análise de competitividade da indústria de Água mineral do … · 2016-01-19 · dinâmica dos...
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Vitória (ES), setembro de 2015
Análise de Competitividade da Indústria de Água
Mineral do Estado do Espírito Santo
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 4
1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA ÁGUA MINERAL ........................ 5
1.1. Cadeia de valor da indústria de água mineral ................................................... 5
2. PANORAMA DA INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL NO MUNDO .................. 7
3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA
COMPETITIVIDADE ......................................................................................... 8
3.1. Brasil ................................................................................................................. 8
3.1.1 Número de empresas e empregados................................................................ 8
3.1.2 Evolução da Produção de Água Mineral ........................................................... 9
3.1.3 Participação dos estados na produção de Água Mineral ................................ 10
3.1.4 Evolução do Consumo .................................................................................... 10
3.1.5 Segmentação Água Mineral ............................................................................ 11
3.1.6 Participação das empresas no setor de Água Mineral .................................... 12
3.1.7 Participação das empresas no setor de Água Mineral .................................... 13
3.1.8 Balança Comercial Brasil ................................................................................ 13
3.2. Espírito Santo ................................................................................................. 14
3.2.1. Número de empresas e empregados.............................................................. 14
4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA
INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL ................................................................. 15
4.1. Cenário Atual .................................................................................................. 15
4.2. Mecanismos de concorrência do setor de água mineral. ................................ 15
4.3. Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou internacional –
desempenho, vantagens e desvantagens competitivas. ................................ 16
4.4. Fatores externos à empresa que impactam a competitividade (ambiente
macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo de
financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura técnica,
científica e educacional e tributária), dentre outros. ....................................... 17
3
4.5. Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros). ............................................................. 18
4.6. Propostas para o aumento da competitividade. .............................................. 18
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS
SIGNATÁRIAS DO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA
INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL NO ES ..................................................... 19
5.1. Caracterização das empresas ........................................................................ 19
5.2. Perfil da mão de obra...................................................................................... 19
5.3. Perfil do mercado interno e externo ................................................................ 20
5.4. Desempenho das empresas ........................................................................... 21
5.5. Fatores associados à competitividade ............................................................ 23
5.6. Inovação ......................................................................................................... 24
6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 25
7. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 26
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APRESENTAÇÃO
O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo
(Ideies) é uma entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do
Espírito Santo (Findes), responsável pelo apoio à Federação em questões
estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e de defesa de
interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos assuntos
legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento
das micros, pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da
indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,
que tem o objetivo de atender contrapartida do Contrato de Competitividade
firmado entre o Setor e o Governo do Estado do Espírito Santo, qual seja,
enviar à SEDES anualmente a análise da competitividade do setor.
Para realização da Análise de Competitividade do Setor de Água Mineral
do Espírito Santo, foram adotados marcos teóricos que estabelecem os
padrões de concorrência, de desenvolvimento tecnológico e de posicionamento
estratégico, das empresas e do estado, na cadeia global de valor do segmento.
Os fatores abordados dizem respeito à capacidade competitiva do setor,
relacionados aos mecanismos de concorrência (preço, diferenciação de
produtos, introdução de novos processos e capacidade de produção), à
dinâmica dos mercados, às atuais posições competitivas das indústrias
internacional e doméstica, às estratégias adotadas para garantir a capacidade
de competir no longo prazo, bem como às vantagens competitivas dos
concorrentes.
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1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA ÁGUA MINERAL
1.1. Cadeia de valor da indústria de água mineral
A água mineral1 é obtida diretamente de fontes naturais ou por extração de
águas subterrâneas. É caracterizada pelo conteúdo definido e constante de
sais minerais, oligoelementos e outros constituintes, considerando-se as
flutuações naturais. A indústria de água mineral está presente em todas as
grandes regiões geográficas do mundo.
