reÚso urbano de Água para fins nÃo potÁveis no brasil · 2017. 10. 20. · amanda teixeira de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Amanda Teixeira de Rezende Juiz de Fora 2016

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Page 1: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITAacuteRIA

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Amanda Teixeira de Rezende

Juiz de Fora 2016

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Amanda Teixeira de Rezende

Amanda Teixeira de Rezende

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental

e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de

Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental

Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes

Domeacutesticos

Orientador Renata de Oliveira Pereira

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

i

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu

chegasse ateacute aqui

Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e

companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu

irmatildeo

Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22

anos e por saber que sempre poderei contar com ele

Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e

tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial

Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes

estaremos sempre juntos

Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila

Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias

histoacuterias e vitoacuterias

Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante

um ano e meio

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o

conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e

imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho

ii

RESUMO

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se

tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de

esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para

fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional

sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao

meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de

interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento

das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de

qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees

jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere

tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender

aos criteacuterios propostos

Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de

aacutegua

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

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puacute

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cas

Aacutere

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itaacuteri

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agiacutes

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ccedilatildeo

de

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Co

mb

ate

agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Res

iden

cial

Irre

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Conta

to

dir

eto

Conta

to

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eto

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Irre

stri

to

Res

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o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 2: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Amanda Teixeira de Rezende

Amanda Teixeira de Rezende

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental

e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de

Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental

Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes

Domeacutesticos

Orientador Renata de Oliveira Pereira

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

i

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu

chegasse ateacute aqui

Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e

companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu

irmatildeo

Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22

anos e por saber que sempre poderei contar com ele

Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e

tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial

Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes

estaremos sempre juntos

Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila

Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias

histoacuterias e vitoacuterias

Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante

um ano e meio

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o

conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e

imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho

ii

RESUMO

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se

tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de

esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para

fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional

sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao

meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de

interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento

das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de

qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees

jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere

tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender

aos criteacuterios propostos

Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de

aacutegua

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

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Aacutere

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ccedilatildeo

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agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

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cial

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Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 3: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

Amanda Teixeira de Rezende

REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS

NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental

e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de

Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental

Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes

Domeacutesticos

Orientador Renata de Oliveira Pereira

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

i

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu

chegasse ateacute aqui

Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e

companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu

irmatildeo

Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22

anos e por saber que sempre poderei contar com ele

Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e

tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial

Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes

estaremos sempre juntos

Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila

Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias

histoacuterias e vitoacuterias

Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante

um ano e meio

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o

conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e

imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho

ii

RESUMO

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se

tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de

esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para

fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional

sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao

meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de

interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento

das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de

qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees

jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere

tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender

aos criteacuterios propostos

Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de

aacutegua

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

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nza

s

Aacutere

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Aacutere

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agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

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o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 4: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

i

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu

chegasse ateacute aqui

Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e

companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu

irmatildeo

Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22

anos e por saber que sempre poderei contar com ele

Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e

tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial

Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes

estaremos sempre juntos

Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila

Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias

histoacuterias e vitoacuterias

Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante

um ano e meio

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o

conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e

imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho

ii

RESUMO

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se

tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de

esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para

fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional

sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao

meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de

interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento

das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de

qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees

jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere

tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender

aos criteacuterios propostos

Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de

aacutegua

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

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puacute

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Aacutere

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itaacuteri

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ccedilatildeo

de

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agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Res

iden

cial

Irre

stri

to

Res

trit

o

Conta

to

dir

eto

Conta

to

indir

eto

Res

iden

cial

Pai

sagiacutes

tico

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Res

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trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Irre

stri

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Res

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o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 5: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

ii

RESUMO

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se

tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de

esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para

fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional

sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao

meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de

interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento

das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de

qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees

jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere

tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender

aos criteacuterios propostos

Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de

aacutegua

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

as

puacute

bli

cas

Aacutere

as

pa

rtic

ula

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itaacuteri

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ccedilatildeo

de

du

tos

Co

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ate

agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Res

iden

cial

Irre

stri

to

Res

trit

o

Conta

to

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eto

Conta

to

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Res

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Pai

sagiacutes

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stri

to

Res

trit

o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 6: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

iii

ABSTRACT

Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated

with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world

especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the

effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative

source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However

the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such

as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices

conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices

This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the

world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses

based on standards already internationally consolidated and recommendations in the

literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies

able to meet the proposed criteria

Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for

water reuse

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

as

puacute

bli

cas

Aacutere

as

pa

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ula

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itaacuteri

a

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de

Veiacute

culo

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ccedilatildeo

de

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ate

agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Res

iden

cial

Irre

stri

to

Res

trit

o

Conta

to

dir

eto

Conta

to

indir

eto

Res

iden

cial

Pai

sagiacutes

tico

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ivo

Res

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cial

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Res

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trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 7: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

iv

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE QUADROS vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 OBJETIVO 3

21 OBJETIVO GERAL 3

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3

3 METODOLOGIA 4

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5

42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15

44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA

DE REUacuteSO 20

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e

propostos na literatura 26

45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30

46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34

461 Paracircmetros fiacutesicos 34

462 Paracircmetros quiacutemicos 37

463 Paracircmetros bioloacutegicos 40

47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

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Aacutere

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itaacuteri

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ccedilatildeo

de

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agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Res

iden

cial

Irre

stri

to

Res

trit

o

Conta

to

dir

eto

Conta

to

indir

eto

Res

iden

cial

Pai

sagiacutes

tico

Rec

reat

ivo

Res

iden

cial

Irre

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Res

trit

o

Irre

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trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Irre

stri

to

Res

trit

o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 8: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

v

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52

476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54

48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56

481 Exemplos no Brasil 56

482 Exemplos internacionais 58

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61

51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61

52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66

53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE

PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73

54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80

55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83

6 CONCLUSAtildeO 85

7 RECOMENDACcedilOtildeES 86

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

12 2

45

7

1314

1718

21

2526 26 26

27 27

0

5

10

15

20

25

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

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nza

s

Aacutere

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agrave i

ncecirc

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Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

