anais v semeap - o cinema como experiÊncia de arte educaÇÃo na prevenÇÃo À dst/aids: ...

981
ANAIS DO EVENTO Avaliação de políticas públicas no capitalismo globalizado: para que e para quem Ana Cristina Brito Arcoverde ORGANIZADORA ISBN 978-85-415-0412-6

Upload: wladimir-farias

Post on 11-Jun-2015

867 views

Category:

Documents


63 download

DESCRIPTION

O CINEMA COMO EXPERIÊNCIA DE ARTE EDUCAÇÃO NA PREVENÇÃO À DST/AIDS: ANÁLISES DO PROJETO CINE PREVENÇÃO, RECIFE-PE, Pág. 874

TRANSCRIPT

  • 1. ANAIS DO EVENTO Avaliao de polticas pblicas no capitalismo globalizado: para que e para quem Ana Cristina Brito Arcoverde ORGANIZADORA ISBN 978-85-415-0412-6

2. Realizao Apoio Catalogao na fonte Bibliotecria Liliane Campos Gonzaga de Noronha, CRB4-1702 S471a Seminrio de Modelos e Experincias de Avaliao de Polticas, Programas e Projetos (5. : 2014 abr. 24-25 : Recife, PE). Anais do V SEMEAP Seminrio de Modelos e Experincias e Avaliao de Poltica, Programas e Projetos e do III Seminrio Internacional sobre Avaliao [recurso eletrnico] / organizadora Ana Cristina Brito Arcoverde. Recife : Ed. Universitria da UFPE, 2014. 1 CD-ROM. Vrios autores. Inclui referncias. ISBN: 978-85-415-0412-6 1. Problemas sociais Congressos e convenes. 2. Pesquisa de avaliao (Programas de ao social). 3. Planejamento poltico Avaliao. 4. Ao social. I. Seminrio Internacional sobre Avaliao (3. : 2014 abr. 24-25 : Recife, PE). II. Arcoverde, Ana Cristina Brito (Org.). 361 CDD (23.ed.) UFPE (BC2014-033) 3. Coordenao Geral Ana Cristina Brito Arcoverde Secretaria Geral Ingrid Karla da Nbrega Beserra Comisso Cientfica Ana Cristina Brito Arcoverde (UFPE) Ana Cristina de Souza Vieira (UFPE) Anita Aline Albuquerque Costa (UFPE) der Leo (UFRPE) Helena Lcia Augusto Chaves (UFPE) Lucinda Maria da Rocha Macedo (UFPE) Rosa Maria Corts de Lima (UFPE) Valdilene Pereira Viana Schmaller (UFPE) Valria Nepomuceno Teles de Mendona (UFPE) 4. Programao Visual Ildembergue Leite de Souza Equipe de Apoio Amanda Olga Simes de Franca Brbara Sabrina Pereira dos Santos Clcia Pereira da Silva Danielle Menezes de Lima Heider Victor Cabral de Moura Jennifer Maiara da Silva Barros Juliana Vasconcelos Rodrigues Jssica de Melo Borges Julianna Patrcia Vanderlei de Souza Helayne Julliane Lima dos Santos Leandro Ferreira Aguiar Mariana Vieira Alexandre de Souza Nathllya Rayanne Soares Roberto Correia Alves Rozalina da Silva Santos Stephanne Hllen Oliveira da Silva Tnia Lcia Farias Dias Thmara Cristhiane Morais e Silva Vanessa Espnola Cavalcanti Wanessa de Melo Silva Weslly Gomes do Nascimento 5. APRESENTAO com grande satisfao que o Ncleo ARCUS Aes em Rede Coordenadas no Universo Social recebe professores, pesquisadores, profissionais e estudantes de graduao e ps- graduao vindos de outros estados, de pases como Argentina, Chile e Moambique, com formao em diferentes reas do conhecimento para participar do V Seminrio de Modelos e Experincias de Avaliao de Polticas, Programas e Projetos & III Seminrio Internacional sobre Avaliao, V SEMEAP, nos dias 24 e 25 de abril de 2014, no Centro de Cincias Sociais Aplicadas CCSA da Universidade Federal de Pernambuco. A temtica central do V SEMEAP Avaliao de polticas pblicas no capitalismo globalizado: para que e para quem. Nosso objetivo problematizar e buscar respostas para o lugar ocupado pela avaliao de/nas polticas pblicas contextualizadas pelo capitalismo globalizado, pretendendo, assim, realizar o dilogo entre o sentido e/ou sua direo, ao tempo em que buscamos desvendar os usufruturios e os interesses aos quais respondem. Avaliao de polticas pblicas assume relevncia por se tratar de campo de preocupao e de trabalho, alm de produo terica e tcnica, ou mesmo de cincia aplicada, requerida em diversas reas do conhecimento, aos diferentes profissionais e reas de trabalho, sobretudo, nas Cincias Humanas e Sociais Aplicadas. Nos ltimos anos, a avaliao de polticas pblicas avana 6. no propsito de aprofundar o debate, efetuar o intercmbio intelectual e estabelecer articulaes e parcerias entre organizaes, pesquisadores, profissionais e estudiosos da temtica. Avaliao de polticas, programas e projetos ganha espao, sobretudo, na agenda pblica brasileira, como base do dilogo poltico e tcnico entre os principais responsveis e atores coletivos pela gesto da coisa pblica. Com temtica alimentada pelo contexto do capitalismo globalizado e pelas duasquesteschave,odebateseampliaeseaprofundaparaalm dos horizontes do lugar e/ou da nao, e oferece contribuio para semear a produo tcnico-cientfica, o intercmbio e a socializao do conhecimento como mvel do V SEMEAP. O V SEMEAP, especificamente, tem por objetivos reunir especialistas nacionais e internacionais (Portugal, Frana e Colmbia) para fomentar e articular o debate em torno dos conhecimentos, perspectivas tericas e metodolgicas de avaliao e sistemas de avaliao de polticas, programas e projetos, monitoramento e usos dos resultados da avaliao nas polticas pblicas, com conferncias em mesas temticas, apresentao de trabalhos orais e em psteres. O evento tambm ensejar o lanamento de livros com a produo do seminrio anterior, oferecer minicursos para reforar ou iniciar a formao de avaliadores, bem como estimular o debate, o intercmbio, a produo de conhecimentos e possibilitar rodas de dilogo. Pretende-se, ainda, consolidar o evento como espao de reflexo criado pelo ARCUS h 9 anos e apontar novas perspectivas frente aos desafios atuais encontrados no campo dos diversos tipos e usos de avaliao, alm de apresentar e buscar a articulao e a insero do Arcus 7. em redes de pesquisas nacionais e internacionais. Estes anais em meio digital contm a programao geral do evento, toda a equipe responsvel e, principalmente, os trabalhos aprovados pela comisso cientfica nas modalidades oral e em psteres, nos seguintes eixos e linhas temticas: Eixo 1: Fundamentos tericos e metodolgicos da avaliao Linha temtica 1: Perspectivas tericas e metodolgicas da avaliao de polticas pblicas. Linhatemtica2:Avaliaopolticadepolticaseprogramas sociais. Linha temtica 3: Avaliao de processo e de impactos de polticas e programas sociais. Eixo 2: Experincias de avaliao Linha temtica 4: Monitoramento e sistemas de avaliao de polticas pblicas. Linha temtica 5: Sociedade civil na avaliao de polticas pblicas. Linha temtica 6: Usos e aplicaes dos resultados da avaliao nas polticas pblicas. Acoordenaogeraleaequipeorganizadorasadamatodas/os as/os participantes e convidados/as e reitera os agradecimentos Facepe, Capes e Proext/UFPE pelo apoio recebido, assim como aos que conceberam, trabalharam, acreditaram e incentivaram mais esta realizao. Bem-vindas/os ao V SEMEAP! Coordenao Geral do V SEMEAP 8. PROGRAMAO 24 DE ABRIL MANH | ABERTURA DO EVENTO 8h Credenciamento 9h Mesa de abertura Representantes da Reitoria da UFPE, da Diretoria do CCSA/UFPE, do Programa de Ps-Graduao em Servio Social da UFPE, do Departamento de Servio Social da UFPE, da Fundao de Apoio Pesquisa do Estado de Pernambuco (FACEPE) e do ncleo Aes em Rede Coordenadas no Universo Social (ARCUS) 9h30 Conferncia de abertura O lugar da avaliao de polticas pblicas no capitalismo globalizado Coordenador Prof. Dr. Paulo Henrique Martins UFPE Conferencistas Prof. Dr. Paul Cary Universit Lille 3 (Frana) Prof. Dr. Dilvo Ilvo Ristoff UFSC Prof. Dr. Lincoln Moraes de Souza UFRN Debatedora Profa. Dra. Carmen Cavaco Universidade de Lisboa (Portugal) 11h Debate 12h Lanamento de livros publicados pelo ARCUS TARDE | MINICURSOS 14h-17h Minicurso 1: Metodologias de avaliao Ministrante: Prof. Dr. Alcides Fernando Gussi UFC Minicurso 2: Pesquisa avaliativa e projetos de avaliao Ministrante: Profa. Dra. Helena Lcia Augusto Chaves UFPE Minicurso 3: Avaliao de polticas pblicas e meio ambiente Ministrante: Profa. Dra. Vitria Rgia Fernandes Gehlen UFPE Minicurso 4: Perspectivas tericas e metodolgicas de avaliao Ministrante: Profa. Dra. Maria Ozanira da Silva e Silva UFMA 9. 25 DE ABRIL MANH | APRESENTAO DE TRABALHOS 8h-12h EIXO 1: Fundamentos tericos e metodolgicos da avaliao Linha 1: Perspectivas tericas e metodolgicas de avaliao de polticas pblicas Linha 2: Avaliao poltica de polticas e programas sociais Linha 3: Avaliao de processo e de impactos de polticas e programas sociais EIXO 2: Experincias de avaliao Linha 4: Monitoramento e sistemas de avaliao de polticas pblicas Linha 5: Sociedade civil na avaliao de polticas pblicas Linha 6: Usos e aplicaes dos resultados da avaliao nas polticas pblicas TARDE | ENCERRAMENTO DO EVENTO 14h Conferncia de encerramento Avaliao de polticas pblicas no capitalismo globalizado: para que e para quem Coordenadora Profa. Ana Cristina Brito Arcoverde UFPE Conferencistas Profa. Dra. Ivanete Boschetti UnB Prof. Dr. Jose Roberto Alvarez Universidad Pontificia Bolivariana (Colmbia) Prof. Dr. Casimiro M. Marques Balsa Universidade Nova de Lisboa (Portugal) Debatedora Profa. Dra. Helena Lcia Augusto Chaves UFPE 18h Confraternizao e apresentao cultural 10. EIXO 01: Fundamentos tericos e metodolgicos da avaliao CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0101 Josimeire de Omena Leite A importncia da avaliao poltica do Programa Nacional de Assistncia Estudantil nas instituies federais de ensino superior brasileiras T0102 Maria do Perptuo Socorro R. Sousa Severino Lincoln Moraes de Souza Programa Incluir: esboo de uma avaliao de processo T0103 Maria Christina de Medeiros Nunes Avaliao da eficcia do Programa de Incentivo Acadmico na Universidade Federal de Pernambuco BIA/UFPE T0104 Thacyana Karla de Arajo Ferreira Maria do Socorro Ferreira Osterne Avaliar rima com participar? Reflexes conceituais sobre os desafios e as possibilidades de implementar a avaliao participativa nos Centros de Referncia da Assistncia Social (CRAS) T0105 Laudicena M Pereira Barreto Flvia da Silva Clemente Breve anlise acerca da avaliao realizada pelo Tribunal de Contas da Unio (TCU) sobre o Provita T0106 Jocia Gouveia de Sousa Andr Simes de Albuquerque Jos Carlos Arajo Amarante Ana Paula Lopes de Souza Consideraes sobre a poltica nacional de desenvolvimento territorial rural T0107 Flvia da Silva Clemente Maria Luiza Lopes Timteo de Lima Renise Peixoto Oliveira Roberto Correia Alves Avaliao do Programa de Ateno Sade da Pessoa Idosa da USF do bairro Joo Paulo II em Camaragibe-PE T0108 Elisa Celina Alcntara Carvalho Melo Isabela Larissa da Silva Novaes Leonidas Leal da Silva Avaliao do processo de redesenho do Programa de Erradicao do Trabalho Infantil em Pernambuco T0109 Antonio Marcos da Conceio Uchoa Mrcio Adriano de Azevedo Marcos Torres Carneiro Avaliao de impacto do Proeja no IF serto PE TRABALHOS APROVADOS 11. CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0110 Marcelo Teles de Mendona A pesquisa avaliativa e a incorporao do princpio da intersetorialidade pelas polticas pblicas T0111 Mrcio Adriano de Azevedo Lenina Lopes L. Silva Marcos Torres Carneiro Antnio Marcos da Conceio Uchoa Ensaios sobre a avaliao de polticas pblicas em educao: limites e horizontes T0112 Gildo Ribeiro de Santana Roberta de Albuquerque Bento Implicaes socioeconmicas do Programa de Aquisio de Alimentos (PAA) nos seguimentos: agricultura familiar e rede socioassistencial de proteo em Vitria de Santo AntoPE T0113 Andrea Costa Alexandre Wllace Ramos Pereira Sidnia Maia de Oliveira Rego Sandra