analise critica ao_modelo_de_auto_avaliacao_das_b_es -3ªsessão

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Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares. Em plena Sociedade da Informação, em que nos deparamos com novos ambientes e conceitos de aprendizagem, decorrentes das mudanças que a revolução das TIC vieram trazer à sociedade, à economia e ao desenvolvimento pessoal, torna-se pertinente a afirmação do papel das bibliotecas (que, mais do que disponibilizar recursos e serviços tem que promover a transformação da informação em conhecimento) e a sua validação através de uma avaliação centrada essencialmente no seu impacto qualitativo, isto é, na aferição/medição da eficácia – os resultados, “o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores”. A acção da BE deve, pois, basear-se numa orientação estratégica (o que se faz, como se faz, porque se faz, o que se pretende alcançar) de modo a evidenciar o seu impacto e valor. O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos implicados. A necessidade de enquadrar as Bibliotecas Escolares no actual contexto de mudança levou à construção de um modelo de auto-avaliação capaz de potenciar o seu desenvolvimento, constituindo-se como instrumento pedagógico e de melhoria contínua com impacto no funcionamento da escola e nas aprendizagens dos alunos. As perspectivas subjacentes à construção do modelo são a do conceito de Biblioteca Escolar e a do desenvolvimento organizacional. Enquanto a primeira tem a ver com os princípios orientadores da missão da BE (definidos nos manifestos do IFLA, UNESCO e na declaração do IASL), que põem a tónica no contributo da BE para as aprendizagens dos alunos, para o 1

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Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação

das

Bibliotecas Escolares

Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as

bibliotecas escolares.

Em plena Sociedade da Informação, em que nos deparamos com

novos ambientes e conceitos de aprendizagem, decorrentes das mudanças

que a revolução das TIC vieram trazer à sociedade, à economia e ao

desenvolvimento pessoal, torna-se pertinente a afirmação do papel das

bibliotecas (que, mais do que disponibilizar recursos e serviços tem que

promover a transformação da informação em conhecimento) e a sua

validação através de uma avaliação centrada essencialmente no seu

impacto qualitativo, isto é, na aferição/medição da eficácia – os resultados,

“o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos

utilizadores”. A acção da BE deve, pois, basear-se numa orientação

estratégica (o que se faz, como se faz, porque se faz, o que se pretende

alcançar) de modo a evidenciar o seu impacto e valor.

O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de

melhoria. Conceitos implicados.

A necessidade de enquadrar as Bibliotecas Escolares no actual

contexto de mudança levou à construção de um modelo de auto-avaliação

capaz de potenciar o seu desenvolvimento, constituindo-se como instrumento

pedagógico e de melhoria contínua com impacto no funcionamento da

escola e nas aprendizagens dos alunos.

As perspectivas subjacentes à construção do modelo são a do

conceito de Biblioteca Escolar e a do desenvolvimento organizacional.

Enquanto a primeira tem a ver com os princípios orientadores da missão da BE

(definidos nos manifestos do IFLA, UNESCO e na declaração do IASL), que

põem a tónica no contributo da BE para as aprendizagens dos alunos, para o

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sucesso educativo e para a promoção da aprendizagem ao longo da vida, a

segunda enfatiza a prestação de serviços e a sua qualidade.

Os conceitos primordiais que enformam o documento reforçam

essencialmente o seu valor pedagógico e formativo e justificam de forma

clara a necessidade de se proceder a uma avaliação do trabalho que tem

vindo a ser desenvolvido, ao mesmo tempo que apontam para novas pistas

de actuação e valorização da BE:

- a BE deve ser capaz de produzir resultados que contribuam

efectivamente para atingir os objectivos definidos no Projecto Educativo da

escola;

- a auto-avaliação surge como um processo pedagógico e regulador;

- a identificação das áreas nucleares do trabalho com a BE são

determinantes para o ensino/aprendizagem;

- a avaliação deve ser entendida como um processo gerador de

mudanças e não um fim em si mesmo;

- o modelo pretende ser um instrumento pedagógico e orientador;

- a auto-avaliação deve contribuir essencialmente, a partir da

identificação clara dos pontos fortes e fracos, para a elaboração de novos

planos de desenvolvimento. Para isso são necessárias práticas sistemáticas de

recolha de evidências e práticas de pesquisa/acção que ponham a tónica

nos impactos e nas mais-valias que acrescentam às aprendizagens e à escola,

marcando assim a diferença.