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gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

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Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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Page 9: REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL · 2017. 10. 20. · Amanda Teixeira de Rezende REÚSO URBANO DE ÁGUA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO BRASIL Trabalho Final

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo 14

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42

Figura 6 Tratamento completo 44

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo 64

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997 22

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH 26

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP 26

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3 27

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4 28

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses 33

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

38

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes 40

viii

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

43

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos 81

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis

CRT Cloro residual total

CT Coliformes totais

CTer Coliformes termotolerantes

DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC

DHWA Department of Health of Western Australia

DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio

ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas

ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos

N am Nitrogecircnio amoniacal

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

x

NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl

OD Oxigecircnio dissolvido

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

pH Potencial hidrogeniocircnico

PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

Ptotal Foacutesforo total

PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees

RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SST Soacutelidos suspensos totais

ST Soacutelidos totais

USEPA United States Environmental Protection Agency

MBR Biorreator de membranas

BAF Filtro bioloacutegico aerado

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a

Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB

2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados

Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc

O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo

associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de

aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm

sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a

ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em

diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e

qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos

O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua

como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na

aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de

aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de

efluentes tratados (USEPA 2012)

O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando

uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as

regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de

racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais

pela prioridade de uso da aacutegua

A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais

afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial

da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu

volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte

esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite

(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas

como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a

2

busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado

do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)

A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial

continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo

limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)

Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave

escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que

natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as

pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos

recursos hiacutedricos

3

2 OBJETIVO

21OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios

nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil

22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso

Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso

Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente

Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios

propostos neste trabalho

4

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa

bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de

aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e

internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea

Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua

foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse

como por exemplo Juiz de Fora MG

Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem

como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e

nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando

os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios

agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou

lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura

Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das

caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute

praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no

paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura

Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de

qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no

Brasil e no mundo

5

4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL

A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no

Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e

regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como

um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso

poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de

vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)

Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as

aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste

fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de

modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro

Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees

relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees

correspondentes

Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa

da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo

metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em

seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das

aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma

da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se

ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes

No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas

que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos

bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico

agriacutecola e privado

Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas

como

6

Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas

enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou

flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que

desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e

reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos

Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees

Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio

estabelecido sendo considerado de todos

Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos

particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas

Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi

dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto

com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees

afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a

aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de

aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam

exclusivamente agrave Uniatildeo

Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da

Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais

sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e

deliberativo superior do sistema

Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua

qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da

qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela

Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no

territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes

segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta

foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que

dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes

7

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua

a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de

uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava

os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de

uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e

o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da

Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis

necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de

regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)

Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e

desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em

termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo

internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos

Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e

Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo

dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)

A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de

utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos

ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua

como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os

conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com

a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos

hiacutedricos (RAPOPORT 2004)

A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade

federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000

No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos

anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas

na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)

8

Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos

Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012

No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem

fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da

aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se

o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de

extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente

tanto nas zonas urbanas quanto rurais

42REUacuteSO DE AacuteGUA

Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso

natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua

doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem

grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada

demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por

exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem

precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

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Tota

l de

Co

mit

ecircs E

stad

uai

s C

riad

os

Ano

Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos

Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo

Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH

9

a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do

reuacuteso da aacutegua

O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E

MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades

domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo

Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo

no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA

FILHO E MANCUSO 2003)

A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta

diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006

ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)

(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos

(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como

fertilizantes e raccedilatildeo animal

(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou

improdutivas

(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo

impactos ambientais

(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de

aacutegua dentro de uma comunidade

(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento

global dos recursos hiacutedricos

(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de

reuacuteso

O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado

diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso

ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud

BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso

10

Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em

alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo

controlada

Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados

satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante

Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes

convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de

descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos

necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de

aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao

padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento

Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma

uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso

direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes

sugere a seguinte classificaccedilatildeo

Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)

Uso direto de esgotos natildeo tratados

Uso direto de esgotos tratados

Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo

Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso

formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de

autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro

A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental

(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a

mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o

reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes

serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos

natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na

Figura 2

11

Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)

Fonte elaborado pelo autor

Reuacuteso potaacutevel

Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento

avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel

Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas

superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e

subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua

potaacutevel

Reuacuteso natildeo potaacutevel

Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores

frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e

forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais

Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para

utilizaccedilatildeo em caldeiras etc

Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas

ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem

de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais

etc

Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma

adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-

se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem

12

Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave

obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos

efluentes tratados

Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de

efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas

superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante

O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de

aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada

das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection

Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo

caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo

dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e

consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes

(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de

aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques

puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar

condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes

ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em

instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras

fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por

exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)

421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis

Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta

proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos

de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros

esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e

banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos

Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de

13

Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia

(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)

Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio

urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de

aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de ruas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam

resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais

atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins

natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo

humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente

para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para

fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de

distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista

econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de

uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as

atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de

reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades

como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista

14

Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave

agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao

local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das

aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila

alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos

(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de

salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o

cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo

de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E

AISSE 2006)

Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano

tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute

referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da

utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que

atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os

usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a

Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos

Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo

Largo

Fonte Gohringer (2006)

5346

1

Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)

15

43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS

Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio

primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de

ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos

comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo

representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes

principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que

possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo

eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de

limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua

constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e

inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON

SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no

Quadro 1

Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco

Qu

iacutemic

os

DQO (mgL) 800 400 200

DBO520 (mgL) 400 200 100

OD (mgL) 0 0 0

Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20

Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10

Amocircnia livre (mgL) 50 20 10

Nitrito (mgL) 01 005 0

Nitratos (mgL) 04 02 01

Foacutesforo total (mgL) 20 10 5

Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2

Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3

Fiacutes

ico

s

ST (mgL) 1160 730 370

SST (mgL) 360 230 120

Bio

loacutegic

os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109

E coli (ECgfezes) 109

Helmintos (ovos100mL) 10sup3

Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia

agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

16

O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes

tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de

reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente

(BAZZARELLA 2005)

Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto

sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma

Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos

sanitaacuterios

Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e

papel higiecircnico principalmente

Aacutegua amarela representando somente a urina

Aacutegua marrom representando somente as fezes

A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom

funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a

ser utilizado

A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para

lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se

que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de

aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave

ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial

atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute

que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a

potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)

17

Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares

Fonte Rapoport (2004)

Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a

localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social

costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado

(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2

(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)

Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro

Partiacuteculas de comida

oacuteleo gordura

mais poluentes

bloqueio nos sistemas de

aplicaccedilatildeo no solo

CTer (2x109 UFC100

mL)

Detergentes

CTer1 (25 a107 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos dos

sabotildees (fosfatos

nitrogecircnio amocircnia etc)

Soacutelidos em suspensatildeo

turbidez e DBO

elevados

Menos poluiacutedas

CTer (104 a106 UFC100

mL)

Produtos quiacutemicos mais

diluiacutedos

1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente

CTer coliformes termotolerantes

UFC unidades formadoras de colocircnias

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes

Fonte Adaptado de Rapoport (2004)

As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores

estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4

9

6

5

6

28

29

17lav roupa

tanque

lav louccedila

lavatoacuterio

chuveiro

bacia sanitaacuteria

pia (cozinha)

18

Rapoport

(2004)

Christova-

Boal et al

(1998)1

Borges

(2003)

Siegrist et

al (1976)1

Bazzarella (2005)

Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL 200-360

653 582

DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165

Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02

NTK mgL 2 - 10 46 - 20

17 56 34

N am mgL 003-21 lt01 - 15

2 05 08

Nitrito mgL 0001-002

003 003

OD mgL 01-44

462

pH 47-75 64 - 81 72

SST mgL 90-160

120 146 103

Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305

Temperatura 241 29

Cor (Hz)

9

Condutividade

82 - 250

Alcalinidade

24 - 43

Oacuteleos e graxas

37 - 78

Cloreto

9 -18

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT

NMP100ml 104 - 107

500 -

24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104

CTer

NMP100ml 102 - 106

170 -

33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500

Salmonella

NMP100ml 0 ndash 10sup2

nd

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

OD oxigecircnio dissolvido

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

Nd natildeo detectaacutevel

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros

Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)

19

Christova-Boal et al

(1998)1

Siegrist et al

(1976)1

Bazzarella

(2005)

Lavanderia Lavanderia Lava-roupas

Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos

DQO mgL

521

DBO520 mgL 48 - 290 380 184

Ptotal mgL 0062 - 42 57 144

NTK mgL 1 - 40 21 36

Nam mgL lt01 - 19 07 15

Nitrito mgL

011

pH 93 - 10

SST mgL

280 53

Turbidez UT 50 - 210

Temperatura

32

Condutividade 190 - 1400

Alcalinidade 83 - 200

Oacuteleos e graxas 8 - 35

Cloreto 9 - 88

Paracircmetros Bacterioloacutegicos

CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537

CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104

1 Bazzarella (2005)

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

no 5ordm dia agrave 20 ordmC

SST soacutelidos suspensos totais

E coli Escherichia coli

Ptotal Foacutesforo total

NTK nitrogecircnio total Kjeldahl

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias

Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)

O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por

exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com

o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)

destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o

reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas

pluviais

Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo

eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que

dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico

20

De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute

utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais

nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua

em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo

(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas

cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada

por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em

bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a

120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo

Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser

consideradas as seguintes recomendaccedilotildees

Evitar contato direto com a aacutegua cinza

Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio

incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado

Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru

Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com

desinfecccedilatildeo)

Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso

44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA

AacuteGUA DE REUacuteSO

O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso

da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees

teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a

aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica

dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo

devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas

servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas

21

A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de

novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a

praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm

determina que

Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta

Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades

I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para

fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos

e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil

edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana

II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de

reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas

III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso

para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio

ambiente

IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em

processos atividades e operaccedilotildees industriais e

V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a

criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos

sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as

modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo

estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes

A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997

classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns

criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros

5 e 6)

22

Classe Usos Preponderantes

1 Lavagem de carros e

Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel

aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes

2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins

Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes

3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios

4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e

Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo

pontual

Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR

139691997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4

Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000

SDT (mgL) lt 200 - - -

pH Entre 60

e 80

- - -

Cloro residual (mgL) Entre 05

e 15

gt 05 - -

Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes

pH potencial hidrogeniocircnico

SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais

Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997

Fonte ABNT NBR 13969 (1997)

No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR

foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e

um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos

Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o

Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei

tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo

de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a

conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua

Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de

2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no

estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande

estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos

23

tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a

limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e

de chuvas as alternativas propostas

Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios

seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como

mostrado no Quadro 7

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo

Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de

setembro de 2003

Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo

e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE

Estado de Satildeo

Paulo

Decreto nordm 48138 de 7

de outubro de 2003

Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do

uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo

Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de

dezembro de 2004

Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras

providecircncias

Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de

marccedilo de 2005

Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de

esgoto

Cidade de Satildeo

Paulo

Lei nordm 14018 de 28 de

junho de 2005

Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso

racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Campinas Lei nordm 12474 de 16 de

janeiro de 2006

Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras

providecircncias

Manaus Lei nordm 1192 de 31 de

dezembro de 2007

Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e

uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas

Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de

dezembro de 2009

Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e

reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias

Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de

abril de 2011

Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e

lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras

providecircncias

Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho

de 2011

Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema

de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees

puacuteblicas e privadas

Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de

dezembro de 2011

Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas

tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios

residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas

edificaccedilotildees isoladas que menciona

Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de

julho de 2013

Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e

Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e

daacute outras providecircncias

Estado de Satildeo

Paulo

Deliberaccedilatildeo CRH nordm

156 de 11 de dezembro

de 2013

Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo

potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto

(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos

Juiz de Fora Lei Complementar nordm

020 de 16 de dezembro

de 2014

Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no

Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo

alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis

Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas

Fonte elaborada pelo autor

24

A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem

natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta

responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes

da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida

NBR (Quadro 8)

