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    Eduardo SalomoniEditor Tcnico

    V SEMINRIO DE PECURIA DE CORTE

    palestras

    Walfredo MacedoCoordenador

    Bag, RS2008

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    Embrapa, 2008

    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Pecuria SulBR 153, km 603 - Caixa Postal 242CEP 96401-970 - Bag, RSFone/Fax: (0XX53) 3242-8499http://[email protected]

    Coordenao EditorialEduardo Salomoni

    Projeto grfico - capaWalfredo Macedo

    Editorao eletrnicaKellen Pohlmann

    1 edio1 impresso (2008): 500 exemplares

    SEMINRIO DE PECURIA DE CORTE (5., 2008, Bag, RS).Palestras [do] V Seminrio de Pecuria de Corte / editor

    tcnico Eduardo Salomoni, coordenao Walfredo Macedo._Bag: Embrapa Pecuria Sul, 2008.

    84p.

    1. Gado de corte. 2. Evento. I. Salomoni, Eduardo. II.Macedo, Walfredo. III. Ttulo.

    CDD 636.213

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Embrapa Pecuria Sul

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    Autores

    a a aZlia Maria de Souza Castilhos, Eng Agr , Dr , Fepagro e Mirela DiasMachado, estudante de Agronomia, UFRGS; estagiria da Fepagro

    Gilberto Loreiro de Souza, Mdico Veterinrio

    Maurcio Dallmann, M. Vet., MSc. Produo Animal, Doutorando doDepartamento de Zootecnia Faculdade de Agronomia - UFRGS

    Alfredo da Cunha Pinheiro, Mdico Veterinrio, (M.Sc.), Pesquisador B daEmbrapa Pecuria Sul

    Jamir Lus Silva da Silva, Eng Agr, Dr. Em Zootencia, Depto. de PlantasForrageiras e Agrometeorologia da Faculdade de Agronomia da UFRGS eRaquel Santiago Barro, Doutoranda de Zootecnia do Depto. de PlantasForrageiras e Agrometeorologia da Faculdade de Agronomia da UFRGS

    Alexandre Costa Varella, Eng. Agrnomo (Ph.D.), Pesquisador A daEmbrapa Pecuria Sul

    Rogrio Melo Bastos, Economista SEBRAE

    Francisco de Paula Jardim Alves-Branco, Mdico Veterinrio, Msc.,Pesquisador Aposentado da EMBRAPA, Bag, RS e Responsvel Tcnicopelo Consultrio Mdico Veterinrio (CONSULVET), Maria de FtimaMunhs Sapper, Mdica Veterinria, Msc., e Luciano Rocha FagundesAlves-Branco, Mdico Veterinrio, Consultrio Mdico Veterinrio.

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    Editor Tcnico:

    Eduardo SalomoniEngenheiro Agrnomo, Mestre (M.Sc.) em Produo Animal, pesquisadorda Embrapa Pecuria Sul, Bag, [email protected]

    Coordenador Tcnico:

    Walfredo MacedoEngenheiro Agrnomo, Diretor Tcnico da Associao-Sindicato Rural deBag

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    Sistema de produo animal para recria e terminao de novilhos..........

    Programa Viragro Super Precoce......................................................

    Suplementao de Bovinos de Corte Uma ferramenta til..................

    Controle da Verminose Bovina no Rio Grande do Sul...........................

    Carrapato dos Bovinos (Boophilus microplus) - Controle e Resistncia aCarrapaticidas no Rio Grande do Sul................................................

    Manejo Animal em reas de Reflorestamento.....................................

    Escolha e manejo de plantas forrageiras para sistemas de integraofloresta-pecuria no Sul do Brasil......................................................

    Boas Prticas de Gesto: Sucesso das Empresas Rurais.......................

    Sumrio

    14

    6

    12

    18

    30

    48

    67

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    Sistema de produo animalpara recria e terminao denovilhos

    Nas negociaes da Organizao Mundial do Comrcio (OMC) que ocorreuem julho de 2008, em Genebra, a comercializao de produtosagropecurios, dentre eles a carne, esteve em discusso. A seguranaalimentar foi priorizada. Para conquistar mais espao no mercado mundial,a cadeia da carne brasileira precisa estar organizada para atender asdiferentes exigncias do consumidor mundial por qualidade e por seguranaambiental.

    A produo animal desenvolvida em pastagem nativa no Bioma Pampapoder atender estes requerimentos. No entanto, o manejo inadequado,com alta carga animal, determina baixos ndices de produtividade dapecuria. Para manejar corretamente a pastagem nativa necessrioajustar a carga animal disponibilidade de forragem, para que haja aotimizao tanto da produo por animal quanto da produo por rea, bemcomo a preservao da riqueza florstica e do solo deste ecossistema.

    A pastagem nativa composta, principalmente, por espcies de vero queno outono e inverno reduz sua produtividade, em funo das baixastemperaturas. Isto afeta o desempenho animal neste perodo. Em vistadisto, necessria a adoo de prticas de manejo e melhoramento, asquais devem ser direcionadas para beneficiar o desenvolvimento de

    comunidades vegetais desejveis do ponto de vista forrageiro.

    O diferimento da pastagem nativa uma prtica de manejo que proporcionaa reserva de forragem para ser utilizada em perodos crticos do ano.

    Zlia Maria de Souza Castilhosa a aEng Agr , Dr , Fepagro, [email protected]

    Mirela Dias MachadoEstudante de Agronomia, UFRGS; estagiria daFepagro

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    Alm disto, a utilizao da adubao, correo do solo e introduo deespcies forrageiras cultivadas, principalmente de estao fria, temfavorecido as espcies nativas bem como tem minimizado a deficincia deforragem no perodo de outono/inverno.

    A Fepagro consciente da importncia do conhecimento mais aprofundadodo ecossistema pastoril bem como de prticas de manejo que possibilitem odesenvolvimento de pontos de referncia para a elaborao de sistemas deproduo que visem o melhor aproveitamento da pastagem nativa estdirecionando a pesquisa para atender esta demanda. Os projetos depesquisa em pastagem nativa esto em andamento na Fepagro Campanha,em Hulha Negra.

    No perodo de dezembro de 2003 a outubro de 2005, foi testado umsistema de produo para recria e terminao de novilhos, que consistia depastagem nativa, no vero, com oferta de forragem (OF) de 12% (12 kg dematria seca de forragem verde por 100 kg de peso vivo por dia), pastagemnativa diferida e pastagem nativa melhorada (inverno-primavera). O perodode diferimento foi de fevereiro a maro (60 dias) e a utilizao no outono(abril a maio). As espcies utilizadas no melhoramento da pastagem nativaforam o azevm (Lolium multiflorum), o trevo vermelho (Trifolium pratense)e o cornicho (Lotus corniculatus). O estabelecimento destas espcies foiem maro, com semeadura a lano, sem o preparo do solo. Aps asemeadura foi utilizada uma alta carga animal a fim de manter maior contato

    das sementes com o solo, favorecendo a germinao.

    Alm disto, no mesmo perodo, foi avaliado o desempenho animal empastagem nativa com diferentes intensidades de pastejo (alta, mdia, baixae muito baixa) proporcionadas por ofertas de forragem de 4, 8, 12 e 16 %(kg de matria seca de forragem verde por 100 kg de peso vivo por dia),respectivamente. Maiores informaes sobre a metodologia utilizadanestes projetos podem ser obtidas nos Comunicados Tcnicos 14 e 15 daFepagro.

    Resultados

    Nos sistemas de produo animal em pastagem nativa com diferentes

    intensidades de pastejo observou-se que o desempenho individual dosanimais variou com a estao do ano. Maior ganho mdio dirio (GMD) foiobtido no vero e primavera, enquanto que no outono e inverno estes forammenores (Tabela 1).

    Sistema de produo animal para recria e terminao de novilhos 7

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    medida que a intensidade de pastejo reduzida os ganhos individuais dosanimais aumentam. A intensidade de pastejo est associada carga animal(ou taxa de lotao) (Tabela 2). Maior taxa de lotao ocasiona umdecrscimo no GMD que influenciar no desenvolvimento dos animais(Figura 2) e, conseqentemente, na idade de abate.

    Tabela 1. Ganho mdio dirio estacional (kg/animal/dia) de novilhos em pastagemnativa com diferentes intensidades de pastejo. Mdia de duas repeties e dois anos(2004-2005). Hulha Negra, RS.

    Tabela 2. Carga animal (kg/PV/ha) e taxa de lotao (UA/ha), nas estaes doano, em pastagem nativa com diferentes intensidades de pastejo. Mdia de duasrepeties e de dois anos (2004-2005). Hulha Negra, RS.

    Figura 1. Produtividade animal (kg PV/ha), em diferentes intensidades de pastejoda pastagem nativa. Mdia de duas repeties e dois anos (2004 e 2005). HulhaNegra, RS.

    Estao do anoIntensidade depastejo Vero Outono Inverno Primavera

    Alta0,414 -0,141 0,043 0,392

    Mdia 0,614 -0,023 0,036 0,491Baixa 0,620 0,029 0,150 0,533Muito baixa 0,644 0,095 0,164 0,643

    Estao do anoVero Outono Inverno Primavera

    Intensidadede pastejo

    kg/PV/ha UA/ha kg/PV/ha UA/ha kg/PV/ha UA/ha kg/PV/ha UA/ha

    Alta 698 1,55 460 1,02 246 0,55 537 1,19Mdia 390 0,87 371 0,82 263 0,58 253 0,56Baixa 305 0,68 349 0,78 260 0,58 245 0,54

    Muito baixa 254 0,56 336 0,75 216 0,48 188 0,42

    121

    128129

    139

    110

    115

    120

    125

    130

    135

    140

    145

    Alta Mdia Baixa Muito Baixa

    Intensidade de pastejo

    kg

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    A produtividade animal anual variou de 139 a 121 kg de peso vivo porhectare, sendo maior na maior intensidade de pastejo. Considerando que aprodutividade mdia no Rio Grande do Sul de 70 kg de peso vivo porhectare por ano, estes ganhos foram, em mdia, 46% superiores. Estesvalores poderiam ser maiores caso no ocorresse dficit hdrico no vero de2004/2005.

    Para aumentar o desempenho individual dos animais no outono e inverno(Tabela 1) foi utilizado o diferimento no outono e o melhoramento dapastagem nativa, no inverno e primavera, pela sobressemeadura deespcies cultivadas hibernais. Estas alternativas, mais pastagem nativa novero, manejada com uma OF de 12% formaram o sistema de produo que

    proporcionou o melhor desenvolvimento dos animais no perodo dedezembro de 2003 a outubro de 2005 (Figura 2).

