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Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare Pré-Dissertação de Mestrado Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação Trabalho efetuado sob a orientação do Professor Doutor Carlos Filipe da Silva Portela e Professor Doutor Manuel Filipe Vieira Torres dos Santos Janeiro de 2018

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Ana Raquel Alves Nunes

Documentação e Avaliação da plataforma INTCare

Pré-Dissertação de Mestrado

Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Carlos Filipe da Silva Portela e

Professor Doutor Manuel Filipe Vieira Torres dos Santos

Janeiro de 2018

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RESUMO

Com o crescimento do uso das tecnologias e com a evolução das suas caraterísticas, estas

tornaram-se um aspeto muito importante na área da saúde tendo como objetivo aumentar o

conhecimento nesta área, nomeadamente na área da medicina intensiva. Sendo este um aspeto

crítico para o sucesso da mesma tornou-se, então, necessário estudar os fatores que influenciam

a aceitação das tecnologias por parte de quem as utiliza.

O foco deste projeto de dissertação é a documentação e avaliação da plataforma INTCare,

usada na Unidade Cuidados Intensivos (UCI), do Centro Hospitalar do Porto (CHP). A avaliação

desta plataforma é baseada na versão mais atual do modelo de aceitação da tecnologia (TAM 3)

e no método Delphi.

Este modelo, TAM 3, é um modelo de aceitação da tecnologia que permite perceber quais

os aspetos que influenciam, positivamente ou negativamente, os utilizadores através do uso de

quatro constructos: perceção da utilidade, perceção da facilidade de utilização, intenção

comportamental e comportamento da utilização.

O método Delphi é um processo estruturado para obtenção de respostas que recorre a

questionários para obter uma resposta absoluta, chegando a um consenso por parte dos

utilizadores.

Numa última fase, será feita uma análise dos resultados obtidos nos questionários

realizados aos utilizadores do sistema INTCare, através de Business Intelligence (BI).

Neste documento é feita uma contextualização do tema da dissertação e dos seus

conceitos chaves, e dos resultados esperados da mesma. É também descrita a contextualização

e motivação do tema em estudo, é feita uma revisão de literatura que tem como intuito descrever

os conceitos chave do processo, focando-se no sistema INTCare e nas metodologias de aceitação

de uma tecnologia e, por último, é feito um planeamento do projeto.

Palavras-Chaves: Modelo de Aceitação da Tecnologia, INTCare, Delphi, Medicina Intensiva.

.

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ABSTRACT

With the increase use of technologies and the evolution of their features, these have

become a very important aspect in the healthcare department, aiming to increase knowledge,

especially in intensive medicine. This being a critical aspect for its success, it became necessary

to study the factors that influence the acceptance of the technologies by its users.

The focus of this dissertation project is the documentation and evaluation of the INTCare

platform, used in the Intensive Care Unit (ICU) in the Hospital Center of Porto (CHP). The evaluation

of this platform is based on the most current version of the technology acceptance model (TAM 3)

and the Delphi method.

The TAM3 model, is an acceptance model of technology that allows understanding which

aspects influence users, positively or negatively, using four constructs: utility perception, perception

of ease of use, behavioral intention and behavior use.

The Delphi method is a structured process for obtaining answers that uses questionnaires

to obtain one absolute answer, reaching an agreement on the part of the users.

Finally, an analysis of the results obtained in the questionnaires made to users of the

INTCare system will be done through Business Intelligence (BI).

In this document is made a contextualization of the subject of the dissertation and its key

concepts, as well as the expected results of the same. It is also described the contextualization and

motivation of the topic under study and a literature review is made that aims to describe the key

concepts of the process, focusing on the INTCare system and the methodologies of acceptance of

a technology. Finally, it is done the project planning.

Keywords: Technology Acceptance Model, INTCare, Delphi, Intensive Medicine.

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ÍNDICE

Resumo ..................................................................................................................................... ii

Abstract .................................................................................................................................... iii

1. Introdução ........................................................................................................................ 1

1.1. Enquadramento e motivação ......................................................................................... 1

1.2. Objetivos do projeto e resultados esperados .................................................................. 2

1.3. Organização do documento ........................................................................................... 3

2. Estado de arte .................................................................................................................. 5

2.1. Estratégia de pesquisa .................................................................................................. 5

2.2. Contextualização ao Modelo de Aceitação da Tecnologia ................................................ 6

2.2.1. Modelo da aceitação da tecnologia ............................................................................ 8

2.2.2. Modelo de aceitação da tecnologia 2 ......................................................................... 9

2.2.3. Modelo de aceitação da tecnologia 3 ....................................................................... 11

2.2.4. Casos de estudo de aplicação do modelo de aceitação da tecnologia na saúde ........ 14

2.3. Outros modelos de aceitação da tecnologia ................................................................. 15

2.3.1. Teoria da ação racional ........................................................................................... 16

2.3.2. Teoria do comportamento planeado ......................................................................... 17

2.3.3. Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia .................................................... 18

2.4. Método DELPHI .......................................................................................................... 20

2.4.1. Casos de estudo de aplicação do Delphi na saúde ................................................... 22

2.5. Sistema INTCare ......................................................................................................... 24

2.6. Business Intelligence ................................................................................................... 28

3. Abordagem metodológica ................................................................................................ 31

4. Plano de trabalho ............................................................................................................ 33

4.1. Planeamento ............................................................................................................... 33

4.2. Diagrama de gantt ...................................................................................................... 34

4.3. Lista de riscos ............................................................................................................. 35

5. Conclusão ....................................................................................................................... 39

6. Referências ..................................................................................................................... 41

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LISTA DE FIGURA

Figura 1 - Modelo conceptual ................................................................................................... 7

Figura 2 - TAM original proposto por Fred Davis ....................................................................... 7

Figura 3 - TAM ........................................................................................................................ 8

Figura 4 - TAM 2 ...................................................................................................................... 9

Figura 5 - TAM 3 ..................................................................................................................... 12

Figura 6 - Theory of Reasoned Action ...................................................................................... 16

Figura 7 - Theory of planned behavior ..................................................................................... 17

Figura 8 - Unified Theory of Acceptance and Use of Technology ............................................... 18

Figura 9 - Principais passos do método Delphi ........................................................................ 21

Figura 10 - Sistema INTCare. .................................................................................................. 26

Figura 11 - Arquitetura atual do sistema INTCare .................................................................... 28

Figura 12 - Planeamento da lista de tarefas ............................................................................. 33

Figura 13 - Diagrama de Gantt ................................................................................................ 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do modelo TAM 3 ......................................................... 13

Tabela 2 - Origem dos constructos da teoria UTAUT ................................................................ 19

Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens do método Delphi ......................................................... 22

Tabela 4 - Vantagens e desvantagens da metodologia Case Study ........................................... 31

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LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

AIDA – Agency for Integration Archive and Diffusion of Medical Information

BI – Business Intelligence

CHP – Centro Hospitalar do Porto

FEE – Folha de Enfermagem Eletrónica

MAS – Sistema Multi-Agente

MI – Medicina Intensiva

MIT – Massachusetts Institute of Technology

PCC – Perceção do Controlo do seu Comportamento

PEOU – Perceção da Facilidade de Utilização

PCE – Processo Clínico Eletrónico

PU – Perceção da Utilidade

TAM – Technology Acceptance Model

TPB – Theory of Planned Behavior

TRA – Theory of Reasoned Action

SAD – Sistemas de Apoio à Decisão

SADC – Sistemas de Apoio à Decisão Clínica

UCI – Unidade de Cuidados Intensivos

UCIs – Unidades de Cuidados Intensivos

UTAUT – Unified Theory of Acceptance and Use of Technology

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1. INTRODUÇÃO

1.1. ENQUADRAMENTO E MOTIVAÇÃO

As tecnologias têm vindo a sofrer, cada vez mais, alterações significativas que por vezes não

são bem aceites por parte de quem precisa delas no seu quotidiano. Assim, tornou-se necessário

estudar o porquê de uma tecnologia ser ou não bem recebida (nível de aceitação) pelos seus

utilizadores.

Este projeto foca-se na área da saúde, mais concretamente nas unidades de cuidados

intensivos (UCIs), onde é uma mais valia a utilização das tecnologias para apoiar a decisão dos

que estão inseridos nesta comunidade.

Na unidade de cuidados intensivos (UCI), do centro hospitalar do porto (CHP), existem

ambientes inteligentes que ajudam nas tomadas de decisões médicas e nos processos

hospitalares (Rodrigues et al., 2012). Estes surgiram, no CHP, com o objetivo de agilizar processos

e tarefas da medicina intensiva (MI) (M. F. Santos, Portela, & Vilas-boas, 2011) e devido ao

aparecimento de vários obstáculos que existiam neste ramo, como por exemplo a grande

quantidade de dados não informatizados, o que levava a uma tomada de decisão mais demorada

e pouco eficaz (J. A. da S. Aguiar, 2012). Na medicina intensiva as decisões têm de ser eficazes

e rápidas pois lida-se com pacientes de alto risco, que têm doenças graves (Rodrigues et al.,

2012).

