reÚso urbano de Água para fins nÃo potÁveis no brasil · 2017. 10. 20. · amanda teixeira de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITAacuteRIA
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Amanda Teixeira de Rezende
Juiz de Fora 2016
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Amanda Teixeira de Rezende
Amanda Teixeira de Rezende
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Trabalho Final de Curso apresentado ao
Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental
e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de
Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental
Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes
Domeacutesticos
Orientador Renata de Oliveira Pereira
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
i
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu
chegasse ateacute aqui
Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e
companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu
irmatildeo
Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22
anos e por saber que sempre poderei contar com ele
Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e
tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial
Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes
estaremos sempre juntos
Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila
Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias
histoacuterias e vitoacuterias
Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante
um ano e meio
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o
conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e
imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho
ii
RESUMO
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se
tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de
esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para
fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional
sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao
meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de
interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento
das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de
qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees
jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere
tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender
aos criteacuterios propostos
Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de
aacutegua
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Amanda Teixeira de Rezende
Amanda Teixeira de Rezende
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Trabalho Final de Curso apresentado ao
Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental
e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de
Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental
Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes
Domeacutesticos
Orientador Renata de Oliveira Pereira
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
i
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu
chegasse ateacute aqui
Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e
companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu
irmatildeo
Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22
anos e por saber que sempre poderei contar com ele
Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e
tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial
Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes
estaremos sempre juntos
Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila
Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias
histoacuterias e vitoacuterias
Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante
um ano e meio
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o
conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e
imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho
ii
RESUMO
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se
tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de
esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para
fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional
sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao
meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de
interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento
das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de
qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees
jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere
tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender
aos criteacuterios propostos
Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de
aacutegua
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
Amanda Teixeira de Rezende
REUacuteSO URBANO DE AacuteGUA PARA FINS
NAtildeO POTAacuteVEIS NO BRASIL
Trabalho Final de Curso apresentado ao
Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental
e Sanitaacuteria da Universidade Federal de Juiz de
Fora como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Engenheiro Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Saneamento Ambiental
Linha de pesquisa Tratamento de Efluentes
Domeacutesticos
Orientador Renata de Oliveira Pereira
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
i
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu
chegasse ateacute aqui
Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e
companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu
irmatildeo
Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22
anos e por saber que sempre poderei contar com ele
Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e
tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial
Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes
estaremos sempre juntos
Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila
Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias
histoacuterias e vitoacuterias
Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante
um ano e meio
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o
conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e
imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho
ii
RESUMO
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se
tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de
esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para
fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional
sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao
meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de
interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento
das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de
qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees
jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere
tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender
aos criteacuterios propostos
Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de
aacutegua
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
i
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente agrave Deus que me deu o dom da vida permitindo que eu
chegasse ateacute aqui
Aos meus pais Maria dos Anjos e Adilson por serem exemplos de amor e
companheirismo e sobretudo pelo amor e apoio incondicionais dedicados a mim e meu
irmatildeo
Ao meu irmatildeo Guilherme por tornar a minha vida mais ldquodifiacutecilrdquo e mais feliz haacute 22
anos e por saber que sempre poderei contar com ele
Agrave voacute Tida vocirc Geraldo voacute Maria e vocirc Tengo por serem exemplos de forccedila e luta e
tambeacutem por sempre acreditarem no meu potencial
Agrave toda minha famiacutelia por me ensinar que a uniatildeo faz a forccedila e que mesmo distantes
estaremos sempre juntos
Aos amigos que a engenharia me deu especialmente agrave Amanda Mari Camila
Marcinha Cris e Laura por compartilharem comigo risos laacutegrimas confidecircncias
histoacuterias e vitoacuterias
Aos amigos que fiz no Ciecircncia sem Fronteiras por terem sido a minha famiacutelia durante
um ano e meio
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
UFJF que batalharam e continuam batalhando pelo sucesso do curso por todo o
conhecimento transmitido em especial agrave professora Renata pelo tempo dedicado e
imensa paciecircncia e compreensatildeo durante a realizaccedilatildeo deste trabalho
ii
RESUMO
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se
tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de
esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para
fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional
sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao
meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de
interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento
das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de
qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees
jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere
tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender
aos criteacuterios propostos
Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de
aacutegua
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
ii
RESUMO
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo principalmente nos grandes centros urbanos O reuacuteso da aacutegua tem se
tornado mais importante e cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de
esgotos e as aacuteguas cinzas vecircm se destacando como uma fonte alternativa de aacutegua para
fins que natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel No entanto a falta de regulamentaccedilatildeo nacional
sobre o assunto pode trazer consequecircncias indesejaacuteveis como riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao
meio ambiente o uso de praacuteticas inadequadas conflitos de competecircncias e de
interesses levando ao descreacutedito da praacutetica do reuacuteso Este trabalho faz um levantamento
das legislaccedilotildees e normas sobre reuacuteso urbano no Brasil e no mundo propotildee criteacuterios de
qualidade de aacutegua de reuacuteso urbano para usos irrestritos e restritos com base em padrotildees
jaacute consolidados internacionalmente e em recomendaccedilotildees na literatura e ainda sugere
tecnologias de tratamentos de efluentes domeacutesticos e de aacuteguas cinzas capazes de atender
aos criteacuterios propostos
Palavras chave reuacuteso de aacutegua reuacuteso urbano reuacuteso natildeo potaacutevel criteacuterios para reuacuteso de
aacutegua
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
iii
ABSTRACT
Population growth and the consequent changes in land use and occupation associated
with climatic events has exacerbated the challenges of water supply around the world
especially in large urban centers Water reclamation has become more important and the
effluents from sewage treatment plants and greywater are arising as an alternative
source of water for purposes that do not require drinking water increasingly However
the lack of national legislation on the subject can bring undesirable consequences such
as risks to public health and the environment the use of inappropriate practices
conflicts of jurisdiction and interests leading to discredit of water reclamation practices
This work is a survey of the laws and regulations on urban reuse in Brazil and the
world and proposes water quality criteria for unrestricted and restricted urban uses
based on standards already internationally consolidated and recommendations in the
literature it also suggests domestic wastewater and greywater treatment technologies
able to meet the proposed criteria
Keywords water reuse water reclamation urban reuse non-potable reuse criteria for
water reuse
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
iv
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE QUADROS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVO 3
21 OBJETIVO GERAL 3
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 3
3 METODOLOGIA 4
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
41 A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL 5
42 REUacuteSO DE AacuteGUA 8
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis 12
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS 15
44 REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA AacuteGUA
DE REUacuteSO 20
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por instituiccedilotildees e
propostos na literatura 26
45 REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL 30
46 PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO 34
461 Paracircmetros fiacutesicos 34
462 Paracircmetros quiacutemicos 37
463 Paracircmetros bioloacutegicos 40
47 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO 41
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio 45
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio 47
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas 48
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
v
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes 50
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes 52
476 Tratamento de aacuteguas cinzas 54
48 EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO 56
481 Exemplos no Brasil 56
482 Exemplos internacionais 58
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 61
51 LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA 61
52 CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO 66
53 DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE
PARA AacuteGUA DE REUacuteSO 73
54 CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS 80
55 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL 80
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes 83
6 CONCLUSAtildeO 85
7 RECOMENDACcedilOtildeES 86
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos 8
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984) 11
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo 14
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares 17
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos 42
Figura 6 Tratamento completo 44
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta 44
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato 44
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo 63
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso 64
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo 64
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos 15
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes 17
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros 18
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias 19
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997 22
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997 22
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas 23
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ 24
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH 26
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP 26
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3 27
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4 28
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios 29
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA 31
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA 32
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses 33
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
38
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes 40
viii
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos 42
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
43
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos 53
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas 55
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE 57
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos 59
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses 59
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso 62
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 67
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano 68
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito 69
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito 70
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias 71
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e 72
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens 77
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor 79
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas 80
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos 81
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas 82
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COV Compostos Orgacircnicos Volaacuteteis
CRT Cloro residual total
CT Coliformes totais
CTer Coliformes termotolerantes
DBO Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
DBO520 Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia agrave 20 degC
DHWA Department of Health of Western Australia
DNAEE Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DQO Demanda quiacutemica de oxigecircnio
ETAC Estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas
ETE Estaccedilatildeo de tratamento de esgotos
N am Nitrogecircnio amoniacal
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
x
NTK Nitrogecircnio total Kjeldahl
OD Oxigecircnio dissolvido
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PERH Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
pH Potencial hidrogeniocircnico
PNMA Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente
Ptotal Foacutesforo total
PURAE Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees
RMSP Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
SINDUSCON-SP Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SST Soacutelidos suspensos totais
ST Soacutelidos totais
USEPA United States Environmental Protection Agency
MBR Biorreator de membranas
BAF Filtro bioloacutegico aerado
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O reuacuteso de aacutegua natildeo eacute um conceito recente existem relatos de sua praacutetica desde a
Greacutecia Antiga com a disposiccedilatildeo de esgotos e sua utilizaccedilatildeo na irrigaccedilatildeo (CETESB
2015) Jaacute eacute praticado amplamente para diversas finalidades em paiacuteses como Estados
Unidos Austraacutelia Chipre Israel Japatildeo Meacutexico e etc
O crescimento populacional e as consequentes mudanccedilas no uso e ocupaccedilatildeo do solo
associados agrave fenocircmenos climaacuteticos tem exacerbado os desafios do abastecimento de
aacutegua pelo mundo Cada vez mais os efluentes de estaccedilotildees de tratamento de esgotos vecircm
sendo considerados como uma fonte alternativa de aacutegua em vez de simplesmente algo a
ser descartado Neste contexto o reuacuteso da aacutegua tem se tornado mais importante em
diversos paiacuteses que sofrem com secas disponibilidade de aacutegua doce em quantidade e
qualidade e ainda elevadas demandas nos grandes centros urbanos
O reuacuteso da aacutegua apresenta vaacuterios benefiacutecios aleacutem de aumentar o suprimento de aacutegua
como por exemplo melhora a produccedilatildeo agriacutecola devido aos nutrientes presentes na
aacutegua reduz o consumo de energia associado agrave produccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de
aacutegua potaacutevel reduz o aporte de nutrientes nos corpos receptores devido ao reuacuteso de
efluentes tratados (USEPA 2012)
O Brasil que eacute detentor de 12 das reservas de aacutegua doce do mundo vem enfrentando
uma crise hiacutedrica sem precedentes desde 2014 A seca atingiu as principalmente as
regiotildees sudeste e centro-oeste do paiacutes levando cidades a iniciar programas de
racionamento diminuir a geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica e a conflitos interestaduais
pela prioridade de uso da aacutegua
A regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo maior metroacutepole das Ameacutericas foi a aacuterea mais
afetada pela crise hiacutedrica O sistema de reservatoacuterios da Cantareira principal manancial
da regiatildeo e responsaacutevel pelo abastecimento de 88 milhotildees de pessoas esgotou o seu
volume uacutetil chegando a utilizar o volume morto levando a cidade a passar por um forte
esquema de racionamento reduzindo cerca de 75 do abastecimento durante a noite
(THE GUARDIAN 2014) Aleacutem do racionamento outras medidas foram tomadas
como incentivos financeiros em programas de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua e a
2
busca por mananciais alternativos como o Rio Jaguari objeto de conflito com o Estado
do Rio de Janeiro (THE GUARDIAN 2014)
A tendecircncia eacute que a praacutetica do reuacuteso aumente a medida que a populaccedilatildeo mundial
continue se urbanizando e se concentrando na costa onde fontes de aacutegua potaacutevel satildeo
limitadas ou demande alto investimento para captaccedilatildeo (USEPA 2012)
Este contexto mostra o quanto os grandes centros urbanos satildeo vulneraacuteveis em relaccedilatildeo agrave
escassez hiacutedrica Dessa forma a utilizaccedilatildeo de aacuteguas e qualidade inferior para fins que
natildeo necessitam de aacutegua potaacutevel pode contribuir significativamente para aliviar as
pressotildees sobre os jaacute escassos mananciais de aacutegua doce melhorando assim a gestatildeo dos
recursos hiacutedricos
3
2 OBJETIVO
21OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisatildeo bibliograacutefica a respeito de criteacuterios
nacionais e internacionais de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
e propor criteacuterios para reuacuteso de aacuteguas para fins urbanos natildeo potaacuteveis no Brasil
22OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar os usos urbanos com potencial para reuacuteso
Caracterizar as aacuteguas cinzas adequadas para a praacutetica de reuacuteso
Conhecimento das legislaccedilotildees e padrotildees vigentes nacional e internacionalmente
Propor sistemas de tratamento de aacutegua de reuacuteso para atendimento dos criteacuterios
propostos neste trabalho
4
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o presente trabalho consistiu em uma extensa pesquisa
bibliograacutefica sobre os temas ldquoreuacuteso urbano de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo e ldquoreuacuteso de
aacuteguas cinzasrdquo Levantou-se legislaccedilotildees e criteacuterios de qualidade nacionais e
internacionais assim como projetos de pesquisa nesta aacuterea
Para o levantamento de legislaccedilotildees estaduais e municipais referentes ao reuacuteso de aacutegua
foram feitas pesquisas para cada estado e suas capitais e algumas cidades de interesse
como por exemplo Juiz de Fora MG
Foram elaborados quadros relacionando todas as legislaccedilotildees e suas aplicaccedilotildees bem
como Quadros com todos os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso internacionais e
nacionais encontrados na literatura Elaborou-se Quadros comparativas contemplando
os usos pretendidos e os valores propostos pela literatura Em seguida estes criteacuterios
agrupados em um quadro com suas faixas de variaccedilatildeo
A caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas foi feita de acordo com a origem destas (banheiro ou
lavanderia) utilizando valores encontrados na literatura
Os criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso urbano foram propostos a partir das
caracteriacutesticas dos efluentes da avaliaccedilatildeo dos principais usos dos criteacuterios jaacute
praticados dos riscos agrave sauacutede puacuteblica e ao meio ambiente das legislaccedilotildees vigentes no
paiacutes e de recomendaccedilotildees na literatura
Os sistemas de tratamento mais adequados foram sugeridos a partir dos criteacuterios de
qualidade de aacuteguas de reuacuteso propostos considerando-se as praacuteticas mais difundidas no
Brasil e no mundo
5
4 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
41A LEGISLACcedilAtildeO HIacuteDRICA DO BRASIL
A preocupaccedilatildeo com o tratamento juriacutedico do uso e preservaccedilatildeo da aacutegua eacute antiga no
Brasil ainda no iniacutecio do seacuteculo XX o Coacutedigo Civil de 1916 jaacute fazia menccedilatildeo ao tema e
regulava o direito de uso de tal recurso natural Nesta legislaccedilatildeo a aacutegua era tratada como
um bem de domiacutenio privado e de valor econocircmico limitado desta forma o recurso
poderia ser utilizado de forma indiscriminada desde que preservasse os direitos de
vizinhanccedila como visto nos artigos 563 e 568 do Coacutedigo Civil (MELO et al 2012)
Art 563 O dono do preacutedio inferior eacute obrigado a receber as
aacuteguas que correm naturalmente do superior Se o dono deste
fizer obras de arte para facilitar o escoamento procederaacute de
modo que natildeo piore a condiccedilatildeo natural e anterior do outro
Art 568 Seratildeo pleiteadas em accedilatildeo sumaacuteria as questotildees
relativas agrave servidatildeo de aacuteguas e agraves indenizaccedilotildees
correspondentes
Alguns anos depois a Constituiccedilatildeo Federal de 1934 assegurou a competecircncia privativa
da Uniatildeo de legislar sobre os bens do domiacutenio federal riquezas do subsolo mineraccedilatildeo
metalurgia aacuteguas energia hidreleacutetrica florestas caccedila e pesca e a sua exploraccedilatildeo Em
seu artigo 119 a Constituiccedilatildeo Federal determinou que aproveitamento industrial das
aacuteguas e da energia hidraacuteulica dependeria de autorizaccedilatildeo ou concessatildeo federal na forma
da lei Segundo Melo et al (2012) tal interesse em gerir os recursos hiacutedricos deveu-se