de Souza Paiva Holanda Avaliao da poltica de atendimento da previdncia social brasileira por meio do modelo 5 GAPs e a escala SERVQUAL: um estudo de caso T0114 Clara Martins do Nascimento Adilson Aquino Silveira Jnior A contribuio do pensamento educacional de Florestan Fernandes para as pesquisas avaliativas do ensino superior T0115 Silmara Cssia Barbosa Melo Polticas educacionais: a formao docente no Brasil entre compromissos, planos e pactos T0116 Flvia Augusta Santos de Melo Lopes Ferdinando Santos de Melo Gesto, participao e controle social: breves notas sobre a poltica de assistncia social em Sergipe T0117 Maria das Vitrias Ferreira da Rocha Lincoln Moraes de Souza Avaliao de poltica pblica: o Proinfo e sua gesto no municpio de Parnamirim-RN (2009-2012) T0118 Carla Mousinho Ferreira Lucena Ana Paula Rocha de Sales Miranda Patrcia Barreto Cavalcanti Pablo Leonid Carneiro Lucena Avaliao do processo de implementao do Programa de Residncia Multiprofissional em Sade no Hospital Universitrio Lauro Wanderley T0119 Dayane Gomes Lincoln Moraes de Souza Indcios terico-metodolgicos para uma avaliao institucional T0120 Joselya Claudino de A. Vieira Ana Cristina Brito Arcoverde Pesquisa avaliativa e construo da esfera pblica no Brasil T0121 Joselya Claudino de A. Vieira Ana Cristina Brito Arcoverde Bases terico-conceituais e metodolgicas para a avaliao da educao profissional e tecnolgica T0122 Michele Alexandra Fachini Csar Aparecido Nunes A sexualidade de crianas e adolescentes vivendo com HIV: matrizes histricas e filosficas de polticas pblicas de educao e sade 12. CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0123 Karolinne Krzia da Silva Ferreira Maria Adriana da Silva Torres Configurao dos programas de transferncias condicionadas de renda na Amrica Latina: bono de desarollo humano T0124 Raul da Fonseca Silva Th Janainna Edwiges de Oliveira Pereira Alcides Fernando Gussi Experincias metodolgicas de avaliao: usos da noo de trajetria em polticas pblicas T0125 Rosiglay Cavalcante de Vasconcelos Tarcsio Augusto Alves da Silva Poltica de desenvolvimento territorial rural e os limites do Programa Territrios da Cidadania e Habitao Rural na Mata sul de Pernambuco T0126 Ticiane Gonalves Sousa de Melo Dante Henrique Moura A reforma do Estado e os princpios privatizantes nas polticas de expanso da educao profissional brasileira T0127 Carla Mousinho Ferreira Lucena Ana Paula Rocha de Sales Miranda Pablo Leonid Carneiro Lucena Patrcia Barreto Cavalcanti Avaliao do processo formativo por intermdio da residncia multiprofissional: estudo de caso no Hospital Universitrio Lauro Wanderley T0128 Carmem Dolores Alves Marilia Teixeira Miranda Silva Avaliao da poltica de promoo da igualdade racial nas escolas municipais do Recife: um campo em construo T0129 Alcides Fernando Gussi Avaliao de polticas pblicas sob uma perspectiva etnogrfica T0130 Rasa Gomes Cardoso Gessyana Alencar Bezerra Wanda Griep Hirai A atuao do assistente social junto a uma equipe multiprofissional de sade T0131 Cibele Maria Lima Rodrigues Lara Rodrigues Viana Marcela Natlia Lima A abordagem do ciclo de polticas em questo T0132 Las Lopes Alves Wanda Griep Hirai A prtica profissional do assistente social diante da fragmentao das polticas pblicas no contexto contemporneo T0133 Martha Daniella Tenrio de Oliveira Avaliao da implantao do curso de servio social no interior do Estado de Alagoas T0134 Helena Lcia Augusto Chaves Estado, poltica social e governana na Amrica Latina: avaliao de programas sociais no mbito do Mercosul T0135 Danielle Karina Santos Oliveira Pedrosa Soares Renata Maia de Lima Avaliao do programa Pernambuco Conduz caminhos para a acessibilidade do governo do Estado de Pernambuco 13. CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0136 Niedja de Lima Silva Maria do Socorro Machado Freire Victor Hugo Arajo Montenegro de Lucena Mtodo Bambu: planejamento e avaliao no interior de um projeto de extenso T0137 Bruna de Lima Pereira do Nascimento Ana Cristina Brito Arcoverde Capitalismo globalizado, pobreza e incluso produtiva: avaliao de processo do Programa Pernambuco no Batente T0138 Fagner Moura da Costa Roberto Luiz do Nascimento Macedo Vanessa de Frana Uma avaliao do nvel de insero de cooperativas em polticas pblicas EIXO 02: Experincias de avaliao CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0201 Darcon Sousa A abdicao do Estado: os sentidos e os conflitos do processo de terceirizao da sade pblica na Paraba T0202 Ana Lucia Fontes de Souza Vasconcelos Jaianne Rodrigues de Albuquerque Glauce Keli Oliveira da Cruz Gouveia Luciana Brito Monteiro Perfil dos coordenadores da educao integral de Pernambuco: gesto poltico-pedaggica dos recursos pblicos T0203 Suzana Pinho Lima Machado Elza Maria Franco Braga Monitoramento da poltica de assistncia social: o caso da atuao dos governos estaduais T0204 Maria Aparecida Ramos da Silva A avaliao do Proinfo pela percepo dos professores de escolas pblicas em Natal/RN T0205 Aglailton da Silva Bezerra As condicionalidades do Programa Bolsa Famlia e suas repercusses: uma anlise no territrio de abrangncia do CRAS Parque So Joo T0206 Tatiana Silva de Lima Vernica Soares Avaliao da qualidade da gesto escolar: uma anlise referenciada a partir de premiaes T0207 William Gledson e Silva Lincoln Moraes de Souza Pmela Zaires Souza Viana Lus Abel da Silva Filho Novas regras para o emprego domstico: uma anlise a partir da avaliao de polticas pblicas e a teoria institucionalista T0208 Daniela Gomes Alcoforado Elidomar da Silva Alcoforado Joo Maurcio Malta Cavalcante Filho Monitoramento das polticas de transparncia pblica do Brasil a partir de uma anlise nos municpios pernambucanos 14. CDIGO AUTORIA TTULO DO TRABALHO T0209 Janete Lima de Castro Lenina Lopes Soares Silva Jorge Luiz de Castro Andririo Lopes Pereira Sobrinho Avaliao das mesas de negociao do trabalho nas regies Nordeste e Sul do Brasil T0210 Francisca Suerda Soares de Oliveira Joo Matos Filho Avaliando o desempenho do Pronaf no Estado do Rio Grande do Norte (1999-2012) T0211 Laura Monteiro de Castro Moreira Alisson Maciel de Faria Marques Maria Letcia Duarte Campos Marina Mendona de Oliveira Financiamento da sade e resultados assistenciais: uma avaliao do desempenho dos municpios mineiros T0212 Wladimir Farias Tenrio Filho Felipe Machado de Moraes O cinema como experincia de arte educao na preveno DST/AIDS: anlises do Projeto Cine Preveno, Recife-PE T0213 Cleide Maria Batista Rodrigues Mirella de Lucena Mota O controle social na construo das polticas pblicas: a experincia do Conselho Gestor do CAPS Jos Carlos Souto na avaliao da poltica de sade mental T0214 Maria Madalena Pessoa Dias Carmen Lcia de Arajo Meireles Maria de Ftima Melo do Nascimento Monitoramento e avaliao da poltica de assistncia social na Paraba T0215 Valeria Nepomuceno Teles de Mendona Avaliao externa do Projeto Integrao Social e Preveno Violncia do Grupo AdoleScER sade, educao e cidadania T0216 Waleska Ramalho Ribeiro Francisca das Chagas Fernandes Vieira Almira Almeida Cavalcante Marinalva de Sousa Conserva A poltica de assistncia social: anlise das redes intersetoriais nos territrios da proteo social bsica da cidade de Joo Pessoa T0217 Ana Cndida Aires Ribeiro Marinalva de Sousa Conserva Patrcia Larrissa de Lima Oliveira A gesto da assistncia social: uma investigao terica sobre controle social nos municpios 15. EIXO 1 Fundamentos tericos e metodolgicos da avaliao 16. | 16 | A IMPORTNCIA DA AVALIAO POLTICA DO PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTNCIA ESTUDANTIL NAS INSTITUIES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS Josimeire de Omena Leite1 Resumo O texto trata sobre a Avaliao Poltica do Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES. Visa, a partir de reviso bibliogrfica, discutir a importncia da avaliao poltica deste programa de governo nas Instituies Federais de Ensino Superior brasileiras, na atual conjuntura. Discorre sobre o conceito de avaliao, demonstrando que esta inclui uma dimenso tcnica, metodolgica, terica e poltica, sendo tambm uma ao que produz conhecimento. Assevera que a avaliao poltica do PNAES trar ricos subsdios para que se apreenda a dinmica e toda a complexidade do desenvolvimento deste programa. Chama a ateno para o necessrio exame do carter poltico do processo decisrio que resultou na adoo desse programa, a razo da escolha, seus valores e critrios polticos, julgando-se, a partir da, sua contribuio para o pblico-alvo. Palavras-Chave: Avaliao; Avaliao poltica de polticas e programas sociais; Programa Nacional de Assistncia Estudantil. 1 Universidade Federal de Alagoas. T0101 17. | 17 | Introduo O ponto de partida deste estudo a observao de que a expanso da assistncia ao estudante universitrio teve como marco a produo do Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES na gesto do ento Presidente da Repblica Lus Incio Lula da Silva, em julho de 2010. A partir de ento, vem sendo implementado nas Instituies Federais de Ensino Superior brasileiras. Este artigo intenta demonstrar que o referido programa, alm de ser formatado numa conjuntura na qual o Banco Mundial refora o papel da educao como uma importante estratgia de reduo da pobreza e como fator de mobilidade social, fundamenta-se em alguns princpios como igualdade, democratizao, justia social e equidade. Tambm aborda a assistncia ao estudante universitrio, materializada no PNAES e fundamentada em tais princpios, em um contexto no qual o bloco ideolgico novo desenvolvimentista afirma que o Brasil vive uma etapa do desenvolvimento capitalista que conjuga crescimento econmico e justia social. Esta reflexo, entendendo a pesquisa avaliativa como parte constitutiva do processo das polticas pblicas e, sobretudo, como uma modalidade de pesquisa social aplicada, destaca alguns aspectos conceituais e aponta os principais tipos de avaliao. Atravs de uma reviso de literatura sobre o tema avaliao, tambm explicita os conceitos que considera fundamental para um estudo nessa linha, precisamente o conceito de avaliao poltica, ganhando centralidade a avaliao poltica de polticas e programas sociais. Assim, tendo como foco a importncia da avaliao poltica do Programa Nacional de Assistncia Estudantil, este estudo busca responder seguinte indagao: para qu avaliar o PNAES? 18. | 18 | A terceira via: o novo projeto de restaurao da ordem do capital Nos anos de 1970 iniciou-se um processo de crise no interior do prprio capitalismo, fortalecendo a doutrina neoliberal e favorecendo a mundializao do capital com seus elevados ganhos financeiros e suas danosas consequncias no tocante ao aprofundamento das desigualdades sociais. consensual entre os autores da tradio marxista que, no contexto da hegemonia neoliberal dos anos 1980, os planos de ajuste estrutural protagonizados pelo Fundo Monetrio Internacional FMI e pelo Banco Mundial foram sendo efetivados em conformidade com a correlao de foras de cada um dos pases. No entanto, o bloco histrico neoliberal provocou uma profunda regresso social para a populao mundial, pois os resultados prometidos2 s populaes no foram alcanados. Tanto que as taxas de crescimento econmico continuaram estagnadas, o desemprego cresceu, os empregos gerados foram de baixa qualificao e, principalmente, os ndices de pobreza e desigualdade aumentaram (CASTELO, 2011, p. 246). Foi a partir de meados dos anos 1990 e na virada para o sculo XXI que fortes tenses, geradas por foras sociais antiglobalizantes ou que se contrapunham abertamente ao neoliberalismo, ganharam fora e expresso. Castelo (2011) observa que as crises financeiras em vrios pases, as resistncias antissistmicas e a preocupao de que tais mobilizaes colocassem em risco as bases de governabilidade levaram os intelectuais 2 Ao debruar-se sobre as crticas do economista estadunidense Stiglitz s polticas do Consenso de Washington, Castelo identifica a expresso economia de cascata e enfatiza que, para os fundadores de Mont Pelrin, que defendiam o estmulo ao desenvolvimento das economias capitalistas, [...] em algum momento, os mecanismos impessoais do mercado fariam a riqueza transbordar automaticamente para os segmentos mais populares, como uma economia de cascata [...] (2011, p. 250). 