análise computacional da distribuição do campo de temperatura na
TRANSCRIPT
ANÁLISE COMPUTACIONAL DA DISTRIBUIÇÃO DO CAMPO DE
TEMPERATURA NA REGIÃO CERVICAL AO REDOR DA TIREÓIDE
COM E SEM A PRESENÇA DE UM TUMOR
Daniel Silva da Conceição
Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de engenheiro.
Orientadores: Prof. Helcio Rangel Barreto Orlande, Ph.D.
Bernard Lamien, M. Sc.
Rio de Janeiro
Agosto de 2014
iii
Silva da Conceição, Daniel
Análise computacional da distribuição do campo de
temperatura na região cervical ao redor da tireoide com e sem a
presença de um tumor/ Daniel Silva da Conceição. – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.
II, 57 p.: il.; 29,7 cm
Orientadores: Hélcio Rangel Barreto Orlande / Bernard
Lamien
Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Mecânica, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 56-57.
1.Biotransferência de Calor; 2.Problema físico e
formulação matemática; 3.Método e solução – COMSOL;
4.Resultados e Discussões; 5.Conclusões. I. Orlande,
Helcio Rangel Barreto. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, UFRJ, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica III. Título.
iv
Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.
Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos”
Provérbios 3:5-8
“Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele”
Nelson Mandela
“Para que o mal triunfe, basta que os bons façam nada”
Edmund Burk
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, onde procuro encontrar forças, entendimento, descanso e
paz em todos os momentos da minha vida.
A minha família que foi fundamental pra minha formação hoje como pessoa e
como homem. Aos meus pais, Dermeval e Regina, que sempre me proporcionaram as
melhores condições para que eu começasse e concluísse este concorrido e difícil curso da
faculdade, me deixando mais seguro, determinado e consciente de tudo o que eu
precisava. Aos meus avós, tios, primos, e parentes mais distante que também, mesmo que
de forma indireta contribuíram para que eu hoje me tornasse que eu sou.
Aos amigos e as pessoas que, mesmo que hoje estejam ausentes ou um pouco
distantes, sempre estiveram muito presentes em minha vida sejam nas horas difíceis ou
nos momentos mais tranquilos. Sempre foram e serão importante a presença de vocês em
minha vida.
Às pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho, ajudando com
pesquisas, tirando dúvidas e dando as suas próprias opiniões quando solicitadas.
Aos professores do departamento, que foram e sempre serão fundamentais para a
minha vida profissional com os seus ensinamentos, conselhos e tempo disponível
extraclasse.
Aos funcionários da secretaria de graduação da mecânica, principalmente ao Tito,
que sempre se mostrou disponível e com muito boa vontade de ajudar todos alunos.
Aos mais diversos funcionários da UFRJ, aos bibliotecários que também foram
muito importantes com os seus serviços prestados.
Um agradecimento especial ao doutor Silvio Henrique da Cunha, que colaborou
muito com os seus conhecimentos para elaboração da geometria que foi estudada no
projeto e aos orientadores Helcio R. B. Orlande e Bernard Lamien que sempre se
mostraram muito disponíveis com grande atenção, paciência e extrema boa vontade à
minha pessoa para orientar sobre a realização deste trabalho.
vi
Resumo do projeto de graduação apresentado a escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Análise Computacional da Distribuição do Campo de Temperatura na Região Cervical
ao Redor da Tireoide com e sem a Presença de um Tumor
Daniel Silva da Conceição
Agosto/2014
Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande, Ph.D.
Curso: Engenharia Mecânica
O presente trabalho tem por objetivo estudar e analisar a transferência de calor na
região cervical frontal ao redor da glândula tireoide com e sem a presença de um tumor.
O estudo visa entender os conceitos e a aplicação da equação de biotransferência de calor
na região e encontrar informações que podem ser utilizadas para a viabilidade ou não da
identificação da presença ou posicionamento do tumor pela temperatura da superfície da
pele.
Palavras-chave: Biotransferência de Calor, Câncer na Tireoide.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
COMPUTATIONAL ANALYSIS OF THE TEMPERATURE DISTRIBUTION IN
THE CERVICAL REGION AROUND A NORMAL OR A TUMOROUS THYROID
Daniel Silva da Conceição
August/2014
Advisor: Helcio Rangel Barreto Orlande, Ph. D.
Course: Mechanical Engineering
The present work focuses on the study and analysis of heat transfer in the frontal cervical
region around the thyroid gland containing or not a tumour. The study aims in understanding the
concepts and the application of the bio-heat transfer equation in the region and in obtaining
information about the viability or not, of the identification of the presence and the location of a
thyroid tumour from skin surface temperature measurements.
Keywords: Bio-heat Transfer, Thyroid Cancer.
viii
SUMÁRIO
Capitulo 1 – INTRODUÇÃO........................................................................................1
Capitulo 2 – BIOTRANSFERÊNCIA DE CALOR....................................................6
2.1 – Sistema circulatório e Metabolismo............................................................6
2.1.1 – Perfusão sanguínea.......................................................................6
2.1.2 – Metabolismo.................................................................................9
2.2 – A equação de Pennes..................................................................................10
Capitulo 3 – PROBLEMA FÍSICO E FORMULAÇÃO MATEMÁTICA..............13
3.1 – Geometria....................................................................................................13
3.1.1 – Geometria do tumor.....................................................................18
3.2 – Formulação matemática..............................................................................20
3.3 – Método de solução – COMSOL.................................................................24
Capitulo 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................25
5.1 – Propriedades termofísicas...........................................................................25
5.2 – Análise de convergência de malha..............................................................28
5.3 – Resultados...................................................................................................39
5.4 – Análise da presença e posicionamento do tumor........................................55
5.4.1 – Variação do termo fonte de calor metabólico..............................56
5.4.2 – Variação do termo de perfusão sanguínea...................................63
Capítulo 5 – CONCLUSÕES........................................................................................71
REFERÊNCIAS.............................................................................................................73
ANEXO A – DESENHOS.............................................................................................75
1
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
O câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo
espalhar-se para outras regiões do corpo, caracterizando-se assim a metástase. Dividindo-
se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis,
determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias
malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa
localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido
original, raramente constituindo um risco de vida [1].
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por
exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque esta é formada por mais de um
tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, ele é
denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou
cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos
tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de
invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes [1].
A detecção precoce da doença significa realizar o diagnóstico no estágio pré-sintomático,
ou seja, antes da manifestação de algum sintoma relacionado à doença no indivíduo. Um
diagnóstico definitivo requer uma examinação histológica da biópsia do tecido afetado
por um patologista. Deste modo, o tratamento se torna mais efetivo, a fim de diminuir a
mortalidade ocasionada pela doença. Uma vez diagnosticado, o tratamento é
imediatamente implementado através de uma combinação das seguintes técnicas:
cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hipertermia, imunoterapia e medicamentos para
tratar dos efeitos colaterais. A cirurgia é uma técnica radical, a qual consiste na retirada
do órgão afetado pela doença, ocasionando inúmeras alterações fisiológicas nos
pacientes. Na radioterapia o tumor é destruído através da aplicação de um feixe de
radiação ionizante. A quimioterapia é um método baseado na utilização de substâncias
químicas que atuam na síntese das enzimas celulares, evitando a proliferação das células
neoplásicas. A imunoterapia utiliza substâncias que estimulam o sistema imunológico a
produzir linfócitos e monócitos, responsáveis pelo crescimento celular [2].
2
A terapia por hipertermia utiliza temperaturas acima das consideradas normais (> 37°C)
para induzir as respostas físicas e fisiológicas desejadas. A terapia por hipertermia é
sempre implementada como parte estratégica de um tratamento multimodal. A
efetividade do tratamento por hipertermia está relacionada à temperatura alcançada
durante o tratamento, bem como à duração do tratamento e às características das células
do tecido sob tratamento. Para garantir que a temperatura desejada seja alcançada, mas
não excedida, a temperatura do tecido alvo e dos tecidos à sua volta é monitorizada ao
longo deste procedimento. A maioria dos tratamentos por hipertermia são aplicados
utilizando‐se equipamentos externos, promovendo a transferência de energia para o
tecido por ondas eletromagnéticas [3].
O principal desafio associado ao sucesso do tratamento por hipertermia consiste em se
obter uma absorção homogênea de energia somente na região do tumor. É um dos
objetivos deste trabalho obter dados e informações sobre a distribuição da temperatura ao
redor de uma região relevante para um tumor e para aplicação desta técnica.
Os efeitos do calor dependem das temperaturas alcançadas, determinadas pela energia
térmica total aplicada, pela taxa de remoção de calor, e pela sensibilidade térmica
específica do tecido em tratamento. Segue uma tabela que mostra as temperaturas nos
tecidos e seus efeitos [3].
3
Tabela 1.1: Efeitos térmicos em tecidos vivos [ref. 3].