    Tabela 3.Ganho mdio dirio (kg/animal/dia), ganho/ha (kg PV/ha), carga animal(kg/ha), taxa de lotao (unidade animal, UA (1 UA = 450 kg)) e resduo (kg deMSFV/ha), em pastagem nativa com OF 12% (vero), pastagem nativa diferida(outono) e pastagem nativa melhorada (inverno-primavera). Mdia de duasrepeties. 2004. Hulha Negra, RS.

    Com o diferimento e melhoramento da pastagem nativa houve umacrscimo na capacidade de suporte da pastagem no outono e inverno e,conseqentemente, na mdia anual (Tabela 3 e 4). No perodo de inverno e

    primavera o GMD mdio foi de 1,039 e de 0,886 kg/animal/dia,respectivamente, em 2004 e 2005. A produtividade animal anual foi de248 e de 160 kg de peso vivo por hectare, respectivamente para os anos2004 e 2005. A reduo da produtividade no segundo ano deve-se a

    Pastagem nativa + diferimento + melhorada

    ParmetrosPastagem

    nativa (Vero)Diferida(outono)

    Melhorada

    (inverno-

    primavera)

    Mdia ou totalanual

    GMD 0,572 0,014 1,039 0,542

    Ganho/ha 95 3,0 157 248

    Carga animal 308 536 357 397

    Taxa lotao 0,69 1,19 0,79 0,88

    Resduo 1242 1548 745 1178

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    estiagem que ocorreu no perodo de vero de 2005. No vero de 2004foram obtidos 95 kg de peso vivo por hectare enquanto que no vero de2005 a produo foi de 21 kg de peso vivo por hectare (Tabela 3 e 4).

    Tabela 4.Ganho mdio dirio (kg/animal/dia), ganho/ha (kg PV/ha), carga animal(kg/ha), taxa de lotao (unidade animal, UA (1 UA = 450 kg)) e resduo (kg deMSFV/ha), em pastagem nativa com OF 12% (vero), pastagem nativa diferida(outono) e pastagem nativa melhorada (inverno-primavera). Mdia de duasrepeties. 2005. Hulha Negra, RS.

    Os maiores ganhos individuais, obtidos no perodo de inverno e primavera,

    propiciaram um rpido desenvolvimento dos animais e, conseqentemente,uma reduo na idade de abate.

    Ao compararmos, em outubro de 2005, o peso vivo dos animais (488 kg)que estiveram no sistema pastagem nativa com OF 12% (vero), pastagemnativa diferida (outono) e pastagem nativa melhorada (inverno-primavera)com o peso dos animais (332 kg) que permaneceram o ano todo empastagem nativa com alta intensidade de pastejo (OF 4%) verificamos umadiferena de 156 kg (Figura 2), ou seja, 32% a mais para o primeiro sistema.Nesta data, os animais desse sistema foram abatidos com 36 meses. Aidade de abate poderia ser menor caso o peso inicial dos animais fossemaior.

    Pastagem nativa + diferimento + melhoradaParmetros

    Pastagemnativa (Vero)

    Diferida(outono)

    Melhorada

    (inverno-primavera)

    Mdia ou totalanual

    GMD 0,263 0,330 0,886 0,367

    Ganho/ha 21 15 76 160

    Carga animal 303 309 379 306

    Taxa lotao 0,67 0,69 0,84 0,68

    Resduo 915 1063 729 902

    10 Sistema de produo animal para recria e terminao de novilhos

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    Figura 2.Desenvolvimento de novilhos (kg de peso vivo/animal) em pastagemnativa com intensidades de pastejo alta, mdia, baixa e muito baixa(correspondendo as OF de 4, 8, 12 e 16%, respectivamente) e em pastagem nativacom OF 12%, no vero e pastagem nativa diferida, no outono e pastagem nativamelhorada no inverno e primavera. Perodo de dezembro de 2003 a outubro de2005. Hulha Negra, RS.

    Consideraes finais

    Maiores ofertas de forragem, condicionadas por menores taxas de lotao(menor carga animal), proporcionam maiores desempenhos individuais dos

    animais, com conseqente reduo na idade de abate.

    O diferimento e o melhoramento da pastagem nativa possibilitam oaumento da capacidade de suporte da pastagem, a manuteno de ganhode peso durante todo o ano e reduo na idade de abate dos animais.

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    Tempo (meses)

    PesoVivo/Animal(Kg)

    OF 4% OF 8% OF 12% OF 16% PN 12% Diferido Melhorado

    11Sistema de produo animal para recria e terminao de novilhos

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    Programa Viragro SuperPrecoce

    A Viragro Agropecuria LTDA, busca a otimizao da explorao pecuria,atravs da limpeza e fertilizao do campo, aliada a um sistema profilticoque proporcione ganhos e encurtamento do ciclo de finalizao: AbateSuper Precoce.

    Objetivos

    Abreviar ciclo produtivo

    Aumentar escala Agregar valor Otimizar carga animal

    Mtodos

    Suplementao ao p da me Creep feeding

    Sem desmame precoce Sem tabuleta Sem aparte

    Resultados

    Ganhos Diretos: Abate Super Precoce

    Gilberto Loureiro de SouzaMdico Veterinrio

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    ndice de Natalidade Carga Animal Acasalamento aos 14 meses Animais de descarte mais pesados

    Concluso

    Conclui-se que o programa perfeitamente compatvel, observando aagregao de valores em relao ao custo operacional, gerando ganhosdiretos e indiretos no sistema de produo.

    13Programa Viragro Super Precoce

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    Suplementao de Bovinosde Corte Uma ferramentatil

    Hoje em dia, a crescente demanda do mercado por carne bovina dequalidade, proveniente de animais jovens, vem ao encontro do uso dealgumas tecnologias de manejo.

    A competitividade da pecuria brasileira est alicerada nos sistemas deproduo a pasto, que constitui a principal dieta dos animais. Mesmo com acrescente profissionalizao do setor, grande parte dos produtores aindano faz uso de algumas tecnologias que, quando bem empregadas, so

    ferramentas importantes para o aumento de produtividade e, porconseqncia, da rentabilidade da atividade.

    A maior parte dos sistemas de produo bovina no Rio Grande do Sul temcomo base alimentar as pastagens, sejam elas naturais ou cultivadas. Apopulao bovina de aproximadamente 14 milhes de cabeas, criadasem cerca de 11 milhes de hectares de pastagens, sendo 86% dessa reacomposta por pastagens naturais.

    Tanto em pastagens naturais quanto em cultivadas, h determinadaspocas do ano que a quantidade de nutrientes por elas fornecidas no suficiente para suprir as necessidades nutricionais dos bovinos,principalmente de animais jovens, ainda em crescimento, a fim de se obter

    nveis aceitveis de desempenho animal.

    As variveis climticas so fatores determinantes da alimentao de

    Maurcio DallmannM. Vet., MSc. Produo AnimalDoutorando do Departamento de Zootecnia Faculdade de Agronomia - UFRGS

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    ruminantes em pastejo, afinal so elas que promovem maior ou menorproduo de pasto e, portanto, maior ou menor disponibilidade de alimentodisponvel aos animais. Ao redor de 80% da produo anual de matria seca produzida nos meses de primavera-vero, sendo o perodo de outono-inverno o de menor produo, podendo haver at mesmo perdasdecorrentes das baixas temperaturas e alta umidade (Maraschin, 2000).

    Alm dos fatores climticos, outros tambm podem influenciar aalimentao de animais sob regime de pastejo, por exemplo, a utilizao deprticas de fertilizao, manejo de carga, melhoramento de espciesnaturais, etc. A no utilizao dessas ferramentas ou seu uso indevidopode acarretar prejuzos nos sistemas produtivos, atravs da diminuio daquantidade e qualidade da forragem oferecida (Mallmann, 2004).

    Os diferentes sistemas de produo tm suas prioridades, sendo a recriaquela que, geralmente, so destinados as reas de menor qualidade, poisesta uma categoria que no remunera imediatamente os investimentosaplicados. Nesse caso situa-se grande parte dos sistemas de produo noRio Grande do Sul e Brasil. Nessa situao os animais aps a desmama sodirecionados para reas que no so capazes de suprir as necessidades deproduo, promovendo perdas de peso, muitas vezes com conseqnciasirreversveis para o desenvolvimento animal.

    Em casos de restrio alimentar severa no perodo ps-desmama, podemos

    ter prejuzos no peso final dos animais, isto , as taxas de crescimentoficam comprometidas, podendo haver diminuies no potencial para ganhode peso de at 20%. Essa restrio conseqncia da diminuio dadisponibilidade e qualidade do alimento disponvel, pois se trata de umapoca em que as pastagens naturais estivais j perderam qualidade e,portanto no so capazes de fornecer os nutrientes necessrios para oadequando desenvolvimento dos animais.

    Nesses casos a suplementao a pasto pode ser uma alternativa paraviabilizar o sistema de produo. Essa ferramenta visa aumentar o ganho depeso e ainda possibilitar o aumento da carga animal, atravs dos efeitossubstitutivos que a suplementao pode exercer no consumo de pasto.

    A suplementao pode ser conceituada como sendo o ato de complementaro suprimento de nutrientes para o animal, envolvendo trs fatores queinteragem, o animal, a pastagem e o manejo, objetivando atingir maioresdesempenhos fsicos e econmicos (Cibillis et al., 1997).

    15Suplementao de bovinos de corte

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    Essa ferramenta de manejo consiste no fornecimento estratgico denutrientes com o objetivo de otimizar a digesto dos alimentos e, a partirdela, o metabolismo dos nutrientes contidos nas pastagens. Os principaisefeitos da suplementao ocorrem sobre o consumo e a digestibilidade daforragem como resultado de alteraes no ambiente ruminal e populaomicrobiana. Esses afetam os fatores determinantes da digesto ruminal, ofluxo da digesta para fora do rmen e a disponibilidade de nutrientes para aabsoro intestinal.

    O objetivo da suplementao pode variar conforme a situao do alimentovolumoso disponvel. Quando a disponibilidade de pasto um fatorlimitante, a suplementao objetiva manter os nveis produtivos dosanimais, nveis esses que sero dependentes da qualidade da forragemdisponvel e da quantidade e qualidade do suplemento ofertado.

    Alm disso, necessrio considerar que a suplementao pode produziralguns efeitos associativos, isto , respostas decorrentes da associao dedois ou mais alimentos. Os efeitos so considerados por Lange (1980)como: aditivos, aditivos com estmulo, de substituio, que ir depender devrios fatores, como por exemplo, a prpria disponibilidade de pasto e ascaractersticas extrnsecas e intrnsecas do mesmo. Esse efeito substitutivopoder servir para o aumento da carga animal sem diminuir odesenvolvimento dos animais, de depresso, quando h diminuio noconsumo total e ainda, o de substituio-adio, caracterizado mais

    comumente nas situaes de suplementao a pasto, onde h diminuiodo consumo de pasto, porm no na mesma ordem do consumo desuplemento.

