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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AUTISMO: UMA ABORDAGEM SOBRE A INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR. Por: Renata de Souza Valente Orientador Prof.ª Fernanda Canavez Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO: UMA ABORDAGEM SOBRE A INCLUSÃO NO

AMBIENTE ESCOLAR.

Por: Renata de Souza Valente

Orientador

Prof.ª Fernanda Canavez

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO: UMA ABORDAGEM SOBRE A INCLUSÃO NO

AMBIENTE ESCOLAR.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em psicopedagogia.

Por: Renata de Souza Valente

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças, a

minha família e amigos pelo apoio e ao

meu marido pelo incentivo diário,

compreensão e paciência.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a todos que me

apoiaram e a todas as pessoas que

buscam e acreditam num mundo mais

humano.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa é desenvolver uma reflexão do estudo sobre o

autismo sendo necessário rastrear um caminho que leva a sua trajetória

histórica, um resgate que auxilia entender porque há ainda pouco

conhecimento sobre as problemáticas que envolvem – se neste transtorno, a

importância da família e da escola neste processo e o desafio de inclusão no

ambiente escolar.

Procuro mostrar, ao longo da dissertação, que as mudanças necessárias

devem visar à adaptação deste aluno de forma que possa ter uma maior

independência, destacando a importância de se ter mais conhecimento sobre

as características do autismo, novos métodos e recursos para facilitar esta

inclusão, estimulando assim sua autonomia e despertando no aluno a vontade

de participar e se inteirar nesta aprendizagem, tornando-a significativa.

Considero que o maior desafio atualmente para que aconteça de fato

essa inclusão, seja a conscientização da sociedade, o empenho das

instituições educacionais, profissionais da educação e o apoio da família, para

que assim seja possível buscar possibilidades e tornar possível esta inserção

neste meio social/escolar.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica a

partir de fontes como artigos, livros e sites, baseando-se especialmente no

pensamento do mestre em educação Eugênio Cunha (autor de “Autismo e

inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família”) e a

mestra e doutora em educação Ester Orrú (autora de “Autismo, Comunicação e

Linguagem: Interação social no cotidiano escolar”), tomando como

fundamentação teórica a abordagem da psicologia, pedagogia e

psicopedagogia, para uma abordagem do tema Autismo.

A metodologia de estudo visa facilitar o entendimento para os

profissionais da educação que buscam a inclusão em suas salas de aula.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I – O autismo. 10

I.1. Conhecendo o Autismo 11

I.2. Características do Autista 13

I.3. Comportamentos associados ao Autismo 15

I.4. Incidências e Causas 18

I.5. Diagnóstico 19

CAPÍTULO II – A relação com a família e a escola. 21

II.1. A Família 21

II.2. A Escola 24

CAPÍTULO III – A inclusão no ambiente escolar. 26

III.1. Inclusão 26

III.2. Dificuldades 27

III.3. As possibilidades 29

III.4. Educação Inclusiva 31

CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39 ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

O objetivo desta monografia é desenvolver uma reflexão sobre a

inclusão da criança autista no cotidiano escolar, enfatizando o desenvolvimento

e à eficiência no aprendizado do aluno.

A intenção primeira é a familiarização com os variados aspectos

da problemática levantada e a busca de uma compreensão mais ampla das

questões abordadas, promovendo o entendimento do aluno autista, a

observação e a interpretação das manifestações emocionais e

comportamentais da criança, possibilitando a inclusão e o desenvolvimento

escolar, além de preparar para um posterior aprofundamento do estudo sobre a

inclusão do autismo no universo escolar e sua relação com os novos subsídios

do processo de aprendizagem.

Acredito que esse estudo se justifica pela necessidade do

psicopedagogo em formular contribuições para a inserção do aluno autista no

ensino regular. Um outro aspecto que também chama atenção é que não deve

haver distinção dentro deste contexto escolar, obedecendo aos princípios

fundamentais da educação formal.

Da mesma forma, é importante ressaltar a análise crítica do

ambiente em que o aluno está inserido, do meu ponto de vista, o

desenvolvimento desta alteração comportamental, está totalmente ligada à

relação que a criança autista tem com o seu meio, possibilitando ou não,

estímulos para que ocorra um desenvolvimento significativo em seu

desenvolvimento.

Para tanto, será abordado ao longo desta pesquisa, diversos

aspectos da problemática em questão, sendo dividida em três capítulos.

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No primeiro capítulo, intitulado: O autismo apresenta o

conhecimento científico contemporâneo de forma a instruir e esclarecer, todo

um aspecto desconhecido, portanto, aproximativo.

Já o segundo capítulo, diretamente relacionado com a família e a

escola, vai tratar do problema e da forma de agir com objetividade no processo

de estimulação do autista, que para se realizar é necessário conhecer os

obstáculos, as manifestações emocionais, a cognição e as percepções que

entravam seu desenvolvimento.

No último capítulo, apresento então um olhar atento sobre a

inclusão do aluno autista no ambiente escolar, mostrando a importância e a

verdadeira preocupação com esta ambientação, servindo de estímulo e sendo

uma verdadeira forma de tonar este indivíduo capaz de superar suas

dificuldades e realizar seus ideais.

Por fim, interessou-me sobremaneira a proposta de um verdadeiro

trabalho de incentivo e inclusão, capaz de dar conta da insuficiência

metodológica, produzindo diferentes formas para subsidiar muitas escolas e

instituições, inclusive nos chamando atenção para a conscientização e o

conhecimento teórico sobre o autismo, possibilitando novas estratégias e

contribuindo para uma melhor inserção deste aluno ao ambiente escolar e

consequentemente na sociedade.

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CAPÍTULO I

O AUTISMO

“Ser autista não significa não ser

humano. Significa ser estranho. Significa

que o que é ser normal para outras

pessoas não é normal para mim, o que é

normal para mim não é normal para os

outros.”

(JIM SINCLAIR)

Inicio esta pesquisa relatando este trecho de Jim Sinclair que é

um autista asperger e discursa em muitas conferências sobre o autismo. Nesta

citação temos um pensamento crítico de um autista que não se sente

essencialmente diferente das outras pessoas, e ainda, destaca que nele não

existe aspiração em ser diferente do que é.