Organização estrutural e funcional.

O modelo criado para avaliação das Bibliotecas Escolares constitui-se

assim como um quadro de referência e um instrumento orientador da sua

transformação em organizações direccionadas para a melhoria da qualidade.

Está organizado em quatro domínios tendo sido definidos os indicadores

para cada um deles. Estes concretizam-se em factores críticos de sucesso, que

operacionalizam o respectivo indicador. Para cada indicador são apontados

possíveis instrumentos de recolha de evidências e também exemplos de

acções para a melhoria. A avaliação realizada articula-se com os perfis de

desempenho que caracterizam o que se espera da BE.

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Esta organização estrutural e funcional tem a enorme vantagem de se

constituir como instrumento orientador informativo e formativo, facilitando a

perspectivação de acções a desenvolver, considero porém que as

percentagens referidas nos perfis de desempenho estão um pouco

desajustadas à realidade portuguesa, em que os níveis de leitura e literacia

dos nossos alunos são ainda muito baixos. Não poderei deixar de referir

também a minha preocupação relativamente ao tempo que é necessário

para pôr em prática as acções sugeridas nos factores críticos de sucesso,

tendo como objectivo a sua aplicação a toda a escola.

Naquilo que à recolha de evidências diz respeito, podemos deparar-nos

também com alguns constrangimentos derivados, por exemplo, da

receptividade dos docentes aos questionários que lhes são feitos, da

incompreensão em relação à análise de actas e planificações, sobretudo

neste momento tão problemático como o que se está a viver, com a

implementação da avaliação do desempenho. Quanto às grelhas de

observação, aplicadas ao mesmo grupo de alunos, coloca-se o problema da

necessidade de um contacto regular com esses alunos, para melhor os

conhecer, ou então só as poderemos preencher com a colaboração dos

docentes (por exemplo para a grelha proposta no domínio B).

Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar.

Oportunidades e constrangimentos.

A avaliação do desempenho não depende só da acção isolada da BE,

envolve/implica também os docentes e a direcção da escola.

Os domínios em que se vai centrar a avaliação da BE são referidos em

vários estudos internacionais como cruciais ao desenvolvimento e qualidade

das BEs, enquanto espaços formativos e de aprendizagem, intrinsecamente

relacionados com a escola, com o processo de ensino/aprendizagem, com a

leitura e com as diferentes literacias. Neste contexto, a BE tem que,

forçosamente, estar integrada nos objectivos educacionais e programáticos

da escola, nos documentos reguladores e orientadores da sua actividade e

articular com toda a comunidade educativa na planificação e

desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem.

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Consequentemente a avaliação da biblioteca deve estar incorporada no

processo de avaliação da própria escola, devendo ser vista como um

processo participativo e por isso ser conhecida e divulgada. Se o contributo da

biblioteca no apoio ao ensino aprendizagem for reconhecido, a sua

avaliação será vista como parte integrante da auto-avaliação da escola.

Mobilizar toda a escola para o processo de auto-avaliação da BE é pois

de crucial importância, será talvez o desafio maior que se coloca aos

professores bibliotecários, não só devido à pouca abertura dos docentes ao

trabalho colaborativo, como também à falta de tempo para planificações

conjuntas originada pela sobrecarga de trabalho que lhes é actualmente

exigido; neste momento, a tudo isto, há ainda a somar o modelo de avaliação

dos professores que tanta contestação tem gerado.

“O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização. A

obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização esteja

preparada para a aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação individual

dos seus membros e a liderança forte do professor coordenador, que tem de

mobilizar a escola para a necessidade e implementação do processo

avaliativo.” (Texto da sessão, p.7)

Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de

participação da e na escola.