Estes ambientes são denominados de sistemas de apoio à decisão (SAD) que são baseados

em conhecimento e que analisam grandes conjuntos de variáveis para que seja possível responder

a uma questão estratégica. Há sistemas de apoio à decisão vocacionados para o apoio à decisão

clínica que são denominados de sistemas de apoio à decisão clínica (SADC). SADC foram criados

de modo a apoiar e complementar a prática clínica nas diferentes especialidades médicas. Através

deste sistema é mais fácil fornecer respostas, indicar sugestões e traçar caminhos para alcançar

a solução de um problema, reduzindo a incerteza na tomada de decisão clínica. (Vasconcelos,

Henriques, & Rocha, 2006)

O sistema de apoio à decisão que vai ser documentado e avaliado é a plataforma INTCare do

Centro Hospitalar do Porto. Esta funciona como um suporte de decisão inteligente que tem como

finalidade dar novas informações, em tempo real, aos médicos e enfermeiros ajudando-os, assim,

em possíveis tomadas de decisão (F. Portela et al., 2014).

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Esta plataforma, juntamente com uma rica base de conhecimento, vai permitir obter soluções

válidas que permitem tomar decisões de forma quase imediata (F. Portela, 2009).

Os principais focos desta plataforma são o registo e monitorização do estado clínico dos

utentes através da previsão de falência de órgãos em vários sistemas (cardiovascular, respiratório,

renal, hepático, hematológico e neurológico) e outcome (estado do paciente no momento de alta)

(J. A. da S. Aguiar, 2012).

A metodologia que vai ser utlizada para avaliar o INTCare é a Technology Acceptance Model

(TAM) juntamente com um processo de obtenção de respostas úteis, Delphi. Estas recorrem a

questionários, colocados aos utilizadores da plataforma, com o intuito de perceber os

determinantes da aceitação de uma tecnologia por parte dos utilizadores. Depois da avaliada e

documentada a plataforma INTCare será utilizado Business Intelligence (BI) para analisar os dados

obtidos nos questionários e, assim, conseguir tirar conclusões dos mesmos.

1.2. OBJETIVOS DO PROJETO E RESULTADOS ESPERADOS

De forma a abranger todos os pontos referenciados em 1.1. foram definidos objetivos para o

projeto, uma questão de investigação e resultados esperados que devem ser alcançados ao longo

do mesmo.

A questão definida para este projeto foi a seguinte:

De que forma pode ser realizada a avaliação tecnológica da plataforma INTCare e qual a

opinião dos seus utilizadores?

O principal objetivo, como o próprio nome indica, é a avaliação e documentação da plataforma

INTCare. A avaliação da mesma vai ser feita através da metodologia TAM e Delphi. Na metodologia

TAM é necessário responder aos quatro constructos fundamentais: perceção da utilidade (PU),

perceção da facilidade de utilização (PEOU), intenção comportamental e comportamento de

utilização. O Delphi irá ser utilizado para melhorar os resultados dos questionários, utilizando

alguns aspetos, que bem definem esta metodologia, de forma a obter um consenso.

Os objetivos secundários deste projeto, que vão ajudar à concretização dos principais, são:

• Desenvolver um questionário seguindo a metodologia TAM e Delphi;

• Analisar os dados dos questionários;

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• Perceber o funcionamento da plataforma INTCare, os seus aspetos positivos e

negativos;

• Compreender o ambiente do projeto de modo a conseguir desenvolver perguntas

estratégicas aos seus utilizadores;

• Analisar a plataforma INTCare e as suas funcionalidades para, posteriormente, poder

ser feita a documentação da mesma.

Assim, como resultados esperados desta dissertação temos:

• Manual de documentação da plataforma INTCare;

• Questionários de avaliação da plataforma através da metodologia TAM e Delphi;

• Construção ou utilização de uma arquitetura web para elaboração e execução de

questionários;

• Listagem de indicadores para a demonstração dos resultados;

• Dashboards resultantes da análise BI;

• Adquirição de novo conhecimento na área de análise de sistemas de informação.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

Este documento encontra-se dividido em seis capítulos.

No primeiro capítulo será introduzido o tema do projeto, definindo o seu enquadramento e a

sua motivação bem como os objetivos do mesmo.

No segundo capítulo, estado de arte, começa-se por referir o processo de pesquisa que foi

utilizado para sustentar o presente documento e define-se os conceitos essenciais para o

entendimento do tema em si. Mais concretamente, faz referência a vários tipos de modelos de

aceitação de tecnologias, definindo-os, para no seguinte tópico ser escolhido um deles.

O terceiro capítulo diz respeito à abordagem metodológica, onde é feita a descrição das

metodologias que irão ser utilizadas no decorrer do projeto e a metodologia de investigação

utilizada.

No capítulo que se segue é aprofundado o plano de trabalhos já entregue anteriormente. Este

tópico tem como objetivo apresentar o planeamento do projeto, as suas tarefas, e uma lista de

possíveis riscos inerentes ao projeto.

O quinto capítulo surge com o intuito de reflexão do trabalho efetuado até ao momento.

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Por último, no sexto capítulo são feitas as listagens das fontes de informação utilizadas na

revisão de literatura.

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2. ESTADO DE ARTE

Neste capítulo é descrito o estado de arte, onde são definidos os conceitos essenciais para o

desenvolvimento do projeto, a estratégia de pesquisa do mesmo e alguns casos de estudo já

desenvolvidos na área.

2.1. ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Para o sucesso do projeto é necessário um grande conhecimento sobre os conceitos principais

do mesmo. Para tal, é necessário um processo de pesquisa enriquecedor, ou seja, baseado em

palavras-chaves passíveis de reproduzir novo conhecimento.

As principais palavras-chaves utilizadas foram:

• TAM (Technology Acceptance Model);

• Delphi,

• Intensive Medicine;

• UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology);

• Information Systems;

• Intensive Care;

• INTCare.

Inicialmente foram procurados vários artigos, apresentações, dissertações, entre outros, com

base nas palavras-chaves anteriormente referidas, em várias páginas Web.

É de salientar os seguintes serviços de pesquisa:

• Google Scholar;

• Repositório da UM;

• Scopus.

Depois da recolha das várias literaturas foi elaborada uma seleção qualitativa. Esta seleção

tinha como objetivo limitar os resultados e escolher os melhores artigos e os mais úteis, através

dos seguintes critérios:

• Conteúdo do abstract e a sua conclusão;

• Número de citações;

• Artigos cujo foco fosse o sistema INTCare;

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• Ano – o objetivo era utilizar artigos mais recentes, no entanto, muitas das

metodologias que irão ser abordadas foram construídas em anos menos recentes;

• Idioma.

2.2. CONTEXTUALIZAÇÃO AO MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA

As tecnologias são, cada vez mais, utilizadas para todo o tipo de finalidades. Em 1970 com o

aumento do uso das tecnologias e com o aumento das falhas nas mesmas, sentiu-se a

necessidade de explicar a aceitação ou rejeição de um sistema (Chuttur, 2009).

Em 1985, Fred Davis (1985) propôs o modelo de aceitação da tecnologia, TAM, na sua tese

de doutoramento no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Davis (1985) propôs que a

utilização de um sistema é a resposta para elucidar ou prever a aceitação do mesmo. Posto isto,

a IBM no Canadá, juntamente com o MIT, fez um contrato para avaliar o mercado e o lançamento

dos novos produtos da marca, utilizando o TAM (Fred D. Davis, Bagozzi, & Warshaw, 1989).

TAM é um modelo de aceitação de tecnologia, muito utilizado nos sistemas de informação.

Este modelo baseou-se na Theory of Reasoned Action (TRA) e é usado para explicar a aceitação

de uma tecnologia por um indivíduo (Surendran, 2012).

O TAM diz que um sistema de informação deve ser fácil de utilizar, flexível, confiável e rentável.

Podemos, assim, utilizar a Lei de Mooers (Saracevic, 1996), que nos diz que um sistema de

informação não é usado se a obtenção da informação for mais difícil do que não a obter (Saracevic,

1996).

Este modelo, TAM, surgiu com dois constructos base: perceção da utilidade (PU) e perceção

da facilidade de uso (PEOU). Para Davis (1989) a perceção da utilidade acontece quando um

individuo usa uma tecnologia com o objetivo de aumentar o seu desempenho e a perceção da

facilidade de uso acontece quando se acha que a tecnologia é fácil de utilizar, caso não seja, o

esforço pode não compensar o seu uso. Este último constructo é influenciado por aspetos como:

formações, manuais de utilização, suporte técnico, entre outros. Os constructos base, PU e PEOU,

são influenciados por variáveis externas (fatores sociais, culturais e políticos) (Surendran, 2012).

