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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA Helane Suely Maia da Silva ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO FINANCEIRA DE ONGs UM ESTUDO DE CASO NUMA ORGANIZAÇÃO SOCIO- AMBIENTALISTA. BELÉM 2008

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Page 1: ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO FINANCEIRA DE ONGs – UM ESTUDO DE CASO NUMA ORGANIZAÇÃO SOCIO-AMBIENTALISTAa

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

Helane Suely Maia da Silva

ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO FINANCEIRA DE ONGs – UM ESTUDO

DE CASO NUMA ORGANIZAÇÃO SOCIO-AMBIENTALISTA.

BELÉM 2008

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

Helane Suely Maia da Silva

ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO FINANCEIRA DE ONGs – UM ESTUDO

DE CASO NUMA ORGANIZAÇÃO SOCIO-AMBIENTALISTA.

Projeto de pesquisa apresentado à Universidade da Amazônia como requisito avaliativo parcial da Disciplina Metodologia do Trabalho Cientifico do Curso MBA em Gestão Financeira e de Negócios. Prof. Ms. Eng. José Alberto Silva de Sá.

BELÉM 2008

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

Helane Suely Maia da Silva

ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO FINANCEIRA DE ONGs – UM ESTUDO

DE CASO NUMA ORGANIZAÇÃO SOCIO-AMBIENTALISTA.

Projeto de pesquisa apresentado à Universidade da Amazônia como requisito avaliativo parcial da Disciplina Metodologia do Trabalho Cientifico

do Curso MBA em Gestão Financeira e de Negócios.

Professor Avaliador

________________________________________________

Apresentado em: / /2008

Conceito: ______________

BELÉM 2008

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RESUMO

A gestão do capital de giro é extremamente dinâmica exigindo a

atenção diária dos executivos financeiros. Qualquer falha nesta área de

atuação poderá comprometer a capacidade de solvência de qualquer

empresa ou prejudicar a sua rentabilidade. Em organizações sem fins

econômicos1 (OSFE) não é diferente.

O projeto tem por objetivo a análise financeira de capital de giro e

utilizá-la como ferramenta para apoio à gestão financeira de organizações

sem fins econômicos.

Pretende-se realizar um estudo de análise das demonstrações

financeiras dos quatro últimos períodos de uma organização não-

governamental paraense, de atuação nacional. As fontes de coleta de

dados serão as informações contábeis disponibilizadas para o estudo e a

observação das atividades financeiras da organização. Como o(s)

resultado(s) da pesquisa, pretendemos avaliar o desempenho financeiro

de uma OSFE, através da análise e interpretação do capital de giro e de

que forma esta análise apóia a gestão financeira da organização.

Apresentar ainda, através do estudo de caso, um diagnóstico de uma

OSFE, seus resultados a as ações que podem ser tomadas, no caso da

análise apresentar um resultado divergente de um bom desempenho

organizacional.

Palavras-Chave: terceiro setor, organização, capital de giro, gestão

financeira.

1 O termo “sem fins econômicos” foi determinado pelo Novo Código Civil em seu art. xx. Utilizaremos este termo em todo o trabalho, através da sigla OSFE para representar organização (es) sem fim (s) econômico (s).

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S U M Á R I O

1. TEMA E PROBLEMA

05

2. OBJETIVOS

08

2.1. OBJETIVO GERAL 08

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 08

3. JUSTIFICATIVA 09

4. REFERENCIAL TEÓRICO 10

4.1 TERCEIRO SETOR E AS ORGANIZAÇÕES QUE O COMPÕE 10

4.1.1 DEFICIÊNCIAS E DIFICULDADES 13

4.2. GESTÃO NO TERCEIRO SETOR 15

4.2.1 GESTÃO POR PROJETOS 16

4.3. TÓPICOS DA TEORIA DE FINANÇAS APLICADOS EM

ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

20

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 22

6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 25

7. RESULTADOS ESPERADOS 26

8. REFERÊNCIAS 27

9. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 29

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1. TEMA E PROBLEMA

Druker (2002) afirmou que o papel das organizações do Terceiro

Setor é o de produzir mudanças sociais. Sejam elas ligadas à renda, à

educação, às condições de sobrevivência, etc. Com isso, ao se medir o

desempenho dessas instituições, devem ser observadas as metas

definidas pela organização em seu planejamento anual ou nos projetos

que desenvolve ou pretende desenvolver; se sua missão está sendo

cumprida e se seus "serviços" estão alcançando as pessoas a que se

destinam. Ou seja: se seu papel está sendo cumprido com a eficaz

utilização dos recursos econômicos e financeiros.

