ana cristina gomes ribeiro novo - universidade do minho · 2017-01-01 · escola de engenharia ana...

154
outubro de 2014 Universidade do Minho Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo UMinho|2014 Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de casos em sistemas de informação hospitalar Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de casos em sistemas de informação hospitalar

Upload: others

Post on 10-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

outubro de 2014

Universidade do MinhoEscola de Engenharia

Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo

UM

inho

|201

4An

a C

ristin

a G

omes

Rib

eiro

Nov

o

Usabilidade e aceitação de tecnologia -Estudo de casos em sistemas deinformação hospitalar

Usa

bili

da

de

e a

ceit

açã

o d

e te

cno

log

ia -

Est

ud

o d

e c

aso

s e

m s

iste

ma

s d

e in

form

açã

o h

osp

ita

lar

Page 2: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Dissertação de Mestrado Mestrado Integrado em Engenharia BiomédicaRamo de Informática Médica

Trabalho efetuado sob a orientação do Professor Doutor José Manuel Ferreira Machado

e supervisionada porMestre Júlio Miguel Marques Duarte

outubro de 2014

Universidade do MinhoEscola de Engenharia

Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo

Usabilidade e aceitação de tecnologia -Estudo de casos em sistemas deinformação hospitalar

Page 3: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Declaração

Nome: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo

Endereço eletrónico: [email protected]

Cartão de Cidadão: 13944704

Título da Dissertação: Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo decasos em sistemas de informação hospitalar

Orientador: Professor Doutor José Manuel Ferreira MachadoSupervisor: Mestre Júlio Miguel Marques Duarte

Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Engenharia BiomédicaÁrea de Especialização: Ramo de Informática Médica

DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDAA REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO.

Universidade do Minho, / /

Assinatura:

Page 4: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Agradecimentos

Tenho por dever agradecer os contributos de natureza diversa, que me

possibilitaram cumprir os meus objetivos e terminar esta etapa da minha

formação académica. Deste modo, quero expressar os meus sinceros agrade-

cimentos a todos aqueles que me ajudaram, em particular:

Ao meu orientador, Professor Doutor José Machado, pela disponibilidade,

senso crítico, apoio e incentivo, substanciais para a realização deste trabalho.

Ao meu supervisor, Mestre Júlio Duarte, pela competência cientí�ca, pe-

las críticas, correções e sugestões relevantes.

Ao Doutor Filipe Portela, pela disponibilidade, dedicação e partilha de

informação relevante para o desenvolvimento da dissertação.

Aos pro�ssionais do Centro Hospitalar do Alto Ave, por me receberem e

integrarem admiravelmente, bem como pela cooperação neste projeto.

À minha família, em especial, aos meus pais e à minha irmã, pela paciên-

cia, compreensão e ajuda ao longo do meu percurso académico e, acima de

tudo, por acreditarem sempre em mim e naquilo que faço.

Aos meus amigos, em especial à Andreia, Bete e Sara, pela con�ança e

força, pelo companheirismo e apoio incondicional, pelos momentos de des-

contração, mas acima de tudo pela amizade.

Um muito Obrigada a Todos.

iii

Page 5: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

iv

Page 6: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Resumo

O aumento exponencial da informação médica e a procura pela otimiza-

ção da prestação de cuidados de saúde, conduziu à introdução das tecnologias

de informação na área da saúde. Não existe qualquer dúvida de que a intro-

dução do Processo Clínico Eletrónico (PCE) na área da saúde é uma mais

valia para a qualidade dos cuidados prestados aos utentes. Para além de

promover uma maior qualidade dos serviços prestados, a implementação e

integração deste tipo de sistemas em ambiente hospitalar, aumenta a segu-

rança dos utentes e reduz os custos. No entanto, a adoção e aceitação de

sistemas de PCE na área médica não se tem revelado uma tarefa fácil. Um

dos principais fatores apontados para o fracasso da adoção destes sistemas

está associado ao seu baixo nível de usabilidade.

Dentro desta problemática, a presente dissertação pretende avaliar a usa-

bilidade e a aceitação dos sistemas de informação em ambiente hospitalar que

garantem o registo eletrónico da informação relativa aos seus utentes. Para

além disto, é realizada também uma avaliação global das funcionalidades

inerentes ao PCE implementado no Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA),

com o intuito de alcançar um ambiente hospitalar livre de papel.

v

Page 7: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

vi

Page 8: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Abstract

The exponential increase of medical information and the demand to opti-

mize the provision of peoples care, led to the beginning of information tech-

nologies in healthcare. There is no doubt that the introduction of Electronic

Health Record (EHR) in this area it's a credit to the quality of the service

provided to users. In addition to promoting a higher quality of services, the

implementation and integration of such systems in hospitals, increases user

safety and reduces the costs. However, the adoption and acceptance of EHR

systems in the medical �eld hasn't been an easy task. One of the main reason

to the failure of the adoption of these systems is related to his low level of

usability.

About this issue, this project aims to evaluate the usability and accep-

tance of EHR in hospitals to ensure the electronic record of their user's

information. In addition, it's held also an overall evaluation of the EHR

functionalities implemented at CHAA, with the purpose of reaching a hospi-

tal environment free of clinical records on paper.

vii

Page 9: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

viii

Page 10: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Conteúdo

Acrónimos xviii

1 Introdução 1

1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.2 Estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Processo Clínico Eletrónico 5

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Processo Clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.3 Processo Clínico em Papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.4 Processo Clínico Eletrónico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4.1 De�nição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.4.2 Requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.4.3 Vantagens vs Desvantagens . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.4.4 Implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3 Caso de Estudo 19

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.2 Centro Hospitalar do Alto Ave . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.1 AIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.2 Registo Eletrónico de exames CHAA . . . . . . . . . . 22

3.3 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

ix

Page 11: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

x CONTEÚDO

4 Usabilidade 29

4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4.2 De�nição de Usabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.2.1 Usabilidade no PCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.3 Métodos de Avaliação de Usabilidade . . . . . . . . . . . . . . 37

4.3.1 Métodos de Inquérito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.3.2 Métodos de Inspeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.3.3 Métodos de Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.4 Avaliação de Usabilidade do sistema AIDA . . . . . . . . . . . 43

4.5 Heuristic Evaluation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.5.1 Aplicação do método Heuristic Evaluation . . . . . . . 46

4.5.2 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4.6 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.7 Trabalho futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5 Aceitação de tecnologia 57

5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

5.2 Modelo de Aceitação da Tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . 58

5.3 Aplicação do TAM3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5.4 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.4.1 Análise por inquiridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.4.2 Análise por questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5.4.3 Análise global por constructo . . . . . . . . . . . . . . 82

5.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

5.6 Trabalho futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

6 Avaliação do Processo Clínico Eletrónico 85

6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

6.2 Healthcare Information and Management Systems Society . . 86

6.3 Medical Record Adoption Model . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

6.4 Benefícios da adoção de um PCE completo . . . . . . . . . . . 92

6.5 Aplicação do EMRAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

6.6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Page 12: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

CONTEÚDO xi

6.7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

6.8 Trabalho futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

7 Principais Conclusões 101

7.1 Trabalho futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

Bibliogra�a 111

Apêndices 111

A Questionário TAM 113

B Tabela de constructos 125

C Questionário EMRAM 131

D Glossário 135

Page 13: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

xii CONTEÚDO

Page 14: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Lista de Figuras

2.1 Ciclo do Processo Clínico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.1 Arquitetura do SIH implementado no CHAA. . . . . . . . . . 22

3.2 Interface disponibilizada pela AIDA na etapa de receção de

exames. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3 Interface disponibilizada pela AIDA para o registo de exames. 26

3.4 Interface disponibilizada pela AIDA para a execução de rela-

tórios de exames. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4.1 Modelo de atributos de aceitabilidade de um produto de�nido

por Shackel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.2 Modelo de atributos de aceitabilidade de um produto de�nido

por Nielsen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4.3 Atributos da usabilidade de�nidos pela norma ISO. . . . . . . 35

5.1 Modelo de Aceitação da Tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . 60

5.2 Modelo de Aceitação da Tecnologia 2. . . . . . . . . . . . . . . 63

5.3 Modelo teórico dos determinantes da PEOU. . . . . . . . . . . 65

5.4 Avaliação da PU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.5 Avaliação da PEOU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.6 Avaliação da BI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.7 Avaliação da UB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.8 Análise por questões (PU). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

5.9 Análise por questões (PEOU). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5.10 Análise por questões (PEOU). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

xiii

Page 15: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

xiv LISTA DE FIGURAS

5.11 Análise por questões (BI). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

5.12 Análise por questões (UB). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Page 16: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Lista de Tabelas

4.1 Principais métodos de Inquérito. . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.2 Principais métodos de Inspeção. . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.3 Principais métodos de teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

5.1 Distribuição da população da amostra. . . . . . . . . . . . . . 69

5.2 Experiência do utilizador com as tecnologias de informação. . 70

5.3 Experiência do utilizador com o PCE. . . . . . . . . . . . . . . 70

5.4 Análise global dos resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.5 Visão global do grau de satisfação dos inquiridos relativamente

ao sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.6 Análise global por constructo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

xv

Page 17: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

xvi LISTA DE TABELAS

Page 18: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Acrónimos

A Atitude em Relação ao Uso. 59

ADM Automated Dispensing Machines. 91, 97

AIDA Agencia para a Integração, Difusão e Arquivo de Informação Médica

e Clínica. 1, 4, 19�22, 27, 30, 43, 49, 51�54, 58, 66, 67, 71, 79, 80, 82�84,

101�103

BI Intenção Comportamental. 59�61, 63, 66, 73, 77, 83

CDSS Clinical decision support system. 89, 91

CHAA Centro Hospitalar do Alto Ave. v, 3, 4, 19�22, 27, 43, 66, 85, 94�99,

101�103

CPOE Computerized physician order entry. 90, 91

DIS Departamento de Sistemas de Informação. 21

EAM Eventos Adversos a Medicamentos. 92

eMAR Electronic Medication Administration Record. 91

EMRAM Medical Record Adoption Model. 3, 4, 85, 87, 88, 92�96, 98, 99,

102

EU Estados Unidos. 93

EUA Estados Unidos da América. 86�88

GIA Grupo de Inteligência Arti�cial. 1, 19, 20, 46

HIMSS Healthcare Information and Management Systems Society. 86�88,

92, 94

IGIF Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde. 13

xvii

Page 19: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

xviii Acrónimos

IHC Interação Humano Computador. 30

ISO International Organization for Standardization. 30, 34, 35

MCDT Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica. 6, 13

PACS Picture Archiving and Communication System. 90, 96

PC Processo Clínico. 4�7, 9, 10, 54, 101

PCE Processo Clínico Eletrónico. v, xv, 2�5, 12�18, 29, 36, 44, 69, 70, 85,

87�96, 98, 99, 101, 102

PCP Processo Clínico em Papel. 10�12, 14�16

PEOU Facilidade de Uso Percebida. 59, 60, 64�66, 72, 73, 76, 82

POMR Problem-Oriented Medical Record. 12

PU Utilidade Percebida. 59�63, 66, 72, 75, 82

RFID Radio-Frequency IDenti�cation. 91, 97, 99

SAM Sistema de Apoio Médico. 13, 21

SAPE Sistema de apoio às Práticas de Enfermagem. 13, 21

SI Sistemas de Informação. 1

SIH Sistema de Informação Hospitalar. 1, 12, 17, 21

SNOMED Systematized Nomenclature of Medicine. 89

SONHO Sistema de Gestão Hospitalar. 13, 21, 22, 52

STSI Serviço de Tecnologias e Sistemas de Informação. 20

TAM Modelo de Aceitação da Tecnologia. 4, 58�61, 67, 102

TAM2 Modelo de Aceitação da Tecnologia 2. 4, 61�63, 66

TAM3 Modelo de Aceitação da Tecnologia 3. 4, 66�69, 71, 75, 82, 83

TI Tecnologias de Informação. 1, 5, 58, 87, 88, 101

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação. 20, 85�87

TRA Teoria da Ação Racionalizada. 58

UB Uso Real do Sistema. 74, 78, 83

UM Universidade do Minho. 2, 19, 20, 46

Page 20: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 1

Introdução

As Tecnologias de Informação (TI) têm vindo a revolucionar as diversas

organizações, contribuindo para a sua e�cácia, e�ciência e sustentabilidade.

Com a informatização dos dados, as organizações obtêm informação relevante

sobre a própria organização e o exterior envolvente, permitindo-lhes assim

delinear estratégias de negócio e planos de atuação [1�3].

Na área da saúde, o aumento do volume e complexidade da informação

médica e a constante procura pela otimização dos cuidados de saúde, impulsi-

onou a introdução dos Sistemas de Informação (SI) nos diversos serviços das

unidades de saúde. Estes sistemas, que permitem o processamento, armaze-

namento e disseminação da informação, auxiliam no processo de tomada de

decisão, contribuindo para a redução de erros clínicos e, consequentemente,

para o aumento da qualidade dos serviços prestados e segurança dos uten-

tes [4].

No entanto, as unidades de saúde são representadas computacionalmente

por um conjunto de sistemas heterogéneos, distribuídos e ubíquos que uti-

lizam linguagens distintas, integram equipamentos médicos diferentes e são

personalizados por diferentes entidades com �nalidades distintas.

A comunicação entre os diversos Sistema de Informação Hospitalar (SIH)

torna-se assim imprescindível mas muito difícil de obter. Dento deste con-

texto, surge a plataforma Agencia para a Integração, Difusão e Arquivo de

Informação Médica e Clínica (AIDA), desenvolvida pelo Grupo de Inteligên-

1

Page 21: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

cia Arti�cial (GIA) da Universidade do Minho (UM), que permite o arma-

zenamento e gestão de toda a informação clínica, bem como a comunicação

e a partilha da informação, garantindo assim o sucesso e as funcionalidades

inerentes ao Processo Clínico Eletrónico (PCE) [5, 6].

O PCE é uma mais-valia no meio hospitalar, tanto para os pro�ssionais

de saúde como para os utentes e administradores. A informatização da infor-

mação clínica proporciona uma melhoria constante na prestação dos cuidados

de saúde, através do registo que traduz, no presente e de forma �el, o estado

de saúde do utente, e que no futuro permite, planear e monitorizar o seu

acompanhamento. Este tipo de registo clínico é uma excelente ferramenta

de auxílio no processo de tomada de decisão e avaliação na assistência ao

utente, bem como na realização de estudos epidemiológicos ou investigações

clínicas [7, 8].

Apesar de todos os benefícios associados ao PCE, a taxa de adoção e

aceitação destes sistemas é bastante reduzida [9]. Várias causas tem vindo

a ser apontadas para tal fracasso, como por exemplo os custos, a resistência

à mudança, o medo ou a tentativa de evitar a tecnologia. No entanto, cada

vez mais, o seu baixo nível de usabilidade tem sido reconhecido como o

elemento fundamental para a adoção do PCE. Desta forma, torna-se crucial

tomar medidas que garantam que os sistemas de informação médica e as

suas interfaces sejam concebidos de forma simples e interativas, tornando-

os facilmente utilizáveis nas práticas de trabalho dos pro�ssionais de saúde

[9�12]. Após a sua implementação, as avaliações de usabilidade continuam

a ser fundamentais de modo a aumentar a satisfação dos seus utilizadores, e

consequentemente a sua aceitação e predisposição em utilizá-los [12].

A comunicação e partilha de informação entre os vários sistemas de infor-

mação hospitalar e a aceitabilidade destes sistemas pelos seus utilizadores,

são essências para a obtenção de um a ambiente hospitalar livre de papel.

No entanto, para alcançar este patamar, as organizações de saúde têm um

longo percurso a percorrer, sendo necessárias avaliações contínuas no sentido

de determinar quais os próximos passos a seguir [13,14].

Page 22: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1.1. OBJETIVOS 3

1.1 Objetivos

O objetivo global da presente dissertação consiste na avaliação da usabi-

lidade e da aceitação dos sistemas de informação na área médica, bem como

na avaliação global dos sistemas de informação, com intuito de alcançar um

ambiente hospitalar livre de papel. Para alcançar este objetivo, foram deli-

neados um conjunto de objetivos intermediários:

1. Realizar testes de usabilidade e de avaliação da aceitação dos sistemas

de informação hospitalar:

- Conhecer os princípios que fundamentam a correta interação do uti-

lizador com as tecnologias de informação em ambiente hospitalar;

- Conhecer os princípios que fundamentam a aceitação das tecnologias

de informação em ambiente hospitalar pelos seus utilizadores;

- Apresentar os principais métodos de usabilidade para avaliação dos

sistemas de informação;

- Determinar os problemas de usabilidade existentes na interface de

registo de exames no Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA);

- Determinar as alterações necessárias no campo da usabilidade;

- Avaliar o grau de aceitação do sistema de registo de exames do CHAA

pelos seus utilizadores.

2. Avaliar o sistema de informação geral do CHAA:

- Conhecer as características e funcionalidades do sistema de informa-

ção geral do CHAA;

- Avaliar o PCE do CHAA;

- Determinar os próximos passos a seguir para a obtenção de um am-

biente hospitalar livre de papel;

- Classi�car o PCE do CHAA segundo o modelo europeu, Medical

Record Adoption Model (EMRAM).

Page 23: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.2 Estrutura

Para além do presente capítulo introdutório, a presente dissertação está

organizada segundo 7 capítulos distintos, submetidos a temáticas diferentes

que permitem a correta compreensão do trabalho desenvolvido. O segundo

capítulo (Processo Clínico Eletrónico) apresenta os principais conceitos as-

sociados ao Processo Clínico (PC), bem como aos seus diferentes formatos

(papel e eletrónico). O PCE é apresentado com maior detalhe neste capítulo,

apresentando-se a sua de�nição, requisitos, vantagens e desvantagens e ainda

as diferentes fases da sua implementação.

O terceiro capítulo (Caso de Estudo) apresenta a plataforma AIDA im-

plementada no CHAA. Ainda neste capitulo, é explicado todo o processo de

registo eletrónico de exames efetuado no CHAA, recorrendo à plataforma

AIDA para posterior avaliação.

Relativamente ao quarto capítulo (Usabilidade), são apresentados os con-

ceitos inerentes à temática Usabilidade, apresentando-se a sua de�nição, a

importância da usabilidade no PCE, bem como os principais métodos de

avaliação. No �nal do capítulo é apresentada a avaliação de usabilidade re-

alizada à plataforma AIDA, no que toca ao registo eletrónico de exames do

CHAA, bem como os resultados obtidos.

No quinto capítulo (Aceitação de Tecnologia), é apresentado o Modelo de

Aceitação da Tecnologia (TAM) e as suas derivações (Modelo de Aceitação da

Tecnologia 2 (TAM2) e Modelo de Aceitação da Tecnologia 3 (TAM3)), bem

como a avaliação realizada relativamente à aceitação da plataforma AIDA,

relativamente ao registo de exames, pelos seus utilizadores.

No que concerne ao sexto capítulo (Avaliação do Processo Clínico Ele-

trónico), é apresentada a avaliação realizada aos sistemas de informação

que garantem o PCE do CHAA, baseada na aplicação do modelo EMRAM.

Desta forma, neste capítulo procede-se à apresentação do modelo aplicado e

apresentam-se os resultados obtidos com a aplicação do mesmo.

Por �m, no sétimo capítulo (Conclusão), são apresentadas as conclusões

gerais do trabalho realizado. Para além disto, são ainda de�nidos vários

aspetos que devem ser tomados em consideração para trabalho futuro.

Page 24: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 2

Processo Clínico Eletrónico

2.1 Introdução

A principal intenção de todos os trabalhadores do contexto hospitalar

diz respeito à boa prestação de cuidados aos utentes. Além da empatia e

pro�ssionalismo, esta atitude passa pelo registo da informação clínica dispo-

nibilizada, bem como fazer bom uso da mesma. O conjunto de todos estes

registos é conhecido como Processo Clínico (PC).

Em pleno séc.XXI, além do avanço da medicina, veri�ca-se uma imensa

evolução das tecnologias. E a relação entre as Tecnologias de Informação

(TI) e o mundo da saúde forma uma dualidade perfeita. As TI possibilitam

a criação de uma melhor saúde e bem-estar nos utentes. A existência de

plataformas onde se ordena a informação recolhida no ambiente hospitalar,

�cando esta omnipresente, facilita a tomada de decisões no presente, bem

como o planeamento, monitorização e acompanhamento futuro do utente.

O desenvolvimento das políticas e gestão de saúde permitem disponibili-

zar informação integrada e �ável aos pro�ssionais de saúde, e esta não seria

e�ciente sem um sistema de informação como o Processo Clínico Eletrónico

(PCE).

Esta tecnologia revolucionária, na área da medicina, tem potencial para

melhorar substancialmente o método de gerir os dados clínicos e a prática

médica como um todo.

5

Page 25: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

Como todos os avanços procedem de algo mais elementar, será ao longo

deste capítulo abordado o conceito, as características e a história do processo

clínico até aos dias de hoje.

2.2 Processo Clínico

O PC é formado por um conjunto ordenado de documentos normalizados,

que contêm toda a informação referente ao estado clínico de um determinado

individuo [15].

Nos países europeus, é doutrina e jurisprudência segura que os médicos

e os hospitais estão obrigados a proceder à documentação e registo da ati-

vidade clínica. Por via do contrato médico, há o dever implícito de realizar

uma documentação rigorosa, particularizada, cuidada e completa dos atos

médicos e cirúrgicos, bem como dos cuidados de enfermagem. São exemplos

a história clínica do utente, os relatórios dos exames físicos e de Meios Com-

plementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT). Também as apreciações

médicas, os testes laboratoriais analíticos, as informações sobre tratamentos

e a documentação das consultas devem constar no registo clínico. O pro�s-

sional de saúde deve zelar pelo bom funcionamento dos cuidados de saúde,

e cumprir o registo do referido, sob pena de incorrer em responsabilidade

civil [16].

O PC destina-se ao registo, con�dencial, dos atos e procedimentos mé-

dicos num dado utente, desde o seu primeiro contacto com a instituição

provedora de saúde [17]. Deve incluir todos os problemas de saúde, a sua

gestão e resposta de um certo individuo à mesma, de forma a assistir aos

cuidados de saúde sempre que necessário [18].

O processo deve incluir todos os dados de interesse clínico do utente, desde

um histórico clínico aos exames laboratoriais. Estas informações podem ser

divididas em dados relativos e dados complementados com informação pro-

veniente de outras fontes [15]:

1. Dados Relativos:

- História Clínica;

Page 26: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.2. PROCESSO CLÍNICO 7

- Exame Físico;

- Diário;

- Diagnósticos;

- Tratamentos efetuados;

2. Dados complementados com informação proveniente de outras fontes:

- Testes laboratoriais;

- Relatórios de meios complementares de diagnóstico.

O PC propriamente dito envolve uma serie de etapas, sendo elas a ob-

servação, a decisão e o plano de ação (�gura 2.1) [19]. De salientar que

os registos são da autoria dos diferentes pro�ssionais de saúde, sejam eles

médicos, enfermeiros ou técnicos [15].

Figura 2.1: Ciclo do Processo Clínico (Adaptado de [20]).

Page 27: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

8 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

Numa primeira fase, são recolhidos dados de carácter administrativo, da-

dos médicos físicos e outros dados médicos. Esta é uma fase de elevada

importância, pois além de ser a fase onde se origina o conhecimento especí-

�co relativo à condição do utente, todas as decisões dos médicos vão ter por

base esta informação.

Os dados administrativos são caracterizados como dados de identi�cação

administrativa do utente. Quanto aos dados médicos físicos, estes dizem

respeito a acontecimentos particulares do utente. No que concerne aos outros

dados médicos, estes são classi�cados como acontecimento múltiplas de dados

ou dados temporais [19]:

1. Dados de carácter administrativo:

- Nome;

- Data de nascimento;

- Identi�cação do utente.

- Dados médicos físicos:

- Sexo;

- Grupo sanguíneo;

- Alergias.

2. Outros dados médicos:

- História clínica;

- Exame objetivo;

- Diagnóstico;

- Procedimentos;

- Terapêutica.

Gera-se, então, a informação que serve de base à interpretação do clí-

nico, com vista à elaboração do diagnóstico. Em presença e con�rmação do

mesmo, é iniciado um plano de ação, cujo objetivo é o de solucionar o que foi

diagnosticado. Esta ação é aplicada ao utente, em modo de terapia, havendo

Page 28: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.2. PROCESSO CLÍNICO 9

posteriormente uma nova recolha de dados e sendo feita uma nova observa-

ção, iniciando-se um novo ciclo com a repetição de todos os passos [20]. Esta

totalidade de passos compõe a essência do PC, esteja este sob a forma de

papel ou codi�cado digitalmente.

A informação presente no registo clínico corresponde a informação maiori-

tariamente alfanumérica, dados que podem ser representados por caracteres

ou dígitos. A restante informação não textual, essencialmente proveniente

dos meios complementares de diagnóstico, como sinal ou imagem, por norma

não está disponível juntamente com o processo clínico (por exemplo, as ima-

gens das endoscopias somente são visualizadas quando solicitadas). Desta

forma, a informação clínica de um determinado utente não �ca disponível

como um todo [19,20].

Quanto à organização do PC, existem três diferentes maneiras de o es-

truturar. Um tipo de registo de dados e de observações que é organizado

cronologicamente (Time-oriented medical record); outra forma em que o re-

gisto dos dados é estruturado conforme a sua origem (Source-oriented medical

record); bem como uma maneira em que a informação clínica é ordenada por

problema (Problem-oriented medical record).

Deve ter-se em conta que, hoje, se pratica uma medicina de equipa, com

so�sticadas tecnologias, pelo que o correto registo das informações médicas

permite evitar acidentes graves [16]. No contexto hospitalar, e atendendo

a etapas de registo formais ou informais, o PC deve-se materializar como

uma área de trabalho onde se atinge um consenso clínico, constitui-se ideias,

observações e registos, durante o período em que um determinado individuo

seja sujeito a cuidados médicos [21].

O PC evidencia a qualidade do atendimento prestado ao utente, e é um

meio de comunicação entre os pro�ssionais de saúde, pois as notas são par-

tilhadas por todos os elementos da equipa, assegurando assim coerência no

tratamento do utente. Durante um período de internamento, o PC deve cons-

tituir o único suporte de informação atingível pela equipa médica responsável.

Todos os resultados clínicos, as observações e os registos necessários à pres-

tação de cuidados de saúde, deverão ser tangíveis a partir deste. No �nal

de um episódio, deve convergir no PC toda a informação clínica do utente,

Page 29: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

10 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

garantindo assim a consulta a longo prazo. Para a posterioridade, �cam mais

facilitados diagnósticos e terapias, podendo o registo clínico do utente atuar

também como elemento de exportação de dados para eventuais pesquisas, a

realização de estudos epidemiológicos e as investigações clínicas [7, 15].

O processo clínico apresenta-se como uma ferramenta operacional e um

componente perentório dos cuidados médicos, que contribui para a sua quali-

dade e a re�ete [22]. É uma excelente ajuda à assistência ao utente. Trata-se

de um documento legal de todos os atos médicos a que o utente esteve su-

jeito. A nível económico e social, este registo clínico constitui uma grande

ajuda para efeitos de gestão ou avaliações de custos.

Em suma, a essência do PC é garantir que todos, quantos sejam ne-

cessários, tenham acesso à informação de um utente e seja, assim, exequível

assegurar a melhor assistência possível ao ser humano, esteja esta informação

gravada sob a forma de papel ou codi�cada digitalmente.

2.3 Processo Clínico em Papel

O Processo Clínico em Papel (PCP) é um formato de registo clínico, que

inclui todas as etapas do PC, e no que concerne aos dados clínicos, estes são

inseridos manuscritamente no processo. Esta forma de registo tem provido a

prática hospitalar, com êxito, desde os primórdios do registo clínico. Apesar

de não se veri�car um progresso assim tão signi�cativo no que respeita à

natureza física do PCP, a disposição dos dados contidos num PC tem sido

alvo de contínuas reformulações.