No Brasil, os recursos minerais são constitucionalmente bens da União e para
serem pesquisados e lavrados faz-se necessária autorização ou concessão da
União. Como a água mineral entra nesta classificação, isto se aplica também a
este bem. Algumas peculiaridades recaem sobre o processo de concessão,
sendo que esta apenas pode ser atribuída a brasileiros ou empresas que estão
sob as leis brasileiras, tendo o concessionário a garantia da propriedade do
produto da lavra e a obrigatoriedade perante a recuperação do meio ambiente
degradado.
A extração e aproveitamento da água mineral são regulamentados por meio do
Código de Mineração. Subordinam-se a essas legislações as atividades que se
estendem desde a pesquisa, a captação até o envase. O órgão fiscalizador é
Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM aliado às autoridades
sanitárias e administrativas federais, estaduais e municipais como: Ministério
da Saúde e as Secretarias de Saúde.
A cadeia de produção da água mineral pode ser simplificada da seguinte
maneira: extração e tratamento da água mineral, produção das embalagens,
engarrafamento da água mineral e venda. Aqueles que possuem fontes
regularizadas e tratam a água, disponibilizam o mineral ao elo seguinte da
cadeia, que pode ser o fornecedor de garrafas ou o próprio envasador, ou
podem eles mesmos realizarem o envase.
Em seguida, encontram-se os atacadistas; os distribuidores, que compram em
grandes volumes dos envasadores para venderem em diferentes regiões.
Posteriormente, os varejistas, como, por exemplo, supermercados, compram
dos atacadistas o produto final. Na última parte da cadeia estão os clientes
finais, aqueles que consumem efetivamente o produto (figura 1).
1 No Brasil, o aproveitamento de águas minerais ou potáveis de mesa depende de concessão da União
Federal, segundo legislação regida pelo Código de Águas e suas regulamentações. As águas minerais ou potáveis de mesa podem ser engarrafadas in natura, ser utilizadas como componentes na produção de bebidas (refrigerantes, cervejas, sucos, etc.), assim como aproveitadas em balneários e ingestão na fonte.
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Figura 1: Cadeia produtiva do setor de água mineral
Fonte: ABINAM - Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais
Elaboração: Ideies
As instalações da cadeia da água mineral devem ser rigorosamente
fiscalizadas por órgãos do governo, uma vez que está relacionado ao consumo
humano. Os fornecedores de garrafas e as empresas envasadoras devem
possuir instalações com condições adequadas de temperatura e
armazenamento para seu produto. Estes devem respeitar as exigências do
DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). As estruturas dos
envasadores, normalmente, se encontram próximas à fonte. Os estoques dos
atacadistas estão alocados em pontos estratégicos a fim de facilitar a
distribuição aos locais de venda. Dessa forma, quanto mais próximo os
armazéns dos pontos de varejo, maior a eficiência logística.
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2. PANORAMA DA INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL NO MUNDO
2.1. Consumo Mundial de Água Mineral
Gráfico 1 – Evolução de Consumo Água Mineral (milhões de litros)
Segundo a consultoria internacional BMC - Beverage Marketing Corporation
estimou que o consumo global de água engarrafada em 2013 tenha sido de
266 bilhões de litros, 7% maior que em 2012 (gráfico 1).
Tabela 1 – Evolução de Consumo
Fonte: DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral / BMC – Beverage Marketing Corporation Elaborado por: Ideies/Findes
Países 2011 2012 2013Var. x
Ano Ant.%
China 29.096 36.254 39.438 9% 14,80
Estados Unidos 34.475 36.621 38.347 5% 14,40
México 28.469 29.608 31.171 5% 11,70
Indonésia 14.235 15.869 18.263 15% 6,86
Brasil 17.038 17.447 18.158 4% 6,82
Tailândia 11.806 13.460 15.086 12% 5,66
Itália 11.488 10.953 12.018 10% 4,51
Alemanha 11.183 10.698 11.769 10% 4,42
França 8.672 8.881 9.118 3% 3,42
Índia - 6.447 7.517 17% 2,82
Outros Países 65.848 62.714 65.499 4% 24,59
Total 232.310 248.952 266.384 7% 100,00
Consumo (milhões de litros)
Fonte: DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral / BMC – Beverage Marketing Corporation Elaborado por: Ideies/Findes
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Atualmente, a China é o maior mercado de consumo de água mineral, após
ultrapassar os Estados Unidos no ano de 2013 e o México em 2012. Em 2013,
os maiores aumentos percentuais de consumo de água mineral ocorreram na
Índia, Indonésia e Tailândia, com 17%, 15% e 12%, respectivamente, bem
acima da média mundial, de 7,0%, como se conclui da análise da Tabela 1. Em
2013, a Indonésia tornou-se o 4º maior mercado, passando à frente do Brasil.
