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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AUTISMO E INSERÇÃO SOCIAL
Monique Linhares Garcia
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro/ Tijuca
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AUTISMO E INSERÇÃO SOCIAL
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre- Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Monique Linhares Garcia
Rio de Janeiro/ Tijuca
2009
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem ele nada seria
possível, a minha mãe pelo estímulo.
A todos os Professores do Curso,
Orientador e Equipe que trabalha no
Instituto A Vez do Mestre, pela atenção
com os alunos e pela generosidade
em passar seus conhecimentos,
da melhor forma possível.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos profissionais da área educacional e da área médica, que se esforçam
para atender às necessidades do aluno e do
paciente. E, por fim, a todos os familiares e
amigos de pessoas com autismo, para que lutem
sempre pela inserção social dos mesmos.
5
RESUMO
Procurar entender como é feito o tratamento do indivíduo
autista, qual a importância e a influência da Educação junto a estes, além de
investigar a necessidade dos tratamentos especializados, a importância do
apoio familiar e o que a combinação de todos estes aspectos pode reverter em
prol da inserção social do portador desta síndrome, são os objetivos deste
estudo. Os resultados colhidos nesta pesquisa apontam para a necessidade
de aprimorar cada vez mais a educação especializada para os portadores
desta síndrome ou outros transtornos relacionados, inclusive com o apoio dos
Estados e do Governo, para que as pessoas com menos recursos possam ter
acesso aos tratamentos especializados, que custam caro por serem
particulares. Outra necessidade verificada é uma maior divulgação deste tema
entre os educadores via Cursos de qualificação, Universidades. Enfim, é
importante que os profissionais da Educação estejam aptos a lidar com o aluno
que possui esta síndrome ou outras a ela relacionadas.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi desenvolvida com base em pesquisa
bibliográfica de autores especialistas nas áreas enfocadas no trabalho.
Também serviram de apoio no desenvolvimento da pesquisa: os periódicos
consultados, as reportagens em revista, as pesquisas na Internet oriundas de
Instituições, Órgãos públicos, Privados e de Profissionais da área, bem como
uma filmografia referente ao tema.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conceito, Sinais e Sintomas 10
1.1- O Diagnóstico Especializado 13
1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista 14
CAPÍTULO II- Contribuições da Aprendizagem para o Autista 18
CAPÍTULO III- A importância da Inserção Social para o Autista 21
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 28
BIBLIOGRAFIA 34
WEBGRAFIA 36
INDICE 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO 38
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INTRODUÇÃO
A evolução da ciência no mundo moderno, particularmente da
medicina, neurociência e áreas afins, tem influído positivamente no tratamento
dos transtornos invasivos de desenvolvimento, como é o caso do autismo. Pelo
fato de muitos deles afetarem uma pequena parcela da população, são muito
pouco divulgados e costumam ficar restritos aos âmbitos privados dos
consultórios médicos, dos livros científicos e uma vez ou outra são
apresentados ao público, em forma de programas de saúde na televisão ou são
abordados, levemente, em filmes para o cinema.
Com o mundo atual cada vez mais globalizado, a tendência é que as
diferenças já não nos assustem tanto, as informações estão mais acessíveis e
a Educação deve cumprir o seu papel de instrumento para a cidadania e
inclusão social. Sobretudo se seguirmos a Constituição Federal de 1988, no
artigo 205, que diz: a educação deve ser um direito de todos e dever do Estado
e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A falta de conhecimento sobre o transtorno autista acarreta em
desperdício de tempo, pode causar déficits maiores na criança e no indivíduo
adulto, que mais tarde, podem não ser superados. A intervenção médica,
especializada e educacional deve ser feita o quanto antes, para obtenção de
progressos e resultados relacionados à idade da criança.
O trabalho foi estruturado a fim de responder o problema proposto, que
é: Como a Educação e o apoio especializado podem contribuir para a inserção
social do autista? No primeiro Capítulo, buscou-se conceituar o autismo
atravésde seus sinais, sintomas e características no indivíduo. A partir da
caracterização, foi importante situá-lo dentre as classificações existentes na
9
Comunidade Científica mundial. Em seguida, foi investigado os tratamentos
necessários para o autista, visando principalmente, analisar a importância do
tratamento precoce, da educação especializada e do apoio e assessoria
familiar neste processo.
O Capítulo II trata das contribuições da aprendizagem para o autista.
Nele, inicialmente, foi apresentado como a Psicanálise pensa o sujeito autista e
como e quando acontece a preocupação dos pais em relação ao
comportamento diferenciado do filho. Num segundo momento desse Capítulo
são abordados: como acontece o desenvolvimento cognitivo no bebê, na
criança e como este se estabelece no universo autista; que estímulos estão
associados à aprendizagem; que importância tem o professor como mediador e
facilitador deste processo; o papel da afetividade na aprendizagem e a
importância dos métodos, materiais, etc, como suportes da aprendizagem.
O Capítulo III, por sua vez, apresenta a importância da inserção social
para o autista. Neste aspecto, é ressaltado, na Lei do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o direito que estes indivíduos têm em receber o atendimento
especializado que necessitam, por parte do Estado. A palavra inserção social
implica em ressaltar os direitos do cidadão deficiente na sociedade.
Para delimitar a investigação, objetivos foram formulados. Como
objetivo geral, pretende-se conceituar os sinais e sintomas do autismo infantil.