Segundo as palavras de Mike Einsenberg, o professor bibliotecário

deverá aliar-se aos restantes professores para solucionarem as necessidades

de informação dos alunos, articulando conteúdos curriculares, educativos e os

recursos impressos, não impressos e electrónicos existentes na BE.

O professor bibliotecário deve ser um professor especialista em literacia

da informação e um parceiro dos outros professores. Enquanto professor,

colabora com os alunos e outros utilizadores analisando a aprendizagem e as

necessidades de informação, localizando a disponibilizando recursos que

satisfaçam essas necessidades e comunicando a informação e que os

recursos fornecem.

No ponto de vista de Eisenberg (2002) e do texto da sessão (pág.8), o

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professor bibliotecário deve evidenciar as seguintes competências:

a) Ser um comunicador efectivo no seio da instituição;

b) Ser proactivo;

c) Saber exercer influência junto de professores e do órgão

directivo;

d) Ser útil, relevante e considerado pelos outros membros da

comunidade educativa;

e) Ser observador e investigativo;

f) Ser capaz de ver o todo - “the big picture”;

g) Saber estabelecer prioridades;

h) Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à

realidade;

i) Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;

j) Saber gerir recursos no sentido lato do termo;

k) Ser promotor dos serviços e dos recursos;

l) Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo

de apoiar e contribuir para as aprendizagens;

m) Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da

escola.

n) Saber trabalhar com departamentos e colegas.

O professor bibliotecário deverá ter uma capacidade de liderança

associada a uma visão de gestão estratégica determinantes para o sucesso

da implementação de um processo de avaliação. Assim sendo o professor

bibliotecário deverá orientar estrategicamente articulando a sua gestão com

as prioridades e objectivos da escola; promover uma cultura de avaliação e

comunicar continuamente com a comunidade educativa. Ao professor

bibliotecário “Cabe-lhe como Todd (2001) refere, transformar a biblioteca

escolar em “espaço de conhecimento, por oposição a um espaço de

informação”.

No entanto é de recordar que a auto-avaliação da biblioteca “não é

um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar

informação de qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão.” (Texto da

sessão, pág.9).

A aplicação do modelo de avaliação depende, de acordo com o que

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atrás foi dito, em grande parte da liderança do professor bibliotecário. Este

deverá evidenciar uma série de competências que lhe permitam delinear um

programa que assegure a visão e o programa da Biblioteca Escolar (ensino da

literacia da informação, promoção da leitura, gestão da informação,

integração dos skills da informação e das tecnologias no currículo escolar).

Deverá pensar estrategicamente, tomar decisões, gerir e planear

estrategicamente, em consonância com as prioridades da escola, promover

uma cultura de avaliação, comunicar continuamente com os órgãos de

gestão, os professores, difundir os dados obtidos, sucessos e insucessos, gerir a

mudança necessária à superação dos problemas detectados…

Discordo de Mike Eisenberg uma vez que não se me afigura tão simples a

opinião de apesar de o professor bibliotecário ter vindo a beneficiar de

formação adequada e ter procurado auto-formar-se continuamente, ser

capaz de dar cumprimento a tudo o que lhe é exigido, sem o apoio de uma

equipa forte e com horas suficientes para, por exemplo, ajudar a implementar

devidamente o modelo de auto-avaliação proposto.

TAREFA

Faça uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas

Escolares, tendo em conta os seguintes aspectos:

- Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as

bibliotecas escolares.

- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de

melhoria. Conceitos implicados.

- Organização estrutural e funcional.

- Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar.

Oportunidades e constrangimentos.

- Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de

participação da e na escola.

Recorra, quando julgar oportuno, à informação disponibilizada,

citando-a.

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OBJECTIVOS DESTA SESSÃO:

Perceber a estrutura e os conceitos implicados na construção do

Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares.

Entender os factores críticos de sucesso inerentes à sua aplicação.

INSTRUMENTOS CONSULTADOS:

Textos obrigatórios e facultativos

Modelo de auto-avalição da biblioteca escolar – RBE

TRABALHO PRODUZIDO POR

Anabela Valentim

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