3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA
COMPETITIVIDADE
3.1. Brasil
3.1.1 Número de empresas e empregados
Gráfico 2: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Brasil e Distribuição das
empresas por porte
Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do
porte das indústrias pelo número de empregados (tabela 2), o setor reúne mais
de 670 empresas, das quais 95% são empresas de micro e pequeno porte, em
todo o território nacional e emprega cerca de 18 mil pessoas (gráfico 2).
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Tabela 2: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Grande mais de 500 empregados
Fonte: IBGE
3.1.2 Evolução da Produção de Água Mineral
Gráfico 3: Evolução da Produção do Setor de Água Mineral – (em Bilhões de Litros)
Segundo dados apurados pelo DNPM – Departamento Nacional de Produção
Mineral, o crescimento na produção de água envasada em 2013 ficou de 2,5%
superior ao registrado em 2012, totalizando 17,84 bilhões de litros (gráfico 3).
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3.1.3 Participação dos estados na produção de Água Mineral
Quadro 1: Principais Estados Produtores – em %
Estados Produtores Part. Mercado
São Paulo 19%
Pernambuco 14%
Bahia 8%
Rio de Janeiro 7%
Ceará 6%
Minas Gerais 5%
Rio Grande do Sul 5%
Os estados que mais se destacaram, em 2013, foram São Paulo com 19% da
produção de água envasada, Pernambuco com 14%, Bahia com 8%, Rio de
Janeiro com 7%, Ceará com 6% e Minas Gerais e Rio Grande do sul com 5%
cada (quadro 1). Os estados que apresentaram os maiores incrementos no
volume de produção de água envasada, em 2013 em relação a 2012, foram
São Paulo, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Sul e o
Distrito Federal.
3.1.4 Evolução do Consumo
Gráfico 4: Evolução do Consumo de Água Mineral Brasil – em mil litros
Fonte: DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral Elaborado por: Ideies/Findes
Fonte: DNPM - Departamento Nac. de Produção Mineral
Elaboração: IDEIES/Findes
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O Brasil, segundo dados da BMC, é o 5º maior mercado consumidor de água
engarrafada do mundo, tendo consumido 11 bilhões de litros em 2013, um
crescimento de 5,4% em relação a 2012 (gráfico 4). O consumo per capita no
país foi de 90,3 litros por ano.
3.1.5 Segmentação Água Mineral
Gráfico 5: Segmentos de Água Mineral – em mil litros
Em 2013, foi declarado uso de 3,88 bilhões de litros de água mineral para
fabricação de bebidas, volume 7,4% maior que o declarado no ano anterior
(gráfico 5).