É possível que isso seja o grande desafio desse trabalho ou das

pessoas que se relacionam com os autistas, como não tratar diferente? Por

que os autistas tem que se adequar a um padrão imposto pela sociedade? Tem

alguém errado, ou apenas somos diferentes?

Talvez, o desafio seja partir de outro referencial, na qual todos

têm de alguma forma, diferenças que nos tornam distintos e únicos dos demais

indivíduos desse planeta.

Então, para que seja plausível incitar e expandir metodologias

para o desenvolvimento do aluno autista é forçoso distinguir as características

e suas origens, para compreender mais perfeitamente as suas necessidades.

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I.1. Conhecendo o autismo

O médico austríaco Leo Kanner, descreveu pela primeira vez

sobre o autismo, em 1943, em seu histórico artigo “Distúrbios Autísticos do

Contato Afetivo”. Nesse artigo, Kanner descreve vários casos relatando

desvios, que ele chamado de autísticos.

Outro médico precursor foi o Hans Asperger, formado na

Universidade de Viena, a mesma em que estudou Leo Kanner, escreve um

artigo com o título: “Psicopatologia Autística da Infância”, na qual há enumeras

semelhanças aos sintomas das crianças descritas por Kanner. Uma menção

interessante a ser feita é demora da difusão dos artigos de Kanner e Asperger,

atribuindo esse retardo a Segunda Guerra e ao texto ter sido escrito

originalmente em alemão. Anos depois, em 1970, a médica inglesa Lorna Wing

traduziu o artigo de Asperger. Daí, que o autismo de auto desempenho foi

batizado de “Síndrome de Asperger”.

A palavra "autismo" foi criada por Eugene Bleuler, em 1911, e foi

utilizada para descrever um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo

uma "fuga da realidade". No que se referia ao relacionamento social, devido a

essa característica ímpar e instigante o termo AUTISMO, que em sua

etimologia procede do grego AUTOS, que significa “ele mesmo”, “de si

mesmo”, enquanto ISMO tem por significado “voltado”, essa definição/nome

“voltado para si” foi difundida pela sociedade.

A Síndrome de Asperger é uma ramificação do autismo, muitas

vezes contíguas a outras apresentações da doença, nesse caso, podemos citar

a associação ao Autismo de Alto Funcionamento (com inteligência

conservada). Inclusive, existem estudiosos que teorizam que os dois casos são

a mesma coisa.

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Nessa Síndrome, há coisas que são aprendidas em idade

apropriada, outras precocemente e outras que serão apreendidas tardiamente

ou quando treinadas.

Entretanto, costuma-se considerar menos grave alguém ser

portador de Asperger do que ser Autista. É claro, que apresentar inteligência e

altíssimo rendimento em determinadas áreas sugere menos gravidade para a

formação intelectual, pois a criança poderá desenvolver essa capacidade sem

grandes problemas. Contudo, a principal falha no cérebro do autista sejam os

desvios: sociais, de comunicação e de imaginação, e não, os de inteligência.

Tal diferenciação agrada principalmente aos pais, chegando até considerar

como uma “superdotação1” ou “genialidade2”. Embora isso seja aparente.

Concomitantemente a isso, ressalto que organizações ligadas ao

autismo defendem a ideia que a divisão da doença em duas áreas diferentes

diminui a força dessas instituições e atenua as reivindicações frente à

sociedade.

Em 1994 a Síndrome de Asperger foi incluída no DSM-IV, mesmo

tendo sido escrita por Hans Asperger 50 anos antes. Atualmente, essa

síndrome tem sua classificação baseada em critérios utilizados pela classe

médica. Os critérios mais aceitos são os da Organização Mundial da Saúde3

(World Health Organization), registrados no CID-10 (International Classification

of Disease, décima versão) e no DSM IV (Diagnostical Statistical Manual -

Versão 4) desenvolvido pela Associação Americana da Psiquiatria (APA, 1994):

“É uma alteração cerebral que afeta a capacidade da

pessoa se comunicar, estabelecer relacionamentos e

responder apropriadamente ao ambiente. Algumas

crianças apesar de autistas apresentam inteligência e fala

1 Superdotação – pessoa que possui capacidade mental acima da média. 2 Genealidade – algo interessante, que é dotado de talento ou inteligente. 3 Organização Mundial da Saúde – é uma agência especializada em saúde, subordinada a Organizações das Nações Unidas, seu objetivo é desenvolver ao máximo possível o nível de saúde de todos os povos.

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intactas, outras apresentam também retardo mental,

mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da

linguagem. Alguns parecem fechados e distantes outros

presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de

comportamento”.

O estudo do autismo vem sendo pesquisado ao longo desses 60

últimos anos, porém suas patologias ainda permanecem com divergências

sintomáticas e grandes questões ainda indecifráveis.

Pelos históricos médicos descritos pelos autores, citados a cima,

podemos perceber que o estudo sobre autismo é novo, ou melhor, as

pesquisas científicas voltadas para esse transtorno são recentes, já que no

passado eram considerados outras patologias com graus muitas vezes maiores

de comprometimento tanto no físico, quanto no mental.

I.2. Características do Autista

Mesmo com expansão do estudo autista, ele ainda não tem um

padrão sólido de características, em diversos casos, surpreende pela variedade

de particularidades em que se apresentam. Também é comum ocorrências de

crianças autistas terem uma aparência normal, porém podendo apresentar

problemas no seu desenvolvimento, ao mesmo tempo tendo um perfil

paradoxal de desenvolvimento, com capacidades extraordinárias em certas

áreas, enquanto em outras são bem insatisfatórias, ou até inexistentes.

O conjunto dos sintomas que formam o arcabouço autista é

definido normalmente por desvios desde os primeiros anos de vida.

Essas irregularidades são conhecidas, pelos estudiosos, como a

tríade de dificuldades, em outras palavras, são os três atributos que sustentam

a caracterização do modelo autista. Elas juntas representam um padrão

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comportamental e são responsáveis por uma conduta restrita e repetitiva, tais

condições variam entre níveis altos de inteligência até retardo mental.

Entretanto, ressalto que o autismo se distingue do retardo mental, já que no

autismo o desenvolvimento é irregular com níveis altos e baixos, como

abordado anteriormente, já no retardo todas as áreas são igualmente

defasadas.

Antes de aprofundar a pesquisa, é importante fazermos uma

breve diferenciação dessas patologias para termos um melhor entendimento

sobre suas causas e efeitos:

Doença – alteração da saúde que comporta um conjunto de

caracteres definidos como causa, sinais, sintomas e evolução; mal, moléstia,

enfermidade.