19. | 19 | orgnicos do capital a fazer uma reviso de suas posies polticas e ideolgicas devido ao recrudescimento da pobreza e da desigualdade social. Para o supramencionado autor, a resultante desse processo foi [...] a criao do social-liberalismo, variante ideolgica do neoliberalismo que surgiu para recompor o bloco histrico neoliberal dos pequenos abalos sofridos pelo capitalismo (2011, p. 8). Nessa direo, Lima e Martins enfatizam que, em meados dos anos 90, estruturou-se um projeto como alternativa aos efeitos negativos do neoliberalismo e das insuficincias da social-democracia europia. Este projeto apresentava uma nova agenda poltico-econmica para o mundo, nos limites do capitalismo, configurando-se como um importante instrumento de ao da nova pedagogia da hegemonia. Em suas palavras: [...]denominadodeterceiravia[...]novaesquerda,novasocial democracia [...] esse projeto direcionado, principalmente, s foras sociais de centro-esquerda que chegaram ao poder nos ltimos anos do sculo XX [...] parte das questes centrais do neoliberalismo para refin-lo e torn-lo mais compatvel com sua prpria base e princpios constitutivos [...]. (2005, p. 43). Paraosautores,aTerceiraVia,enquantoumprojetonomeadodesocial- liberalismo, uma conceituao que expressa de forma clara a retomada envernizada do projeto burgus, conservando-se as premissas bsicas do neoliberalismo e associando-as aos elementos centrais do reformismo social-democrata (2005). nesse contexto que a crtica passa a recair sobre os capitalistas maus e desonestos, denominados de especuladores irresponsveis, e a defesa incide sobre o capitalismo srio, real, produtivo, democrtico e redistributivo (MOTA, 2010). Para a autora, tal discurso revela (...) um novo projeto de restaurao da ordem do capital, agora legitimado e conduzido por novos protagonistas: os governos de centro- esquerda latino-americanos (IDEM, p. 19), ganhando destaque o governo 20. | 20 | brasileiro Lula da Silva como um dos protagonistas da ideologia que faz a apologia do novo desenvolvimentismo, baseado no equilbrio econmico com desenvolvimento social. Segundo Castelo, de 2003 a 2006, o governo Lula teria aceitado sem maiores contestaes as polticas neoliberais e, a partir de 2007-8, teria voltado ao projeto original do novo-desenvolvimentismo (2012, p. 626). Os economistas e idelogos, em defesa desse projeto, [...] apostam em uma estratgia de desenvolvimento que compatibilize altas taxas de crescimento econmico com a equidade social. Para isso, propem medidas de polticas macroeconmicasassociadasaprogramassociaisdepromoodeigualdade de oportunidades e reformas nos sistemas financeiros, educacionais e de inovao tecnolgica (IDEM). exatamente nesse perodo que se d a to propalada expanso da assistncia aos estudantes nas IFES brasileiras. Com esta, a assistncia ao estudante universitrio nas IES pblicas deixa de ficar merc da vontade poltica e da sensibilidade dos reitores3 e passa, na segunda gesto do governo Lula, a ser centralizada pelo Estado. A produo do Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES no governo Lula da Silva nessa conjuntura scio-histrica, em que ganha flego o chamado neodesenvolvimentismo e os intelectuais orgnicos do capital reafirmam, falaciosamente, que ocorre uma interrupo da hegemonia das polticas neoliberais (POCHMANN, 2010, p. 41), que se propaga uma aparente preocupao, durante o governo Lula da Silva, em democratizar o acesso e a permanncia nas universidades pblicas federais, para se criar a to 3 Em toda a dcada de 90, do sculo XX, tornou-se visvel e preocupante a inexistncia de recursos em nvel nacional para a manuteno da assistncia estudantil no espao universitrio. Os cortes nos gastos pblicos efetivados pelo governo federal resultaram na falta de manuteno de programas essenciais, como os de moradia estudantil e de restaurantes universitrios. 21. | 21 | almejada igualdade de condies de acesso e permanncia na escola (BRASIL, 1988). Vale ressaltar que a expanso da assistncia ao estudante universitrio deu-se concomitantemente ao processo de expanso e reestruturao das IFESbrasileiras.Emabrilde2007,aassistnciaaoestudanteuniversitriofoi contemplada no primeiro artigo do REUNI. Em dezembro do mesmo ano, na sombra do REUNI, o governo instituiu, atravs da Portaria Normativa n. 39 do MEC, o Programa Nacional de Assistncia Estudantil (PNAES), a ser implementado a partir de 2008, cujas despesas seriam arcadas pelas dotaes oramentrias do Ministrio da Educao (MEC), responsvel pela descentralizao dos recursos. Em 19 de julho de 2010, o PNAES, que era uma portaria do MEC, foi transformado no decreto presidencial n. 7.234, de 19 de julho de 2010, consolidando-se como programa de governo. Cabe assinalar que o referido programa formatado numa conjuntura na qual o Banco Mundial refora o papel da educao como uma importante estratgia de reduo da pobreza e como fator de mobilidade social. No perodo 2007 a 2010, delineia-se uma srie de mudanas no mbito das universidades pblicas federais que se caracteriza como uma contrarreforma do ensino superior. nesse cenrio que o governo federal comea, gradativamente, a liberar recursos para a assistncia ao estudante nas IFES brasileiras. Segundo dados do FONAPRACE (2012), o governo federal liberou R$ 125,3 milhes em 2008, ano em que se inicia o programa, e gradativamente aumentou tais recursos, chegando, em 2012, a distribuir R$ 504 milhes para a assistncia ao estudante nas IFES brasileiras. Tal oramento repassado s universidades federais atravs do Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES para a promoo de aes nas seguintes reas: moradia estudantil; alimentao; transporte; ateno sade; incluso digital; cultura;esporte; creche; apoio pedaggico; e acesso, participao e aprendizagem de estudantes com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotao. 22. | 22 | Ao consultar o decreto presidencial n. 7.234, de 19 de julho de 2010, verifica-se que o PNAES objetiva democratizar as condies de permanncia dos jovens na educao superior pblica federal e que sero atendidos, no mbito desse programa, prioritariamente estudantes provenientes da rede pblica de educao bsica ou com renda familiar per capita de at um salrio mnimo e meio (art. 5). Tal decreto diz, em seu artigo 7o , que os recursos para o PNAES sero repassados s IFES; estas devero efetivar as aes de assistncia estudantil. Em seu art. 6o , o decreto que aprova o PNAES estabelece que as IFES prestaro todas as informaes concernentes implementao desse programa, atendendo solicitao do Ministrio da Educao. Entende-se que tal processo implica a avaliao deste programa, e isso leva seguinte indagao: o que avaliar e para que avaliar o PNAES? O Programa Nacional de Assistncia Estudantil (PNAES): para que avaliar? Vrios autores, entre eles Silva (2001), convergem ao afirmar que avaliar um processo de anlise que admite a emisso de um juzo de valor sobre os resultados e o mrito de uma determinada ao. Tal processo viabiliza a verificao dos objetivos propostos, precisamente, se foram alcanados e se foram essenciais para alterar as condies iniciais de uma determinada situao. Para a referida autora (2001), a avaliao no se configura como um ato neutro, exterior s relaes de poder, mas se delineia como um ato eminentemente poltico que faz parte do contexto de um programa pblico, demandando uma postura de objetividade e tambm de interdependncia. No tocante s polticas pblicas, Arcoverde (2009) afirma: [...] so os mtodos e tcnicas da pesquisa social que daro sentido busca de subsdios para afirmar a contribuio ou no destas para a melhoria das condies de vida da populao em geral e para a interveno do Estado na 23. | 23 | realizao da res publica. (p. 3). Essa autora assevera que a avaliao inclui uma dimenso tcnica e metodolgica, terica e poltica, sendo tambm entendida como uma ao que produz conhecimento. Nos estudos de Lima (2010), verifica-se que uma boa avaliao fundamentalmente implica emitir um juzo de valor a partir de informaes referentes ao contedo, desenvolvimento e/ou resultados de um programa. Para a autora, esse julgamento deve se alicerar em princpios ticos, polticos, tericos e ideolgicos nos quais se fundamenta o avaliador, e que avaliar no um ato neutro, e tampouco isento s relaes de poder. Ressalta ainda que uma boa e completa avaliao no apenas julga, mas julga e explica, no sendo suficiente que [...] a pesquisa avaliativa identifique se um determinado programa atende a determinados padres de eficincia, eficcia e efetividade. Mas, atendendo ao atributo de qualquer investigao cientfica, ela deve tambm explicar as razes do xito ou fracasso de uma ao voltada para produzir mudanas na realidade sobre a qual intervm (2010, p. 56). Em meados dos anos 80, Figueiredo e Figueiredo (1986) j observavam queodesenvolvimentodasubreadeavaliaodepolticasvinhaocorrendo por um vis neutralista. que se estudava a eficcia das polticas, rejeitando-se [...] a avaliao poltica dos princpios que os fundamentam e, em decorrncia, o seu prprio contedo substantivo (p. 107). Como consequncia, havia uma compreenso de que o processo de avaliao era a anlise do programa ou poltica visando o alcance de metas, custo, processos ou efeitos colaterais desejveis ou indesejveis que apontavam novas formas de ao mais eficazes (IDEM). Os estudos de Lima (2010) contribuem para uma melhor compreenso desse fenmeno. Para a autora, por se tratar de uma modalidade de pesquisa socialaplicada,apesquisaavaliativaempregaosmtodosetcnicasprprios 24. | 24 | da pesquisa social, prevalecendo dois enfoques: o mtodo funcionalista clssico e o mtodo histrico-dialtico. Omtodofuncionalistaclssico,arraigadonamatrizpositivista,exerceu uma forte influncia na pesquisa avaliativa desde o seu surgimento at os anos 1980. A supracitada autora (2010) observa que tal mtodo, assinalado por uma tradio tecnocrtica e por uma perspectiva quantitativista e ligada ao aspecto comportamental, contempla a mensurao de resultados a partir de objetivos predefinidos, desprezando os aspectos polticos constantes da formulao e implementao de polticas pblicas, ficando alheio ao contexto no qual tais polticas se alargam. Lima afirma que s a partir dos anos 1990 observa-se uma tendncia de ultrapassagem do vis positivista em direo a abordagens mais abrangentes que valorizam a articulao de metodologias quantitativas e qualitativas, assim como a considerao das variveis contextuais e dos aspectos polticos que permeiam o processo das polticas pblicas, inclusive o prprio processo de avaliao (2010, p. 58). A autora diz que, nessa perspectiva, a pesquisa avaliativa cumpre, concomitantemente, as funes tcnica, poltica e acadmica: [...] A primeira, na medida em que fornece subsdios para a correodedesviosnodecorrerdoprocessodeimplementao de um programa, contribuindo para o redirecionamento das aes; a segunda, ao tempo que oferece informaes aos diferentes sujeitos sociais, instrumentalizando-os em suas lutas em prol de um maior controle das polticas pblicas; a terceira, no sentido de desvendar determinaes e contradies presentes no contedo e no processo das polticas pblicas e de julgar e explicar todas as relaes entre os seus componentes, contribuindo, assim, para a produo do conhecimento cientfico (2010, p. 56). 