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ANAIS DO III CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA Comitê Dança em Configurações Estéticas Setembro/2014 http://www.portalanda.org.br/anais 1 CORPOREIDADE: NOVOS OLHARES DO CORPO VISTO COMO UMA TOTALIDADE INTEGRADA NO AMBIENTE RIBEIRINHO 1 Maria do Céu Sampaio (UEA)* RESUMO: O texto revela na trilha do gestual do ribeirinho imagens engajadas numa travessia fundamentada na construção da singularidade de uma dança circular, que faz parte do contexto sociocultural Amazônico. Seu conteúdo espalha insigts de gestuais expressivos da região, que enriquecerão o conhecimento em pesquisas na dança do Brasil. Adentra a floresta numa escrita em traçados da geografia perceptiva amazônica e abre espaços compartilhados a propostas estéticas no corpo numa dança que transforma e modifica o olhar dos pré-conceitos e do “exótico”, uma saga amazônica. PALAVRAS CHAVES: Dança. Escuta do corpo. Amazônia. Metodologia. CORPOREITY: NEW BODY LOOKS AS SEEN A COMPLETELY INTEGRATED IN RIBEIRINHO ENVIRONMENT ABSTRACT: The text reveals the path of the sign of the riverside pictures engaged in building grounded in the uniqueness of crossing a circular dance that is part of Amazon's sociocultural context. Their content spreads insights of expressive gestures of the region, which will enrich the knowledge on research in dance from Brazil. Going into the forest with a written with a perceptual geography perspective Amazon and opens a saga Amazon sharing the aesthetic proposals in the body in a dance that transforms and changes the look of preconceptions and "exotic" spaces. KEY WORDS: Dance. Distance education. Amazônia. Methodology. 1 Povos ribeirinhos os que residem em proximidades dos rios; têm a pesca artesanal como atividade de sobrevivência. Cultivam pequenos roçados para consumo próprio. (2005) Revista P@rtes ISSN 1678-8419 , acessada em 30 de junho de 2014.

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ANAIS DO III CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA

Comitê Dança em Configurações Estéticas – Setembro/2014

http://www.portalanda.org.br/anais

1

CORPOREIDADE: NOVOS OLHARES DO CORPO VISTO COMO

UMA TOTALIDADE INTEGRADA NO AMBIENTE RIBEIRINHO1

Maria do Céu Sampaio (UEA)*

RESUMO: O texto revela na trilha do gestual do ribeirinho imagens engajadas numa

travessia fundamentada na construção da singularidade de uma dança circular, que faz parte do contexto sociocultural Amazônico. Seu conteúdo espalha insigts de gestuais expressivos da região, que enriquecerão o conhecimento em pesquisas na dança do Brasil. Adentra a floresta numa escrita em traçados da geografia perceptiva amazônica e abre espaços compartilhados a propostas estéticas no corpo numa dança que transforma e modifica o olhar dos pré-conceitos e do “exótico”, uma saga amazônica.

PALAVRAS CHAVES: Dança. Escuta do corpo. Amazônia. Metodologia.

CORPOREITY: NEW BODY LOOKS AS SEEN A COMPLETELY INTEGRATED IN RIBEIRINHO

ENVIRONMENT ABSTRACT: The text reveals the path of the sign of the riverside pictures engaged in building grounded in the uniqueness of crossing a circular dance that is part of Amazon's sociocultural context. Their content spreads insights of expressive gestures of the region, which will enrich the knowledge on research in dance from Brazil. Going into the forest with a written with a perceptual geography perspective Amazon and opens a saga Amazon sharing the aesthetic proposals in the body in a dance that transforms and changes the look of preconceptions and "exotic" spaces.

KEY WORDS: Dance. Distance education. Amazônia. Methodology.

1 Povos ribeirinhos – os que residem em proximidades dos rios; têm a pesca artesanal como atividade de

sobrevivência. Cultivam pequenos roçados para consumo próprio. (2005) Revista P@rtes ISSN 1678-8419, acessada em 30 de junho de 2014.