Dentre os objetivos específicos, estão: a) a importância do diagnóstico
especializado;b)caracterizar a aprendizagem e seus componentes;c)
apresentar as contribuições da educação para o autista. Algumas questões e
estudos ajudaram o caminhar na pesquisa, tais como: a)o que é autismo?; b)
como o autismo se apresenta no indivíduo?;c)quais os tratamentos necessários
para o autista?;d)quais os principais dispositivos legais sobre a educação
especial?;e) quais as contribuições da educação para o autista.
10
CAPÍTULO I
CONCEITO, SINAIS E SINTOMAS
Segundo Correa da Silva (2009) o adjetivo autista foi introduzido no início do século XX, em função de estudos psiquiátricos, em que se analisava o
processo do pensamento de pacientes que faziam referências a tudo no mundo
e a sua volta, a partir de si mesmo. Outro fato marcante, apontado pelo autor,
ocorreu em 1943, quando o psiquiatra infantil, Leo Kaner descreveu um grupo
de crianças com lesões cerebrais graves que apresentavam características
comuns, sendo a mais relevante, a incapacidade de se relacionar com as
pessoas.
De acordo com Kanner (1971), o autismo infantil tem características
próprias e ao mesmo tempo singulares, tem início sempre na infância, em
geral, até o terceiro ano de vida e afeta mais os meninos. Para o autor, a
palavra autista surgiu na literatura psiquiátrica denominando o indivíduo que
fica absorto em si mesmo, não é receptivo às pessoas.
Em suas pesquisas com um grupo de crianças, observou que esta
síndrome por vezes apresenta sinais característicos dos deficientes mentais,
embora os autistas apresentem potencial cognitivo e fisionomias inteligentes.
Um dos sinais mais importantes desta síndrome é a tendência ao isolamento e
a dificuldade de comunicação.
Segundo o neurocirurgião Amâncio apud Nogueira (2007) somente no
fim dos anos 70 foi provado, através do desenvolvimento de equipamentos de
neuroimagem, como a tomografia computadorizada, que o autismo e outras
síndromes tinham relação com alterações cerebrais.
Na mesma direção teórica, Martins, Preussler e Zavaschi apud Batista
e Bosa (2002) consideram que a avaliação médica de uma criança com
suspeita de autismo, deve passar por várias etapas que incluem: exame físico,
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para procurar características que indiquem ou não a presença de alguma
doença genética; exame neurológico completo e, de acordo com a indicação do
neurologista, poderá ser feito também o eletroencefalograma, a tomografia
computadorizada e uma avaliação genética mais detalhada. Muitas vezes
também são indicados testes de acuidade visual e auditiva, que podem
descartar o prognóstico de autismo.
A associação de Amigos dos Autistas de São Paulo (2009), traduziu os
sintomas da criança autista, descritos pela Sociedade de Crianças Autistas do
Estado de Nova York, no qual destacam- se :
- resistência ao aprendizado;
- isolamentos;
- falta de contato visual;
- modo e comportamento arredio e indiferente;
- apego não apropriado a objetos;
- acentuada hiper atividade física;
- comportamento agressivo e destrutivo;
- resistência a mudanças de rotina;
- uso de pessoas como ferramentas.
Segundo Assumpção Jr. Apud INEP (2009), o Autismo é caracterizado
por diversos distúrbios, tais como:
“De percepção, como por exemplo, dificuldades para entender o que ouve; de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da linguagem e social; de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar, da ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico; de fala e de linguagem que variam do mutismo total à inversão pronominal (utilização do você para referir-se a si próprio), repetição involuntária de palavras ou frases que ouviu (ecolalia) e movimento caracterizados por maneirismos e movimentos estereotipados” (Assunção Jr. apud INEP, 2009).
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Vários estudos científicos, no dizer de Gauderer (2009), atestam que
esta doença caracteriza-se por diminuir o ritmo de desenvolvimento
neurológico, social e lingüístico, tendo origem num comprometimento orgânico
do sistema nervoso central.
A este respeito, Facion (2002) acrescenta que a utilização de imagens,
como no exame de ressonância magnética, possibilitou observar mau
formações no cerebelo de pessoas com autismo, além de uma elevação de
serotonina no nível sanguíneo.
Bueno (2009) como diretora do Centro de Estudos do Genoma
Humano da Universidade de São Paulo, ressalta que o autismo atinge uma em
cada 1000 pessoas e há várias evidências que sua ocorrência depende de
componentes genéticos. A partir de seu relato, se compararmos o caso da
Síndrome de Down, cuja herdabilidade está em 100%, no autismo este
percentual cai para 90%, sendo um valor que não pode ser desprezado.
Segundo seus estudos, quanto mais próximo de 100%, maior é a importância
dos fatores genéticos na determinação de uma doença.
Partindo da mesma premissa, Klin (2006) considera que o autismo e
transtornos relacionados, conhecidos como transtornos do espectro do
autismo, estão fortemente associados a fatores genéticos, pois muitas vezes os
do autismo, estão fortemente associados a fatores genéticos, pois muitas
vezes os familiares do portador apresentam traços mais “gerais” do autismo,
comprovando assim, a importância da herdabilidade como possível causa do
distúrbio.
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1.1- O Diagnóstico especializado
A partir das definições do que é o autismo, pode-se nortear um
trabalho de diagnóstico. Nesse sentido, o Órgão americano CDC (Centro de
Controle e Prevenção de Doenças), estima que em cada 1000 nascimentos
ocorridos, seis crianças apresentem autismo, sendo quatro vezes mais
freqüentes no sexo masculino.
De acordo com Nogueira (2007), esta porcentagem de cálculos não
costuma variar entre as populações, permanecendo bem próxima em
diferentes países.
