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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
KATHARINA KARDINELE DA SILVA BARROS
Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina
platensis) para alimentação humana
JOÃO PESSOA
2010
KATHARINA KARDINELE DA SILVA BARROS
Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina platensis) para
alimentação humana
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Tecnologia de
Alimentos, do Centro de Tecnologia da
Universidade Federal da Paraíba para obtenção
do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de
Alimentos.
Orientador: Prof° Dr. JOÃO ANDRADE DA
SILVA
JOÃO PESSOA
2010
KATHARINA KARDINELE DA SILVA BARROS
PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE Spirulina platensis (Arthrospira platensis)
PARA ALIMENTAÇÃO HUMANA
DEDICO
A Deus que ilumina o caminho pelo qual devo
seguir, fazendo-me transpor as barreiras e
sempre me mostrando Seu amor misericordioso,
e a Maria que com seu coração de mãe sempre
me consolou nos momentos de aflição.
Aos meus pais Carlos Alberto Barros e Maria de
Fátima da S. Barros por me possibilitarem o
aprendizado, onde nunca mediram esforços para
minha formação, me fazendo crescer espiritual e
profissionalmente. Sem vocês essa vitória não
seria possível. Amor incondicional!
As minhas irmãs de sangue e coração Karla
Kárita, Karolina Karim, Gizely Cavalcanti e
Dandara Gomes pelo amor, apoio e orações, pelo
companheirismo e alegrias compartilhadas, por
aturarem meu estresse (desculpa!?), e mesmo assim
me amarem. Obrigada!
Ao meu marido Renato, um dos principais
causadores de minha felicidade. Obrigada por
toda dedicação, compreensão, pelas madrugadas
e fins de semana abdicados em prol dessa
dissertação. Você foi o “Anjo” que Deus me deu
de presente... essa vitória é nossa! Amo-te.
A minha segunda família Roberto, Rosa, Patrícia,
André e Elisa pelo amor, pelas alegrias
proporcionadas, pela compreensão e incentivo.
Muito obrigada!
Ao meu orientador prof. Dr. João Andrade da
Silva pela dedicação irrestrita, pela confiança,
por compartilhar seus conhecimentos e
experiências, pelas valiosas horas de conversa,
por sua amizade e preciosa orientação.
Ao meu eterno orientador prof. Dr. Roberto Sassi
que me apresentou e me iniciou nesse
maravilhoso campo de pesquisa, por sempre
insistir no meu engrandecimento profissional,
pelas oportunidades concedidas, pelos “carões”,
e por nunca me fazer desistir! Só Deus poderá
retribuir tamanha dedicação.
AGRADECIMENTOS
A todos os meus familiares e amigos pelo apoio, incentivo e pelas orações.
Ao meu avô que agora está no céu a zelar por nós! Embora não entendesse bem o que era
“essa tal de dissertação”, nunca deixou de me incentivar.
À Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em especial ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência e Tecnologia de Alimentos, e a todos os professores pela oportunidade concedida
para a realização do mestrado e para o meu crescimento profissional, em especial a profa.
Dra. Janeeyre Ferreira Maciel pela amizade e ao prof. Dr. José Marcelino Oliveira Cavalheiro
pelo imenso apoio.
A Capes, pela concessão da bolsa possibilitando a dedicação ao curso e desenvolvimento
deste trabalho.
À profa. Dra. Maria José de Carvalho Costa, pela honra e presteza de participar das Bancas do
Exame de Qualificação e Defesa e pela certeza das suas valiosas contribuições para melhoria
desta pesquisa.
Ao prof. Dr. Ricardo Targino por todo auxilio, serenidade e contribuição para a realização da
avaliação sensorial. Muito obrigada!
Aos funcionários do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos:
Gilvandro, Claudionor, Eunice, Vanessa e Humberto pela dedicação, atenção,
profissionalismo e amizade.
À profa. Dra. Cristiane Francisca da Costa pela disponibilidade e presteza em me ensinar
estatística, dedicando horas do seu dia para que eu pudesse aprender essa, agora menos,
complicada análise. Não teria conseguido sem você. Muito obrigada!
A todos os colegas de Mestrado, Alline, Ingrid, Tatiana, Cristine, Cristiane, Naára, Ana
Débora, Salete, Julio, Rosana e Alane pelo convívio alegre, horas de estudos, pelas palavras
de motivação nas horas difíceis, e companheirismo; e aos agregados do Doutorado, Olivaldo,
Kassandra, Poliana, Juan Carlos, João Paulo, Fátima, Ruth e Jaqueline, pela amizade, apoio e
ajuda.
Ao recém Doutor Juan Carlos pelas horas de discussão sobre nossa querida Spirulina.
Aos meus companheiros de laboratório e funcionários do LEA, Carol, Rita, Micheli,
Ruceline, Tatiana, Joana, Eduardo, Felipe, Isabella, Patrícia, Stella, Margarida, Neide,
Dalvanira, Ricardo, Lúcia e em especial a Dorinha, Leninha, Thiago e Sr. Ramos, por todos
os momentos vividos com vocês, pela paciência em ter que me escutar todos os dias, pelo
apoio, incentivo, torcida, conselhos, alegrias compartilhadas, conquistas alcançadas e acima
de tudo por toda ajuda concedida. Vocês foram peças importantes para esta vitória. Meus
sinceros agradecimentos.
Ao prof. Dr. Roberto Sassi por conceder a utilização dos laboratórios do LEA, a qualquer dia
e horário, por ceder a cepa da Spirulina platensis além de reagentes e parte de sua sala para
realização de experimentos, enfim, pela grande colaboração, incentivo, paciência e motivação
para a realização desta pesquisa.
Ao ministério de Teatro Imagem e Semelhança e família EJC da Paróquia Nossa Senhora
Aparecida pelas orações, interseções, compreensão e amizade. Vocês são preciosos aos olhos
de Deus!
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, que torceram e
oraram por mim. Sou muito grata a todos vocês. Xerim no coração e Deus abençoe.
Muito Obrigada!
"Sempre se fala em deixar um planeta melhor
para nossos filhos. Quando iremos pensar em
deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
RESUMO
BARROS, K. K. S. Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina
platensis) para alimentação humana. 2010. 111 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e
Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal da Paraíba.
A microalga Spirulina platensis tem sido objeto de estudo por apresentar elevado valor
protéico (50–70 % de seu peso), aminoácidos essenciais, vitaminas (especialmente B12), sais
minerais, além de pigmentos (carotenóides, ficocianinas e clorofilas), ácidos graxos
poliinsaturados, incluindo os ácidos graxos ômega-3 e outros compostos biologicamente
ativos. A presente pesquisa teve como objetivo elaborar um produto alimentício do tipo
macarrão enriquecido com biomassa de S. platensis, destinado ao consumo humano, com
estabilidade microbiológica e características nutricionais e organolépticas satisfatórias. Para a
elaboração do macarrão foram realizados testes para obtenção de biomassa cultivada em duas
situações: fotobiorreator e tanque; sendo estas colhidas em fase de crescimento exponencial
ou estacionária e secas em liofilizador ou secador adiabático. Após analise das biomassas
produzidas, utilizou-se a biomassa cultivada em tanque, colhida na fase de crescimento
exponencial e seca em secador adiabático para a elaboração do macarrão em três
concentrações: 5, 10 e 15 %. Foram realizadas análises quanto aos parâmetros
microbiológicos e físico-químicos da biomassa de S. platensis e do macarrão. O macarrão
elaborado foi avaliado sensorialmente por um painel de 58 provadores não treinados que
realizaram testes sensoriais de aceitação e intenção de compra para seleção da melhor
formulação. Os resultados obtidos nas análises físico-químicas da biomassa cultivada nas três
situações demonstraram que não há diferença significativa entre a composição centesimal da
S. platensis para os teores de proteínas, lipídios, carboidratos e calorias, cultivada em
fotobiorreator e em tanque ou quando a biomassa produzida era seca em liofilizador ou estufa.
Para a biomassa colhida na fase exponencial de crescimento ou na estacionária, quanto à
composição centesimal, demonstrou-se que ocorre um aumento do percentual de carboidratos,
lipídeos e resíduo mineral fixo e diminuição de proteína e calorias quando a cianobactéria se
encontra na fase estacionária. Com base nos resultados da análise da composição centesimal
do macarrão foi possível observar que o aumento da concentração de S. platensis nas
formulações resultou em aumento no teor de proteínas e minerais, e consequente aumento do
valor nutricional. De acordo com os resultados da avaliação sensorial, os produtos tiveram
uma boa aceitação, apresentando a formulação com 5,0 % de S. platensis o escore de “gostei
ligeiramente”, o mesmo também foi obtido pela que continha 15,0% e a formulação com
10,0% apresentou o escore de “gostei moderadamente”. O maior percentual de avaliação
global foi apresentado pelo macarrão enriquecido com 10,0% de S. platensis obtendo 93,10%
de avaliações positivas. Logo, é possível o desenvolvimento de produtos alimentícios, como o
macarrão adicionado de biomassa de S. platensis, tornando-se, mais uma alternativa alimentar
com melhores características nutricionais e podendo promover benefícios à saúde do
consumidor.
Palavras-chave: Spirulina platensis, macarrão, avaliação sensorial.
ABSTRACT
BARROS, K. K. S. Production of Arthrospira platensis (Spirulina platensis) biomass for
human consumption. 2010. 111p. Dissertation (Master of Science in Food Technology),
Federal University of Paraíba.
The Spirulina platensis has been studied by presenting high protein content (50 – 70%
of its weight), essential amino acids, vitamins (especially B12), minerals, and pigments
(carotenoids, phycocyanin and chlorophyll), polyunsaturated fatty acids, including omega-3
fatty acids and other biologically active compounds. The objective of the present study was to
develop a food product like macaroni fortified with S. platensis biomass for human
consumption, with microbiological stability and satisfactory organoleptic and nutritional
characteristics. To prepare the macaroni, tests were made to obtain biomass in two situations:
photobioreactor and tank cultivation; being these harvested in exponential growth and
stationary phase and dry in freeze dryer and adiabatic dryer. After considering the produced
biomasses, the biomass cultivated in tank and harvested in the exponential growth phase and
dried in the adiabatic dryer was used to elaborate the macaroni in three concentrations: 5, 10
and 15%. Analyses were realized for microbiological and physical-chemical parameters of S.
platensis biomasses and macaroni. The elaborated macaroni was evaluated sensorially by a
panel of 58 untrained panelists who performed sensory tests for acceptance and purchase
intent for selection of the best formulation. The results obtained in the physical-chemical
analyses of the biomass grown in the three situations showed that there is no significant
difference between the centesimal composition of S. platensis for the content of protein,
lipids, carbohydrates and calories, cultivated in photobioreactor and in tank or when the
produced biomass was dried in freeze dryer or hothouse. For the biomass harvested in the
exponential growth or stationary phase, as to composition, it was shown that there is an
increase in the percentage of carbohydrates, lipids and ash and decrease in protein and
calories content when the cyanobacteria is in the stationary phase. Based on the analysis of
the macaroni‟s composition, it was observed that increasing the concentration of S. platensis
in the formulations resulted in an increase in protein and minerals, and consequent increase in
nutritional value. According to the sensorial evaluation results, the products had good
acceptance, providing the formulation with 5.0% S. platensis score of “like slightly”, the same
was also obtained by the one containing 15.0% and the formulation with 10.0% had a score of
“like moderately”. The highest percentage of overall assessment was presented by the
macaroni enriched with 10.0% of S. platensis, obtaining 93.10% of positive assessments.
Therefore is possible to develop food products, like the macaroni added biomass of S.
platensis, becoming another alimentary alternative with better nutritional characteristics and
able to promote health benefits to the consumer.
Keywords: Spirulina platensis, macaroni, sensory evaluation.
LISTA DE ILUSTAÇÕES
Figura 1 Representação esquemática de taxa de crescimento de algas em cultura e a
concentração de nutrimentos por um período de tempo................................. 25
Figura 2 Tanques de cultivo de microalgas .................................................................. 35
Figura 3 Fotobiorreatores utilizados para o cultivo de microalgas............................... 36
Figura 4 Spirulina platensis, aumento de 200X e 400X............................................... 43
Figura 5 Ponto triplo das substâncias............................................................................ 48
Figura 6 Fluxograma representativo do preparo do cultivo para produção de
biomassa de S. platensis em fotobiorreator e tanque de cultivo contínuo...... 55
Figura 7 Fluxograma representativo dos ensaios realizados com cultivo S. platensis.. 56
Figura 8 Fluxograma representativo da produção do macarrão.................................... 61
Figura 9 Preparo das amostras utilizadas na análise sensorial .................................... 62
Figura 10 Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator
obtidas por fluorescência “in vivo”. Média ± Desvio Padrão......................... 65
Figura 11 Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator
obtidas por medidas da densidade ótica. Média ± Desvio Padrão.................. 66
Figura 12 Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator
obtidas com base na contagem celular. Média ± Desvio Padrão.................... 66
Figura 13 Densidade celular máxima da S. platensis cultivada em fotobiorreator e
tanque de cultivo, com a biomassa colhida durante a fase exponencial de
crescimento. Média ± Desvio Padrão............................................................. 68
Figura 14 Densidade celular máxima da S. platensis cultivada em fotobiorreator, com
a biomassa colhida durante as fases crescimento exponencial e
estacionária. Média ± Desvio Padrão.............................................................. 68
Figura 15 Variação do pH durante o cultivo da S. platensis em fotobiorreator e em
tanque de cultivo............................................................................................. 70
Figura 16 Cinética de secagem da biomassa de S. platensis para quatro temperaturas
de secagem...................................................................................................... 71
Figura 17 Frequência de consumo de macarrão.............................................................. 78
Figura 18 Percentual de aceitação, indiferença e rejeição das três formulações de
macarrão enriquecida com S. platensis........................................................... 80
Figura 19 Intenção de compra para as três formulações de macarrão enriquecidas
com S. platensis.............................................................................................. 82
Quadro 1 Comparação da proteína de carne bovina e proteína de microalga................ 38
Quadro 2 Composição aminicídica da S. platensis em base seca................................... 43
Quadro 3 Percentual de ácidos graxos presentes em S. platensis em base seca............. 44
Quadro 4 Vitaminas identificadas na biomassa seca de S. platensis, no leite de vaca
em pó, soja e no ovo de galinha......................................................................
45
Quadro 5 Minerais identificadas na biomassa seca de S. platensis, no leite de vaca
em pó, soja e no ovo de galinha......................................................................
45
Quadro 6 Composição do meio de cultura para Spirulina utilizado nesta pesquisa....... 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Formulação do macarrão com diferentes concentrações de biomassa de S.
platensis, em quantidades percentuais com base no total de farinha de trigo
mais biomassa................................................................................................. 61
Tabela 2 Taxa de crescimento de S. platensis em fotobiorreator e tanque de cultivo,
baseadas na contagem celular......................................................................... 67
Tabela 3 Índice de Correlação de Spearman entre as medidas diárias de crescimento
da S. platensis obtidos dos cultivos em fotobiorreator e tanque de cultivo.... 69
Tabela 4 Avaliações microbiológicas da biomassa de S. platensis e seu padrão
microbiológico................................................................................................ 72
Tabela 5 Avaliações microbiológicas do macarrão enriquecido com S. platensis em
diferentes concentrações e seu padrão microbiológico................................... 72
Tabela 6 Valores médios das variáveis de composição centesimal da S. platensis em
diferentes tipos de cultivo e método de secagem............................................ 74
Tabela 7 Valores médios das variáveis de composição centesimal do macarrão e
suas diferentes formulações............................................................................ 75
Tabela 8 Percentual de proteína nas diferentes formulações do macarrão com base
na IDR para cada faixa etária.......................................................................... 77
Tabela 9 Valores médios dos escores para os atributos avaliados no Teste de
Aceitação das três formulações do macarrão enriquecido com S. platensis... 79
Tabela 10 Percentual de aceitação, indiferença e rejeição das três formulações de
macarrão enriquecida com S. platensis........................................................... 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 16
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 16
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17
3.1 A insustentabilidade dos sistemas atuais de produção de alimentos .................................. 17
3.2 Alimentação contemporânea .............................................................................................. 19
3.3 Histórico e aplicações das microalgas na alimentação ....................................................... 20
3.3.1 Histórico do cultivo de microalgas .................................................................................. 21
3.3.2 Histórico do cultivo de microalgas no Brasil .................................................................. 22
3.3.3 Aplicações das microalgas .............................................................................................. 23
3.4 Cultivo de microalgas ........................................................................................................ 24
3.4.1 Crescimento das microalgas ............................................................................................ 24
3.4.2 Fatores limitantes para o crescimento microalgal ........................................................... 26
3.4.3 Medidas de crescimento .................................................................................................. 28
3.4.4 Meio de cultivo ................................................................................................................ 29
3.4.5 Sistemas de Cultivo ......................................................................................................... 34
3.4.6 Vantagens do cultivo de microalgas ................................................................................ 37
3.5 Spirulina ............................................................................................................................. 39
3.5.1 A Spirulina como composto nutracêutico ....................................................................... 40
3.5.2 Propriedades antinutricionais da Spirulina ...................................................................... 41
3.5.3 Spirulina platensis, Gomont, 1892 .................................................................................. 42
3.6 Legislação ........................................................................................................................... 46
3.7 Desidratação da biomassa ................................................................................................... 46
3.8 Custo de produção .............................................................................................................. 48
3.9 Macarrão ............................................................................................................................. 48
3.9.1 Macarrão como alimento funcional ................................................................................. 49
3.10 Avaliação sensorial ........................................................................................................... 49
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 51
4.1 Material biológico .............................................................................................................. 51
4.2 Desenvolvimento dos cultivos ............................................................................................ 51
4.2.1 Limpeza e esterilização de materiais ............................................................................... 51
4.2.2 Meio para o cultivo .......................................................................................................... 52
4.2.3 Condições de cultivo ....................................................................................................... 52
4.2.4 Curva de crescimento ...................................................................................................... 53
4.2.5 Tempo de cultivo ............................................................................................................. 53
4.2.6 Taxa de crescimento ........................................................................................................ 53
4.2.7 Densidade celular máxima (DCM) .................................................................................. 54
4.2.8 Produtividade ................................................................................................................... 54
4.2.9 Obtenção de biomassa seca ............................................................................................. 54
4.2.10 Colheita e filtração......................................................................................................... 56
4.3 Métodos de secagem ........................................................................................................... 57
4.4 Análise microbiologia......................................................................................................... 58
4.5 Análises físico-químicas ..................................................................................................... 58
4.5.1 Extrato seco total ............................................................................................................. 58
4.5.2 Resíduo mineral fixo ....................................................................................................... 59
4.5.3 Lipídeos totais ................................................................................................................. 59
4.5.4 Proteínas totais ................................................................................................................. 59
4.5.5 Carboidratos totais ........................................................................................................... 59
4.5.6 Quantificação da energia fornecida ................................................................................. 60
4.5.7 Determinação do pH ........................................................................................................ 60
4.6 Produção do macarrão ........................................................................................................ 60
4.7 Avaliação sensorial ............................................................................................................. 62
4.8 Análise estatística ............................................................................................................... 63
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 65
5.1 Avaliação do crescimento ................................................................................................... 65
5.2 Curva de secagem ............................................................................................................... 71
5.3 Análise microbiológica ....................................................................................................... 72
5.4 Composição centesimal ...................................................................................................... 73
5.5 Avaliação sensorial ............................................................................................................. 78
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 83
7 SUGESTÕES ....................................................................................................................... 84
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 85
APÊNDICE ........................................................................................................................... 103
ANEXO .................................................................................................................................. 107
1 INTRODUÇÃO
Influenciadas pelos avanços tecnológicos na indústria de alimentos e na agricultura e
pela globalização da economia, as práticas alimentares contemporâneas têm sido objeto de
preocupação das ciências da saúde, por ser notória a ocorrência de uma inversão nos padrões
de distribuição dos problemas nutricionais, onde a população está passando da desnutrição
para a obesidade. A opção por facilidades que poupam tempo de preparo e diminuem a
freqüência das compras é característica da alimentação contemporânea. Este comportamento,
nos alerta para a urgência em reavaliar os hábitos alimentares e estilo de vida da população.