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A dança é o signo da cognição que o corpo revela como usuário e proprietário

daquilo que escuta. Estabelece relações na construção dessas imagens que se

esparramam pelo espaço numa rede de informações que se cruzam em constante

mudança, imprimindo formas fazendo travessias num fluxo contínuo em arranjos infinitos

que contam histórias.

Diversos exemplos de influência mútua entre dança-homem-ambiente podem ser

apresentados aqui, contendo matizes políticas e poéticas que encontram caminhos para

uma avaliação crítica da realidade local e regional e oferecem pistas e exemplos que não

esgotam o assunto. Uma relação paralela que se desenvolve entre tempo e espaço, de

forma interdisciplinar, no uso do corpo como expressão, em diálogos com o ambiente,

seus pertencimentos e a história de seus atores, através de atividades históricas e

evolutivas, sociais, antropológicas e cognitivas, tomando emprestada cultura e a arte viva

do ribeirinho, tingindo o espaço através da cor do gesto favorecendo as populações da

floresta.

Os atores envolvidos devem ter noções dos princípios básicos, de onde se extraem

seus conceitos interpretativos nas esferas sociais e humanas. Devem prosseguir

expandindo nos seus próprios rumos, na ideia de processo e inovação, buscando

favorecer uma exploração criativa, sobretudo, com ênfase no espaço, sem perder a visão

do todo, utilizando criatividade e flexibilidade que permitam atender propósitos diversos

provocando um novo olhar para a dança no contexto cultural, social e ambiental. Em

outros termos, o que acontece no corpo repercute no ambiente (onde estão, é claro,

outros corpos) e vice-versa. É ver, observar, ouvir, sentir, conceituar e dar significados às

imagens percebidas. Tudo pode ser interpretado no ato, quando aparece, quando o

movimento se dá a ver.

Percebemos uma herança cultural influenciando comportamentos no gestual, em

conectividade com espaço e tempo, construindo novos abrigos e novas referências, em

todos os movimentos realizados pelos ribeirinhos. Então, seguimos a sua trilha corporal,

em traços culturais comuns ao seu cotidiano e manifestações expressivas são

observadas. Segue um itinerário semiótico em recortes geográficos, numa trilha ambiente

de pertencimentos no contexto social onde signos são decodificados em outros signos,

dizem respeito a imagens, defendem valores e são interpretados através do discurso do

corpo de forma dual, ou seja, interna e externamente.

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Parafraseando Katz (2005, p. 39) “quem observa o corpo, percebe que nele

ocorrem tanto aprimoramentos graduais quanto emergências”. Diz a autora que, “isto

ocorre muito provavelmente porque um processo de repetição não se dá sem minúsculas

diferenças entre cada repetição. E a repetição com essas minúsculas diferenças, a certa

altura, produz uma diferença que se nota”. É um processo vivo de pensamento numa

tríade que envolve signo, objeto e interpretante, aberto aos sentidos que arquitetam as

bases de uma estética própria e complexa em ritmos que se repetem, em ostinatos,

porque repetição é um valor estético de tribos, mesmo que representados por diferentes

etnias, portanto bastante e pertinentes ao que tratamos aqui.

De certa forma, nas palavras de Katz, percebemos que, no entendimento artístico

desse ator-ribeirinho e na sua capacidade de expressão pessoal os símbolos falam uma

linguagem universal. Imagens e sinais se apresentam em espaços vívidos e espaços

percebidos como ações genuinamente humanas, em movimentos diários. Os sociais, os

religiosos e artísticos, os repertórios orais e corporais, ou seja, em gestos, hábitos,

passagens, reproduções e preservação de saberes. No entanto, sofrem nuanças e

inflexões que variam de acordo com experiências individuais e a geografia perceptiva do

lugar. A geografia da percepção. Valores que fazem parte, dos sentidos no espaço

geográfico para reconhecer os sinais que nele se apresentam, ou seja, é o corpo pronto e

perceptivo atento aos olhares e a escuta de tudo que faz parte do entorno no momento

onde o movimento acontece e se apresenta como gesto.

