trabalhos de alunos gil vicente
Post on 20-Jul-2015
284 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto – Castanheira de Pera
Ano Letivo 2014/2015
Português – 9.º Ano - Prof.ª Cristina Delgado
Trabalhos de alunos do 9.º Ano inspirados no
Auto da Barca do Inferno
de Gil Vicente
Auto da Barca da Vaidade
Rainha
Ato I
Personagens: Diabo, Anjo e Rainha
Cena 1
Chega o Diabo à sua barca e fica a aguardar a chegada de almas.
Diabo (gritando): À barca, à barca meus senhores! Ah, que boa e gentil maré! Aproximai-vos
que nós iremos para a Ilha Perdida.
Aproxima-se a rainha D. Cristina, muito vaidosa e de nariz empinado, que só dava valor ao
dinheiro e à luxúria, e que pensa que, só por ser rica e vistosa, tem todo o poder.
Rainha: Ó da barca!
Diabo: Quem vem lá?
Rainha: Sua Majestade, a rainha. Essa barca que conduzis, para onde faz a viagem?
Diabo: A viagem é para a Ilha Perdida, já disse,… ou seja, para o Inferno!
Rainha: Nessa barca não entro; eu sou muito fina, muito bela, não entro em qualquer parte.
Não há aqui outra barca?
Dirigi-se a rainha à barca do Paraíso. Chama pelo Anjo, mas este não lhe responde à primeira.
Rainha (resmungando entre dentes): Eu sou muito bela e boa pessoa; como tal, mereço entrar
na barca do Paraíso.
Anjo (com ar de poucos amigos): Conheço-te muito bem e, como tenho poder para julgar,
assim eu te julgo, rainha malvada. Vai-te daqui, pois, na vida, foste sempre uma pessoa de nariz
empinado e vaidosa demais, cheia de escravos à tua volta! Mereces ir para o Inferno.
A rainha dirige-se à barca do Inferno.
Diabo: Sempre vieste aqui parar, rainha minha parente (1)?
Rainha: Pois, não tive outra alternativa senão vir até ti, Berzebu, que sou como tu e mereço ir
contigo para o Inferno.
Diabo: Entra, pois, que assim desejo e cá nos entenderemos. Vamos os dois levar as pessoas à
riqueza e à vaidade.
(1) O diabo chama a rainha de sua parente, pois ele adora a vaidade e a riqueza e leva a vida
(ou melhor, a morte) a levar as pessoas à vaidade e à riqueza.
Nota:
As pessoas que dão valor à riqueza e à vaidade
acabam por ser condenadas ao Inferno.
José Ricardo - 9.º B
Cena 2
Ao Cais da Morte chega um homem bêbado.
Diabo: Olha, olha! O meu próximo passageiro! À Barca! À Barca! Entra que tens muito que remar!
Bêbado: Ah, ah, ah, ah! (Arrota.)
Diabo: BÓFIA!! Mas que cheiro a… a quê mesmo?
Vinho? Cerveja? Vodka?
Bêbado: Cheira a pu…!! Eh, eh, eh, eh…
Diabo: Então, pois… A tua vida terrena resumiu-se a “cair, beber e levantar” e a comer pu…!
Passavas as noites com uma garrafa na mão e, por entre gem…., com uma badalh… no m… das
p..…, a fazer “servicinhos”! Anda daí que na Barca do Paraíso não entras!
Bêbado: Isso é o que tu pensas!
(Dirige-se à Barca do Paraíso.)
Bêbado: Oh, minha anjinha?!
Anjo: Que desejas, docinho?
Bêbado: Ai coisinha sexy, que és demais…! Passava as noites contigo a brincar aos cowboys! Hmmm…
Anjo: Ai, docinho, entra na Barca já! És um pobre inocente que apenas queria ser amado!
Diabo (sussurrando): Que grande p… que tu me saíste, Anjo!
Anjo (piscando o olho ao Diabo, tirando o traje e revelando-se uma prostituta): Não fiques a olhar para mim, que eu também espero por ti! (E faz o gesto para lhe ligar.).
Joana C. e Joana V. - 9.ºA
Primeiro Ministro
Cena 3
Vem uma limousine preta, que deixa o ex-primeiro ministro na barca infernal.
Sócrates: Ó da barca,
Onde estás?