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Para a construção do TAM, Davis (1985) criou um modelo conceptual que demonstra o

processo de utilização de uma tecnologia (figura 1).

Figura 1 - Modelo conceptual (Adaptado de (F. Davis, 1985))

Depois de um estudo teórico sobre a aceitação de uma tecnologia e da criação do modelo

conceptual demonstrado anteriormente, Davis (1985) criou a primeira versão do TAM (figura 2).

Na Figura 2 o X1, X2 e X3 dizem respeito às caraterísticas do sistema que influenciam

tanto o PU como o PEOU. O A, B, C demonstram fatores que explicam a motivação para o

utilizador usar o sistema.

Nos seguintes tópicos (2.2.1, 2.2.2, 2.2.3) vão ser explicadas as variáveis apresentadas na

Figura 2, através da demonstração da evolução do TAM ao longo do tempo e das mudanças

ocorridas durante as fases de experimentação de Davis (1985).

Figura 2 - TAM original proposto por Fred Davis (Adaptado de (F D Davis, 1986; Chuttur, 2009))

Caraterísticas e capacidades do sistema

•Estímulo

Motivação do utilizador para usar o sistema

•Organismo

Utilização atual do sistema

•Resposta

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2.2.1. MODELO DA ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA

Davis (1989) propôs, como foi referido anteriormente, o modelo Technology Acceptance

Model (TAM) para entender o porquê dos utilizadores aceitarem ou rejeitarem uma tecnologia.

Davis (1989) realizou uma experiencia numa amostra de 112 utilizadores do IBM no Canadá

e 40 estudantes de Master in Business Administration da universidade de Boston. A tecnologia

estudada foi um editor de texto.

Davis (1989) constatou que a perceção da utilidade (PU) teve maior impacto no

comportamento do que na perceção da facilidade de uso (PEOU).

Assim, este modelo tem como foco o impacto das variáveis externas sobre os fatores internos

do indivíduo (atitudes e intenção de uso) (Ferreira, 2014), usando dois fatores chaves a PU e a

PEOU.

Na figura 3 está esquematizado o modelo referido (TAM).

De acordo com o modelo, o que define a utilização do sistema é a intenção comportamental

de utilização. A atitude é o sentimento do utilizador em relação a um comportamento, esta

influencia diretamente a intenção comportamental de utilização e avalia o efeito da PU e da PEOU

na intenção comportamental (I. Alves, 2010).

A perceção da utilidade (PU) é igual à soma da perceção da facilidade de uso (PEOU) mais

as variáveis externas, no entanto, há casos, em que não existe a ligação da PEOU à PU, como por

exemplo, dois sistemas que sejam ambos fáceis de utilizar, o que tiver melhor comportamento é

mais útil, apesar da igualdade na facilidade de uso (Ferreira, 2014).

A ligação da PU com a intenção comportamental de utilização existiu porque havia casos em

que um sistema, que fosse considerado útil, poderia formar uma forte intenção comportamental

na utilização do sistema, sem formar qualquer atitude (F.D. Davis, 1989).

Variáveis Externas

Perceção da Utilidade

AtitudeIntenção

Comportamental de Utilização

Sistema Atual UtilizadoPerceção da

Facilidade de Utilização

Figura 3 - TAM (Adaptado de (F.D. Davis, 1989))

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Assim, este modelo para além de prever se o comportamento de um utilizador perante um

sistema é positivo, também explica esse comportamento.

2.2.2. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 2

Em 2000, Viswanath Venkatesh e Fred Davis (2000) desenvolveram um modelo chamado de

modelo de aceitação da tecnologia (TAM) 2, que veio complementar o inicial que foi desenvolvido

em 1989.

O modelo focou-se, essencialmente, nas variáveis externas determinantes da perceção da

utilidade (PU) e afirmou a influência da mesma sobre a intenção comportamental da utilização (I.

Alves, 2010). As variáveis externas adicionadas, juntamente com alguns constructos já existentes,

dividem-se em dois grupos: influência social (normas subjetivas, voluntariedade e imagem) e

processos cognitivos (relevância no trabalho, qualidade dos outputs, demonstrabilidade dos

resultados e perceção da facilidade de utilização).

Na figura 4 está demonstrado, esquematicamente, o modelo TAM 2.

Dentro do grupo influência social, as normas subjetivas, a experiência e a voluntariedade

influenciam-se. As normas subjetivas dizem respeito à perceção que um indivíduo tem sobre as

pessoas que o rodeiam, ou seja, sobre estas acharem que ele deve ou não realizar um

determinado comportamento (Fishbein & Ajzen, 1975). A norma subjetiva pode influenciar

diretamente a intenção, ou seja, a pessoa pode escolher realizar um comportamento, sendo este

Figura 4 - TAM 2 (Adaptado de (V. Venkatesh & Davis, 2000))

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favorável ou não, tendo apenas como base a opinião de pessoas que para o indivíduo sejam

importantes. Esta relação tem várias opiniões, como por exemplo, Mathieson (1991) não

encontrou nenhuma relação entre as normas subjetivas e a intenção, já Taylor e Todd (1995)

encontraram efeitos, entre os dois, significativos.

Quanto à relação entre as normas subjetivas e a voluntariedade, Vekatesh e Davis (2000)

dizem que a norma subjetiva tem um efeito significativo sobre os sistemas obrigatórios e não sobre

os voluntários, ou seja, a facilidade de uso ocorrerá apenas em sistemas obrigatórios e não em

voluntários. Para distinguir estes sistemas, os autores propuseram a voluntariedade como variável

moderadora.

Assim, foram criadas três hipóteses (V. Venkatesh & Davis, 2000):

1. Caso a norma subjetiva tenha um comportamento positivo sobre a intenção de usar,

quando um sistema é obrigatório, existe um efeito direto;

2. A norma subjetiva não tem significância sobre a intenção de usar, quando o sistema é

reconhecido como voluntário;

3. A voluntariedade modera o efeito das normas subjetivas sobre a intenção de usar.

Também existe uma relação entre as normas subjetivas e a imagem pois caso alguém

importante de um grupo social acredite que se deve realizar um comportamento, se o indivíduo o

realizar poderá elevar a sua posição no grupo.

As pessoas formam julgamentos sobre a utilidade de um sistema através da perceção positiva

ou negativa, de que o sistema consegue facilitar, ou não, o seu trabalho (V. Venkatesh & Davis,

2000). Para tal, surgiu o grupo dos processos cognitivos que envolvem, como foi dito

anteriormente, a relevância no trabalho, a qualidade dos outputs e a demonstrabilidade dos

resultados.

A relevância no trabalho diz respeito à perceção que um indivíduo tem sobre se o sistema o

ajuda, ou não, no seu trabalho. A qualidade dos outputs refere-se ao desempenho do sistema e

ao grau em que os outputs correspondem aos seus objetivos no trabalho (V. Venkatesh & Davis,

2000). A demonstrabilidade dos resultados surge da perceção que o indivíduo tem sobre o sistema

gerar resultados.

Este modelo foi testado em quatro sistemas de quatro empresas e medido em três fases (V.

Venkatesh & Davis, 2000):

1. Pré implementação;

2. Um mês após a implementação;

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3. 3 meses após a implementação.

Os resultados foram de 40% a 60% na variância na perceção da utilidade e de 35% a 52% na

variância na intenção de usar (Ferreira, 2014).

Verificou-se, assim, que tanto a influência social como os processos cognitivos influenciam

significativamente a aceitação do utilizador a novos sistemas (V. Venkatesh & Davis, 2000).

2.2.3. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 3

Este modelo integrado de aceitação da tecnologia, TAM 3, foi construído por Venkatesh e Bala

(2008) e surgiu baseado em dois modelos: TAM 2 e o modelo dos determinantes da facilidade de

uso percebida de Venkatesh (2000).

O anterior modelo acrescentou variáveis externas que influenciavam a perceção da utilidade

(PU) e este novo modelo, TAM 3, acrescentou variáveis que influenciam a perceção da facilidade

de utilização (PEOU). Estas últimas variáveis são dividas em dois tipos (Nobre, Ramos, &

Nascimento, 2011):

• De fundamento ou base (âncoras);

• De sistematização (ajustes).

