análise da dinâmica de selos de fluxo em compressores

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An´ alise da Dinˆ amica de Selos de Fluxo em Compressores Daniela Camara Gon¸ calves Projeto de Gradua¸c˜ ao apresentado ao Curso de Engenharia Mecˆ anica da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos ne- cess´ arios ` aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Engenheiro. Orientador: Prof. Thiago Ritto Rio de Janeiro Agosto de 2015

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Page 1: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Analise da Dinamica de Selos de Fluxo em

Compressores

Daniela Camara Goncalves

Projeto de Graduacao apresentado ao

Curso de Engenharia Mecanica da Escola

Politecnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos ne-

cessarios a obtencao do tıtulo de Engenheiro.

Orientador:

Prof. Thiago Ritto

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

Page 2: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores
Page 3: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Daniela Camara Goncalves

Analise da Dinamica de Selos de Fluxo em Compressores

/ Daniela Camara Goncalves - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politecnica, 2015.

xviii, 56 p. il; 29,7 cm.

Orientador: Thiago Ritto

Projeto de Graduacao - UFRJ/ Escola Politecnica/ Curso

de Engenharia Mecanica, 2015.

Referencias Bibliograficas: p.38-39.

1. Rotores 2. Simulacao matematica 3. MatLab I. Ritto,

Thiago. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politecnica, Curso de Engenharia Mecanica. III. Analise da

Dinamica de Selos de Fluxo em Compressores.

Page 4: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ

como parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro

Mecanico.

Analise da Dinamica de Selos de Fluxo em Compressores

Daniela Camara Goncalves

Agosto de 2015

Orientador: Thiago Ritto

Curso: Engenharia Mecanica

O estudo de maquinas rotativas e de grande importancia no contexto atual. Existem diver-

sas aplicacoes desde sistemas simples, como no sistema de succao de agua em residencias,

a sistemas de grande porte como em usinas hidreletricas ou plataformas petrolıferas. O

estudo dinamico de maquinas rotativas deve ser realizado considerando a interacao entre

os componentes envolvidos na sua construcao, como por exemplo, rotores, eixos, man-

cais, selos de fluxo e estruturas de suporte. A existencia de um componente rotativo que

transmite potencia pode acarretar uma serie de problemas, e portanto, e necessario um

desenvolvimento matematico que permita simular as caracterısticas operacionais dessas

maquinas e entender os fenomenos associados a dinamica do funcionamento de seus ele-

mentos. A analise da dinamica de selos de fluxo serve para prever o comportamento e

identificar desvios caracterizados por meio das respostas dinamicas do conjunto, gerando

indicadores de instabilidade ou mal funcionamento, e minimizando riscos de paradas nao

previstas ou danificacao do sistema rotativo. Dentro deste contexto, este projeto tem por

objetivo a determinacao do comportamento dinamico de uma maquina rotativa quando

considerando selos de fluxo atuando como um elemento integrado ao modelo global do

sistema em diferentes ambientes de temperatura e pressao, de modo a tornar a analise do

conjunto mais completa.

Palavras-chave: Selo de Fluxo, Labirinto, Simulacao numerica, Compressor, Maquinas

Rotativas.

v

Page 5: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Abstract of Undergraduate Project presented to Escola Politecnica/UFRJ as

a partial fulfillment of the requirements for the degree of Mechanical

Engineer.

Analysis of Mechanical Seals Dynamics in Compressors

Daniela Camara Goncalves

August 2015

Advisor: Thiago Ritto

Course: Mechanical Engineering

The study of rotating machines is of great importance in the current context, there are

several applications from simple systems, as in the water suction system in homes, to large

systems as power plants or oil platforms. Occupying a prominent position in relation to

the study and application of machines and structures. The dynamic study of a rotating

machine must be performed considering the interaction between the components involved

in their construction, such as rotors, shafts, bearings, seals and flow support structures.

In simple systems, it may not be of great importance, but in more complex cases, the exis-

tence of a rotating component that transmits power may cause a number of problems and

therefore, a mathematical development is necessary to simulate the operational characte-

ristics of these machines and understand the phenomena associated with the dynamics of

the operation of its elements. The analysis of the dynamics of mechanical seals used to

predict the behavior and identify deviations characterized by dynamic responses of the

set, leading indicators of instability or malfunction, and minimizing risks of unplanned

downtime or damage to the rotation system. Within this context, this project aims to

determine the behavior of a rotating machine when considering flow seals acting as an

integrated element of the overall system model in different temperature environments and

pressure in order to make the analysis more complete set .

Keywords : Flow Seal, Labyrinth, Numerical simulation, Compressor, Rotating machines.

vi

Page 6: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Aos meus pais.

vii

Page 7: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pela tranquilidade e sabedoria que me fizeram

seguir adiante.

Obrigada a todos amigos, familiares e todas as pessoas queridas que me acompanharam

nessa trajetoria para que esta conquista pudesse ser alcancada.

Ao Prof. Thiago, pela orientacao e atencao.

ix

Page 8: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

“What we know is a drop, what we don’t know is an ocean.”

Isaac Newton

Page 9: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Sumario

1 Introducao 1

1.1 Objetivo do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 Revisao Bibliografica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Organizacao do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 O Selo de Fluxo 5

2.1 Fabricantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.1.1 EagleBurgmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.1.2 Jonh Crane . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.1.3 FlowServe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.1.4 Du-o-Lap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.1.5 Denai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.2 American Petroleum Institute - Norma 682 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.3 Componentes Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3.1 Selo labirinto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3.2 Selo mecanico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.4 Funcionamento dos Elementos de um Selo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.4.1 Selo Labirinto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.4.2 Selo Mecanico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.5 Variedades Construtivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.5.1 Selo Mecanico Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.5.2 Selo Mecanico Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.5.3 Selo Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.5.4 Selo de Aneis Flutuantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.5.5 Selo Labirinto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.5.6 Selo de Contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.6 Criterios de Selecao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.6.1 Aplicacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Modelo 21

3.1 Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

xiii

Page 10: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

3.1.1 Referencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.1.2 Hipoteses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.1.3 Cinematica e Equacoes de Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.2 Equacoes de forca dinamica do Selo de Fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3 Estimativa teorica dos coeficientes dinamicos para Selos Mecanicos . . . . . 26

4 Simulacao e Analises numericas 30

4.1 Simulacao numerica para estimativa dos coeficientes dinamicos do Selo . . 30

4.2 Analise dos coeficientes dinamicos do Selo aplicado ao Rotor de Jeffcott . . 38

5 Revisao, Conclusao e Trabalhos futuros 55

A Anexos 57

xiv

Page 11: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Lista de Figuras

Figura 1.1 Corte de um Selo mecanico. [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Figura 2.1 Labirintos - (a)Labirinto conico;(b)Labirinto escalonado; (c) Labirinto

reto. [2] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Figura 2.2 Modelos de Vedadores Radias - Anel “O” [2] . . . . . . . . . . . . . 8

Figura 2.3 Modelos de Aneis de Selagem [2] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Figura 2.4 Modelos de Vedadores Radias - Anel “O” [2] . . . . . . . . . . . . . 8

Figura 2.5 Modelos e arranjos de Molas Helicoidais [2] . . . . . . . . . . . . . . 9

Figura 2.6 Corte de um selo de fluxo tipo Labirinto [1] . . . . . . . . . . . . . . 9

Figura 2.7 Modelos Simples de um Selo Mecanico [3] . . . . . . . . . . . . . . . 10

Figura 2.8 Pecas componentes de um Selo de Fluxo. . . . . . . . . . . . . . . . 11

Figura 2.9 Arranjos Posicionais de um Selo de Fluxo. . . . . . . . . . . . . . . . 11

Figura 2.10 Arranjo Basico de um Selo Simples. [4] . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Figura 2.11 Condicoes Sugeridas para um Selo Simples. . . . . . . . . . . . . . 16

Figura 2.12 Arranjo Basico de um Selo Duplo Oposto. [4] . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 2.13 Condicoes Sugeridas para um Selo Duplo Oposto. . . . . . . . . . . 17

Figura 2.14 Arranjo Basico de um Selo Tandem. [4] . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 2.15 Condicoes Sugeridas para um Selo Tandem. . . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 2.16 Arranjo Basico de um Selo Tandem com Labirinto Intermediario. [4] 18

Figura 2.17 Condicoes Sugeridas para um Selo Tandem com Labirinto Intermediario. 18

Figura 2.18 Arranjo Basico Selo Simples de Gas Seco. [4] . . . . . . . . . . . . . 19

Figura 2.19 Condicoes Sugeridas para Selo Simples de Gas Seco. . . . . . . . . . 19

Figura 2.20 Arranjo Basico de um Selo de Gas Seco no arranjo Tandem com

Labirinto Intermediario. [4] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Figura 2.21 Condicoes Sugeridas para um Selo de Gas Seco no arranjo Tandem

com Labirinto Intermediario. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Figura 3.1 A figura da direita mostra o movimento forward whirl e a figura da

esquerda o movimento backward whirl do disco. . . . . . . . . . . . . . . 22

Figura 3.2 Disco do modelo do Rotor de Jeffcott. . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Figura 3.3 Modelo simplificado para o estudo do sistema massa rotor. . . . . . 22

Figura 3.4 Vista frontal do Disco no Rotor de Jeffcott com referencial escolhido 23

xv

Page 12: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 3.5 Vista lateral do modelo do Rotor Jeffcott e o referencial inercial . . 23