Síndrome – concentração sintomática que caracteriza uma

doença.

Transtorno – é uma perturbação mental. Uma contrariedade

intelectual.

O autismo, atualmente, é definido como um transtorno, com uma

subclassificação de invasiva do desenvolvimento, portanto a patologia é

chamada de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID).

Para Lorna Wing (1974) o autismo é uma síndrome que expõe

três comprometimentos importantes do desenvolvimento humano:

comunicação, sociabilização e a imaginação.

“Desde o início há uma estrema solidão autista, algo que,

na medida do possível, desconsidera ignora ou impede a

entrada de tudo o que chega à criança de fora. O contato

físico e direto e os movimentos ou ruídos que ameaçam

romper a solidão são tratados como se não tivessem ali,

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ou, não bastasse isso, são sentidos dolorosamente como

uma interferência penosa”.

(KANNER, 1943)

I.3. Comportamentos associados ao Autismo

I.3.1. Comunicação

Esses desvios são chamados de comunicação exatamente

porque estão relacionados com a dificuldade de utilizar todos os aspectos da

comunicação verbal e não verbal, ou seja, gestos, linguagem corporal,

expressões faciais, ritmo e modulação na linguagem verbal.

A problemática da comunicação pode ter diversos graus, incluindo

a ausência dos gestos ou uso bem ruim e expressão facial ou incompreensível.

Ainda encontramos autistas sem qualquer linguagem verbal, ou que

apresentam linguagem verbal e corporal, mas esta não é comunicativa e sim

repetitiva.

Essa manifestação repetitiva da linguagem é conhecida como

ecolalia imediata, ela é apresentada por muitas crianças e não pode ser

interpretada como comunicação, pois as crianças somente reproduzem o que

ouviram, enquanto outras ecoam citações ouvidas em outros momentos (horas

ou dias antes), essa é dita ecolalia tardia. Nessa última forma, é comum que os

autistas de inteligência normal usem adequadamente frases passadas no

presente, embora, nestes casos, a gradação de fala pareça estranha.

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I.3.2. Sociabilização

Talvez, esse seja o ponto determinante no autismo. Neste desvio

a dificuldade de se relacionar com as pessoas, a inépcia de partilhar

sentimentos, desejos, emoções etc. Existe ainda a carência no discernimento

de pessoas distintas.

Neste desvio, é corriqueiro e fácil a criança promover

interpretações falsas. Ela pode, muitas vezes, aparentar afetividade, mas em

geral, não compartilha pensamentos, tem ausência de empatia, não demonstra

sentimentos e emoções por outra pessoa.

Outra característica de alguns autistas é o olhar de canto de olho,

outros já não demonstram resistência ao toque ou abraço, destoando da forma

mais comum do autismo. Todavia, essa não é a forma mais clássica da

doença, que normalmente está atrelada a rigidez e inflexibilidade, tendo rituais,

dificuldade com mudanças, comportamentos obsessivos e compreensões

literais da linguagem.

I.3.3. Imaginação

A dificuldade criativa do autista é manifestada de várias formas,

podendo ser percebida num modo de brincar, como por exemplo, na

dramatização, a criança não consegue imaginar/criar um personagem.

Elas também apresentam problemas graves na compreensão e

utilização de mímica, dos gestos e da fala, os quais combinados com os

desvios qualitativos sociais refletem um jeito fechado, como se vivessem no

seu próprio mundo, aparentando estar felizes quando deixados sozinhos.

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O autista pode ainda passar várias horas explorando um objeto,

além de serem fascinadas por coisas insólitas, como grampo de cabelo ou um

cadarço.

Esses três desvios no desenvolvimento formam o estereótipo

autista, podendo ser observados desde os primeiros anos de vida. Por outro

lado, há autistas que habilidades de linguagem e intelecto somem na

adolescência, embora, possa sugerir progressão o autismo não é aceito como

algo permanente que vai de um grau baixo (leve) ao alto (severo), além disso,

existe uma grande associação entre autismo e retardo mental, mesmo que

possa estar conexa a algum grau do autismo. E têm autistas que, quando

adultos são capazes de trabalhar e são independentes.

Vejamos como alguns autores relataram as características da

criança autista.

Segundo Mirenda, Donnellan & Yoder (1983):

“Os distúrbios na interação social dos autistas podem ser

observados desde o início da vida. Com autistas típicos, o

contato ‘olho a olho’ já se apresenta anormal antes do

final do primeiro ano de vida. Um grande número de

crianças não demonstra postura antecipatória de serem

pegos pelos pais, podendo resistir ao toque e ao abraço.

Dificuldade em moldar ao corpo dos pais, quando no colo,

são observados precocemente. Falta de iniciativa, de

curiosidade ou de comportamentos exploratórios também

são verificados nos bebês diagnosticados como autistas.”

Para Goodman & Scott (1997):

“Um terço dos autistas com retardo mental sofrem crises

convulsivas, que começam a se manifestar dos 11 aos 14

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anos. A hiperatividade é frequente, mas pode

desaparecer na adolescência e ser substituída pela

inércia. A irritabilidade também é comum e costuma ser

desencadeada pela dificuldade de expressão ou pela

interferência nos rituais e rotinas próprias do indivíduo. O

autista também pode desenvolver medos intensos que

desencadeiem fobias.”

I.3.4. Incidências e Causas

De acordo com Gilberg (1990) o autismo é uma disfunção

orgânica e não está associado a problema dos pais é uma síndrome e suas

causas neuropsicológicas ainda não são totalmente conhecidas. A incidência

corresponde a aproximadamente a 1:1000, numa proporção de 2 a 3 homens

para cada 1 mulher, isto é, a cada mil crianças nascidas uma seria autista, com

maior prevalência no sexo masculino. (AMA, 2004)

A medicina assinala como causas do autismo um conjunto

demarcado de possibilidades. São elas:

• Fenilcetonúria não tratada;

• Viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros

meses;

• Toxoplasmose;

• Rubéola;

• Anoxia e traumatismos no parto;

• Patrimônio genético.

Não há evidências de que aparecimento do transtorno esteja

associado aos problemas psicossociais ou casos traumáticos na infância.