No tipo de fundamento ou base encontram-se as seguintes variáveis: autoeficácia em

ambiente tecnológico, perceções de controlo externo, ansiedade computacional e diversão em

ambiente tecnológico. A autoeficácia em ambiente tecnológico é o grau que o indivíduo acredita

que tem a capacidade de realizar uma tarefa concreta recorrendo ao computador (Compeau &

Higgins, 1995b) (Compeau & Higgins, 1995a). As perceções de controlo externo acontecem

quando um indivíduo acredita que existem recursos organizacionais e técnicos para o apoiar no

uso do sistema (V. Venkatesh, Morris, Davis, & Davis, 2003). A ansiedade computacional diz

respeito à reação de uma pessoa quando é confrontada com a possibilidade de utilização de

computadores (V. Venkatesh, 2000). A diversão em ambiente tecnológico é o grau de

espontaneidade num ambiente tecnológico (Webster & Martocchio, 1992). A perceção da

satisfação é relativa a uma utilização agradável reconhecida pelo utilizador. Por último, a aplicação

objetiva remete-se a uma comparação de sistemas e perceção do esforço necessário para

completar tarefas especificas.

Na figura que segue (figura 5) está esquematizado o modelo, TAM 3.

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12

Este novo modelo testou, então, 3 novas relações (Viswanath Venkatesh & Bala, 2008):

1. Relação dos constructos perceção da facilidade de utilização (PEOU) e perceção da

utilidade (PU), moderados pela experiência;

Com o aumento da experiência, um utilizador, consegue mais facilmente definir se o

sistema é de fácil ou difícil utilização. Venkatesh e Bala (2008) definiram entidades de

baixo nível (PEOU) e alto nível (PU) e concluíram que com o aumento da experiência, a

influência de entidades baixo nível (PEOU) nas de alto nível (PU) será mais forte, sendo

mais fácil atingir metas de alto nível, com base nas informações dadas por experiências

de baixo nível.

2. Relação do receio em utilizar um computador com a perceção da facilidade de utilização

(PEOU), moderados por experiência;

Ao contrário da relação anterior, com o aumento da experiência, o receio em utilizar um

computador diminui. Os autores Vishwanath Venkatesh e Bala (2008) acreditam que,

como o aumento da experiência, as firmezas positivas de determinado sistema sejam

Figura 5 - TAM 3 (Adaptado de (Viswanath Venkatesh & Bala, 2008))

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13

um ponto forte da PEOU, os indivíduos irão perceber o esfoço necessário de cada tarefa,

descobrindo os pontos fortes que os levam a ter prazer na utilização daquele sistema.

Na figura 5, os aspetos que representam o receio de utilizar um computador são

definidos como âncoras.

3. Relação da perceção da facilidade de utilização com a intenção em utilizar, moderadas

por experiência.

Nesta relação, como o aumento da experiência, o efeito da PEOU e da intenção em

utilizar um sistema vai diminuir. É de notar que a PEOU é uma barreira para iniciantes

da utilização de uma determinada tecnologia, ou seja, os utilizadores vão dando menos

valor, com o passar do tempo, à PEOU (V. Venkatesh, 2000).

Tal como todos os outros modelos, o TAM 3 tem vantagens e desvantagens que estão

especificadas na tabela que se segue.

Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do modelo TAM 3 (Adaptado de (J. A. da S. Aguiar, 2012; Lee et al., 2003; P. Silva, 2008; Viswanath Venkatesh & Bala, 2008))

Vantagens Desvantagens

Modelo muito abrangente Não avalia o contexto em que o sistema está

aplicado

Específico para tecnologias de informação Dificuldade na realização das pesquisas

devido ao pouco tempo que as pessoas

envolvidas têm. Por vezes, é necessário

realizar pesquisas com pessoas fora do

ambiente em estudo.

Tem uma base teórica forte Falta de guias para os praticantes

Analisa variadas variáveis externas que

podem influenciar os constructos principais

Dificuldade na realização das pesquisas

com todas as variáveis envolvidas no

ambiente de trabalho

Possui uma vertente quantitativa

É eficaz, apresentando resultados coerentes

Indica possíveis correções no sistema,

quando necessárias

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14

Vantagens Desvantagens

Apresenta a mais completa rede nomológica

de determinantes de aceitação da

tecnologia pelos utilizadores

2.2.4. CASOS DE ESTUDO DE APLICAÇÃO DO MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA

NA SAÚDE

Neste ponto vão ser descritos dois estudos que utilizaram o modelo de aceitação da tecnologia

(TAM) 3 para avaliar os sistemas utilizados e aceitação deles pelos utilizadores. É de notar que

existem vários estudos sobre o tema, no entanto, apenas foram analisados estudos na área da

saúde.

O primeiro caso de estudo, baseado num artigo (Novo et al., 2015), ocorreu num sistema de

informação hospitalar, no serviço de anatomia patológica. Este sistema surgiu decorrente do

aumento de volume e complexidade das informações médicas e na procura constante da

otimização dos cuidados de saúde. Este sistema auxilia no processamento, divulgação e

armazenamento das informações, ajuda na tomada de decisão, diminuindo os erros e aumentando

as qualidades dos serviços (Novo et al., 2015) .

O sistema analisado neste primeiro caso de estudo é o sistema AIDA (Agency for Integration,

Archive and Diffusion of Medical Information) que tem como objetivo o armazenamento e gestão

das informações clínicas. As causas da não aceitação enumeradas pelo autor foram o custo, a

resistência à mudança, o medo de utilizar tecnologias e o baixo nível de usabilidade (Novo et al.,

2015).

Para avaliar este sistema foi utilizado o modelo TAM 3. Depois de feitos os questionários,

primeiramente, Novo et al. (2015), processaram os dados para garantir que as respostas eram

todas válidas, concluindo, então, que todos os participantes responderam de forma consciente,

sendo no total 9.

As médias das respostas obtidas neste estudo são de 3 pontos, de 1 a 5, isto significa que há

um conjunto de aspetos do sistema que os participantes não estão satisfeitos. Os valores obtidos

nos constructos perceção da utilidade (PU) e perceção da facilidade de utilização (PEOU) permitem

concluir que há uma consciência que o sistema é útil, aumentando o desempenho dos

entrevistados nas tarefas diárias. Novo et al (2015) concluem que a perceção da utilidade do

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sistema juntamente com a PEOU, aumenta a aceitabilidade e aumenta a voluntariedade de utilizar

o sistema (Novo et al., 2015).

O outro caso de estudo analisado, baseado num artigo (F. Portela, Aguiar, et al., 2013),

também recorreu ao modelo TAM 3 e o sistema avaliado foi o sistema INTCare. É de notar que

este caso de estudo é muito importante para o decorrer do projeto visto que a plataforma que irá

ser analisada é o INTCare e este, está relacionado com a introdução de novas funcionalidades no

sistema servindo de base para o projeto atual.

O INTCare é descrito pelos autores (F. Portela, Aguiar, et al., 2013) como um sistema que

prevê a falência de órgãos dos pacientes e o seu estado, em tempo real, durante as próximas vinte

e quatro horas.

Os questionários desenvolvidos foram aplicados segundo a metodologia Delphi baseados no

TAM 3.

Quanto aos resultados, os questionários foram respondidos por 35% dos enfermeiros, ou seja,

14 pessoas, mas uma delas foi excluída devido à pouca credibilidade das suas respostas. Nas

perguntas relacionadas com o constructo da perceção da utilidade, a maioria dos participantes,

respondeu com 5 valores. Em forma global, a médias das respostas está entre 3 e 4 valores, ou

seja, os participantes estão contentes com o sistema, mas ainda consideram que alguns aspetos

não estão a cem por cento (F. Portela, Aguiar, et al., 2013).

No final, os autores identificaram aspetos positivos e negativos do sistema, sugeriram algumas

melhorias para o mesmo e concluíram que a metodologia TAM juntamente como a método Delphi

é um sucesso (F. Portela, Aguiar, et al., 2013).

2.3. OUTROS MODELOS DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA

Neste ponto irão ser abordados vários modelos de aceitação da tecnologia para além do TAM.

Estes modelos são essenciais para perceber a aceitação ou rejeição de uma tecnologia pelos seus

utilizadores e o seu impacto no comportamento humano. Cada vez mais, este tema é um grande

desafio pois para cada autor várias variáveis contam, sendo umas rejeitadas por uns e outras

novas adicionadas por outros (J. A. da S. Aguiar, 2012).

Várias empresas apostam neste aspeto, aceitação ou não de uma tecnologia, pois estão

cientes da importância que uma tecnologia acarreta para uma organização, trazendo-lhes possíveis

vantagens competitivas no mercado, contribuindo para a sua eficácia, eficiência e sustentabilidade

(J. N. Alves & Pereira, 2014).

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É de notar que alguns destes modelos serviram como base de estudo para o TAM, sendo

então necessário a análise e compreensão de cada um destes.

Assim, os modelos analisados foram:

• TRA (Theory of Reasoned Action);

• TPB (Theory of Planned Behavior);

• UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology).