Os dados clínicos de um utente resultam de diversas fontes, desde a his-

tória clínica e exames objetivos, até resultados de provas complementares de

diagnóstico. As informações recolhidas são armazenadas, tornando-se base

para a prestação de cuidados de saúde, o que implica a necessidade de inte-

grar os dados procedentes das diversas origens. O PCP corresponde a uma

centralização da informação clínica do utente, sem permissão do feedback

desta informação [7].

As vantagens e desvantagens do PCP, centram-se essencialmente no con-

teúdo informacional e no formato físico do registo clínico. As informações

Page 30: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.3. PROCESSO CLÍNICO EM PAPEL 11

em suporte de papel, só por si, são consideradas vantajosas dado este ser um

formato que sempre acompanhou toda e qualquer pessoa [7]. A familiari-

dade oferecida por esta forma de registo torna dispensável qualquer tipo de

formação mais especí�ca para o seu uso. A portabilidade e o acesso direto

do PCP contribuí, também, para o seu bom desempenho a nível hospitalar,

desde a origem do registo clínico [7, 15].

Quanto ao conteúdo informacional do PCP, ser maleável é uma grande

qualidade que este apresenta, ou seja, como não há campos obrigatórios de

escrita, o seu modelo formal �ca ao encargo da mente do pro�ssional que

faz a anotação. Permite-se, assim, ao médico, o uso de diagramas, seleção

de pormenores especí�cos em resultados de exames, entre outros, consoante

sejam as suas preferências.

No que concerne às desvantagens deste formato de registo clínico, estas

surgem com o aumento dos dados nele contidos [7].

A nível físico, e dado o facto de ser um arquivo único, apenas pode ser

consultado para uma tarefa de cada vez. Também o seu uso constante, por

diferentes pessoas e instituições, aumenta o risco de dano e/ou perda do

mesmo. Quanto ao acondicionamento e preservação do PCP, há necessidade

de muito espaço para arquivo e condições ideais [15]. Por �m, uma grande

di�culdade que o PCP causa aos pro�ssionais de saúde é a árdua tarefa de

procura de processos. Essa tarefa exige valiosos recursos humanos para que se

cumpra com sucesso. Em contexto hospitalar, o PCP está, apenas, disponível

em 70% das alturas em que é pedido, segundo Dick e Steen [19].

A plasticidade do PCP, a par de poder ser considerada uma vantagem,

pode manifestar-se também como um inconveniente, considerando o conteúdo

informacional deste. A ausência de um modelo padrão para o registo, torna-o

ambíguo. A sua interpretação, por terceiros, pode ter signi�cados diferentes.

A falta de estruturação prede�nida conduz a um maior risco de erros de re-

gisto e sonegação de dados indispensáveis ao diagnóstico. Para Coiera, esta

ausência de um modelo textitstandard leva a que os pro�ssionais de saúde

não visualizem informação proveitosa para a própria consulta e processo de

decisão clínica, referentes ao utente. Consequentemente, constata-se o des-

perdício de recursos e tempo, por exemplo na requisição desnecessária de

Page 31: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

12 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

exames e analíticas, custos acrescidos e evitáveis na prática de tratamento

hospitalar [7, 23].

2.4 Processo Clínico Eletrónico

Ao longo dos anos, tem-se assistido a um enorme progresso no que à infor-

mática respeita, motivado pela existência de computadores pessoais, de dife-

rentes sistemas operativos e, principalmente, pela massi�cação da internet.

Este desenvolvimento na área da informática causou também uma revolução

e ascensão na área da saúde. Com esta evolução, surge a necessidade de

assegurar a transição do PCP para a era digital. A necessidade de melhorar

a acessibilidade e a integração dos serviços, a crescente urgência em estru-

turar a informação clínica, assim como de a tornar acessível no momento e

local em que é requerida, despoletou o aparecimento do PCE. Apoiado num

novo paradigma de investigação clínica, a medicina baseada em evidências,

o registo médico eletrónico ocupa nos dias de hoje uma posição de realce no

desenvolvimento da ontologia terapêutica [24].

A entrada do PCE na história da medicina deve-se ao aumento da necessi-

dade da padronização e acesso às diversas informações clínicas. Os primeiros

SIH surgiram na década de 60, impulsionando o desenvolvimento das novas

tecnologias de informação, inclusive o PCE. No entanto, estes sistemas ini-

ciais ainda não se focavam especi�camente na parte clínica, mas em áreas

como a prescrição médica, gestão e custos clínicos. Somente no �m dos anos

60, surgem iniciativas estimuladoras da parte clínica, como a descrição do

Problem-Oriented Medical Record (POMR), por Lawrence Weed, em 1969.

Em 1972, veri�cou-se a busca de um padrão para o registo de informações

médicas ambulatórios, no Congresso do National Center for Health Services

Research and Development em parceria com National Center for Health Sta-

tistics. O relatório, surge mais tarde, em 1991, encomendado pelo Institute

of Medicine, denominado -The Computer-basedPatient Record - An Essential

Technology for Health Care.

O sucesso do PCE demorou bastante, devido a di�culdades para ser im-

plementado, como os altos custos monetários, limitações de hardware, sin-

Page 32: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.4. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO 13

cronizações dos registos. A sua implementação em Portugal �cou a cargo

do Sistema Nacional de Saúde sob a forma do Sistema de Gestão Hospitalar

(SONHO).

A plataforma SONHO dominou nos Hospitais Portugueses, surgindo no

�m dos anos 80, e tendo por meta suprir as necessidades administrativas e

de organização, ao integrar e gerir as informações de cada utente. A falta de

um registo eletrónico conduziu ao desenvolvimento, pelo Instituto de Gestão

Informática e Financeira da Saúde (IGIF), de um sistema médico e outro

de enfermagem para o SONHO, denominados por Sistema de Apoio Médico

(SAM) e Sistema de apoio às Práticas de Enfermagem (SAPE) [25].

2.4.1 De�nição

Quando se tenta de�nir o PCE, tem-se o problema da coexistência de

de�nições para diferentes organismos, países, etc. É complicado englobar

as diversas facetas presentes num PCE numa de�nição universal, única e

abrangente. Várias são as propostas, sendo a do Institute of Medicine [19]:

�É a representação de todos os dados relativos ao utente que se

encontrariam (. . . ) no PCP, mas codi�cados e estruturados, em

formato digital. Tal estrutura incorpora um padrão para comu-

nicação e representação de toda a informação pertinente, relativa

ao utente. A documentação clínica é atualizada via computador,

sendo codi�cada com o conteúdo anterior no PCP do utente. A

informação armazenada é indexada com detalhe su�ciente para

permitir a entrega e�caz e atempada da mesma, quando requi-

sitada e, ao mesmo tempo, garantir facilidades na sua gestão e

análise.�

O facto de não existir um consenso geral, que formule uma de�nição uni-

versal, não implica que não seja possível constatar pontos em comum em

todas as de�nições. Há sempre referência aos recursos informáticos, com o

objetivo de registar as informações do utente, como dados administrativos,

história clínica, resultados de MCDTs, prescrições médicas. Estas informa-

ções são inseridas num sistema eletrónico que a organiza, armazena, guarda

Page 33: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

14 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

e possibilita, ainda, a transmissão de todos os dados clínicos, para o bom

exercício da pro�ssão, pelos médicos, bem como para propósitos de gestão

de custos [15,19].

Existem certas semelhanças entre o PCE e o PCP, contudo o PCE não

corresponde, exatamente, a uma informatização de um PCP. E uma das

diferenças mais notória no modo de funcionamento do PCE e do PCP tem

a ver com a interação entre estes tipos de processo clínico e as fontes de

informação, que permitem a sua elaboração. A união que se forma entre as

fontes de informação e o PCE é bidirecional, ou seja, há feedback, o que não se

veri�cava no que toca ao PCP. O registo eletrónico, além de conter os dados

referidos, permite a partilha de informação entre os vários utilizadores, bem

como a interação entre as fontes de informação [19].

2.4.2 Requisitos

Apesar de todos os dados contidos num PCP estarem organizados, infor-

maticamente, num PCE, este registo eletrónico deve cumprir determinados

requisitos singulares. É necessário ser rápido na resposta, �ável, íntegro,

seguro e acessível 24 horas por dia. Quanto à sua organização, deve facili-

tar a integração total com os sistemas de informação hospitalares existentes,

fomentando a ubiquidade de registos entre especialidades e serviços, e pos-

sibilitando o acesso a meios de monitorização, alarme e apoio à decisão. Os

dados devem ser normalizados e uniformes. O PCE deve possibilitar a ge-

ração de relatórios personalizados e documentos para �ns especí�cos. Dado

as tecnologias envolvidas, deve haver formação especí�ca dos pro�ssionais

clínicos que manuseiem este tipo de registo [15,26].

Sendo este registo efetuado sobre a pessoa singular, o utente tem o direito

à privacidade. Caso se veri�que um �uxo de informação não pretendida, o

utente deve identi�car a origem de dados ou o seu vazamento. É importante

referir que as informações que interligam os diferentes �uxos de dados médicos

não podem ser consideradas para inferir ou criar per�s sobre o utente [27].

Page 34: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.4. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO 15

2.4.3 Vantagens vs Desvantagens

São vastas as vantagens de um registo eletrónico em relação a um registo

clínico em papel. Desde as questões relacionadas com o acesso e a segurança

até ao caso do apoio à tomada de decisão ou partilha eletrónica de infor-

mações entre instituições. Com a implementação deste novo meio de registo

clínico, os utentes recebem assistência na saúde com muito mais qualidade.

O PCE permite uma melhor racionalização dos recursos (humanos e ma-

teriais) e melhorias nos processos administrativos e �nanceiros. Cumpre-se

um aumento da velocidade de acesso à informação, também devido à me-

lhoria dos métodos de pesquisa. Os pro�ssionais de saúde podem recorrer

a palavras-chave, procurar relações ou simplesmente pesquisar em texto li-

vre. E quanto à legibilidade, com o PCE corrigem-se todos os problemas

de entendimento da caligra�a do PCP, que por vezes resultavam em erros

médicos [7].

Um dos benefícios que mais sobressai advém da informatização dos dados.

A nível físico, é possível armazenar uma enorme quantidade de dados num

dispositivo que ocupa pouco espaço. Outro fator favorável é a duplicação e

partilha de dados por tarefas simultâneas, que permite aos pro�ssionais de

saúde aceder a um mesmo registo clínico através de localizações físicas dis-

tintas. A possibilidade de fazer backup de informação salvaguarda a hipótese

de perda e/ou dano do registos dos utentes. Quanto à con�dencialidade das

informações de cada utente, esta consegue-se graças ao uso de per�s de acesso

exclusivos para cada pro�ssional de saúde, restringindo-se, assim, o acesso

ao PC de utilizadores não-autorizados.

Outra grande vantagem do PCE é o contínuo processamento de dados.

Assim, há uma busca ininterrupta por erros, e no caso da ocorrência de situ-

ações patológicas anómalas, o sistema possui a capacidade de emitir avisos

aos médicos [7, 15].

Como se constou nos dados supracitados, o PCE apresenta inúmeras van-

tagens. No entanto, apresenta limitações, das quais se destaca a nova reali-

dade a enfrentar. Esta limitação, obviamente tem maior impacto no início

da mudança do registo em papel para o eletrónico, pois os pro�ssionais sen-

Page 35: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

16 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

tem familiaridade e conforto no manuseio de registos no formato em papel

e mostram-se reticentes à mudança de hábitos. A aceitação do registo ele-

trónico pode ser facilitada com a existência de formações especí�cas, em que

os pro�ssionais poderão adaptar-se mais rapidamente a este novo paradigma

computacional [28]. Outro grande inconveniente da implementação dos sis-

temas de PCE deve-se aos elevados custos associados. É necessário investir

em hardware e software, e constantemente renova-los e atualiza-los [29].

Também era considerada uma desvantagem do PCE a retrógrada portabi-

lidade que este possuía, comparando ao registo em papel. Com a introdução

das redes sem �os este problema encontra-se praticamente ultrapassado. Na

atualidade é possível aceder via wireless ao PCE, por meio de um simples

dispositivo móvel capacitado para tal. Somente na falta de rede ou indispo-

nibilidade dos sistemas é que há problemas no acesso ao registo eletrónico de

utentes [7].

Relativamente às questões de segurança, que são apontadas como desvan-

tagem da informatização, estas podem ser asseguradas com o uso de per�s

de acesso únicos para os diferentes tipos de utilizadores, e com profundidades

permissivas distintas bem como pela monitorização automática de entradas

no sistema. Por estas razões, os peritos consideraram que o PCE é ainda

mais seguro do que o PCP [15].

2.4.4 Implementação

Para a American Academy of Family Physicians (AAFP) o sucesso da

adoção do PCE �ca dependente do seguimento de quatro fases distintas:

Preparação, Seleção, Implementação e Manutenção [30].

A primeira fase, denominada de preparação, é a base da implementação

com êxito do PCE. Nesta fase determina-se a solução mais adequada para

a instituição em causa, interpretam-se as suas necessidades e competências.

Na segunda etapa, seleção, escolhe-se o modelo de PCE a utilizar. Esta es-

colha baseia-se na fase anterior, mas também se têm em conta comparações

com sistemas eletrónicos a vigorar noutras instituições. Numa fase posterior,

procede-se à implementação do sistema. Esta fase, por vezes, sofre di�culda-

Page 36: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.5. CONCLUSÃO 17

des, pois a posta em prática do sistema e o seu sucesso pode ser um processo

moroso e está muito dependente da sua aceitação e compreensão por parte

dos pro�ssionais de saúde. E como último passo para o êxito da adoção do

registo informático, está a manutenção. Esta fase é interminável, pois há

sempre algo a precisar de ser melhorado, bem como atualizado, no sentido

de ajudar, mais e melhor, os pro�ssionais ao serviço do utente.

Constata-se que, numa fase inicial de implementação, o uso do PCE não

é exclusivo. Esta simultaneidade do registo em papel e do registo eletrónico

pode levar à inconsistência de dados, pois nem sempre se completam ambos

os tipos de registo [31].

Para uma bem-sucedida transição entre o registo em papel e o registo

informático, devem adotar-se estratégias políticas focadas no suporte �nan-

ceiro, na interoperabilidade e quali�cação de pessoal para suporte técnico

[32]. O sucesso da implementação do PCE, relativamente à qualidade e segu-

rança, deve ter por base o reconhecimento das variáveis de estrutura reais e o

serviço de todos os pro�ssionais de saúde e de apoio técnico envolvidos [33].

2.5 Conclusão

O PCE assume-se, no presente, como essencial para o correto funcio-

namento de uma unidade hospitalar, clínica ou laboratorial. Este tipo de

registo, facilita as tarefas dos pro�ssionais de saúde, garantindo uma melhor

prestação dos seus serviços.

O registo eletrónico não é somente a informatização do processo clínico

em papel. Além das características comuns a ambos, o PCE é capaz de ar-

mazenar grandes quantidades de dados num reduzido espaço físico, organiza

a informação de diversas fontes (ex: dados demográ�cos, laboratoriais, an-

tecedentes médicos, etc). e torna fácil o acesso à mesma. O PCE pode ser

usado para efeitos administrativos, no que concerne à gestão de recursos e de

custos. Contudo a vantagem que mais se destaca de todas as que resultam

na implementação do PCE, é a facilidade de integração com outros SIH. Isto

é exequível graças à normalização e uniformidade das informações clínicas.

Este registo clínico possibilita ainda o acesso remoto e simultâneo dos dados,

Page 37: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

18 CAPÍTULO 2. PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

sendo estes constantemente atualizados.

Apesar de o PCE apresentar pontos negativos, estes têm sido minimiza-

dos. Veri�ca-se uma constante evolução das tecnologias bem como a intro-

dução de novas técnicas que ajudam a melhorar o PCE. A introdução do

wireless, por exemplo, tornou o registo eletrónico mais funcional. Também

os avanços informáticos garantem a portabilidade e segurança imprescindí-

veis a sistema. Mesmo a desvantagem do elevado custo monetário para a

sua implementação parece já não ter muito peso, quando considerada. Isto

porque o investimento pode ser grande numa primeira fase, mas em poucos

anos há retorno e compensação pelo investimento.

Em suma, o PCE deve ser considerado uma ferramenta vital e deveras útil

ao bom funcionamento de uma unidade hospitalar, clínica ou laboratorial, e

consequentemente um método imprescindível para a boa prática da Saúde.

Page 38: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 3

Caso de Estudo

3.1 Introdução

A medicina dos dias de hoje é totalmente dependente da análise continua

da informação clínica dos utentes, de forma a conferir e�ciência e qualidade

nos serviços prestados. Esta crescente dependência da informação culminou

na integração dos sistemas de informação na área da saúde, que assegurem o

seu armazenamento e gestão, auxiliando o ato médico e, consequentemente,

facilitando a difícil tarefa dos pro�ssionais de saúde.

Com o intuito de implementar um Sistema de Informação Hospitalar o

Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) formou uma parceria com o Grupo

de Inteligência Arti�cial (GIA) da Universidade do Minho (UM). De forma a

alcançar este objetivo com sucesso, foi criada uma plataforma, denominada

de Agencia para a Integração, Difusão e Arquivo de Informação Médica e Clí-

nica (AIDA), que garante as funcionalidades inerentes de um registo clínico

eletrónico.

Neste capítulo são apresentadas as funcionalidades da AIDA e descrito o

seu modo de funcionamento relativamente ao registo de exames no CHAA.

19

Page 39: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

20 CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO

3.2 Centro Hospitalar do Alto Ave

O CHAA abrange três unidades hospitalares distintas, a Unidade de Gui-

marães, a Unidade de Fafe e a Unidade de Cabeceiras de Basto. Este hospital

é composto por cerca de 1800 colaboradores que reúnem esforços no sentido

de promover a qualidade dos serviços prestados a cerca de 400 mil utentes.

O CHAA tem por área de in�uência os concelhos de Guimarães, Fafe, Vizela,

Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Felgueiras.

A manutenção de toda a infraestrutura que suporta as aplicações em

produção, e a gestão e implementação de novos projetos que envolvem as

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é da responsabilidade de

seis colaboradores do Serviço de Tecnologias e Sistemas de Informação (STSI)

existente no hospital.

3.2.1 AIDA

Os sistemas de informação possuem grande potencial na integração e au-

tomação da informação, e por esta razão são alvo de vários estudos realizados

por pesquisadores das Ciências da Computação. No entanto, as unidades de

saúde são representadas computacionalmente por um conjunto de sistemas

heterogéneos, distribuídos e ubíquos que utilizam linguagens distintas, in-

tegram equipamentos médicos diferentes e são personalizados por diferentes

entidades, com �nalidades distintas. Desta forma, a comunicação entre este

sistemas torna-se difícil de obter. A solução passa por integrar, difundir e

arquivar todas as informações numa estrutura dinâmica que possibilite a par-

tilha da informação com todos os sistemas de informação. Para tal, o GIA

da UM desenvolveu a plataforma AIDA [5,6].

A plataforma AIDA fornece um conjunto de agentes eletrónicos inteligen-

tes, denominados agentes pró-ativos, responsáveis pela execução de tarefas

como a comunicação entre sistemas heterogéneos, envio e receção de infor-

mação (como por exemplo relatórios médicos e clínicos, imagens, conjunto de

dados, prescrições), armazenamento e gestão da informação, e ainda resposta

a pedidos, através da utilização de recursos que possibilitam a sua correta

Page 40: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

3.2. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 21

realização em tempo real. Como forma de facilitar o acesso aos meios de

informação e de comunicação, de�nidos por terceiros, a plataforma AIDA

suporta também serviços de web.

A arquitetura do SIH em funcionamento no CHAA, está representado

na Figura 3.1. Tal como se pode veri�car a AIDA assume um papel cen-

tral no SIH, garantindo não só arquivo da informação médica mas também

comunicação entre os diversos subsistemas, sendo eles [5, 6, 34]:

1. SONHO: representa, gerência e arquiva todas as informações admi-

nistrativas relativas a um utente durante o episódio (conjunto de todas

as operações destinadas ao utente, desde o início do tratamento até ao

�nal do mesmo);

2. SAM: representa, gerência e arquiva toda a informação clínica de um

determinado utente durante o episódio;

3. SAPE: representa, gerência e arquiva toda a informação de enferma-

gem durante o episódio;

4. Departamento de Sistemas de Informação (DIS): representa a

informação relativa a todos os departamentos e sistemas, em especial

os de laboratórios e serviços de imagiologia, de radiologia e de urgência.

Page 41: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

22 CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO

Figura 3.1: Arquitetura do SIH implementado no CHAA (Adaptado de [6]).

Esta plataforma encontra-se implementada e integrada em alguns dos

hospitais portugueses, como por exemplo Centro Hospitalar do Porto, Centro

Hospitalar do Alto Ave, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e a Unidade

Local de Saúde do Norte Alentejano.

3.2.2 Registo Eletrónico de exames CHAA

A plataforma AIDA, implementada no CHAA, permite o registo ele-

trónico de exames. O agendamento de exames médicos ou laboratoriais,

aquando a sua solicitação, pode ser realizado no SONHO ou recorrendo dire-

tamente à plataforma AIDA, pelo administrativo do serviço correspondente.

Desta forma, sempre que o agendamento é realizado no SONHO, a plata-

forma AIDA acede aos dados ai registados para que possa ser desencadeado

todo o processo subjacente ao registo eletrónico da requisição efetuada.

Page 42: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

3.2. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 23

O processo de registo de exames divide-se em três fases distintas:

• Receção: realizada pelo administrativo do serviço correspondente, tem

como intuito de informar o pro�ssional de saúde de que o utente já se

encontra à espera para a realização do exame, anteriormente agendado.

Nos casos em que o exame a efetuar não implica a presença do utente

(exames laboratoriais) esta fase dá a indicação de que a peça a analisar

encontra-se em condições para a realização da análise pretendida. A

interface disponibilizada pela AIDA para este efeito encontra-se apre-

sentada na Figura 3.2.

• Registo: executada pelo pro�ssional de saúde que realiza o exame,

permite informar que o exame já foi realizado. Na Figura 3.3 está

apresentada a interface disponibilizada pela AIDA para a execução do

registo de exames.

• Relatório: realizada pelo médico, permite que este proceda à elabora-

ção do relatório de exame, onde descreve as suas observações e ilações

do mesmo. Após a elaboração do relatório �ca registado que o exame

já foi terminado. A Figura 3.4 apresenta a interface disponibilizada

pela AIDA para a realização dos relatórios de exames.

É importante salientar que por vezes existe a necessidade de registar

exames sem que estes estejam previamente agendados, e por isso não se en-

contram inseridos nas listas de trabalho. Para tal, a plataforma disponibiliza

a opção de pedido direto. Esta opção de requisição de exames, é utilizada

para a realização de exames urgentes ou para o registo de exames que tenham

sido realizados noutros dias, mas por alguma razão não foram devidamente

registados durante a sua execução.

Clicando no botão do pedido direto a aplicação abre um formulário para

que seja identi�cado o utente, através da especi�cação do processo e episó-

dio. Posteriormente, de�ne-se o tipo de exame que se pretende registar. Para

Page 43: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

24 CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO

�nalizar, o sistema disponibiliza três opções distintas:

• Receção: �ca registada a receção e posteriormente o exame segue o

�uxo normal do processo de registo de exames.

• Registo de exame: o registo �ca automaticamente como exame re-

alizado. Esta opção é utilizada no caso de não haver necessidade de

fazer a receção.

• Registo de exame com outra data: permite introduzir o registo de

um exame que já tenha sido realizado. Neste caso o utilizador tem que

indicar a data em que o exame foi realizado.

De forma a facilitar a gestão de tarefas dos administrativos, técnicos e

médicos, a plataforma disponibiliza a cada um deles uma lista de tarefas a

realizar. Á medida que é completada cada uma das fases de registo, apresen-

tadas anteriormente, o exame é automaticamente incluído na lista de trabalho

do pro�ssional responsável pela fase seguinte. A fase do processo em que cada

exame se encontra é identi�cada, recorrendo à simbologia (lado esquerdo da

Figura 3.3), de forma a permitir uma fácil identi�cação pelos pro�ssionais de

saúde do seu nível de estado.

Na fase de receção é possível realizar uma pesquisa de exames por dife-

rentes campos (tipo de tarefa, numero de processo, número de episódio, nível

de estado de exame, etc), resultando numa lista de exames de acordo com os

parâmetros selecionados. Os campos de pesquisa encontram-se apresentados

do lado esquerdo da Figura 3.2. Posteriormente, é selecionado o pedido de

exame que se pretende rececionar, lado direito da Figura 3.2. Realizada a

fase de receção, o exame é direcionado para a lista de tarefas do pro�ssional

de saúde que o realiza. O pro�ssional de saúde pode então iniciar o registo

em causa. Se em nenhuma das fases anteriores se proceder ao cancelamento

do registo, este �ca registado como terminado, podendo ser posteriormente

consultado. Findada a fase de registo, o exame é incorporado na lista de

trabalho do médico para a realização do relatório. Tal como na primeira

Page 44: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

3.2. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 25

fase do processo, o médico pode aqui fazer uma pesquisa do relatório que

pretende, lado esquerdo da Figura 3.4, restringindo assim a lista de trabalho

apresentada consoante a mesma. Para além dos campos de pesquisa exis-

tentes na fase de Receção, o médico pode também nesta fase pesquisar os

relatórios de exame que aguardam publicação ("Aguarda Publicação") ou os

que já foram iniciados ("Iniciados"). Para além disto, de forma a facilitar

a execução de relatórios com mais urgência, é possível restringir a lista de

tarefas do médico com base na data da próxima consulta do utente ("Dta.

Próx. Consulta anterior a").

Figura 3.2: Interface disponibilizada pela AIDA na etapa de receção de exames.

Page 45: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

26 CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO

Figura 3.3: Interface disponibilizada pela AIDA para o registo de exames.

Figura 3.4: Interface disponibilizada pela AIDA para a execução de relatórios deexames.

Page 46: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

3.3. CONCLUSÃO 27

3.3 Conclusão

A heterogeneidade dos diversos sistemas informáticos que integram as

unidades hospitalares, impulsionou ao desenvolvimento de uma plataforma,

denominada AIDA, que garante a interoperabilidade entre eles. Esta plata-

forma tem um papel fundamental no CHAA, uma vez que permite a inte-

gração, difusão e arquivo de toda a informação, possibilitando a partilha da

mesma com todos os sistemas de informação que integram o hospital.

Os pro�ssionais de saúde do CHAA utilizam a plataforma AIDA para

executar o registo de exames dos seus utentes. Para o seu registo e�ciente,

devem ser executadas três tarefas distintas denominadas na interface do sis-

tema por receção, registo e relatório.

Page 47: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

28 CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO

Page 48: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 4

Usabilidade

4.1 Introdução

Nos dias de hoje, com a evolução tecnológica, os indivíduos vem-se cada

vez mais estimulados a utilizar sistemas computacionais para a realização

de tarefas no seu dia a dia. A inevitável omnipresença dos sistemas de in-

formação no quotidiano dos indivíduos e a procura pelo sucesso e aceitação

das aplicações informáticas, levou a que o utilizador passa-se a ser um dos

principais focos no desenvolvimento de software. Assim, a usabilidade do

software do produto tem-se tornado uma fator chave no desenvolvimento dos

mesmos, de forma a garantir que a sua conceção vá de encontro às expecta-

tivas dos seus utilizadores �nais, permitindo a realização das suas tarefas de

uma forma simples, natural e e�ciente [10].

