicos anteriores que também se relacionam com a coordenação, foram ainda identificados os seguintes:

A constatação geral é que as instituições entrevistadas que lidam directamente com os procedimentos de AIA e biodiversidade, como é o caso da DINAB, AQUA e ANAC, ou que têm

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55

muita interacção com estes processos, como são as instituições do sector extractivo, consideram que na realidade há diversas lacunas a nível da coordenação. As instituições que não estão tão dependentes desta relação acabam por considerar que a coordenação é adequada.

Mesmo as instituições que consideram existir coordenação, identificaram diversas fragilidades técnicas e processuais que consideram necessárias para melhorar a coordenação.

Algo que parece claro é a existência de um problema geral a nível de organização e que diz respeito às alterações recentes que houve nos Ministérios.

Há expectativas de que o MITADER tenha um papel activo na monitoria e sensibilização das questões ambientais, pois algumas das instituições dos Ministéros ligados às actividades económicas não estão sensibilizados quanto aos aspectos relevantes.

Algo que também foi verificado é a falta de coordenação das demais instituições com a Procuradoria Geral da República.

6 Recomendações

Durante as duas primerias partes deste estudo, bem como do workshop, foram obtidas algumas recomendações bastante úteis que contribuiram para a melhoria deste estudo. E são apresentados nos tópicos asseguir:

Mecanismos legais

Necessidade de reforçar os mecanismos legais como é o caso do código penal e

responsabilidades relativamente às questões ambientais;

Desenvolver o mecanismo de implementação dos Contrabalanços de Biodiversidade em

Moçambique de forma que todos os intervenientes participem activamente na construção do

sistema; criação de regulamentos com procedimentos claros em que ambos estejam alinhados

com o roteiro existente.

Elaborar novos regulamentos ambientais para as operações de Oil &Gas e operações mineiras

devidamente alinhados com o regulamento de AIA (Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro) e boas

práticas internacionais para alcançar a NPL de Biodiversidade de acordo com a aplicação

adequada da Hierarquia de Mitigação, incluindo os Contrabalanços de Biodiversidade;

Permitir uma aplicação efectiva do regulamento de AIA (Decreto 54/2015) para todos os sectores

e de acordo com as categorias A+; critérios A, B e C, o que implica a elaboração de directrizes

específicas;

Desenvolvimento institucional

Relativamente à Comissão Técnica de Avaliação (CTA), cada membro deve ter o domínio dos

assuntos discutidos, independentemente da sua experiência específica ao seu sector, portanto é

importante investir no treinamento destes sobre os assuntos ambientais;

Para garantir que a CTA esteja tecnicamente habilitada e composta por membros com

conhecimento e experiência, cada instituição envolvida no licenciamento de AIA deve definir um

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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ponto focal e criar redundância dentro da sua equipa para evitar a perda de capacidade

fundamental quando há rotatividade dos técnicos.

Providenciar à AQUA com meios, equipamentos e capacidade técnica e científica em termos

qualitativos e quantitativos para desempenhar as suas funções, inclusive ao nível provincial;

promover melhor coordenação com as instituições que são responsáveis por regular cada sector

e promover a fiscalização;

Applicação de incentivos para aumentar a motivação dos técnicos;

Promover parcerias entre o governo, ONGs e academias; o mesmo para o sector privado;

É necessário que o MITADER aumente a sensibilização sobre a biodiversidade e conservação ao

nível dos outros ministérios, incluindo a necessidade de implementação da Hierarquia de

Mitigação desde a fase de planeamento para que se possa alcançar a NPL de Biodiversidade;

Aumentar uma sensibilização específica sobre a biodiversidade e os serviços de ecossistemas na

Direcção Nacional de Planeamento e Orçamento (dentro do Ministério de Finanças), de modo a

obter maior apoio político e financeiro para estas matérias;

Coordenação

Promover melhor coordenação, definir claramente as funções e optimizar os recursos entre as

instituições envolvidas no licenciamento ambiental, monitoria e fiscalização;

Desenvolver plataformas de partilha de informação e dados de forma eficiente e eficaz entre as

instituições do governo;

Criar planos estratégicos entre as instituições e sectores de actividade para endereçar de forma

integrada a fiscalização, incluindo a monitoria dos Planos de Gestão Ambiental (PGAs),

optimização dos meios disponíveis e recursos humanos para ultrapassar os constrangimentos

financeiros; isto poderá ser liderado pela AQUA;

Clarificar o papel da AQUA entre as diferentes instituições envolvidas no licenciamento

ambiental e as restantes, bem como os mecanismos de coordenação entre estes para a

monitoria e fiscalização;

Promover melhor coordenação entre os níveis Nacional, Provincial e Distrital dentro do

MITADER, MIREME, MIMAIP e MOPHRH;

Definir os procedimentos de comunicação entre a DINAB e as DPTADERs relativamente à

categorização dos projectos de modo a evitar erros; do mesmo modo entre a DNGM e as

direcções provinciais, e DNGRH e as suas estruturas provinciais;

Definir funções claras e coordenação entre a DNGM e o INAMI relativamente ao licenciamento

ambiental, revisão dos PGAs e monitoria;