Faixa de
Temperatura [°C] Duração Efeitos físicos Efeitos biológicos
< -50 > 10 min congelamento completa destruição
celular
< -25 - Permeabilidade reduzida
Perfusão de sangue
reduzida, metabolismo
celular reduzido, morte
hipotérmica
30 - 39 sem limite Nenhuma variação crescimento
40 - 46 30 - 60 min Mudanças em
propriedades óticas
Perfusão de sangue
aumentada, indução a
termotolerância, morte
hipertérmica
47 - 50 > 10 min Necrose, coagulação
Desnaturação de
proteínas, nenhum
efeito sutil
> 50 > 2 min Necrose, coagulação Morte celular
60 - 140 Segundos Coagulação, ablação
Desnaturação de
proteínas, ruptura de
membrana,
encolhimento de
celulas
100 - 300 Segundos Vaporização
Encolhimento de
células e vacúolo de
vapor extracelulares
> 300 Fração de
segundos
Carbonização, geração
de fumaça Carbonização
O tipo de câncer a ser estudado no escopo deste trabalho será o de tireoide. A tireoide é
uma glândula constituída por dois lobos, o esquerdo e o direito, ligados por um istmo (ver
figura 1.1). Juntos, eles assumem o formato de uma borboleta de asas abertas ou da letra
H. Os hormônios tireoidianos (principalmente tiroxina (T4) e triiodotironina (T3)) são
4
fundamentais para a taxa de metabolismo e afetam a taxa funcional de muitos outros
sistemas do corpo. A quantidade que a glândula produz é regulada pela hipófise, glândula
situada no cérebro que fabrica o TSH, o hormônio estimulador da tireoide [4].
Fig. 1.1 - Vista frontal da tireoide localizada na traqueia. [5]
Segundo Dráuzio Varella, em geral o tratamento do câncer de tireoide é cirúrgico
(tireoidectomia total ou parcial) e leva em conta o tipo e a gravidade da doença. Caso as
células malignas tenham comprometido os gânglios cervicais, é necessário retirá-los.
Rouquidão e queda de cálcio são complicações da tireoidectomia associadas a lesões de
estruturas como os nervos laríngeos e as glândulas paratireoides, respectivamente,
durante a cirurgia. Depois de quatro a seis semanas da intervenção, o paciente pode
receber doses terapêuticas de iodo radioativo em ambiente hospitalar para extinguir
qualquer tecido remanescente de células tumorais no corpo e evitar metástases. Quando
os carcinomas papilíferos e foliculares não respondem a esse tratamento, é possível
recorrer à terapêutica antiangiogênica que consiste em bloquear a formação de novos
vasos sanguíneos para impedir que as células tumorais recebam nutrientes e oxigênio
através da circulação. O passo seguinte é indicar a reposição hormonal com levotiroxina
por via oral para substituir os hormônios que deixaram de ser produzidos pela tireoide.
Radioterapia, associada ou não à quimioterapia, é recomendada na ocorrência de tumores
mais agressivos, como o carcinoma medular e o carcinoma anaplásico [4].
5
A grande motivação para esse trabalho inclui o aprendizado que pode ser adquirido sobre
o corpo humano e o seu complexo funcionamento como também o fato de poder
contribuir para o estudo de um avanço tecnológico que visa a saúde humana.
Este estudo pode contribuir para a mudança de como deve ser feito o diagnóstico ou o
tratamento de uma doença grave como câncer na tireoide, podendo evitar assim o método
cirúrgico e a retirada de parte ou toda a glândula, como é feita em alguns casos. O
tratamento pode se tornar mais simples e menos arriscado, com menores consequências
para o paciente.
O presente trabalho tem por objetivo estudar e analisar a transferência de calor na região
cervical frontal ao redor da glândula tireoide, com e sem a presença de um tumor. O
estudo visa entender os conceitos e a aplicação da equação de biotransferência de calor
na região e encontrar informações que possam ser utilizadas ou não para a identificação
da presença ou posicionamento do tumor pela temperatura da superfície da pele.
Atualmente, o diagnóstico da malignidade do nódulo é feito retirando-se um pedaço do
tecido e realizando a biopsia deste. Tal prática pode ser agressiva e desconfortável ao
paciente. Além disso, esta análise também pode colaborar na coleta do máximo de
informações que sejam importantes para pesquisa de viabilização do tratamento de câncer
na tireoide via hipertermia com incidência de raio laser, evitando assim a tireoidectomia
e suas consequências.
6
CAPÍTULO 2
2. BIOTRANSFERÊNCIA DE CALOR
O calor causa inúmeras mudanças sutis na fisiologia de tecidos vivos, tais como aumentos
na perfusão de sangue, na permeabilidade vascular e na atividade metabólica. O
parâmetro fisiológico mais importante neste contexto é a vazão de sangue. Quando
qualquer tecido é aquecido, várias mudanças fisiológicas ocorrem, a maioria das quais
são secundárias às variações nas vazões de sangue. O escoamento de sangue é também
um dos principais veículos pelos quais o calor é dissipado dos tecidos. Portanto, o
suprimento de sangue para o tecido tem uma influência significativa na habilidade de
aquecer tecidos. Quanto mais baixa a vazão de sangue, mais fácil será para aquecer o
tecido. No entanto, embora tumores sólidos possam apresentar valores de vazões de
sangue que podem ser bem superiores que a de tecidos normais, o suprimento de sangue
para os tumores são geralmente primitivos e caóticos por natureza, o que pode resultar
em áreas que são destituídas de nutrientes, de baixas concentrações de oxigênio e
altamente ácidas, e as células que existem nestas condições adversas são, em geral, mais
sensíveis aos efeitos do calor [3].
Portanto, para que se dê continuidade ao trabalho, é importante que se tenha um breve
conhecimento sobre o funcionamento do sistema de fluxo sanguíneo e do metabolismo
do corpo humano.
2.1 – Sistema circulatório e Metabolismo
2.1.1 – Perfusão sanguínea
A circulação sanguínea é fundamental para a regulação da temperatura corporal. O
sistema circulatório do corpo humano é composto por dois conjuntos de vasos sanguíneos
(artérias e veias) que transportam o sangue bombeado pelo coração. O sangue sai do
coração através da aorta, que é a maior artéria do corpo. Os vasos que fornecem sangue
para os músculos são conhecidos como as artérias principais e veias de abastecimento.
Eles se ramificam em artérias primárias que alimentam as artérias secundárias. Esses
vasos levam sangue para as arteríolas que fornecem sangue aos vasos menores conhecidos
7
como capilares. O sangue é retornado ao coração através de um sistema de vasos
conhecidos como veias. A figura 2.1 mostra um diagrama esquemático de uma típica
estrutura vascular [6].
(a)
(b)
Fig. 2.1: (a) Diagrama esquemático do sistema vascular [5]. (b) Ilustração dos
principais vasos sanguíneos do corpo.
8
O sangue oxigenado é bombeado pelo ventrículo esquerdo do coração para o interior
da aorta. Essa artéria distribui o sangue oxigenado para todo o corpo, através de inúmeras
ramificações, como a artéria coronária, a artéria carótida e a artéria braquial. Nos tecidos,
o sangue libera gás oxigênio e absorve gás carbônico. O sangue não oxigenado e rico em
gás carbônico é transportado por veias diversas, que acabam desembocando na veia cava
superior e na veia cava inferior. Essas veias levam então o sangue não oxigenado até o
átrio direito. Deste, o sangue não oxigenado passa para o ventrículo direito e daí é
transportado até os pulmões pelas artérias pulmonares [7].
Nos pulmões, o sangue libera o gás carbônico e absorve o gás oxigênio captado do
ambiente pelo sistema respiratório. Esse fenômeno, em que o sangue é oxigenado, chama-
se hematose. Então, o sangue oxigenado retorna ao átrio esquerdo do coração,
transportado pelas veias pulmonares. Do átrio esquerdo, o sangue oxigenado passa para
o ventrículo esquerdo e daí é impulsionado para o interior da aorta, reiniciando o circuito
[7].
No esquema abaixo (figura 2.2) é possível ver o caminho percorrido pelo sangue no corpo
humano.
Fig. 2.2 – Caminho percorrido pelo sangue [7].
9
Nesse circuito são reconhecidos dois tipos de circulação: a pequena circulação e a grande
circulação. A pequena circulação, também chamada circulação pulmonar, compreende o
trajeto do sangue desde o ventrículo direito até o átrio esquerdo. Nessa circulação, o
sangue passa pelos pulmões, onde é oxigenado. A grande circulação, também chamada
de circulação sistêmica, compreende o trajeto do sangue desde o ventrículo esquerdo até
o átrio direito; nessa circulação, o sangue oxigenado fornece gás oxigênio aos diversos
tecidos do corpo, além de trazer ao coração o sangue não oxigenado dos tecidos [7].
Observe que, pelo lado direito do nosso coração, só passa sangue não oxigenado e, pelo
lado esquerdo, só passa sangue oxigenado. Não ocorre, portanto, mistura de sangue
oxigenado com o não oxigenado [7].
A separação completa entre esses dois tipos de sangue contribui para a manutenção de
uma temperatura constante no nosso organismo. Sendo os tecidos irrigados por sangue
oxigenado, não “misturado” com sangue não oxigenado, nossas células recebem uma
quantidade suficiente de gás oxigênio, para “queimar” uma quantidade de alimentos
capaz de fornecer o calor necessário para manter mais ou menos constante a temperatura
do corpo [7].