Figura 3.6 Anel preenchido com fluido entre um rotor e um estator para analise

de lubrificacao turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Figura 4.1 Fluxograma para a estimativa teorica de coeficientes dinamicos de

selos mecanicos. [5] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Figura 4.2 Coeficiente de friccao [λ′,λ] convergindo. . . . . . . . . . . . . . . . 33

Figura 4.3 Amortecimento de Acoplamento para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Figura 4.4 Amortecimento Direto para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Figura 4.5 Rigidez de Acoplamento para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Figura 4.6 Rigidez direta para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm . . 34

Figura 4.7 Amortecimento de Acoplamento para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Figura 4.8 Amortecimento Direto para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Figura 4.9 Rigidez de Acoplamento para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D =

0.25mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Figura 4.10 Rigidez direta para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm . . . 36

Figura 4.11 Amortecimento de Acoplamento para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar . 36

Figura 4.12 Amortecimento Direto para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar . . . . . . . 36

Figura 4.13 Rigidez de Acoplamento para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar . . . . . . 37

Figura 4.14 Rigidez direta para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar . . . . . . . . . . . 37

Figura 4.15 Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kd [6]. 38

Figura 4.16 Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kc [6]. 39

Figura 4.17 Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kc [6]. 40

Figura 4.18 Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Cd [6]. 41

Figura 4.19 Movimento de Precessao do Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . . . 42

Figura 4.20 Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,

adicionando kd. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Figura 4.21 Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,

adicionando kd e cd. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Figura 4.22 Rotor de Jeffcott na velocidade crıtica wn em ressonancia. . . . . . . 44

Figura 4.23 Amplitude de deslocamento e deslocamnto do centro de massa na

velocidade wn, considerando a rigidez direta kd. . . . . . . . . . . . . . . 44

xvi

Page 13: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.24 Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,

adicionando kc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Figura 4.25 Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,

adicionando kc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Figura 4.26 Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,

comparando o rotor trabalhando sem o selo, com o selo com uma rigidez

direta kd e com o selo com rigidez direta kd e rigidez de acoplamento kc. 47

Figura 4.27 Razao da amplitude do Rotor de Jeffcott pela amplitute adicionando

kc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Figura 4.28 Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd. . . . . . . . . . 48

Figura 4.29 Deslocamento do Centro de Massa do Rotor de Jeffcott adicionando

kc e kd. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Figura 4.30 Amplitude inicial do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os

valores experimentais de Child [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Figura 4.31 Amplitude aos 2s do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os

valores experimentais de Child [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Figura 4.32 Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os valores

experimentais de Child [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 4.33 Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os valores

experimentais de Child [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 4.34 Deslocamento do Centro de Massa do Rotor de Jeffcott adicionando

kc e kd, com os valores experimentais de Child [6]. . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 4.35 Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott no regime

permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 4.36 Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . 52

Figura 4.37 Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott. . . . . . . . 52

Figura 4.38 Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . 53

Figura 4.39 Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott . . . . . . . 53

Figura 4.40 Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . 54

xvii

Page 14: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 Industria Sugerida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Tabela 3.1 Rotor de Jeffcott . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Tabela 4.1 Dados de entrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

xviii

Page 15: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Capıtulo 1

Introducao

Maquinas rotativas estao em diversos equipamentos que fazem parte do nosso dia a dia

e desempenham um importante papel na vida moderna. Entre os quais estao compressores

utilizados em refrigeracao, ventiladores, bombas e turbinas. A demanda pelo aumento da

eficiencia desses equipamentos e grande, pois envolvem a geracao da energia eletrica e,

posteriormente, grande parte do consumo desta energia.

Os selos de fluxo, tambem conhecidos como selos mecanicos, sao imprescindıveis ao

funcionamento de maquinas rotativas de grande e medio porte, pois sao utilizados para

controlar o vazamento do fluido de trabalho e exercem uma influencia significativa na

dinamica das maquinas rotativas de fluxo, devido a queda de pressao entre a entrada

e a saıda do selo, a qual e representada, no modelo matematico do sistema, atraves de

coeficientes dinamicos equivalentes de rigidez, amortecimento e inercia. A Fig. 1.1 mostra

um corte de um Selo.

Figura 1.1: Corte de um Selo mecanico. [1]

1

Page 16: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

1.1 Objetivo do Trabalho

O presente trabalho tem por objetivo principal a analise da resposta dinamica de

uma maquina rotativa, a partir do modelo Jeffcott, integrando o selo de fluxo ao sistema

global em condicoes pre-determinadas de pressao e temperatura.

O trabalho foi iniciado com a apresentacao de uma visao geral sobre selos de fluxo com

a descricao de seus componentes fundamentais e diferentes modelos fabricados, criterios

de selecao e abordando ainda aplicacoes sugeridas em diferentes industrias e condicoes.

Em seguida foi descrito o modelo utilizado para o estudo e realizada uma estimativa

teorica dos coeficientes dinamicos de um Selo de Fluxo, para entao ser aplicado ao mo-

delo de Jeffcott, simulando no software MatLab diferentes ambientes de aplicacao onde

queremos observar seu comportamento dinamico e faixas de instabilidade.

1.2 Revisao Bibliografica

O primeiro a publicar sobre a influencia de selos na vibracao de rotores foi Lomakin

(1958), analisando como uma forca de centralizacao e produzida quando ha um fluxo radial

em uma passagem anular entre componentes estacionarios e rotativos. Considerando que

ha excentricidade, havera folgas diferentes em cada lado, no lado com maior folga ha mais

fluido passando, logo maior velocidade e menor a pressao. Ja no lado com a folga menor

acontece o oposto, ou seja, a pressao sera maior. Criando uma forca que tende a fazer o

anel se mover de volta ao centro. Isto e, a diferenca na distribuicao de pressao causada

pelo deslocamento radial, produz um efeito de rigidez radial, que e o chamado “Efeito

Lomakin”, assim descrito por Maurice Adams [7].

Black (1969) [8], considerou que o deslocamento do eixo nao acontece ao redor do

ponto de equilıbrio. Desse modo, as forcas de restituicao sao compostas por termo de

inercia e amortecimento, juntamente com os termos de rigidez e desenvolveu um modelo

linear para obtencao das forcas em selos curtos.

Black e Jensen (1970 e 1971) [9] analisaram o selo para pequenos deslocamentos ao

redor da posicao centrada. Obtiveram as forcas de reacao por meio da integracao da

pressao, que, por sua vez, era obtida atraves da integracao das equacoes de conservacao

de massa e quantidade de movimento do fluido no selo. Os efeitos do componente radial

da pressao, em selos longos, tambem foram investigados.

Childs (1983) [10] baseou-se nas “Hirs’ Lubrication Equation”, na qual a turbulencia

da entrada e considerada no desenvolvimento do fluxo circunferencial do selo, para propor

um metodo de calculo. Anos mais tarde, em 1993, Childs dedicou um capıtulo do seu livro

para o desenvolvimento da teoria envolvida na determinacao dos coeficientes equivalentes

do selo de fluxo. Os coeficientes de inercia, amortecimento e rigidez eram obtidos atraves

2

Page 17: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

de um modelo analıtico, com solucao obtida pelo metodo das perturbacoes. Este e o

metodo mais utilizado no calculo de selos de fluxo cilındricos.

Kwanka (2000) [11], concluiu que a forca desestabilizadora do selo e causada pelos

termos cruzados de rigidez. Esta forca e balanceada pelo termo direto de amortecimento,

sendo, portanto, importante levar-se em consideracao o amortecimento nos selos de fluxo.

Kwanka (2000) observa tambem que os coeficientes do selo podem ser divididos em dois

grupos: termos conservativos e nao conservativos. O primeiro grupo engloba os coeficien-

tes diretos de rigidez e cruzados de amortecimento, sendo responsavel pela influencia nas

frequencias vibracionais do sistema. O grupo de nao conservativos e formado pelos termos

cruzados de rigidez e diretos de amortecimento, influenciando o limite de estabilidade do

sistema.

Broll (2011) [12], baseado nos trabalhos de Child, caracterizou os tipos de selos

existentes e tambem realizou a implementacao da metodologia de calculo dos coeficientes,

para um selo plano cilındrico. Como resultados, obteve os coeficientes dinamicos de um

selo pre-existente, comparando-os com a literatura de referencia.

Larissa (2013) [13] implementou a solucao para os selos conico e escalonado, tambem

realizando a comparacao com o trabalho de Childs (1993). Verificando tambem como os

parametros operacionais e geometricos influenciam os coeficientes dinamicos dos selos.

Por fim, Galera (2013) adicionou os coeficientes dinamicos em um rotor modelado por

elementos finitos, visualizando a sua influencia no comportamento do sistema rotativo

completo.

1.3 Organizacao do estudo

No capıtulo 1 e feita uma abordagem geral do trabalho e citadas publicacoes e estudos

ja realizados sobre o elemento de maquina em questao ao longo do tempo.

O capıtulo 2 apresenta alguns fabricantes que atuam com seus diversos modelos

de selos de fluxos aplicados em maquinas rotativas de diferentes atividades comerciais e

industriais. E comentada a norma API 682 que oferece requisitos e recomendacoes para

sistemas de vedacao. Sao descritos tambem os componentes fundamentais, a disposicao e

funcionamento de cada elemento que compoe o selo de Fluxo e ainda os diferentes modelos

existentes.

Na secao 2.6 apontamos os principais parametros e caracterısticas operacionais que

devem ser considerados quando se da a selecao da construcao do selo de fluxo a ser

utilizado. Sao sugeridas aplicacoes em industrias especıficas para alguns modelos e, a

partir das informacoes disponıveis pelos fabricantes, associamos condicoes de operacao

aos diferentes tipos de selos mecanicos.