Paracircmetros Limites

Turbidez Inferior a 5 UT

pH Entre 60 e 90

Cor Ateacute 15 UH

Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL

Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL

Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL

Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL

Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ

Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011

A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e

Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a

elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins

urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito

estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009

Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e

Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram

reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a

maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na

reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho

natildeo havia entrado em vigor

Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de

reuacuteso

Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as

necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado

de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de

25

esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o

puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto

Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas

viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso

Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de

concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de

perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento

de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros

Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos

Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva

construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na

parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem

contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento

do interior dos veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram

baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial

de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide

as aacuteguas de reuacuteso em duas classes

Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e

lavagem de veiacuteculos

Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9

26

Paracircmetros Classe A 3 Classe B

CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL

Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L

Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL

Turbidez le 5 UT le 5 UT

DBO520 le 30 mgL le 20 mgL

SST le 30 mgL le 30 mgL

Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL

Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL

1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo

2 apoacutes 30 min de tempo de contato

3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo

conjunta SASSMASSRH

Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)

441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por

instituiccedilotildees e propostos na literatura

O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP

(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim

como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes

e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)

Classe Usos Preponderantes

1 Descarga de bacias sanitaacuterias

Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)

Lavagem de roupas

Lavagem de veiacuteculos

2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de

concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira

3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim

4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado

Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o

SINDUSCON-SP

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

27

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros

11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe

4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves

outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados

Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3

Turbidez (UT) lt 2 - lt 5

Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30

CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL

SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500

SST (mgL) le 5 30 lt 20

pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90

Odor e Aparecircncia Natildeo

desagradaacuteveis

Natildeo

desagradaacuteveis

-

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1

COV Ausentes Ausentes

Nitrato (mgL) lt 10 -

N am (mgL) le 20 -

Nitrito (mgL) le 1 -

P total (mgL) le 01 -

Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30

Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt

30

CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10

Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30

Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins

e similares

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

ST soacutelidos totais

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

Ptotal Foacutesforo total

Nam nitrogecircnio amoniacal

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

NMP Nuacutemero mais provaacutevel

COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis

CRT Cloro residual total

Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as

classes 1 2 e 3

Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)

28

Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo

Siacutelica 50 50

Alumiacutenio - 01

Ferro - 05

Manganecircs - 05

Amocircnia - 10

SDT 1000 500

SST 5000 100

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

pH 50 ndash 83 68 - 72

CT (NMP100 mL) - 22

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Foacutesforo - 10

Caacutelcio 200 50

Magneacutesio - 30

Oxigecircnio dissolvido Presente -

DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado

DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

SDT Soacutelidos dissolvidos totais

pH potencial hidrogeniocircnico

CT coliformes totais

Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)

para a classe 4

Fonte SINDUSCON-SP (2005)

O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo

chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de

Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano

de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e

predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas

recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de

risco (Quadro 13)

29

Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)

Usos irrestritos (1) le 200 le 1

Usos restritos (2) le 1x104 le 1

Uso predial (3) le1x103 le 1

(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com

exposiccedilatildeo similar

(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com

acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na

construccedilatildeo

(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50

mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a

geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento

(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se

determinar E coli

(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica

Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as

concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade

microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade

esteticamente natildeo objetaacutevel

O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos

de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo

terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para

usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se

recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)

necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios

Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006

A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso

desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis

como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos

acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres

desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de

normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas

30

internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e

bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE

2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega

de jardins se encontram no Quadro 14

Paracircmetros Limites

DBO 25 mgL (95 das amostras)

SST 35 mgL (95 das amostras)

CRT entre 2 e 10 mgL

Turbidez lt 20 UT

pH entre 6 a 9

Oacuteleos e graxas visualmente ausente

CTer lt 200 NMP100mL

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

pH potencial hidrogeniocircnico

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP

Fonte SEMURA et al (2005)

45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL

Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo

praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)

Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes

centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais

atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia

Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)

As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia

na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012

(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua

para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas

O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas

aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um

31

niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de

exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)

Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e

publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e

os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA

compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os

padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo

descritos no Quadro 15

Estados Unidos

Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito

Turbidez (NTU) le 2 -

CTer

(NMP100 mL)

Natildeo detectaacutevel le 200

Soacutelidos Suspensos Totais

(mgL)

- le 30

pH 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10

DBO (mgL) le 10 le 30

Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA

Fonte Adaptado de USEPA (2012)

De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental

(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de

qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-

potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos

natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos

satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)

Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies

externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos

sanitaacuterios e maacutequinas de lavar

Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave

incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial

exposiccedilatildeo humana e controle de poeira

32

Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e

irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no

Quadro 16

Austraacutelia

Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3

Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -

E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000

SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30

pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20

DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20

Colifagos (NMP100mL) lt 1 -

Clostridium(NMP100mL) lt 1 -

Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA

Fonte Adaptado de DHWA (2011)

As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se

dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os

quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos

de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)

Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro

17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de

reuacuteso adotados ao redor do mundo

33

DB

O (

mg

L)

SS

T (

mg

L)

CT

er

(NM

P1

00

mL

)

Tu

rbid

ez (

UT

)

pH

Ov

os

de

hel

min

tos

Oacutele

os

e g

raxa

s

(mg

L)

Clo

ro r

esi

du

al

(mg

L)

Co

r (u

C)