Para Klin (2006), o autismo está entre os mais conhecidos transtornos
invasivos de desenvolvimento ou TIDs e vem sendo estudado desde o século
XIX. A partir de sua classificação como transtorno invasivo de
desenvolvimento, ficaram demarcadas as suas especificidades e pudemos
saber que trata-se de uma síndrome que pode ocorrer em qualquer país, em
todas as etnias e classes sociais, sendo que é mais prevalente em meninos.
Apesar disso, Facion (2002) adverte para a necessidade de um
diagnóstico diferencial para o autismo, uma vez que os sintomas podem
apresentar muitas variações de uma criança para outra. E a sua caracterização
como síndrome por parte da Nacional Society for Autistic Children e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), tem relação com esta variedade de
sintomas que a ela estão relacionadas.
Partindo da mesma concepção, Mesibov e Shea (1999) observam que
muitas dificuldades não são exclusivas do autismo:
“Muitas das características vistas no autismo são vistas em outros transtornos do desenvolvimento, tais como deficiência mental, transtornos de aprendizagem e transtornos da linguagem. Alguns são vistos em algumas condições psiquiátricas, tais como o transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade esquizóide, e transtornos de ansiedade. Muitos deles também são vistos em crianças com desenvolvimento normal, ou mesmo em nós mesmos. O que distingue o autismo são o número, a gravidade, combinação e interação de problemas, que resultam em deficiências funcionais significativas. O autismo é um composto de déficits, não uma característica isolada” (MESIBOV e SHEA, 1999, p.2).
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De acordo com Gauderer apud Facion (2002), existem três tipos de
classificações estabelecidas e reconhecidas no mundo para o Autismo, que
são: a da ASA (American Society for Autism), a da organização Mundial de
Saúde e a da DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) -
da Associação Americana de psiquiatria.
Segundo Facion (2002), O DSM-IV apresenta um critério mais
detalhado para o diagnóstico do autismo, incluindo sintomas que se enquadram
em seis ou mais critérios avaliativos das áreas de interação social,
comunicação, comportamento e estereotipias. Estas áreas podem possuir um
atraso em seu desenvolvimento ou funcionamento anormal.
Por outro lado, segundo Baptista e Bosa (2002), estudos mais
recentes, com profissionais envolvidos com crianças autistas, têm comprovado
que nem todas elas mostram aversão ao toque ou isolamento. Alguns, inclusive
apresentam comportamento de apego em relação aos pais, mostrando-se
angustiados quando separados destes. Outro dado observado nos estudos,
refere-se às estereotipias (balanço do corpo, agitação dos braços, etc), que são
comportamentos que não distinguem as pessoas com autismo daquelas sem
autismo. Em relação aos rituais, vistos como rotinas rígidas, tendem a ser mais
características do autismo, quando associadas a comprometimentos sociais.
1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista
O tratamento de uma criança autista deve ser iniciado o mais cedo
possível, levando-se em conta que hoje em dia há mais recursos que auxiliam
no tratamento, que incluem: a intervenção precoce, a educação especial, o
suporte familiar e, em alguns casos, o uso de medicamentos.
Segundo Mahler (1993), o aspecto psicológico de um bebê
desenvolve-se num processo intrapsíquico de lento desdobrar. Já o aspecto
biológico, é bem delimitado e mais objetivamente observável.
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Nesta perspectiva, Mussen (1972) ressalta os dois processos básicos
do desenvolvimento do indivíduo: aprendizagem e maturação. Por maturação
entende-se o desenvolvimento do organismo em função do tempo ou idade e
as transformações neurofisiológicas e bioquímicas desde o seu nascimento. E
a aprendizagem diz respeito a mudanças no comportamento ou desempenho,
a partir da experiência, sendo esta crucial nos aspectos do desenvolvimento e
transformação do indivíduo.
Nesta perspectiva, Piaget e Vygotsky apud Santos (2003),
consideram: a importância da maturação biológica e a presença de estágios de
desenvolvimento - segundo Piaget; e o ambiente social como provocador do
desenvolvimento - considera Vygotsky.
De acordo com Schmidt (2003), a escolha do tratamento adequado
ao autista deve seguir a etapa de desenvolvimento da criança, que a cada fase
apresenta sensações diferentes, que vão sendo assimiladas e acomodadas ao
seu padrão de comportamento. Nesse sentido, o autor diz que com crianças
pequenas, deve-se usar a terapia da fala, da interação social e linguagem,
educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os objetivos
seriam trabalhar as habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade.
Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser
focadas.
Na mesma direção teórica, Rasmussen apud Juhlin (2002), concorda
que o sucesso no tratamento do autismo é a adequação do mesmo ao
desenvolvimento humano, uma vez que para obter uma resposta satisfatória
na terapêutica, é necessário que a criança possa encaixar os conhecimentos
adquiridos às situações que vivencia cotidianamente, facilitando assim a
compreensão e a aquisição de habilidades específicas.
Schimidt (2003) considera que para tratar o autista duas atitudes são
essenciais: a escolha do tratamento eficiente para cada caso específico e o
acompanhamento familiar como assessoria e apoio. Através da manifestação
de sentimentos e emoções, os pacientes vão fornecer dados sobre o que
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gostam ou não, e mesmo com dificuldade, vão tentar verbalizar os conflitos
existentes. Deve-se ater aos objetivos do tratamento e o que se pretende
atingir, a partir de um plano elaborado nas sessões.