2.1.2 – Metabolismo
Todos os processos que ocorrem em um organismo para manter seu funcionamento
necessitam de uma temperatura adequada. Isso se deve ao fato de tais processos
envolverem proteínas, enzimas, reações químicas e físicas que ocorrem rapidamente ou
de forma muito lenta de acordo com a temperatura do meio em que se encontram. Por
exemplo, se a temperatura baixar muito as reações ficam lentas e podem até cessar
parando a função corporal. Por outro lado, temperaturas elevadas podem desnaturar
proteínas comprometendo a integridade do organismo. Sendo assim, é fundamental que
os seres vivos disponham de estratégias para regular a temperatura do corpo [8].
A geração de energia do corpo humano é realizada pela oxidação de alguns compostos
com ligações entre carbono e hidrogênio. Como produto dessa oxidação são gerados
CO2 e H2O. Esse processo é chamado de metabolismo. O calor é um subproduto de todos
os processos metabólicos (do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas) [9].
10
2.2 – A equação de Pennes
A transferência de calor em tecidos vivos é um processo complexo, o qual envolve uma
combinação de diversos fenômenos, como o de condução térmica nos tecidos, de
convecção e de perfusão de sangue, e a produção de calor metabólico. Ao longo dos anos,
vários modelos matemáticos foram desenvolvidos para descrever a transferência de calor
dentro de tecidos biológicos. O modelo de biotransferência de calor mais amplamente
utilizado foi introduzido por Pennes em 1948 [6].
Harry H. Pennes (1948) desenvolveu um modelo baseado na difusão de calor e que passou
a ser chamado de Equação da Biotransferência de Calor (Bioheat Transfer Equation –
BHTE). Segundo ele a transferência de calor nos organismos vivos é caracterizada por
dois mecanismos importantes: metabolismo e fluxo sanguíneo. O sangue escoa, de forma
não-Newtoniana, através dos vasos sanguíneos que apresentam diferentes dimensões. A
transferência líquida de calor entre o sangue e o tecido é proporcional à diferença entre a
temperatura do sangue arterial, que entra no tecido, e a temperatura do sangue venoso que
sai do tecido. Pennes sugeriu que a transferência de calor devida ao escoamento sanguíneo
pode ser modelada por uma taxa de perfusão sanguínea, com o sangue atuando como uma
fonte/sumidouro escalar de calor. Apesar da sua simplicidade, uma das dificuldades
encontradas no uso da BHTE está na ausência de informação detalhada e precisa sobre as
taxas volumétricas de perfusão sanguínea, especialmente para tecidos neoplásicos [6].
Muitos pesquisadores criticaram o modelo de Pennes devido algumas de suas particulares
considerações. Chen e Holmes (1980) desenvolveram um novo modelo para a
biotransferência de calor para resolver a crítica que se fazia à equação de Pennes sobre os
efeitos do escoamento sanguíneo na equação da transferência de calor. Este novo modelo
físico passa a considerar a direção do escoamento sanguíneo e incluir características da
transferência de calor por convecção na transferência de calor entre o sangue e o tecido
sólido. Weinbaum, Jiji e Lemons (1984) trocaram a condutividade térmica na equação da
biotransferência de calor de Pennes por uma “condutividade efetiva” com representação
tensorial. Esta formulação está baseada na hipótese de que pequenas artérias e veias são
paralelas com o sangue escoando em sentidos contrários [10].
É importante ressaltar que, apesar destes vários modelos terem sido desenvolvidos ao
longo dos anos, nenhum destes levam em consideração os efeitos dos mecanismos da
termorregulação humana, como por exemplo o controle da sudorese, os tremores
11
musculares e as vasodilatações, e isso também nos leva a uma certa limitação para avaliar
a resposta térmica do corpo humano [6].
No entanto, percebe-se que, de uma forma geral, as várias tentativas de aperfeiçoar o
modelo da biotransferência de calor de Pennes resultaram em modelos com maior rigor
na análise matemática e alta complexidade. Por estas razões e devido a seus bons
resultados obtidos, a equação de Pennes continua sendo a mais utilizada para descrever a
transferência de calor e a distribuição da temperatura em tecidos biológicos vivos [10].
Pennes propôs um modelo matemático para descrever os efeitos do metabolismo e da
perfusão de sangue no balanço de energia dentro do tecido, incorporando estes efeitos na
equação de condução de calor clássica:
𝜌𝑐𝑝𝜕𝑇
𝜕𝑡= ∇(K∇𝑇) + 𝜌𝑏𝑐𝑏𝑤𝑝(𝑇𝑎 − 𝑇) + 𝑄𝑚𝑒𝑡 + 𝑄𝑒𝑥𝑡 (2.1)
Onde:
𝑄𝑒𝑥𝑡 [W/m3] - fonte externa que pode ser de geração ou sumidouro de calor. Este termo
foi considerado nulo na análise feita neste trabalho.
𝑄𝑚𝑒𝑡 [W/m3] - fator fonte de geração de calor metabólica, considerada ser
homogeneamente distribuída em todo o tecido de interesse.
𝑇𝑎 [K] - temperatura do sangue arterial. É a temperatura na qual o sangue entra nos
capilares.
𝑇 [K] - temperatura do tecido.
𝑤𝑝 [s-1] - taxa de perfusão do sangue através do tecido [volume de sangue/volume de
tecido·s]. O efeito da perfusão é considerado homogêneo e isotrópico e o equilíbrio
térmico ocorre na rede de capilares.
𝑐𝑏 [J/(kgk)] - calor específico do sangue.
𝜌𝑏 [Kg/m3] - massa específica do sangue.
𝑐𝑝 [J/(kgk)] - calor específico do tecido.
𝜌 [Kg/m3] - massa específica do tecido.
12
O segundo termo do lado direito da equação [𝑄𝑝 = 𝜌𝑏𝑐𝑏𝑤𝑝(𝑇𝑎 − 𝑇)] é conhecido como
fonte de calor devido a perfusão sanguínea. O termo representa a dissipação de calor
devido à remoção convectiva efetuada pelo sangue através da vascularização capilar
presente nos tecidos vivos [10].
13
CAPITULO 3
3. PROBLEMA FÍSICO E FORMULAÇÃO MATEMÁTICA
3.1 – Geometria
A modelagem geométrica foi feita baseada em algumas figuras encontradas em atlas do
corpo humano [13] e em pesquisas feitas na internet [5, 11 e 14]. Seguiu-se inclusive e
principalmente os conselhos do profissional de medicina cirúrgica. Segue abaixo as
figuras (fig. 3.1 – fig. 3.4) em que a modelagem foi baseada:
Fig. 3.1 – Corte transversal da região cervical. [11]
14
Fig. 3.2 – Corte transversal da região cervical com algumas distancias fornecidas pelo médico
cirurgião [12].
Fig. 3.3 – Imagem utilizada para obtenção das medidas da forma da tireoide. [13]
Tireoide
15
Fig. 3.4 – Vista lateral localizada junto a traqueia [14].
A geometria visou representar o mais próximo da realidade do que seria a tireoide e aquilo
que a envolve na sua parte frontal, até a superfície da pele no pescoço. É importante
ressaltar que foram feitas algumas considerações e aproximações para a realização do
desenho e simulação visando simplificar a geometria e possibilitar a geração da malha
usada na solução. A figura 3.5 a seguir mostra a partes que foram consideradas para a
realização do modelo.
Fig. 3.5 – Vista superior das partes que foram consideradas para a modelagem da
geometria no Solidworks. [11]
Tireoide
Tireoide
16
Foram feitas três geometrias para estudo:
1. Geometria da região afetada deformada com o tumor.
2. Geometria da região afetada deformada sem o tumor.
3. Geometria da região afetada sem a deformação e sem o tumor (pessoa
saudável).
O primeiro e o segundo caso diferem somente na presença do tumor no lobo deformado.
Ambos utilizam a mesma geometria. Fazendo a análise dos dois casos pode-se comparar
e entender como a presença do tumor afeta termicamente a mesma geometria. O terceiro
caso é uma aproximação do caso real de uma pessoa saudável. O seu estudo fornece uma
referência de como é o perfil da temperatura na região estudada em uma pessoa saudável.
Em ambos os casos foram feitas considerações e aproximações. No que diz respeito a
geometria, foi ignorada a existência de alguns vasos sanguíneos importantes como a veia
jugular e a artéria carótida, o que pode gerar um pequeno desvio de temperatura na região.
No caso 1 e 2, onde há deformação do lobo esquerdo, foi considerada uma camada de
gordura a mais baseado na figura 3.1.
Os desenhos mostram a tireoide em vermelho e no nível mais profundo. Acima da tireoide
vem a camada de músculo, em marrom, que a envolve. A camada em amarelo representa
a gordura. Esta camada varia bastante de uma pessoa para outra dependendo do percentual
de gordura de cada um. O valor da espessura escolhido para essa camada foi orientada
por um experiente médico cirurgião. Sobreposta a gordura está a camada que representa
a pele, em rosa. A seguir estão as vistas superiores das duas geometrias feitas para o
estudo representadas na figura 3.6. Estas figuras foram obtidas da própria plataforma
Solidworks, usada na modelagem geométrica.
(a)
Gordura
Músculo
Pele
Tireoide
17
(b)
Fig. 3.6 – Vistas superiores das geometrias do problema de ambos os casos; (a) Vista do caso 1
e 2; (b) Vista do caso 3.