Apesar de todos os benefícios associados ao Processo Clínico Eletrónico

(PCE), a taxa de adoção e aceitação deste tipo de sistemas na área da saúde

é bastante reduzida. Várias causas tem vindo a ser sugeridas para o fracasso

da adoção destes sistemas, como por exemplo os custos, a resistência à mu-

dança e o medo ou a tentativa de evitar a tecnologia. No entanto, cada vez

mais, o seu baixo nível de usabilidade tem sido reconhecido como o elemento

fundamental para a sua adoção [9�11].

O presente capítulo aborda a temática da usabilidade na área da saúde,

mais especi�camente na avaliação de sistemas que garantem o PCE. Ao longo

29

Page 49: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

30 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

do capítulo são apresentados e discutidos os principais métodos de avaliação

de usabilidade e no �nal é apresentada a avaliação realizada ao sistema Agen-

cia para a Integração, Difusão e Arquivo de Informação Médica e Clínica

(AIDA), bem como sugestões de melhoria para o aprimoramento do mesmo.

4.2 De�nição de Usabilidade

A crescente evolução das tecnologias de informação e a sua incorporação

nas atividades diárias da sociedade impulsionou a expansão do mercado apli-

cacional da informática. Ao contrário do que acontecia até à década de 70,

onde a ciência da computação era uma área exclusiva de especialistas da área

da tecnologia, esta abrange agora um maior número de indivíduos que nem

são especialistas da área nem se encontram pro�ssionalmente ligados a ela.

Com o aumento do público alvo para o qual são projetadas as tecnologias de

informação, a satisfação dos utilizadores e o design das interfaces passaram

a ocupar um lugar importante no desenvolvimento de software. Desta forma,

o termo Interação Humano Computador (IHC) foi adotado para designar a

área de estudo da compreensão dos processos que determinam a interação

física e cognitiva dos humanos com os sistemas de informação. A IHC é

uma área interdisciplinar com raízes nas ciências da computação, ergonomia

e psicologia, na qual o termo usabilidade é o elemento central [35,36].

O termo usabilidade foi desde então alvo de muitos estudos, na tenta-

tiva de o de�nir e determinar os atributos que permitem a sua avaliação.

Várias foram as de�nições apresentadas ao longo dos tempos, no entanto as

de�nições que reúnem maior consenso na área IHC são as Shackel, Nielsen

e da International Organization for Standardization (ISO), apresentadas de

seguida.

Em 1990, Shackel concebeu um modelo da aceitabilidade de produtos,

apresentado na Figura 4.1. Segundo o autor, a aceitabilidade de um pro-

duto, depende não só da sua utilidade e usabilidade, mas também da sua

capacidade de agradar o utilizador e dos encargos económicos, sociais e or-

ganizacionais decorrentes da sua aceitação. No modelo apresentado, Shackel

de�ne a usabilidade da seguinte forma [37]:

Page 50: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.2. DEFINIÇÃO DE USABILIDADE 31

�. . . capability (in human functional terms) to be used easily and

e�ectively by the speci�ed range of users, given speci�ed training

and user support, to ful�ll the speci�ed range of tasks, within the

speci�ed range of environmental scenarios.�

Na perspetiva do autor a usabilidade de um produto ou sistema deve ser

avaliada segundo quatro dimensões distintas [37,38]:

1. Aprendizagem: após um período de familiarização do utilizador com

o sistema, este deve ser capaz de operar com o mesmo, com um certo

nível de competência;

2. Atitude: a utilização do sistema deve correr dentro de níveis aceitáveis

de esforços humanos em termos de fadiga, desconforto, frustração e

empenho pessoal;

3. E�cácia: os utilizadores do sistema devem conseguir executar as suas

tarefas com facilidade (erros cometidos) e a performance do sistema

deve corresponder ao esperado pelos seus utilizadores (rapidez);

4. Flexibilidade: os sistemas devem-se adaptar a diferentes tarefas e

ambientes;

Page 51: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

32 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Figura 4.1: Modelo de atributos de aceitabilidade de um produto de�nida porShackel (Adaptado de [37]).

Mais tarde, em 1993, Nielsen apresenta também o seu modelo de atribu-

tos de aceitabilidade de um produto ou sistema (Figura 4.2). Neste modelo, o

autor descreve a dependência da aceitabilidade em relação a diversos fatores,

tais como: compatibilidade do produto com outros sistemas, con�abilidade,

qualidade de uso e custos de implementação e de utilização. A qualidade de

utilização de um sistema, depende por sua vez, segundo o autor, da utilidade

e usabilidade do mesmo, sendo a usabilidade de�nida no modelo da seguinte

forma [39]:

�Usability is a quality attribute that assesses how easy user inter-

faces are to use. The word "usability"also refers to methods for

improving ease-of-use during the design process �

Nielsen, no modelo apresentado, considera que para que um produto ou

sistema seja considerado usável deve cumprir um conjunto de cinco atributos

chave, sendo eles [38,39]

Page 52: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.2. DEFINIÇÃO DE USABILIDADE 33

1. Aprendizagem: capacidade dos utilizadores inexperientes atingirem

um nível de desempenho razoável num curto espaço de tempo.

2. E�ciência: rapidez com que as tarefas do utilizador podem ser exe-

cutadas após este ter aprendido a manipular o sistema. Estreitamente

relacionada com o desempenho dos utilizadores experientes num con-

texto interpretativo subjetivo e complexo, uma vez que a utilização de

alguns sistemas complexos exigem aos seus utilizadores longos períodos

de tempo de familiarização, para atingir o desempenho e a habilidade

de um utilizador experiente.

3. Erros: associada aos erros cometidos pelos utilizadores de um sistema,

assim como aos mecanismos de prevenção da ocorrência dos mesmos.

Para além disto, este atributo chave refere-se também à facilidade de

correção dos erros ocorridos no sistema pelo utilizador, sem que seja

perdido o trabalho por ele já realizado.

4. Memorização: facilidade de memorização dos procedimentos de acesso

às facilidades do sistema, de forma a evitar todo o processo de rea-

prendizagem, mesmo em situações de uso esporádico do mesmo. Este

atributo valoriza não só a experiência do utilizador com o sistema mas

também a experiência dos utilizadores que voltam a utiliza-lo após te-

rem interrompido o seu contacto quotidiano com o mesmo.

5. Satisfação: avaliação da perceção subjetiva dos utilizadores, isto é,

os sentimentos e as opiniões destes relativamente ao sistema. Esta

perceção torna-se mais positiva pela minimização dos erros ocorridos.

Page 53: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

34 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Figura 4.2: Modelo de atributos de aceitabilidade de um produto de�nida porNielsen (Adaptado de [39]).

Contudo, a melhor de�nição de usabilidade é, provavelmente, a descrita

pela norma ISO9241-11, que de�ne a usabilidade como sendo [40]:

�the extent to which a product can be used by speci�ed user to

achieve a speci�ed goals with e�ectiveness, e�ciency and satis-

faction in a speci�ed context of use�

Esta de�nição enfatiza a relação existente entre a usabilidade e o con-

texto de utilização. Tal como é apresentado por Nielsen, segundo a norma

ISO9241-11 a usabilidade só pode ser de�nida em relação ao contexto em que

o produto é utilizado, não sendo esta uma propriedade isolada do mesmo.

A usabilidade depende também dos utilizadores, das tarefas a executar, dos

Page 54: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.2. DEFINIÇÃO DE USABILIDADE 35

equipamentos (hardware, software e materiais adicionais) e ainda do ambi-

ente físico/social no qual um determinado sistema é utilizado [36, 40, 41]. A

Figura 4.3 apresenta uma síntese grá�ca da conceção de usabilidade segundo

a norma ISO9241-11.

As três dimensões de usabilidada são de�nidas pela norma ISO9241-11

da seguinte forma [40,41]:

1. E�ciência: quantidade de recursos necessários em relação à precisão,

completude e integridade dos objetivos alcançados.

2. E�cácia: precisão e completude com que os os objetivos do utilizador

podem ser alcançados em determinados ambientes.

3. Satisfação: refere-se ao nível de conforto do utilizador em relação à

utilização do sistema, bem como ao seu grau de aceitação do mesmo

para alcançar os objetivos pretendidos.

Figura 4.3: Atributos da usabilidade de�nida pela norma ISO (Adaptado de [40]).

Page 55: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

36 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

4.2.1 Usabilidade no PCE

Não existe qualquer dúvida de que a introdução do PCE na área da saúde

é uma mais valia para a qualidade dos cuidados prestados aos utentes. Para

além de promover uma maior qualidade dos serviços prestados, a implemen-

tação e integração deste tipo de sistemas aumenta a segurança dos utentes e

reduz os custos. O e�ciente registo e o armazenamento da informação rele-

vante relativa aos utentes, conseguido através destes sistemas, torna-os uma

excelente ferramenta no auxílio das tomadas de decisão, na redução de erros

de registo e na realização de estudos epidemiológicos e investigações clíni-

cas [11,13]. No entanto, a adoção de sistemas de PCE na área médica não se

tem revelado uma tarefa fácil, apesar de todos os benefícios a ele associados.

Uma dos principais fatores, talvez o mais importante, do fracasso da adoção

deste tipo de sistemas está associado ao seu baixo nível de usabilidade [14,42].

Uma má usabilidade dos sistemas de informação impulsiona a ocorrência

de erros causados pela utilização incorreta dos mesmos, que poderão culminar

em resultados adversos e consequências negativas não intencionais. Mesmo

não causando danos indevidos e até mesmo não sendo estes aparentes para o

utilizador, a ocorrência deste tipo de erros continua a ser problemática, por

representar uma incompatibilidade entre a perceção do utilizador das ações a

realizar para concluir uma determinada tarefa e os resultados dai esperados,

e a funcionalidade efetiva do sistema [42].

Garantir a usabilidade em sistemas de PCE é uma necessidade apontada

por muitos investigadores, para aumentar a segurança dos utentes e a qua-

lidade do atendimento. No entanto tal tarefa é desa�ante, uma vez que é

preciso conjugar a sua conceção com questões legais associadas ao contexto

médico, que visam a segurança e a privacidade dos utentes. Apesar disto,

a baixa usabilidade associada aos sistemas de PCE tem impulsionado vários

especialistas em usabilidade e com conhecimentos na área da saúde, a re-

alizarem estudos e a publicarem compilações de diretrizes que auxiliam na

projeção e a avaliação de interfaces de sistemas de PCE. No contexto médico

as diretrizes mais utilizadas tem por base os cinco princípios apresentados por

Nielsen, que segundo o seu modelo garantem a usabilidade dos sistema. Estas

Page 56: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 37

diretrizes são posteriormente utilizados como base para aplicação apropriada

dos vários métodos de avaliação de usabilidade existentes [14,42�44].

4.3 Métodos de Avaliação de Usabilidade

Um dos principais desa�os para a avaliação da usabilidade é a seleção do

método apropriado, ou a combinação de métodos. Os diferentes métodos de

usabilidade existentes podem ser classi�cados segundo três classes técnicas

distintas: métodos de inquérito, métodos de inspeção e métodos de teste

[45,46].

4.3.1 Métodos de Inquérito

Os métodos de inquérito são baseados no feedback dos utilizadores sobre

o sistema. Estes reúnem informações sobre o sistema baseadas nas preferên-

cias dos utilizadores, nas suas necessidades e no seu entendimento sobre o

mesmo, denotando os seus aspetos positivos e negativos. O foco não é avaliar

tarefas especi�cas do sistema, nem medir o seu desempenho, mas sim reunir

impressões subjetivas sobre os diversos aspetos da interface do utilizador.

De entre os vários métodos de usabilidade do tipo inquérito, destacam-se

os questionários, as entrevistas e discussões em grupo (focus group) [46, 47].

Na Tabela 4.1 apresenta um resumo das características gerais dos principais

métodos de inquérito.

Page 57: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

38 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Tabela 4.1: Principais métodos de Inquérito [48].

Métodos de

InspeçãoFocus Group Questionário Entrevista

Etapa de

aplicaçãoTeste e Implementação.

Design, Programação,

Teste e Implementação.

Design, Programação,

Teste e Implementação.

Descrição

Discussão das

características mais

relevantes do sistema,

entre utilizadores �nais,

conduzida por um

avaliador.

Utilizadores respondem a

um conjunto de perguntas,

sobre um determinado

produto, de forma crítica.

Conversa entre

utilizadores e avaliador,

dirigida por este último

com o objetivo de avaliar

as características mais

relevantes de um

determinado produto.

Input

- 1 Avaliador;

- 6 Utilizadores;

- Áudio/Vídeo;

- Guião do avaliador com

os pontos chaves a

discutir;

- Vários utilizadores;

- Lista de perguntas a

responder pelos

utilizadores do sistema.

- Vários utilizadores;

- Lista de perguntas ou de

pontos chaves a

realizar/discutir com o

entrevistado.

Output

- Protocolos verbais;

- Relatório com problemas

de usabilidade detetados

durante as sessões de

grupo.

- Relatório de usabilidade

onde são de�nidos os

principais problemas de

usabilidade baseados na

satisfação/insatisfação dos

utilizadores.

- Protocolos verbais;

- Relatório de usabilidade

onde deve estar

incorporado os problemas

de usabilidade detetados.

Vantagens

- Rica fonte de dados;

- Custo relativamente

reduzido;

- Dinâmica de grupo.

- Facilidade de análise dos

resultados;

- Podem ser ministrados

em grande número num

curto espaço de tempo.

- Esclarecimento de

perguntas realizadas e

terminologia não

compreendida;

- Captação de reações do

entrevistado;

- Riqueza de detalhes na

informação obtida.

Desvantagens

Avaliação afetada por:

- Habilidade e

independência do

avaliador;

- In�uência e

constrangimento causados

pela opinião e presença de

outros utilizadores;

- Grupo de utilizadores

�nais selecionados.

- Taxas de respostas baixa;

- Difícil de aferir a

con�abilidade e validade

dos resultados;

- Pouco �exível;

- Resultados in�uenciados

pela motivação dos

inquiridos.

- Dupla distorção;

- Avaliador pode afetar as

respostas obtidas pelo

entrevistado.

Page 58: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 39

4.3.2 Métodos de Inspeção

A inspeção de usabilidade é uma metodologia de avaliação informal se-

gundo a qual, técnicos especializados realizam uma análise cuidada da inter-

face dos utilizadores, avaliando o seu grau de conformidade em relação a um

conjunto de diretrizes selecionadas. Ao contrário de muitos outros métodos

de usabilidade existentes, os métodos que utilizam este tipo de metodologia

dependem exclusivamente do avaliador, como fonte de feedback da avaliação.

Os métodos mais utilizados neste tipo de avaliações são a avaliação heurística

(heuristic evaluation) e o passo a passo cognitivo (cognitive walkthrought).

Uma das grandes desvantagem associada a isto tipo de métodos, é o facto

de os especialistas nem sempre representarem o comportamento dos utiliza-

dores �nais do produto. A Tabela 4.2 apresenta um resumo das principais

características dos dois métodos de inspeção [46,49].

Page 59: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

40 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Tabela 4.2: Principais métodos de Inspeção [47�49].

Métodos de

InspeçãoHeuristic Evaluation Cognitive Walkthrough

Etapa de

aplicação

Design, Programção, Teste e

Implementação.

Design, Programção, Teste e

Implementação.

Descrição

Especialistas avaliam a interface do

sistema de modo a determinar a sua

conformidade com uma lista de

heurísticas.

Especialistas avaliam a interface do

sistema como utilizadores, através da

realização de um conjunto de tarefas

típicas.

Input

- 4 Avaliadores;

- Lista de�nida de heurísticas.

- 2 Avaliadores;

- Lista de tarefas;

- Lista de ações sequências a realizar

para a execução de determinada tarefa.

Output

- Lista de heurísticas violadas;

- Classi�cação da gravidade da falha

identi�cada;

- Lista de�nida de heurísticas.

- Lista de potenciais problemas de

usabilidade em determinado estágio do

ciclo de interação do utilizador com o

sistema.

Vantagens

- Rápido e barato;

- E�ciente;

- Promove a comparação entre projetos

alternativos do sistema.

- Abordagem estruturada;

- Análise detalhada de possíveis

problema.

Desvantagens

- Abordagem não estruturada;

- Diversidade de heurísticas;

- Heurísticas são de�nidas de forma

muito geral;

- Resultados afetados pelo número e

habilidades dos avaliadores.

- Desencoraja a exploração;

- Tedioso;

- Resultados afetados pelos detalhes na

descrição de tarefas.

Page 60: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 41

4.3.3 Métodos de Teste

Nos métodos de teste, é selecionado um grupo de utilizadores �nais do

sistema, aos quais é apresentada uma lista de tarefas pré-concebidas para

que estes as realizem, utilizando o sistema ou um protótipo. A realização

das diferentes tarefas pelos utilizadores �nais do sistema é observada por

especialistas que recolhem e tratam a informação, de forma a quanti�car

o nível de sucesso com que cada tarefa é realizada. Este tipo de métodos

fornece ainda informação sobre a forma como os indivíduos utilizam o sistema

para atingir determinado objetivo, permitindo identi�car os problemas da

interface que está a ser testada [46].

Muitos dos métodos de teste exigem o registos das ações dos utilizadores

durante a execução de um conjunto de tarefas prede�nidas no sistema. Esta

informação pode ser obtida através de notas retiradas por um avaliador, no

momento da execução das tarefas ou recorrendo a vídeos e gravações áudio

da avaliação. Contudo, esta tarefa é demorada e por isso, cada vez mais, este

tipo de métodos utiliza técnicas de captura e análise automática de dados [49,

50]. Dos vários métodos existentes os que se destacam mais são o protocolo

de pensar alto (Thinking Aloud Protocol), o método de treino (Coaching

Method) e o teste remoto de usabilidade (Remote Usability test). O quadro

resumo das principais características destes três métodos está apresentado

na Tabela 4.3.

Page 61: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

42 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Tabela 4.3: Principais métodos de Teste [47,48,50].

Métodos de Teste Think Aloud Method Coaching Method Remote Usability Test

Etapa de

aplicação

Design, Programção, Teste

e Implementação.

Design, Programção, Teste e

Implementação.

Design, Programção, Teste

e Implementação.

Descrição

Utilizadores executam um

conjunto de tarefas no

sistema e verbalizam os

seus pensamentos.

Utilizadores são encorajados a

realizar perguntas sobre o

sistema enquanto executam um

conjunto de tarefas prede�nidas.

Ao ouvir as perguntas dos

utilizadores os problemas são

identi�cados e a documentação

de ajuda projetada.

Avaliação de usabilidade

de um produto onde os

utilizadores e o avaliador

estão separados no espaço

e/ou tempo.

Input

- 1 Avaliador;

- 4 Utilizadores;

- Áudio/Vídeo;

- Lista de tarefas a

executar;

- Lista de instruções a

seguir.

- 1 Avaliadores;

- 4 Utilizadores;

- Lista de tarefas a executar.

- 1 Avaliadores;

- 5 Utilizadores;

- Ferramentas para captar

a atividade dos

utilizadores.

- Lista de tarefas a

executar.

Output

- Protocolos verbais;

- Relatório com problemas

de usabilidade detetados

durante a interação

utilizador-sistema.

- Relatório de usabilidade onde

deve estar incorporado as

principais tarefas abordadas

pelos utilizadores, bem como as

di�culdades apontadas por

estes.

- Relatório de usabilidade,

com avaliação das

métricas efetividade,

e�ciência e satisfação.

Vantagens

- Rica fonte de dados;

- Visão detalhada do

porquê dos problemas de

usabilidade encontrados;

- Rápido, de alta

qualidade e �exibilidade.

- Promove a aprendizagem dos

utilizadores;

- Rica fonte de dados;

- Realizado no seu

contexto de uso (teste em

campo).

Desvantagens

- Tempo de avaliação;

- Protocolos verbais não

abrangem todo o

pensamento dos

utilizadores;

- Resultados afetados

pelas tarefas e utilizadores

selecionados, bem como

pelas habilidades do

avaliador.

- Avaliador têm de realizar duas

tarefas simultaneamente

(avaliar a usabilidade do

sistema e responder às

perguntas dos utilizadores);

- Limitado feedback visual;

- Problemas de

desempenho das

ferramentas utilizadas

para a avaliação.

Page 62: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.4. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE DO SISTEMA AIDA 43

4.4 Avaliação de Usabilidade do sistema AIDA

Com intuito de fomentar uma melhor utilização do sistema AIDA imple-

mentado no CHAA, para o registo de exames, este sistema foi submetido a

diferentes avaliação de usabilidade.

Uma vez que os métodos de usabilidade se encontram distribuídos por três

grandes grupos, de acordo com a sua natureza, projetou-se a efetivação da

avaliação de três métodos distintos que os abrangessem, de forma a detetar

um maior número de anomalias no sistema e funcionalidades a melhorar e

implementar.

Numa primeira fase, procedeu-se então à seleção dos métodos a utilizar

para a avaliação, de entre a panóplia de métodos apresentados na Secção 4.3.

O sistema AIDA já se encontra em plena utilização no hospital e por

isso os métodos de usabilidade que devem ser aplicados na fase de protótipo

ou implementação, �cam automaticamente excluídos. Para além disto, é

necessário ter em conta que as avaliações de usabilidade realizadas estão

integradas no ambiente hospitalar. Desta forma, a escolha de métodos que

ocupem pouco tempo aos pro�ssionais de saúde e a redução de custos e

recursos associados aos mesmos foram os principais determinantes das opções

tomadas.

Relativamente aos métodos de inquérito, optou-se pela realização de um

questionário direcionado aos utilizadores �nais do sistema AIDA. A abran-

gência de um grande grupo de indivíduos num curto espaço de tempo e a

facilidade de análise dos resultados obtidos, conseguidas através deste mé-

todo de avaliação, foram os principais impulsionadores para a sua escolha.

Elaborou-se assim um questionário direcionado aos utilizadores do sistema,

de forma a obter informações sobre os pontos positivos e negativos do mesmo,

na sua perspetiva. Uma vez que esta avaliação está implícita na avaliação

realizada para determinar o grau de aceitação do sistema AIDA, a análise e

os resultados obtidos estão descritos no Capítulo 5.

Relativamente ao grupo de inspeção, os métodos mais utilizados são o

Heuristic Evaluation e o Cognitive Walkthrought. Tal como apresentado na

secção 4.3.2 cada um dos dois métodos de usabilidade tem utilidade e apre-

Page 63: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

44 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

sentam as suas próprias vantagens e desvantagens. Na presente avaliação,

optou-se pela escolha do método Heuristic Evaluation. Para além dos de-

terminantes supracitados, a simplicidade do método e a sua capacidade de

encontrar rapidamente inúmeros problemas de usabilidade por parte dos ava-

liadores, foram as principais razões que levaram à sua escolha.

Por �m, dentro dos métodos de teste, pretendia-se realizar uma avaliação

segundo o método Think Aloud Protocol, pelo facto de, entre os três métodos

apresentados na Secção 4.3.3, este permitir a deteção dos problemas mais

graves e recorrentes, permitindo ainda perceber-se o porquê da sua ocorrên-

cia. No entanto, a aplicação do método implicaria a organização de sessões

com utilizadores para que estes realizem um conjunto de tarefas prede�nidas,

o que não foi viável pelas mesmas razões apresentadas anteriormente.

4.5 Heuristic Evaluation

Entre os vários métodos de usabilidade, a avaliação heurística é a mais

comum e mais popular. Neste tipo de avaliação, os avaliadores analisam e

avaliam a conceção e execução do sistema em relação a um conjunto de heu-

rísticas de usabilidade. Estas heurísticas são princípios gerais de usabilidade

que se referem a características comuns dos sistemas, para que estes sejam

considerados utilizáveis.

Existe um grande leque de heurísticas que podem ser adotadas para a

realização desta fase do método, no entanto as heurísticas apresentadas por

Jakob Nielsen são as mais conhecidas e mais utilizadas. Estas heurísticas

serviram de base para o desenvolvimento dos princípios fundamentais para

avaliações de usabilidade das interfaces de sistemas de PCE [42, 44, 51]. As

dez heurísticas de Nielsen são:

1. Visibilidade do estado do sistema: o sistema deve dar feedback os utili-

zadores do que está a ser executado, num espaço de tempo adequado.

2. Compatibilidade do sistema com o mundo real: o sistema deve utilizar

uma linguagem comum à dos utilizadores, ao invés de uma linguagem

Page 64: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.5. HEURISTIC EVALUATION 45

orientada ao sistema. As opções de menu devem ainda estar organiza-

das de forma lógica, utilizando icons e cores familiares.

3. Controlo e liberdade do utilizador: o sistema deve permitir a anulação

e reformulação de tarefas executadas pelos utilizadores.

4. Consistência e Normas: o sistema deve apresentar consistência nos ter-

mos utilizados. Os utilizadores não deverão ter dúvidas se determinadas

palavras, situações ou ações signi�cam o mesmo.

5. Prevenção de erros: o sistema deve impedir a ocorrência de erros.

6. Reconhecimento em vez de Memorização: o sistema deve minimizar a

necessidade de utilização da memória por partes dos seus utilizadores

para executar as suas tarefas.

7. Flexibilidade e E�ciência: o sistema deve adequar-se tanto aos utiliza-

dores mais experientes como a iniciantes.

8. Desenho estético e minimalista: o sistema deve apresentar apenas in-

formação relevante para os utilizadores.

9. Ajudar o utilizador a reconhecer, diagnosticar e recuperar erros: as

mensagens de erro devem ser facilmente entendidas pelo utilizador, in-

dicando expressamente o problema ocorrido. Para além disto, o sistema

deve apresentar soluções para os erros detetados.

10. Ajuda e Documentação: o sistema deve apresentar documentação que

auxilie o utilizador na sua utilização.

Na realização de uma avaliação heurística, cada avaliador deve percorrer

a interface do sistema por duas vezes. Na primeira abordagem ao sistema

o avaliador deve �car com uma visão geral do mesmo e da sua estrutura.

No entanto, na segunda abordagem o utilizador deve-se concentrar no layout

e na estrutura de interação com maior detalhe, avaliando a sua conceção e

execução em comparação com as heurísticas prede�nidas. Posteriormente, é

elaborada uma lista de falhas de usabilidade onde é referenciada, em cada

Page 65: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

46 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

uma delas, a heurística violada. As falhas de usabilidade encontradas são

posteriormente classi�cadas, segundo a sua gravidade, e incorporadas no re-

latório de usabilidade [39,47,52].

4.5.1 Aplicação do método Heuristic Evaluation

Na segunda fase de avaliação do sistema, procedeu-se à aplicação do mé-

todo Heuristic Evaluation, de forma a identi�car os problemas de usabilidade

referentes ao sistema, na perspetiva de especialistas.

A primeira fase de aplicação do método selecionado passa pela de�nição

da equipa de avaliadores. O método de�ne que a avaliação deve ser efetuada

por quatro avaliadores distintos, de modo a garantir a deteção e�ciente da

maior parte dos problemas de usabilidade. A presente avaliação foi realizada

por quatro elementos da equipa do GIA, inseridos na UM, com conhecimen-

tos tanto na área médica como em usabilidade.

O sistema foi então avaliado em comparação com as heurísticas de�ni-

das por Nielsen, apresentadas na secção 4.5. Para cada heurística de�nida,

foi atribuída uma determinada classi�cação por cada avaliador, consoante

os problemas de usabilidade encontrados. Para tal, utilizou-se a escala de

"gravidade"apresentada por Nielsen:

Nível 0: Não se considera a existência de um problema de usabilidade;

Nível 1: Problema de usabilidade super�cial;

Nível 2: Pequeno problema de usabilidade;

Nível 3: Grande problema de usabilidade;

Nível 4: Catastró�co problema de usabilidade;

Obtidas as classi�cações às diferentes heurísticas de�nidas, foram então

delineadas possíveis soluções para os problemas encontrados.