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3.1.6 Participação das empresas no setor de Água Mineral
Sete grandes grupos e suas marcas responderam, em 2012, por 24% da água
mineral envasada no país, a saber:
Quadro 2: Principais Envasadoras de Água Mineral
Principais envasadores Marcas Estados Produtores
Grupo Edson Queiroz Indaiá e Minalba BA; SP, PE, PB, DF, PA CE, GO, MA, AL, SE
Coca-Cola - FEMSA Crystal SP, AL, RS e MS
J&E, L&R, Torres e Pedrosa e Pedrosa
Santa Joana, Cristalina e Lindóia PE
Danone Bonafont MG e SP
Flamin Mineração Bioleve SP
Nestlé Waters Nestlé Pureza Vital, Petrópolis, Levíssima, Aquarel e São Lourenço
SP,RJ e MG
Dias D'Avila Dias D'Avila BA
Mineração Canaã Fresca BA
Schincariol Schin BA, MA, GO, SP, PE, RJ, PA, RS
Em 2013, nove grandes grupos e suas marcas responderam por mais de 30%
da água mineral envasada declarada no país (quadro 2). Destacaram-se o
Grupo Edson Queiróz com as marcas Indaiá e Minalba envasada em 11
unidades da federação (BA; SP, PE, PB, DF, PA CE, GO, MA, AL, SE), a
Coca-Cola/FEMSA com a marca Crystal, com unidades em SP, AL, RS e MS; o
grupo pernambucano constituído das empresas J&E, L&R, Torres e Pedrosa e
Pedrosa, que produz as marcas Santa Joana, Cristalina e Lindóia; a Danone,
com a marca Bonafont envasada em MG e SP; a Flamin, em São Paulo com a
marca Bioleve; a Nestlé, que produz as marcas Nestlé Pureza Vital, Petrópolis,
Levíssima, Aquarel e São Lourenço, em SP, RJ e MG; a Dias D’Ávila, na
Bahia, que produz água de mesmo nome e a Mineração Canaã, também na
Bahia, que produz a marca Fresca. No uso de água mineral para composição
de produtos industrializados, destaca-se a Schincariol, com complexos
industriais em oito Unidades da Federação (BA, MA, GO, SP, PE, RJ, PA, RS).
Fonte: DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral Elaborado por: Ideies/Findes
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3.1.7 Participação das empresas no setor de Água Mineral
3.1.8 Balança Comercial Brasil
Gráfico 6: Balança Comercial - Água Mineral (US$ FOB)
Gráfico 7: Países Exportações Gráfico 8: Países Importações
O Brasil, em 2014, exportou US$ 136 mil em água mineral e importou um valor declarado de US$1.754,88mil (gráfico 6). Os principais países de destino foram Guiana (61%), Argentina (20%), França
(7%) (gráfico 7) e como países de origem destacam-se França (42%), Itália
(32%), Noruega (17%) e Portugal (8%) (gráfico 8).
Fonte: Aliceweb
Fonte: Aliceweb
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3.2. Espírito Santo
3.2.1. Número de empresas e empregados
Gráfico 9: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Espírito Santo e
Distribuição das empresas por porte
Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do
porte das indústrias pelo número de empregados (pag. 8), o setor reúne mais
de 10 empresas no estado, que na sua totalidade são empresas de micro e
pequeno porte, e emprega cerca de 270 pessoas (gráfico 3).
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4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL
4.1. Cenário Atual
- O setor ainda não está sentindo, fortemente, o reflexo da crise atual e
mantém o faturamento estável, sem aumento do desemprego.
- Devido à sazonalidade da água mineral, que apresenta um aumento
significativo de consumo durante o verão, o setor ainda não conseguiu
mensurar os efeitos da crise.
- O setor não necessita de grandes investimentos em novas tecnologias.
Em virtude do cenário de crise econômica, torna-se inviável qualquer
novo projeto que vise ampliação ou melhorias de processos produtivos.
- Há uma limitação natural das fontes de água mineral, em função da
escassez hídrica que se encontra o estado.
- Dificuldade de repasse dos aumentos dos insumos ao preço final do
produto.
“No caso da minha empresa, estou com dificuldade de repassar os aumentos
que influenciam na cadeia produtiva. Aumentaram os custos com logística,
energia, embalagens. Não dá para segurar mais... vamos ter que repassar
agora no aumento da tabela.”
4.2. Mecanismos de concorrência do setor de água mineral.
- O setor compete primeiramente pelo fator preço que é um elemento de
suma importância, visto que a maior dificuldade das empresas,
atualmente, é a concorrência com produtores de outros estados que têm
grande facilidade de comercializar seus produtos no Espírito Santo.
- Os principais concorrentes do Espírito Santo são os Estados de Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Em estados como o Paraná e Santa
Catarina a água passou a fazer parte da cesta básica, com alíquotas
menores que as normalmente previstas.
- Os concorrentes de outros estados recolherem impostos menores ao
comercializarem seus produtos no Espírito Santo, dificultando a
competitividade.