Promover a coordenação entre a DINAB, INAMI e AQUA para garantir que estas instituições

partilhem todos os documentos associados ao licenciamento ambiental e que trabalhem de

acordo com o mesmo PGA, usando assim a mesma linha de base para interagir com os

proponentes;

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Promover a comunicação entre a APIEX e DINAB mara evitar equívocos sobre a informação do

licenciamento ambiental relativamente aos projectos que são submetidos pelo proponentes via

APIEX;

Promover a coordenação entre o Balcão de Atendimento Único (BAU) e a DINAB/DPTADERs,

através da criação de pontos focais do ambiente de modo a informar adequadamente ao público

sobre o licenciamento de projectos/actividades;

Revisão estrutural

Reduzir a dependência das instituições governamentais relativamente aos consultores externos;

Reduzir a burocracia no andamento dos processos, fornecendo aos técnicos da DINAB os

conhecimentos específicos para reduzir a total dependência dos sectores específicos;

Reversão das taxas de licenciamento a favor do aumento da capacidade técnica dentro da DINAB

e das CTAs através da capacitação;

Promover a participação do departamento do ambiente do gabinete da Procuradoria Geral no

licenciamento ambiental, potencialimente como um consultor do MITADER/DINAB para a

verificação legal das decisões relacionadas aos projectos de maior complexidade;

Apoio técnico

Necessidade de capacitação a longo prazo para os técnicos envolvidos no licenciamento

ambiental (governo, sector privado, academia e sociedade civil) em planeamento adequado e

avaliação de impacto ambiental, além de ser necessário investir na sensibilização das instituições

e chefes de departamentos;

Aumentar a capacidade técnica e o conhecimento nas instituições relativamente aos conceitos

de Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de

Biodiversidade;

Criação de um mecanismo de facilitação para apoiar a implementação técnica do conceito de

NPL;

Identificar no país as áreas que podem ser consideradas como áreas a evitar;

Realização de estudos de base, referências e métricas para quantificar os impactos residuais e

determinar os Contrabalanços, e também para gerar medidas para alcançar a Nenhuma Perda

Líquida de Biodiversidade;

Implementação de um projecto piloto para testar as técnicas, mecanismos e procedimentos para a introdução segura de um sistema de NPL e Contrabalanços de Biodiversidade.

Implementação de um sistema de NPL e Contrabalanços nos custos e tempo para iniciar a

implementação de um projecto;

Criação de directrizes técnicas para a implementação da Hierarquia de Mitigação, incluindo os

Contrabalanços de Biodiversidade, para alcançar a NPL ou GL de Biodiversidade;

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Capacitação a nível sectorial

Necessidade de desenvolvimento de directrizes para a avaliação técnica dos EIAs;

Necessidade de reforçar a capacidade técnica em todos os sectores incluindo a Comissão Técnica de Avaliação, com vista a melhorar as análises e discussões dos aspectos mais relevantes nos EIAs: aumentar e melhorar a capacidade técnica pode evitar a má interpretação dos projectos, decisões equivocadas, burocracia na avaliação dos processos e melhorar a atenção dos decisores para as questões ambientais;

Criar consistência no processo de formação dos técnicos e participação em eventos; por vezes

são enviados diferentes técnicos para eventos relacionados, quebrando deste modo, o fluxo de

aquisição de conhecimentos visto que o técnico que participou na primeira sessão não foi o

mesmo nas sessões seguintes. Além disso, não há seguimento e passagem de conhecimento

adquirido para o resto da instituição, após os eventos;

Capacitação do governo e das partes interessadas sobre a NPL, Hierarquia de Mitigação e

Contrabalanços de Biodiversidade, aumentando o foco nas medidas de planeamento e

prevenção, que constituem os primeiros passos da hieraquia de mitigação para evitar os

impactos ambientais;

Capacitação específica e sensibilização nas matérias do ambiente aos juízes e procuradores,

principalmente aos níveis provincial e distrital;

Capacitação sobre o planeamento da biodiversidade para a DINOTER, para que a NPL seja

incorporadas nos exercícios de planeamento;

Criar capacidade dentro da ANAC para que estes possam contribuir nos processos de AIA de

projectos dentro das Áreas de Conservação e suas zonas tampão, com ênfase na aplicação

adequada da hieraquia de mitigação para alcançar a NPL de Biodiversidade;

Levar os conceitos de Nenhuma Perda Líquida e Contrabalanços de Biodiversidade ao nível dos

decisores;

Capacitação das partes interessadas

Treinamento e capacitação das comunidades locais nas matérias de Nenhuma Perda Líquida,

Ganho Líquido, Hierarquia de Mitigação, impactos ambientais, Contrabalanços de

Biodiversidade, etc., de modo a aumentar e melhorar as suas capacidades de intervenção em

assuntos ligados à questões ambientais;

Inclusão do nível distrital nas capacitações, sendo que é a este nível que ocorre a implementação

de projectos e desenvolvimento;

Incorporar a NPL, Hierarquia de Mitigação e Contrabalanços de Biodiversidade no currículo

académico;

Transparência e consulta

Necessidade de haver transparência nos processos das consultas públicas: melhorar a inclusão

dos comentários advindos desses processos;

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Estabelecer procedimentos claros para a participação do público no desenvolvimento da

legislação: nem toda a legislação é levada a consulta pública, e este acto vai contra a existência

de transparência nos processos legislativos;

Necessidade de desenvolver maior sensibilização e medidas de educação ambiental a todos os

níveis;

Incluir todos os sectores em futuras análises de lacunas como a saúde, educação, energia, ciência

e tecnologia, indústria e comércio, etc.