2.3.1. TEORIA DA AÇÃO RACIONAL

A teoria da ação racional (TRA) foi desenvolvida por Martin Fishbein e Ajzen Icek em 1974

(Fishbein & Ajzen, 1975) tendo como base crenças, intenções e ações.

Como podemos verificar na figura 6 existem 5 conceitos fundamentais nesta teoria, crenças,

atitudes, normas subjetivas, intenção e comportamento. As crenças é relativo ao que a pessoa

acredita que é verdade, as atitudes remetem-se à forma como é feito o comportamento, as normas

subjetivas é a perceção da pessoa quanto ao que as pessoas que a rodeiam pensam sobre o que

ela deve fazer ou não (Pedro, Jr, & Federal, 2017), a intenção é uma declaração para agir e, por

último, o comportamento é o comportamento do individuo ao utilizar a tecnologia (J. A. da S.

Aguiar, 2012).

Esta teoria tem como foco principal as atitudes e as normas subjetivas, sendo estes conceitos

independentes uns dos outros e capazes de influenciar o comportamento humano através da

intenção comportamental (Pai & Huang, 2011). Caso estes conceitos sejam positivos eles

traduzem uma intenção, ou seja, o que melhor traduz um comportamento é a intenção para o

Crenças

Atitudes

Intenção

Nomas Subjetivas

Intenção Comportamento

Figura 6 - Theory of Reasoned Action (Adaptado de (P. Silva, 2008))

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efetuar (J. A. da S. Aguiar, 2012). Esta teoria descreve, assim, os comportamentos humanos numa

situação especifica (Fishbein & Ajzen, 1975).

2.3.2. TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEADO

A teoria do comportamento planeado (TPB) foi desenvolvida por Ajzen Icek em 1985. A TPB

surgiu para complementar a teoria da ação racional (TRA) e com o intuito de fazer uma previsão,

do comportamento, mais profunda e adequada (Pai & Huang, 2011).

Esta nova teoria acrescentou uma variável designada de perceção do controlo do seu

comportamento (PCC) (Ajzen, 1991). PCC é a perceção de um individuo para a facilidade ou

dificuldade do cumprimento de um comportamento, dos fatores que o influenciam, positivamente

ou negativamente, e do controlo para o realizar (Holden & Karsh, 2010).

A figura 7 demonstra os fatores chave desta teoria. É de notar as semelhanças da teoria TPB

com a TRA (J. A. da S. Aguiar, 2012).

A principal diferença entre a TRA e a TPB é que, a primeira, prevê comportamentos de pouco

controlo em relação às suas circunstâncias e a segunda prevê comportamentos com o pressuposto

que estes estão sob o seu controlo (Pai & Huang, 2011).

Os principais marcos desta teoria é a perceção de como o comportamento das pessoas pode

ser alterado (Surendran, 2012), o pressuposto de que os indivíduos sabem as implicações dos

seus comportamentos (Pedro et al., 2017) e que o TPB ajuda a entender melhor o papel das

normas subjetivas e do PCC.

Atitudes

IntençãoNormas

SubjetivasIntenção

Perceção do controlo do seu comportamento

ComportamentoIntenção Comportamento

Figura 7 - Theory of planned behavior (Adaptado de (P.Silva, 2008))

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2.3.3. TEORIA UNIFICADA DE ACEITAÇÃO E USO DA TECNOLOGIA

A teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia (UTAUT) foi criada no ano 2003 (V.

Venkatesh et al., 2003) com o intuito de juntar vários modelos de aceitação de tecnologia e criar

um mais completo (J. A. da S. Aguiar, 2012). Oito modelos foram utilizados como base para a

construção da UTAUT (Pedro et al., 2017) que são:

• Theory of Reasoned Action – TRA (Fishbein & Ajzen, 1975);

• Technology Acceptance Model – TAM (F.D. Davis, 1989);

• Modelo Motivacional – MM (F.D. Davis, Bagozzi, & Warshaw, 1992);

• Theory of Planned Behavior – TPB (Ajzen, 1991);

• Modelo Combinado TAM-TPB (Taylor & Todd, 1995);

• Modelo de Utilização do Computador Pessoal - MPCU (Thompson, Higgins, & Howell,

1991);

• Teoria da Difusão da Inovação (Rogers, 1991);

• Teoria Social Cognitiva (Compeau & Higgins, 1995b).

Depois de analisados todas as teorias e modelos foram definidos 4 constructos (expetativa

de desempenho, expetativa de esforço, influência social e condições facilitadoras) e 4 moderadores

(gênero, idade, experiência e voluntariedade) (J. A. da S. Aguiar, 2012). Na figura que se segue

podemos verificar a interação entre as mesmas.

Figura 8 - Unified Theory of Acceptance and Use of Technology (adaptado de (Venkatesh et al., 2003))

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Os 4 constructos dizem respeito aos determinantes da intenção de uso das tecnologias de

informação (TI) e os 4 moderadores referem-se aos moderadores da intenção de uso das TI (J. A.

da S. Aguiar, 2012).

Quanto aos moderadores o género e a idade são o que o próprio nome indica, já a experiência

representa a familiaridade do utilizador com a TI em questão, adquirida através do uso prévio da

mesma (J. N. Alves & Pereira, 2014), e a voluntariedade remete-se à obrigatoriedade, ou não, do

sistema, o que o utilizador acredita (V. Venkatesh et al., 2003).

Quanto aos constructos, a expetativa de desempenho acontece quando o utilizador acredita

que a ferramenta em estudo é útil para atingir os seus objetivos quer no trabalho quer em casa.

Este primeiro constructo é considerado, por vários autores, uma ferramenta poderosa para explicar

a intenção de utilizar um sistema, independente de outras variáveis (J. N. Alves & Pereira, 2014).

A expetativa de esforço é a facilidade de uso do sistema, ou seja, o esforço percebido que o

utilizador precisa de alocar para utilizar o sistema (V. Venkatesh et al., 2003).

O constructo influência social, como o próprio nome indica, diz respeito à influência das

outras pessoas sobre o utilizador, o que eles acham em relação a este usar, ou não, o sistema (J.

N. Alves & Pereira, 2014).

As condições facilitadoras, último constructo da teoria, dizem respeito ao utilizador acreditar

que de alguma forma poderá ter facilidades no suporte técnico do sistema (J. N. Alves & Pereira,

2014).

Como foi dito anteriormente, os constructos desta teoria foram baseados em outras teorias.

Na tabela 2 podemos ver que constructo foi retirado de que modelo.

Tabela 2 - Origem dos constructos da teoria UTAUT (Adpatado de (Venkatesh et al., 2003))

Constructo Origem

Expetativa de desempenho • Utilidade Percebida (TAM/TAM2 e DTPB)

• Motivação Extrínseca (MM)

• Adequação da função (MPCU)

• Vantagem relativa (IDT)

• Expetativa de resultados (SCT)

Expetativa de esforço • Facilidade de uso percebida

(TAM/TAM2)

• Complexidade (MPCU)

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Constructo Origem

• Facilidade de uso (IDT)

Influência social • Norma subjetiva (TRA, TAM2. TPB,

DTPB)

• Fatores sociais (MPCU)

• Imagem (IDT)

Condições facilitadoras • Controlo percebido do comportamento

(DTPB)

• Condições facilitadoras (MPCU)

• Compatibilidade (IDT)

2.4. MÉTODO DELPHI

O método Delphi surgiu numa série de estudos militares da Rond Coporation, na década de

1950 (Okoli & Pawlowski, 2004). O nome Delphi foi sugerido pelo filósofo Abraham Kaplan (Sylvia

& Kairalla, 1984).

Este método tem como objetivo a recolha e síntese de opiniões de um grupo de especialistas

(Adler & Ziglio, 1996) para obter um consenso (L. Santos & Amaral, 2004). A recolha é feita através

de questionários anónimos que alinham as diversas opiniões/cenários, por vezes conflituosos, dos

inquiridos numa perspetiva coerente e unificada (Aircraft, 1996).

Este tipo de avaliação qualitativa, prospetiva e consensual de tendências (Scarparo & Ferraz,

2008), é utilizada quando há ausência de dados, carecimento de abordagem multidisciplinar ou

quando existe falta de consenso.

As etapas utilizadas no método Delphi estão resumidas na figura 9. É de notar que o processo

descrito abaixo é de duas rondas, podendo por vezes ser preciso mais do que duas. O processo

vai-se repetindo até atingir um “estado estacionário” (Zackiewicz & Filho, 2001).

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21

.

7º Passo: Resumo do processo e elaboração do relatório final

6º Passo: Enviar um terceiro questionário

Destinado a especialistas cujas as respostas foram muito diferentes dos restantes. Estes têm que criticar os argumentos dos que apoiaram o outro ponto de vista. Esta comparação vem apoiar a existência de convergência entre as duas opiniões (Fowels,

1978) e levar o índiviuo a questionar o seu ponto de vista (Sylvia & Kairalla, 1984).