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- Falta de barreira fiscal para entrada de empresas de fora no estado
possibilita a venda de forma ilegal (mais unidades de produto do que
efetivamente está declarado na nota fiscal). Essa prática ilegal tem
ocorrido nos últimos três anos e que desde então os produtores internos
têm perdido espaço no Espírito Santo.
“Aqui no estado não tem barreira fiscal. Os concorrentes entram a hora
que quiser sem nota... não há fiscalização nenhuma. Nos outros
estados a fiscalização é dura e efetiva.”
- O maior custo da água mineral está no transporte da indústria até o
ponto de venda, os empresários não compreendem como os produtores
externos conseguem vender seus produtos com o preço menor do que o
custo do produtor interno.
“A água mineral, logisticamente é muito cara. O preço médio de frete
aqui no estado é de R$500,00, mais alimentação e pedágio... sai muito
caro. O valor agregado da água é muito baixo.”
4.3. Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou
internacional – desempenho, vantagens e desvantagens
competitivas.
- O principal mercado a que se destinam as vendas das indústrias
capixabas de água mineral é o mercado local, representando 95% da
produção interna.
- No Espírito Santo são 12 fontes de água mineral que conseguem suprir
a necessidade do Estado, exceto no verão. Nesta época é necessária a
entrada de produtores externos, pois a produção interna não consegue
suprir a demanda.
- Do ponto de vista da capacidade de gestão, inovação, processo
produtivo e mão de obra, as indústrias de água mineral relataram que
conseguem se estruturar, porém a situação vivida atualmente devido à
concorrência desleal impede que as indústrias capixabas de água
mineral desenvolvam práticas de crescimento.
- Uma das vantagens do setor é que o produto é uma necessidade vital
do ser humano, porém os empresários reconhecem que precisam se
adaptar às evoluções da sociedade.
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- A desvantagem competitiva do setor está em ter que lidar com a
concorrência desleal, impedindo que as indústrias capixabas de água
mineral invistam no desenvolvimento de novas tecnologias, e
consequentemente não conseguem suprir a necessidade apresentada
sazonalmente (no verão), já que o produtor interno é forçado a
comercializar seus produtos a um preço que não paga nem os custos de
produção. Se não houvesse essa concorrência tão desleal a indústria
capixaba recuperaria sua saúde financeira e conseguiria desenvolver
ações para atender a demanda apresentada nesse período do ano.
- Outra desvantagem citada é que o setor de água mineral do Espírito
Santo ficou muito aquém com relação ao preço do produto. Houve
aumentos dos custos de mão de obra, energia, logística, combustível e
os insumos aumentaram, mas a água mineral permaneceu praticamente
com o mesmo preço praticado ha 10 anos atrás.
4.4. Fatores externos à empresa que impactam a competitividade
(ambiente macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito,
custo de financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura
técnica, científica e educacional e tributária), dentre outros.
- O principal fator que afeta a competitividade do setor de água mineral
atualmente é a prática tributária adotada nos outros estados a qual
favorece os produtores externos a comercializarem seus produtos aqui
no Espírito Santo.
- Produtores externos adotam práticas que dificultam a entrada dos
produtores do Espírito Santo em seus estados. Ou seja, o Espírito Santo
adota práticas que favorecem a entrada de novos entrantes, e os outros
estados impedem a entrada dos produtos capixabas.
“Bahia, por exemplo, agora adotou o uso do ‘selo’ que precisa ser aplicado em
todas garrafas de água. O produtor externo que desejar comercializar seus
produtos na Bahia deverá comprar os selos com o Governo de lá. O produtor
externo é fiscalizado e precisa apresentar as notas fiscais comprovando que
utilizou todos os selos que comprou”
- Os estados protegem seus produtores impondo barreiras para novos
entrantes e oferecem incentivos para que suas indústrias vendam aqui e
não há incentivos suficientes oferecidos pelo governo capixaba para que
as indústrias daqui vendam e sejam competitivas em outros estados,
tampouco há barreiras para os produtores externos comercializarem
seus produtos no Espírito Santo.