7 Bibliografia

• Biodiversity Offsets Technical Study paper. 2014. • Business and Biodiversity Offset Programme (BBOP). 2012 Standard on Biodiversity Offsets. • EPBC act environmental offsets policy. Draft. • IFC. 2012. Padrões de Desempenho. • http://www.ifc.org/ifcext/sustainability.nsf/Content/Performance standards. • REDD+, 2015. Análise do Quadro Legal e Institucional para a Implementação do REDD+ em

Moçambique. • Serra, C. 2016. Levantamento e Breve Análise da Legislação Com Interesse para os

Contrabalanços de Biodiversidade. • Principles and Guidelines for Biodiversity Conservation Offsets. March,2006. • World Bank (2016). Um Sistema Agregado de Contrabalanços de Biodiversidade: Um Roteiro

para Moçambique.

8 Anexos

8.1 Anexo 1. Legislação consultada

AMBIENTE

Lei do Ambiente Nº 20/97 de 1 de Outubro.

Decreto Nº 54/2015 de 31 de Dezembro. Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

Decreto Nº 198/2005 de 28 de Setembro. Assegura a Coordenação Sectorial na Implementação Efectiva do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

Decreto Nº 94/2014 de 31 de Dezembro de 2014. Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos.

Decreto Nº 83/2014 de 31 de Dezembro. Regulamento de Gestão de Resíduos Perigosos

Decreto Nº 25/2008 de 1 de Julho. Regulamento para o Controlo de Espécies Exóticas Invasoras.

Regulamento Nº 16/2015. Regulamento sobre a Gestão e Controlo do Saco de Plástico

Resolução Nº 5/1995 de 3 de Agosto. Política Nacional do Ambiente.

Resolução Nº 45/2003 de 5 de Novembro. Adesão da República de Moçambique à Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional, Especialmente as que Servem como Habitats de Aves Aquáticas

Diploma Ministerial Nº 129/2006 de 19 de Julho. Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental.

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Diploma Ministerial Nº 130/2006 de 19 de Julho. Directiva Geral para Processo de Participação Pública no Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

MICOA, 2007. Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável.

Resolução Nº 2/94 de 24 de Agosto. Convenção das Nações Unidas Sobre Diversidade Biológica.

Resolução Nº 1/94 de 24 de Agosto. Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Resolução Nº 20/81 de 30 de Dezembro. Convenção Sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção.

Resolução Nº 12/2015 de 14 de Abril. Aprova o Programa Quinquenal do Governo para 2015-2019

Resolução Nº 9/2008 de 19 de Setembro. Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias Selvagens

MINAS

Lei de Minas Nº 20/2014 de 18 de Agosto.

Decreto Nº 26/2004 de 20 de Agosto. Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira.

Decreto Nº 31/2015 de 31 de Dezembro.. Regulamento da Lei de Minas.

Resolução Nº 21/2014 de 16 de Maio. Resolução da Política de Responsabilidade Social Empresarial para a Indústria Extractiva de Recursos Minerais.

FLORESTAS E FAUNA BRAVIA

Lei Nº 10/99 de 7 de Julho. Estabelece os Princípios e Normas Básicos Sobre a Protecção, Conservação e Utilização Sustentável dos Recursos Florestais e Faunísticos.

Decreto Nº 12/2002 de 6 de Junho. Aprova o Regulamento da Lei Nº 10/99 de 7 de Julho. Lei de Florestas e Fauna Bravia

Diploma Ministerial Nº 8/2007 de 24 de Janeiro. Determina a Retirada das Espécies Combretum imberbe (Monzo), Swartzia madagascariensis (Pau Ferro).

Diploma Ministerial Nº 55/2003 de 28 de Maio. Licenciamento da Actividade Florestal e Faunística.

Resolução Nº 8/97 de 1 de Abril. Política e Estratégica de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia.

Diploma Ministerial Nº 16/2017 de 6 de Fevereiro. Actualização e Adequação dos Modelos para o Licenciamento Florestal.

HIDROCARBONETOS

Lei de Petróleos Nº 21/2014 de 18 de Agosto.

Decreto Nº 34/2015 de 31 de Dezembro. Regulamento das Operações Petrolíferas.

Decreto Nº 45/2012 de 28 de Dezembro. Define o Regime a que Ficam Sujeitas as Actividades de Produção, Importação, Recepção, Armazenamento, Manuseamento, Distribuição, Comercialização, Transporte, Exploração e Reexportação de Produtos Petrolíferos.

Decreto Nº 56/2010 de 22 de Novembro. Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas

Decreto Nº 56/2003 de 24 de Dezembro. Regulamento da Taxa sobre Combustível.

