analise das dimensÕes do comprometimento …entretanto, essa busca de forças torna-se necessária...
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ANALISE DAS DIMENSÕES DO
COMPROMETIMENTO
ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE
CASO EM UMA EMPRESA DE
SERVIÇOS DO SETOR PUBLICO NA
REGIONAL DO RIO DE JANEIRO
Yuli Acuna Tavera (UFRRJ)
Stella Regina Reis da Costa (UFRRJ)
Edgar Albarracin Cogollo (UFRRJ)
O presente estudo teve como proposito realizar un analise do
comprometimento organizacional da força de trabalho numa empresa
de grande porte do setor público com regional no Rio de Janeiro. O
estudo foi desenvolvido com base no modelo prooposto por Medeiros
2003, foram analisadas 7 dimensões do comprometimento sendo estas
a dimensão afetiva, afiliativa, dimensão de obrigação em permanecer,
dimensão de obrigação pelo desempenho, dimensão do
comprometimento por falta de recompensas e oportunidades, por
manter linha consistente de atividade, e por escassez de alternativas. O
instrumento de pesquisa foi desenvolvido em todas as areas da
empresa com uma tasa de retorno de 651 questionarios que foram
avalidos e analisados atraves do programa para analise estatistico
SPSS. Os resultados do estudo mostraram que na empresa existe
primeiramente um comprometimento de tipo de obrigação pelo
desempenho, depois o comprometimento de tipo afiliativo e o terceiro
melhor avaliado foi o comprometimento por manter linhas consistentes
de atividade. Foi analisada a influencia de algumas variaveis
demograficas tais como idade, tempo de serviço na empresa e o nivel
de escolaridade dos empregados. Os resultados mostraram que a
maior idade e maior tempo de serviço dentro da empresa, o
comprometimento e maior em quase todas as dimensões. Por outro
lado, os empregados de nivel ensino de modo geral, se mostraram mais
comprometidos com a organização.
Palavras-chaves: Comprometimento, Organização, dimensões
5, 6 e 7 de Agosto de 2010
ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
As organizações públicas se deparam com a necessidade do novo mundo tanto em
aspectos administrativos quanto em políticos. Entretanto, essa busca de forças torna-se
necessária para se conduzir a uma reflexão, onde se possa obter as melhores estratégias para
descrever organizações públicas capazes de atingir seus objetivos, que consistem em serviços
eficientes à sociedade. Pires e Macedo (2006). As abordagens da administração, desde a
escola clássica até a teoria contingencial, revelam uma busca constante da compreensão do
que faz o indivíduo identificar-se com uma organização e dela participar mais ativamente,
Lacerda (2006). Isto é, entender quais são os fatores e particularidades dentro das
organizações que contribuem na formação de funcionários comprometidos. O atual panorama
social e econômico leva a refletir sobre a melhor forma de se conquistar esse vínculo, diante
da crise que se acentua no cenário mundial. De acordo com essas premissas, o objetivo deste
estudo é realizar um diagnóstico do comprometimento organizacional, encontrando possíveis
correlações entre as distintas dimensões e analisando a influência de diferentes variáveis
demográficas tais como sexo, idade e a escolaridade. O estudo não se propõe a resultados
definitivos, mas procura-se abrir caminho e criar uma base para que outras pesquisas sejam
conduzidas na tentativa de determinar a influência do comprometimento no desempenho
organizacional.
2. COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E SUAS
ABORDAGENS
O comprometimento organizacional tem apresentado diversos enfoques que revelam uma
busca constante da compreensão do que faz o indivíduo identificar-se com uma organização e
participar dela mais ativamente. Kanter (1968) entende comprometimento como sendo a
disposição para ceder energia e lealdade aos sistemas sociais, sendo que a ligação de sistemas
pessoais a relações sociais são vistas como auto-expressivas. Em outras palavras,
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comprometimento significa o processo pelo qual interesses individuais se atrelam aos padrões
sociais de comportamento que são vistos como “adequados aos interesses daqueles, como
expressando a natureza e necessidade da pessoa”.
Um dos enfoques predominantes da literatura é a concepção de Mowday, Porter e Steers
(1982) a qual predomina na maioria dos estudos realizados. Na opinião dos autores o
comprometimento apresenta três dimensões básicas: uma forte crença e aceitação dos valores
e objetivos da organização, um desejo de exercer considerável esforço em seu favor e a
vontade de manter-se como seu membro. Isto quer dizer que o comprometimento vai além da
simples lealdade passiva à organização e envolve uma relação mais significativa na qual o
indivíduo tem vontade de contribuir com o sucesso organizacional.