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- Dentre outros fatores, há diversas exigências de regulação, como por
exemplo, uma determinação por parte da Vigilância Sanitária sobre o
uso de vedantes nos garrafões de 20 litros, que dificulta a
competitividade das indústrias.
4.5. Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade
existentes (Compete, isenções fiscais e outros).
- A principal dificuldade do setor é lidar com a questão da substituição
tributária, o que acaba incentivando a informalidade do setor.
- Incentivos do Compete, não são suficientes para se competir fora do
estado, e não estamos conseguindo frear a concorrência de empresas
externas.
“A falta de fontes de água no estado, e com uma água sem qualidade para
a população, o governo deveria rever os impostos da água, pois do jeito
que está acaba gerando um distanciamento de quem mais precisa de uma
água com qualidade. Com alíquota entre 27% a 35% dependendo do tipo
da embalagem.”
4.6. Propostas para o aumento da competitividade.
As principais propostas indicadas pelos empresários para o aumento da
competitividade do estão descritas a seguir.
Exclusão da substituição tributária para a água mineral;
Investir no desenvolvimento de novas tecnologias para suprir o aumento do
consumo apresentado no verão;
Investir em inovação de design de embalagem (novos moldes) para
garrafas de água, incentivando o aumento do consumo;
Realizar pesquisas e estudos para entender e acompanhar as evoluções da
sociedade de forma a adequar os produtos para atendê-los;
Solicitar ao governo uma reavaliação dos incentivos dados pelo Compete
para as indústrias de água mineral, pois o mesmo acabou ocasionando uma
desigualdade no setor.
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5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS DO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL NO ES
A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa,
elaborada e realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário eletrônico no mês de maio de 2015, junto as 2 empresas que
participam do Contrato de Competitividade firmado entre o Governo do estado
e o Setor das Indústrias de Água Mineral do Espírito Santo.
5.1. Caracterização das empresas
Para todas as empresas que responderam o questionário, o principal ramo de
atividade é a água mineral engarrafada nos formatos:
- Copo 200ml, garrafas de 0,33l / 0,5l / 1,5l / 2,5l / 5l
5.2. Perfil da mão de obra
Em 2014, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as
empresas pesquisadas contavam com 79 pessoas registradas, um aumento de
1,3% em relação a 2013 (gráfico 16).
Gráfico 16: Número de Empregados
81
78 79
2012 2013 2014
-3,7% 1,3%
Fonte: Pesquisa do Setor de Água Mineral/Ideies
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Uma das empresas, quando questionadas sobre qual o profissional está tendo
dificuldade em contratar, afirmou que há carência de mecânicos para atuar nas
linhas de fabricação.
Em relação à escolaridade dos empregados dessas empresas, observou-se a
predominância do nível médio (44,3%). Já os níveis fundamental e superior
representaram 38,6% e 11,4%, respectivamente (gráfico 3).
Gráfico 16: Grau de Escolaridade dos empregados
5.3. Perfil do mercado interno e externo
As empresas pesquisadas vendem seus produtos para o Espírito Santo e
outros estados. Ambas comercializaram a produção por meio de distribuidores
sendo que, uma delas também vende para o atacado e a outra também para
outras indústrias. As empresas não realizaram vendas internacionais em 2014.
Quando questionadas quais os estados concorreram com o Espírito Santo no seu ramo de atuação, ambas reponderam Minas Gerais.
Já quando perguntadas sobre quais os principais países concorrentes,
informaram que não sofreram concorrências internacionais em 2014.
38,6%
44,3%
1,4%
11,4%
4,3%
Ensino fundamental
Ensino médio
Nível técnico
Nivel superior
Especialização
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
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5.4. Desempenho das empresas
O resultado do faturamento agregado das empresas pesquisadas em 2014
apresentou uma queda quando comparado ao ano anterior em -7,5% e em
relação ao crescimento de 2013 sobre o faturamento de 2012 foi de +83,4%
(gráfico 17). Vale ressaltar que uma das empresas pesquisadas iniciou suas
atividades em 2012. Gráfico 17: Faturamento Real (R$)
Uma empresa informou que obteve o crescimento do faturamento por conta da
elevação dos preços. Suas vendas de 2014 comparadas com o ano anterior
apresentou um crescimento de 6%.