Page 66: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.5. HEURISTIC EVALUATION 47

4.5.2 Resultados

1. Visibilidade do estado do sistema

Classi�cação: Nível 1

Relativamente à primeira heurística, visibilidade do estado do sistema,

veri�cou-se que quando o utilizador realiza uma determinada ação, que re-

quer um processamento do sistema, o utilizador não têm uma perceção clara

sobre tal processamento. Apesar de o utilizador ter acesso à informação dis-

ponibilizada pelo browser e ser apresentado pelo sistema um ampulheta que

informa o utilizador do processamento da ação, não é apresentada nenhuma

informação mais precisa de tal processamento. A ausência de informação

detalhada sobre o processamento do sistema, torna-se crítica quando a exe-

cução da ação falha. A solução encontrada para o problema detetado passa

pelo desenvolvimento de uma janela que contenha informação detalhada re-

lativa ao processamento da ação. Nessa janela deverá estar contido um valor

percentual relativo ao progresso da ação, o tempo de espera para �nalizar o

processo e ainda, se possível informação sobre as várias etapas que o sistema

esta a realizar. Desta forma, o utilizador perceberá, em caso de ocorrência,

que o sistema falhou na execução determinada ação. Adicionalmente a isto,

o ideal seria que o sistema apresentasse soluções aquando a ocorrência de

alguma falha que impeça a execução de uma ação, para que o utilizador a

tente solucionar sem ter de recorrer a apoio técnico.

2. Compatibilidade do sistema com o mundo real

Classi�cação: Nível 2

Com a análise do sistema segundo a segunda heurística, veri�cou-se que o

vocabulário utilizado pelo sistema é simples e adequado ao público-alvo. É de

notar que a terminologia utilizada no sistema foi previamente de�nido pelos

seus utilizadores na fase de conceção do mesmo. Para além disto, sempre

Page 67: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

48 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

que algum dos utilizadores discorda com alguma da terminologia utilizada,

este informa os responsáveis pela conceção do mesmo para que se façam as

devidas alterações.

O sistema possui dois menus distintos, um direcionado para a pesquisa de

informação (menu vertical) e outro para a realização de tarefas como receção,

registo e execução de relatórios de exame (menu horizontal). Veri�cou-se que

as opções do menu horizontal, estão ordenadas de forma lógica e sequencial

segundo o �uxo de tarefas de trabalho dos seus utilizadores. No entanto,

detetou-se um problema de usabilidade relativamente ao menu de pesquisa.

Quando um utilizador realiza uma pesquisa por tipo de exame laboratorial,

a interface do sistema devolve uma lista com todos os exames existentes de

forma individualizada e aleatória, o que di�culta a identi�cação do exame

pretendido. No entanto, veri�cou-se que muitos dos exames laboratoriais

existentes na lista devolvida, são derivações de outros mais gerais, ou versões

desatualizadas dos mesmos. Desta forma, uma possível melhoria no sistema

passa por agrupar todas as derivações de um tipo de exame numa única

opção de menu, relativa ao exame geral, que depois de selecionada apresenta

as suas derivações ou versões desatualizadas.

Na análise segundo esta heurística, veri�cou-se também que as diferentes

cores utilizadas no sistema (por exemplo, cores utilizadas na identi�cação

dos níveis de prioridade dos exames a realizar), correspondem às expectati-

vas comuns sobre as cores.

3. Controlo e liberdade do utilizador

Classi�cação: Nível 0

A análise do sistema segundo a terceira heurística de�nida por Nielsen

permitiu veri�car que, de uma forma geral, o sistema permite a reformula-

ção e anulação das principais tarefas executadas pelos seus utilizadores. No

contexto da saúde, a segurança dos utentes �ca comprometida com a refor-

mulação de algumas tarefas e, por isso, existem algumas questões legais que

impedem tal reformulação, como por exemplo a alteração de relatórios de

Page 68: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.5. HEURISTIC EVALUATION 49

exames efetuados após o dia da sua emissão. Se existir alguma negligência

no processo de avaliação de um utente, é necessário obter informações sobre

os relatórios emitidos e a equipa de trabalho a eles associados, e por isso estas

alterações são negadas pelo sistema.

No contexto do registo de exames, a reformulação de tarefas centra-se

essencialmente na alteração de parâmetros nos formulários preenchidos pelos

pro�ssionais de saúde nas várias etapas do registo. Pela análise do sistema,

veri�cou-se que a alteração de tarefas é possível mesmo após a utilização dos

seguintes botões:

• Botão guardar: permite que as ações realizadas pelo utilizador sejam

guardadas no sistema, permitindo que a qualquer momento possam ser

revistas e alteradas.

• Botão encerrar: guarda todas as ações realizadas no processo do utente

de uma forma permanente. No entanto, é de notar que mesmo depois

de emitido um relatório de exame o sistema permite, através da op-

ção reabrir, que sejam efetuadas alterações no mesmo, desde que estas

sejam realizadas no mesmo dia da sua emissão e pelo pro�ssional de

saúde que o executou numa primeira fase.

Para além disto, o sistema disponibiliza também o botão "anular/can-

celar"que permite a anulação da execução das várias tarefas relativas a um

registo de exame.

4. Consistência e Normas

Classi�cação: Nível 0

O sistema AIDA apresenta grande consistência de termos e de padrões

em todos os ecrãs. Veri�cou-se que os comandos existentes utilizam-se da

mesma forma e tem o mesmo signi�cado em todas as partes do sistema. É

ainda de realçar que o sistema disponibiliza uma legenda sempre que são

Page 69: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

50 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

utilizadas imagens alusivas a uma determinada tarefa, como por exemplo na

de�nição do nível de estado de um exame (marcado, receção efetuada, em

atendimento e registo terminado) e que estas são utilizadas de igual forma

nas diferentes janelas.

5. Prevenção de erros

Classi�cação: Nível 2

Relativamente à prevenção de erros, veri�cou-se que o sistema deteta al-

guns erros antes que a execução �nal da tarefa possa vir a causar problemas,

prevenindo a sua ocorrência. Sempre que no preenchimento de um formu-

lário algum parâmetro nele de�nido como obrigatório não é preenchido pelo

utilizador, o sistema avisa-o dessa falha, impedindo a sua submissão.

Apesar disto, na avaliação do sistema segundo esta heurística detetou-

se um pequeno problema de usabilidade. Á medida que os utilizadores vão

realizando um relatório de exame, estes normalmente vão guardando-o no

sistema. No entanto, se não o �zerem durante longos períodos de tempo e se

ocorrer algum problema com o sistema, a informação registada pode acabar

por se perder, provocando possíveis erros. De forma a evitar este tipo de

situações de perda de informação, seria vantajoso que o sistema emitisse um

alerta que lembrasse o utilizar para efetuar a gravação do relatório, sempre

que essa ação não seja realizada num período de tempo prede�nido.

6. Reconhecimento em vez de Memorização

Classi�cação: Nível 0

Com a análise do sistema, veri�cou-se que não existe nenhum problema

relevante de usabilidade relativamente à sexta heurística. Foi possível veri-

�car que o uso de cor é consistente ao longo de toda a interface e que são

utilizados espaços em branco de forma a criar simetrias e dirigir a atenção do

utilizador para a direção correta, aquando a execução de uma determinada

Page 70: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.5. HEURISTIC EVALUATION 51

tarefa.

Veri�cou-se também que sempre que é selecionada uma opção do menu

que reencaminha o utilizador para uma nova janela, a tarefa associada �ca

visivelmente identi�cada no cabeçalho da mesma. Para além disto, as opções

de menu inativas são omitidas.

7. Flexibilidade e E�ciência

Classi�cação: Nível 0

Segundo esta heurística, os sistemas informáticos devem permitir que

utilizadores mais experientes utilizem atalhos do teclado para realizar as

suas tarefas mais rapidamente, como é o caso por exemplo do acesso a uma

determinada funcionalidade do sistema sem ter de acede-la através do menu.

Na análise da presente heurística, veri�cou-se que no sistema não subsistem

qualquer tipo de ferramentas que permita a execução de tarefas de forma

mais rápida, quando executadas por utilizadores experientes. No entanto,

na análise realizada não foi detetada nenhuma circunstância em que estas se

aplicariam e pudessem ser úteis.

Apesar disto, é importante salientar que o sistema permite a utilização

de atalhos normais do sistema operativo e do browser. Fechar janelas de

erros emitidos pelo sistema, copiar, colar por a negrito ou a itálico texto ao

escrever os relatórios de exame, é possível recorrendo a atalhos do teclado

(ALT+F4, CTRL+C, CTRL+V,CTRL+B e CTRL+I). Para além destes, a

tecla ENTER vai assumindo sempre o botão principal em cada janela, per-

mitindo a sua utilização por exemplo para gravar os dados de um formulário

até àquele momento.

8. Desenho estético e minimalista

Classi�cação: Nível 0

A interface do sistema AIDA apresenta uma estrutura simples e clara

Page 71: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

52 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

e o seu design é agradável. Para além disto, as cores utilizadas permitem

fácil leitura da informação e dão destaque aos botões disponibilizados. Ape-

sar de todos estes pontos a favor, foi possível veri�car que sempre que se

pretende consultar uma informação especi�ca sobre um determinado utente,

são apresentadas outras informações relativamente ao mesmo, o que pode

criar problemas na visualização da informação pretendida. No entanto, tal

informação não pode ser omitida, uma vez que a legislação obriga a que seja

documentada toda a informação relativa a toda a atividade do utente, e por

isso toda a informação tem de ser disponibilizada no ecrã.

9. Ajudar o utilizador a reconhecer, diagnosticar e recuperar

erros

Classi�cação: Nível 1

O sistema emite mensagens de erro que podem derivar de duas situações

distintas. A primeira situação, diz respeito à falta de preenchimento de

parâmetros obrigatórios nos formulários médicos. Nestes casos, o sistema

de�ne a causa do erro, informando o utilizador do parâmetro em falha. O

utilizador pode assim, fechar a mensagem e proceder ao preenchimento do

parâmetro. No entanto, em alguns formulário existe um grande número de

parâmetros a preencher o que di�culta a visualização do parâmetro em falha.

Com o intuído de reduzir o tempo de procura e prestar auxílio aos utilizadores

menos experientes, propõe-se que o sistema selecione automaticamente na

sua interface o parâmetro em falha, através da mudança de cor do nome do

parâmetro ou da caixa de texto correspondente.

O segundo tipo de erros ocorridos no sistema são independentes da utiliza-

ção do mesmo, e resultam de erros ocorridos em outros sistemas interligados

a este. Por exemplo, sempre que são prestados, pela primeira vez, cuidados

de saúde a um utente, é realizado um registo dos seus dados no SONHO.

Se por ventura o registo dos dados não for efetuado de forma correta, essa

informação ao passar para o sistema AIDA pode não ter feedback. Para além

disto, os agentes responsáveis pelo envio da informação de um sistema para o

Page 72: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.6. CONCLUSÃO 53

outro, podem bloquear causando erros no sistema avaliado. Sempre que ocor-

rem este tipo de situações, o sistema emite um erro e aconselha o utilizador

a pedir auxílio técnico.

É de notar que, segundo esta heurística, este tipo de erros deveriam su-

gerir uma possível solução que permitisse a resolução do problema pelos

utilizadores mais experientes. No entanto, tal não se aplica a este tipo de

situações, uma vez que os utilizadores não tem os recursos necessários para

resolver este tipo de problemas.

10. Ajuda e Documentação

Classi�cação: Nível 0

Na análise realizada segundo esta última heurística, veri�cou-se que o sis-

tema AIDA não possui qualquer tipo de documentação de ajuda online. No

entanto, o hospital possui um departamento de informática onde se encon-

tram técnicos disponíveis a atender qualquer contrariedade identi�cada pelo

utilizador. Desta forma, sempre que os utilizadores se depararem com erros

no sistema que não conseguem resolver, podem contactar um dos técnicos do

departamento que os auxilia a ultrapassar o problema encontrado. Apesar

de estes técnicos não se encontrarem 24 horas por dia no departamento, um

deles encontra-se sempre contactável e com disponibilidade para se deslocar

ao hospital e resolver eventuais problemas.

4.6 Conclusão

As avaliações de usabilidade dos sistemas hospitalares são essências, uma

vez que aumentam a adoção e aceitação generalizada dos mesmos por parte

dos seus utilizadores. Uma boa usabilidade, associada a um bom design,

assegura a realização e�caz e e�ciente das tarefas de trabalho dos pro�ssi-

onais de saúde, aumentando, consequentemente, a qualidade dos cuidados

prestados.

Page 73: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

54 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

O estudo de usabilidade realizado segundo o método de avaliação Heuris-

tic Evaluation, permitiu concluir que usabilidade do sistema AIDA encontra-

se num patamar bastante elevado. O sistema foi desenvolvido, não só com

as atenções voltadas para informatização do PC, mas também para o uso

estratégico e adequado pelos seus utilizadores �nais.

Na avaliação realizada, �cou evidenciado o facto de o sistema ser bas-

tante intuitivo, possuir uma estrutura organizada e um design agradável,

promovendo o reconhecimento das ações necessárias para a execução das di-

ferentes tarefas. Para além disto, o sistema utiliza uma linguagem simples,

direta e natural, fazendo uso de uma terminologia adequada ao contexto do

utilizador.

Apesar do bom nível de usabilidade patenteado no sistema, este viola

algumas das heurísticas de�nidas por Nielsen. No entanto, no contexto da

saúde existe um conjunto de condicionantes que impedem que o sistema cum-

pra alguns dos princípios gerais de usabilidade (por exemplo, reformulação de

tarefas). Por outro lado, algumas das características de�nidas como essências

para uma boa utilização do sistema, mostraram-se irrelevantes na execução

das tarefas recorrentemente realizadas pelos seus utilizadores �nais.

A avaliação executada permitiu detetar quatro problemas de usabilidade

no sistema: dois classi�cados como problemas super�ciais (Nível 1) e outros

dois como pequenos problemas (Nível 2). Os problemas detetados violam as

heurísticas de Nielsen que dizem respeito ao feedback do sistema aquando o

processamento de determinada ação, à prevenção de erros e auxílio prestado

pelo sistema para identi�cá-los e solucioná-los aquando a sua ocorrência, e

ainda à hierarquização das opções de menu apresentadas. Para cada um

dos problemas detetados foram sugeridas possíveis soluções, contribuindo-se

assim para o aprimoramento do sistema.

4.7 Trabalho futuro

Ao longo da avaliação realizada, foram de�nidos os problemas de usabili-

dade associados à interface do sistema AIDA, no que diz respeito ao registo

de exames. Para cada um dos problemas identi�cados foram apresentadas su-

Page 74: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

4.7. TRABALHO FUTURO 55

gestões para os solucionar. Desta forma, o próximo passo a realizar incide na

implementação de tais sugestões, seja no que já subsiste no sistema, de modo

a melhorar a sua utilização, seja na implementação de novas funcionalidades

com o intuito de o complementar.

Posteriormente à alteração do sistema, novas avaliações de usabilidade

deverão ser realizadas, com intuito de avaliar se as alterações efetuadas so-

lucionam os problemas encontrados na primeira fase do processo e se estas

não têm outras implicações desconhecidas à partida. Assim, a realização de

uma nova avaliação segundo o método Heuristic Evaluation é fundamental.

A avaliação realizada pelo método Heuristic Evaluation depende não só

do conhecimento e experiência dos especialistas em usabilidade, mas também

do seu conhecimento sobre o domínio de trabalho do sistema implementado.

A realização de avaliações de usabilidade centradas nos utilizadores �nais do

sistema é fundamental, de forma a avaliar o seu comportamento e estratégias

adotadas para a realização das suas tarefas. Devem assim reunir-se as condi-

ções necessárias para que possa ser realizada a avaliação do sistema segundo

o método Think Aloud Protocol, tal como era pretendido realizar no presente

estudo.

Page 75: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

56 CAPÍTULO 4. USABILIDADE

Page 76: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 5

Aceitação de tecnologia

5.1 Introdução

A presença de computadores e sistemas de informação nas organizações

dos dias de hoje tem aumentado drasticamente, sujeitando os seus trabalha-

dores a um convívio obrigatório com a dinâmica tecnológica. Estima-se que

desde 1980, cerca de 50% do capital investido nas organizações tenha como

destino �nal as tecnologias de informação. Deste modo, os utilizadores não

tem grande alternativa se não enfrentar o avanço tecnológico [53].

Os sistemas de informação, na sua maioria, foram criados sempre com

as atenções voltadas para as tecnologias e não para o uso estratégico ou

da sua adequação aos seus utilizadores. Ao contrário daquilo que se possa

pensar, para que as tecnologias possam melhorar a produtividade de uma

organização, é fundamental que estas sejam aceites e facilmente utilizáveis.

Os sistemas que de alguma forma provocam a frustração ou incomodam os

seus utilizadores não podem ser sistemas e�cazes, independentemente da sua

elegância técnica ou da sua e�cácia no processamento de dados.

Neste sentido, tem vindo a observar-se um elevado interesse por parte de

investigadores e pro�ssionais da área das Ciências da Comunicação no estudo

da aceitabilidade das tecnologias de informação, uma vez que a reduzida

utilização destes sistemas é um fator importante subjacente ao "paradoxo da

produtividade". Com o intuito de compreender e criar condições para que

57

Page 77: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

58 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

os sistemas de informação sejam abraçados pela organização humana, tem

vindo a desenvolverem-se diversos modelos teóricos que se propõem a avaliar

a predisposição, uso e aceitação de tecnologia [54�56].

Muitos foram os modelos desenvolvidos e testados com este objetivo em

comum. No entanto, um desses modelos, o Modelo de Aceitação da Tec-

nologia (TAM) proposto por Davis em 1985, destacou-se pela sua elevada

utilização após a sua divulgação, tendo vindo a mostrar resultados coerentes

e e�cazes na previsão da utilização de um sistema. Para além disto, o facto

de o modelo TAM ser especí�co para a avaliação das Tecnologias de Infor-

mação (TI) e permitir não só avaliação da in�uência dos fatores internos ao

indivíduo, que os levam a aceitá-lo ou a rejeitá-lo, mas também a avaliação

das características e funcionalidades destes sistemas, torna-o uma mais va-

lia. Na área médica, o modelo já foi utilizado em inúmeras situações para a

avaliação de sistemas clínicos de informação e em Portugal este foi aplicado

na avaliação do sistema INTCare, implementado no Centro Hospitalar do

Porto, contribuindo para o seu aprimoramento [57�60].

Neste capítulo, é apresentado o TAM e as suas derivações, bem como

a avaliação realizada ao sistema AIDA relativamente ao registo de exames.

No �nal do capítulo, são apontados os pontos fortes e fracos do sistema, na

perspetiva dos seus utilizadores, bem como seu grau de aceitação e satisfação.

5.2 Modelo de Aceitação da Tecnologia

O TAM proposto por Davis, no �nal da década de 80, é uma adaptação

da Teoria da Ação Racionalizada (TRA) especi�camente formatado para uti-

lizadores de sistemas de informação. O principal objetivo de Davis com este

modelo é ampliar o entendimento do processo de aceitação das tecnologias

pelos seus utilizadores, de forma a propor fundamentos teóricos para o design

e implementação de sistemas de informação. Para além disto, o modelo pre-

tende proporcionar a base teórica para o desenvolvimento de metodologias

práticas que permitam avaliar os sistemas de informação e aferir sobre a sua

aceitação por parte dos utilizadores [56].

O modelo TAM é assim capaz de avaliar e explicar o comportamento

Page 78: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.2. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 59

dos indivíduos face às tecnologias de informação, prevendo e justi�cando a

aceitação ou não aceitação de um sistema, fornecendo ainda orientações para

a realização de possíveis melhorias. Neste sentido, e de uma forma geral,

este modelo pretende proporcionar uma base teórica para mapear o impacto

dos fatores externos sobre os fatores internos ao indivíduo, como crenças,

atitudes e intenções de utilização. Os impactos produzidos por estes fatores

externos são medidos recorrendo a variáveis fundamentais que abordam a

aceitação das tecnologias nas dimensões afetivas e cognitivas [54,56].

Na Figura 5.1 está apresentado o TAM proposto por Davis (1989). O

modelo baseia-se em dois constructos ligados à crença, Utilidade Percebida

(PU) e Facilidade de Uso Percebida (PEOU), que segundo este modelo in�u-

enciam as atitudes e intenções individuais dos utilizadores para a utilização

da tecnologia.

O constructo PU diz respeito à probabilidade subjetiva, percebida pelos

utilizadores, de que determinada tecnologia pode aumentar o seu desempenho

dentro do seu contexto organizacional.Por outras palavras, este constructo

representa o grau de perceção do utilizador de que determinada inovação

tecnológica é mais vantajosa, na otimização da execução das suas tarefas,

quando comparada com a tecnologia anteriormente utilizada.

Já o constructo PEOU, é de�nido pelo modelo como o nível de esforço

(�sico e/ou mental) que um indivíduo espera ter que realizar para utilizar

corretamente uma nova tecnologia.

Tal como é possível observar na Figura 5.1, o TAM assume que a utiliza-

ção dos sistemas de informação é determinada pela intenção voluntária dos

seus utilizadores em utiliza-lo (Intenção Comportamental (BI)). Essa inten-

ção, por sua vez, é caracterizada por dois constructos distintos: a atitude

do indivíduo para a utilização da tecnologia (Atitude em Relação ao Uso

(A)) e as suas perceções sobre a sua utilidade prática (PU). A relação A-BI,

baseia-se no facto de existir uma maior intenção por parte dos indivíduos em

desempenhar ações para as quais têm um sentimento positivo. Já a relação

PU-BI, baseia-se na ideia de que dentro de um contexto organizacional, os

indivíduos desenvolvem intenções comportamentais para utilizar um sistema

se acreditarem que de alguma forma este poderá aumentar o seu desempenho

Page 79: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

60 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

no trabalho, independentemente dos sentimentos positivos ou negativos que

possam ter relativamente ao seu comportamento por si só. Isto deve-se ao

facto de um melhor desempenho se re�etir, muitas vezes, em recompensas

extrínsecas às tarefas desenvolvidas, como aumentos salariais e progressão na

carreira [54, 56,61].

Para além disto, este modelo enfatiza a maior importância da PU na

determinação da aceitação, passando a PEOU para segundo plano. Estudos

realizados demonstraram que o efeito de PEOU na BI é na verdade indireta,

operando esta através da PU, uma vez que não importa o quão fácil é utilizar

uma tecnologia se esta não for considerada útil e produtiva.

O efeito direto da PEOU na PU, representada na Figura 5.1 pela rela-

ção PEOU-PU, pressupõe que a melhoria da facilidade de utilização de um

sistema permite que as tarefas destinadas a um indivíduo sejam executadas

mais rapidamente e, consequentemente, este execute mais trabalho, contri-

buindo para o aumento da sua perceção sobre a utilidade do sistema. Os

efeitos dos fatores externos na intenção comportamental são mediados pelos

constructos PU e PEOU [58,61].

Figura 5.1: Modelo de Aceitação da Tecnologia (Adaptado de [61]).

O modelo TAM foi aplicado e testado em diferentes tipos de tecnologias e

ambientes. As replicações do modelo em diferentes cenários e países, tornou

Page 80: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.2. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 61

o TAM conhecido como um modelo robusto e poderoso de previsão da acei-

tação da tecnologia pelos seus utilizadores, que responde de forma similar a

diferentes grupos de pessoas, países e épocas. [54].

Modelo de Aceitação da Tecnologia 2

Posteriormente, num estudo realizado por Venkatesh e Davis, o modelo

original TAM é expandido de forma a avaliar e de�nir os determinantes do

constructo PU.

O Modelo de Aceitação da Tecnologia 2 (TAM2), representado na Figura

5.2, incorpora dois novos constructos que abrangem os processos de in�uência

social e processos cognitivos.

Relativamente aos processos de in�uência social, o modelo apresentado

re�ete o impacto de três fatores sociais na aceitação da tecnologia, sendo eles

denominadas como: Norma Subjetiva, Imagem e Voluntariedade.

A Norma Subjetiva representa a perceção do individuo relativamente à

opinião de outros sobre o dever de utilização de um determinado sistema. Já

a Imagem, é de�nida pelo modelo como a perceção do indivíduo de que a

utilização de um determinado sistema o tornará mais aceite no contexto social

da empresa e fora dela. Estes fatores sociais exercem in�uência direta na BI

e na PU. Esta in�uência ocorre tanto pelo processo de internalização, em que

os indivíduos incorporam in�uências sociais nas suas próprias perceções de

utilidade, como pelo processo de identi�cação, no qual os indivíduos utilizam

o sistema pelo status e pela in�uência adquirida no ambiente de trabalho,

mesmo que a utilização do sistema e as consequências, que dela advêm, não

lhes transmitam um sentimento positivo [55].

Anteriormente ao desenvolvimento de um sistema, o conhecimento e as

crenças dos potencias utilizadores sobre o mesmo são muito vagas e mal for-

madas, levando a que os utilizadores con�em mais na opinião dos outros

como base para as suas intenções de utilização. No entanto, após a sua im-

plementação, os pontos fortes e fracos do sistema são conhecidos, através da

experiência adquirida com a utilização do mesmo, diminuindo a in�uência

normativa na intenção de utilização. O TAM2 teoriza que o efeito direto da

Page 81: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

62 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Norma Subjetiva sobre as intenções em contexto de Uso Obrigatório, é forte

antes da implementação dos sistemas e durante a sua utilização inicial. No

entanto, esta vai enfraquecendo ao longo do tempo com o aumento da experi-

ência direta com o sistema, tal como o efeito desta na perceção da utilidade.

Contrariamente a isto, não é esperada uma diminuição da in�uência da Ima-

gem na perceção da utilidade com o aumento da experiência, uma vez que

o aumento da intenção de utilização de um sistema continuará a aumentar

desde que um grupo de referência continue a apoiar a sua utilização, condu-

zindo a um aumento do status do individuo no grupo em questão [55,58].

Os constructos de�nidos pelo modelo que abrangem os processos cogni-

tivos são: Relevância do Trabalho, Qualidade de Produção e Demonstrabili-

dade de Resultado.

O TAM2 teoriza que a avaliação mental dos indivíduos da correspondência

entre as suas metas de trabalho e as consequências da realização das suas

tarefas, através da utilização de um determinado sistema, serve como base

para a formação de juízos de valor sobre a utilidade do mesmo.

Um dos componentes chaves deste processo de correspondência é denomi-

nado de Relevância do Trabalho e é de�nido pelos autores do modelo como

o grau de perceção individual da aplicabilidade de um determinado sistema

no ambiente de trabalho. A Relevância do Trabalho exerce um efeito direto

sobre a PU [55].

O modelo em questão postula que, para além das considerações sobre as

tarefas que um sistema é capaz de realizar e do grau que essas tarefas cor-

respondem às metas de trabalho dos indivíduos, é tido também em conta,

para a formação de perceções sobre a utilidade do sistema, a forma como o

sistema executa tais tarefas. Neste sentido, o modelo acrescenta a compo-

nente Qualidade de Produção, como um fator que in�uência diretamente a

PU, de�nido-o como a perceção do indivíduo da qualidade da tecnologia, ou

seja, de quão bem o sistema desempenha as suas tarefas.

Mesmo os sistemas mais e�cazes podem deixar de angariar a aceitação

dos seus utilizadores, se estes tiverem di�culdade em atribuir o aumento do

seu desempenho à utilização do sistema (Demonstrabilidade de Resultado).

O utilizador terá uma perceção positiva sobre a utilidade do sistema, se a co-

Page 82: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.2. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 63

variância entre os resultados positivos de utilização é facilmente percetível.

Por outro lado, se um sistema produz resultados relevantes para o utilizador,

mas se o faz de forma obscura, é improvável que os utilizadores entendam o

quão útil esse sistema realmente é. Desta forma, a componente Demonstra-

bilidade de Resultado irá in�uenciar diretamente o constructo PU [55,62].