Existem duas teorias psicológicas acerca do surgimento, a primeira teoria

indica que o problema original do autista é não perceber que existe diferença

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entre a sua condição intelectual e a das outras pessoas, a segunda trata do

papel gerencial da pessoa, que determinaria problemas de organização.

Pesquisas e diversos estudos, inclusive com gêmeos, indicam

que a hereditariedade está profundamente atrelada ao transtorno e que a

genealogia esteja em uma combinação de genes. Mesmo sem ser

determinante, a maior parte dos autistas sem uma disfunção correspondente

têm suas causas vinculadas a fatores genéticos e acredita-se que sejam as

mais prováveis.

Tem casos de autismo associados a retardo mental profundo e

severo, as origens devem encontrar-se mais atreladas a prejuízos cerebrais do

que a fatores genéticos.

I.3.5. Diagnóstico

As pessoas que cuidam são as primeiros a observar algo

diferente nas crianças com autismo. Desde os primeiros meses de vida o bebê

se demonstra insensível à estimulação seja pelos familiares ou objetos. Já

outras crianças autistas parecem ter um desenvolvimento normal quando bebe,

mas depois isola-se sem qualquer motivo aparente. Entretanto, acontecem

casos nos quais os familiares não percebem nada de errado no

desenvolvimento da criança. Em outros momentos a família se coloca como se

não houvesse nada errado, expondo que cada criança tem seu próprio tempo

de se desenvolver, camuflando a doença/criança atrasando o início de uma

educação especial.

Ainda não têm exames de laboratório que, mostrem diagnóstico

definitivo de autismo, sendo assim, o diagnóstico é realizado clinicamente, seja

por entrevista com os pais e até com o paciente, pelo histórico do paciente

tentando eliminar ou descaracterizar outras doenças, como retardos e outros

problemas neurológicos. Dessa forma, a investigação da criança é e pode ser

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conduzido por um profissional especializado, no caso em autismo, ainda que não se

confirme o autismo. Assim vários testes/exames podem ser concretizados com o

objetivo de descartar outras doenças.

Em meio a tantos métodos de diagnóstico, não posso deixar de

falar de três: habilidades de comunicação não desenvolvidas, comportamentos,

interesses, atividades repetitivas e poucas ou limitadas manifestações sociais.

Tais sintomas aparecem desde os primeiros anos de vida.

A causa do autismo também pode ter sua origem relacionada a

alterações biológicas, sejam elas: hereditárias, ocorridas na gestação e/ou no

nascimento (parto). É possível, que desses problemas provenham os erros no

funcionamento cerebral.

A capacidade desses indivíduos sofre influência do meio, isto é,

da forma como vivem com seus pais, amigos e sociedade. A criança pode

maximizar/minimizar seus desvios dependendo de como esse universo

interagem com ela. A relação do autista com esse mundo apresenta também,

além dos já ditos nessa monografia, a ausência da reação de surpresa;

habilidades especiais (hiperlexia ou ouvido absoluto, por exemplo); crises de

choro e angústia sem razões explicáveis; risos/gargalhadas fora do assunto e

um retardo no desenvolvimento motor.

Esses eventos servem como aviso para a obrigação de um olhar

individualizado pelos médicos, pais e educadores, já que estes são os agentes

de promoção do desenvolvimento do autista.

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CAPÍTULO II

A RELAÇÃO COM A FAMÍLIA E A ESCOLA

“É no processo de procurar uma maneira

diferente de nos relacionarmos com

nossas crianças, nossa família ou com

pessoas com autismo que aprendemos a

suportar o que existe sob a superfície e

encontramos nesse diagnóstico tão

difícil, mas que de fato faz parte da

nossa vida, algo que nos empurra para

uma nova vida”.

(DEBORAH BARRET, mãe de Anthony, 11 anos, autista).

Acabamos de explorar o aspecto patológico do transtorno, vimos

as diferentes formas da manifestação da doença, bem como as características

peculiares e ramificações dentro do espectro autista.

O autismo é uma síndrome comportamental com etiologias

múltiplas e curso de um distúrbio de desenvolvimento, esta apresenta uma

deficiência social, observado claramente pela incapacidade do relacionamento

com o próximo, nesse capítulo reservado a pais e a escola, falaremos sobre as

relações destes com a doença.

II.1. A Família

Desde o início do estudo autista se verificou a necessidade da

participação e da relação familiar com o filho autista, pois, caso contrário à

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criança seria cada vez mais incapaz e distante de tudo e se fecharia em seu

mundo próprio.

A família é a instituição social mais importante diante do autista, já

que o transtorno traz sequelas para o portador, intervindo em sua posição

social, no seu modo de vida, seus relacionamentos internos e vínculos com o

mundo externo.

A família está intrínseca ao processo de tratamento do transtorno

e contribuiu para incluir, ideias de contexto e de interação que têm feito

avançar a compreensão dos fatores interacionais na constituição e

desenvolvimento de sistemas mais alargados de etiologia da doença. Essa

inclusão da família no tratamento compromete com seriedade o grupo familiar

quando este passa a viver com o problema e afeta espontaneamente esses

indivíduos quando um elemento de seu convívio apresenta o Autismo.

É importante que a família tenha atenção a alguns

comportamentos que perturbam a criança autista, como: as mudanças de

rotina, como de casa, dos móveis, ou de percurso. A despeito dessa

obstinação, os autistas cultivam costumes e rotinas próprias. Ordinariamente,

eles insistem em certos movimentos, como sacudir as mãos. Outros elegem

brincadeiras de alinhamento de objetos, podendo ainda, apresentar inquietação

encarecida com: com horários, temas específicos, determinadas atividades ou

compromissos. Uma última característica são as oscilações que acontecem em

horários fixos, acredita-se que elas estejam conectadas a alguma outra

determinada atividade/compromisso.

As crianças autistas também podem apresentar fixação em

assuntos específicos, como calendários ou sistema solar, o que a família quase

sempre confunde com elevado QI ou algum tipo de inteligência superior. Assim

como descreveu Shapiro (1976), “As limitações vivenciadas frente à doença

levam a família a experimentar alguns tipos de limitação permanente, os quais

são percebidos na capacidade adaptativa ao longo do desenvolvimento da vida

familiar.”

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No decorrer das pesquisas sobre o autismo, acreditava-se que as

interações negativas da família que geravam maiores consequências para o

autista. Dizia-se ainda, que à rejeição dos pais era a principal causa da

deficiência.