5º Passo: Formular um segundo questionário para envio aos especialistas

Depois dos especialistas estarem informados sobre os resultados da 1º ronda, cada um destes terá de enviar novas respostas e justificá-las se forem diferentes da média (Fowels, 1978).

4º Passo: Analisar as respostas aos questionários

3º Passo: Formular um primeiro questionário para envio aos especialistas

Deve conter um breve resumo sobre o caso em estudo e incluir uma ou duas respostas semi-abertas/abertas (Fowels, 1978). É de notar que o primeiro questionário é a base de todos os outros.

2º Passo: Selecionar os especialistas

Este passo é dos mais importantes pois um grupo de especialistas incapacitado poderá comprometer todo o processo. É necessário ter um grupo diverso para anular possíveis distorções (Aguiar, 2012) e garantir que os participantes se sentem

envolvidos, motivados a responder e que os resultados fornecerão informações valiosas (Sylvia & Kairalla, 1984).

1º Passo: Determinar e Formular as perguntas

Elaboração de perguntas por uma equipa de coordenação para posteior envio (Aguiar, 2012).

Figura 9 - Principais passos do método Delphi

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22

Tal como todos os métodos, o método Delphi tem as suas vantagens e desvantagens, como

demonstra a tabela 3.

Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens do método Delphi (adaptado de (J. A. da S. Aguiar, 2012; Aircraft, 1996; Renko & Vuleti, 2010; Stitt-gohdes & Crews, 2004))

Vantagens Desvantagens

Vantajoso para questões particulares e

unidimensionais

Não fornece uma resposta precisa

Input útil à construção de cenários complexos

Ao ter uma estrutura definida não permite a

existência de outras perspetivas relacionadas

com o problema

Obtenção de um consenso Pode ser demoroso

Diversidade na composição do grupo Muitas vezes as respostas são erradas,

ambíguas ou divergentes

Tempo para refletir, fortalecendo a opinião Dificuldade em perceber quais os especialistas

ideais para o estudo

Alto grau de flexibilidade

2.4.1. CASOS DE ESTUDO DE APLICAÇÃO DO DELPHI NA SAÚDE

Neste ponto vão ser descritos dois estudos que utilizam o método Delphi no ramo da saúde.

a) Caso de estudo INTCare

O primeiro caso de estudo utiliza a conjunção do Delphi com o modelo de aceitação de

tecnologia (TAM) 3, para avaliar a plataforma INTCare. O J. Aguiar et al. (2013) referem a

importância de combinar mais do que um método ou técnica numa avaliação de uma tecnologia,

uma vez que as vantagens de um podem atenuar as desvantagens de outro (J. Aguiar et al., 2013).

Para este estudo foi elaborado um questionário com 96 perguntas baseado na escala de Likert

para avaliar os resultados. Esta escala foi escolhida com o intuito de restringir as respostas curtas

(J. Aguiar et al., 2013).

Depois dos intervenientes neste estudo responderem ao questionário elaborado, foi feita uma

análise dos resultados. O total de respostas do questionário foi de 14, 35% do total dos

enfermeiros, e só uma destas respostas foi considerada inválida (J. Aguiar et al., 2013). Foi

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23

utilizada, também, uma ferramenta de dados estatísticos para fazer uma análise abrangente de

todas as respostas e uma análise por constructo do TAM 3 (J. Aguiar et al., 2013).

Após esta análise constatou-se que a média das respostas no estudo foi de 3 pontos e que o

desvio padrão das mesmas era próximo de zero, o que significa que as respostas dos

intervenientes eram concisas (J. Aguiar et al., 2013).

O J. Aguiar et al. (2013) concluíram que os enfermeiros estão satisfeitos com a tecnologia e

realçam fatores como a inovação para descrever o sistema, no entanto como aspetos negativos

realçam a falta de acompanhamento da tecnologia em tempo real.

Como conclusões, o J. Aguiar et al. (2013) concluíram que o TAM 3 juntamente com o método

Delphi permite avaliar uma tecnologia eficazmente, conseguindo tirar bastantes conclusões da

tecnologia em estudo.

b) Caso de estudo de uma política de vacinação contra a SIDA

O segundo caso de estudo diz respeito a uma análise de uma política de vacinação contra a

SIDA na Suíça com base no método Delphi (Zuber, 1994).

Este método foi utilizado para analisar e identificar as implicações associadas com a

introdução desta vacina no país. Para tal, foram selecionados trinta participantes com interesse

nesta área (Zuber, 1994).

O método Delphi foi repetido três vezes para conseguir atingir uma conclusão válida e

consensual. Assim, a análise dos resultados gerou dois resultados principais: um conjunto de

estratégias e recomendações destinadas às campanhas de prevenção da SIDA e um

enquadramento institucional para criação de uma estratégia de vacinação contra a SIDA (Zuber,

1994).

O autor concluiu que o contexto de análise para aplicar o método Delphi é um elemento

fundamental para se decidir quando é útil o uso do mesmo e que os dois aspetos chaves neste

método são o tipo de processo de comunicação e selecionar pessoas com conhecimento

privilegiado na área em estudo (Zuber, 1994).

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2.5. SISTEMA INTCARE

O Sistema INTCare foi desenvolvido entre a parceria da Universidade do Minho e do Centro

Hospitalar do Porto (CHP), com o intuito de ajudar os médicos e enfermeiros em certas lacunas

existentes na unidade de cuidados intensivos do CHP. As principais tarefas que este sistema veio

implementar foram, a previsão de falha de órgãos, previsões através da sugestão de terapias,

tratamentos, entre outros, e outcome, isto é, o estado do doente na hora em que teve alta (J. A.

da S. Aguiar, 2012).

Para conseguir os seus objetivos era necessário gerir grandes quantidades de dados e obter

conhecimento a partir deles. Os principais obstáculos deste sistema remetem-se à quantidade de

dados adquiridos manualmente e à qualidade dos dados adquiridos automaticamente (F. Portela,

Santos, et al., 2013).

Segundo Portela et al (2012), para assegurar a aceitação do INTCare pelos médicos e

enfermeiros, era necessário garantir alguns requisitos como:

• Desmaterialização do processo, ou seja, a informação tem de estar em formato eletrónico;

• Interoperabilidade entre os sistemas;

• Aquisição de dados online e processamento em tempo real.

Os médicos dos cuidados intensivos, devido aos seus utentes serem de alto risco, necessitam

de dispor informação credível e no momento certo (M. F. Santos et al., 2011). A plataforma

INTCare tem esses cuidados em atenção pois esta é um sistema de suporte à decisão (SAD) para

a medicina intensiva que recorre a um sistema multi-agente (MAS) para a ajudar (M. F. Santos et

al., 2011). Os sistemas multi-agente são sistemas computacionais constituídos por vários agentes

autónomos com o objetivo de alcançar um conjunto de metas (Lesser, 2003). Estes tipos de

sistemas trazem variadas vantagens para quem os utiliza como (M. F. Santos et al., 2011):

• Robustez – a informação nunca é perdida,

• Tolerância a falhas;

• Eficiência;

• Interconexão e interoperação entre vários sistemas – os médicos e enfermeiros podem

aceder às informações dos seus doentes, independentemente da plataforma onde estão os dados;

No INTCare, os agentes inteligentes organizam os dados provenientes de 4 fontes (processo

clínico eletrónico (PCE), laboratórios, monitores de sinais vitais e farmácias), estes dados são

recebidos e enviados, automaticamente, para a folha de enfermagem eletrónica (FEE) (J. A. da S.

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Aguiar, 2012). A FEE gere todos os dados clínicos e coloca-os disponíveis para os médicos e

enfermeiros, em tempo real e de forma automática (F. Portela et al., 2012).

O sistema INTCare, com a ajuda da FEE, está interligado de forma a permitir a comunicação

e o acesso aos dados em qualquer parte, como foi referido anteriormente, devido a caraterísticas

como (C. F. Portela, Santos, Silva, Machado, & Abelha, 2011):

• Tempo real: os dados clínicos de um utente são armazenados em tempo real com

ajuda de sensores que se encontram na unidade de cuidados intensivos;

• Modo eletrónico: os dados têm de estar disponíveis eletronicamente, caso não estejam

os profissionais recorrem à FEE para registar os dados manualmente;

• Online: toda a informação têm de estar online, podendo ser acedida em qualquer lugar;

• Autónomo: o termo automático deve prevalecer na realização das tarefas com a ajuda

de agentes inteligentes;

• Segurança: os dados clínicos devem ser armazenados com segurança;

• Veracidade: a veracidade dos dados é garantida pelos profissionais de saúde, são estes

que validam os dados inseridos na FEE;

• Preciso: visto que o INTCare lida com utentes com um risco de vida elevado, é

necessária uma aprovação final em todas as tarefas;

• Adaptabilidade: o sistema deve garantir adaptação a todo o tipo de necessidades;

• Acesso: só pode aceder aos dados clínicos pessoal autorizado, assim, é necessário

proteção da rede que suporta o sistema INTCare;

• Sensibilidade do contexto: quem utilizar o sistema tem que ter consciência do valor

que aqueles dados têm, evitando danos colaterais;

• Plano de contingência: é fundamental a criação de um plano de contingência de riscos

futuros de forma a preveni-los.