Assim, surge um novo desafio de identificar ingredientes alternativos que aliem uma
alimentação equilibrada com qualidade nutricional a baixo custo e mínima interferência nas
características sensoriais das formulações alimentícias atualmente disponíveis no mercado
(GARCIA, 2003; KAC; VELASQUEZ-MELÉNDEZ, 2003), sendo as microalgas uma dessas
alternativas, podendo ser adicionadas a alimentos utilizados nas dietas usuais, melhorando-os
nutricionalmente.
As microalgas são importantes fontes de alimento para animais, bem como são
utilizadas na produção de corantes naturais e na alimentação humana, como é observado em
algumas regiões da África, Ásia, América do Sul, América do Norte e Europa (KEBEDE;
AHLGREN, 1996; SASSON, 1997). A imensa biodiversidade, e conseqüente variabilidade na
composição bioquímica destes microrganismos, aliada ao emprego de melhoramento genético
e ao estabelecimento de tecnologia de cultivo em grande escala vêm permitindo que as
microalgas sejam utilizadas em diversas aplicações, como nos processos de tratamento de
água, na aquicultura, nas industriais farmacêuticas e também na tecnologia de alimentos.
Neste último, as microalgas destacam-se principalmente por apresentarem elevado valor
protéico (50–70%), aminoácidos essenciais, vitaminas (especialmente B12), sais minerais,
além de pigmentos (carotenóides, ficocianinas e clorofilas), ácidos graxos poliinsaturados,
incluindo os ácidos graxos ômega-3 e outros compostos biologicamente ativos
(AARONSON; BERNER; DUBINSKY, 1980; BOROWITZKA, 1999a, 1999b; COLLA et
al., 2007).
Em virtude dessas características, o estudo bioquímico das microalgas tem despertado
grande interesse, particularmente na produção de proteína, uma vez que algumas espécies
podem conter mais de 50% de material protéico como tem sido evidenciado em várias
espécies de Scenedesmus, Spirulina e Dunaliella (BECKER, 1994). Em 1998, experimentos
15
realizados pela Organização Não Governamental (ONG) Antenna Techonologie
demonstraram que a ingestão diária de 2 a 4 g da microalga Spirulina supre as necessidades
de ferro, vitamina A e zinco de uma criança em idade escolar (FALQUET, 2000). Em virtude
dessas propriedades nutricionais e farmacêuticas, esses microrganismos podem ser
empregados especialmente no desenvolvimento de alimentos funcionais (AMBROSI et al.,
2008). Mas ainda existe uma clara discrepância entre o reconhecido potencial de muitas
espécies de microalgas e o atual desenvolvimento industrial, visto que muitas espécies ainda
não têm o reconhecimento de seu potencial na produção de substâncias com importância
econômica (BECKER, 1994).
Diante da grande quantidade de espécies de microalgas já pesquisadas, a cianobactéria
Spirulina platensis apresenta um papel de destaque por ser de alto valor biológico devido ao
seu alto teor protéico, presença de ácidos graxos poliinsaturados, pigmentos, minerais e
vitaminas (LOURENÇO, 2006). Com base nestas evidências, e na necessidade da produção
de alimentos que possuam qualidades nutricionais satisfatórias, procurou-se desenvolver com
esta pesquisa, um produto alimentício, do tipo macarrão, que é um alimento amplamente
consumido pela população brasileira, adicionado de biomassa de S. platensis, tornando-se,
mais uma alternativa alimentar com melhores características nutricionais, interferindo
minimamente nas suas características tecnológicas e organolépticas, podendo promover
benefícios à saúde do consumidor.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Obter biomassa de Spirulina platensis para elaboração de produto alimentício
enriquecido, do tipo macarrão, destinado ao consumo humano, com estabilidade
microbiológica e características nutricionais e organolépticas satisfatórias.
2.2 Objetivos Específicos
Produzir biomassa a partir do cultivo de Spirulina platensis;
Determinar a concentração centesimal da biomassa obtida durante as fases de
crescimento exponencial e estacionário, secos por liofilização ou gravimetria, a partir de
cultivos em tanque e em fotobiorreator;
Realizar análises microbiológicas e físico-químicas da biomassa algal produzida;
Produzir massa alimentícia enriquecida com biomassa de S. platensis;
Realizar análises microbiológicas e físico-químicas do produto alimentício;
Realizar testes sensoriais de preferência e aceitação do produto alimentício para
consumo humano enriquecido com a biomassa algal produzida.
17
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A insustentabilidade dos sistemas atuais de produção de alimentos
Os recentes estudos realizados por Khan e Hanjra (2009) sobre os impactos ambientais
da água e da energia na produção de alimentos fornecem dados significativos em níveis local,
nacional e global, que podem ter conseqüências para a segurança alimentar mundial e para a
saúde e produtividade dos ecossistemas. Segundo esses autores, a água e o solo são recursos
que estão sendo utilizados de forma insustentável, sendo inevitável a redução no rendimento
de culturas e o aumento no consumo de agroquímicos e de combustíveis fósseis com impactos
negativos sobre os ecossistemas e os seres humanos.
Os requerimentos para a produção de alimento deverão aumentar em função do
tamanho da população que deverá pular de 6 bilhões em 2000 para 9 bilhões em 2050
(UNDP, 2006), aumentando cada vez mais os impactos da agricultura sobre o ambiente.
Estima-se que, em virtude desse fato, 10 bilhões de hectares de ecossistemas naturais serão
convertidos para a agricultura, introduzindo incertezas maiores nas demandas de água
(BONFILS; LOBELL, 2007; TILMAN, 1999; TILMAN et al., 2001), mas assegurando que
ela será um sério fator limitante, visto que 70% da água doce usada pelos humanos já está
comprometida com a agricultura (ROSEGRANT; CAI; CLINE, 2002). Alimentar bilhões de
pessoas e manter o clima dentro de limites habitáveis são os principais problemas a serem
enfrentados visando garantir ofertas para as gerações futuras (MILINSKI et al., 2006).
Tilman et al. (2001) prevêem que para alimentar uma população de 9 bilhões de
pessoas a partir dos métodos atuais de produção agrícola, será necessário converter mais de 1
bilhão de hectares de habitats naturais, principalmente nos países em desenvolvimento,
duplicando ou triplicando os usos de nitrogênio e fósforo, aumentando cerca de duas vezes
mais o consumo de água, e triplicando o uso de pesticidas.
No Brasil, a questão das conversões do capital natural em capital humano exibe um
quadro de preocupação alarmante, particularmente devido à expansão das fronteiras agrícolas.
O bioma cerrado foi sendo progressivamente ocupado pela soja, aumentando o desmatamento
da Amazônia. Embora, a soja, seja plantada em áreas da Amazônia já convertidas para a
pecuária, não se atribuindo a ela, necessariamente, as implicações das conversões
18
(BRANDÃO; REZENDE; MARQUES, 2005), há de se considerar que a chegada da soja
desloca a pecuária para áreas virgens da floresta, devendo este efeito reduzir entre 400 e 830
mil hectares por ano (RODRIGUES, 2004).
Rodrigues (2004) mostra que no período de 1991 a 2001 o rebanho bovino na
Amazônia cresceu 77%, passando de 19% para 29% da produção nacional. A projeção
estimada para o ano de 2020 é um crescimento nacional entre 30% e 55%, devendo a
produção na Amazônia crescer de forma mais acentuada. Para atender a esse crescimento,
estima-se uma conversão entre 960 mil e 3,2 milhões de hectares por ano de floresta
amazônica para a pecuária, um número que não condiz em hipótese alguma, com os
pressupostos do desenvolvimento sustentável.
O retorno para uma vida totalmente natural é impossível, assim, não há outra opção a
não ser controlar os espaços humanos (noosfera) de maneira a permitir um uso mais
parcimonioso dos recursos naturais para que tanto as nossas necessidades atuais como as das
gerações futuras sejam atendidas (ZECHENDORF, 1999). Este é o conceito de
desenvolvimento sustentável estabelecido pela Comissão Mundial de Desenvolvimento e
Meio Ambiente. O desenvolvimento sustentável exige a conciliação de demandas para a
conservação da biodiversidade e o aumento da produção agrícola. Avaliar o impacto das
novas práticas agrícolas sobre a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas é fundamental
neste processo (BUTLER; VICKERY; NORRIS, 2007).
Pensando do ponto de vista da tecnologia, é possível que novas técnicas produtivas
sejam cada vez mais investigadas no sentido de produzir alimentos saudáveis e abundantes a
baixo custo, propiciando complementar as necessidades nutricionais diárias de populações
carentes e, ao mesmo tempo, re-orientando e re-pensando as práticas agrícolas que hoje são
adotadas. Nesse campo, várias contribuições da biotecnologia têm sido investigadas visando
remediar danos ambientais e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Processos que buscam
produzir mais alimento numa mesma área reduzindo pressões de expansão sobre a vida
silvestre tem sido uma opção interessante. Segundo Capra (2002) práticas planejadas reduzem
as perdas, a utilização de fertilizantes e pesticidas, além de reduzir os impactos sobre o meio
ambiente e permitem que os recursos usados hoje possam ser também conservados no futuro,
ao mesmo tempo em que provém qualidade de alimentos frescos e processados.
A busca por soluções limpas deverá garantir sustentabilidade humana e ambiental. A
agricultura orgânica e hidropônica são alguns exemplos de produção de alimentos de formas
mais saudáveis que estão em expansão no mundo todo, inclusive no Brasil. Certamente a
biotecnologia poderá criar novos recursos contribuindo com a melhoria da qualidade
19
ambiental e, por conseguinte, da qualidade de vida (ZECHENDORF, 1999). Outra tendência
que deverá se consolidar seriamente é a aqüicultura e, em especial, o cultivo em massa de
organismos que apresentam elevado valor nutricional, altas taxas de produção de biomassa,
baixas taxas de subsídios energéticos e químicos, necessidades de pequenos espaços. Neste
contexto as culturas em massa de microalgas e outros microrganismos deverão ocupar papel
de destaque (HABIB et al., 2008).
3.2 Alimentação contemporânea
As modificações na estrutura sócio-econômicas que, convenientemente, eclodiram nos
últimos anos, não apenas no Brasil, mas também em outros países, tem instigado,
significativamente, mudanças nos hábitos e estilo de vida da população, implicando em um
aumento no consumo de alimentos industrializados. Estas transformações estão arraigadas à
transição nutricional, com a inversão nos padrões de distribuição dos problemas nutricionais
de uma dada população no tempo, ou seja, uma passagem da desnutrição para a obesidade.
Este comportamento, nos alerta para a urgência em reavaliar os hábitos alimentares e estilo de
vida da população, remetendo-nos a busca de meios capazes de promover hábitos alimentares
saudáveis, já que as dietas estão se tornando menos nutritivas e mais calóricas, dada,
especialmente, pelo aumento de gorduras e açúcares nesses alimentos (KAC; VELASQUEZ-
MELÉNDEZ, 2003).
Dentro deste contexto, observa-se a importância do consumo de proteínas de alto valor
biológico na alimentação humana, já que elas exercem funções de construção e manutenção
do organismo vivo. A insuficiência na ingestão de proteínas é prejudicial em qualquer fase do
ciclo de vida, mas se agrava em gestantes, lactantes, lactentes, pré-escolares e escolares. Esta
situação requer uma intervenção coerente a partir da melhoria no cardápio alimentar da
população, sem imiscuir-se repentinamente sobre a diversidade de alimentos que o compõe,
mas sim, sobre a sua qualidade nutricional, garantindo uma alimentação balanceada, e com
isso promovendo o máximo crescimento, desenvolvimento e manutenção do indivíduo,
refletindo diretamente sobre a capacidade cognitiva e de trabalho, influenciando direta e
positivamente no crescimento econômico do País (GARIB, 2002; NICOLETTI, 2007).
Em consequência a estas circunstâncias sócio-econômicas aliadas à globalização,
houve um estímulo à procura por fontes alternativas para a alimentação e por novos processos
20
tecnológicos, almejando-se reduzir os custos dos produtos e atender as demandas nutricionais,
inclusive às das classes menos favorecidas (BATISTUTI; FREITAS, 1995). Com isso, a
alimentação equilibrada, composta por um bom aporte de macronutrientes (proteínas,
carboidratos e lipídios) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais) é essencial na solução
destes problemas que emergiram com a transição nutricional (NICOLETTI, 2007). As
microalgas são uma fonte alternativa com proteínas de alto valor biológico, vitaminas
(especialmente B12), sais minerais, pigmentos (carotenóides, ficocianinas e clorofilas), ácidos
graxos poliinsaturados e outros compostos biologicamente ativos que pode ser adicionada a
alimentos já consolidados nas dietas usuais, como o macarrão, melhorado-o nutricionalmente.
3.3 Histórico e aplicações das microalgas na alimentação
O termo microalga é desprovido de valor taxonômico, visto que engloba organismos
muito distintos entre si quanto à origem, composição química e morfologia. Ele designa uma
grande quantidade de espécies constituintes do fitoplâncton1, que, por sua vez, abrange uma
numerosa variedade de organismos unicelulares, multicelulares e autotróficos, medindo entre
2 e 100 μm e representam o primeiro elo da cadeia alimentar, razão pela qual servem como
alimento direto para organismos filtradores. Ainda não é conhecido o número exato de
espécies microalgais, e dentre as 200 mil catalogadas a maioria permanece bioquímica e
metabolicamente inexplorada (DERNER, 2006; LOURENÇO, 2006; SHEEHAN et al.,
1998).
Microalgas são microrganismos que contêm pigmentos fotossintéticos que podem ser
classificados em três grupos: as clorofilas (em especial clorofila a, pigmento mais importante
para a fotossíntese, uma vez que apresenta papel central no fotossistema para captação da
energia luminosa), os carotenóides e as ficobilinas, tais pigmentos se diferem em sua
composição química e na capacidade de absorver luz em determinado comprimento de onda.
Esses microrganismos são capazes de realizar fotossíntese oxigênica, necessitam de
requerimentos nutricionais relativamente simples e são encontrados em todos os ecossistemas
da terra, não somente nos aquáticos, mas também terrestres, e englobam uma grande
variedade de espécies que vivem em condições ambientais amplamente variáveis
__________________________________
1 Composto por organismos aquáticos microscópicos unicelulares, que tem capacidade fotossintética.
21
(ANDRADE; COSTA, 2008; MATA; MARTINS; CAETANO, 2010; RAVEN; EVERT;
EICHHORN, 2001; ROUND, 1983).
As microalgas são responsáveis por pelo menos 60% da produção primária da Terra.
Elas armazenam energia solar, convertendo-a em energia biológica, tornando-as base de
diversas cadeias tróficas nos ambientes aquáticos, como por exemplo, sendo o alimento
principal de animais fitófagos como algumas espécies de peixes, moluscos bivalves (fitófagos
durante todo o ciclo de vida), nos primeiros estágios larvares de crustáceos e para o
zooplâncton em geral (ARREDONDO-VEGA, 1995; CHISTI, 2004; SHELEF; SOEDER,
1980).
A utilização de microalgas na alimentação humana ocorre desde tempos remotos,
destacando-se algumas espécies do gênero Nostoc, consumida na Ásia, e Spirulina no México
pelos Astecas que a ingeriam habitualmente com cereais sob a forma de molho conhecido
como “chimolli” ou molho asteca, e na África pelos Kanembous, onde as mulheres colhiam a
Spirulina no lago Chad, quando os ventos empurravam e aglomeravam essas microalgas nas
margens, depois secavam a biomassa ao sol e, posteriormente, a amassavam com as mãos
moldando-as em blocos e cortando-as em pequenos tabletes. Com essa biomassa, também era
possível preparar o “dihé”, mistura de Spirulina com molho de tomate e temperos variados
(AARONSON; BERNER; DUBINSKY, 1980; CIFERRI; TIBONI, 1985; NAVALHO, 1998;
NORTON; MELKONIAN; ANDERSEN, 1996).
3.3.1 Histórico do cultivo de microalgas
O cultivo de microalgas representa uma das modernas formas de biotecnologias. O
primeiro registro histórico que pode ser considerado como forma de cultivo de microalgas é
atribuído a Cohn em 1850 por manter viva, em laboratório, a alga verde flagelada
Haematococcus, mas foi Famintzin em 1871 que desenvolveu as primeiras pesquisas
experimentais de cultivo de microalgas. Algumas das suas primeiras pesquisas sobre a
fisiologia de algas foram realizadas com o cultivo das algas verdes Chlorococcum infusionum
e Protococcus viridis em solução de sais inorgânicos, quando foi relatada a necessidade destes
sais inorgânicos para o desenvolvimento de microalgas. Estas informações influenciaram
decisivamente a atuação dos primeiros pesquisadores no cultivo de microalgas. Entre 1890 e
1893, Beijerinck realizou o isolamento de clorofíceas de água doce dos gêneros Chlorella e
22
Scenedesmus e o uso de tais culturas para estudos da fisiologia vegetal foram desenvolvidos
por Warburg no começo do século XX. Desde então o interesse nos cultivos de microalgas
tem crescido continuamente (BENEMANN; TILLETT; WEISSMAN, 1987; CHAUMONT,
1993; LOURENÇO, 2006).
Após esta fase inicial de desenvolvimento dos cultivos, a velocidade de geração de
conhecimento e a sua diversificação, intensificaram-se surgindo mais estudos ecológicos,
fisiológicos, ontogenético, bioquímicos e genéticos. Com isso foi despertado o interesse pela
produção de biomassa algácea para uso como alimentos animal e humano, já que, até então,
elas eram estudadas com enfoque meramente biológico. As culturas em massa de microlgas,
realmente começaram a receberem mais atenção após 1940 em Stanford (USA), Essen
(Alemanha) e Tokyo (Japão) e um livro clássico foi editado por Burlew em 1953 sumarizando
muitos desses estudos. Possivelmente, a exploração desse novo recurso foi influenciada pela
Segunda Guerra Mundial (LOURENÇO, 2006; RICHMOND; SOEDER, 1986).
O cultivo de microalgas em escala comercial foi iniciado em 1960 no Japão com o
cultivo de Chlorella seguida no início de 1970 com o estabelecimento da Spirulina cultivada
em larga escala no Lake Texcoco, México e em 1977 na Tailândia. Por volta de 1980 haviam
46 fábricas de larga escala na Ásia, produzindo mais de 1000 kg de microalgas por mês
(principalmente Chlorella). A produção comercial de Dunaliella salina, como fonte de ß-
caroteno, pela Western Biotechnology Ltd e Betatene Ltd (hoje Cognis Nutrition & Health)
tornou-a a terceira maior indústria de microalga desenvolvida na Australia em 1986, seguidos
de Israel e Estados Unidos da América (USA). Mais recentemente, várias fábricas produzindo
Haematococcus pluvialis como fonte de astaxantina foram estabelecidas no USA e Índia.
Assim, em cerca de 30 anos, a indústria da biotecnologia de microalgas cresceu e se
diversificou significativamente (LOURENÇO, 2006; SHELEF; SOEDER, 1980).
3.3.2 Histórico do cultivo de microalgas no Brasil
O Brasil só iniciou as primeiras pesquisas sobre o cultivo de microalgas no período em
que a diversificação de estudos e aplicações biotecnológica já estavam bastante avançados
internacionalmente. Foi em 1970 que Clovis Teixeira e Armando A. H. Vieira, do Instituto de
______________
2 Transformações por que passa o organismo, desde a reprodução até o seu perfeito desenvolvimento.
23
Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), iniciaram as primeiras coleções
microalgas marinhas em cultivo laboratorial e em 1976 publicaram os primeiros resultados
com o cultivo de diatomácea Phaeodactylum tricornutum. Em 1977, Armando Vieira fundou,
na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), a primeira coleção de microalgas de água
doce do País. Embora o cultivo de microalgas já fosse realizado em instituições ligadas a
aqüicultura, somente a partir de 1980, começou a se difundir pelo Brasil, com o envolvimento
de pesquisadores e universidades em vários estados, quais sejam, Universidade Federal de
Pernambuco, Fundação Universidade de Rio Grande, Universidade Federal da Paraíba e na
Universidade Federal do Rio de Janeiro. A partir de 1990, outros laboratórios de cultivos de
microalgas foram fundados totalizando, atualmente, 45 unidades em todo o País.
(LOURENÇO, 2006).