Figura 5.2: Modelo de Aceitação da Tecnologia 2 (Adaptado de [55]).

Em resumo, TAM2 engloba processos de in�uência social e processos cog-

nitivos como determinantes dos constructo PU e BI, assumindo que poderá

existir uma diminuição da força com que os processos de in�uência social

Page 83: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

64 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

afetam estes constructos com o aumento da experiência ao longo do tempo.

Determinantes da Perceção da Facilidade de Uso

Venkatesh procurou identi�car os determinantes da PEOU num traba-

lho por ele realizado. O modelo teórico proposto, apresentado na Figura

5.3, baseia-se numa perspetiva de âncoras e ajustamentos que correspon-

dem, respetivamente, a crenças gerais dos indivíduos relativas à utilização de

computadores e a crenças baseadas na experiência direta com o sistema em

avaliação.

No modelo teórico desenvolvido, Venkatesh propõe um conjunto de novos

constructos, relacionados com o controlo, motivação intrínseca e emoção,

que representam as âncoras gerais na formação da PEOU na fase inicial da

utilização de um novo sistema [55].

O controlo está divido, segundo o modelo apresentado, em perceções de

controlo interno (Auto-E�cácia) e perceções de Controlo Externo. A Auto-

E�cácia em ambiente tecnológico é de�nida no modelo como a perceção do

indivíduo sobre as suas capacidades pessoais de executar uma tarefa ou tra-

balho especi�co. Já as perceções de Controlo Externo, dizem respeito à per-

ceção do individuo sobre a existência de técnicas e recursos organizacionais

adequados de apoio à utilização do sistema.

A motivação intrínseca é conceptualizada pelo constructo Diversão em

ambiente Tecnológico, ou seja, pela motivação do indivíduo associada á uti-

lização de um novo sistema. Já a emoção, é conceptualizada pela Ansiedade

Computacional, ou seja, pelo grau de apreensão do indivíduo quando este é

confrontado com a possibilidade de utilização de computadores no seu tra-

balho.

As crenças gerais dos indivíduos sobre os computadores e a sua utilização

(âncoras) desempenham um papel fundamental na formação da perceção

inicial sobre a facilidade de utilização do sistema. No entanto, com o aumento

da experiência, essas crenças vão se ajustando como resultado de uma maior

interação do indivíduo com o sistema.

Este estudo mostrou também que, com o aumento da experiência e de-

Page 84: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.2. MODELO DE ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA 65

pendendo do grau em que o uso do sistema é percebido como agradável

ou desagradável (Prazer Percebido), independentemente de quaisquer con-

sequências resultantes do seu desempenho, a PEOU do sistema pode vir a

aumentar ou a diminuir ao longo do tempo. Para além disto, com o aumento

da interação com o sistema, os utilizadores passam a ter perceções mais pre-

cisas sobre o esforço que é necessário realizar para completar as suas tarefas,

comparativamente a outros sistemas (Objetivo da Usabilidade) [55,62,63].

Figura 5.3: Modelo teórico dos determinantes da PEOU (Adaptado de [55]).

Page 85: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

66 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Modelo de Aceitação da Tecnologia 3

A combinação do TAM2 com o modelo teórico dos determinantes da

PEOU, resultou no modelo de aceitação da tecnologia, denominado de Mo-

delo de Aceitação da Tecnologia 3 (TAM3). Este modelo visa ampliar o

conhecimento sobre os fatores que in�uenciam a adoção e uso das tecnolo-

gias da informação em ambientes organizacionais, com o intuito de auxiliar

as organizações nas tomadas de decisões relativas à implementação da tec-

nologia [63].

O TAM3 apresenta o efeito da experiência em três relacionamentos dis-

tintos: PEOU-BI, PEOU-PU e ainda Ansiedade Computacional-PEOU.

A experiência é uma variável moderadora importante na adoção das tec-

nologias da informação, uma vez que impulsiona a alteração das perceções dos

indivíduos relativamente à utilidade e facilidade de utilização de um sistema.

Assim, é esperado um efeito moderador da experiência nos relacionamentos

PEOU-BI e Ansiedade Computacional-PEOU, provocando um enfraqueci-

mento destes com o seu aumento. A PEOU e a apreensão dos utilizadores

em relação aos computadores em geral, são consideradas barreiras iniciais

para a utilização dos novos sistemas, no entanto com o decorrer do tempo,

o indivíduo acaba por se habituar ao sistema e passa a conhecer os proces-

sos que necessita de executar para realizar as suas tarefas. Em oposição,

o efeito da PEOU na PU torna-se mais forte, uma vez que os utilizadores

passam a ter um maior domínio sobre a utilização do sistema, que se traduz

numa melhor perceção daquilo que este é capaz de realizar, ou seja da sua

utilidade [58,63].

5.3 Aplicação do TAM3

O objetivo inicial do estudo realizado consistia na avaliação do grau de

aceitação dos utilizadores relativamente ao sistema AIDA, implementada no

CHAA, para a efetuação do registo de exames. Tal avaliação implicaria

a participação de todos os utilizadores do sistema dos diversos serviços do

hospital. No entanto, tal não foi possível, uma vez que não foram conseguidas

Page 86: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.3. APLICAÇÃO DO TAM3 67

as autorizações necessárias para a realização do estudo nos diversos serviços.

Só foi possível obter autorização para o serviço de Anatomia Patológica e,

por isso, o estudo realizado restringiu-se a este serviço.

A análise de artigos cientí�cos de meta-análise da literatura sobre o TAM

permitiram concluir que aplicação do modelo é maioritariamente realizada

recorrendo à utilização de questionários, direcionados aos utilizadores do sis-

tema que se pretende avaliar, sendo por isso esta a metodologia também a

adotada.

O questionário elaborado recorrendo à ferramenta Google docs, disponí-

vel para análise no Apêndice A, é composto por 81 questões válidas baseadas

nos quatro constructos e respetivos determinantes de�nidos pelo TAM3. Este

questionário está divido em dois grandes grupos distintos, um relativo às fun-

cionalidades mais utilizadas pelos inquiridos no sistema AIDA para o registo

de exames, e outro relativo aos pontos chave delineados pelo modelo para

a avaliação dos fatores externos ao sistema, que levam os seus utilizadores

a aceitá-lo ou rejeitá-lo. Para a elaboração das questões relativas às funcio-

nalidades mais utilizadas no sistema, realizou-se uma análise pormenorizada

das principais tarefas executadas pelos médicos, técnicos e administrativos

na execução de registos de exames, apresentada na secção 3.2.2. As ques-

tões relativas ao segundo grupo foram elaboradas com base nos pontos chave

apresentados pelo modelo para a avaliação das crenças, atitudes e intenções

dos utilizadores face às tecnologias e ao sistema em si. Para além disto,

foram tidos em conta outros questionários elaborados em diferentes estudos

de sucesso, realizados para avaliação da aceitabilidade da tecnologia na área

médica, através aplicação do TAM3.

Neste questionário recorreu-se à utilização da escala de Likert para poste-

rior avaliação dos resultados. Esta escala foi escolhida pelo facto de ser muito

utilizadas em pesquisas quantitativas, já que esta pretende registar o nível de

concordância/discordância dos inquiridos relativamente a uma determinada

declaração ou característica/funcionalidade, sendo este o principal objetivo

do questionário elaborado. Para além disto, o facto de esta escala ser curta,

ajuda a restringir a dispersão dos resultados obtidos, facilitando a posterior

análise.

Page 87: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

68 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

A escala escolhida varia entre 5 níveis distintos, o que permite a existên-

cia de dois valores da escala positivos e dois negativos e ao mesmo tempo um

ponto de neutralidade [64]. Os níveis considerados no questionário elaborado

são os seguintes:

1. Discordo totalmente;

2. Discordo;

3. Concordo em parte;

4. Concordo;

5. Concordo Totalmente.

A obtenção de resultados �dedignos depende muito da consciência e boa

vontade dos inquiridos aquando o preenchimento do questionário. O preten-

dido é que cada inquirido analise cuidadosamente cada uma das questões e

faça a sua avaliação de acordo com a escala de�nida. No entanto, muitas

das vezes os inquiridos tendem a avaliar um conjunto de questões, perten-

centes a um determinado grupo, como um todo dando a mesma resposta a

todas as perguntas do grupo. De modo a evitar este problema e aumentar

o grau de consciência dos inquiridos aquando o preenchimento do questio-

nário, acrescentaram-se três questões de despiste (por exemplo, Um+Um).

As respostas obtidas a estas questões de despiste permitem perceber o nível

de consciência dos inquiridos, permitindo a deliberação da consideração das

suas respostas no estudo realizado.

Para facilitar a análise dos resultados obtidos, elaborou-se uma tabela

com as diversas perguntas realizadas no questionário, onde se realizou o cru-

zamento destas com os quatro constructos de�nidos pelo TAM3. A tabela

resultante encontra-se disponível para análise no Apêndice B.

Page 88: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 69

5.4 Resultados

Posteriormente à coleta das respostas aos questionários enviados por e-

mail, procedeu-se à análise dos resultados obtidos. Numa primeira fase

realizou-se um processamento dos dados de forma a evitar a consideração

de respostas inválidas ou inconsistentes. Este procedimento consistiu essen-

cialmente na análise das respostas obtidas nas perguntas de despiste, intro-

duzidas propositadamente no questionário. Através dessa análise, conclui-se

que todos os participantes responderam ao questionário de forma consciente,

o que permitiu que fossem consideradas o total das respostas obtidas.

O questionário desenvolvido foi distribuído por uma amostra de nove pro-

�ssionais de saúde (100% dos pro�ssionais de saúde do serviço de Anatomia

Patológica), constituída por três médicos, quatro técnicos e dois adminis-

trativos. A tabela 5.1 apresenta a distribuição percentual da população da

amostra, relativamente ao cargo ocupado na instituição.

Tabela 5.1: Distribuição da população da amostra.

Questão Resposta Percentagem

Em que grupo

pro�ssional se insere?

Médico

Técnico

Administrativo

33%

44%

22%

De acordo com o modelo TAM3, a experiência dos utilizadores com a tec-

nologia em geral e com um sistema em especí�co in�uencia e modela as suas

perceções relativamente à utilidade e facilidade de utilização dos sistemas.

Desta forma, desenvolveram-se algumas questões, incorporadas no questio-

nário realizado, com o intuito de avaliar a experiência dos inquiridos com as

tecnologias e com o PCE em especi�co. As tabelas 5.2 e 5.3 apresentam os

resultados obtidos.

Page 89: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

70 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Tabela 5.2: Experiência do utilizador com as tecnologias de informação.

Questão Resposta Percentagem

Quanto tempo despende

com a utilização de um

computador?

Menos 2 horas/dia

Entre 2 a 4 horas/dia

Mais de 4 horas/dia

22%

33%

44%

Tipo de utilizador?

Totalmente autónomo

Raramente necessita de apoio técnico (menos de 3 vezes/mês)

Necessita regularmente de apoio técnico

44%

44%

11%

Utiliza o computador

preferencialmente para?

E-mail, processador de texto, folhas de cálculo entre outras

Manipulação/Consulta de informação administrativa

Manipulação/Consulta de informação clínica

Manipulação/Consulta de informação de gestão

11%

11%

77%

0%

Tabela 5.3: Experiência do utilizador com o PCE.

Questão Resposta Percentagem

Com que frequência utiliza o Processo Clínico

Eletrónico?

Nunca utilizei

Com pouca frequência

Frequentemente

Muito frequentemente

Sempre

0%

22%

33%

11%

33%

Há quanto tempo utiliza o Processo Clínico

Eletrónico?

Nunca utilizei

Menos de 1 ano

Entre 1 e 2 anos

Entre 2 e 3 anos

Mais de 5 anos

0%

0%

44%

11%

44%

5.4.1 Análise por inquiridos

Na tabela 5.4, encontram-se representados os resultados estatísticos ge-

rais relativamente às respostas obtidas aos questionários por inquirido. Tal

como pode ser veri�cado, a média (mean) de respostas obtidas encontra-se

em torno dos 3 pontos. No entanto, pela observação das medidas de dis-

persão, variância (var), desvio padrão (Stand.dev) e coe�ciente de variação

(Coe�.var), torna-se clara a grande dispersão ou variabilidade de respos-

tas obtidas. O inquirido identi�cado com o número 1 apresenta uma maior

Page 90: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 71

dispersão de respostas, uma vez que se obteve um maior valor de desvio

padrão. Pelo contrário, o inquirido identi�cado com o número 3 apresenta

uma maior consistência de respostas, visto que o desvio padrão associado a

estas está mais próximo de zero. O facto de o questionário desenvolvido ava-

liar funcionalidades bastante distintas, disponibilizadas pelo sistema AIDA

para o registo de exames, permite grande variação de respostas em relação

à satisfação dos seus utilizadores. Os inquiridos podem sentir-se satisfeitos

com determinadas funcionalidades do sistema mas insatisfeitos em relação a

outras, o que provoca uma grande variação nas respostas obtidas e conse-

quentemente a obtenção de um maior valor de desvio padrão.

Tabela 5.4: Análise global dos resultados.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

N 81 81 81 81 81 81 81 81 81

Min 1 1 2 2 1 1 1 2 1

Max 6 6 5 4 6 6 6 6 5

Sum 242 276 315 262 270 299 224 280 298

Mean 2,987654 3,407407 3,888889 3,234568 3,333333 3,691358 2,765432 3,45679 3,679012

Std.error 0,1526452 0,1251885 0,0946077 0,0829093 0,113855 0,09067983 0,1086841 0,1111797 0,10947

Var 1,887346 1,269444 0,725 0,5567901 1,05 0,6660494 0,9567901 1,001235 0,970679

Stand.dev 1,373807 1,126696 0,8514693 0,7461837 1,024695 0,8161185 0,9781565 1,000617 0,9852304

Median 3 4 4 3 4 4 2 4 4

25 prcntil 2 2 3,5 3 3 4 2 3 3,5

75 prcntil 4 4 4 4 4 4 4 4 4

Skewness 0,7641499 0,3709703 -0,655144 -0.413078 -0,2144157 -0.1209119 0,5739207 0,1984759 -0,9989892

Coe�.var 45,9828 33,06609 21,89493 23,06904 30,74085 22,1089 35,37084 28,94642 26,77975

Numa primeira análise optou-se por determinar a média e a moda de

respostas obtidas por inquirido para cada um dos contructos de�nidos no

TAM3. Este tipo de análise permite avaliar a predisposição para o uso e

aceitação do sistema AIDA por parte dos inquiridos, identi�cando as possíveis

causas da não aceitação do sistema. Nesta análise, os inquiridos (eixo do X)

são representados por números de 1 a 9.

Page 91: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

72 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Relativamente ao constructo PU (Figura 5.4), pode observar-se que de

uma maneira geral, a média das respostas obtidas encontra-se entre os 3 e 4

pontos. Desta forma, é possível aferir que os inquiridos estão satisfeitos com

as caraterísticas do sistema que in�uenciam este constructo. Apesar disto,

é possível identi�car a existência de dois outliers relativos à média de res-

postas dos indivíduos identi�cados com os números 1 e 7. Relativamente ao

inquirido identi�cado com número 1, apesar da sua média de respostas estar

abaixo dos 3 pontos a moda é 4, o que signi�ca que este está satisfeito com

a maior parte das características do sistema, avaliadas pelo constructo PU,

mas não com outras. O indivíduo identi�cado com o número 7, possui uma

média de respostas muito próxima do inquirido número 1, no entanto a moda

obtida é de 2 pontos. Neste caso em especí�co, pode a�rmar-se que existe

um grande número de características do sistemas com as quais este inquirido

está insatisfeito. Esta insatisfação demonstra que existem algumas dúvidas

por parte deste relativamente ao aumento do seu desempenho pro�ssional na

organização de saúde advindo da utilização do sistema em causa, o que irá

in�uenciar negativamente a sua intenção voluntária em utiliza-lo.

Figura 5.4: Avaliação da PU.

Na Figura 5.5, é possível observar que, à exceção do primeiro e sétimo

inquirido, a média de respostas às questões incluídas no constructo PEOU

Page 92: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 73

está entre os 3 e os 4 pontos e a moda concentra-se nos 4 pontos. No entanto,

tal não se veri�ca para os inquiridos identi�cados com o número 1 e 7, em

que a média de respostas dadas encontra-se entre os 2 e 3 pontos e a moda

nos 2 pontos. Desta forma, pode-se aferir que estes dois indivíduos estão

insatisfeitos com a grande maioria das características do sistema associadas

ao constructo PEOU. A sua insatisfação com as características do sistema que

in�uenciam este constructo, re�ete-se na perceção destes indivíduos sobre a

facilidade de utilização do sistema, para a correta execução das suas tarefas

na organização de saúde.

Figura 5.5: Avaliação da PEOU.

Na Figura 5.6, estão representadas a média e moda de respostas obtidas

para cada um dos inquiridos, que avaliam o constructo BI. Pela observação

da �gura é possível de veri�car que, tal como para os constructos anteriores,

a média de respostas está entre os 3 e 4 postos, à exceção da média relativa

às respostas dadas pelos inquiridos 1 e 7. Os resultados obtidos para este

constructo eram esperados, uma vez que a intenção de utilização do sistema

está totalmente dependente da perceção da utilidade e facilidade de utiliza-

ção do mesmo.

Page 93: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

74 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Figura 5.6: Avaliação da BI.

Por �m, através da observação da Figura 5.7 é possível veri�car que a

média de respostas obtidas nas questões que permitem a avaliação do cons-

tructo Uso Real do Sistema (UB) encontra-se entre os 3 e 4 pontos. Mais

uma vez, em consequência dos resultados obtidos anteriormente, para os in-

quiridos identi�cados com os números 1 e 7, seria de esperar que a média

das respostas obtidos para este constructo estaria abaixo dos 3 pontos, uma

vez que a intenção comportamental relativamente à utilização do sistema

in�uência a sua utilização real.

Figura 5.7: Avaliação da UB.

Page 94: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 75

5.4.2 Análise por questões

Na segunda parte do estudo procedeu-se à análise da média e da moda de

cada uma das perguntas contidas no questionário, para cada um dos construc-

tos de�nidos no TAM3. Nos grá�cos elaborados e apresentados de seguida,

no eixo do Y estão representas as possíveis respostas ao questionário (1-5) e

no eixo dos X as questões elaboradas, identi�cadas por um número de�nido

na tabela do apêndice B.

Relativamente ao grá�co do constructo PU, representado na Figura 5.8,

veri�ca-se que a média de respostas encontra-se entre os 3 e 4 pontos. No en-

tanto, existem algumas funcionalidades do sistema com as quais os inquiridos

não estão satisfeitos, uma vez que a média de respostas se encontra abaixo

dos 3 pontos. Os inquiridos a�rmam que o sistema não auxilia na atenuação

de excessiva carga de trabalho (2.1.3) e não permite, com facilidade, refor-

mular tarefas já executadas (2.1.11) e identi�car os níveis de prioridade dos

pedidos de exames (2.3.2). Para além disto, é de notar que as questões iden-

ti�cadas com o número 2.7.8 e 2.7.9 apresentam a média de respostas mais

baixa neste conjunto de questões. Os inquiridos a�rmam que a utilização do

sistema não traz mais prestígio a quem o utiliza nem é um símbolo de status

na organização, sendo obrigatória a sua utilização (2.7.4). No entanto, os

benefícios associados à utilização do sistema são claros (2.8.4), concordando

estes com a sua utilidade na realização das suas tarefas (2.6.4 e 2.6.17) e na

sua contribuição para a melhoria dos cuidados de saúde (2.1.6).

Page 95: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

76 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Figura 5.8: Análise por questões (PU).

Nas Figuras 5.9 e 5.10, está representada a média e moda das questões

relativas ao constructo PEOU. Tal como é possível observar, de uma maneira

geral, a média de respostas encontra-se entre os 3 e 4 pontos. Na opinião

dos inquiridos, o sistema foi concebido de forma a promover a facilidade de

memorização da execução de tarefas (2.5.2), existindo uma sequência lógica

das etapas necessárias a executar para a realização das mesmas (2.5.4). No

entanto, apesar da utilização do sistema ser muito intuitiva, e por isso não ser

necessário despender muito tempo para aprender a operar corretamente com

ele (2.5.3), os utilizadores consideram que é fundamental numa fase inicial a

realização de ações de demonstração de como utiliza-lo (2.9.3). Aliado a isto,

na opinião dos utilizadores, existem recursos organizacionais apropriados de

apoio à utilização do sistema (2.6.11) e estes são fundamentais para a sua

correta utilização (2.9.2).

Relativamente às funcionalidades especi�cas do sistema, os inquiridos

apontam como pontos fracos do mesmo (valores baixos de média e moda)

o tempo despendido para o registo de informação (2.2.10) e a visibilidade

dos alertas clínicos relativos aos utentes (2.4.2). Para além disto, é relevante

notar que na questão 2.2.5 a média de respostas é superior aos 3 pontos mas

a moda é de 2 pontos, o que signi�ca que existe alguma discrepância na opi-

nião dos inquiridos relativamente à facilidade de identi�cação das tarefas que

estão a ser executadas no momento, sendo que alguns conseguem facilmente

identi�ca-las mas outros nem tanto.

Page 96: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 77

Figura 5.9: Análise por questões (PEOU).

Figura 5.10: Análise por questões (PEOU).

Relativamente ao constructo BI (Figura 5.11) é possível veri�car que ape-

sar de existir alguma apreensão por parte dos inquiridos em relação à utili-

zação dos computadores em geral (2.10.1), esta não se veri�ca em relação à

utilização do sistema, uma vez que a sua utilização não lhes desperta ner-

vosismo (2.10.2), desconforto (2.10.3) ou ansiedade (2.10.4), mesmo sendo

obrigados a utiliza-lo (2.7.4 e 2.7.5). Assim, a intenção comportamental para

a utilização do sistema depende da sua utilidade e facilidade de utilização, não

sendo prejudicada pela ansiedade computacional que a utilização do mesmo

poderia suscitar. Nas restantes questões deste grupo, a média de respostas

está entre os 3 e 4 pontos.

Page 97: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

78 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

Figura 5.11: Análise por questões (BI).

Ainda dentro da análise realizada por questões e relativamente ao cons-

tructo UB, é possível veri�car, pela observação Figura 5.12, que alguns dos

inquiridos sentem di�culdades na pesquisa de informação no sistema (2.2.1),

uma vez que, apesar da média associada a esta questão estar muito próxima

dos 3 pontos, a moda de respostas é de 2 pontos. Para além disto, a média

de respostas relativa á questão 2.4.1 é inferior a 3 pontos, o que aponta para

alguma di�culdade na identi�cação dos problemas que ocorrem no sistema,

e que originam mensagem de erros, impedindo a resolução dos mesmos por

parte dos utilizadores sem que seja necessário o apoio de um técnico.

Figura 5.12: Análise por questões (UB).

No �nal do questionário foi introduzida uma questão sobre o grau de

satisfação dos inquiridos sobre o sistema em geral. Os resultados obtidos

Page 98: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 79

estão representados na tabela 5.5, onde se pode veri�car que na maioria

(77%) os inquiridos estão satisfeitos com o sistema AIDA na efetivação do

registo de exames. No entanto 11% destes não esta satisfeito.

Tabela 5.5: Visão global do grau de satisfação dos inquiridos relativamente aosistema.

Questão Resposta Percentagem

De uma forma geral estou

satisfeito com o sistema?

Concordo totalmente

Concordo

Concordo em parte

Discordo

Discordo totalmente

0%

77%

11%

11%

0%

Aspetos positivos e negativos do sistema na perspetiva dos inqui-

ridos

A análise das respostas obtidas às três questões de resposta aberta ela-

boradas no �nal do questionário, em conjugação com a análise das cotações

obtidas nas questões de escolha múltipla em relação às funcionalidades do

sistema, permitiu a delineação dos aspetos positivos e negativos do mesmo.

Os pontos fortes do sistema AIDA na perspetiva dos inquiridos são:

1. Permite o registo e�ciente da informação relativa a um determinado

utente, possibilitando um acesso facilitado a essa mesma informação

para apoio à decisão médica;

2. Permite um maior controlo das várias tarefas a realizar, promovendo a

automatização de algumas delas e relembrando, através da emissão de

alarmes, da necessidade de as realizar;

3. Permite o fácil acesso a listas de trabalho para os diferentes pro�ssi-

onais da organização, conseguindo estes realizar as suas tarefas sem

necessidade de comunicação, por outro meio a não ser o sistema, com

os colegas de trabalho;

Page 99: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

80 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

4. Facilidade na de�nição e alteração de equipas de trabalho;

5. A linguagem utilizada é simples e percetível, sendo a terminologia uti-

lizada adequada às tarefas a realizar.

No entanto, os inquiridos apontam alguns pontos fracos ao sistema que

devem ser analisados e melhorados. São estes:

1. Tempo de registo de informação no sistema;

2. Reformulação de tarefas já executadas no sistema;

3. Identi�cação dos níveis de prioridade dos pedidos/exames;

4. Visibilidade dos alertas clínicos emitidos pelo sistema relativamente aos

utentes;

5. Percetibilidade das mensagens de erro originadas, para a identi�cação

e correção do problema ocorrido sem ser necessário recorrer a apoio

técnico;

6. Tempo despendido na procura de informação relativa a exames/proce-

dimentos a executar.

Identi�cados os pontos fracos do sistema AIDA, relativamente ao registo

de exames, pode-se agora realizar uma análise detalhada dos mesmos, no

sentido encontrar soluções para os minimizar. Alguns dos pontos fracos

apontados pelos inquiridos na análise realizada, são comuns aos detetados

na avaliação de usabilidade pelo método Heuristis Evaluation, apresentada

na secção 4.4. Nesta secção já foram apresentadas justi�cações e soluções

para os problemas encontrados e por isso serão apenas discutidos e analisa-

dos os dois problemas de usabilidade adicionais.

1. Tempo de registo de informação no sistema

Pela análise realizada ao sistema, veri�cou-se que o este já se encontra

otimizado de forma a reduzir ao máximo o tempo despendido no registo das

tarefas de cada pro�ssional de saúde. São de salientar as seguintes situações:

Page 100: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.4. RESULTADOS 81

• Durante o processo de registo de exames laboratoriais é necessário pre-

encher formulários com a informação relevante à cerca do exame a

realizar, como por exemplo o tipo de peça cirúrgica a analisar e o meio

em que esta se encontra. No entanto, se o pedido de exame for bem

de�nido pelo médico que o realiza, o sistema permite a exportação da

informação e esses parâmetros são automaticamente preenchidos.

• Cada registo de exame implica a de�nição da equipa de trabalho que

o executa (médico e técnico). De forma a evitar que o técnico esteja

sempre a de�nir a equipa de trabalho, o sistema disponibiliza a fun-

cionalidade de a guardar, �cando esta automaticamente de�nida para

todos os exames registados posteriormente. Sempre que é necessária a

alteração da equipa de trabalho para outros registos, o sistema permite-

o fazer, facilmente.

• A lista de tarefas dos pro�ssionais de saúde é automaticamente atua-

lizada pelo sistema sempre que novos exames são necessários realizar.

Desta forma, o sistema permite que por exemplo um médico não ne-

cessite de comunicar, por outro meio que não o do sistema, com o

técnico que realizou um determinado exame, para elaborar o relatório

do mesmo. Sempre que o técnico termina a fase de registo, o processo

do exame passa automaticamente para a lista de trabalho do médico

de�nido para a realização do relatório.