Assim como um fluido comunicacional como diz Lúcia Santaella (2005). Afirma a

autora que, está ligada à fenomenologia e à semiótica. O ator vivencia os fenômenos que

se apresentam em forma de signos que são percebidos e decodificados em gestos.

Delineiam-se em recortes interpretativos tirados de elementos de contexto político, social

e cultural na mesma linha. Então, o movimento torna-se ponto de encontro entre imagem,

tempo, espaço e formam-se ressonância no meio e entre informações, adquirindo

contribuições emprestadas de outras culturas, as circunvizinhas. Nasce aí um gestual

próprio no coração da fenomenologia. Um mergulho que estabelece uma relação dual

com o fluxo das águas que favorece o contato com outras culturas, outros corpos, outros

lugares, por opção de preservar alguém no espaço (SANTAELLA, 2005).

A incorporação de elementos pertencentes a essas culturas, que deságuam em

trilhas sobre as quais emergem como matriz deixam uma impressão profunda que

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direciona a atenção rumo à tendência do étnico e são considerados como elementos

exóticos. Sua trilha se dá, no construir, formas livres e espontâneas que permitem a

interpretação de um sentimento pessoal, momentâneo em resposta a estímulos de

códigos diários. Contam pensamentos estéticos, por meio de gestos levados por

caminhos até os diversos modos de manifestações antagônicas, ao mesmo tempo,

opostas e complementares. Por isso mesmo, produzem discursos próprios, portadores de

tradições e, cheia de referências do ambiente ao qual pertencem. É corpo e alma que

operam por meio de estados de movimento e repouso; velocidade e lentidão, tudo

fazendo parte do ambiente. Emergem de movimentos de liberdade, lado a lado com as

ações e fenômenos instalados numa trilha única e pessoal que vaza de um casamento

entre culturas.

Vianna (1990, p. 113) diz que, “todo o nosso ser corporal percebe e distingue

imediatamente as coisas no nosso meio ambiente”. São imagens de dentro e de fora que

transitam pelo corpo e ambiente transformando informações inconscientes que na prática

é impossível separar atitude de postura, o que é imaginário e o que é real. Transitam por

vários ambientes e contextos, trocando informações possíveis, entre o corpo e o ambiente

e traz nas batidas do coração um ritmo natural e na respiração a qualidade de

movimentos que se instalam num discurso próprio. Está atento às “suas reações

extraordinariamente agudas para tudo o que é de interesse no seu ambiente”. Escuta e

sente manifestações corporais, em constante processo de mutação no estado de sempre

presente “à medida que nosso corpo abre caminho através do tempo e que o mundo

circundante se transforma e nos acena com novas situações e estímulos” [...] “podendo

então dizer que a nossa imagem é a imagem de nosso corpo”, afirma Vianna (1990) apud

Angel Vianna e Alice Pope (2011).

Pode ser observada, por exemplo, no momento em que a mulher ribeirinha lava

roupa no jirau,2 trata e tica3 o peixe, entra e sai da canoa, mexe a farinha, extrai o tucupi4

no tipiti5. Referem-se a resultados interpretativos ao qual todo ator, aqui representado pelo

ribeirinho está destinado a chegar se a investigação sobre o signo for internalizada,

possibilitando essa „escuta do corpo‟ que é atraído pelo empenho solidário para com a

2 Jirau - armação de madeira semelhante a estrado ou palanque para uso doméstico.

3 Tica - termo regional usado para preparar o peixe, ticar, ou seja, retalhar o peixe para fritar.

4 Tucupi- espécie de molho feito com água de goma e pimenta - acompanha pratos regionais

5 Tipiti - espécie de prensa ou espremedor de palha trançada para escorrer e secar raízes.

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vida coletiva de uma cultura que assimila pilares estéticos como herança. Uma

complexidade de sobreposição de ritmos e movimentos, nesse vasto espaço investigativo

e amazônico.

Provocam experiências novas

que levam a descobertas de muitas

possibilidades de percepção e

organização no estado corporal.