Mas, uma grande dúvida sempre surge quando se fala em

ferramentas de gestão econômico-financeira: esses conceitos não são

utilizados apenas em grandes instituições? Independentemente do porte

econômico, uma série de decisões estratégicas estão presentes na

administração financeira de organizações sem fins econômicos (OSFE), o

que justifica todo o esforço pela busca de uma maior eficiência. Algumas

dessas decisões podem ser: ampliação da sede, abertura de um escritório

em outro estado, crescimento e expansão das atividades sociais,

assistenciais ou culturais, constituição de reservas financeiras para

compra da sede (se for alugada), compra de veículo para assistir às

pesquisas de campo, contratação de um pesquisador especializado, etc.

Essas são algumas das decisões presentes no dia-a-dia dos gestores de

OSFE. Parecem decisões simples e que não precisariam de tanta de

dedicação para tomada de decisão, no caso de uma grande empresa. Mas

nas OSFE, cujos recursos são escassos e cujas receitas são variáveis (por

vezes, nem há receita), essas decisões precisam ser tomadas com cautela

e com base em informações seguras, pois um investimento num veículo

ou na compra de uma sede, por exemplo, podem inviabilizar um projeto

ou até comprometer a organização por um longo período (veremos

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quando tratarmos, no estudo de caso2, os resultados do ativo imobilizado

na análise financeira). Porém, se estas decisões estiverem contidas num

planejamento adequadamente coordenado, maximizam a desempenho da

instituição com relação ao fim de sua causa.

Outra questão que também é desconsiderada pelas OSFE é a analise

das demonstrações contábeis e financeiras. É comum, em grandes

empresas, e até em pequenas, utilizar-se, além do planejamento

financeiro, da análise dos resultados alcançados em anos anteriores. Os

balanços, demonstrações do resultado do exercício, balancetes, etc., são

também ferramentas de análise, pois refletem as ações das empresas e

seus resultados (com fins lucrativos ou não).

No entanto, as entidades sem fins lucrativos (em especial as de

médio e pequeno porte), não usam essas ferramentas de maneira eficaz.

Essas são ferramentas capazes de fornecer informações e dados que as

auxiliem nas decisões de rotina e do futuro organizacional. Essas

ferramentas estão ao alcance de todas as entidades, através de seus

demonstrativos e resultados contábeis.

Nessa linha, a análise dos recursos de capital disponível (capital de

giro) e das necessidades de recursos atuais e futuras (necessidade de

capital de giro), bem como os saldos em caixa (tesouraria), se

corretamente utilizados e interpretados, tornam-se uma excelente forma

de monitoramento econômico-financeiro de que podem apoderar-se os

gestores financeiros de OSFE. Dentre algumas, podemos destacar a que

apresentaremos neste trabalho – análise da gestão do capital de giro.

Nele pretendemos responder: de que forma os resultados produzidos pela

análise do capital de giro pode auxiliar a tomada a gestão e o

planejamento financeiro de uma organização não governamental sem fins

econômicos?

2 No estudo de caso serão utilizados dados reais da organização analisada, para se obter resultados e diagnóstico mais precisos. Pela realidade das informações apresentadas, o nome da organização será preservado.

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Como resultados, pretendemos avaliar o desempenho financeiro de

uma OSFE, através da análise e interpretação do capital de giro e de que

forma esta análise apóia a gestão financeira da organização. Apresentar

ainda, através do estudo de caso, um diagnóstico de uma OSFE, seus

resultados a as ações que podem ser tomadas para mudar os resultados,

no caso da análise apresentar um resultado divergente de um bom

desempenho organizacional.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo desse trabalho é fazer uma análise financeira de capital

de giro e utilizá-la como ferramenta para apoio à gestão econômico-

financeira em organizações não governamental sem fins econômicos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar as informações contábeis e financeiras que permitem a

análise econômico-financeira de capital de giro de organizações não

governamentais sem fins econômicos (OSFE);

• Adequar os dados às práticas e à realidade das OSFE;

• Analisar os resultados sobre a ótica da gestão financeira

empresarial;

• Apresentar relatório de análise e sugestão de ações.

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3. JUSTIFICATIVA

Cada vez mais os gestores ligados à administração de OSFE

utilizam-se dos modelos e técnicas empresarias (Ex.: planejamento

estratégico, orçamento anual, controladoria). Essas técnicas profissionais

não são exclusivas de grandes empresas. A diferença é que essas

investem muitos mais recursos em sistemas gerenciais e em talentos

humanos que aquelas. Tem-se, assim, a impressão de que fica inviável às

OSFE empregarem tal profissionalismo em suas ações, o que representa

um verdadeiro mito presente na maioria das entidades.