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Diploma Ministerial Nº 272/2009 de 30 de Dezembro. Regulamento de Licenciamento das Instalação e Actividades Petrolíferas.

Resolução Nº 27/2009 de 8 de Junho. Estratégia para a Concessão de Áreas para as Operações Petrolíferas.

TERRAS & ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Lei de Terras Nº 19/1997 de 1 de Outubro.

Lei do Ordenamento do Território Nº 19/2007 de 18 de Julho.

Decreto Nº 66/1998 de 8 de Dezembro. Regulamento da Lei de Terras (Revoga o Decreto 16.1987 de 15 de Julho).

Decreto Nº 23/2008 de 1 de Julho. Regulamento da Lei de Ordenamento do Território.

Diploma Ministerial Nº 29-A-2000 de 17 de Março. Anexo Técnico ao Regulamento da Lei de Terras.

Resolução Nº 10/95 de 17 de Outubro. Aprova a Política Nacional de Terras e a Respectiva Estratégia de Implementação.

Decreto Nº 31/2012 de 8 de Agosto. Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas.

Resolução Nº 18/2007 de 30 de Maio. Política do Ordenamento do Território

Diploma Ministerial Nº 181/2010, de 3 de Novembro. Directiva sobre o Processo de Expropriação para Efeitos de Ordenamento Territorial.

Diploma Ministerial Nº 156/2014, de 19 de Setembro. Directiva Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de Reassentamento.

TURISMO

Lei do Turismo Nº 4/2004, de 17 de Junho.

Resolução Nº 14/2003 de 4 de Abril. Política do Turismo e Estratégia de sua Implementação. AGRICULTURA

Decreto Nº 11/2013 de 10 de Abril. Regulamento Sobre Gestão de Fertilizantes.

Decreto Nº 6/2009 de 31 de Março. Regulamento sobre a Gestão de Pesticidas.

Decreto Nº 26/2009 de 17 de Agosto. Regulamento de Sanidade Animal.

Decreto Nº 12/2013 de 10 de Abril. Regulamento de Sementes.

Decreto Nº 26/2014. Regulamento de Protecção de Novas Variedades de Plantas.

Decreto Nº 5/2009.Regulamento de Inspecção Fitossanitária e Quarentena Vegetal. CONSERVAÇÃO & BIODIVERSIDADE

Lei Nº 16/2014, de 20 de Junho. Lei de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica.

Decreto Nº 35/2008.Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção.

Resolução Nº 63/2009. Política e Estratégia de Conservação. ENERGIA

Lei Nº 21/97 de 1 de Outubro. Regula a actividade de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica

ÁGUAS

Lei do Mar Nº 4/1996 de 4 de Janeiro.

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Lei das Pescas Nº 22/2013 de 1 de Novembro.,

Decreto Nº 45/2006 de 30 de Novembro. Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro.

Decreto Nº 21/2017_Estabelece o Regime Jurídico de Utilização do Espaço Marítimo Nacional.

8.2 Anexo 2. Questionário relativamente à análise sobre as lacunas da capacidade e experiência das instituições do governo para alcançar a Nenhuma Perda Líquida de Biodiversidade

Capacidade

1. Quantos técnicos lidam com o processo da AIA?

Nenhum____ / 1-5____ / 6-10____ / 11-20____/ 21-50 ____ / + que 50____

2. Em média, quanto tempo é dedicado na revisão de cada AIA?

1-5dias___/6-10 dias ___ /11-20 dias ___/21-30 dias___/31-50 dias___/+que 50 dias___

3. Quantos processos de AIA são revistos por técnico /ano?

Nenhum ___ / 1-5___ / 6-10___ / 11-20___/ 21-50 ___/51-100___/+ que 100___

4. Acha que existe, na sua instituição, a capacidade e os conhecimentos técnicos para regular e

administrar as avaliações de impacto ambiental de forma eficiente e eficaz? Sim___ / Não____

Justifique.

5. A sua equipa actual que trabalha na AIA tem capacidade técnica para aplicar a componente

regulamentar e administrativa dos processos que incluem a avaliação da Hierarquia de Mitigação

e dos Contrabalanços/Nenhuma Perda Líquida? Sim___ / Não____ Justifique.

6. Qual é o nível de conhecimento dos técnicos que trabalham na AIA sobre a Hierarquia de

Mitigação e os Contrabalanços / Nenhuma Perda Líquida? Não sabe____/Nenhum_____/

Baixo____/ Médio____/ Elevado_____

7. Quantos técnicos participaram em capacitações sobre a Hierarquia de Mitigação e os

contrabalanços / Nenhuma Perda Líquida? 0____ / 1-5____ / 6-10____ / 11-20____/ 21-50

____/+ que 50____

8. Há uma organização suficiente na instituição e entre instituições que torne possível a aplicação

efectiva da componente regulamentar e administrativa da AIA? Sim___ / Não___ Justifique.

8.1. E da avaliação da Hierarquia de Mitigação e planos de Contrabalanços? Sim__ / Não __

Justifique.

9. Dentro da sua instituição, existem técnicos com capacidade para fazer verificações no terreno?

Sim___ / Não____ Quantos?