Agregam valores estéticos podendo

materializar ideias onde o corpo se apropria de informações que não desaparecem e vão

se estruturando em falas próprias exibindo particularidades através das ações que se

transformam e se organizam apresentando discurso que é próprio do seu fazer do corpo

(SETENTA, 2008).

O corpo do ribeirinho torna-se disponível ao processo adotado, passa a comunicar-

se com as informações agregadas em movimentos que se repetem revelando traços e

matrizes num trânsito de ideias singular e particular, movido pelo propósito do fazer do

corpo. Mostra-se carregado de significados, em trocas incessantes com um ambiente que

é de seu pertencimento, que reinventa a cada experimentação corpórea no seu processo

Figura 1 – Movimentos gestuais no cotidiano do ribeirinho.

Fonte: arquivo da autora (2008).

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performático, porque o corpo em movimento pode ser decifrado como matriz enunciando

um pensamento performativo (KATZ, 1994).

Afirma a autora que,

Inserido neste viés, o movimento pode ser decifrado como a matriz cinética do pensamento do corpo. A hipótese de que o corpo, tal como o cérebro, também possui um pensamento, permite que se desloque a ênfase usual do entendimento da dança. Pensamento, aqui, deve ser entendido como uma ação movida por um propósito (KATZ, 1994, p. 84)

Esse propósito que fala Katz está na trilha que discorre entre linguagens verbais e

não verbais, do corpo do ribeirinho em conexão com a consciência perceptiva sobre

conteúdos inseparáveis da sua personalidade e de suas próprias falas gestuais. A dança

se faz assim, diz a autora, permite ir além, escuta e vê a cor do gesto como elemento

matriz percebido e escolhido, ou seja, como tema que invade o campo cognitivo em seus

diálogos corporais internos e externos movidos por uma rede perceptiva da ação do

pensamento na forma do corpo.

Funcionam como molas propulsoras, na vida cotidiana do ribeirinho despertando

responsabilidade ética como um bom começo para descoberta de que a natureza já

contém em si eloquência própria numa simples qualidade de sensação, de percepção e

de sugestão.Tem poder sugestivo da mensagem em detrimento de sua função laboral,

ganham o brilho, a cor e a textura com qualidade inconfundível, são interpretadas pelo

corpo e invadem outros afazeres que fazem parte do dia a dia do povo da floresta.

Santaella (2005) afirma que, são elementos que representam o objeto e transmite

informações que produzem mensagens claras e sensações perceptivas, de modo próprio

de vida, como apelo cinestésico6. Tornam os sentimentos parceiros de movimentos e

gestos num fluxo que não estanca. Promove uma escuta interior que é responsável pelo

equilíbrio e o reconhecimento postural nas realizações de suas atividades práticas

cotidianas. Percebemos aí que, o gesto está presente no ambiente. São ações que tem

cor e têm cheiro, nascidas dessas informações que fluem simultaneamente, a outras

experiências e, sugerem novas mensagens que ainda se farão presentes em ações

futuras. A diversidade de imagens da natureza alimenta a imaginação interligando de

6 Cinestesia - termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua

posição e orientação, a força exercida pelos músculos de forma perceptiva.

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forma transdisciplinar objetos que revelam saber, acrescidas de configurações variadas

do fazer humano.

O signo pode provocar ações ativas no estado corporal do ribeirinho/ator nesse

processo e figuras ganham vida própria, atravessando o corpo construindo ideias,

brincando entre espaço e tempo em fluxo contínuo numa releitura que permite explorar

mais essa escuta do ambiente, organiza e provocam, de alguma forma, ganhos

conceituais importantes.

Imaginem uma casa habitada, cheia de espaços entre paredes e jardins, objetos

carregados de significado, assim é o nosso corpo. Habitado por monstros, crenças e

memórias, cheia de vãos e desvãos carregados de crenças, de preconceitos, de ideias,

de medos e sustos, pudor e significados. Ambiente perfeito onde habitantes se misturam

entre os espaços e flutuam os nossos medos, as ideias, os amores, a raiva e os

fantasmas. Igualmente é esta casa, que é o corpo, que é a nossa morada, somos nós,

que segundo João Batista Freire é “habitada pelo sensível e pelo inelegível que convivem

sob o mesmo teto e estarão, inevitavelmente, sempre em conflito necessário” (1991,

p.145).