Conforme Gauderer apud AMA (2009):
“O tratamento do autismo vem evoluindo a cada ano, tanto na área escolar quanto na área médica. O objetivo do tratamento deve ser normalizar o seu desenvolvimento, com atividades tais como: ensinar a se vestir, a comer, higiene etc, técnicas especiais de educação e o uso de medicação sintomática, para tentar controlar melhor o comportamento destas crianças” (GAUDERER apud AMA, s/p ).
Outro tratamento reconhecido na comunidade científica, de acordo com
Mello (2004) é o Método TEACCH, surgido nos anos sessenta e desenvolvido
pelo Dr. Eric Schoppler, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da Carolina do Norte, Estados Unidos. Este método tem o objetivo de
avaliar a criança, seus pontos fortes e suas maiores dificuldades. E tem como
base a organização do ambiente físico através de rotinas-organizadas em
quadros, painés ou agendas-e sistemas de trabalho, visando desenvolver a
independência da criança, de modo que ela necessite do professor somente
para o aprendizado.
De acordo com Mesibov e Shea (1999), como o autista tem padrões
cognitivos e comportamentais próprios, o TEACCH contribui para inseri-los na
cultura a seu redor. Este Programa educacional é baseado em muitos
princípios, tais como:
• Áreas de Competência e Interesses: todos os alunos têm seus “pontos
fortes” e interesses que podem ser trabalhados para inseri-lo no meio social;
• Avaliação Cuidadosa e Constante: todos os alunos tem potencial para
desenvolver e melhorar suas habilidades. O Programa inicia-se pelo
planejamento de um programa educacional, a partir da observação da forma
como o aluno responde a uma variedade de materiais, instruções e atividades
desenvolvidas. Primeiramente, é trabalhado as necessidades de cada um, para
depois serem estabelecidas as metas em cada área de aprendizado;
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• Assistência para a Compreensão do Sentido: todos os autistas tem
limitações na habilidade de entender o sentido de suas experiências. É usar um
guia empático e útil “no nosso ambiente” para que ele se sinta mais seguro e
menos confuso “lá fora”;
• A Resistência como Resultante da Falta de Entendimento: A maioria
dos comportamentos que os alunos apresentam é devido a sua dificuldade
cognitiva em entender o que se espera deles. Eles não têm comportamentos
desafiantes ou provocativos de propósito;
• Colaboração dos Pais: O planejamento educacional deve ser
sensível ao ambiente onde o aluno vive (sua casa). É importante incluir no
programa educacional, os desejos e estilos de vida da família do aluno.
Schimidt (2003) enfatiza a importância dos pais, irmãos e da família
como um todo, procurarem além dos tratamentos convencionais, grupos de
apoio, em que haja crianças com a mesma síndrome, a fim de obterem suporte
e informações, diante das diferentes visões e expectativas que a síndrome
suscita em cada membro da família.
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CAPÍTULO II
CONTRIBUIÇÕES DA APRENDIZAGEM
PARA O AUTISTA
Segundo Mahler (1993), o desenvolvimento autista não segue modelos
de desenvolvimento conforme a psicanálise compreende. Seu desenvolvimento
se dá a nível muito primitivo, ou seja, enquanto as funções motoras podem
estar normais, as funções do eu estão mal desenvolvidas.
Nesta perspectiva, Gauderer apud AMA (2009) conclui que: sendo o
objetivo da psicanálise explorar o inconsciente e as motivações que aí ocorrem,
os autistas não podem se beneficiar dela, devido ao grau de lesão que
possuem e por não disporem da capacidade cognitiva que esta requer.
Para Klin (2006), os pais do autista costumam se preocupar com o filho
entre os 12 e os 18 meses de idade, quando a criança não dá retorno às
abordagens verbais e responde de forma dramática aos sons.
Schimidt (2003) aborda a questão da aceitação dos pais de que o filho
é autista. Relata que há casos em que as mães apresentaram mais estresse do
que os pais. Neste aspecto, ensinar técnicas de manejo com a criança e
prestar informações sobre o espectro do autismo é tão necessário quanto
cuidar dos aspectos emocionais.
O desenvolvimento cognitivo é interno e contínuo, acontece desde os
primeiros dias até o fim de nossas vidas. O pensamento do bebê vai se
desenvolvendo de acordo com suas estruturas, partindo do motor para o lógico
e abstrato. Para que este desenvolvimento aconteça de forma natural e
saudável é preciso que a criança seja estimulada constantemente através de
percepções táteis, auditivas, visuais, motoras e afetivas. A qualidade do
pensamento ou das emoções vai sendo elaborado à medida que o homem tem
controle sobre si mesmo, sendo capaz de controlar os impulsos e as emoções
(VIGOTSKY apud Arantes, 2003).
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Para Gauderer apud AMA (2009), o tratamento do autismo vem
evoluindo a cada ano, tanto na área escolar quanto na área médica. O objetivo
do tratamento deve ser normalizar o seu desenvolvimento, com atividades tais
como: ensinar a se vestir, a comer, higiene etc, técnicas especiais de
educação e o uso de medicação sintomática, para tentar controlar melhor o
comportamento destas crianças. A respeito das contribuições da educação
para o autista, o autor relata que:
“A educação é uma das maiores ferramentas para ajudar uma criança autista em seu desenvolvimento, para não dizer até que é a maior delas. Atualmente existem algumas variações de abordagens mais utilizadas para o ensino especial de crianças autistas, inicia-se por um processo de avaliação para poder selecionar os objetivos estabelecidos por área de aprendizado. A forma de levar a criança aos objetivos propostos varia conforme o método adotado, mas na grande maioria dos métodos, a seleção de um sistema tem tanta importância quanto as estratégias educacionais adotadas. A educação vista desta forma tem como meta ensinar tanto matérias acadêmicas quanto coisas que outras crianças costumam aprender através da própria experiência, como comer e vestir-se, de forma independente”(GAUDERER apud AMA, 2009,s/p.).