    Existem diferentes tipos de suplementao, caracterizadas pelo tipo denutriente a ser oferecido.

    A suplementao protica visa melhorar o consumo de alimentosvolumosos de baixa qualidade, assim considerados aqueles com teores deprotena bruta menores de 7%, atravs do fornecimento de fontes denitrognio de rpida fermentao, estimulando, dessa forma, a atividademicrobiana ruminal (Van Soest, 1994).

    A suplementao energtica tem, por sua vez, o objetivo de fornecerenergia metabolizvel para os microorganismos decomporem as fontes denitrognio, aumentando a decomposio e absoro das protenas,

    16 Suplementao de bovinos de corte

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    favorecendo a sntese de protenas microbianas e, em conseqncia, aquantidade de nutrientes absorvidos.

    Alm dessas, ainda existem outros tipos de suplementao, no menosimportantes, porm com resultados mais variveis.

    Com relao aos dois principais tipos de suplementao alimentar paraanimais em pastejo no Rio Grande do Sul, protica e energtica, estesapresentam uma enorme gama de resultados, decorrente da diversidade desolos, ambientes, categorias animais e dos prprios animais, queapresentam entre si uma variabilidade de resultados expressiva.

    A apresentao tratar dessas duas variantes da suplementao,abordando as vantagens, desvantagens e resultados de inmeros sistemasde produo baseados na utilizao de suplementaes estratgicas paraas diferentes categorias animais.

    Bibliografia Consultada:

    CIBILIS, R.; MARTINS, D.V.; RISSO, D. Que s suplementar?Suplementacin estratgica para el engorde del ganado. Montevideo: INIA,1997, 57p.

    LANGE, A. Suplementacin de pasturas para La producin de carnes. 2 Ed.CREA, 1980, 74p.

    MALLMANN, G.M. Consumo e digestibilidade de feno de baixa qualidadesuplementado com nitrognio no protico em bovinos de corte. 77p,2004. Dissertao de Mestrado Faculdade de Agronomia, UFRGS, 2004.

    MARASCHIN, G.E. Relembrando o passado, entendendo o presente eplanejando o futuro: uma herana de forrageiras e um legado em pastagens.In: Reunio Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 38, 2000, Viosa,Anais.... Viosa, Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2000, p. 113-180.

    VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2 Ed. Ithaca, NY,

    Cornell University Press, 1994, 476p.

    17Suplementao de bovinos de corte

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    Controle da VerminoseBovina no Rio Grande do Sul

    Alfredo da Cunha PinheiroMdico Veterinrio, (M.Sc.), Pesquisador B daEmbrapa Pecuria Sul

    Os parasitas gastrintestinais dos ruminantes so uma das principais causasde perdas em produo na Amrica Latina e em outras regiesagropecurias a nvel mundial.

    O Rio Grande do Sul, com um rebanho de aproximadamente 11,5 milhesde bovinos, abate 3,4 milhes de cabeas e exporta 70,6 mil toneladas comum faturamento de 146 milhes de dlares (Anualpec, 2006). Esta

    produo tem caracterstica de ser desenvolvida base de pasto emcampos nativos e melhorados ou em pastagens cultivadas.

    Dentre os fatores que influenciam os ndices de produtividade, cabedestacar os problemas de ordem alimentar e sanitrio.

    No RS a carncia alimentar de inverno tem sido minimizada com adoo depastagens cultivadas e/ou suplementao com rao. Os problemasparasitrios mais importantes so as verminoses gastrintestinais e asectoparasitoses.

    Para o controle racional destas enfermidades tem sido recomendada pelaEmbrapa Pecuria Sul (CPPSUL). O Controle Estratgico e Controle

    Estratgico Integrado.

    Na verminose dos bovinos de corte em criao extensiva, a doena se

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    acentua principalmente aps o desmame dos terneiros, tanto no desmametradicional de outono, (6 a 8 meses), como tambm no desmame precocedos animais com 60 a 90 dias de idade. Quando os bovinos atingem 24 a 30meses de idade geralmente tornam-se resistentes e ou imunes aos parasitasinternos.

    Com relao a mortes por verminose em terneiros desmamados e nosubmetidos ao controle desta parasitose, o ndice situa-se entre 10 e 30%;j o ganho de peso (kg) de terneiros submetidos ao controle dos parasitosinternos, em comparao aos animais sem controle, pode alcanar at 50kg/cabea. Deve-se considerar tambm como muito importante, a reduodo tempo para os machos atingirem o peso de abate e as novilhas estarem

    aptas quanto ao desenvolvimento corporal para o incio do primeiro servioda reproduo.

    Os fatores climticos e de manejo esto diretamente correlacionados com averminose dos bovinos.

    Influncia dos fatores climticos

    Nestes fatores esto includos, principalmente, a temperatura e a umidaderelativa. A temperatura tima para o desenvolvimento mximo de larvas nomenor tempo possvel, em geral est na faixa de 18 a 26C.

    Em temperaturas muito altas, o desenvolvimento mais rpido, mas h umagrande mortalidade de larvas e de tal maneira que poucas chegaro condio de larva infectante (L3). o que ocorre normalmente durante assecas prolongadas. Entretanto, chuvas pesadas geralmente ocasionam umagrande liberao de larvas do bolo fecal, aumentando a possibilidade de osanimais jovens adquirirem uma alta infeco em curto perodo de tempo.

    Influncia do manejo

    Com relao ao manejo dos animais, devem ser considerados a taxa delotao e o nvel de contaminao das pastagens. Quando o nmero deanimais/rea elevado, a forragem geralmente consumida at prximo aosolo, proporcionando uma ingesto de maior nmero de larvas junto com a

    pastagem. Com alta lotao, uma grande quantidade de fezes depositadano solo e, como conseqncia, a contaminao do potreiro ser elevada.

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    Nvel de contaminao das pastagens

    Potreiros utilizados permanentemente com a categoria de animais jovens(terneiros desmamados) e, portanto, muito sensveis verminose,apresentam nveis maiores de contaminao. A aplicao de anti-helmnticos, se o rebanho permanecer em pastagens muito contaminadas,favorece a reinfeco e o nmero de parasitos internos pode retornar comnveis semelhantes aos que existiam antes do tratamento. Por outro lado, oscampos manejados com animais adultos ou em reas utilizadas previamentecom agricultura (restevas) apresentam nveis reduzidos de larvas. Assim,sempre que possvel os animais devero ser colocados em potreiros combaixo nvel de contaminao, aps a dosificao.

    Controle estratgico da verminose dos bovinos

    Tendo por base trabalhos de pesquisa, algumas recomendaes para ocontrole da verminose dos bovinos tm sido indicadas principalmente nasseguintes categorias de animais:

    - Terneiros nascidos na primavera;- Terneiros nascidos no vero e outono;- Terneiros com desmame precoce de 60-90 dias de idade;- Novilhas primparas.

    Controle estratgico da verminose de terneiros nascidos na primavera

    Os terneiros nascidos na primavera geralmente so desmamados nooutono, sendo este o sistema de produo mais utilizado pela grandemaioria dos produtores de gado de corte no Rio Grande do Sul. Para estacategoria de animais tem sido recomendado o seguinte programa decontrole estratgico da verminose (Tabela 1).

    Tabela 1.Controle estratgico da verminose de terneiros nascidos na primavera

    C =anti-helmntico convencionalA = anti-helmntico avanado

    Idade No incio dos meses

    Mar. Jun. Set. Nov.

    Nasc. - 1 ano C C A A

    1,5 - 2 anos C C A A

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    Observa-se pela Tabela 1 que no perodo de vida do animal que vai dodesmame aos dois anos de idade, os animais recebem um total de oitotratamentos, sendo quatro com antihelmnticos convencionais e quatro commedicamentos avanados. Os produtos convencionais e avanados sousados de acordo com a poca e/ou meses do ano, para controlar o tipo deinfeco que normalmente ocorre nesse perodo. So convencionais os anti-helmnticos de largo espectro que possuem atividade em parasitos adultos eformas jovens a nvel de mucosa. Os anti-helmnticos avanados(geralmente de maior custo) tambm so de largo espectro e possuemeficcia no s em vermes adultos, mas, principalmente, em formas jovensinibidas (hipobiose). Este tipo de infeco (Ostertagia em hipobiose) ocorresempre no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina na primavera.

    Tabela 2.Anti-helmnticos de bovinos - Principio ativo e dose (mg/kg)

    Observa-se na Tabela 2 que o levamisole, independente da dose utilizada(3,75 - 5 mg/kg), ser sempre um produto convencional. J os outrosprodutos somente devero ser utilizados na primavera com as dosesrecomendadas na Tabela 2 para anti-helmnticos avanados, pois comdoses inferiores tero apenas eficcia similar a produtos convencionais. Emoutras palavras, com esta subdose no se vai combater o tipo de infecoque est presente nos animais neste momento. Como conseqncia,poderemos ter surtos parasitrios no fim do vero e outono. Nestascondies, podero ocorrer at elevadas perdas por mortes causadas porverminose nos animais de sobreano e que, antes destes estudos, eramerradamente atribudas "mudana de dentes" dos animais.

    Princpio Dose

    Ativo (mg/kg de peso vivo)

    Convencional Avanado

    Levamisole 3,75 5,0 -

    Albendazole 5,0 7,5

    Fenbendazole 5,0 7,5

    Oxfendazole 2,5 4,5

    Sulfxido de Albendazole 2,5 5,0

    Ivermectin - 0,2

    Moxidectin - 0,2

    Abamectin - 02Doramectin - 02

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    De uma forma geral, quando os animais so padronizados por idade ou porcategoria, deve-se tomar como base para clculo de dose/kg de pesocorporal os bovinos mais pesados. Deve-se ressaltar que, quando se tratarde animais jovens manejados em pastagem cultivada com lotao elevada,a.s medicaes podero ser efetuadas com intervalos mais curtos, e sempreque possvel efetuar um monitoramento atravs de exames de laboratrio eassistncia e/ou consultoria por tcnico especializado. Em produointensiva de terneiros em pastagem cultivada com alta lotao, poder serutilizada uma amostragem de 10 animais que so tratados mensalmente.Quando o ganho de peso destes animais for bem superior ao do resto do lotetratado estrategicamente, deve-se imediatamente medicar todos animaiscomponentes do lote. Geralmente o controle estratgico, aliado a algum

    tratamento adicional pelo monitoramento, suficiente para o controleadequado da verminose dos bovinos.

    O controle adequado das parasitoses (interna e externa), aliado a outrosfatores bsicos na produo de bovinos (lotao adequada e mineralizaopermanente), tem proporcionado a obteno de novilhos com at 30 mesesde idade e com peso corporal superior a 450 kg exclusivamente em camponatural. Em se tratando de fmeas, naturalmente que o benefcio do controleinflui positivamente num maior nmero de novilhas para a reposio doestoque de ventres.