ao crescimento da demanda energeacutetica no paiacutes
No mesmo ano o Decreto 24643 de 10 de julho 1934 instituiu o Coacutedigo das Aacuteguas
que classificava os tipos de aacutegua dispunha sobre a contaminaccedilatildeo dos corpos hiacutedricos
bem como determinava os criteacuterios de seu aproveitamento para abastecimento puacuteblico
agriacutecola e privado
Em relaccedilatildeo ao domiacutenio das aacuteguas o Coacutedigo das Aacuteguas de 1934 classificava as aacuteguas
como
6
Aacuteguas puacuteblicas de uso comum Ex mares territoriais inclusive golfos baiacuteas
enseadas e portos as aacuteguas interiores correntes ou dormentes navegaacuteveis ou
flutuaacuteveis as aacuteguas correntes ou braccedilos de quaisquer correntes puacuteblicas que
desembocando em outra tornam-na navegaacutevel ou flutuaacutevel e as fontes e
reservatoacuterios puacuteblicos Estas podiam ser de responsabilidade da Uniatildeo dos
Estados ou dos Municiacutepios dependendo de suas localizaccedilotildees
Aacuteguas comuns Ex correntes natildeo navegaacuteveis nem flutuaacuteveis Bem sem domiacutenio
estabelecido sendo considerado de todos
Aacuteguas particulares Ex nascentes e demais aacuteguas contidas em terrenos
particulares que natildeo fossem comuns ou puacuteblicas
Com a implementaccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas a responsabilidade de gerir o recurso foi
dada ao Departamento Nacional de Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) em conjunto
com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ndash em regiotildees
afetadas pela seca Aos Estados coube a criaccedilatildeo de oacutergatildeos incumbidos de assegurar a
aplicaccedilatildeo do Coacutedigo como por exemplo conceder autorizaccedilotildees para a derivaccedilatildeo de
aacuteguas As concessotildees para o aproveitamento de energia hidreleacutetrica cabiam
exclusivamente agrave Uniatildeo
Em 1981 quase 50 anos depois da instituiccedilatildeo do Coacutedigo das Aacuteguas houve a criaccedilatildeo da
Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e instituiu-se o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA) constituiacutedo por oacutergatildeos federais estaduais e municipais
sendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o oacutergatildeo consultivo e
deliberativo superior do sistema
Ateacute entatildeo a gestatildeo da aacutegua limitava-se ao fator quantidade sem preocupaccedilatildeo com a sua
qualidade poreacutem com a Resoluccedilatildeo CONAMA 020 de 1986 iniciou-se a gestatildeo da
qualidade das aacuteguas no paiacutes Sendo esta posteriormente revogada e substituiacuteda pela
Resoluccedilatildeo CONAMA 357 de 2005 que classifica as aacuteguas doces salobras e salinas no
territoacuterio nacional definindo os padrotildees de qualidade de cada uma dessas classes
segundo os seus usos preponderantes que exijam aacutegua de determinada qualidade Esta
foi posteriormente parcialmente alterada pela Resoluccedilatildeo CONAMA 430 de 2011 no que
dispotildee sobre as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes
7
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 trouxe mudanccedilas na questatildeo de dominialidade da aacutegua
a partir de entatildeo todas as aacuteguas passaram a serem consideradas como bens puacuteblicos e de
uso comum extinguindo-se os conceitos de aacuteguas comuns ou particulares o que tornava
os antigos proprietaacuterios de qualquer corpo hiacutedrico em meros detentores dos direitos de
uso dos mesmos A gestatildeo de recursos hiacutedricos foi repartida entre a Uniatildeo os Estados e
o Distrito Federal deixando a competecircncia para legislar sob o domiacutenio apenas da
Uniatildeo cabendo aos Estados disciplinar a gestatildeo dos recursos hiacutedricos e editar as leis
necessaacuterias A Constituiccedilatildeo ainda previu a criaccedilatildeo do Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos (SINGREH) que passou pelo processo de
regulamentaccedilatildeo no Congresso Nacional apenas em 1991 (MELO et al 2012)
Em 1992 apoacutes a realizaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o meio ambiente e
desenvolvimento conhecida como ECO-92 a Agenda 21 passou a nortear as accedilotildees em
termos de preservaccedilatildeo dos recursos naturais mas sem forccedila de uma normatizaccedilatildeo
internacional O capiacutetulo 18 intitulado ldquoProteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos
Recursos Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e
Uso dos Recursos Hiacutedricosrdquo foi o primeiro instrumento utilizado para auxiliar a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos no paiacutes (RAPOPORT 2004 MELO et al 2012)
A Resoluccedilatildeo CONAMA 201986 foi o instrumento legal que disciplinou a dinacircmica de
utilizaccedilatildeo das aacuteguas no paiacutes ateacute a instituiccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
ndash PNRH atraveacutes da Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 A PNRH reconheceu a aacutegua
como um bem finito e vulneraacutevel dotado de valor econocircmico e ainda introduziu os
conceitos de usuaacuterio pagador e outorga de uso da aacutegua expressando a preocupaccedilatildeo com
a quantidade da aacutegua captada e qualidade das aacuteguas servidas despejadas nos corpos
hiacutedricos (RAPOPORT 2004)
A Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) oacutergatildeo integrante do SINGREH eacute a entidade
federal responsaacutevel pela implementaccedilatildeo da PNRH criada pela Lei 9984 de 17072000
No acircmbito estadual Satildeo Paulo foi o pioneiro a implementar a Poliacutetica Estadual de
Recursos Hiacutedricos (PERH) e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hiacutedricos com a Lei Estadual 7663 de 1991 antes mesmo da Poliacutetica Nacional Nos
anos seguintes vaacuterios estados seguiram o exemplo e instituiacuteram suas proacuteprias poliacuteticas
na Figura 1 ilustra-se esta evoluccedilatildeo (MELO et al 2012)
8
Figura 1 Processo de instituiccedilatildeo das Poliacuteticas Estaduais de Recursos Hiacutedricos
Fonte ANA 2010 apud Melo et al 2012
No que diz respeito ao ldquoreuacuteso de aacuteguardquo a Poliacutetica Nacional de Meio Ambiente e a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos natildeo tratam diretamente sobre o tema poreacutem
fazem menccedilatildeo ao incentivo ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteccedilatildeo dos recursos ambientais bem como a racionalizaccedilatildeo do uso da
aacutegua onde o reuacuteso se encaixa como uma alternativa Na Agenda 21 capiacutetulo 18 lista-se
o reuacuteso de aacuteguas residuaacuterias e o aproveitamento de aacutegua da chuva como accedilotildees de
extrema importacircncia na gestatildeo dos recursos hiacutedricos e preservaccedilatildeo do meio ambiente
tanto nas zonas urbanas quanto rurais
42REUacuteSO DE AacuteGUA
Durante muito tempo a aacutegua foi considerada pela humanidade como sendo um recurso
natural inesgotaacutevel resultando em seu gerenciamento deficiente A escassez de aacutegua
doce atinge vaacuterias regiotildees do mundo e ateacute mesmo regiotildees que supostamente possuem
grandes reservas enfrentam problemas no abastecimento da populaccedilatildeo devido agrave elevada
demanda dos grandes centros urbanos e agrave deterioraccedilatildeo dos mananciais como por
exemplo a regiatildeo sudeste do Brasil que em 2014 enfrentou uma crise hiacutedrica sem
precedentes Este panorama vem levando agrave uma crescente conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo
12 2
45
7
1314
1718
21
2526 26 26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Tota
l de
Co
mit
ecircs E
stad
uai
s C
riad
os
Ano
Total de UFs com leis instituindo a Poliacutetica Estadual de Recursos Hiacutedricos
Lei Estadual 766391Instituiccedilatildeo do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos de Satildeo Paulo
Lei das Aacuteguas 943397Instituiccedilatildeo da PNRH e criaccedilatildeo do SINGREH
9
a respeito da importacircncia do uso racional do controle de perdas e desperdiacutecios e do
reuacuteso da aacutegua
O reuacuteso da aacutegua eacute definido por Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO E
MANCUSO 2003) como o aproveitamento de aacuteguas residuaacuterias de atividades
domeacutesticas e industriais utilizadas uma ou mais vezes para o seu uso original ou natildeo
Quando a aacutegua eacute reutilizada internamente para seu uso original antes de sua disposiccedilatildeo
no ambiente ou sistema de tratamento configura-se a ldquoreciclagem da aacuteguardquo (BREGA
FILHO E MANCUSO 2003)
A utilizaccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas como fonte alternativa de aacutegua apresenta
diversas vantagens como por exemplo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006
ASANO 2002 apud GOHRINGER 2006)
(i) Aliacutevio da demanda e preservaccedilatildeo da oferta de aacutegua para usos muacuteltiplos
(ii) A reciclagem de nutrientes proporcionando economia de insumos como
fertilizantes e raccedilatildeo animal
(iii) A ampliaccedilatildeo de aacutereas irrigadas e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas ou
improdutivas
(iv) A reduccedilatildeo do lanccedilamento de esgotos em corpos receptores reduzindo
impactos ambientais
(v) A promoccedilatildeo em longo prazo de uma fonte confiaacutevel de abastecimento de
aacutegua dentro de uma comunidade
(vi) O gerenciamento da demanda de aacutegua em periacuteodos de seca no planejamento
global dos recursos hiacutedricos
(vii) O encorajamento da populaccedilatildeo para conservar a aacutegua e adoccedilatildeo de praacuteticas de
reuacuteso
O reuacuteso pode ser decorrente de accedilotildees planejadas quando efluente tratado eacute reutilizado
diretamente ou indiretamente de forma consciente ou natildeo planejadas quando o reuacuteso
ocorre indiretamente sem que esta seja a intenccedilatildeo (LAVRADOR FILHO 1987 apud
BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Lavrador Filho (1987) propotildee a seguinte terminologia para diversas formas de reuacuteso
10
Reuacuteso indireto natildeo planejado da aacutegua eacute aquele em que a aacutegua utilizada em
alguma atividade humana eacute descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada agrave jusante em sua forma diluiacuteda de maneira natildeo intencional e natildeo
controlada
Reuacuteso indireto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes depois de tratados
satildeo descarregados de forma planejada para serem reutilizados a jusante
Reuacuteso direto planejado da aacutegua ocorre quando os efluentes apoacutes
convenientemente tratados satildeo encaminhados diretamente do seu ponto de
descarga ateacute o local do reuacuteso sofrendo em seu percurso os tratamentos
necessaacuterios mas natildeo sendo descarregados no meio Ex irrigaccedilatildeo recarga de
aquiacuteferos usos industriais e ateacute mesmo passar por tratamento para se adequar ao
padratildeo de potabilidade servindo como aacutegua de abastecimento
Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) em busca de uma
uniformizaccedilatildeo e levando em consideraccedilatildeo a existecircncia de vaacuterios exemplos de reuacuteso
direto intencional inclusive de forma planejada sem tratamento preacutevio dos efluentes
sugere a seguinte classificaccedilatildeo
Reuacuteso planejado ou natildeo planejado (formal e informal)
Uso direto de esgotos natildeo tratados
Uso direto de esgotos tratados
Uso indireto de esgotos tratados ou natildeo
Para Van Der Hoek (2004) apud Florencio Bastos e Aisse (2006) o que difere o reuacuteso
formal e informal eacute a existecircncia de algum niacutevel de permissatildeo ou controle por parte de
autoridades competentes em relaccedilatildeo ao primeiro
A classificaccedilatildeo adotada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
(ABES) divulgada nos ldquoCadernos de Engenharia Sanitaacuteria e Ambientalrdquo em 1992 eacute a
mesma proposta por Westerhoff (1984) apud Brega Filho e Mancuso (2003) em que o
reuacuteso de aacutegua eacute dividido em duas categorias potaacutevel e natildeo potaacutevel podendo estes
serem direto ou indireto e destinados agrave vaacuterias finalidades visto que a maioria dos usos
natildeo requer a qualidade de aacutegua potaacutevel Esta classificaccedilatildeo se encontra detalhada na
Figura 2
11
Figura 2 Classificaccedilatildeo dos tipos de reuacuteso segundo Westerhoff (1984)
Fonte elaborado pelo autor
Reuacuteso potaacutevel
Direto quando as aacuteguas residuaacuterias recuperadas por meio de tratamento
avanccedilado satildeo diretamente reutilizadas no sistema de aacutegua potaacutevel
Indireto as aacuteguas residuaacuterias apoacutes tratamento satildeo dispostas na coleccedilatildeo de aacuteguas
superficiais ou subterracircneas para diluiccedilatildeo purificaccedilatildeo natural e
subsequentemente captaccedilatildeo tratamento e finalmente utilizadas com aacutegua
potaacutevel
Reuacuteso natildeo potaacutevel
Para fins agriacutecolas fertirrigaccedilatildeo de plantas alimentiacutecias tais como aacutervores
frutiacuteferas cereais etc e plantas natildeo-alimentiacutecias tais como pastagens e
forrageiras e ainda dessedentaccedilatildeo de animais
Para fins industriais abrange os usos de refrigeraccedilatildeo aacuteguas de processo para
utilizaccedilatildeo em caldeiras etc
Para fins urbanos casos de reuacuteso de aacutegua para rega de jardins plantas
ornamentais campos de esportes e parques para descargas sanitaacuterias lavagem
de pavimentos e veiacuteculos e enchimento de lagoas ornamentais recreacionais
etc
Para manutenccedilatildeo de vazotildees utilizaccedilatildeo de efluentes tratados visando uma
adequada diluiccedilatildeo de eventuais cargas poluidoras em cursos de aacutegua incluindo-
se fontes difusas aleacutem de propiciar uma vazatildeo miacutenima na estiagem
12
Aquicultura consiste na produccedilatildeo de peixes e plantas aquaacuteticas visando agrave
obtenccedilatildeo de alimentos eou energia utilizando os nutrientes presentes nos
efluentes tratados
Recarga de aquiacuteferos subterracircneos pode se dar de forma direta pela injeccedilatildeo de
efluente tratado sob pressatildeo ou de forma indireta utilizando-se aacuteguas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante
O reuacuteso potaacutevel direto natildeo tem sido recomendado apesar de apresentar exemplos de
aplicaccedilatildeo praacutetica bem-sucedidos Isto se deve agrave dificuldade de caracterizaccedilatildeo detalhada
das aacuteguas residuaacuterias portanto representando um risco agrave sauacutede humana (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
A Agencia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (United States Environmental Protection
Agency ndash USEPA) subdivide os usos agriacutecolas e urbanos em restrito e irrestrito que satildeo
caracterizados pelo grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico a aacutereas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo
dos esgotos ou de plantas irrigadas (controle da exposiccedilatildeo humana) e
consequentemente as exigecircncias de tratamento e o padratildeo de qualidade de efluentes
(USEPA 2012) O uso irrestrito caracteriza-se pela praacutetica do reuacuteso natildeo potaacutevel de
aacutegua em instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute irrestrito como parques
puacuteblicos playgrounds jardins de escolas e residecircncias descargas sanitaacuterias ar
condicionado reserva de proteccedilatildeo agrave incecircndios usos na construccedilatildeo civil e fontes
ornamentais Em contrapartida o uso restrito representa o reuacuteso natildeo potaacutevel de aacutegua em
instalaccedilotildees municipais onde o acesso ao puacuteblico eacute controlado ou restrito por barreiras
fiacutesicas ou institucionais como cercas sinalizaccedilatildeo ou acesso temporaacuterio restrito por
exemplo campos de golfe cemiteacuterios e autoestradas (USEPA 2012)
421 Reuacuteso urbano para fins natildeo potaacuteveis
Gohringer (2006) afirma que o consumo de aacutegua no setor domeacutestico aumenta
proporcionalmente ao niacutevel de urbanizaccedilatildeo que por sua vez ldquoimplica em maiores gastos
de aacutegua na municipalidade como por exemplo em hospitais creches parques centros
esportivos e em residecircncias que possuem piscinas grandes jardins calccediladas e
banheirasrdquo Como exemplos deste padratildeo pode-se destacar o consumo de aacutegua nos
Estados Unidos que eacute de 250 Lhabdia podendo chegar a 2000 Lhab dia na cidade de
13
Nova York enquanto que nos paiacuteses da Aacutefrica satildeo consumidos apenas 15 L habdia
(Revista BIO 1999 apud GOHRINGER 2006)
Dentre as modalidades de reuacuteso este trabalho tem como foco as aplicaccedilotildees em meio
urbano que natildeo exijam a potabilidade da aacutegua que envolvem uma grande variedade de
aplicaccedilotildees como (BREGA FILHO E MANCUSO 2003)
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de ruas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
Considerando que o tratamento de efluentes de estaccedilotildees municipais apresentam
resultados com qualidade e seguranccedila as aacuteguas residuaacuterias deveriam receber mais
atenccedilatildeo como um novo recurso hiacutedrico capaz de atender agrave demanda de aacutegua para fins
natildeo potaacuteveis visto que a qualidade da aacutegua requerida natildeo eacute tatildeo alta como para consumo
humano e produccedilatildeo de alimentos Desta forma o reuacuteso contribuiria significantemente
para a reduccedilatildeo da pressatildeo sobre os mananciais e desoneraria o tratamento da aacutegua para
fins potaacuteveis (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Para uma maior abrangecircncia seria necessaacuterio a implantaccedilatildeo de redes duplas de
distribuiccedilatildeo de aacutegua o que torna esta alternativa menos atrativa do ponto de vista
econocircmico sendo mais viaacutevel a implantaccedilatildeo em aacutereas ainda em expansatildeo
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) No entanto mesmo sem a implantaccedilatildeo de
uma rede de distribuiccedilatildeo ainda eacute viaacutevel a praacutetica do reuacuteso em praticamente todas as
atividades citadas anteriormente sendo apenas necessaacuterio um reservatoacuterio de aacutegua de
reuacuteso e caminhotildees-pipa para o transporte e distribuiccedilatildeo modelo jaacute adotado em cidades
como o Rio de Janeiro e o ABC Paulista
14
Aleacutem dos usos mencionados Florencio Bastos e Aisse (2006) fazem referecircncia agrave
agricultura urbana onde o uso de efluentes domeacutesticos tratados produzidos proacuteximos ao
local a serem aplicados apresentam uma seacuterie de vantagens como evita a poluiccedilatildeo das
aacuteguas superficiais e subterracircneas reciclagem de nutrientes aumento da seguranccedila
alimentar geraccedilatildeo de emprego e renda e melhor gerenciamento dos recursos hiacutedricos
(BAUMGARTNER E BELEVI 2001 apud FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Uma preocupaccedilatildeo quando se utiliza efluentes tratados na irrigaccedilatildeo eacute o risco de
salinizaccedilatildeo e sodificaccedilatildeo dos solos A alta salinidade da aacutegua pode comprometer o
cultivo de plantas mais sensiacuteveis e a adiccedilatildeo de soacutedio ao solo pode provocar a dispersatildeo
de argilas que podem migrar e obstruir os poros do solo (FLORENCIO BASTOS E
AISSE 2006)
Como uma ilustraccedilatildeo das possiacuteveis aplicaccedilotildees de efluentes tratados no ambiente urbano
tem-se um estudo realizado por Gohringer (2006) na cidade de Campo largo ndash Paranaacute
referente a demanda de aacutegua para usos natildeo potaacuteveis que avaliou a possibilidade da
utilizaccedilatildeo do efluente tratado da estaccedilatildeo de tratamento de esgoto (ETE) de Cambuiacute que
atende aos criteacuterios de qualidade encontrados na literatura Este estudo observou que os
usos potenciais na cidade satildeo a limpeza puacuteblica e a irrigaccedilatildeo urbana como mostra a
Figura 3 destacou-se ainda a lavagem de veiacuteculos puacuteblicos dentre os demais usos
Figura 3 Anaacutelise quantitativa dos possiacuteveis usos natildeo potaacuteveis da aacutegua em Campo
Largo
Fonte Gohringer (2006)
5346
1
Limpeza puacuteblica Irrigaccedilatildeo urbana (Horto Florestal) Outros usos urbanos (CB-PMPR)
15
43 CARACTERIacuteSTICAS DAS AacuteGUAS RESIDUAacuteRIAS DOMEacuteSTICAS
Para se definir padrotildees de qualidade para as aacuteguas de reuacuteso faz-se necessaacuterio
primeiramente conhecer os principais elementos que constituem os esgotos sanitaacuterios de
ETEs Os esgotos sanitaacuterios satildeo constituiacutedos majoritariamente por despejos domeacutesticos
comerciais aacuteguas de infiltraccedilatildeo na rede coletora e eventualmente uma parcela natildeo
representativa de despejos industriais As aacuteguas residuaacuterias domeacutesticas satildeo provenientes
principalmente de residecircncias edifiacutecios comerciais instituiccedilotildees ou edificaccedilotildees que
possuam instalaccedilotildees que contenham banheiros cozinha ou lavanderia Sua composiccedilatildeo
eacute essencialmente aacutegua de banho urina fezes papel restos de comida produtos de
limpeza e aacuteguas de lavagem (JORDAtildeO amp PESSOcircA 2011) De maneira geral a aacutegua
constitui 999 do esgoto bruto a parcela restante eacute composta por soacutelidos orgacircnicos e
inorgacircnicos suspensos e dissolvidos aleacutem de microrganismos remanescentes (VON
SPERLING 2005) As caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos estatildeo citadas no
Quadro 1
Paracircmetros Esgoto Forte Esgoto Meacutedio Esgoto Fraco
Qu
iacutemic
os
DQO (mgL) 800 400 200
DBO520 (mgL) 400 200 100
OD (mgL) 0 0 0
Nitrogecircnio total (mgL) 85 40 20
Nitrogecircnio orgacircnico (mgL) 35 20 10
Amocircnia livre (mgL) 50 20 10
Nitrito (mgL) 01 005 0
Nitratos (mgL) 04 02 01
Foacutesforo total (mgL) 20 10 5
Foacutesforo orgacircnico (mgL) 7 4 2
Foacutesforo inorgacircnico (mgL) 13 6 3
Fiacutes
ico
s
ST (mgL) 1160 730 370
SST (mgL) 360 230 120
Bio
loacutegic
os Coliformes Totais (NMP100mL) 106 a 109
E coli (ECgfezes) 109
Helmintos (ovos100mL) 10sup3
Protozoaacuterios (cistos100mL) 10sup3 DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio no 5ordm dia
agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Quadro 1 Caracteriacutesticas tiacutepicas dos esgotos domeacutesticos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
16
O conceito de saneamento ecoloacutegico baseia-se na separaccedilatildeo dos fluxos dos diferentes
tipos de efluentes domeacutesticos de acordo com suas caracteriacutesticas com o objetivo de
reutilizaacute-los ou minimizaacute-los para reduzir sua liberaccedilatildeo no meio ambiente
(BAZZARELLA 2005)
Desta forma OTTERPOHL (2001) apud BAZZARELLA (2005) segrega o esgoto
sanitaacuterio gerado nas residecircncias da seguinte forma
Aacutegua cinza (greywater) aacuteguas servidas excluindo o efluente dos vasos
sanitaacuterios
Aacutegua negra (blackwater) efluente proveniente dos vasos fezes urina e
papel higiecircnico principalmente
Aacutegua amarela representando somente a urina
Aacutegua marrom representando somente as fezes
A caracterizaccedilatildeo destes tipos de aacutegua eacute de extrema importancia para o bom
funcioamento de sistemas de reuacuteso e para a escolha correta do processo de tratamento a
ser utilizado
A aacutegua cinza eacute geralmente originada pelo uso de sabatildeo ou de outros produtos para
lavagem do corpo de roupas ou de limpeza em geral Observando a Figura 4 verifica-se
que cerca de 70 das aacuteguas utilizadas em domiciacutelios contribuem para a geraccedilatildeo de
aacuteguas cinzas Por serem menos poluiacutedas que as aacuteguas negras no que diz respeito agrave
ausecircncia de fezes urina papel higiecircnico e etc as aacuteguas cinzas tem recebido especial
atenccedilatildeo como alternativa para reuacuteso sendo mais indicado para descargas sanitaacuterias jaacute
que em alguns paiacuteses como eacute o caso do Brasil utiliza-se aacutegua potaacutevel para fins onde a
potabilidade natildeo eacute considerada fator preponderante (Rapoport 2004)
17
Figura 4 Utilizaccedilatildeo de aacutegua em atividades domiciliares
Fonte Rapoport (2004)
Eacute importante destacar que a qualidade das aacuteguas cinzas variam de acordo com a
localidade e niacutevel de ocupaccedilatildeo da residecircncia faixa etaacuteria estilo de vida classe social
costumes dos moradores e com o tipo de fonte de aacutegua cinza que estaacute sendo utilizado
(lavatoacuterio chuveiro maacutequina de lavar etc) como pode ser visto no Quadro 2
(BAZZARELLA2005 RAPOPORT 2014)
Cozinha Lavagem de roupas Chuveiro e pia de banheiro
Partiacuteculas de comida
oacuteleo gordura
mais poluentes
bloqueio nos sistemas de
aplicaccedilatildeo no solo
CTer (2x109 UFC100
mL)
Detergentes
CTer1 (25 a107 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos dos
sabotildees (fosfatos
nitrogecircnio amocircnia etc)
Soacutelidos em suspensatildeo
turbidez e DBO
elevados
Menos poluiacutedas
CTer (104 a106 UFC100
mL)
Produtos quiacutemicos mais
diluiacutedos
1 CTer presentes na aacutegua da segunda e primeira lavagem respectivamente
CTer coliformes termotolerantes
UFC unidades formadoras de colocircnias
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