Longe da pretensão de apresentar uma solução para os problemas

financeiros de OSFE, procuraremos apresentar uma prática empregada

por grandes empresas, para auxiliar a tomada de decisão das OSFE, para

que possam ser tão eficazes em seus resultados financeiros quanto

aquelas.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. TERCEIRO SETOR E AS ORGANIZAÇÕES QUE O COMPÕE

O termo terceiro setor, no uso corrente, é usado para se referir à

ação social das empresas, ao trabalho voluntário de cidadãos, às

organizações do poder público privatizadas na forma de fundações e

“organizações sociais”. É mais que um conceito rigoroso ou um modelo

solidamente fundamentado em teoria - organizacional, política ou

sociológica - no Brasil, é um espaço mobilizador de reflexão, de recursos e

de ação.

Questionar o que constitui o terceiro setor deve anteceder a mera

transposição do conhecimento acumulado em gestão de empresas

privadas e públicas às organizações sem fins lucrativos. Apenas

conhecendo a sua real configuração e identificando necessidades

específicas poderão as escolas de gestão apoiar o desenvolvimento dessas

instituições.

O termo Terceiro Setor abrange ações públicas que saem do

domínio estatal, e passam a ser encampadas por organizações da

sociedade civil. Essas ações têm objetivos como combater problemas

como a pobreza, a violência, a poluição, o analfabetismo, o racismo etc.

No Brasil, a expressão organização não governamental (ONG) foi

incorporada definitivamente em nosso vocabulário por ocasião da

Conferência Rio-92, em função dos temas discutidos, relacionados ao

meio ambiente, à defesa de direitos humanos, à preocupação em

organizar a participação social, etc. áreas onde existe certa ausência do

Estado e negligência dos setores privados. (FALCONER, 1999, p. 22 apud

OLAK e NASCIMENTO, 2006, p.2).

Basicamente, terceiro setor é formado por fundações, associações e

organizações (sociais e de interesse público), ou seja, pertencem a um

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terceiro segmento, além do Estado (primeiro setor) e do mercado

(segundo setor). (FERRARI e FERRARI, 2007, p.58).

No Brasil, a existência da legislação reguladora dessas organizações

consta no Código Civil Brasileiro, Lei nº 3.107, de janeiro de 1916, artigo

16, no qual aparecem tipos distintos de organizações, as organizações

comerciais e as organizações de caráter religioso, assistenciais, científicas,

todas de interesse público, constituídas sob a forma de fundações e

associações. A Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, regulamentada pelo

decreto nº 3.100, de 30 de julho de 1999, altera a legislação anterior e

dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem

fins lucrativo, como organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

(OSCIP). Já a Lei nº 9.637, de 1998 regulamenta e normatiza as

Organizações Sociais (OS), as quais são entidades privadas, sem fins

lucrativos, criadas por iniciativa do poder público, para gerir o patrimônio

que continuará público. Há, portanto, conforme comenta Szazi (2000),

uma legislação atual, que normatiza o funcionamento das organizações

sem fins lucrativos.

Usaremos a terminologia “organização sem fins econômicos”, pois

seguindo a determinação do cartório de registros onde a organização,

objeto de nosso estudo foi registrada, todos os registros legais devem

levar esta terminologia, conforme determina o Novo Código Civil:

“Considerando as novas disposições estabelecidas na Lei n.º 10.406/2002

– Código Civil Brasileiro, sugerimos às associações, constituídas na forma

das leis anteriores, que procedam a uma revisão em seus estatutos, a fim

de verificar se as disposições estatutárias sobre as finalidades a que se

destinam e atividades que realizam não podem gerar uma dúbia

interpretação sobre sua natureza jurídica”3.

3 Orientação recebida durante o atendimento no Cartório Vale Chermont, Belém-PA quando no registro do novo estatuto e das últimas atas da reunião do conselho da organização apresentada no caso. Foi constatado in loco pela autora. Portanto, em nosso estudo, usaremos o termo “organização sem fins econoômicos” (OSFE).