25. | 25 | Quanto ao objeto, as avaliaes diferenciam-se nos seguintes tipos: Avaliao Poltica da Poltica, Avaliao de Processo, Avaliao de Resultados ou Impactos, Avaliao Compreensiva e Meta-avaliao (LIMA, 2010)4 . Elegendo como foco o conceito de avaliao poltica de polticas e programas sociais, esta reflexo ser embasada nos estudos de Figueiredo e Figueiredo (1986), Arretche (2002), Arcoverde (2009) e Lima (2010). Para uma compreenso do que seja este tipo de avaliao, torna-se fundamental, a princpio, o entendimento do que avaliao poltica. Para Figueiredo e Figueiredo (1986), esta a anlise e elucidao do critrio ou critrios que fundamentam determinada poltica: as razes que a tomam prefervel a qualquer outra. [...] Estas razes tm de ser relevantes, ou seja, devem estar referidas a princpios cuja realizao ir, presumivelmente, contribuir para uma desejvel quantidade e distribuio de bem-estar (p. 108). Quanto ao conceito de avaliao poltica da poltica, Lima entende que esse tipo de avaliao consiste em emitir um julgamento sobre o programa em relao sua concepo e desenho. Realiza isso [...] enfocando a sua pertinncia ante a realidade que pretende modificar, a coerncia interna dos seus elementos constitutivos, bem como os princpios de ordem poltica, econmica e sociocultural que o fundamentam, tendo como principal objetivo antecipar a potencialidade de sucesso ou fracasso de um determinado modelo de interveno social (LIMA, 2010, p. 57). 4 Segundo Lima (2010, p. 57), a Avaliao de Processo julga em que medida o programa implementado conforme as diretrizes preestabelecidas e qual a relao custo-benefcio. Analisa at que ponto os meios utilizados esto adequados aos fins propostos, visando detectar os fatores que, no decorrer da implementao, facilitam ou impedem que um dado programa cumpra os seus objetivos. Quanto Avaliao de Resultados ou Impactos, esta observa o grau e a qualidade do alcance dos objetivos do programa, noutras palavras, em que medida este gerou mudanas significativas, positivas ou negativas, na realidade que sofreu interveno. No que se refere Avaliao Compreensiva, esta articula todos os aspectos ressaltados nas modalidades anteriores, levando em conta as variveis contextuais. Visa explicar as determinaes dos xitos ou fracassos de um determinado programa. Quanto Meta-avaliao, esta consiste na avaliao da prpria avaliao, visando ao refinamento da pesquisa avaliativa em termos de sua validade, credibilidade e relevncia. 26. | 26 | Diante da sua importncia, os princpios que fundamentam um programa, tendo em vista sua vinculao com o bem-estar humano, so sempre objeto de argumentao poltica e sua anlise serve de base no s para a avaliao sistemtica da poltica, como tambm para o uso (poltico) da avaliao (FIGUEIREDO e FIGUEIREDO, 1986, p. 108). Para os referidos autores, osimples enunciado dessesprincpiossugere a necessidade de uma avaliao mais ampla, que sirva de base a futuras decises polticas, advertindo que esta no deve se perder na simples anlise conceitual dos princpios que aliceram a formulao da poltica. Pelo contrrio, reconhecendo o consenso social existente em relao aos princpios contemplados no plano de prioridades, deve voltar-se para a questo da compatibilidade interna entre esses princpios e da consistncia deles com os mecanismos institucionais previstos (1986, p. 109). Essapreocupaosejustificaquandosepercebeaimplementaocomo um campo de incertezas (ARRETCHE, 2002). Segundo a autora, [...] a implementao modifica o desenho original das polticas, pois esta ocorre em um ambiente caracterizado por contnua mutao e, mais que isto, os implementadores que fazem a poltica e a fazem segundo suas prprias referncias (2002, p. 9-10). Em face dessas circunstncias, ela enfatiza a importncia de se investigar a autonomia decisria dos implementadores, suas condies de trabalho e suas disposies em relao poltica sob avaliao (IDEM). As questes apresentadas pelos supramencionados autores trazem ricos elementos para uma reflexo sobre a poltica de assistncia ao estudante universitrio, especificamente sobre o Programa Nacional de Assistncia Estudantil, quando se busca responder seguinte indagao: para que avaliar o PNAES? Em primeiro lugar, importante a avaliao poltica do PNAES, visto queesteganhaformaeexpressonombitodapolticadeeducaosuperior formatada no governo Lula, tornando-se fulcral o entendimento de que esta constitui um campo de lutas, sendo historicamente determinada. 27. | 27 | Melhor explicitando, a assistncia ao estudante no mbito do ensino superior pblico brasileiro delineou-se em meio s reformas de tendncias neoliberais como uma arena, um palco de debates e lutas em prol da positivao da assistncia estudantil. Assim, pois, entende-se que a expanso da assistncia ao estudante universitrio no mera concesso do Estado, mas sim fruto da luta histrica das entidades representativas do movimento estudantil (Unio Nacional dos Estudantes UNE e Secretaria Nacional de Casas dos Estudantes SENCE), incluindo-se, nesse cenrio, a luta do FONAPRACE (Frum Nacional de Pr-Reitores de Assuntos Comunitrios e Estudantis). Este, por sua vez, responsvel pela realizao de trs grandes pesquisas a primeira no perodo de 1996 a 1997, a segunda de 2003 a 2004 e a terceira em 2010 que traaram o perfil socioeconmico e cultural dos estudantes de graduao das IFES brasileiras, bem como pela elaborao do Plano Nacional de Assistncia Estudantil, aprovado em 2007 pela Associao Nacional dos Dirigentes das Instituies ANDIFES. Nessa direo, a avaliao poltica desse programa deve destacar os critrios e as razes da escolha deste, julgando-se a sua contribuio para o pblico-alvo, ou seja, os estudantes em situao de vulnerabilidade social que lutam pelo direito de acesso e permanncia no ensino superior pblico federal. Segundo, a avaliao poltica do PNAES trar ricos subsdios para que se apreenda a dinmica e toda a complexidade do desenvolvimento desse programa, situando-o no contexto socioeconmico, ideopoltico, cultural e institucional em que se insere. Terceiro, devem-se considerar, na avaliao, os diferentes atores e interesses envolvidos nos processos de elaborao, implementao e desenvolvimento desse programa nas IFES brasileiras, sobretudo as contradies e conflitos presentes, pois estes impulsionaro as mudanas que se fizerem necessrias. 28. | 28 | Vale, ainda, ressaltar a importncia da articulao das dimenses tcnica e poltica da avaliao (LIMA, 2010; ARCOVERDE, 2009), que, ao atriburem sentidos, subsidiaro as decises e aes concretas. Portanto, inegvel a importncia de que, na atual conjuntura, sejam desenvolvidos estudos que examinem a implementao e o desenvolvimento do PNAES nas IFES, avaliando-se sua efetividade, sua eficcia e eficincia, visto que a probidade, competncia e eficincia no uso de recursos publicamente apropriados constituem, em regimes democrticos, uma das condies para a confiana pblica no Estado e nas instituies democrticas (ARRETCHE, 1998, p. 7). Alm do mais, as avaliaes tecnicamente benfeitas permitiro que se verifique a cobertura desse programa, a forma de utilizao de seus recursos financeiros e a qualidade dos servios prestados aos usurios. Tambm fundamental a sistematizao, ampliao e valorizao da anlise crtica do PNAES (avaliao poltica do programa), examinando- se o carter poltico do processo decisrio. Isso implica a adoo desse programa de governo a razo da escolha, seus valores e critrios polticos , julgando-se, a partir da, sua contribuio para o pblico-alvo. Em seus estudos, Lima chama a ateno para um aspecto relevante no que tange aos requisitos da pesquisa avaliativa: que sejam divulgados os resultados da avaliao, [...] numa perspectiva de democratizao, de maior controle social sobre as polticas pblicas [...]. (2010, p. 59). Indubitavelmente, essa forma de avaliar levar identificao dos pressupostos e fundamentos polticos de um determinado curso de ao pblica e permitir a aferio do grau de consistncia entre os objetivos sociais e os princpios que fundamentam o PNAES (democratizao, justia social, equidade e igualdade). Dessa forma, direcionar a avaliao para a questo da compatibilidade interna entre esses princpios e sua coerncia com os mecanismos institucionais previstos. 29. | 29 | Por fim, a avaliao poltica do PNAES deve assumir um papel bastante crtico, buscando revelar os limites da ao do prprio poder pblico no provimento de bem-estar, bem como movimentar um conjunto articulado de estudos, questionamentos e juzos de valor voltados para impulsionar umatransformaoqualitativadoprogramaedeseucontexto,aprimorando seus processos e relaes sociais. Consideraes finais Este artigo faz uma breve anlise do contexto ideopoltico e econmico em que ocorre a expanso da assistncia ao estudante universitrio, que, por sua vez, deu-se no bojo do processo de expanso e reestruturao das IFES brasileiras. Situa a produo do Programa Nacional de Assistncia ao Estudante Universitrio PNAES, cujo fim democratizar as condies de permanncia dos jovens na educao superior pblica federal, promovendo aes em diversas reas, como moradia estudantil, alimentao, transporte, entre outras. O estudo destaca o artigo 6 do decreto presidencial 7.234, de julho de 2010, o qual determina que as IFES fornecero todas as informaes concernentes implementao do PNAES requisitadas pelo Ministrio da Educao, observando-se que a prestao de todas as informaes implica uma avaliao deste programa de governo. Atravs de uma reviso de literatura sobre o tema avaliao, o texto explicita os conceitos que considera fundamentais para um estudo nessa linha, precisamente o conceito de avaliao poltica, ganhando centralidade a avaliao poltica de polticas e programas sociais. A reviso, aqui apresentada, contribui significativamente para o tema tratado, na medida em que demonstra que a avaliao inclui uma dimenso tcnica, metodolgica, terica e poltica, sendo entendida como uma ao que 30. | 30 | produz conhecimento. Tambm elucida que a pesquisa avaliativa cumpre, concomitantemente, as funes tcnica, poltica e acadmica. A presente reflexo, ao eleger a importncia da avaliao poltica do PNAES, buscando responder indagao para que avaliar?, desvela a importncia da articulao das dimenses tcnica e poltica da avaliao e enfatiza que a avaliao poltica do PNAES trar ricos subsdios para que se apreenda a dinmica e toda a complexidade do desenvolvimento desse programa, situando-o no contexto socioeconmico, ideopoltico, cultural e institucional em que se insere. Tambm chama a ateno para o necessrio exame do carter poltico do processo decisrio que resultou na adoo desse programa de governo, a razo da escolha, seus valores e critrios polticos, julgando-se, a partir da, sua contribuio para o usurio. Este estudo ressalta a importncia de que, na atualidade, sejam desenvolvidosestudosqueexaminemaimplementaoeodesenvolvimento do PNAES nas IFES, avaliando-se sua efetividade, sua eficcia e eficincia, mas prope a superao de critrios puramente econmicos, restritos s avaliaes de eficincia, e reafirma a relevncia de se considerar, tambm, os custos e benefcios polticos. Por fim, torna-se extremamente necessria, na atual conjuntura, a avaliao poltica do referido programa de governo, embasada na compreenso de que esta uma atividade que atingida por foras polticas e que tem efeitos polticos, sejam eles pblicos, sejam sociais ou governamentais. Afinal, o PNAES ganha forma e expresso num campo ideolgico, no qual as faces burguesas (internacionais e nacionais) comeam a jogar com velhos conceitos liberais (igualdade, justia social, democratizao, liberdade, equidade), e estes, uma vez esvaziados do seu contedo crtico, assumem outro contedo, outro sentido, tornando- se um instrumento a servio da classe dominante e contribuindo para a hegemonia do grande capital. 