Segundo Vygotsky (1991), a aprendizagem e o desenvolvimento estão
inter-relacionados desde o nascimento. O indivíduo se apropria das formas
culturais que já existem e internaliza-as. A partir daí será possível um
desenvolvimento cada vez mais complexo.
Conforme Masiero (2009), para o aluno ter uma aprendizagem eficaz é
necessário que suas estruturas e organizações internas possam absorver
novos conhecimentos a partir de outros já assimilados. Na aprendizagem, de
um modo geral, estão inseridos: o interesse do aluno, a individualidade dele e
as condições externas do meio em que está inserido. O professor aparece
como mediador e facilitador da aprendizagem, tendo a afetividade o papel de
propulsora ou incentivadora da mesma.
Como sugerem Mesibov e Shea (1999), os professores devem ser
criativos com os autistas, na utilização de métodos e materiais, pois eles são
resistentes às mudanças. Além disso, é importante ensinar ao aluno o conceito
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de causa e efeito, uma vez que os autistas não conseguem compreender a
relação entre seus comportamentos e o efeito que produzem. Esta relação é
muito importante, pois possibilita a pessoa cuidar de si mesma, executar
tarefas produtivas e viver em comunidade.
Outro aspecto considerado fundamental pelos autores, é buscar ver o
mundo através “dos olhos do aluno”, a fim de poder ensiná-los a se adequar à
nossa cultura. Os professores devem elaborar programas com o objetivo de
vencer os desafios do transtorno.
De acordo com a Associação dos Amigos do autista de São Paulo
(2009), a aprendizagem para a criança com autismo e atraso no
desenvolvimento, evoluirá melhor com um tratamento combinando terapia
comportamental e educação especial. Atualmente, as escolas especializadas
individualizam o tratamento tornando o aprendizado mais específico e eficiente.
Segundo Mesibov e Shea (2009), o papel do professor de um aluno
com autismo deve ser semelhante ao do intérprete transcultural: alguém capaz
de traduzir expectativas e procedimentos de um ambiente não autístico para o
autístico. A partir do momento que o professor conhece bem as deficiências e
os pontos fortes do aluno, pode fazer uma ponte entre a cultura da sociedade
em que vivem, passando os conceitos e costumes que esta privilegia e
conduzindo-o à aprendizagem.
21
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO
SOCIAL PARA O AUTISTA
O artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), inciso
primeiro, diz que: A criança e o adolescente portadores de deficiência
receberão atendimento especializado. No inciso segundo: Incumbe ao Poder
Público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos,
próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
Partindo do mesmo pressuposto, temos na Constituição Federal de
1988, no artigo 24, inciso XIV, que diz: Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: proteção e integração social
das pessoas portadoras de deficiência.
No Brasil há iniciativas que explicam bem a necessidade de inclusão
social, como a da Secretaria Municipal da Cidade de São José dos Campos,
em São Paulo, que estabeleceu diretrizes para o atendimento de alunos
portadores de necessidades especiais:
“[...] A prática da Inclusão Social repousa em princípios tais como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação.[...] a inclusão social é , assim, um processo que contribui para a construção de uma sociedade mais justa através das transformações físicas, sociais e ideológicas. [...]Os alunos com deficiência múltipla ou severa, que apresentam uma grande dificuldade para freqüentar uma escola comum devem ser atendidos concomitantemente por uma equipe multidisciplinar em uma Instituição de atendimento aos portadores de deficiências (Ex.:APAE,ARDEF,EMA,RENASCER,etc) que se co-responsabilizará por seu projeto de inclusão” (COTRIN, 2001).
No Estado do Rio de Janeiro, atualmente, encontra-se em andamento o
“Projeto Integrando” que teve início em novembro de 2007 e tem como objetivo
atuar no Sistema de Educação Especial do Município do Rio de Janeiro. O
projeto conta com o apoio financeiro da FINEP( Financiadora de Estudos e
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Projetos) , Empresa Pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do
Governo Federal (MONTECHIARE, 2007, s/p.).
Em São Paulo existe o CIAM (Centro Israelita de Apoio
Multidisciplinar), entidade civil, sem fins lucrativos, criada por Harry Fromer em
1959. O CIAM é uma entidade de natureza educacional, beneficente e
filantrópica que presta serviços a portadores de deficiência mental. O Centro
atende atualmente a mais de 600 pessoas, e busca em seus programas,
atender às famílias carentes da região em que está situada, bem como dar
apoio ao ensino das pessoas com deficiência e /ou dificuldades de
aprendizagem. Ele oferece na área de educação, cinco programas, entre eles:
Educação Infantil; Educação para e pelo Trabalho; Inclusão Escolar e Inclusão
no Mercado de Trabalho. O CIAM também oferece capacitação para Escolas
(apoio na adaptação curricular, asessoria à equipe escolar, etc) e Empresas
(treinamento/ sensibilização de equipes, levantamento/ adaptação de funções,
etc). Recebe apoio através do patrocínio de quase sessenta Empresas de
grande e médio porte do País. Já recebeu vários prêmios de Eficiência, sendo
o último deles em 2006, como uma das 50 melhores entidades da década.
Na Reportagem “Mistérios do Autismo” do Canal de tevê Discovery
Home & Health, de 5 de abril de 2009, repórteres entrevistaram pessoas com
autismo da cidade de Sacramento, Estado da Califórnia, Estados Unidos.
