weber. objetividade
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7/24/2019 WEBER. Objetividade
1/30
ax eber
A o b j e t i v i d d e
d o c o n h ec im en to
n s c ie n c i s s o c l l s
TRADU O APRESENTA O
E COMENTRI OS
a b r i e l o h n
P r o fe s s or t it ul a r d e s o c io lo g ia e
d o ce n te n o D e p ar ta m e nt o d e
i en c ia P o l ti ca d a F a c u ld a d e d e
F i lo s o fi a l e tr a s e i e nc ia s H u m a n a s
d a U n iv e rs id a de d e S a o P a u lo
editor t i
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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I M . J l O f I . T A . N T E :
c:o n~ t 1m
t \ O I l I d
m IKI l)C f;I
R :IOIIbe O
tr.lDdho do : a ut Dr e o
ee
Im I l to s
outrac
p.roi E~ ,
a N O M d O E f I .JI
prod~ e dr to ml ~
I I J .
C O m d C l , l i .
up;o uO e d rt o f t S ~
m
d i qn r r w lO C f t, n u s t l 10 0 rt S .
J T i f i c o s : ,
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do rt S, 1ivre:~
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d e km p r r ao .
~iudla a
~.,go da c u lt ur a e enc~ os
IM O SQW I O Cfoom.p ta . . .
Ed it o ra A t ic a
i r e t o rn d e T e l l o lo g i ad e E d u c a ~ o
e F o nn a ~o d e E d uc ad o re s
G e r en te d e
F o n n a ~
d e E d u c a d o r e s
E d i t o r a a s s i s te n t e
v i s o r
Ana T e re s a R a ls to n
L u ci a na C i nt ra T e ix e it a
N i n a B ande ir a
Mau r c io Ka ta y ama
ARTE
i a g r n m a d o r n
e s ig n e
T
I m a g e m
d a c a p a
e i n te r n a
Les l ie Mor a i s
Negr i to
Produco
Editor ial
E .Go t tmann , He i de l be r g
AKG- Images
C a sa d e I de ia s
m e n d a s d e r ei m p re s sa o
IMPREs so
ANTERIOR
Di re t or e d it o ri a l a d ju n to : F e rn a nd o
Paxo-
Coordenador a ed i to r i al :
Gabriela
D ia s E dito r a dju nto : C arlo s S . M en de s R osa E dito ra a ssiste nte : B ab y
S iq u ei ra A b r o C o ns ul to ri a e d it or ia l: R o g ri o H a fe z P re pa ra c o d e t ex to :
B e re ni ce B a ed er R ev is o : I va ny P ic as so B a ti st a ( co or d. ), B e at ri z C ha ve s e
C ri st in a L e br o E st ag i ri as : A l in e R e ze nd e M o ta e B ia nc a S a nt an a E d it or
d e a r te : An to n io P au lo s A s s i st e nt e d e a r te : C l au d er n ir C ama rg o
C I p BRA S IL . CA T AL OG A
-
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A p r e s e n t a Q
s e n t i d o d a c i e n c i a
urna passagem importante do texto que vamos ler em seguida, Max Weber
comenta que as ciencias da cultura (termo que para ele abrangia o con-
junto do que hoje chamamos ciencias sociais, induindo a histria) sao dotadas
do dom da eterna juventude. Sempre que parecem envelhecer, elas inventam
novos problemas e mais urna vez se apresentam para responder aos desafios
dos tempos.
Um texto que declara isso tem tudo para manter-se jovem tambm, sem-
pre presente nos debates sobre o alcance e a natureza dessas ciencias, em espe-
cial da socio logia. exatamente o que ocorre, passados mais de cem anos de
sua primeira publicaco, em
19 4
com A objetividade do conhecimento nas
ciencias sociais , um dos grandes clssicos das ciencias sociais no sculo xx.
Para quem nao est acostumado com o estilo peculiar da escrita de Max
Weber fcil cair numa armadilha j no momento de ler o ttulo. Nao h nada
de especial no enunciado do tema, parece: trata-se de estudar a cibjet ividade
nas ciencias sociais. Mas nao bem isso. Weber fala de objetividade entre as-
pas. Com isso, sinaliza que nao est tomando a objetividade do conhecimento
-
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WEBER
ENSAIOS COMENTADOS
. . lzo
i
d do que ele s quer examinar melhor. a
nas ciencias SOCla1Somo a go Ja a, _ .
. bi .d de t111est em questao. . .
P
rpria ideia de o JetIV1a 1 d
dea
no campo das C1enClas
h
.
nficado
exato essa
1
Weber quer con ecer o sig . , rno esse ponto impor-
. . .. . da cultura, e Ja veremos co .
sociais (ele diria ClenClas fi tamente Weber se ve obn-
) P
b r o que 1SS0
sigru
ca exa, d
tante para ele. ara sa e. la especificidade do estu o
1
go cammho que passa pe
g
ado a percorrer um on d modo como nele se cons-
h no e pelo exame o
. tfico do mundo SOCla uma . .
cie 1 . d uados a seu conheClmento.
troem e se usam con~e1t~s a eq or uma declara
-
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WEBER \ ENSAIOS COMENTADOS
\
\
\
\
ara uern o busca, aquilO que lhe
, .. ..~ nT I \r11radoepresenta p q
q ue o c on ne cu uc ;u
cv
t .~
d cltural de que participa.
confere significacrao no mun oc. b osirao bsica de Weber, a cus-
alguma cotsa so re a p
T
d
Com sso esclarece-se blOque vem a ser esse mun o
. po de pro emas. .
ta todava, de abnr-se novo cam
1
Nesse ponto, Weber mtroduz
, 1 - .
portante para e e.
da cultura, que se reve a tao un _ filosficas dominantes em
, em que concep foes
urna posi fO prpria nurna rea d pensavam os fundamentos e as -
mo o como se
, deixavam marcas no .
sua epoca . . articular a sociolog
1a
.
tarefas das ciencias SOClalS,m P dnci dominante ia no sentido de
al
cultura a ten enc a
Quando se f ava em . - em normas a conduta dos
niunto de valores que impo id .
concebe-la como um co
J
bidos como entidades
eais,
1
ua vez erarn conce
homens. E esses va ores, por s . . .. d mbora nao existam como
1
d de a d e t er slgmfica o e q ue, e
cuja pnnclpal qua 1 a . Ancia porque v lem Nesse sen-
. d d tempo como Vlge , . .
coisas ,
trn
contmw a e no _ . nto deles que constltw a
1 e por extensao, o conJu -
tido especfico, os va ores , . d pendem das inten foes e das
, bi
ti
porque m e
, . ultura - trn carater o Je IVO,
propnac
acoes singulares dos homens. fu . conduz a urna deia de cul-
T -
que Weber re tana,
No limite, essa concep fao, . . d
t vos
povoado por valores
d de slgmfica os norma , ,
tura como um gran e campo d uais outros derivarn e que - este e
. o Belo e o Bom, os q
A .
fundamentals como d s que nela se incluem. lSS0,
, rtilhado por to os o
o ponto decisivo - e compa
1 -
uro campo de consensos
d d cal. Cultura, para e e, nao ,
responde de mo o ra
1 _
s todos aderem, mas e um carn-
d
. d avalla fao as qual d
normativos, de rretnzes e definir quais sao as qualida es
po de disputas, de luta entre os ho~en~ para tem carter exemplar e podem
d
. das condutas e das ocorrenclas que
as COlsas, d
. - perante o mun o.
servir como onenta fao .d decisiva
que, para ele,o mun-
W b ecorre a uma lela .
Nesse percurso, e er r . _ d al d de social que confere sentido ao
_ , ~{1ueladimensao a re
a
do da cultura nao - : : L . uela arena significativa em que os
que oshomens fazem, mas, ao contrarlo, e aq
b valor ao que fazem. .
prprios homens atn uem , . d c..ltro que seleciona no intenor do
o uma espeCIe e 11 .
A
cultura opera com ,.
1
ue serao consideradas sIgmfica-
. t das experiencias posslvels aque as q
conJun o
A OSJETlVIDADE DO CONHECIMENTO NAS CIENCIAS SOCIAIS
tivas no interior de determinados grupos humanos. O importante nao a vi-
gencia de valores j dados, mas os prprios homens como atores que, ao agir ,
orientam-se por diretrizes que lutam para fazer valer tambm para os demais.
Esto
em jogo nao valores sem mais, mas ideias de valor : que se referem
ao modo como os homens percebem e pensam os valores nas
ace s
a que se
entregam. (Coerente com seu estilo, al is, Weber poderia grafar entre aspas o
termo valor : pois, assim como no caso da o bje t iv idade sua referencia nao
a um objeto dado, mas ao significado que diferentes homens em diferentes
situaces atribuem a ele.)