Quadro 2 Principais caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas de diferentes fontes
Fonte Adaptado de Rapoport (2004)
As aacuteguas cinzas provenientes de banheiros e lavanderias segundo diferentes autores
estatildeo caracterizadas nos Quadros 3 e 4
9
6
5
6
28
29
17lav roupa
tanque
lav louccedila
lavatoacuterio
chuveiro
bacia sanitaacuteria
pia (cozinha)
18
Rapoport
(2004)
Christova-
Boal et al
(1998)1
Borges
(2003)
Siegrist et
al (1976)1
Bazzarella (2005)
Banheiro Banheiro Banheiro Banheiro Lavatoacuterio Chuveiro
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL 200-360
653 582
DBO520 mgL 25-230 76 - 200 9653 170 265 165
Ptotal mgL 035-335 011 - 18 624 2 06 02
NTK mgL 2 - 10 46 - 20
17 56 34
N am mgL 003-21 lt01 - 15
2 05 08
Nitrito mgL 0001-002
003 003
OD mgL 01-44
462
pH 47-75 64 - 81 72
SST mgL 90-160
120 146 103
Turbidez UT 55-100 60 - 240 3305
Temperatura 241 29
Cor (Hz)
9
Condutividade
82 - 250
Alcalinidade
24 - 43
Oacuteleos e graxas
37 - 78
Cloreto
9 -18
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT
NMP100ml 104 - 107
500 -
24x107 942 x 105 70 - 8200 135x10sup2 395x104
CTer
NMP100ml 102 - 106
170 -
33x10sup3 4 x 10sup2 1 - 2500
Salmonella
NMP100ml 0 ndash 10sup2
nd
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
OD oxigecircnio dissolvido
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
Nd natildeo detectaacutevel
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 3 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de banheiros
Fonte Adaptado de RAPOPORT (2004) BAZZARELLA (2005) BORGES (2003)
19
Christova-Boal et al
(1998)1
Siegrist et al
(1976)1
Bazzarella
(2005)
Lavanderia Lavanderia Lava-roupas
Paracircmetros Fiacutesico-quiacutemicos
DQO mgL
521
DBO520 mgL 48 - 290 380 184
Ptotal mgL 0062 - 42 57 144
NTK mgL 1 - 40 21 36
Nam mgL lt01 - 19 07 15
Nitrito mgL
011
pH 93 - 10
SST mgL
280 53
Turbidez UT 50 - 210
Temperatura
32
Condutividade 190 - 1400
Alcalinidade 83 - 200
Oacuteleos e graxas 8 - 35
Cloreto 9 - 88
Paracircmetros Bacterioloacutegicos
CT NMP100ml 23x10sup3- 33x105 85 - 89x105 537
CTer NMP100ml 110 - 109x10sup3 9 - 816x104
1 Bazzarella (2005)
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
DBO520 demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
no 5ordm dia agrave 20 ordmC
SST soacutelidos suspensos totais
E coli Escherichia coli
Ptotal Foacutesforo total
NTK nitrogecircnio total Kjeldahl
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 4 Caracterizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas provenientes de lavanderias
Fonte Adaptado de Adaptado de BAZZARELLA (2005)
O reuacuteso de aacuteguas cinzas tratadas em residecircncias apresenta vaacuterios benefiacutecios como por
exemplo reduz o consumo de aacutegua potaacutevel consequentemente reduzindo os gastos com
o mesmo e o volume de contaminantes no solo e corpos drsquoaacutegua Alves et al (2009)
destaca que em em alguns casos principalmente em edificaccedilotildees de grande porte o
reuacuteso pode ser mais vantajoso economicamente do que o aproveitamento de aacuteguas
pluviais
Segundo Rapoport (2014) o reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de pias de cozinha natildeo
eacute aconcelhavel devido agrave elevada DBO e agrave presenccedila de oacuteleos e gorduras o que
dificultaria o tratamento desses a niacutevel domeacutestico
20
De acordo com a Portaria 29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede a aacutegua potaacutevel (que eacute
utilizada nas bacias sanitaacuterias) natildeo deve apresentar concentraccedilatildeo de coliformes totais
nem termotolerantes Seguindo este padratildeo o manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso da aacutegua
em edificaccedilotildees do Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil de Satildeo Paulo
(SINDUSCON-SP) sugere que os coliformes fecais devem estar ausentes nas aacuteguas
cinzas destinadas ao reuacuteso em bacias sanitaacuterias No entanto uma pesquisa apresentada
por Gonccedilalves (2006) no PROSAB IV confirma a presenccedila destes microrganismos em
bacias sanitaacuterias que utilizam aacutegua potaacutevel na faixa de 155x10sup2 a
120x105NMP100mL fato que pode indicar que o reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
natildeo representa risco ao usuaacuterio e que o valor sugerido eacute bastante restritivo
Segundo o NSWHEALTH (2002) para a praacutetica do reuacuteso de aacuteguas cinzas devem ser
consideradas as seguintes recomendaccedilotildees
Evitar contato direto com a aacutegua cinza
Em caso de reuacuteso da aacutegua cinza na descarga sanitaacuteria um tratamento preacutevio
incluindo uma etapa de desinfecccedilatildeo deve ser providenciado
Evitar a irrigaccedilatildeo de culturas agriacutecolas cujo produto possa ser ingerido cru
Evitar a interconexatildeo das redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
Evitar a estocagem de aacutegua cinza bruta (sem tratamento preacutevio com
desinfecccedilatildeo)
Identificar criteriosamente as redes de aacutegua potaacutevel e de aacutegua de reuacuteso
44REGULACcedilAtildeO NACIONAL E CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE PARA
AacuteGUA DE REUacuteSO
O Brasil ainda natildeo dispotildee de normatizaccedilatildeo teacutecnica especiacutefica para os sistemas de reuacuteso
da aacutegua em geral satildeo adotados padrotildees referenciais internacionais ou orientaccedilotildees
teacutecnicas produzidas por instituiccedilotildees privadas Este eacute um fator que tem dificultado a
aplicaccedilatildeo desta praacutetica no paiacutes pois a falta de legislaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo especiacutefica
dificulta o trabalho dos profissionais e pode colocar em risco a sauacutede da populaccedilatildeo
devido agrave falta de orientaccedilatildeo teacutecnica para a implantaccedilatildeo dos sistemas de reuacuteso das aacuteguas
servidas e a respectiva fiscalizaccedilatildeo de tais sistemas
21
A Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) Nordm 54 de 28 de
novembro de 2005 que estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a
praacutetica de reuacuteso direito natildeo potaacutevel de aacutegua e daacute outras providecircncias em seu Artigo 3ordm
determina que
Art 3ordm O reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua para efeito desta
Resoluccedilatildeo abrange as seguintes modalidades
I - reuacuteso para fins urbanos utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para
fins de irrigaccedilatildeo paisagiacutestica lavagem de logradouros puacuteblicos
e veiacuteculos desobstruccedilatildeo de tubulaccedilotildees construccedilatildeo civil
edificaccedilotildees combate a incecircndio dentro da aacuterea urbana
II - reuacuteso para fins agriacutecolas e florestais aplicaccedilatildeo de aacutegua de
reuacuteso para produccedilatildeo agriacutecola e cultivo de florestas plantadas
III - reuacuteso para fins ambientais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso
para implantaccedilatildeo de projetos de recuperaccedilatildeo do meio
ambiente
IV - reuacuteso para fins industriais utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso em
processos atividades e operaccedilotildees industriais e
V - Reuacuteso na aquicultura utilizaccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso para a
criaccedilatildeo de animais ou cultivo de vegetais aquaacuteticos
sect 2ordm As diretrizes criteacuterios e paracircmetros especiacuteficos para as
modalidades de reuacuteso definidas nos incisos deste artigo seratildeo
estabelecidos pelos oacutergatildeos competentes
A Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) atraveacutes NBR 139691997
classifica as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes e ainda estabelece alguns
criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso de acordo com seus usos pretendidos (Quadros
5 e 6)
22
Classe Usos Preponderantes
1 Lavagem de carros e
Outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua com possiacutevel
aspiraccedilatildeo de aerossoacuteis pelo operador incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins
Manutenccedilatildeo dos lagos e canais para fins paisagiacutesticos exceto chafarizes
3 Reuacuteso nas descargas dos vasos sanitaacuterios
4 Reuacuteso nos pomares cereais forragens pastagem para gado e
Outros cultivos atraveacutes de escoamento superficial ou sistema de irrigaccedilatildeo
pontual
Quadro 5 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo a NBR
139691997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) lt 5 lt 5 lt 10 -
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 lt 5000
SDT (mgL) lt 200 - - -
pH Entre 60
e 80
- - -
Cloro residual (mgL) Entre 05
e 15
gt 05 - -
Oxigecircnio Dissolvido (mgL) - - - 20 CTer coliformes termotolerantes
pH potencial hidrogeniocircnico
SDT Soacutelidos Dissolvidos Totais
Quadro 6 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a NBR 1396997
Fonte ABNT NBR 13969 (1997)
No acircmbito Estadual e Municipal o Estado de Satildeo Paulo e a cidade de Curitiba ndash PR
foram pioneiros na abordagem do reuacuteso de aacutegua como uma fonte de aacutegua alternativa e
um importante instrumento na gestatildeo e conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos
Em 18 de setembro de 2003 Curitiba promulgou criou a lei nordm 10785 que instituiu o
Programa de Conservaccedilatildeo e Uso Racional da Aacutegua nas Edificaccedilotildees ndash PURAE Esta lei
tem como objetivo instituir medidas que induza agrave conservaccedilatildeo uso racional e utilizaccedilatildeo
de fontes alternativas para captaccedilatildeo de aacutegua nas novas edificaccedilotildees e tambeacutem a
conscientizaccedilatildeo dos usuaacuterios sobre a importacircncia da conservaccedilatildeo da aacutegua
Pouco depois o Estado de Satildeo Paulo publicou o Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de
2003 que instituiu medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no
estado Nesse ano a Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo foi atingida por uma grande
estiagem com iacutendices pluviomeacutetricos abaixo das meacutedias histoacutericas dos uacuteltimos 70 anos
23
tal fato levou o governo a tomar medidas como proibir o uso de aacutegua potaacutevel para a
limpeza das ruas praccedilas calccediladas pisos frios e aacutereas de lazer sendo as aacuteguas de reuacuteso e
de chuvas as alternativas propostas
Apoacutes a iniciativa do Estado de Satildeo Paulo e de Curitiba outros estados e municiacutepios
seguiram o exemplo e criaram legislaccedilotildees para regular a praacutetica do reuacuteso como
mostrado no Quadro 7
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo Descriccedilatildeo
Curitiba Lei Nordm 10785 de 18 de
setembro de 2003
Cria no municiacutepio de Curitiba o programa de conservaccedilatildeo
e uso racional da aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE
Estado de Satildeo
Paulo
Decreto nordm 48138 de 7
de outubro de 2003
Institui medidas de reduccedilatildeo de consumo e racionalizaccedilatildeo do
uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
Vitoacuteria Lei nordm 6259 de 23 de
dezembro de 2004
Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo potaacutevel e daacute outras
providecircncias
Cuiabaacute Lei nordm 4748 de 07 de
marccedilo de 2005
Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das estaccedilotildees de tratamento de
esgoto
Cidade de Satildeo
Paulo
Lei nordm 14018 de 28 de
junho de 2005
Institui o programa municipal de conservaccedilatildeo e uso
racional da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Campinas Lei nordm 12474 de 16 de
janeiro de 2006
Cria o programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias
Manaus Lei nordm 1192 de 31 de
dezembro de 2007
Cria no municiacutepio de Manaus o programa de tratamento e
uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Florianoacutepolis Lei nordm 8080 de 07 de
dezembro de 2009
Institui programa municipal de conservaccedilatildeo uso racional e
reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras providecircncias
Aracaju Lei nordm 4026 de 28 de
abril de 2011
Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em postos de gasolina e
lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras
providecircncias
Niteroacutei Lei ndeg 2856 26 de julho
de 2011
Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave instalaccedilatildeo de sistema
de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees
puacuteblicas e privadas
Juiz de Fora Lei nordm 12448 de 22 de
dezembro de 2011
Dispotildee sobre a obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas
tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis nos preacutedios
residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas
edificaccedilotildees isoladas que menciona
Paraiacuteba Lei ndeg 10033 de 0 3 de
julho de 2013
Institui a Poliacutetica Estadual de Captaccedilatildeo Armazenamento e
Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba e
daacute outras providecircncias
Estado de Satildeo
Paulo
Deliberaccedilatildeo CRH nordm
156 de 11 de dezembro
de 2013
Estabelece diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
(ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos
Juiz de Fora Lei Complementar nordm
020 de 16 de dezembro
de 2014
Estabelece que os preacutedios puacuteblicos a serem edificados no
Municiacutepio de Juiz de Fora observem em sua construccedilatildeo
alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
Quadro 7 Legislaccedilotildees estaduais e municipais sobre reuacuteso de aacuteguas
Fonte elaborada pelo autor
24
A grande maioria das legislaccedilotildees citadas demanda a pratica do reuacuteso de aacutegua poreacutem
natildeo define criteacuterios de qualidade da aacutegua a serem respeitados deixando esta
responsabilidade para outros oacutergatildeos ou sugerindo a NBR 139691997 Niteroacutei atraveacutes
da Lei ndeg 28562011 propotildee os proacuteprios criteacuterios de qualidade baseados na referida
NBR (Quadro 8)
Paracircmetros Limites
Turbidez Inferior a 5 UT
pH Entre 60 e 90
Cor Ateacute 15 UH
Cloro Residual Entre 05 mgL e 2 mgL
Coliformes Totais Ausecircncia em 100 mL
Coliformes Termotolerantes Ausecircncia em 100 mL
Soacutelidos Dissolvidos Totais Inferior a 200 mgL
Oxigecircnio Dissolvido Acima de 20 mgL
Quadro 8 Paracircmetros de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em Niteroacutei ndash RJ
Fonte Prefeitura de Niteroacutei - Lei ndeg 28562011
A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) em conjunto com a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Estadual de Energia Recursos Hiacutedricos e
Saneamento (SERHS) do Estado de Satildeo Paulo criaram um grupo de trabalho para a
elaboraccedilatildeo de uma proposta de resoluccedilatildeo conjunta para disciplinar o reuacuteso para fins
urbanos de aacutegua proveniente de estaccedilotildees de tratamento de esgotos sanitaacuterios em acircmbito
estadual no entanto o trabalho foi paralisado em 2009
Os estudos para a proposta de uma nova resoluccedilatildeo conjunta entre a SES SMA e
Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hiacutedricos (SSRH) de Satildeo Paulo foram
reiniciados em 2010 e uma minuta de resoluccedilatildeo passou por consulta puacuteblica de marccedilo a
maio de 2013 Apoacutes alteraccedilotildees a versatildeo final da minuta de resoluccedilatildeo foi aprovada na
reuniatildeo plenaacuteria de 15 de agosto de 2013 poreacutem ateacute a data de finalizaccedilatildeo deste trabalho
natildeo havia entrado em vigor
Esta minuta de resoluccedilatildeo abrange exclusivamente as seguintes aplicaccedilotildees para aacutegua de
reuacuteso
Irrigaccedilatildeo paisagiacutestica de caraacuteter esporaacutedico ou sazonal (para suprir as
necessidades hiacutedricas das plantas nos periacuteodos mais secos do ano para o Estado
de Satildeo Paulo em geral de maio a setembro) de parques jardins campos de
25
esporte e de lazer urbanos ou aacutereas verdes de qualquer espeacutecie com os quais o
puacuteblico tenha ou possa a vir ter contato direto
Lavagem de logradouros e outros espaccedilos puacuteblicos como ruas avenidas
viadutos praccedilas onde haacute a maior demanda pela utilizaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso
Construccedilatildeo civil para amassamento em concreto natildeo estrutural cura de
concreto em obras umectaccedilatildeo para compactaccedilatildeo em terraplenagens lamas de
perfuraccedilatildeo em meacutetodos natildeo destrutivos para escavaccedilatildeo de tuacuteneis resfriamento
de rolos compressores em pavimentaccedilatildeo e controle de poeira em obras e aterros
Desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial e rede de esgotos
Lavagem de caminhotildees de resiacuteduos soacutelidos domeacutesticos coleta seletiva
construccedilatildeo civil trens e aviotildees desde que a mesma seja realizada somente na
parte externa dos mesmos e sejam executadas de forma automatizada sem
contato com os operadores devendo ser garantidas as condiccedilotildees de isolamento
do interior dos veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso propostos na minuta de resoluccedilatildeo foram
baseados nos criteacuterios adotados por oacutergatildeos internacionais como a Organizaccedilatildeo Mundial
de Sauacutede (OMS) a USEPA e a normas legais vigentes no Brasil Esta Resoluccedilatildeo divide
as aacuteguas de reuacuteso em duas classes
Classe A Aacuteguas destinadas a irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
Classe B Aacuteguas destinadas a lavagem de logradouros espaccedilos puacuteblicos
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e
lavagem de veiacuteculos
Os criteacuterios de qualidade para cada classe estatildeo descritos no Quadro 9
26
Paracircmetros Classe A 3 Classe B
CTer ou E coli le 200 UFC100 mL le 200 UFC100 mL
Giardia e Cryptosporidium le 005 cistos ou oocistos L le 005 cistos ou oocistos L
Ovos viaacuteveis de Ascaris sp le 01 ovo viaacutevelL le 01 ovo viaacutevelL
Turbidez le 5 UT le 5 UT
DBO520 le 30 mgL le 20 mgL
SST le 30 mgL le 30 mgL
Cloro Residual Total 1 2 le 10 mgL ge 05 mgL
Cloro Residual Livre 1 le 10 mgL
1 para irrigaccedilatildeo por aspersatildeo
2 apoacutes 30 min de tempo de contato
3 foram listados apenas os paracircmetros mais relevantes para comparaccedilatildeo
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 9 Criteacuterios de qualidade de aacutegua de reuacuteso segundo a minuta de Resoluccedilatildeo
conjunta SASSMASSRH
Fonte Adaptado de SASSMASSRH (2013)
441 Criteacuterios de qualidade para aacutegua de reuacuteso adotados por
instituiccedilotildees e propostos na literatura
O Sindicato da Induacutestria da Construccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo ndash SINDUSCON-SP
(2005) na publicaccedilatildeo intitulada ldquoConservaccedilatildeo e Reuacuteso da Aacutegua em Edificaccedilotildeesrdquo assim
como a NBR 1396997 classificam as aacuteguas de reuacuteso segundo seus usos preponderantes
e propotildeem criteacuterios de qualidade (Quadro 10)
Classe Usos Preponderantes
1 Descarga de bacias sanitaacuterias
Lavagem de pisos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua etc)
Lavagem de roupas
Lavagem de veiacuteculos
2 Usos associados a construccedilatildeo civil lavagem de agregados preparaccedilatildeo de
concreto compactaccedilatildeo do solo e controle de poeira
3 Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim
4 Resfriamento de equipamentos de ar-condicionado
Quadro 10 Classificaccedilatildeo das aacuteguas de reuacuteso e seus usos preponderantes segundo o
SINDUSCON-SP
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
27
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua propostos pela entidade estatildeo descritos nos Quadros
11 e 12 O Quadro 12 que eacute referente aos criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso classe
4 segundo o SINDUSCON-SP encontra-se separada do Quadro 11 que se refere agraves
outras 3 classes devido agrave grande diferenccedila entre os paracircmetros a serem considerados
Paracircmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3
Turbidez (UT) lt 2 - lt 5
Cor Aparente (UH) le 10 - lt 30
CTer Natildeo detectaacuteveis le 1000mL lt 200 NMP100mL
SDT (mgL) lt 500 - Entre 450 e 1500
SST (mgL) le 5 30 lt 20
pH Entre 60 e 90 Entre 60 e 90 Entre 60 e 90
Odor e Aparecircncia Natildeo
desagradaacuteveis
Natildeo
desagradaacuteveis
-
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1
COV Ausentes Ausentes
Nitrato (mgL) lt 10 -
N am (mgL) le 20 -
Nitrito (mgL) le 1 -
P total (mgL) le 01 -
Nitrogecircnio Total (mgL) - - Entre 5 e 30
Salinidade - - 07 lt EC (dSm) lt
30
CRT (mgL)1 - - le 10 lt 10
Cloretos (mgL)1 - - lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 - - Entre 6 e 9 ge 30
Boro (mgL)2 - - 07 30 1 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo superficial e o segundo agrave irrigaccedilatildeo por aspersatildeo 2 O primeiro valor refere-se agrave irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias e o segundo agrave rega de jardins
e similares
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
ST soacutelidos totais
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
Ptotal Foacutesforo total
Nam nitrogecircnio amoniacal
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
NMP Nuacutemero mais provaacutevel
COV Compostos orgacircnicos volaacuteteis
CRT Cloro residual total
Quadro 11 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP para as
classes 1 2 e 3
Fonte Adaptado de SINDUSCON-SP (2005)
28
Paracircmetros1 Sem Recirculaccedilatildeo Com Recirculaccedilatildeo
Siacutelica 50 50
Alumiacutenio - 01
Ferro - 05
Manganecircs - 05
Amocircnia - 10
SDT 1000 500
SST 5000 100
Cloretos 600 500
Dureza 850 650
Alcalinidade 500 350
pH 50 ndash 83 68 - 72
CT (NMP100 mL) - 22
Bicarbonato 600 24
Sulfato 680 200
Foacutesforo - 10
Caacutelcio 200 50
Magneacutesio - 30
Oxigecircnio dissolvido Presente -
DQO 75 75 1Unidade de referecircncia mgL a menos que indicado
DQO demanda quiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
SDT Soacutelidos dissolvidos totais
pH potencial hidrogeniocircnico
CT coliformes totais
Quadro 12 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo SINDUSCON-SP (2005)
para a classe 4
Fonte SINDUSCON-SP (2005)
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico ndash PROSAB atraveacutes da publicaccedilatildeo
chamada ldquoReuacuteso das Aacuteguas de Esgoto Sanitaacuterio Inclusive Desenvolvimento de
Tecnologias de Tratamento Para Este Fimrdquo de 2006 propotildee diretrizes para reuacuteso urbano
de esgotos sanitaacuterios A modalidade eacute dividida em 3 categorias (restrito irrestrito e
predial) de acordo com o grau de exposiccedilatildeo humana e as diretrizes satildeo baseadas nas
recomendaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) e estudos de avaliaccedilatildeo de
risco (Quadro 13)
29
Categoria CTer 100mL-1 (4) Ovos de helmintos L-1 (5)
Usos irrestritos (1) le 200 le 1
Usos restritos (2) le 1x104 le 1
Uso predial (3) le1x103 le 1
(1) Irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico limpeza de ruas e outros usos com
exposiccedilatildeo similar
(2) Irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com
acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento de poeira em estradas vicinais e usos na
construccedilatildeo
(3) Descarga de toaletes para efluentes com concentraccedilotildees de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50
mgL respectivamente e potencial de oxirreduccedilatildeo igual ou superior a 45mV natildeo eacute esperada a
geraccedilatildeo de odores no sistema de armazenamento
(4) Coliformes termotolerantes meacutedia geomeacutetrica alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E coli
(5) Nematoides intestinais humanos meacutedia aritmeacutetica
Obs Para uso urbano do esgoto tratado natildeo haacute restriccedilatildeo de DBO DQO e SST sendo as
concentraccedilotildees efluentes uma consequecircncia das teacutecnicas de tratamento compatiacuteveis com a qualidade
microbioloacutegica estipulada Para todos os usos recomenda-se que o efluente apresente qualidade
esteticamente natildeo objetaacutevel
O padratildeo de qualidade de efluentes expresso apenas em termos de coliformes termotolerantes e ovos
de helmintos aplicam-se ao emprego de sistema de tratamento por lagoas No caso de filtraccedilatildeo
terciaacuteria a turbidez deve ser utilizada como paracircmetro indicados da remoccedilatildeo de protozoaacuterios Para
usos irrestritos recomenda-se le5uT Aleacutem disso em sistemas que incluam a desinfecccedilatildeo deve se
recorrer aos paracircmetros de controle da desinfecccedilatildeo (residual desinfetante e tempo de contato)
necessaacuterios ao alcance do padratildeo estipulado para coliformes termotolerantes
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 13 Diretrizes do PROSAB para usos urbanos de esgotos sanitaacuterios
Fonte Florencio Bastos e Aisse 2006
A Companhia de Saneamento do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) produz aacuteguas de reuacuteso
desde 1998 tanto para induacutestrias quanto para os municiacutepios para usos natildeo potaacuteveis
como por exemplo rega de ruas sem calccedilamento jateamento do lodo e outros detritos
acumulados nas ruas apoacutes fortes chuvas lavagem de ruas apoacutes feiras livres
