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Análise Automática do Discurso Júlio Leal e Íngrede Santos DMMDC/FACED/UFBA 17/09/2010 Tópico Especial: Análise de textos na produção de resultados qualitativos (EDCC 49) Professores: José Luís Michinel, Eliane Souza Referência : HENRY, Paul. Os fundamentos

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Page 1: Análise Automática do Discurso Júlio Leal e Íngrede Santos DMMDC/FACED/UFBA 17/09/2010 Tópico Especial: Análise de textos na produção de resultados qualitativos

Análise Automática do Discurso

Júlio Leal e Íngrede SantosDMMDC/FACED/UFBA

17/09/2010

Tópico Especial: Análise de textos na produção de resultados qualitativos (EDCC 49)Professores: José Luís Michinel, Eliane Souza

Referência: HENRY, Paul. Os fundamentos teóricos da “análise automática do discurso” de Michel Pêcheux (1969)

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Michel Pêcheux

- Filósofo fascinado pelas máquinas, ferramentas, instrumentos e técnicas (p. 18);

- Interessado na epistemologia e história das ciências;

- Decidido a dotar o seu campo de estudo com um instrumento científico;

- Crítico da prática filosófica tradicional.

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Análise do Discurso na Perspectiva Francesa

1. Pretende abrir uma fissura teórica e científica no campo das ciências sociais, especialmente na Psicologia Social

2. Apoia-se no materialismo histórico (Althusser e Marx) e na psicanálise (Freud e Lacan)

3. Opõe-se aos aspectos reducionistas do estruturalismo

4. Reconhece o estado da ciência social de seu tempo como pré-científico

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Análise do Discurso na Perspectiva Francesa

5. Considera a separação entre o trabalho manual e o intelectual, e o conceito marxista de contradição numa sociedade de classes

6. Concebe o objeto da ciência como resultado da ruptura necessária com uma ideologia

7. Situa-se entre o sujeito da linguagem e o da ideologia, distinguindo evidência subjetiva de evidência do sentido (p. 34)

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Argumentos, insights e proposiçõesde Pêcheux

1. As ciências estabelecidas (como a física) desenvolvem instrumentos no interior de si próprias (p. 17)

2. A invenção de um instrumento é uma “teoria realizada”

3. A transferência de um instrumento de um campo para outro implica sua “reinvenção”

4. O ajuste de um discurso/prática científico(a) a si mesmo(a) consiste na apropriação de instrumentos pela teoria

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Argumentos, insights e proposiçõesde Pêcheux

1.O instrumento da Análise Automática de Discurso (AAD) requeria uma teoria de base (p. 18), portanto,

2.A AAD não devia ser concebida como mero empréstimo tomado da Linguística (matemática, informática...)

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Principais Preocupações e Conceitosde Pêcheux

* Ligação entre o discurso e a prática política, passando pela ideologia (linguagem x ideologia)

* Esboço de uma Teoria Geral das Ideologias e uma Teoria do Discurso associada a um dispositivo operacional para a Análise do Discurso

* As evidências de que a linguagem é “transparente” e de que somos “sujeitos” constitui um “efeito ideológico elementar” (p. 30)

* Todo sujeito humano ou social só pode ser agente de uma prática social “enquanto sujeito” (Althusser)

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A LINGUAGEM

em Pêcheux

- Oculta e mascara o processo, externalizando

apenas seu produto e consequências- Não é mero instrumento de comunicação- Deve ser concebida para além do paradigma

estruturalista (p. 26-28)- Precisa rever os conceitos que lhe são

subjacentes de “Ciências Sociais” e de “sujeito”

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A LINGUAGEM

em Pêcheux

- Não é [mais] fato substituto da natureza /

estrutura humana do espírito (p. 29) enquanto princípio de explicação ou origem (Lacan, Althusser, Derrida e Foucault)

- Não designa “coisas” ou possui “significações”de maneira transparente (p. 30)

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O SUJEITO

em Pêcheux

- Não é [mais] origem, essência ou causa (como em Hegel)

- Não pode ser assumido, portanto, na perspectiva de Lacan, Derrida ou Foucault (p. 33, 34), mas segundo a ruptura de Spinoza

- Deve manter a noção de contradição de Hegel a qual é incorporada ao pensamento marxista

- É, necessariamente, o sujeito da ideologia (Althusser)

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O horizonte de PêcheuxPêcheux pretendia, em seu trabalho com a

teoria do discurso, construir uma sistematização e uma teorização do método

de Althusser (leitura de sintomas), segundo o qual os textos de um autor são confrontados entre si antes de serem referidos a qualquer

coisa exterior a eles mesmos, levando em consideração as descontinuidades, saltos, pontos de embaraços e reformulações que

aparecem no texto. (p. 31)

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O que é discurso?

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O que é o discurso?

Linguagem

Ideologia

Discurso

O “discurso” de Pêcheux não é o de Foucault. Pêcheux situa o discurso entre a linguagem e a ideologia (p. 34, 35).

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Conceito de Discurso

1. É a prática social de produção de textos.

2. Todo discurso é uma construção social, não individual, só podendo ser analisada considerando seu contexto-histórico-social, suas condições de produção;

3. Reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente vinculada à do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m).

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Conceito de Texto

1.É oproduto da atividade discursiva.

2.Objeto empírico de análise do discurso.

3.Construção sobre a qual o analista se debruça para buscar, em sua superfície, as marcas que guiam a investigação científica.

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Conclusões

1. Segundo Pêcheux, a apropriação de instrumen-tos linguísticos e informáticos implicava problemas técnicos, mas sobretudo teóricos.

2. O Sistema de AD pode ser usado tanto como instrumento [teórico-metodológico] quanto como ferramenta [empírica].

3. O sistema de Pêcheux “invadiu” as ciências sociais permitindo a formulação de questões antes impossíveis de se formular.

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Conclusões

4. Michel Pêcheux esperava (e conseguiu) que seu dispositivo/sistema se tornasse um meio de experimentação efetivo.

5. Suas formulações sobre o que é um “instrumento científico” fornece ainda hoje a base para a “nova ciência do espírito” (máquinas de Turing, computadores, redes neuronais ou neoconexionistas).

6. O discurso não se regula pela teoria da comunicação.

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Obrigado pela atenção!