Isso tudo significa que a ciencia como conhecimento do que (e nao do
que deveria ser) nao conhecimento de qualquer coisa, mas daquilo que os
homens de certa sociedade, em certa poca, reputam importante, que valha a
pena ser conhecido. E para selecionar o que importa, o que tem
sgn f i caco
para o conhecimento, s h um critrio: o da referencia daquilo que se busca
saber a ideias de valor que o prprio pesquisador, como membro da socieda-
de, sustenta.
dessa referencia que nasce o interesse pela pesquisa, mas esta nao se es-
gota no interesse, por essencial que ele seja para desencade-la. A pesquisa
propriamente dita obedece as regras universais do mtodo cientfico, e seus
resultados tm, ou nao, valor de conhecimento para todos os que podem ter
acesso ao mtodo, pouco importa se ou nao interessante para eles. Em suma:
nao faz sentido pensar em pesquisa social sem o impulso de um interesse arrai-
gado na sociedade (enao puramente formal, interno ao prprio objeto, como
quando um teorema puxa outro). E o fundamento do interesse sempre um
valor - mas nao sefaz ciencia sem ultrapassar a fase da sele
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WEBER ENS IOS COMENT DOS
ento ela carece de interesse), mas, se o cientis ta nao souber despojar-se dos
valores que o guiaram na seleco de seu objeto de estudo 3 realizar a pesquisa,
cometer o erro mais fatal, da perspectiva weberiana: o de apresentar como co-
nhecimento cientfico com valor universal aquilo que nao passa de reiteraco
em outros termos dos interesses prticos particulares a.osquais ele adere.
Nao h pois, ciencia social para Weber sem referencia a valores que con-
duzam o interesse do cientista
qui lo
que se revelar importante para ele e,por
isso, ser dotado de significaco, nada, igualmente, de ciencia sea pesquisa nao
deixar para trs as referencias valorativas que a guiaram no incio. Nesse traje-
to, a objetividade dos resultados da pesquisa s far sentido para aqueles que
compartilharem a avaliaco positiva da busca racional e sistemtica do conhe-
cimento que s a ciencia permite. Ter pois, carter intersubjetivo, nao sendo
mera subordinaco a propriedades existentes nos prprios objetos. Pois s
quando se convertem as relaces entre objetos (incluindo eventos) em proble
ma
que este deixa de ser mero registro daquilo que se observa nas coisas para
converter-se em tarefa de homens de cultura (para usar a expresso de Weber,
que enfatiza o termo homens para deixar claro que serefere a entes ativos, ca-
pazes de atribuir sentido ao mundo em que atuam tambm como cientis tas) .
GABRIEL COHN
A o b j e f i v i d a d e d o c o n h e c i m e n f o
n a s c i e n c i a s s o c i a is
1
1
abemos que noss . , .
a CIenCIa como tod
. ,. ' as - exceto
talvez a hIstona poltica - as que tem po bi
. titui - r o ~eto
. rns IC;:oes processos culturais hu .
hlstoricamente de pontos de vi . manos, derva
:e juzo,Sd~ valor sobre dete:mV::ia;::::~~d~s ~:o::~ o
~;::~or~l1ca dos Estados constituiu o seu primeiro e n~
, uruco f im Tratava-se de uma t .
id
ecrnca no me
sent o em que tamb ' _ smo
em o sao as discipli
lni
ciencias mdicas S b nas e teas das
c o se modifi . a d
e
-
s
.
e
,entretanto, como essa posi-
cou gra atIvamente sern
Ocorresse urna separac;:ao
de pr in: pio
e:~: :oc;:~::~
~epr oduz ido de
WEBER
M. Die 'Obektivi _ , .
sozal politischer Erkenntnis. In Gesa J t at ~zlalwissenschaft licher und
ed. , organizada e revis ta por JOhannesm: lteckeAlmu fsat ze zur WlSSenscha jt s lehre
4
(Paul Siebeck) In ann, Tubing .
J
e B
, 1973.
p.
146-214.
Tradu,?o de Gabriel
ohn
en:... Mohr
-
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WEBER EN SAlO S COMENTADOS
~ Webe r ap resen ta aqui a
posiO que ir combater
aolongo dotexto, com refe-
r~ncia ao conjunto das cien-
cias histricas e sociais, nao
s
economia poltica.
d
d
mento do que
e o conhecimento o que eve ser.
A essa separac:oopunha-se primeiro a opinio de que
os processo
s
econmicos estavam sob o imprio de leis
naturais imutveis e, em seguida, de que estavam sob o
domnio de um princpio de desenvolvimento unvoco,
e de que, em consequencia, o dever ser coincidia com o
ser imutvel no primeiro caso, ou com o inevitvel vir
a ser no segundo. Com o despertar do senso histrico,
uma combinac:ao de evolucionismo tico e relativismo
histrico veio a dominar nossa ciencia, procurando des-
_pir as normas ticas de seu carter formal e determinar
quanto ao contedo o domnio do tico mediante a in-
corporac:ao do conjunto dos valores culturais, aleando
assim a economia poltica a dignidade de urna ciencia
t ica com base emprica. Na medida em que se unpri-
mia no conjunto de todos os ideais culturais o timbre do
tico , dilua-se a dignidade especfica dos imperativos
ticos, sem todavia ganhar coisa alguma a favor da obje-
tividade da validade desses ideais. Entretanto,
poss-
vel , e mesmo necessrio, deixar aqui de lado um exam
aprofundado dessa questao: vamoS nos limitar ao fato de
que ainda hoje naO desapareceu e compreensivelmente
se mantm habitual entre os praticantes ideia de que
a economia ,poltica produza ju z os d e v lo r ,apartir ,de
urna concepc:aode mundo cientfica e deva faze-lo.
Diga-se desde logo que cabe
a
nossa revista, como
representante de urna disciplina especializada emprica,
re je it r in te i r men te essa concepc:ao,pois sustentamos
que jamais ser tarefa de uma cienda emprica produzir
normas e ideais obrigatrios, para delas extrair receitas
para a prtica.
~ A revista emquesto, para
a qual Mal
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WEBER I ENSAIOS COMENTADOS
o fim esperado do previsvel dano a outros valores? Posta
que na grande m ori s vezes todo fim almejado cus-
ta algo nesse sentido ou ao menos pode custar nenhum
ser humano que aja de modo responsvel pode furtar-se
a
pondera
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WEBER ENS IOS COMENT DOS
domnio das nossas ciencias as concepces de mundo
pessoais costumam intrometer-se, turvan~o ~ambm a
argumenta
-
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2
WEBER
ENS IOS COMENT DOS
~ Ou seja: nao h consen-
so possve l, pois esto em
jogo os significados que os
homens atr ibuem as ques-
toes e a luta deles para to r-
naraceitveis ( vlidos ) os
significados que defendem.
Sao, portanto, questoes de
cultura (sobre isso, vertam-
bm a pgina 58).
ci a
da evidencia dos critrios de valor reguladores desa-
parece tao logo nos elevemos dos problemas concretos
de
assistencia
debem-estar e econmicos as questoes de
poltica econ6mica e social . A caracterst ica do carter
poltico-social
de uro problema precisamente que ele
nao pode ser resolvido com base em considera foes me-
ramente tcnicas, que critrios de valor reguladores po-
dem e
devem
ser ~bjeto de
controvrsia
porque o proble-
ma atinge a regiao das questoes gerais de cultura. E nao
se disputa apenas, como hoje gostamos de acreditar, en-
tre interesses de
classe mas ta mb m e ntre c on ce p~ e s
d e mundo _
sem prejuzo, naturalmente, de que na ques-
tao de qual concepcc de mundo o indivduo defende
torna-se decisiva, entre outras coisas - mas em muito
alta escala _, o grau de afinidade eletva entre ela e o seu
interess
e
de classe - admitindo-se aqui esse conceito
s aparentemente unvoco. Urna coisa certa em quais-
quer circunstancias: quanto mais geral o problema
de que se trata - o que aqui signif ica: quanto mais ampla
a sua
importncia
cultural, tanto menos acessvel urna
resposta unvoca a partir do material do conhecimento
emprico, tanto mais incidem nele os axiomas ltimos da
crenca e das ideias de valor. pura ingeI\uidade quando
profissionais ocasionalmente ainda acreditam que setra-
te de erigir como cientficamente vlido um princpio
para as ciencias sociais prt icas, para dele se poder de-
duzir as normas para solucionar os problemas prticos
pontuais. Por mais que as ciencias sociais exjam explica-
ces de problemas prticos de princpios , isto
a bus-
ca do contedo ideal dos juzos de valor que seimperu
irrefletidamente, e por mais que nossa revista pretenda
OBJET lVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
21
dar esp~cial atenco precisamente a elas, a criaco de um
denommador geral prtico para nossos problemas de
ideais lt imos com validade geral certamente nao pode
ser tarefa sua ou de qualquer ciencia emprica: como tal ,
ela nao apenas seria insolvel praticamente como con-
traditria em si mesma. E, seja como a base e a nature-
~ado carter obrigatrio de imperativos ticos possa ser
m~erpretada, seguro que deles, como normas para o
aglr concretamente determinado do in ivi uo nao h
como
deduzir
quaisquer
con tedos cu l tura is
como obri-
gatrios, e tanto menos quanto mais amplos os conte-
dos de que se trata. Somente religes positivas - mais
pr~cis~mente, seitas de carter dogmtico - conseguem
atribuir ao contedo de
valores culturais
a dignidad e de
deveres ticos incondicionalmente vlidos. Fora delas
~s.ideais culturais que o indivduo
quer
e as obrigac;oe;
ticas
que ele
eve
cumprir sao de dignidade diferen-
te por princpio. destino de urna poca cultural que
provou do fruto da rvore do conhecimento ter que sa-
ber que nao podemos discernir o
sentido
do andamento
do mundo nem mesmo da mais completa investigaco,
mas que n,?~cabe cri-lo ns prprios, que concepces
de mundo jamais podem ser produto do avance de um
saber. emprico e que portanto os ideais mais elevados
que m~is intensamente nos comovem, agora e sempre s
se efet ivarn no combate com outros ideais tao sagrados
para outros quanto os nossos sao para ns.