Para Bastos (1994) apud Goés (2006), ser comprometido com a organização implica em
obrigação, compromisso e responsabilidade. A obrigação aproxima-se dos conceitos de
“envolvimento” e descreve formas de como as pessoas se comportam em relação a
determinados alvos; o compromisso seria o oposto de descompromissado e indicaria o grau de
atenção, esforço, cuidado que a pessoa coloca ao realizar algo; e a responsabilidade refere-se
à relação entre conjuntos de condições que conduzem ao resultado de ser comprometido e à
responsabilidade em prejudicar e/ou impedir algo.
As bases de comprometimento propostas nas pesquisas têm-se proliferado tal e como afirma
Barbosa e Faria (2000), mas pode-se observar certo consenso em pelo menos três delas
segundo o autor:
(a) afetiva, em que o vínculo se estabelece pela presença de sentimentos de afeição, apego,
identificação, reconhecimento e lealdade, entre outros;
(b) instrumental, em que o vínculo se estabelece pela observação de custos e benefícios
relacionados à ação;
(c) normativa, em que o vínculo se dá pela internalização das normas, valores e padrões
estabelecidos, criando uma concordância moral com os valores e objetivos da organização.
A concordância com relação a estas três bases parece estar relacionada à existência e à
influência de componentes tidos como motivadores do vinculo indivíduo-trabalho (Barbosa e
Faria, 2000).
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Como afirma Medeiros (2003) o enfoque que dominou a literatura do comprometimento
organizacional por maior tempo foi o “afetivo”, a partir de trabalhos desenvolvidos pela
equipe liderada por Lyman Porter (Mowday, Steers e Porter, 1979; Mowday, Porter e Steers,
1982). Tais trabalhos, apesar de reconhecerem a existência de uma corrente comportamental
de definir o comprometimento, o assumem numa perspectiva atitudinal. Os autores afirmam
que o comprometimento vai muito além de uma postura de lealdade passiva para com a
organização, envolve também um relacionamento ativo que busca o bem-estar da organização
como sinalado em Medeiros (2003). Afirmam também que o comprometimento
organizacional pode ser caracterizado por no mínimo três fatores: “(a) uma forte crença e a
aceitação dos objetivos e valores da organização; (b) estar disposto em exercer um esforço
considerável em benifício da organização; e (e) um forte desejo de se manter membro da
organização”. Esta ligação do indivíduo com uma organização materializa-se segundo Bastos
e Costa (2001) pela introspecção por parte daquele das crenças e valores desta, de forma tal
que se crie um sentimento de afeição, fazendo-o desejar permanecer ou continuar a exercer
suas funções.
Atkinson (2003) apud Melo (2006) diferencia valores individuais dos valores corporativos. O
autor diz que os valores individuais indicam como uma pessoa vai se comportar ou executar
uma determinada ação, ou seja, dizem o que guia uma pessoa em suas ações. Os valores
corporativos seriam um pouco diferentes. Eles, de certa forma, representariam as maneiras
como as pessoas se comportam nas organizações. Para Atkinson, quando os valores
corporativos são bem passados ao longo de toda a estrutura organizacional, eles tendem a dar
às pessoas uma idéia clara e compreensiva de como agir e trabalhar.
Derivado das pesquisas de Becker (1960) encontra-se um enfoque que igualmente
preponderou nos estudos do comprometimento que foi o “Instrumental”. O autor conceitua
comprometimento instrumental como uma tendência do indivíduo em se engajar em “linhas
consistentes de atividade”. Segundo Becker, o indivíduo permanece na empresa devido aos
custos e benefícios associados a sua saída, que seriam as trocas laterais, assim passa a se
engajar em linhas consistentes de atividade para se manter no emprego. Bastos (1994),
também chama esse comprometimento de side bet, que pode ser traduzido como trocas
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laterais, assumindo diversos outros rótulos, tais como calculativo e continuance ou
continuação.
O enfoque “Normativo” é apresentado nos trabalhos de Wiener (1982). O autor define o
comprometimento como: “a totalidade das pressões normativas internalizadas para agir num
caminho que encontre os objetivos e interesses organizacionais”. Wiener enfatiza o elemento
central da definição do comprometimento, em aceitar que os valores e objetivos
organizacionais, representam uma forma de controle sobre as ações das pessoas, o qual
denomina de normativo-instrumental. Para o autor, indivíduos comprometidos exibem certos
comportamentos porque acreditam que é “certo” fazê-lo.