Devido a não confirmação dessa teoria, os estudiosos nunca

assumiram e muito menos conduziram as pesquisas para uma origem

psicogênica4 para o autismo. E ainda, afirmaram que as ansiedades não são

mecanismos de defesa, e sim, por algum equipamento psíquico inadequado.

Esse processo de evolução das atuais pesquisas retira o encargo

dos pais com o desenvolvimento do autismo. Hoje, a família é reconhecida

como agentes fundamentais para o desenvolvimento do autista. Em outras

palavras, essa perspectiva traz uma visão de família com uma função

significativa no norteamento das dinâmicas das crianças.

Summers et al. (1989), descreve essa nova visão assim:

“Estudos empíricos e breves, nos quais as famílias

relataram evidências de contribuição positiva, tais como:

aumento da felicidade, maior amor, laços familiares

fortificados, fé religiosa fortificada, rede social expandida,

maior conhecimento sobre deficiências, aprendizado em

tolerância e sensibilidade, aprendizado em paciência,

maior desenvolvimento de carreira, crescimento pessoal,

domínio pessoal e o fato de viver a vida mais

calmamente.”

Contudo, é importante fazer um pequeno adendo sobre as

frustrações e efeitos psicológicos da doença dos filhos nos pais/família, bem

como evidenciar o contexto social e cultural que os mesmos estão inseridos. O

4 Psicogênica – constitui a pesquisa relacionada às heranças hereditárias.

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nascimento de uma criança significa a concretização de diversas expectativas,

esperanças e prosperidade depositada naquele novo ser. No entanto, com a

eminente incapacidade da criança, os pais terão que coexistir e aprender a

conviver com suas condições de vida, além de aprender a lidar com suas

próprias angústias e frustrações.

“Para ter um filho problema é uma experiência de

estresse psicológico para a mãe, sendo que ela

claramente obtém menor prazer em se relacionar com a

criança quando apresenta atraso de desenvolvimento com

relação a seus filhos normais. Apresenta relações

ansiógenas e depressivas, moduladas com sentimentos

de hostilidade, tanto com relação à criança quanto com

relação aos demais elementos do grupo familiar.”

(CUMMINGS, 1976)

II.2. A escola

A escola é a instituição responsável por proporcionar educação

formal, cognitiva, afetiva e ainda inserir o aluno como bom cidadão na

sociedade.

Independentemente, do tipo, tamanho e método, as instituições

de ensino devem buscar primordialmente a integração dos pais, ou seja, é

necessário a compreensão e o co-relacionamento entre pais e escola, pois não

é possível desenvolver um trabalho de qualidade ou com resultados

significativos se não houver estímulos e continuidade de ambos independente

do momento que as crianças estejam, isto é, casa ou escola.

Para o caso do aluno autista, as duas instituições (familiar e

educacional) têm que estar voltadas para um processo longo e peculiar de

aprendizado, já que o transtorno até o momento é incógnito, de complexo

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25

tratamento e sem comprovação científica de causa para buscar o seu

tratamento efetivo.

Os profissionais de uma instituição escolar que buscam a inclusão

devem pesquisar diferentes práticas pedagógicas que auxiliem no

desenvolvimento do educando autista.

Quando falamos em educação muitas pessoas associam à

obrigação de educar somente para escola. De fato, a educação também é

obrigação da escola, mas de uma forma impessoal. A escola tem que educar

os alunos para que eles aprendam um pouco sobre cultura, a ler, escrever,

mas não educar a criança para que ele aprenda a viver em sociedade somente

no ambiente escolar, esse tipo de educação cabe também aos pais.

Muitos pais costumam trocar seus filhos de escola justamente por não

compreender o papel que esta desempenha na vida de um aluno. O objetivo da

escola é preparar o aluno para o trabalho, para a vida, educando para ser um

cidadão consciente e crítico. O que tem que estar claro é que não podemos

atribuir a escola à educação do berço, essa cabe a cada um que coloca seu

filho no mundo. O papel da escola na educação, contudo auxiliar, e não tomar

para si toda a responsabilidade do desenvolvimento saudável de um aluno,

coisas assim que também é uma questão de educação. A cada um é atribuída

uma responsabilidade. Se cada um, pais e escolas desempenharem seu papel

de maneira correta com certeza será bem mais fácil designar e propiciar um

futuro melhor.

O educador e o da escola inclusiva é essencialmente o de usar o

seu ponto de vista para ensinar sendo imparcial nas suas colocações, tentando

eliminar os prejuízos cognitivos, sempre que possível, tentando gerar

entendimentos, além, é claro, de esquematizar planejamentos de ensino

eficientes para ajudar a desenvolver a criança com autismo.

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26

CAPÍTULO III

A INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR

“A inclusão postula uma reestruturação

do sistema de ensino com o objetivo de

fazer com que a escola se torne aberta

às diferenças e competente para

trabalhar com todos os educandos,

sem distinção de raça, classe (8)”

(GUIMARÃES, 2003, p. 46).

III.1. A inclusão

A inclusão no ambiente escolar, assim como na relação entre a

família e a escola exige muito da estrutura emocional, pois na relação com o

autismo, é necessário ter muita paciência, estimulação e principalmente

aprender a lidar com uma doença tecnicamente desconhecida e com

manifestações atípicas.

A discussão sobre a inclusão é sempre um tema polêmico e

complicado, seja qual for à inserção que se pretenda fazer. A dificuldade para

abordagem dessa questão é a clara dicotomia que se vislumbra ao pensar em

incluir alguém, devido à subjetividade dos julgamentos e métodos, em outras

palavras, como definir se é melhor colocar uma criança autista em um colégio

próprio para suas características ou em um colégio que ela terá um contato

com pessoas com outras realidades (dificuldades e habilidades).

Para debater sobre inclusão faz-se necessário ajuizar além do

campo dos deficientes, remetendo a questão para o que a instituição de ensino

designa como “diferente”. Dessa forma, atribuir ao termo incluir o significado de

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inserir, unir, implantar, juntar, em outras palavras, se a criança está incluída,

ela faz parte de um todo, caso contrário, está separado, excluída,

desvinculada.