3.3.3 Aplicações das microalgas
A busca de alternativas alimentares que possam diminuir o déficit nutricional
buscando novos processos e matérias-primas vêm aumentando. Pesquisas inovadoras
envolvendo a biotecnologia, por meio da utilização de microrganismos ou enzimas para a
produção de novos produtos, inclusive alimentos, estão instigando a sociedade moderna
(MULITERNO et al., 2005). A aceitabilidade de um microrganismo, em especial para o uso
na alimentação humana e animal, depende de seu valor nutricional e segurança o que inclui o
baixo teor de ácidos nucléicos, ausência de toxinas e de compostos residuais indesejáveis
(BEKATOROU; PSARIANOS; KOUTINAS, 2006).
O interesse pela produção de microalgas em escala comercial vem aumentando desde
as primeiras pesquisas realizadas por Burlew em 1953. Desde então, muitos aspectos da
biotecnologia foram desenvolvidos visando aumentar a eficiência de culturas em massa
(BENEMANN; TILLETT; WEISSMAN, 1987; CHAUMONT, 1993; RICHMOND;
SOEDER, 1986). A biomassa das microalgas pode ser empregada para obtenção de
biocompostos, como suplemento alimentar humano, alimento animal ou fonte de
biocombustíveis, fonte de pigmentos naturais, vitaminas e ácidos graxos, e para a produção de
aditivos utilizados em formulações farmacêuticas e alimentares. Também são usadas na
aquicultura, como alimento para moluscos, microcrustáceos e peixes, uma vez que
contribuem para a manutenção da saúde da pele desses animais, intensificando sua cor e
24
aumentando as taxas de crescimento, sobrevivência e fecundidade. Em alguns países essas
algas também são usadas como alimento para aves ornamentais, cães, gatos e como tônico
para cavalos, vacas e touros. Tais aplicações são cada vez mais comuns atualmente, deixando
de ser um produto meramente promissor e assumindo papel real na sociedade moderna
(ANDRADE; COSTA, 2008; HENRIKSON, 1994; LOURENÇO, 2006).
3.4 Cultivo de microalgas
Existem vários métodos de cultivo de microalgas, o mais comumente utilizado é
baseado na indução artificial de condições eutróficas que levam a um rápido desenvolvimento
de explosões populacionais denominado “blooms”. Este método consiste na adição de um
inóculo puro de microalga a um meio de cultivo (LOURENÇO, 2006).
Como os demais microrganismos, as microalgas reagem a variações do meio exterior
com alterações do seu meio intracelular. A manipulação das condições de cultivo, a presença,
ausência ou concentração de determinados nutrientes, tendem a estimular a biossíntese de
compostos que vão desde enzimas a fármacos e antioxidantes naturais, alguns de elevado
valor comercial (HENRIQUES et al., 1998), além de influenciar decisivamente os resultados
de crescimento celular como também os componentes da biomassa e produtos de interesse
como pigmentos, proteínas, lipídios, ácidos graxos, entre outros (DERNER, 2006).
3.4.1 Crescimento das microalgas
Em condições climáticas adequadas e nutrimentos suficientes, as microalgas podem
crescer profusamente. Comumente elas dobram a sua biomassa dentro de 24h ou menos e
durante a fase de crescimento exponencial elas podem completar um ciclo de vida dentro de 2
a 4h (CHISTI, 2007).
A análise da curva de crescimento é o método mais empregado para a avaliação do
crescimento populacional de microalgas em cultivo. Pode ser expressa como sendo a relação
entre o número de organismos num determinado volume (densidade celular) pelo tempo.
Teoricamente a curva de crescimento apresenta cinco fases distintas (Figura 1), quais sejam:
(1) Fase de Indução, ocorre logo após a inoculação da célula, sendo um período de adaptação
25
onde não existe incremento populacional, podendo ocorrer redução na densidade celular,
podendo, ainda, não acontecer ou ocorrer muito rapidamente; (2) Fase Exponencial,
expressada pelo crescimento logarítmico, nesta fase a biomassa se duplica sucessivamente em
intervalos de tempo regulares e a velocidade de crescimento alcança seu ritmo máximo; (3)
Fase de Diminuição do Crescimento Relativo acontece uma redução na taxa de crescimento
celular, aumentando o tempo de duplicação, neste período a quantidade de nutrientes e a
energia luminosa por célula (autossombreamento) já estão reduzidos devido ao incremento da
densidade celular, diminuindo assim a atividade fotossintética; (4) Fase Estacionária,
observada pela constância da densidade celular, a taxa de crescimento está compensada pela
taxa de mortalidade, ela pode ser caracterizada por pequenos acréscimos e decréscimos na
população microalgal, mas ao ajustar a curva (regressão logística) esta fase é representada
graficamente por uma reta; (5) Fase de Morte da Cultura, que acontece devido ao esgotamento
dos nutrientes (Figura 1) e ao autossombreamento, impossibilitando o crescimento
(DERNER, 1995, 2004; DERNER et al., 2006).
Figura 1 - Representação esquemática de taxa de crescimento de algas em cultura e a concentração de
nutrimentos por um período de tempo.
Fonte: adaptada de Mata, Martins e Caetano (2010).
26
3.4.2 Fatores limitantes para o crescimento microalgal
Tanto no ambiente natural quanto nos cultivos, o crescimento de uma população de
microalgas é resultado da interação entre fatores biológicos, físicos e químicos
(MOHEIMANI, 2005). As respostas das células a essas condições ambientais definem esses
fatores como limitantes ou otimizantes. Os fatores biológicos estão relacionados às taxas
metabólicas da espécie cultivada, a possível influência de outros organismos sobre o seu
desenvolvimento e a idade do inóculo (PELIZER et al., 2003). Quanto aos fatores físico-
químicos os mais observados são a luz (DARLEY, 1982), a temperatura (COLLA et al.,
2007), a quantidade e o tipo de aeração (CONVERTI et al., 2006; ONCEL; SUKAN, 2007), a
disponibilidade de nutrientes (GUILLARD, 1975), a salinidade (LOURENÇO; MARQUES
JUNIOR, 2002) e o pH (LOURENÇO, 2006). Todos esses fatores podem influenciar no
valor nutricional das microalgas, incluindo a sua forma e tamanho, digestibilidade
(relacionada à estrutura e composição da parede celular), composição bioquímica (nutrientes,
enzimas, toxinas se presentes) e os requerimentos dos organismos alvo da alimentação.
A influência da luz no desenvolvimento das microalgas está relacionada ao
fotoperíodo (tempo de exposição à luz), intensidade, qualidade (comprimento de onda) e tipo
de luz (cor). O fato de a luz variar tanto no espaço (profundidade e latitude) quanto no tempo
(diariamente e sazonalmente), também é um fator condicionador ao seu crescimento (ABE;
GALVÃO, 1991; DARLEY, 1982; DUBINSKY, 1990). A qualidade do espectro luminoso e
a irradiação também podem causar efeitos diferenciados no crescimento celular, em especial,
na composição bioquímica, principalmente quanto ao teor de proteínas, polissacarídeos e
clorofila (RIVKIN, 1989). É devido à luminosidade que a fotossíntese ocorre, mas ela se
processa até um limite denominado ponto de saturação luminosa, sendo da ordem de 5 a 10
Klux para cianobactérias (MORIST et al., 2001). O cultivo sob altas intensidades luminosas é
responsável por dois fenômenos prejudiciais: a foto-oxidação, que tem efeitos letais para as
células, podendo levar à perda total da cultura e a fotoinibição, provocando um decréscimo no
rendimento máximo do crescimento, esta também pode ocorrer sob intensidades luminosas
moderadas se a taxa fotossintética estiver limitada por fatores estressantes, como baixas
temperaturas. (JENSEN; KNUTSEN, 1993; SAMUELSSON et al., 1985).
A temperatura é o fator restritivo mais importante, depois da luz, para o cultivo de
microalgas, exercendo forte influência sobre as reações metabólicas e consequentemente
sobre a taxa de crescimento. Os efeitos da temperatura em muitas espécies de microalgas em
27
laboratório são bem documentados, mas a magnitude de efeitos de temperatura na produção
de biomassa anual ao ar livre ainda não é suficientemente conhecida. Muitas microalgas
podem tolerar facilmente temperaturas de 8 a 15 °C mais baixo do que a sua temperatura
ótima de crescimento, mas temperaturas elevada, aproximadamente 4° C acima do ponto
ótimo de crescimento pode resultar na perda total da cultura (MATA; MARTINS;
CAETANO, 2010).
Quanto à nutrição, as microalgas têm necessidades de uma série de nutrientes para um
crescimento otimizado. As quantidades dos nutrientes no meio variam entre as espécies e
dependem de distintas condições ambientais (GUILLARD, 1975). Em geral, a composição do
meio de cultura é uma simulação do meio natural em que a espécie se encontra (ou o mais
próximo deste), contendo numerosos sais minerais, alguns elementos traço e algumas vezes
vitaminas (cianocobalamina, tiamina e biotina), mas em baixas concentrações. Os nutrientes
requeridos podem ser classificados em duas categorias: os macronutrientes, compostos por C,
H, O, N, P, S, K, Mg, Si e Fe e os micronutrientes Mn, Cu, Zn, Mo, V, B, Co, Ca, Na, Se e Ni
(GUILLARD, 1975; LOURENÇO, 2006).
O controle do pH é essencial para que os componentes do meio de cultura possam ser
efetivamente absorvidos, afetando diretamente a disponibilidade de vários elementos
químicos. O pH é fundamentalmente influenciado pelas proporções entre formas de carbono
dissolvidas na água de cultivo, onde o consumo desse CO2 afeta o crescimento de microalgas,
aumentando o pH do sistema, que pode atingir níveis muito elevados (LOURENÇO, 2006).
A salinidade, tanto em sistemas abertos como fechados, pode afetar o crescimento e a
composição da célula de microalgas. Cada alga tem uma concentração de salinidade ótima.
Em cultivos abertos esta concentração pode variar de acordo com as condições do tempo,
estando mais concentrado em dias quentes devido à evaporação (MATA; MARTINS;
CAETANO, 2010). Essa variação na salinidade, normalmente prejudica o crescimento da
biomassa em virtude do estresse osmótico e iônico e das modificações nas proporções iônicas
celulares devido à permeabilidade seletiva da membrana aos íons (BRAND 1984; GLASS,
1983).
A movimentação e aeração é outro parâmetro de crescimento importante, já que estes
proporcionam a homogeneização da distribuição de células, do calor, e dos metabólitos,
facilitam a transferência de gases, previnem a sedimentação e ajudam para um melhor contato
entre as células e os nutrimentos. O grau de agitação deve ser investigado para evitar o
declínio na produtividade e o rompimento de tricomas. A agitação também garante a
eliminação de oxigênio supersaturado (LITCHFIELD, 1977; RICHMOND, 1983).
28
3.4.3 Medidas de crescimento
Em cultivos de microalgas, e de outros microrganismos, podem ser aplicados
determinados parâmetros de crescimento (empregando fórmulas) e representações gráficas
para ilustrar o desenvolvimento das culturas (VONSHAK, 1990). O crescimento de uma
população microalgal pode ser estimado pelo emprego de determinados parâmetros, dentre os
quais podemos destacar a densidade celular máxima, a velocidade (taxa) de crescimento e o
tempo de cultivo. Esses parâmetros podem ser determinados a partir do cultivo pela contagem
direta em microscopia (quantificar o número de células algáceas por mililitro de cultivo),
fluorescência “in vivo” e densidade óptica, por exemplo.
De acordo com Olivera (1993), a densidade celular máxima é o maior valor obtido em
número de células por mililitro, já a velocidade de crescimento representa o número de
divisões celulares da população por unidade de tempo (divisões por dia). O tempo de cultivo é
o período transcorrido entre o início do cultivo e o momento no qual a cultura alcançou a
densidade celular máxima ou que a biomassa apresentou o maior conteúdo de um
determinado composto de interesse ou, ainda, alcançou o maior valor nutricional para a
espécie de organismo que se quer alimentar no menor espaço de tempo possível. Esse último
parâmetro de avaliação do crescimento é considerado muito importante em se tratando de
cultivos em grande escala, uma vez que o tempo é decisivo para a escolha de uma
determinada espécie, do seu processo de produção e da infra-estrutura necessária para o seu
cultivo (BROWN et al., 1997; TREDICI, 2004).
De acordo com Brown et al. (1997), a composição nutricional das microalgas pode
variar também em função de diferentes condições de cultivo e da fase de crescimento da
cultura. Para avaliar o desenvolvimento de microalgas, é essencial que o crescimento da
população em cultivo seja acompanhado para determinar o momento adequado para a sua
colheita e utilização.
3.4.3.1 Fluorescência “in vivo”
A fluorescência “in vivo” vem sendo usada há muitos anos como indicador de
crescimento de microalgas em cultura. Essa medida é realizada por fluorômetro, onde uma
29
fonte de luz é incidida sobre a amostra que ao absorver temporariamente essa energia
luminosa por um período de 10-15
segundos, as moléculas de clorofila têm seus elétrons
excitados (admiti-se que a maior parte da energia não é perdida em virtude das colisões entre
as moléculas vizinhas), ao retornarem ao estado básico (após 10-8
segundos), o excesso de
energia é liberado na forma de fluorescência sendo esta resposta registrada pelo aparelho em
valores numéricos que corresponde à intensidade de fluorescência que não apresenta unidade
própria, sendo então expressa em “unidade arbitraria de fluorescência” ou “fluorescência in
vivo” (LOURENÇO, 2006).
3.4.3.2 Densidade óptica
O uso da densidade óptica para avaliar o crescimento de microalgas fundamenta-se na
obstrução física da luz pelas células. Quanto mais células estiverem presentes na amostra,
maior será a absorbância (absorção de luz) e menor será a transmitância (passagem de luz pela
amostra). Nessas medições utiliza-se o espectrofotômetro. Para microalgas que possuem
pigmentos fotossintetizantes, as análises devem ser realizadas no comprimento de onda de
570 nm, visto que, esse comprimento situa-se numa faixa distante da absorção máxima de luz
pelas clorofilas e carotenóides. A absorbância registrada será pouco influenciada pelos
pigmentos fotossintéticos, atribuindo-se, fundamentalmente, à obstrução física da passagem
de luz pelas células em suspensão (LOURENÇO, 2006).
3.4.4 Meio de cultivo
Para o desenvolvimento e produtividade das microalgas é primordial o conhecimento
dos nutrientes necessários para o seu cultivo que devem complementar suas necessidades
nutricionais. Entre as espécies, ocorrem variações desses nutrientes tanto em relação à
quantidade, quanto aos que devem ser utilizados, podendo os diferentes tipos de meios de
cultura serem adequados a vários grupos de microalgas, para somente alguns deles ou apenas
para determinadas espécies. Ainda assim, estas necessidades nutricionais são dependentes de
distintas condições ambientais. (GUILLARD, 1975).
30
De acordo com Lourenço (2006) diversos experimentos laboratoriais foram iniciados
desde o primeiro quarto do século XX para definir a importância relativa de cada elemento
químico essencial para a nutrição das microalgas, mas ainda não foi consolidado um número
universal e exato desses elementos, devido ao fato de que certos elementos são essenciais para
determinadas espécies ou grupos taxonômicos e para outros não. Reconhece-se um conjunto
de 15 a 21 elementos considerados essenciais para o desenvolvimento e composição química
das microalgas, divididos em macronutrientes e micronutrientes.
3.4.4.1 Macronutrientes
Nas microalgas, os macronutrientes são responsáveis por várias funções como fontes
de constituintes estruturais das biomoléculas, da membrana e do meio intracelular,
participação nos processos de troca de energia e regulação das atividades metabólicas. A sua
ausência ou insuficiência pode comprometer algumas das funções vitais nesse microrganismo
(LOURENÇO, 2006).
a) Carbono (C): componente mais importante de todas as substâncias orgânicas
sintetizadas pelas células (proteína, carboidrato, lipídeo, vitaminas, etc). São fontes
de carbono a difusão natural de CO2 do ar atmosférico para o meio de cultivo,
adição de sais de carbonatos ou bicarbonatos;
b) Hidrogênio (H): apesar de sua grande abundância nas microalgas, não é um fator
limitante. Pode ser adquirido pela quebra das moléculas de água por meio da
fotólise da água (reação primária da fotossíntese), fator que garante sempre uma
elevada concentração deste elemento no meio;
c) Oxigênio (O): necessário para a respiração e os processos que necessitem de
energia, mas não exerce efeito limitante;
d) Nitrogênio (N): componente básico na formação de proteínas, ácidos nucléicos e
pigmentos fotossintetizantes, constituinte de diversas substâncias do metabolismo
primário e pode ser encontrado em concentrações variáveis no interior das células
algáceas na forma inorgânica (nitrito, nitrato e amônio). É assimilado,
preferencialmente, sob forma amoniacal (NH3 e NH4+), mas também podem ser
assimiladas na forma de nitrogênio gasoso ou molecular (algumas cianobactérias),
31
de nitrato (NO3-
), de nitrito (NO2-
). As principais fontes são os sais de nitrato, sais
de amônio e uréia. As concentrações de proteínas e clorofilas nas células são
diretamente proporcionais ao suprimento de nitrogênio, com isso, a diminuição da
concentração de proteína, ocasiona aumento significativo no percentual de
polissacarídeos e a diminuição da clorofila aumenta a concentração de carotenóides
gerando mudança de coloração no cultivo que tendem ao aspecto amarelado;
e) Fósforo (F): assim como o nitrogênio o fósforo é considerado um dos principais
elementos limitantes para as microalgas. Ele é importante na regulação do
metabolismo celular (síntese de lipídeos e carboidratos) e no fornecimento de
fosfatos para a geração de energia e na constituição de moléculas estruturais (ATP,
açúcares fosfatados, ácidos nucléicos e fosfoenzimas). O fósforo é assimilado na
forma de ortofosfato (HPO43-
). As microalgas são capazes de absorver quantidades
elevadas do fósforo (8 a 16 vezes a mais que a sua cota mínima), isso permite que a
célula continue a se desenvolver mesmo que não haja disponibilidade de novas
fontes deste elemento. A absorção do fósforo é inibida total ou parcialmente pelo
arsênio. Geralmente as fontes do fosfato são os sais de sódio e potássio;
f) Enxofre (S): o enxofre representa 1 a 2% do peso seco celular e a maior parte dele
se encontra presente na constituição dos aminoácidos metionina e cisteína, mas
também está presente como co-fator de enzimas e em certas vitaminas tais como
biotina e tiamina;
g) Potássio (K): é regulador da pressão osmótica, estimula a respiração em pH
reduzido, é co-fator de várias enzimas e na conformação e estabilidade de
proteínas;
h) Magnésio (Mg): elemento essencial para as microalgas por ser constituinte da
molécula de clorofila. O magnésio é co-fator de várias enzimas, participa na
ativação das enzimas glicolíticas, estimula a síntese de ácidos graxos essenciais,
regula os níveis iônicos celulares, a ativação de ATPase na membrana. Quando há
deficiência, ocorre a perda do conteúdo pigmentar da célula, denominado clorose;
i) Silício (Si): apenas a diatomáceas e silicoflagelados necessitam do silício, pois é
componente estrutural das frústulas e esqueleto externo respectivamente. São fontes
de silício os sais de silicato de sódio hidratados (LOURENÇO, 2006).