No capıtulo 3 sao descritas as caracterısticas do modelo do rotor de Jeffcott e e

3

Page 18: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

realizado um detalhamento da estimativa dos coeficientes dinamicos de um Selo de Fluxo

a partir da formulacao de Childs.

E entao, no capıtulo seguinte, 4, sao realizadas simulacoes numericas para estimativa

dos coeficientes do selo. E entao sao aplicados os coeficientes dinamicos encontrados

ao modelo do rotor para analise dos resultados encontrados. O efeito da variacao dos

coeficientes dinamicos do Selo no rotor sao discutidos.

4

Page 19: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Capıtulo 2

O Selo de Fluxo

Selo de fluxo e um elemento de maquina, cuja funcao principal e reduzir ao maximo

o fluxo de vazamento em equipamentos rotativos [2]. O selo deve controlar o vazamento

entre um ponto de uma parte rotativa e uma parte estacionaria, de acordo com a sua

aplicacao, com certa confiabilidade e vida util. O que pode ser alcancado de diversas

formas. A criticidade de sua aplicacao dependente da sua relacao na cadeia produtiva, o

efeito que um problema pode ocasionar em caso de falha e do elemento que e transportado.

2.1 Fabricantes

2.1.1 EagleBurgmann

EagleBurgmann [1], de origem Alema, e uma companhia que desenvolve tecnologia

de vedacao industrial ha mais de 125 anos. Selos mecanicos, sistemas de abastecimento

de vedacao, acoplamentos magneticos, aneis de vedacao flutuante de carbono, juntas de

expansao e gaxetas, bem como servicos associados sao fornecidos pela empresa.

2.1.2 Jonh Crane

Jonh Crane [14], e uma empresa dos EUA, com forte presenca no avanco da tecnologia

de vedacao. No site do fabricante os selos disponıveis inclui selos de alto desempenho e

baixa emissao para industria de oleo e gas, selos agitadores para aplicacoes farmaceuticas

e selos de lamas pesadas, sao selos adequados para inumeras aplicacoes.

2.1.3 FlowServe

Flowserve [15] e uma empresa originalmente americana, conhecida pelo fornecimento

de bombas, valvulas, selos de fluxo, automacao e servicos para os setores de petroleo, gas,

quımica e outras industrias.

5

Page 20: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

2.1.4 Du-o-Lap

Fundada em 1983 no Brasil, a DU-O-LAP [3] atua na selagem de equipamentos

rotativos. Abrange desde projetos simplificados de selos mecanicos a projetos de selagem

dupla e de alta responsabilidade tais como bombeamento de fluidos perigosos e letais, em

elevadas pressoes e temperaturas.

2.1.5 Denai

A Denai [16], tambem brasileira, foi fundada em 1982 como a primeira fabricante

de selos mecanicos e sistemas de suporte a selagem do estado do Rio de Janeiro. Possui

projetos de selos de fluxo de desenvolvimento proprio.

2.2 American Petroleum Institute - Norma 682

API 682 [17] e um conjunto normativo que especifica requisitos e oferece reco-

mendacoes para sistemas de vedacao de bombas centrıfugas e rotativos utilizados nas

industrias de petroleo, gas natural, e industrias quımicas (isso exclui o abastecimento de

agua ou em alimentos, por exemplo). Com objetivo de auxiliar comprador ou vendedor

e para que o selo selecionado e auxiliares sejam adequados para a condicao de servico

pretendido. Garantindo uma operacao continua do sistema de selagem por, pelo menos,

3 anos (25.000 horas operacionais sujeitas aos valores de emissoes legalmente previstos,

ou para o max. “Valor de Triagem”de 1000 ppm vol., EPA metodo 21), aumentando a

confiabilidade operacional e reduzindo a necessidade de manutencao.

E aplicavel principalmente para servicos perigosos, inflamaveis e/ou toxicos, onde um

maior grau de confiabilidade e necessario para a maior durabilidade de equipamentos e

da reducao tanto de emissoes para a atmosfera quanto dos custos de vedacao.

Esta norma e aplicavel tambem para pecas de reposicao de selos e pode ser referencia

para a modernizacao dos equipamentos existentes. Um sistema de classificacao para as

configuracoes de vedacao abrangidos por esta norma em categorias, tipos, arranjos e

orientacoes e fornecida.

A API 682 e referenciada normativamente na API 610 [18]. E aplicavel a bombas

novas ou modernizados bombas e outros nao inclusas na API 610 (eg B73.1 ASME, ASME

B73.2, e API 676 bombas).

Esse padrao tambem pode ser referenciado por outros padroes de maquinas, tais

como outras bombas, compressores, e agitadores. Todavia esta norma nao e escrita es-

pecificamente para abordar todas as aplicacoes potenciais. O comprador e vendedor de

selos devem acordar mutuamente sobre as caracterısticas tomadas a partir deste padrao

e utilizados em cada aplicacao.

6

Page 21: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

2.3 Componentes Fundamentais

2.3.1 Selo labirinto

O selo labirinto possui algumas variacoes de geometria possıvies, mas seus compo-

nentes pricinpais sao as laminas que formam o labirinto.

� Labirinto – Laminas circunferencias alocadas em fileira no sentido axial do selo.

Alguns exemplos da disposicao geometricas sao apresentadas na fig. 2.1.

Figura 2.1: Labirintos - (a)Labirinto conico;(b)Labirinto escalonado; (c) Labirintoreto. [2]

� Vedadores radiais - Podem ser utilizados e sao representados pelo anel “o”no exem-

plo da fig. 2.2.

2.3.2 Selo mecanico

Apesar de muitas variacoes de projeto possıveis, em geral o selo e composto de pelo

menos cinco componentes fundamentais:

� Dois aneis principais – Um estacionario (Sede) e um Rotativo (Anel de Selagem),

que podem ter varios formatos, observados na fig. 2.3

� Dois vedadores radiais, representados por um anel “o”no exemplo da fig. 2.4.

� Um mecanismo de compressao axial, que pressiona o anel de selagem contra a sede,

preferencialmente sao usadas molas axiais, como nos arranjos da fig. 2.5

7

Page 22: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.2: Modelos de Vedadores Radias - Anel “O” [2]

Figura 2.3: Modelos de Aneis de Selagem [2]

Figura 2.4: Modelos de Vedadores Radias - Anel “O” [2]

8

Page 23: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.5: Modelos e arranjos de Molas Helicoidais [2]

2.4 Funcionamento dos Elementos de um Selo

2.4.1 Selo Labirinto

Um selo labirinto consiste em uma parte rotativa, com varias laminas, e uma parte

estatica que envolve a rotativa, normalmente encoberta por um material desgastante

resistente a alta temperatura. Um corte do Selo Labirinto e apresentado na figura 2.6.

Em um giro inicial do motor as laminas da parte rotativa permite um pequeno

atrito com a parte estatica, na cobertura do material desgastante, deixando este com

espacamento mınimo entre eles. Por cada lamina do selo existe uma queda de pressao a

qual tem como resultado a restricao do fluxo de ar pelo selo, ficando este enclausurado.

Quanto mais complexo o caminho, menos provavel sera que o fluido seja capaz de migrar

de um lado do labirinto para o outro.

Figura 2.6: Corte de um selo de fluxo tipo Labirinto [1]

9

Page 24: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Inicialmente Selos labirinto eram considerados apenas para aplicacoes que permitis-

sem algum grau de vazamento. Atualmente evoluıram em elementos chaves que combi-

nam tecnologia basica do labirinto com outros metodos de retencao do fluido, tais como

a forca centrıfuga e diferencial de pressao, para fornecer um maior nıvel de desempenho

de vedacao.

2.4.2 Selo Mecanico

Figura 2.7: Modelos Simples de um Selo Mecanico [3]

A Figura 2.7 representa os elementos principais, os separando em conjuntos rotativo

e estacionario, compondo um selo mecanico simples.

No conjunto estacionario, o anel principal e montado num alojamento usinado na

sobreposta1 e fica impedido de girar devido a um dispositivo de trava. Esse eixo esta-

cionario e chamado de sede. O vedador radial fica instalado entre a sede e a sobreposta.

Tem a finalidade de impedir a passagem de lıquido por essa regiao e dar flexibilidade

a sede no sentido de compensar pequenos desvios de perpendicularısmo. Geralmente o

vedador radial utilizado e um anel “O”(O-ring).

No conjunto rotativo, o anel principal e montado no eixo e deve girar com ele. A

transmissao do torque pode ser realizada por friccao ou por acionamento positivo, com

uso de parafuso trava, chaveta, dente, entalhe ou pino. Esse anel e chamado anel de

vedacao ou anel de selagem. Na regiao do diametro interno do anel de vedacao instala-se

o outro vedador radial, tambem podendo ser um anel “O”. Este anel tem a funcao de

bloquear a passagem de lıquido por essa regiao, permitir que o anel de vedacao tenha mo-

bilidade suficiente para se manter em contato com a sede e absorver vibracoes e pequenos

deslocamentos axiais.

1Um prolongamento da carcaca da bomba onde se aloja o selo mecanico

10

Page 25: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

O mecanismo de compressao axial tem a finalidade de pressionar o anel de selagem

contra a sede para impedir a passagem de lıquido por essa regiao, podendo ser com uma

unica mola helicoidal, com diametro maior que o diametro do eixo (ou luva do eixo) ou

pequena molas distribuıdas igualmente entorno do eixo.