No entanto, os pro�ssionais de saúde tem de efetuar várias vezes o login

no sistema, como por exemplo sempre que fecham ou encerram um formulá-

rio e quando sessões já iniciadas à muito tempo expiram. Este mecanismo

é fundamental uma vez que garante a segurança do utente, permitindo a

identi�cação do pro�ssional de saúde que o realizou. Desta forma, a única

maneira de reduzir o tempo de registo da informação, com a diminuição do

tempo despendido na introdução do username e password é com a automa-

tização deste processo, recorrendo por exemplo à utilização de smart cards

ou a leituras biométricas.

Page 101: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

82 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

2. Identi�cação dos níveis de prioridade dos pedidos/exames

Quando o pro�ssional de saúde acede à sua lista de trabalho, os vários

exames a rececionar, registar ou a elaborar relatório surgem numa lista or-

denada por data de pedido de exame. Cada exame possui a informação da

próxima data de consulta do utente, à qual o relatório de exame já deve es-

tar publicado. Sempre que falta aproximadamente um mês para a próxima

consulta do utente esta informação �ca de cor vermelha, de forma a alertar

o médico ou técnico responsável da urgência de realizar o exame laboratorial

ou relatório. Apesar disto, a ordenação dos exames na lista de relatórios

a realizar mantém-se por data de chegada ao sistema, havendo a possibi-

lidade de relatórios mais urgentes �carem no fundo da lista em vez de no

seu topo. O sistema permite apenas que o médico faça uma pesquisa dos

exames com data de próxima consulta anterior a uma data por ele de�nida.

Desta forma, sugere-se que, sempre o médico faz uma pesquisa com base

no parâmetro "Aguarda publicação"(relatórios ainda não publicados) ou no

parâmetro "Iniciados"(relatórios já iniciados mas não terminados) a lista de

exames retornados esteja ordenada por data de próxima consulta, de forma

a que este possa mais facilmente perceber quais os relatórios de exame que

deve efetuar com mais urgência.

5.4.3 Análise global por constructo

A tabela 5.6, apresenta um quadro resumo da média e moda de respostas

obtidas em função de cada um dos constructos de�nidos no modelo utilizado

(TAM3). Pela observação da tabela, veri�ca-se que os inquiridos estão, em

geral, satisfeitos com o sistema AIDA, uma vez que os valores obtidos para

os quatro constructos é superior a 3 pontos. Os valores obtidos para os

constructos PU e PEOU, permitem veri�car que os inquiridos tem consciência

de que o sistema é útil na prestação de cuidados de saúde e que este aumenta

o seu desempenho na organização. A perceção da utilidade do sistema aliada

à facilidade de utilização do mesmo, impulsiona a sua aceitabilidade e a

intenção voluntária em utiliza-lo, tal como é possível veri�car pelos valores

Page 102: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

5.5. CONCLUSÃO 83

obtidos para os constructos BI e UB.

Tabela 5.6: Análise global por constructo.

PU PEOU BI UB Global

Moda 4 4 4 4 4

Média 3.24 3.31 3.25 3.28 3.30

Min 1 1 1 1 1

Max 5 5 5 5 5

5.5 Conclusão

Findado o estudo realizado com a aplicação do modelo TAM3, pode-se

concluir que os utilizadores da plataforma AIDA estão satisfeitos com a seu

desempenho no que diz respeito ao registo de exames. No entanto, são apon-

tadas algumas caraterísticas e funcionalidades do sistema com as quais os

utilizadores demonstram um certo grau de insatisfação, e que, consequen-

temente, diminuem a sua intenção em utiliza-lo. Para cada um dos pontos

fracos do sistema, apontados pelos seus utilizadores, foram obtidas explica-

ções e sugeridas soluções para que sejam ultrapassados.

Apesar dos pontos fracos detetados, os utilizadores estão conscientes da

utilidade prática do sistema e da sua importância no aumento da qualidade

dos cuidados prestados e segurança dos utentes. Esta perceção dos utili-

zadores, re�ete-se na sua intenção comportamental em utiliza-lo, tal como

defendido pelo modelo aplicado.

Concluiu-se também, que os benefícios associados ao registo eletrónico de

exames sobrepõe-se à apreensão sentida por alguns dos utilizadores relativa-

mente à utilização dos sistemas informáticos em geral, não sendo esta uma

barreira que impeça a sua utilização. No entanto, na opinião dos inquiridos,

os anos de experiência de utilização do sistema e os mecanismos de apoio à

sua correta utilização são essências, mesmo considerando que o sistema está

concebido de forma a promover uma fácil aprendizagem para a obtenção dos

Page 103: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

84 CAPÍTULO 5. ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

resultados pretendidos.

Os benefícios do registo eletrónico de exames são de tal forma perceciona-

dos pelos seus utilizadores que estes a�rmam, que mesmo que a sua utilização

não fosse obrigatória, eram na mesma da opinião de que todos os pro�ssionais

de saúde o deveriam utilizar.

5.6 Trabalho futuro

A avaliação realizada restringiu-se apenas aos utilizadores da plataforma

AIDA do serviço de Anatomia Patológica do hospital, devido à di�culdade na

obtenção de autorizações que permitissem o envio do questionário aos utili-

zadores de outros serviços. Como tal, torna-se imprescindível a ampli�cação

do estudo a outros serviços, de forma a validar os resultados obtidos.

Para além disto, é fundamental que num futuro próximo sejam realizadas

alterações ao sistema de forma a solucionar os seus pontos fracos aponta-

dos pelos utilizadores. O aprimoramento do sistema baseado na opinião dos

inquiridos, impulsionará uma maior aceitação deste tipo de tecnologia e con-

sequentemente, acarretará consigo um conjunto de benefícios para os utentes,

instituição e pro�ssionais de saúde associados ao e�ciente registo de exames.

Durante a análise dos dados foi possível veri�car que dois dos inquiridos se

mostravam bastante insatisfeitos com o sistema, obtendo-se, naturalmente,

baixa pontuação relativamente à sua aceitação e intenção comportamental em

utiliza-lo. Desta forma, seria relevante realizar-se uma avaliação individual

detalhada (entrevista) com estes utilizadores, de forma a perceber melhor o

porquê da sua apreensão com o sistema.

Page 104: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 6

Avaliação do Processo Clínico

Eletrónico

6.1 Introdução

Um hospital que detenha de um Processo Clínico Eletrónico (PCE) com-

pleto, demonstra uma implementação e utilização das Tecnologias de Infor-

mação e Comunicação (TIC) na saúde de topo. A implementação dos siste-

mas de informação nas organizações de saúde, permitem o armazenamento,

processamento e partilha de informação clínica, tornando-a acessível a todos

aqueles que dela necessitam. A informatização dos dados clínicos promove a

melhoria do desempenho dos processos e aumenta a qualidade e a segurança

da prestação de cuidados de saúde aos utentes.

A obtenção de um ambiente hospitalar livre de papel é o objetivo prin-

cipal de qualquer unidade de saúde. No entanto, alcançar este patamar é

uma tarefa árdua e demorada, que implica um grande esforço por parte das

organizações e pro�ssionais de saúde.

De forma a avaliar a situação atual do PCE existente no Centro Hospi-

talar do Alto Ave (CHAA) e identi�car os próximos passos a seguir para a

obtenção de um ambiente hospitalar livre de papel, realizou-se uma avaliação

aos sistemas de informação do CHAA que garantem o PCE, tendo por base

o Medical Record Adoption Model (EMRAM).

85

Page 105: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

86CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

6.2 Healthcare Information and Management

Systems Society

A Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) é

uma organização sem �ns lucrativos, fundada em 1961 no Georgia Institute

of Technology [65].

Esta organização, sediada em Chicago, Estados Unidos da América (EUA),

possui escritórios espalhados pelos EUA, Europa e Ásia. Cerca de 52000

membros individuais são representados pela HIMSS, sendo que cerca de dois

terços destes trabalham em organizações prestadoras de cuidados de saúde.

A HIMSS inclui também mais de 600 membros corporativos e mais de 250

organizações sem quaisquer �ns lucrativos, que lutam pela mesma missão

a esta associada. A missão à qual a HIMSS se propõe consiste na promo-

ção de uma melhor utilização das tecnologias de informação e dos sistemas

de gestão, de modo a garantir uma melhor qualidade, segurança, acesso e

custo-efeito da assistência ao utente [65,66].

A HIMSS possui, até ao momento, duas subsidiárias a HIMSS Foundation

e a HIMSS Analytics.

A HIMSS Foundation é uma organização sem �ns lucrativos fundada em

1986. Esta organização opera exclusivamente para caridade com propósito

cienti�co ou educacional, sendo por isso denominada como braço �lantrópico

da HIMSS [67,68].

A HIMSS Analytics é subsidiária integral da HIMSS, sem �ns lucrativos,

fundada em Julho de 2004, que apoia a missão por ela de�nida. Para tal, a

HIMSS Analytics disponibiliza dados de elevada qualidade e conhecimento

analítico de apoio à tomada de decisão [69]. Esta subsidiária, sedeada em

Chicago, oferece soluções especi�cas para um grande conjunto de organi-

zações, como empresas de consultoria, empresas de TIC na área médica e

organizações de saúde, no sentido de reduzir custos, aumentar receitas e me-

lhorar o desempenho operacional. As soluções apresentadas são alcançadas

graças a pesquisas de mercado, análises estratégicas, e análises independen-

tes e objetivas das organizações, realizadas por pro�ssionais experientes das

tecnologias da informação.

Page 106: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.3. MEDICAL RECORD ADOPTION MODEL 87

A HIMSS Analytics oferece às empresas de TI soluções robustas, basea-

das em informação precisa e con�ável, para otimizar as suas estratégias de

negócio e alcançar o mercado inteligente mais rapidamente. Relativamente

às organizações governamentais, esta subsidiária da HIMSS fornece o acesso

a relatórios e estudos da adoção do PCE no seu país, região ou estado, para

que sejam identi�cadas mais facilmente as suas áreas de melhoria. Por �m,

no que às organizações de saúde diz respeito, a HIMSS Analytics disponibi-

liza um conjunto de ferramentas que auxiliam os pro�ssionais de saúde na

prestação de cuidados de saúde. Para além disto, a HIMSS Analytics pro-

move a utilização da tecnologia, bem como o dialogo e a colaboração entre

hospitais e organizações de saúde [70,71].

6.3 Medical Record Adoption Model

De muitas das ferramentas disponibilizadas pela HIMSS, o EMRAM é a

que obteve maior sucesso na melhoria dos cuidados de saúde. Este modelo,

desenvolvido em 2005 e publicado em 2006 nos EUA, pretende avaliar a

situação atual de um hospital relativamente à adoção das TIC, mapear os

seus resultados e acompanhar o seu progresso ao longo do tempo. O EMRAM

é assim uma ferramenta que permite determinar quais os objetivos atingidos e

aqueles que ainda precisam de ser alcançados de forma a que o PCE adotado

pela instituição se encontre em conformidade com as normas por ele de�nidas

[72].

Para avaliação das funcionalidades do PCE adotado nas organizações

hospitalares, o modelo de�ne 8 níveis distintos, onde em cada um deles são

estipulados os requerimentos que o PCE terá de possuir para os atingir. À

medida que se avança para níveis mais elevados, os requisitos tornam-se cada

vez mais exigentes de forma a alcançar um PCE cada vez mais completo, que

garanta a segurança e a qualidade dos cuidados prestados.

Os níveis de�nidos pelo modelo iniciam-se no nível 0 e prolongam-se até

ao nível 7, sendo que o nível 0 representa o nível mais baixo do modelo e o

nível 7 o mais elevado. É de notar que um determinado nível só é atribuído

a uma instituição de saúde, se e só se esta cumprir os requisitos de�nidos

Page 107: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

88CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

pelo nível em questão e os requisitos associados a todos os níveis inferiores.

No entanto, se a organização de saúde cumprir alguns requisitos de�nidos

num determinado nível, mas não cumprir outros de níveis inferiores é lhe

atribuído pontos extra, que são levados em consideração na atribuição da

pontuação �nal. Uma das particularidades do modelo em questão consiste

na necessidade de alcançar os objetivos de�nidos nos níveis mais inferiores

antes de se pensar em atingir níveis mais elevados.

O modelo de�ne também que para se alcançar qualquer nível compreen-

dido entre os níveis 3 e 6, basta que os requisitos aí de�nidos sejam veri�cados

apenas para um dos serviços existentes na unidade de saúde.

Para obter a classi�cação pelo EMRAM a instituição de saúde apenas

tem de participar no estudo anual da HIMSS Analytics, sem qualquer custo

associado. Para além da obtenção da pontuação associada à organização

em questão, a participação no estudo permite que as organizações tenham

acesso a um conjunto de recursos valiosos que as apoiam na perceção da

importância das TI na saúde e na delineação de estratégias para conduzir a

organização ao nível seguinte ao atingido. Para além disto, a participação

neste estudo promove o diálogo e a colaboração entre hospitais classi�ca-

dos com níveis equivalentes, permitindo assim comparações entre as práticas

clínicas realizadas em cada um deles [73].

A avaliação das funcionalidades existentes no PCE é realizada através de

um questionário que pode ser respondido pela organização por telefone, via

online ou até mesmo via o�ine. No �nal do estudo, as informações recolhidas

acerca da instituição de saúde são enviadas para a equipa da HIMSS Analy-

tics, que realiza uma análise detalhada dos dados e dentro de uma a duas

semanas envia, via e-mail, um relatório com a pontuação e o nível alcança-

dos pela instituição. A pontuação obtida é representada no formato 'Sxxxx',

onde 'S' diz respeito ao nível atingido e 'xxxx' à pontuação ponderada, que

pode variar entre 0 e 70000 [72].

Depois do sucesso atingido pela EMRAM nos EUA e no Canadá, este

modelo expandiu-se também para a Ásia e para a Europa. O modelo euro-

peu é constituído, tal como o EMRAM, por oito níveis distintos [74,75]:

Page 108: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.3. MEDICAL RECORD ADOPTION MODEL 89

Nível 0

O hospital já deve possuir algum nível de informatização, no entanto os

principais sistemas clínicos dos departamentos auxiliares focados no utente

(laboratório, farmácia e radiologia) não se encontram implementados. Para

além disto, o processamento da informação online dos departamentos auxili-

ares, por parte de prestadores de serviços externos, também não se veri�ca.

Nível 1

Para que seja atingido o Nível 1 um dos seguintes requisitos terá de se

veri�car:

• Os principais sistemas clínicos dos departamentos auxiliares encontram-

se implementados no hospital.

• A informação contida nos sistemas clínicos dos departamentos auxilia-

res pode ser acedida e processada online.

Nível 2

A informação dos sistemas clínicos auxiliares deverá ser enviada para um

sistema que possibilita o acesso médico, permitindo a sua análise e recupe-

ração dos dados centrados no utente. O sistema em causa deverá conter

um mecanismo de controlo de vocabulário médico, como por exemplo o Sys-

tematized Nomenclature of Medicine (SNOMED), que permita a conversão

dos dados para um formato que possibilite a sua incorporação no PCE como

dados estruturados. Para além disto, o sistema deve também conter um

mecanismo de suporte à decisão médica (Clinical decision support system

(CDSS)), com regras que veri�quem possíveis con�itos e que garanta o acesso

à informação dos sistemas de documentação imagiológica.

Page 109: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

90CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

Para além disto, o hospital deve garantir a interoperabilidade entre as

partes interessadas do utente, permitindo a partilha de informações de saúde.

Nível 3

A informação clínica e de enfermagem deverá estar implementada e inte-

grada no PCE em pelo menos um dos serviços do hospital. Para além disto,

o sistema de suporte à decisão clínica deve ser capaz de realizar a veri�cação

de possíveis erros, evitando con�itos na interação medicamentosa, nutricio-

nal ou laboral, com base na informação disponível na farmácia. Por �m, é

ainda necessário garantir que as imagens médicas sejam disponibilizadas fora

do departamento radiológico através de um Picture Archiving and Commu-

nication System (PACS) recorrendo, por exemplo, à intranet da organização.

Nível 4

Para que o hospital seja classi�cado com o nível 4 é necessário que a en-

trada de instruções médicas (Computerized physician order entry (CPOE))

e/ou a prescrição de medicamentos (por exemplo ePrescribing) seja realizada

de forma computorizada no hospital. Para além disto, esta informação deve

estar integrada, tanto na documentação clínica e de enfermagem como no

PCE, estando assim disponíveis para todos os médicos que a pretendem con-

sultar.

Neste nível, o hospital deverá ter disponível um sistema de suporte à decisão

clínica baseado em protocolos médicos.

Nível 5

O hospital deverá possuir um sistema de PACS completo que forneça

imagens médicas requeridas pelos médicos através das intranet existentes na

organização.

Page 110: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.3. MEDICAL RECORD ADOPTION MODEL 91

Nível 6

É necessário garantir neste nível que toda a documentação médica (evo-

lução do utente, consultas, alta, diagnósticos, etc) esteja implementada em

pelo menos um serviço de atendimento ao utente.

O hospital deverá possuir um CDSS que possibilite a orientação das ativi-

dades clínicas e que apresente alertas de con�itos e variações existentes em

relação aos protocolos de�nidos.

Para além disto, é necessário garantir a existência de um circuito fechado no

ambiente de administração de medicamentos e a implementação e integra-

ção do Electronic Medication Administration Record (eMAR) com o CPOE

e / ePrescribing / farmácia, de forma a garantir a segurança dos utentes

aquando a administração de medicamentos.

Por �m, as tecnologias de identi�cação automática de medicamentos (código

de barras, Radio-Frequency IDenti�cation (RFID), Automated Dispensing

Machines (ADM), dupla assinatura eletrónica)devem nesta fase se encontrar

disponíveis no hospital.

Nível 7

Nesta fase, o ambiente hospitalar deverá estar totalmente livre de papel

relativamente à prestação e gestão dos cuidados de saúde. O PCE adotado

pelo hospital deve possuir um conjunto completo de dados, imagens médi-

cas e imagens de documentos relacionadas com o utente. Estas informações

clínicas devem ser facilmente compartilhadas, entre todas as entidades auto-

rizadas a prestar cuidados de saúde aos utentes e com outras instituições de

saúde (hospitais não associados, administração, clínicas ambulatórias, etc),

através de transações eletrónicas normalizadas.

Para além disto, é necessário garantir a existência de um banco de dados

(Clinical data warehouses) para que estes sejam facilmente utilizados para a

análise de padrões de forma a maximizar a qualidade dos cuidados prestados

e a segurança do utente.

Page 111: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

92CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

6.4 Benefícios da adoção de um PCE completo

A adoção acelerada do PCE, nas instituições de saúde nos últimos anos,

conduziu ao desenvolvimento de vários estudos de avaliação da capacidade de

estes sistemas produzirem benefícios clínicos substanciais, que sobreponham

o investimento associado à sua implementação. No entanto, os resultados

obtidos mostraram-se controversos, uma vez que alguns deles apontam para

um balanceamento positivo entre os benefícios e os custos associados à im-

plementação do sistema, e outros para um balanceamento negativo [76]. A

divergência entre os resultados obtidos, impulsionou a HIMSS Analytics a

desenvolver dois estudos sobre este assunto, baseados num grande volume de

dados clínicos. [76].

O primeiro estudo, realizado em Fevereiro de 2012, apresenta os benefícios

associados a hospitais distinguidos com níveis seis e sete do EMRAM. Para

a realização do estudo, foram enviados inquéritos via email a 180 hospitais.

Dos 180 hospitais, 30 deles aceitaram colaborar, estando classi�cados 6 deles

no nível 6 e 33 no nível 7 do EMRAM. O estudo realizado permitiu concluir

que a promessa da melhoria da qualidade clínica, o aumento da segurança

dos utentes e a e�cácia dos serviços prestados, foram as principais razões

que levaram estas organizações a implementarem um PCE completo. De

forma a encontrar evidencias desses mesmos benefícios as organizações de

saúde realizam estudos anualmente, cujos resultados foram partilhados nos

questionários enviados pela HIMSS Analytics.

Foi possível concluir, com o estudo efetuado, que a obtenção de um PCE

completo permite alcançar uma ampla gama de benefícios. O aumento da

qualidade clínica e segurança dos utentes foi veri�cada em todos as organi-

zações de saúde que colaboraram com o estudo, sendo retratados, a título de

exemplo, uma melhoria nas métricas de Tromboembolismo Venoso e Insu�ci-

ência Cardíaca, e ainda uma redução dos Eventos Adversos a Medicamentos

(EAM) e da mortalidade. Para além disto, também foi veri�cado uma série

de benefícios operacionais e administrativos, como por exemplo a melhoria

da qualidade da documentação e redução de custos clínicos [77].

O estudo realizado em Agosto de 2014 baseia-se em dados clínicos obtidos

Page 112: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.4. BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO DE UM PCE COMPLETO 93

a partir da HealthGrades e relativos a 5.583 hospitais dos Estados Unidos

(EU). De uma forma muito geral, neste estudo é calculada a taxa atual e

prevista da mortalidade para cada hospital em análise, procedendo posteri-

ormente a métodos estatísticos que permitem determinar se o desempenho

destes é melhor ou pior relativamente ao esperado. Os resultados obtidos, de-

monstram que existe uma relação entre o nível do PCE adotado, classi�cado

segundo o EMRAM, e o desempenho do hospital na prestação de cuidados

de saúde. Para além disto, este estudo sublinha o facto de os hospitais dis-

tinguidos com níveis prestigiados pelo EMRAM, apresentarem um conjunto

substancial de benefícios para a instituição de saúde e para os seus utentes,

tal como concluído no estudo realizado em Fevereiro de 2013 [76].

De entre os vários níveis de�nidos pelo EMRAM, os níveis 6 e 7 são con-

siderados os níveis de prestígio, uma vez que a eles estão associados um PCE

muito completo. Os hospitais distinguidos com um destes níveis, são reco-

nhecidos por apresentar excelentes práticas clínicas e por terem ultrapassado

desa�os chave, no sentido de alcançar um ambiente hospitalar livre de pa-

pel. Estes hospitais, apresentam uma vantagem competitiva relativamente

àqueles que não atingiram níveis tão elevados, apresentando qualidade de

desempenho, de atendimento e segurança dos utentes. Todo este prestígio a

eles associado deve-se, fundamentalmente, ao facto de estes hospitais apoia-

rem a partilha de informação entre os diversos departamentos hospitalares,

bem como a troca de informação entre outras organizações. Para alcançar

o nível 6, além da colheita de dados é necessária a realização de uma entre-

vista conduzida por telefone. O nível 7 implica, para além dos momentos de

avaliação anteriormente descritos, uma visita à organização de saúde [78].

Nos EU, existem 179 hospitais creditados com o nível sete do EMRAM,

sendo a Califórnia o estado com mais hospitais reconhecidos com tal nível,

44, seguido pelo Texas com 18 hospitais. Os estados restantes possuem me-

nos de 12 hospitais cada um.

Na Ásia, o número de hospitais reconhecido com o nível sete do EMRAM é

apenas dois, o Seoul National University Bundang Hospital, na Korea, e o

Peking University People's Hospital, na China. Apesar do reduzido número

de hospitais classi�cados com o nível sete do modelo, existem 21 hospitais

Page 113: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

94CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

muito perto de atingirem este nível. Na Europa a situação é muito seme-

lhante à da Ásia, existem apenas dois hospitais catalogados com o nível sete

do EMRAM, o University Medical Center Hamburg-Eppendorf (UKE), em

Hamburgo, Alemanha em Novembro de 2011 e o Hospital de Dénia Marina

Salud S.A., em Dénia, Espanha, em Maio de 2012. Apesar de um número

bastante reduzido de hospitais classi�cados com o nível sete na Europa, exis-

tem 41 hospitais que já atingiram o nível seis e por isso encontram-se muito

próximos de alcançar o nível mais prestigiado. Em Portugal não existe até

ao momento qualquer registo de hospitais classi�cados com o nível seis ou

sete pelo modelo [78].

6.5 Aplicação do EMRAM

Com o intuito de avaliar o PCE implementado no CHAA, procedeu-se à

aplicação do modelo anteriormente descrito.

Numa primeira fase, procedeu-se à realização de uma entrevista a um

administrativo do hospital experiente e com conhecimento pormenorizado

sobre os sistemas de informação que garantem o PCE, uma vez que este

também é o método utilizado pela HIMSS Analytics, sempre que alguma

instituição de saúde se propõe a avaliar o PCE implementado.

A �nalidade da realização da entrevista assenta na determinação de quais

das funcionalidades, de�nidas pelo modelo EMRAM, existem no CHAA, exis-

tindo apenas duas alternativas de resposta: função disponível ou função não

disponível. O facto de algumas das funcionalidades serem de carácter muito

geral e de o entrevistado ter sempre de decidir por uma de duas respostas

totalmente opostas, levou a que se opta-se por uma entrevista e não pelo

envio de um simples questionário, permitindo assim a discussão das questões

com o entrevistado.

Optou-se pela realização de uma entrevista estruturada. Desta forma,

elaborou-se uma folha de registo recorrendo à ferramenta Google docs, dispo-

nível para consulta no Apêndice C. Após uma leitura cuidada de cada um dos

níveis do EMRAM, foram ressalvadas as características determinantes para

atingir cada um dos níveis. Estas características foram alvo de tratamento e

Page 114: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.6. RESULTADOS 95

inseridas na folha de registo.

6.6 Resultados

Tal como descrito anteriormente, através da análise ao PCE do CHAA,

pretende-se aferir quais as funcionalidades e características nele presentes,

em comparação com as descritas pelo EMRAM, de modo a de�nir o nível de

classi�cação do mesmo em conformidade com o modelo.

Pela análise da entrevista realizada, pode-se concluir que os principais

sistemas clínicos dos departamentos auxiliares (laboratório, farmácia e radi-

ologia) encontram-se implementados e em funcionamento no CHAA. A vin-

culação destes sistemas com o PCE permite o registo eletrónico de requisição

de exames a estes departamentos, bem como a elaboração e registo dos seus

relatórios correspondentes.

Com a veri�cação das funcionalidades descritas é alcançado o nível um

do EMRAM.

O nível dois do EMRAM é alcançado pelo hospital, uma vez que o acesso

médico aos dados centrados no utente, relativos a pedidos e resultados de

exames é garantido para posterior análise. A juntar a isto, veri�cou-se tam-

bém que os sistemas que garantem o PCE são dotados de um mecanismo

de controlo de vocabulário médico (Tabela da portaria) e de veri�cação de

possíveis erros. O primeiro, garante a normalização dos dados inseridos pelos

pro�ssionais de saúde, de forma a que estes sejam incorporados como dados

estruturados. O mecanismo de veri�cação de erros, fornece alertas informa-

tivos sobre possíveis erros de inserção de dados relativos aos utentes. Estas

duas ferramentas facilitam o trabalho dos pro�ssionais de saúde e a indexa-

ção de informação médica, promovendo ainda a segurança dos utentes com

o aumento da qualidade da informação. Para além disto, a normalização

dos dados, para posterior incorporação no PCE, facilita a recolha dos mesmo

para aplicação de algoritmos de pesquisa, consulta e comparação estatística,

produzindo informação de elevado valor para a prática clínica, que de outra

forma se tornaria inacessível.

A obtenção do nível três pelo CHAA é alcançado, visto que foi veri�cada a

Page 115: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

96CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

integração do PCE na informação clínica e de enfermagem relativa aos uten-

tes, em pelo menos um dos serviços do hospital, como é o caso do serviço de

internamento. Concluiu-se também, que os sistemas do hospitais que permi-

tem o PCE são dotados de um mecanismo de deteção de possíveis con�itos,

que de alguma forma impedem o médico de prescrever determinados medi-

camentos ou determinados exames, como é o caso de alergias dos utentes a

determinados medicamentos, interações medicamentosas e contra indicações,

garantido assim uma maior segurança dos utentes. Para além deste meca-

nismo, veri�cou-se também a existência de um sistema de registo eletrónico

de administração de medicamentos. Este sistema permite que toda a medi-

cação administrada aos utentes do hospital seja registada eletronicamente,

aumentando assim a segurança dos mesmos, com a redução signi�cativa de

ocorrência de erros humanos (por exemplo, ilegibilidade do nome ou dosagem

do medicamento administrado). Este nível �ca completo com a implemen-

tação de um sistema PACS veri�cado no CHAA. A implementação deste

sistema, permite a digitalização, pós-processamento, distribuição e armaze-

namento de imagens médicas provenientes dos mais diversos equipamentos.