Conflitos que circulam e navegam pelo corpo explorando esses vãos. São

mensagens que abordam o corpo com imagens que fazem trocas incessantes com o

ambiente e revelam um conjunto de acontecimentos que chegam intuitivamente

controlados pela razão como resultado transitório que como instruções desenham

caminhos produzindo dança que para Katz, é “um fluxo que jamais acaba”. Assim como o

curso dos rios por onde o sempre novo emerge cada vez que o movimento se dá a ver.

Porque, “dança é quando e depois e descobertas infiltram comportamentos e fica

parecendo cada vez mais com o rio” descreve poeticamente a autora (2005, p.39).

A dança se faz assim, diz Katz, permite ir além, escuta e vê a cor do gesto como

elemento matriz percebido e escolhido, ou seja, como tema que invade o campo cognitivo

em seus diálogos corporais internos e externos movidos por uma rede perceptiva da ação

do pensamento na forma do corpo. Funcionam como molas propulsoras, na vida cotidiana

do ribeirinho despertando responsabilidade ética como um bom começo para descoberta

de que a natureza já contém em si eloquência própria numa simples qualidade de

sensação, de percepção e de sugestão.

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Trata-se, portanto, do rastro do gesto que o mover das articulações vinculadas ao

próprio fazer produzi diferentes fazeres em um discurso só seu e não vão além das

possibilidades do corpo, buscando na sua trilha correlações entre performance e memória

através dos sentidos a partir de um ir e vir nesse trânsito sem fronteiras. Dessa maneira,

atividades de improvisação, ou consciência corporal se tornam responsáveis pela

dimensionalidade que é entendida pelo corpo do intérprete criador - aqui representado

pelo ribeirinho, e, corpora informações que privilegiam ações que brotam da trilha

ambiente onde o movimento expressa um gestual de uma escuta que vem da terra.

Corpo e trilha da escuta poética do gestual no ambiente ribeirinho

A dança é o signo da cognição que o corpo revela como usuário e proprietário

daquilo que escuta e estabelece através de imagens que se esparramam pelo espaço

imprimindo formas, fazendo travessias num fluxo contínuo, desencadeando arranjos

infinitos, que, contam histórias. Devemos ter em mente que falar de „escuta poética‟

implica em falar de muitos caminhos e ouvir muitas vozes. É estar conectado com o

universo, aberto e atento aos fatos, a „escuta da natureza‟, ao presente nas percepções e

sensações do corpo tomando o ambiente como seu, estabelecendo relações de

pertencimento entre informações em formas de conceitos de repetição e criatividade.

Segundo Prigogine (1986)7 uma „escuta poética‟ é passear por caminhos de

passado e de futuro, incorporando valores, perceptivos, e possibilidades, capazes de

ouvir o apelo da natureza.para compreender melhor os fenômenos da natureza, através

do silêncio. Reuni falas que fazem pensar por imagens de forma trans em novos

processos numa escuta que religa a subjetividade poetizando o corpo” que recebe e

seleciona essas informações e o torna apto a dialogar em seu meio ambiente, que é de

seu pertencimento, promovendo uma liberdade única que busca investigar, compartilhar

com outros saberes e conta histórias. Traduz um processo entre o fazer e o dizer de suas

saudades, de seus saberes “capaz de respeitar a natureza que se faz falar” e afirma: é

“colocar-se na escuta da natureza” (p. 189).

7 Ilya Prigogine - Pai da Teoria das Estruturas Dissipativas; Prêmio Nobel de Física de 1979,

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Garante o autor que, “uma “escuta poética” é comunicação que se dá a partir da

correlação mística, da poesia e música, para compreender melhor os fenômenos da

Natureza” de forma fenomenológica. Então, o sujeito observa, deduz, apreende e

organiza gestos e movimentos com autonomia de espaço-tempo. Transita por fronteiras

agregando e processando conhecimentos, de forma ininterrupta reconhecendo

informações sempre sujeito as modificações.