2.5 Variedades Construtivas

Existem diversos modelos de selos mecanicos fabricados, suas pecas componentes

estao apresentados na fig. 2.8 e as disposicoes de montagens na fig. 2.9.

Tradicionalmente selos sao fornecidos de forma avulsa, mas a tendencia atual e o uso

do selo cartucho, fornecidos ja montados em uma luva, juntamente com a sobreposta e

um sistema de fixacao.

Figura 2.8: Pecas componentes de um Selo de Fluxo.

Figura 2.9: Arranjos Posicionais de um Selo de Fluxo.

11

Page 26: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

2.5.1 Selo Mecanico Simples

O selo mecanico simples e um selo com um unico conjunto de sede. Pode ser montado

dentro da caixa de vedacao. O selo fica imerso no lıquido existente na caixa de vedacao,

que mantem os componentes do selo sob compressao e penetra na interface dos aneis

primarios pelo diametro externo das faces seladoras a fim de lubrifica-las.

Em aplicacoes envolvendo produtos corrosivos pode ser externo, com a sede montada

na sobreposta e a cabeca compressıvel instalada do lado de fora da caixa de vedacao. O

lıquido existente na caixa de vedacao passa pela folga existente entre a sede e a luva e

penetra na interface dos aneis pelo diametro interno das faces seladoras a fim de lubrifica-

las. O lıquido da caixa de vedacao nao entra em contato com os demais componentes do

selo. Este tipo de selo e utilizado em lıquidos com solidos em suspensao ate 5% e baixa

agressividade quımica. Sao os mais encontrados no mercado e de precos mais acessıveis.

2.5.2 Selo Mecanico Duplo

Sao utilizados quando as taxas de vazamento de selos simples nao sao adequadas.

Recomendado para lıquidos agressivos em alta ou baixa temperatura, onde possıveis va-

zamentos poderiam contaminar o meio ambiente ou ser letal a saude. Podendo ser opostos,

em serie ou frontais.

No arranjo de selos duplos opostos, os dois selos estao localizados dentro da caixa

de vedacao e posicionados costa a costa. Uma sede esta montada sobre a sobreposta e a

outra instalada no fundo da caixa de vedacao. Pelo interior da caixa de vedacao, circula

um lıquido limpo de fonte externa chamado de “lıquido barreira”, que deve penetrar e

lubrificar a interface dos dois selos. Selos duplos em serie sao compostos de dois selos

montados no mesmo sentido, no selo interno, situado no fundo da caixa de vedacao,

circula-se o proprio fluido bombeado e no selo externo instalado na sobreposta, o “lıquido

barreira”.

O “lıquido barreira” pode funcionar pressurizado ou nao. Considera-se despressuri-

zado quando a pressao do lıquido barreira e menor que a pressao do lıquido bombeado.

Ja com reservatorio pressurizado a pressao do lıquido barreira e maior do que a pressao

do lıquido bombeado.

Selos projetados para operar com reservatorio despressurizado sao chamados de tan-

dem, e dual sao os selos que podem operar tanto com reservatorio pressurizado ou des-

pressurizado.

Quando nao ha espaco na caixa de vedacao para abrigar os dois selos recorre-se ao

arranjo de montagem frontal, em que o selo interno e externo e montado sobre a mesma

sede na caixa de vedacao. Essa montagem tambem e chamada de face a face.

Pelas caracterısticas do lıquido bombeado pode-se selecionar o arranjo posicional do

12

Page 27: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

selo adequado. O primeiro ponto a considerar e a periculosidade do lıquido bombeado.

Para lıquidos toxicos, volateis, altamente inflamaveis ou explosivos, recomenda-se usar

selo duplo em montagem oposta, ou selo em serie dual. Esse tipo de selo tambem e

adequado para lıquidos com viscosidade superior a 7000 SSU.

2.5.3 Selo Plano

O Selo plano pode ser cilındrico, conico ou escalonado. Normalmente e utilizado em

bombas. Possui geometria similar a dos mancais, mas a razao entre a folga radial e o

raio do eixo e usualmente de duas a dez vezes maior, para evitar o contato entre a parte

rotativa e a parte estatica.

2.5.4 Selo de Aneis Flutuantes

O selo de aneis flutuantes e utilizado em compressores de alta pressao centrıfuga.

Oleo lubrificante e usado para preencher o espaco livre, afim de reduzir vazamentos. O

anel orbita e vibra com o rotor, mas nao gira em torno do seu proprio eixo, atenuando

desbalanceamentos em velocidades crıticas.

2.5.5 Selo Labirinto

Existem em geral tres tipos de selo labirinto, retos, conicos ou escalonados e e usual-

mente aplicado em compressores axiais ou circunferenciais, e em turbinas. Possui laminas

alocadas em fileira no sentido axial do selo, com o caminho labirıntico dificulta que o

fluido o percorra, assim evitando seu vazamento.

2.5.6 Selo de Contato

No selo mecanico de contato nao ha folga projetada, com isso, ha maior atrito

e maiores temperaturas entre o selo e o eixo, diminuindo a eficiencia e vida util dos

componentes. E utilizado em bombas de baixa velocidade ou quando o lıquido de trabalho

age como refrigerante.

2.6 Criterios de Selecao

Os principais parametros que devem ser considerados sao arranjo posicional, tamanho

do selo, tipo do selo, materiais dos componentes e sistemas auxiliares, obtidos a partir das

caracterısticas operacionais: Lıquido bombeado, contaminantes, presenca de abrasivos,

densidade, viscosidade, temperatura, pressao de succao, pressao de descarga, pressao de

13

Page 28: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

vapor, rotacao e das caracterısticas dimensionais: diametro do eixo ou da luva, diametro

interno da caixa de vedacao, profundidade da caixa de vedacao e espaco externo.

2.6.1 Aplicacoes

Industria Sugerida

Tabela 2.1: Industria Sugerida

Descricao Industria Sugerida

Selo mecanico de fole metalico soldado tipo

cartucho duplo. Arranjo tandem ou dual.

Refino de petroleo, pe-

troquımica ou producao de

gas. (Aplicacoes de alta

temperatura)

Selo mecanico de anel-O com multiplas molas

e balanceado. Arranjo tandem ou dual.

Refino de petroleo, pe-

troquımica, producao de

gas, mineracao ou quımica.

Selo labirinto. Oleo e gas, quımica ou

Refrigeracao criogenica.

Selo mecanico de alta pressao, simples, em

tandem ou dual.

Producao de petroleo,

transporte de petroleo,

refino de petroleo, pe-

troquımica, geracao de

energia

Selo mecanico de anel-O tipo cartucho com

multiplas molas. Disposicao Simples.

Producao de petroleo,

transporte de petroleo,

mineracao ou quımica.

Selo mecanico de anel-O, balanceado e duplo

com multiplas molas. Disposicao Simples.

Mineracao, petroquımico,

quımica ou alimentıcia.

Selo mecanico de fole metalico soldado tipo

cartucho duplo. Arranjo tandem ou dual.

Refino de petroleo, pe-

troquımica ou producao de

gas.

Selo mecanico de fole metalico soldado tipo

cartucho simples. Disposicao Simples.

Refino de petroleo, pe-

troquımica ou alimentıcia.

(Aplicacoes em alta tempe-

ratura)

Continua na proxima pagina

14

Page 29: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Tabela 2.1 – Continuacao da pagina anterior

Descricao Industria Sugerida

Selo mecanico de anel-O em tandem com

fole metalico soldado com selos secundarios.

Disposicao Simples.

Refino de petroleo, pe-

troquımica ou farmaceutica.

Selo mecanico de anel-O. Arranjo tandem. Refino de petroleo, pe-

troquımica ou producao de

gas. (Aplicacoes de alta

pressao)

Selo mecanico de anel-O duplo com multiplas

molas com arranjo dual.

Petroquımica, farmaceutica

ou de cosmeticos. (utilizado

em bombas e misturadores)

Selo mecanico de fole metalico soldado tipo

cartucho em tandem com aneis-O esta-

cionarios. Arranjo tandem.

Petroquımica, quımica ou

refino de petroleo.

Condicoes Sugeridas

Os Fabricantes Flowserve [19] e EagleBurgamann [4] citados na secao 2.1 dispo-

nibilizam diversas informacoes sobre aplicacoes de seus produtos. Adaptando essas in-

formacoes, estao a seguir sugestoes de condicoes para os principais tipos de Selos Mecanicos.

Selo Simples

O selo simples esquematizado na fig. 2.10 e adequado para aplicacoes onde o gas

selado, tal como ar, nitrogenio ou dioxido de carbono, nao sao nem inflamaveis ou nocivos

para o ambiente, ou quando cavidade axial nao permite uma vedacao em tandem. Esta

versao permite o vazamento de gas de processo, o vazamento da vedacao primaria e

dissipado com o gas de separacao para a atmosfera. O gas a ser vedado tambem deve ser

filtrado e encaminhado para a camara de vedacao. O fluxo resultante do espaco selado

para o lado do rotor impede contaminacao e a umidade alcancar o selo de gas seco no

lado do gas selado.

Selo Duplo oposto

A fig. 2.12 mostra o Selo Duplo Oposto, aplicavel quando nenhum vazamento e

permissıvel, ou em aplicacaos de fluidos sujos, ou de baixa pressao. O vazamento do gas

de selagen no produto a ser selado precisa ser permitido. As aplicacoes tıpicas podem ser

15

Page 30: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.10: Arranjo Basico de um Selo Simples. [4]

Figura 2.11: Condicoes Sugeridas para um Selo Simples.

encontradas na industrias quımicas e petroquımicas. Pode ser usado quando um gas de

selagem neutro esta disponıvel com a pressao apropriada, por exemplo o nitrogenio a uma

pressao mais elevada do que a pressao do produto. Parte do vazamento de gas de selagem

dissipa para atmosfera, enquanto que a outra parte pode se misturar com o produto.