Somente um sincretismo otimista, como por vezes
resulta do relativismo do desenvolvimentismo histri-
co pode furtar-se teoricamente
suma seriedade dessa
condico ou esquivar-se de suas consequncias prticas.
~Outra ideia central: a cien-
i nos ofere e
onhe i
mento do que ocorre no
m u n d o m a s
nao
t em c om o
dizer o que elesignifica para
ns; essa larefa c be a ns
mesmos.
-
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Irr
\
\;
[
l
WEBER [ ENS IOS COMENT DOS
claro que para o poltico prtico pode eventualrne~te
ser do ponto de vista subjetivo exatamente tao obnga-
trio agir como mediador entre opini6es opostas dadas
quanto tomar partido por urna delas; ~as isso na~~ te~
a ver com objetividade
cientfica.
A linha do meto
na o
n em m in im am en te m ais v erd ad e c ie ntfic a do que os
ideais part idrios da direi ta e da esquerda. Em lugar al-
gum o interess
e
da ciencia est menos protegido do q~e
naquele em que nao se quer enxergar fatos desconforta-
veis e as realidades da vida. Essa revista combater sem
quartel a grave autoluso de que se possam obter ~~r-
mas com
va l id a d e c ien t f ica
mediante a sntese de vanas
vis6es partidrias ou trac;:ando uma diagonal entre ~las
porque ela ao ocultar seus prprios critrios valor~tlVos
muito mais perigosa para a integridade da pesquisa do
que a crenca ingenua dos partidos na possibilidade de
provar cientificamente seus dog~as. A capacidade do
discernimento entre conhecimento e avalia
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WEBER \ ENS IOS COMENT DOS
tentar interpretar metafisicamente o mundo, j por ess.e
seu carter, no
possam
prestar servi
-
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WEBER \ ENSAIOS COMENTADOS
onforme sua intenc;:ao,esta revista ja-
Pelo menos c , ar de travar polemica com
mais foi nem devera ser o,l~g . s nem tampouco o
1
.
poht1CO-SOClal,
partidos po lt1COSou d de ideais po-
f
a defesa ou a enuncra
local em que se aca . . sso existem outros
l t icos ou polt ico-soClals; par.at~u desde o incio e, no
r
dade consis
gaoS. Sua pecu ian d er erdurar, em que nela
que concere aos,e~ltores .::s sePencontrem no traba-
viaorosoS adversanos POhtl . ,- o socialista
1
foi at hoje um orga
lho cientficO. E a nao
1 _
burgues . Ningum
, o futuro um orgao
nem devera ser n o terreno da dscus-
. di posto a colocar-se n
que esteJa lS, id d seu crculos de colabora-
so cientfica esta exclm o o arena de con-
- de converter-s
e
numa
dores. Ela nao po , l nela ningum, nem
licas e trep icas. mas
testac;:es , rep o seus editores, estlaborado res e mesm
mesmo seus co d tca de carter objetivo e
id t amais uracn
protegl o con ra . u quem nao est dis-
i Q
m nao suporta 1SS0,o ,
cienti co. ue . d hecimento cientIfico
1
borar a serV1C;:Oo con
posto a co a ideais diferentes dos seus,
com pessoas que sustentam
deve afastar-s
e
dela. ltimas
Convm nao se e nganar: infelizmente, nessas ,
. esse momento mais do que parece a
palavras fica dito n. ro lugar como j foi menciona-
primeira vista. Em pnme1 as em ter-
d bilidade de encontrar-se sem reserv
o, a pOSSl d rios polticos lamentavelmen-
reno neutro com. a v~r~ em todo lugar, em especial
te tem limites pSlcologl~OS d mbate incondicional,
d
- alemas DIgno e co
nas con Ic;:oes . . artidrio e de cul-
d mesquinho fanatIsmo P
esse trac;:o el d mha um reforc;:oessen-
tura poltica subdesenvo V1 a g demonstra a expe-
cial pela circunstancia de que, como.. . ulso ara
.. d m io das ciencias SOCIalSo lffip P
nenCla, no om
A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO NAS CIENCIAS SOCIAIS
o tratamento de problemas cientficos em regra dado
por questes prticas de tal modo que o simples re-
conhecimento da existencia de um problema cientfico
encontra-se intimamente unido a um querer com dire-
co determinada de pessoas vivas. Nas colunas de urna
revista que existe em virtude da influencia do interesse
geral por um problema concreto, em regra se juntaro
como colaboradores pessoas que voltam seu interesse
pessoal para esse problema porque julgam que determi-
nadas condices concretas lhes parecem prejudicar va-
lores ideais em que acreditam, na sua contraposico a
eles. A afinidade eletiva entre ideais semelhantes aproxi-
mar ento esse crculo de colaboradores e novo s cola-
boradores, e isso imprimir a revista um certo carter
ao menos no tratamento de problemas prticos de na-
tureza poltico-social como complemento inevitvel de
toda aco conjunta de seres humanos vivos e sensveis,
cuja posico valorativa diante do problema nao de todo
reprimida nem mesmo no trabalho puramente terico e
que - sob os pressupostos enunciados acima - tambm
vem a tona de modo inteiramente legtimo na crtica a
propostas e medidas prticas. Ocorre que a revista sur-
giu num momento em que determinados problemas da
questo operria : no sentido usual do termo, ocupavam
posic;:aode relevo no debate nas ciencias sociais. Aque-
las personalidades para as quais os problemas que ela se
dispunha a tratar estavam ligadas as ideias de valor mais
elevadas e decisivas, e que por isso se tornaram seus co-
laboradores regulares, eram, por essa mesma razao, de-
fensores de urna concepc;:aode cultura de colorac;:aoigual
ou ao menos semelhante a elas. Do mesmo modo, todos
-
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WEBER
ENS IOS COMENT DOS
tambm sabem que, quando a revista rejeitou seguir urna
tendencia mediante a expressa limita
-
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3
WEBER \ ENSAIOS COMENTADOS
. ue ternos que explicar o que pode signi-
na medIda em q ,. vi enca objetiva da validade
ficar no noSSOdomlillO a g, ningum que observa
amos Nao escapara a
que procur , d conceitos bsicos e pressupostos, a
a luta por meto o, tos de vista' e a contnua re-
contnua mudan~a dos pon d como o modo de
. - d conceitos usa os, e ve,
de-fllll~ao os r o histrico ainda esto separados
obset'va~o. teon:o a:entem
ente
insupervel, que o pro-
por um abismo P _. ,. ca'
duas
eco-
bl real e nao urna inven~ao qmmen .
ema , . o laroentava urn desesperado estu-
nomias pohtlCas, co~. . b' etividade? apenas
dante vienense. Que slglllfica aqm o J _
a
essa
questao que se dirigem as expoSI~oes a segmr.
d
bje tos de suas
. ta sernpre tratou to os os o
A
revIs .
Em-
anlises como de natureza soclOeconom
tca
bora nao seja esse o momento para se de~lCa: a
determina~6es de con~eitos e deli~~~~:c:: e ~~e~:~:~~
imp6e-s
e
um esclareClmento suman
do disso. tido mais am-
odos aqueles fenmenos que, no sen. 1
1.
vmcu aro-se ao
. os or socioeconomlcOS
~ ~~
~:~:a: q noss
a
e~stdencia ~s~~:~~:s:r~;;:
f de n ossas necessIda es rnats I ,
satis acao limita~ao quantitativa e a
-se or todos os lados com a de-
p .
alitativa dos meios externos, que
insuficIenoa qu . b lho a luta com a
mandam a previsao planeJada e o tra a, ,
. _ h s por sua vez, o cara-
na
tureza e a assoCla~ao com omen. '. _'
A d uro evento nao e
te:rdeJeriQql
e
1 :
0 '';'.~oclOeconoml~o e . .
..
~~ ,
A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO NAS CIENCIAS SOCIAIS
3
algo que lhe seja objetivamente inerente. Ao contrrio,
ele est condicionado pela orientaco do nosso interesse
de conhecimento, e essa orientaco define-se conforme
o significado cultural que atribumos ao evento em ques-
tao em cada caso particular. Sempre que um evento da
vida cultural vincula-se direta ou indiretamente quele
fato bsico, por meio daqueles elementos da sua espe-
cif icidade nos quais repousa para ns O seu significado
prprio, ele contm ou ao menos pode conter, conforme
o caso, um
problema
de ciencia social; ou seja, envolve
urna tarefa para urna disciplina que toma por objeto a
pesquisa do alcance do fato bsico apontado acima.