desobstruccedilatildeo de redes coletora de esgoto e galerias de aacuteguas pluviais Na ausecircncia de
normatizaccedilatildeo a companhia desenvolveu seus proacuteprios criteacuterios baseada em praacuteticas
30
internacionais e ainda manteacutem o monitoramento dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e
bioloacutegico periodicamente (SEMURA et al 2005 FLORENCIO BASTOS E AISSE
2006) Os criteacuterios de qualidade estabelecidos pela empresa para lavagem de ruas e rega
de jardins se encontram no Quadro 14
Paracircmetros Limites
DBO 25 mgL (95 das amostras)
SST 35 mgL (95 das amostras)
CRT entre 2 e 10 mgL
Turbidez lt 20 UT
pH entre 6 a 9
Oacuteleos e graxas visualmente ausente
CTer lt 200 NMP100mL
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
pH potencial hidrogeniocircnico
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 14 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso segundo a SABESP
Fonte SEMURA et al (2005)
45REGULACcedilAtildeO INTERNACIONAL
Embora no Brasil o reuacuteso da aacutegua seja uma praacutetica relativamente recente jaacute vem sendo
praticado internacionalmente desde o iniacutecio do seacuteculo XIX (CUNHA 2008)
Inicialmente o reuacuteso agriacutecola era predominante no entanto com a expansatildeo dos grandes
centros e o aumento da escassez hiacutedrica o reuacuteso urbano vem recebendo cada vez mais
atenccedilatildeo se tornando comum em diversos paiacuteses como Israel Tuniacutesia Chipre Jordacircnia
Araacutebia Saudita Meacutexico entre outros (CUNHA 2008)
As publicaccedilotildees da Agecircncia Americana de Proteccedilatildeo Ambiental (USEPA) e da
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) satildeo frequentemente utilizadas como referecircncia
na elaboraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Na mais recente publicaccedilatildeo da USEPA intitulada ldquoGuidelines for Water Reuserdquo de 2012
(Orientaccedilotildees para o reuacuteso de aacutegua) satildeo sugeridos alguns criteacuterios de qualidade da aacutegua
para reuacuteso urbano este eacute subdividido em reuacuteso urbano para aacutereas restritas e irrestritas
O grau de tratamento do efluente varia nessas duas modalidades de reuacuteso urbano nas
aacutereas onde o acesso da populaccedilatildeo natildeo eacute controlado o efluente precisa passar por um
31
niacutevel de tratamento antes de sua utilizaccedilatildeo do que nas situaccedilotildees onde o risco de
exposiccedilatildeo a um grande puacuteblico eacute menor (USEPA 2012)
Nos Estados Unidos da Ameacuterica cada estado possui seus proacuteprios regulamentos e
publicam padrotildees para a qualidade das aacuteguas de reuacuteso em suas diversas modalidades e
os miacutenimos tratamentos especiacuteficos requeridos necessaacuterios agrave sua utilizaccedilatildeo A USEPA
compila estes padrotildees e propotildee valores gerais a serem adotados como referecircncia Os
padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA (2012) estatildeo
descritos no Quadro 15
Estados Unidos
Paracircmetro Uso irrestrito Uso restrito
Turbidez (NTU) le 2 -
CTer
(NMP100 mL)
Natildeo detectaacutevel le 200
Soacutelidos Suspensos Totais
(mgL)
- le 30
pH 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) ge 10 ge 10
DBO (mgL) le 10 le 30
Quadro 15 Padrotildees de qualidade da aacutegua para reuacuteso urbano propostos pela USEPA
Fonte Adaptado de USEPA (2012)
De forma semelhante agrave USEPA o Departamento de Sauacutede da Austraacutelia Ocidental
(Department of Health of Western Australia - DHWA) tambeacutem sugere criteacuterios de
qualidade para aacutegua de reuacuteso na publicaccedilatildeo intitulada ldquoGuidelines for the Non-
potableUses of Recycled Water in Western Australiardquo de 2011 (Orientaccedilotildees para usos
natildeo potaacuteveis de aacutegua reciclada na Austraacutelia Ocidental) Na Austraacutelia os usos urbanos
satildeo subdivididos em 3 categorias a seguir (DHWA 2011)
Uso 1 Uso interno em habitaccedilotildees multi-familiares e irrigaccedilatildeo de superfiacutecies
externas irrigaccedilatildeo urbana em local com acesso irrestrito descarga de vasos
sanitaacuterios e maacutequinas de lavar
Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma restriccedilatildeo de acesso combate agrave
incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua usos industriais com potencial
exposiccedilatildeo humana e controle de poeira
32
Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso irrigaccedilatildeo sub-superficial e
irrigaccedilatildeo de agricultura natildeo consumiacutevel
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua sugeridos no documento citado aparecem listados no
Quadro 16
Austraacutelia
Paracircmetro Uso 1 Uso 2 Uso 3
Turbidez (NTU) lt 2 lt 5 -
E coli (NMP100 mL) lt1 lt 10 lt1000
SST (mgL) lt 10 lt 30 lt 30
pH 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
CRT (mgL) 02 - 20 02 - 20 02 - 20
DBO (mgL) lt 10 lt 20 lt 20
Colifagos (NMP100mL) lt 1 -
Clostridium(NMP100mL) lt 1 -
Quadro 16 Criteacuterio de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano segundo DHWA
Fonte Adaptado de DHWA (2011)
As diretrizes da OMS predominantemente voltadas para a agricultura pouco se
dedicam aos usos urbanos referindo-se apenas agrave irrigaccedilatildeo de parques e jardins para os
quais sugerem um padratildeo para coliformes termotolerantes de lt 200 NMP100mL e ovos
de helmintos lt 1 ovoL (WHO 1989)
Como mencionado o reuacuteso urbano eacute uma praacutetica comum em vaacuterios paiacuteses No Quadro
17 satildeo apresentados alguns exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de
reuacuteso adotados ao redor do mundo
33
DB
O (
mg
L)
SS
T (
mg
L)
CT
er
(NM
P1
00
mL
)
Tu
rbid
ez (
UT
)
pH
Ov
os
de
hel
min
tos
Oacutele
os
e g
raxa
s
(mg
L)
Clo
ro r
esi
du
al
(mg
L)
Co
r (u
C)
Espanha1
Residencial 10 0 2
110L -
Irrestrito 20 200 10 110L
Restrito 35 10000
Meacutexico2 Contato direto 20 20 240 1 15
Contato indireto 30 30 1000 5 15
Japatildeo 3
Residencial ND 2 58 a
86
ge
01049
Paisagiacutestico 1000 2 40
Recreativo ND 2 01049 10
Greacutecia4
Residencial 10 10 2 01L
Irrestrito 20 100 1 1L
Restrito 10000
Chipre5 Irrestrito 15 15 100
0
Restrito 30 45 1000
0
Israel6 Irrestrito 15 10 1222 8
Restrito 35 20 250
Araacutebia
Saudita7
Irrestrito 10 10 22
6 a 84 1
Restrito 40 40 1000 ND
1 Real Decreto 16202007
2 Normas Oficiais do Meacutexico NOM-003-SEMARNAT-1997
3 Tajima et al (2007)
4 Brissaud (2006)
5 Papaiacovou et al (2012)
6 Citado em USEPA (1992) apud Tosetto (2005)
7 Al-Hajri (2009)
8 Em 80 das amostras em 50 das amostras
9 Livre combinado
Obs o Quadro apresenta os valores maacuteximos permitidos
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 17 Exemplos de diferentes padrotildees de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados em
outros paiacuteses
Fonte Elaborado pelo autor
34
46PARAcircMETROS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO
461 Paracircmetros fiacutesicos
Cor
O paracircmetro cor divide-se em duas parcelas cor aparente e cor verdadeira No valor da
cor aparente pode estar incluiacuteda uma parcela devida agrave turbidez da aacutegua A cor
verdadeira da aacutegua se deve a soacutelidos orgacircnicos e inorgacircnicos dissolvidos O paracircmetro eacute
reportado em termos de unidade de cor (uC) ou unidade Hazen (uH)
A presenccedila de cor natildeo representa risco direto agrave sauacutede poreacutem interfere na aceitaccedilatildeo da
aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo No entanto a cloraccedilatildeo de aacuteguas contento mateacuteria
orgacircnica dissolvida pode originar subprodutos potencialmente canceriacutegenos como os
trihalometanos (VON SPERLING 2005)
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com coloraccedilatildeo acima de 15 uC podem ser
detectadas pela maioria dos consumidores Em termos de tratamento para consumo
humano aacutegua bruta com valor menor que 5 uC usualmente dispensa a coagulaccedilatildeo
quiacutemica e maior que 25 uC usualmente requerem coagulaccedilatildeo quiacutemica seguida por
filtraccedilatildeo (VON SPERLING 2005)
A Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede 29142011 (padratildeo de potabilidade) estabelece o
valor maacuteximo permitido para consumo humano de 15 uC (cor aparente)
Turbidez
A turbidez representa o grau de interferecircncia da passagem da luz atraveacutes da aacutegua
conferindo uma aparecircncia turva a mesma Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes
responsaacuteveis por este paracircmetro Assim como a cor a turbidez natildeo representa risco
direto agrave sauacutede poreacutem eacute esteticamente desagradaacutevel Este paracircmetro pode ser expresso
em termos de unidades nefelomeacutetricas de turbidez (NTU) quando medido atraveacutes de
turbidiacutemetro ou unidades de atenuaccedilatildeo da formazinha (FAU) quando medido por
espectrofotocircmetro Essas duas unidades podem ser relacionadas por meio de equaccedilotildees
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
35
Von Sperling (2005) afirma que aacuteguas com turbidez de 10 UNT apresentam ligeira
nebulosidade O padratildeo de potabilidade determina que os valores maacuteximos permitidos
sejam de 05 UNT para filtraccedilatildeo raacutepida (tratamento completo ou filtraccedilatildeo direta) e 10
UNT para filtraccedilatildeo lenta
Como a determinaccedilatildeo da turbidez eacute mais simples e raacutepida do que a determinaccedilatildeo de
soacutelidos suspensos totais eacute comum relacionaacute-los nas estaccedilotildees de tratamento (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011) Apesar de natildeo existir uma relaccedilatildeo geral entre esses dois paracircmetros eacute
possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo razoaacutevel para o efluente do processo de lodos ativados
sedimentado e filtrado (METCALF E EDDY 2003) Tal relaccedilatildeo eacute expressa por
SST asymp (SSTf)(T)
Onde SST ndash soacutelidos suspensos totais mgL
SSTf - fator de conversatildeo mgLUNT-1
T ndash turbidez NTU
O fator de conversatildeo tipicamente varia de 23 a 24 para efluentes secundaacuterios
sedimentados e de 13 a 16 para efluentes secundaacuterios filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Soacutelidos presentes na aacutegua
Todos os contaminantes da aacutegua com exceccedilatildeo dos gases dissolvidos contribuem para a
carga de soacutelidos As partiacuteculas soacutelidas presentes na aacutegua podem ser classificadas
simplificadamente da seguinte forma
a) Classificaccedilatildeo por tamanho e estado
Soacutelidos em suspensatildeo
Soacutelidos coloidais
Soacutelidos dissolvidos
b) Classificaccedilatildeo pelas caracteriacutesticas quiacutemicas
Soacutelidos volaacuteteis
Soacutelidos fixos
c) Classificaccedilatildeo pela sedimentabilidade
36
Soacutelidos sedimentaacuteveis
Soacutelidos natildeo sedimentaacuteveis
Os soacutelidos sedimentaacuteveis satildeo basicamente aqueles que quando submetidos ao teste do
cone Imhoff se sedimentam apoacutes 1 hora Tipicamente correspondem a 60 dos soacutelidos
suspensos presentes em aacuteguas residuaacuterias municipais filtrados (METCALF E EDDY
2003)
Os soacutelidos volaacuteteis compreendem o material que pode ser volatizado quando submetido
agrave temperatura de 500 plusmn 50degC de maneira geral considera-se esta fraccedilatildeo como sendo de
origem orgacircnica Os demais satildeo classificados como soacutelidos fixos representando a
fraccedilatildeo inorgacircnica ou mineral (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
De maneira geral satildeo considerados como soacutelidos dissolvidos aqueles com diacircmetro
inferior a 10-3microm como soacutelidos coloidais aqueles com diacircmetro entre 10-3microm e 1 microm e
como soacutelidos em suspensatildeo aqueles com diacircmetro superior a 1 microm (VON SPERLING
2005) Na praacutetica devido agrave dificuldade de determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo coloidal pelos
meacutetodos simplificados sua grande maioria eacute considerada como soacutelidos dissolvidos
(VON SPERLING 2005)
Os soacutelidos dissolvidos totais estatildeo relacionados ao aparecimento de incrustaccedilotildees
corrosotildees de materiais e salinizaccedilatildeo do solo
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis valores especialmente elevados podem indicar a presenccedila de substacircncias
potencialmente perigosas (VON SPERLING 2005) O Padratildeo de Potabilidade
determina que o odor deve ser lsquonatildeo objetaacutevelrsquo
37
462 Paracircmetros quiacutemicos
Potencial hidrogeniocircnico (pH)
O pH representa a concentraccedilatildeo de iacuteons hidrogecircnio H+ (em escala antilogariacutetmica)
dando uma indicaccedilatildeo da condiccedilatildeo de acidez ou alcalinidade da aacutegua numa faixa de 0 a
14 Deve-se agrave fatores naturais como dissoluccedilatildeo de rochas absorccedilatildeo de gases oxidaccedilatildeo
de mateacuteria orgacircnica fotossiacutentese bem como agrave fatores antropogecircnicos como despejos
domeacutesticos e industriais (VON SPERLING 2005) Natildeo tem implicaccedilotildees em termos de
sauacutede puacuteblica caso permaneccedila proacuteximo a 7 que corresponde a neutralidade jaacute o pH
baixo (acidez) potencializa a ocorrecircncia de corrosatildeo nas tubulaccedilotildees e peccedilas enquanto
que valores de pH elevados (alcalinidade) facilita o surgimento de incrustaccedilotildees nas
tubulaccedilotildees e podem estar associados agrave proliferaccedilatildeo de algas (VON SPERLING 2005)
Nitrogecircnio
O nitrogecircnio se apresenta em diferentes formas sendo estas nitrogecircnio molecular (N2)
nitrogecircnio orgacircnico (dissolvido e em suspensatildeo) amocircnia livre (NH3) e ionizada (NH4+)
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3
-) Pode ser de origem natural (proteiacutenas e outros compostos
bioloacutegicos) ou antropogecircnica (despejos domeacutesticos e industriais excrementos de
animais e fertilizantes)
O nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em elevadas
concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico O processo de conversatildeo da
amocircnia a nitrito e posteriormente a nitrato consome oxigecircnio dissolvido do meio
podendo afetar a vida aquaacutetica Aleacutem disso a amocircnia livre eacute diretamente toxica aos
peixes (VON SPERLING 2005)
As formas de nitrogecircnio presentes na aacutegua podem indicar o estaacutegio da poluiccedilatildeo (Quadro
18)
Vale ressaltar que a Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para lanccedilamento de
efluentes de fontes poluidoras em qualquer corpo drsquoaacutegua a concentraccedilatildeo de nitrogecircnio
amoniacal deve ser no maacuteximo de 200 mg NL no entanto este padratildeo natildeo se aplica a
efluentes de estaccedilatildeo de tratamento de esgotos natildeo sendo limitado neste caso
38
Condiccedilatildeo Forma predominante de nitrogecircnio
Esgoto bruto Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Poluiccedilatildeo recente em curso drsquoaacutegua Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Estaacutegio intermediaacuterio da poluiccedilatildeo em
curso drsquoaacutegua
Nitrogecircnio orgacircnico
Amocircnia
Nitrito (em menores concentraccedilotildees)
Nitrato
Poluiccedilatildeo remota em curso drsquoaacutegua Nitrato
Efluente de tratamento sem nitrificaccedilatildeo
Nitrogecircnio orgacircnico (em menores
concentraccedilotildees)
Amocircnia
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo Nitrato
Efluente de tratamento com nitrificaccedilatildeo
desnitrificaccedilatildeo
Concentraccedilotildees mais reduzidas de todas as
formas de nitrogecircnio
Quadro 18 Distribuiccedilatildeo relativa das formas de nitrogecircnio segundo distintas condiccedilotildees
Fonte Von Sperling (2005)
Foacutesforo
O foacutesforo na aacutegua se apresenta principalmente nas formas de ortofosfatos polifosfatos e
foacutesforo orgacircnico Pode ser de origem natural (compostos do solo decomposiccedilatildeo de
mateacuteria orgacircnica e composiccedilatildeo celular de microrganismos) ou antropogecircnica (despejos
domeacutesticos e industriais detergentes fertilizantes e excremento animal)
Assim como o nitrogecircnio eacute um nutriente essencial ao crescimento de algas e quando em
elevadas concentraccedilotildees pode causar eutrofizaccedilatildeo do meio aquaacutetico Nos casos de
lanccedilamentos de corpos drsquoaacutegua fechados (lagos lagoas e baiacuteas) vaacuterios estados costumam
fixa um limite maacuteximo de 1mg PL (VON SPERLING 2005 JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
Mateacuteria orgacircnica
A mateacuteria orgacircnica presente nos esgotos eacute a causadora do principal problema decorrente
da poluiccedilatildeo nos corpos drsquoaacutegua o consumo de oxigecircnio dissolvido pelos microrganismos
nos seus processos metaboacutelicos de utilizaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
As substacircncias orgacircnicas nos esgotos satildeo compostas principalmente por (METCALF E
EDDY 2003)
39
Compostos de proteiacutenas (40 a 60)
Carboidratos (25 a 50)
Gorduras e oacuteleos (8 a 12)
Ureacuteia surfactantes fenoacuteis pesticidas metais e outros (menor quantidade)
A mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea pode ser classificada quanto agrave sua forma (suspensatildeo ou
dissolvida) e quanto a sua biodegradabilidade (inerte ou biodegradaacutevel) Sua
determinaccedilatildeo pode se dar por meacutetodos indiretos (mediccedilatildeo do consumo de oxigecircnio) ou
diretos (mediccedilatildeo do carbono orgacircnico total ndash COT) Dentre os meacutetodos indiretos estatildeo a
determinaccedilatildeo da Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) da Demanda Uacuteltima de
Oxigecircnio (DBOu) e da Demanda Quiacutemica de Oxigecircnio (DQO)
Dentre os meacutetodos acima um dos paracircmetros mais utilizados para a caracterizaccedilatildeo de
efluentes eacute a DBO Ela retrata a quantidade de oxigeno requerida para estabilizar
atraveacutes de processos bioquiacutemicos a mateacuteria orgacircnica carbonaacutecea portanto eacute um
indicador do carbono orgacircnico biodegradaacutevel (VON SPERLING 2005) Como a
estabilizaccedilatildeo completa demora cerca de 20 dias (DBOu) convencionou-se proceder a
anaacutelise no 5ordm dia aleacutem disso determinou-se que o teste deve ser realizado agrave temperatura
de 20 ordmC para que temperaturas diferentes natildeo interfiram no metabolismo bacteriano
desta forma tem-se a DBO520 neste texto referida somente como DBO
Os esgotos domeacuteticos tem uma DBO meacutedia de 300 mgL (VON SPERLING 2005) a
Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 determina que para o lanccedilamento de efluentes de ETEs
o valor maacuteximo de DBO de 120 mgL sendo que este limite somente poderaacute ser
ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiecircncia de remoccedilatildeo
miacutenima de 60 de DBO ou mediante estudo de autodepuraccedilatildeo do corpo hiacutedrico que
comprove atendimento agraves metas do enquadramento do corpo receptor Segundo Jordatildeo e
Pessocirca (2011) os tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas nos esgotos domeacutesticos satildeo oriundos dos oacuteleos e gorduras utilizados nas
comidas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico devido agrave sua
baixa solubilidade e causar obstruccedilatildeo nas redes e objeccedilatildeo do consumidor No entanto
satildeo facilmente removidos nos sistemas de tratamento caso natildeo sejam removidos
40
podem vir a interferir na vida de organismos nas aacuteguas superficiais e criar filmes
invisiacuteveis dificultando as trocas gasosas (METCALF E EDDY 2003)
463 Paracircmetros bioloacutegicos
Os organismos encontrados nas aacuteguas superficiais e residuaacuterias incluem bacteacuterias
fungos algas protozoaacuterios viacuterus plantas e animais No que diz respeito agrave qualidade da
aacutegua os organismos de dimensotildees microscoacutepicas ou seja microrganismos satildeo de
especial interesse devido agrave patogenicidade de alguns indiviacuteduos Organismos
patogecircnicos satildeo excretados por humanos e animais portadores ou infectados com uma
doenccedila em particular satildeo os agentes etioloacutegicos de uma seacuterie de doenccedilas transmitidas
pela aacutegua Estes organismos podem pertencer a quatro grupos principais bacteacuterias
protozoaacuterios helmintos e viacuterus (METCALF E EDDY 2003)
Uma caracteriacutestica importante dos microrganismos eacute sua capacidade de gerar formas
resistentes como por exemplo endoacutesporos (bacteacuterias) cistos e oocistos (protozoaacuterios)
ovos (helmintos) e viacuterions (viacuterus) (METCALF E EDDY 2003) Algumas formas
podem ser resistentes ao calor e agentes desinfetantes e ainda permanecerem dormentes
por anos e se tornarem ativas novamente (METCALF E EDDY 2003)
A dose infectante ou seja o nuacutemero de organismos necessaacuterios para um indiviacuteduo
desenvolver uma doenccedila varia consideravelmente de acordo com o grupo (Quadro 19)
Organismo
Concentraccedilatildeo no
esgoto bruto
(NMP100mL)
Dose infectante
(nuacutemero de
organismos)
Bacteacuterias
Coliformes termotolerantes 106 -108 106 -1010
Clostridium perfringens 103 -105 1 -1010
Shigella 1 -103 10 ndash 20
Salmonela 102 -104 10 - 108
Protozoaacuterios
Cryptosporidium parvum oocistos 10 -103 1 -10
Entamoeba histolytica cistos 10-1 -10 10 - 20
Giardia lamblia cistos 103 -104 lt20
Helmintos - Ascaris lumbricoides 10-2 -1 1 - 10
Viacuterus enteacutericos 103 -104 1 - 10
Quadro 19 Concentraccedilatildeo de microrganismos encontrados em aacuteguas residuaacuterias e suas
doses infectantes correspondentes
Fonte Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)
41
Organismos indicadores
Microrganismos patogecircnicos geralmente estatildeo presentes em pequenas quantidades nas
aacuteguas o que dificulta o isolamento e detecccedilatildeo dos mesmos assim utiliza-se organismos
mais numerosos e faacuteceis de serem testados como indicadores da presenccedila de patoacutegenos
Vaacuterios organismos satildeo utilizados como indicadores como por exemplo bacteacuterias do
grupo coliformes estreptococos fecais clostriacutedia redutores de enxofre (indica a possiacutevel
sobrevivecircncia de patoacutegenos agrave desinfecccedilatildeo) bacterioacutefagos (indica a possiacutevel presenccedila de
viacuterus) e ovos de helmintos este uacuteltimo eacute um paracircmetro importante para avaliar o uso da
aacutegua para irrigaccedilatildeo onde os trabalhadores podem ter contato direto com a aacutegua e os
consumidores virem a ingerir estes organismos (VON SPERLING 2005)
Dentre os organismos mais utilizados como indicadores estatildeo as bacteacuterias do grupo
coliforme Os coliformes totais (CT) foram os primeiros indicadores da poluiccedilatildeo
humana adotados no entanto como natildeo satildeo de origem exclusivamente do trato intestinal
humano e de animais natildeo indicam necessariamente a presenccedila de organismos
patogecircnicos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) Os coliformes fecais ou termotolerantes
(CTer) satildeo um subgrupo dos CT composto praticamente de organismo de origem fecal
(JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A Escherichia coli eacute o uacutenico coliforme exclusivo da flora
intestinal de animais de sangue quente dando a certeza de contaminaccedilatildeo fecal estes
organismos tambeacutem apresentam algumas cepas patogecircnicas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
47TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE AacuteGUA DE REUacuteSO
Segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) as instalaccedilotildees de tratamento de esgotos podem ser
classificadas em funccedilatildeo do grau de reduccedilatildeo dos soacutelidos em suspensatildeo e da demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio proveniente de uma ou mais unidades de tratamento (Quadro
20 Figura 5)
42
Tratamento
preliminar
Remoccedilatildeo de soacutelidos grosseiros
Remoccedilatildeo de gorduras
Remoccedilatildeo de areia
Tratamento
primaacuterio
Sedimentaccedilatildeo
Flotaccedilatildeo
Sistemas anaeroacutebios (lagoa anaeroacutebia tanque seacuteptico tanque Imhoff
reator anaeroacutebio de fluxo ascendente)
Digestatildeo do lodo e secagem do lodo
Tratamento
secundaacuterio
Filtraccedilatildeo bioloacutegica
Processos de lodos ativados
Lagoas de estabilizaccedilatildeo aeroacutebias (facultativa aerada)
Tratamento
terciaacuterio
Processos de remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos
Processos de remoccedilatildeo de nutrientes
Processos de tratamento avanccedilado (filtraccedilatildeo final adsorccedilatildeo por
carvatildeo membranas)
Quadro 20 Classificaccedilatildeo de instalaccedilotildees de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Jordatildeo e Pessocirca (2011)
Figura 5 Etapas componentes de uma estaccedilatildeo tratamento de esgotos
Fonte Campos (1999)
O tratamento secundaacuterio objetiva a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel e
soacutelidos suspensos filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo buscam a remoccedilatildeo de patoacutegenos e nutrientes
enquanto os processos oxidativos avanccedilados (POAs) tentam remover traccedilos de
elementos (USEPA 2012) No caso do reuacuteso de efluentes de ETEs o niacutevel de