Selo Tandem

O Selo Tandem, representado na fig. 2.14, e aplicavel quando um vazamento mınimo

de gas do processo para a atmosfera e aceitavel, por exemplo compressor de gasodutos.

O selo do lado do rolamento serve como um selo de seguranca. A disposicao em tan-

dem oferece uma boa seguranca operacional, o selo duplo e capaz de suportar a pressao

total. Em operacao normal, somente a vedacao do lado do processo amortiza a pressao

completamente, a pressao a ser selada no lado do rolamento corresponde a baixa pressao,

portanto, existe fuga para o lado do rolamento ou ventilacao. Se o selo primario falhar, o

selo secundario e ativado como um back-up e opera em condicoes de vedacao primarios.

Selo Tandem com labirinto intermediario

O Selo Tandem com Labirinto intermidiario, esquematizado na fig. 2.16 e necessario

quando o vazamento do fluido para a atmosfera e inaceitavel, por exemplo, etileno ou

propileno. Com esse tipo de selo, a pressao do fluido a ser selado e reduzida, todo o

16

Page 31: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.12: Arranjo Basico de um Selo Duplo Oposto. [4]

Figura 2.13: Condicoes Sugeridas para um Selo Duplo Oposto.

Figura 2.14: Arranjo Basico de um Selo Tandem. [4]

Figura 2.15: Condicoes Sugeridas para um Selo Tandem.

17

Page 32: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

gas vazado do processo e encaminhado por um alargamento atraves de uma ligacao. O

rolamento lateral do selo e pressurizado com gas de vedacao secundario (nitrogenio) e a

pressao do gas de separacao assegura o escoamento atraves do labirinto para o ponto de

alargamento.

Figura 2.16: Arranjo Basico de um Selo Tandem com Labirinto Intermediario. [4]

Figura 2.17: Condicoes Sugeridas para um Selo Tandem com LabirintoIntermediario.

Selo simples de gas seco

O Selo Simples de Gas Seco, esquematizado na fig.2.18, e o selo padrao para medias

de pressao de ate 120bar, adequados para diversas aplicacoes.

Selo simples de gas seco P

O selo simples de Gas Seco P esta esquematizado na fig.2.20 e e aplicavel pricipal-

mente em condicoes de altas pressoes e tanto baixas quanto altas temperaturas.

18

Page 33: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.18: Arranjo Basico Selo Simples de Gas Seco. [4]

Figura 2.19: Condicoes Sugeridas para Selo Simples de Gas Seco.

19

Page 34: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 2.20: Arranjo Basico de um Selo de Gas Seco no arranjo Tandem comLabirinto Intermediario. [4]

Figura 2.21: Condicoes Sugeridas para um Selo de Gas Seco no arranjo Tandemcom Labirinto Intermediario.

20

Page 35: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Capıtulo 3

Modelo

Para analise de uma maquina rotativa podemos simplificar considerando um modelo

composto basicamente de um eixo, um disco e mancais. Durante o funcionamento sao

realizados dois movimentos rotativos, a rotacao do disco em torno de si proprio, spin, e a

rotacao do eixo defletido em torno de sua configuracao nao defletida, precessao ou whirl.

A orbita que realiza o centro geometrico pode ter uma trajetoria no mesmo sentido que a

rotacao propria do rotor, movimento caracterizado como precessao direta, forward whirl,

ou ter sentido oposto, caracterizado como precessao retrograda ou inversa, backward whirl,

figura 3.1.

3.1 Rotor de Jeffcott

Para a analise numerica, vamos nos basear no Rotor de Jeffcott, que e um modelo

simplificado muito utilizado para o estudo do comportamento do sistema massa rotor.

Este modelo consiste em um disco desbalanceado fixado em um eixo flexivel, uniforme e

de massa desprezıvel, com suas extremidade apoiadas sobre mancais.

No disco tem o ponto C, o centro de massa, e o ponto G, o centro geometrico, estes

pontos nao sao coincidentes, mas pertencem ao mesmo plano, sendo b a distancia entre

eles (ver fig.3.2)

3.1.1 Referencial

Na fig.3.4 e na fig.3.5 podemos observar os referenciais escolhidos, sendo A o refe-

rencial inercial e B o referencial solidario ao disco. A base {a1, a2, a3} e solidaria ao

referencial A e a base {b1,b2,b3} e solidaria ao referencial B. A partir de uma posicao

inicial, o conjunto, gira com velocidade ω e θ representa o angulo percorrido, que gira

positivamente em torno do eixo a1.

21

Page 36: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 3.1: A figura da direita mostra o movimento forward whirl e a figura daesquerda o movimento backward whirl do disco.

Figura 3.2: Disco do modelo do Rotor de Jeffcott.

Figura 3.3: Modelo simplificado para o estudo do sistema massa rotor.

3.1.2 Hipoteses

Vamos considerar para o estudo o modelo com mancais rıgidos e eixo flexıvel e

roloamentos sem atrito com o eixo. O disco esta sempre girando no mesmo plano, so

existindo o movimento de precessao, ou seja, se move apenas ao redor de a1 e em relacao

a a2 e a3, o disco se mantem paralelo a si mesmo e perpendicular ao eixo a1. Na condicao

de regime estacionario, ω = constante e ω = 0.

Embora o Rotor de Jeffcott seja um modelo idealizado em comparacao com rotores

22

Page 37: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 3.4: Vista frontal do Disco no Rotor de Jeffcott com referencial escolhido

Figura 3.5: Vista lateral do modelo do Rotor Jeffcott e o referencial inercial

reais, ele possui algumas caracterısticas basicas e nos permite obter uma visao qualitativa

dos fenomenos importantes da dinamica do rotor.

3.1.3 Cinematica e Equacoes de Movimento

As forcas que atuam no disco podem ser representadas, aproximadamente, como

forcas de mola, proporcionais ao deslocamento do eixo e de amortecimento, proporcionais

a velocidade do eixo, contrarias ao movimento do rotor, alem da forca da gravidade para

eixos horizontais, resultando na forma da eq. 3.1.

Fext = −(cx+ kx)a3 − (cy + ky +mg)a2 (3.1)

Temos a aceleracao do centro de massa e o vetor velocidade angular do Disco (refe-

rencial B) em relacao ao referencial inercial dados nas equacoes 3.2 e 3.3 respectivamente.

aC = xa3 + ya2 − ω2ub2 (3.2)

AωB = θb1 . (3.3)

23

Page 38: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

A partir da conservacao da quantidade de movimento linear [20]:

aC = aG + ω × ω × rC/G +α× rC/G , (3.4)

Onde, rC/G = bb2 e α = ω = 0 .

Sendo as componentes da aceleracao:

ω × ω × rC/G = −ω2bb2 , (3.5)

e a aceleracao do centro geometrico, G

aG = ya2 + xa3 .

Substituindo as forcas resistivas do eixo e o vetor de aceleracao do centro de massa na

equacao de conservacao da quantidade de movimento e transformando para o referencial

A, temos a eq. . 3.6 :

aC = ya2 + xa3 − ω2b cos θa2 − ω2b sin θa3 . (3.6)

Com maC = F a Equacao Resultante do Rotor de Jeffcott esta representada no

modelo linear na eq.3.7, sendo k a rigidez e c o amortecimento do rotor.{k 0

0 k

}[x

y

]+

{c 0

0 c

}[x

y

]+

{m 0

0 m

}[x

y

]=

{mω2bcosθ

mω2bsenθ

}(3.7)

Para o valor da rigidez temos F = ky, onde e a resultante do peso do disco no centro

da barra, F = mdg e y = PL3/48EIf [21] . Onde o L e o comprimento do eixo, E e o

modulo de elasticidade do material do eixo e If e o momento de inercia da secao.

Resultando em um valor de k:

K =48EI

L3(3.8)

Para o eixo cilindrico de diametro D o momento de inercia e dado por:

I =πD4

64(3.9)

Sera montada uma bancada no laboratorio LAVI para uma analise experimental

sobre selos mecanicos. Vamos usar as medidas do modelo que sera utilizado para a nossa

analise numerica. O modelo esta apresentado no apendice A. A tabela 3.1 apresenta os

dados da bancada.

24

Page 39: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Tabela 3.1: Rotor de Jeffcott

Densidade Alumınio 2, 7 gm3

Comprimento do eixo 0, 8m

Momento de inercia 8, 3× 10−8kgm2

Modulo de elasticidade 69GPa

rC/G 30mm

Rigidez 5, 37× 105N/m

Raio do disco 140mm

Raio do eixo 36mm

Rotacao do eixo 10Hertz

Massa do eixo 8.8kg

3.2 Equacoes de forca dinamica do Selo de Fluxo

Quando um rotor vibra, uma forca de reacao do fluido atua sobre o selo. Considerando

uma pequena vibracao em torno da posicao de equilıbrio, a forca do fluido pode ser

linearizada na suposicao de que as deflexoes ∆x e ∆y sao pequenas. A equacao geral das

forcas do filme de fluido no selo, considerando que sao pequenas as oscilacoes em relacao

ao rotor, e dada pelo modelo linear forca-deslocamento representado na eq. 3.10.{Kd Kc

−Kc Kd

}[x

y

]+

{cd cc

−cc cd

}[x

y

]+

{md 0

0 md

}[x

y

]= −

{Fx

Fy

}(3.10)

Onde kd e a rigidez direta, kc a rigidez cruzada de acoplamento, cd e cc sao o

amortecimento direto e cruzado de acoplamento respectivamente e md e o coeficiente de

inercia direto.