31. | 31 | Referncias ARCOVERDE, A. C. B. Avaliao de polticas pblicas: elemento estratgico de gesto da coisa pblica. In: Jornada Internacional de Polticas Pblicas Neoliberalismo e Lutas Sociais: Perspectivas para as Polticas Pblicas, 4., 2009. Anais... So Luiz MA, 2009. Disponvel em:. Acesso em: 10.2.2014. ARRETCHE, M. T. S. Uma contribuio para fazermos avaliaes menos ingnuas. In: Tendncias e Perspectivas na Avaliao de Polticas e Programas Sociais. So Paulo: IEE/PUC, 2002. Disponvel em:. Acesso em 14.2.2014. ARRETCHE, M. T. S. Tendncias no estudo sobre avaliao. In: Avaliao de Polticas Sociais: Uma Questo em Debate. So Paulo, Cortez, 1998. Disponvel em:. Acesso em: 12.2.2014. BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organizao do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Srie Legislao Brasileira). BRASIL. Decreto 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais REUNI. Presidncia da Repblica. Braslia, DF: Dirio Oficial da Unio de 25.4.2007. BRASIL. Decreto n. 7.234/2010: 20 de julho de 2010. Dispe sobre o Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES. Disponvel em: . Acesso em: 15.1.2014. BRASIL. Ministrio da Educao. Dispe sobre o Programa Nacional de Assistncia Estudantil PNAES. Portaria Normativa n. 39, de 12 de dezembro de 2007. Braslia DF. Disponvel em: Acesso em: 15.1.2014. BRASIL.Ministrio da Educao. Plano Nacional de Educao. PNE. 2001. Disponvel em: < http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf.>. Acesso em: 15.1.2014. CASTELO, R. O novo desenvolvimentismo e a decadncia ideolgica do pensamento econmico brasileiro. Revista Servio Social e Sociedade. Cortez editora, out./dez., 2012. 32. | 32 | ______. O social-liberalismo: uma ideologia neoliberal para a questo social no sculo XXI. 2011. Tese (Doutorado em Servio Social). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. FONAPRACE: Revista Comemorativa 25 Anos: histrias, memrias e mltiplos olhares/ Organizado pelo Frum Nacional de Pr-reitores de Assuntos Comunitrios e Estudantis. Coordenao: ANDIFES UFU, PROEX: 2012. Disponvel em: http://www.prace.ufop.br/ novo/pdfs/fonaprace/Revista%20Fonaprace%2025%20Anos.pdf>. Acesso em: 7.1.2014. FIGUEIREDO, M. F.; FIGUEIREDO, A. M. B. Avaliao poltica e avaliao de polticas: um quadro de referncia terica. Cadernos IDESP, So Paulo, n. 15, 1986. Disponvel em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0tgRkmczlWcJ:www.fjp.mg.gov. br/revista/analiseeconjuntura/include/getdoc.php%3Fid%3D151%26arti+&cd=1&hl=pt- BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 10.2.2014. LIMA, V. F. S. de A. Tendncias da avaliao no mbito das polticas pblicas desafios e perspectivas. In: Seminrio Internacional & III Seminrio de Modelos e Experincias de Avaliao de Polticas, Programas e Projetos, 1; 2010. Anais...Recife PE, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10.02.2014. LIMA, K. R. S. e MARTINS, A. S. A nova pedagogia da hegemonia, pressupostos, princpios e estratgias. In: A Nova Pedagogia da Hegemonia: estratgia do capital para educar o consenso/Lcia Maria Wanderley Neves (org.). So Paulo: Xam, 2005. MOTA, A. E. Reduo da pobreza e aumento da desigualdade: um desafio terico-poltico ao servio social brasileiro. In: As ideologias da contrarreforma e o servio social. Ana Elizabete Mota. Recife: Ed. Universitria da UFPE, 2010. POCHMANN, M. Desenvolvimento, trabalho e renda no Brasil: avanos recentes no emprego e na distribuio dos rendimentos. So Paulo: Fundao Perseu Abramo, 2010. SILVA, M. O. (org.). Avaliao de polticas e programas sociais: teoria e prtica. SP, Veras, 2001. 33. | 33 | PROGRAMA INCLUIR: ESBOO DE UMA AVALIAO DE PROCESSO Maria do Perptuo Socorro Rocha Sousa Severino1 Lincoln Moraes de Souza2 Resumo A avaliao de polticas, programas e projetos tm se constitudo nas ltimas dcadas em um mecanismo de ampla utilizao na gesto pblica e no meio acadmico, com mltiplos propsitos. Avaliao apresenta tambm metodologias distintas. Este trabalho pretende avaliar o Programa Incluir: acessibilidade no ensino superior. Para tanto, delimita como objetivo geral avaliar em que medida o direito educao vem sendo efetivado para os acadmicos com deficincia nas Universidades Federais do Brasil, enfatizando os fatores facilitadores e os obstculos a formao profissional, na perspectiva de contribuir com o processo de incluso educacional desses discentes. Fundamenta-se terico-metodologicamente em autores como: Draibe (2001), Figueiredo & Figueiredo (1986), Cohen e Franco (1993), Costa e Castanhar (2003), Souza (2013), donde se esboa a proposta metodolgica de avaliao de processo do referido programa, na perspectiva de contribuir com orientaes que viabilizem a incluso de discentes com deficincia no mbito dessas Instituies. Palavras-Chave: Avaliao; Polticas pblicas; Programa Incluir. 1 Docente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e discente do Programa de Ps-Graduao em Cincias Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2 Professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. T0102 34. | 34 | Introduo O Programa Incluir: acessibilidade no ensino superior inscreve-se como uma ao estatal recente, constituinte da Poltica de Acessibilidade nas Instituies Federais de Ensino Superior, vinculado ao Ministrio da Educao (MEC), operacionalizado por meio da Secretaria de Educao Superior (SESu) e da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao, Diversidade e Incluso (SECADI). Tal ao pressupe a existncia de barreiras no contexto das referidas IFES. Barreiras que excluem, entre outros, pessoas com deficincia3 de muitos direitos, inclusive do acesso, permanncia, participao e aprendizagem do ensino superior, e que a poltica de acessibilidade se prope a enfrent-las na direo de super-las. Combasenessepressuposto,estetrabalhoformulaoseguinteproblema: em que medida o direito educao vem sendo efetivado para as pessoas com deficincia nas Universidades Federais brasileiras? E estabelece como objetivo geral: Avaliar em que medida o direito educao vem sendo efetivado para os acadmicos com deficincia nas Universidades Federais do Brasil, enfatizando os fatores facilitadores e os obstculos a formao profissional, na perspectiva de contribuir com o processo de incluso educacional desses discentes. Uma das maneiras de responder a indagao imediatamente mencionada e a persecuo do objetivo propugnado dar-se mediante a avaliao do referido programa. A avaliao de polticas, programas e projetos tm se constitudo nas ltimas dcadas do Sculo passado e nos anos iniciais deste Sculo em um 3 Pessoas com deficincia so aquelas que tm impedimentos de natureza fsica, intelectual ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir sua participao plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (Organizao das Naes Unidas. Conveno dos Direitos da Pessoa com Deficincia, 2006, p. 3) 35. | 35 | mecanismo de ampla utilizao na gesto pblica e no meio acadmico, seja para subsidiar decises, diretrizes, redefinir aes em busca de eficincia, eficcia, efetividade, seja em busca de formular e/ou ampliar novos conhecimentos, retroalimentando queles que a utilizam em seu exerccio profissional. No Brasil, essa prtica amplia-se na dcada de 1980, associada a razes internas e externas. Na primeira situao, deriva de motivaes polticas, relacionadas malversao dos recursos pblicos, a desfocalizao dos programas sociais em relao populao destinatria das intervenes estatais. A segunda motivao vincula-se ao cumprimento das exigncias dos organismos internacionais acerca do controle de recursos e gastos pblicos. Com variados propsitos formulam-se mltiplos e diversos modos de avaliar as polticas pblicas. Entretanto, neste trabalho delimitamos a avaliao de processo, substrato da avaliao do Programa Incluir que nos propomos a realizar na nossa tese de doutorado. Para tanto, realizamos uma reviso bibliogrfica em autores que tratam dessa temtica, Draibe (2001), Figueiredo & Figueiredo (1986), Cohen e Franco (1993), Costa e Castanhar (2003), Souza (2013). Em seguida dialogamos com o Programa Incluir. Este trabalho constitudo da parte ora apresentada, o item seguinte aborda conceito, metodologias de avaliao de polticas pblicas, estabelecendo uma interlocuo entre os autores referenciados acima, apontando o que h de convergente e divergente entre eles. No item subseqente expomos brevemente o Programa Incluir, seus objetivos e traamos com base nos autores estudados, o esboo do percurso metodolgico da avaliao do referido programa. Por fim, porm no menos importante, esboa-se as consideraes finais e as referncias. 36. | 36 | Avaliao de polticas pblicas: fundamentao terico-metodolgica As polticas pblicas, independente do recorte programtico poltica, plano, programa, projeto que as configuram, da relao temporal, da tipologia, dos objetivos, dos diferentes usos que lhes daro, de quem as realiza e de quem as utilizaro, em geral, so avaliadas. Avaliao de polticas pblicas entendida como um processo que consiste na adoo de mtodos e tcnicas de pesquisa que permitam estabelecer uma relao de causalidade entre programa x e um resultado y, ou, ainda, que na ausncia do programa x, no teramos o resultado y (FIGUEREDO & FIGUEREDO, 1986). Etimologicamente, o termo avaliar significa atribuir valor, julgar o mrito de alguma coisa, classificar as coisas como boas ou ruins. , portanto, uma ao destituda de neutralidade, imbuda e perpassada de relaes de poder, denota uma dimenso poltica, explcita ou no. Pensar acerca de avaliao de polticas pblicas requer identificar a dimenso terico-metodolgica que a fundamenta. Nesse sentido, a literatura especializada (DRAIBE, 2001; FIGUEREDO & FIGUEREDO, 1986; SILVA, 2001; WEISS, 1975; COSTA; CASTANHAR, 2003, entre outros) consensua como uma pesquisa social. Portanto, utiliza as metodologias de pesquisas sociais. As pesquisas avaliativas so ao mesmo tempo subsidiadas e subsidiam tomadas de decises, seja durante o processo avaliativo, seja para aes futuras, respectivamente. Entre as decises que o avaliador deve tomar destacam-se:adefiniodeobjetivos,anatureza,otipodeavaliao,oplano de estudo do objeto, o recorte programtico, a metodologia. As decises buscam maior racionalidade, confiabilidade, validade, objetividade e potencializao de resultados. 