Percebe-se que o lado esquerdo da glândula está fortemente inchado em relação ao outro.
Essa deformação foi feita para representar o dano que o tumor gera na glândula. Segue
na figura 3.7 as vistas em 3D das geometrias enunciadas.
(a)
Pele
Gordura
Músculo
Tireoide
18
(b)
Fig. 3.7 - Vistas 3D isométricas de ambos os casos analisados; (a) Vista isométrica do caso 1 e
2; (b) Vista isométrica do caso 3.
A camada de músculo representada na geometria é constituída (ver figura 3.1) pela união
dos músculos Omo-hióideo, esterno-tireóideo e esterno-hióideo – que são os três tipos
que são adjacentes a tireoide – com o esternocleidomastoideo (o mais espesso deles) e o
platisma (o mais fino), como mostrado na figura 3.1. A forma e as espessuras escolhidas
para cada camada levaram em consideração as figuras 3.2 e 3.3, juntamente com as
informações fornecidas pelo cirurgião. Adjacente à tireoide também pode-se ver a
traqueia, que foi desconsiderada para as simulações neste estudo, visto que dentro da
traqueia existe basicamente a passagem de ar.
Seguem no anexo A os desenhos da glândula e da geometria com suas vistas principais e
algumas das medidas mais relevantes. Como dito anteriormente, procurou-se fazer
algumas aproximações para a realização da geometria. No entanto, respeitou-se os limites
superiores das medidas da glândula (5cmx2cmx2cm) [5]. Não foram ultrapassados esses
valores.
Gordura
Músculo
Tireoide
Pele
19
3.1.1 – Geometria do tumor
A geometria escolhida para representar o tumor foi um elipsoide, de semieixos definidos
por a = 0.006 m, b = 0.015 m e c = 0.008 m, como mostrado nas figuras abaixo (figura
3.8). Essa geometria visa representar o tamanho de um tumor num estágio não muito
avançado de uma forma que ainda não seja perceptível a sua presença de forma visual.
(a)
(b)
Fig. 3.8 - (a) Elipsoide representando o tumor dentro da tireoide; (b) Características
geométricas do elipsoide e a sua localização na geometria.
Tumor
20
3.2 – Formulação Matemática
O problema proposto neste trabalho consiste em 3 casos de geometria 3D constituída de
4 ou 5 camadas diferentes, dependendo da situação. No caso em que a geometria
representa um caso de câncer, existem 5 camadas diferentes que incluem a pele, gordura,
músculo, tireoide e o tumor. Os outros dois casos representam uma pessoa saudável. O
que difere estes dois últimos casos é puramente a geometria e a presença de mais uma
camada de gordura na geometria deformada.
Como as condições de contorno são as mesmas para todos os casos, será utilizado para
ilustração (figura 3.9) o caso da geometria com a presença do nódulo.
Fig. 3.9 – Modelo tridimensional do caso em estudo.
Para o caso de regime permanente, que será a situação deste estudo,
𝜕𝑇
𝜕𝑡= 0 (3.1)
Sendo assim, a equação (2.1) se torna,
0 = ∇(K[𝐫]∇𝑇[𝐫]) + 𝜌𝑏𝑐𝑏𝑤𝑝[𝐫](𝑇𝑎 − 𝑇[𝐫]) + 𝑄𝑚𝑒𝑡[𝐫] (3.2)
Lembrando que, no caso em estudo, as propriedades variam de um tecido para outro. As
únicas propriedades que permanecem constantes em todas as camadas são: a massa
específica do sangue, o calor específico do sangue e a temperatura arterial.
21
Para melhor visualização das regiões que foram utilizadas para as condições de contorno,
separou-se as regiões abaixo em superfícies S1, S2 e S3 expostas em azul nas figuras 3.10,
3.11 e 3.12, respectivamente.
Fig. 3.10 – Região da superfície S1 que será utilizada para a condição de contorno de
temperatura prescrita.
Superfície S1
22
Fig. 3.11 – Região da superfície S2 que será utilizada para condição de contorno de isolamento
térmico.
Fig. 3.12 – Região da superfície S3 que será utilizada para condição de contorno de fluxo
prescrito de convecção natural
Superfície S2
Superfície S3
23
Sendo assim, as condições de contorno utilizadas neste trabalho foram:
1. Superfície S1:
Temperatura prescrita: 𝑇𝑖𝑛𝑡 = 37°𝐶 (3.3)
Nesta região (figura 3.10) foi considerada uma temperatura uniforme de 37°C, que é a
temperatura interna média do corpo humano. Na verdade, pode-se dizer que o corpo
humano é termicamente dividido em um núcleo central quente e a camada externa um
pouco mais fria. A temperatura dos tecidos mais profundos do corpo permanecem
praticamente constantes, com variação fisiológica de aproximadamente 0,6°C.
2. Superfície S2:
Isolamento térmico: k(𝐫)𝜕𝑇
𝜕𝐧= 0 (3.4)
A região de contato da tireoide com a traqueia (figura 3.11) foi considerada isolada,
levando-se em consideração que esta é um tubo cilíndrico cartilaginoso que leva o ar para
os pulmões. Não foi utilizado a mesma hipótese feita acima (temperatura prescrita) devido
ao fato desta região se encontrar bem perto do tumor, portanto a temperatura de sua
superfície pode ter uma alteração e receber grande influência devido à presença desta
anomalia.
3. Fluxo prescrito de convecção natural:
k(𝐫)𝜕𝑇
𝜕𝐧= ℎ𝑐(𝑇𝑒𝑥𝑡 − 𝑇𝑆), onde n é o vetor unitário normal a superfície. (3.5)
Para esta superfície, região de contato com o ambiente externo (figura 3.4), foi
considerada somente a troca de calor por convecção natural com a temperatura ambiente
de 20°C. O coeficiente de transferência de calor por convecção natural foi obtido da
tabela 4.5 da referência [9].
ℎ𝑐 = 3,6 [𝑊
(𝑚2. °𝐶)]
Nas interfaces entre as camadas foi considerado contato perfeito com as condições de
continuidade de temperatura e fluxo de calor. As equações 3.1 a 3.5 descrevem
24
completamente o modelo matemático proposto que governa o processo de transferência
de calor no meio.
3.3 – Método de Solução – COMSOL Multiphysics
A solução do problema de biotransferência de calor dada pela equação 2.1 na geometria
dada pela figura 3.7 foi obtida por elementos finitos, utilizando-se o programa comercial
COMSOL, versão 4.3. A geometria, e portanto as coordenadas utilizadas para a geração
da malha pelo COMSOL, foram geradas pelo programa SOLIDWORKS. São usados
elementos triangulares para a geração da malha no domínio da geometria.
O COMSOL – Multiphysics é um software de simulação que possui diversos tipos de
módulos que permitem a simulação de diversas aplicações mecânicas, químicas,
eletromagnéticas, de escoamento, entre outras. Um desses módulos é o Heat transfer
Module, que oferece ferramentas de simulação para estudar mecanismos de transferência
de calor (condução, convecção e radiação) frequentemente em conjunto com outros
modelos físicos ou químicos, como mecânica estrutural, dinâmica dos fluidos,
eletromagnetismo e reações químicas. Uma das interfaces físicas presentes na plataforma
COMSOL e que se encontra na Heat Transfer Module é a Bioheat Transfer, para simular
efeitos térmicos no tecido humano e em outros sistemas biológicos [15].
O Heat Transfer Module vem equipado com um banco de dados de materiais que contém
as propriedades de diversos fluidos e gases comuns, o que inclui muitos dos dados
termodinâmicos necessários para uma análise precisa. Eles incluem condutividade
térmica, capacidade térmica e densidade. A “Material Library” também é uma fonte para
propriedades de material, com os dados ou relações algébricas de mais de 2.500 materiais
sólidos. Além desse bancos de dados e dessa biblioteca de materiais, o software também
permite criar a sua própria matriz de materiais ou matriz de parâmetros e propriedades a
serem utilizados pelo usuário [15].
25
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 – Propriedades Termofísicas
Os dados foram disponibilizados pela fundação de pesquisa Itis Foundation [16],
principal órgão de pesquisa sem fins lucrativos dedicado a melhorar a qualidade de vida
e saúde das pessoas. A fundação foi criada em 1999 através da iniciativa e apoio do
Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique (ETH), e várias agências
governamentais [16]. Com sede em Zurique, na Suíça, a fundação já ganhou uma
reputação mundial nas seguintes linhas de pesquisa:
Tecnologias de sensores eletromagnéticos
Eletromagnetismo computacional em ambientes complexos
Ciências da vida computacionais aplicadas a anatomias complexas
Processos e dispositivos de planejamento de novos e otimizados diagnóstico /
terapia / tratamento
Os resultados são amplamente divulgados à comunidade científica e ao público [16].
Apresenta-se na tabela 4.1 a seguir as propriedades de cada camada que são relevantes
para a realização das simulações computacionais deste trabalho.
26
Tab.4.1 – Propriedades termofísicas e biológicas.
PROPRIEDADE SÍMBOLO MATERIAL VALOR REF.