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9.1. Capacidade para sistemas de informação? Sim___ / Não____ Quantos?

9.2. Capacidades para mapeamento? Sim___ / Não____ Quantos?

9.3. Capacidades para modelação? Sim___ / Não____ Quantos?

9.4. Capacidades para o desenvolvimento de métricas e regras de câmbio?

Sim___ / Não____ Quantos?

9.5. Acha que na sua instituição, existe a capacidade técnica e científica necessária para

apoiar a implementação de uma política de NPL? Sim___ / Não____ Justifique.

10. A sua instituição tem alguma parceria ou colaboração? Sim___ / Não____

10.1. Instituições de pesquisa? Sim___ / Não____ ; Quantas?_____; Quais? Como é que as

suas contribuições são usadas?

10.2. ONG’s? Sim___ / Não____ ; Quantas?_____; Quais? Como é que as suas contribuições

são usadas?

10.3. Empresas de consultoria? Sim___ / Não____ ; Quantas?_____; Quais? Como é que as

suas contribuições são usadas?

10.4. Especialistas? Sim___ / Não____ ; Quantos?_____; Quais? Como é que as suas

contribuições são usadas?

10.5. Outros? Sim___ / Não____ ; Quantas?_____; Quais? Como é que as suas contribuições

são usadas?

10.6. Se não tem, sabe se há alguma instituição de pesquisa que possa apoiar a

implementação de uma política de NPL? Sim___ / Não____ ; Quantas?_____; Quais?

De que modo?

11. Na sua instituição há orçamento e recursos humanos suficientes para fiscalizar a avaliação dos

impactos e políticas relacionadas de forma adequada? Sim____ / Não_____ Justifique.

12. Na sua instituição, quantos técnicos estão destacados para fiscalizar a avaliação dos impactos e

políticas relacionadas? Nenhum____ / 1-5____ / 6-10____ / 11-20____/ 21-50 ____/+ que

50____

13. Acha que no geral, o governo aloca adequadamente o orçamento e equipa suficiente para

fiscalizar a avaliação dos impactos e políticas relacionadas? Sim____ / Não_____ Justifique.

Coordenação

1. Na sua instituição, existe uma coordenação das políticas e procedimentos da AIA, NPL, etc, a

nível nacional, provincial e local? Sim____ / Não_____ Justifique.

1.1. Quais é que são os departamentos a cada um dos níveis?

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Nacional

Provincial

Local

1.2. Acha que existe uma boa coordenação entre o governo nacional e as autoridades locais?

(exemplo: se grandes projectos de infra-estruturas são autorizados pelo governo

nacional, mas houver necessidade de uma permissão de planeamento das autoridades

locais, isso é coordenado?). Sim____ / Não_____ Justifique?

2. Há coordenação entre os planos nacionais de uso de terra a nível local? Sim___/Não___

Justifique?

2.1. Acha que existe uma boa coordenação entre eles? Sim____ / Não_____ Justifique?

2.2. Há troca de informações e dados entre si? Sim____ / Não_____

Como?

3. Em Moçambique, acha que existe uma coordenação entre as diferentes instituições do Governo

(diferentes Ministérios) que coordenam políticas e procedimentos do AIA, NPL, etc? Sim____ /

Não_____ Justifique.

3.1. Quais é que são essas instituições?

3.2. Existe troca de informações e dados entre si? Sim____ / Não_____

Como?

4. Acha que existem procedimentos acordados para rever os pedidos de licenciamento sujeitos a

vários regulamentos ou políticas? Sim____ / Não_____

Justifique?

4.1. Quais é que são esses procedimentos?

5. Tendo em conta aquilo que acabamos de conversar, acha que os departamentos e instituições

relevantes do Governo estão bem coordenados para que os proponentes e outras pessoas

afectadas pela AIA e eventuais políticas de NPL/GL sejam informados através de procedimentos

claros, consistentes e simplificados, sem potencial para criar conflitos relativos a recursos e títulos

de uso da terra? Sim____ / Não_____ Justifique.

8.3 Anexo 3. Processos Estatuídos na Lei e as Práticas de Gestão nas Áreas de “Posse de Terra; Áreas Protegidas e Fauna Bravia; Direitos das Comunidades Locais, Incentivos Económicos e Regimes de Responsabilidade

Questão Resposta

Posse de Terra

Existe uma política clara de posse de terra e um cadastro explícito Não, porque a gestão da terra atravessa vários processos devido ao

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(ou Ganho Líquido) (NPL/GL) de Biodiversidade em Moçambique

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Questão Resposta

que permita saber quem tem o direito a uma determinada parcela de terra? (no contexto da Hierarquia de Mitigação, incluindo Contrabalanços de Biodiversidade. Precisa-se estabelecer como é que as parcelas de terra alocadas para o desenvolvimento e alocadas para Contrabalanços de Biodiversidade poderão ser claramente identificadas, registadas e implementadas)

desenvolvimento humano e requer adaptaptações regulares.

Quais são os mecanismos para assegurar o compromisso legal de longo prazo relativamente à posse de terra, como funciona e quais os mecanismos mais usados?