43
tratamento requerido depende do uso pretendido no entanto a USEPA (2012)
recomenda que as aacuteguas residuaacuterias sejam tratadas minimamente a niacutevel secundaacuterio
poreacutem com o aumento potencial de contato humano tratamentos mais avanccedilados
podem ser requeridos Para a maioria dos usos a qualidade da aacutegua adequada pode ser
alcanccedilada atraveacutes de tratamento convencional (secundaacuterio filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo)
(USEPA 2012)
Adicionalmente a USEPA (2012) sugere que independentemente do tipo de aacutegua
utilizada para reuacuteso deve haver algum niacutevel de desinfecccedilatildeo para evitar consequecircncias
adversas agrave sauacutede provenientes de eventual contato acidental ou intencional com a aacutegua
de reuacuteso
De forma simplificada a USEPA (2012) indica os seguintes niacuteveis de tratamento de
acordo com o grau de restriccedilatildeo de acesso ao puacuteblico (Quadro 21)
Categoria Tratamento Criteacuterios de qualidade
Irrestrito
Secundaacuterio
Filtraccedilatildeo
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 10 mgL DBO
le 2 NTU
CTer natildeo detectaacuteveis 100mL
ge1 mgL CRT
Restrito Secundaacuterio
Desinfecccedilatildeo
pH = 6 a 9
le 30 mgL DBO
le 30 mgL SST
le 200 CTer 100mL
ge1 mgL CRT DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NTU unidades nefelomeacutetricas de turbidez
CRT cloro residual total
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
Quadro 21 Niacuteveis de tratamento sugeridos pela USEPA para aacuteguas de reuacuteso de ETEs
Fonte USEPA (2012)
Metcalf e Eddy (2003) sugerem trecircs sistemas principais de tratamento terciaacuterio que
atendem aos criteacuterios de qualidade para reuacuteso irrestrito proposto pela USEPA satildeo eles
Tratamento completo ndash o efluente secundaacuterio passa por um tratamento adicional que
envolve coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo clarificaccedilatildeo filtraccedilatildeo e desinfecccedilatildeo (Figura 6) A
remoccedilatildeo de soacutelidos bacteacuterias e viacuterus enteacutericos eacute substancial inclusive pode-se obter
um efluente livre de viacuterus A desvantagem deste processo eacute o alto custo da clarificaccedilatildeo e
o manejo dos soacutelidos
44
Figura 6 Tratamento completo
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo direta ndash eacute semelhante ao tratamento completo poreacutem sem a etapa de
clarificaccedilatildeo (Figura 7) Usualmente em efluentes secundaacuterios com turbidez menor que
10 NTU podem ser utilizadas a filtraccedilatildeo direta ou por contato valores entre 7 e 9 NTU
normalmente requerem a adiccedilatildeo de um coagulante quiacutemico para atingir valores menores
que 2 NTU
Figura 7 Filtraccedilatildeo direta
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
Filtraccedilatildeo de contato ndash as etapas de floculaccedilatildeo e clarificaccedilatildeo satildeo omitidas neste sistema
que requer coagulaccedilatildeo in-line antes da filtraccedilatildeo (Figura 8) Estudos mostram que com
um tempo de contato adequado na desinfecccedilatildeo pode-se obter niacuteveis semelhantes ao
tratamento completo para remoccedilatildeo de viacuterus
Figura 8 Filtraccedilatildeo de contato
Fonte Metcalf amp Eddy (2003)
45
471 Tratamento de efluentes agrave niacutevel secundaacuterio
As principais tecnologias de tratamento de esgotos utilizadas no Brasil segundo
Florencio Bastos e Aisse (2006) se encontram descritas sucintamente a seguir
Reator UASB satildeo reatores anaeroacutebios que utilizam biomassa suspensa ou aderida
denominada manta de lodo para a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica presente no esgoto
afluente O fluxo do liacutequido eacute ascendente O sistema dispensa decantaccedilatildeo primaacuteria e
pode ser utilizado de forma isolada quando eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO de 70 satildeo
aceitaacuteveis (DBO lt 120 mgL e SST lt 80 mgL) ou combinado com alguma forma de
poacutes-tratamento aeroacutebio o que pode elevar a remoccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica ou de outros
constituintes produzindo um efluente com concentraccedilotildees de DBO lt 30 mgL e SST lt
30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lodos ativados (LA) os tanques de lodo ativado possuem biomassa em suspensatildeo eacute
necessaacuteria grande agitaccedilatildeo e aeraccedilatildeo de forma a intensificar o contato entre a mateacuteria
orgacircnica e os microrganismos Logo apoacutes passar pelo processo de sedimentaccedilatildeo
secundaacuteria a maior parte do lodo produzido volta ao tanque de aeraccedilatildeo enquanto o
restante eacute encaminhado para tratamento especifico ou destino final As eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo elevadas de 85 a 95 produzindo um efluente tiacutepico com
concentraccedilotildees de DBO e SST entre 20 e 30 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro bioloacutegico percolador (FBP) constituiacutedo de um grande tanque preenchido com
uma massa de soacutelidos denominada ldquomeio suporterdquo ao qual biomassa cresce aderida O
esgoto percola continuamente pelos interstiacutecios do meio suporte enquanto os
microrganismos retecircm a mateacuteria orgacircnica pelo fenocircmeno de adsorccedilatildeo degradando-a
atraveacutes de uma oxidaccedilatildeo bioquiacutemica (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011) A eficiecircncia de
remoccedilatildeo de DBO varia de 80 a 90 para filtros de baixa taxa (METCALF amp EDDY
2003)
Biofiltro aerado submerso (BAS) tem seu interior preenchido por meio filtrante onde a
biomassa cresce aderida este eacute mantido em condiccedilotildees de aerobiose atraveacutes de
mecanismos de aeraccedilatildeo contiacutenua Com a percolaccedilatildeo do esgoto afluente atraveacutes do
material granulado de dimensotildees pequenas (2 a 6 mm) soacutelidos em suspensatildeo satildeo
removidos por filtraccedilatildeo fiacutesica e posteriormente contra lavados Apresentam elevada
46
eficiecircncia tendo-se obtido efluentes com concentraccedilotildees de DBO e de soacutelidos em
suspensatildeo menores que 20 mgL (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Lagoa anaeroacutebia a estabilizaccedilatildeo ocorre sem o consumo de oxigecircnio dissolvido e sim
por digestatildeo aacutecida e fermentaccedilatildeo metacircnica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa facultativa (LF) possui uma zona aeroacutebia superior onde ocorrem a oxidaccedilatildeo
aeroacutebia e a reduccedilatildeo fotossinteacutetica da mateacuteria orgacircnica e uma zona anaeroacutebia na camada
de fundo A camada intermediaacuteria eacute dita facultativa predominando os processos de
oxidaccedilatildeo aeroacutebia e fotossinteacutetica (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A
eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de75 a 85 e de SST de 70 a 80 (JORDAtildeO E
PESSOcircA 2011)
Lagoa facultativa aerada os mecanismos de remoccedilatildeo de DBO satildeo similares aos de uma
lagoa facultativa poreacutem o oxigecircnio eacute introduzido no meio por aeradores mecacircnicos O
que diminui a demanda uma aacuterea em relaccedilatildeo agraves lagoas facultativas (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO eacute de 70 a 80 (JORDAtildeO
E PESSOcircA 2011)
Lagoa de maturaccedilatildeo (LM) geralmente usadas ao final de um sistema de lagoas de
estabilizaccedilatildeo neste tipo de lagoa a fotossiacutentese eacute predominante fornecendo assim um
ambiente de elevados teores de OD e pH que contribuem para acentuar os fatores
bactericida e viricida da radiaccedilatildeo UV (raios solares) Adicionalmente tem-se a remoccedilatildeo
de nitrogecircnio e foacutesforo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa de polimento (LP) constitui uma unidade de poacutes-tratamento para efluentes de
reatores UASB aleacutem de possuir a capacidade de reduccedilatildeo de nutrientes e patoacutegenos
assim como a lagoa de maturaccedilatildeo ainda contribui na remoccedilatildeo de DBO (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Lagoa aerada de mistura completa satildeo lagoas onde a intensidade de aeraccedilatildeo eacute maior
havendo assim maior atividade da biomassa bacteriana que se encontra dispersa no
meio liacutequido (mistura completa) e em elevadas concentraccedilotildees A demanda de aacuterea eacute
menor poreacutem o elevado teor de soacutelidos necessita ser removido em uma lagoa de
decantaccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
47
Lagoa de decantaccedilatildeo (LD) objetiva a remoccedilatildeo adicional de soacutelidos suspensos em
efluentes com altos teores antes de sua disposiccedilatildeo no corpo receptor (DBO
(FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) A eficiecircncia de remoccedilatildeo de SST pode ser de
85 a 90 para tempos de detenccedilatildeo de 1 a 2 dias (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Wetlands construiacutedos consistem de canais rasos com plantas aquaacuteticas onde o fluxo
pode ser superficial ou sub-superficial O tratamento dos esgotos ocorre por meio de
mecanismos bioloacutegicos quiacutemicos e fiacutesicos no sistema solo-aacutegua-planta (FLORENCIO
BASTOS E AISSE 2006)
Escoamento superficial (ES) os esgotos escoam pela parte superior de terrenos com
certa declividade e satildeo coletados por valas na parte inferior sendo a aplicaccedilatildeo de forma
intermitente por aspersatildeo tubulaccedilotildees e canais de distribuiccedilatildeo (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
Tanque seacuteptico (TS) os soacutelidos suspensos sedimentam e sofrem digestatildeo anaeroacutebia no
fundo do tanque Esta alternativa eacute mais utilizada em zonas rurais e locais onde natildeo
existe rede coletora de esgoto e pode estar associada agrave um filtro anaeroacutebio (sistema
fossa-filtro) (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006) Usualmente as eficiecircncias de
remoccedilatildeo de DBO e SST satildeo de 30 e 50 respectivamente podendo decair devido agrave
falta de limpeza do tanque (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
Filtro anaeroacutebio (FA) a remoccedilatildeo de DBO se daacute atraveacutes da biomassa que se encontra
aderida agrave um meio suporte inerte (usualmente brita 4 ou 5) normalmente nessas
unidades fluxo eacute ascendente Quando associado ao tanque seacuteptico (sistema fossa-filtro)
melhora a qualidade do efluente liquido apresentando uma eficiecircncia global de remoccedilatildeo
da DBO de 70 a 85 (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
472 Tratamento de efluentes a niacutevel terciaacuterio
As tecnologias empregadas no poacutes tratamento de efluentes secundaacuterios variam de
acordo com o tipo de compostos que se deseja eliminar tais como nutrientes
compostos orgacircnicos volaacuteteis soacutelidos em suspensatildeo e patoacutegenos No caso de tratamento
visando o reuacuteso podem ser classificados da seguinte maneira (JORDAtildeO E PESSOcircA
2014)
48
visando prioritariamente a remoccedilatildeo de soacutelidos em suspensatildeo
visando a remoccedilatildeo de soacutelidos e constituintes dissolvidos
visando a remoccedilatildeo de traccedilo de constituintes
visando a desinfecccedilatildeo do efluente
Filtraccedilatildeo terciaacuteria (FT)
Eacute um tratamento terciaacuterio utilizado em casos em que se requeira remoccedilatildeo adicional de
soacutelidos em suspensatildeo o polimento do efluente secundaacuterio e a remoccedilatildeo de foacutesforo Neste
sentido O processo pode ou natildeo fazer uso de coagulantes e floculantes para a remoccedilatildeo
dos soacutelidos em suspensatildeo efluentes do tratamento secundaacuterio (FLORENCIO BASTOS
E AISSE 2006)
O processo de filtraccedilatildeo convencional em areia ou antracito e areia (meio duplo) eacute
indicado como preacute tratamento ao tratamento terciaacuterio por meio de membranas
removendo aleacutem de soacutelidos DBO e turbidez (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
473 Processos de filtraccedilatildeo por membranas
As membranas funcionam como uma barreira seletiva que permite somente a passagem
de alguns componentes fiacutesicos ou quiacutemicos dissolvidos na aacutegua e reteacutem outros
materiais considerados indesejaacuteveis para a sauacutede humana ou agrave integridade do meio
ambiente (METCALF E EDDY 2003) O grau de seletividade das membranas depende
do tamanho do poro da membrana sendo os processos mais utilizados a microfiltraccedilatildeo
(MF) ultrafiltraccedilatildeo (UF) nanofiltraccedilatildeo (NF) e a osmose reversa (OR)
Microfiltraccedilatildeo eacute utilizada para a remoccedilatildeo do residual de soacutelidos suspensos e coloidais
na faixa de 0008 a 20 microm Este processo vem substituindo a filtraccedilatildeo em profundidade
na reduccedilatildeo de turbidez SST e bacteacuterias antes da desinfecccedilatildeo e como uma etapa de preacute-
tratamento para a osmose reversa (METCALF E EDDY 2003)
Ultrafiltraccedilatildeo eacute utilizada basicamente as mesmas finalidades da microfiltraccedilatildeo O
processo utiliza membranas com poros menores visando a retenccedilatildeo de constituintes de
tamanhos variando de 0005 a 02 microm Tecircm sido utilizadas na remoccedilatildeo de compostos
com alto peso molecular como por exemplo coloides proteiacutenas e carboidratos Este
49
processo eacute mais utilizado para fins industriais como a produccedilatildeo de aacutegua de processo
com elevado grau de pureza (METCALF E EDDY 2003)
Nanofiltraccedilatildeo eacute capaz de reter partiacuteculas de 0001microm sendo mais utilizada na remoccedilatildeo
de constituintes dissolvidos especiacuteficos como por exemplo iacuteons metaacutelicos
multivalentes responsaacuteveis pela dureza da aacutegua Aleacutem de remover compostos orgacircnicos
e inorgacircnicos dissolvidos remove bacteacuterias e viacuterus auxiliando a desinfecccedilatildeo Pode ser
utilizada como poacutes tratamento de efluentes que passaram por microfiltraccedilatildeo para reuacuteso
potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Osmose Reversa apesar de ser mais utilizada para dessalinizaccedilatildeo no tratamento de
efluentes atua removendo constituintes dissolvidos remanescentes dos processos de
microfiltraccedilatildeo e filtraccedilatildeo em profundidade De forma semelhante agrave nanofiltraccedilatildeo
tambeacutem remove mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica e patoacutegenos sendo aplicada na produccedilatildeo
de aacutegua para reuacuteso potaacutevel indireto (METCALF E EDDY 2003)
Biorreator de membranas (MBR) caracterizado como sendo um tratamento hiacutebrido
que combina um processo bioloacutegico geralmente aeroacutebio associado a um sistema de
microfiltraccedilatildeo ou ultrafiltraccedilatildeo alcanccedilando a retenccedilatildeo completa dos soacutelidos suspensos e
da biomassa (METCALF E EDDY 2003)
O MBR opera de maneira semelhante ao processo de lodos ativados poreacutem o moacutedulo
de membranas atua no lugar do decantador secundaacuterio A eficiecircncia do tratamento eacute
aumentada uma vez que o MBR permite atingir concentraccedilotildees de biomassa muito
maiores no reator bioloacutegico do que em sistemas de lodo ativado convencionais
(SCHNEIDER E TSUTIYA 2001)
Metcalf e Eddy (2003) listam as seguintes vantagens e desvantagens da utilizaccedilatildeo dos
biorreatores agrave membrana para o tratamento de esgoto sanitaacuterio
Tratamento de altas cargas volumeacutetricas em menor tempo de detenccedilatildeo
hidraacuteulica
Alta qualidade dos efluentes gerados em termos de baixa turbidez bacteacuterias
SST e DBO
Menor produccedilatildeo de lodo
50
Demanda menos aacuterea uacutetil comparado agraves tecnologias convencionais
Alto investimento inicial
Custos consideraacuteveis com trocas das membranas
Altos custos de energia
Necessidade de controle de colmataccedilatildeo das membranas
Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado
Este processo eacute utilizado no polimento de efluentes secundaacuterios objetivando a remoccedilatildeo
da porccedilatildeo remanescente da mateacuteria orgacircnica dissolvida inclusive compostos orgacircnicos
recalcitrantes bem como de nitrogecircnio sulfetos metais pesados sabor e odor
(METCALF E EDDY 2003)
Processos oxidativos avanccedilados (POAs)
Os processos oxidativos avanccedilados satildeo utilizados para oxidar compostos orgacircnicos
complexos encontrados nas aacuteguas residuaacuterias que satildeo de difiacutecil degradaccedilatildeo bioloacutegica
transformando-os em compostos mais simples (METCALF E EDDY 2003) No caso de
tratamento para reuacuteso quando requerido pelo uso pretendido os POAs podem ser
utilizados para remoccedilatildeo de traccedilos de constituintes devido agrave possiacutevel toxicidade destes
compostos (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014)
474 Desinfecccedilatildeo de efluentes
O objetivo principal da desinfecccedilatildeo eacute a proteccedilatildeo da sauacutede puacuteblica para tal natildeo eacute
necessaacuterio exterminar completamente a presenccedila de microrganismos (esterilizaccedilatildeo) e
sim a inativaccedilatildeo seletiva de organismos patogecircnicos As formas de tratamento mais
comuns satildeo cloraccedilatildeo radiaccedilatildeo ultravioleta e ozonizaccedilatildeo (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
A cloraccedilatildeo tem sido a principal forma de desinfecccedilatildeo praticada nas estaccedilotildees de
tratamento O cloro residual eacute a concentraccedilatildeo de cloro que permanece apoacutes um certo
tempo durante a qual a demanda foi satisfeita este pode ser encontrado nas seguintes
formas
Cloro residual combinado ndash eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe em
combinaccedilatildeo quiacutemica com a amocircnia ou com compostos orgacircnicos nitrogenados
51
Cloro residual livre - eacute a concentraccedilatildeo de cloro residual que existe sob a forma
de aacutecido hipocloroso e iacuteon hipoclorito Neste caso a aplicaccedilatildeo de cloro pode ter
sido tal que tenha destruiacutedo primeiro a amocircnia
Um aspecto contraacuterio agrave cloraccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo de subprodutos organoclorados como os
trihalometanos (THM) e os aacutecidos haloaceacuteticos (AHA) devido agrave associaccedilatildeo destes com
efeitos adversos agrave sauacutede humana
Jordatildeo e Pessoa (2011) recomendam que para efluentes de filtros apoacutes tratamento
secundaacuterio a dosagem de cloro deve ser de 1 a 5 mgL e que o tempo de contato para
vazatildeo meacutedia seja de 30 minutos O cloro em algumas concentraccedilotildees pode ser nocivo agrave
plantas normalmente concentraccedilotildees de 1 mgL natildeo causam problemas poreacutem algumas
culturas mais sensiacuteveis sofrem danos com concentraccedilotildees de 05 mgL (FLORENCIO
BASTOS E AISSE2006) Pompeo (2007) apud Cunha (2008) mostra que
concentraccedilotildees de 5 mgL apresentam maior probabilidade de inativaccedilatildeo de viacuterus poreacutem
causam danos agrave maioria das plantas
A desinfecccedilatildeo com radiaccedilatildeo ultravioleta (UV) eacute um processo totalmente fiacutesico que natildeo
requer adiccedilatildeo de substacircncia quiacutemica ou aditivos Para que a desinfecccedilatildeo seja eficiente eacute
necessaacuterio um efluente com baixa concentraccedilatildeo de SST e turbidez (preferencialmente
menor que 10 mgSSTL) de forma que a radiaccedilatildeo emitida atinja os microrganismos
sem interferecircncia O processo apresenta uma boa inativaccedilatildeo de coliformes
termotolerantes em efluentes com concentraccedilotildees de ateacute 40 mgSSTL no entanto quanto
pior a qualidade do efluente maior a dose de aplicaccedilatildeo necessaacuteria maior o gasto de
energia e menor a eficiecircncia (JORDAtildeO E PESSOcircA 2011)
As principais vantagens dos sistemas de UV satildeo
facilidade de operaccedilatildeo
eliminaccedilatildeo do uso de produtos quiacutemicos
natildeo formaccedilatildeo de compostos organoclorados como os trihalometanos
curto tempo de contato
melhor accedilatildeo antiviral em relaccedilatildeo a outros desinfetantes
52
Os principais aspectos que limitam a aplicaccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV em efluentes
secundaacuterios ou terciaacuterios satildeo
baixa concentraccedilatildeo de SST requerida
limpeza perioacutedica dos tubos das lacircmpadas devido agrave acumulaccedilatildeo de limo e
mateacuteria graxa
natildeo deixa residual desinfetante
custo relativamente elevado
possibilidade de recuperaccedilatildeo de alguns microrganismos (eg E coli) apoacutes a
irradiaccedilatildeo ao longo do tempo (fotorreativaccedilatildeo)
A desinfecccedilatildeo com ozona soacute eacute recomendada para efluentes terciaacuterios jaacute nitrificados ou
filtrados Suas vantagens satildeo semelhantes agrave radiaccedilatildeo UV jaacute as desvantagens principais
segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) satildeo
necessita um efluente com baixiacutessima concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica para
reduzir a demanda de ozocircnio
limitaccedilatildeo da ozonizaccedilatildeo no caso de efluentes cm elevada concentraccedilatildeo de SST
uma vez que os microrganismos podem estar adsorvidos na fraccedilatildeo soacutelida
custo elevado dos equipamentos de geraccedilatildeo de ozona
formaccedilatildeo de subprodutos como por exemplo aldeiacutedos e vaacuterios aacutecidos
475 Siacutentese dos processos de tratamento de efluentes
As diferentes tecnologias mencionadas e a qualidade do efluentes produzidos por elas e
suas combinaccedilotildees estatildeo descritas no Quadro 22
53
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm(ovoL)
Lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 lt 1
Lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
Lagoa aerada mistura completa + lagoa sedimentaccedilatildeo 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
Lagoa anaeroacutebia + lagoa facultativa + lagoa de
maturaccedilatildeo 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
Reator UASB 70 - 100 60 - 100 106 - 107 gt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro anaeroacutebio 40 - 80 30 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + lagoas de polimento 40 - 70 50 - 80 102 - 104 lt 1
UASB + lagoa aerada facultativa 50 - 80 60 - 90 106 - 107 gt 1
UASB + lagoa aerada mist Compl + lagoa decant 50 - 80 40 - 60 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo terciaacuteria
+ desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 0 - 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo carvatildeo
ativado + osmose reversa le 1 le 1 Natildeo detectaacuteves lt 1
Quadro 22 Qualidade do efluente de diversas tecnologias de tratamento de esgotos
Fonte Adaptado de Florencio Bastos e Aisse (2006) e Metcalf e Eddy (2003)
54
476 Tratamento de aacuteguas cinzas
No caso do reuacuteso de aacuteguas cinzas como suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e
bioloacutegicas satildeo proacuteximas das dos esgotos sanitaacuterios processos semelhantes de
tratamento podem ser utilizados Tais processos variam desde sistemas simples em
residecircncias ateacute seacuteries de tratamentos avanccedilados para reuacuteso em larga escala
(JEFFERSON et al 1999) Para produzir aacutegua de reuacuteso inodora e com baixa turbidez
uma estaccedilatildeo de tratamento de aacuteguas cinzas (ETAC) deve ser composta por pelo menos
os niacuteveis primaacuterio e secundaacuterio seguidos de desinfecccedilatildeo (niacutevel terciaacuterio) para se
assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes (GONCcedilALVES 2006)
Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006) recomenda que o tratamento miacutenimo de aacuteguas
cinzas contenha as seguintes etapas gradeamento grosseiro aeraccedilatildeo (digestatildeo
floculaccedilatildeo natural) sedimentaccedilatildeo e desinfecccedilatildeo Neal (1996) apud Gonccedilalves (2006)
propotildee a seguinte configuraccedilatildeo tiacutepica para uma ETAC
Filtro para retenccedilatildeo complementar de soacutelidos cujo meio filtrante deve ser
composto por material barato natildeo reutilizaacutevel e biodegradaacutevel para ser utilizado
como substrato em compostagem local
Tanque de aeraccedilatildeo principal compartimentado e dimensionado para tratar a
produccedilatildeo de aacutegua cinzas de pelo menos 1 semana
Tanque de estocagem (de preferecircncia aerado) dimensionado para estocar a
produccedilatildeo de aacuteguas cinzas de 4 semanas
Unidade de desinfecccedilatildeo caso haja contato direto por parte dos usuaacuterios
De acordo com USEPA (2012) sistemas de tratamento com biomassa suspensa ou
aderida e ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de produzir um efluente de qualidade
satisfatoacuteria a partir de aacuteguas cinzas adicionalmente a instituiccedilatildeo destaca a filtraccedilatildeo
avanccedilada e a desinfecccedilatildeo como etapas essenciais do tratamento de aacuteguas cinzas
Processos envolvendo biorreatores de membranas (MBR) e filtros bioloacutegicos aerados
(BAF) tecircm sido muito empregados em sistemas de reuacuteso de aacutegua em edifiacutecios