Massa específica, [kg/𝑚3]
ρ
Pele 1109 [16]
Gordura 911 [16]
Músculo 1090 [16]
Tireoide 1050 [16]
Tumor 1050 [16, 17]***
Sangue 1050 [16]
Calor específico, [J/(kg.K)] cp
Pele 3391 [16]
Gordura 2348 [16]
Músculo 3421 [16]
Tireoide 3609 [16]
Tumor 3770 [16, 17]***
Sangue 3617 [16]
Condutividade Térmica,
[W/(m.K)] k
Pele 0,37 [16]
Gordura 0,21 [16]
Músculo 0,49 [16]
Tireoide 0,52 [16]
Tumor 0,89 [16, 17]***
Sangue 0,52 [16]
Fonte metabólica de geração de
calor, [W/𝑚3]* Qmet
Pele 1829,85 [16]
Gordura 464,61 [16]
Músculo 1046 [16]
Tireoide 91455 [16]
Tumor 2455386,6 [16, 17]***
Taxa de perfusão, [1/s]** wp
Pele 0,00196 [16]
Gordura 0,000501 [16]
Músculo 0,000708 [16]
Tireoide 0,098 [16]
Tumor 0,465 [16, 17]***
Temperatura arterial, [°C] Ta Todos 37
27
* Os dados referentes a fonte metabólica de geração de calor foram encontrados na
referência [15] com a unidade em [W/kg]. Para se chegar na unidade mostrada na tabela,
multiplicou-se o valor pela massa específica, também disponível na mesma tabela.
** Os dados referentes a taxa de perfusão se encontravam também na referência [15] com
a unidade em [ml/(min.kg)]. Por questão de conveniência e compatibilidade com o
software utilizado, calculou-se a partir dessas informações o valor da taxa de perfusão em
[s-1]. Segue abaixo os cálculos efetuados:
Sendo 𝑤0a taxa de perfusão encontrada na referência, encontrou-se 𝑤𝑏 [s-1] da seguinte
forma:
𝑤0 [𝑚𝑙𝑚𝑖𝑛. 𝑘𝑔⁄ ] → 1,667. 10−8𝑤0[𝑚3
𝑠. 𝑘𝑔⁄ ]; por final, multiplicando pela massa
específica tem-se:
𝑤𝑏 = 𝜌. 1,667. 10−8𝑤0[𝑚3
𝑠. 𝑘𝑔⁄ ]
*** Devido à escassez e dificuldade para se encontrar os dados do tumor especificamente
na tireoide, foi utilizado uma segunda referência [16] que continha as propriedades de um
tumor nas glândulas mamárias. Comparou-se os dados do tumor na mama com o tecido
normal da glândula mamária (da mesma referência utilizada para os outros tecidos),
chegando-se a uma razão de proporcionalidade. Para se chegar aos dados do tumor na
tireoide, aplicou-se esta razão às propriedades do tecido normal da mesma. Considera-se
que a densidade e calor específico do tumor e da glândula não variam, podendo assim
utilizar os mesmos dados da tireoide no tumor da mesma.
Os cálculos efetuados estão exibidos abaixo:
Sendo a razão R = PROPRIEDADE DO TUMOR
PROPRIEDADE DO TECIDO SAUDÁVEL, tem-se:
Tab. 4.2 – Razão de proporcionalidade para as propriedades do tumor.
Tecidos \ Propriedades K [W/(mK)] Qmet [W/m3] wb [s-1]
Glândula mamária [16] 0,33 2465,14 0,00265
Tumor na glândula mamária [17] 0.564 65400 0,0126
R = Razao de proporcionalidade 1,709 26,52 4,75
28
1. Condutividade Térmica:
Sendo R = 1,709 e a condutividade térmica da tireoide K = 0,52 [W/(m.k)], tem-se:
K𝑡𝑢𝑚𝑜𝑟 = R ∗ K𝑡𝑖𝑟𝑒𝑜𝑖𝑑𝑒 = 0,89 [W/(m.K)]
Analogamente para fonte de geração d calor metabólica (𝑄𝑚𝑒𝑡) e taxa de perfusão
sanguínea (wb), segue:
2. Fonte de geração de calor metabólica:
R = 26,52, quando 𝑄𝑚𝑒𝑡 𝑡𝑖𝑟𝑒𝑜𝑖𝑑𝑒 = 91455 [W/m^3], tem-se
Q𝑡𝑢𝑚𝑜𝑟 = R ∗ Q𝑚𝑒𝑡 𝑡𝑖𝑟𝑒𝑜𝑖𝑑𝑒 = 2455386,6 [W/m^3]
3. Taxa de perfusão sanguínea:
R = 4,75, quando wb𝑡𝑖𝑟𝑒𝑜𝑖𝑑𝑒 = 0,098 [1/s], tem-se:
wb𝑡𝑢𝑚𝑜𝑟 = R ∗ wb𝑡𝑖𝑟𝑒𝑜𝑖𝑑𝑒 = 0,465 [1/s]
4.2 – Análise de convergência de malha
Na geometria com o tumor (caso 1) e na geometria deformada sem o tumor (caso 2) foram
feitos o estudo de convergência de malha. Foram feitas simulações para 3 malhas para
cada um desses casos, as quais são definidas internamente no programa COMSOL:
Malha normal
Malha fina
Malha extrafina
Segue a representação das malhas na geometria. Esses exemplos (figuras 4.1, 4.2 e 4.3)
foram feitas com base no caso 1, geometria deformada com o tumor.
29
Fig. 4.1 – Malha Normal com 50478 elementos
Fig. 4.2 – Malha Fina com 143897 elementos
30
Fig. 4.3 – Malha extra fina com 745247 elementos
Em cada malha definiu-se os mesmos pontos arbitrários em um determinado plano e
verificou-se o valor da temperatura nesses pontos. O plano escolhido para a obtenção dos
pontos foi paralelo a plano dos eixos xz com coordenada y = 0.025 m, como se pode ver
na figura 4.4. Este plano de corte passa praticamente pela metade do tumor (elipsoide). A
única diferença entre a geometria dos dois casos analisados é a presença deste nódulo que
foi posicionado dentro do lobo esquerdo da glândula. Os pontos das duas geometrias
foram tomados com base neste mesmo plano.
31
Fig.4.4 – Vista isométrica e lateral do plano de corte utilizado para a análise de convergência de
malha.
Caso 1: Geometria deformada com o tumor
A seguir tem-se (figura 4.5) o plano de corte na geometria onde os pontos serão coletados
e a seguir o gráfico de contornos de temperatura (figura 4.6) no plano de corte da região
que interessa para o estudo da temperatura e a identificação dos pontos coletados.
32
Fig. 4.5 – Plano de corte referência para a obtenção dos pontos para o estudo da
convergência de malha
Fig. 4.6 - Gráfico das curvas dos contornos da temperatura na região de interesse.
33
Para a análise de convergência de malha, foram separadas três regiões, cada uma com
um conjunto de 5 pontos. Segue abaixo as três regiões (figuras 4.7, 4.8 e 4.9) com os
pontos selecionados da região mais profunda do corpo [x1] até a superfície da pele
[x5]:
Fig. 4.7 – Região 1 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria com o nódulo.
Fig. 4.8 – Região 2 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria com o nódulo.
X1 X5
X1
X5
34
Fig. 4.9 – Região 3 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria com o nódulo.
O resultado do estudo é mostrado na tabela 4.3 abaixo.
Tabela 4.3 - Teste para análise de convergência de malha. O resultado utilizado como
referência foi o obtido com a simulação da malha extra fina, já que este consiste em um
número maior de elementos o que o aproxima ainda mais da solução real.
Número de
elementos:
Normal Fina Extra fina Análise de convergência de malha para
o caso 1 50478 143897 745247
REGIÃO 1
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,229 37,229 37,229 0,0000%
x2 37,042 37,042 37,042 0,0000%
x3 36,575 36,574 36,573 0,0055%
x4 36,053 36,053 36,054 0,0028%
x5 35,391 35,39 35,39 0,0028%
X1 X5
35
REGIÃO 2
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,798 37,798 37,796 0,0053%
x2 38,117 38,128 38,121 0,0184%
x3 37,091 37,094 37,095 0,0108%
x4 36,632 36,63 36,63 0,0055%
x5 35,362 35,362 35,362 0,0000%
REGIÃO 3
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,046 37,046 37,063 0,0459%
x2 38,389 38,39 38,39 0,0026%
x3 37,47 37,484 37,487 0,0453%
x4 36,843 36,843 36,842 0,0027%
x5 35,343 35,343 35,342 0,0028%
Como analisado, as maiores diferenças entre as temperaturas estão situadas na região 3,
com os pontos x1 e x2, ambos com desvio de 0,0459% e 0,0453%, respectivamente.
Em todas as malhas os resultados obtidos foram coerentes entre si. Não houve grande
alteração nos resultados devido ao tamanho ou número de elementos utilizados na análise
computacional.
Caso 2: Geometria deformada sem o tumor
Segue abaixo (figura 4.10) o plano de corte utilizado para a obtenção dos pontos e o
gráfico dos contornos de temperatura (figura 4.11) para a identificação dos pontos.
Fig. 4.10 – Plano de corte referência para a obtenção dos pontos para o estudo de convergência
de malha do caso 2.