Na secao 3.3 as equacoes governantes basicas para obter os coeficientes sao explicadas

de forma simplificada. Os valores desses coeficientes dinamicos serao encontrados a partir

de uma simulacao numerica e os efeitos da velocidade do rotor, das dimensoes do selo e

das condicoes de operacao no coeficientes dinamicos de selos tambem serao apresentados.

Para a determinacao do comportamento dinamico de uma maquina rotativa quando

considerando selos de fluxo atuando como um elemento integrado, vamos adicionar as

forcas de reacao do Selo ao modelo do Rotor de Jeffcott, da eq. 3.7 com a eq. 3.10

teremos a equacao resultante 3.11.

{Kd + k Kc

−Kc Kd + k

}[x

y

]+

{cd + c cc

−cc cd + c

}[x

y

]+

{md +m 0

0 md +m

}[0

g

]=

{mω2ucosθ

mω2usenθ

}(3.11)

25

Page 40: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

3.3 Estimativa teorica dos coeficientes dinamicos para

Selos Mecanicos

Nesse trabalho para estimativa dos coeficientes dinamicos vamos nos basear nas

equacoes de Childs [5, 10] para o modelo do fluxo de massa. Vamos considerar a geo-

metria de um anel de vedacao preenchido com fluido, esbocado na Fig.3.6. Descrito pelas

coordenadas do meridiano da folga entre rotor e estator, conforme determinado por z(s) e

R(s), 0 < s < l, onde a coordenada , s, e medida ao longo desse meridiano e t e o tempo.

A folga e denotada por h(s, θ, T ), onde o valor de h e ζ(s). As equacoes que regem o fluxo

de massa sao calculados sobre a folga. O que nos leva a uma equacao de continuidade da

forma da eq.3.12

δh

δt+

δ

δs(huθ) +

1

R

δ

δθus = 0 (3.12)

Onde uθ e us sao as velocidades medias locais.

As equacoes de momento axial e circunferencial sao:

− 1

ρ

∂P

∂s=τssρh

+τsrρh− u2θρh

dR

ds+∂us∂t

+uθR

∂us∂θ

+ us∂us∂θ

(3.13)

e

− 1

ρR

∂P

∂θ=τθsρh

+τθrρh− ∂uθ

∂t+uθR

∂uθ∂θ

+ us∂uθ∂s

+uθuθR

∂R

∂s(3.14)

Figura 3.6: Anel preenchido com fluido entre um rotor e um estator para analisede lubrificacao turbulenta

Analises teoricas e computacionais foram realizadas por varios pesquisadores ao longo

das ultimas decadas. Lomakin (1958) [7] foi o primeiro a propor um modelo teorico de

uma vedacao simples, o qual preve que a queda de pressao axial sobre o vedante causa

26

Page 41: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

uma rigidez radial, independente da rotacao do eixo. A rigidez radial direta de Lomakin

e dada pela eq.3.15.

kd = 4.7R

(∆P

λ

)( λLcr

1.5 + 2λLcr

)2

(3.15)

com λ = 0.079R0.25

e.

Onde ∆P e a queda de pressao, e R, L e CR sao o raio, o comprimento axial e a folga

radial do vedante, respectivamente. Com isso o efeito do selo sobre velocidades crıticas

seria facilmente e precisamente previsıveis.

Contudo, Black desenvolveu uma teoria classica para selos anulares turbulentos,

considerando-se o fluxo de fluido axial causada por uma queda de pressao ao longo da

vedacao, e o fluxo de fluido rotacional, em consequencia da rotacao do eixo, e um movi-

mento relativo da vedacao entre o rotor e o carcaca.

Black (1969, 1971) [8] e Childs (1983) [10] formularam e estenderam a teoria de

Lomakin mostrarando que a rigidez direta kd aumenta com a velocidade do eixo (em

constante ∆P ), e que o selo tambem produz rigidez cruzada de acoplamento, kc, amor-

tecimento direto e cruzado de acoplamento,cd e cc , e coeficiente de inercia direto, md.

Alem disso, a queda de pressao ira variar com a velocidade na maioria das maquinas e

que os efeitos dinamicos do rotor sao bastante complexos.

Abaixo sao apresentadas as folgas, pressoes e velocidades divididas em componentes

de media (subscritos 0), na ausencia de turbulencia, e pequenas perturbacoes lineares

(subscrito 1), devido a excentricidade ε , que giram na frequencia da turbulencia,ω :

h = h0 + εh1;P = P0 + εP1; (3.16)

us = us0 + εus1 ; uθs = uθs0 + εuθs1 (3.17)

Essas equacoes sao substituidas nas equacoes governantes 3.12 , 3.13 e 3.14 para criar

um conjunto de equacoes para o fluxo medio e um segundo conjunto para perturbacoes.

Supondo que as pertubacao sao pequenas, termos que sao de segunda ordem ou

superior podem ser negligenciados quando comparados aos termos lineares, resultando

em equacoes de ordem zero, definindo o desenvolvimento do vazamento e da velocidade

circunferencial, que sao resolvidas a partir de metodos numericos. E nas equacoes de

primeira ordem, o tempo e termos dependentes de θ sao eliminados, para se obter a

solucao da distribuicao da pressao. Entao e integrada ao longo e em volta da folga do

selo. Assim chegamos as componentes das forcas de reacao. Considerando as componentes

de forcas dinamicas do rotor, seus coeficientes dinamicos e constantes obtemos (Childs ,

27

Page 42: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

1983) [10]:

kd = {a0 − 0.25a2(ωT )2} k∗; kc = 0.5a1ωTk∗;

cd = a1c∗; cc = a2ωTc

∗;

md = a2m∗;

(3.18)

Com

k∗ = ∆PLR

cr; c∗ = k∗T ; m∗ = k∗T 2; (3.19)

T =L

V; (3.20)

a0 = 2.5AE; a1 = 2A

{E

σ+B

2

(E +

1

6

)}; a2 =

A

σ

(E +

1

6

); (3.21)

A =πσ

1 + ξ + 2σ; B =

1 + 7b2

1 + 4b2; E =

1 + ξ

2 (1 + ξ +Bσ); (3.22)

σ = λ′ Lcr

; (3.23)

b = Ra

Rc ; Ra = ρV crµ

e Rc = ρRωcrµ

(3.24)

Em que k, m, e c sao a rigidez, a massa e o coeficiente de amortecimento respectiva-

mente, k∗, c∗ e m∗ sao valores de referencia, a0, a1 e a2 sao coeficientes adimensionais, ω

e a velocidade angular do rotor , T e o tempo de passagem conforme indicado na eq.3.20,

L e o comprimento do selo, V e a velocidade media de fluxo axial, ξ e o coeficiente de

perda de entrada, ρ e a densidade do fluido,λ representa o coeficiente de atrito, R e o raio

do selo, cr e a folga do selo, e ∆P e a diferenca entre as pressoes na entrada e na saıda do

selo. Subscritos d e c representam os termos diretos e de acomplamento cruzado, respec-

tivamente. Ra e o numero de Reynolds para o fluxo axial e Rc e o numero de Reynolds

para o fluxo circunferencial, cosiderando selos anelares lisos. Os coeficientes dimensionais

sao portanto funcao de ξ, σ e b. Para determinar os coeficientes a0, a1 e a2 os coeficientes

σ e b sao necessarios para o valor recorrente de ξ = 0.5. Childs (1983) chegou a eq.3.25

Apesar de buscarmos os valores dos coeficientes dinamicos para um Selo em que o

fluido pode estar em estado gasoso, vamos fixar o valor de ρ para todas as pressoes,

simplificando o problema.

λ = 0.066R−1/4a

[1 +

(1

2b

)2]0.375

(3.25)

28

Page 43: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

A expressao de V pode ser obtida a partir da relacao fundamental para a diferenca de

pressao.

∆P = (1 + ξ + 2σ)ρ

2V 2 (3.26)

Assim, a velocidade media de fluxo axial pode ser expressa pela eq.3.27

V =

√2∆P

ρ (1 + ξ + 2σ)(3.27)

29

Page 44: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Capıtulo 4

Simulacao e Analises numericas

Em analises do comportamento dinamico de maquinas rotativas, alguns estudos sao

frequentemente realizados. Estudos a fim de encontrar as velocidades crıticas do sistema,

velocidades nas quais a vibracao devido ao desbalanceamento do rotor e maxima. Para

modificacoes possıveis de projeto de forma a alterar as velocidades crıticas, quando e ne-

cessario alterar a velocidade de operacao do rotor, podem ser realizadas modificacoes no

projeto do rotor com o objetivo de alterar as velocidades crıticas e modificacoes de pro-

jeto para eliminar instabilidades dinamicas. Avaliar as frequencias naturais das vibracoes.

Calcular as massas de correcao e suas localizacoes a partir de dados de vibracao para o

balanceamento de rotores. Encontrar as amplitudes de vibracao causadas pelo desbalan-

ceamento do rotor. Prever as frequencias de vibracao nas instabilidades dinamicas, o que

e complexo de se alcancar, ja que nem sempre conhecemos todas forcas desestabilizadoras

presentes no sistema.