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Para ratificar, Olak e Nascimento (2006, p. 15), também declararam

que, pelo Código Civil, em seu artigo 53, constituem-se “as associações

pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. Ou

seja, considerando que as associações não possuem fins lucrativos,

devem direcionar os resultados das operações econômicas para a

efetivação dos seus objetivos, finalidades e buscar sua viabilidade

econômico-financeira. Assim, tudo o que a sociedade fizer e todo fruto de

suas atividades será revertido para aplicação em seu próprio fim.

No entanto, como trabalhar o desempenho de uma organização

privada cuja finalidade não é lucro? Drucker (2000, p.79) confirmou que

as instituições sem finalidade lucrativa tendem a não dar prioridade ao

desempenho e aos resultados. Contudo eles são tão importantes neste

tipo de organização quanto nas empresas que visam o lucro. Porém,

muito mais difíceis de se medir e controlar.

Numa empresa, existe um resultado financeiro. Lucro ou prejuízo

por si só não são suficientes para julgar o desempenho, mas, Druker

(2002) afirma, pelo menos são coisas concretas.

Saber como utilizar as ferramentas de gestão empresarial

amplamente empregadas nas empresas privadas, é um dos grandes

desafios dessas organizações.

Falconer (1999) completa que identificar essas insuficiências na

gestão das organizações e saná-las tornar-se-á um dos alvos prioritários

para o fortalecimento do terceiro setor. A profissionalização é o discurso

corrente: formar líderes, capacitar em administração e profissionalizar a

gestão.

Entretanto, a administração de organizações que prioritariamente

são orientadas por valores é uma tarefa desafiadora. Hudson (1999)

destaca que estas organizações têm objetivos difíceis de serem

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especificados com precisão. A medição do desempenho é muito complexa

e há falta de resultados financeiros para determinar prioridades.

4.1.1 Deficiências e Dificuldades

Para superar esses desafios que podem ameaçar sua existência, as

OSFE têm que acrescentar às suas práticas novos instrumentos de gestão.

O Banco Mundial, avaliando o desempenho das ONGs, conclui que

em termos de eficácia, o resultado alcançado por essas organizações pode

ser questionado e em termos de eficiência, apresentam algumas

limitações na área administrativa, desempenho gerencial,

profissionalização de pessoal, diminuição de custos, entre outros

elementos relativos a sua operacionalização (WILLIAMS, 1990, apud

TENÓRIO, 2001, p.14-15).

Além disso, as organizações apresentam outras ausências

estruturais, conforme elenca Isabelle Furtado (2007):

Ausência de plano operacional: Elaborar um planejamento

estratégico anual com a participação de todos os colaboradores

da instituição contendo, a missão, a visão, os valores, a

estratégia organizacional, os objetivos de curto e longo prazo e

todos os detalhes necessários para que a estratégia e objetivos

especificados sejam incorporados da maneira mais eficaz às

operações do dia – a – dia;

Ausência de procedimentos das operações formalmente

estabelecidos: elaborar fluxogramas da cada operação,

englobando o seu processo de execução, responsáveis e o

público-alvo;

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Alto índice de rotatividade: elaborar ações que enfatizem a sua

missão, fazendo com que os colaboradores não fiquem realizando

apenas funções e atividades, mas que estejam engajados com a

causa da entidade. Estabelecer na sua rotina atividades

motivacionais e disseminar o plano operacional de forma que

todos o compreendam e o incorporem a suas ações;

Não possui metas financeiras: estabelecer, um planejamento

financeiro anual, definindo as ações e metas necessárias para

atingi-lo com base nos exercícios passados;

Ausência de um plano orçamentário: delinear um plano

orçamentário definindo gastos e poupança, determinando um

tempo de duração para o mesmo, estimando valores e

equilibrando as despesas e renda da entidade;

Dificuldade da instituição em manter a sua sustentabilidade:

desenvolver algum tipo de atividade que possa gerar recursos

financeiros através da comercialização da mesma;

Ausência de controle orçamentário e análises financeiras:

elaborar um modelo de avaliação dos resultados financeiros e

utilizá-los no processo de tomada de decisão e de investimentos.

Deveriam realizar estudos de seus relatórios financeiros e

averiguar seus resultados. A sustentação financeira dessas

organizações também é um grande desafio a ser superado. Mas

também pode ser suplantado se o hábito verificação de alguns

índices financeiros fizer parte do modelo de medição do

desempenho gerencial.

Dificuldades relacionadas ao aspecto gerencial decorrentes, em

especial, da falta de profissionais capacitados, têm feito com que muitas

instituições não consigam desempenhar de forma satisfatória sua missão,

comprometendo, assim, a própria existência.