residenciais e comerciais (RAPOPORT 2004) O BAF combina filtraccedilatildeo profunda e
com um reator bioloacutegico de biomassa aderida O MBR combina um processo de lodo
ativado com microfiltraccedilatildeo e tem sido usado com sucesso no Japatildeo para reuacuteso das aacuteguas
55
cinzas em preacutedios residenciais (RAPOPORT 2004) Ambos processos removem a
mateacuteria orgacircnica alcanccedilando os padrotildees mais restritivos para reuacuteso As caracteriacutesticas
gerais do efluente produzido por esses processos estatildeo no Quadro 23
DBO (mgL) DQO (mgL) Turbidez (UNT) CT (UFC100mL)
Afluente 412 plusmn 30 120 plusmn 744 - 15x106 plusmn 43x106
MBR efluente 11 plusmn 16 96 plusmn 74 032 plusmn 028 ND
BAF efluente 43 plusmn 41 151 plusmn 131 32 plusmn 89 2x104 plusmn 55x104
Quadro 23 Eficiecircncia dos processos MBR e BAF para tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte Rapoport (2004)
Os ldquowetlandsrdquo construiacutedos satildeo capazes de reduzir o nuacutemero de bacteacuterias patogecircnicas
DBO e nutrientes aleacutem da possibilidade de servirem de parques para fins recreacionais
(BAZZARELLA 2005) Guumlnther (2000) apud Bazzarella (2005) afirma que estes
sistemas apresentam efluentes com concentraccedilotildees de DBO igual a zero nitrogecircnio
menor que 2 mgL foacutesforo de aproximadamente 002 mgL e coliformes
termotolerantes menor que 200 NMP100mL
O processo de tratamento em dois estaacutegios eacute comumente utilizado em residecircncias no
Reino Unido (BAZZARELLA 2005) Este processo consiste em filtraccedilatildeo grosseira
seguida de desinfecccedilatildeo que pode ser feita com cloro ou bromo em pastilhas ou soluccedilatildeo
liacutequida no entanto altas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica comprometem a eficiecircncia
da desinfecccedilatildeo quiacutemica pois dificultam a difusatildeo do desinfetante consequentemente
aumentando a demanda do agente desinfetante e ainda pode gerar subprodutos como
cloraminas e trihalometanos Outros problemas citados na literatura relacionado a este
sistema satildeo concentraccedilatildeo de DBO5 remanescente relativamente alta (22-87mgL)
entupimento na tubulaccedilatildeo de entrada do filtro falha na bomba e insuficiecircncia na
desinfecccedilatildeo (HILL et al2002 apud BAZZARELLA 2005) Segundo Rapoport (2004) o
efluente obtido apresenta DBO igual a 50mgL nitrogecircnio menor que 3mgL foacutesforo
menor que 1mgL e coliformes termotolerantes ausentes
Processos fiacutesicos como filtraccedilatildeo em leitos de areia e a microfiltraccedilatildeo com membranas
tambeacutem tem se mostrado eficazes na remoccedilatildeo de material suspenso e ateacute na remoccedilatildeo de
patoacutegenos no caso da microfiltraccedilatildeo esta poreacutem tem um alto consumo de energia
(BAZZARELLA 2005) Os efluentes gerados por estes tratamentos apresentam DBO
56
menor 20 mgL e coliformes termotolerantes variando de natildeo detectaacuteveis
(microfiltraccedilatildeo) a 2x10sup3 NMP100mL (Rapoport 2004)
Uma tendecircncia atual eacute a implantaccedilatildeo de ETEs compactas visando o tratamento dos
esgotos prediais e seu imediato aproveitamento como aacutegua de reuacuteso Um exemplo eacute o
sistema utilizado no preacutedio sede da Petrobraacutes constituiacutedo por reator anaeroacutebico
compartimentado filtro aerado submerso decantador secundaacuterio clorador e unidade de
ultravioleta (JORDAtildeO E PESSOcircA 2014) O processo produz efluentes com DBO e
SST lt 10 mgL CTer natildeo detectaacuteveis e turbidez lt 5 NTU
48EXEMPLOS DA PRAacuteTICA DE REUacuteSO URBANO
481 Exemplos no Brasil
CEDAE
A Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) jaacute vem
utilizando os efluentes de suas estaccedilotildees de tratamento de esgotos (ETEs) para reuacuteso
urbano e industrial como eacute o caso da ETE Alegria e ETE Penha
A Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos Alegria (ETE Alegria) eacute um importante
instrumento no Projeto de Despoluiccedilatildeo da Baiacutea de Guanabara com capacidade para
tratar ateacute 2500 litros de esgotos por segundo equivalente agrave uma populaccedilatildeo de 15
milhotildees de habitantes (CEDAE 2015) O processo de tratamento bioloacutegico utilizado
pela estaccedilatildeo eacute o de lodos ativados e os produtos finais desse processo satildeo aacutegua de reuacuteso
biossoacutelidos e biogaacutes Um dos projetos relacionados ao aproveitamento dos subprodutos
do tratamento de efluentes domeacutesticos mantidos pela empresa eacute o Projeto de Aacuteguas de
Reuacuteso da ETE Alegria Aleacutem de algumas empresas fazerem a coleta desse efluente para
reutilizaccedilatildeo em processos industriais o Consoacutercio Porto Rio utiliza o efluente da
estaccedilatildeo para abastecimento de equipamentos de perfuraccedilatildeo de rochas para umedecer
bases de pavimentos vias e calccediladas (RIO DE JANEIRO 2013)
A ETE Penha na zona norte do Rio de Janeiro tambeacutem reutiliza aacutegua obtida a partir do
tratamento do esgoto domeacutestico pelo processo de lodos ativados a estaccedilatildeo eacute capaz de
fornecer 21600 msup3mecircs ou seja 720 msup3d (CEDAE 2008)
57
Algumas das utilidades deste efluente segundo Gohringer (2006) satildeo
Abastecimento de caminhotildees de desentupimento que consomem cerca de cinco
mil litros de aacutegua em cada operaccedilatildeo
Lavagem das centriacutefugas e na diluiccedilatildeo dos poliacutemeros utilizados para retirar a
umidade do lodo dentro da proacutepria ETE
Lavagem de veiacuteculos e paacutetio de trabalho
Segundo teacutecnicos responsaacuteveis pelo tratamento a aacutegua obtida possui uma qualidade
superior agrave captada no rio Guandu o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro
(GOHRINGER 2006) No Quadro 24 mostra-se alguns resultados de qualidade da aacutegua
de reuacuteso obtidos na ETE Penha
DQO
(mgL)
DBO
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT)
pH
Resultados CEDAE 2005 11 8 Ausente 4 73
Resultados CEDAE 2008 17 lt5 Ausente 4 74
Quadro 24 Resultados de qualidade da aacutegua de reuacuteso produzida pela CEDAE
Fonte Adaptado de CEDAE (2008)
SABESP
A Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo (SABESP) foi uma das
pioneiras na produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso a partir do tratamento de efluentes domeacutesticos
inicialmente voltada para reuacuteso industrial Atualmente a SABESP fornece aacutegua de reuacuteso
para induacutestrias e Prefeituras na Regiatildeo Metropolitana de Satildeo Paulo (RMSP) para
diversas finalidades como (SABESP 2016)
Limpeza de pisos paacutetios veiacuteculos
Assentamento de poeira em obras de execuccedilatildeo de aterros e terraplanagem
Preparaccedilatildeo e cura de concreto em canteiros de obra
Desobstruccedilatildeo de rede de esgotos e aacuteguas pluviais
Combate a incecircndios
Rega aacutereas verdes
Geraccedilatildeo de energia e refrigeraccedilatildeo de equipamentos
58
A empresa conta com 5 ETES a saber Barueri Parque Mundo Novo ABC Suzano e
Satildeo Miguel juntas elas satildeo capazes de produzir cerca de 1746000 msup3 de aacutegua de reuacuteso
anualmente pelo processo de lodos ativados (SABESP 2016)
Como mencionado anteriormente a SABESP na ausecircncia de regulaccedilatildeo nacional
desenvolveu o seu proacuteprio padratildeo de qualidade para aacutegua de reuacuteso baseando-se nos
padrotildees adotados internacionalmente
A SABESP em parceria com a Odebrecht Ambiental criou o Aquapolo que eacute o maior
empreendimento para a produccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso industrial na Ameacuterica do Sul e
quinto maior do planeta O Aquapolo utiliza parte do efluente da ETE ABC para
produzir aacutegua de reuacuteso para abastecer o Polo Petroquiacutemico da Regiatildeo do ABC Paulista
O processo de tratamento empregado eacute a ultrafiltraccedilatildeo por membranas e a os criteacuterios
de qualidade da aacutegua de reuacuteso foram determinados pelo proacuteprio Polo Petroquiacutemico que
a utiliza para limpar torres de resfriamento e caldeiras principalmente (AQUAPOLO
2016)
482 Exemplos internacionais
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute uma praacutetica crescente mundialmente e os principais
fatores que levam agrave sua adoccedilatildeo satildeo (GOHRINGER 2006)
Escassez hiacutedrica ndash como Austraacutelia Oriente Meacutedio e a regiatildeo sudoeste dos
Estados Unidos
Regiotildees com restriccedilotildees severas relativas agrave disposiccedilatildeo dos efluentes tratados -
como a Floacuterida a regiatildeo costeira e ilhas do sul da Franccedila Espanha e Itaacutelia
Paiacuteses densamente povoados - como Inglaterra e Alemanha
Paiacuteses com disparidades regionais em recursos hiacutedricos - como o Japatildeo
Alguns exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos e em outros
paiacuteses satildeo mostrados nos Quadros 25 e 26
59
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1912 a
1985
Golden Gate Park Satildeo
Francisco Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de gramados e criaccedilatildeo de lagos
ornamentais
1926 Grand Canyon National
Park Arizona
Descarga em vaso sanitaacuterio irrigaccedilatildeo de gramado
aacutegua de resfriamento e aacutegua para aquecedores
1929 Pomona Califoacuternia Irrigaccedilatildeo de gramados e jardins
1960 Colorado Springs Colorado Irrigaccedilatildeo de campos de golfe parques cemiteacuterios e
rodovias
1961 Distrito de Irvine Ranch
Water Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de jardins e descarga de sanitaacuterios em
grandes edificaccedilotildees
1962 Distrito de County
Sanitation de Los Angeles
Califoacuternia
Recarga de aquiacuteferos usando bacias de inundaccedilatildeo
em Montebello Forebay
1977 Satildeo Petesburgo Floacuterida Irrigaccedilatildeo de parques campos de golfe paacutetio de
escolas gamados residenciais e aacutegua de reposiccedilatildeo
em torres de resfriamento
1985 El Paso Texas Recarga de aquiacuteferos por injeccedilatildeo direta no aquiacutefero
Hueco Bolson e como aacutegua de resfriamento em
usinas de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica
1987 Agecircncia Nacional de
Monterey de Controle da
Poluiacuteccedilatildeo da Aacutegua
Monterey Califoacuternia
Irrigaccedilatildeo de diversas hortaliccedilas incluindo
alcachofra aipo broacutecolis alface e couve-flor
Quadro 25 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs nos Estados Unidos
Fonte Florencio Bastos e Aisse (2006)
Ano Localizaccedilatildeo Exemplos de reuacuteso urbano
1890 Cidade do
Meacutexico Meacutexico
Cerca de 45msup3s de esgotos sanitaacuterios combinados agrave 10msup3s
de aacuteguas pluviais satildeo utilizados em 80000ha a 60 km da
regiatildeo metropolitana
1951 Toacutequio Japatildeo Uso na produccedilatildeo de uma faacutebrica de papel e posteriormente
foi comercializado para induacutestrias lavagem de trens de
passageiros
1962 La Soukra
Tuniacutesia
Irrigaccedilatildeo de plantas ciacutetricas recarga de aquiacuteferos para
reduzir a intrusatildeo de aacuteguas salinas nas aacuteguas subterracircneas
1968 Windhoek
Namiacutebia
Sistema direto de recuperaccedilatildeo de aacutegua residuaacuterias para
aumentar a quantidade de aacutegua potaacutevel
1969 Wagga Wagg
Australia
Irrigaccedilatildeo de paisagens campos esportivos gramados e
cemiteacuterios
1977 Tel-Aviv Israel Recarga de aquiacuteferos e irrigaccedilatildeo de culturas alimentares
1984 Governo
Metropolitano de
Toacutequio
Projeto em Shinjuku distrito de Toacutequio incentiva o
reaproveitamento de aacutegua para descarga de bacias sanitaacuterias
de 19 altas edificaccedilotildees em aacutereas altamente congestionadas
1989 Girona Espanha Irrigaccedilatildeo de campos de Golfe
Quadro 26 Exemplos de utilizaccedilatildeo de efluentes de ETEs em diferentes paiacuteses
Fonte Adaptado de Metcalf amp Eddy (2003) e Florencio Bastos e Aisse (2006)
Aleacutem dos exemplos jaacute mencionados alguns outros merecem destaque como por
exemplo
60
Reino Unido ndash sistemas descentralizados de reuacuteso de aacuteguas cinzas em descargas
de vasos sanitaacuterios (GIORDANI 2002)
Japatildeo ndash diversas cidades como Ooita Aomri e Toacutequio utilizam esgotos tratados
ou aacuteguas de baixa qualidade para fins urbanos natildeo potaacuteveis (MAEDA et al
1996) e cidades como Fukuoka e Shinjuko possuem rede dupla de distribuiccedilatildeo
de aacutegua de reuacuteso para aproveitamento em descargas (MAEDA et al 1996
HESPANHOL 2001) no norte do Japatildeo que sofre com a nevascas os efluentes
tratados satildeo utilizados para o derretimento desta neve atraveacutes da adiccedilatildeo da neve
em valas contendo aacutegua de efluentes tratados (GOHRINGER 2006)
Canadaacute - o efluente tratado nas ETEs eacute transportado em caminhotildees pipa para o
local da reutilizaccedilatildeo geralmente campos de golfe e irrigaccedilatildeo urbana
(GOHRINGER 2006)
61
5 ANAacuteLISE DA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
51LEGISLACcedilAtildeO NACIONAL E OS USOS DA AacuteGUA
A abordagem do tema ldquoreuacuteso de aacutegua para fins natildeo potaacuteveisrdquo no acircmbito legal surgiu a
partir da necessidade de minimizar os efeitos da escassez hiacutedrica e do mau
gerenciamento dos recursos hiacutedricos especialmente nos grandes centros urbanos A
partir de 2003 estados e cidades comeccedilaram a instituir programas de conservaccedilatildeo uso
racional e reuacuteso da aacutegua em novas edificaccedilotildees puacuteblicas e particulares No entanto essas
legislaccedilotildees se mostram um tanto superficiais apontando o reuacuteso de aacutegua como praacutetica a
ser adotada poreacutem sem estabelecer normas e criteacuterios a serem seguidos deixando a
determinaccedilatildeo destes sob a responsabilidade de outros oacutergatildeos ou para momentos futuros
Desta forma sem a devida normatizaccedilatildeo a populaccedilatildeo fica exposta agrave seacuterios riscos
sanitaacuterios durante a praacutetica do reuacuteso
As legislaccedilotildees estaduais e municipais mencionadas no item 34 discorrem sobre a
adoccedilatildeo da praacutetica do reuacuteso em diferentes contextos e apresentam divergecircncias entre si
quanto ao tipo de aacutegua de reuacuteso (efluentes de ETEs ou aacuteguas cinzas) a serem utilizadas
bem como suas aplicaccedilotildees no ambiente urbano No Quadro 27 sintetiza-se essas
informaccedilotildees
Observa-se que as legislaccedilotildees incentivam o reuacuteso de aacutegua para os diversos fins urbanos
mencionados neste trabalho tais como
Irrigaccedilatildeo de campos de esporte parques jardins cemiteacuterios canteiros de
rodovias etc
Usos ornamentas e paisagiacutesticos como em espelhos drsquoaacutegua lagoas e chafarizes
Descarga de toaletes
Combate a incecircndios
Lavagem de veiacuteculos
Limpeza de pavimentos e vias puacuteblicas
Desobstruccedilatildeo de redes de esgoto e de drenagem pluvial
Usos na construccedilatildeo como a compactaccedilatildeo do solo e o abatimento de poeira
62
Estado
municiacutepio Legislaccedilatildeo
Tipo de
efluente
Locais
de
interesse
Usos previstos
Efl
uen
tes
de
ET
Es
Aacuteg
ua
s ci
nza
s
Aacutere
as
puacute
bli
cas
Aacutere
as
pa
rtic
ula
res
Des
carg
a s
an
itaacuteri
a
La
va
gem
de
Veiacute
culo
s
La
va
gem
de
pa
vim
ento
s
Irri
ga
ccedilatildeo d
e p
arq
ues
etc
Fin
s p
ais
agiacutes
tico
s
Co
nst
ruccedilatilde
o c
ivil
Des
ob
stru
ccedilatildeo
de
du
tos
Co
mb
ate
agrave i
ncecirc
nd
io
Nuacute
mero
Tota
l d
e u
sos
Curitiba Lei Nordm
107852003 X x 1
Estado de
Satildeo Paulo
Decreto nordm
481382003 x X x x 1
Vitoacuteria Lei nordm
62592004 x x x x 2
Cuiabaacute Lei nordm
47482005 x x x x x x x 4
Cidade de
Satildeo Paulo
Lei nordm
140182005 X x x
Campinas Lei nordm
124742006 x X x x x x x x 5
Manaus Lei nordm
11922007 X x x x x 3
Florianoacutepolis Lei nordm
80802009 X x x 1
Aracaju Lei nordm
40262011 X x x 1
Niteroacutei Lei ndeg
28562011 X x x x x x x x 5
Juiz de Fora Lei nordm
124482011 X
x
Paraiacuteba Lei ndeg
100332013 X x
Estado de
Satildeo Paulo
Deliberaccedilatildeo
CRH nordm
1562013 x x x x x x x x x x 7
Juiz de Fora
Lei
complementar
0202014 X x
Estas legislaccedilotildees preveem a implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso em novas edificaccedilotildees poreacutem natildeo
mencionam usos especiacuteficos
Quadro 27 Usos previstos na legislaccedilatildeo para aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
63
Verificou-se variaccedilotildees referentes ao tipo de efluente e os usos potenciais mencionados
em cada lei Tais variaccedilotildees podem ser devidas a particularidades locais como
infraestrutura sistemas de tratamento (quando existentes) e demanda local Por
exemplo Campinas e Niteroacutei satildeo cidade de grande porte e localizada em regiatildeo
metropolitana respectivamente portanto apresentam grande demanda de aacutegua
observa-se que as legislaccedilotildees destas cidades contemplam um maior nuacutemero de
aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em meio urbano Enquanto que Juiz de Fora que apesar de
ser de porte meacutedio natildeo tem grandes problemas referentes a abastecimento de aacutegua logo
a preocupaccedilatildeo com o reuacuteso urbano de aacutegua natildeo eacute considerado uma prioridade o que eacute
refletido na legislaccedilatildeo pouco abrangente e especiacutefica apresentada ainda o Estado de
Satildeo Paulo o mais populoso do Brasil tem a legislaccedilatildeo que contempla o maior nuacutemero
de usos
Na Figura 9 representa-se a frequecircncia que as diferentes aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso em
meio urbano foram consideradas pela legislaccedilatildeo apresentada no Quadro 27
Figura 9 Aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
Nota-se que as aplicaccedilotildees de aacuteguas cinzas mais indicadas satildeo descargas sanitaacuterias
lavagem de veiacuteculos e de pavimentos e irrigaccedilatildeo de parques e jardins que satildeo
atividades corriqueiras nos domiciacutelios brasileiros Observa-se tambeacutem no Quadro 27
que o reuso de aacuteguas cinzas eacute abordado por 11 legislaccedilotildees enquanto que somente 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
64
consideram o reuacuteso de efluentes de ETE As aplicaccedilotildees preteridas desses 2 tipos de aacutegua
de reuacuteso tambeacutem variam consideravelmente e estatildeo representadas na Figura 10 Na
Figura 11 ilustra-se a aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso nos 2 tipos de aacutereas mencionados
na legislaccedilatildeo puacuteblicas e particulares
Figura 10 Usos contemplados na legislaccedilatildeo para cada tipo de aacutegua de reuacuteso
Fonte elaborado pelo autor
Figura 11 Aplicabilidade da aacutegua de reuacuteso em aacutereas puacuteblicas e particulares de acordo
com a legislaccedilatildeo
Fonte elaborado pelo autor
0
1
2
3
4
5
6
7
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Usos contemplados
Efluente de ETE Aacutegua cinza
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Aacutegua cinza Efluente de ETE
Nuacute
mer
o d
e le
gisl
accedilotilde
es
Tipo de aacutegua de reuacuteso
Aacutereas puacuteblicas Aacutereas particulares
65
Vale ressaltar que considerando a realidade brasileira a implantaccedilatildeo de sistemas de
captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo de aacuteguas cinzas a niacutevel municipal eacute inviaacutevel sendo
assim esse tipo de reuacuteso eacute mais indicado a niacutevel domeacutestico e condominial o que condiz
com as informaccedilotildees das Figuras 10 e 11 que aponta as aacutereas particulares como de maior
interesse
O reuacuteso de efluentes de ETEs eacute menos abordado nas legislaccedilotildees estudadas no entanto
suas aplicaccedilotildees satildeo mais variadas isso se deve principalmente aos grandes volumes de
aacutegua de reuacuteso necessaacuterios para determinados fins como por exemplo desobstruccedilatildeo de
dutos construccedilatildeo civil e irrigaccedilatildeo de parques puacuteblicos e outras aacutereas verdes Embora
combate agrave incecircndios natildeo tenha sido contemplado pela legislaccedilatildeo eacute uma atividade a ser
considerada em meio urbano devido ao elevado consumo de aacutegua tratada para este fim
No caso de reuacuteso de efluentes seria inviaacutevel sua implantaccedilatildeo em sistemas de
distribuiccedilatildeo de aacuteguas de reuacuteso para cada edificaccedilatildeo visto que os centros urbanos jaacute se
encontram bastante consolidados e com elevado adensamento populacional o que
tornaria o processo de implantaccedilatildeo impraticaacutevel e extremamente oneroso No entanto
isto natildeo inviabiliza a praacutetica do mesmo como mostrado na seccedilatildeo 37 da revisatildeo
bibliograacutefica este tipo de reuacuteso jaacute eacute praticado de forma eficiente com o auxiacutelio de
caminhotildees pipa que coletam o efluente nas ETEs e o transporta ateacute o local de destino
Observa-se que a Regiatildeo Sudeste eacute a mais representada no Quadro 27 com 8 legislaccedilotildees
referentes ao reuacuteso de aacutegua mais da metade estudada seguida das regiotildees Sul e
Nordeste (2 legislaccedilotildees cada) Norte e Centro-oeste (1 legislaccedilatildeo cada) Tal fato pode
estar associado agrave grande populaccedilatildeo da regiatildeo sudeste a presenccedila dos maiores centros
urbanos do paiacutes e a consequente maior demanda por aacutegua Verifica-se que o Estado de
Satildeo Paulo eacute o que possui maior nuacutemero de legislaccedilotildees referentes ao tema
Estado de Satildeo Paulo - Decreto nordm 481382003
Cidade de Satildeo Paulo - Lei nordm 140182005
Estado de Satildeo Paulo - Deliberaccedilatildeo CRH nordm 1562013
Nota-se que em de 2013 com o iniacutecio da crise hiacutedrica nacional o Estado de Satildeo Paulo
ampliou a variedade de aplicaccedilotildees de aacutegua de reuacuteso contempladas pela legislaccedilatildeo que
antes somente se referiam agrave lavagem de pavimentos
66
52CRITEacuteRIOS DE QUALIDADE DA AacuteGUA PARA REUacuteSO URBANO
As diretrizes da OMS e da USEPA satildeo as grandes norteadoras para a determinaccedilatildeo dos
criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso nos demais paiacuteses onde tal praacutetica eacute difundida
No entanto existem algumas divergecircncias a respeito do quatildeo restritivo esses criteacuterios
devem ser Nos Quadros 28 e 29 haacute uma compilaccedilatildeo dos criteacuterios de qualidade da aacutegua
de reuacuteso urbano internacionais e nacionais as Quadros 30 31 e 32 relaciona esses
criteacuterios de acordo com usos de exposiccedilatildeo semelhantes irrestrito restrito e residencial
Embora a grande maioria dos paracircmetros contemplados para cada uso apresentem
valores proacuteximos ou da mesma ordem de grandeza observa-se que alguns deles variam
consideravelmente Isto pode ocorrer principalmente devido agraves diferentes caracteriacutesticas
locais de efluentes e demanda e agraves tecnologias de tratamento disponiacuteveis
Dentre os 10 criteacuterios internacionais citados as maiores variaccedilotildees satildeo a respeito da
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes onde podem ser observadas 2 grupos
principais um de criteacuterios mais rigorosos e outro menos rigorosos Para reuacuteso irrestrito
metade dos valores (5) vai de lsquonatildeo detectaacuteveisrsquo a le 12 NMP100 mL jaacute a outra metade
adota valores le 240 NMP100 mL No caso de reuacuteso restrito tem-se um grupo que
adotam valores le 250 NMP100 mL (3) outro le 104 NMP100 mL (2) e ainda um
grupo intermediaacuterio (5) que recomenda le 1000 NMP100 mL
No que diz respeito aos valores limites de CTer propostos nacionalmente para reuacuteso
irrestrito todos recomendam concentraccedilotildees le200 NMP100 mL com exceccedilatildeo de Niteroacutei
que determina a ausecircncia destes microrganismos jaacute dentre os criteacuterios que abrangem
atividades comparaacuteveis agrave de acesso restrito verifica-se uma falta de consenso entre eles
visto que todos os 3 adotam valores bastante distintos le 500 le 1000 e le 104 NMP100
mL O mesmo ocorre para reuacuteso residencial onde os 3 valores propostos satildeo ND le
500 le1000 NMP100 mL
67
Uso 1 irrigaccedilatildeo de superfiacutecies externas em local com acesso irrestrito descarga de vasos sanitaacuterios e maacutequinas de lavar Uso 2 Irrigaccedilatildeo urbana em local com alguma
restriccedilatildeo de acesso combate agrave incecircndios chafarizes e espelhos drsquoaacutegua e controle de poeira Uso 3 Irrigaccedilatildeo urbana com total restriccedilatildeo ao acesso
Quadro 28 Criteacuterios internacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Conta
to
dir
eto
Conta
to
indir
eto
Res
iden
cial
Pai
sagiacutes
tico
Rec
reat
ivo
Res
iden
cial
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Irre
stri
to
Res
trit
o
Uso
1
Uso
2
Uso
3
DBO
(mgL)le 20 le 30 le15 le 30 le15 le 35 le 10 le 40 le 10 le 30 lt 10 lt 20 lt 20
SST
(mgL)le 10 le 20 le 35 le 20 le 30 le 10 le 20 le15 le45 le 10 le 20 le 10 le 40 - le 30 lt 10 lt 30 lt 30
CTer
(NMP10
0mL)
ausentes le 200 le 10000 le240 1000 ND le 1000 ND le 10 le100 10000 100 1000 le 1222 8 le250 le 22 le 1000 ND le 200 lt1 lt 10 lt1000 lt 200
Turbidez
(UT)2 le 10 le 1 le 5 le 2 le 2 le 2 le 2 le 1 le 2 - lt 2 lt 5 -
pH 58 a 86 6 a 84 60 - 90 60 - 90 65 ndash 85 65 ndash 85 65 ndash 85