Infelizmente, na metodologia científica tudo tende ao padrão, ao

meio, ao centro, ou seja, ao resultado esperado. E ser diferente é não ser

identificável a partir de uma definição previa, é realmente ter um resultado

diferente do esperado. A questão angustiante desse tópico, bem como desse

projeto, seja partir de algum referencial, na qual todos têm de alguma forma

diferenças que nos tornam distintos e únicos dos demais indivíduos. Mesmo

assim, ainda precisamos de um ponto de partida, e acreditamos que comparar

com o padrão tende a ser o mais adequado, independentemente do “bom” ou

do “ruim”.

Daí, a instituição de ensino assume que é imperativo introduzir a

criança com autismo ou qualquer outra deficiência, ou seja, significa dizer que

a escola entende a existência de certa classe de alunos com os quais a criança

se identifica e outras várias categorias que não reúnem empatias satisfatórias

para obterem uma identificação. Inclusão é interromper a convenção de um

determinado grupo e expandi-lo para abranger as mais diversas classes de

indivíduos que pertencem a esse ambiente escolar e da sociedade.

III.2. As Dificuldades

Embora, pareça simples a ideia de incluir a criança autista no

ambiente escolar, não é nem de perto uma tarefa fácil, não basta imaginar que

é só matricular o autista e dizer ao professor que seja versátil e busque novas

técnicas pedagógicas a fim de propiciar a integração. Essa tarefa de romper

com as ideologias institucionais dos colégios; a cultura dos pais e da sociedade

que tem seus conceitos previamente estabelecidos; e com os paradigmas

pedagógicos do professor, impõe a educação um formato flexível de ensinar.

Dessa forma, para que se consiga promover a inclusão, deve haver uma

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mudança conceitual e transformar práticas excludentes em técnicas que

favoreçam a integração. Contudo, este processo apresenta-se bem mais

complexo porque implica na desconstrução do vínculo existente entre a escola

e o aluno.

O Brasil é cenário desse tipo de discussões há pelo menos uma

década. Apesar disso, ainda estamos engatinhando para a viabilização efetiva

da inclusão do autista. Embora, muitas escolas já adotem a postura de

permitirem e facilitarem o acesso de crianças com essa deficiência. Todavia, há

também subsídios relevantes para que se possam compreender os motivos

que levam muitas instituições a não quererem promover a inclusão. Nos

próximos parágrafos, citarei alguns motivos que inviabilizam ou desestimulam

as escolas de adotarem um modelo inclusivo de educação.

A primeira limitação é a transformação da perspectiva que a

escola teria que atuar, sobretudo revendo suas bases de compreensão e

constituição de si mesma que a norteia para uma idealização de aluno.

O conceito de aluno ideal está simultaneamente ligado ao

conceito de homem moderno. Senna descreve esse conceito da seguinte

maneira:

“O homem moderno passou a necessitar da educação

formal para aprender os padrões de comportamento

acadêmicos e científicos que passam a ser vistos como

sociais. A escola surgiu para dar conta dessa demanda.

Ela apareceu para formar (colocar na fôrma) os homens

comuns e devolver à sociedade os homens civilizados.”

(SENNA, 2003)

Outro obstáculo é a interrogação (dúvida) de como uma escola

contemporânea poderá incluir um sujeito com características isógenas e como

este poderá atender as expectativas de uma instituição que está delineada

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para um aluno ideal? Podemos exceder esse entrave além da instituição de

ensino, indo também ao encontro dos pais e professores que também não

estão aptos a discernir um modelo de conjuntura educacional apropriado para o

autista. Nesse sentido, Fernandes (1986) afirma que: “O êxito no sistema

escolar depende de uma série de mudanças de condutas e de valores que são

impostos aos alunos que chegam”.

Os portadores de autismo trazem para a Escola uma proporção

maior de responsabilidades e de cuidado social dentro do ambiente escolar, já

que as manifestações de comportamento do autista ou de outros Transtornos

Invasivos do Desenvolvimento (TID) representam uma barreira significativa

para o estabelecimento de relações entre docentes e discentes. Nestas

relações, há implicações qualitativas em trocas interpessoais dentro e fora da

sala de aula. Omote (1996) indica que essas trocas são notadamente fora da

normalidade, pois: "as diferenças, especialmente as incomuns, inesperadas e

bizarras, sempre atraíram a atenção das pessoas, despertando, por vezes,

temor e desconfiança".

III.3. As possibilidades

Existem diversos autores em diferentes áreas que buscam

alternativas para a solução de suas dificuldades laborais. Na educação não há

de ser de outra forma, a investigação e a procura por respostas são as

possibilidades que se abrem diante de um horizonte de problemas, conflitos,

desordens etc. Felizmente, são esses dedicados pesquisadores que fazem a

nossa evolução cultural continuar. Essa continuidade encerra-se na

possibilidade da educação inclusiva das crianças com deficiência, mais

especificamente do aluno autista. A educação especial nesse contexto se

torna/surge como uma procuradora da “Diferença versus Escola”.

É provável que a educação inclusiva impetre um posto

significativo na escala social, devido às diversas pesquisas que surgem;

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demanda econômica sedenta pela inclusão/educação/serviço e claro, a

quantidade representativa de pessoas com algum tipo de doença/dificuldade,

logo, ao se pensar dessa forma, nunca existirá indivíduo isento de deficiência.

Tal fato aponta a direção que a escola/sociedade está tomando ou querendo

tomar, voltando-se para o “diferente”.

Embora, hoje, tenhamos a figura da educação especial, acredito

que este posto seja temporário, pois à medida que o conceito de aluno “ideal”

deixar de existir e haverá uma convergência natural para um conceito mais

amplo e universal de “diferença”. Em outras palavras, a Escola que conseguir

enxergar a diferença e interagir com ela estará dando um passo a efetivação

para introdução da educação inclusiva.

Tal possibilidade de instalar-se como parte legítima dessa Escola,

através da inclusão é um processo evidente de que a inclusão das crianças

com necessidades especiais na nova escola inclui novas modalidades de

pensamento, inclusão de novos procedimentos e diferentes formas de avaliar.

Como falei nos primeiros tópicos desse trabalho, a proposta de

inclusão seria “fazer parte de”, isto é, a educação deixaria de ser o como é e

passaria a ser a consequência da mistura da “educação dos diferentes”. Isso

significaria a homogeneização da escola atual com a escola inclusiva, de modo

que representaria o fim da educação especial.