O estudo de Wiener (1982) se deriva do Modelo de Intenções Comportamentais estabelecido
por Fishbein em 1967. Segundo Wiener, para Fishbein esse comportamento é determinado
basicamente por dois fatores, o atitudinal e o normativo: o atitudinal, onde sua atitude acerca
de uma ação é um resultado de sua avaliação dos efeitos desta ação e o normativo, onde seu
comportamento na organização é função de sua percepção da totalidade das pressões
normativas a respeito do seu comportamento como afirma Medeiros (2003). Essas pressões
normativas geralmente são provenientes da cultura da empresa, que impõe sua ação e o seu
comportamento na organização.
Medeiros et al. (1999) apresenta um novo enfoque nos trabalhos exploratórios o enfoque
“Afiliativo” confirmando sua pesquisa em Medeiros (2003). Os estudos que delimitam tal
enfoque são recentes e sua validação ocorreu apenas em três pesquisas, todas a partir dos
trabalhos desenvolvidos por Medeiros. O destaque e a conceitualização proposta pelo autor
encontra base nos trabalhos desenvolvidos por Kelman (1958) e Becker (1992) que afirmam
que o vínculo psicológico do indivíduo com uma organização se baseia num sentimento de
identificação e afiliação.
Todos os enfoques apresentados envolvem, apenas, medidas unidimensionais do
comprometimento, limitadas, já que outros autores identificaram a existência de dimensões
diferentes no comportamento e no vínculo dos indivíduos com as organizações.
2.1 Os Antecedentes do Comprometimento
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O estudo dos antecedentes do comprometimento refere-se ao estudo relacionado a elementos
que o ocasionam. O tema dos antecedentes é geralmente entendido na literatura como as
variáveis que influenciam ou são influenciadas pelo comprometimento e existe ampla
complexidade na classificação deste assunto.
Mowday et al. (1982), assinalam que os antecedentes do comprometimento estão classificados
em quatro categorias: características pessoais, características do trabalho, experiências do
trabalho e características estruturais.
De forma similar, Mathieu e Zajac (1990) apud Goés (2006) apontam como antecedentes do
comprometimento, as características pessoais, as relações grupo versus líder, e as
características do trabalho.
a. As características pessoais referem-se a:
- Associações entre maior idade e maior grau de comprometimento;
- Relação entre mulheres e comprometimento (maior do que a relação encontrada com os
homens, de modo geral, essa relação não parece ser consistente);
- Associações entre pessoas casadas e maior comprometimento
- Relação entre maior tempo na organização e maior comprometimento
- Relação entre os indivíduos que aderem à ética protestante do trabalho (trabalho visto
como forma de ganhar a redenção) e maior comprometimento;
- Relação negativa entre nível educacional e comprometimento.
b. Como características do trabalho encontram-se:
- Correlações positivas moderadas e altas entre o comprometimento e variedade das
habilidades, caráter inovador ou não rotineiro das tarefas e escopo do cargo
(delineamento);
- Correlações reduzidas entre autonomia e o comprometimento;
- Relação positiva entre percepção de oportunidade de promoção e comprometimento;
- Relação positiva entre percepção dos empregados sobre as políticas utilizadas pela
organização quanto à carreira e o comprometimento.
c. Como relações líder-grupo encontram-se:
- Associações positivas entre coesão e interdependência nas tarefas e o comprometimento;
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- Correlações moderadas e positivas entre comprometimento de “estruturação” e
“consideração” do líder (estilo de gerência participativa e a comunicação do líder) e o
comprometimento.
Bastos (1994) afirma que maior comprometimento, associa-se a maior idade, tempo de
serviço na organização, maior nível ocupacional e maior remuneração. E que também é maior
o comprometimento entre as mulheres e as pessoas casadas. Por outro lado o autor afirma que
quanto maior o nível educacional menor o comprometimento organizacional.
3. METODOLOGIA
A pesquisa corresponde a um estudo de Caso desenvolvido numa Empresa de serviços de
grande porte do setor público no estado do Rio de Janeiro. O nome da empresa não será
relevado por decisões da empresa de manter a confidencialidade. A pesquisa foi desenvolvida
em todas as áreas da empresa incluindo empregados de todos os níveis hierárquicos. O total
de questionários entregues foi de 800, e foram retornados 651 devidamente preenchidos. Não
foi utilizado nenhum método estatístico para a escolha dos participantes, foram escolhidos
voluntariamente pelo chefe da área. Foi dado um prazo de 15 dias para o preenchimento do
questionário e posterior devolução. Com o propósito de buscar maior sinceridade e
compromisso nas respostas, foi garantido aos respondentes o anonimato das suas respostas.