Apreende imagens que são construídas e desconstruídas interagindo com o meio

ambiente, liberto de paradigmas sociais, culturais, raciais, éticos e abre caminhos às

diferenças. Segundo ele “circula pelo corpo e promove diálogos através de estímulos no

uso de imagens, desenhos e cores, em variados ritmos numa relação com o universo de

significados, em conectividade com um espaço aberto, produtivo e inventivo” (op. Cit.).

Percebemos então, uma perfeita sintonia com o assunto que tratamos aqui onde a

expressão gestual do ribeirinho aparece em níveis de complexidade se presenteando na

densidade de uma escuta revelada a partir de no corpo que transita pelas diferenças

numa tensão manifestativa, na cor do gesto, na trilha ambiente e, é, portanto, uma escuta

com a visão que reconhece o corpo e se utiliza de uma escuta própria, conta histórias do

lugar, revela gestos que expressam o mundo oculto a partir de movimentos, ligado ao

sentir.

Nesse momento, intuímos que o espírito inventivo do ribeirinho torna-se cúmplice

da sua historicidade, mostra-se conectado a uma evolução tônica e corporal, com enorme

carga afetiva de incertezas e questionamentos, ligados ao cognitivo dançando de dentro

para fora, revelando uma poesia transcrita nos íntimos impulsos de um corpo, em seus

ritmos e gestos, dançando e contando histórias, expandindo-se, impregnando o seu corpo

com material de arquivo detentor dessa memória gestual, cotidiana inserida no meio

ambiente.

Poetizando com Fernando Pessoa: “então, corpo é linguagem, mundo e memória”

(1888 - 1935).

Dessa maneira, o gestual, na trilha ambiente do ribeirinho torna-se cada vez mais

rica em diversidade associando-se numa auto-organização viva que religa culturas,

partindo do aleatório, do inesperado, tomando decisões sob a ordem do improviso.

Transforma saberes prosseguindo numa aventura nova de fazer e dizer a sua dança,

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mantida pela possibilidade da coexistência, vinculada a pressupostos da sua área,

construída nos acontecimentos do expediente cotidiano.

Movimentos que são gradualmente incorporados a linguagem do dia a dia,

passando por rituais de todo tipo, ajustando-se a movimentos dinâmicos interagindo a

outras linguagens e outros vocabulários se tornando inclusivos ao que é diferente

ajustando-se, ao que chega de outras partes, (re) configurando, criando assim, uma

grande quantidade de variáveis numa liberdade de arranjos de movimentos onde, o

movimento pode ser continuo, e inúmeras modificações podem ser imaginadas.

Vianna diz que,

cada um de nós possui a sua própria dança e seu próprio movimento, original, singular e diferenciado, e é a partir daí que essa dança e esse movimento evoluem para uma forma de expressão em que a busca da individualidade possa ser entendida pela coletividade humana (VIANNA, 1990, p.118).

Estão presentes em ações capazes de explodir criativamente, proporcionando „uma

nova escuta e uma escuta velha‟ que Fux (1983) chama de “ideia do espelho interior”,

uma escuta e um contato consigo mesmo para descobrir suas próprias respostas. A

autora parte do pressuposto que no silêncio podemos escutar o som do próprio corpo,

descobrindo uma vasta possibilidade de lidar com o desconhecido, porque a curiosidade é

da natureza humana e o corpo é propício a experimentações.

É “pura simultaneidade entre conexão percepção-ação que são codificadas,

percebidas e sentidas passo a passo”, diz Kazt (2005, p.39). Segundo ela é mediada por

um veículo de comunicação, portanto, se dá na escuta do fazer, do dizer, do agir e do ser,

de forma transdisciplinar que se coloca a disposição do corpo aberta a diálogo com a arte,

a literatura, a poesia e as experiências espirituais.