Quando questionadas sobre o custo total, uma empresa apresentou
crescimento entre 0,1% a 5% em relação ao ano anterior e a outra entre 5,1%
a 10% (gráfico 18). Justificaram que foi devido à elevação do custo de mão de
obra e da matéria prima e a incidência de impostos (gráfico 19).
Gráfico 18: Aumento do Custo Total (%)
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
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Gráfico 19: Justificativas para aumento dos Custos (%)
Sobre a margem de lucro, em 2014 uma empresa afirma que houve redução entre 0,1% a 5%, enquanto a outra teve uma margem inalterada em comparação com o ano anterior (gráfico 20).
Gráfico 20: Margem de Lucro
As empresas pesquisadas foram unânimes em relatar que os principais
obstáculos que as impediram de crescer foram os riscos econômicos
excessivos.
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
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O gráfico 21 apresenta o resultado do ICMS apurado no ano de 2014 que, em
relação ao ano anterior, apresentou queda de 7,5%.
Gráfico 21: Arrecadação ICMS (R$)
5.5. Fatores associados à competitividade
O gráfico 22, a seguir, apresenta os fatores que contribuíram para a
competitividade do setor. O preço, a capacidade de atendimento e design de
produto foram os fatores de maior importância para o aumento da
competitividade de acordo com os empresários.
Gráfico 22: Fatores de Competitividade
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Água Mineral/Ideies
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5.6. Inovação
As empresas pesquisadas desenvolveram novos produtos nos últimos dois
anos.
O setor específico para o desenvolvimento de novos produtos para uma das
empresas foi o setor de marketing que desenvolveu os produtos internamente à
empresa.
Esses produtos desenvolvidos em 2014 pelas empresas entrevistadas
apresentaram como resultado um alto impacto na imagem da marca e na
satisfação dos clientes. Contribuíram também para o aumento do faturamento e
para uma melhor comunicação com os clientes.
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6. CONCLUSÃO
A qualidade de produtos e serviços é hoje um quesito indispensável em toda a
cadeia produtiva do setor de águas minerais. Além da obrigatoriedade do
cumprimento da legislação que regulamenta o setor, a adoção de boas práticas
pelas empresas distribuidoras é também uma exigência do mercado. Com
consumidores cada vez mais bem informados, aumenta a demanda por
produtos que atendam expectativas de maior controle da água oferecida.
As empresas sentem hoje os efeitos da grande quantidade de fábricas no
mercado que promove uma verdadeira guerra comercial, impondo às pequenas
e médias empresas locais a concorrência com as grandes, que se utilizam da
sua infraestrutura de vendas e distribuição. Concorrem também com aquelas
que, por terem custos operacionais baixos, lançam seus produtos com preços
muito reduzidos.
No mercado há uma grande quantidade de empresas oferecendo novas
marcas de água mineral. Inclusive o que faz com que estes setores pratiquem
uma política comercial de forçar os preços para baixo, reduzindo ainda mais a
margem de lucro. Deve-se ter em mente, portanto, que o lucro na venda de
água vem do grande volume comercializado e que a recuperação do capital
deve ser projetada para vários anos.
Apesar das dificuldades do setor, no que tange à alta tributação incidente sobre
o produto final, este mercado é estável e promissor. Deve-se ressaltar ainda a
importância da preocupação ambiental por parte das empresas do segmento
de água mineral engarrafada, uma vez que esta é uma preocupação social
crescente. Pode-se acrescentar que os grupos nacionais devem estar atentos
ao aumento da presença de capital externo de grandes grupos internacionais,
que possuem cada vez maior relevância no mercado de água mineral
brasileiro, acirrando a concorrência que não se detém apenas àquela entre as
pequenas empresas locais. Finalmente, podemos citar a crise hídrica pela qual
o Brasil passa desde 2014, que passa de oportunidade de alavancagem dos
volumes de vendas a ameaça na questão de esgotamento das fontes de água.