36
Fig. 4.11 - Gráfico das curvas dos contornos da temperatura na região de interesse.
Como feito no caso 1, nesta situação foram separadas a mesmas 3 regiões do caso
anterior, no entanto com 4 pontos obtidos em casa região. Segue abaixo (figuras 4.12,
4.13 e 4.14) as regiões e os pontos ilustrados. Como feito anteriormente, os pontos são
organizados da parte mais profunda do corpo [x1] até a superfície da pele [x4]:
Fig. 4.12 - Região 1 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria sem o nódulo.
X1 X4
37
Fig. 4.13 – Região 2 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria sem o nódulo.
Fig. 4.14 – Região 3 com os pontos a serem coletados para análise de convergência de
malha da geometria sem o nódulo.
X1
X4
X1 X4
38
Semelhante a do caso 1, o resultado da análise é mostrado na tabela 3 abaixo.
Tabela 4.4 - Teste para análise de convergência de malha para o caso 2. Como
anteriormente, o resultado utilizado como referência foi o obtido com a simulação da malha
extra fina pelos mesmos motivos já apresentados.
Número de
elementos:
Normal Fina Extra fina Análise de convergência de malha para
o caso 2 48200 140024 733536
REGIÃO 1
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,229 37,229 37,229 0,0000%
x2 36,872 36,872 36,882 -0,0271%
x3 36,222 36,222 36,239 -0,0469%
x4 35,371 35,37 35,389 -0,0537%
REGIÃO 2
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,246 37,246 37,246 0,0000%
x2 37,142 37,141 37,16 0,0511%
x3 36,778 36,778 36,835 0,1547%
x4 35,302 35,302 35,357 0,1556%
REGIÃO 3
Pontos Temperatura [°C] Maior desvio em relação referência
x1 37,049 37,049 37,058 0,0243%
x2 37,246 37,246 37,246 0,0000%
x3 36,897 36,912 37,052 0,4183%
x4 35,317 35,317 35,336 0,0538%
As três maiores discrepâncias no caso 2 se encontram na região 2, em que x3 e x4 têm
0,1547% e 0,1556% em relação a referência, e na região 3 com o desvio percentual de
0,4183% em x3.
Apesar destes pequenos desvios, assim como o estudo do caso anterior, os resultados
obtidos foram coerentes e aceitáveis.
O tempo de CPU exigido para as duas situações para a malha mais fina foi por volta de
55 segundos, mostrando que este não é um fator tão importante que deve ser levado em
consideração para o ajuste e escolha da malha e geometria. A malha escolhida para a
39
análise dos resultados foi a extrafina, já que esta foi a referência do estudo de
convergência de malha e o tempo computacional exigido não é muito longo.
4.3 – Resultados
Foram feitas simulações em regime permanente de três geometrias para a validação e
compreensão da transferência de calor ao redor da glândula. Para a análise serão utilizadas
duas geometrias, ambas com a malha extrafina, para efeito de comparação uma com a
outra. As geometrias utilizadas serão as duas que possuem a glândula deformada, sendo
que uma das duas possui o nódulo na forma do elipsoide, como já foi mencionado.
Foram selecionados alguns planos importantes para a obtenção do campo de temperaturas
para a comparação entre ambas simulações. Serão representados abaixo os planos que
foram selecionados nas geometrias juntamente com os resultados obtidos da simulação
de cada região. É importante ratificar que os planos são os mesmo em ambas geometrias.
Plano 1 (figura 4.15):
(a)
40
(b)
Fig. 4.15 - Plano de corte paralelo ao plano zx utilizado para o estudo e obtenção do
campo de temperatura e análise da transferência de calor na região; (a) Vista 3D; (b)
Vista lateral – plano xy.
Os resultados (figura 4.16 – figura 4.23) mostram os campos de temperatura e as linhas
contorno das mesmas em seus determinados planos. Pode ser verificado que a temperatura
máxima da geometria do caso 1 chega aproximadamente 38,4°C e que se localiza dentro
da região do tumor (tendo em vista o altíssimo termo fonte de geração de calor). Um fator
importante para que essa temperatura não seja ainda maior é o coeficiente de perfusão
sanguínea do tumor que, comparando com o dos tecidos saudáveis, também é bem
superior (ver tabela 4.1). No entanto, o fato da temperatura máxima ser esse valor é de
grande relevância para o estudo, visto que uma temperatura acima dos 40°C já existem
consequências destrutivas às células do tumor, como pode ser visto na tabela mostrada na
introdução deste trabalho (ver tabela 1.1).
À medida que se afasta do tumor a temperatura diminui, o que já era esperado devido as
condições de contorno de resfriamento por convecção natural na superfície da pele. No
entanto, nota-se que as linhas de contorno próximas do tumor e na camada de músculo
são bem diferentes se comparadas com as mesmas da outra geometria.
Na geometria sem o tumor percebe-se também que as maiores temperaturas partem do
interior da glândula, tendo em vista a sua elevada fonte de calor metabólico em relação
aos outros tecidos. Isto também mostra o que foi dito anteriormente de que o corpo
humano possui um núcleo central mais quente que sua camada mais externa.
41
É importante comparar o comportamento térmico de dois tecidos em conjunto: o tecido
de gordura e o tecido de músculo. Analisando o tecido de gordura percebe-se o efeito
isolante que ela possui dentro do corpo. Na geometria com o tumor, a variação de
temperatura dentro do tecido de gordura chega a aproximadamente 2°C, enquanto que o
músculo, no mesmo caso, varia somente aproximadamente 0,8°C. No caso da geometria
sem o tumor segue-se o mesmo padrão, porém com variações menores. Dentro do tecido
de gordura a variação de temperatura fica por volta de 1,5°C enquanto que no de músculo
a variação fica próxima de 0,5°C.
42
Abaixo são exibidos na figura 4.16 (a, b) os campos de temperaturas obtidos no plano 1
nas duas geometrias, dos casos 1 e 2, respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.16: (a) Campo de temperaturas do plano 1 da geometria com o tumor; (b) Campo de
temperaturas do plano 1 da geometria sem o tumor.
43
Abaixo são exibidos na figura 4.17 (a, b) as linhas de contorno de temperaturas obtidos
no plano 1 nas duas geometrias dos casos 1 e 2, respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.17: (a) Linhas de contorno das temperaturas da geometria com o tumor; (b) Linhas de
contorno das temperaturas da geometria sem o tumor.
44
Segue a representação do plano 2 (figura 4.18) na geometria:
Fig. 4.18 - Plano de corte paralelo ao plano zy utilizado para o estudo e obtenção do
campo de temperatura e análise da transferência de calor na região.
45
Abaixo são exibidos na figura 4.19 (a, b) os campos de temperaturas obtidos no plano 2
nas duas geometrias dos casos 1 e 2 respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.19: (a) Campo de temperaturas do plano 2 na geometria com o tumor; (b) Campo de
temperaturas do plano 2 na geometria sem o tumor.
46
Abaixo são exibidos na figura 4.20 (a, b) as linhas de contorno de temperaturas obtidos
no plano 2 nas duas geometrias dos casos 1 e 2, respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.20: (a) Linhas de contorno das temperaturas da geometria com o tumor; (b) Linhas de
contorno das temperaturas da geometria sem o tumor.
47
Segue a representação do plano 3 (figura 4.21) na geometria:
Fig. 4.21 - Plano de corte paralelo ao plano xy utilizado para o estudo e obtenção do campo
de temperatura e análise da transferência de calor na região.
48
Abaixo são exibidos na figura 4.22 (a, b) os campos de temperaturas obtidos no plano 3
nas duas geometrias dos casos 1 e 2, respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.22: (a) Campo de temperaturas do plano 2 na geometria com o tumor; (b) Campo de
temperaturas do plano 2 na geometria sem o tumor; Neste plano, para melhor visualização e
análise do campo, foi utilizado somente a parte que corta a glândula no lobo deformado.
49
Abaixo são exibidos na figura 4.23 (a, b) as linhas de contorno de temperaturas obtidos
no plano 3 nas duas geometrias dos casos 1 e 2, respectivamente:
(a)
(b)
Fig. 4.23: (a) Linhas de contorno das temperaturas da geometria com o tumor; (b)
Linhas de contorno das temperaturas da geometria sem o tumor.
50
Para fins de comparação, foi feito também a análise numérica do que seria a geometria
da mesma região, porém de uma pessoa saudável. Este é o caso 3 a ser analisado neste
estudo. Foram utilizados os mesmos planos utilizados nas geometrias anteriores, com as
mesmas referências.
Essa simulação do 3º caso foi feita para que se pudesse comparar com os resultados das
outras geometrias e mostrar que, em um caso onde os dados geométricos são mais
realistas e foram aplicadas menos considerações, o resultado varia pouco comparando
com o que foi obtido nas outras simulações, principalmente comparando com o caso 2.
Além disso, é também importante ressaltar a simetria do campo obtido por essa geometria
(ver figuras 4.24, 4.26 e 4.27) e que não existe no caso da geometria com o tumor. A
presença do tumor altera a configuração térmica da região.
São representados a seguir (figura 4.24) os campos de temperatura das regiões dos planos
selecionados para a análise.