Derramam-se em imagens que nos levam ao processo de projeção do nosso

imaginário, usando livremente o peso do corpo num tempo lento das águas dos rios que

correm quase imperceptíveis, sereno calmo e ao mesmo tempo forte simulando a força

bravia da sua energia, “e o corpo copia plasticamente essas histórias decifrando um

mundo aberto, produtivo e inventivo, percorrendo diferenças a cada momento”,

complementa helena Katz. O importante é que esse espaço e tempo não sejam

separados, existindo por suas igualdades e diferenças, dinâmicas e dimensões, para as

contradições, para a colaboração mútua e para a criatividade, coabitando a própria

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diversidade, impregnado de informações priorizando o acesso ao conhecimento

socialmente produzido.

Diz a autora que “é corpo e mente numa cadeia de significados, e, o corpo fica

impregnado de informações que alimentam o processo e, é uma questão central no

contato social e humano”. Katz afirma que, “quem observa o corpo, percebe que nele

ocorrem tanto aprimoramentos graduais quanto emergências”. O sujeito/ator decifra ou

reconhece, naquele momento, mensagens que estão diretamente ligadas a memória, a

imaginação a percepção, a linguagem, o pensamento, elementos envolvidos com a

experiência na construção do processo onde o “trânsito e o fluxo jamais acaba”. Está

sempre incorporada a um processo dinâmico em permanente fluxo, descrevendo

imagens, pensamentos e informações organizando e enunciando em seu corpo suas falas

performáticas. Porque, “a dança é o pensamento do corpo e processa conhecimento”

assegura Katz (1994, p.83).

A improvisação aqui vivenciada pelo ribeirinho apresenta uma dança que pode ser

vista como experiência de sensibilidade e como expressão de conteúdo numa reação

fugaz e temporária, válida somente para aquele momento presente e que, sua repetição

levará a renovados impulsos e reações através do conhecimento sensorial, ou seja, a

novas sensações e a percepções. Isso significa desenvolvimento de diferentes formas de

comunicação funcionando como eixo gerador no processo criativo, no qual não existem

pontos fixos no espaço, qualquer lugar pode ser um espaço cênico onde atos

performáticos são traduzidos em forma e conteúdo e ações cotidianas podem ser

exploradas em seu meio ambiente. (CUNNINGHAM, 2004).

Figura 2 – Processo gestual investigativo descentralizado

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O próprio espaço torna-se suscetível ao movimento com a aproximação orientada

ambientalmente. Um espaço onde “cada ato faz a sua história”. Um espaço

descentralizado, rompendo barreiras, e, no entender de cada grupo, retirando

formulações de fenômenos que a natureza e a vida proporcionam e deslizam numa

conexão em processo criativo. Com essa descentralização, ou seja, aberto a utilizar a

gramaticidade do ambiente criando novos jogos, novas regras a fim de reorganizar a sua

dança, o corpo ganha novas características, que são re-elaboradas no entendimento

corporal perceptivo do ribeirinho gozando de inteira liberdade de expressão

(CUNNINGHAM , p 88, 2004).

O ator/ribeirinho enfatiza a busca investigativa como um procedimento dinâmico

que valoriza a interação do indivíduo com o espaço que é de seu pertencimento. As

verdades são construídas pouco a pouco, ampliando assim, o seu universo de referências

numa proposta que se fortalece a partir das experiências vividas em momentos de grande

sensibilidade estética e fazem parte do processo.

Uma investigação aberta ao espanto porque o espanto é um momento do processo

de pesquisa, de busca. Segundo Freire (1997, p. 30): “Isso quer dizer, crescer,

compartilhar, se espantar e levar o outro a se espantar também, porque, o espanto revela

busca do saber” que completa: “Sem espanto não há ciência, não há criação artística”.

Nessa busca de saber investigativo sobre a escuta poética do corpo nessa trilha

pluricultural e na construção de uma identidade individual, o ribeirinho enfrenta todos os

desafios propostos, os medos, e os espantos com uma única intenção: usar o corpo para

fazer e dizer seus pensamentos num discurso organizado, pleno de significados.