Os mecanismos para assegurar o compromisso legal de longo prazo relativos à posse de terras é o DUAT (obtidos por solicitação de ocupação), Normas Costumeiras ou por Ocupação de Boa Fé (que não precisa de registo oficial; este Direito não se aplica nos casos em que a ocupação é feita em áreas legalmente

Tratando-se de cidadão nacionais, a lei concede 5 anos para provar a sua capacidade de exploração ou realização do investimento ou plano proposto, sejam singulares ou colectivos. O plano de aprovação tem um cronograma que deve ser observado de acordo com os 5 anos concedidos. Passado esse tempo, caso o proponente não tenha cumprido com o proposto, pode justificar. Caso contrário é tomado o DUAT. Contudo, também pode requer a extensão dos 5 anos, o que não está previsto na lei, mas é realizado em regime provisório até que se prove a sua capacidade.

Para os estrangeiros, a lei concede 2 anos.

Após a aprovação definitiva, o DUAT está sujeito a um prazo máximo de 50 anos e pode ser renovado por igual período. O DUAT é transmitido aos descendentes, em caso de morte.

Existirá um sistema de convênios/arrendamentos/servidões que permita que as obrigações de conservação permaneçam válidas mesmo quando o proprietário da terra vende a terra a uma terceira entidade? Se sim, existem provisões legais que requerem/obrigam divulgação (das obrigações de conservação) aos sucessores?

Na consulta à legislação de Conservação (Lei 16/2017, alterada pela Lei 5/2017), legislação de Terras (Lei 19/97 e Decreto 66/98) e do Ordenamento do Território (Lei 19/2007 e Decreto 23/2008) não foram identificadas provisões relativas à transmissão de obrigações relativas à conservação nos processos de venda de terra a terceiros.

O DUAT concedido para fins de conservação é designado de fazendas de bravio ou ecoturismo. Os pedidos são aprovados através do parecer favorável concedido pela ANAC. Não existem obrigações/convénios que garantam, que as obrigações de conservação permaneçam válidas mesmo quando o proprietário vende o DUAT. A entidade compradora poderá requerer a mudança do plano de exploração do DUAT. Contudo, pode ou não ser autorizado do ponto de vista das melhorias que essa nova actividade irá trazer, em relação as actividades anteriores.

A propriedade, arrendamento ou outra forma de posse de terra poderia ser melhor adequado para os acordos de Contrabalanços a longo prazo? (quer para terra" privada" ou "pública")

Baseado nas 32 entrevistas realizadas, deveria ser efectuado um levantamento/actualização das áreas com elevado valor de biodiversidade e/ou críticas e constituí-las como áreas de conservação sob gestão do governo. As entidades privadas/públicas que tivessem a obrigação de constituir áreas de Contrabalanços, deveriam canalizar recursos para apoiar a gestão destas áreas. De notar que o risco de ter cada investidor a identificar uma área para contrabalanço é de ter muitas áreas de "conservação" fora do controlo do governo, quando estes recursos poderiam ser utilizados e concentrados nas áreas já pré-definidas, que neste momento carecem de recursos para a sua protecção e gestão.

Áreas Protegidas e Fauna Bravia

Quais são as diferentes Categorias de áreas protegidas existentes em Moçambique? A legislação está devidamente clara e regulamentada? Existem áreas de protecção comunitária (assim como áreas pertencentes ao governo) e estas estão legalmente regulamentadas?

As áreas de conservação classificam-se em áreas de Conservação Total e Área de Conservação de Uso Sustentável. As Área de Conservação Total dividem-se em Reseva Natural Integral, Parque Natural e Monumento Culturale Natural. As Áreas de Conservação de Uso Sustentável incluem as Áreas de Reserva Especial, Área de Protecção Ambiental, Coutada Oficial, Área de Conservação Comunitária, Santuário, Fazenda do Bravio, Parque Ecológico Municipal. A Lei 10/99 de Florestas e Fauna Bravia, possui uma classificação diferente da mencionada anteriormente (veja Artigo 10). Os instrumentso legais precisam ser actualizados para se confomarem com a Lei da Conservação. As áreas de protecção comunitária estão previstas no âmbito da Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017 sobre a Conservação e está devidamente regulamentada. Importa auscultar as Partes Interessadas

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Questão Resposta

para avaliar a eficácia das provisões previstas na Lei. A regulamentação sobre as áreas de conservação é consistente, todavia é necessário auscultar os beneficiários e gestores das áreas de conservação para registar os desafios que têm enfrentado.

Existem regras proibindo o desenvolvimento dentro das várias categorias de áreas de conservação ou dentro de algumas das categorias? E quais são estas regras?

De acordo com a Lei 16/2004, Artigo 26, há actividades específicas que são permitidas dentro das áreas de conservação, como por exemplo, actividade turística, apicultura, exercício cinegético, entre outras. De notar que dentro das área de Protecção Total é proibida a extracção de recursos prevendo-se apenas o uso indirecto dos recursos naturais, com as excepções previstas na Lei 16/2014, no Plano de Maneio da respectiva área de conservação e na legislação específica (Artigo 27, Lei 16/2004).