    Controle estratgico da verminose de terneiros nascidos no vero e no

    outono

    Os terneiros nascidos no final do vero e outono so parasitadosprincipalmente por espcies de vermes dos gneros Haemonchus eCooperia. Estes parasitos apresentam um ciclo evolutivo muito curto, deduas a trs semanas, ocasionando, em pouco tempo, uma altacontaminao do meio ambiente. Neste perodo no se recomenda autilizao de produtos base de benzimidazole (albendazole, oxfendazole efenbendazole), pois j tem ocorrido at mortes de animais desta categoriapelo uso exclusivo destes produtos nesta poca do ano. Trabalhos depesquisa conduzidos pela Embrapa Pecuria Sul demonstram que estesterneiros, j aos 90 dias de idade, apresentam nveis parasitriosconsiderveis, sendo, ento, recomendada a primeira medicao anti-

    helmntica.

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    Conforme o tipo de parasitismo, podero ser utilizados produtosconvencionais (levamisole) e, em determinados casos, o uso de produtosespecficos como os base de closantel para o controle do Haemonchus.Quando houver necessidade de se combater simultaneamente o carrapato ea verminose, os endectocidas base de ivermectina ou doramectinadevero ser os produtos de eleio. Produtos base de abamectina nodevero ser utilizados em terneiros com idade inferior a 4 meses.

    O intervalo entre os tratamentos anti-helmnticos nesta categoria de animaisgeralmente manejados em campo natural (contaminados) dever ser emtorno de 60 dias, at os animais serem desmamados na primavera. A partirdo desmame, esta categoria de terneiros dever ser submetida ao mesmo

    controle parasitolgico indicado para os animais nascidos na primavera edesmamados no outono, como indicado na Tabela 1.

    Controle estratgico da verminose em terneiros desmamados com 60 a90 dias de idade

    Atualmente, vem sendo preconizado o desmame precoce de terneiros degado de corte desmamados com 60 a 90 dias de idade, cujo objetivoprincipal o de elevar a repetio de cria da vaca. As observaes efetuadasna Embrapa Pecuria Sul demonstram que estes terneiros tornam-sealtamente sensveis verminose; exames de laboratrio demonstram que ointervalo entre as medicaes, mesmo com produtos endectocidas, no

    dever ser superior a 60 dias (Tabela 4) at os animais atingirem um pesoigualou superior a 140 kg, quando j tero capacidade de se manterem semsuplementao em campo natural. Aps alcanarem este peso corporal,podero ser submetidos ao controle parasitolgico preconizado para osterneiros nascidos na primavera e desmamados no outono. Para o controlesimultneo da verminose e das ectoparasitoses (carrapato, berne, etc.)dever ser utilizado um produto endectocida. No esquecer que paraterneiros com menos de quatro meses, no recomendada a aplicao deendectocida base abamectina.

    Tabela 4. Controle da verminose em terneiros desmamados com 60 a 90 dias deidade

    A = anti-helmntico avanado c = anti-helmntico convencional

    IdadeDose

    incio dos meses

    Dez. Fev. Abril Jun. Set. Nov.

    Nasc. 1 ano C C C C A A

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    Controle estratgico da verminose em novilhas primparasA Embrapa Pecuria Sul desenvolveu pesquisas com relao verminoseem novilhas primparas acasaladas aos dois e trs anos de idade. Ostrabalhos evidenciaram que esta categoria animal est sujeita a elevadosndices de parasitoses no ps-parto, inclusive com animais apresentandosintomas clnicos e mesmo mortalidade por parasitos internos. Os animaisapresentam a doena clnica no vero e outono, mas a infeco adquiridaprincipalmente na primavera. O benefcio alcanado com o controle- destaparasitose , em mdia, superior a 15 kg/cabea, sendo que os seusterneiros tambm apresentam peso superior a 10 kg/cabea, provavelmentedevido a uma maior produo de leite materno, mesmo sem medicao anti-

    helmntica at o desmame. O controle desta parasitose dever ser feito comuma medicao na primavera (novembro) e outra no vero (fevereiro) comanti-helmnticos avanados. Quando forem utilizados produtosendectocidas (ivermectin, abamectin, doramectin e moxidectin) serocontrolados, simultaneamente, a primeira gerao do carrapato (B.mcroplus), que ocorre no ms de novembro e a segunda, no ms defevereiro (Tabela 5).

    Tabela 5. Controle de endo e ectoparasitos de novilhas primparas

    E= endectocida

    Alguns produtores, aps as novilhas primparas darem cria na primavera,colocam os animais em pastagem cultivada. Neste caso, recomenda-se umamedicao anti-helmntica com produtos avanados antes de as mesmasserem alocadas em pastagem cultivada.

    Tratamento anti-helmntico para outras categorias

    Outras categorias como vacas de cria e touros de servio, apesar de seremanimais adultos, tambm devem ser considerados no programa de controledo rebanho. Nas vacas de cria, principalmente logo aps o incio da

    lactao, h um aumento da sensibilidade podendo haver uma maiorcontaminao do meio ambiente para suas crias. Desta forma, nesteperodo (primavera) recomenda-se a utilizao de uma dose com produtosavanados.

    Idade/entore Meses/tratamento

    Novembro Fevereiro

    2-3 anos E E

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    Se for utilizado um endectocida, estaro sendo controladossimultaneamente os endo e ectoparasitos.

    Com relao aos touros de servio, recomendada uma dosificao prviano incio da temporada de servio, principalmente se os animais forem desangue zebuno, pois estes so mais sensveis aos parasitos internos. Nestecaso, utilizar produtos avanados.

    Para vacas de descarte e novilhos com mais de 30 meses, indicado, comoforma profiltica uma medicao com antihelmntico avanado na entradada invernada ou da pastagem cultivada.

    Fascola heptica

    Algumas regies e/ou propriedades do Rio Grande do Sul apresentam emseus animais o parasitismo pelo verme do fgado, a Fasco/a hepatca(Saguaip, "baratinha do fgado"). Em muitos casos, o produtor s temconhecimento desta parasitose pelos resultados do laudo de InspeoSanitria, quando os animais so abatidos no frigorfico com InspeoFederal. Resultados de pesquisas obtidos demonstram que geralmente doistratamentos anuais, um no outono (abrilmaio) e outro na primavera(setembro-outubro), reduzem consideravelmente a incidncia destaparasitose (Tabela 6).

    Entretanto, quando as infeces forem altas, necessrio um terceirotratamento anual no incio do vero (dezembro). Os produtos para o controleda F. hepatca so especficos e base de triclabendazole, nitroxinil,clorsulon e closantel. Na Tabela 7 esto contidos o nome tcnico ecomercial dos fasciolicidas usados em bovinos.

    Tabela 6.Programa de controle da Fascola heptica

    Meses/tratamento

    Nvel de Indeco Abril/Maio Setembro/Outubro Dezembro

    Moderada X X

    Alta X X X

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    Tabela 7. Fasciolicidas de bovinos

    Controle estratgico integrado das parasitoses dos bovinos

    Atualmente vem sendo recomendado o controle estratgico integrado dasparasitoses dos bovinos de corte. O programa consiste na utilizaoestratgica de endectocidas em pocas do ano em que ocorre a infecosimultnea do parasitismo dos bovinos por endo e ectoparasitos. Oesquema do programa consta na Tabela 8.

    Tabela 8. Programa de controle estratgico integrado do complexocarrapato/tristeza parasitria bovina e verminose.

    E = EndectocidaA = Anti-helmntico AvanadoTPB = Vacina contra a Tristeza Parasitria Bovina(Babesia bigemina, B. bovis e Anaplasma marginale)

    O primeiro tratamento com endectocida efetuado na segunda quinzena denovembro, com o objetivo principal de controlar a primeira gerao docarrapato comum dos bovinos e as infeces por verminose, principalmenteOstertagia com ciclo interrompido (hipobiose). O segundo tratamento, emfevereiro, deve controlar a segunda gerao de carrapatos e as infecespor endoparasitos de vero que normalmente ocorrem nesse perodo. Amedicao com endectocida no ms de maio controlar a terceira e ltimageraes de carrapatos e as verminoses do outono, que geralmente soelevadas neste ms. J para o controle do parasitismo interno no ms desetembro, recomendado apenas um antihelmntico avanado. No usarendectocida, pois no h presena de carrapatos. Neste ms as infecespor parasitos em hipobiose so elevadas e, por isso, recomendadatambm a vacinao contra a tristeza parasitria dos animais jovens. Esteprograma foi avaliado tanto na Embrapa Pecuria Sul, como empropriedades particulares.

    Princp io ativo Dose(mg/kg de peso vivo)

    Triclabendazole 10

    Nitroxinil 10

    Ivermectin + Clorsulon 0,2

    Closantel 5

    Idade Meses

    Novembro Fevereiro Maio Setembro

    1 a 2 anos E E E A/TPB

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    Nas propriedades particulares o endectocida utilizado foi a ivermectina.

    Resistncia antihelmntica

    J foi detectada resistncia anti-helmntica em bovinos no RS e em vriasregies do mundo. Trabalhos de pesquisa demonstraram que 20% dosrebanhos gachos podem no estar respondendo aos vermifugosatualmente usados, inclundo o grup;p das ivermectinas. Por esta razo,assim como feito em ovinos, seria muito importante o monitoramentoanual dos rebanhos atravs de testes laboratoriais para determinao dosprodutos que ainda podem ser utilizados num determinado estabelecimento.Para este teste precisamos um intervalo mnimo de 60 dias aps o ltimo

    tratamento anti-helmntico. Esta avaliao relativamente simples econsiste na dosificao de grupos de terneiros com distintos gruposqumicos. Por exemplo, 10 terneiros medicados com ivermectin, 10 com umbenzimidazol, 10 com levamisole e outros 10 terneiros sem tratamento.Aps um perodo de 10-12 dias, fezes so coletadas individualmente esubmetidas contagem de ovos e cultura de larvas infectantes paradeterminao da eficcia e identificao de eventuais parasitossobreviventes ao tratamento.

    de fundamental importncia no uso correto dos antihelmnticos, seguir asinstrues do fabricante, atender aos perodos de carncia para carne eleite, bem como estimar corretamente o peso dos animais a serem

    medicados.Recomendaes complementares

    - Um controle sanitrio adequado do rebanho bovino no deve basear-seexclusivamente na administrao de antihelmnticos. Outras medidassanitrias e de manejo so igualmente importantes. quais sejam.

    - Manuteno de um programa de profilaxia para outras doenas e/ouparasitoses, como carbnculo hemtico, carbnculo sintomtico, gangrenagasosa (clostridioses), brucelose, carrapato, tristeza parasitria e doenasemergentes (IVR, leptospirose, diarria viral bovina).