4.1 Simulacao numerica para estimativa dos coefici-

entes dinamicos do Selo

Para estimativa destes componentes dependemos da velocidade, dimensao do selo e

da difereca de pressao do processo, alem da temperatura de trabalho e propriedades do

fluido nessas condicoes.

Uma vez que o valor de λ desejado e tambem funcao de V , e assim de σ, e portanto

melhor obtido de forma iterativa. Para isso sera utilizado o software MatLab seguindo o

fluxo 4.1.

O programa inicia com os dados de entrada, propriedades do lıquido, ρ e µ , a

diferenca de pressao ∆P e as dimensoes do selo, o comprimento L e o raio do selo R e a

folga cr. Definindo σ inicial em zero, encontra-se os valores da Velocidade V e dos numeros

de Reynolds para o escoamento, Ra e Rc. Entao conseguimos calcular o coeficiente de

30

Page 45: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.1: Fluxograma para a estimativa teorica de coeficientes dinamicos de selosmecanicos. [5]

friccao λ por 3.25 e 3.23. Seguimos Somando 0.01 a sigma ate que os valores de lambda

convergirem, considerando que convergiram para o modulo da diferenca entre eles, e,

menor do que 10−4.

O codigo utilizado no Matlab e apresentado abaixo:

xi=0.5; %coeficiente de perda de entrada Childs []

delta P=30000000; %Diferenca de Press~ao [kg/m²s] ou [Pa] %300bar

mu=0.000798; %viscosidade dinamica do fluido [Kg/ms}

cr=0.00035; %folga [m]

L=.060; %comprimento do selo [m]

R=0.120; %raio do selo [m]

%L/D=0.5 raz~ao Raio e comprimento do Selo

w=60; %rotac~ao do eixo [rad/s]

sigma=0.5;

e=1; %erro

Nmax=1501;

31

Page 46: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

for i=1:Nmax

V=sqrt((2*deltaP)/(rho*(1+xi+2*sigma))); %velocidade media do fluido [m/s]

Ra=(rho*V*cr)/mu; %numero de Reynolds

Rc=rho*R*w*cr/mu; %numero de Reynolds para escoamento anular

b=Ra/Rc;

lambdax=(sigma*cr)/L;

lambda=0.066*(Ra^(-1/4))*(1+(1/(2*b))^2)^0.375;

e=lambdax-lambda;

if abs(e)<=0.0001

break

elseif i>1500

disp(’n~ao convergiu’)

lambdax

lambda

sigma

else

sigma=sigma+0.001;

end

lambdaxg(i)=lambdax;

lambdag(i)=lambda;

sigmag(i)=sigma;

eg(i)=abs(e);

end

Os dados de entrada para simulacao numerica dos coeficientes dinamicos sao listados

na tabela 4.1.

Tabela 4.1: Dados de entrada.

Densidade do fluido 995 kgm3

Coeficiente de perda de entrada 0, 5

Diferenca de Pressao 150× 105Pa

Viscosidade dinamica do fluido 0, 798× 10−3 kgms

Folga 0, 3mm

Comprimento do selo 60mm

Raio do selo 120mm

Rotacao do eixo 0− 150000rpm

32

Page 47: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Ao rodar o programa para rotacoes ω de 0 a 15000 [rpm] temos problemas para chegar

a e ≤ 10−4. Para garantir que os resultados estarao corretos, faz-se necessario a revisao

de todas as unidades utilizadas. Analisando a grandeza dos valores λ′

e λ observamos

que devemos aumentar o σ inicial para 0.5, evitando maior tempo do programa rodando

e garantindo que os valores de λ convergissem. Fixando valores para as demais variaveis,

podemos ver na fig. 4.2 a variacao de λ′

e λ com o aumento de sigma.

Figura 4.2: Coeficiente de friccao [λ′,λ] convergindo.

Apos a simulacao numerica para estimativa teorica dos coeficientes podemos analisar

seus valores com a variacao dos pricipais dados de entrada. Para melhor visualizacao,

foram gerado graficos com os valores dos coeficientes do selo. Fixando alguns valores de

entrada e variando outros, podemos ver facilmente a influencia de cada variavel sobre os

valores de rigidez e amortecimento do selo.

Figura 4.3: Amortecimento de Acoplamento para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D =0.25mm

Fixando a velocidade de rotacao do rotor pode-se observar nas figuras 4.3, 4.4,4.5

e 4.6 que quanto maior a diferenca de pressao ∆P , tanto a rigidz direta kd quanto a

33

Page 48: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.4: Amortecimento Direto para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

Figura 4.5: Rigidez de Acoplamento para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

Figura 4.6: Rigidez direta para ω = 3600rpm, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

34

Page 49: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.7: Amortecimento de Acoplamento para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D =0.25mm

Figura 4.8: Amortecimento Direto para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

Figura 4.9: Rigidez de Acoplamento para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

rigidez de acoplamento kc aumentam, alcancando os valores de grandeza 108e105 para

∆P = 300bar. Ate P=150bar temos um pequeno aumento no valor do amortecimento

35

Page 50: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.10: Rigidez direta para ∆P = 80bar, cr = 0.35mm,L/D = 0.25mm

Figura 4.11: Amortecimento de Acoplamento para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar

Figura 4.12: Amortecimento Direto para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar

cruzado de acoplamento cc que fica praticamente constante de P=150bar ate 300bar. Ha

tambem um pequeno aumento amortecimento direto cd.

36

Page 51: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.13: Rigidez de Acoplamento para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar

Figura 4.14: Rigidez direta para ω = 3600rpm e ∆P = 80bar

Enquanto a rigidez direta kd e o amortecimento direto cd continuam praticamente

constantes, a rigidez cruzada de acoplamento kc e o amortecimento cruzado de acopla-

mento cc aumentam de forma proporcial ao aumento da rotacao do eixo (em constante

∆P ). Essas variacoes sao apresentadas nas figuras 4.7, 4.8,4.9 e 4.10.

Com o aumento da folga do selo cr podemos ver nas figuras 4.11, 4.12,4.13 e 4.14 que

os coeficientes do selo diminuem. Com isso observamos que a geometria do selo tambem

tem um efeito importante nos coeficientes dinamicos do selo. Para L/D = 0.25, 0.5, 0.75 e

1 temos curvas diferentes para a rigidez direta quando observando o aumento da velocidade

de rotacao.

Childs [6] realizou um experimento com um modelo de selo labirinto, em que buscava

tambem verificar o quao eficaz e a previsao teorica de coeficientes dinamicos. O resultado

desse experimento e apresentado nas figuras 4.15, 4.16, 4.17 e 4.18. Observa-se que a

ordem de grandeza desses coenficientes e 105, equanto que na estimativa teorica 108 para

rigidez direta kd e 106 para rigidez cruzada de acoplamento kc. Com isso, podemos esperar

37

Page 52: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

que por estar usando apenas um modelo teorico para o modelo de rotor de Jeffcott com o

selo de fluxo e para estimativa dos coeficientes dinamicos, podemos encontrar resultados

que precisam ser ainda validados com modelos experimentais.

Figura 4.15: Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kd [6].

38

Page 53: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.16: Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kc [6].

39

Page 54: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.17: Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Kc [6].

40

Page 55: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.18: Resultados da estimativa experimental de Childs para Rigide Cd [6].

41

Page 56: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

4.2 Analise dos coeficientes dinamicos do Selo apli-

cado ao Rotor de Jeffcott

Para o modelo apresenttado no capitulo 3.1 queremos observar a mudanca de compor-

tamento dinamico do sistema quando consideramos o elemento Selo. Em 3.3 foi explicada

a presenca dos coeficientes diretos do Selo, kd e cd, e coeficientes de acoplamento kc e cc,

de rigidez e amortecimento respectivamente.

Pela equacao 3.11 observamos que enquanto os coeficientes diretos do Selo sao adi-

cionados a rigidez e amortecimento do Rotor, os coeficientes de acoplamento cruzados

representam um novo elemento na equacao do rotor, aumentando sua complexidade, te-

remos uma solucao diferente para essa nova equacao.

Figura 4.19: Movimento de Precessao do Rotor de Jeffcott

Temos como solucao da equacao do Rotor de Jeffcott as equacoes [4.1,4.2] [22].

Observando a figura 4.19 temos que a amplitude da deflexao do eixo do rotor e dada

por r =√

(x2 + y2), representada pela equacao 4.4. Dessa forma podemos tracar a va-

riacao da amplitude com o aumento da velocidade de rotacao do Rotor, encontrando a

rotacao crıtica wn do rotor, rotacao em que teremos maior amplitude r.

x =ω2d√(

km− ω2

)2+(cωm

)2 sen(ωt− β) (4.1)

y =ω2d√(

km− ω2

)2+(cωm

)2 cos(ωt− β) (4.2)

θ = tan−1

[cω

m( km− ω2)

](4.3)

42

Page 57: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

r =ω2d√(

km− ω2

)2+(cωm

)2 (4.4)

Adicionando a rigidez kd usaremos uma rigidez equivalente (eq. 4.5) e com isso a

rotacao crıtica do sistema passa a ser representada pela formula 4.6.

1

Keq

=1

K+

1

Kd

=KKd

K +Kd

(4.5)

ωn =

√KKd

(K +Kd)m(4.6)

No grafico apresentado na figura 4.20 e possıvel observar que ao se considerar kd na

dinamica do Rotor, temos uma wn crıtica diferente e maior amplitude do que quando

observamos o mesmo modelo sem a rigidez do selo. Adicionando alem de kd, cd, teremos

o sistema com maior amortecimento, representado no grafico da figura 4.21, observamos

que para esse caso teremos wn diferente e amplitudes menores.