Existe alguma barreira para se estabelecer áreas para Contrabalanços dentro das áreas protegidas actualmente existentes? (Ex. Regras que proibam a ligação entre um investimento privado e uma área de conservação? Como pode Moçambique demonstrar que o princípio de "Adicionalidade" foi satisfeito com uma justificação para actividades de contrabalanço em áreas protegidas (ex. áreas protegidas que existam ou estão programadas)

Na legislação sobre a Conservação não foi identificado algum impedimento para estabelecer áreas para Contrabalanços dentro das áreas protegidas actualmente existentes, contudo recorde-se que não está ainda definido, nos termos legais, quais os critérios e procedimentos para se estabelecer uma área para contrabalanço e neste caso, que articulação existiria entre os interessados em estabelecer a área para contrabalanço e a gestão da área de conservação. Para haver segurança na demonstração de ter sido cumprido o princípio de Adicionalidade nas áreas de conservação já existentes, é recomendável que se faça um projecto Piloto através do qual serão introduzidas medidas adicionais às de conservação já existentes com vista a melhorar os resultados de conservação já verificados numa dada área de conservação. A partir dos resultados do projecto Piloto deverá ser criado os procedimentos e requisitos necessários para operacionalizar a opção de utilização das áreas de conservação já existentes para cumprir com o princípio de Adicionalidade. De notar que dos 32 entrevistados, 3 estão disponíveis para conduzir um projecto Piloto para testar os requisitos relacionados com a NPL e os Contrabalanços de Biodiversidade.

Será que as áreas estabelecidas como áreas para mitigação incluindo para Contrabalanços podem ter estatuto de áreas protegidas? Será que a designação de áreas protegidas em Moçambique varia de acordo com o tipo da área protegida em questão? Se sim, como varia?

De acordo com a Lei 16/2014, alterada pela Lei 5/2017, a proposta de criação de áreas de conservação poder feita pelos orgãos governamentais, por instituições académicas, pelo sector privado, por organizações Não-governamentais, por comunidades locais ou pelos munícipes, consoante as categorias em causa (Artigo 38) . As áreas de conservação são constituídas para cumprir uma série de objectivos de conservação, incluindo, "contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais moçambicanas" e " proteger as espécies ameaçadas de extinção, raras e endémicas nos âmbito nacional provincial, distrital e autárquico" (Artigo 12 da Lei 16/2014). Assim, fica claro que se o objectivo é a conservação, então é legalmente possível que as áreas de contrabalanço sejam estabelecidas como áreas de conservação. Por outro lado, é recomendável que as áreas estabelecidas para Contrabalanços tenham estatuto de áreas de protegidas, doutra forma não seria possível compensar a biodiversidade perdida, devido ao risco de utilização descontrolada dos recursos nestas áreas, pelos demais interessados.

A designação das zonas de protecção varia de acordo com o fim para o qual se destinam. São chamadas áreas de conservação total aquelas de domínio público, destinadas à preservação dos ecossistemas e de espécies sem intervenções de extracção dos recursos, admitindo-se apenas o uso indirecto dos recursos naturais com as excepções previstas na Lei. Existe um segundo tipo de áreas de protecção que são chamadas áreas de conservação de uso sustentável que são as áreas de domínio público e de domínio privado, destinadas à conservação, sujeito a um maneio integrado com permissão de níveis de extracção de recursos, respeitando limites sustentáveis de acordo com os planos de maneio, Lei 16/2014, Artigo 13).

Existem habitats ou espécies listadas (diferente de áreas protegidas) sobre as quais os impactos do desenvolvimento são regulados ? Como está regulado?

No âmbito da Lei 16/2004, Artigos 46 e 47 é regulada a gestão das espécies ameaçadas de extinção. O Conselho de Ministros aprova por Decreto a lista de espécies protegidas e aquelas cuja utilização, incluindo a caça é permitida.

Existem provisões legais que obrigam a " consentimento livre e prévio “relativamente às comunidades locais e populações

As provisões legais que obrigam a " consentimento livre e prévio" estão plasmadas nos vários instrumentos legais, como por exemplo no Decreto

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Questão Resposta

indígenas no que concerne a projectos que ocorrem ou têm impacto nas suas terras ou nos locais onde obtêm os meios de subsitência como plantas comestíveis, plantas medicinais, locais de culto, etc?

12/2002; Decreto 54/2015; DM 130/2006, Lei 21/2014, entre outras, contudo nem sempre os direitos e procedimentos de acesso a informação, reclamação, inclusão das ideias das comunidades, no âmbito das consultas previstas às partes interessadas, estão devidamente regulados. Caso uma determinada comunidade proponha a inclusão de uma dada medida de mitigação ou proponha medidas para evitar um determinado impacto sobre os serviços de um dado ecossistema e esta medida não é acatada pelo proponente, não está explícito de que forma a comunidade pode reclamar esta sua preocupação. Não foi identificado um procedimento claro para situações desta natureza.

Regimes de Responsabilidade

Existem regimes que estabeleçam obrigações ou outras medidas de investimento prévio para atenuar os impactos na biodiversidade?