Quadro 1 – Dimensões do Medeiros com os respectivos itens de avaliação
Fator Dimensões Itens avaliados
Fator Afetivo 1. Base afetiva
- Desde que me juntei a esta organização, meus valores pessoais e os da
organização têm-se tornado mais similares.
- A razão de eu preferir esta organização em relação a outras é por causa do
que ela simboliza e seus valores.
- Eu me identifico com a filosofia da Empresa.
- Eu acredito nos valores e objetivos da Empresa
Fator
Normativo
2. Obrigação em
permanecer
- Eu não deixaria a Empresa agora porque eu tenho uma obrigação moral
com as pessoas daqui.
- Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar a
Empresa agora.
- Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora.
- Acredito que não seria certo deixar a Empresa porque tenho uma
obrigação moral em permanecer aqui.
3. Obrigação
pelo
desempenho
- Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa.
- Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função na empresa.
- O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores
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resultados possível.
- O empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas.
Fator
Afiliativo
4. Base
Afiliativa
- Nesta Empresa eu sinto que faço parte do grupo
- Sou reconhecido por todos na empresa como um membro da equipe de
trabalho.
- Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de
trabalho
- Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa.
Fator
Instrumental
5. Falta de
Recompensa e
Oportunidade
- Se eu já não tivesse dado tanto de mim na Empresa, eu poderia considerar
trabalhar em outro lugar.
- A menos que eu seja recompensado de alguma maneria, eu não vejo
razões para despender esforços extras em beneficio desta organização.
- Minha visão pessoal sobre a Empresa é diferente daquela que eu expresso
publicamente.
- A pesar dos esforços que já realizei, não vejo oportunidades pra mim
nesta Empresa
6. Linha
consistente de
Atividade
- Procuro não transgredir as regras aqui, pois assim sempre manterei meu
emprefo.
- Na situação atual, ficar com minha organização é na realidade uma
necessidade tanto quanto um desejo.
- Para conseguir ser recompensado aqui é necessário expressar a atitude
certa.
- Farei sempre o possível em meu trabalho para me manter neste emprego.
7. Escassez de
Alternativas
- Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria
bastante desestruturada.
- Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização.
- Uma das conseqüências negativas de deixar a Empresa seria a escassez de
alternativas imediatas de trabalho.
- Não deixaria este emprego agora devido à falta de oportunidades de
trabalho.
Fonte: Adaptado de Medeiros (2003)
Foi utilizado o instrumento Medeiros (2003) para a analise das diferentes dimensões do
Comprometimento validado para aplicação em empresas brasileiras de serviços. O
instrumento consta 28 questões agrupadas em 4 fatores que a sua vez representam 7
dimensões, No Quadro 1 observa-se os itens correspondentes a cada uma dos itens. O
questionário foi desenhado para avaliação com escala de Lickert de 5 pontos de “Discordo
Totalmente (1)” a “Concordo Totalmente (5)”. Foram adicionadas outras questões
relacionadas a Idade dos participantes, Sexo e nível de escolaridade.
Dos 651 questionários retornados e validos da pesquisa, 30,7% eram mulheres e 68% homens.
Ainda, 18.4% foram gestores e o 77% não gestores. As idades variaram entre 20 e 62 anos
com uma média de 42 anos. Quanto ao nível de escolaridade 48.8% dos participantes têm
Ensino médio, 17.8% Superior incompleto, 24,1% superior completo e 8.4% têm pós-
graduação.
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Para a análise dos dados foi utilizada a ferramenta de análise estatística SPSS, foram
realizados testes T, analise da variância ANOVA, e correlações de Pearson. Os testes
procuraram determinar diferencias significativas entre as diferentes variáveis.
RESULTADOS DA PESQUISA
3.1 Análise das Variáveis do Comprometimento
Organizacional
Na Tabela 1 são apresentadas as médias totais de cada dimensão do comprometimento, o
desvio padrão e as correlações entre as diferentes dimensões.