“A educação Especial deveria ser a modalidade de ensino

que abrangesse todos os alunos supracitados, visando ao

desenvolvimento dos indivíduos que não se beneficiariam

significativamente de situações tradicionais de educação

em virtude das limitações ou das peculiaridades de

diferentes naturezas, pois não só a educação das

crianças especiais é um problema, mas também das

classes populares e rurais, das crianças de rua, dos

presos, dos indígenas, dos analfabetos etc. Nesses

grupos, existe alguma especificidade que os diferencia,

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mas há também um fatro que os torna semelhantes: trata-

se grupos que são tidos como minorias e que sofrem de

um processo semelhante de exclusão da educação.

(CAMPBELL, 2009)

III.4. Educação Inclusiva

Apesar do existirem bastantes casos de TID há desconhecimento

pela sociedade brasileira, até mesmo por docente que se mantêm incógnitos

perante as discussões sobre sua origem e características, como as básicas:

relações interpessoais de linguagem/comunicação, interação social e

comportamentos estereotipados prejudicados, como já falamos anteriormente.

Ultimamente, há alunos autistas cursando turmas especiais,

porém as ações necessárias para inclusão são precárias. E a inclusão, quando

é feita, obedece as seguintes condições de frequência:

• Os que cursam a classe regular todos os dias, durante o tempo total da

aula;

• Os que cursam a classe regular todos os dias, em horário parcial;

• Os que cursam a classe regular algumas vezes na semana, durante o

tempo total da aula;

• Os que cursam a classe regular algumas vezes na semana, em horário

parcial.

Para a Escola brasileira estar suscetível a promoção da educação

inclusiva seria necessário romper com conceitos passados, rever classes e

instituir outros padrões. Precisaria repensar grupos como: normalidade,

conduta social aceita, ensino e aprendizagem. Daí seriam reformuladas as

ideologias do que é ser professor, aluno e escola.

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É provável que a discussão conceitual nunca termine devido às

questões socioculturais e até instintivas de seleção natural5, mesmo assim

acredita-se que a discussão deva se pautar às dificuldades de se estabelecer

critérios, normas, avaliações, posicionamentos e até mesmo os conflitos

gerados dentro e fora da sala de aula.

As variações decorrentes da educação inclusiva estão associadas

aos amoldamentos curriculares e das bases pedagógicas. Nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (1997), da seguinte forma:

“Estratégias e critérios de atuação docente, admitindo

decisões que oportunizam adequar a ação educativa

escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos

alunos, considerando que o processo ensino-

aprendizagem pressupõe atender à diversificação de

necessidades dos alunos na escola.”

Para promover a inserção verdadeira do aluno autista, é

imperativo debater o que é necessário para à prática pedagógica e como

seriam as acomodações curriculares. Uma escola genuinamente inclusiva é

aquela preparada a suportar a variedade de alunos.

A Educação inclusiva que se busca, é aquela capaz de resolver

problemas de aprendizagem. Uma pedagogia na qual se estabeleça uma

inclusão harmoniosa com os estudantes e os diversos tipos de aprendizagem:

• Normalidade – apreender a lidar com as mais diversas aparições de

comportamento como:

ü O aluno que não fala diretamente com as pessoas, mas

demonstra fantástica memória auditiva quando repete uma frase

da televisão;

5 Seleção natural – é um processo da evolução proposto por Charles Darwin para explicar a adaptação e especialização dos seres vivos.

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ü A criança que consiga lidar com outra que fixa o olhar em

qualquer coisa, sem dar atenção aparente a quem está ao redor;

ü O estudante que tem conduta exibicionista que podem/precisam

ser trabalhadas no seu interior.

• Conduta Social Aceita - Outro paradigma que deve ser relativizado é o

comportamento socialmente aceito. A ideia de anormalidade está

sempre ligada à vivência de uma conduta padronizada (esperada).

Assumir que não existe comportamento ideal e aceitar a existência de

outras manifestações de comportamento ajudaria no processo de

entendimento das condutas, essas que passariam a ser interpretados

como diferentes ao invés de atípicos ou anormais.

• Ensino e Aprendizado - novos modelos de ensino e aprendizagem

teriam espaço e seriam aceitos, a partir da rescisão dos padrões

cartesianos dos processos atuais. As instituições educacionais

aceitariam crianças (alunos) que têm diferentes formas, ritmos de

processamento de informações, percepções diversas e diferentes modos

de expressão. Consequentemente, destituiria as formas atuais de

avaliação e focando na aprendizagem da criança. Concomitantemente a

isso, adotaria métodos de ensino que estariam diretamente vinculados a

forma do aluno aprender. Dessa forma, a perspectiva de avaliação teria

como escopo perceber as limitações da metodologia de ensino, logo o

professor teria que promover a reformulação das práticas/métodos

utilizados.

O desejo da inclusão dos alunos com autismo ou com qualquer

deficiência pode e deve aumentar nas próximas décadas, já que o conceito

contemporâneo do “é normal ser diferente” vem sendo difundida maciçamente

pelos meios de comunicação, organizações sociais e ONGs. Embora, que para

muitas pessoas a ideia de inclusão possa sugerir um mundo virtual.

É importante ressaltar e pontuar que a discussão sobre a

inclusão, seja pelo sistema de ensino regular ou especial, deve ir além da

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procura por melhores práticas de ensino, pautando-se na qualidade do ensino

que se propõem a oferecer atendendo as heterogeneidades dos alunos; as

necessidades de educação contínua dos professores; as necessidades

especiais; e não se esquecendo da educação formal. Não obstante a isso,

proporcionar o desenvolvimento cognitivo das crianças em seu processo de

obtenção de informações, para que isso seja possível as instituições de ensino

precisam mudar o processo inclusivo.

Cunha (2010) afirma que:

“Como referencia ao artigo 58, nota-se que, Np ideário da

lei, há intenção de completar uma educação inclusiva,

pois ela expressa que a Educação Especial deve ser

“oferecida preferencialmente na rede regular de ensino”,

manifestando o propósito de incluir o aluno com

necessidades educativas especiais, sempre que possível,

nas classes comuns do ensino regular. Para uma

instituição regular oferecer ensino de qualidade que

atenda alunos portadores de necessidades especiais é

necessária adequação a organização, bem como

atividades multidisciplinares e docentes atualizados,

senão os resultados não serão positivos. Os alunos

necessitam encontrar na estrutura do ambiente a acolhida

natural que estabelece uma disciplina espontânea, que

não subjuga o espírito do homem, mas prepara-o para o

aprendizado. Infelizmente sabemos que muitos indivíduos

com autismo têm uma família desestruturada devido o

estresse sofrido pelos pais diante do diagnostico,

precisam ser cativados pelo ambiente escolar onde o

mesmo deve proporcionar um ensino adequado para cada

criança levando em conta sua condição, historia de vida,

formando valores e afetividades dentro da sala de aula.