32
3.4.4.2 Micronutrientes
O principal papel dos micronutrientes, em especial os metálicos, é participar da
estrutura e da atividade de diversas enzimas que são envolvidas nas diversas vias metabólicas,
conferindo diferentes papéis para cada um deles. Alguns micronutrientes metálicos podem ser
tóxicos para as microalgas se estiverem em altas concentrações e podem também atuar como
antagonistas, provocando deficiência em determinados nutrientes mesmo que ele esteja
disponível no meio (LOURENÇO, 2006).
a) Ferro (Fe): extremamente importante para as algas. Participa de funções como
respiração, fotossíntese, da via biossintética da clorofila e do citocromo, reduz o
sulfato, o nitrato e o nitrito, fixa o nitrogênio molecular e é co-fator de diversas
enzimas;
b) Manganês (Mn): componente estrutural dos tilacóides, dos cloroplastos e da
superóxido-dismutase (enzima que remove radicais superóxidos tóxicos das
células) e funciona como um co-fator de enzimas que participam da síntese de
ácidos graxos e do ciclo de Krebs. É exigido pelas algas em concentrações mais
baixas que o ferro. Nos meios de cultura está disponível como Cloreto de
Manganês quelado;
c) Molibidênio (Mo): sua principal função é associada ao metabolismo do nitrogênio
por ser um constituinte da nitrato redutase, enzima responsável pela redução do
nitrato em nitrito. Este elemento é co-fator de enzimas que participam da
respiração, fotossíntese e da nitrogenase (fixação de N2 nas cianobactérias). As
microalgas necessitam de uma baixa demanda, sua razão com carbono (Mo:C) é de
0,27 µmol: 1 mol. Normalmente é ofertado na forma de Molibidato de Sódio;
d) Cobalto (Co): componente fundamental da cianocobalamina, vitamina essa
essencial para o desenvolvimento das algas em geral. Está envolvido no
metabolismo do nitrogênio e é exigido em pequenas concentrações. Em meios de
cultivo, geralmente é oferecido na forma de Cloreto de Cobalto;
e) Boro (B): elemento limitante essencial para as diatomáceas, clorofíceas,
cocolitoforídeos e constitui antibióticos produzidos pelas microalgas. Algumas
funções do boro para as algas ainda não foram bem elucidadas, mas há indícios de
que o elemento participa na regulação da utilização do carbono e apresenta algum
33
papel relevante na estrutura dos ribossomos. Ele é fornecido no meio de cultura
como Ácido Bórico (H3BO3)
f) Vanádio (V): elemento-traço componente das enzimas haloperoxidases,
participando assim da formação de vasta gama de produtos naturais que contém
halogênios em algas. Somente alguns meios de cultura adicionam o vanádio, mas
em concentrações extremamente baixas. É oferecido na forma de Ortovanadato de
Sódio (Na3VO4);
g) Zinco (Zn): assemelha-se aos papéis metabólicos do manganês. É componente
estrutural da anidrase carbônica (transporte e fixação de CO2), de enzimas
envolvidas na transcrição do DNA e da fosfatase alcalina. Em meios de cultura,
geralmente, deve ser adicionado na forma de Sulfato de Zinco (ZnSO4.7H2O);
h) Cobre (Cu): constituinte fundamental de coenzimas que participam do transporte
de elétrons na fotossíntese, como a citocromo oxidade, sendo necessário para a
aquisição de energia pela alga. Deve ser adicionado em meios de cultura como
Cloreto de Cobre (CuCl2.2H2O) ou Sulfato de Cobre (CuSO4.5H2O);
i) Selênio (Se): elemento essencial para o crescimento de microalgas. Ocorre na
glutationa peroxidase, enzima responsável por degradar o peróxido de hidrogênio
e outros peróxidos (LOURENÇO, 2006).
3.4.4.3 Vitaminas
Apenas três vitaminas são efetivamente importantes para as microalgas: tiamina,
biotina e cianocobalamina. Algumas espécies podem sintetizá-las, as que não sintetizam
necessitam recebê-las de fontes exógenas. As demais vitaminas não atuam como fatores
limitantes, pois: são sintetizadas pelas algas, são sintetizadas por microrganismos associados a
algas e disponibilizados, não apresentam funções biológicas para algas, ou são necessárias em
concentrações tão baixas ao ponto de serem irrelevantes (LOURENÇO, 2006).
34
3.4.4.4 Quelantes
Alguns dos elementos metálicos importantes para a nutrição das microalgas não são
solúveis, eles necessitam interagir com outras substâncias para serem solubilizados.
Atualmente, o Ácido Etilenodiaminotetraacético (EDTA) é a principal substância empregada
em meios de cultura como quelante, sendo utilizada na forma mais solúvel apresentada pelo
sal dissódico (Na2EDTA.2H2O). Uma das vantagens da utilização do EDTA é a sua lenta
metabolização por bactérias (LOURENÇO, 2006; SUNDA; PRICE; MOREL, 2005).
3.4.4.5 pH
Apesar do pH ser uma variável físico-química, seu controle é essencial para que os
componentes do meio de cultura possam ser efetivamente absorvidos, afetando diretamente a
disponibilidade de vários elementos químicos. O crescimento de microalgas em cultivo
envolve o consumo de CO2 dissolvido no meio, aumentando o pH do sistema, que pode
atingir níveis muito elevados e tóxicos para muitas espécies. Para regular a variações de pH
utiliza-se tampões (para volumes pequenos de cultivo) como o Tris (2-amino-2-
[hidroximetil]-1-3propanediol) e a glicilglicina; ou a aeração do cultivo (grandes escalas) pelo
bombeamento de ar natural (concentração de 0,03% de CO2) ou enriquecido com CO2 de 1 a
5%. A adição de CO2, além de regular o pH, estimula o crescimento algal por ser mais uma
fonte de carbono (LOURENÇO, 2006).
3.4.5 Sistemas de Cultivo
O cultivo de microalgas compreende formas simples e convencionais de produção de
biomassa algácea em certas aplicações, mas podem envolver também processos e
equipamentos mais complexos, caracterizando a atividade como um dos mais modernos
processos da biotecnologia. A escolha do tipo do cultivo depende dos produtos de interesse
(biomassa, ácidos graxos, pigmentos, etc.) que as microalgas podem sintetizar naquelas
condições determinadas. A partir desses cultivos é possível obter-se alimentos e vários
35
produtos de interesse nutricional, farmacológico e industrial, a custos, às vezes, muito
inferiores aos da agricultura tradicional e numa velocidade de produção muito mais rápida.
As microalgas podem ser produzidas em diversos sistemas de cultivo, com volume
variando desde poucos litros até bilhões de litros (BOROWITZKA, 1999b). Em geral, os
sistemas de produção não são sofisticados, uma vez que, muitas empresas desenvolvem
cultivos a céu aberto em tanques com fundo de terra e com baixo ou nenhum controle dos
parâmetros ambientais (LOURENÇO, 2006). Recentemente, alguns cultivos têm sido
desenvolvidos em equipamentos específicos, denominados fotobioreatores, nos quais é
possível controlar os parâmetros ambientais, o que eleva a produtividade, a qual viabiliza a
produção comercial de compostos de elevado valor comercial (TREDICI, 2004).
Os sistemas de cultivos abertos (Figura 2) normalmente são mais fáceis de construir e
de funcionamento mais simples, são duráveis e tem uma grande capacidade de produção
quando comparados com os sistemas de reatores fechados. Contudo, os tanques usam mais
energia elétrica para homogeneizar os nutrimentos e movimentar as células, permitindo que as
microalgas recebam bastante energia solar necessária para seu crescimento. Os materiais
utilizados para construir as paredes e o fundo de um tanque podem variar de areia simples ou
barro, a tijolos ou cimento, ou cloreto de polivinilo, fibra de vidro ou poliuretano. Os tanques
abertos são relativamente econômicos e fáceis de limpar depois do cultivo. (RICHMOND,
2004; DERNER et al., 2006).
Figura 2 - Tanques de cultivo de microalgas.
Fonte: Jornal Tamanduá (2005), Parry Nutraceuticals (2006).
Parry Nutraceuticals (Alemanha) Fazenda Tamanduá (Paraíba) Spirulina Farm (Suíça)
36
Os tanques abertos estão sujeitos as condições ambientais, não permitindo controle de
temperatura, evaporação e iluminação. Podem produzir grandes quantidades de microalgas,
mas ocupam uma área mais extensa que os fotobioreatores e o índice de contaminação
biológica (protozoários, bactérias, outras microalgas) é elevado (MOHEIMANI, 2005;
RICHMOND, 2004; UGWU; AOYAGI; UCHIYAMA, 2008).
Fotobiorreator (Figura 3) é um reator no qual organismos que necessita de luz para se
desenvolver são cultivados ou usados para executar uma reação fotobiológica. São sistemas
flexíveis que podem ser otimizados segundo as características biológicas e fisiológicas da
espécie algácea cultivada (MOHEIMANI, 2005). Dependendo da sua forma ou desenho,
considera-se que os fotobioreatores apresentam várias vantagens sobre tanques abertos, visto
que, oferecem melhor controle das condições de cultivo e parâmetros de crescimento (pH,
temperatura, agitação), previne a evaporação, reduz perdas de CO2, oferece um ambiente mais
seguro e protegido, minimiza ou previne a contaminação por microrganismos competidores
(RICHMOND, 2004).
Figura 3 - Fotobiorreatores utilizados para o cultivo de microalgas.
Fonte: World (2008).
As limitações principais do fotobioreator incluem: o superaquecimento, entupimento,
a acumulação de oxigênio, o alto preço de instalação, funcionamento e manutenção do cultivo
da biomassa algácea. O custo da produção de biomassa em fotobioreator pode ser maior do
que em tanques. Apesar dos sistemas fechados não oferecerem vantagens quanto a
produtividade por área, eles basicamente sobrepujam tanques quanto a produtividade
37
volumétrica (8 vezes mais alto) e a concentração celular (aproximadamente 16 vezes mais
alto) (MATA; MARTINS; CAETANO, 2010; MOHEIMANI, 2005).
3.4.6 Vantagens do cultivo de microalgas
O cultivo de microalgas é uma atividade que vem sendo bastante desenvolvida. As
pesquisas que envolvem esse assunto constituem bons subsídios para as atividades de cultivo
em larga escala, uma vez que contêm valiosas informações sobre a eficiência dos principais
meios de cultivo, principalmente os meios alternativos, e sobre o efeito das variáveis que
interferem no crescimento das espécies cultivadas (LOURENÇO et al., 1998).
No Brasil, o cultivo em larga escala de microalgas é um campo de pesquisa bastante
promissor, particularmente quando se considera o objeto da pesquisa como sendo a
alimentação humana. Essas pesquisas necessitam de atenção urgente, particularmente porque
problemas de insegurança alimentar assolam muitos brasileiros. Assim, como algumas
microalgas têm elevado valor nutricional, elevada produção de biomassa, baixas taxas de
subsídios energéticos e químicos e necessidades de pequenos espaços para serem produzidas
em larga escala, o seu cultivo, visando à obtenção de concentrados algáceos para ser usado
como complemento alimentar humano e em ração animal. Essa atividade é de grande
interesse social, ambiental e econômico (LOURENÇO, 1996).
O Brasil, em especial o Nordeste, apresenta viabilidade técnica propícia para o
desenvolvimento de cultivos de microalgas, em virtude do clima que oferece sol em
abundância e temperatura ideal, além de apresentar regiões onde a água é mais salobra, às
vezes inviável para consumo humano, mas adequada para o cultivo de microalgas, em
especial da Spirulina, em virtude de seu pH elevado.
As diversas vantagens para o uso de microrganismos na produção de proteína
unicelular, quando comparadas com fontes habituais de proteína (como a carne ou a soja) são
conhecidas. Os microrganismos possuem alto teor de proteínas e elevada velocidade de
crescimento, o que leva a uma rápida produção de biomassa, sendo que esta pode ser contínua
e independe das condições do ambiente e por ser de natureza unicelular fica assegurada uma
biomassa com a mesma composição bioquímica, diferentes de plantas terrestres que
apresentam compostos localizados em partes específicas (fruta, folha, semente ou raiz)
(BEKATOROU; PSARIANOS; KOUTINAS, 2006; DERNER et al., 2006; LOURENÇO,
38
1996). No quadro 1 estão demonstradas as vantagens de se obter proteínas a partir de
microalgas em relação à proteína de carne bovina.
Parâmetros Proteína de carne bovina Proteína de microalga
Espaços Grandes Pequenos
Tempo para produção de proteína 28 meses 15 dias (tempo de geração 2-6h)
Proteína/dia/1.000lb (1lb = 434 gr) 1 lb 10 13
Medicamentos de controle Grande Nenhum
Manejo de sistema produtivo Grande Pequeno
Quadro 1 - Comparação da proteína de carne bovina e proteína de microalga.
Fonte: Lourenço (1996); Paris (2006).
Maior atenção vem sendo dada à Spirulina pelo potencial de coloração de seus
pigmentos de interesse para as indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de alimentos. A
substituição dos pigmentos sintéticos, usados em alimentos, por pigmentos naturais é
necessária para que se produzam alimentos mais saudáveis, visto que, além de promover a
coloração, muitos colaboram com o enriquecimento do valor nutricional do alimento, além de
possuírem propriedades funcionais e/ou terapêuticas, o que sugere a possibilidade de maior
exploração de Spirulina, já que ela é uma das principais fontes de clorofila na natureza
(DANESI et al., 2002; DERNER, 2006). Atualmente, a maior parte da clorofila produzida e
comercializada usada em corantes verdes naturais é obtida por fontes vegetais, como o
espinafre, que contém aproximadamente 0,6 mg/g (GROSS, 1991), ao passo que a biomassa
de Spirulina contém 11,5 mg/g (HENRIKSON, 1989).
No entanto, considerando-se o interesse pela implantação de fazendas de cultivos
controlados visando obtenção de novos produtos, a inovação técnica continuada para atender
as demandas de mercado pode resultar em vantagens futuras. A busca por novos produtos e
outras espécies comercialmente importantes deverá aumentar de forma significativa, inclusive
com o melhoramento genético de linhagens.
39
3.5 Spirulina
Pertencente a ordem Oscillatoriales, o gênero Spirulina é uma cianobactéria verde-
azulada microscópica, fotossintética, unicelular, filamentosa, composta por tricomas de 5-6
μm de largura e 20-200 μm de comprimento em forma de um espiral (que originou o nome),
que tem seu habitat em águas alcalinas (HOFF; SNELL, 1999; SHIMAMATSU, 2004). Ao
contrário de outros microalgas, esta cianobactéria, apresenta baixa susceptibilidade a
contaminação em seu cultivo por outros microrganismos devido ao alto pH necessário ao seu
desenvolvimento, estando inicialmente em torno de 8,0 e podendo atingir pH 11,0 (BARROS;
SASSI, 2007; VONSHAK, 1997).
Dentro desse gênero as espécies mais importantes são: S. platensis, seguida da S.
maxima e da S. fusiformes. Esta cianobactéria pode ser cultivada, de maneira otimizada, em
temperaturas entre 35 e 40 °C, sendo que a temperatura mínima na qual o seu crescimento se
realiza, está entre 15 e 18 °C durante o dia, mas a noite a Spirulina pode tolerar temperaturas
relativamente baixas (COZZA; COSTA, 2000; RICHMOND; SOEDER, 1986).
A reprodução da Spirulina se dá por fissão transversal binária, onde ocorre a formação
do hormogônio (tricoma) que se destaca e dá origem a um novo filamento. Sua célula possui
uma membrana plasmática cercada por multi-camadas da parede celular, Gram-negativas,
caracterizadas com uma fileira de poros ao redor do tricoma separados por septos que são
visíveis por microscopia óptica (VONSHAK; TOMASELLI, 2000). A parede celular é
cercada por uma cápsula ou bainha composta de polissacarídeos e que não apresenta celulose.
Por este motivo, a Spirulina é 85 a 95% assimilada pelos organismos (BABADZHANOV et
al., 2004).
A importância nutricional da Spirulina é determinada pela variedade dos nutrientes
que contém, alguns dos quais não são sintetizados pelo organismo humano. Devido a essa
variedade, torna-se um alimento completo, podendo-se dizer que a Spirulina é o alimento com
maior número de diferentes nutrientes por unidade de peso (PHANG et al., 2000). Em sua
composição podemos encontrar proteínas (60-70%), carboidratos (20%), lipídios (8%), além
de minerais e vitaminas, pigmentos, compostos fenólicos, ácido γ-linolênico e outros ácidos
graxos essenciais (BELAY et al., 1993; VON DER WEID; DILLON; FALQUET, 2000). Os
principais minerais presentes na Spirulina são: o cálcio (0,13 a 0,14 %), o fósforo (0,67 a 0,9
%) e o potássio (0,64 a 1,54 %), também estão presentes: o magnésio, o ferro, o zinco, o
cobre, o cromo, o manganês e o sódio. As vitaminas presentes na Spirulina são: a vitamina A
40
na forma de betacaroteno, vitamina C e vitaminas do grupo B (B1, B2, B3, B6 e B12), a
biotina, o ácido fólico, o inositol, vitamina E, além do ácido pantotênico. Entre os pigmentos
que constitui a Spirulina, estão a ficocianina (20%) e carotenóides (0,37%) (HENRIKSON,
1994; RICHMOND, 1990).
A Spirulina é o principal microrganismo usado na produção comercial de
ficobiliproteinas (ficoeritrina – coloração vermelha, ficocianina – colocação azul) e clorofila.
O potencial primário desses pigmentos é o de corantes naturais, que podem ser utilizado na
indústria alimentícia como pigmento de alimentos (gomas, sorvetes, doces, bebidas, produtos
de panificação) substituindo pigmentos sintéticos, e na indústria de cosméticos (batons,
sombras de olho, lápis delineador). As ficobiliproteínas estão sendo usadas nas indústrias e
laboratórios imunológicos, devido as suas propriedades de alta produção de fluorescência,
altos coeficientes de absorbância e fotoestabilidade, mas o crescente número de investigações
tem mostrado suas propriedades na saúde, isto é, aplicações farmacêuticas (BECKER, 2004;
SPOLAORE et al., 2006).
3.5.1 A Spirulina como composto nutracêutico
Os benefícios a saúde proporcionados pelo consumo de microalgas estão sendo
investigados, mais reconhecidos e apreciados nas duas últimas décadas, especialmente desde a
introdução dos compostos probióticos (BARROW; SHAHIDI, 2008). A Spirulina e os seus
constituintes possuem várias propriedades nutricionais e terapêuticas que fazem dela, um
excelente suplemento alimentar, uma fonte potencial para ser utilizada na prevenção e no
tratamento de diversas enfermidades, constituindo assim, uma alternativa eficiente para o
desenvolvimento de produtos nutracêuticos e caracterizando o microrganismo no âmbito dos
alimentos funcionais (AMBROSI et al., 2008).
A ação da Spirulina foi comprovada em pesquisas experimentais “in vivo” e “in vitro”,
verificando-se: seu efeito protetor na indução do estresse oxidativo e hepatotoxicidade por
Cádmio em ratos (AMIN et al., 2006); auxilio na remoção de chumbo existente em águas
residuais (HONG; SHAN-SHAN, 2005); inibição do crescimento de Células do Carcinoma de
Ascite de Ehrlich (EACC), pela ficocianina, atuando como agente quimiosupressor (EL-
BAKY, 2003); ação hipocolesterolêmica (NAGAOKA et al., 2005), propriedade
antidiabética, aumentando a atividade da hexoquinase e diminuindo a atividade da glicose-6-
41
fosfatase (LAYAM; REDDY, 2006); manutenção do equilíbrio do sistema imunológico, além
de aumentar os lactobacilos intestinais, reduzir as nefrotoxicidades provocadas por metais
pesados e drogas (YANG; LEE; KIM, 1997); proteção contra a radiação ultravioleta;
atividade antioxidante (BIERHALS et al., 2009; GUARIENTI; BERTOLIN; COSTA, 2010);
e redução da obesidade pela aumento da atividade da lípase lipoprotéica (LPL) e pelo efeito
da proteína na saciedade que devido a elevação do nível de aminoácidos plasmáticos,
observada após a ingestão de proteínas, estimula a liberação de hormônios anorexígenos e
insulina, os quais irão atuar sobre o centro da saciedade, resultando na redução do apetite
(BECKER et al., 1986; LANG et al., 1998; PAIVA; ALFENAS; BRESSAN, 2007).
A Spirulina destaca-se também pelo seu alto teor de cianocobalamina (vitamina B12),
difícil de ser encontrada em dietas vegetarianas; pelo ácido fólico (vitamina B9), necessário
para a formação das células e para o bom funcionamento dos sistemas cardiovascular e
nervoso; além de seu aporte de minerais (Zn, Mg, Cr, Se, Fe) que são necessários para a
manutenção do metabolismo, para a conservação da pele e das mucosas e para o
desenvolvimento normal dos ossos e dos dentes (BECKER, 1994; BROWN et al., 1999).
3.5.2 Propriedades antinutricionais da Spirulina
Podem ser encontrados nos alimentos, alguns compostos com propriedades
antinutricionais ou tóxicas, provenientes de microrganismos ou de algumas proteínas. As
propriedades antinutricionais diminuem a eficiência do metabolismo, interferindo na
utilização dos nutrientes, no entanto, não causam alterações teciduais e fisiológicas evidentes
(SGARBIERI, 1996).
Como acontece com alguns cogumelos e plantas, algumas espécies de cianobactérias
são toxicas. No entanto, diversos artigos científicos publicados durante os últimos anos, não
documentaram nenhuma toxicidade da microalga Spirulina (CHAMORRO et al., 1996).