Desde que este projeto foi iniciado, a plataforma INTCare precisou de enumeras reformulações

para a melhorar. Inicialmente, a maioria das informações eram registadas em papel, e só

posteriormente eram colocadas numa base de dados offline, utilizada apenas para registo de

informações (J. A. da S. Aguiar, 2012). Os monitores de sinais vitais eram apenas utilizados para

visualizar valores, os resultados dos laboratórios estavam apenas disponíveis em formato fechado,

através de um ficheiro PDF, e as informações, com dados fulcrais, eram distribuídas por diferentes

silos (F. Portela et al., 2012).

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Com o passar do tempo e com a evolução do sistema INTCare foram feitas algumas melhorias

como (F. Portela et al., 2012):

• Sistema de aquisição de dados – esta melhoria surgiu com o intuito de utilizar os valores

dos monitores de sinais vitais para beneficio dos utentes, armazenando-os numa base de

dados;

• Resultados dos laboratórios – com o intuito de obter mais rapidez neste processo, os

resultados dos laboratórios estão disponíveis em formato aberto para a unidade de

cuidados intensivos (UCI) os receber imediatamente, após a conclusão dos exames dos

doentes;

• Acesso aberto a prescrições – acesso aos dados do sistema de informação farmacêutico.

Assim, para atingir tudo o que foi dito anteriormente, a plataforma INTCare é composta por 4

subsistemas que ajudam na obtenção dos seus objetivos. Estes subsistemas são a aquisição de

dados, a gestão de conhecimento, a inferência e o interface (M. F. Santos et al., 2011). A imagem

que se segue (figura 10) ilustra estes 4 subsistemas.

Os subsistemas definidos na figura 10 são agora descritos (Gonçalves, 2017):

Figura 10 - Sistema INTCare. (retirado de (Gonçalves, 2017))

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27

• Aquisição de Dados (Data Acquisition): responsável por armazenar todos os dados clínicos

de vários agentes como por exemplo, os ventiladores (ventilators), os monitores de

cabeceira (bed side monitors), da folha de enfermagem eletrónica (FEE), do processo

clínico eletrónico (EHR), do sistema farmacêutico (drugs system) e das análises clínicas

(lab results);

• Gestão de Conhecimento (Knowledge Management): este subsistema é composto por três

agentes: Data Mining, Performance e Ensemble. O primeiro agente, Data mining, é

definido por Paulo Gonçalves (2017) como “responsável pela criação e teste de novos

modelos de previsão, convertendo os dados registados no data warehouse em

conhecimento, para posterior criação de modelos em tempo real”. O agente Performance

analisa os dados armazenados no data warehouse e verifica os modelos criados pelo

agente Data Mining. O último agente, Ensemble, melhora a capacidade de previsão

utilizando os vários modelos.

• Inferência (Inference): este subsistema é composto por três agentes, Prediction, Data

Retrieval, e Scenario Evaluation. O primeiro agente, Prediction, assegura uma resposta ao

utilizador utilizando modelos presentes no subsistema Knowledge Base. O segundo

agente, Data Retrieval, recolhe do data warehouse dados necessários para o subsistema

Interface.

• Interface: este último subsistema faz a ligação do sistema com uma aplicação web,

permitindo a obtenção de diagnósticos, variados cenários e visualização de dados clínicos.

Ao longo do tempo o sistema INTCare foi sofrendo alterações e foi construída uma nova

arquitetura. Esta nova arquitetura surgiu para acompanhar a evolução do crescimento dos dados

do sistema, utilizando Big Data. Os subsistemas da arquitetura anterior foram mantidos, apenas

na sua arquitetura foi acrescentado um novo subsistema denominado de gestão de dados (Data

Management) (Gonçalves, 2017) (figura 11). O subsistema gestão de dados tem como objetivo

principal o processamento e armazenamento dos dados (Gonçalves, 2017)

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28

É de notar que esta arquitetura, representada na figura 11, apenas foi desenhada e ainda não

foi implementada.

2.6. BUSINESS INTELLIGENCE

O conceito business intelligence (BI) tem sido utilizado para complementar os sistemas de

apoio à decisão (SAD) (M. Santos & Ramos, 2009). Os SAD utilizam ferramentas de interrogação

e geração de relatórios para extrair informação para ajudar no processo de tomada de decisão (M.

Santos & Ramos, 2009). Os sistemas de BI utilizam a recolha de dados, o armazenamento dos

mesmos e a gestão de conhecimento para melhorar a quantidade e qualidade da informação

gerida (M. Santos & Ramos, 2009).

Os dados que irão ser analisados passam por três etapas: extração, transformação e

carregamento (ETL), ou seja, extração de dados de fontes externas e/ou internas, transformação

dos mesmos atendendo às necessidades do negócio e carregamento dos dados dentro de um

repositório data warehouse. Após estas três etapas é feita uma análise dos dados tratados através

de tecnologias analíticas que permitem criar dashboards, relatórios, gráficos, entre outros. Os

Figura 11 - Arquitetura atual do sistema INTCare (retirado de (Gonçalves, 2017) )

Page 36: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

29

resultados das tecnologias de análise necessitam de ser compreendidos pela organização para

estes poderem tirar conclusões benéficas.

Na área da saúde, as combinações de dados clínicos com ferramentas analíticas trazem

vantagens para as instituições através da extração de dados úteis armazenados em data

warehouses. Nesta área, as instituições são pressionadas para melhorar o atendimento aos seus

utentes, com melhor qualidade e rapidez. Assim, esta gestão dos dados faz com que as instituições

de saúde tenham a informação útil, atempadamente, permitindo melhorar o processo de tomada

de decisão, ou seja, melhorar o desempenho do negócio e aumentar a sua transparência (M.

Santos & Ramos, 2009).

Este conceito Business Intelligence foi introduzido neste projeto, para ajudar na análise dos

questionários que irão ser realizados aos médicos e enfermeiros do centro hospitalar do porto,

através do modelo de aceitação da tecnologia e do Delphi. Através de visualizações gráficas dos

resultados é mais fácil tirar conclusões eficazes dos mesmos.

Page 37: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

30

Page 38: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

31

3. ABORDAGEM METODOLÓGICA

Neste capítulo, serão descritas as metodologias de investigação que irão ser utilizadas ao

longo do projeto.

Para a investigação deste projeto será utilizada a metodologia Research Design, mais

concretamente case study.

Research Design é o tipo de pesquisa que direciona o decorrer do projeto abordando questões

de pesquisa, técnicas de recolha de dados, análise de dados, entre outros (Creswell, 2014). O

objetivo desta metodologia de investigação, é garantir a resposta efetiva ao problema em estudo,

sendo esta a mais clara possível. Dentro desta metodologia temos três tipos de métodos:

quantitativos, qualitativos e mistos. Serão utilizados métodos qualitativos pois é necessária

concentração nos significados pessoais, recolha de dados de participantes, abordagens intuitivas,

entre outros.

O case study suporta, assim, a parte da investigação qualitativa do projeto e é descrito como

uma forma mais adequada para sustentar uma investigação abrangente e holística de uma

questão complexa, onde o limite entre o contexto do projeto e a questão não está claro e contém

muitas variáveis (Harrison, Birks, Franklin, & Mills, 2017). Na tabela 4 são demonstradas as

vantagens e desvantagens deste tipo de metodologia.

Tabela 4 - Vantagens e desvantagens da metodologia Case Study

Vantagens Desvantagens

Permite investigar a evolução de um conceito,

ao longo do tempo, em profundidade.

O sucesso desta metodologia depende dos

casos publicados sobre um determinado

conceito.

Dados provenientes de múltiplas fontes,

tornando a pesquisa mais enriquecedora.

Por vezes os casos analisados desenvolvem

juízos de valor, o que promove a falta de rigor

cientifico.

Relaciona a teoria à prática Pesquisa demorosa.

Para o projeto em desenvolvimento esta metodologia é a mais útil, pois um dos objetivos desta

dissertação é o estudo da plataforma INTCare e, posteriormente, a avaliação da mesma,

auxiliando, assim, na exploração, explicação, descrição, avaliação e teorização do projeto.