Na Dimensão Afetiva do comprometimento obteve-se uma média de 3,56 com um desvio
padrão de 0,94. Pode-se considerar uma avaliação razoavelmente boa o qual indicaria que
existem crença e aceitação dos valores organizacionais. Segundo Medeiros (2003) este fator
contempla indicadores que denotam claramente a internalização de valores e objetivos da
organização.
A importância por manter um alto comprometimento afetivo com a organização é percebida
por Mowday, Porter e Steers (1982) que afirmam que o comprometimento vai muito além de
uma postura de lealdade passiva para com a organização, envolve também um relacionamento
ativo que busca o bem-estar da organização.
A seguir serão apresentadas as dimensões obrigação em permanecer e obrigação pelo
desempenho que formam parte do Enfoque Normativo.
Na dimensão do comprometimento de Obrigação em permanecer obteve-se uma média de
2,53 com desvio padrão de 1,31 que indica pouco consenso nas respostas. Esta média indica
que existe uma tendência razoavelmente baixa dos empregados a se sentirem obrigados a
permanecer na organização.
Tabela 1 - Média, Desvio Padrão e Correlações entre os fatores do Comprometimento
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Dimensões Media DP
Ba
se A
feti
va
Ob
rig
açã
o
em
per
ma
nec
er
Ob
rig
açã
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elo
des
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Ba
se A
fili
ati
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Fa
lta
d
e
Rec
om
pen
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e
Op
ort
un
ida
des
Lin
ha
con
sist
ente
d
e
ati
vid
ad
e
Fa
tor
Afe
tiv
o
Base afetiva 3,56 0,94 1 - - - - -
Fa
tor
No
rma
tiv
o Obrigação em
permanecer 2,53 1,31 0,533** 1 - - - -
Obrigação pelo
desempenho 4,69 0,55 0,382** 0,112** 1 - - -
Fa
tor
Afi
lia
tiv
o
Base Afiliativa
3,96 0,91 0,605** 0,429** 0,420** 1 - -
Fa
tor
Inst
rum
enta
l
Falta de
Recompensa e
Oportunidade 2,43 0,93 -,185** 0,165** -,112** 0,116** 1 -
Linha
consistente de
Atividade 3,84 0,85 0,385** 0,303** 0,324** 0,354** 0,075 1
Escassez de
Alternativas 3,34 1,16 0,219** 0,318** 0,107** 0,210**
0,196
**
0,401*
*
Fonte: Dados da Pesquisa
** - Significativa ao nível de 0,01.
* - Significativa ao nível de 0,05
Na dimensão de Obrigação pelo desempenho a média foi de 4,69, com desvio padrão de 0,55.
Isto indica uma concentração das respostas do lado da escala em que os empregados
concordam totalmente.
Medeiros (2003) afirma que o sentimento de obrigação pelo desempenho reflete um
sentimento de obrigação em se conseguir e atingir os melhores resultados e os objetivos da
organização.
Embora a avaliação do comprometimento de obrigação em permanecer não tenha sido muito
alta, de modo geral pode-se afirmar que existe um alto comprometimento Normativo na
Empresa que segundo Wiener (1982) denota a totalidade das pressões normativas,
internalizadas para agir num caminho que encontre os objetivos e interesses organizacionais.
O autor afirma que aceitar os valores e objetivos organizacionais, representa uma forma de
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controle sobre as ações das pessoas. Indivíduos comprometidos exibem certos
comportamentos porque acreditam que é “certo” fazê-lo, afirma o autor.
Este forte Comprometimento Normativo na empresa pode ser atribuído à efetiva divulgação
das diretrizes da empresa e ao conhecimento por parte dos empregados da missão, princípios,
normas, regulamentos e código de Ética. Em pesquisas anteriores segundo dados da Empresa,
foi encontrado que 78% dos empregados afirmaram ter conhecimento destas diretrizes,
enquanto 22% reconheceram não ter conhecimento delas. Portanto, se considera que existe
um alto conhecimento de normas e diretrizes da empresa que levam a ter um foco maior no
comprometimento normativo, tal e como Wiener (1982) afirma, “ a visão normativa se
relaciona com um foco centrado nos controles normativos por parte das organizações, tais
como normas e regulamentos ou ainda como uma missão forte e disseminada dentro da
organização”.
Na Dimensão Afiliativa obteve-se uma media de 3,96, que indica que os empregados têm um
forte sentimento de afiliação com a empresa, este tipo de comprometimento denota um
sentimento de fazer parte.