(a)
51
(b)
Fig. 4.24: (a) Campo de temperatura do plano 1 da região do caso 3; (b) Linhas dos
contornos das temperaturas da região.
52
Abaixo são exibidos na figura 4.25 os campos de temperaturas obtidos no plano 2
(mencionado na página 42) na geometria do caso 3:
(a)
(b)
Fig. 4.25: (a) Campo de temperatura do plano 2 da região do caso 3; (b) Linhas dos
contornos das temperaturas da região.
53
Abaixo são exibidos na figura 4.26 os campos de temperaturas obtidos no plano 3
(mencionado na página 42) na geometria do caso 3:
(a)
(b)
Fig. 4.26: (a) Campo de temperatura do plano 3 da região do caso 3; (b) Linhas dos
contornos das temperaturas da região.
54
Além desses 3 planos, foi utilizado também um 4º plano que é paralelo ao plano 3
(mencionado na página 42) a uma distância de 8 mm deste e mais próximo da superfície
da pele. Abaixo são exibidos na figura 4.27 os campos de temperaturas obtidos neste
plano 4 na geometria do caso 3:
(a)
(b)
Fig. 4.27: (a) Campo de temperatura do plano 4 da região do caso 3; (b) Linhas dos
contornos das temperaturas da região.
55
5.4 – Análise da presença e posicionamento do tumor
Comparando os resultados do campo de temperatura e das linhas de contorno obtidos no
plano 1 em todas as geometrias chega-se à conclusão de que não é possível, a partir da
medição da temperatura superficial da pele no pescoço, suspeitar da presença de um
tumor naquela região, caso este seja de um tamanho ou volume semelhante ao utilizado
neste estudo. Verificou-se que a presença do tumor não alterou significativamente a
temperatura na pele, apesar de ter alterado a simetria do campo internamente. No próprio
estudo de convergência de malha observou-se que, nos pontos mais próximos da pele nas
duas geometrias, as temperaturas são bem próximas umas das outras.
Para maiores esclarecimentos, voltando a analisar as três regiões do plano 1 das duas
geometrias (casos 1 e 2) e olhando para as temperaturas mais próximas da pele (x4 na
geometria sem tumor e x5 na geometria com tumor), tem-se a tabela 4.5 abaixo:
Tabela 4.5 - Temperaturas localizadas na superfície do plano 1.
TEMPERATURAS NA SUPERFÍCIE (°C)
GEOMETRIA: SEM TUMOR (x4) COM TUMOR (x5)
REGIÃO 1 35,371 35,391
REGIÃO 2 35,302 35,362
REGIÃO 3 35,317 35,343
Pode-se concluir portanto que a diferença é da ordem de 10-2°C, sendo assim impraticável
a detecção da presença do tumor devido a temperatura na pele. Além disso, pode-se ver
também que determinar o seu posicionamento também não é possível, tendo em vista a
diferença de temperaturas na superfície do caso 1. No entanto, devido ao fato dos dados
do tumor (principalmente termo de fonte metabólica e a taxa de perfusão sanguínea) não
terem sidos obtidos de forma direta, foram feitas outras simulações alterando o termo de
geração de calor (Qmet) e o fator de perfusão sanguínea para que se tivesse uma noção
maior de como se comportaria o campo de temperaturas e as linhas de contorno na região
do plano 1 com essas variações.
56
5.4.1 - Variação do termo fonte de calor metabólico
Para as novas simulações, multiplicou-se o termo fonte de geração de calor metabólico
utilizado pelos seguintes valores: 2,5; 5; 10; 20; e 100. É importante ressaltar que o valor
da taxa de perfusão foi mantido o mesmo nessas simulações. A seguir, os resultados
obtidos no plano 1 para estes casos.
Ao multiplicar Qmet por 2,5 (figura 4.28) verificou-se que a temperatura no interior do
tumor chega a mais de 40°C e na superfície não ultrapassa os 35,4°C. Já neste valor de
termo fonte de geração de calor (2,5 vezes o termo utilizado anteriormente) chegou-se a
um valor inconsistente de temperatura no interior do nódulo, já que o valor de 40°C
durante 1 hora já pode causar morte hipertérmica, como mostrado na tabela 1.1 na
introdução deste estudo. Assim, estaria sendo afirmado que o próprio tumor está se
eliminando com essa combinação de termo fonte e taxa de perfusão, o que na realidade
não acontece.
Ao analisar os gráficos dos valores multiplicados por 5 (figura 4.29) e por 10 (figura 4.30)
verifica-se novamente a baixíssima alteração das temperaturas na superfície, sendo esta
de pouco mais de 0,1°C na situação de multiplicação por 10. Como era esperado, em
ambas situações a temperatura interna do tumor foi biologicamente incoerente. Porém,
no caso em que o valor foi multiplicado por 10, a temperatura máxima atingiu o valor de
51°C, valor suficiente para que em 2 minutos ocorra a necrose do tecido e
consequentemente morte celular. Portanto, nem com essa consequência ao nódulo, a
temperatura na superfície da pele se elevou a ponto de ser possível a sua detecção. Além
disso, as linhas de contornos continuam mostrando uma condição uniforme e simétrica
nas camadas de gordura e pele.
Os gráficos de 20Qmet (figura 4.31) começam a mostrar as linhas de contornos mais
assimétricas e perturbadas em relação aos outros resultados. Com esse valor de termo
fonte pode-se observar que existe uma região ou um ponto na superfície do pescoço neste
plano que a temperatura será maior que nos outros pontos ou em outras regiões. Apesar
disso, verifica-se também que essa temperatura de superfície ainda assim não se alterou
significativamente em comparação as temperaturas encontradas nas outras simulações.
Por fim, os gráficos de 100Qmet (figura 4.32) evidenciam claramente a dificuldade de
verificar um acréscimo de temperatura na superfície da pele devido a presença de um
tumor. Ao multiplicar o termo fonte original por 100 (e mantendo a sua taxa de perfusão)
57
chegou-se a uma temperatura de 176,94°C no interior do nódulo e a uma temperatura
máxima na pele de aproximadamente 37,6°C. Pelo campo de temperatura, pode-se
observar que a temperatura mínima neste plano é de aproximadamente 35,3°C, que
também acontece na pele. Portanto, para se obter uma diferença máxima de temperatura
na superfície da pele de 2,3°C foi necessário chegar a uma temperatura interna no tumor
de 176,94°C, o que é biologicamente inconsistente.
Resultados exibidos na figura 4.28 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo fonte de calor metabólico Qmet* =
2,5Qmet:
(a)
58
(b)
Fig. 4.28: (a) Campo de temperatura do plano 1 com Qmet multiplicado por 2,5; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
59
Resultados exibidos na figura 4.29 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor de termo fonte de calor metabólico Qmet* =
5Qmet:
(a)
(b)
Fig. 4.29: (a) Campo de temperatura do plano 1 com Qmet multiplicado por 5; (b) Linhas
dos contornos das temperaturas da região.
60
Resultados exibidos na figura 4.30 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor de termo fonte de calor metabólico Qmet* =
10Qmet:
(a)
(b)
Fig. 4.30: (a) Campo de temperatura do plano 1 com Qmet multiplicado por 10; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
61
Resultados exibidos na figura 4.31 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor de termo fonte de calor metabólico Qmet* =
20Qmet:
(a)
(b)
Fig. 4.31: (a) Campo de temperatura do plano 1 com Qmet multiplicado por 20; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
62
Resultados exibidos na figura 4.32 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor de termo fonte de calor metabólico Qmet* =
100Qmet:
(a)
(b)
Fig. 4.32: (a) Campo de temperatura do plano 1 com Qmet multiplicado por 100; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
63
5.4.2 - Variação do termo de perfusão sanguínea
Para essas simulações foi mantido o valor do termo fonte de calor metabólica (Qmet)
constante. O valor do termo de perfusão sanguínea será multiplicado por: 0,1; 0,5; 10;
100; e 1000. A seguir, a exemplo das simulações anteriores, estão os resultados obtidos
dessas análises feitas no plano 1 já definido.
Ao multiplicar wp por 0,1 (ver figura 4.33) verificou-se que a temperatura no interior do
tumor chegou a 49,162 °C, o que é biologicamente inconsistente como já foi dito
anteriormente. Na superfície a temperatura não sofre grande alteração em comparação
com os resultados obtidos quando foram utilizados os valores considerados adequados.
Ao analisar a figura 4.34 da simulação que utiliza o valor do fato de perfusão sanguínea
multiplicado por 0,5 verifica-se também um aumento de temperatura no tumor e nenhuma
alteração na temperatura da superfície da pele. Neste caso, a maior temperatura no interior
no tumor chega a quase 40°C, que pela tabela apresentada na introdução deste trabalho
permanecendo por durante 60 minutos também ocasionaria morte hipertérmica.
Nas figuras 4.35, 4.36 e 4.37 foram utilizados valores do fator de perfusão superiores ao
tido como referência. Os resultados obtidos nestas simulações não revelaram nenhuma
incoerência biológica levando-se em consideração os valores das temperaturas. No
entanto, já na figura 4.35 pode-se notar que a região mais quente passa a ser a tireoide e
não mais o tumor. Nas figuras 4.36 e 4.37 praticamente não foi possível notar diferenças
entre uma e outra. Pelos valores alcançados mostrados nas figuras 4.36(a) e 4.37(a) pode-
se ver que essa variação no fator de perfusão não alterou as temperaturas máximos e
mínimas nesse plano 1.