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O perfil das organizações do terceiro setor no Brasil parece, à

primeira vista, apenas confirmar a percepção de que o problema do setor

é, fundamentalmente, um problema de competência na gestão: operando

em um meio desfavorável, caracterizado pela falta de recursos e de apoio

do poder público, as organizações não conseguem romper o ciclo vicioso:

falta de recursos humanos capacitados

gerenciamento inadequado

falta de dinheiro insuficiência de resultados. (FALCONER, 1999, p.9).

4.2. GESTÃO NO TERCEIRO SETOR

A gestão de OSFE é mais um desafio a ser enfrentado. Mas o que é

gestão? Gestão é o substantivo do verbo gerenciar. Para Tenório (2001, p.

17) “gerenciar é ação de estabelecer ou interpretar objetivos e de alocar

recursos para atingir uma finalidade previamente determinada”. Ou seja:

orientar a dinâmica de uma organização.

No entanto, apesar das certezas da necessidade desta prática e do

discurso idealizador do Terceiro Setor, ouve-se que as organizações que o

compõe são mal geridas, excessivamente dependentes, amadoras e

assistencialistas em sua atuação. Tenório (2001) destaca ainda a

fragilidade organizacional, a dependência de recursos financeiros

governamentais, de agências internacionais (que enfrenta um período de

escassez) e do setor privado.

Ainda em Tenório (2001), esta fragilidade pode ser observada na

baixa capacidade de continuidade dos programas das organizações e das

experiências promovidas por elas, na perda de eficiência (fazer certo o

que tem que ser feito), de eficácia (fazer o que deve ser feito da maneira

certa) e efetividade (fazer o que se espera que seja feito) de suas ações.

Essas medidas de desempenho devem ser fixadas previamente, com base

na experiência da organização. O estabelecimento prévio de medidas é

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importante porque permite comparar o planejado com o realizado,

possibilitando a análise dos desvios.

Porém, quando se fala em gerência de OSFE, vê-se que elas têm

alguma similaridade com a gerência de qualquer outra empresa.

Entretanto, deve-se estar atento principalmente às diferenças existentes

às suas necessidades específicas, à sua missão, aos seus resultados, às

suas estratégias usadas para a comercialização de seus produtos/serviços,

às necessidades de receber doações (suas receitas) e o trabalho

voluntário e ao profundo envolvimento do conselho diretor (DRUKER,

2002).

Já para Andrés Pablo Falconer:

A administração de organizações do terceiro setor constitui um campo [...]

próprio da ciência de gestão ou apenas utiliza os mesmo conhecimentos e

técnicas já aplicados em outro tipo de organização? Há um novo campo de

conhecimento ou trata-se apenas de ensinar administração a quem

entende pouco do assunto? (FALCONER, 1999, p. 8)

Parte do nosso estudo é propor meios para o fortalecimento da

gestão de OSFE, através da adequação de instrumentos financeiros,

adaptados dos conhecimentos da Teoria de Finanças para esta realidade

específica; útil para a tomada de decisão, de forma estruturada e

profissional. Os conceitos trabalhados são elementos importantes para

avaliar a situação financeira das organizações, já que eles evidenciam as

mudanças ocorridas na gestão do “negócio”4.

As qualidades propagadas de flexibilidade, criatividade e

comprometimento, perdem força frente a constatação de que as OSFE

possuem estrutura e práticas de gestão ineficientes, arcaicas e por vezes

têm gestão semelhante às de empresas familiares.

4 Por serem agentes de mudanças humanas, seus resultados sempre são mudanças em pessoas – comportamentos, condições, visão, saúde, esperanças, competências e capacidades (DRUCKER, 2002, p. 82). Entenda-se negócio, aqui, como “negócio social”.

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4.2.1. Gestão por Projetos

A totalidade das OSFE trabalha com o modelo (e é modelo que

melhor agrega as potencialidades de cada instituição) estruturado “por

projetos” Este modelo torna-se mais eficiente e competente a prestação

de serviços das OSFE à sociedade.

Esses projetos podem ser entendidos como uma abstração para alcançar

objetivos (BARBOZA, 2002, p.26). Tem a características de ocorrerem

num tempo definido para sua ações (cronograma pré-determinado),

possuírem um orçamento limitado (previamente disponibilizado) e

objetivos específicos, planejados e definidos através de debates e

intervenções de diferentes colaboradores e parceiros.