    - Solicitao de laudo de Inspeo Sanitria do frigorfico, pois assim serpossvel identificar outras doenas como: hidatidose, fasciolose,cisticercose, actinomicose, actinobacilose e tuberculose.

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    - Evitar o uso contnuo e permanente dos mesmos campos e/ou potreirospara animais jovens, pois essas reas podem tornar-se excessivamentecontaminadas;

    - Manuteno de uma lotao adequada nos potreiros (peso vivoanimal/ha) seguindo as recomendaes da pesquisa indicadas por regio doEstado.

    - Planejar com antecedncia a compra de insumos e/ou produtosveterinrios, pois o xito de um programa preventivo sanitrio depende deque o mesmo seja efetuado precisamente nas pocas recomendadas.

    - No outono de cada ano mandar efetuar uma avaliao da eficcia dasprincipaisbases de anti-helminticos.

    - Finalmente, indispensvel que os programas de controle parasitriosejam continuamente monitorados por um Mdico Veterinrio. o qualpoder fazer os ajustes necessrios s peculiaridades de cada regio oupropriedade.

    Custos do controle da verminose

    Historicamente o custo do controle estratgico da verminose desde o incio

    (desmame) at os animais completarem 24 meses de idade (8 tratamentos) equivalente a 4-6 kg de peso corporal. O custo do controle estratgicointegrado poder ser um pouco superior (6 a 8 kg/cabea), mas as anlisesdemonstram uma melhor relao custo-benefcio, atribuda a um maiorganho de peso, mesmo que o custo tenha sido mais elevado.

    Bibliografia Consultada

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    Carrapato dos Bovinos(Boophilus microplus)Controle e Resistncia a Carrapa-ticidas no Rio Grandedo Sul

    1F. de P. J. Alves-BrancoMdico Veterinrio

    1M. de F. M. SapperMdica Veterinria

    2A. da C. PinheiroMdico Veterinrio

    1L. R. F. Alves-BrancoMdico Veterinrio

    Introduo

    A crescente competitividade por melhores ndices de produtividade napecuria brasileira, combinada com a acelerao da difuso de novastecnologias, tm provocado o aprimoramento de cada sistema de produode bovino existente, seja ele extensivo, intensivo ou semi-extensivo. Talproduo tem a caracterstica de ser base de pasto em campos nativos e

    melhorados ou de pastagens cultivadas, uso de forragens conservadas,como a silagem, o feno e a suplementao alimentar, pelo menos nosperodos mais crticos.

    O pecuarista vem incorporando, gradativamente, as tecnologias maisadequadas e demonstrando domnio de avanadas tcnicas de manejo.Entretanto, dentre os diversos fatores que influenciam os ndiceszootcnicos de produtividade, seja de maneira positiva ou negativa,encontram-se a nutrio animal, o clima, a sanidade e o manejo animal

    1Francisco de Paula Jardim Alves-Branco, Mdico Veterinrio, Msc., Pesquisador Aposentadoda EMBRAPA, Bag,RS e Responsvel Tcnico pelo Consultrio Mdico Veterinrio(CONSULVET), Maria de Ftima Munhs Sapper, Mdica Veterinria, Msc., e Luciano Rocha

    Fagundes Alves-Branco, Mdico Veterinrio, Consultrio Mdico Veterinrio, Av.: Jos doPatrocnio, n 115 Cep.: 96.415-500 Fone/Fax: (53) 3247.54.00 9976.27.48 - Bag, RS,BRASIL - e-mail: 2Alfredo da Cunha Pinheiro, Mdico Veterinrio, Msc., Pesquisador da Embrapa Pecuria Sul,C.P. 242, Cep.: 96.400-970 Bag, RS.

    [email protected]

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    (Kirchgssner,1989; Ensminger et al.,1990). Estes fatores no agemindividualmente, mas sim de forma adicional, e os seus efeitos socumulativos. Nesse contexto, as prticas de manejo visam propiciar maiorlotao dos pastos, aumentando a concentrao animal e a produtividade,dentro de um limite econmico vivel, situao que pode favorecer aocorrncia de alteraes nas relaes entre os organismos envolvidos e,conseqentemente, a necessidade de um maior controle dos parasitas dosbovinos, dentre os quais destaca-se o carrapato dos bovinos Boophilusmicroplus(Martins, 2004).

    No Brasil, este parasita encontrado em todo o territrio, sendo observadasua presena, durante os 12 meses do ano, em 66,04% dos municpios

    (Horn,1984), encontrando condies climticas favorveis ao seudesenvolvimento, do extremo Sul em direo ao Norte ou Nordeste,possibilitando-lhe completar de 2,5 a 3 ou 3 a 4 e, posteriormente, at 5geraes por ano, em locais com temperaturas mdias anuais acima de17C (Faustino, 2008).

    Devido sua complexidade de ao sobre o hospedeiro, torna-se difcil aquantificao dos prejuzos econmicos causados pelo B. microplus. Esteparasito causa graves prejuzos devido sua ao direta, que pode resultarem anemia, predisposio ocorrncia de miases e desvalorizao doscouros. Indiretamente, sua ao caracterizada pela transmisso doshemoparasitos causadores da Tristeza Parasitria Bovina, ou seja, Babesia

    bigemina, Babesia boviseAnaplasma marginale, doena de alta morbidadee mortalidade no Rio Grande do Sul. Alm disso, pode-se mencionar oscustos relacionados ao controle qumico, mo-de-obra, instalaes eequipamentos. Dessa maneira, o carrapato B. microplus o ectoparasitomais importante dos bovinos brasileiros, em virtude das perdas econmicasque causa aos produtores, ocasionando prejuzos que podem ultrapassardois bilhes de dlares por ano (Grisi et al., 2002).

    Apesar das dificuldades em mensurar os prejuzos determinados peloparasitismo por B. microplus pecuria bovina brasileira, estudos visandoavaliar o impacto econmico da ao dos ectoparasitos na Amrica do Sulconsideraram que, no Brasil, as perdas chegaram a 2,5 milhes de cabeasde gado, o que representou a perda de 75 milhes de quilogramas de carne,

    1,5 bilho de litros de leite, 8,6 milhes de dlares por danos secundrios e25 milhes de dlares em acaricidas qumicos, para combater asinfestaes por carrapatos (Agronline, 2005).

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    A reduo significativa dessas perdas socioeconmicas depende de umenfoque global, ou seja, de um sistema eficiente de controle integrado docarrapato, das doenas por ele transmitidas e demais enfermidades queafetam os bovinos, incluindo aspectos nutricionais, manejo e gentica. Paraisso, fundamental que se conhea, atravs da pesquisa, todas aspeculiaridades referentes aos agentes, aos hospedeiros e ao meio ambiente(Alves Branco et al., 2002).

    O controle do B. microplusnos ltimos anos tem tido um grande avano,graas ao estabelecimento de conhecimentos da biologia e dos modelosepidemiolgicos deste ectoparasito, do manejo dos rebanhos e daspastagens, da resistncia racial e do desenvolvimento de carrapaticidas. O

    combate ao carrapato tem sido feito, na maioria das vezes, quaseexclusivamente na sua fase parasitria, com o emprego de produtosqumicos acaricidas, utilizando as mais variadas estratgias em perodosespecficos e com critrios bastante diversos de manejo; no entanto, o usoinadequado, indiscriminado e abusivo dos diferentes princpios ativos,exerce uma presso sobre a seleo de populaes de carrapatos,agravando cada vez mais os fatores inerentes manifestao daresistncia.

    Alguns aspectos relevantes da Biologia do Boophilus microplus

    O Boophilus microplus, popularmente conhecido como carrapato dos

    bovinos, originou-se provavelmente da sia, notadamente da ndia e da Ilhade Java (Thiensen, 1979), quando mamferos e pssaros substituram osrpteis como vertebrados dominantes, j no perodo tercirio (Hoogstraal,1985). Em funo das expedies exploradoras registradas atravs daHistria, com movimentao de animais e mercadorias, ocorreu a suaexpanso e introduo na maioria das regies tropicais e subtropicais(Nunes et al., 1982), onde o calor e a umidade propiciaram condiesfavorveis sobrevivncia.

    O B. microplusest geograficamente distribudo entre o paralelo 32 Nortee Sul. O 32 N, passa ao sul dos Estados Unidos, aproximadamente no meiodo Mxico e Norte da frica. O 32 S passa ao sul do Brasil, no meio doUruguai e Argentina e no Sul da Austrlia (Gonzales, 1993).

    O Brasil um pas com caractersticas climticas que favorecem odesenvolvimento e a sobrevivncia do B. microplus, na maioria dos mesesdo ano (Evans,1992). Este ectoparasito um artrpode

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    pertencente classe Aracnida, ordem Acarina, subordem Metastigmata,Famlia Ixodidae, cujo hospedeiro de eleio o bovino, ocasionalmenteparasita outras espcies, entre as quais at mesmo o homem.

    Ciclo evolutivo do Boophilus microplusO carrapato Boophilus microplus um parasita monoxeno, isto , utilizaapenas um s hospedeiro em seu ciclo evolutivo, sendo que o hospedeiropreferencial o bovino. O ciclo de vida do carrapato B. microplustem duasfases: a primeira, a fase de vida livre ou no parasitria, no solo evegetao; a Segunda, a fase de vida parasitria, no corpo do hospedeiro.

    A fase de vida livreinicia aps a queda fmea, totalmente ingurgitada, cheiade sangue, chamada de telegina, que se desprende do animal e cai ao solo(Figura 1), procurando sempre um bom lugar para se abrigar da luz solar. Nosolo, inicia-se, ento, a fase de pr - postura, que tem, em condies ideaisde temperatura e umidade (cerca de 27C de temperatura e 70% deumidade relativa do ar), durao de dois a trs dias, podendo se estender amais de 90 dias, caso as condies no sejam favorveis. A postura ouovoposio, em boas condies, leva em torno de 15 dias e cada teleginapode colocar at 3.000 ovos. O ovo, ao ser posto, recoberto por um tipode verniz que o protege contra a dissecao, mas mesmo assim o friointenso pode esteriliz-lo. Em seguida, inicia a fase de ecloso dos ovos,eclode uma larva de cada ovo, para qual so necessrios em condies

    ideais de umidade (+70%) e temperatura (27C), em torno de 7 dias aps ofinal da postura e se completa dentro de 4 a 6 dias. A larva que da emergechama neolarvas, sendo necessrio um perodo de mais 7 dias para que setornem larvas infestantes (Gonzales, 1993). Em condies timas detemperatura e umidade, a queda/postura/ecloso tem durao em torno de32 dias. Observaes epidemiolgicas efetuadas no Rio Grande do Sulindicam que o ciclo de vida livre, ou seja, no solo, foi de 36 semanas, comuma sobrevivncia larval de 30 semanas (Laranja et al., 1986).