Figura 4.20: Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,adicionando kd.

A figura 4.22 representa o Rotor de Jeffcott com velocidade de rotacao wn =√k/m,

em ressonancia, e a figura 4.23 o Rotor de Jeffcott com a mesma velocidade, mas agora

com tendo sido adicionado ao sistema o Selo com Rigidez kd e amortecimento cd. Como

esperavamos o rotor nao esta em ressonancia, pois a velocidade crıtica nao e a mesma.

A maior diferenca estrutural no Rotor de Jeffcott com o Selo de Fluxo esta na presenca

da rigidez de acoplamento. Para analisar essa nova solucao do sistema Rotor Selo vamos

considerar o sistema nao amortecido.

A velocidade de rotacao crıtica pode ser obtida pela equacao 4.7 [23].

43

Page 58: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.21: Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,adicionando kd e cd.

Figura 4.22: Rotor de Jeffcott na velocidade crıtica wn em ressonancia.

Figura 4.23: Amplitude de deslocamento e deslocamnto do centro de massa navelocidade wn, considerando a rigidez direta kd.

44

Page 59: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

ωn1,2 =1

2(ω2

1 + ω22)±

√(ω2

1 − ω22)µ1µ2ω2

1ω22 (4.7)

O raio de giro de uma excentricidade de um rotor pode ser obtido a partir de uma

solucao de vibracao forcada, composto por termos de cosseno e de seno. Estes termos

trigonometricos sao expressos na forma exponencial.

cosωt =1

2(eiωt + e−iωt) (4.8)

senωt =1

2(eiωt − e−iωt) (4.9)

Dessa forma, a resposta do rotor e determinada em termos de precessao direta (foward

whirl) r+ e precessao inversa (backward whirl) r−. Assim, tracamos a variacao da ampli-

tude de precessao com o aumento da velocidade de rotacao no grafico 4.24.

r = r+eiωt + r−e−iωt (4.10)

r+ =1

2ω2

[(ω2

1 + ω22 − 2ω2)− i(µ2ω

22 − µ1ω

21)

(ω21 − ω2)(ω2

2 − ω2)− µ1µ2ω21ω

22

](4.11)

r− =1

2ω2

[(ω2

1 − ω22) + i(µ2ω

22 + µ1ω

21)

(ω21 − ω2)(ω2

2 − ω2)− µ1µ2ω21ω

22

](4.12)

Figura 4.24: Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,adicionando kc.

Comparando agora o Rotor de Jeffcott com e sem o coeficiente cruzado de acopla-

45

Page 60: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

mento do selo, temos a resposta apresentada na figura. 4.25. E possıvel ver que a resposta

dinamica difere do rotor de Jeffcott para praticamente todas as rotacoes consideradas. A

figura 4.27 mostra que a amplitude do Rotor com a rigidez de acoplamento chega a ser

98% maior.

A figura 4.26 mostra a comparacao da resposta dinamica para o rotor de Jeffcott

puramente, considerando a rigidez direta apenas, e considerando tanto a rigidez direta,

quanto a rigidez cruzada de acoplamento.

Figura 4.25: Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,adicionando kc.

Figura 4.26: Resposta do Rotor de Jeffcott para variacao da velocidade angular,comparando o rotor trabalhando sem o selo, com o selo com uma rigidez direta kde com o selo com rigidez direta kd e rigidez de acoplamento kc.

46

Page 61: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.27: Razao da amplitude do Rotor de Jeffcott pela amplitute adicionandokc.

Aplicando os valores dos coeficientes dinamicos kc = 106 e kd = 108 para as piores

condicoes de pressao e velocidade de rotacao ao rotor de Jeffcott obtemos as resposta

dinamica de instabilidade observada nas figuras 4.28 e 4.29.

Diminuindo os coeficientes para kc = 105 e kd = 105, valores obtidos experimental-

mente por Childs [6]. Observamos que amplitude comeca com valores baixos, figura 4.30,

mas cresce rapidamente, figura 4.31 e continua crescendo exponencialmente mesmo apos

19s, figura 4.32 e 4.34. Aumentando o perıodo de observacao para 50s, observamos que

tambem temos uma resposta instavel, figura 4.33.

Figura 4.28: Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd.

47

Page 62: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.29: Deslocamento do Centro de Massa do Rotor de Jeffcott adicionandokc e kd.

Figura 4.30: Amplitude inicial do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com osvalores experimentais de Child [6].

48

Page 63: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.31: Amplitude aos 2s do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com osvalores experimentais de Child [6].

Figura 4.32: Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os valoresexperimentais de Child [6].

49

Page 64: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.33: Amplitude do Rotor de Jeffcott adicionando kc e kd, com os valoresexperimentais de Child [6].

Figura 4.34: Deslocamento do Centro de Massa do Rotor de Jeffcott adicionandokc e kd, com os valores experimentais de Child [6].

50

Page 65: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.35: Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott no regimepermanente

Figura 4.36: Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott

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Page 66: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Figura 4.37: Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott.

Figura 4.38: Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott

Na fig.4.35 podemos ver a trajetoria circular do centro de massa do Rotor de Jeffcott

quando o movimento se estabiliza, chegando ao regime permanente proximo a 6s, como

observado na fig.4.36.

A partir do modelo do Rotor de Jeffcott, de forma iterativa, analisamos o compor-

tamento do centro de massa e do deslocamento do rotor conforme variamos as grandezas

da rigidez e amortecimento do selo.

Valores de Rigidez proximos a Rigidez do Rotor e baixo amortecimento resultam

no comportamento observado nas fig.4.37 e fig.4.38. Mesmo apos 20s o rotor ainda nao

estabilizou.

Quando o valor da rigidez do Selo e menor temos um comportamento semelhante

ao modelo do Rotor de Jeffcott, chegando ao regime permanente proximo aos 10s, como

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Page 67: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

observado nas fig.4.39 e fig.4.40.

Figura 4.39: Deslocamento do Centro de Massa no Rotor de Jeffcott

Figura 4.40: Amplitude de deslocamento no Rotor de Jeffcott

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Page 68: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Capıtulo 5

Revisao, Conclusao e Trabalhos

futuros

Nesse trabalho foram apresentados os principais modelos de selo de fluxo, suas aplicacoes

e condicoes sugeridas. E entao fizemos uma estimativa teorica dos coeficientes do selo.

Adicionamos esses coeficientes e analisamos a influencia dos parametros analisados do

selo, aplicando ao Rotor de Jeffcott.

A partir da simulcao numerica chegamos a valores teoricos para o coeficientes dinamicos

de um selo de fluxo para diversas condicoes de trabalho. Os efeitos da velocidade do ro-

tor, das dimensoes do selo e das condicoes de operacao no coeficientes dinamicos de selos

tambem foram analisados. A fim de nao utilizar apenas dados teoricos, foram apresenta-

dos tambem os resultados experimentais de Childs [6], o que nos mostrou uma diferenca

de grandeza de 103 para rigidez direta e 101 para rigidez de acoplamento.

Como proposto, conseguimos observar que o selo altera o comportamento dinamico

do rotor. O movimento de precessao do rotor de Jeffcott associado ao selo de fluxo previsto

atraves de modelos matematicos apresenta respostas variadas quando para uma mesma

velocidade de rotacao alteramos os valores da rigidez do selo, adicionamos o amorteci-

mento do selo e pricipalmente quando consideramos a rigidez cruzada de acoplamento do

selo. Como ja esperado, a frequencia natural, ωn, assume valores diferentes para cada

composicao considerada. A variacao da amplitude do rotor quando considerada kc chega

a ser 98% maior. Encotramos instabilidade do rotor para condicoes crıticas de pressao,

valores maiores da rigidez direto e de acoplamento, essa instabilidade se repete quando

utilizamos os valores experimentais dos coeficientes do selo.

Portanto, conclui-se que para a determinacao do comportamento dinamico de uma

maquina rotativa, quando ha a presenca de selos de mecanicos de fluxo atuando, estes

devem ser integrado ao modelo do sistema para tornar a analise do conjunto completa.

Dessa forma, sera possıvel prever condicoes que possam gerar instabilidade ao sistema,

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Page 69: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

de modo a prevenir que ocorram falhas inesperadas. A partir desse estudo, e possıvel

perceceber a complexidade do comportamento de maquinas rotativas e que cada elemento

e condicao de trabalho pode ter variacao significativa no comportamento da mesma.

No entando, mais testes e ajustes nos modelos matematicos podem gerar resultados

mais acurados. E o uso de um modelo experimental e importante para a comparacao com

os resultados teoricos.

55

Page 70: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

Apendice A

Anexos

56

Page 71: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

17

32

36

40

36

32

17

50 188

20 380 20

188 120

800

970

A B

2

2

45°

DETAIL ASCALE 1 : 2

2

2

45°

DETAIL BSCALE 1 : 2

O s mancais ficarão nas seções de 17mm. A parte de 800mm entre eles que provavelmente será de interesse para vocês.

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Page 72: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

A

ASECTION A-A

SCALE 1 : 5

Rolamentos de contato angular suportam a carga axial

Entrada do gásSuporte do selo

Selo labirintofolga de 0,35mm do eixo

Base de teflon para touchdownFolga de 0,25mm do eixo

Seção para disco de desbalanceamento

Rolamento radial de esferas

Mecanismo para excitar o mancal. Ainda está em fase de decisão, mas o que for adotado para esse rolamento será o mesmo aplicado nos outros dois rolamentos.

Acoplamento do motor

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Page 73: Análise da Dinâmica de Selos de Fluxo em Compressores

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59

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