A utilização deste tipo de tecnologia e a disponibilidade de acesso às ima-

gens médicas pelos pro�ssionais de saúde, através da intranet do hospital,

acarreta um conjunto de benefícios. O acesso eletrónico às imagens médicas

permite a redução do tempo de espera dos pro�ssionais de saúde e utentes

para posterior análise e obtenção do diagnóstico, reduzindo ainda os custos

e impactos ambientais associados à impressão dos �lmes radiológicos.

Os requisitos de�nidos pelo EMRAM para o nível quatro foram veri�cados

para o CHAA. O sistema implementado permite que a prescrição e pedidos

de exames médicos, bem como que as instruções orientadas ao tratamento

de utentes sejam efetuadas eletronicamente, excluindo assim a utilização de

métodos tradicionais, como é caso da prescrição em papel e instruções ver-

bais. Desta forma, garante-se uma redução do tempo que vai desde o pedido

de exame à marcação do mesmo pelo utente, e a legibilidade da informação.

É de notar que, as instruções dadas pelos médicos encontram-se disponíveis

na documentação clínica e de enfermagem.

Uma vez que o sistema PACS encontra-se completamente instalado e em

Page 116: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.6. RESULTADOS 97

pleno funcionamento no CHAA, os requisitos de�nidos para atingir o quinto

nível são então alcançados.

A obtenção do nível seis implica a veri�cação de quatro requisitos distin-

tos. A existência de pelo menos um dos serviços do hospital que não recorra

à utilização de documentação em papel na gestão dos cuidados de saúde, é o

requisito principal para alcançar o nível. Com a avaliação realizada veri�cou-

se que o serviço de internamento satisfaz tal requisito, contendo toda a in-

formação clínica, desde a evolução do utente até à documentação relativa

a consultas, alta e diagnóstico, disponível eletronicamente. Comprovou-se

também a existência de mecanismos que possibilitam a orientação de ativi-

dades clínicas, enviando alertas de con�itos e variações existentes em relação

aos protocolos médicos de�nidos. Para além disto, o hospital detém também

de um circuito fechado no ambiente de administração de medicamentos. A

implementação de tecnologias de identi�cação automática de medicamentos,

como por exemplo códigos de barras, RFID, ADM, é quarto requisito de�nido

pelo modelo para que este nível seja alcançado.

As ferramentas de identi�cação automática de medicamentos acarretam

um conjunto de benefícios para a instituição de saúde e para os seus utentes,

diminuindo a ocorrência de erros. A sua utilização permite num primeiro

nível, veri�car se o medicamento certo está a ser administrado ao utente

certo, na dose, via e hora certa (regra dos cinco certos). Para além disto,

este tipo de ferramentas apoia o trabalho dos enfermeiros responsáveis pela

administração de medicamentos, bem como os responsável pela sua gestão no

ambiente hospitalar. O controlo do stock de medicamentos e o fornecimento

de informações relativas a contra-indicações e ações clínicas importantes que

são necessárias realizar aquando a sua administração, são algumas dessas van-

tagens. Num nível mais avançado, a automatização deste processo, permite

a realização de estudos para avaliação de padrões (por exemplo, a determi-

nação percentual de atrasos na administração de medicamentos e erros de

omissão).

No entanto, estas tecnologias não se encontram implementadas no hospi-

tal, impedindo a catalogação do hospital em tal nível. Tal como descrito na

secção teórica do modelo, basta que um dos requisitos de um determinado

Page 117: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

98CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

nível não seja veri�cado, para que automaticamente o nível não possa ser

alcançado. No entanto, apesar do hospital não completar o nível seis existem

funcionalidades descritas no nível sete que foram veri�cadas, permitindo-lhe

a obtenção de uma pontuação mais elevada.

A catalogação do PCE do CHAA no o nível sete exige, como requisito

primordial, um ambiente hospitalar totalmente livre de papel na entrega de

cuidados aos utentes. Com a entrevista realizada, concluiu-se que pratica-

mente todos os serviços do CHAA ainda utilizam documentação em papel na

gestão de alguns cuidados de saúde. Para além disto, o hospital não dispõe

de Clinical data warehouses para a análise de padrões de dados clínicos, o

que provoca o incumprimento de outro requisito de�nido. Apesar disto, é

de realçar que o sistema veri�ca todas as outras condições impostas para a

obtenção do nível sete, uma vez que contém um conjunto completo de dados

e imagens médicas relativas a cada um dos utentes, que são facilmente com-

partilhados eletronicamente entre todas as entidades autorizadas a prestar

cuidados de saúde, bem como com outras instituições.

6.7 Conclusão

Findado o estudo realizado ao sistema de informação geral do CHAA,

conclui-se que este cumpre todos os requisitos necessários para a sua cata-

logação no nível cinco do EMRAM. Para além disto, foi possível comprovar

que, apesar de o hospital não preencher todos os requisitos do nível seis, e

por isso não conseguir alcança-lo, este cumpre alguns dos requisitos de�nidos

para alcançar o nível sete.

Apesar de o nível cinco já ser considerado um nível de referência pelo

EMRAM, o objetivo principal de qualquer instituição de saúde é alcançar o

nível mais prestigiado, o nível sete. Para que o PCE possa ser considerado

como uma referência de topo e para que seja possível desfrutar-se de todos os

benefícios que dai advém, é necessária a introdução de algumas alterações,

tanto nos sistemas, como no hospital. O estudo realizado permitiu concluir

que, antes de o hospital pensar em veri�car os requisitos necessários para

alcançar o nível sete, este necessita de implementar alguma das ferramen-

Page 118: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

6.8. TRABALHO FUTURO 99

tas existentes para a identi�cação automática de medicamentos, usufruindo

assim de todos os benefícios a estas associados.

6.8 Trabalho futuro

Para alcançar um hospital livre de papel a instituição de saúde deverá

agora concentrar-se em alcançar os requisitos de�nidos para o nível superior

ao qual foi catalogado. Como descrito anteriormente, o PCE existente no

CHAA, possui todas as características para a sua classi�cação no nível cinco

do EMRAM, uma vez que não veri�ca um dos requisitos de�nidos para atingir

o nível seis. Apesar de o objetivo principal de qualquer instituição de saúde

se focar na obtenção do nível sete, é crucial numa primeira fase alcançar

os objetivos de�nidos para os níveis mais inferiores a este. Neste sentido,

o CHAA deve primeiro reunir esforços no sentido de alcançar o nível seis e

só depois pensar em preencher todos os requisitos necessários para atingir o

nível sete.

Da avaliação realizada, a obtenção do nível seis do EMRAM só não foi

possível pela falha de um único requisito, a existência de ferramentas de

identi�cação automática de medicamentos. Desta forma, o próximo passo

a ser dado pelo CHAA para a obtenção de um PCE completo, consiste na

implementação de algum tipo de ferramenta de identi�cação automática de

medicamentos como é o caso, por exemplo, da dupla assinatura eletrónica,

RFID ou código de barras.

Futuramente, veri�cado este requisito é fundamental voltar a realizar uma

nova aliação ao sistema de informação implementado no CHAA de forma a

veri�car se o nível seis foi realmente alcançado. Posteriormente, o hospital

deverá começar a preencher os requisitos em falha, descritos ao longo do

estudo, para a obtenção do nível sete e assim alcançar um ambiente hospital

livre de papel.

Page 119: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

100CAPÍTULO 6. AVALIAÇÃODO PROCESSO CLÍNICO ELETRÓNICO

Page 120: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Capítulo 7

Principais Conclusões

A introdução das Tecnologias de Informação (TI) no ambiente hospi-

tal permitiu reunir todas as condições necessárias para a implementação do

Processo Clínico Eletrónico (PCE) nas instituições de saúde, comportando

inúmeras vantagens, tanto para os pro�ssionais de saúde como para utentes e

administrativos. A informação clínica é assim facilmente acedida e analisada,

impulsionando à melhoria dos cuidados prestados e à diminuição de possíveis

erros médicos no processo de decisão. No entanto, a baixa usabilidade deste

tipo de sistemas é apontada como o principal determinante da sua adoção

nestes ambientes.

No Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) a plataforma de Agencia para

a Integração, Difusão e Arquivo de Informação Médica e Clínica (AIDA) per-

mite a difusão, armazenamento e partilha de informação clínica entre os di-

ferentes sistemas de informação que garantem o registo eletrónico dos dados.

Desta forma, o sistema garante o sucesso e as funcionalidades inerentes ao

PCE do hospital.

A avaliação Heuristic Evaluation realizada ao sistema AIDA no CHAA,

permitiu veri�car que este sistema foi concebido, não só com as atenções vol-

tadas para o registo do Processo Clínico (PC), mas também para o uso estra-

tégico e adequado dos seus utilizadores �nais. No entanto, durante tal avali-

ação foram detetados quatro problemas de usabilidade distintos, dois classi�-

cados como super�ciais e outros dois como pequenos problemas. Veri�cou-se

101

Page 121: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

102 CAPÍTULO 7. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

assim, que o sistema AIDA não fornece informações pormenorizadas aos seus

utilizadores aquando o processamento de determinada ação e não permite

a automatização de tarefas como a deteção de parâmetros em falha no pre-

enchimento dos formulários. Para além disto, concluiu-se também que o

sistema deve fornecer alertas para relembrar o utilizador de guardar a infor-

mação registada, de forma a impedir a perda da informação. Relativamente

à disposição do menu de pesquisa foram detetadas falhas na sua organização

que in�uência a e�cácia da realização das tarefas de pesquisa por exame.

Com a aplicação do Modelo de Aceitação da Tecnologia (TAM) para a

avaliação da aceitação do sistema pelos seus utilizadores �nais, foi possível

concluir que, de uma forma geral, os utilizadores tem a perceção da utilidade

prática do sistema e da sua importância no aumento da qualidade dos cuida-

dos de saúde e segurança dos utentes. No que diz respeito às funcionalidades

do sistema, veri�cou-se que de uma maneira geral os utilizadores conseguem

realizar as suas tarefas facilmente recorrendo à plataforma AIDA. No en-

tanto, na análise realizada foram apontados alguns pontos fracos ao sistema,

como o tempo de registo da informação e visibilidade dos níveis de prioridade

dos pedidos de exame.

Como comparação dos dois métodos utilizados, veri�cou-se que a maior

parte dos problemas de usabilidade detetados pelo método heuristic evalua-

tion foram também detetados pela avaliação realizada com recurso ao TAM.

Por �m, relativamente à avaliação realizada ao PCE implementado no

CHAA, recorrendo ao

Medical Record Adoption Model (EMRAM), veri�cou-se que o hospital tem

todas as condições reunidas para a sua catalogação no nível cinco. Para

além disto, concluiu-se que a implementação de ferramentas de identi�cação

automática de medicamentos deve ser o próximo passo a seguir pelo hospital

para a obtenção de um ambiente hospitalar livre de papel.

7.1 Trabalho futuro

É de elevada importância que as avaliação de usabilidade ao sistema AIDA

não �quem por aqui. Na presente dissertação, foram realizadas duas avalia-

Page 122: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

7.1. TRABALHO FUTURO 103

ções distintas ao sistema, uma focada nos avaliadores e outra nos utilizadores

�nais do mesmo. No entanto, não foi possível avaliar a interação real dos utili-

zadores com a plataforma de registo de exames, para obter informações sobre

o seu comportamento cognitivo e estratégias adotadas aquando a executar

das suas tarefas com recurso ao sistema. Desta forma, é essencial que num

futuro próximo sejam reunidas as condições necessárias para a realização de

uma avaliação de usabilidade recorrendo ao método Think Aloud Protocol.

Nas avaliações de usabilidade realizadas ao sistema AIDA, foram identi�-

cados alguns problemas de usabilidade, no sentido de determinar aquilo que

é necessário alterar na interface do sistema para promover a sua facilidade de

utilização. Para cada um dos problemas detetados, em cada uma das avalia-

ções, foram sugeridas possíveis soluções para os ultrapassar, sendo essencial

futuramente avaliar tais soluções e proceder à alteração do sistema. Desta

forma deve-se então:

• Promover a visibilidade do feedback do sistema aquando a execução de

determinada tarefa;

• Reduzir o tempo de registo da informação;

• Promover a automatização de processos;

• Melhorar a organização da apresentação da informação aquando a pes-

quisa por tipo de exame laboratorial;

• Promover a visibilidade da prioridade dos exames a registar.

Posteriormente à alteração do sistema, novas avaliações devem ser rea-

lizadas de forma a avaliar se os problemas anteriormente detetados forma

realmente ultrapassados. Para além disto, é de extrema importância expan-

dir a avaliação realizada com recurso a questionários a outros serviços do

hospital, de forma a validar os resultados obtidos.

Relativamente à avaliação geral do sistema de informação implementado

no CHAA, veri�cou-se a necessidade de implementação de ferramentas que

permitam a identi�cação automática de medicamentos e assim �car mais

próximo da obtenção de um ambiente hospitalar livre de papel.

Page 123: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

104 CAPÍTULO 7. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Page 124: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Bibliogra�a

[1] R. Blaser, M. Schnabe, D. Mann, P. Jancke, K. A. Kuhn, and R. Lenz, �Potential

prevention of medical errors in casualty surgery by using information technology,� In

Proceedings of the 2004 ACM Symposium on Applied Computing, vol. 4, pp. 285�290,

2004.

[2] C. Technology, B. Services, and I. Medicine, �Health IT and Patient Safety: Building

Safer Systems for Better Care. National Academies Press,� In Proceedings of the 2004

ACM Symposium on Applied Computing, pp. 285�290, 2012.

[3] R. Lenz, R. Blaser, M. Beyer, O. Heger, C. Biber, M. Baaumlein, and M. Schnabel,

�It support for clinical pathways - lessons learned,� I.J. Medical Informatics, pp.

397�402, 2007.

[4] R. Haux, �Health information systems - past, present, future.� International journal

of medical informatics, vol. 75, no. 3-4, pp. 268�81, 2006. [Online]. Available:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16169771

[5] H. Peixoto, M. Santos, A. Abelha, and J. Machado, �Intelligence in Interoperability

with AIDA,� Lecture Notes in Computer Science (including subseries Lecture Notes

in Arti�cial Intelligence and Lecture Notes in Bioinformatics), vol. 7661 LNAI, pp.

264�273, 2012.

[6] A. Abelho, C. Alberto, J. o. Neves, J. Machado, and J. Neves, �O processo clínico

electrónico,� 2008.

[7] E. Coiera, Guide to Health Informatics (2nd ed). London: Hodder Arnold., 2003.

[8] J. Duarte, �Qualidade e Normalização do Registo no Processo Clínico Electrónico,,�

Ph.D. dissertation, Departamento de Informática da Universidade do Minho, Braga,

Portugal, 2008.

[9] R. Pereira, J. Duarte, M. Salazar, M. Santos, J. Neves, A. Abelha, and J. Machado,

�Usability evaluation of electronic health record. Biomedical Engineering and Scien-

ces (IECBES),� Biomedical Engineering and Sciences (IECBES), 2012 IEEE EMBS

Conference, pp. 359�364, 2012.

105

Page 125: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

106 BIBLIOGRAFIA

[10] A. Abran, A. Khelil, W. Suryn, and A. Seah, �Usability meanings and interpretations

in iso standards,� Software Quality Journal, vol. 11, no. 4, pp. 325�338, 2003.

[11] K. Häyrinen, K. Saranto, and P. Nykänen, �De�nition, structure, content, use

and impacts of electronic health records: a review of the research literature.�

International journal of medical informatics, vol. 77, no. 5, pp. 291�304, May 2008.

[Online]. Available: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17951106

[12] L. W. P. Peute, R. Spithoven, and P. J. M. Bakker, �Usability Studies on Interactive

Health Information Systems ; Where Do We Stand ?� IOS Press, pp. 327�332, 2008.

[13] V. McLean, �Electronic health records overview,� MITRE Centre for Enterprise Mo-

dernization, National Institutes of Health National Centre for Research Resources,

2006.

[14] HIMSS, �De�ning and Testing EMR Usability : Principles and Proposed Methods of

EMR Usability Evaluation and Rating,� 2009.

[15] A. Abelha, �Multi-Agent Systems to Support Cooperative Work in Health Care

Units,� Ph.D. dissertation, Universidade do Minho, Braga, Portugal, 2004.

[16] A. Pereira, �Dever de Documentação, Acesso ao Processo Clínico e sua Propriedade.

Uma perspetiva europeia.� Revista Portuguesa do Dano Corporal, no. 16, pp. 9�24,

2006.

[17] P. Iyer, B. Levin, and M. Shea, �Medical Legal Aspects of Medical Records,� Lawyers

and Judges Publishing Company, 2006.

[18] V. Slee, D. Slee, and J. Schmidt, �The Endangered Medical Record: Ensuring Its

Integrity in the Age of Informatics,� Tringa Press., 2000.

[19] R. Dick and E. Steen, �The Computer-Based Patient Record - An Essential Techno-

logy for Health Care.� Washington, DC: National Academy Press., 1991.

[20] A. Pereira, �Registos Clínicos Electrónicos - Apontamentos da Disciplina de Introdu-

ção à Informática Médica ,� Ph.D. dissertation, Faculdade de Medicina da Universi-

dade do Porto, 2003.

[21] S. Kay and I. Purves, �Medical Records and Other Stories: A Narrational Fra-

mework.� Methods of Information in Medicine, vol. 35, pp. 72�87, 1996.

[22] J. Barreto and P. Paiva, �O Registo Clínico Orientado por Problemas,� Revista da

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, vol. 15, no. 3, pp. 201�206, 2008.

[23] P. F. D. Stanford University. Computer Science Dept. Knowledge Systems Labora-

tory, Tang and E. Shortli�e, Traditional Hospital Records as a Source of Clinical Data

in the Outpatient Setting, 1994.

Page 126: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

BIBLIOGRAFIA 107

[24] G. Onady and M. Raslich, �Evidence-based Medicine: Searching Literature and Da-

tabases for Clinical Evidence,� Pediatrics in Review, vol. 25, no. 10, pp. 358�363,

2004.

[25] C. Nowinski, S. Becker, K. Reynolds, J. Beaumont, C. Caprini, E. Hahn, A. Pe-

res, and B. Arnold, �The Impact of Converting to an Electronic Health Record on

Organizational Culture and Quality Improvement,� International Journal of Medical

Informatics, vol. 76, no. 1, pp. 174�183, 2006.

[26] K. Häyrinen, K. Saranto, and P. Nykänen, �De�nition, structure, content, use and im-

pacts of electronic health records: A review of the research literature,� International

Journal of Medical Informatics, vol. 77, no. 5, pp. 291�304, 2008.

[27] S. Haas, S. Wohlgemuth, I. Echizen, and G. Müller, �Aspects of privacy for electronic

health records,� International Journal of Medical Informatics, vol. 80, no. 2, pp.

26�31, 2011.

[28] L. Gurley, �Advantages and Disadvantages of the Electronic Medical Record,� Ame-

rican Academy of Medical Administrators, 2004.

[29] E. Gambi, J. Ferreira, and M. Galvão, �A Transição do Prontuário do Paciente em

Suporte Papel Para o Prontuário Eletrónico do Paciente e seu Impacto Para os Pro�s-

sionais de um Arquivo de Instituição de Saúde,� Revista Eletrónica de Comunicação,

Informação e Inovação em Saúde (RECIIS), vol. 7, no. 2, 2013.

[30] A. Kazley, �Do Hospitals With Electronic Medical Records (EMRs) Provide Higher

Quality Care?� Medical Care Research and Review, vol. 65, no. 4, pp. 496�513, 2008.

[31] J. Stausberg, D. Koch, J. Ingenerf, and M. Betzler, �Comparing Paper-based with

Electronic Patient Records: Lessons Learned during a Study on Diagnosis and Pro-

cedure Codes,� Journal of American Medical Informatics Association, vol. 10, no. 5,

pp. 470�477, 2003.

[32] M. Y. Ivory and M. A. Hearst, �Use of Electronic Health Records in U.S. Hospitals,�

New England Journal of Medicine, vol. 360, no. 16, pp. 1628�1638, 2009.

[33] S. Pelayo, F. Anceaux, J. Rogalski, P. Elkin, and M.-C. Beuscart-Zephir, �A Compa-

rison of the Impact of CPOE Implementation and Organizational Determinants on

Doctor-Nurse Communications and Cooperation,� International Journal of Medical

Informatics, vol. 82, no. 12, pp. 321�330, 2012.

[34] J. Machado, M. Miranda, P. Gonçalves, A. Abelha, J. Neves, and A. Marques, �AIDA-

Trace - Interoperation Platform for Active Monitoring in Healthcare Environments,�

8th International Industrial Simulation Conference 2010, ISC 2010, pp. 67�71, 2010.

[35] K. Hornbæk, �Current practice in measuring usability: Challenges to usability studies

and research,� Int. J. Hum.-Comput. Stud., vol. 64, no. 2, pp. 79�102, Feb. 2006.

Page 127: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

108 BIBLIOGRAFIA

[36] J. Viitanen, H. Hypponen, T. Laaveri, J. Vanska, J. Reponen, and I. Winblad, �Na-

tional questionnaire study on clinical ict systems proofs: physicians su�er from poor

usability,� International journal of medical informatics, vol. 80, no. 10, pp. 708�725,

2011.

[37] B. Shackel, �Usability - context, framework, de�nition, design and evaluation,� Inte-

ract. Comput., vol. 21, no. 5-6, pp. 339�346, Dec. 2009.

[38] J. T. Rubin, Handbook of Usability Testing: How to Plan, Design, and Conduct

E�ective Tests, T. Hudson, Ed. New York, NY, USA: John Wiley & Sons, Inc.,

Apr. 1994.

[39] J. Nielsen, Usability Engineering. Morgan Kaufmann Publishers Inc., Apr. 1993.

[Online]. Available: http://dl.acm.org/citation.cfm?id=529793

[40] ISO 9241, �Ergonomic requirements for o�ce work with visual display terminals (

VDTs ) - Part 11 : Guidance on usability,� vol. 1998, 1998.

[41] D. SVANAES, A. DAS, and O. A. Andreas, �The Contextual Nature of Usability and

its Relevance to Medical Informatics,� IOS Press, pp. 541�546, 2008.

[42] B. Middleton, M. Bloomrosen, M. a. Dente, B. Hashmat, R. Koppel, J. M.

Overhage, T. H. Payne, S. T. Rosenbloom, C. Weaver, and J. Zhang, �Enhancing

patient safety and quality of care by improving the usability of electronic

health record systems: recommendations from AMIA.� Journal of the American

Medical Informatics Association : JAMIA, vol. 20, no. e1, pp. e2�8, Jun.

2013. [Online]. Available: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?

artid=3715367&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

[43] E. Liljegren, �Usability in a medical technology context assessment of methods

for usability evaluation of medical equipment,� International Journal of Industrial

Ergonomics, vol. 36, no. 4, pp. 345�352, Apr. 2006. [Online]. Available:

http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0169814106000047

[44] J. Zhang, T. R. Johnson, V. L. Patel, D. L. Paige, and T. Kubose, �Using

usability heuristics to evaluate patient safety of medical devices,� Journal of

Biomedical Informatics, vol. 36, no. 1-2, pp. 23�30, Feb. 2003. [Online]. Available:

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1532046403000601

[45] G. Kopanitsa, Z. Tsvetkova, and H. Veseli, �Analysis of Metrics for the Usability

Evaluation of Electronic Health Record Systems,� European Federation for Medical

Informatics, pp. 129�133, 2012.

[46] A. Khannur, STRUCTURED SOFTWARE TESTING. PartridgeIndia, 2014.

[Online]. Available: http://books.google.com/books?id=-NX-AwAAQBAJ&pgis=1

Page 128: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

BIBLIOGRAFIA 109

[47] M. W. M. Jaspers, �A comparison of usability methods for testing interactive health

technologies: methodological aspects and empirical evidence.� International journal

of medical informatics, vol. 78, no. 5, pp. 340�53, May 2009.

[48] J. Hom, �The Usability Methods Toolbox Handbook,� 1998.

[49] J. Nielsen, �Usability inspection methods,� in Conference companion on Human fac-

tors in computing systems - CHI '95. New York, New York, USA: ACM Press, May

1995, pp. 377�378.

[50] M. Y. Ivory and M. A. Hearst, �The State of the Art in Automated Usability Evalua-

tion of User Interfaces of User Interfaces,� ACM Comput. Surv., vol. 33, no. December,

pp. 470�516, 2001.

[51] J. Zhang and M. F. Walji, �TURF: toward a uni�ed framework of EHR usability.�

Journal of biomedical informatics, vol. 44, no. 6, pp. 1056�67, Dec. 2011. [Online].

Available: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1532046411001328

[52] J. Nielsen and R. Molich, �Heuristic evaluation of user interfaces,� in Proceedings

of the SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems, ser. CHI '90.

New York, NY, USA: ACM, 1990, pp. 249�256.

[53] P. Pires and B. d. C. Filho, �Fatores do Índice de Prontidão à Tecnologia (TRI) como

Elementos Diferenciadores entre Usuários e Não Usuários de Internet Banking e como

Antecedentes,� Revista de Administração Contemporânea, vol. 12, no. 2, pp. 429�456,

2008.

[54] F. D. Davis, R. P. Bagozzi, and P. R. Warshaw, �Use acceptance of computer techno-

logy: a comparison of two theoretical models*,� Management Science, vol. 35, no. 8,

1989.

[55] V. Venkatesh and F. D. Davis, �A Theoretical Extension of the Technology Accep-

tance Model: Four Longitudinal Field Studies,� Management Science, vol. 46, no. 2,

pp. 186�204, Feb. 2000.

[56] F. D. Davis, �A Technology Acceptance Model for empirically testing new end-user

information systems: theory and results,� Ph.D. dissertation, Wayne State University,

1980.

[57] Y. Lee, K. A. Kozar, and K. R. T. Larsen, �The Technology Acceptance Model : Past

, Present , and Future,� Communications of the Association for Information Systems,

vol. 12, pp. 752�780, 2003.

[58] M. Chuttur, �Working Papers on Information Systems Overview of the Technology

Acceptance Model : Origins , Developments and Future Directions,� Working Papers

on Information Systems, vol. 9, pp. 9�37, 2009.

Page 129: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

110 BIBLIOGRAFIA

[59] F. Portela, J. Aguiar, M. F. Santos, A. Abelha, J. Machado, and F. Rua, Assessment

of Technology acceptance in Intensive Care Units, 2013.

[60] C. D. Melas, L. a. Zampetakis, A. Dimopoulou, and V. Moustakis, �Modeling

the acceptance of clinical information systems among hospital medical sta�: an

extended TAM model.� Journal of biomedical informatics, vol. 44, no. 4, pp. 553�64,

Aug. 2011. [Online]. Available: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21292029

[61] F. D. Davis, �Perceived Usefulness, Perceived Ease of Use, and User Acceptance of

Information Technology,� MIS Quarterly, vol. 13, no. 3, pp. 319�340, 2008.

[62] V. Venkatesh, M. G. Morris, G. B. Davis, and F. D. Davis, �USER ACCEPTANCE

OF INFORMATION TECHNOLOGY : TOWARD A UNIFIED VIEW,� MIS Quar-

terly, vol. 27, no. 3, pp. 425�478, 2003.

[63] V. Venkatesh and H. Bala, �Technology Acceptance Model 3 and a Research Agenda

on Interventions,� Decision Sciences, vol. 39, no. 2, pp. 273�315, May 2008. [Online].