Salazar et al. (1998) em pesquisas realizadas com ratos alimentados por uma dieta enriquecida
a níveis de 10 a 30% de Spirulina, afirmam que não houve toxicidade crônica ou subcrônica,
mutagênicidade ou teratogênicidade e nenhum efeito adverso na reprodução ou lactação, nem
alergias dermatológicas nos animais pesquisados. Portanto o seu uso é seguro e nutritivo,
sendo certificado pela FDA (Food and Drug Administration) como GRAS (Generally
Recognized as Safe) o que garante seu uso como alimento sem riscos à saúde. Entretanto pode
42
ocorrer toxicidade por possíveis contaminações do cultivo da Spirulina com outras microalgas
toxicas (ANDRADE; COSTA, 2008; HENRIKSON, 1994; MULITERNO et al., 2005).
Carvajal (2009) analisando alguns fatores antinutricionais da farinha desengordurada
da microalga Spirulina maxima, encontrou baixos índices de taninos e ausência das atividades
hemaglutinante (lectina, proteína ou glicoproteína não imune, que se liga de forma reversível
e especificamente a carboidratos provocando aglutinação), e de inibidores de tripsina
(inibidores de proteases, proteínas reguladoras que controlam eventos proteolíticos em todos
os organismos vivos), indicando essa microalga como uma alternativa na alimentação
humana. Nessa pesquisa, os teores de taninos encontrados na farinha desengordurada foi de
17,5 mg/g, o pesquisador afirma que esse conteúdo está relacionado diretamente com a
presença do pigmento antocianina. De acordo com Sgarbieri (1996), taninos são compostos
fenólicos pertencentes a uma classe de metabólitos secundários, que se encontram distribuídos
geralmente em plantas e são considerados potentes inibidores de enzimas, devido a sua
complexação com proteínas enzimáticas. Essa tendência de formar complexos pode explicar à
baixa digestibilidade da proteína das leguminosas.
3.5.3 Spirulina platensis, Gomont, 1892
A Spirulina platensis (Arthrospira platensis) (Figura 4) possui uma composição
centesimal variável, influenciada pela forma e otimização de seu cultivo. Henrikson (1994),
ao avaliar amostras de S. platensis observou que ela apresentava, em extrato seco, 65% de
proteína, 20% de carboidratos, 7% de minerais, 5% de lipídeos e 3% de umidade.
Babadzhanov et al. (2004) analisando a composição química da S. platensis cultivada no
Usbequistão obtiveram 68% de proteínas e 14,3% de lipídeos. Convém notar que a Spirulina
contém muito mais proteínas do que muitos produtos alimentares, como podemos observar o
valor médio de proteína na Spirulina é de 65%, enquanto que em carne e peixe, 15-20%; soja,
35%; leite em pó, 35%; amendoins, 25%; ovos, 12%; e grãos, 8-14% (BABADZHANOV et
al., 2004).
Apenas as plantas e determinadas bactérias são capazes de sintetizar todos os
aminoácidos existentes. Os animais produzem apenas alguns tipos, os chamados aminoácidos
não essenciais, obtendo os demais por meio da alimentação. A composição aminoacídica de S.
platensis (Quadro 2) pode ser comparada favoravelmente com outros alimentos ricos em
43
proteínas como a carne bovina, o leite de vaca, o ovo de galinha e a soja, ressalvando uma
pequena deficiência nos aminoácidos que contêm enxofre (metionina e cisteína)
(RICHMOND, 2004).
Figura 4 - Spirulina platensis, aumento de 200X e 400X.
Fonte: Própria
Quadro 2 - Composição aminicídica da S. platensis em base seca.
Fonte: Richmond (2004).
* Aminoácido essenciais
ND – Não determinado
Aminoácido Abreviação % Aminoácido Abreviação %
Isoleucina* Ile 6,7 Arginina Arg 7,3
Leucina* Leu 9,8 Cisteína Cys 0,9
Lisina* Lys 4,8 Tirosina Tyr 5,3
Metionina* Met 2,5 Alanina Ala 9,5
Fenilalanina* Phe 5,3 Ácido Aspártico Asp 11,8
Treonina* Thr 6,2 Ácido Glutâmico Glu 10,3
Triptofano* Trp 0,3 Glicina Gly 5,7
Valina* Val 7,1 Prolina Pro 4,2
Histidina* His 2,2 Serina Ser 5,1
Asparagina Asn ND Glutamina Gln ND
200X 400X
44
De acordo com Cozza e Costa (2000), cerca 1% do peso da Spirulina é representado
pelo ácido γ-linolênico, que por ser de fácil extração, faz com que esta microalga seja
considerada uma fonte de ácidos graxos poliinsaturados e ácido ômega-3 viáveis. Este ácido é
considerado como sendo eficaz na diminuição dos níveis de triglicerideos do sangue e tem
sido utilizado em suplementos alimentares para o tratamento de diversas doenças. No quadro
3 é possível observar o perfil lipídico de alguns ácidos graxos presentes na S. platensis.
Ácidos graxos Abreviação % Ácidos graxos Abreviação %
Ácido láurico 12:0 0,4 Ácido esteárico 18:0 1,3
Ácido mirístico 14:0 0,7 Ácido oléico 18:1 3,8
Ácido miristoléico 14:1 0,2 Ácido linoléico 18:2 14,5
Ácido palmítico 16:0 45,5 Ácido α- linolênico 18:3 0,3
Ácido palmitoléico 16:1 9,5 Ácido γ- linolênico 18:3 21,3
Ácido hexadecadienóico 16:2 1,2 Ácido eicosadienóico 20:2 ND
Ácido heptadecanóico 17:0 0,3 Ácido eicosatrienóico 20:3 0,4
Quadro 3 - Percentual de ácidos graxos presentes em S. platensis em base seca.
Fonte: Richmond (2004).
Entre os ácidos graxos comercialmente importantes, estão os poliinsaturados
essenciais como os ácidos linoléico, γ-linolênico, eicosatrienóico, araquidônico,
eicosapentaenóico (EPA). Além da importância nutricional, estes ácidos graxos também
apresentam importância farmacêutica, sendo eles precursores de prostaglandinas,
prostaciclinas e leucotrienos (RICHMOND, 2004).
De acordo com Velasquez-Melendez et al. (1997) o consumo adequado de vitaminas e
minerais é importante para a manutenção das diversas funções metabólicas do organismo,
visto que eles participam de processos celulares relacionados ao metabolismo energético,
contração, reparação e crescimento muscular, defesa antioxidante e resposta imune. A não
ingestão/absorção desses micronutrientes pode proporcionar um estado de carência
nutricional, e consequentemente algumas patologias. A composição média das principais
vitaminas e minerais encontradas na microalga S. platensis e em outros alimentos estão
descritos nos quadros 4 e 5 respectivamente.
45
Quadro 4 - Vitaminas identificadas na biomassa seca de S. platensis, no leite de vaca em pó, soja e no
ovo de galinha.
Fonte: Becker (1994); Brown et al. (1999); Babadzhanov et al. (2004); Franco (2004).
Tr – Traços
ND – Não determinado
Quadro 5 - Minerais identificadas na biomassa seca de de S. platensis, no leite de vaca em pó, soja e
no ovo de galinha.
Fonte: Becker (1994); Brown et al. (1999); Babadzhanov et al. (2004); Franco (2004).
Tr – Traços
ND – Não determinado
Em relação as suas características organolépticas, a Spirulina quando seca apresenta
odor de peixe seco, quando fresca, praticamente não tem odor nem sabor. Adicionada a
qualquer alimento, em pequenas proporções ela pode potencializar ou não alterar o sabor do
alimento e a sua cor verde pode realçar o visual de alguns alimentos (BORJA, 2007).
Vitaminas Abreviação S. platensis
(mg/100g)
Leite de vaca
em pó
(mg/100g)
Soja
(mg/100g) Ovos de galinha
(mg/100g)
Ácido ascórbico C 42,0 - 195,3 6 Tr 0
Calciferol D 12000 U ND ND ND
Tocoferol E 10 - 19 ND ND ND
Tiamina B1 0,8 – 15,4 0,29 0,66 0,1
Riboflavina B2 0,2 - 0,9 1,03 0,04 0,58
Nicotinamida B3 0,6 - 5,3 0,7 2,2 0,1
Piroxidina B6 0,3 - 4,0 Tr 0,03 Tr
Cianocobalamina B12 0,3 - 0,8 ND ND ND
Minerais Abreviação S. platensis
(mg/100g)
Leite de vaca
em pó
(mg/100g)
Soja
(mg/100g) Ovos de galinha
(mg/100g)
Cálcio Ca 4.000 890 206 42
Ferro Fe 1.060 0,5 13,1 1,6
Potássio K 15.200 1.132 1.922 150
Magnésio Mg 4.800 77 242 13
Manganês Mn 26 Tr 2,87 Tr
Molibdênio Mb 1,50 ND ND ND
46
3.6 Legislação
A Spirulina está legalmente autorizada como alimento ou complemento alimentar na
Europa, Japão e costa asiática do Pacífico. Já nos Estados Unidos, em 1981, a FDA (Food and
Drug Administration) determinou que por ser uma boa fonte de nutrientes, pode ser
comercializada legalmente como complemento alimentício (HENRIKSON, 1994).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permite a sua
comercialização desde que o produto final (cápsula, pó ou produtos no qual o microrganismo
tenha sido adicionado) esteja devidamente registrado. A Spirulina tem sido empregada,
basicamente, na produção de cápsulas destinadas a dieta de emagrecimento (HENRIKSON,
1994), mas seu campo de utilização está ampliando-se, sendo indicada como auxiliar de
tratamento por médicos homeopáticos, oncologistas, entre outros.
3.7 Desidratação da biomassa
A desidratação (secagem) é uma operação bastante difundida para a preservação de
produtos alimentícios, sendo definida como a remoção de líquido de um sólido por
evaporação. Este processo confere estabilidade físico-química e microbiológica ao produto,
prolongando sua vida útil e viabilizando sua utilização na formulação de vários produtos.
Diversos métodos de secagem têm sido extensivamente utilizados para a secagem de
biomassas das microalgas, incluindo atomização (spray dryer), secador de cabine,
liofilizadores e secagem ao sol. Durante a secagem algumas mudanças importantes acontecem
como modificações estruturais e físico-químicas que afetam a qualidade do produto final
dependendo do processo utilizado, mas este deve preservar critérios de qualidade como cor,
qualidade nutricional, forma ou textura. Segundo Morist et al. (2001) a liofilização pode ser
considerada como um método de secagem de referência para cianobactérias, uma vez que não
altera as suas propriedades nutricionais, sensoriais e físico-químicas além de ser, o produto
liofilizado, o que mais se assemelha a biomassa fresca.
A secagem ao sol é recomendável em regiões de clima seco, com boa irradiação solar
e escassa precipitação pluviométrica. Este tipo de secagem não é oneroso e não necessita de
mão-de-obra qualificada, mas apresenta desvantagens em relação à variações climáticas e o
47
tempo de secagem; além disso, é mais susceptível a contaminação e necessita de grandes
espaços e controle rigoroso de insetos e roedores. O local de secagem deve ser
preferencialmente cercado para evitar a presença de animais e estar localizado longe das vias
de acesso para evitar a contaminação ambiental (SILVA, 2000). Neste método o concentrado
algáceo deve ser disposto em tabuleiros ou lonas, previamente higienizados, sobre cavaletes
ou armações, sobre pisos de cimento ou pedregulho, que irradiam melhor o calor e devem ser
organizados de maneira tal que permita a fácil circulação de ar quente sobre eles (GAVA,
1998).
Os secadores de bandeja são utilizados em pequenas escalas de produção (1 a 20 t/dia)
ou para trabalhos em escala-piloto. Possuem custos de capital inicial e de manutenção baixos
e são flexíveis para operar com diferentes alimentos. No entanto, possuem um controle baixo,
resultando em produtos com uma qualidade variável se não houver uma distribuição de ar
adequada (FELLOWS, 2006). São construídos em forma de câmara com isolamento externo,
que contem telas ou bandejas perfuradas, onde será disposto o material a ser submetido à
desidratação. O seu mecanismo constitui o impulsionamento do ar por um ventilador,
passando por um sistema de aquecimento, entrando o ar aquecido, colocando-se em contato
sobre e/ou através de cada bandeja, permanecendo pelo tempo necessário. O tempo, a
temperatura e a velocidade do ar são variáveis, sendo regulados de acordo com o produto a ser
desidratado (FELLOWS, 2006; SILVA, 2000).
A liofilização é o processo de desidratação do produto em condições de pressão e
temperatura, onde a água previamente congelada passa do estado sólido diretamente para o
estado gasoso (sublimação). Dependendo das condições de temperatura e pressão, qualquer
substância pode se apresentar sob um dos três estados de agregação: sólido, líquido e gasoso.
Em um sistema de coordenadas cartersianas, a certa temperatura e pressão, poderemos ter o
chamado “ponto triplo” (figura 5). Nas temperaturas de pressão mais baixas que esse ponto a
fase liquida deixa de existir e a substância passa imediatamente do estado sólido para o
gasoso, e vice-versa, dependendo das condições.
O processo de liofilização deve ser realizado em temperaturas abaixo do ponto triplo
da água que é a 0 °C e 4,7 mm de Hg (FELLOWS, 2006; GAVA, 1998). A liofilização da
biomassa de microalgas rompe as células e converte o material algáceo em um pó solto e
perfeito, fazendo outro tratamento desnecessário (MATA; MARTINS; CAETANO, 2010). A
desvantagem deste processo é devido ao seu custo elevado e necessidade de mão-de-obra
especializada.
48
Figura 5 - Ponto triplo das substâncias
Fonte: Gava (1998).
3.8 Custo de produção
Em indústrias especializadas em produção de biomassa algal, o custo de produção está
em torno de US$ 8-15/Kg de biomassa seca de S. platensis (SILVA, 2008). Quando se trata
dos seus subprodutos como as ficobiliproteínas (pigmento), os preços variam de US$ 3-25/mg
e o pigmento purificado fica em torno de US$ 1.500/mg (SPOLAORE et al., 2006).O custo da
produção pode diminuir com a otimização e/ou utilização de meios de cultivos alternativos,
da utilização de iluminação natural e de sistemas de movimentação que proporcione uma
adequada aeração e absorção de luz pela célula. Outros fatores que influenciam o custo final
da biomassa seca são o tipo de cultivo e o método se secagem.
3.9 Macarrão
O Brasil está situado entre os cinco maiores produtores de macarrão do mundo, além
de ser o 2° maior consumidor desta massa, que já faz parte até da cesta básica dos brasileiros.
Segundo dados da ABIMA (2007), o consumo médio de macarrão no país é 5,7Kg. No
49
entanto, o valor nutricional deste alimento é deficitário, sendo um alimento rico em
carboidratos e deficiente em quantidade e qualidade protéica (NICOLETTI, 2007).
A massa alimentícia ou macarrão é definida como o produto não fermentado, obtido
pelo amassamento da farinha de trigo, da semolina ou da sêmola de trigo com água,
adicionado ou não de outras substâncias permitidas, e o macarrão úmido ou fresco como
sendo o produto que pode ou não ser submetido a um processo de secagem parcial de forma
que o produto final apresente umidade máxima de 35,0% (g/100g) (BRASIL, 2000), e vida de
prateleira em torno de 30 dias. É um alimento produzido com tecnologia simples e de baixo
custo, atrativo e de rápido preparo e apresenta-se disponível em vários formatos, tamanhos e
cores.
3.9.1 Macarrão como alimento funcional
A desnutrição e a má nutrição são problemas preocupantes que atingem desde países
pobres até países em desenvolvimento. A má nutrição deve-se ao consumo de alimentos que
não atendem as necessidades básicas do ser humano. Além disso, existe uma demanda
crescente por alimentos funcionais que consumidos juntamente com uma dieta equilibrada
doenças são prevenidas e tratadas (OLIVEIRA, 2008). Esses alimentos funcionais devem
estar na forma de alimentos comuns, sendo consumidos como parte da dieta, produzindo
benefícios específicos à saúde (AMBROSI et al., 2008). A indústria de alimentos funcionais
vem utilizando microalgas na elaboração de massas, pães, iogurtes e bebidas, este mercado
apresenta rápido desenvolvimento em países como França, Estados Unidos, China e Tailândia
(PULZ e GROSS, 2004), sendo a Spirulina e Chlorella as principais microalgas cultivadas
comercialmente para a adição em alimentos naturais mundialmente conhecidos como “health
food” (BECKER, 2004).
3.10 Avaliação sensorial
As técnicas de avaliação sensorial foram desenvolvidas a partir da necessidade de se
obter os preços para produtos como vinho, chá, café, manteiga, peixe, entre outros, onde eram
classificados com base na sua qualidade por um “expert” no produto. A preocupação dos
50
homens em relação à percepção de odores e sabores é documentada desde 300 a.C.
(PANGBORN, 1964).
Os testes sensoriais são incluídos como garantia de qualidade por serem uma medida
multidimensional integrada possuindo importantes vantagens, como a capacidade de
identificar a presença ou ausência de diferenças perceptíveis e definir características
sensoriais importantes de um produto de forma rápida (MUÑOZ; CIVILLE; CARR, 1992).
São utilizados para provocar, medir, analisar e interpretar as reações produzidas pelas
características dos produtos alimentícios ou não alimentícios, como elas são percebidas pelos
órgãos da visão, olfato, gosto, tato e audição.
As propriedades sensoriais estão relacionadas com a composição química e
propriedades físicas de um produto. Essas propriedades são percebidas pelo indivíduo como
atributos de aparência, odor, sabor e textura (MOLNAR; TOTH; BOROSS, 1993). Em
pesquisas que envolvem a avaliação sensorial dos alimentos são as análises mais importantes
no processo de desenvolvimento ou melhoramento de produtos. Os testes afetivos têm como
objetivo avaliar a resposta dos indivíduos com relação à preferência e ou aceitação de um
produto ou características específicas do produto por consumidores habituais ou potenciais,
assegurando assim que sejam atendidas as expectativas do consumidor final (MEILGAARD;
CIVILLE; CARR, 1998; STONE; SIDEL, 1993).
De acordo com a ABNT (1993), a aceitabilidade de um produto é definida como o
grau de aceitação de um produto por um indivíduo ou população em termos de propriedades
sensoriais. Com a aplicação da análise de aceitação é possível transformar dados subjetivos
em objetivos, e obter informações importantes sobre o grau com que as pessoas gostam ou
desgostam do produto analisado (SCHLICH, 1995).
51
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido no Campus I da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), sendo o cultivo da Spirulina platensis executado na Unidade de Microplâncton e
Cultivo de Microalgas do Laboratório de Estudos Ambientais (LEA/CCEN/UFPB). As
análises microbiológicas, físico-químicas e sensoriais foram realizadas nos Laboratórios de
Microbiologia de Alimentos, de Bioquímica de Alimentos e de Análise Sensorial,
respectivamente, do Departamento de Engenharia de Alimentos (DEA/CT/UFPB).
4.1 Material biológico
A cepa da microalga Spirulina platensis foi obtida no banco de cultura de microalgas
do LEA. Esta espécie, quando cultivada em meio líquido e com agitação constante, apresenta
células individualizadas de coloração verde-azulada.
4.2 Desenvolvimento dos cultivos
4.2.1 Limpeza e esterilização de materiais
A limpeza do material utilizado foi realizada de forma bastante criteriosa, para evitar
possíveis contaminações, de acordo com a metodologia proposta por Miller e Colman (1980),
a lavagem da vidraria foi realizada com detergente neutro, Carbonato de Sódio (Na2CO3) e
Ácido Clorídrico (HCL) diluído, com enxágues sucessivos em água corrente, após adição de
cada um desses compostos. O material foi seco em estufa à 40ºC, em seguida esterilizado em
autoclave a 121 ºC, por 15 minutos, conforme rotina do laboratório de Cultivo de Microalgas
do LEA. Materiais em látex, silicone e polietileno foram esterilizados em câmara UV.
52
4.2.2 Meio para o cultivo
O meio padrão para cultivo de Spirulina foi o de Zarrouk (1966) (Quadro 6), cuja
principal característica é fornecer entre outros nutrientes, carbono inorgânico introduzidos nas
formas de NaHCO3 e Na2CO3 que se convertem em CO2 utilizado na fotossíntese
(VONSHAK, 1997).
Quadro 6 - Composição do meio de cultura para Spirulina utilizado nesta pesquisa.