Durante o programa foi relatado as características do autismo, tais como:
problemas de linguagem ou ausência de fala; dificuldades em se relacionar
com o outro; falta de empatia; rotina monótona; solidão extrema, etc.
De acordo com a Reportagem, há muitos tipos de autismo e não se
sabe ainda ao certo a causa desta síndrome. Dentre os tratamentos utilizados
na Cidade estão: terapia com arte, terapia ocupacional e a oxigenoterapia.
Esta última é uma terapia nova, para oxigenar o cérebro, no entanto, sem
nenhuma comprovação científica. Ao final, mostraram o caso de um indivíduo
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autista adulto que conseguiu levar uma vida independente, na qual trabalha e
mora sozinho.
Segundo Gauderer apud AMA (2009), a inserção social de uma pessoa
autista não é fácil, envolve em colocá-la em um meio social não preparado para
ela, e sujeito a comportamentos estranhos para as outras pessoas. Entretanto,
o autor cita que muitas pessoas acham que a sociedade deve aprender a
conviver com a diferença. E desta forma, o ideal é educar o autista e as demais
pessoas envolvidas. Partindo do mesmo pressuposto, o autor também
considera que, no caso de uma criança autista que esteja alfabetizada e
freqüentando uma escola regular, é importante que o planejamento dos
conteúdos escolares seja feito à curto prazo, enfrentando um desafio de cada
vez, com o objetivo de analisar o resultado, prever estratégias, avanços ou
recuos, conforme o seu aprendizado em sala de aula.
Partindo da concepção de que a Educação é um dos itens mais
importantes para a inserção do autista, Mesibov e Shea (2009) alertam para as
limitações das técnicas educacionais tradicionais. O meio mais simples de
ensinar crianças sem autismo é através do uso da linguagem. Entretanto, as
explicações verbais são freqüentemente ineficazes para os alunos com
autismo. Mesmo alunos com vocabulário expressivo podem não entender o
conteúdo da linguagem. Aqueles que também são deficientes mentais são
ainda menos aptos a aprender pelos meios verbais. Nas técnicas educacionais
do TEACCH, as palavras podem ser usadas, entretanto, as indicações físicas,
os materiais e a estrutura física do ambiente são muito mais eficazes. Outro
aspecto importante deste método é a individualização do aprendizado. Por
serem muito diferentes entre si, os alunos não trabalham bem em grupo. Os
professores tem que conhecer muito bem os seus alunos para poderem
ensinar a níveis muito diferentes nas várias áreas de habilidade.
Batista, Bosa e Cols. (2002) citam a experiência que tiveram na Itália
entre os anos de 1992 e 1996, estudando o projeto nacional de integração dos
alunos com deficiência na escola regular e os dispositivos necessários para a
24
implementação da proposta. Dentre os assuntos abordados por eles está um
amplo processo de crítica às instituições diferenciadas que resultou na
promulgação da Lei 517, de 1977, determinando o fechamento das escolas e
classes especiais. Em meados dos anos 70 houve influência também da
prática pedagógica associada à educação ativa e ao trabalho de Freinet. A
partir do Movimento de Cooperação Educativa (MCE) e as proposições de
práticas alternativas, foi criado um projeto nacional de integração, no sentido de
oferecer suporte para processos que propiciassem uma evolução dos alunos,
dos profissionais e da própria instituição. Os autores salientam que para a
integração entre o indivíduo autista e a educação se inserem várias questões,
de ordem ética, social, educativa, didática, econômica, etc. Neste amplo campo
de análise, eles escolheram analisar o nível ético, pois este favorece a
compreensão e evita equívocos.
“Acreditamos que a convivência escolar compartilhada, naquela que tem sido chamada “escola inclusiva”, possa favorecer mudanças éticas relativas ao trato com as diferenças. Esse pode ser um dos efeitos associados ao convívio: a construção de uma nova base ético-cultural. Podemos como sociedade, pensar em formas de convivência que transformem a relação com os “diferentes”. Para tanto, é necessário o reconhecimento da semelhança que muitas vezes a diferença oculta”.Cremos que a semelhança encontra-se justamente na condição humana que nos constitui e que o trabalho educativo deve ser capaz de operar essa identificação”(Batista, Bossa e Cols. 2002, p.128).
A inserção social do autista no ponto de vista dos autores acima, foi
evidenciada pela presença de uma série de elementos que integrados dão à
escola um papel relevante dentro de um complexo sistema do qual fazem
parte: a família, a administração municipal, a universidade e seus profissionais,
os alunos sem autismo da escola regular, projetos pedagógicos incluindo a
todos, um centro de documentação, etc. Segundo os autores, para o sucesso
do Projeto, é necessário a existência de um contexto social, legislativo e
institucional dando suporte, a fim de que se exija dos profissionais e das
instituições, a sua cota de colaboração para com os alunos com necessidades
educativas especiais.
25
Seguindo a mesma linha de pensamento, Masiero (2009) considera
que:
“Na escola o aluno aprende o respeito, a aceitação, a cidadania e, na medida do possível, vivencia essas experiências, convivendo com colegas de diferentes culturas. Aceitando as diferenças físicas e mentais, através da inclusão social. Mas além dos muros escolares, encontra preconceito racial, social e cultural. Falta de ética, moral, cidadania, humanismo. Se o indivíduo está preparado para enfrentar essa ambigüidade social, saberá viver plenamente”(s/p.).