Como afirma Medeiros (2003) este tipo de comprometimento é diferente do
comprometimento afetivo. Gouldner (1960) apud Medeiros (2003) afirma que se sentir parte
de uma organização é diferente de introjectar características e valores organizacionais. O alto
comprometimento Afiliativo apresentado na empresa pode-se relacionar a um alto
comprometimento de coesão entre os empregados, fruto dos vínculos às relações sociais da
organização, realizadas através de técnicas e cerimônias que tornam público o estado de ser
um membro da organização e que reforçam a coesão do grupo, tal e como afirma Kanter apud
Mowday, Porter e Steers (1982
Em seguida são analisadas as dimensões falta de recompensas e oportunidades, linha
consistente de atividade e escassez de alternativas. Estas fazem parte do Fator Instrumental
do comprometimento. Segundo Medeiros (2003) a primeira destas dimensões denota um
desequilíbrio na relação entre recompensas e contribuições. A segunda mostra um sentimento
dos indivíduos em se engajar em linhas consistentes de atividade e a terceira denota um
sentimento de falta de oportunidade e reconhecimento por parte da organização.
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Com relação ao comprometimento por Falta de recompensas e oportunidades a média foi de
2,43. Essa média razoavelmente baixa indica que existem poucos empregados na empresa
que têm um comprometimento de tipo calculista, o significaria dizer que depende só de
quanto eles recebem em troca pelas funções ou atividades desempenhadas. Medeiros (2003)
descreve o fator como baseado somente nas relações de troca que se desenvolvem entre o
membro e sua organização.
Observa-se que na empresa o fator foi avaliado com a média baixa pela maioria dos
empregados. Isto indica que os indivíduos percebem equidade entre recompensas e
contribuições, isto de acordo com Etzioni apud Medeiros (2003)
Na dimensão Linha consistente de atividade a média foi de 3,84 indicando uma tendência
forte a concordar com este tipo de comprometimento.
Entende-se que o indivíduo permaneça na empresa devido aos custos e benefícios associados
a sua saída, que seriam as trocas laterais, assim passa a se engajar em linhas consistentes de
atividade para se manter no emprego. Então o comprometimento ocorre como um resultado
das transações individuo-organização e das alterações nos benefícios adquiridos e
investimentos realizados pelo individuo em seu trabalho ao longo do tempo.
Por ultimo, na dimensão de Escassez de alternativas a media foi de 3,34, um valor
razoavelmente alto que indica uma tendência a concordar com o fator. Segundo Medeiros
(2003) este tipo de comprometimento mostra que os indivíduos sentem temor a deixar a
organização e não encontrar outras opções laborais.
Para finalizar o análise do fator instrumental e as suas três diferentes dimensões observou-se
que os empregados da Empresa apresentam maior comprometimento por se engajar em linhas
consistentes de atividade, mas de forma geral a média do fator instrumental foi razoavelmente
alta, portanto, pode-se afirmar que os empregados da Empresa têm um alto comprometimento
associado aos custos de deixar a organização. Para Meyer e Allen (1991) os empregados com
comprometimento instrumental permanecem na organização porque precisam.
Analisando as diferentes dimensões do comprometimento, pode-se concluir que os
empregados da empresa pesquisada apresentam em primeiro lugar um alto comprometimento
de Obrigação pelo desempenho, em segundo lugar, Afiliativo, e em terceiro
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comprometimento por manter Linhas consistentes de atividade. E importante ressaltar que
ainda que a liderança perceba falta de compromisso e pouco envolvimento dos empregados
com a empresa na hora de implementação de mudanças e planos estratégicos, os empregados
apresentam sim comprometimento organizacional, mas devem ser tomadas algumas medidas
para que este comprometimento seja mais de tipo afetivo, focando na internalização das
crenças e valores organizacionais com o fim de facilitar o cumprimento de objetivos.
3.2 Diferenças no Comprometimento Organizacional entre Homens e
Mulheres
A Tabela 2 apresenta os resultados da análise da variância (ANOVA) que procurou
obter os dados que nos permitem realizar comparações entre homens e mulheres com relação
as diferentes dimensões.