37. | 37 | Segundo Draibe (2001), a pesquisa de avaliao tem como objeto uma interveno na realidade social, implementada na esfera pblica, porm no exclusiva do estado, mas realizada tambm por organizaes privadas ou no-governamentais. Os objetivos da avaliao so distintos, visam: conhecer a relao entre condies, meios, resultados e impactos da interveno; verificar a eficcia, eficincia e accountability das aes; detectar dificuldades e produzir recomendaes. Contudo, conforme a autora, eles se complementam, o que determina a predominncia de um ou outro a preferncia do avaliador ou do proponente da avaliao. Para Figueiredo & Figueiredo (1986) as pesquisas de avaliao buscam responder se a poltica foi ou no exitosa. Para tanto, deve-se estabelecer conexo entre objetivo, critrios, modelos analticos, propsitos e razes que as suscitam. Para os autores imediatamente citados, as polticas tm como propsitos: gerar produto (fsico, tangvel e mensurvel) e impacto (fsico, tangvel, mensurvel, subjetivo, alterando atitudes, comportamentos e/ou opinies). As razes podem ser moral e instrumental. As razes morais dividem- se em administrativa e poltico ou social. As razes polticas vinculam- se aos princpios de justia social na perspectiva de alterar as condies de vida da populao afetada pela poltica. As motivaes instrumentais relacionam-se a implementao da poltica. Figueiredo & Figueiredo (Op. cit) ao estabelecerem a articulao entre propsitos e razes para avaliar polticas pblicas introduzem a dimenso poltica, notadamente alicerada em princpios de justia social. Todavia, a avaliao de polticas pblicas no unvoca. Nesse sentido, para Draibe (2001) os tipos de avaliao so definidos tomando como parmetro a relao temporal entre a poltica a ser avaliada e a pesquisa 38. | 38 | de avaliao. As avaliaes so dos tipos ex ante e ex post. Cohen e Franco (1993) comungam dessa distino. As avaliaes ex ante ou diagnsticas subsidiam as decises voltadas para a formulao do programa. So realizadas simultaneamente as fases de preparao e formulao. Demarcam como objetivos produzir orientaes, parmetros, indicadores que se incorporem na implementao do projeto, e possibilite comparaes futuras. As avaliaes ex post so realizadas concomitantemente ou aps a implementao do programa com o objetivo de verificar os graus de eficincia, eficcia e efetividade do programa. Draibe (Op. cit) distingue a natureza das avaliaes em avaliao de resultados e avaliao de processo. A avaliao de resultado busca responder o quanto e a qualidade com que os objetivos foram alcanados. A avaliao de processo centra-se no desenho, nas caractersticas organizacionais onde o programa se realiza. Objetiva identificar os fatores que facilitam ou impedem que um programa atinja seus resultados da melhor maneira possvel. A autora desmembra as avaliaes de resultados em trs tipos: resultados, impactos e efeitos. Avaliaes de resultados ou desempenho so os produtos do programa, decorrentes da interveno e previstos em suas metas. Avaliaes de Impactos so as alteraes ou mudanas efetivas na realidade sobre a qual o programa intervm e por ele provocadas. Avaliaes de Efeitos so outros impactos do programa, esperados ou no, que afetam o meio social e institucional onde se realizou (DRAIBE, 2001, p. 21). Segundo Draibe, as avaliaes de processo, buscam identificar os fatores facilitadores e os obstculos que operam ao longo da implementao e que condicionam, positiva ou negativamente, o cumprimento das metas e objetivos. Tais fatores podem ser entendidos como condies institucionais e sociais dos resultados (DRAIBE, 2001, p. 30). 39. | 39 | As avaliaes de processos demarcam como objeto o ciclo de polticas pblicas. O ciclo constitudo por: decises, formulao, elaborao, implementao, gesto, avaliao, envolvendo grupos de pessoas com seus valores, interesses, preferncias, perspectivas, que supe-se no so consensuais. Assim, as polticas pblicas so permeadas por correlao de foras, pactuaes, conflitos. No rastro desse raciocnio entendemos que, as avaliaes de processos contemplem tambm a dimenso poltica, embora essa dimenso nem sempre seja explicitada e considerada no processo avaliativo. Destacam-se nas avaliaes de processos as estratgias de implementao,constitudasprincipalmentepelasseguintescaractersticas: dimenso temporal, atores a serem mobilizados; sub-processos e estgios da implementao. A dimenso temporal refere-se aos apoios e resistncias ao programa em distintos momentos. Os atores so diversificados, constitudos por funcionrios da instituio que operacionalizam o programa, beneficirios do programa, parceiros, redes de apoio, financiadores e atores de outros programas similares e competitivos. Os subprocessos avaliados na implementao so diversos. Os avaliadores guiam-se por questes especficas para cada subsistema. Ao avaliar o sistema gerencial e decisrio, o avaliador deve interessar-se pela estrutura hierrquica do sistema, graus de (des) centralizao, autonomia, liderana, legitimidade, capacidade de tomar deciso e gerenciar. Quanto divulgao, a informao e o processo seletivo, a avaliao deve enfatizar, quelas direcionadas aos implementadores e aos beneficirios do programa. Os sistemas de capacitao inscrevem-se como condio de sucesso do programa. Portanto, os implementadores e/ou dos beneficirios devem ser capacitadoseavalia-seacorrespondnciadestassnecessidadesdetectadas. Os sistemas de monitoramento e avaliao esto entre as estratgias de implementao de programas. O monitoramento, em geral, realizado 40. | 40 | pelo gerente, na fase inicial. Diferentemente das avaliaes, essas podem ser realizadas por agentes internos ou externos. Na primeira forma efetiva-se por meio do exame de registros ou da coleta de opinies dos implementadores. A segunda menos frequente e pautada em procedimentos cientficos, podendo ser materializada tambm por meio de auditorias. Contudo, supe-se que esses procedimentos tenham como finalidade o encaminhamento de orientaes para correo de problemas identificados no decorrer do processo, por conseguinte, possa contribuir para a melhoria da efetividade do programa. Os sistemas logsticos e operacionais referem-se aos recursos materiais e financeiros e a avaliao indaga se so suficientes para o alcance dos objetivos propostos ou se podem ser maximizados. Na concepo de Figueiredo & Figueiredo (1986), a avaliao de processo objetiva investigar a eficcia do programa, isto , relaciona os produtos com as metas traadas. Esse tipo de avaliao permite controlar o efeito desejado, ao possibilitar corrigir aspectos negativos no decorrer da implementao. Enquanto a avaliao de impacto pesquisa os efeitos do programa na populao-alvo, estabelecendo relao de causalidade entre o programa e as alteraes nas condies sociais. Esses autores concordam com Draibe no sentido de que a verificao emprica dessa relao problemtica porque requisita experimentos, no aceitveis nas cincias sociais. Segundo Figueiredo & Figueiredo (Op.cit) os modelos analticos de aferio de sucesso esto intimamente relacionados com os propsitos da poltica, quais sejam: produzir bens ou servios pblicos e provocar mudanas. Para avaliar polticas com propsitos de produzir bens e servios utilizam-se as avaliaes de processos, elas so do tipo: avaliao de metas: eficcia objetiva; avaliao de meios: eficcia funcional, administrativa e contbil e avaliao de eficincia: relao custo-benefcio e custo-resultado. 41. | 41 | A avaliao de metas a mais usual, realizada por agentes da instituio implementadora do programa por meio de relatrios e de dados estatsticos para justificar os resultados alcanados. O critrio de sucesso utilizado a eficcia objetiva, ou seja, comparam-se as metas alcanadas com as metas propostas. O modelo analtico de aferir o sucesso ou fracasso do programa consiste em medir se a diferena entre as metas alcanadas e as propostas est dentro de um limite tolervel. A avaliao de meios distingue-se em moral e instrumental. Sua realizao envolve eficcia funcional, administrativa e contbil. Os modelos analticos de aferio so as auditorias. As avaliaes instrumentais utilizam os critrios de eficcia funcional. Os modelos analticos de aferio estabelecem a correspondncia entre meios e metodologias utilizados e os programados. Os critrios para aferir a eficincia das polticas devem conjugar eficinciainstrumentalepoltica,essaltimamedidapelograudesatisfao da populao-alvo. Para se avaliar polticas com propsito de mudanas recorre-se avaliao de impactos. Esse tipo de avaliao usa como critrio para aferir as mudanas esperadas, modelos analticos causais, ou seja, experimento, controlando as variveis ambientais. Envolve as dimenses de efetividade objetiva, subjetiva e substantiva. A efetividade objetiva mede aspectos quantitativos. A efetividade subjetiva enfoca o bem-estar social, notadamente os aspectos psicolgicos, valores, crenas, as condies sociais de vida da populao atendida pelo programa, ou seja, enfatiza os aspectos qualitativos. Cohen e Franco (1993) introduzem a participao dos beneficirios do programa na avaliao; os diferentes usurios da mesma, como: dirigentes superiores, gestores e tcnicos, cada qual com suas atribuies especficas, correlatas aos nveis de poder de deciso; a escala diferenciando projetos em grandes e pequenos. Para tanto, utiliza estratgias de avaliao, lgica da 42. | 42 | avaliao, roteiro da avaliao, tcnicas de anlise, resultados da avaliao e avaliadores. Costa e Castanhar (2003) discorrem acerca dos determinantes conjunturaisquesuscitamousodeavaliaodeprogramassociaisnoBrasil. Expem definio, metodologia da avaliao decompondo-a em critrios (medidas de aferio); indicadores; padres de referncia (absolutos, histricos, normativos, tericos e negociados) e destacam a importncia de se ter clareza do que avaliar. Dos critrios estudados at ento, eles acrescentam sustentabilidade, satisfao do beneficirio e equidade. Argumentam que o processo de avaliao ser facilitado se for bem planejado, possibilitando o estabelecimento de relaes causais entre atividades e produtos; produtos e resultados; resultados e efeitos; efeitos que provocam impacto. Osautoresapresentamduasmatrizesparaavaliaodeprogramas.Uma composta de objetivos, indicadores, fonte de dados, recursos, atividades previstas, resultados esperados e relaes causais. A outra acrescenta aos itens anteriores a relao entre objetivos do projeto e as variveis e os indicadores. As matrizes acima descritas equivalem ao que Draibe (Op. cit) nomeia de caractersticas do programa na avaliao de processo. Corroboram tambm com ela e com Figueiredo & Figueiredo (Op. cit) no sentido de que existem variveis contextuais de difcil controle que, impactam positiva ou negativamente nas condies de vida da populao-alvo, cuja aplicabilidade exige metodologias complexas. Costa e Castanhar (2003) definem, situam a temporalidade e as limitaes dos tipos de avaliaes, essas podem ser: de metas, de impacto, de processo e de resultados. As definies da avaliao de processo e de impacto no sofrem alteraes entre Figueiredo & Figueiredo e Costa e Castanhar. Entretanto, diferem de Draibe que compreende impacto como mudanas mais restritas que os efeitos. 