    A fase de vida parasitria inicia quando a larva infestante instala-se nohospedeiro, passando a ser larva parasitria, desenvolvendo-se at afecundao e ingurgitamento total das teleginas (Figura 1). As larvas de B.microplus alimentam-se preferencialmente do plasma, apenas nos

    momentos que precedem o rpido ingurgitamento das ninfas e das fmeas, que o sangue torna-se o principal constituinte alimentar (Bennett, 1974).

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    O acasalamento entre machos e fmeas ocorre no corpo do bovino. Umaspecto importante que o B. microplusapresenta um dimorfismo sexualacentuado. Neste contexto, muito comum dizer que o carrapato no tempai. Isso se deve ao fato de que o macho muito pequeno em relao fmea adulta, sendo dificilmente visualizado no corpo do bovino. A faseparasitria termina quando os adultos, includas as fmeas fecundadas eingurgitadas, despreendem-se desse hospedeiro (Alves-Branco et al.,2000). O incio da queda das teleginas ocorre no 19 dia da infestao,sendo, em mdia, entre o 22 e 23 dias (Gonzales, 1993). A fmea de B.microplus, durante os seis primeiros dias de fixao, ingere apenas 3,8L desangue, porm, nos momentos que precedem a sua queda (12 a 24 horas),esta ingesto atinge valores em torno de 300-500L (Tatchell et al.,1972).

    O ingurgitamento e queda da fmea do B. microplusso bastante rpidos.Demonstrou-se que, em parte, fmeas ingurgitadas que tm crescimentode 4-6mm (10-30mg), podem atingir um rpido final de ingurgitamento noite, chegando a 8-11mm (150-250 mg) e se destacando do animal nasprimeiras horas do dia. Assim, de fundamental importncia que asrecorridas de campo sejam feitas nas primeiras horas da manh, para que setenha uma melhor estimativa da quantidade de carrapato presente no corpodo bovino. Porm, os padres de ingurgitamento se diferenciam entre asestaes, assim como em bovinos estabulados, sugerindo que este sofreinfluncia do ambiente externo, principalmente de luz e temperatura. Acontagem de carrapatos de 4,5 a 8,0 mm de comprimento em um dia,demonstrou fornecer uma confivel estimativa do nmero de carrapatos

    ingurgitados, que se despreendero do bovino no dia seguinte e tem sidoadotada para a determinao do nmero de carrapatos nos bovinos(Wharton & Utech, 1970).

    As condies ambientais e o grau de resistncia do hospedeiro influenciamno tempo de durao do ciclo de vida do carrapato (Roberts, 1968) e nopeso das teleginas (Hewetson, 1972). Toda ao de controle deve basear-se no conhecimento de seu ciclo de vida (Figura 1) e no modelo populacionalnos diferentes ecossistemas.

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    FaseParasitria

    Fase de Vida Livre

    Dias aps fixao no corpo do bovino

    nstares

    Dia modal de ocorrncia*

    1. Larva

    2. Metalarva

    3. Ninfa

    4. Metaninfa

    5. Neandro

    6. Negina

    7. Gonandro

    8. Partengina

    9. Telegina

    1 dia

    4 dias

    8 dias

    11 dias (origina macho e fmea)

    14 dias (macho jovem)

    15 dias (fmea jovem)

    16 dias (macho adulto)

    18 dias (fmea pr-adulta)

    21/22 dias (fmea adulta)

    * o dia de maior ocorrncia deum determinado nstar.

    Com relao ao carrapato dos bovinos, Alves-Branco et al., (1987),estudando as raas Hereford e Ibag (3/8 Nelore X 5/8 A. Angus), verificouque nessas raas ocorrem trs picos distintos de infestaes (Figura 2). Naraa Hereford, ocorreu o maior nvel de infestao; um primeiro pico,discreto, ocorreu na primavera, principalmente nos meses denovembro/dezembro, correspondendo ao incio das infestaes pelocarrapato. O segundo pico foi verificado no ms de fevereiro e o terceiro,refletindo o grau mximo de infestao, ocorreu no outono, principalmentenos meses de abril e maio, correspondendo primeira, segunda e terceirageraes de carrapatos, respectivamente. Nos meses de inverno, at ametade da primavera, a infestao com carrapato cai, praticamente, a zero.Quanto ocorrncia da Tristeza Parasitria Bovina (agentes Babesia

    bigemina, Babesia bovis e Anaplasma marginale), essa se manifesta,simultaneamente, com a prevalncia das geraes de carrapatos (Figura 3).

    Figura 2: Prevalncia Estacional do Boophilus microplus na Regio de Bag/RS.

    Fonte: ALVES-BRANCO et al.,(1987).

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    Figura 3:Ocorrncia da Tristeza Parasitria Bovina e sua relao com a prevalnciado carrapato dos bovinos.

    Fonte: ALVES-BRANCO et al.,(1987) Embrapa / Bag.

    A interao dos fatores ecolgicos influi significativamente nodesenvolvimento do carrapato. Dentre esses fatores, esto includos,principalmente, a temperatura, a umidade relativa e a precipitaopluviomtrica. A temperatura tima para o desenvolvimento mximo deovos e larvas de ectoparasitos est na faixa de 18 a 26 C, sendo estaconsiderada o fator mais limitante. Nos meses de junho, julho e agosto, ocarrapato encontra temperaturas adversas, apesar da umidade relativa se

    manter acima de 70%. Assim sendo, as variaes anuais nas populaesde carrapatos esto estreitamente vinculadas s variaes que ocorremcom as mudanas de estaes do ano (Alves-Branco et al.,2000).

    No Brasil Central, Regies Sudeste e Centro-Oeste, as condies detemperatura e umidade permitem o desenvolvimento e a sobrevivncia doscarrapatos durante todo o ano. Entretanto, na poca seca e mais fria, esseperodo chega a triplicar. Na regio sul diferente, uma vez que, por causado perodo de frio mais intenso, os estdios do carrapato nos campos noconseguem desenvolver-se e, praticamente, desaparecem da pastagem e,por conseguinte, dos animais, na segunda metade dessa poca do ano.Apenas os poucos ovos frteis remanescentes das fmeas ingurgitadas quecaram na pastagem no incio do outono originaro um pequeno nmero de

    larvas que repovoaro os campos no incio da primavera, reinfestando aspastagens (Furlong et al.,2004).

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    Controle do carrapato Boophilus microplus

    Para se realizar o controle do B. microplus, torna-se fundamental que sereconhea o parasito como um ser participante de um sistema ecolgico.H, portanto, a necessidade de se identificar, valorizar e utilizar osdiferentes fatores que compem o ecossistema do carrapato, como o clima,vegetao, localizao geogrfica, predadores, parasitos, raas bovinas,carrapaticidas e manejo animal (Gonzales, 1988).

    Dentre as diversas alternativas para o controle do B. microplus, na sua fasede vida livre, ou seja, no solo, no qual vem sendo estimulado, apesar de suaresposta ainda pouco expressiva, podemos citar os mais variados mtodos,

    como rotao de pastagens e cultivos de algumas espcies de forrageiras,que por apresentarem caractersticas especficas, tm influncia nasobrevivncia das larvas nas pastagens, o que resulta na repelncia oumorte destas larvas. Como exemplo, o capim-gordura (Melinis minutiflora)tem poder repelente e letal, o capim-morundu (Bracharia brizantha) temapenas poder de letalidade. O Brachiaria decumbens mostrou-se maisfavorvel sobrevivncia do B. microplus em comparao ao Urocloamosanbizensise Panicum maximum cv. Petri. As leguminosas do gneroStylosanthes scabra e o S. viscosatm efeito carrapaticida e dificultam oacesso de larvas ao hospedeiro, enquanto o S. guianensisapresenta ummenor efeito. A implantao da lavoura para recuperao de pastagens uma prtica que indiretamente auxilia o controle do carrapato, pela ausncia

    de animais na rea; limpeza dos campos (roadeiras) e o manejo derebanho, ao de predadores naturais, como a gara-vaqueira (Egretta bis),Chimango (Mivalgo chimango), (Alves-Branco et al., 1982 e 1987c),formigas (Gonzales, 1995), uso de patgeno como fungosentomopatognicos, como a Beauveria bassiana (Cordovs, 1997) eMetarhizium anisopliae, ( Monteiro et al.,1988 a e b; Correia et al.,1998),bactrias como a Cedecea Iapagei (Brum, 1988) e mais recentemente,Frazzon et al., (2000) demonstraram que o controle biolgico do carrapatoB. microplus atravs do fungo M. anisopliae factvel, podendo seradicionado aos mtodos integrados de controle desse ectoparasito.

    O controle do B. microplus na sua fase parasitria, isto , sobre o corpo doanimal hospedeiro, pode ser realizado de diversas formas, primariamente

    atravs de fatores inerentes ao hospedeiro, tais como: criao de raasresistentes aos carrapatos, como os zebunos (Bos indicus), seuscruzamentos com raas europias (Bos taurus) e seleo de animaisresistentes dentro das raas e cruzamentos (Alves-Branco et al., 2000).

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    Atualmente, o controle do carrapato B. microplus feito principalmentecom o uso de acaricidas, que podem ser aplicados por imerso, que era aforma peculiar na Regio Sul at o surgimento dos produtos endectocidas;outras formas de aplicaes so pulverizao, asperso e dorsal pour-on.

    Os produtos carrapaticidas so aplicados atravs de diferentesformulaes, sendo que os mesmos so classificados em famlias ou gruposqumicos, havendo atualmente pelo menos seis grandes grupos:fosforados, piretrides, amidnicos, avermectinas, fluazuron e fipronil. Aolongo do tempo, com o surgimento de novos grupos e o desaparecimento deoutros (arsenicais e clorados), os mesmos podem ser agrupados de acordocom o modo de ao em carrapaticidas de contato ou sistmicos(Furlong & Martins, 2000).

    A possibilidade do uso de vacinas contra o B. microplustem sido alvo deestudos nas ltimas duas dcadas. Considerveis recursos e esforos depesquisadores foram investidos nas ltimas dcadas com a inteno dedesenvolver-se uma vacina eficaz contra carrapatos e que fosse de amplouso, no obstante os complexos mecanismos envolvidos na resposta imune(Willadsen, 2001). Duas vacinas foram registradas (Tick Gard e Gavac) edisponveis comercialmente em alguns pases. Entretanto, por diversasrazes, no Brasil ainda no esto sendo comercializadas e colocadas disposio dos bovinocultores, embora tenham obtidos registros delicenciamento. Certamente, com a justificativa econmica de seu uso e de

    uma eficcia comprovada contra carrapatos nas nossas condies, estesantgenos devero ser progressivamente incorporados e auxiliar no controledos carrapatos (Martins, 2004). O uso de vacinas contornaria o problemada resistncia a drogas e ainda reduziria a possibilidade da presena deresduos no leite e na carne (Da Silva et al.,2000). Segundo Andreotti et al.,2002 o uso de uma vacina polivalente com vrios antgenos, com efeito emdiferentes fases de vida do carrapato, impede o funcionamento de pontosimportantes na vida do carrapato e vai permitir aumentar a eficincia nocontrole e dificultar a presso de seleo nas populaes de carrapatos.