Tabela 2. ANOVA dos Fatores do comprometimento com relação ao Sexo dos empregados
Fatores Dimensões SEXO M DP T
Comprometimento
Afetivo Afetiva
Feminino 3,50 0,93 1,17ns
Masculino 3,59 0,94
Comprometimento
Normativo
Obrigação em
Permanecer
Feminino 2,24 1,19 4,08**
Masculino 2,67 1,34
Obrigação pelo
desempenho
Feminino 4,73 0.50 0,99ns
Masculino 4,68 0,57
Comprometimento
Afiliativo
Sentimento de
Fazer Parte
Feminino 3,87 0,96 1,71ns
Masculino 4,01 0,89
Comprometimento
Instrumental
Falta de
Recompensas e
Oportunidades
Feminino 2,18 0,82 4,89**
Masculino 2,54 0,96
Linha consistente
de atividade
Feminino 3,75 0,83 1,90ns
Masculino 3,88 0,85
Escassez de
Alternativas
Feminino 3,24 1,14 1,48ns
Masculino 3,38 1,16
Fonte: Dados da Pesquisa
** - Significativa ao nível de 0,01.
* - Significativa ao nível de 0,05
n.s. – Não significativa
Observa-se que foi relevada a existência de diferenças significativa em duas das
dimensões do comprometimento: No sentimento de Obrigação em permanecer que forma
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parte do fator Normativo, e no sentimento de falta de Recompensas e oportunidades que
forma parte do fator Instrumental.
Com relação ao Comprometimento de Obrigação em permanecer, a média dos
homens (2,67) mostrou um valor médio maior do que a média mostrada pelas mulheres
(2,24). Sendo assim, parece que os homens sentem maior obrigação de ficar na organização
do que as mulheres e que elas parecem ter um envolvimento diferente com a organização.
Quanto à falta de recompensas e oportunidades, observa-se que a média dos homens
2,54, é maior do que a média das mulheres 2,18, indicando que os homens têm um maior
envolvimento calculista, baseado nas relações de troca que se desenvolvem entre o membro e
a organização. Por tanto os homens parecem ter menor envolvimento com a empresa e menor
equidade entre recompensas e contribuições.
De forma geral, observa-se que em todos os casos (ainda que não fosse significativa) o
comprometimento apresentado pelos homens, foi maior do que o comprometimento das
mulheres, isto contradiz a teoria de Mathieu e Zajac (1990) que afirmam que a relação entre
mulheres e comprometimento é maior do que a relação encontrada com os homens.
3.3 Diferenças no Comprometimento Organizacional de acordo com a
Idade
Neste item foi utilizada a Correlação de variáveis para determinar se existe correlação
entre a Idade dos empregados e o Comprometimento com a organização.
Tabela 3. Resultados da Correlação entre a Idade dos
empregados com relação ao Comprometimento
Organizacional
Variáveis IDADE
Base Afetiva 0,27**
Obrigação em permanecer 0.28**
Obrigação pelo desempenho 0,13**
Base Afiliativa 0,16**
Falta de recompensas e oportunidades -0,04
Linha Consistente de Atividade 0,18*
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Escassez de Alternativas 0,12**
Fonte: Dados da Pesquisa
** - Significativa ao nível de 0,01.
* - Significativa ao nível de 0,05
Observa-se na Tabela 3 que existe correlação positiva entre a Idade e o
comprometimento Afetivo, de Obrigação em permanecer, Obrigação pelo desempenho,
comprometimento afiliativa, comprometimento por manter uma linha consistente de atividade
e por escassez de alternativas. Isto indica que quanto mais velhos os empregados é mais forte
o seu envolvimento para com a empresa.
Os resultados corroboram a afirmação de Mathieu e Zajac (1990) de que associações entre
maior idade e maior grau de comprometimento. Reforçando esta teoria Bastos (1994) também
afirma que maior comprometimento associa-se a maior idade.
3.4 Diferenças no Comprometimento de acordo com o Nível de Escolaridade
Os valores observados na Tabela 4 mostram que existem diferenças significativas no
Comprometimento dos empregados com relação ao seu nível de escolaridade em todas as
bases do comprometimento exceto na base de Obrigação pelo Desempenho.
Tabela 4 - Comparações entre o nível de escolaridade e Comprometimento dos
empregados utilizando o Teste t.