Entre os problemas econmico-sociais podemos es-
tabelecer distinces, Ternos eventos e complexos deles,
normas, instituices etc. cujo significado cultural para
ns repousa basicamente no seu aspecto econmico. Por
exemplo, acontecimentos da vida bancria e da bolsa,
que desde logo nos interessam essencialmente sob esse
ponto de vista. Em regra, mas nao exclusivamente, isso
sucede quando se trata de instituices que foram cria-
das ou sao uti lizadas
conscientemente
para fins econ-
micos. Esses objetos do nosso conhecimento podem ser
chamados, em sentido estrito, de eventos ou instituic:e~
economlCas .
A isso sornam-se outros, como, por exemplo, acon-
tecimentos da vida
religiosa
que nao nos interessam, ao
menos nao primordialmente, do ngulo de seu significa-
do econmico e em nome dele, mas que em determina-
das circunstancias podem adquirir um signif icado eco-
nmico sob esse ponto devista, dado que deles resultam
determinados
efeitos
que nos interessam sob urna pers-
. . Neste pargrafo urna
ideia fundamental que ser
retomada adiante na p
g ina 37: a c ienc ia nao l ida
om coisas m s om
pr
blem s que
do
significado
os ev en to s e o s t o m m
n
teress ntes
para a anlise.
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
16/30
WEBER I ENSAIOS COMENTADOS
pectiva econmica. Sao fenmenos economicamente
relevantes .
E,finalmente, entre os fenmenos que sao eco-
nmicos neste nosso sentido encontram-se alguns cujos
efeitos econmicos pouco ou nenhum nteresse ofere-
cern para ns como a orienta;:ao do gosto artst ico de
urna dada poca. No entanto, tais fenmenos mostram
em determinados aspectos significativos de seu carter
urna influencia mais ou menos intensa, de motivos eco-
nmicos; no nosso caso, talvez, pela composi
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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WEBER
ENS IOS COMENT DOS
.. O conhecimento histrico
explica um fenmeno dado
no caso, de cunho econ-
mico; poderia ser religioso,
ou esttico por uma cau-
sa particular.
a nterpre-
taco
histrica inc ide so-
bre toda uma dimensao da
cultura, em rela
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
18/30
WEBER I ENS IOS COMENT DOS
~ Trata-se do
signifi do
de
e s t r u t u r s s o c i o e c o n m i c s
nOdelas propriamente.
~ Consequncias que de-
sembocam na forrnulaco
da pgina 58.
civilizadas, assim como do exame, sob um ponto de vista
histrico, estatstico e terico, das relacoes entre elas.
Assim, apenas deduzimos as consequncias dessa
atitude quando afirmamos que o campo de trabalho ca-
racterstico de nossa revista a pesquisa cientfica do
s ig ni fi ca do c ul tu ra l g er al d a e st ru tu ra s oc io ec on om ic a
d a v id a s oc ia l h um a na e desuas formas de-organizaco
histricas.
precisamente isso, e nao outra coisa, o que pre-
tendemos dizer ao inti tular nossa revista
A rqu iv o p a ra
a C ie nc ia S o ci al .
Esse termo abrange aqui o estudo his-
trico e terico dos mesmos problemas cuja soluco
prtica constitui o objeto da pol tica socia , no senti-
do rnais lato da palavra. Fazemos uso nisso do direito
de utilizar a expresso social conforme o significado
que lhe atr ibudo pelos problemas concretos da atua-
l idade. Quando se d o nome de ciencias da cultura as
disciplinas que estudam os acontecimentos da vida hu-
mana a partir de sua
s ign if ic a fo cu lt u ra l
ento a cien-
cia social , tal como ns a entendemos aqui, pertence a
essa categoria. Em breve veremos quais consequen:cias
de princpio decorremdsso.
Nao h dvida de que sublinhar o aspecto
econmico-
-social da vida cultural constitui urna delimitaco mui-
to sensvel dos nossos temas. Objetar-se- que o ponto
de vista econmico ou, como sediz de modo impreciso,
materialista a partir do qual consideramos a vida cul-
tural revela-se parcial . Certamente, e essa parcialidade
intencional. A crenca em que a tarefa do trabalho cien-
tfico consiste em curar essa parcialidade da perspectiva
econmica mediante a sua ampliaco at urna ciencia ge -
OBJETIVID DE DO CONHEC IMENTO N S C IENC I S SOCI I S
ra l do social, sofre desde logo do defeito de que o ponto
de vista do social - isto , o das relaces entre os ho-
mens - somente possui urna exatido suficiente para de-
limitar problemas cientficos quando provido de algum
predicado especial que determine seu contedo. Do con-
trrio, considerado como objeto de urna ciencia, abran-
geria naturalmente tanto a filologia como a histria da
Igreja, e em especial todas as disciplinas que se ocupam
do mais importante elemento consti tutivo de qualquer
vida cultural - o Estado - e da mais importante forma
de regulamentaco normativa - o direito.
Assim como o fato de a economia social se ocupar
dos fenmenos da vida ou dos fenmenos num corpo
celeste nao obrigam a consider-la parte da biologia ou
de urna futura astronomia aperfeicoada, tambm a cir-
cunstancia de tratar de relaces sociais nao constitui
razo para ser considerada precedente necessrio de
urna ciencia social geral
O domnio do trabalho cientfico nao tem por base
as conexes objetivas entre as
coisas
mas as cone-
xes
conceituais
entre os
problemas.
Squando se estuda
um novo problema com o auxilio de um mtodo novo e
se descobrem verdades que abrem novas e importantes
perspectivas que nasce urna nova ciencia':
Nao
pois por casualidade que o conceito de so-
cial': que parece ter sentido muito geral, adquire, logo
que seu emprego submetido a um controle, um signi-
ficado muito particular e especfico, embora geralmente
indefinido. O que nele h de geral deve-se, com efeito,
sua indeterminaco. Porque, se encarado em seu signi-
ficado geral, nao oferece
p on to d e v is ta
especfico a partir
~ Esta passagem decorre
do argumento bsico de
Weber de que as coisas
- nocaso davidasocial os
eventos e osobjetos correla-
tosque seoferecem nossa
atenco - nao t razem con-
s igo seu signi ficado e s o
recebem quando se tomam
interessantes - e por sso
problemticos - para ns.
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
19/30
WEBER
ENS IOS COMENT DOS
. . Aqui, urnatese lorte con-
tra Karl MalJ ,o principal ad-
versrio de Weber nesta al-
tura do texto depois, apare-
cero outros .
do qual se possa iluminar a significafio de determinados
elementos culturais.
Libertos do preconceito obsoleto de que a total ida-
de dos fenmenos culturais poderia ser deduzida como
produto ou como fun o de determinadas constelayo~s
de interesses materiais , eremos no entanto que a ana-
l is e d os f en m en os s oc ia is e d o s e ve nt os c ul tu ra is sob a
perspectiva especial de seu condicionamento e alcance
econmico foi um princpio cientf ico de fecundidade
criadora, e continuar a se-lo enquanto dele se fizer um
uso prudente e livre de inibices dogmticas. Quanto a
chamada concepco materialista da histria , preciso
repeli-Ia com a maior firmeza como conc eP fo de mun -
do ou quando encarada como denomimi.dor comum da
explicayao causal da realidade histrica.
o cultivo de
urna interpretafio econmica da hi stria um dos fins
essenciais de nossa revista. Isso exige urna explicaco
mais detida.
de esperar que a chamada concepco materialis-
ta da histria - segundo, por exemplo, o antigo senti-
do genial-primitivo do Ma ni fe sto C omu ni sta - , somente
subsista hoje nas mentes de leigos ou diletantes. Entre
esses, com efeito, encontra-se ainda muito difundido o
singular fenmeno de que sua necessidade de explica-
o
causal de um fenmeno histrico nao fica satisfeita
enquanto nao se demonstre (mesmo que s na aparen-
cia) a ntervencao de causas econmicas. Feito isso, eles
passam a contentar-se com as hipteses mais frgeis e
as forrnulaces mais genricas, pois j se deu satisfacao
a sua necessidade dogmtica segundo a qual as forcas
econmicas sao as nicas causas autenticas , verdadei-
OBJETIVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
9
, d
ras e sempre eterminantes em ltima instancia . Esse
fenmeno nada tem de extra.ordinrio, de resto. Qua-
se todas as ciencias, da filologia
l
biologia, mostraram,
numa ocasio ou noutra, a pretenso de produzir nao s
conhecimentos especficos como tambm concepces
de mundo . E, sob o impulso produzido pela enorme
significaco cultural das modernas transforrnaces eco-
nmicas, e principalmente pelo transcendente alcance
da questo operria , nao de estranhar que tambm
viesse a desembocar nesse caminho a inextirpvel ten-
dencia monista de todo o conhecimento refratrio
l
auto crtica.