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32

Case study é, então, utilizada na parte inicial do projeto para analisar a plataforma INTCare e

os seus componentes, através do estudo de casos passados e da análise dos comportamentos,

processos e práticas (Harrison et al., 2017) utilizadas nestes contextos, facilitando assim o

desenvolvimento, posterior, deste projeto.

Para sustentar este estudo serão utilizadas duas metodologias: Delphi e TAM 3 (Technology

Acceptance Model).

Delphi será utilizado para a recolha e síntese dos conhecimentos dos utilizadores da

plataforma INTCare, através de questionários (Adler & Ziglio, 1996). Este método tem como

vantagem a obtenção de um consenso, entre os participantes, vindo de um grupo diversificado (J.

A. da S. Aguiar, 2012) e promove, principalmente, o tempo de reflexão (Renko & Vuleti, 2010).

O TAM 3, sendo um modelo teórico de aceitação da tecnologia especifico para tecnologias de

informação, foi escolhido por ser muito forte teoricamente, bastante útil para a identificação de o

porquê da aceitação, ou não, de uma tecnologia pelos utilizadores, entre outros fatores (P. Silva,

2008).

Estas duas metodologias serão utilizadas na parte de desenvolvimento do projeto, ou seja, na

elaboração dos questionários.

Para a vertente da análise do projeto, parte final do mesmo, serão necessárias ferramentas

de Business Intelligence, para ser realizado um ponto de situação atual da plataforma INTCare e

para auxiliar na tomada de decisões estratégicas. Nesta última etapa, vão ser transformados os

dados adquiridos pelos questionários para dados visuais (dashboards), ajudando nas conclusões

dos objetivos do projeto.

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33

4. PLANO DE TRABALHO

Neste capítulo será especificado a calendarização de todas as tarefas para o desenvolvimento

do projeto de dissertação.

4.1. PLANEAMENTO

As tarefas do projeto de dissertação correspondem a 45 créditos, 1260 horas de trabalho. A

figura 12, descreve as tarefas principais deste projeto e encontra-se dividida em 3 etapas

importantes: plano de trabalhos, pré-dissertação e dissertação.

Foram, também, definidos os principais milestones do projeto que são de seguida listados:

• Submissão do plano de trabalho – Até dia 2 de Outubro de 2017;

• Entrega do projeto de dissertação – Até dia 22 de Janeiro de 2018;

• Entrega do relatório de dissertação – Até dia 22 de Junho de 2018.

Figura 12 - Planeamento da lista de tarefas

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34

4.2. DIAGRAMA DE GANTT

Na figura 13 está representado o diagrama de Gantt, elaborada na ferramenta MSProject,

relativo ao desenvolvimento de todo o trabalho já desenvolvido e que irá ser desenvolvido nos

meses que se seguem.

Figura 13 - Diagrama de Gantt

Page 42: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

35

4.3. LISTA DE RISCOS

Nesta secção vão ser apresentados possíveis riscos que poderão surgir ao longo do

desenvolvimento do projeto, de forma a preveni-los. Deste modo identificamos o risco, bem como

o seu impacto e probabilidade de acontecer no projeto por ordem de seriedade. Também são

listadas para cada risco as estratégias de mitigação capazes de o prevenir, bem como um plano

de contingência caso o mesmo aconteça.

ID Designação Impacto

(1-5)

Probabilidade

(1-5)

Seriedade

(Impacto *

Probabilidade)

Estratégia de

Mitigação

Plano de

contingência

1

Falha da

execução das

tarefas no tempo

previsto

5 3 15

Fazer um balanço

semanal de modo a

perceber a evolução

das tarefas do

projeto e

consequentemente

ter noção dos

atrasos das

mesmas.

Rever o plano de

gestão do projeto

e fazer horas

extraordinárias

de modo a

elaborar as

tarefas que

faltam o mais

rápido possível.

2 Complexidade

do projeto 5 3 15

Ler, o mais possível,

artigos e projetos

similares sobre o

assunto de forma a

perceber o projeto.

Reunir com o

orientador para

ajudar na

compreensão do

projeto.

Page 43: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

36

ID Designação Impacto

(1-5)

Probabilidade

(1-5)

Seriedade

(Impacto *

Probabilidade)

Estratégia de

Mitigação

Plano de

contingência

3

Falta de

comunicação

com os

responsáveis da

unidade de

cuidados

intensivos (UCI)

do hospital de

Santo António

(HSA)

4 3 12

Comunicar sempre

que seja necessário

com os

responsáveis.

Marcar reuniões

presenciais e via

computador.

Avisar o

orientador para

ajudar na

resolução do

problema e para

perceber o

motivo da falta

de comunicação.

4

Plano de gestão

do projeto mal

definido

5 2 10

Fazer o plano de

gestão de projeto

com antecedência e

revê-lo com o

orientador.

Refazer o plano

de gestão do

projeto.

5

Utilização de

metodologias

inadequadas ao

projeto

5 2 10

Ler sobre

metodologias

usadas em projeto

similares de forma a

escolher a

metodologia que

mais se enquadra

no projeto.

Rever as

metodologias

encontradas e,

posteriormente,

reunir com o

orientador para

ajudar na

escolha da nova

metodologia.

6

Respostas não

credíveis nos

questionários

5 2 10

Criar perguntas de

despiste de erros e

perguntas bem

estruturadas de

Repetir os

questionários

caso haja um

número de

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37

ID Designação Impacto

(1-5)

Probabilidade

(1-5)

Seriedade

(Impacto *

Probabilidade)

Estratégia de

Mitigação

Plano de

contingência

modo a não haver

probabilidade do

aparecimento deste

tipo de respostas.

elevado de

respostas deste

tipo.

7

Falta de

aderência nos

questionários

5 2 10

Fazer questionários

fáceis de responder

e o menos extensos

possíveis.

Reunir com os

responsáveis

pela unidade de

cuidados

intensivos do

centro hospitalar

do porto para

apelar à

importância

destes

questionários.

8

Incorreta

compreensão

dos dados

obtidos

5 2 10

Reunir com o

orientador de forma

a promover a

discussão sobre os

dados obtidos.

Pedir ajuda ao

orientador e

analisar, de

novo, em

conjunto os

resultados

obtidos.

9

Falta de

comunicação

com o orientador

4 2 8

Comunicar

semanalmente com

o orientador. Marcar

reuniões com

antecedência.

Efetuar uma

reunião de forma

a perceber o

motivo da falta

de comunicação.

Page 45: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

38

ID Designação Impacto

(1-5)

Probabilidade

(1-5)

Seriedade

(Impacto *

Probabilidade)

Estratégia de

Mitigação

Plano de

contingência

10 Questionários

mal preenchidos 4 2 8

Fazer questionários

de fácil

compreensão.

Repetir os

questionários

caso haja um

número elevado

de respostas

deste tipo.

11 Perda de

ficheiros 3 2 6

Utilizar uma

ferramenta de

backup de modo a

garantir que

nenhum ficheiro se

perca.

Fazer horas

extraordinárias

para recuperar o

tempo perdido.

12

Escassez de

informação

acerca do tema

do projeto de

dissertação

3 1 3

Reunir com o

orientador de forma

a promover a

discussão sobre o

tema e ter apoio na

procura de

informação.

Pedir apoio ao

orientador na

procura de

informação.

Page 46: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

39

5. CONCLUSÃO

Este documento tem como objetivo definir conceitos essenciais para o desenvolvimento do

projeto, através da elaboração de um estado de arte. Foram, também, apresentados neste

documento casos de estudo já realizados na área da saúde com a aplicação do modelo de

aceitação da tecnologia (TAM) e o Delphi.

Para o desenvolvimento do projeto foi escolhida uma metodologia de investigação, case study,

e duas metodologias de aceitação da tecnologia, TAM e Delphi.

Um dos maiores fatores de motivação deste projeto é o facto de estar envolvido na área de

medicina e de poder ser uma mais valia para os doentes e um dos maiores desafios é a cativação

dos médicos e enfermeiros para o projeto, elucidando-os para a importância do projeto visto que

nos projetos já analisados a aderência era bastante baixa.

Como trabalho futuro, primeiramente irá ser documentada a plataforma INTCare e,

posteriormente, irão ser feitas duas rondas de questionários aos médicos e enfermeiros para

perceber a sua opinião sobre a plataforma, por último, irá ser feita uma análise Business

Intelligence para poderem ser tiradas conclusões do projeto.

Para realizar este projeto, irá ser utilizado o conhecimento retirado da pesquisa efetuada nesta

fase e o conhecimento adquirido nas unidades curriculares para conseguir responder à questão:

“De que forma pode ser realizada a avaliação tecnológica da plataforma INTCare e qual a opinião

dos seus utilizadores?”.

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40

Page 48: Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da ... · Ana Raquel Alves Nunes Documentação e Avaliação da plataforma INTCare ... conceitos chaves, e dos resultados esperados

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