No ponto de vista da família, Conceição (1984) reflete sobre a
necessidade de se criar uma relação harmônica entre seus membros, no
sentido de fortalecer o potencial de desenvolvimento do filho. Cabe à família
promover o desenvolvimento de seu filho, integrando-o de forma adequada no
próprio grupo familiar e progressivamente em outros grupos sociais. A busca
da relação harmônica é difícil, porém possível. Para tal, é necessário que não
se valorize em demasia a deficiência e aproveite-se o potencial do filho, o afeto
entre os familiares, a fim de criar um ambiente favorável a todos.
26
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente trabalho visou elucidar alguns
aspectos que envolvem o Autismo de um modo geral, a partir da criança
autista, em especial, abordando o conceito de autismo, os sintomas
principais, o diagnóstico, os tratamentos necessários, as contribuições da
aprendizagem e, por fim, as contribuições da inserção social para o autista.
Os temas abordados foram construídos com o objetivo de se chegar à
conclusão de que há esperanças na inserção social do autista, e que os pais e
a sociedade estão ancorados em dispositivos legais da Constituição Federal,
no qual devem se apoiar para garantir o melhor desenvolvimento para os
portadores destes transtornos.
Dentre os aspectos apresentados no trabalho, mereceu especial
atenção: a necessidade de tratamentos especializados para o autista, desde o
momento que os pais percebem alterações na criança até o momento que
estes indivíduos alcancem seus potenciais e estejam, de acordo com suas
especificidades, integrados à cultura a seu redor.
A importância de se iniciar precocemente o tratamento também foi
abordado para a garantia do sucesso no desenvolvimento de habilidades que
correspondem a determinadas fases da criança. Por outro lado, conforme
abordamos, o desenvolvimento cognitivo perdura por toda a vida. E no autista
este desenvolvimento também é contínuo, sujeito a vencer as dificuldades para
alcançar patamares maiores. A infância, a adolescência e a fase adulta
também são fases diferentes para o autista, e quanto mais eles estiverem
aculturados e inseridos no meio social, mais felizes serão.
A aprendizagem é considerada por especialistas como principal fator
de bem estar físico, psíquico e social para os portadores do transtorno. Um
professor que trabalha com a inclusão social de pessoas com deficiência em
escola regular, em especial, o autista, deve buscar a colaboração dos outros
27
profissionais da escola, ter um vínculo ou parecer dos especialistas que
atenderam a criança, tais como: o psicopedagogo, o fonoaudiólogo, o
psicólogo, o neurologista, etc. É importante ter uma parceria entre o professor,
a escola, os especialistas e a família.
No Brasil, mesmo com o apoio das Leis que garantem a integração
social dos deficientes, são poucas as escolas públicas que estão preparadas
para recebê-lo. A escola pública ainda está na fase de promover a qualidade
do ensino. A partir deste dado, conclui-se que ainda há muito o que se fazer
para que as escolas públicas possam incluir a todos, em especial os autistas,
dispondo de vários recursos, tais como infra-estrutura, materiais adequados,
entre outros recursos.
Uma equipe pedagógica motivada, profissionais interessados em
trabalhar com a inclusão, cursos de capacitação, entre outras medidas,
precisam ser implementadas para que toda escola pública tenha condições de
aceitar o aluno autista ou portador de outras necessidades especiais.
Por representarem uma parcela pequena da população, os autistas às
vezes são rotulados e colocados à parte na sociedade. É importante conhecer
suas dificuldades, aceitá-los como são, acreditar nos seus potenciais, trabalhar
projetos educacionais para incluí-lo no estabelecimento público, enfim,
contribuir para inseri-lo num contexto de vida feliz, em que todos envolvidos
respeitem suas especificidades, e os profissionais e a família possam ter a
sensação de dever cumprido, de estarem colaborando para a sua socialização
e dignidade perante a sociedade.
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ANEXOS
ANEXO 4
Olá! COUTO. Associação de Amigos do Autista de São Paulo. Disponível em:
www.ama.org.br. Acesso em 4. março. 2009.
ANEXO 5
Autismo Infantil. ASSUMPÇÃO JR. Disponível em: www.inep.org.br. Acesso
em: 15. março. 2009.
29
ANEXO 4
TEXTO DE REGINA COELI DO COUTO. AMA. SÃO PAULO, 2009.
Olá!
Sou uma criança portadora de autismo, tenho dez anos e sou aluno da
AMA, na Unidade do Cambuci. Aqui na nossa unidade são atendidas crianças
de até doze anos. Eu e meus colegas autistas ficamos na AMA por quatro
horas diárias, e o atendimento é feito no período da manhã das 8h00 às 12h00
ou no período da tarde, das 13h00 às 17h00.
Vejo muita gente que trabalha na AMA. A equipe pedagógica que
trabalha diretamente comigo é composta por pedagogas, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais e estagiários de curso superior.
É importante eu freqüentar a AMA, pois lá, depois de uma avaliação,
foi planejado um programa de desenvolvimento para mim com muitas
atividades que visam desenvolver as minhas habilidades(e eu tenho muitas),
me ensinam a desenvolver habilidades nas quais eu tenho mais dificuldade.
As salas de aula da AMA são estruturadas para que eu tenha facilidade
para enfrentar processos de aprendizagem. São poucas crianças por classe e
um número de profissionais adequado para atender-nos.
O programa de aprendizado é individual. Cada um de nós tem uma
pasta com um programa único, que se desenvolve de acordo com nosso
aprendizado, no ritmo de cada um.