A combinação da estrutura organizacional por projetos e as necessidades

específicas da gestão de OSFE, trazem diferenças significativas que

distinguem este tipo de organização de outras entidades de Mercado e de

Estado. Abaixo, oito principais distinções (O’NEILL, 1989, apud BARBOZA,

2002, p. 27):

Propósito/Missão/Negócio: ganhar dinheiro é subsidiário ao propósito

de prover algum bem ou serviço a sociedade. A provisão de produtos

ou sérvios tem por objetivo gerar receitas, mas não o lucro;

Valores: as OSFE têm valores centrais mais ligados aos propósitos;

Ambiente legal: a legislação no terceiro setor difere significativamente

das leis dos outros dois setores, em particular, no que diz respeito à

aplicação dos recursos e à tributação;

Perfil dos trabalhadores: uma parcela do trabalho é realizado por

voluntários. E em geral, a prestação de serviço obedece ao caráter da

gestão por projetos (prazo determinado, limite orçamentário e

qualificação técnica especializada). Neste setor, existe um potencial de

carreira para profissionais, principalmente para administradores

(JORDAN, 1997, p. 5);

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Complexidade organizacional: é tipicamente mais complexa, no tipo e

variedade dos serviços prestados, na relação com múltiplos públicos,

na dependência de fontes de recursos, etc.;

Governança: a complexidade também afeta a estrutura de tomada de

decisão, que atribui papel importante ao conselho da organização,

porém com pouca ação deste conselho em seus planos estratégicos. A

relação entre o conselho e o corpo profissional tende a ser mais

próxima do que ocorre nos primeiro e segundo setor;

Aquisição de recursos: recebem seus recursos (receitas) das mais

variadas formas: vendas de serviço, doações de pessoas físicas,

contratos com empresas privadas e governos, contratos com outras

OSFE, resultados de investimentos patrimoniais, entre outros. As

fontes de receitas das OSFE são altamente complexas e demandantes

de uma variedade de técnicas e conhecimentos;

Resultados: não há uma clareza existente no mercado quanto ao que

representa um bom resultado e quais são os melhores indicadores de

eficiência e eficácia, principalmente na gestão financeira (o objetivo

deste trabalho é justamente propor uma ferramenta de gestão

financeira - através da análise do capital de giro - que possa

apresentar um diagnóstico financeiro útil à tomada de decisão).

Tenório (2001) ressalta que é comum se empregar na gestão das OSFE

as funções clássicas da aministraçao: planejamento, orgnaizaçao, direção

e controle. E que o mesmo pode ser dito para as áreas gerencias

funcionais: marketing, gestão de pessoas, operações e gestão contábil e

financeira.

Todas podem ser encontradas em OSFE, mas seu perfil necessita de

atribuições específicas que requerem do seu profissional as respectivas

adaptações em seus conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, com

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ferramentas gerenciais também específicas, que agregadas, possibilitam

um processo decisório eficiente (BARBOZA, 2002, p. 29).

Considerando o ponto de vista gerencial, eficientes e eficazes decisões,

normalmente resultam da coordenação inteligente de alternativas

planejadas. Muitas OSFE, entretanto, limitam as alternativas a serem

consideradas. Dentre as muitas limitações, em geral, a que prevalece é

poderosa personalidade de seu gestor principal (em geral o fundador ou

criador da organização), que já tomou uma decisão anteriormente. Nestas

organizações, o processo de tomada de decisão se torna um método de

defesa de uma escolha previamente determinada, o que deixa de

proporcionar um ambiente positivo de investigação de novas alternativas e

para o desenvolvimento da criatividade.

Barboza (2002) confirma esta percepção quando afirma que esta

“dinâmica de comportamento entre os níveis hierárquicos torna a

organização política, onde as energias são despendidas no alinhamento à

referida decisão ‘correta’, com prejuízo de soluções mais originais”. E o

que pode ser pior que empregar mais esforços para resolver os problemas

causados pela decisão tomada sem bases (ou decisão incorreta)?

Para que haja um planejamento baseado nos objetivos da

organização, as boas decisões precisam ser tomadas considerando

informações consistentes e confiáveis, estruturadas através avaliações,

indicadores e diagnósticos igualmente confiáveis. No caso da gestão

financeira, sua base dados fundamental, e onde podemos identificar em

termo de desempenho financeiro os resultados da organização, é a base

dos dados contábeis.

A estrutura contábil de uma OSFE deve conduzir a análise e decisões

financeiras consistentes, fortalecendo o papel da gestão. Além disso,

favorecer aspectos importantes como transparência, governança e

sustentação financeira.

