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Profª Drª Lilian Ianke Leite

• Professora em todos os níveis e modalidades de ensino. Dentre outros, atuou noPrograma de Escolarização Hospitalar, na Secretaria de Educação do Paraná ena direção auxiliar de uma escola estadual.

• Atual: Professora da educação básica para adolescentes em conflito com a lei(socieducação) na modalidade EJA e Professora do Colégio da Polícia Militar doParaná;

Formação:• Licenciatura em História e Geografia• Especialista em História e Sociedade; Pedagogia para o Ensino Religioso;

Educação Patrimonial• Mestre e doutora em educação pela UFPR;

• Autora de 17 artigos, mais recentes:- Aproximações: a pesquisação e a socieducação. (2012)Proposta curricular para o ensino de história na modalidade de educação de jovens e adultos. (2013)- Maioridade penal: implicações pedagógicas e sociais em um centro de internação provisória de Curitiba (2015)

Título: As várias faces da EJA –adolescentes, jovens e adultos. · Estudos de casos (práticas exitosas)· Ações para trabalhar o conflito de gerações

EJA• Lei 9.394/96, a EJA é uma modalidade da educação básica nas

etapas dos ensinos Fundamental e Médio específica, dadas

suas funções reparadora, equalizadora e qualificadora.

• A EJA deve garantir acesso aos direitos civis, por meio de uma

escola de qualidade, no sentido de corrigir desigualdades

sociais.

• A EJA deve favorecer, ao aluno que teve seu processo de

escolarização interrompido, o restabelecimento de sua trajetória

escolar e a oportunidade de participar da sociedade de forma

menos injusta.

EU CONHEÇO O PERFIL DOS EDUCANDOS DA EJA?

• Sua história, sua cultura e seus

costumes?

• Entendendo-o como sujeitos

com diferentes experiências de

vida?

• Tenho conhecimento dos

motivos pelos

quais ele afastou-se da escola e

por que retornou agora?

Quais são os fatores que os levaram a abandonar a escola?

- Comportamento inadequado na escola ( expulsão, transferência compulsória);

- Brigas com colegas;

- Uso de drogas;

- Dificuldades de aprendizagem;

- Evasão ou a repetência escolar;

- Ingresso prematuro no mundo

do trabalho;

- Cuidar dos irmãos mais novos;

- Casamento e ou gravidez na adolescência;

- Não ter onde deixar os filhos;

- Mudança de local de residência com muita frequência;

Por que retomaram os estudos na EJA?Para:

• Corresponder às exigências do mundo do trabalho (voltar ao mercado de trabalho, mudar de profissão, ter o próprio negócio;

• melhorar a qualidade de vida;

• Educar os filhos;

• Aproveitar o tempo livre;

• Recuperar o tempo perdido;

• Cumprir determinação judicial;

• Participar de projetos sociais...

• Provar que é capaz (Ex. irmão

do aluno Eduardo, aluno

amputado, separação conjugal e etc).

QUE REPRESENTAÇÕES TEM DA ESCOLA?• Trazem modelos internalizados de vivências escolares (decepções,

conflitos, fracassos, humilhações, relações interpessoais, colegas, professores, bullying e etc.)

• Predomina a ideia de uma escola tradicional, onde o educador exerce o papel de detentor do conhecimento e o educando de receptor passivo desse saber.

• Supõe que seja apenas da escola a responsabilidade pela sua aprendizagem ou pelo seu fracasso.

• Estar na escola é uma necessidade, mas existem outros interesses e responsabilidades.

• Cabe ao professor: Problematizar estas ideias com os educandos, planejar e colocar em práticas encaminhamentos metodológicos para que se rompam essas representações e para que os educandos construam gradativamente a sua autonomia intelectual e se tornem sujeitos ativos no processo de aprendizagem.

QUAIS AS EXPECTATIVAS DOS EDUCANDOS DA EJA?

• Tendem a ser positivas por parte da maioria dos alunos.

• Espera encontrar no professor uma abertura para a construção de vínculo afetivo.

• Quando o professor tem a mesma expectativa, cria situações para que o vínculo se estabeleça (costuma nascer de modo natural e espontâneo).

• Alguns educandos se mostram pouco disponíveis, mas, mesmo nesses casos, o professor precisa gerir a relação para minimizar os bloqueios e potencializar as possibilidades de aprendizagem.

• A maior parte dos fracassos na criação de vínculo afetivo entre professores e alunos costuma ter como causa a pouca disponibilidade dos professores para construir a relação (status, preconceito, se sentir ofendido, pré-conceito, cansaço e etc.)

QUE PROFESSOR E QUE ESCOLA?

“Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante,

do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Raul Seixas

COMPARTILHANDO PRÁTICAS NA EJA

Experiências com a mediação de conflitos entre jovens e adultos

1. Meu nome é..................

2. Eu sou uma pessoa que....

3. Uma coisa que eu faço bem é....

4. Eu gosto de sonhar acordado com.....

5. Eu trabalho ........

6. Em dez anos...

7. Minhas principais lembranças positivas da escola...

8. Minhas principais lembranças negativas da escola...

9. Minha vida escolar foi interrompida porque...

10. Eu voltei a estudar porque....

11. Minhas expectativas na Eja são......

*Realizar a atividade em folha avulsa. O professor pode tabular os dados e depois problematizar

com os alunos.

PENSE, USE A CRIATIVIDADE E RESPONDA

Por que tantas diferenças entre jovens e adultos?

Vamos compreender melhor as nossas diferenças?

ATIVIDADE PÓS VÍDEO

• Organizar a sala em pequenos grupos, solicitar que discutam a partir das seguintes questões.

• Você se identificou com alguma geração? Qual?

• O que pode ser feito para que as gerações vivam de forma mais harmoniosa?

• Como podemos conviver em sala de aula de forma que todos tenham suas características geracionais respeitadas?

• Propostas.

CONSTRUINDO COMBINADOS PARA A SALA DE AULA

PODE NÃO PODE

*Organizar grupos de 3 educandos, solicitar que elejam um redator e um relator, pedindo

que justifiquem suas propostas. As propostas podem ser apresentadas e votadas por meio

de cartões. É preciso observar que algumas propostas se repetem, são inadequadas para

a sala de aula ou contrariam o regimento escolar.

Se a nota dissesse:'Não é uma nota que faz uma música'....não haveria sinfonia.

Se a palavra dissesse:'Não é uma palavra que pode fazer uma página'....não haveria livro.

Se a pedra dissesse:'Não é uma pedra que pode montar uma parede'....não haveria casa.

Se a gota dissesse:'Não é uma gota que pode fazer um rio'....não haveria oceano.

Se o grão de trigo dissesse: 'Não é um grão de trigo que pode semear um campo'....não haveria colheita.

Se o homem dissesse:

'Não é um gesto de amor que pode salvar a

humanidade', jamais haveria justiça e paz,

dignidade e felicidade na terra dos homens.

Como a sinfonia precisa de cada nota.

Como o livro precisa de cada palavra.

Como a casa precisa de cada pedra.

Como o oceano precisa de cada gota de água.

Como a colheita precisa de cada grão de trigo.

A humanidade inteira precisa de ti, pois onde

estiveres, és único e, por tanto, insubstituível.

Disponível em http://amigosdaotaepoesia.blogspot.com.br/2009/03/soma-dos-talentos.html. Consulta realizada em 13/11/2015

Compartilhando talentos

• Organizar com os alunos uma lista de talentos que cada um possui.

• Solicitar que preparem uma apresentação/oficina do seus talentos.

• Exemplo:

- Jovens: aplicativos do celular, dança, moda, esportes, uso da internet, entre outros.

- Adultos: profissões, trabalhos manuais (Natal), culinária, organização da casa, cuidado com os filhos e etc.

Como organizar a oficina de talentos?• Realizar inscrição dos alunos, definindo cronograma de

apresentação;

• Pode ser: uma vez por semana, a cada 15 dias, no final do mês.

• Solicitar aos alunos que tragam o material necessário (celular, papel, cola, tesoura e etc.);

• Registrar as apresentações, valorizando o talento de todos.

• Solicitar aos alunos que escrevam sobre as aprendizagens que obtiveram com a atividade e sobre como foi compartilhar seu talento.

• O professor também pode apresentar algum talento que seja diferente do seu ofício.

Trocando de lugar• Escolher temas polêmicos em que jovens e adultos tem posições

opostas. (Ex. Existe racismo no Brasil?)

• Dividir a turma em grupos que são favoráveis, contrários.

• Apresentar determinado fato (jornais, revistas, vídeo) para a turma;

• Solicitar que elaborem argumentos a favor e contrários ao problema levantado e anotem no quadro dividido em duas partes;

• Solicitar que um representante de cada grupo apresente seus argumentos.

• Após essa apresentação, inverter os grupos para que façam o papel contrário, elaborando novos argumentos.

• Ao final, o professor pode construir com os alunos um texto argumentativo sobre o tema, apresentando informações elaboradas para o tema.

Trocando de lugar

• A organização dos grupos pode ser por faixa etária, por afinidade de opinião ou ainda sem critério preestabelecido.

• Importante solicitar aos educandos que os argumentos precisam ser convincentes, bem elaborados.

• Listar um conjunto de atitudes que podem minimizar problemas de racismo.