Fonte: Zarrouk (1966).
4.2.3 Condições de cultivo
Os cultivos da microalga Spirulina platensis em fotobiorreator e tanque de cultivo
contínuo foram desenvolvidos na Unidade de Microplâncton e Cultivo de Microalgas do
LEA. Os cultivos foram realizados em ambiente climatizado com temperatura de 28 3 °C,
sistema de iluminação fornecido por lâmpadas fluorescentes 40W (4,5 0,3 Klux) tipo luz-
Solução de trabalho Quantidades
1 KNO3 15,0 g em 200 ml
2 NaCl 33,0 g em 200 ml
3 MgSO4 . 7H2O 1,50 g em 200 ml
4 K2HPO4 1,50 g em 200 ml
5 CaCl2. 2H2O 0,58 g em 200 ml
6 Na2EDTA 6,40 g em 100 ml
7 FeSO4 . 7H2O 0,50 g em 100 ml
8 H3BO3 1,142 g em 100 ml
9 Solução mista *
*Solução mista Quantidades
Co(NO3)2 . 6H2O 0,049 g
MnCl2 . 4H2O 0,144 g
ZnSO4 . 7H2O 0,882 g
CuSO4 . 5H2O 0,0157 g
MoO3 0,071 g
Água destilada 100ml
Preparação de 1,0 litro de meio de cultura (água destilada)
A - Dissolver em 600 ml de água destilada 15,0 g de NaHCO3 e 2,0 g de Na2CO3.
B - Acrescentar 10,0 ml das soluções 1, 2, 3, 4 e 5.
C - Acrescentar 1,0 ml das soluções 6, 7, 8 e 9.
D - Completar o volume a 1.000 ml.
53
do-dia e fotoperíodo de 12 horas claro/escuro, controlado por fotocélula externa. A agitação
foi realizada pela injeção contínua de ar num fluxo de 2,0 mL.min-1
por bombas de diafragma
para o fotobiorreator e compressor para o tanque de cultivo.
4.2.4 Curva de crescimento
A curva de crescimento da espécie foi acompanhada por fluorescência “in vivo” em
fluorômetro Turner Design, modelo 10005R, medidas de densidade óptica à absorbância de
570 nm em espectrofotômetro Micronal B382, e por contagem celular em câmaras
Sedgewick-Rafter em microscópio binocular Leica. Esses procedimentos foram realizados
diariamente, a cada 24h, a partir da fase de inoculação da cepa no meio de cultura. Cada
variável foi analisada em triplicatas com três réplicas cada para cada uma das condições
experimentais de cultivo. Os cultivos foram inoculados com densidade celular inicial de
aproximadamente 3,0 x 102 cel.mL
-1.
4.2.5 Tempo de cultivo
Foi determinado com base no número de dias decorridos desde a inoculação até o
período o qual foi alcançada a densidade celular máxima
4.2.6 Taxa de crescimento
A taxa de crescimento (µ), expressa em número de divisões celulares.dia-1
, foi
calculada segundo a equação:
µ = (log2Nt - log2Nt – 1)/ ∆t
Onde:
Nt = número de células no tempo em dias;
Nt – 1 = número de células no tempo t - 1;
∆t = tempo decorrido entre as observações em dias.
54
4.2.7 Densidade celular máxima (DCM)
Foi definida como o valor máximo obtido em número de células por mililitro, no final
de cada cultivo.
4.2.8 Produtividade
Foi definido como o valor da biomassa seca em gramas por litro de cultivo.
4.2.9 Obtenção de biomassa seca
O design experimental adotado nessa parte da pesquisa está representado na figura 6.
Inicialmente, a cepa da microalga foi acondicionada na câmara de cultura de microalgas do
LEA/UFPB em condições pré-estabelecidas, mas sem aeração. O cultivo foi iniciado
adicionando-se 1 mL da cepa da microalga em erlenmeyers de 250mL, contendo 100mL de
meio Zarrouk. Após 7 dias adicionou-se os 100mL do concentrado algáceo à 400mL de meio
Zarrouk. Passados 5 dias, quando a biomassa já estava densa, o volume total do concentrado
algáceo obtido foi transferido para 320L de meio Zarrouk constituído com água mineral em
caixa brasilit com capacidade para 500L revestida internamente com lona de polietileno
atóxico. Após homogeneização desse material por injeção de ar comprimido duas alíquota de
10 L foram retiradas e transferidas para 2 fotobiorretores com capacidade para 12 L cada.
Foram realizados três ensaios simultâneos para produção de biomassa visando analisar
a diferença na composição bioquímica e no rendimento final da biomassa entre eles. O
primeiro ensaio foi realizado com os cultivos em fotobiorreator fazendo a colheita em
diferentes fases da curva de crescimento (fase exponencial e estacionária); o segundo ensaio,
realizado para comparar o cultivo utilizando fotobiorreator e tanque de cultivo contínuo e o
terceiro ensaio para avaliar dois métodos de secagem da biomassa (liofilização e secagem em
estufa). O procedimento adotado nessa fase da pesquisa se acha sumarizado na figura 7.
55
Figura 6 - Fluxograma representativo do preparo do cultivo para produção de biomassa de S. platensis
em fotobiorreator e tanque de cultivo contínuo.
100 mL de meio Zarrouk
+
Inoculo de S. platensis
7 dias
400 mL de meio Zarrouk
+
100 mL concentrado de S. platensis
5 dias
320 L de meio Zarrouk
+
500 mL concentrado de S. platensis
Homogeneização
Fotobiorreator
10L cada
Tanque de cultivo
300 L
15 dias
Colheita 25 dias
15 dias
Colheita Colheita
56
Figura 7- Fluxograma representativo dos ensaios realizados com cultivo S. platensis.
Como o material liofilizado sofre poucas alterações em suas propriedades físico-
químicas, além de ser, o que mais se assemelha a biomassa fresca (MORIST et al., 2001)
optou-se por utilizá-lo nos testes entre a diferença no período de colheita e tipo de cultivo,
garantindo assim que não houvesse interferência do método de secagem nos resultados
obtidos.
4.2.10 Colheita e filtração
Quando os cultivos atingiram o ponto de corte (fase exponencial e estacionária), o
material foi filtrado por gravidade (filtração direta) em tela de nylon com abertura de malhas
15 dias de cultivo
15 dias
de cultivo
25 dias
de cultivo
Liofilização Liofilização Liofilização Secagem em estufa
Testar diferentes
estágios de colheita
Testar diferentes
formas de cultivo
Testar diferentes
tipos de secagem
57
de 20 μm, seguida de prensagem conforme metodologia desenvolvida por Barros e Sassi
(2007).
4.3 Métodos de secagem
A biomassa algal filtrada foi submetida a dois métodos de secagem: liofilização e
dessecação em estufa para remoção/redução da umidade do produto a um nível desejado. Para
a biomassa liofilizada, o material inicialmente filtrado foi congelado a uma temperatura de
aproximadamente – 40 °C por 8 horas. Em seguida, o material foi levado ao Liofilizador por
um período de 2 hora para cada milímetro de espessura do material. A liofilização foi
realizada a uma temperatura de - 40 °C, pressão de 0,0966 mmHg e percentual de vácuo de
99,99 em Liofilizador Terroni modelo LS3000. Após a liofilização, a biomassa é convertida
em um pó solto e uniforme, tornando desnecessário outro tratamento (MATA; MARTINS;
CAETANO, 2010).
A secagem por dessecação foi realizado em estufa com circulação forçada de ar, onde
uma fina camada (1,0 cm de espessura) da biomassa filtrada foi colocada em uma tela de
nylon para que o ar quente, que é insuflado com velocidade de 30m/min por meio de um
sistema de ductos, promovesse uma distribuição uniforme de ar sobre, sob e através do
produto. O tempo e temperatura ideais foram determinados pela análise da curva de secagem.
Depois de seca, a biomassa foi triturada em multiprocessador (Multiprocessador BLD300 da
Cadence) para formação da farinha.
A curva de secagem foi construída com as temperaturas de 55, 60, 65 e 70 °C, em
estufa de circulação forçada, até as amostras apresentarem peso constante. Foram utilizados
5,0 g da amostra filtrada, moldada em camada de 1,0 cm de diâmetro em tela de nylon, todas
em triplicata. As leituras de perda de peso de cada amostra foram realizadas em intervalos
regulares de 30 min até atingirem peso constante. Os resultados das análises foram extraídos
das curvas de secagem de umidade adimensional das amostras (X/X0) em função do tempo. O
período de taxa constante foi determinado pela secção das curvas de secagem da umidade,
onde a declividade se mantinha constante, de acordo com a metodologia utilizada por Oliveira
(2006).
58
4.4 Análise microbiologia
Foram realizadas análises do Número Mais Provável de Coliformes Totais e
Coliformes Termotolerantes, Pesquisa de Salmonella, Contagem de Bacillus cereus e
Contagem de Stafilococcus coagulase positiva de acordo com as normas preconizadas pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com base na Resolução RDC N° 12, de
2 de Fevereiro de 2001 (BRASIL, 2001), utilizando a metodologia recomendada pelo
(BRASIL, 2003a). As análises foram realizadas no Laboratório de Análises Microbiologia do
Departamento de Tecnologia e Química de Alimentos (DTQA/CT/UFPB).
4.5 Análises físico-químicas
As análises bioquímicas foram realizadas com a biomassa seca da S. platentis por
liofilização ou gravimetria nas fases exponencial e estacionária. A análise física foi realizada
com determinação do pH para acompanhamento do crescimento da cianobacteria durante o
tempo de cultivo. As análises físico-químicas seguiram procedimentos específicos ou
adaptados descritos na literatura utilizados nas análises de biomassa microalgal, sendo
realizadas três repetições em triplicata.
4.5.1 Extrato seco total
Realizado pelo método gravimétrico de secagem direta em estufa a 105 °C, até peso
constante (BRASIL, 2005). Antes de se iniciar o processo de extração as amostras foram
submetidas à ultrassom por três ciclos com duração de 8 minutos cada, em banho de água com
gelo, para romper as células seguindo procedimento descrito por Derner (2006).
59
4.5.2 Resíduo mineral fixo
Utilizou-se o método de resíduos por incineração direta em forno mufla a 550 °C após
a carbonização da matéria (BRASIL, 2005).
4.5.3 Lipídeos totais
Para a determinação do extrato etério foi empregando a técnica de extração direta em
Soxhlet (BRASIL, 2005). Anteriormente ao processo de extração, as amostras foram
submetidas à ultrassom por três ciclos de 8 minutos de duração, em banho de água com gelo,
para rompimento das células de acordo com procedimento descrito por Dener (2006).
4.5.4 Proteínas totais
Determinado com base no teor de nitrogênio total pelo método de Kjedahl, utilizando-
se o fator de correção 6,25 (BRASIL, 2005a).
4.5.5 Carboidratos totais
A determinação de carboidratos totais para a biomassa de S. platensis seguiu a técnica
adaptada de Kochert (1978). Foram pesados 5,0 mg de amostra das biomassas secas
submetendo-as à hidrólise alcalina com 4,0 mL de Hidróxido de Sódio 1,0 N a 100 °C em
banho-maria durante uma hora. Após resfriamento a temperatura ambiente as amostras foram
centrifugadas a 3000 rpm durante 10 min. Realizada a extração, 500 μL do extrato alcalino
obtidos foram transferidos para os tubos de ensaio, adicionando em seguida 1,0 mL de
Hidróxido de Sódio 1N e 500 μL de fenol a 4 %. Passados 30 minutos de repouso,
acrescentou-se 2,5 mL de Ácido Sulfúrico concentrado. Após resfriamento a temperatura
ambiente, foi realizada leitura da absorbância em espectrofotômetro a um comprimento de
60
onda de 485 nm. A curva padrão (Apêndice) foi preparada a partir de uma solução de Glucose
anidra de concentração igual a 400 μg/mL, realizando um gradiente de concentração de 0 até
320 μg/mL.
A determinação de carboidratos para o macarrão enriquecido com biomassa de
Spirulina foi determinado pelo método de glicídios totais em glicose (BRASIL, 2005).
4.5.6 Quantificação da energia fornecida
O valor energético total foi calculado pela somas das multiplicações dos
macronutrientes pela quantidade de energia fornecida por cada um (% carboidratos x 4 Kcal +
% proteínas x 4 Kcal + % lipídeos x 9 Kcal), expressando o valor em Kcal/100g (BRASIL,
2003b).
4.5.7 Determinação do pH
O pH dos cultivos foi determinado diariamente por processo eletrométrico em
potenciômetro portátil HI 9025 (Hanna Instrumentes).
4.6 Produção do macarrão
O macarrão massa fresca tipo espaguete foi produzido no laboratório de Panificação
do DEA/CT/UFPB, em diferentes concentrações de biomassa seca de S. platensis obtida do
tanque de cultivo e seco em estufa, sendo estas, 5, 10 e 15 %. Para a formulação do macarrão
foi utilizada a biomassa de S. platensis, ovo de galinha, farinha de trigo especial sem
fermento, óleo e água. As quantidades utilizadas estão dispostas na tabela 1.
Todos os ingredientes foram colocados na extrusora de massa modelo Buona Pasta
(Mallory) onde foram misturados mecanicamente e em seguida extrusado. Por se tratar de
massa fresca, foi preparada momento antes da análise sensorial. As etapas do processo de
produção do macarrão enriquecido com biomassa de S. platensis estão dispostas na figura 8.
61
Tabela 1 - Formulação do macarrão com diferentes concentrações de biomassa de S. platensis, em
quantidades percentuais com base no total de farinha de trigo mais biomassa.
INGREDIENTES 5% 10% 15%
Farinha de Spirulina (g) 16,5 33 49,5
Farinha de trigo (g) 313,5 297 280,5
Ovo de galinha (und) 1 1 1
Óleo (ml) 5 5 5
Água (ml) 100 100 100
Sal (g) 2 2 2
Figura 8 - Fluxograma representativo da produção do macarrão.
Análise Microbiológica e
Físico-química
Farinha de Spirulina
Pesagem dos ingredientes
Mistura dos ingredientes (pó)
Homogeneização (Adição dos ingredientes líquidos)
Análise Microbiológica e
Físico-química
Amassamento
Extrusão
Secagem
Acondicionamento
Cozimento
Análise Sensorial
62
4.7 Avaliação sensorial
Foram realizados os testes sensoriais de Aceitação e Intenção de Compra. Para a
seleção dos provadores foi utilizado como critério o consumo do produto analisado
(macarrão) e a disponibilidade para a realização do teste. A cada provador foi apresentado o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo) autorizando sua participação voluntária
na pesquisa. Este formulário dispõe da abordagem da natureza da pesquisa, objetivos,
finalidade, potenciais riscos e/ou incômodos. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley – CEP/HULW da
Universidade Federal da Paraíba em reunião realizada no dia 26/01/2010 sobre protocolo
CEP/HULW n°024/10 (Anexo).
Foram selecionados 58 provadores, de ambos os sexos. Para a realização dos testes de
avaliação sensorial, as amostras de macarrão foram cozidas “al dente” em água com sal na
proporção de 1 L de água potável para 100 g de massa fresca e 2 g de sal de cozinha (Figura
9). Foram servidas, aproximadamente, 25 g de cada amostra com molho de tomate
industrializado, na temperatura usual de consumo (aproximadamente 50 ºC) em pratos
plásticos acompanhados de um copo com água mineral, biscoito, guardanapo de papel e ficha
de avaliação sensorial (Apêndice A e B). As amostras foram avaliadas em uma única sessão,
segundo um delineamento de blocos completos casualizados, sendo apresentados de forma
monádica e com códigos de três números aleatórios.
Figura 9 - Preparo das amostras utilizadas na análise sensorial.
Fonte: Própria.
Macarrão com 5 % de Spirulina Macarrão com 10 % de Spirulina Macarrão com 15 % de Spirulina
63
Os produtos foram avaliados no teste de Aceitação com relação aos atributos:
aparência, odor, textura, sabor, e avaliação global, utilizando escala hedônica de 9 pontos (de
1 = desgostei muitíssimo a 9 = gostei muitíssimo) (STONE; SIDEL, 1993). No teste de
Intenção de compra utilizou-se uma escala hedônica de cinco pontos, variando de “compraria”
(5) a „não compraria” (1).
Além das questões relacionadas à avaliação dos produtos, os provadores também
foram indagados sobre a frequência de consumo mensal de macarrão, considerando o
consumo de 1 a 2 vezes por mês “pouco”, de 3 a 4 vezes “moderado”, 5 a 8 vezes “muito” e
mais de 8 vezes por mês “sempre” (MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1998).
O índice de aceitabilidade (IA) foi calculado considerando como 100% a maior nota
alcançada na avaliação global dos produtos analisados e adotando como critério para a
classificação satisfatória o índice de aceitação igual ou superior a 70% (TEIXEIRA; MEINERT;
BARBETTA, 1987). Para este cálculo adotou-se a seguinte expressão matemática:
IA = A x 100
B
Onde:
A = Nota média obtida
B = Nota máxima dada ao produto
O percentual de aceitação, indiferença e rejeição para cada atributo, foram calculados
a partir dos resultados obtidos na avaliação do teste de Aceitação utilizando os 9 pontos da
escala hedônica. A aceitação foi calculada pelo somatório dos percentuais dos escores de
“gostei ligeiramente” (6) à “gostei muitíssimo” (9), a indiferença é igual ao percentual obtido
no escore “nem gostei/nem desgostei” (5) e a rejeição foi calculada pelo somatório dos
percentuais dos escores de “desgostei ligeiramente” (4) à “desgostei muitíssimo” (1).
4.8 Análise estatística
Os dados da curva de crescimento e rendimento final dos cultivos da S. platensis, a
composição centesimal da S. platensis e do macarrão enriquecido com a biomassa e a
avaliação sensorial do macarrão foram submetidos à análise estatística utilizando-se o
programa Statistica 7.0, com 5% de nível de significância. Quando não foi possível aplicar
64
testes paramétricos, foram utilizados testes não paramétricos seguindo as recomendações de
Sokal e Rohlf (1983). A homocedasticidade das variâncias de todos os parâmetros da S.
platensis e do macarrão analisados foi confirmada utilizando o teste de Levene. Foi aplicado
teste de Mann-Whitney para comparar as diferenças nas médias das curvas de crescimento da
S. platensis entre os dois tipos de cultivo e nos rendimentos finais entre os tipos de cultivo e
entre a fase de crescimento (exponencial e estacionária). Os métodos de avaliação do
crescimento da S. platensis no tanque de cultivo e fotobiorreator foram comparados por teste
de Correlação de Spearman. As médias das variáveis da composição centesimal da S.
platensis medidas nos diferentes tipos de cultivo e método de secagem foram comparadas por
análise de variância (ANOVA) e teste HSD de Tukey e a composição centesimal e avaliação
sensorial do macarrão nas diferentes formulações foram analisadas por análise de variância
(ANOVA) e teste de Duncan.
65
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Avaliação do crescimento
As curvas de crescimento obtidas nos cultivos de S. platensis efetuadas em
fotobiorreator e tanque de cultivo estão apresentadas abaixo (Figuras 10, 11, 12). As análises
estatísticas demonstraram que os três métodos de avaliação do crescimento de Spirulina nas
duas condições experimentais de cultivo diferiram significativamente entre si (Mann-
Whitney, p < 0,05). Apesar da concentração celular do inoculo inicial ter sido igual para os
dois tipos de cultivos, pode-se observar que a partir do 3° dia os dados de fluorescência “in
vivo”, densidade ótica e número de células começaram a diferenciar-se, apresentando, no
tanque de cultivo uma velocidade de crescimento mais acentuado inicialmente, mas sendo
ultrapassado pelo fotobiorreator por volta do 9°-10° dia. A taxa de crescimento máximo
(Tabela 2) obtida pelo cultivo em tanque foi no 4° dia e para o fotobiorreator, no 5°.
1° 3° 5° 7° 9° 11° 13° 15° 17° 19° 21° 23° 25°
Dias
0
5
10
15
20
25
30
35
40
UF
Tanque de Cultivo
Fotobiorreator
Figura 10 - Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator obtidas por
fluorescência “in vivo”. Média ± Desvio Padrão.
66
1° 3° 5° 7° 9° 11° 13° 15° 17° 19° 21° 23° 25°
Dias
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Ab
sorb
ân
cia à
57
0 n
m
Tanque de Cultivo
Fotobiorreator
Figura 11 - Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator obtidas por
medidas da densidade ótica. Média ± Desvio Padrão.