Ovos de
helmintos le 01 le 01 le 01 le 1 ausentes ausentes le 1 ND lt 1
Oacuteleos e
graxas
(mgL)
- le 15 le 15
Cloro
residual
(mgL)
ge 01049
ge 01049 ge 10 ge 10 02 - 20 02 - 20 02 - 20
Cor (uC) le 40 le 10
Colifagos
(NMP
100mL)
lt 1 -
Clostridi
um (NMP
100mL)
lt 1 -
Araacutebia
Saudita7Chipre
5Espanha
1Meacutexico
2Japatildeo
3Greacutecia
4 Estados Unidos AustraacuteliaIsrael6
OMS
68
NBR 13969 Classe 1 - Lavagem de carros outros usos que requerem o contato direto do usuaacuterio com a aacutegua e chafarizes Classe 2 - Lavagem de pisos calccediladas e irrigaccedilatildeo dos jardins e fins
paisagiacutesticos Classe 3 ndash descargas sanitaacuterias SINDUSCON-SP Classe 1 - Descarga de bacias sanitaacuterias lavagem de pisos roupas e veiacuteculos e fins ornamentais (chafarizes espelhos de aacutegua
etc) Classe 2 - construccedilatildeo civil Classe 3 - Irrigaccedilatildeo superficial de aacutereas verdes e rega de jardim SESSMASSRH Classe A - irrigaccedilatildeo paisagiacutestica Classe B - lavagem de logradouros
construccedilatildeo civil e desobstruccedilatildeo de galerias de aacutegua pluvial rede de esgotos e lavagem de veiacuteculos especiais NO natildeo objetaacutevel VA visualmente ausentes CRT cloro residual total EC
condutividade eleacutetrica 1 Irrigaccedilatildeo superficial aspersatildeo
Quadro 29 Criteacuterios nacionais de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano
Fonte elaborada pelo autor
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Irrestrito Restrito Predial Classe A Classe B
Turbidez (UNT) lt 5 lt 5 lt 10 lt 2 lt 5 lt 20 lt 5 le 5 le 5
CTer (NMP100 mL) lt 200 lt 500 lt 500 ND le 1000 lt 200 lt 200 ausentes le 200 le 1x104
le1x103 le 200 le 200
SDT (mgL) lt 200 lt 500 - 450 - 1500 lt 200
SST (mgL) le 5 le 30 lt 20 lt 35 le 30 le 30
pH 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90 60 - 90
Cloro residual (mgL) 05 -15 gt 05 le 10lt 10 20 - 10 05 - 20 le 10 ge 05
DBO (mgL) le 10 le 30 lt 20 lt 25 le 30 le 20
Oacuteleos e graxas (mgL) le 1 le 1 VA
Cor Aparente (UH) le 10 lt 30 le 15
Odor e Aparecircncia NO NO
ovos de helmintos le 1 le 1 le 1 le 01L le 01L
Nitrato (mgL) lt 10
N Amoniacal (mgL) le 20
Nitrito (mgL) le 1
N total (mgL) 5 - 30
Foacutesforo Total (mgL) le 01
OD (mgL) gt 2
Salinidade (EC - dSm) 07 - 30
Cloretos (mgL)1 lt 350 lt 100
Soacutedio (SAR)1 6 - 9 ge 30
Boro (mgL) 07 30
COV - - - ausentes ausentes ausentes
PROSAB SESSMASSRHParacircmetros
NBR 13969 Sinduscon-SPSABESP Niteroacutei
69
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP
100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helminto
sL
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s Espanha Irrestrito le 20 le 200 le 10 le 01
Meacutexico Contato direto le 20 le 20 le 240 le 1 lt 15
Japatildeo Recreativo ND le 2 gt 01042 le 10
Greacutecia Irrestrito le 20 le 100 le 1 le 1
Chipre Irrestrito le 15 le 15 le 100 ausentes
Israel Irrestrito le 15 le 10 le 12221
Araacutebia Saudita Irrestrito le 10 le 10 le 22 6 a 84 le 1
Austraacutelia Uso 2 le 20 le 30 le 10 lt 5 65 ndash 85 02 - 20
Estados Unidos Irrestrito le 10 - ND le 2 60 - 90 ge 10
OMS le 200 le 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 1 lt 200 lt 5 60 - 90 05 -15 -
Sinduscon-SP Classe 3 lt 20 lt 20 lt 200 lt 5 60 - 90 le 10 lt 30
PROSAB Irrestritos le 200 le 1
SESSMASSRH Classe A e B le 30 le 30 le 200 le 5 le 1 05 - 1
SABESP lt 25 lt 35 lt 200 lt 20 60 - 90 VA 20 - 10
Niteroacutei ausentes lt 5 60 - 90 05 - 20 le 15
1 Em 80 das amostras em 50 das amostras
2 Livre combinado
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
NMP nuacutemero mais provaacutevel
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
VA visualmente ausentes
Quadro 30 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso irrestrito
Fonte elaborada pelo autor
70
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
L
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cloro
residual
(mgL)
Cor
(uC)
Inte
rnac
ionai
s
Espanha Restrito le 35 le 1x104
Meacutexico Contato indireto le 30 le 30 le 1000 le 5 le 15
Japatildeo Paisagiacutestico le 1000 le 2 le 40
Greacutecia Restrito le 1x104
Chipre Restrito le 30 le 45 le 1000 ausentes
Israel Restrito le 35 le 20 le 250
Araacutebia Saudita Restrito le 40 le 40 le 1000 ND
Austraacutelia Uso 3 le 20 le 30 le 1000 - 65 ndash 85
02 -
20
Estados
Unidos Restrito le 30 le 30 le 200 - 60 - 90
ge 10
OMS le 200 lt 1
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 2 lt 500 lt 5 - - gt 05
Sinduscon-SP Classe 2 le 30 le 30 le 1000 - 60 - 90 le 1
PROSAB Restritos le 1x104 le 1 DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 31 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em locais com acesso restrito
Fonte elaborada pelo autor
71
Paracircmetros DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Turbidez
(UT) pH
Ovos de
helmintos
Cloro
residual
(mgL)
Oacuteleos
e
graxas
(mgL)
Cor
Aparente
(UH) In
tern
acio
nai
s Espanha Residencial le 10 ausentes lt 2 le 01L
Japatildeo Residencial ND lt 2 58 a
86 0104
Greacutecia Residencial le 10 le 10 lt 2 le 01L
Austraacutelia Uso 1 le 10 le 10 1 lt 2 65 ndash
85 02 -
20
Nac
ionai
s
NBR 13969 Classe 3 lt 500 lt 10 - - - -
Sinduscon-
SP Classe 1 le 10 le 5 ND lt 2
60 -
90 - le 1 le 10
PROSAB Descargas
sanitaacuterias le 1000 le 1
Obs As classes de usos comparados nesto Quadro satildeo aquelas que incluem as descargas sanitaacuterias e outras aplicaccedilotildees domeacutesticas
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CTer coliformes termotolerantes
NMP nuacutemero mais provaacutevel
Quadro 32 Criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso em residecircncias
Fonte elaborada pelo autor
72
Eacute possiacutevel constatar que os criteacuterios nacionais satildeo ligeiramente menos restritivos que os
internacionais principalmente no que diz respeito agraves concentraccedilotildees de DBO SST
turbidez e CTer este uacuteltimo ainda apresenta divergecircncias consideraacuteveis na ordem de
grandeza das concentraccedilotildees limites para reuacuteso em residecircncias os criteacuterios internacionais
recomendam valores le 10 NMP100mL enquanto os nacionais admitem concentraccedilotildees de ateacute
1000 NMP100mL
Verificou-se tanto internacional quanto nacionalmente que paracircmetros como nutrientes
e sais importantes para o controle da eutrofizaccedilatildeo e da qualidade do solo natildeo satildeo
considerados com exceccedilatildeo dos criteacuterios propostos pelo Sinduscon-SP(2005) que
propotildee limites de nutrientes para fins ornamentais e paisagiacutesticos e de compostos
nocivos ao solo e agraves plantas para irrigaccedilatildeo paisagiacutestica
No Quadro 33 faz-se uma siacutentese dos criteacuterios de qualidade mais citados nas Quadros
30 31 e 32 relacionando-os com os usos pretendidos e considerando os valores mais e
menos rigorosos
Paracircmetros Irrestrito Restrito Residencial
+ rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso + rigoroso - rigoroso
DBO (mgL) le 10 le 30 le 20 le 30 le 10
SST (mgL) le 10 lt 35 le 20 le 45 le 5 le 10
CTer (NMP
100 mL) ausentes le 240 le 200 le 104 (1) ausentes
le 1000 (3)
Turbidez
(UNT) (2) le 1 lt 20 le 2 le 5 lt 2 lt 10
pH 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9 65 - 85 6 - 9
Ovos de
helmintos L ausentes le 1 ausentes le 1 le 01 le 1
Oacuteleos e
graxas (mgL) VA lt 15 le 1 lt 15 le 1
Cloro residual
(mgL) ge 02 le 10 02 - 2 gt 05 02 - 2 ge 0104
Cor (UH) (2) le 10 le 30 le 40 le 10
1 O valor mais praticado eacute le 1000 mgL
2 Na grande maioria dos criteacuterios estudados a turbidez e a cor natildeo satildeo consideradas para usos restritos
3 Os demais valores encontrados variaram de natildeo detectaacuteveis a 500 NMP 100 mL
VA visualmente ausentes
Quadro 33 Siacutentese de criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso adotados nacional e
internacionalmente
Fonte elaborado pelo autor
73
No Quadro 33 mostra-se que os valores mais rigorosos para uso residencial satildeo bem
proacuteximos do criteacuterio mais rigoroso para usos irrestritos sugerindo que se possa
determinar um uacutenico criteacuterio para a aacutegua de reuacuteso que abranja as 2 modalidades de uso
No que diz respeito ao reuacuteso restrito verificou-se grande divergecircncia quanto agrave
concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes as ordens de grandeza variam de 102 a 104
sendo que o criteacuterio mais adotado eacute de CTer le 1000 NMP100mL
Nota-se que ao se considerar apenas os limites extremos alguns valores se destacam
por apresentarem certa incoerecircncia como por exemplo no reuacuteso irrestrito (geralmente
mais rigoroso) a turbidez lt 20 UNT que eacute adotada pela SABESP eacute muito maior que o
criteacuterio menos rigoroso para reuacuteso restrito que eacute le 5 UNT no entanto observando o
Quadro 30 vecirc-se que os limites mais adotados satildeo lt 5 UNT O mesmo ocorre com o
teor de cloro residual le 10 mgL para reuacuteso irrestrito enquanto o mais adotado nacional
e internacionalmente satildeo concentraccedilotildees le 2 mgL
53DETERMINACcedilAtildeO DE PARAcircMETROS E CRITEacuteRIOS DE
QUALIDADE PARA AacuteGUA DE REUacuteSO
A classificaccedilatildeo dos diferentes usos da aacutegua adotada para a determinaccedilatildeo de criteacuterios de
qualidade requeridos eacute baseada no PROSAB (FLORENCIO BASTOS E AISSE 2006)
poreacutem considera o uso predial como parte do uso irrestrito
Irrestrito irrigaccedilatildeo (campos de esportes parques jardins e cemiteacuterios etc) e
usos ornamentais e paisagiacutesticos em aacutereas com acesso irrestrito ao puacuteblico
descarga de toaletes limpeza de ruas e pavimentos e outros usos com exposiccedilatildeo
similar
Restrito irrigaccedilatildeo (parques canteiros de rodovias etc) e usos ornamentais e
paisagiacutesticos em aacutereas com acesso controlado ou restrito ao puacuteblico abatimento
de poeira em estradas vicinais e usos na construccedilatildeo desobstruccedilatildeo de galerias de
aacutegua pluvial e combate agrave incecircndios
A escolha dos paracircmetros de qualidade da aacutegua a serem considerados neste trabalho
baseou-se nas exigecircncias de qualidade para cada uso e nos paracircmetros mais relevantes e
adotados nacional e internacionalmente
74
Coliformes termotolerantes (CTer) e ovos de helmintos
Na literatura analisada haacute consideraacutevel divergecircncia a respeito dos valores maacuteximos
aceitaacuteveis para este paracircmetro para ambos os tipos de reuacuteso A Organizaccedilatildeo Mundial da
Sauacutede (OMS) estabeleceu que para irrigaccedilatildeo de gramados com os quais o puacuteblico tenha
contato direto deve ser adotado o valor maacuteximo de 200 NMP100mL Jaacute a USEPA
recomenda que estes organismos natildeo sejam detectaacuteveis para usos em locais com acesso
irrestrito
Haacute grande discussatildeo a respeito da concentraccedilatildeo de coliformes termotolerantes em aacuteguas
de reuacuteso utilizadas em descarga sanitaacuteria O SINDUSCON-SP (2005) assim como a
USEPA (2012) consideram que estes devem ser natildeo detectaacuteveis enquanto que a NBR
13969 admite ateacute 500 NMP100mL Entretanto como jaacute mencionado neste trabalho
Gonccedilalves (2006) verificou que concentraccedilatildeo de CTer em bacias sanitaacuterias que utilizam
aacutegua potaacutevel entaacute entre 155x10sup2 e 120x105NMP100mL o que levanta o
questionamento se os padrotildees adotados satildeo demasiadamente restritivos ou natildeo
De acordo com as Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 as aacuteguas Classe 1 podem ser
utilizadas para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas e frutas que satildeo
consumidas cruas ou sem remoccedilatildeo de peliacutecula as aacuteguas Classe 2 podem ser utilizadas
para recreaccedilatildeo de contato primaacuterio e irrigaccedilatildeo de hortaliccedilas plantas frutiacuteferas e parques
e jardins com os quais o puacuteblico possa vir a ter contato direto A respeito da recreaccedilatildeo
de contato primaacuterio a Resoluccedilatildeo CONAMA 2742000 (padratildeo de balneabilidade)
estabelece que as aacuteguas podem apresentar 3 niacuteveis de qualidade
Excelente - CTer le 250 NMP100mL
Muito boa - CTer le 500 NMP100mL
Satisfatoacuteria - CTer le 1000 NMP100mL
Para os demais usos a Resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 estabelece que
Classe 1 - CTer le 200 NMP100mL
Classe 2 - CTer le 1000 NMP100mL
75
Considerando que dentre os padrotildees internacionais praticados quase todos os paiacuteses
adotam valores menores que 200 NMP100mL eacute razoaacutevel sugerir que a concentraccedilatildeo de
coliformes termotolerantes em aacuteguas de reuacuteso seja de ateacute 200 NMP100mL uma vez
que a proacutepria legislaccedilatildeo nacional admite aacuteguas com esta concentraccedilatildeo como apropriadas
ao contato primaacuterio
No caso de reuacuteso irrestrito assume-se que o contato com aacutegua seja ocasional ou de
forma indireta Visando a seguranccedila de trabalhadores e outras pessoas que possam vir a
ter contato direto com a aacutegua de reuacuteso e considerando que Resoluccedilatildeo CONAMA 357
admite contato primaacuterio com aacuteguas classe 2 e ainda que Resoluccedilatildeo CONAMA 274
classifica como satisfatoacuterias aacuteguas com CTer le 1000 NMP100mL sugere-se que este
deva ser o limite pra aacuteguas de reuacuteso restrito
Os ovos de helmintos possuem dose infectiva muito baixa (1 a 10 ovos) desta forma
para assegurar a seguranccedila da populaccedilatildeo e dos trabalhadores que possam vir a ter
contato direto com a aacutegua de reuacuteso e que a aplicaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso natildeo objetiva
irrigaccedilatildeo de culturas alimentiacutecias sugere-se o valor recomendado pela OMS (WHO
1989) de lt 1 ovoL somente para reuacuteso irrestrito
Soacutelidos Suspensos Totais e turbidez
Os soacutelidos em suspensatildeo totais e a turbidez satildeo variaacuteveis importantes pois interferem
nos processos de desinfecccedilatildeo podem causar objeccedilatildeo agrave aacutegua de reuacuteso aleacutem de problemas
na irrigaccedilatildeo por aspersatildeo Os valores praticados atualmente para SST variam de le 10
mgL a le 35 mgL para reuacuteso irrestrito de le 20 mgL a le 45 mgL pare reuacuteso irrestrito e
le 10 mgL para residencial
Associando as concentraccedilotildees de CTer adotadas como criteacuterio de qualidade neste
trabalho com as concentraccedilotildees mais adotadas mostradas nas Quadros 30 e 31 sugerem-
se limites de le 20 mgL e le 30 mgL para reuacuteso irrestrito e restrito respectivamente
Os soacutelidos em suspensatildeo satildeo os constituintes responsaacuteveis pela turbidez na aacutegua logo
satildeo diretamente proporcionais Observando as Quadros 30 e 31 verifica-se que na sua
grande maioria os limites para SST de le 20 mgL e le 30 mgL estatildeo associados a
valores de turbidez de le 2 UNT e le 5 UNT respectivamente
76
Desta forma sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 2 UNT e de
le 5 UNT para usos restritos
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO)
Nos criteacuterios estudados a variaccedilatildeo do paracircmetro DBO foi de le 10 a le 30 mgL (usos
irrestritos) e de le 20 a le 40 mgL (usos restritos) Sendo os valores mais adotados para
usos irrestritos e residenciais le 10 mgL e para usos irrestritos le 30 mgL
Vale ressaltar que os valores de DBO podem variar de acordo com a fonte da aacutegua e da
eficiencia do tratamento empregado que segundo Jordatildeo e Pessocirca (2011) os
tratamentos secundaacuterios objetivam atingir uma faixa de 20 a 30 mgL e que de acordo
com o Quadro 22 os sistemas de tratamento terciaacuterio de esgotos mais eficientes
apresentam efluentes com DBO menores que 10 mgL
Com base no exposto sugere-se que o limite adotado para usos irrestritos seja de le 10
mgL e de le 30 mgL para usos restritos
Cloro residual total (CRT)
Os valores para concentraccedilotildees de CRT encontrados nacional e internacionalmente
variam de gt 02 (Austraacutelia) a lt10 mgL (SABESP)
A formaccedilatildeo de subprodutos da cloraccedilatildeo como os trihametanos (THM) como por
exemplo o clorofoacutermio deve ser considerada A Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011
determina um limite de lanccedilamento de efluentes em corpos receptores para clorofoacutermio
de 10 mgL enquanto que a Portaria MS 29142011 detemina que o valor maacuteximo
permitido seja de 01 mgL No Quadro 34 mostra-se os resultados de um estudo
realizado por Pianowski e Janissek (2003) sobre a fomaccedilatildeo de THM principalmente
clorofoacutermio apoacutes a cloraccedilatildeo de efluentes secundaacuterios com tempo de contato de 30
minutos
77
Paracircmetros Cloro adicionado (mgL)
0 4 8 12 16 20 30
Clorofoacutermio
(microgL) lt 20 168 488 971 3883 375 4 9364
CRT (mgL) lt 010 10 60 90 100 100 200
CTer
(NMP100mL) 17 x 106 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02 lt 20 lt 02
Quadro 34 Formaccedilatildeo de clorofoacutemio apoacutes cloraccedilatildeo com diferentes dosagens
Fonte Pianowski e Janissek (2003)
Jordatildeo e Pessocirca (2011) recomendam uma dosagem de 10 a 50 mgL de cloro para
efluentes de filtros apoacutes tratamento secundaacuterio e de 20 a 80 mgL para efluentes de
lodos ativados e cloro residual miacutenimo de 05 mgL apoacutes 30 min de contato Pelo
Quadro 34 verifica-se uma linearidade no teor de CRT para dosagens de ateacute 12 mgL de
cloro logo para dosagens de 5 6 e 7 mgL assume-se que as concentraccedilotildees de CRT
sejam de aproximadamente 225 35 e 475 mgL respectivamente
Levando em consideraccedilatildeo que
ambos os tipos de reuacuteso envolvem irrigaccedilatildeo de aacutereas verdes
que concentraccedilotildees de CRT de 05 mgL causam danos somente agrave culturas mais
sensiacuteveis enquanto que concentraccedilotildees de 5 mgL apesar de inativar grande
parte dos viacuterus causam danos a maioria das plantas (JORDAtildeO E PESSOcircA
2011)
que os limites mais praticados encontrados na literatura satildeo lt 20 mgL
que o estudo de Pianowski e Janissek (2003) mostram qualidade satisfatoacuteria para
clorofoacutermio (ateacute CRT lt 60 mgL) e CTer para todas as dosagens apoacutes tempo de
contado de 30 minutos
e ainda que o mesmo estudo mostra que para tempos de contato de 21h
(simulando armazenamento ou tempo no sistema de distribuiccedilatildeo) a concentraccedilatildeo
de clorofoacutermio eacute mais proacutexima do valor maximo sugerido pela Portaria MS
29142011 para CRT lt 20 mgL
Sugere-se que o teor de cloro residual total para todos os tipos de reuacuteso urbano seja de
05 a 20 mgL
78
Cor
Alguns paracircmetros como a cor natildeo representam riscos de contaminaccedilatildeo por doenccedilas
poreacutem interferem na aceitaccedilatildeo da aacutegua de reuacuteso pela populaccedilatildeo
Na literatura estudada tem-se valores variando de le 10 uC a lt 30 uC para reuacuteso
irrestrito le 10 uC para reuacuteso residencial e le 40 uC para usos restritos
Considerando que Von Sperling (2005) afirma que coloraccedilotildees acima de 15 uC jaacute podem
ser identificadas pelo usuaacuterio e que a Portaria MS 29142011 estabelece que para a
aacutegua potaacutevel o valor maacuteximo permitido eacute de 15 uC sugere-se que este seja o limite
adotado para o reuacuteso e locais com acesso irrestrito
No caso do reuacuteso restrito a aceitaccedilatildeo do puacuteblico natildeo eacute um fator muito relevante exceto
para usos ornamentais aleacutem disso a cor estaacute relacionada com a presenccedila de soacutelidos
orgacircnicos dissolvidos que podem originar subprodutos carcinogecircnicos apoacutes a cloraccedilatildeo
logo considerando o limite adotado pelo Japatildeo onde o reuacuteso jaacute eacute uma praacutetica
consolidada para usos paisagiacutesticos de le 40 uC sugere-se o mesmo valor
Odor
O odor na aacutegua estaacute associado agrave mateacuteria orgacircnica em decomposiccedilatildeo microrganismos e
gases dissolvidos O consumidor tende a rejeitar aacuteguas com odores fortes eou
desagradaacuteveis desta forma faz-se necessaacuterio que a aacutegua de reuacuteso para qualquer
aplicaccedilatildeo apresente odor natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas
Oacuteleos e graxas satildeo fatores importantes pois podem inibir o tratamento bioloacutegico causar
obstruccedilatildeo nas redes objeccedilatildeo do consumidor e dificultar trocas gasosas em meio
aquaacutetico Desta forma sugere-se que estes compostos devem ser virtualmente ausentes
para ambos os tipos de reuacuteso restrito e irrestrito
79
pH
Considerando que o pH natildeo tem implicaccedilotildees em termos de sauacutede puacuteblica caso
permaneccedilam proacuteximos da neutralidade e que os valores encontrados na literatura
indicaram em sua grande maioria a faixa de 6 ndash 9 como sendo a ideal para aacuteguas de
reuacuteso recomenda-se essa faixa como criteacuterio de qualidade para todos os usos
Os criteacuterios de qualidade da aacutegua de reuacuteso urbano natildeo potaacutevel propostos neste trabalho
se encontram no Quadro 35
Paracircmetro Irrestrito Restrito
CTer (NMP100mL) le 200 le 1000
DBO (mgL) le 10 le 30
SST (mgL) le 20 le 30
Turbidez (UNT) le 2 le 5
pH 6 - 9 6 ndash 9
Cor (uC) le 15 le 40
Ovos de helmintos L lt 1
CRT (mgL) 05 a 20 05 a 20
Odor Natildeo ofensivo Natildeo ofensivo
Oacuteleos e graxas Visualmente ausentes Visualmente ausentes
CTer coliformes termotolerantes
DBO demanda bioquiacutemica de oxigecircnio
SST soacutelidos suspensos totais
CRT cloro residual total
Quadro 35 Criteacuterios de qualidade propostos pelo autor
Fonte elaborado pelo autor
80
54CARACTERIZACcedilAtildeO DE AacuteGUAS CINZAS
No Quadro 36 mostra-se as faixas de variaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas
cinzas segundo a literatura estudada respectivamente
Paracircmetro Banheiro Lavanderia
DQO mgL 200 -653 521
DBO5 mgL 25 - 265 48 ndash 380
Ptotal mgL 011 - 624 0062 ndash 57
NTK mgL 2 - 20 1 ndash 40
N am mgL 003 - 15 lt01 - 19
Nitrito mgL 0001 - 003 011
OD mgL 01 - 462 -
pH 47 - 81 93 - 10
SST mgL 90 - 160 53 - 280
Turbidez UT 3305 - 240 50 - 210
CT UFC100ml 70 - 107 85 - 89x105
CTer
UFC100ml 1 - 106 9 - 816x104
Quadro 36 Caracterizaccedilatildeo das aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Nota-se que as caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas diferem consideravelmente de acordo
com a fonte e ainda apresentam largas faixas de variaccedilatildeo Rapoport (2004) aleacutem do
reuacuteso de aacuteguas cinzas provenientes de cozinhas tambeacutem natildeo recomenda o reuacuteso de
aacuteguas oriundas de lavanderias devido agrave alta concentraccedilatildeo de produtos quiacutemicos
turbidez e soacutelidos em suspensatildeo o que pode ser verificado pelos dados do Quadro 31
Com relaccedilatildeo aos riscos associados agrave exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo subentende-se que a
qualidade das aacuteguas cinzas para reuacuteso domeacutestico deve atender aos mesmos criteacuterios
utilizados para efluentes de ETEs utilizados para reuacuteso urbano irrestrito uma vez que
apresentam o mesmo grau de exposiccedilatildeo do usuaacuterio e risco de contato primaacuterio
conforme jaacute verificado no item 52 a similaridade entre usos
55TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O
REUacuteSO URBANO NAtildeO POTAacuteVEL
O Quadro 37 eacute baseada no Quadro 22 (toacutepico 36) e relaciona a qualidade necessaacuteria da
aacutegua de reuacuteso com os tratamentos capazes de satisfazer os criteacuterios estabelecidos
81
Sistema
Qualidade meacutedia do efluente
DBO
(mgL)
SST
(mgL)
CTer
(NMP100mL)
Ovos
helm
(ovoL)
Usos restritos
Escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
Wetlands construiacutedos 30 - 70 20 - 40 104 - 105 lt 1
UASB + Lodos Ativados 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso 20 - 50 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga 20 - 60 20 - 40 106 - 107 gt 1
UASB + flotaccedilatildeo por ar dissolvido 20 - 50 10 - 30 106 - 107 gt 1
UASB + escoamento superficial 30 - 70 20 - 60 104 - 106 lt 1
UASB + Lodos Ativados + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + desinfecccedilatildeo 20 - 50 20 - 40 lt 103 gt 1
Usos irrestritos e restritos
Tanque seacuteptico + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro anaeroacutebio + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + biofiltro aerado submerso + filtraccedilatildeo
terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
UASB + filtro bioloacutegico percolador de alta carga +
filtraccedilatildeo terciaacuteria + desinfecccedilatildeo lt 10 lt 10 lt 103 lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria + adsorccedilatildeo
carvatildeo ativado + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Lodos Ativados + filtraccedilatildeo terciaacuteria +
microfiltraccedilatildeo + osmose reversa le 1 le 1
Natildeo
detectaacuteveis lt 1
Quadro 37 Tecnologias de tratamento para atender aos criteacuterios de qualidade para aacutegua
de reuacuteso estabelecidos
Fonte elaborado pelo autor
Os tratamentos por lagoas se mostraram ineficientes na remoccedilatildeo de DBO e SST em
relaccedilatildeo aos criteacuterios de qualidade sugeridos
O Quadro 37 corrobora a recomendaccedilatildeo da USEPA (2012) onde se estabelece para usos
restritos como niacutevel miacutenimo de tratamento requerido sendo o secundaacuterio seguido de