64
Resultados exibidos na figura 4.33 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo de perfusão sanguínea wp* = 0,1wp:
(a)
(b)
Fig. 4.33: (a) Campo de temperatura do plano 1 com wp multiplicado por 0,1; (b) Linhas
dos contornos das temperaturas da região.
65
Resultados exibidos na figura 4.34 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo de perfusão sanguínea wp* = 0,5wp:
(a)
(b)
Fig. 4.34: (a) Campo de temperatura do plano 1 com wp multiplicado por 0,5; (b) Linhas
dos contornos das temperaturas da região.
66
Resultados exibidos na figura 4.35 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo de perfusão sanguínea wp* = 10wp:
(a)
(b)
Fig. 4.35: (a) Campo de temperatura do plano 1 com wp multiplicado por 10; (b) Linhas
dos contornos das temperaturas da região.
67
Resultados exibidos na figura 4.36 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo de perfusão sanguínea wp* = 100wp:
(a)
(b)
Fig. 4.36: (a) Campo de temperatura do plano 1 com wp multiplicado por 100; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
68
Resultados exibidos na figura 4.37 do campo de temperatura obtido no plano 1 da
geometria com o tumor com o novo valor do termo de perfusão sanguínea wp* =1000wp:
(a)
(b)
Fig. 4.37: (a) Campo de temperatura do plano 1 com wp multiplicado por 1000; (b)
Linhas dos contornos das temperaturas da região.
69
Para melhor análise será definido o ponto xt no interior do tumor para que se possa avaliar
a variação do valor da temperatura neste nas 5 simulações. O ponto escolhido pertence ao
mesmo plano 1 e tem as coordenadas: x = 0 m; y = -0.015 m. Segue a figura 4.38 que
mostra a localização do ponto onde foram coletados os valores da temperatura.
Fig. 4.38 – Ponto xt de coordenadas (x = 0, y = -0.015) m no plano 1 selecionado para
se obter os valores da temperatura.
É mostrado na tabela 4.6 os valores das temperaturas encontradas no ponto xt nas 5
simulações.
Tabela 4.6 – Temperaturas encontradas no ponto xt nas simulações que variam o valor do
fator de perfusão sanguínea.
wp \ T Temperatura em xt [°C]
0.1wp 48.622
0.5wp 39.760
wp 38.389
10wp 37.138
100wp 37.013
1000wp 37.002
70
Analisando essa tabela pode-se notar que ao reduzir o valor do fator de perfusão
sanguínea a temperatura no interior se altera significativamente. No entanto, ao elevar o
seu valor, a temperatura no interior do tumor não se altera da mesma forma se
aproximando de 37°C, já que esta é a temperatura arterial sanguínea.
Portanto, visto que as dúvidas sobre os dados utilizados neste estudo estão presentes
somente sobre os dados do tumor, estes resultados mostram que, segundo essas condições
físicas de condições de contorno utilizadas neste estudo, não é possível a identificação da
posição de um tumor (sendo este equiparável ao modelo utilizado aqui e com uma posição
similar) pela medição da temperatura na pele, quanto menos a sua presença na região.
71
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES
O modelo estudado nesta análise permitiu a visualização do campo de temperatura no
corpo humano na região cervical com e sem a presença de um tumor na tireoide. Os
resultados mostram como o corpo se divide em um núcleo central mais quente e uma
região superficial (próxima da pele) um pouco mais fria [18]. Além disso, a simulação
mostra também como a presença de um tumor afeta as linhas de contornos de temperatura
na região.
Através da análise do problema físico deste estudo, não se pôde determinar a posição ou
diagnosticar a presença de um tumor na tireoide através da temperatura medida na pele.
Possivelmente, outras condições de contorno no modelo possibilitariam outras condições.
Além disso, é importante, a partir de novos estudos, verificar se uma configuração
diferente do modelo proposto neste trabalho (no que diz respeito ao tamanho e
posicionamento do tumor) fornece um resultado diferente daquele obtido aqui.
Apesar das dúvidas com respeito ao valor das propriedades do tumor, os resultados do
campo de temperatura foram bem consistentes mostrando uma temperatura superior,
porém não muito elevada em comparação a temperatura média do corpo humano, dentro
do nódulo. Este estudo também pode colaborar com um método para se obter ou verificar
as propriedades termo fonte de calor metabólico ou taxa de perfusão sanguínea. É
importante para isso ter os dados experimentais dos valores da temperatura ao redor do
tumor.
Para trabalhos futuros que visam a simulação térmica de incidência de feixe de raio laser
nesta região, sugere-se utilizar como condições iniciais e condições de contorno alguns
resultados do campo de temperatura que foram obtidos nesta análise, como por exemplo
a temperatura na superfície da pele. Além disso, é importante considerar partes do corpo
que foram desconsideradas aqui, pois com a incidência de raio laser é de extrema
relevância avaliar a temperatura nos tecidos saudáveis que estarão próximos a região
analisada.
72
Em suma, a equação BHTE de Pennes mostrou-se, mais uma vez, eficiente na descrição
de transferência de calor em tecidos vivos, fornecendo resultados coesos com o menor
grau de complexidade que é exigido por esta.
73
REFERÊNCIAS
[1] INCA. Instituto Nacional Do Câncer. Disponível em: www.inca.gov.br
[2] LOPES, CAROLINA FERREIRA, Problema inverso da estimativa da variação
espacial da perfusão sanguínea em problemas de biotransferência de calor, IME, Rio
de Janeiro, 2009
[3] BARBOSA, MARCOS PINOTTI e OLIVEIRA, LEANDRO S., Notas de aula para
disciplina Fenômenos de Transporte para Bioengenharia, UFMG, disponível em:
http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema890/ , 2010.
[4] VARELLA, DRÁUZIO, disponível em: http://drauziovarella.com.br/mulher-
2/cancer-de-tireoide/ , 2014.
[5] RODRIGUEZ, ALEX MIRANDA, anatomia do sistema endócrino, disponível em:
http://pt.slideshare.net/kazumialexandre/anatomia-endocrino-presentation.
[6] ZOLFAGHARIL, ALIREZA e MAEREFAT, MEHDI, Bioheat Transfer,
1Department of Mechanical Engineering, Birjand University, Birjand, 2Department of
Mechanical Engineering, Tarbiat Modares University, Tehran, Iran. 2011.
[7] PORTAL SÓ BIOLOGIA, disponível em:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/Circulacao2.php
[8] ROCHA, NEWTON DA CRUZ, Termorregulação, disponível em:
http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/termorregulacao.htm , 2005.
[9] NETO, CYRO ALBUQUERQUE, Modelo integrado dos sistemas térmico e
respiratório do corpo humanos, USP, 2010.
[10] DA SILVA, JOSÉ DUARTE, Análise computacional do dano térmico no olho
humano portador de um melanoma de coroide quando submetido à termoterapia
transpupilar a laser, Revista brasileira de Engenharia Biomédica, Volume 29, Número
1, 2013.
[11] REHER, DR. PETER, anatomia do pescoço, Especialista e Mestre em CTBMF -
UFPel-RS, Doutor (PhD) em CTBMF - University of London, UFMG, disponível em:
http://www.icb.ufmg.br/mor/mof011/pescoco.pdf
74
[12] Comentários fornecidos pelo Dr. Silvio Henrique da Cunha
[13] SOBOTTA, JOHANNES, atlas de anatomia humana, 19º edição, volume 1 –
editada por J. Staubesand.
[14] HEALTHLINE BODY MAPS, disponível em: http://www.healthline.com/human-
body-maps#1/1 , 2014.
[15] COMSOL MULTIPHYSICS, disponível em: http://www.br.comsol.com/ , 2014.
[16] ITIS FOUNDATION, disponível em: http://www.itis.ethz.ch/ , Zurique, Suíça,
2013.
[17] GHANBARI P e HAJJ M, Finite Element Analysis of Tissue Electropermeability
Through the Application of Electric Pulses, disponível em:
http://dx.doi.org/10.4172/2155-9538.1000120
[18] DE CAMARGO, MARISTELA GOMES e FURLAN, MARIA MONTSERRAT
DIAZ PEDROZA, Resposta fisiológica do corpo às temperaturas elevadas: exercício,
extremos de temperatura e doenças térmicas, 2011.
75
ANEXO A – DESENHOS
43,80
15,06
12,34
21,34
26,34
15,50
11,27
43,60
ENGENHARIA MECÂNICA
GLÂNDULA TIREOIDE
DANIEL SILVA DA CONCEIÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA - UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA
GRADUAÇÃO
ALUNO:
HÉLCIO RANGEL BARRETO ORLANDEORIENTADOR:
UFRJDEM
43,
60
121,18
12 4
3,85
34,
20
R12,50
43,85
HELCIO RANGEL BARRETO ORLANDEORIENTADOR:
DANIEL SILVA DA CONCEIÇÃOALUNO:UFRJDEM
REGIÃO CERVICAL AO REDOR DA TIREOIDE
GRADUAÇÃO
ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA - UFRJ / ESCOLA POLITÉCNICA