Hoje, no momento em que as naces se enfrentam
com hostil idade crescente numa luta pol tica e econ-
mica pelo domnio do mundo, a citada tendencia redun-
da em proveito da antropologia.
hoje opinio corrente
que, em lt ima anlise o decurso histrico nao seria
mais que a resultante da rivalidade de qualidades ra-
ciais inatas. A mera descrico acrtica das caractersti-
cas de um povo foi substi tuda pela montagem, menos
crtica ainda, de teorias da sociedade supostamente ba-
seadas nas ciencias da natureza
Em nossa revista, seguiremos de muito perto o de-
senvolvimento da invest igaco antropolgica, sempre
que se revele importante para nossos pontos de vista.
de esperar que a situaco em que tomar a raya como
elo final da cadeia causal meramente documentava nosso
n o
s ab er - como ocorreu, de modo semelhante, em re-
l o ao ambiente ou, anteriormente, as circunstancias
da poca - , possa vir a ser lentamente superada por um
trabalho metodologicamente fundamentado. Se at este
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
20/30
WEBER ENS IOS COMENT DOS
momento houve alguma coisa que tenha prejudicado
essa investiga~o, trata-se da ideia de diletante s zelosos,
de que poderiam fornecer ao conhecimento de cultura
algo de especficamente diferente e mais importante. q~e
o simples alargamento da possibilidade de urna atnb~l-
co segura dos acontecimentos culturais concretos e m-
dividuais da realidade histrica a certas causas
concretas
historicamente dadas, mediante a obtenco de um mate-
rial de observa~ao exato a partir de perspectivas espec-
ficas. apenas na medida em que a antropologia possa
oferecer-nos isso que seus resultados tero interesse para
ns e que a biologia racial adquirir uma;mportancia
superior de uro mero produto da moderna febre de
instaurar ciencias.
Algo semelhante sucede com a importancia da in-
terpreta~ao econmica do histrico. Sehoje - aps urn
perodo de desmedida supervaloriza~ao - quase existe
o perigo de se
subestimar
sua capacidade cientfica, isso
nao mais do que a consequncia da inaudita ausencia
de esprito crtico relativamente interpreta~ao econ-
mica da realidade, concebida como mtodo universal ,
no sentido de uma
deduco
de conjunto dos fenmenos
culturais - isto , de tudo o que para ns essencial ne-
les _ a partir de condices que em ltima instancia se-
riam econmicas. Atualmente. a forma lgica sob a qual
se apresenta essa nterpretacc nao inteiramente ho-
mog
enea
. Quando a explicaco puramente econmica
depara com dificuldades, sp de vrios meios para
sustentar sua validade geral como fator causal decisivo.
Pode-se tratar de tudo aquilo que na realidade histrica
n o
pode ser deduzido a part ir de motivos econmicos
OBJETIVID DE DO CONHEC IMENTO N S CIENCI S SOCI I S
como algo que, p or i ss o m esmo seria acidental e cienti-
ficamente insignificante. Ou, ento, amplia-se o conceito
de economia a tal ponto que nele encontram lugar todos
aqueles interesses humanos que, de urna maneira ou de
outra, ligam-se a meios externos. No caso de existir a
prova histrica de que, diante de duas situaces idnticas
sob o ponto
de
vista econmico, houve reaces diferen
tes
em consequncia de dferencas nas determinantes
polticas, religiosas, climticas ou quaisquer outras
n o
econmicas -, todos esses fatores sao ento rebaixados
ao nivel de condices historicamente acidentais, sob as
quais os motivos econmicos atuam como causas : ten-
do em vista preservar a supremacia do econmico.
de entender, contudo, que todos esses aspectos ca-
suais para a perspectiva econmica seguem suas pr-
prias leis ,no mesmo sentido em que o fazem os aspectos
econmicos, e que, para urna abordagem que persegue
seu significado especfico, as respectivas condices
econmicas
sao tao historicamente acidentais quanto
na recproca. .
Finahnente, urna tentat iva muito comum para man-
ter, apesar de tudo, o signif icado preponderante da eco-
nomia consiste em interpretar as constantes cooperaces
e interaces dos diferentes elementos da vida cultural
como dependendo causal ou funcionahnente uns dos ou-
tros, ou, melhor ainda, de um nico elemento: o econ-
mico. Desse modo, quando urna determinada instituico
n o e co n m i ca
realizou tambm, historicamente, urna
determinada funco ao servico de quaisquer interesses
econmicos de classe - isto , quando se converteu em
instrumento desta, como no caso de determinadas ins-
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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4
WEBER
ENSAIOS COMENTADOS
~ Weber alude, aqui,
a
sua
prpria anlise do desenvol-
vimento de umaspecto cru-
cial do capitalismo ociden-
tal moderno (no livro sobre
a
tica protestante e o es-
pir ito do capitalismo), para
alertar contra excessos em
sua recepco.
ttuices religiosas, que se deixam utilizar como polica
de batina -, essa insti ui~ao apresentada como expres-
samente criada para tal funco, ou, de modo completa-
mente metafsico, como tendo sido moldada por urna
tendencia de desenvolvimento de carter econmico.
Atualmente, um perito na matria dispensar ser
informado de que esta nterpretaco dos fins da anli-
se econmica da civilizaco era resultante, em parte, de
urna determinada conjuntura histrica que orientou o
interesse cientfico para certos problemas culturais eco-
nomicamente condicionados, e, em parte tambm, de
um raivoso apego
especialidade cientfica, e de que essa
nterpretaco est hoje ao menos envelhecida. Em ne
nhum
domnio dos fenmenos culturais pode a reduco
unicamente a causas econmicas ser exaustiva, mesmo
no caso especfico dos fenmenos econmicos .
Em princpio, a histria bancria de nao importa que
povo que apenas se valesse de motivos econmicos em
sua explicaco naturalmente tao impossvel como, por
exemplo, a explicaco da Madona da Capela Sistina
a partir das bases socioeconmicas da vida cultural da
poca de sua criaco, e de modo algum mais exaustiva
do que, por exemplo, a explica
-
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WEBER ENS IOS COMENT DOS
.. Isso decorre diretamente
da passagem assinalada na
pgina 43.
ao carter part icular do alvo do conhecimento de qual-
quer trabalho das ciencias sociais que se proponha a ir
alm de um estudo puramente formal das n orm as le-
gais ou convencionais - da convivencia sociaL
A ciencia social que n s pretendemos praticar urna
c ie nc ia d a r ea li da d e Procuramos compreender a reali-
dade da vida que nos rodeia, e na qual nos encontramos
situados, naquilo que tem de especfico; por um lado, as
conexo es e a significapio cultural de suas diversas ma-
nifestaces em sua configuraco atual e, por outro, as
causas pelas quais se desenvolveu historicamente assim
e n o de outro modo.
Ocorre que, to logo tentamos tomar consciencia do
modo como se nos apresenta imediatamente a vida, veri-
ficamos que se nos manifesta, dentro e fora de ns, sob
urna quase infinita diversidade de eventos que aparecem
e desaparecem sucessiva e simultaneamente. E a abso-
luta infinidade dessa diversidade subsiste , sem nenhu-
ma atenuante de seu carter intensivo, at mesmo quan-
do prestamos nossa atenco, isoladamente, a um nico
objeto - por exemplo, urna transaco concreta - , e isso
to logo tentamos descrever de modo
x ustivo
essa sin-
gularidade em to do s os seus componentes individuais, e
muito mais ainda quando tentamos capt-la naquilo que
tem de causalmente determinado. Assim, todo conheci-
mento reflexivo da realidade infini ta realizado pelo es-
pri to humano finito baseia-se no pressuposto tci to de
que.apenas uro fragmento limitado dessa realidade pode-
constituir de cada vez o objeto da compreenso cient-
fica-e de que sele ser essencial no sentido de digno
de ser conhecid
OBJETlVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI I S
Segundo quais princpios se isola ento esse
fragmento?
Insiste-se em procurar o critrio decisivo, tambm
nas ciencias da cultura, na repetico regular, conforme
leis , de determinadas conexo es causais . Segundo essa
concepco, o contedo das leis que somos c~pazes de
reconhecer na inesgotvel diversidade docurs~ dos -fe-
.nmenos dever ser o nico fator considerado cieri ti -
I _
ficamente essencial o logo tenhamos demonstrado
a regularidade de urna conexo causal, seja mediante
urna ampla induco histrica, seja pelo estabelecimento
para a experiencia interna de sua evidencia imediatamen-
te intuitiva, admite-se que todos os casos semelhantes -
por muito numerosos que sejam - ficam subordinados a
frmula assim encontrada. Tudo aquilo que, na realida-
de individual, continue a resist ir a seleco fei ta a partir
dessa regularidade , ou considerado um remanescen-
te ainda nao elaborado cientificamente - que no entan-
to dever ser integrado ao sistema das leis mediante
aperfeicoamentos contnuos -, ou deixado de lado. Ou
seja, considerado casual e cientificamente secundrio
precisamente porque se revela inintel igvel quanto as
leis e no se integra no processo tpico : de modo que
se tornar objeto de urna curiosidade ociosa :
Em vista disso, reaparece sempre, mesmo entre os
representantes da escola histrica, a concepco de que o
ideal para o qual tende ou pode tender todo conhecimen-
to, mesmo o das ciencias da cultura - ainda que seja
num futuro longnquo -, consist ir num sistema de pro-
posices das quais seria possvel deduzir a realidade.
Sabe-se que um dos porta-vozes das ciencias da natu-
a essa concepco
qual se ope que Weber
des igna pelo termo natu-
r a l i s m o
-
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WEBER ENS IOS COMENT DOS
reza julgou poder caracterizar a meta ideal (inacessvel
de fato) dessa elaboraco da realidade cul tural como co-
nhecimento astronmico dos fenmenos da vida. Por
muito debat ida que seja essa questo, nao poupemos es-
forcos para um exame mais detido do tema.