Espanha1

Residencial 10 0 2

110L -

Irrestrito 20 200 10 110L

Restrito 35 10000

Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15

Contato indireto 30 30 1000 5 15

Japatildeo 3

Residencial ND 2 58 a

86

ge

01049

Paisagiacutestico 1000 2 40

Recreativo ND 2 01049 10

Greacutecia4

Residencial 10 10 2 01L

Irrestrito 20 100 1 1L

Restrito 10000

Chipre5 Irrestrito 15 15 100

0

Restrito 30 45 1000

0

Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8

Restrito 35 20 250

Araacutebia

Saudita7

Irrestrito 10 10 22

6 a 84 1

Restrito 40 40 1000 ND

1 Real Decreto 16202007

2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997

3 Tajima et al (2007)

4 Brissaud (2006)

5 Papaiacovou et al (2012)

6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)

7 Al-Hajri (2009)

8 Em 80 das amostras em 50 das amostras

9 Livre combinado

Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em

outros paiacuteses

Fonte Elaborado pelo autor

34

46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO

461 Paracircmetros fiacutesicos

Cor

O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da

cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor

verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute

reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)

A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da

aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria

orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os

trihalometanos (VON SPERLING 2005)

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser

detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo

humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo

quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por

filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)

A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o

valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua

conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes

responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco

direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso

em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de

turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por

espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

35

Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira

nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos

sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10

UNT para filtraccedilatildeo lenta

Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de

soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute

possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados

sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por

SST asymp (SSTf)(T)

Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL

SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1

T ndash turbidez NTU

O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios

sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Soacutelidos presentes na aacutegua

Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a

carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas

simplificadamente da seguinte forma

a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado

Soacutelidos em suspensatildeo

Soacutelidos coloidais

Soacutelidos dissolvidos

b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas

Soacutelidos volaacuteteis

Soacutelidos fixos

c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade

36

Soacutelidos sedimentaacuteveis

Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis

Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do

cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos

suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY

2003)

Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido

agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de

origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a

fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro

inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e

como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING

2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos

meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos

(VON SPERLING 2005)

Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees

corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias

potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade

determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo

37

462 Paracircmetros quiacutemicos

Potencial hidrogeniocircnico (pH)

O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)

dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a

14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo

de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos

domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de

sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH

baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto

que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas

tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)

Nitrogecircnio

O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)

nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)

nitrito (NO2-) e nitrato (NO3

-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos

bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de

animais e fertilizantes)

O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas

concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da

amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio

podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos

peixes (VON SPERLING 2005)

As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro

18)

Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de

efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio

amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a

efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso

38

Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio

Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em

curso drsquoaacutegua

Nitrogecircnio orgacircnico

Amocircnia

Nitrito (em menores concentraccedilotildees)

Nitrato

Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato

Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo

Nitrogecircnio orgacircnico (em menores

concentraccedilotildees)

Amocircnia

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato

Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo

desnitrificaccedilatildeo

Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as

formas de nitrogecircnio

Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees

Fonte Von Sperling (2005)

Foacutesforo

O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e

foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de

mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos

domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)

Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em

elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de

lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam

fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

Mateacuteria orgacircnica

A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente

da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos

nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E

EDDY 2003)

39

Compostos de proteiacutenas (40 a 60)

Carboidratos (25 a 50)

Gorduras e oacuteleos (8 a 12)

Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)

A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou

dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua

determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou

diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a

determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de

Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)

Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de

efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar

atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um

indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a

estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a

anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura

de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano

desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO

Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a

Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs

o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser

ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo

miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que

comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e

Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas

comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua

baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto

satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos

40

podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes

invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)

463 Paracircmetros bioloacutegicos

Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias

fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da

aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de

especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos

patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma

doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas

pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias

protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)

Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas

resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)

ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas

podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes

por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)

A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo

desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)

Organismo

Concentraccedilatildeo no

esgoto bruto

(NMP100mL)

Dose infectante

(nuacutemero de

organismos)

Bacteacuterias

Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010

Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010

Shigella 1 -103 10 ndash 20

Salmonela 102 -104 10 - 108

Protozoaacuterios

Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10

Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20

Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20

Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10

Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10

Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas

doses infectantes correspondentes

Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

41

Organismos indicadores

Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas

aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos

mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos

Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do

grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel

sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de

viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da

aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os

consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)

Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo

coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo

humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal

humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos

patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes

(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal

(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora

intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes

organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO

Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser

classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro

20 Figura 5)

42

Tratamento

preliminar

Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros

Remoccedilatildeo de gorduras

Remoccedilatildeo de areia

Tratamento

primaacuterio

Sedimentaccedilatildeo

Flotaccedilatildeo

Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff

reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)

Digestatildeo do lodo e secagem do lodo

Tratamento

secundaacuterio

Filtraccedilatildeo bioloacutegica

Processos de lodos ativados

Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)

Tratamento

terciaacuterio

Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos

Processos de remoccedilatildeo de nutrientes

Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por

carvatildeo membranas)

Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)

Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos

Fonte Campos (1999)

O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e

soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes

enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de

elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de

43

tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)

recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio

poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados

podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser

alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)

(USEPA 2012)

Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua

utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias

adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua

de reuacuteso

De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de

acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)

Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade

Irrestrito

Secundaacuterio

Filtraccedilatildeo

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 10 mgL DBO

le 2 NTU

CTer natildeo detectaacuteveis 100mL

ge1 mgL CRT

Restrito Secundaacuterio

Desinfecccedilatildeo

pH = 6 a 9

le 30 mgL DBO

le 30 mgL SST

le 200 CTer 100mL

ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez

CRT cloro residual total

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs

Fonte USEPA (2012)

Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que

atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles

Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que

envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A

remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter

um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e

o manejo dos soacutelidos

44

Figura 6 Tratamento completo

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de

clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que

10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU

normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores

que 2 NTU

Figura 7 Filtraccedilatildeo direta

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema

que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com

um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao

tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus

Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato

Fonte Metcalf amp Eddy (2003)