Aceitação-rejeição• Solicitar que 4 alunos fiquem fora da sala, sem ouvir as instruções que

serão dadas aos alunos que permaneceram na sala. Estes aguardarão os colegas em círculo.

• 1 aluno deverá acompanhar os alunos e voltar a sala para ver se tudo já está organizado. (Orientar os alunos que estão fora que eles tem que tentar interagir com a turma)

• 1ª aluno a retornar será rejeitado;

• 2º aluno será bem recebido;

• 3ª aluno será tratado com indiferença;

• 4ª aluno será recebido com posturas agressivas;

Ao final solicitar aos alunos depoimentos sobre as sensações que tiveram. Como evitar que situações como essa aconteçam em sala de aula:

Óculos/plástico colorido• Pedir aos alunos que descrevam como estão vendo os objetos em

sala de aula.

• O que prevalece: (a cor azul, rosa, vermelha, amarela).

• Para que servem os óculos? Para melhorar a minha visão, mas são meus.

• Não podemos utilizar meus óculos para resolver o problema de visão de outra pessoa.

• Não posso utilizar somente a minha leitura de mundo. É preciso ouvir o outro sem um pré-conceito (conceito fechado).

Relação professor-educando

• Chamar a atenção dos alunos, quando

necessário, de forma respeitosa, sem ofensas,

Sem uso de palavras inadequadas ao contexto

escolar. Se possível, conversar individualmente

em outro espaço.

• Mesmo que tenha ocorrido alguma situação

conflituosa entre professor-aluno. O professor deve refazer o vínculo, demonstrando compromisso com a aprendizagem de todos.

• Planejar todas as aulas, diversificar metodologia e explicar aos alunos os objetivos que pretende com cada atividade. Fazer devolutiva, destacando pontos positivos e negativos.

• Evitar comentários sobre questões de cunho pessoal (religião, time de futebol, filhos e etc.), priorizando-se o planejado para a aula.

Relação professor-educando• Forma de tratamento respeitosa e alegre. Chamar os alunos pelo nome ou

de outra forma que indique interesse em estabelecer vínculo.

Ex: Meu querido”, Minha querida! Por que? Porque eu quero muito que

vocês estejam aqui, que aprendam, que tomem seu lugar no mundo e o

tornem melhor!

• Responder, sem ironias todas as

perguntas, por mais idiotas que possam

parecer, quantas vezes forem necessárias.

• Propor atividades que tenham começo,

meio e fim. Os alunos precisam sentir que

são capazes (dosar grau de dificuldade).

Relação professor-educando• Detalhar o que se espera dos

educandos na realização de atividades

propostas; Passo a passo. Ex: Resumo.

Como fazer?

• Explicitar critérios de avaliação;

• Ao final de cada atividade realizada solicitar aos alunos avaliação

dos pontos positivos e negativos de sua participação. Estar sempre

no horário em sala de aula. Justificar ausências, quando ocorrerem.

• Demonstrar preocupação com os que faltaram, propor formas para

recuperarem o conteúdo/atividade perdida. Os demais alunos

podem ajudar.

Lembretes

• A escola é um espaço especialmente apropriado

para a vivência de valores característicos da

humanidade, do homem, o conhecimento e a

disseminação dos direitos inalienáveis do ser

humano (...) o reconhecimento do outro, a aceitação

da diversidade de perspectivas e de projetos, tanto

individuais como coletivos (...)

(MACHADO, 2002, p. 54)

Lembretes

• A escola é um espaço de cultivo de tolerância, da convivência frutífera com as diferenças, as contrariedades, a associação necessária entre direitos e deveres, entre o exercício de poderes e a assunção de responsabilidades, a aprendizagem do exercício da autoridade sem a perda da ternura.

(MACHADO, 2002, p. 54)

Lembretes• Seu discurso precisa ser coerente com a prática

para não cair em descrédito;

• Palavra e ação deve ser uma meta constantemente perseguida.

• Nenhum valor floresce, no entanto, sem uma vivência efetiva, onde o discurso continuamente alimenta e qualifica ações, alimentando-se dela simbioticamente. A condição de possibilidade de uma tal simbiose é, com todas as letras, a integridade do professor.

Lembretes

O professor é aquele que professa, que declara sua competência e, com base nela proclama sua relativa independência e compromete-se com os

interesses coletivos. Suas ações mais corriqueiras exigem um profundo senso de

profissionalismo.

(MACHADO, 2002, p. 46)

Referências

• FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 57 ed. Rio de Janeiro e São Paulo: Paz e Terra, 2014

• PARANÁ. SEED. Diretrizes curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, 2007.

• MACHADO, Nilson José. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras, 2000.

• Referências curriculares para a EJA. Curitiba: Expoente

• FURTADO, Julio. Vínculos e aprendizagem. Curitiba: Expoente.2014