    Programas estratgicos para o controle do carrapato dos bovinos

    No Rio Grande do Sul, para a maioria dos produtores, aplicao de

    carrapaticida a nica forma de controlar os carrapatos nos bovinos,atravs de banhos sucessivos, principalmente no perodo da primavera,vero e outono.

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    Em outras situaes, os animais so banhados inclusive no perodo deinverno. Esse mtodo tradicional de controle do carrapato ao longo dostempos tem sido apontado como um dos principais fatores quefavorecem o surgimento da resistncia e, em muitos casos, leva quebra da estabilidade imunolgica dos bovinos frente aos agentes datristeza parasitrios, alm de elevar os custos com tratamento e mo-de-obra.

    Atravs do modelo populacional do carrapato Boophilus micropluspara aregio de Bag/RS, Alves-Branco et al.(1987) elaboraram um programa decontrole estratgico do carrapato (Tabela 1), visando a reduo da cargaparasitria sobre os animais, a descontaminao das pastagens e amanuteno das mesmas com baixo nvel de infestao. Um esquemausando seis banhos estratgicos, sendo trs banhos no incio da segundaquinzena de novembro (primavera/vero); trs banhos a partir da segundaquinzena de fevereiro (vero/outono). Um outro esquema era aplicao dequatro banhos estratgicos, sendo dois banhos no incio da segundaquinzena de novembro (primavera/vero); dois banhos a partir da segundaquinzena de fevereiro (vero/outono). Nas propriedades que apresentambaixo nvel de infestao dos bovinos pelo carrapato, o outro esquema era aaplicao de trs banhos estratgicos/ano; neste caso, o primeiro banhocarrapaticida dever ser feito na primeira quinzena de janeiro; o segundobanho na primeira quinzena de fevereiro e o terceiro na primeira quinzena deabril. Por outro lado, mesmo frente utilizao de banhos estratgicos em

    casos excepcionais (em microrregies ou invernos com temperaturasfavorveis ao desenvolvimento do carrapato), poder ser necessrio umbanho adicional nos meses de agosto/setembro.

    Com relao aos terneiros mames nascidos na primavera, poder serutilizado o esquema de seis e quatro banhos, desde que os animais sejamimunizados contra a Tristeza Parasitria Bovina, nos meses denovembro/dezembro.

    importante referir que, como uso permanente do controle estratgicona propriedade, haver uma sensvel reduo nas infestaes pelocarrapato, o que poder predispor os animais ocorrncia de TristezaParasitria Bovina (TPB). Desta forma, recomenda-se a imunizao anual

    dos animais contra esta hemoparasitose entre os meses de agosto-setembro. Este procedimento visa reforar a imunidade dos animais frentes infestaes pelo carrapato, a partir da primeira gerao.

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    Tabela 1:Programa de orientao bsica para o controle estratgico do carrapatoem bovinos nas fases de recria e terminao.

    *Vacinao anual contra os agentes da Tristeza Parasitria Bovina (Babesia

    bigemina, B. bovis e Anaplasma marginale).

    Fonte: ALVES-BRANCO et al., (2000).

    Programas de Controle Estratgico e Estratgico Integrado das Helmintosese do Complexo Carrapato/Tristeza Parasitria Bovina em Bovinos de Corteno RS

    Aps a avaliao dos programas estratgicos de controle especfico dashelmintoses e do carrapato (Tabela 2), no Brasil, o controle estratgicointegrado (CEI) foi dado como enfoque na pecuria a partir de 1994. Nessanova estratgia foram considerados alguns aspectos importantes, como oconhecimento da dinmica populacional dos parasitos, onde se verificou

    que h uma freqente sobreposio epidemiolgica entre helmintosgastrintestinais, os ecto e hemoparasitos mais importantes sob o ponto devista sanitrio e econmico (Alves Branco et al., 1997); e um segundo fatoque diz respeito avaliao e ao melhor conhecimento da alta eficciacarrapaticida dos produtos chamados endectocidas (Gonzales et al., 2000),e o terceiro, o surgimento de vacinas vivas atenuadas contra a TristezaParasitria Bovina (Arteche, 1992). Nesse contexto, foi desenvolvido eavaliado o Programa Integrado de Controle do complexo carrapato/tristezaparasitria e verminose dos bovinos no RS. O programa de controleestratgico integrado foi desenvolvido com fmeas Hereford, na faixa etriade um at os dois anos de idade. Este programa objetivou, alm do controledas parasitoses, a reduo da idade de acasalamento para o primeiroservio reprodutivo (Tabela 3).

    Esquema de 6 banhos/anoSituao da propriedadequanto ao nvel de

    infestao Perodo Nov Dez Jan Fev Mar Abr Ago/Set

    1 quinzena TPB*ALTO

    2 quinzena

    Esquema de 4 banhos/ano1 quinzena

    MDIO2 quinzena TPB*

    Esquema de 3 banhos/ano1 quinzena TPB*

    BAIXO2 quinzena

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    Tabela 2: Programa de controle estratgico no-integrado do complexoCarrapato/Tristeza Parasitria Bovina e Verminose.

    BC= Banho Carrapaticida A=Anti-helmntico Avanado C=Anti-helmnticoConvencional TPB=Vacina contra Tristeza Parasitria Bovina (Babesia bigemina,B. bovis e Anaplasma marginale).

    Fonte: ALVES-BRANCO et al., (2000).

    O primeiro e segundo banhos carrapaticidas (BC) so aplicados a partir da 2quinzena de novembro, com intervalo de 21 dias. O terceiro e o quarto, apartir da 2 quinzena de fevereiro, com o mesmo intervalo. Para os anti-helmnticos avanados (A) com atividade em Ostertagia inibida(hipobiticas), a dose recomendada de 7,5 mg/kg. Como anti-helmnticosconvencionais (C) foram utilizados os produtos base de Levamisoleinjetvel, 3,75 mg/kg. Todos os animais foram previamente vacinadoscontra a Tristeza Parasitria Bovina, com um imungeno vivel, contendoamostras atenuadas de B. bigemina e B. bovis, e amostra de A. centrale. Noms de setembro, todos os animais so revacinados.

    Tabela 3: Programa de controle estratgico integrado do complexoCarrapato/Tristeza Parasitria Bovina e Verminose.

    E=Endectocida A=Anti-helmntico Avanado TPB=Vacina contra TristezaParasitria Bovina (Babesia bigemina, B. bovis e Anaplasma marginale).

    Fonte: ALVES-BRANCO et al., (2000).

    A primeira e a segunda aplicaes de endectocida (Doramectina) so feitas,respectivamente, na 2 quinzena dos meses de novembro e fevereiro(Tabela 7). A terceira aplicao feita na 1 quinzena de maio. O anti-helmntico avanado aplicado na 2 quinzena de setembro. Da mesmaforma que o programa estratgico no integrado, todos os animais sovacinados previamente contra a tristeza e revacinados no ms de setembro.

    MesesIdade Bovinos

    Nov. Dez. Fev. Mar. Jun. Set.Carrapato BC BC BC BCVerminose A C C A

    Tristeza Parasitria Bovina (vacina) TPB

    MesesControle

    Novembro Fevereiro Maio SetembroCarrapato / Verminose E E E A

    Tristeza Parasitria Bovina (vacina) TPB

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    Atualmente, entre os princpios ativos disponveis no mercado para ocontrole das helmintoses, temos os seguintes: levamizole, albendazole,fenbendazole, oxfendazole e sulfxido de albendazole. J com relao aosendectocidas, ou seja, princpios ativos, com ao nos endo eectoparasitos, temos: ivermectin, doramectin, moxidectin e abamectin.

    Com o programa de controle estratgico integrado foi possvel reduzirsignificativamente os nveis parasitrios quanto ocorrncia do carrapato(Boophilus microplus), da tristeza parasitria bovina (Babesia bigemina,Babesia bovis e Anaplasma marginale), da mosca do berne (Dermatobiahominis), das miases (Cochliomyia hominivorax), do piolho sugador(Linognathus vituli), alm de auxiliar no controle do piolho cortador(Damalinia bovis). indispensvel que o programa de controle que estsendo utilizado na propriedade/regio seja continuamente monitorado porum Mdico Veterinrio, o qual poder fazer os ajustes necessrios a cadaregio ou propriedade. de se ressaltar que o programa integrado decontrole das parasitoses no deve se basear somente em tratamentosqumicos, mas igualmente, devem-se utilizar normas de manejo, como porexemplo, medicao prvia de animais antes de coloc-los em reasdescontaminadas. Inimigos naturais, como besouros coprfagos, aves,pssaros predadores, formigas e outros, so importantes aliados numprograma de controle integrado das parasitoses. Finalmente, de sesalientar que a adoo de programas estratgicos de controle dasparasitoses repercute no aumento da produtividade do rebanho, reduz

    significativamente o uso de produtos qumicos, proporcionando dessaforma, produtos de origem animal de melhor qualidade, alm de reduzir osriscos de poluio ambiental, podendo possibilitar uma reduo em, pelomenos, 50% no nmero de tratamentos/ano e, conseqentemente, doscustos (Alves-Branco et al., 2005).

    Resistncia a Carrapaticidas no Rio Grande do Sul

    O controle do carrapato dos bovinos B. microplus em nosso pas realizadoprincipalmente na fase parasitria, atravs do emprego de diferentes gruposqumicos. Entretanto, o uso de produtos qumicos tem demonstradoineficcia crescente, aumentando consideravelmente a resistncia docarrapato aos acaricidas disponveis no mercado.

    Cepas resistentes surgem pela seleo e recombinao de genesresistentes, em populaes de carrapatos, decorrentes da presso seletiva

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    causada pelos acaricidas (Gordon, 1961, em Wharton, 1967). A principalcaracterstica da resistncia o fato de ser gentica, isto , uma vezadquirida a caracterstica, a mesma agregada ao seu complexocromossmico e, portanto, transmitida de gerao a gerao (Gonzales,1975).

    Em estudos recentes sobre a resistncia a acaricidas, tem-se concludo que aalterao no ciclo biolgico uma das diversas maneiras pelas quais aresistncia a acaricidas pode-se caracterizar nos artrpodes, dependendo daespcie envolvida (Nolan, 1990).

    O problema da resistncia ao carrapato B. microplus a acaricidas vem seacentuando nos ltimos anos, em vrias partes do mundo, inclusive no Brasile, conseqentemente, dificultando um controle adequado. O usoindiscriminado e, muitas vezes, em subdosagens dos produtos mosquicidastem contribudo para aumentar o problema da resistncia aos compostosexistentes no mercado (Arantes et al., 2005).