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Qualquer reflexão sobre o futuro da educação e da

formação de professores deverá atender para os

movimentos e as interações afetivas nos espaços de

aprendizagem, que reorganizam a relação com o saber

por meio dos interesses e dos desejos do aprendente.

Não somente isso, mas deve-se atentar também para a

condição decente de prazer e bem estar, pois o professor

deve amar o que faz.”

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CONCLUSÃO

Na construção da análise sobre uma nova perspectiva de inclusão

no ambiente escolar procurei refletir sobre a posição da escola, família e da

criança autista no mesmo.

A partir daí, abordei primeiramente o espectro autista, apontando

as suas manifestações díspares que dificultam a sua definição, origem, causa,

diagnóstico e tratamento. Mesmo assim, foi possível estabelecer características

frequentes de desvios, tais como: na área social, na de comunicação e da

imaginação. Ressalto que a pesquisa não foi voltada para área médica ou de

diagnóstico, limitando-se apenas a inserção da criança na escola.

A necessidade de encontrar fundamentação na literatura para dar

conta das mudanças socioculturais reivindicadas e promovidas pelos meios de

comunicação, organizações sociais e ONGs, movidas pelo desejo da inclusão,

conduziu-nos para uma primeira reflexão sobre a ligação entre a Família e a

Escola, tanto no que se referem à evolução dos critérios, normas, práticas e

avaliação, como a divisão das responsabilidades na educação desses dois

agentes formadores, que levam a uma uniformidade pedagógica, tentando

promover um desenvolvimento saudável ao aluno.

No percurso de minha pesquisa, pude perceber como à Educação

Inclusiva, defensora da essência do “é normal ser diferente”, contrapôs-se a

Educação Tradicional, que há muito vinha doutrinando a educação brasileira,

estabelecendo um estigma de “aluno padrão”, o que ocasionou uma

marginalização dos alunos com autismo ou qualquer outra deficiência.

Destacou-se ainda, para mim, que não há necessidade de

professores com uma formação diferenciada, mas sim com uma formação,

visão ampla do contexto de inclusão e de modo que possa usufruir de suas

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concepções e conhecimentos para se posicionar diante de uma classe

diversificada.

Assim, apoiado pela legislação, os alunos com necessidades

educativas especiais devem ser incluídos em classes comuns do ensino

regular, ficando claro que a Educação no Brasil está buscando inserir de vez os

portadores de deficiências nas escolas, tornando-as Escolas Inclusivas.

Todos esses acontecimentos, aliados à necessidade de

desenvolver uma reflexão que pudesse responder como as instituições de

ensino poderão oferecer a esse público uma educação de qualidade,

contribuindo para uma melhora no desenvolvimento dessas crianças, o

aperfeiçoamento profissional dos professores e buscando promover o

entendimento do aluno autista com a interpretação das manifestações

emocionais e comportamentais.

Aprofundando um pouco mais nosso estudo, me preocupei em

analisar as dificuldades e possibilidades para as escolas adotarem a educação

inclusiva, rompendo com valores anteriores, revendo conjuntos de alunos e

estabelecendo novos padrões de forma a conseguir repensar sobre os temas:

normalidade, conduta social aceita, ensino e aprendizagem. Dessa forma, a

representação do que significa ser professor, aluno e escola seriam

reformulados.

Tais análises, expostas nesse trabalho, estão longe de uma

avaliação precisa e sem distorções, pois nessa pesquisa se propôs apenas, à

abordar a inclusão do autista no ambiente escolar e a compreensão ampla do

espectro autista e das dificuldades e possibilidades dessa inclusão.

Enfim, nas minhas análises, verifiquei que a inclusão das pessoas

portadoras de TID em classes regulares é algo possível numa escola inclusiva,

conforme algumas mudanças de parâmetros. Também percebi que a Escola

Inclusiva é mais abrangente, versátil e possibilita diversas novas investigações,

que na Escola não Inclusiva não são possíveis, como critérios de avaliação e

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cumprimento de obrigações habituais/tradicionais, deixando de julgar

integralmente o desempenho da criança. No sistema inclusivo ficamos abertos

à troca de experiências e estabelecimento de outros paradigmas de ensino,

além de se buscar novos norteadores para o desenvolvimento escolar de todos

os alunos. Ressaltei que a Escola Regular atende a sua finalidade, entretanto,

somente se pontuarmos os limites intrínsecos ao seu molde atual, permite-se

que apenas os alunos “padrão” tenham êxito em seu modelo.

Quanto à questão motivadora deste trabalho, averiguou-se que a

inclusão do autista no ambiente escolar é possível e se ainda irá promover o

desenvolvimento da criança com TID. Não consegui chegar afirmações

conclusivas e definitivas sobre as garantias de que tal concepção afiance a

eficiência no aprendizado dos alunos.

Minha pretensão foi apenas fazer uma abordagem introdutória ao

tema da inclusão do autista no ambiente escolar, bem como a familiarização

com os variados aspectos da problemática levantada e a busca de uma

compreensão mais ampla das questões abordadas. Muitos pontos levantados

nessa monografia permanecerão como uma instigadora motivação para a

continuação deste estudo, demonstrando sua atualidade e importância no

mundo.

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39

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INDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O autismo 10

I.1. Conhecendo o Autismo 11

I.2. Características do Autista 13

I.3. Comportamentos associados ao Autismo 15

I.4. Incidências e Causas 18

I.5. Diagnóstico 19

CAPÍTULO II

A relação com a família e a escola. 21

II.1. A Família 21

II.2. A Escola 24

CAPÍTULO III

A inclusão no ambiente escolar. 26

III.1. Inclusão 26

III.2. Dificuldades 27

III.3. As possibilidades 29

III.4. Educação Inclusiva 31

CONCLUSÃO 36

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 41