1° 3° 5° 7° 9° 11° 13° 15° 17° 19° 21° 23° 25°
Dias
0
5
10
15
20
25
30
35
Célu
las.m
l-1
x
10
3
Tanque de Cultivo
Fotobiorreator
Figura 12 - Curvas de crescimento da S. platensis em tanque de cultivo e fotobiorreator obtidas com
base na contagem celular. Média ± Desvio Padrão.
67
Tabela 2 - Taxa de crescimento de S. platensis em fotobiorreator e tanque de cultivo, baseadas na
contagem celular.
Cél.mL-1
.103 = células por mililitro
*µ: expressa em número de divisões celulares por dia
No momento da primeira colheita (15° dia) foi determinada a densidade celular
máxima dos cultivos em fotobiorreator e no tanque, verificou-se diferença significativa entre
os resultados, sendo maior no fotobiorreator (Mann-Whintney, p < 0,05; Figura 13). Na
segunda colheita realizada, no 25° dia (fase estacionária) no cultivo em fotobiorreator, obteve-
se um rendimento celular significativamente maior que no 15° dia (Mann-Whintney, p≤0,05;
Figura 14).
Os valores de biomassa seca (produtividade) obtidos em cada colheita foi de 0,52 g/L
para o tanque de cultivo, 0,74 g/L no fotobiorreator para a fase exponencial e 1,41 g/L na fase
estacionária. Valores superiores aos encontrados nesta pesquisa foi obtido por Oliveira et al.
(1999) cultivando S. platensis em meio Paoletti, que atingiu produtividade de 2,4 g/L. Olguín
et al. (2001), em cultivo de Spirulina sp. enriquecido com dejetos suíno encontraram valores
de 0,67 e 0,77 g/L sendo estes resultados semelhantes aos encontrados nesta pesquisa quando
colhidos em fase exponencial. Pelizer et al. (2003) alcançaram produtividade de 1,3 g/L em
cultivo com S. platensis, valor semelhante ao encontrado na colheita em fase estacionária.
Lourenço (2006); Chisti (2007); Ugwu, Aoyagi e Uchiyama (2008) atribuem a elevada
produtividade em cultivos com fotobiorreator ao controle das trocas gasosas entre o cultivo e
o ar atmosférico e a redução da contaminação e das perdas por evaporação. Nesse sistema de
cultivo é possível alcançar uma produção de biomassa seca da ordem de 5 a 10 g/L para várias
espécies cultivadas em regime de batelada e comparando-o a um cultivo em lagoa aberta, a
produtividade pode ser até treze vezes maior.
Tempo (dias)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Fotobiorreator
Cél/mL x 103 0,28 0,48 0,78 1,25 2,18 3,69 4,90 8,48 10,98 14,39 17,86 18,37 20,36 25,91
µ*
0,74 0,71 0,69 0,80 0,76 0,41 0,79 0,37 0,39 0,31 0,04 0,15 0,35
Tanque de cultivo
Cél/mL x 103 0,28 0,48 0,76 1,66 2,89 4,94 7,72 9,09 10,90 11,46 15,32 15,45 14,57 20,73
µ*
0,74 0,69 1,12 0,80 0,77 0,64 0,24 0,26 0,07 0,42 0,01 -0,08 0,51
68
Figura 13 - Densidade celular máxima da S. platensis cultivada em fotobiorreator e tanque de cultivo,
com a biomassa colhida durante a fase exponencial de crescimento. Média ± Desvio Padrão.
Figura 14 - Densidade celular máxima da S. platensis cultivada em fotobiorreator, com a biomassa
colhida durante as fases crescimento exponencial e estacionária. Média ± Desvio Padrão.
Fotobiorreator Tanque
Tipo de cultivo
18
20
22
24
26
28
30
32
34
Célu
las.m
L-1
x 1
03
Média
Média ± SD
Exponencial Estacionária
Fase de cultivo
18
20
22
24
26
28
30
32
34
Célu
las.m
L-1
x
10
3
Média
Média ± SD
69
Apesar da eficiência e da produtividade ser maior em fotobiorreator do que em
tanques, os custos são mais elevados sendo tais aparelhos mais empregados para produção de
compostos com elevado valor comercial (TREDICI, 2004); já os tanques abertos são
diretamente afetados por fatores como variação de temperatura, iluminação e evaporação do
meio (LOURENÇO, 2006). De acordo com Derner (2006), a produtividade entre as fases de
crescimento deve ser maior na fase estacionária da curva visto que o crescimento apresenta
maior densidade celular e conseqüentemente maior biomassa por volume de cultura. As
curvas de crescimento analisadas com base na fluorescência “in vivo”, densidade ótica e
contagem de células exibiram a mesma tendência, apresentando índices de correlação
superiores a 0,98 tanto para o tanque de cultivo quanto para fotobiorreator evidenciando alta
semelhança entre estes três métodos de avaliações de crescimento (Correlação de Spearman, p
< 0,05; Tabela 3).
Tabela 3 - Índice de Correlação de Spearman entre as medidas diárias de crescimento da S. platensis
obtidos dos cultivos em fotobiorreator e tanque de cultivo.
Tipos de Cultivo Cont. X Fluor Cont. X DO Fluor X DO
Fotobiorreator 0,98 0,98 0,99
Tanque de Cultivo 0,98 0,98 0,99
Cont. = contagem celular (cél/ml); Fluor = fluorescência (UF); DO = densidade ótica (absorbância
a 570 nm).
O pH médio inicial das culturas foi de 8,78 ± 0,08 no tanque de cultivo e 8,80 ± 0,05
no fotobiorreator, aumentando gradativamente ao longo do desenvolvimento de forma similar
para ambos os tipos de cultivo. No momento da colheita da biomassa, na fase exponencial, o
pH médio no tanque de cultivo foi 9,63 ± 0,02 e 9,73 ± 0,01 no fotobiorreator. Durante a fase
estacionária, no cultivo em fotobiorreator, houve uma elevação acentuada do pH que atingiu
10,96 ± 0,06 no 25° dia como apresentado na figura 15.
O aumento do pH com o crescimento celular pode ser explicado pelo consumo da
fonte de carbono durante os cultivos. Em meio aquoso o carbono inorgânico pode estar na
forma de CO2, H2CO3 (ácido carbônico), HCO3-
(bicarbonato) ou CO32- (carbonato) e suas
proporções dependem do pH (ESTEVES, 1988). De acordo com Goldman, Dennett e Riley
(1982), além do carbono inorgânico, outro nutriente que pode elevar o pH é o nitrato, visto
que, quando consumido, libera hidroxila no meio de cultivo.
70
1° 3° 5° 7° 9° 11° 13° 15° 17° 19° 21° 23° 25°
Dias
8,5
9,0
9,5
10,0
10,5
11,0
11,5
pH
Tanque de Cultivo
Fotobiorreator
Figura 15 - Variação do pH durante o cultivo da S. platensis em fotobiorreator e em tanque de
cultivo.
A forma de carbono mais assimilada pelas cianobactérias é o bicarbonato (MILLER e
COLMAN, 1980). Os íons bicarbonato do meio de cultura são transportados ativamente para
o interior das células, onde são convertidos a íons carbonato e gás carbônico, sendo este
último utilizado na fotossíntese e o carbonato liberado para o meio (FERRAZ, 1986).
Com o aumento do pH ao longo do crescimento, a quantidade de íons bicarbonato
consumida também tende a aumentar, com conseqüente redução da concentração de
carbonato total. Na medida em que o valor do pH se aproxima de 11 (final do cultivo), a
absorção da fonte de carbono inorgânico é dificultada. Segundo Russel (1982) e Binaghi et al.
(2003) em valores de pH acima de 10,2 o carbonato é a forma predominante e o bicarbonato
existente reduz gradativamente. Quando o pH atinge 10,5, a concentração celular tende a
estabilizar ou mesmo decrescer (DANESI, 2001).
71
5.2 Curva de secagem
Na figura 16 está a representação gráfica das curvas de secagem da biomassa de S.
platensis desidratada em estufa de circulação forçada. O processo de secagem ocorreu com
período de taxa decrescente para as quatro condições de temperaturas ensaiadas (55, 60, 65,
70 °C) e apresentaram-se de forma bem definida indicando uma condição de homogeneidade
no secador. O período de taxa constante indica o final do período de secagem.
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
Tempo (h)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
X / X
0
70 °C
65 °C
60 °C
55 °C
Figura 16 - Cinética de secagem da biomassa de S. platensis para quatro temperaturas de secagem.
Analisando as curvas de secagem da figura 17, observou-se que a cinética de secagem
é fortemente influenciada pela temperatura, visto que a aplicação da temperatura mais elevada
(70 °C) reduziu significativamente o tempo necessário para a secagem da biomassa,
diminuindo de 10,5 na temperatura mais baixa (55 °C) para 3,5 horas. Para essa pesquisa foi
escolhida a temperatura de 65 °C como ideal para a secagem da biomassa em virtude da
72
variável tempo X temperatura, já que a esta temperatura foram necessárias apenas 4 horas
para a secagem do material, 30 minutos a mais que a temperatura de 70 °C.
5.3 Análise microbiológica
Em virtude da necessidade do controle sanitário, com vistas à qualidade
microbiológica dos produtos alimentícios e a proteção da saúde da população, a ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Resolução RDC nº 12 de 2 de janeiro de 2001
(BRASIL, 2001), estabelece os padrões microbiológicos sanitários para alimentos que estão
descritos nas tabelas 4 e 5 juntamente com os resultados obtidos nas análises microbiológicas
da biomassa de S. platensis e dos macarrões respectivamente.
Tabela 4 - Avaliações microbiológicas da biomassa de S. platensis e seu padrão microbiológico.
Coliformes a
45°C/g
(NMP/g)
Salmonella sp/25g
(UFC/g)
Staphylococcus
Coag.positiva/g
(UFC/g)
Bacillus
cereus/g
(UFC/g)
S. platensis Ausência Ausência Ausência Ausência
PM 10 Ausência 5x102 5x10
2
NMP/g = Número mais provável por grama; UFC/g = Unidades Formadoras de Colônias por grama e
PM = Padrões Microbiológicos referentes à RDC nº 12 de 2 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001).
Tabela 5 - Avaliações microbiológicas do macarrão enriquecido com S. platensis em diferentes
concentrações e seu padrão microbiológico.
Macarrão Coliformes a 45°C/g
(NMP/g)
Salmonella sp/25g
(UFC/g)
Staphylococcus
coagulase positiva/g
(UFC/g)
Bacillus cereus/g
(UFC/g)
5,0% Sp < 2,0 x 10 Ausência < 1,0 x 10 < 3,0 x 10
10,0% Sp < 2,5 x 10 Ausência < 1,0 x 10 < 2,0 x 10
15,0% Sp < 1,0 x 10 Ausência < 2,0 x 10 < 3,0 x 10
PM 102 Ausência 5x10
3 5x10
3
NMP/g = Número mais provável por grama; UFC/g = Unidades Formadoras de Colônias por grama;
Sp= Spirulina platensis e PM = Padrões Microbiológicos referentes a RDC nº 12 de 2 de janeiro de
2001 (BRASIL, 2001).
73
As análises microbiológicas da biomassa não apresentaram desenvolvimento dos
microrganismos pesquisados, estando dentro dos padrões aceitáveis para consumo humano,
com isso está apta para ser utilizada na elaboração do macarrão. A ausência de contaminação
na biomassa pode ser atribuída ao controle de qualidade durante o cultivo, colheita e secagem
do material biológico, além das condições de cultivo como temperatura e pH.
De acordo com os resultados das análises microbiológicas do macarrão descritos na
tabela 5, todas as formulações estão dentro dos padrões aceitáveis para consumo humano, de
acordo com a legislação vigente (BRASIL, 2001), indicando que a matéria prima e o
macarrão foram processados em condições adequadas, podendo ser empregados na análise
sensorial.
5.4 Composição centesimal
A composição centesimal da cianobactéria S. platensis cultivada em fotobiorreator e
tanque de cultivo e seca em liofilizador e estufa de circulação forçada, apresentou diferença
significativa para todas as variáveis (ANOVA, Teste HSD de Tukey, p < 0,05; Tabela 6), tais
diferenças não se tratam simplesmente de valores absolutos referentes à espécie determinada,
mas uma resposta relativa às variáveis empregadas, tais como, o sistema de cultivo, a
disponibilidade de nutrientes, o estado fisiológico da cultura e a fase de crescimento
analisada.
O total de proteína encontrado na biomassa da S. platensis variou de 49,28 a 60,58%
em cultivos em fase exponencial e na fase estacionária o percentual foi 10,43 em média. O
inverso foi observado para as variáveis de resíduo mineral fixo (RMF), lipídios e carboidratos
estando às maiores concentrações na biomassa que se encontrava na fase estacionária. Estes
resultados estão de acordo com os encontrados por De Pauw; Morales e Persoone (1984) ao
relatarem que, geralmente, as culturas algáceas na fase de crescimento exponencial contêm
mais proteína, enquanto as culturas na fase estacionária têm mais carboidratos. Embora o teor
de lipídeo na fase estacionária tenha tido um acréscimo de aproximadamente 30% em relação
à fase exponencial, é importante atentarmos para a qualidade do lipídeo para definir o seu
valor nutritivo. De acordo com Cozza e Costa (2000) e Richmond (2004) a S. platensis é fonte
de ácidos graxos poliinsaturados essenciais como ácido γ-linolênico e ácido linoléico.
74
Tabela 6 - Valores médios das variáveis de composição centesimal da S. platensis em diferentes tipos
de cultivo e método de secagem.
Variáveis
Spirulina platensis
FbLEx FbLEs TCLEx TCEEx
Umidade (%) 12,26a±0,72 12,43±0,54 11,64
b±0,12 13,59
ab±0,23
RMF (%) 14,35a±0,6 35,25
abc±0,68 16,88
ab±1,58 15,36
c±0,55
PTN (%) 54,19a±3,64 10,43
abc±2,38 53,94
b±3,74 52,71
c±2,47
Lipídios (%) 1,72a±0,24 5,08
abc±0,08 1,49
b±0,13 1,56
c±0,33
Carboidratos (%) 17,83a±1,45 36,83
abc±3,40 16,96
b±2,69 16,34
c±1,76
Calorias (Kcal/100g) 303,54a±11,45 234,74
abc±20,69 297,03
b±20,91 290,24
c±17,70
RMF = resíduo mineral fixo; PTN = proteínas totais; Kcal/100g = Kilocalorias por 100g do produto.
Média ± desvio padrão. Nas linhas, as médias seguidas de letras iguais, diferem significativamente.
O percentual calórico da S. platensis não difere significativamente quando se compara
o tipo de cultivo e o método de secagem, mas apresenta menos calorias quando a biomassa é
colhida na fase estacionária de crescimento. Esta diferença calórica se deve a diminuição
abrupta da proteína (80%) e aumento do percentual de carboidrato (48%) e lipídeo (34%).
Os valores da composição centesimal da biomassa na fase exponencial do crescimento
encontrados nesta pesquisa quando comparados com outras pesquisas, mostram que existe,
em sua grande maioria, uma concordância na caracterização dos diferentes componentes
químicos da cianobactéria. Donato et al. (2010) (não informada as condições de cultivo)
encontraram 59,65% de proteína, 3,29% de lipídeo, 11,72% de carboidrato, 7,81% de
umidade e 17,53% de RMF na S. platensis. Huang (2006) encontrou valores de proteína
62,43%, carboidrato 3,47% e lipídeos 17,3% para cultivo em meio Zarrouk enriquecido com
enxofre. Volkmann (2006), avaliando a S. platensis cultivada em diferentes meios (utilizando
como base o meio Paoletti) encontrou um conteúdo de proteína de 56,17% no cultivo em água
de descarte de desalinizador e 48,59% na cianobactéria cultivada em água salinizada com
NaCl.
Ao se analisar a composição dos cultivos colhidos na fase exponencial e estacionária é
notória que embora a fase estacionária apresente um maior rendimento final, este período para
a colheita só seria viável se o interesse em seu cultivo fosse o fornecimento de lipídios,
carboidrato ou minerais, podendo esses valores, serem incrementados com a aplicação de
75
estresse fótico (período claro continuado) e/ou térmico, já que o fator nutricional neste estágio
é limitante.
Em comparação com o tipo de cultivo, foi observado que apesar da análise da
composição da S. platensis desenvolvida no fotobiorreator tenha apresentado valores maiores
que o cultivo em tanque, estes não diferiram estatisticamente, mesmo sendo o rendimento do
primeiro tipo de cultivo mais elevado, o custo de produção neste sistema é muito oneroso,
sendo o seu emprego viável apenas para biocompostos que necessitem de um maior controle
dos fatores ambientais, e que apresentem um elevado valor comercial, como enzimas e
pigmentos. O mesmo se aplica ao tipo de secagem do material, visto que o método de
secagem no processamento é um fator determinante para o custo final da produção. De acordo
com os resultados, o material liofilizado não diferiu do seco em estufa para as variáveis
analisadas, assim como o tipo de cultivo, o método a ser adotado dependerá da finalidade da
produção.
A tabela 7 representa a composição centesimal da massa fresca em diferentes
concentrações de S. platensis e da massa fresca controle (sem adição de biomassa). A
composição centesimal do macarrão apresentou diferença significativa entre as diferentes
formulações para as variáveis carboidrato, proteína e resíduo mineral fixo (ANOVA, Teste de
Duncan, p < 0,05).
Tabela 7 - Valores médios das variáveis de composição centesimal do macarrão e suas diferentes
formulações.
Variáveis
Formulações
Controle 5,0% Sp 10,0% Sp 15,0% Sp
Umidade (%) 33,29±1,85 32,67±1,17 34,17±0,87 33,60±0,82
RMF (%) 0,67a±0,04 0,96
a±0,08 1,35
a±0,07 2,20
a±0,27
PTN (%) 10,48a±0,48 11,67
b±0,76 12,86
a±1,00 14,68
ab±0,55
Lipídios (%) 2,64±0,06 2,59±0,07 2,60±0,08 2,63±0,05
Carboidratos (%) 53,11a±1,98 51,99
b±1,98 49,58
a±0,96 47,75
ab±1,02
Calorias (Kcal/100g) 277,36±7,32 278,45±5,27 270,90±3,61 269,96±4,10
Sp = Spirulina platensis; RMF = resíduo mineral fixo; PTN = proteínas; Kcal/100g = Kilocalorias por
100g do produto. Média ± desvio padrão. Nas linhas, as médias seguidas de letras iguais, diferem
significativamente.
76
Os valores médios encontrados na determinação de umidade de todas as amostras de
massa fresca analisadas não diferiram significativamente, variando entre 32,67 e 33,60% para
macarrão acrescido de 5 e 15% respectivamente. A ANVISA por meio da RDC nº 93, de 31
de outubro de 2000, que rege os padrões de identidade e qualidade de massa alimentícia,
determina que a umidade máxima permitida em massa fresca é de 35% (BRASIL, 2000),
estando assim, todas as formulações dentro dos parâmetros pré-determinados.
Maluf et al. (2010) ao determinarem o percentual de umidade da massa de macarrão
fresca enriquecida com pacu (Piaractus mesopotamicus) defumado, encontraram o valor de
32,37%, já Aquino et al. (2008) avaliando a composição centesimal de três concentrações de
ovo integral desidratado de avestruz em massa fresca tipo espaguete, encontraram valores
entre 28,39 a 32,57%, estes valores são inferiores aos relatados neste trabalho.
As análises de resíduo mineral fixo apresentaram diferença significativa entre todas as
amostras analisadas, quanto maior a concentração de S. platensis, maior o seu percentual,
chegando a atingir, em média, 2,20% na concentração de 15% contra 0,96% na menor
concentração (5%). A quantidade máxima permitida de RMF varia de 1,35 a 2,5%
dependendo da classificação da massa ou de sua designação (com ou sem ovos e tipo de
farinha de trigo), mas quando forem adicionados outros ingredientes além dos derivados do
trigo, o percentual deverá ser de acordo com a composição do produto (BRASIL, 2000). O
incremento do percentual do RMF ao aumento da concentração de S. platensis nas
formulações da massa pode ser explicado pelo alto teor de RMF (15,36%) na composição da
biomassa utilizada, sendo assim, os valores encontrados neste estudo mostraram-se adequados
aos pré-determinados pela ANVISA (BRASIL, 2000). Concentração similar de RMF para a
formulação com 15% foi encontrado por Maluf et al. (2010), qual seja, 2,18%. O mesmo
padrão de incremento foi observado por Santucci et al. (2003) com o enriquecimento do
macarrão com espinafre e diferentes concentrações de derivados de levedura (Saccharomyces
sp.), onde o percentual de RMF, com o aumento da concentração da levedura de 5 para 7,5%,
passou de 1,0 para 1,1 no macarrão com o autolisado de levedura e de 1,3 para 1,4% quando
utilizado o extrato da levedura.