A partir dessas considerações podemos perceber um novo conceito articulado aos

mais variados campos do conhecimento, demonstrando um diálogo entre espaço e

tempo, corpo e movimento relacionando-se com o comportamento das pessoas,

respeitando traços que são comuns. Estão sempre presentes em qualquer fenômeno da

sociedade, e envolvem satisfatoriamente, desafios advindos dessas novas ordens,

enfrentando os riscos e medos com flexibilidade. São traços em busca de bússolas de

Fonte: arquivo da autora (2008).

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sentido, que marcam histórias e ideias dos clássicos e representam um fundamental

instrumento de compreensão, interpretação, diálogo e crítica aberto ao espanto.

Completamente em sintonia com os princípios de Morin (2004), traz a lógica para

as práticas cotidianas e faz dela um instrumental de esclarecimento e postura,

apresentando reflexões para um comportamento ético responsável. Porque, estar atento

significa estar disponível ao espanto, aberto ao processo criativo. Qualquer que seja o

contexto sócio-histórico e código cultural trata a intenção como polo e divisor de águas no

processo interpretativo e tudo é construído socialmente, o ator passa a viver para o

momento.

Um “Momento”, que Sandra Chacra8 (1991, p. 68), trata como dimensão temporal

fenomenológica - aqui e agora, que pode ser entendida e compreendida tantas forem

suas interpretações no processo de construção do conhecimento. A ecologia da ação é,

em suma, levar em consideração a complexidade que ela supõe, ou seja, o aleatório,

acaso, iniciativa, decisão, inesperado, imprevisto, consciência de derivas e

transformações. Os elementos conceituais, culturais e a historicidade, apresentados aqui,

promovem o envolvimento com diversos saberes.

O artigo é um convite a estímulos que deverão ser acionados - como um gatilho,

marcadores cinestésicos importantes que permitam vivenciar certezas e incertezas,

dúvidas e reflexões, investigações e inquietudes quando trata do respeito e liberdade de

expressão gestual, seguindo os princípios da escuta do corpo num diálogo investigativo

em paisagens recortes, atentos e perceptíveis a tópicos corporais e a outros elementos

que se apresentam na estrutura do corpo e do movimento no dia a dia do ribeirinho que

ao receber nutrientes diversos abre, desperta, evolui e organiza falas, interagindo com o

ritmo que assume atributos significativos, ou seja, corpo, memória e história sem

preocupação com padrões estéticos, transformando desafios corporais de forma

perceptiva numa dança que religa subjetividade.

Então, escutar é deixar-se invadir pelo real acontecendo. Por isso, não há fora nem dentro. Talvez fique mais claro, se for possível, que um outro modo de escuta do real é a visão. Ver como escuta poético-onto-fenomenológica é deixar o real se tornar, se doar como presença onde está incluído tanto o que se vê como quem vê

8 Sandra Chacra – estudiosa sobre a Natureza e o Sentido da Improvisação, voltada para o Teatro.

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e a própria luz e a própria clareira onde tudo isso acontece. É deixar eclodir o

"sendo", a realidade se realizando (PESSOA, 1888 - 1935).

Poetizando assim, apresento o corpo do ribeirinho nessa trilha onde o movimento

se dá a ver e foi possível perceber a construção de suas ideias, na produção do

pensamento do seu corpo no discurso próprio oferecendo uma dança pura que segue um

caminho de pertencimentos, que é circular e faz parte do seu habitat.

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*Maria do Céu - Lia Sampaio, Msc UFBa/PPGDança; Diret/Coreóg.-Núcleo Universitário de Dança-NUDAC/UFAM e da Cia de Dança Lia Sampaio; Coord. Edit. da Revista Eletrônica ABORÉ; Coord. da Pós Graduação em Dança Educação-PGDE/Esat/UEA. Autora: O delicioso oficio de ensinar a dançar (2014); Música e Movimento, Expressão e Criatividade (1979, 1998 e 2005). [email protected]