Available: http://doi.wiley.com/10.1111/j.1540-5915.2008.00192.x

[64] R. Johns, �SQB Methods Fact Sheet 1: Likert Items and Scales,� Survey Question

Bank: Methods Fact Sheet, vol. 1, no. March, pp. 1�11, 2010.

[65] HIMSS, �History of the Healthcare Information and Management Systems Society

(Formerly Hospital Management Systems Society),� 2013. [Online]. Available: http:

//www.himss.org/�les/HIMSSorg/content/�les/HistoryHIMSS_January2013.pdf

[66] ��, �About Health Information Managment Systems Society | HIMSS.� [Online].

Available: http://www.himss.org/AboutHIMSS/index.aspx

[67] ��, �Outros HIMSS Sites | HIMSS.� [Online]. Available: http://www.himss.org/

about/sites

[68] HIMSS Foundation, �Welcome to the HIMSS Foundation.� [Online]. Available:

http://www.himss.org/about/sites

[69] HIMSS Analytics, �History.� [Online]. Available: http://www.himssanalytics.org/

about/history.aspx

[70] ��, �Who We Serve.� [Online]. Available: http://www.himssanalytics.org/about/

who.aspx

[71] ��, �About Us.� [Online]. Available: http://www.himssanalytics.org/about/index.

aspx

[72] J. P. Hoyt, �State of the Industry: Informatics Perspectives on the EMR Adoption

Model,� 2010. [Online]. Available: http://www.himss.org/News/NewsDetail.aspx?

ItemNumber=6610&navItemNumber=17425

Page 130: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

BIBLIOGRAFIA 111

[73] HIMSS Analytics, �Annual Study.� [Online]. Available: https://www.himssanalytics.

org/data/annualStudy.aspx

[74] HIMSS, �What's next?� [Online]. Available: http://www.himss.eu/analytics

[75] HIMSS Analytics, �EMR Adoption Model for Europe,� p. 2012, 2012.

[76] ��, �EMR E�ectiveness: The Positive Bene�t Electronic Medical Record

Adoption has on Mortality Rates With clinical data and analytics support provided

by Healthgrades,� 2014. [Online]. Available: http://apps.himss.org/content/�les/

HAHealthgradesEMRStudyWhitePaper.pdf

[77] HIMSS Analytics and The Advisory Board Company, �EMR Bene�ts and

Bene�t Realization Methods of Stage 6 and 7 Hospitals Hospitals with

advanced EMRs report numerous bene�ts,� 2012. [Online]. Available: https:

//www.longwoods.com/articles/images/ABC_&_HIMSS_research-1.pdf

[78] H. Analytics, �Awards and Recognition.� [Online]. Available: http://www.

himssanalytics.org/emram/stage7award.aspx

Page 131: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

112 BIBLIOGRAFIA

Page 132: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Apêndice A

Questionário TAM

113

Page 133: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade doProcesso Clínico Eletrónico

O principal objetivo do presente questionário consiste na avaliação do Processo Clínico Eletrónico implementado no Centro Hospitalar do Alto Ave, bem como na determinação do grau de aceitabilidade do sistema por parte dos seus utilizadores. Desta forma, pretende-se com este questionário detetar anomalias do sistema, funcionalidades a melhorar e implementar, tornando-o mais útil e aceite pelos seus utilizadores. Agradecemos desde já a sua disponibilidade para participar no presente inquérito e contribuir para o aprimoramento do sistema. A duração de preenchimento do questionário é de aproximadamente 15 minutos.

*Obrigatório

Em que grupo profissional se insere? *

Médico

Enfermeiro

Técnico

Administrativo

Nível de experiência do utilizador com a tecnologia

Quanto tempo despende com a utilizador de um computador? *

Menos 2 horas/dia

Entre 2 a 4 horas/dia

Mais de 4 horas/dia

Tipo de utilizador *

Totalmente autónomo

Raramente necessita de apoio técnico (menos de 3 vezes/mês)

Necessita regularmente de apoio técnico

Utiliza o computador preferencialmente para: *

E-mail, processador de texto, folhas de cálculo entre outas

Manipulação/Consulta de informação administrativa

Manipulação/Consulta de informação clínica

Manipulação/Consulta de informação de gestão

Com que frequência utiliza o Processo Clínico Eletrónico? *

Nunca utilizei

Com pouca frequência

Frequentemente

Muito frequentemente

Sempre

Há quanto tempo utiliza o Processo Clínico Eletrónico? *

Editar este formulário

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

1 de 10 25/11/2014 14:47

Page 134: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Nunca utilizei

Menos de 1 ano

Entre 1 a 2 anos

Entre 2 a 3 anos

Mais de 5 anos

Sistema AIDA

Classifique as seguintes afirmações de acordo com a escala seguinte :

1 - Concordo totalmente2 - Concordo3 - Concordo em parte4 - Discordo5 - Discordo totalmente6 - Não utilizo

Características funcionais do Processo Clínico Eletrónico: *

1 2 3 4 5 6

Permite o registode informação deforma eficientePermite o acessoà informaçãonecessária para oapoio à decisãoAjuda a atenuarsituações deexcessiva cargade trabalhoPermite um maiorcontrolo de váriastarefas Promoveautomatização detarefas Potencializa umamelhoria doscuidadosprestados aosutentes

Características técnicas do Processo Clínico Eletrónico: *

1 2 3 4 5 6

A procura eanálise dainformação é umatarefa fácilPromove aqualidade deinformação

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

2 de 10 25/11/2014 14:47

Page 135: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5 6

Permite o acessoà informação deuma formasegura O design dosistema éagradávelÉ fácil deidentificar a tarefaque está a serexecutada nomomentoUtiliza umalinguagemsimples A terminologiautilizada éadequada àstarefas a realizarA informação estábem organizada A estrutura dosistema é simplese adequadaO tempo gasto noregisto deinformação éaceitável Permitefacilmentereformular tarefasjá executadasFacilidade nainicialização deactividade nosistema

Funcionalidades especificas do sistema: *

1 2 3 4 5 6

Facilidade de acessoà lista de pedidosrealizados para o seuserviçoOs níveis deprioridade dospedidos/exames sãofacilmenteidentificadosO sistema permitefacilmente aceder alistas de trabalhodiferentes para cadatipo de profissionalclínico(administrativo/técnico/enfermeiro/médico)

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

3 de 10 25/11/2014 14:47

Page 136: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5 6

Os níveis de estadodo sistema sãofacilmenteidentificadosOs alertas enviadospelo sistema parapedidos/exames queestão à mais temponas listas de trabalhosão facilmentevisíveis e percetíveis O sistema permiteregistar facilmente assuas tarefas porcompleto

Um + Um

Consegue realizarcom facilidade assuas tarefas sem ter anecessidade decomunicar (por outromeio que não o dosistema) com os seuscolegas de trabalhoO sistema permitedefinir facilmente umaequipa de trabalho,sendodisponibilizados osprocedimentosseguintes nas listasde trabalho de cadaprofissional clínicopertencente à mesma O sistema permitealterar com facilidadea equipa de trabalhoem qualquermomento do processoO sistema permiteadicionar facilmentenotas/comentários emqualquer parte doprocesso, de formaque os seus colegasidentifiquemfacilmente possíveisanomalias noprocessoFacilidade naexportação dainformação para oSONHO em todas asfases do processo Os relatóriospublicados sãointroduzidoscorrectamente noprocesso clínicoelectrónico

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

4 de 10 25/11/2014 14:47

Page 137: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5 6

O sistema permiteidentificarfacilmente em quefase do processo seencontra umdeterminado utente

Informações adicionais disponibilizadas pelo sistema durante a execução de tarefas: *

1 2 3 4 5 6

As mensagens deerro originadaspelo sistema sãoperceptíveis,permitindo aidentificação doproblema e acontinuação doregisto sem sernecessário oapoio de umtécnico Os alertasclínicosrelacionados como utente sãoperfeitamentevisíveis As instruçõesdisponibilizadaspelo sistema paraa correctarealização de tarefasencontram-sebem localizadasAs instruçõesdisponibilizadassão úteis eperceptíveis Aceitabilidade dotempodespendido pararesolverpequenas falhasno sistemaocorridas duranteo registo O sistema emitealarmes querelembram outilizador danecessidade derealização dedeterminadastarefas

Facilidade de Aprendizagem: *

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

5 de 10 25/11/2014 14:47

Page 138: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5

Facilidade deaprendizagem aoperar com osistemaFacilidade emmemorizar aexecução detarefasAdequação dotempodespendido paraaprender a operardo sistemaA sequência deetapasnecessárias paraa execução detarefas é lógica,facilitando oprocesso deaprendizagemExiste umadependência dafacilidade deactividade com onível deexperiência doutilizador com osistema

Considerações gerais sobre o sistema: *

1 2 3 4 5

A utilização dosistema aumentao seudesempenhoprofissional naorganização desaúdeA utilização dosistema aumentaa suaprodutividade naorganização desaúde A utilização dosistema aumentaa sua eficácia naorganização desaúde O sistema é útilpara realizar assuas tarefas naorganização desaúdeA interacção como sistema é clarae compreensível

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

6 de 10 25/11/2014 14:47

Page 139: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5

Interagir com osistema nãorequer muito doseu esforçomentalO sistema é fácilde utilizarO sistemadesempenha bemas tarefas paraatingir as metasde trabalhodefinidas

Dois + Um

Tem controlosobre a utilizaçãodo sistemaExistem recursosorganizacionaisadequados deapoio ao uso dosistemaSe todos osrecursosnecessários parautilização dosistema fossemdisponibilizados,seria fácilutiliza-lo Possibilita autilizaçãosimultânea deoutros sistemashospitalaresA utilização dosistema éagradável A utilização dosistema édivertidaNo seu trabalho autilização dosistema éimportanteO uso do sistemaé pertinente paraa realização dassuas tarefas naorganização desaúdeOs resultadosobtidos a partir dosistema são dealta qualidade

Relevância do sistema na perspetiva do utilizador *

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

7 de 10 25/11/2014 14:47

Page 140: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5

As pessoas queinfluenciam o seucomportamentopensam que deveutilizar o sistemaAs pessoas quesão importantespara si pensamque deve utilizaro sistemaEm geral aorganizaçãohospitalar é afavor da utilizaçãodo sistemaA utilização dosistema éobrigatória naorganização desaúdeEmbora possaser útil utilizar osistema, a suautilização não éobrigatória no seutrabalho

Dois + Dois

Acha que osistema deve serutilizado pelosseus colegas deprofissãoAs pessoas daorganização desaúde queutilizam o sistematem maisprestígio do queaquelas que nãoo utilizamA utilização dosistema é umsímbolo de statusna organizaçãoSupondo que autilização dosistema não éobrigatória, tendoacesso aosistema teriaintenção deutiliza-lo Pretende utilizar osistema nospróximos meses

Demonstrabilidade de resultados: *

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

8 de 10 25/11/2014 14:47

Page 141: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

1 2 3 4 5

Teria dificudadeem explicar aosoutros osresultados que sepodem obter coma utilização dosistemaTeria dificuldadeem explicar aosoutros asconsequênciasassociadas àutilização dosistemaOs resultados dautilização dosistema sãoevidentes para siTeria dificuldadeem explicar aosoutros osbenefícios dautilização dosistema

Conseguiria realizar as tarefas pretendidas no sistema se: *

1 2 3 4 5

Não houvesseninguém porperto para dizer oque fazerTivesse apenas orecurso de ajudaincorporado nosistemaNinguém tivessemostradopreviamentecomo o fazer

Apreensão do utilizador em relação à utilização do sistema: *

1 2 3 4 5

A utilização dosistema não meassustaTrabalhar com osistema deixa-menervosoTrabalhar com osistema deixa-medesconfortávelTrabalhar com osistema deixa-meansioso

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

9 de 10 25/11/2014 14:47

Page 142: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Com tecnologia

Como se caracterizaria a si próprio quando utiliza computadores: *

Espontâneo

Criativo

Divertido

Normal

Avaliação global *

1 2 3 4 5

De uma formageral estousatisfeito com oSistema

Quais as suas sugestões para atenuar os aspectos menos positivos do sistema?

Quais as suas sugestões para tornar o sistema mais vantajoso?

Quais são na sua opinião os aspectos positivos do sistema?

100%: terminou.

Este conteúdo não foi criado nem aprovado pela Google.

Denunciar abuso - Termos de Utilização - Termos adicionais

Nunca envie palavras-passe através dos Formulários do Google.

Avaliação da Usabilidade e Grau de Aceitabilidade do Processo Clínic... https://docs.google.com/forms/d/1PpnmX0D__2PzDSGMQ9-GlfLZd...

10 de 10 25/11/2014 14:47

Page 143: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

124 APÊNDICE A. QUESTIONÁRIO TAM

Page 144: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Apêndice B

Tabela de constructos

125

Page 145: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Questão PU PEOU BI UB

1. Nível de experiência do utilizador com a tecnologia

1.1. Qual é a sua experiência com a tecnologia?

1.1.1. Quanto tempo despende com a utilização de um computador?

1.1.1.1. Menos 2 horas/dia X X X

1.1.1.2. Entre 2 a 4 horas/dia X X X

1.1.1.3. Mais de 4 horas/dia X X X

1.2 Tipo de utilizador

1.2.1. Totalmente autónomo  X X

1.2.2. Raramente necessita de apoio técnico (menos de 3 vezes/mês) X X

1.2.3. Necessita regularmente de apoio técnico X X

1.3. Utiliza o computador preferencialmente para:

1.3.1. E-mail, processador de texto, folhas de cálculo entre outras X X X X

1.3.2. Manipulação/Consulta de informação administrativa X X X X

1.3.3. Manipulação/Consulta de informação clínica X X X X

1.3.4. Manipulação/Consulta de informação de gestão X X X X

1.4. Com que frequência utiliza o Processo Clínico Eletrónico?

1.4.1. Nunca utilizei X X

1.4.2. Com pouca frequência X X

1.4.3. Frequentemente X X

1.4.4. Muito frequentemente X X

1.4.5. Sempre X X

1.5. Há quanto tempo utiliza o Processo Clínico Eletrónico?

1.5.1. Nunca utilizei  X X

1.5.2. Menos de 1 ano X X

1.5.3. Entre 1 a 2 anos X X

1.5.4. Entre 2 a 3 anos X X

1.5.5. Mais de 5 anos X X

2. Sistema AIDA

2.1. Caracteristicas Funcionais

2.1.1. Permite o registo de informação de forma eficiente X X

2.1.2. Permite o acesso à informação necessária para o apoio à decisão X X

2.1.3. Ajuda a atenuar situações de excessiva carga de trabalho X X X X

2.1.4. Permite um maior controlo de várias tarefas X X X

2.1.5. Promove automatização de tarefas X X X

2.1.6. Potencializa uma melhoria dos cuidados prestados aos utentes X X X

2.2. Caracteristicas Técnicas

2.2.1. A procura e análise da informação é uma tarefa fácil X X X

2.2.2. Promove a qualidade de informação X X X

2.2.3. Permite o acesso à informação de uma forma segura  X X X

2.2.4. O design do sistema é agradável X X

2.2.5. É fácil de identificar a tarefa que está a ser executada no momento X

2.2.6. Utiliza uma linguagem simples X X

2.2.7. A terminologia utilizada é adequada às tarefas a realizar X X

2.2.8. A informação está bem organizada X

2.2.9. A estrutura do sistema é simples e adequada X

2.2.10. O tempo gasto no registo de informação é aceitável   X X X

2.2.11. Permite facilmente reformular tarefas já executadas X X

2.2.12. Facilidade na inicialização de actividade no sistema X X

2.3. Funcionalidades especificas do sistema

Page 146: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.3.1. Facilidade de acesso à lista de pedidos realizados para o seu serviço X

2.3.2. Os níveis de prioridade dos pedidos/exames são facilmente identificados X X

2.3.3.O sistema permite facilmente aceder a listas de trabalho diferentes para cada

tipo de profissional clínico (administrativo/técnico/enfermeiro/médico)X X

2.3.4. Os níveis de estado do sistema são facilmente identificados X X

2.3.5.Os alertas enviados pelo sistema para pedidos/exames que estão à mais tempo

nas listas de trabalho são facilmente visíveis e percetíveis X X

2.3.6. O sistema permite registar facilmente as suas tarefas por completo X X X

2.3.7 Um + Um

2.3.8.Consegue realizar com facilidade as suas tarefas sem ter a necessidade de

comunicar (por outro meio que não o do sistema) com os seus colegas de

trabalhoX X X X

2.3.9.O sistema permite definir facilmente uma equipa de trabalho, sendo

disponibilizados os procedimentos seguintes nas listas de trabalho de cada

profissional clínico pertencente à mesmaX X

2.3.10.O sistema permite alterar com facilidade a equipa de trabalho em qualquer

momento do processoX X

2.3.11.O sistema permite adicionar facilmente notas/comentários em qualquer parte do

processo, de forma que os seus colegas identifiquem facilmente possíveis

anomalias no processoX X X

2.3.12.Facilidade na exportação da informação para o SONHO em todas as fases do

processoX

2.3.13.Os relatórios publicados são introduzidos correctamente no processo clínico

electrónicoX X

2.3.14.O sistema permite identificar facilmente em que fase do processo se encontra

um determinado utenteX X X

2.4 Informações adicionais disponibilizadas pelo sistema:

2.4.1.As mensagens de erro originadas pelo sistema são perceptíveis, permitindo a

identificação do problema e a continuação do registo sem ser necessário o

apoio de um técnicoX X

2.4.2. Os alertas clínicos relacionados com o utente são perfeitamente visíveis  X

2.4.3.As instruções disponibilizadas pelo sistema para a correcta realização de

 tarefas encontra-se bem localizadasX X X

2.4.4. As instruções disponibilizadas são úteis e perceptíveis  X X

2.4.5.Aceitabilidade do tempo despendido para resolver pequenas falhas no sistema

ocorridas durante o registo X

2.4.6.O sistema emite alarmes que relembram o utilizador da necessidade de

realização de determinadas tarefas X X X

2.5. Facilidade de Aprendizagem:

2.5.1. Facilidade de aprendizagem a operar com o sistema X X X

2.5.2. Facilidade em memorizar a execução de tarefas X X X

2.5.3. Adequação do tempo despendido para aprender a operar do sistema X

2.5.4.A sequência de etapas necessárias para a execução de tarefas é lógica,

facilitando o processo de aprendizagemX X X

2.5.5.Existe uma dependência da facilidade de actividade com o nível de experiência

do utilizador com o sistema  X

2.6. Considerações Gerais sobre o sistema:

2.6.1.A utilização do sistema aumenta o seu desempenho profissional na organização

de saúdeX X

2.6.2.A utilização do sistema aumenta a sua produtividade na organização de saúde 

X X

2.6.3. A utilização do sistema aumenta a sua eficácia na organização de saúde  X X

Page 147: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.6.4. O sistema é útil para realizar as suas tarefas na organização de saúde X X X

2.6.5. A interacção com o sistema é clara e compreensível X

2.6.6. Interagir com o sistema não requer muito do seu esforço mental X

2.6.7. O sistema é fácil de utilizar X

2.6.8.O sistema desempenha bem as tarefas para atingir as metas de trabalho

definidasX

2.6.9. Dois + Um

2.6.10. Tem controlo sobre a utilização do sistema X

2.6.11. Existem recursos organizacionais adequados de apoio ao uso do sistema X

2.6.12.Se todos os recursos necessários para utilização do sistema fossem

disponibilizados, seria fácil utiliza-lo  X X

2.6.13. Possibilita a utilização simultânea de outros sistemas hospitalares X

2.6.14. A utilização do sistema é agradável X X

2.6.15. A utilização do sistema é divertida X X

2.6.16. No seu trabalho a utilização do sistema é importante X X

2.6.17.O uso do sistema é pertinente para a realização das suas tarefas na

organização de saúdeX X

2.6.18. Os resultados obtidos a partir do sistema são de alta qualidade X

2.7. Relevência do sistema na perspetiva do utilizador:

2.7.1.As pessoas que influenciam o seu comportamento pensam que deve utilizar o

sistemaX

2.7.2. As pessoas que são importantes para si pensam que deve utilizar o sistema X

2.7.3. Em geral a organização hospitalar é a favor da utilização do sistema X

2.7.4. A utilização do sistema é obrigatória na organização de saúde X

2.7.5.Embora possa ser útil utilizar o sistema, a sua utilização não é obrigatória no

seu trabalho X

2.7.6. Dois + Dois

2.7.7. Acha que o sistema deve ser utilizado pelos seus colegas de profissão X

2.7.8.As pessoas da organização de saúde que utilizam o sistema tem mais prestigio

do que aquelas que não o utilizamX X

2.7.9. A utilização do sistema é um símbolo de status na organização X X

2.7.10.Supondo que a utilização do sistema não é obrigatória, tendo acesso ao sistema

teria intenção de utiliza-lo X

2.7.11. Pretende utilizar o sistema nos próximos meses X X

2.8. Demonstrabilidade de resultados:

2.8.1.Teria dificudade em explicar aos outros os resultados que se podem obter com

a utilização do sistemaX X X

2.8.2.Teria dificuldade em explicar aos outros as consequências associadas à

utilização do sistemaX X X

2.8.3. Os resultados da utilização do sistema são evidentes para si X X X X

2.8.4.Teria dificuldade em explicar aos outros os benefícios da utilização do sistema

X X X X

2.9. Conseguiria realizar as tarefas pretendidas no sistema se:

2.9.1. Não houvesse ninguém por perto para dizer o que fazer X X

2.9.2. Tivesse apenas o recurso de ajuda incorporado no sistema X X

2.9.3. Ninguém tivesse mostrado previamente como o fazer X X

2.10. Aprensão do utilizador em relação à utilização do sistema:

2.10.1. A utilização de computadores não me assusta X X X

2.10.2. Trabalhar com o sistema deixa-me nervoso X X X

2.10.3. Trabalhar com o sistema deixa-me desconfortável X X X

2.10.4. Trabalhar com o sistema deixa-me ansioso X X X

Page 148: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

2.11. Como se caracterizaria a si próprio quando utiliza computadores

2.11.1. Espontâneo X

2.11.2. Criativo X

2.11.3. Divertido X

2.11.4. Normal X

Page 149: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de
Page 150: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Apêndice C

Questionário EMRAM

131

Page 151: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

EMRAM - Electronic Medical Record Adoption Model

O presente questionário pretende avaliar a situação atual do Centro Hospital do Alto Ave relativamente à adoção do Processo Clínico Eletrónico implementado, de forma a tornar o ambiente hospitalar livre do papel, mapear os resultados obtidos e delinear quais os objetivos que ainda tem de ser alcançados para que este se encontre em conformidade com as normas definidas. Agradecemos desde já a sua colaboração para aprimorar o sistema. A duração do preenchimento do questionário é de aproximadamente 10 minutos.

*Obrigatório

Indique se cada uma das funcionalidades descritas se encontram disponíveis no Processo

Clínico Eletrónico *

Função disponível Função indisponível

Permite a leitura de relatórioslaboratoriais em formatoeletrónico, por exemplo pdfPermite realizareletronicamente o registo derequisições e resultadosanalíticos laboratoriaisPermite realizareletronicamente o registo derequisições e relatóriosradiológicosPermite realizareletronicamente pedidosfarmacêuticosSistemas laboratoriais eradiológicos enviam as suasinformações (requisições,resultados, relatórios eagendamentos) para umsistema (por exemplo, CDR-Clinical Data Repository) queprovidencia o acesso médicoO sistema existente que recebee envia informações paradiversos subsistemas possuium mecanismo de controlo devocabulário (por exemploSNOMED) que permita anormalização dos dados paraque estes sejam incorporadosno PCE como dadosestruturadosPermite a troca deinformações, entre profissionaisde saúde, contidas no registoclínicoPermite o acesso àdocumentação imagiológica,anteriormente direccionadapara o sistema que proporcionaa troca de informações entresubsistemas

Editar este formulário

EMRAM - Electronic Medical Record Adoption Model https://docs.google.com/forms/d/1wOFOBw5-_vhTlPFMnl6XwqWC...

1 de 3 25/11/2014 14:36

Page 152: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Função disponível Função indisponível

A informação clínica e deenfermagem (por exemplosinais vitais, notas deenfermagem, etc) encontra-seimplementada e integrada noPCE em pelo menos umserviço do hospital Possui um sistema de registoeletrónico de administração demedicamentosAs imagens médicas sãofacilmente acessíveis pelosmédicos fora do departamentode radiologia através, porexemplo, da intranet dohospitalA prescrição electrónica estáintegrada na documentaçãoclínica e de enfermagemPermite a introdução eletrónicade instruções médicas para otratamento dos utentes,encontrando-se esta disponívelna documentação clínica e deenfermagemPossui um sistema decomunicação e arquivo deimagens (PACs) que permite oacesso, caso requerido pelo(s)médico(s), a vídeos baseadosem imagensToda a documentação médica(evolução do utente, consultas,alta, diagnóstico, etc) estádisponível eletronicamente empelo menos um serviço dohospital Circuito fechado no ambientede administração demedicamentos O eMAR (Electronic MedicationAdmistration Record)encontra-se implementado eintegrado com o CPOEE/ePrescribing/ farmáciaEncontram-se disponíveisferramentas de identificaçãoautomática de medicamentos,como por exemplo, duplaassinatura electrónica, RFID,código de barras, entre outrasO ambiente hospitalarencontra-se totalmente livre depapel relativamente àprescrição e gestão doscuidados de saúde O PCE contém um conjuntocompleto de dados, imagensmédicas e imagens dedocumentos relacionados com

EMRAM - Electronic Medical Record Adoption Model https://docs.google.com/forms/d/1wOFOBw5-_vhTlPFMnl6XwqWC...

2 de 3 25/11/2014 14:36

Page 153: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Com tecnologia

Função disponível Função indisponível

o utenteClinical Data Warehouses sãoutilizadas na análise depadrões de dados clínicos Todos os serviços do hospitalapresentam um contínuoresumo de dados eletrónicosrelativos ao utente (entrada,alta, urgência, entre outros)As informações clínicas sãofacilmente partilhadas atravésde transações eletrónicas comtodas as entidades autorizadasa prestar cuidados de saúde aoutente e até mesmo com outrasinstituições (outros hospitais,clínicas ambulatórias,administrativos, utentes, entreoutros)

Indique se cada uma das funcionalidades descritas se encontram disponíveis no Sistema de

apoio à decisão clínica *

Função disponível Função indisponível

Fornece alertas informativossobre possíveis conflitos, comopor exemplo informaçãorelativa ao utente que impeça omédico de prescreverdeterminado medicamento ourequisitar determinado exame Verificação de erros aquando aentrada de pedidosFornece orientações nasactividades baseadas emprotocolos médicos Obtenção de resultadosbaseados em alertas devariância e de conformidade Captação de dados discretos, apartir de modelos deformulários estruturados, parainteracção entre adocumentação médica e oregisto clínico

Este conteúdo não foi criado nem aprovado pela Google.

Denunciar abuso - Termos de Utilização - Termos adicionais

Nunca envie palavras-passe através dos Formulários do Google.

EMRAM - Electronic Medical Record Adoption Model https://docs.google.com/forms/d/1wOFOBw5-_vhTlPFMnl6XwqWC...

3 de 3 25/11/2014 14:36

Page 154: Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo - Universidade do Minho · 2017-01-01 · Escola de Engenharia Ana Cristina Gomes Ribeiro Novo Usabilidade e aceitação de tecnologia - Estudo de

Apêndice D

Glossário

HealthGrades Empresa Americana que fornece informações relativas a mé-

dicos, hospitais e prestadores de cuidados de saúde. 93

INTCare Sistema inteligente de apoio à decisão implementado no Centro

Hospitalar do Porto. 58

135