43. | 43 | A dificuldade em avaliar apontada por Costa e Castanhar reside na efetividade do programa, cuja possibilidade de superao aponta para o estabelecimento de relaes causais entre aes e o resultado final do programa. Esse tipo de avaliao equivale a ex-post e, nessa particularidade, converge com Draibe. A avaliao de resultados desmembrada em resultados imediatos, de mdio e longo prazo, cada um com indicadores correspondentes. Para mensurar resultados de longo prazo usam indicadores de impacto relacionando-os ao objetivo geral do programa e, para medir os demais resultados usam indicadores de resultado. Para os autores estudados uma avaliao completa contempla avaliao de resultados e de processo. Contudo, pensamos que, as avaliaes de processo por serem realizadas no decorrer da implementao do programa podem dispor de resultados parciais sem, contudo, ser incompleta no momento de sua realizao. Programa Incluir: acessibilidade na educao superior esboo metodolgico da avaliao de processo O Programa Incluir: acessibilidade na educao superior uma iniciativa estatal recente, sua criao data de 2005. Contudo, nos seis primeiros anos efetivou-se por meio de chamadas pblicas concorrenciais, realizadas pela Secretaria de Educao Especial (SEESP) e Secretaria de Educao Superior (SESu), por meio das quais, as Instituies Federais de Ensino Superior (IFES) apresentaram projetos de criao e consolidao dos Ncleos de Acessibilidade, visando eliminar barreiras fsicas, pedaggicas, nas comunicaes e informaes, nos ambientes, instalaes, equipamentos e materiais didticos. Todavia, a partir de 2012, esta ao transforma-se em Poltica de Acessibilidade e pretende ser universalizada no contexto das IFES. nessa 44. | 44 | poltica que se localiza o Programa Incluir: acessibilidade na educao superior. Esse programa demarca como objetivo: fomentar a criao e a consolidao de ncleos de acessibilidade nas universidades federais, as quais respondem pela organizao de aes institucionais que garantam a incluso de pessoas com deficincia vida acadmica, eliminando barreiras pedaggicas, arquitetnicas e na comunicao e informao, promovendo o cumprimento dos requisitos legais de acessibilidade (DOCUMENTO ORIENTADOR PROGRAMA INCLUIR - ACESSIBILIDADE NA EDUCAO SUPERIOR SECADI/ SESu 2013). Para tanto, compete gesto das IFES o planejamento e a implementao dos servios e recursos de acessibilidade que promovam a plena participao dos estudantes com deficincia, entre esses, destaca- se: tradutor e intrprete de Lngua Brasileira de Sinais, guia intrprete, equipamentos de tecnologia assistiva e materiais pedaggicos acessveis, atendendo s necessidades especficas desses estudantes, bem como o monitoramento de suas matrculas. A implementao da poltica de acessibilidade requisita alm das aes acima mencionadas, est contemplada no plano de desenvolvimento da instituio; no planejamento e execuo oramentria; nos custos gerais com o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extenso; no planejamento e composio do quadro de profissionais; nos projetos pedaggicos dos cursos; nas condies de infraestrutura arquitetnica; nos servios de atendimento ao pblico; no stio eletrnico e demais publicaes; no acervo pedaggico e cultural; e na disponibilizao de materiais pedaggicos e recursos acessveis. Assim, sintonizada com o documento orientador (2013, p. 13), a partir de 2012, o Ministrio da Educao (MEC), por meio da SESu e da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao, Diversidade e Incluso 45. | 45 | (SECADI), implementa o Programa Incluir: acessibilidade na educao superior, apoiando projetos das IFES, com aporte de recurso financeiro, diretamente, previsto na matriz oramentria das Instituies, com a finalidade de institucionalizar aes de poltica de acessibilidade nessas instituies, por meio dos Ncleos de Acessibilidade, que se estruturam com base nos seguintes eixos: infra-estrutura; currculo, comunicao e informao; programas de extenso e programas de pesquisa. Pretendemos realizar uma avaliao de processo do Programa Incluir. Isto porque o referido programa muito recente, possivelmente no oferea substratos para aferio de mudanas substanciais nas condies de vida do pblico-alvo, mas certamente possibilitar a identificao de fatores que facilitam e/ou obstacularizam a sua implementao e, a partir da poderemos propor orientaes que podero subsidiar correes pelos gestores e implementadores. Supe-se com isso, contribuir para o alcance dos objetivos propugnados, para o xito do programa, para promover a incluso de acadmicos com deficincia na educao superior, desafio a ser enfrentado na atual conjuntura. Desafio constitudo tambm porque existe um contingente expressivo de pessoas com deficincia na sociedade brasileira. De acordo com a Cartilha do Censo 2010, 23,9% da populao residente no Brasil possui algum tipo de deficincia4 : visual 18,6%, motora 7%, auditiva 5,10% e intelectual 1,40%. Transpondo dados do censo 2010 para Estados e Regies brasileiras a Regio Nordeste desponta com a maior taxa de pessoas com deficincia, 26,3%, superando inclusive, a taxa nacional. Do lado oposto, est a Regio Sul com 22,5% e a Regio Centro-Oeste com 22,51%. Entre os Estados brasileiros destacamos aqueles que apresentam as maiores taxas de pessoas 4 Todos os dados foram retirados da publicao: Caractersticas Gerais da Populao, Religio e Pessoas com Deficincia, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, censo demogrfico de 2010). No esto contabilizadas nessa categoria as doenas mentais como autismo, neuroses, psicoses, transtornos bipolares, esquizofrenia. 46. | 46 | com deficincia, so eles: Rio Grande do Norte 27,86%, Paraba 27,76%, Cear 27,69%, Piau 27,59%, Pernambuco 27,58% e Alagoas 27,54%, todos com uma taxa muito acima da mdia nacional de 23,9%. Esse censo constata o crescimento de pessoas com deficincia, mas tambm o crescimento do nmero de matrculas dessas pessoas. Na educao superior, esse crescimento foi em torno de 358%, ou seja, no perodo entre 2003 e 2011 as matrculas passaram de 5.078 para 23.250. Contudo, apenas 28% foram efetuadas em instituies pblicas de ensino superior. Do universo de cinqenta e cinco Instituies Federais de Educao Superior contempladas com o Programa Incluir: acessibilidade ao ensino superior, selecionamos para nossa pesquisa de campo, as Universidades Federais de Alagoas, Cear, Piau, Rio Grande do Norte e Paraba, motivada pelo fato desses Estados contabilizarem a maior taxa de pessoas com deficincia da Regio Nordeste e do Brasil. Com base na literatura especializada, avaliaremos as principais estratgias de implementao em curso do Programa Incluir: acessibilidade na educao superior, nos seguintes eixos: infra-estrutura; currculo, comunicao e informao; programas de extenso e programas de pesquisa. Os demais aspectos decorrem da aprendizagem da literatura sobre avaliao de polticas pblicas, como: dimenso temporal atores envolvidos no programa, parceiros, financiadores e redes de apoio. Quanto aos atores envolvidos diretamente na implementao do programa destacam-se: coordenadores dos ncleos de acessibilidade, professores que lecionam acadmicos com deficincia (conhecer e/ou observar se h correspondncia entre os tipos de deficincia e o uso de equipamentos,detecnologiaassistivaedemateriaispedaggicosacessveis), Pr-Reitores de Ensino, Pesquisa e Extenso, tcnicos administrativos, tradutor e intrpretes de LIBRAS, guia intrprete e acadmicos com deficincia, parceiros. 47. | 47 | Aavaliaodaestruturaadministrativaenfatizarseasaesplanejadas contemplam: a poltica de acessibilidade no plano de desenvolvimento da instituio; metas de acessibilidade; monitoramento das matrculas dos discentes com deficincia na instituio; previso e execuo oramentria voltados para as condies de infra-estrura e o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extenso sintonizados com as especificidades dos eixos do Programa Incluir. Para avaliar o subsistema acima, examinaremos o Plano de Desenvolvimento das IFES selecionadas, documentos que informem matrculas de discentes com deficincia por meio de documentos disponibilizados pelos Ncleos de Acessibilidade ou setor responsvel por a matrcula nas IFES; Plano de Ao dos Ncleos de Acessibilidade, atendo- nos, sobretudo se contempla projetos de infra-estrutura, notadamente projetos arquitetnicos e urbansticos; servios de atendimento aos discentescomdeficincia,como:materiaisdidticospedaggicosacessveis, equipamentos de tecnologia assistiva, servios de guia-intrprete e de tradutores e intrpretes de Libras. A aferio do planejado ser feita por meio de relatrios, e outros documentos disponibilizados, sobretudo pelos Ncleos de Acessibilidade. Aplicaremos tambm entrevista aos diferentes atores acima nomeados, bem como visitas em lcus e fotoetnografias da infra-estrutura fsica. A avaliao da estrutura hierrquica incidir precisamente os nveis de autonomia, (des) centralizao, liderana, legitimidade dos gestores que se obter pelo cruzamento de informaes das entrevistas, conversas informais e cumprimento de metas. Em se tratando dos servios de atendimento aos discentes com deficincia avaliaremos a disponibilizao de materiais didticos e pedaggicos acessveis e de equipamentos de tecnologia assistiva, servios de guia-intrprete e de tradutores e intrpretes de Libras, stio eletrnico e demais publicaes; acervo pedaggico e cultural, confrontaremos o 48. | 48 | planejamento com dados coletados por meio de entrevista aplicada com os discentes com deficincia, professores e tcnicos administrativo e visita em lcus aos Ncleos de Acessibilidade das IFES. Outro subsistema avaliado ser constitudo pelo currculo, comunicao e informao. O currculo ser avaliado mediante anlise dos projetos pedaggicos dos cursos, particularmente na matriz curricular desses e no reconhecimento e/ou renovao de reconhecimento dos cursos de graduao ofertados pelas IFES. Sobre a divulgao e informao sobre o Programa retomaremos aos projetos em implementao, articulando com entrevistas com todos os atores envolvidos no mesmo. Embora a capacitao no tenha sido prevista no Programa, mas fundamentada nos documentos que reafirmam ser a educao inclusiva uma proposta em construo e articulando a retrica da falta de capacitao como elemento negativo para a incluso educacional, a retificamos como imprescindvel nesse processo, por isso, inclumos esse subsistema na pesquisa avaliativa. Para tanto, identificaremos as ofertas de capacitao e correlacionaremos as demandas apresentadas pelo pblico-alvo de Programa Incluir: acessibilidade na educao superior. Consideraes finais A ampliao das polticas pblicas ao lado de presses polticas internas e externas suscitou a necessidade de avaliao dessas. Enquanto pesquisa social,aavaliaodepoltica,programa,projetopressupeaoprospectiva e/ou retrospectiva sobre uma interveno, realizada em consonncia aos objetivos que se pretende alcanar, podendo variar tambm a depender de quem as realizam, do uso que lhes daro, da temporalidade entre a implementao do programa e o tempo da avaliao, da metodologia adotada. 