Em primeiro lugar, sal ta vista que esse conheei-
mento as tronmico : em que se pensa no caso citado,
nao de modo algum um conhecimento de leis mas, ao
contrrio, extrai de outras disciplinas, como a mecnica,
as leis com as quais trabalha,
maneira de premissas.
Quanto prpria astronoma, interessa-lhe saber qual o
efeito
individual
produzido pela aco dessas leis sobre
urna constelaco individual; dado que essas constelaces
tm importancia
para ns. Como natural, toda conste-
laco individual que a astronoma nos explica ou pre-
diz s poder ser causalmente
xpli v l
como conse-
quncia de outra constelaco, igualmente individual, que
a precede. E,por muito que recuemos na obscuridade do
mais longnquo passado, a realidade para a qual tais leis
sao vl idas permanece tambm individual, tambm re-
sistente deduco c om b as e em leis.
Um estado original csmico que nao possusse urn
carter individual, ou que o tivesse em menor grau do
que a realidade csmica atual, naturalmente seria um
pensamento desprovido de sentido. No entanto, nao so-
brevive na nossa especialidade urn resto de representa-
ces semelhantes , quando se supem estados primi-
tivos socioeconmicos sem nenhurna casualidade
histrica, quer inferidos do direito natural, quer verifica-
dos mediante a observaco dos pOyOSprimitivos ?
o
caso, por exemplo, do comunismo agrrio primitivo da
OBTETrVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
7
promiscuidad e sexual etc., dos quais nasceria, por urna
espcie de queda pecaminosa no concreto, o desenvolvi-
mento histrico individual.
O ponto de partida do interesse pelas ciencias so-
ciais sem dvida reside na configurayao
real
e portanto
individual da vida sociocultural que nos rodeia, quando
queremos apreende-Ia em seu contexto universal nern
por isso menos individual em sua forma, e em seu desen-
volvimento a partir de outros estados socioculturais, evi-
dentemente individuais tambm. Torna-se claro que, do
mesmo modo, ns nos encontramos perante a situaco
extrema que acabamos de expor no caso da astronomia
(e que os metodlogos tambm utilizam regularmente),
e at de um modo especif icamente acentuado. Enquanto
no campo da astronomia os corpos celestes apenas des-
per tam nosso interesse por suas relaces quantitativas
suscetve is de medces exatas, no campo das ciencias
sociais, ao contrrio, o que nos interessa o matiz
quali-
tativo dos fatos. A isso soma-se que, nas ciencias sociais,
t rata-se da intervenyao de fenmenos espirituais cuja
compreensiio por revvnca constitui urna tarefa espe-
cif icamente diferente da que poderiam, ou quereriam,
resolver as frmulas do conhecimento exato da natureza.
Apesar d tudo, tais diferencas nao sao categricas como
primeira vista poderiam parecer.
Salvo o caso da mecnica pura, nenhuma ciencia
da natureza pode presc indir da qualidade. Alm disso ,
deparamos em nosso prprio campo -com a opnio _
errnea - de que o fenmeno, fundamental para nossa
civilizaco, do comrcio financeiro, suscetvel de quan-
tificaco e,
portanto
cognoscvel mediante leis Por l-
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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WEBER
ENSAIOS COMENTADOS
~ O termo mais usual,atual-
mente seria cincias da
cultura (ou seja, que tra-
tam de significados social-
mente compartilhados).
Para Weber , contudo, im-
porta neste passo a distin-
co entre espirito (cultura)
e n t u r ez
~ Aqu i o au to r avanca um
passo impor tante em sua
argumenta
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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WEBER
ENS IOS COMENT DOS
.. Estamos prximos do cer-
neda posico deWeber. O
estudo isento de pressu-
postos do mundo da cul-
tura nao nos levaria a nada,
n em m es m o a r ec on he ce r o
objeto, o que interessa es-
tudar . Retorna a
questo:
o que pode fornecer esses
pressupostos? Veja o des-
dobramento disso naspgi
nas 53-54).
independente apesar de se basear nessa tarefa prelimi-
nar, seria a anlise e a
xposi o
ordenada do agrupamen-
to individual desses fatores historicamente dados e da
combinaco concreta e significativa dele resultante e, aci-
ma de tudo, consistiria em tornar in tel ig ve l a causa e a
natureza dessa significaco. A terceira operaco seria re-
montar o mais possvel ao passado, e observar como se
desenvolveram as diferentes caractersticas individuais
dos agrupamentos de importancia para o presente, e pro-
porcionar urna explicaco histrica a partir dessas cons-
telaces anteriores, igualmente individuais. Por ltimo,
urna possvel quarta operaco consistiria na avaliaco das
constelaces possveis no futuro.
Para todas essas finalidades seria muito ti l, indis-
pensvel mesmo, a existencia de conceitos claros e o co-
nhecimento dessas hipotticas) Ieis ,como
meios
heu-
rsticos, mas unicamente como tal. Mas, mesmo com
essa funco, existe
um
ponto decisivo que demonstra o
limite de seu alcance, com o que somos conduzidos
peculiaridade decisiva do mtodo nas ciencias da, cul-
tura; ou seja, nas disciplinas que aspiram a conhecer os
fenmenos da vida segundo sua s ign if ica fo cul tura l . A
significafo da configuracao de um fenmeno cultural e
a causa dessa sgnficaco nao podem contudo deduzir-
-se de nenhum sistema de conceitos de leis, por mais
perfei to que seja, como tambm nao podem ser justif i-
cados nem explicados por ele, dado que pressup6em a
relaco dos fenmenos culturais com i de ia s d e v al or .
oconceto de-cultura urn
c onc e it ode v a lo r .
A reali-
dade emprica cultura para ns porque, e na medida
em que, ns a relacionamos a ideias de valor. Ela abrange
OBJETIVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
aqueles e
somente
aqueles componentes da realidade que,
por meio dessa relaco, tornam-se significativos para ns.
Urna parcela nfima da realidade individual que obser-
vamos em cada caso matizada pela aco de nosso in-
teresse condicionado por essas ideias de valor; somente
ela tem significado para ns precisamente porque revela
relaces tornadas
importantes
gracas
sua vinculaco a
ideias de valor. sornente por isso, e na medida em que
isso ocorre, que nos interessa conhecer sua caracters-
tica individual. Entretanto, o qu e para ns se reveste de
significaco naturalmente nao poder ser deduzido de
um estudo isento de pressupostos do empiricamente
dado; ao contrrio, a cornprovaco dessa significaco
que constitui a premissa para que algo se converta em
objeto da anlise.
Naturalmente, o significativo, como tal, nao coincide
com nenhuma lei como tal, e isso tanto menos quanto
mais geral for a validade dessa lei. Porque a
significaco
que para ns tem um fragmento da realidade
n o
se en-
contra nas relaces que compartilha com o maior nme-
ro possvel de outros elementos. A relaco da realidade
com ideias de valor que lhe conferem urna significaco,
assim como sublinhar e ordenar os elementos do real
matizados por essa relaco sob o ponto de vista de sua
significaco
cultural, constituem perspectivas completa-
mente diferentes e distintas da anlise da realidade leva-
da a cabo para conhecer suas leis e orden-la segundo
conceitos gerais. Ambas as modalidades de pensamento
ordenador do real nao mantm entre sinenhuma relaco
lgica necessria. Poder suceder que, num caso concre-
to, venham alguma vez a coincidir ; mas, se essa coinci-
.. Significativo
sempre
algo par ticu lar, que se tor -
na significativo exatamente
quando Ihe
atr ibudo um
signi ficado. Por isso, nem
mesmo urna lei relacao in-
v arivel) geral pode ser
significativa como tal.
-
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WEBER ENS IOS COMENT DOS
~ Urna c oi sa s er impo r- _
tante por constituir fenme-
noobservvel emgrande es-
cala; outra, desempenhar
papel fundamental numa ci-
vilizaco aqui o termo ern-
pregado no mesmo sentido
do que, em out ros passos,
cultura ).
~ Nes te ponto nos def ron-
tamos com duas acepces
de signific tivo urna,de ca-
rter genrico o interesse
pela traca como fenmeno
econmico, por exemplo);
outra - e decis iva -, relativa
ao modo como o fenmeno
a t raca, no caso) se apre-
senta numa confiquraco
histrica particular.
dncia casual nos ocultar sua discrepancia de
princpio
isso poder acarretar as mais funestas consequncias
A
significacao
cultural de um fenmeno - por exem-
plo o do comrcio monetrio - pode consistir no fato
de se manifestar como fenmeno de massa um dos ele-
mentos fundamentais da civil izaco contempornea.