Variáveis Escolaridade M DP t
Base Afetiva
Ensino Médio 3,68 0,89 7,66**
Superior Incompleto 3,21 1,09
Superior Completo 3,61 0,83
Pós-graduação 3,47 0,96
Obrigação em
permanecer
Ensino Médio 2,81 1,35 10,32**
Superior Incompleto 2,22 1,24
Superior Completo 2,29 1,19
Pós-graduação 2,21 1,16
Base Afiliativa Ensino Médio 4,03 0,89 2,84*
Superior Incompleto 3,74 1,02
Superior Completo 3,98 0,85
Pós-graduação 3,99 0,93
Falta de
recompensas e
oportunidades
Ensino Médio 2,61 0,97 10,04**
Superior Incompleto 3,43 0,92
Superior Completo 2,23 0,85
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Pós-graduação 2,04 0,72
Linha
consistente de
Atividade
Ensino Médio 3,99 0,79 7,16**
Superior Incompleto 3,66 0,91
Superior Completo 2,99 0,91
Pós-graduação 2,72 0,75
Escassez de
Alternativas
Ensino Médio 3,67 1,09 20,86**
Superior Incompleto 3,20 1,18
Superior Completo 2,99 1,11
Pós-graduação 2,72 1.09
Fonte: Dados da Pesquisa
Encontrou-se diferença significativa nas dimensões: afetiva, obrigação em
permanecer, falta de recompensas e oportunidades, linha consistente de atividade e escassez
de alternativas:
Na dimensão afetiva, os empregados com ensino médio deram a melhor avaliação do
fator e obteve-se uma média de 3,68. A valorização mais baixa foi dada pelos empregados
com nível Superior incompleto como uma média de 3,21.
Na dimensão Obrigação em Permanecer observa-se que no nível de ensino médio a
média encontrada de 2,81 foi representativamente mais alta do que as médias obtidas nos
demais níveis, enquanto os empregados com Pós-graduação tiveram a menor avaliação com
uma média de 2,21.
Na dimensão Falta de Recompensas e Oportunidades, observa-se que os empregados
com nível superior incompleto deram um valor muito maior do que os demais com uma média
de 3,43. Os empregados com nível de Pós-graduação apresentaram a média mais baixa 2,04.
Na dimensão do comprometimento Linha Consistente de Atividade e por Escassez de
Alternativas, os empregados com ensino médio foram os que tiveram a média mais alta em
ambos os casos. E os empregados com Pós-graduação alcançaram a média mais baixa.
Já na Dimensão Afiliativa encontrou-se que esta diferença significativa é mais fraca do
que nos casos anteriores e se observa que no nível de ensino médio observou-se a maior
média do fator, 4,03 e no nível superior incompleto a menor média foi de 3,74.
Observou-se de forma geral que os empregados com nível de ensino médio
apresentaram na maioria dos casos, maior comprometimento do que os empregados dos níveis
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superiores. Portanto, afirma-se que para o menor nível de escolaridade é maior o
comprometimento, como afirmam Mathieu e Zajac (1990) e Bastos (1994).
4. CONCLUSÕES
Com relação às dimensões do Comprometimento Organizacional, encontrou-se que os
empregados apresentam em primeiro lugar um alto comprometimento de obrigação pelo
desempenho; em segundo lugar, um alto comprometimento Afiliativo. É importante ressaltar
que ainda que a liderança perceba falta de compromisso e pouco envolvimento dos
empregados com a empresa na hora de implementação de mudanças e planos estratégicos, os
empregados sim se sentem comprometidos com a organização, mas devem ser tomadas
algumas medidas para que este comprometimento seja mais do tipo afetivo evidenciando
internalização das crenças e valores organizacionais, isto com o fim de obter um ambiente
mais agradável e propício para o desenvolvimento do empregado e para facilitar o
cumprimento efetivo dos objetivos.
Os resultados do teste t para o analise da variável Sexo, mostraram que existe um
maior nível de insatisfação por parte dos homens dado que nas duas dimensões com
diferenças significativas, tiveram medias mais altas nas dimensões do comprometimento de
Obrigação em permanecer e por Falta de recompensas e oportunidades. O qual permite
concluir que de alguma maneira as mulheres são mais comprometidas do que os homens com
suas organizações.
Em relação à Idade, encontrou-se que existe correlação positiva com quase todas as
dimensões do comprometimento exceto com a dimensão do comprometimento por falta de
recompensas e oportunidades, de modo geral observa-se que os empregados mais velhos são
mais comprometidos do que os mais novos.
De acordo com o Nível de escolaridade observou-se que de modo geral, os
empregados do nível mais baixo, „ensino médio‟ apresentaram os índices mais altos do
comprometimento com relação aos seus colegas mais preparados. Só na dimensão do
comprometimento por falta de recompensas e oportunidades, os empregados com ensino
superior incompleto tiveram uma avaliação maior de modo significativo. Atribui-se o
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resultado à impossibilidade de promoção ao terminar os seus estudos dado que a contratação é
por concurso público.
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