45

471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio

As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo

Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir

Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida

denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto

afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e

pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo

aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de

poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros

constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt

30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute

necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria

orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo

secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o

restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com

concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com

uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O

esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os

microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a

atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de

remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY

2003)

Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a

biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de

mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do

material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo

removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada

46

eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em

suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim

por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo

aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada

de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de

oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A

eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E

PESSOcircA 2011)

Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma

lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O

que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO

E PESSOcircA 2011)

Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de

estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um

ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores

bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo

de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de

reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos

assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior

havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no

meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute

menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de

decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

47

Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em

efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO

(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de

85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo

pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de

mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO

BASTOS E AISSE 2006)

Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com

certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma

intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no

fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo

existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema

fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de

remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave

falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra

aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas

unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)

melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo

da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio

As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de

acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes

compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento

visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA

2014)

48

visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo

visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos

visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes

visando a desinfecccedilatildeo do efluente

Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)

Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de

soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste

sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo

dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS

E AISSE 2006)

O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute

indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas

removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas

As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem

de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros

materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio

ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende

do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo

(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)

Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais

na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade

na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-

tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)

Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O

processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de

tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos

com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este

49

processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo

com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)

Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo

de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos

multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos

e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser

utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso

potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de

efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de

microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo

tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo

de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)

Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido

que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de

microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e

da biomassa (METCALF E EDDY 2003)

O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo

de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute

aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito

maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais

(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)

Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos

biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio

Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo

hidraacuteulica

Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias

SST e DBO

Menor produccedilatildeo de lodo

50

Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais

Alto investimento inicial

Custos consideraacuteveis com trocas das membranas

Altos custos de energia

Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas

Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado

Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo

da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos

recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor

(METCALF E EDDY 2003)

Processos oxidativos avanccedilados (POAs)

Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos

complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica

transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de

tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser

utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes

compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)

474 Desinfecccedilatildeo de efluentes

O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute

necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e

sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais

comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de

tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo

tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes

formas

Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em

combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados

51

Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma

de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter

sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia

Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os

trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com

efeitos adversos agrave sauacutede humana

Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento

secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para

vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave

plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas

culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO

BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que

concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem

causam danos agrave maioria das plantas

A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo

requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute

necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente

menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos

sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes

termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto

pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de

energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)

As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo

facilidade de operaccedilatildeo

eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos

natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos

curto tempo de contato

melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes

52

Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes

secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo

baixa concentraccedilatildeo de SST requerida

limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e

mateacuteria graxa

natildeo deixa residual desinfetante

custo relativamente elevado

possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a

irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)

A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou

filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais

segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo

necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para

reduzir a demanda de ozocircnio

limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST

uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida

custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona

formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos

475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes

As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e

suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22

53

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm(ovoL)

Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1

Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de

maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1

UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1

UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria

+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo

ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1

Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos

Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)

54

476 Tratamento de aacuteguas cinzas

No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de

tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em

residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala

(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez

uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos

os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se

assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)

Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas

cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo

floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)

propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC

Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser

composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado

como substrato em compostagem local

Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a

produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana

Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a

produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas

Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios

De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou

aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade

satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo

avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas

Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados

(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios

residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e

com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo

ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas

55

cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a

mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas

gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23

DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)

Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106

MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND

BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104

Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte Rapoport (2004)

Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas

DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais

(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes

sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio

menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes

termotolerantes menor que 200 NMP100mL

O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no

Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira

seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo

liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia

da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente

aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como

cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este

sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)

entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na

desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o

efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo

menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes

Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas

tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de

patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia

(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO

56

menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis

(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)

Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos

esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o

sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico

compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de

ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e

SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU

48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO

481 Exemplos no Brasil

CEDAE

A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem

utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso

urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha

A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante

instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para

tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15

milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado

pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso

biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos

do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de

Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para

reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da

estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer

bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)

A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do

tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de

fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)

57

Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo

Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco

mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo

Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a

umidade do lodo dentro da proacutepria ETE

Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho

Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade

superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua

de reuacuteso obtidos na ETE Penha

DQO

(mgL)

DBO

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT)

pH

Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73

Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74

Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE

Fonte Adaptado de CEDAE (2008)

SABESP

A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das

pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos

inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso

para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para

diversas finalidades como (SABESP 2016)

Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos

Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem

Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra

Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais

Combate a incecircndios

Rega aacutereas verdes

Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos

58

A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e

Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso

anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)

Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional

desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos

padrotildees adotados internacionalmente

A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior

empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e

quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para

produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista

O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios

de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que

a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO

2016)

482 Exemplos internacionais

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais

fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)

Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos

Estados Unidos

Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -

como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia

Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha

Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo

Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros

paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26

59

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1912 a

1985

Golden Gate Park Satildeo

Francisco Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos

ornamentais

1926 Grand Canyon National

Park Arizona

Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado

aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores

1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins

1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e

rodovias

1961 Distrito de Irvine Ranch

Water Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em

grandes edificaccedilotildees

1962 Distrito de County

Sanitation de Los Angeles

Califoacuternia

Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo

em Montebello Forebay

1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de

escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo

em torres de resfriamento

1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero

Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em

usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

1987 Agecircncia Nacional de

Monterey de Controle da

Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua

Monterey Califoacuternia

Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo

alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor

Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos

Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)

Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano

1890 Cidade do

Meacutexico Meacutexico

Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s

de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da

regiatildeo metropolitana

1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente

foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de

passageiros

1962 La Soukra

Tuniacutesia

Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para

reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas

1968 Windhoek

Namiacutebia

Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para

aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel

1969 Wagga Wagg

Australia

Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e

cemiteacuterios

1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares

1984 Governo

Metropolitano de

Toacutequio

Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o

reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias

de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas

1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe

Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses

Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)

Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por

exemplo

60

Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas

de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)

Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados

ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al

1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo

de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996

HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes

tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve

em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)

Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o

local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana

(GOHRINGER 2006)

61

5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA

A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a

partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau

gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A

partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso

racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas

legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a

ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a

determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros

Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos

sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso

As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a

adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si

quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas

bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas

informaccedilotildees

Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos

mencionados neste trabalho tais como

Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de

rodovias etc

Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes

Descarga de toaletes

Combate a incecircndios

Lavagem de veiacuteculos

Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas

Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial

Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira

62

Estado

municiacutepio Legislaccedilatildeo

Tipo de

efluente

Locais

de

interesse

Usos previstos

Efl

uen

tes

de

ET

Es

Aacuteg

ua

s ci

nza

s

Aacutere

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Aacutere

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itaacuteri

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ccedilatildeo

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agrave i

ncecirc

nd

io

Nuacute

mero

Tota

l d

e u

sos

Curitiba Lei Nordm

107852003 X x 1

Estado de

Satildeo Paulo

Decreto nordm

481382003 x X x x 1

Vitoacuteria Lei nordm

62592004 x x x x 2

Cuiabaacute Lei nordm

47482005 x x x x x x x 4

Cidade de

Satildeo Paulo

Lei nordm

140182005 X x x

Campinas Lei nordm

124742006 x X x x x x x x 5

Manaus Lei nordm

11922007 X x x x x 3

Florianoacutepolis Lei nordm

80802009 X x x 1

Aracaju Lei nordm

40262011 X x x 1

Niteroacutei Lei ndeg

28562011 X x x x x x x x 5

Juiz de Fora Lei nordm

124482011 X

x

Paraiacuteba Lei ndeg

100332013 X x

Estado de

Satildeo Paulo

Deliberaccedilatildeo

CRH nordm

1562013 x x x x x x x x x x 7

Juiz de Fora

Lei

complementar

0202014 X x

Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo

mencionam usos especiacuteficos

Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

63

Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados

em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como

infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por

exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo

metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua

observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de

aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de

ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo

a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute

refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de

Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero

de usos

Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em

meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27

Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias

lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo

atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27

que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

64

consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua

de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na

Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados

na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares

Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso

Fonte elaborado pelo autor

Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo

com a legislaccedilatildeo

Fonte elaborado pelo autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Usos contemplados

Efluente de ETE Aacutegua cinza

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aacutegua cinza Efluente de ETE

Nuacute

mer

o d

e le

gisl

accedilotilde

es

Tipo de aacutegua de reuacuteso

Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares

65

Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de

captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo

assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz

com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior

interesse

O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto

suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de

aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de

dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora

combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser

considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim

No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de

distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se

encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que

tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto

isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo

bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de

caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino

Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees

referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e

Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode

estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros

urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de

Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema

Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003

Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005

Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013

Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo

ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que

antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos

66

52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO

As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos

criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida

No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios

devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua

de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses

criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial

Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem

valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam

consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas

locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis

Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos

principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito

metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade

adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que

adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um

grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL

No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso

irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei

que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem

atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles

visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100

mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le

500 le1000 NMP100 mL

67

Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma

restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso

Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

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Conta

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Res

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o

Uso

1

Uso

2

Uso

3

DBO

(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20

SST

(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30

CTer

(NMP10

0mL)

ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200

Turbidez

(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -

pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85

Ovos de

helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1

Oacuteleos e

graxas

(mgL)

- le 15 le 15

Cloro

residual

(mgL)

ge 01049

ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20

Cor (uC) le 40 le 10

Colifagos

(NMP

100mL)

lt 1 -

Clostridi

um (NMP

100mL)

lt 1 -

Araacutebia

Saudita7Chipre

5Espanha

1Meacutexico

2Japatildeo

3Greacutecia

4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6

OMS

68

NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins

paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua

etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros

construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC

condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo

Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano

Fonte elaborada pelo autor

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B

Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5

CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104

le1x103 le 200 le 200

SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200

SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30

pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90

Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05

DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20

Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA

Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15

Odor e Aparecircncia NO NO

ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L

Nitrato (mgL) lt 10

N Amoniacal (mgL) le 20

Nitrito (mgL) le 1

N total (mgL) 5 - 30

Foacutesforo Total (mgL) le 01

OD (mgL) gt 2

Salinidade (EC - dSm) 07 - 30

Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100

Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30

Boro (mgL) 07 30

COV - - - ausentes ausentes ausentes

PROSAB SESSMASSRHParacircmetros

NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei

69

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP

100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helminto

sL

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01

Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15

Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10

Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1

Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes

Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221

Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1

Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20

Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10

OMS le 200 le 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -

Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30

PROSAB Irrestritos le 200 le 1

SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1

SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10

Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15

1 Em 80 das amostras em 50 das amostras

2 Livre combinado

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

NMP nuacutemero mais provaacutevel

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

VA visualmente ausentes

Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito

Fonte elaborada pelo autor

70

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

L

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cloro

residual

(mgL)

Cor

(uC)

Inte

rnac

ionai

s

Espanha Restrito le 35 le 1x104

Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15

Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40

Greacutecia Restrito le 1x104

Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes

Israel Restrito le 35 le 20 le 250

Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND

Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85

02 -

20

Estados

Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90

ge 10

OMS le 200 lt 1

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05

Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1

PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito

Fonte elaborada pelo autor

71

Paracircmetros DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Turbidez

(UT) pH

Ovos de

helmintos

Cloro

residual

(mgL)

Oacuteleos

e

graxas

(mgL)

Cor

Aparente

(UH) In

tern

acio

nai

s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L

Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a

86 0104

Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L

Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash

85 02 -

20

Nac

ionai

s

NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -

Sinduscon-

SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2

60 -

90 - le 1 le 10

PROSAB Descargas

sanitaacuterias le 1000 le 1

Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CTer coliformes termotolerantes