As atividades visam desenvolver nossas habilidades nas áreas;
motora, sensorial, perceptiva, cognitiva..., além de buscar a nossa socialização,
o contato com outras crianças e com outras pessoas. Ah! Lá eles também me
ensinam coisas importantes da vida diária como: usar o banheiro, escovar os
dentes, comer, me vestir, me calçar...
30
Durante o período que fico na AMA faço muitas atividades. Na minha
mesa de trabalho faço as atividades que aprendi e que já sei realizar
independentemente. Essas atividades são feitas com material concreto, são
coloridas e interessantes. Muitas delas são feitas pelos profissionais da AMA
com sucata. Vocês não podem imaginar o que eles aproveitam de material
(que algumas pessoas chamam de lixo) e como as atividades ficam bonitas e
criativas. Outras atividades são feitas com materiais e brinquedos pedagógicos
comprados prontos. Faço várias atividades diferentes por dia, não repito
nenhuma no mesmo dia.
Na mesa do professor, trabalho individualmente com uma pedagoga
que me ensina novas atividades. Ela tem muita paciência, me ensina e me faz
cumprir a atividade quantas vezes necessário, para que eu aprenda e possa
realizá-la independentemente e assim levá-la para a minha mesa de trabalho.
Ei! eu ia me esquecendo! Entre um horário de trabalho e outro eu tenho um
momento “relax”, também chamado de momento de lazer. É um descanso
rápido entre uma atividade e outra que me permita uma pausa, em um
“cantinho” preparado da sala de aula, onde posso usar um brinquedo, cantar ou
até ficar quietinho me preparando para continuar as atividades. Todo dia na
AMA, nós cantamos. Tenho alguns coleguinhas que não falam, mas os
profissionais cantam para eles. É um momento de descontração e também de
aprendizado. Enquanto cantamos aprendemos gestos, aprendemos a escolher
uma música, a respeitar a escolha e a vez do colega... tudo isso cantando!!!
Na AMA temos outras atividades fora da sala de aula. Nossas aulas de
atividade física acontecem três vezes por semana e são muito importantes.
Muitos de nós temos dificuldades e aqui foi desenvolvido um projeto especial
que procura desenvolver as nossas maiores dificuldades.[...] Temos também
uma vez por semana o “Projeto Brincar”, que é um programa que tem o
objetivo de nos fazer entender, dentro de nossas limitações, o que é brincar e
fazer um uso funcional disto. Muitos de nós não conseguem usar um brinquedo
31
dentro de sua função e isto não é bom. O “projeto Brincar” trabalha com
diferentes brinquedos e jogos respeitando sempre as habilidades e dificuldades
individuais. Ah mais uma coisa O Horário do Lanche !!! Ah eu adoro! Nesta
hora todas as crianças da AMA se reúnem no refeitório e tomamos nosso
lanche que é sugerido por um cardápio feito por uma nutricionista. Quando
acabamos de comer saímos para o parque e temos um tempo para relaxar.
Tem um brinquedão no parque, com escorregador e tudo. Temos também um
espaço grande onde podemos andar, correr, nos exercitarmos, enfim brincar
junto com nossos colegas e com profissionais que nos atendem.
Nossa! Acredito que você já tem uma idéia de como é um dia de aula
na AMA. [...] Venha nos conhecer e ver de pertinho o que acontece por aqui.
Não é pouco e é muito importante. Eu como portador de autismo, sou chamado
de criança especial de um lugar especial e de outras pessoas “especiais”.
Bem, o meu lugar especial acho que você já sabe qual é né? É a AMA.
32
ANEXO 5
AUTISMO INFANTIL
Prof. Dr. Francisco B. Assumpção Jr.
Quais são os sinais e sintomas do autismo?
A criança autista prefere o isolamento. O autismo é caracterizado por
diversos distúrbios, tais como:
• de percepção, como, por exemplo, dificuldades para entender o que
ouve;
• de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da
linguagem e social;
• de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar,
da ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico;
• de fala e de linguagem que variam do mutismo total: á inversão
pronominal (utilização do você para referir-se a si próprio), repetição
involuntária de palavras ou frases que ouviu (ecolalia);
• movimento caracterizado por maneirismos e movimentos
estereotipados.
Existe tratamento para o autismo?
Hoje, o tratamento do autismo não se prende a uma única terapêutica.
O uso de medicamentos, que antes desempenhava um papel de fundamental
33
importância no tratamento (devido à crença da relação do autismo com
quadros psicóticos do adulto), passa a ter a função de apenas aliviar os
sintomas do autista para que outras abordagens, como a reabilitação e a
educação especial possam ser adotadas e tenham resultados eficazes.
Como é a educação especial para o autista?
Dentre os modelos educacionais para o autista, o mais importante,
neste momento, é o método TEACCH, desenvolvido pela Universidade da
Carolina do Norte, e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e
a faixa etária do paciente; Neste método é importante trabalhar:
- a funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função
prática);
- a independência (desenvolvimento de capacidades que permitam
maior autonomia possível);
- a integração de prioridades entre família e programa, ou seja,
objetivos a serem alcançados devem ser únicos e as estratégias adotadas
devem ser uniformes.
Dentro deste modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual,
onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado
parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos
representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.
34
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37
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Conceito, Sinais e Sintomas 10
1.1- O Diagnóstico Especializado 12
1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista 14
CAPÍTULO II – Contribuições da Aprendizagem Para o Autista 18
CAPÍTULO III – A Importância da Inserção Social Para o Autista 21
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 28
BIBLIOGRAFIA 34
WEBGRAFIA 36
ÍNDICE 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO 38
38
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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