Mas de imediato o fato
histrico
de desempenhar esse
papel que constitui o que dever ser coinpreeridido sob
o ponto de vista da sua signi f icarao cultural e explicado
causalrnente sob a perspectiva da sua origem histrica. A
anlise da essncia
geral
da troca e da
tcnica
do trfico
comercial constituem urna tarefa
preliminar
ainda que
extremamente importante e indispensvel. Mas nao fica
assim resolvida a questo de como a troca chegou his-
toricamente a alcancar a fundamental signif icaco que
hoje possui; mas antes de mais nada aquela que em l-
tima anlise nos interessa: qual a
significacao cultural
da
economia monetria. Pois com respeito a ela que nos
interessamos pela descrico da tcnica de circulaco e
pela mesma razo que existe hoje urna ciencia dedica-
da a essa tcnica. De todo modo a troca nao se deduz
de nenhuma dessas leis As
caracter s t icas genr icas
da
troca da compra etc. interessam ao jurista. Mas o.que.a
nsinteressa atarefa de analisar.a signi f icafaocultural
do fato
histrico
de a troca constituir hoje
umferime-
no demassa. Quando esse fato deve ser explicado quan-
do pretendemos compreender a
diferenca
entre nossa ci-
vil izaco socioeconmica e a da Antiguidade - quando
. a troca apresentava exatamente as mesmas qualidades
genricas de hoje - quando queremos saber em que
consiste a
significaco
da economa monetria surgem
OBJETIVID D E DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
ento na anlise princpios lgicos de origem claramen-
te heterognea Por certo que enquanto contenham ele-
mentos significativos de nossa cultura utilizaremos os
conceitos que a anlise dos elementos genricos dos fe-
nmenos econmicos de massa nos oferece como meios
de exposico Mas por muito exata que seja a distinco
desses conceitos e leis nao s nao teremos alcancado o
alvo
de nossa tarefa como a questo sobre qual deve ser
o objeto da forrnaco de conceitos genricos nao ficar
livre de pressupostos dado que foi decidida em funco
da signi f icaco que possuem para a cultura determina-
dos elementos dessa multiplicidade infinita que chama-
mos cornrcio
Aspiramos ao conhecimento de um fenmeno his-
trico isto
s ign if ic a ti vo na sua e s pec if ic idade .
E o que
aqui existe de decisivo o fato de s adquirir sentido
lgico a ideia de um conhecimento dos fenmenos
in -
dividuais
mediante a premissa de que
a pe na s u ma p arte
finita da infinita diversidade de fenmenos
significati-
va . Mesmo com o mais amplo conhecimento de t odas as
leis
do devir f icaramos perplexos ante o problema de
como
possvel
em geral a
expl icacao cau sa l
de um fato
individual
posto que nem sequer se pode pensar a mera
descrico
exaustiva do mais nfimo fragmento da reali-
dade. Pois o nmero e a natureza das causas que deter-
minaram qualquer acontecimento individual sao sempre
infinitos
e nao existe nas prprias coisas critr io algum
que permita escolher dentre elas urna fraco que possa
entrar isoladamente em linha de conta. A tentativa de
um conhecimento da realidade livre de pressupostos
apenas conseguiria produzir um caos de juzos existen-
-
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WEBER ENS IQS COMENT DOS
~ do que os fenmenos
sociais nao exibem nenhum
carter objetivamente intrn-
seco a eles, nao sadase-
MO buscar suas causas me-
diante a
tribuir o
(imputa-
co) dessa condico a ou-
tros fenmenos (ou a um
conjunto deles), para emse-
guida pesqusar se arelaco
suposta se confirma.
i
t
ciais acerca de inmeras percepces particulares. E at
mesmo esse resultado seria possvel s na aparencia, pois
a realidade de cada urna das percepces, expostas a urna
anlise detalhada, oferece um sem-nmero de elementos
particulares, que nunca podero ser expressos de modo
exaustivo nos juzos de percepco.
Este caos s pode ser ordenado pela circunstancia de
que, em qualquer caso, unicamente um
segmento
da rea-
lidade individual possui interesse e significado para ns,
posto que s ele se encontra em relaco com as i de ia s d e
va lo r cu l tura is com que abordamos a realidade. Portanto,
s alguns aspectos dos fenmenos particulares infinita-
mente diversos, e precisamente aqueles a que conferimos
urna s ig ni fi ca ca o g er al p ar a a c u lt ur a merecem ser co-
nhecidos, pois apenas eles sao objeto da explicaco cau-
saL Tambm essa
expli o
causal oferece, por sua vez,
o mesmo carter , pois urna regresso causal exaustiva
com base em qualquer fenmeno concreto, para captar
sua plena realidade, nao s resulta impossvel, na prtica,
como pura e simplesmente um absurdo, Apenas colo-
camos em relevo as causas a que sepodem atribuir num
caso concreto, os elementos essenciais de um aconteci-
mento. Quando se trata da
individualidade
de um fen-
meno, o problema da causalidade no incide sobre
tels
mas sobre on xo s causais concretas; nao se trata de sa-
ber a que frmula se deve subordinar o fenmeno a t-
tulo de exemplar, mas sim a que constelaco part icular
deve ser imputado como resultado. Trata-se, portanto,
de um
p ro bl em a d e im pu ta c o.
Onde quer que se trate
de
expli o
causal de um fenmeno cultural - ou de
urna individualidade histrica , expresso j utilizada
OBJETIVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI I S
relativamente a metodologia da nossa discipl ina, e ago-
ra habitual na lgica, com urna formulaco mais precisa-,
o conhecimento das
leis
da causalidade nao poder cons-
tituir o f im mas antes o meio do estudo. Ele facilita e pos-
sibilita a imputaco causal dos elementos dos fenmenos,
tornados importantes para a cultura por sua individua-
lidade, as suas causas concretas,
apenas na medida em
que presta esse servico que poder ter valor para o co-
nhecimento das conexes individuais. E quanto mais ge-
rais , isto , abstratas, sao as leis, menos contribuem para
as necessidades da imputaco causal dos fenmenos indi
viduais e, indiretamente, para a compreenso da signifi-
cacao dos acontecimentos culturais.
Que se conclui de tudo isso?
De modo algum que, no campo das ciencias da cul-
tura, o conhecimento do
geral
a formaco de conceitos
genricos abstratos, o conhecimento de regularidades
e a tentativa de forrnulaco de relaces regulares nao
tenham urna justificaco cientfica. Muito ao contrrio.
Seo conhecimento causal do historiador consiste numa
imputaco de certos resultados concretosadeterrnina-
das causas concretas, ento
impossivel.
urna imputa~ao
vlida dequalquer resultado individual.sem a
utiliz o
de um conhecimento nomolgco - isto ~do ~onheci-
mento das regularidades das conexes causis. Para sa-
ber sea um elemento individual e singular de urna cone-
xo
cabe atribuir, na realidade, urna importancia causal
para o resultado que se trata de explicar causalmente,
apenas existe a possibilidade de proceder a avaliaco das
influencias que nos habituamos a esperar
geralmente
tanto deste como de outros elementos do mesmo com-
~ Conctuso importante: a
irnputaco (hipottica) de
causas aofenmeno que in
teressa explicar de que se
talava antes nao dispensa
o conhecimento da regula
r idade de ocorrncias ( no
rnolqico ).
-
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WEBER
ENS IOS COMENT DOS
~ Webe r encont rou essa
ideia de possibilidade ob-
jetiva na obra do historia-
dor Eduard Meyer que dis-
cute em seus escri tos me-
todolgicos)_ Um evento -
por exemplo, urnabatalha -
pode tomar-se significativo
pel os e fe it os que teve em
contraste com os que resul-
tar iam caso assumisse urna
outra confiquraco, igual-
mente possivel no exemplo
da batalha, a v itr ia do ou-
tro lado),
plexo que sejam pertinentes
explicaco, Essas influen-
cias constituem, por conseguinte, os efeitos adequados
dos elementos causais em questo,
Saber at que ponto o historiador (no sentido mais
lato da palavra) capaz de realizar com seguranc;:a essa
imputaco, com o auxl io de sua maginaco metodica-
mente educada e alimentada por sua experincia pessoal
de vida, e at que ponto estar dependente do auxlio de
determinadas ciencias especializadas postas a seu alcan-
ce, algo que depende de cada caso particular, Mas em
qualquer caso, e portanto tambm no campo dos fen-
menos econmicos complexos, a seguranra da imputa-
co tanto maior quanto mais seguro e amplo for nosso
conhecimento geral. O valor dessa afirrnaco nao fica de
modo algum diminudo pelo fato de que nunca, mes-
mo nas chamadas leis econmicas , trata-se de cone-
x
regulares no sentido estrito das ciencias da natu-
reza, mas sim de conexes causais
adequadas
expressas
em regras, e portanto de urna aplicaco da categoria da
possibilidade objetiva : que nao analisaremos aqui com
mais pormenores. Ocorre que o estabelecimento de tais
regularidades nao
a f inalidade mas sim um meio do
conhecimento, E quanto a saber se tem sentido formu-
lar como le urna regularidade de conexes causais,
observada na experiencia cotidiana, nao mais que urna
questo de conveniencia em cada caso concreto. Para as
ciencias exatas da natureza as leis sao tanto mais impor-
tantes e valiosas quanto ma i s ge ra l sua validade, Para o
conhecimento das condices concretas dos fenmenos
histricos as leis ma i s ge ra i s sao frequentemente as me-
nos valiosas, por serem as mais vazias de contedo. Pois
OBJETIVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
7
quanto mais vasto o campo abrangido pela validade de
um conceito genrico - isto ,quanto maior a sua exten
sao tanto mais nos afciStada riqueza da realidade, pos-
to que, para poder abranger o que existe de comum no
maior nmero possvel de fenmenos, forcosamente de-
ver ser o mais abstrato e
pobre
de contedo, No campo
das ciencias da cultura, o conhecimento do geral nunca
tem valor por si prprio.