desinfecccedilatildeo Observa-se que os tratamentos a niacutevel secundaacuterios listados satildeo capazes de
atingir as concentraccedilotildees estabelecidas para SST (le 30 mgL) e DBO (le 30 mgL) poreacutem
natildeo satisfazem o criteacuterio para CTer (le 1000 mgL) sem que haja desinfecccedilatildeo logo estaacute
se faz extremamente necessaacuteria para garantir seguranccedila do usuaacuterio quanto a exposiccedilatildeo agrave
microrganismos patogecircnicos no reuacuteso urbano para fins restritos
82
Assim como determinado pela USEPA (2012) nota-se que as concentraccedilotildees de DBO le
10 mgL e de lt1 ovos de helmintosL somente satildeo atendidas atraveacutes tratamentos
terciaacuterios como a filtraccedilatildeo microfiltraccedilatildeo osmose reversa e adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado e a desinfecccedilatildeo eacute capaz de garantir a concentraccedilatildeo de CTer le 200 mgL
Vale ressaltar que segundo Florencio Bastos e Aisse (2006) a etapa de filtraccedilatildeo terciaacuteria
e desinfecccedilatildeo podem ser substituiacutedas por lagoas de polimento e de maturaccedilatildeo
No que diz respeito ao tratamento de aacuteguas cinzas a niacutevel domiciliar e condominial as
principais tecnologias sugeridas na literatura estatildeo relacionadas no Quadro 38
Tecnologias DBO
(mgL)
SST
(mgL)
Turbidez
(UNT)
Coliformes
totais
(NMP100mL)
Biorreator de membranas 11 plusmn 16 032 plusmn 028 ND
Filtros bioloacutegicos aerados 43 plusmn 41
32 plusmn 89 2x104 plusmn
55x104
Wetlands construiacutedos 0 lt 200
Filtraccedilatildeo grosseira + desinfecccedilatildeo gt 50 Ausentes
Filtraccedilatildeo em leitos de areia lt 20 2x10sup3
Microfiltraccedilatildeo lt 20 ND
Reator anaeroacutebio + filtro aerado
submerso + decantador
secundaacuterio + clorador + UV
(ETE compacta)
lt 10 lt 10 lt 5 ND
Quadro 38 Tecnologias de tratamento de aacuteguas cinzas
Fonte elaborada pelo autor
Apesar da qualidade dos efluentes produzidos estarem expressos somente em termos de
DBO turbidez e coliformes totais natildeo apresentando os demais paracircmetros considerados
relevantes neste trabalho eacute possiacutevel inferir quais tecnologias podem ter capacidade de
produzir efluentes com qualidade satisfatoacuteria para reuacuteso irrestrito
Os filtros bioloacutegicos aerados (BAF) apesar de produzir efluente dentro do limite de
DBO natildeo atinge o valor de turbidez aceitaacutevel (le 2UNT) e provavelmente o de CTer le
250 mgL tambeacutem natildeo
Os sistemas de filtraccedilatildeo grosseira seguida de desinfecccedilatildeo e de microfiltraccedilatildeo apesar de
atender ao criteacuterio microbioloacutegico natildeo alcanccedilam a eficiecircncia de remoccedilatildeo de DBO
83
necessaacuteria Enquanto a filtraccedilatildeo em leitos de areia natildeo se mostra satisfatoacuteria para ambos
os paracircmetros
Desta forma as tecnologias de tratamento que se mostram capazes de alcanccedilar
concentraccedilotildees de DBO lt 10 mgL e CTer lt 200 NMPL satildeo os biorreatores de
membranas (MBR) os wetlands construiacutedos e a ETE compacta no entanto deve-se
estudar a viabilidade de implantaccedilatildeo de sistemas como o MBR e ETE compacta que
apresenta alto custo de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo e ainda requerem matildeo de obra
especializada
551 Consideraccedilotildees adicionais agrave respeito do tratamento de efluentes
Jordatildeo e Pessocirca (2014) cita uma tendecircncia mundial apontada pela IWA ndash International
Water Association onde no que diz respeito do tratamento de efluentes para reuacuteso
paiacuteses desenvolvidos praticam o trinocircmio padrotildees de qualidade extremamente
exigentes ndash altos custos ndash baixiacutessimos riscos enquanto para paiacuteses em desenvolvimento
o trinocircmio eacute tecnologias simples ndash baixo custo ndash riscos controlados
Como jaacute mencionado tratamento avanccedilado de efluentes eacute essencial para garantir a
qualidade da aacutegua de reuacuteso e a reduccedilatildeo de riscos microbioloacutegicos no entanto ao se
escolher a tecnologia a ser empregada deve-se observar a qualidade do efluente
requerido pelo uso pretendido e os custos envolvidos na implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo
Observa-se que alguns tratamentos que envolvem altos investimentos como biorreatores
de membranas osmose reversa POAs e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo utilizados para
produzir efluentes de altiacutessima qualidade para usos que exigem a remoccedilatildeo de compostos
especiacuteficos geralmente usos industriais e reuacuteso indireto potaacutevel (METCALF E EDDY
2003) Desta forma ao se considerar a adoccedilatildeo desses tipos de tratamento no reuacuteso
urbano natildeo potaacutevel deve-se avaliar o custo-benefiacutecio e a real necessidade do emprego
destas tecnologias na produccedilatildeo de efluentes para usos que natildeo exijam qualidade tatildeo
elevada
No que diz respeito a desinfecccedilatildeo todos os 3 processos mencionados (cloraccedilatildeo
radiaccedilatildeo UV e ozonizaccedilatildeo) podem ser empregados para aacutegua de reuacuteso urbano natildeo
84
potaacutevel Assim como no tratamento terciaacuterio deve-se avaliar os custos envolvidos em
cada processo bem como os riscos associados e as caracteriacutesticas do efluente a ser
desinfetado de forma que o processo seja o mais eficiente possiacutevel
85
6 CONCLUSAtildeO
O Brasil necessita de uma legislaccedilatildeo mais abrangente que natildeo soacute institua a praacutetica do
reuacuteso mas que tambeacutem estabeleccedila criteacuterios de qualidade mais adequados com a
realidade sociocultural econocircmica e ambiental do paiacutes e diretrizes que norteiem a
implantaccedilatildeo de sistemas de reuacuteso
Constatou-se que sistemas de tratamento com disposiccedilatildeo no solo (wetlands e
escoamento superficial) bem como UASB acompanhado de tratamento secundaacuterio
satisfazem os criteacuterios de qualidade para usos restritos propostos apoacutes desinfecccedilatildeo
Somente a desinfecccedilatildeo apoacutes tratamento secundaacuterio natildeo eacute suficiente para alcanccedilar a
qualidade de efluente proposta neste trabalho para usos irrestritos neste caso
tratamentos terciaacuterios como a filtraccedilatildeo se tornam indispensaacuteveis
Processos avanccedilados envolvendo membranas e adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado satildeo
necessaacuterios quando se deseja um efluente de altiacutessima qualidade
Conclui-se que com investimentos relativamente baixos para a construccedilatildeo de unidades
de filtraccedilatildeo desinfecccedilatildeo e de armazenamento em ETEs jaacute em operaccedilatildeo seria possiacutevel o
aproveitamento de efluentes tratados que poderiam ser empregados em atividades
como irrigaccedilatildeo de parques e jardins lavagem de pavimentos e veiacuteculos fins
ornamentais combate agrave incecircndios construccedilatildeo civil etc Usos estes que independem de
redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua de reuacuteso podendo ser transportados aos locais de
utilizaccedilatildeo por caminhotildees pipa
O reuacuteso de aacuteguas cinzas eacute uma boa opccedilatildeo no acircmbito domeacutestico no entanto as
caracteriacutesticas das aacuteguas cinzas satildeo muito variaacuteveis o que diminuiacute a eficiecircncia dos
sistemas de tratamento Os tratamentos considerados mais adequados foram o sistema
de ETE compacta os biorreatores de membranas e os ldquowetlandsrdquo construiacutedos sendo
que os dois primeiros devido aos custos mais elevados de implantaccedilatildeo e operaccedilatildeo satildeo
mais indicados para reuacuteso predial e em condomiacutenios
86
7 RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho levou em consideraccedilatildeo os aspectos mais relevantes da qualidade da aacutegua
de reuacuteso baseando-se principalmente nas praacuteticas internacionais Como no Brasil o
reuacuteso eacute uma pratica recente e em crescimento recomenda-se que
A realizaccedilatildeo de estudos epidemioloacutegicos a de anaacutelise de riscos para garantir a
praacutetica segura
O monitoramento de paracircmetros como nitrogecircnio foacutesforo cloretos e soacutedio para
diminuir impactos ambientais nos ambientes aquaacuteticos e no solo e caso
necessaacuterio incluir mecanismos para remoccedilatildeo destes
Adoccedilatildeo de medidas para se evitar a ingestatildeo e o contato acidental com a aacutegua de
reuacuteso bem como conexotildees cruzadas com as tubulaccedilotildees de aacutegua potaacutevel
Estudo de tecnologias para o reuacuteso de aacutegua em crescimento no Brasil e no
mundo como por exemplo filtraccedilatildeo por membranas POAs adsorccedilatildeo em carvatildeo
ativado desinfecccedilatildeo por radiaccedilatildeo UV etc
Criaccedilatildeo de um programa de educaccedilatildeo ambiental e de conscientizaccedilatildeo da
populaccedilatildeo sobre a praacutetica de reuacuteso e seus benefiacutecios
Estudo dos impactos causados por micropoluentes na aacutegua de reuacuteso tais como
hormocircnios e faacutermacos bem como de tecnologias para a remoccedilatildeo dos mesmos
87
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 13969 Tanques seacutepticos -
Unidades de tratamento complementar e disposiccedilatildeo final dos efluentes liacutequidos ndash
Projeto construccedilatildeo e operaccedilatildeo RJ 1997
AGENDA 21 Capiacutetulo 18 Proteccedilatildeo da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hiacutedricos Aplicaccedilatildeo de Criteacuterios Integrados no Desenvolvimento Manejo e Uso dos
Recursos Hiacutedricos Conferecircncia Das Naccedilotildees Unidas Sobre Meio Ambiente E
Desenvolvimento 1992
AL-HAJRI M Wastewater Reuse Regulations In Saudi Arabia Water Arabia 2009
ALVES W C KIPERSTOK A ZANELLA L PHILIPPI L S SANTOS M F
L VALENTINA R S D OLIVEIRA LV GONCcedilALVES R F Tecnologias de
conservaccedilatildeo em sistemas prediais In GONCcedilALVES R F (Coord) Conservaccedilatildeo de
aacutegua e energia em sistemas prediais e puacuteblicos de abastecimento de aacutegua Rio de
Janeiro ABES 2009 p 219-294 Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico
AQUAPOLO Sobre o Aquapolo Disponiacutevel em lthttpwwwaquapolocombr
quem-somossobre-o-aquapologt Acesso em 21 jul 2016
ARACAJU Lei nordm 4026 de 28 de abril de 2011 Cria o programa de reuacuteso de aacutegua em
postos de gasolina e lava-raacutepidos no municiacutepio de Aracaju e daacute outras providecircncias
Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombraseaaracajulei-ordinaria2011
4034026lei-ordinaria-n-4026-2011-cria-o-programa-de-reuacuteso-de-agua-em-postos-de-
gasolina-e-lava-rapidos-no-municipio-de-aracaju-e-da-outras-providencias gt Acesso
em 30 out 20015
ASANO T Waste water reuse for non-potable applications 2002 In
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
BAUMGARTNER B BELEVI H A systematic overview of Urban Agriculture
Developing Countries Swiss Federal Institute for Environment Science and
Tecnology 2001 In FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M
(coordenador) Tratamento e utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV
Recife 2006 427p
BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
BORGES L Z Caracterizaccedilatildeo da aacutegua cinza para promoccedilatildeo da sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos 2003 103 f Dissertaccedilatildeo - Mestrado em Engenharia Ambiental
Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Ambiental
Universidade Federal do Paranaacute
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 20 de 18 de junho de 1986 Disponiacutevel em
lthttpwwwmmagovbr portconamaresres86res2086htmlgt Acesso em 28 de
agosto de 2015
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 274 de 29 de novembro de 2000 Revisa os
criteacuterios de Balneabilidade em Aacuteguas Brasileiras
88
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a
classificaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gtAcesso
em 25 de agosto de 2015
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011
Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para
consumo humano e seu padratildeo de potabilidade
BRASIL Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes Disponiacutevel emlt
httpwwwmmagovbrportconama legiabrecfmcodlegi=646 gtAcesso em 25 de
agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo de 1934 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Disponiacutevel em
httpwwwplanaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituicao34htm Acesso em 27
de agosto de 2015
BRASIL Constituiccedilatildeo Federal da Repuacuteblica 1988 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa
Civil Disponiacutevelemlthttpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoConstituicao -
Compiladohtmgt Acesso em 27 deagosto de 2015
BRASIL Lei nordm 9433 8 de janeiro de 1997 Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil
Disponiacutevel em lt httpwwwplanaltogovbrccivil_03LEISL9433htmgt Acesso em
27 de agosto de 2015
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
BRISSAUD F Criteria for water recycling and reuse in the Mediterranean countries
Desalination v 218 p 24ndash33 2006
CAMPINAS Lei nordm 12474 de 16 de janeiro de 2006 Cria o programa municipal de
conservaccedilatildeo uso racional e reutilizaccedilatildeo de aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpcm-
campinasjusbrasilcombrlegislacao318286lei-12474-06 gt Acesso em 30 out
20015
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Desafios e perspectivas do reuacuteso
de esgotos sanitaacuterios em aacutereas urbanas o projeto da ETE Penha ndash CEDAE
Disponiacutevel em lthttpwwwequfrjbrniraedocumentosseminario_1apresentacao_
cedaepdfgt Acesso em 5 jan 2016
CEDAE - Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos Disponiacutevel em
lthttpwwwcedaecombrgt Acesso em 5 jan 2016
CETESB ndash Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Reuacuteso de Aacutegua Disponiacutevel
em lt httpaguasinteriorescetesbspgovbrinformacoes-basicas8-2reuacuteso-de-agua gt
Acesso em 30 set 2015
CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De Satildeo Paulo Proposta de Minuta de
Resoluccedilatildeo SESSMASERHS sobre a disciplina do reuacuteso direto de aacutegua natildeo
potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio de sistemas
puacuteblicos para fins urbanos 2012
CNRH ndash Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos Resoluccedilatildeo CNRH nordm 054 de 28 de
novembro de 2005 Estabelece modalidades diretrizes e criteacuterios gerais para a praacutetica
de reuacuteso direto natildeo potaacutevel de aacutegua
89
CUIABAacute Lei nordm 4748 de 07 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre o reuacuteso da aacutegua das
estaccedilotildees de tratamento de esgoto Disponiacutevel em lt httpcm-cuiaba-
mtjusbrasilcombrlegislacao570111lei-4748-05 gt Acesso em 30 out 20015
CUNHA V D Estudo para proposta de criteacuterios de qualidade da aacutegua para reuacuteso
urbano 2008 106 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo
CURITIBA Lei nordm10785 de 29 de marccedilo de 2003 Cria no municiacutepio de Curitiba o
programa de conservaccedilatildeo e uso racional de aacutegua nas edificaccedilotildees - PURAE Disponiacutevel
em lt httpsleismunicipaiscombraprccuritibalei-ordinaria2003107810785lei-
ordinaria-n-10785-2003-cria-no-municipio-de-curitiba-o-programa-de-conservacao-e-
uso-racional-da-agua-nas-edificacoes-puraegt Acesso em 30 out 20015
DEPARTMENT OF HEALTH Guidelines for the Non-potable Uses of Recycled
Water in Western AustraliaPerth 2011
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
FLORIANOacutePOLIS Lei nordm 8080 de 07 de dezembro de 2009 Institui programa
municipal de conservaccedilatildeo uso racional e reuacuteso da aacutegua em edificaccedilotildees e daacute outras
providecircncias Disponiacutevel em lt httpsleismunicipaiscombrascfflorianopolislei-
ordinaria20098088080lei-ordinaria-n-8080-2009-institui-programa-municipal-de-
conservacao-uso-racional-e-reuacuteso-da-agua-em-edificacoes-e-da-outras-providencias gt
Acesso em 30 out 20015
GIORDANI S Averiguaccedilotildees da possibilidade de reuacuteso de efluentes domeacutesticos
tratados nas bacias do Alto Iguaccedilu e Alto Ribeira ndash Regiatildeo de Curitiba Curitiba
2002 201 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paranaacute
GOHRNGUER S S Uso Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de
Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo de Caso Municiacutepio de Campo Largo -
PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute
Curitiba
GONCcedilALVES R F (Coord) Uso Racional da Aacutegua em edificaccedilotildees PROSAB ndash
Edital IV Rio de Janeiro ABES 2006 352 p
HESPANHOL I Potencial de reuacuteso de aacutegua no Brasil ndash Agricultura induacutestria
municiacutepios recarga de aquiacuteferos Satildeo Paulo 2001
HILL S BIRKS R DIAPER C JEFFREY P An evaluating of single-house
greywater recycling system2002 In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e
aproveitamento de aacutegua cinza para uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
JERFFERSON B LAINE A PARSONS S STEPHERSON T JUDD S
Technologies for domestic wastewater recycling Urban Water v 1 n 4 p 285- 292
1999
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 6ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2011 969 p
JORDAtildeO EP e PESSOcircA CA Tratamento de Esgotos Domeacutesticos 7ordf ed Rio de
Janeiro ABES 2014 1087 p
90
JUIZ DE FORA Lei nordm 12448 de 22 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre a
obrigatoriedade da utilizaccedilatildeo de alternativas tecnoloacutegicas ambientalmente sustentaacuteveis
nos preacutedios residenciais comerciais com mais de dez unidades e nas edificaccedilotildees
isoladas que menciona Disponiacutevel em lt httpswwwpjfmggovbre_atose_atos_vis
phpid=13393 gt Acesso em 30 out 20015
Julho Setembro 1999 p 41 Texto A Aacutegua no Mundo In GOHRNGUER S S Uso
Urbano Natildeo Potaacutevel de Efluentes de Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto Sanitaacuterio Estudo
de Caso Municiacutepio de Campo Largo - PR 2006 238 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute Curitiba
MAEDA M et al Area-wide use of reclaimed water in Tokyo Japan Water
Science and Technology Great Britain v 33 n 10 11 p 51 ndash 57 1996
MANAUS Lei nordm 1192 de 31 de dezembro de 2007 Cria no municiacutepio de Manaus o
programa de tratamento e uso racional das aacuteguas nas edificaccedilotildees - Pro-aacuteguas
Disponiacutevel em lt httpcm-manausjusbrasilcombrlegislacao824684lei-1192-07 gt
Acesso em 30 out 20015
MANCUSO P C S SANTOS H F Reuacuteso de aacutegua Barueri-SP Manole 2003
MELO G K R M M de MARACAJ K F B DANTAS NETO J Histoacuterico
evolutivo legal dos recursos hiacutedricos no Brasil uma anaacutelise da legislaccedilatildeo sobre a gestatildeo
dos recursos hiacutedricos a partir da histoacuteria ambiental Acircmbito Juriacutedico Rio Grande XV
n 100 maio 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwambito‐juridicocombrsite
n_link=revista_artigos_leituraampartigo_id=11606gt Acesso em 3 de setembro 2015
METCALF amp EDDY Inc Wastewater engineering treatment and reuse 4 ed Nova
York USA McGraw-Hill Higher Education 2003
NITEROacuteI Lei ndeg 2856 26 de julho de 2011 Instituindo mecanismos de estiacutemulo agrave
instalaccedilatildeo de sistema de coleta e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas servidas em edificaccedilotildees puacuteblicas
e privadas Disponiacutevel em lt httppgmniteroirjgovbrlegislacao_pmn2011LEIS
2856_Dispoe_sobre_o_Sistema_de_Coleta_e_Reutilizacao_de_Aguas_Servidas_Publi
cas_e_Privadaspdf gt Acesso em 30 out 20015
Normas Oficiales Mexicanas NOM-003-SEMARNAT-1997 Establece los liacutemites
maacuteximos permisibles de contaminantes para las aguas residuales tratadas que se
reusen en serviciosal puacuteblico Mexico 1997
NSW HEALTH Greywater reuse in Sewered single domestic premises Sidney
2002In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para uso
natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
OTTERPOHL R Black brown yellow grey- the new colors of sanitation Water
21 2001In BAZZARELLA B B Caracterizaccedilatildeo e aproveitamento de aacutegua cinza para
uso natildeo-potaacutevel em edificaccedilotildees 2005 165 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria
PAPAIACOVOU I ACHILEOS C IOANNIDOU I PANAYI A KAZNER C
HOCHSTRAT R Water Reuse in Cyprus Guidelines for Water Reuse 2012
PARAIacuteBA Lei ndeg 10033 de 0 3 de julho de 2013 Institui a Poliacutetica Estadual de
Captaccedilatildeo Armazenamento e Aproveitamento da Aacutegua da Chuva no Estado da Paraiacuteba
e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt http201652131548080
91
saplsapl_documentosnorma_juridica10743_texto_integral gt Acesso em 30 out
20015
PIANOWSKI E H JANISSEK P R Desinfecccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios com uso de
cloro avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo de trihalometanos Sanare Revista Teacutecnica da Sanepar
Curitiba v20 n20 p 6-17 juldez 2003
RAPOPORT B Aacuteguas cinzas Caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo financeira e tratamento
para reuacuteso domiciliar e condominial 2004 85 f Dissertaccedilatildeo ndash Fundaccedilatildeo Oswaldo
Cruz Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro
REAL DECRETO 16202007Establece el reacutegimen juriacutedico de la reutilizacioacuten de las
aguas depuradas Espantildea 2007
REVISTA BIO (Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente) Ano X No 11 ndash
RIO DE JANEIRO Governo do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwrjgovbrwebimprensaexibeconteudoarticle-id=1471515gt Acesso em 5
jan 2016
SABESP - Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo Aacutegua de Reuacuteso
ndash Modelos de Comercializaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsitesabespcombr
uploadsfileap_sabesp_div_grand_cons_lestepdfgt Acesso em 6 de jan 2016
SAtildeO PAULO Decreto nordm 48138 de 7 de outubro de 2003 Institui medidas de reduccedilatildeo
de consumo e racionalizaccedilatildeo do uso de aacutegua no acircmbito do Estado de Satildeo Paulo
DiaacuterioOficial [do] Estado de Satildeo Paulo 08 out 2003 Disponiacutevel em lt
httpwwwalspgovbrrepositoriolegislacaodecreto2003decreto-48138-
07102003html gt Acesso em 30 out 2015
SAtildeO PAULO Deliberaccedilatildeo CRH nordm 156 de 11 de dezembro de 2013 Estabelece
diretrizes para o reuacuteso direto de aacutegua natildeo potaacutevel proveniente de Estaccedilotildees de
Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas puacuteblicos para fins urbanos Disponiacutevel em lt
httpwwwsigrhspgovbrpublicuploadsdeliberation5C6132deliberacao-crh-
156_reuacutesopdf gt Acesso em 30 out 20015
SCHNEIDER R P TSUTIYA MT Membranas Filtrantes para o tratamento de
aacutegua esgoto e aacutegua de reuacuteso 1ordf ed ABES Satildeo Paulo 2001
SEMURA K A RICCITELLI M GONCcedilALVES M C Estudo para implantaccedilatildeo
de reuacuteso e proposiccedilatildeo de paracircmetros de qualidade para usos urbanos natildeo potaacuteveis
a partir das ETEs da RMSP 23ordm Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e
Ambiental 2005 Campo Grande-MS Anais ABES Rio de Janeiro 2005
SINDUSCON-SP Manual de Conservaccedilatildeo e reuacuteso de aacutegua em edificaccedilotildees
FIESPCIESPSINDUSCON Satildeo Paulo SP 2005
TAJIMA A YOSHIZAWA M SAKURAI K MINAMIYAMA M Establishment
of guidelines for the reuse of Treated wastewater 4th Japan-US Governmental
Conference on Drinking Water Quality Management and Wastewater Control
Okinawa Jan 2007
THE GUARDIAN Brazil drought crisis leads to rationing and tensions 15 set
2014 Disponiacutevel em lt httpwwwtheguardiancomweather2014sep05brazil-
drought-crisis-rationing gt Acesso em 20 fev 2016
TOSETTO M S Tratamento terciaacuterio de esgoto sanitaacuterio para fins de reuacuteso
urbano2005 250 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade de Campinas Campinas
92
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Guidelines for
water reuse U S Washington DC EPA 2012
VAN DER HOEK W A framework for a global assessment of the extent of
wastewater irrigation the need for common wastewater typology 2004 In
FLORENCIO L BASTOS R K X AISSE M M (coordenador) Tratamento e
utilizaccedilatildeo de esgotos Sanitaacuterios PROSAB ndashEdital IV Recife ABES 2006 427p
VITOacuteRIA Lei nordm 6259 de 23 de dezembro de 2004 Dispotildee sobre o reuacuteso de aacutegua natildeo
potaacutevel e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em lt httpcamara-municipal-da-
vitoriajusbrasilcombrlegislacao581826lei-6259-04 gt Acesso em 30 out 2015
VON SPERLING Marcos Introduccedilatildeo agrave Qualidade das Aacuteguas e ao Tratamento
deEsgotos Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental
Universidade Federal de Minas Gerais 2005
WESTERHOFF G P Un update of research needs for water reuse 1984 In
BREGA FILHO D MANCUSO PCS Capiacutetulo 2 ndash Conceito de reuacuteso de aacutegua In
REUacuteSO DE AacuteGUA Barueri SP Manole 2003
WHO ndash World Health Organization Health guidelines for the use of wastewater in
agriculture and aquaculture Technical Report series Genebra n 778 1989