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Apesar tudo, Hudson (1999, p. 19) afirmou que raramente os

administradores de OSFE podem usar um resultado financeiro ou uma

projeção de fluxo de caixa5 para orientá-los na escolha de prioridades

futuras e investimentos, porque não existe uma metodologia padronizada

ou um modelo de solução para este problema.

4.3. TÓPICOS DA TEORIA DE FINANÇAS APLICADOS EM

ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

Após a discussão de alguns pontos fracos da administração do

terceiro setor, é necessário expor alguns tópicos relacionados à sua

administração financeira.

Os sistemas de administração financeira são importantes porque é

um dos meios pelos quais as organizações dão responsabilidades às

pessoas e as mantêm responsáveis pelos seus atos (HUDSON, 1999, p.

53).

Dentre as fontes de informações financeiras, podemos destacar a

contabilidade6 como a principal. A contabilidade é um ciência que tem por

finalidade gerar informações fidedignas, no momento oportuno, aos

diversos usuários para tomada de decisões (MARTINS, 1990, apud NEVES

JÚNIOR e LINS, 2007, p. 31).

Além de servir como fonte de informações para a administração

financeira, a contabilidade também apóia o controle de gestão e a tomada

de decisões. A base da contabilidade ocorre em função de dados

históricos, refletindo os acontecimentos do passado e possibilita a

5 “o fluxo de caixa é o instrumento que permite demonstrar as operações financeiras que são realizadas pela empresa” (ZDANOWICZ, 1998, p. 3, apud GAZZONI, 2003, p. 39). 6 “Contabilidade é uma espécie de diário de bordo da organização. Ela tem a função de registrar os fatos ocorridos por meio das transações realizadas, para efetuar os controles e apurar as novas situações que são informadas pelos relatórios financeiros” (BENÍCIO, 2000, p. 61).

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construção de uma história financeira, que fornece retorno aos gestores

em relação ao sucesso ou insucesso de suas decisões.

Benício (2000, p. 62) ressalta que embora as organizações tenham

na contabilidade apenas mais uma exigência legal para sua existência, ela

desempenha um papel fundamental de orientação aos dirigentes.

A contabilidade também fornece dados básicos para a elaboração de

medidas e diagnósticos, conhecidos como análise financeira. Esta

ferramenta revela a “saúde” da organização e seu propósito é reconhecer

os sinais de problemas e fornecer subsídios para apontar ações corretivas

ou preventivas apropriadas. (BARBOZA, 2002, p.55).

Toda organização, do primeiro ao terceiro setor, usa a contabilidade

para documentar ou registrar resultados econômicos de suas atividades.

Para tal, existem alguns princípios que regem sua elaboração: princípio da

entidade, da continuidade, da oportunidade do registro pelo valor original,

da atualização monetária, da competência e prudência7.

Tais princípios são igualmente fundamentais para entender o

funcionamento dos mecanismos financeiros. A partir destes princípios é

possível desenvolver alguns conceitos importantes para a construção dos

relatórios financeiros. Apresentaremos então, no tópico seguinte alguns

conceitos amplamente utilizados pela gestão financeira de empresas

privadas, em suas análises financeiras. Elas também serão imprescindíveis

para compreender o diagnóstico de qualquer relatório financeiro. Será

também a interpretação, adequação e análise dos resultados, adequados

às OSFE, no auxílio à tomada de decisão, que pretendemos apresentar

como resultado deste caso.

7 Procuramos não aprofundas cada principio para que este trabalho não entre em áreas

estritamente contábeis e para que não se perca o foco de sua análise (financeira). Para

um interesse maior no assunto, sugere-se consultar OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO

Diogo Toledo do. Contabilidade para Entidades Sem Fins Lucrativos (Terceiro Setor). São

Paulo: Atlas, 2006.

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5. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa é um processo formal e sistemático do desenvolvimento

do método científico, conforme Gil (2002), na qual o interesse e a

curiosidade do homem buscam níveis diferentes de aprofundamentos e

enfoques específicos, conforme o objeto de estudo. Também tem sido

definida como “uma atividade humana, honesta, cujo propósito é

descobrir respostas para indagações ou questões significativas que são

propostas” (PEREIRA, 2004, p. 61, apud FERRARI, 1982, p. 167).

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, esta pesquisa se

enquadra no Método de Estudo de Caso.

De acordo com Gil (2002), “o estudo de caso é caracterizado pelo

estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que

permite o seu amplo e detalhado conhecimento”.

O tema aqui estudado é produto de quase 3 (três) anos de

inquietação a partir de vivências como voluntária, prestadora de serviços

e observadora.