De tudo o que at aqui se disse resulta que carece
de razo de ser um estudo objetivo dos acontecimen-
tos culturais , no sentido em que o fim ideal do trabalho
cientfico deveria consist ir numa reduco da realidade
emprica a certas leis. Carece de razo de ser, na o por-
que - como frequentemente se sustentou - os aconteci-
mentos culturais ou, se se quiser , os fenmenos espiri-
tuais evoluam objetivamente de modo menos sujeito
a leis, mas:
a) porque o conhecimento de leis sociais nao
um co-
nhecimento do socialmente real , mas unicamente
um dos diversos meios auxiliares que o nosso pensa-
mento uti liza para esse efei to; e
b) porque nenhum conhecimento dos acontecimentos
culturais poder ser concebido seno com base na
significarao que a realidade da vida, sempre configu-
rada de modo individual , possui para ns em deter-
minadas relaces singulares.
Nao existe nenhuma lei que nos mostre em que sen-
t ido e em que condices isso sucede, pois o decisivo sao
as i de ia s d e v al or sob as quais consideramos a cultura
-
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WEBER
ENS IOS COMENT DOS
~ Passagem fundamental: a
condico prvia, sem a qual
nao sepode falar deconhe-
cimento cientifico do mundo
dos significados e dos valo-
res (da cul tura) a capaci-
dade dos homens (ou seja,
de entes ativos e pensantes,
portanto motivados por inte-
resses lastreados em valo-
res) de atribuir sentido aqui-
loque nao o tem
e per s i
~ A referencia , em es-
pecial, ao filsofo Heinrich
Rickert. Refere-se, contu-
do,
terminologia e deixa
subentendida urna diteren-
ca essencial. que,enquan-
to Rickert fala de valores ,
Weber falade ideias deva-
lor . O termo lgico aplica-
-se, aqui, ao que chamara-
mas deteoria oufi losofia da
ciencia, e nao lgica como
disciplina formal das leis ge-
rais do raciocinio vlido.
em cada caso, A cultura um segmento finito do de-
curso infinito e destitudo de sentido prprio do mun-
do, a que o pensamento conferiu - do ponto de vista do
homem - um sentido e urna sgnificaco. E continua a
ser assim mesmo para quem se
op
a urna cultura con-
creta
como inimigo implacvel e preconiza o regresso
a natureza Pois apenas pode adotar essa posico quan-
do compara essa cultura concreta as suas prprias ideias
de valor, considerando aquela como demasiado super-
ficial . Referimo-nos precisamente a esta circunstancia
p u ram en te l g ic a e f o rm a l quando afirmamos que todo
o individuo histrico est arraigado, de modo logica-
mente necessrio, a ideias de valor .
A premissa transcendental de qualquer c ie nc ia d a
cultura reside n o no fato de considerannos valiosa urna
cultura
determinada ou qualquer, ~as sim na circuns-
tancia de sermos homens de cultura, dotados da capa-
cidade e da vontade de assurnir urna
posiou:
consciente
diante do mundo e de lhe conferir um sentido. Qualquer
que seja este sentido, influir para que, no decurso de
nossa vida, extraiamos dele nossas avaliaces de deter-
minados fenmenos da convivencia humana e assuma-
mos perante eles, considerados significativos urna posi-
f o (positiva ou negativa). Seja qual for o contedo dessa
tomada de posico, tais fenmenos possuem para ns
urna significafo cultural, que constitui a base nica de
seu interesse cientfico.
Por conseguinte, quando utilizamos aqui a termino-
logia dos-lgicos modernos e dizemos que o conheci-
mento cultural condicionado por determinadas ideias
de valor esperamos que isso nao seja suscetvel de mal-
OBJETIVID DE DO CONHECIMENTO N S CIENCI S SOCI IS
9
-entendidos tao grosseiros como a opinio de que ape-
nas se deve atribuir significaco cultural aos fenme-
nos valiosos Pois tanto a prostituico como a religio
ou o dinheiro sao fenmenos culturais e o sao nica e
exclusivamente enquanto sua existencia e a forma que
historicamente
adotam correspondem direta ou indire-
tamente aos nossos int.eresses culturais , enquanto ani-
mam nosso desejo de conhecimento a partir de pontos
de vista derivados das ideias de valor, as quais tornam
significativo para ns o fragmento de realidade expresso
naqueles conceitos.
Disso resulta que todo conhecimento da realidade cul-
tural sempre urn conhecimento subordinado a p on to s d e
vista especificamente particulares. Quando exigimos do
historiador ou do socilogo a premissa elementar de sa-
ber distinguir entre o essencial e o secundrio, de possuir
para esse fim os pontos de vista necessrios, queremos
unicamente dizer que ele dever saber referir - consciente
ou inconscientemente - os elementos da realidade a va-
lores culturais universais e destacar aquelas conexes que
para ns se revistam de significado. E se frequente a opi-
nio de que taispontos devista podero ser deduzidos da
prpria matria , isso apenas se deve a ingenua iluso do
especialista que nao se d conta de que - desde o incio e
em virtude das ideias devalor com que inconscientemen-
te abordou o tema - destacou da imensidade absoluta urn
fragmento nfimo, e particularmente aquele cujo exame
lhe importa.
A propsito dessa seleco de aspectos especiais e
individuais do devir, que sempre e em todos os casos
se realiza consciente ou inconscientemente, reina tam-
-
7/24/2019 WEBER. Objetividade
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WEBER ENSAIOS COMENTADOS
bm essa concepco do trabalho cientfico-cultural que
constitui a base da tao repetida afirmaco de que o ele-
mento pessoal o que verdadeiramente confere valor
a urna obra cientfica. Ou seja, de que qualquer obra
deveria exprimir urna personalidade paralelamente a
outras qualidades.
Por certo que sem as ideias de valor do investigador
nao existiria nenhum
p r in c ip io de s e le co
nem conheci-
mento sensato do real singular e,assim como sem a
eren
~a
do pesquisador na
significadio
de um contedo cul-
tural qualquer resultaria completamente desprovido de
sentido todo o estudo do conhecimento da realidade in
dividual
tambm a orientaco de sua convicco pessoal
e a difraco dos valores no espelho de sua alma conferem
a seu trabalho urna dreco. E os valores a que o genio
cientfico refere os objetos de sua nvestigaco podero
determinar a concepco que se far de toda urna po-
ca. Isto , nao s podero ser decisivos para aquilo que
se considera valioso nos fenmenos, mas ainda para o
que passa por ser significativo ou insignificante, impor-
tante ou secundario
O conhecimento cientfico-cultural tal como o en-
tendemos encontra-se
preso
portanto, a premissas sub-
jetivas pelo fato de apenas se ocupar daqueles elemen-
tos da realidade que apresentem alguma relaco, por
muito indireta que seja, com os acontecimentos a que
conferimos urna
significa~iio
cultural. Apesar disso, con-
tinua naturalmente a ser um conhecimento puramen-
te
causal
exatamente como o conhecimento de even-
tos naturais individuais importantes dotados de carter
qualitativo.
A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO NAS CIENCIAS SOCIAIS
Paralelamente as numerosas confuses originadas
pelo imiscuir do pensamento jurdico formalista na es-
fera das ciencias culturais, surgiu recentemente, entre
outras, a tentativa de refutar a concepco materialista
da histria atravs deurnasrie de engenhosos
S9~S
mas. Para tanto argumenta-se que, dado que toda a vida
econmica deveria evoluir dentro de determinadas
for
mas r egu ladas
de modo legal ou convencional, qualquer .
evoluco
econmica deveria adotar o aspecto de aspi-
races para a criaco de novas
f ormas j ur d ica s.
Isto ,
que apenas poderia ser compreensvel a part ir de certas
mximas morais , e seria por isso diferente, em essncia,
de qualquer evoluco natural : O conhecimento da evo-
luco
econmica teria assim urn carter
teleolgico
Sem querermos discutir aqui o significado amb-
guo que o conceito de
evoluco
comporta nas ciencias
sociais , nem o conceito igualmente ambguo, do ponto
de vista lgico, de teleolgico : cabe estabelecer que a
economia nao necessariamente
teleolgica
tal como
pressupe essa concepco.
Mesmo no caso de urna total identidade de forma
das normas jurdicas vigentes, pode mudar de modo ra-
dical a significacao cultural das relacoes jurdicas de car-
ter normativo e,consequentemente, as prprias normas.
Pois se nos permitirmos um mergulho em divagaces
sobre o futuro, poder-se-ia imaginar, por exemplo, como
teoricamente realizada urna social izaco dos meios de
produco , sem que sehouvesse produzido qualquer as-
piraco conscientemente dirigida para esse resultado, e
sem que houvesse necessidade de acrescentar ou supri-
mir qualquer art go da nossa atual legislaco. Em com-
~ A referencia
ao juris
ta Rudolf Stammler a cuja
obra Weber dedicou exten
sa critica reproduzida nos
seus escritos sobre metodo
logia das ciencias sociais.
~ Ou seja ela seria explica
dapelofim aoqual sedir ige.
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