NMP nuacutemero mais provaacutevel

Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias

Fonte elaborada pelo autor

72

Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os

internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST

turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de

grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais

recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute

1000 NMP100mL

Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes

e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo

considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que

propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos

nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica

No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros

30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e

menos rigorosos

Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial

+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso

DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10

SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10

CTer (NMP

100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes

le 1000 (3)

Turbidez

(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10

pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9

Ovos de

helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1

Oacuteleos e

graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1

Cloro residual

(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104

Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10

1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL

2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos

3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL

VA visualmente ausentes

Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e

internacionalmente

Fonte elaborado pelo autor

73

No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem

proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa

determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso

No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave

concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104

sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL

Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam

por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente

mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o

criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o

Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o

teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional

e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL

53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE

QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO

A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de

qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)

poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito

Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e

usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico

descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo

similar

Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e

paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento

de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de

aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios

A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho

baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e

adotados nacional e internacionalmente

74

Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos

Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos

aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da

Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha

contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA

recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso

irrestrito

Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas

de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a

USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR

13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho

Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam

aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o

questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo

De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser

utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo

consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas

para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques

e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo

de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)

estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade

Excelente - CTer le 250 NMP100mL

Muito boa - CTer le 500 NMP100mL

Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL

Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que

Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL

Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL

75

Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses

adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de

coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez

que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas

ao contato primaacuterio

No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de

forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a

ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357

admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274

classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este

deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito

Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma

para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter

contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva

irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO

1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito

Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez

Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem

nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas

na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10

mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e

le 10 mgL para residencial

Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste

trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-

se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente

Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo

satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua

grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a

valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente

76

Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de

le 5 UNT para usos restritos

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)

Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos

irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para

usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL

Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da

eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os

tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo

com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes

apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL

Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10

mgL e de le 30 mgL para usos restritos

Cloro residual total (CRT)

Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente

variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)

A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por

exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011

determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio

de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo

permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo

realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente

clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30

minutos

77

Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)

0 4 8 12 16 20 30

Clorofoacutermio

(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364

CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200

CTer

(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02

Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens

Fonte Pianowski e Janissek (2003)

Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para

efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de

lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo

Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de

cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT

sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente

Levando em consideraccedilatildeo que

ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes

que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais

sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande

parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA

2011)

que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL

que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para

clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de

contado de 30 minutos

e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h

(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo

de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS

29142011 para CRT lt 20 mgL

Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de

05 a 20 mgL

78

Cor

Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas

poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo

Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso

irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos

Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem

ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a

aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite

adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito

No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto

para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos

orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo

logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica

consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor

Odor

O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e

gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou

desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer

aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas

Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar

obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio

aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes

para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito

79

pH

Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso

permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura

indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de

reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos

Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho

se encontram no Quadro 35

Paracircmetro Irrestrito Restrito

CTer (NMP100mL) le 200 le 1000

DBO (mgL) le 10 le 30

SST (mgL) le 20 le 30

Turbidez (UNT) le 2 le 5

pH 6 - 9 6 ndash 9

Cor (uC) le 15 le 40

Ovos de helmintos L lt 1

CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20

Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo

Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes

CTer coliformes termotolerantes

DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio

SST soacutelidos suspensos totais

CRT cloro residual total

Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor

Fonte elaborado pelo autor

80

54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS

No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas

cinzas segundo a literatura estudada respectivamente

Paracircmetro Banheiro Lavanderia

DQO mgL 200 -653 521

DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380

Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57

NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40

N am mgL 003 - 15 lt01 - 19

Nitrito mgL 0001 - 003 011

OD mgL 01 - 462 -

pH 47 - 81 93 - 10

SST mgL 90 - 160 53 - 280

Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210

CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105

CTer

UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104

Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo

com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do

reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de

aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos

turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31

Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a

qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios

utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que

apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio

conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos

55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O

REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL

O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da

aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos

81

Sistema

Qualidade meacutedia do efluente

DBO

(mgL)

SST

(mgL)

CTer

(NMP100mL)

Ovos

helm

(ovoL)

Usos restritos

Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1

UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1

UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1

UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1

UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1

Usos irrestritos e restritos

Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo

terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +

filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo

carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +

microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1

Natildeo

detectaacuteveis lt 1

Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua

de reuacuteso estabelecidos

Fonte elaborado pelo autor

Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em

relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos

O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos

restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de

desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de

atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem

natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute

se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave

microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos

82

Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le

10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos

terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL

Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria

e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo

No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as

principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38

Tecnologias DBO

(mgL)

SST

(mgL)

Turbidez

(UNT)

Coliformes

totais

(NMP100mL)

Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND

Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41

32 plusmn 89 2x104 plusmn

55x104

Wetlands construiacutedos 0 lt 200

Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes

Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3

Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND

Reator anaeroacutebio + filtro aerado

submerso + decantador

secundaacuterio + clorador + UV

(ETE compacta)

lt 10 lt 10 lt 5 ND

Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas

Fonte elaborada pelo autor

Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de

DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados

relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de

produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito

Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de

DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le

250 mgL tambeacutem natildeo

Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de

atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO

83

necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos

os paracircmetros

Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar

concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de

membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se

estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que

apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra

especializada

551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes

Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International

Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso

paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente

exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento

o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados

Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a

qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se

escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente

requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo

Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores

de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para

produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos

especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY

2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso

urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego

destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo

elevada

No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo

radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo

84

potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em

cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser

desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel

85

6 CONCLUSAtildeO

O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do

reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a

realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a

implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso

Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e

escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio

satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo

Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a

qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso

tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis

Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo

necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade

Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades

de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o

aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades

como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins

ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de

redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de

utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa

O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as

caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos

sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema

de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo

que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo

mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios

86

7 RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua

de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o

reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que

A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a

praacutetica segura

O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para

diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso

necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes

Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de

reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel

Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no

mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo

ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc

Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios

Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como

hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos

87

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