Quanto ao seu tipo e conforme Gil (2002, p. 43), tendo em vista

seus objetivos, esta pesquisa é classificada em pesquisa exploratória.

Quanto aos seus procedimentos técnicos, classifica-se em três tipos: como

documental e, a principal, estudo de caso.

Quanto ao seu método de procedimento, esta pesquisa é do tipo

comparativo.

Considerando a classificação geral da pesquisa – exploratória, de

estudo de caso de método comparativo – as técnicas de coleta de dado

será em dados secundários. Além da tradicional pesquisa bibliográfica em

livros, revistas, sites, artigos, trabalhos conclusivos e dissertações, os

dados para base da análise de capital de giro serão as demonstrações

contábeis publicadas nos últimos quatro exercícios, 2004, 2005, 2006 e

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2007 de uma organização não governamental socio-ambientalista

brasileira que atua nas áreas de preservação e defesa ambiental, fundada

em 1998. A análise será desenvolvida seguindo-se as seguintes etapas:

a) Pesquisa e registro dos dados secundários:

Pesquisa da bibliografia básica: delimitado o tema e identifica os

problemas, parte-se para pesquisa e estudo da literatura básica

em livros e sites especializados em gestão;

Registro da literatura: registro e separação por tipo de fontes de

informação: livros, artigos, trabalhos de conclusão de cursos,

periódicos;

Seleção das informações da organização: junto à organização

selecionada, será feita solicitação formal das informações

contábeis necessárias para análise do capital de giro. A base

serão os demonstrativos contábeis de 2004 a 2007;

b) Padronização: pela falta de literatura que faça a correlação entre

gestão financeira e organização sem fins econômicos, em especial

quanto a gestão do capital de giro, os dados secundários coletados

nos demonstrativos contábeis serão padronizados e adequados às

estruturas e modelos de gestão selecionados na literatura básica;

c) Elaboração de tabelas para cálculos do capital de giro, necessidade

de capital de giro, saldo de tesouraria, etc.: os dados dos

demonstrativos contábeis serão transportados para planilhas

eletrônicas do Excel® e padronizados em tabelas que facilitem

observar, calcular os índices e valores necessários a análise;

As fórmulas básicas para os cálculos serão selecionadas na

literatura básica;

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Checagem dos dados: todos os resultados encontrados serão

revistos para se evitar erros de cálculos;

d) Análise e Interpretação: O objetivo da análise será sumariar (listar)

as observações, de forma que estas permitam respostas à pergunta

da pesquisa. Já a interpretação será por analogia com os estudos

semelhantes, apresentados na literatura básica pesquisada. Pela

falta de base de dados ou pesquisa semelhantes os resultados

obtidos serão comparados com resultados similares obtidos em

outros tipos de organizações com fins lucrativos;

Análise das informações extraídas: análise dos resultados

encontrados seguirá os modelos apresentados por autores da

literatura básica que tratem temas relacionados, em especial, à

administração do capital de giro, à análise e interpretação de

balanços e à gestão financeira;

Interpretação: será quantitativa, apresentada em forma de

tabelas, gráficos e/ou quadros;

e) Diagnóstico: após análise e interpretação, será apresentado um

diagnóstico da situação da organização e o grau de

representatividade dos resultados para auxiliar a gestão financeira

da organização;

f) Considerações: apresentar as ações de desempenho para as

questões apresentadas na análise e outras considerações relevantes

para futuras pesquisas relacionadas ao tema.

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6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

2008 2009 Atividades

J

A

S

O

N

D

J F

M

a) Pesquisa e registro dos dados

Revisão da literatura

Elaboração do projeto

Apresentação do Projeto

b) Padronização

c) Elaboração de tabelas para

cálculos do capital de giro,

necessidade de capital de giro,

saldo de tesouraria, etc.

Fórmulas básicas

Checagem dos dados

d) Análise e Interpretação

e) Diagnóstico

f) Considerações

Revisão textual

Entrega do Trabalho Conclusivo

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7. RESULTADOS ESPERADOS

Pretendemos avaliar o desempenho financeiro de uma OSFE,

através da análise e interpretação do capital de giro e de que forma esta

análise apóia a gestão financeira da organização. Apresentar ainda,

através do estudo de caso, um diagnóstico de uma OSFE, seus resultados

a as ações que podem ser tomadas para mudar os resultados, no caso da

análise apresentar um resultado divergente de um bom desempenho

organizacional.

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8. REFERÊNCIAS

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