A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), Resolução RDC nº 269,
de 22 de setembro de 2005 da ANVISA (BRASIL, 2005), determinou as necessidades diárias
de nutrientes (Ingestão Diária Recomendada - IDRs) para a população brasileira. De acordo
com os percentuais de IDR preconizados, uma porção (100 g) do macarrão enriquecido com
10,0% de S. platensis desenvolvido nesta pesquisa, fornece 37,82% das recomendações
diárias de proteínas para uma criança entre 7 e 10 anos, e 25,72% da necessidades diárias de
77
um adulto, enquanto o macarrão controle fornece 30,82 e 20,96% respectivamente. A
comparação entre a quantidade de proteína nas diferentes formulações de macarrão e as IDRs
para diferentes faixas etárias da população brasileira estão representadas na tabela 8.
Tabela 8 - Percentual de proteína nas diferentes formulações do macarrão com base na IDR para cada
faixa etária.
IDR = Ingestão Diária Recomendada; Sp = Spirulina platensis.
*Fonte: Brasil (2005).
O resultado das análises das amostras para o teor de lipídeos apresentaram um valor
médio de 2,6%, esse valor é inferior aos mostrados por Aquino et at. (2008) que encontraram
5,07% para a massa alimentícia adicionada de 9,52% de ovo desidratado de avestruz, e Maluf
et al. (2010) que encontraram 9,73% de lipídeo na massa de macarrão enriquecida com pacu.
O conteúdo de lipídeos encontrado por Moraes, Miranda e Costa (2006) nos biscoitos
enriquecidos com S. platensis foi em média 18,8%, esta concentração elevada se deve aos
componentes do biscoito que envolvem gordura vegetal hidrogenada e chocolate. Os teores
baixos de lipídeos nos macarrões enriquecidos com S. platensis resultam em um produto mais
saudável e com valor calórico mais baixo. O conteúdo de carboidratos foi maior na
formulação do macarrão controle (53,11%) e menor na com 15% de biomassa (47,75%).
Estes valores apresentaram-se inferiores ao encontrado na literatura onde, Santucci et al.
(2003) que também observaram uma diminuição no teor de carboidratos do macarrão controle
para o enriquecido com 7,5% de levedura, encontraram valores de 71,6% e 63,5%. O
conteúdo de carboidratos dos biscoitos enriquecidos com S. platensis elaborados por Moraes,
Miranda e Costa (2006) apresentaram valores de 68,4 e 68,6% nas amostras com 3,0 e 5,0%
respectivamente.
Os valores calóricos das formulações do macarrão não diferiram significativamente,
tendo o macarrão controle (277,36 Kcal/100g) e a 5% (278,45 Kcal/100g) apresentado os
Faixa etária IDR (g)* Controle (%) 5,0% Sp (%) 10,0% Sp (%) 15,0% Sp (%)
1 – 3 anos 13 80,62 89,77 98,92 112,92
4 – 6 anos 19 55,16 61,42 67,68 77,26
7 – 10 anos 34 30,82 34,32 37,82 43,18
Adulto 50 20,96 23,34 25,72 29,36
Gestante e Lactante 71 14,76 16,44 18,11 20,68
78
maiores valores e o macarrão com 15% de Spirulina o valor mais baixo (269,96 Kcal/100g).
Valores superiores aos apresentados neste trabalho foram encontrados no macarrão
enriquecido com pacu, 310,85 Kcal/100g (MALUF et al., 2010) e no macarrão produzido com
ovo desidratado de avestruz a 4,76 e 9,52% apresentando 279,24 a 309,60 Kcal/100g
respectivamente. O aumento da concentração da biomassa da S. platensis nas formulações
resultou em aumento no teor de proteínas e minerais, aumentando também o valor nutricional
do macarrão reforçando a importância da inclusão deste componente na dieta da população.
5.5 Avaliação sensorial
O macarrão enriquecido com Spirulina foi submetido à avaliação sensorial por 58
provadores. A equipe de provadores foi composta por 32 mulheres (55,17%) e 26 homens
(44,83%) com idade entre 19 e 50 anos. Como pode ser verificada na figura 17, a freqüência
no consumo de macarrão pelos provadores é elevada, visto que 43,10% afirmam consumir
sempre (mais de 8 vezes por mês) e 24,14% consomem muito (de 5 a 8 vezes por mês)
(MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1998).
Figura 17 - Frequência de consumo de macarrão.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sempre Muito Moderado Pouco
43,10
24,14
15,52 17,24
Per
cen
tua
l (%
)
Frequência de Consumo
79
A tabela 9 representa os valores médios dos escores atribuídos pelos provadores
durante a avaliação da aceitabilidade das formulações do macarrão enriquecido com 5, 10 e
15% de S. platensis (ANOVA, Teste de Duncan, p < 0,05). Os resultados obtidos na avaliação
sensorial para os atributos odor e sabor não diferiram significativamente para as três
formulações. Quanto à textura, as formulações com 5,0 e 10,0% de S. platensis diferiram
significativamente, obtendo a formulação com 10,0% a melhor classificação. A aparência e
avaliação global apresentaram diferença significativa da formulação com 10,0% de S.
platensis para as formulações com 5,0 e 15,0% em ambos os atributos.
Tabela 9 - Valores médios dos escores para os atributos avaliados no Teste de Aceitação das três formulações do macarrão enriquecido com S. platensis.
Atributos
Macarrão
5,0% Sp 10,0% Sp 15,0% Sp
Aparência 5,53a±2,04 6,55
ab±1,74 5,65
b±2,12
Odor 6,45±1,69 6,50±1,40 6,10±1,65
Textura 6,26a±1,92 7,19
a±1,32 6,65±1,80
Sabor 6,41±1,64 6,96±1,60 6,28±1,61
Avaliação Global 6,05a±1,65 7,22
ab±1,08 6,52
b±1,48
Sp = Spirulina platensis. Média ± desvio padrão. Nas linhas, as médias seguidas de letras iguais,
diferem significativamente.
Na avaliação global é possível considerar que, de acordo com as médias obtidas, as
três formulações apresentaram um bom resultado, apresentando a formulação com 5,0 % de S.
platensis o escore de “gostei ligeiramente”, o mesmo também foi obtido pela que continha
15,0% e a formulação com 10,0% de S. platensis apresentou o escore de “gostei
moderadamente”. Ormenese et al. (2004) ao realizarem teste de Aceitação com macarrão
contendo 4,76% de ovo integral desidratado de galinha e outro com 20 % de ovo líquido
integral de galinha, obtiveram o escore correspondente ao conceito “gostei moderadamente”
para ambos os produtos. Em pesquisa com biscoitos de chocolate enriquecidos com S.
platensis, Moraes, Miranda e Costa (2006) observaram que houve diferença significativa na
aparência entre as três amostras analisadas, atribuindo este fato ao percentual de Spirulina
utilizada, não houve diferença para os atributos cor, aroma e sabor.
80
A figura 18 representa o índice de aceitação do macarrão enriquecido com S. platensis
nas três formulações. O percentual de aceitação, indiferença e rejeição encontra-se na tabela
10. A formulação que apresentou o maior índice de aceitação foi a que continha 10,0% de S.
platensis, as demais formulações não atingiram o percentual mínimo satisfatório de aceitação
(70%) proposto por Teixeira; Meinert e Barbetta (1987), obtendo 67,24 e 69,92% de aceitação
para o macarrão adicionado de 5,0 e 15,0% de S. platensis, respectivamente.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5,0% Sp
10,0% Sp
15,0% Sp
67,24
80,27
69,92
Percen
tual (%
)
Índice de Aceitação
Figura 18 - Percentual de aceitação, indiferença e rejeição das três formulações de macarrão
enriquecida com S. platensis.
Sp = Spirulina platensis
Tabela 10 - Percentual de aceitação, indiferença e rejeição das três formulações de macarrão
enriquecida com S. platensis.
Atributo 5,0% Sp 10,0% Sp 15,0% Sp
A(%) I(%) R(%) A(%) I(%) R(%) A(%) I(%) R(%)
Aparência 53,00 16,00 31,00 78,00 8,60 14,00 60,00 6,90 33,00
Odor 71,00 19,00 10,00 71,00 22,00 6,90 63,80 20,70 15,50
Textura 75,90 5,17 19,00 88,00 6,90 5,20 79,30 6,90 13,80
Sabor 78,00 8,60 14,00 89,70 0,00 10,30 74,10 8,62 17,20
Avaliação Global 67,24 17,24 15,52 93,10 5,17 1,72 68,97 18,97 12,07
Sp = Spirulina platensis; A = aceitação; I = indiferença; R = rejeição.
81
Dentre todos os parâmetros a serem avaliados em pesquisas com a adição de
microalga a alimentos, a cor é um dos principais, visto que, de acordo com a quantidade a ser
adicionada, pode haver alterações na aparência do produto em virtude do seu pigmento. Nessa
pesquisa, a coloração pode ter influenciado a avaliação, já que os maiores índices de rejeição
das três amostras foram atribuídos a aparência, obtendo rejeição de 31,0 e 33,0% as amostras
com 5,0 e 15,0% de S. platensis respectivamente e 14,0% a amostra com 10,0% de S.
platensis. Outro fator que também pode ter influenciado tal rejeição foi o formato do
macarrão tipo espaguete, como observado em alguns comentários descritos pelos provadores:
“parece algas do mar”, “lembra minhoca”.
O maior percentual de avaliação global foi apresentado pelo macarrão enriquecido
com 10,0% de S. platensis obtendo 93,10% de avaliações positivas. Ormenese et al. (2004)
obtiveram resultados semelhantes ao avaliarem o macarrão com 20% de ovo líquido integral
de galinha que apresentou uma aceitação de 94% e o macarrão com 4,76% de ovo integral
desidratado de galinha obteve um percentual de aceitação de 98.
Na figura 19 observamos a intenção de compra para os três macarrões enriquecidos
com S. platensis avaliados. A formulação do macarrão que obteve o maior percentual de
intenção de compra foi o que continha 10,0% de S. platensis e o de maior percentual de
rejeição quanto à intenção de compra foi o macarrão adicionado de 5,0% de S. platensis.
Nenhum provador atribuiu à intenção de “jamais compraria” para o macarrão com 10,0% de
S. platensis e apenas 2 disseram que “possivelmente não comprariam” este produto.
Na pesquisa realizada por Moraes, Miranda e Costa (2006) para verificar a intenção de
compra do biscoitos enriquecidos com S. platensis, foi observado que 58% dos julgadores
comprariam os biscoitos adicionados de 1,0% de S. platensis, seguido do biscoito com adição
de 5,0% de S. platensis com 50% e o biscoito com 3,0% de S. platensis obteve 40% de
julgadores que o compraria. Aquino et al. (2008) ao avaliarem a intenção de compra de massa
fresca com 9,52% de ovo desidratado de avestruz, obtiveram que 76,92% dos provadores
comprariam, seguido pela massa fresca com 4,76% de ovo, com 73,63% desta mesma
intenção de compra. Dentre as três formulações, o macarrão enriquecido com 10,0% S.
platensis foi o que apresentou os melhores resultados com relação à avaliação global, índice e
percentual de aceitação e intenção de compra, indicando que este produto poderá ser absorvido
pelo mercado consumidor.
82
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Jamais compraria Possivelmente não
compraria
Talvez Possivelmente
compraria
Compraria
5,17
17,24
46,55
15,52 15,52
0,00
3,45
18,97
43,10
34,48
3,45
12,07
32,76
37,93
13,79
Percen
tual (%
)
Intenção de Compra
5,0%
10,0%
15,0%
Figura 19 - Intenção de compra para as três formulações de macarrão enriquecidas com S. platensis.
83
6 CONCLUSÕES
O cultivo de Spirulina platensis em fotobiorreator apresentou crescimento mais
acentuado, densidade celular máxima e produtividade maior do que no tanque de cultivo.
A densidade celular máxima e a produtividade da S. platensis foi maior na fase
estacionária do crescimento do que na fase exponencial.
Não há diferença significativa entre a composição centesimal da S. platensis para os
teores de proteínas, lipídios, carboidratos e calorias, cultivada em fotobiorreator e em tanque.
A composição centesimal da S. platensis apresenta diferença significativa entre a fase
exponencial de crescimento e a estacionária, ocorrendo um aumento do percentual de
carboidratos, lipídeos e resíduo mineral fixo e diminuição de proteína e calorias quando a
cianobactéria se encontra na fase estacionária.
Não há diferença significativa entre a composição centesimal da S. platensis nos teores
de proteínas, lipídios, carboidratos, resíduo mineral fixo e calorias, quando a biomassa
produzida é seca em liofilizador ou estufa.
Não há relatos de toxicidade crônica ou subcrônica, mutagênicidade ou
teratogênicidade e nenhum efeito adverso na reprodução ou lactação, nem alergias
dermatológicas em animais submetidos a dietas enriquecidas com até 30 % de Spirulina.
A biomassa de S. platensis e os macarrões massa fresca enriquecidos com S. platensis
estavam aptos para consumo sob o aspecto microbiológico.
As três formulações do macarrão enriquecidos com S. platensis obtiveram boa
aceitação global.
O macarrão enriquecidos com 10,0% de S. platensis apresentou o maior percentual de
índice de aceitação e intenção de compra. Uma porção deste produto fornece 37,82% das
recomendações diárias de proteínas para uma criança entre 7 e 10 anos.
84
7 SUGESTÕES
Realizar simulações de cultivos com diferentes intensidades e períodos de
luminosidade, temperatura e nutrimentos a fim de se obter otimização do cultivo.
Comparar o perfil lipídico da biomassa da S. platensis quando colhida em fase de
crescimento exponencial e estacionário.
Determinar e quantificar os contaminantes inorgânicos presentes na biomassa de S.
platensis.
Quantificar e avaliar a estabilidade dos pigmentos presentes na S. platensis.
Quantificar o percentual de micronutrientes vitaminas e minerais.
Realizar avaliação sensorial do macarrão com a formulação enriquecida com 10% da
biomassa de S. platensis utilizando outros formatos (tipos) de macarrão.
Realizar avaliação sensorial do macarrão com provadores em fase escolar.
85
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103
APÊNDICE
104
Apêndice A - Curva padrão para carboidratos totais.
y = 0,0031x + 0,0041R² = 0,9979
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 50 100 150 200 250 300 350
Concentração
Ab
sorb
ân
cia
48
5 n
m
105
Apêndice B - Ficha de avaliação do teste de Aceitação e Intenção de Compra.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS PPGCTA
Teste de Aceitação e Intenção de Compra
Nome _______________________________________________ Idade _______ Ocupação ______________
Qual sua freqüência de consumo de macarrão no mês: ( ) 1 – 2 x ( ) 3 – 4 x ( ) 5 –8 x ( ) Mais de 8
Você esta recebendo 3 amostras codificadas de macarrão enriquecido com Spirulina. Prove-a
e indique o quanto você gostou ou desgostou de cada um dos atributos sensoriais do produto,
dando nota de acordo com a escala abaixo. Atente para a sequência dos atributos. Analise
primeiro a aparência e odor seguidos da textura e sabor.
9) Gostei muitíssimo
8) Gostei muito
7) Gostei moderadamente
6) Gostei ligeiramente
5) Nem gostei/ Nem desgostei
4) Desgostei ligeiramente
3) Desgostei moderadamente
2) Desgostei muito
1) Desgostei muitíssimo
Indique sua atitude ao encontrar este macarrão no mercado
5) Compraria
4) Possivelmente compraria
3) Talvez comprasse / talvez não comprasse
2) Possivelmente não compraria
1) Não compraria
Comente o que mais gostou e o que menos gostou do produto, mencionando a amostra.
Obrigada!
Atributos
Aparência
Odor
Textura
Sabor
Avaliação Global
Amostra Atitude
106
Apêndice C - Distribuição de frequência (%) dos escores atribuídos pelos provadores para as
formulações dos macarrões massa fresca enriquecido com 5,0, 10,0 e 15,0% de S. platensis.
Escala Hedônica Aparência Odor Textura Sabor Avaliação global
Massa fresca com 5,0% de S. platensis
Gostei muitíssimo 3,40 7,00 5,17 3,40 1,72
Gostei muito 16,00 24,00 24,10 28,00 22,41
Gostei moderadamente 21,00 24,00 25,90 22,00 17,24
Gostei ligeiramente 14,00 16,00 20,70 24,00 29,31
Indiferente 16,00 19,00 5,17 8,60 13,79
Desgostei ligeiramente 12,00 7,00 6,90 5,20 6,90
Desgostei moderadamente 6,90 0,00 3,45 6,90 5,17
Desgostei muito 12,00 2,00 8,62 1,70 3,45
Desgostei muitíssimo 0,00 2,00 0,00 0,00 0,00
Massa fresca com 10,0% de S. platensis
Gostei muitíssimo 8,60 5,20 8,60 13,80 6,90
Gostei muito 21,00 21,00 43,00 29,30 39,65
Gostei moderadamente 36,00 31,00 26,00 24,10 31,03
Gostei ligeiramente 12,00 14,00 10,00 22,40 15,52
Indiferente 8,60 22,00 6,90 0,00 5,17
Desgostei ligeiramente 5,20 5,20 3,40 5,17 1,72
Desgostei moderadamente 5,20 1,70 1,70 3,45 0,00
Desgostei muito 3,40 0,00 0,00 1,72 0,00
Desgostei muitíssimo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Massa fresca com 15,0% de S. platensis
Gostei muitíssimo 6,90 8,62 8,62 5,17 0,00
Gostei muito 6,90 6,90 32,80 13,80 17,24
Gostei moderadamente 36,00 31,00 20,70 36,20 41,38
Gostei ligeiramente 10,00 17,20 17,20 19,00 5,17
Indiferente 6,90 20,70 6,90 8,62 22,41
Desgostei ligeiramente 12,00 10,30 6,90 10,30 10,34
Desgostei moderadamente 10,00 1,72 1,72 5,17 3,45
Desgostei muito 8,60 3,45 5,17 1,72 0,00
Desgostei muitíssimo 1,70 0,00 0,00 0,00 0,00
107
ANEXO
108
Anexo 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a)
Esta pesquisa é sobre a produção de biomassa de Spirulina platensis para alimentação
humana e está sendo desenvolvida por Katharina Kardinele da Silva Barros, aluna do Curso
de Pós-Graduação e Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal da Paraíba,
sob a orientação do Professor Dr. João Andrade Silva.
O objetivo do estudo é verificar a viabilidade de utilização da biomassa da microalga
Spirulina platensis e a sua aceitação em um produto alimentício destinado ao consumo
humano, com estabilidade microbiológica e características nutricionais e organolépticas
satisfatórias.
A finalidade deste trabalho é contribuir com a elaborar de um produto alimentício, do
tipo macarrão, enriquecido com espirulina, já que esta microalga apresenta um alto valor
biológico devido ao seu percentual de proteínas, presença de ácidos graxos poliinsaturados,
pigmentos, minerais e vitaminas, tornando-se mais uma alternativa alimentar, promovendo
benefícios à saúde do consumidor.
Solicitamos a sua colaboração para participar da análise sensorial do macarrão
enriquecido com espirulina, como também sua autorização para apresentar os resultados deste
estudo em eventos da área de saúde e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação
dos resultados, seu nome será mantido em sigilo. Informamos que essa pesquisa não oferece
riscos, previsíveis, para a sua saúde.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a)
não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo
Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir
do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem
recebendo na Instituição.
Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere
necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu
consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que
receberei uma cópia desse documento.
_________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa ou Responsável Legal
______________________________________
Assinatura da Testemunha
Espaço para impressão dactiloscópica
109
Contato com a Pesquisadora Responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para:
Pesquisadora: Katharina Kardinele da S. Barros
Endereço (Setor de Trabalho): Coordenação de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de
Alimentos
Telefone: 32167269
Atenciosamente,
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Participante
110
Anexo 2
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