Sim, existe a obrigatoriedade de respeitar os padrões de qualidade ambiental estabelecidos por lei.

Existem regimes que estabeleçam obrigações, compensações, restauração ou outra medida de reparação por algum dano ambiental (ex. Derrame de hidrocarbonetos, poluição, ou deflorestamento ilegal?)

Sim, existe o "Princípo da responsabilização ambiental", por exemplo na Lei 20/97, Lei 16/2014, Decreto 31/2012, contudo não é especificado o tipo de compensação que deve ser feita.

Têm existido exemplos de mecanismos empregues no país para assegurar terra para conservação através de servidões ou outras formas similares com o objectivo de gerir a terra

Na legislação consultada, não foi identificado.

Havendo alguma entidade com o propósito de desenvolver uma área de conservação deverá submeter a sua proposta à ANAC. Caso a proposta seja aprovada, o DUAT será concedido pela DINAT.

Dever de cuidado básico: A lei já estipula um dever mínimo de cuidado para a gestão de ativos naturais(ex. Em terras para agricultura/plantações e florestas)

Na maior parte da legislação consultada e constante na lista de referência está prevista a obrigação do cuidado básico através da obrigatoriedade/princípios de prevenção de danos; princípio de responsabilização; utilização de boas práticas. Detalhes podem ser consultados na análise da legislação.

Moçambique utiliza uma abordagem baseada em princípios (estabelecendo princípios e padrões associados a respeitar) noutras áreas da política ambiental?

Em vária legislação consulta é utilizada uma abordagem de princípios orientadores referentes à protecção, conservação e utilização sustentável dos recursos naturais e da biodiversidade. Referência é feita, por exemplo à Lei 16/2014, da Conservação; Decreto 56/2010 que aprova o Regulamento ambiental para as operações petrolíferas; Lei 19/2007 do Ordenamento de Território; Resolução 18/2007 sobre a Política do Ordenamento do Território".

Existem leis e políticas em Moçambique sobre outras compensações ambientais (pex carbono, água, questões sociais) e pagamentos por serviços ecossistémicos?

No quadro legal moçambicano estão previstas outras compensações, por exemplo, no âmbito do reassentamento das comunidades afectadas por um dado projecto de desenvolvimento, é obrigatória a compensação económica, física e social dos afectados (Decreto 31/2012, Artigo 4, 10) . Não foram identificados casos de pagamento pelos serviços ecossistémicos, mas uma das medidas de compensação é criar condições para que os afectados tenham acesso a um ecossistema que possa providenciar os mesmos serviços.

Monitoramento e implementação : Qual é o registo em Moçambique do acompanhamento e aplicação da lei e da política, incluindo os mencionados acima? Quais são as limitações, por exemplo, em termos de capacidade? Existe alguma evidência ?

No geral, o acompanhamento da implementação das leis e políticas precisa de melhorias. Evidências são diáriamente dadas com os resultados de intervenções como por exemplo, a "operação tronco" que revelou um alto índice de violação das leis. Pode-se também referir o recente trabalho feito pela Swedish Geological em colaboração com a DNV-GL e IMPACTO, 2017, "Preparation of Environmental Guidelines for the Mining Activities and Mining Operations (Onshore and Offshore) and Technical Capacity Buiding In Mozambique-Regulatory Review and Consultative Framework" no qual é referido que a componente de monitoramento necessita de ser melhorada. O melhoramento da capacidade técnica, financeira e dos meios de trabalho é chave para enfrentar este desafio.

Existe um requisito para o monitoramento e avaliação da implementação das medidas de mitigação e de Contrabalanços, por especialistas?

Sim, Os Planos de Gestão Ambiental que são parte integrante dos REIA e determinam, por exemplo, a periodicidade para o monitoramento dos vários impactos ambientais bem assim a periodicidade para o reporte à Autoridade Ambiental. Quanto às medidas para compensações, a legislação é ainda lacunosa. Não é explícita quanto aos procedimentos e critérios para se medir o que deve ser compensado e como monitorar os

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Questão Resposta

resultados nas áreas de contrabalanço, como reportar à Autoridade Ambiental.

Existe algum requisito para uma avaliação quantificada da eficácia da implementação da mitigação e do contrabalanço?

A nível nacional, não é comum fazer-se a quantificação da eficácia das medidas. Note que os impactos ambientais são comumente qualificados. Quanto a Contrabalanços, a nível nacional ainda não há registos de implementação de medidas de Contrabalanços de Biodiversidade. No que concerne a directrizes internacionais, é preciso investigar as metodologias proposta e testá-las. Várias instituições de investigação, empresas de consultoria e proponentes são de opinião que esta matéria é ainda complexa.

Quais são os mecanismos para assegurar a transparência das metodologias de avaliação e monitoramento e de seus resultados e no reporte aos orgãos de gestão (ao proponente do projecto) e instituições reguladoras

A melhoria da capacidade técnica, de recursos humanos e materiais do orgão regulador para análise da informação recebida e para o monitoramento da implementação das medidas de mitigação e Contrabalanços, irá forçar o melhoramento da qualidade de informação produzida e submetida quer ao proponente do projecto quer ao orgão regulador.