    A resistncia tem sido estudada e medida por pesquisadores de todo omundo. No Brasil, resistncia e alterao de sensibilidade do B. microplusaos acaricidas tm sido frequentemente relatadas (Freire, 1956; Gonzales eSilva, 1972; Patarroyo, 1978; Arteche, 1979; Patarroyo & Costa, 1980:Carneiro et al., 1985; Oliveira et al., 1986; Pereira e Lucas, 1987; Leite,1988; Laranja et al., 1989; Leite et al., 1991; Alves-Branco et al., 1992;

    Martins et al., 1992; Alves-Branco et al., 1993; Borges e Lss, 1993; Glriaet al., 1993; Almeida et al., 1994; Alves-Branco et al., 1994; Furlong et al.,1994; Mendes, 1994; Pena et al., 1994; Arantes et al., 1995; Flausino etal., 1995; Faustino et al., 1995; Leite et al., 1995; Martins et al., 1995; Silvaet al., 1997; Alves-Branco et al., 1999; Farias et al., 1999; Gomes et al.,1999; Kaneto et al., 1999; Mendes & Verssimo, 1999; Silva et al., 1999;Soares et al., 1999; Souza et al., 1999; Furlong e Martins, 2000; Alves-Branco et al., 2002 Vargas et al., 2003; Fernandes et al., 2004; Ferreira etal., 2004; Furlong et al., 2004; Gonalves et al., 2004; Peneluc et al., 2004e Silva et al., 2004).

    A m utilizao dos carrapaticidas, associada questo da resistncia,contaminao do homem e meio ambiente e resduos nos produtos a serem

    comercializados, contribuem para o aumento dos problemas relacionadosaos ectoparasitos (Franco, 2000).

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    Em recente estudo, Ceresr et al., (2007) concluiu que, na maioria dasocasies, as medidas adotadas para o controle do carrapato dos bovinosso postas em prtica sem nenhuma orientao, sendo esta uma dasprovveis causas responsveis pelos baixos ndices de eficciaapresentados pelos produtos. Esta suposio fundamentada pelo fato deque, na maioria das ocasies em que os criadores defrontam-se com mausresultados nas medidas de controle utilizadas, as causas so outras,geralmente relacionadas ao manejo, sem relao alguma com resistncia.

    A intensificao de uso dos endectocidas (Lactonas Macrocclicas) nosprogramas antiparasitrios, notadamente os de longa ao, tem diminudo anecessidade de tratamentos com carrapaticidas convencionais, fato que,indiretamente, pode estar contribuindo para a sobrevivncia de princpiosativos como o amitraz, disponveis mo mercado h mais de 25 anos.Entretanto, o uso intensivo de endectocidas deve ser monitorado, pois oencontro de uma populao com caractersticas de resistncia campo jfoi notificado (Martins & Furlong, 2001).

    Os parasiticidas constituem recursos no renovveis e uma vezestabelecida resistncia a um grupo qumico, este no poder mais serutilizado com xito, pois o fenmeno irreversvel. Desta forma, deve-sefazer o uso dos princpios ativos de forma prudente para obteno demaiores benefcios. A combinao de princpios ativos diferentes umaestratgia sugerida para o controle da resistncia (FAO, 2003).

    Segundo Martins (2004), muito importante determinar o maisprecocemente possvel o grau de sensibilidade das populaes frente aoscarrapaticidas, com a inteno de se recomendar mudanas nos princpiosativos em uso e evitar a continuao da seleo de indivduos sobreviventesao tratamento. Neste caso, h necessidade de um diagnstico daresistncia, atravs do uso de tcnicas padronizadas, bem como ainterveno de tcnicos no campo, devidamente capacitados, monitorandoperiodicamente o uso e aplicao correta dos produtos com aocarrapaticida e tambm mosquicida, em pocas e freqncia adequada,para tentar se evitar a curto prazo os efeitos decorrentes do surgimento daresistncia aos acaricidas.

    De acordo com Leite et al., (1996), a vigilncia dos produtos utilizados no

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    controle de parasitos deve ser permanente. Ele afirma ainda que testes desensibilidade a carrapaticidas devem ser realizados com a estirpe decarrapatos encontrada na propriedade, para se ter maior segurana naescolha do produto, certificando-se que este no apresente eficinciainferior a 95%, segundo recomendao do Ministrio da Agricultura,Pecuria e Abastecimento do Brasil.

    Avaliao in vitro da eficcia de bases qumicas em amostras de B.microplus provenientes de diversos municpios do RS

    Durante sete anos consecutivos (perodo de 2002 a 2008), com base nautilizao do banco de dados do Consultrio Mdico Veterinrio(Consulvet/Bag/RS), pde-se acompanhar a evoluo do grau desensibilidade do B. microplus a diferentes bases qumicas de contato. Paraisso, utilizou-se o teste in vitro Biocarrapaticidograma, por imerso defmeas ingurgitadas preconizado por Drummond et al., (1973). As fmeasingurgitadas de carrapatos foram procedentes de diversos municpios doRS. De cada propriedade dava-se preferncia por avaliar os princpios ativosque estavam apresentando controle insatisfatrio, como tambm, produtosainda no utilizados naquele local e que, portanto, poderiam ser umaalternativa no controle. A variao de sensibilidade observada (Tabela 4)sugere uma crescente presena de cepas resistentes para as basesqumicas avaliadas. Estas alteraes de sensibilidade podem serconseqncia do uso continuado e deficiente destas bases qumicas nos

    bovinos. Assim sendo, constatou-se que, na maioria das propriedadesavaliadas, uma vez estabelecida a resistncia a um ou mais grupo qumicopde-se considerar como opes: troca de grupo qumico, uso dealternncia entre princpios ativos com distintos modos de ao sobre oectoparasito, como por exemplo, o Fluazuron, um inibidor de crescimentode caros, aumento da concentrao do acaricida em uso no banheiro deimerso, considerando os aspectos toxicolgicos inerentes a cada basequmica, uso de intervalos curtos de banhos associados a outros gruposqumicos, como o Fluazuron, o Fipronil, e as Formulaes de endectocidascom ao prolongada, desta forma, procurando sempre prolongar a vida tildos acaricidas.

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    Tabela 4: Percentual de propriedades com estirpes de B. microplus sensveis asbases qumicas avaliadas, cuja eficcia foi superior a 95% no perodo de 2002 a2008

    Na figura 4, esto representados os resultados mdios de eficcia

    carrapaticida encontrado ao longo do perodo de avaliao dos diferentesgrupos qumicos.

    Figura 4: Mdias da eficcia carrapaticida de diferentes grupos qumicos naspropriedades avaliadas (perodo 2002 2008).

    Os resultados do teste in vitro, apresentados na figura 4, revelam que asbases qumicas avaliadas (Piretrides, Piretride + Organofosforado eAmidinas), ao longo do perodo de acompanhamento, apresentarampercentuais mdios de eficcia inferior a 80%.

    Frente a essa situao, a interveno de profissionais no campo,devidamente capacitados, monitorando a aplicao correta de produtoscom ao carrapaticida, contribuir de forma significativa na tentativa demanejar e adiar pelo maior prazo possvel, os efeitos previsveis dosurgimento da resistncia de populaes de carrapatos aos acaricidas. Por

    outro lado, o desenvolvimento de novos acaricidas e de vacinas soaspectos importantes para o controle do B. microplus; entretanto, comouma vacina com reais possibilidades de uso ainda no est disponvel, importante que novas molculas ou grupos qumicos capazes de

    Percentual de Propriedades SensveisBases Qumicas AvaliadasAno

    N Propr.Avaliadas

    Piretrides Piretride + Organofosforado Amidinas2002 10 0% 44,4% 60,0%

    2003 28 5,9% 46,4% 87,0%

    2004 40 0% 32,4% 69,2%

    2005 09 0% 44,4% 75,0%

    2006 22 0% 57,9% 66,7%

    2007 25 0% 33,3% 59,1%

    2008 16 0% 36,4% 50,0%

    76,6%

    34,6%

    76,5%

    Piretrides Piretride + Organofosforado Amidinas

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    promoverem doses letais para o carrapato sejam desenvolvidos. Nasituao atual, em vista das mudanas climticas que vm ocorrendo naregio, como por exemplo a umidade e temperatura, as quais so fatoreslimitantes no ecossistema do carrapato, torna-se necessria a conduo denovos estudos epidemiolgicos. Estes estudos possibilitaro esclarecermelhor as interaes entre hospedeiro e ectoparasito, procurando viabilizarum programa racional de controle do carrapato e garantindo assim maiortempo de utilizao das bases qumicas. Desta forma, ser possvel umcombate eficaz do carrapato B. microplus e que sem dvida, minimizar asperdas econmicos-sanitrias causadas por este artrpode hematfago.

    Referncias Bibliogrficas

    Por ser muito extensa, a bibliografia ser remetida por solicitao do leitor.

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    Manejo Animal em reas de1Reflorestamento

    Jamir Lus Silva da SilvaEng Agr, Dr. Em Zootencia, Depto. de PlantasForrageiras e Agrometeorologia da Faculdade deAgronomia da UFRGS

    Raquel Santiago Barro

    Doutoranda de Zootecnia do Depto. de PlantasForrageiras e Agrometeorologia da Faculdade deAgronomia da UFRGS

    Consideraes iniciais

    Os produtos florestais brasileiros so considerados altamente competitivosno mercado internacional, de tal forma que as exportaes do setor em2005 foram de US$ 7,4 bilhes, correspondendo a 6,3% do totalexportado pelo pas, superado apenas pelos complexos soja e carnes(ABRAF, 2006). Por outro lado, o Brasil tem o maior rebanho bovino

    comercial do mundo. No ano de 2005 foram abatidas mais de 40 milhes decabeas sendo exportados US$ 3,5 milhes, o que representou umcrescimento de 20% nos ltimos oito anos; neste contexto, a pecuria decorte no Rio Grande do Sul contribuiu com 14% do total de bovinosabatidos no Brasil (Pastrello, 2006).

    O Estado do Rio Grande do Sul apresenta aproximadamente 521 milhectares plantados com espcies florestais exticas, dos quais 185.080so ocupados com espcies do gnero Pinus sp., 179.690 ocupados porespcies do gnero Eucalyptus sp e 156.377 ocupados com a espcieAcacia mearnsii, accia-negra, (ABRAF, 2006).

    Os debates recentes em torno de estratgias para um desenvolvimento

    sustentvel na agricultura e pecuria tm apontado de forma clara a

    1Trabalho apresentado no V Seminrio de Pecuria de Corte em Bag, RS.

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    necessidade de se considerar alm do quesito produtividade, enfatizado nopassado, outros indicadores como a estabilidade e a sustentabilidade daproduo, assim como a equidade social, indicadores