49. | 49 | Em geral as avaliaes so realizadas para identificar dificuldades no decorrer da implementao (avaliao de processo) e medir o xito ou fracasso (avaliao de impacto) de programas sociais. Para tanto, os indicadores mais citados nos textos so eficcia (avaliao de processo), eficincia e efetividade (avaliao de impacto). Todavia, observa-se que, embora existam inmeras e distintas metodologias, os contedos explicitados so praticamente invariveis, altera-se a forma de apresent-los, s vezes acrescentam-se alguns aspectos. Isto remete ao recorrente reconhecimento da necessidade de elaborao de uma metodologia que elimine a multiplicidade de modelos analticos acerca da avaliao de polticas pblicas. Dos autores estudados apenas Souza (2013) e Figueiredo & Figueiredo (1986) abordam a dimenso poltica nas pesquisas avaliativas. A nosso juzo essa dimenso perpassa todas as avaliaes, s vezes de maneira explcita, incisiva, contemplada como um dos objetivos da pesquisa, outras vezes, implicitamente. Entre as tipologias analisadas predominam dois tipos: avaliao de processo e avaliao de impacto, sendo essa ltima decomposta de maneira diferenciada, sobretudo em Draibe, Figueiredo & Figueiredo e Costa e Castanhar. Na avaliao de processo alguns autores detalham mais a composio do programa, outros detalham as metas, meios e razes moral e instrumental, mas todos convergem para identificar as dificuldades do programa em implantao para corrigir as distores, prestar orientaes para que a poltica seja exitosa. Aavaliaodeimpactovolta-separamensurarasmudanasdecorrentes do programa, isso exige experimento o que se torna problemtico nas cincias sociais, todavia as alternativas quase-experimentais ou o grupo contrafactual comparecem como possibilidades de superao da dificuldade identificada. Esse tipo de avaliao requisita tambm relaes 50. | 50 | de causalidade, variveis, indicadores sociais para aferir o grau de mudana, sem descuidar do contexto onde se realiza e das variveis no controlveis. Qualquer que seja o tipo de avaliao a ser realizado impe-se que seja efetuada dentro do rigor terico e metodolgico prprio das cincias, de preferncia no mnimo espao de tempo entre as intervenes e a avaliao,essescritriospossibilitamocrescimentodoseureconhecimento, credibilidade e confiabilidade, com esse propsito pretendemos realizar uma avaliao de processo do Programa Incluir. Referncias BRASIL. Documento Orientador Programa Incluir acessibilidade na educao superior SECADI/SESu2013 ______. Cartilha do Censo 2010. Luiza Borges Oliveira. Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica. Secretaria Nacional de Promoo dos Direitos da Pessoa com Deficincia. Coordenao-Geral do Sistema de Informaes sobre a Pessoa com Deficincia. Braslia: SDH-PR/SNPD, 2012. COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliao de projetos sociais. Petrpolis, RJ: Vozes, 1993. COSTA, Frederico Lustosa da; CASTANHAR, Jos Cezar. Avaliao de programas pblicos: desafios conceituais e metodolgicos. RAP, Rio de Janeiro, v. 5, n. 37, set./out. 2003. DRAIBE, Snia Miriam. Avaliao de implementao: esboo de uma metodologia de trabalho em polticas pblicas. In: BARREIRA, Maria Ceclia Roxo Nobre; Maria do Carmo Brant de CARVALHO (Org.). Tendncias e perspectivas na avaliao de polticas e programas sociais. So Paulo: IEE/PUC-SP. 2001. FIGUEIREDO, Marcos Faria; FIGUEIREDO, Argelina Maria Cheibub. Avaliao poltica e avaliao de polticas. Anlise & Conjuntura, v.1, n. 3, Belo Horizonte, set./dez. 1986. ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS. Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, 2006. 51. | 51 | SOUZA, Lincoln Moraes de. A RELEVNCIA DA SUSPEIO: PEQUENO ENSAIO SOBRE AVALIAO. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Grupo Interdisciplinar de Estudos e Avaliao de Polticas Pblicas (GIAPP) Texto para Debate e Circulao Interna Fevereiro. 2013. ______. De resultados, efeitos e impacto em avaliao de polticas pblicas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Grupo Interdisciplinar de Estudos e Avaliao de Polticas Pblicas (GIAPP). Cadernos GIAPP. Ano 1. Volume 1. Nmero 1. Natal/RN. Jan.-Jun. 2013. 52. | 52 | AVALIAO DA EFICCIA DO PROGRAMA DE INCENTIVO ACADMICO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO BIA/UFPE Maria Christina de Medeiros Nunes1 Resumo Este trabalho apresenta os resultados de pesquisa sobre a avaliao da eficcia de um programa institucional no campo da gesto universitria pblica, denominado Programa de Incentivo Acadmico BIA, no mbito da Universidade Federal de Pernambuco, no perodo de 2004 a 2010, em sua dimenso acadmica. A avaliao buscou mostrar a influncia do programa na trajetria acadmica dos estudantes egressos do Programa, por meio de indicadores de desempenho acadmico e de engajamento em outros programas institucionais. A opo metodolgica adotada foi a pesquisa avaliativa aplicada, de natureza exploratrio-descritiva, de tipo quantitativa e qualitativa. A anlise dos resultados apontou que na dimenso acadmica, o Programa se mostra como um valioso instrumento auxiliar na adaptao vida universitria do estudante ingressante na universidade, demonstrado por elevados ndices do desempenho acadmico, de concluso do curso no tempo regular, e ndices reduzidos de reteno e evaso. 1 Universidade Federal de Pernambuco. T0103 53. | 53 | Introduo A adoo de prticas de avaliao de polticas e programas vem se tornando cada vez mais presente, enquanto instrumento de gesto na agenda dos agentes pblicos, principalmente aps as transformaes socioeconmicas e polticas ocorridas na administrao pblica no Brasil e no mundo, a partir dos anos oitenta. A concepo de modernizao da gesto, as exigncias por melhores servios e a busca de metodologias capazes de avaliar e melhorar os padres de desempenho das polticas e programas pblicos, com base em critrios de eficincia, eficcia e efetividade passou a predominar ao longo dos anos 90 as vrias reas do setor pblico. A reestruturao nas diversas reas da esfera pblica governamental, no sentido de aumentar a eficincia e eficcia, traduzindo-se em agilidade nos procedimentos administrativos, na racionalizao dos custos e na busca de resultados efetivos em suas aes, na perspectiva de fornecer respostas atualizadas, rpidas e com qualidade aos cidados passou a ser uma tnica na gesto pblica. Essa concepo de administrao pblica, privilegiando requisitos de competncia dos gestores pblicos para conciliar as demandas da sociedade capacidade tcnica para definir prioridades e metas, formular estratgias, gerir recursos e alcanar resultados eficazes, alm de constante nos manuais contemporneos da administrao, tambm est alicerado em princpios constitucionais constantes do Art. 37 da Constituio Federal de 1988. (BRASIL, 1988), que contempla a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Para Siqueira resultados eficazes na administrao pblica significam democratizar o acesso a todos os nveis, ser permevel ao controle da sociedade, melhorar a qualidade dos servios prestados e aumentar o grau de resolutividade dos problemas (SIQUEIRA, 1990, p. 66). 54. | 54 | No mbito das organizaes pblicas as Instituies Federais de Ensino Superior IFES, que tem a misso da execuo da poltica pblica de ensino superior, tambm sofreram a influncia das mudanas no contexto e enfrentaram situaes desafiantes, em razo de constantes presses pela democratizao do acesso, por processos de avaliaes, pela qualidade da gesto acadmica, pelo compromisso social com o combate s desigualdades e excluso social, e com a formao profissional voltada s exigncias do contexto social. Esseconjuntodecondicionantesscio,econmicos,polticosejurdicos, contriburam para que o Estado brasileiro, a partir dos anos 1990, desse incio s discusses sobre as polticas de ao afirmativa, tema que veio a se tornar uma prioridade na agenda educacional do governo do presidente Lus Incio Lula da Silva. As aes afirmativas foram institucionalizadas na poltica educacional do governo, atravs de programas implantados pelo MEC, a partir de 2003. Com base nas polticas e programas de democratizao do acesso, de carter afirmativo, delineados pelo MEC para a rea da educao superior, a UFPE aderiu convocao da Secretaria de Educao do Estado de Pernambuco (SEDUC) e da Fundao de Amparo Cincia e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), e implementou em 2004 o Programa de Incentivo Acadmico, denominado pelos gestores e pela comunidade acadmica de Programa BIA. O Programa surgiu com objetivo principal de favorecer a adaptao de alunos oriundos de escolas pblicas ingressantes vida acadmica, concedendo, aos melhores classificados no vestibular, uma bolsa de incentivo acadmico bolsa BIA, no 1.ano do curso superior. Assim, o Programa BIA foi concebido na perspectiva de contribuir com a incluso acadmica (acesso), com a permanncia desses estudantes na universidade, e consequentemente com a inibio da evaso (sucesso), 55. | 55 | cujos ndices so considerados elevados no primeiro ano do curso superior. A evaso , na opinio de Lobo et al (2007) um dos problemas que mais afligem as instituies de ensino em geral, que no ensino superior um problema de alcance internacional; e as taxas de evaso no primeiro ano de curso duas a trs vezes maior do que a dos anos seguintes. Problema de pesquisa e objetivos A principal caracterstica da avaliao de programas e projetos , segundo Cotta (1998), seu carter aplicado, que tem por propsito a produo de resultados de utilidade prtica. Nesta mesma direo Thoenig (2000) advoga o uso pragmtico da avaliao ao relacion-la ao fornecimento de conhecimento utilizvel orientado para a ao. As relaes existentes entre avaliao e pesquisa, segundo Cohen e Franco (1999) so estreitas, visto que a moldes da pesquisa aplicada a avaliao requer uma metodologia que envolve a utilizao de um conjunto organizativo de instrumentos e tcnicas investigativas na gerao de conhecimentos sobre determinada realidade. A avaliao utiliza a metodologia da pesquisa como instrumento de aferio do alcance dos objetivos de polticas, programas e projetos sociais. Consideramos na formatao do escopo terico-metodolgico desse trabalho o conceito adotado pelo Grupo de Avaliao e Estudo da Pobreza e de Polticas direcionadas Pobreza (GAEPP)2 , que considera a pesquisa avaliativa uma modalidade de pesquisa social aplicada com uso sistemtico de procedimentos para analisar a conceptualizao, o desenho, a implementao e as utilidades de programas sociais de interveno (SILVA, 2008). 2 O GAEPP um grupo de pesquisa formado por docentes e discentes de graduao e ps-graduao da Universidade Federal do Maranho, cadastrado no CNPq , voltado ao estudo, pesquisa, anlise e avaliao de polticas pblicas e programas sociais (SILVA, 2008). 56. | 56 | Com base no pressuposto defendido por Goldenberg (2001), que a pesquisa tem como requisito essencial a existncia de uma pergunta em busca de resposta (problema), que centramos nossa pesquisa avaliativa na direo da seguinte pergunta central: o Programa BIA eficaz em sua dimenso acadmica? Esta pergunta central foi guiada pelas seguintes indagaes complementares: O egresso do Programa BIA teve bom desempenho acadmico, na perspectiva da permanncia, da aprovao e da concluso do curso no tempo regular? O Programa favoreceu oportunidades de engajamento do aluno egresso em outras atividades acadmicas, contribuindo para sua permanncia na universidade (sucesso)? Assim,