Diabo: Olha quem aqui está!
O presidente do Guaraná.
Sócrates: Não cheguei a tanto,
Porque se acabou o mandato.
Fui primeiro ministro de Portugal
E fiz muito carnaval.
Diabo: Ah, pois fizeste,
Quanto o bolso desfizeste
De todo o Portugal.
E agora chora o povo de todo o mal.
Sócrates: O que querias que fizesse ali?
Que levantasse a perna e fizesse chichi,
Enquanto o povo todo chorava,
O Ministério das Finanças tudo roubava
E eu ficava sem nada!?!
Diabo: E que fizeste com o dinheiro?
Deste-o ao teu banqueiro …
Sócrates: Digamos que em viagens a Roma, Japão,
Bruxelas e Milão…
Só não cheguei a Paris
Porque me roubaram a matriz
Do meu plano de fuga.
E à cadeia fui parar
Sem me regalar com um bom manjar
Da minha querida Beatriz.
Diabo: Quem? Aquela atriz
Que contrataste
E que revelaste ser tua amante?
Sócrates: Não era a minha amante,
Mas sim aspirante
A ser a minha versão feminina.
Diabo: E agora aqui bateste
Por tudo o que fizeste.
Sócrates: Com esses teus chifres…
Não entrarei.
À outra barca irei.
Aproximando-se do batel angelical.
Sócrates: Ó da barca, onde estás?
Põe aqui a prancha
Que levo tudo atrás …
Anjo: Tudo atrás?
Nem entrarás,
Por tudo o que fizeste
Ao povo do oeste
De Portugal.
Sócrates: (Aparte) Se fosse só oeste…
Mas sou muito importante
Para ser perdoado
E não ir no batel do lado.
Anjo: Lá irás,
Porque aqui não entrarás.
Sócrates: Coitado de mim,
Que termino assim,
No batel infernal.
Diabo: Entrai, entrai.
Que mais hão de chegar
A este belo amor.
Carla A., Marta S., Sofia M. - 9.º B
Rainha D. Clementina e Geraldina
Cena 4
Vem a Rainha e a moça, direitas à Barca do Inferno.
R. D. Clementina - Anda, Geraldoca,
mexe-te, minha porca.
Mexe-te, vamos ali àquela barca
E veremos se é a indicada
para uma monarca.
Geraldina – Geraldina, Senhora...
Não Geraldoca.
R. D. Clementina - Ah, sim, já sei,
Geraldina Maria dos Santos
blá… blá… blá…
R. D. Clementina - Bem, ó da Barca,
olhe que a realeza não espera…
Mas aqui a Geraldoca pode esperar;
é do povo, já está habituada.
Geraldina - Grr… nem depois de morta
deixa de ser…
R. D. Clementina - De ser o quê, Geraldina?
Geraldina - De ser… de ser… oh, nada.
R. D. Clementina - Ó barqueiro… uh, uh, há alguém?
Aparece o Diabo.
Diabo - Olha, olha, quem chegou:
a ladra e a sua cúmplice
cheias de swag !
R. D. Clementina - Ladra? Por quem me tomas,
ó… ó mal cheiroso?
Diabo – Ah, ah… Entre e veremos quem é
a malcheirosa que transpira azeite…
Sim, azeiteira.
R. D. Clementina - Para além de malcheiroso,
Tens a mania que és suergue!
R. D. Clementina - Geraldina… vamos ali àquela Barca.
Com certeza que serão
mais simpáticos do que este
gajo armado em suergre.
Dirijem-se à Barca do Anjo.
R. D. Clementina - Olá, senhora Anjo! Olha,
eu na Terra sou da realeza,
por isso, como é óbvio,
aqui tenho um lugar no Céu.
Posso entrar? Não quero perder tempo!
Geraldina - Olá Anjo! Eu sei que muitos
pecados cometi, que ajudei
esta vaca nas suas trafulhices,
mas, como sabes, ela sempre
me ameaçou. Posso entrar?
Anjo - Geraldina, entra… sei o que fizeste
e sei que não te orgulhas
e que muitas noites não dormiste com remorsos…
Entra, mereces!
Geraldina entra na Barca e, nas costas do Anjo, faz um pirete à Rainha Dona
Clementina.
Anjo - Já tu, maltratas tudo e todos;
pensas que, por seres da realeza,
és mais que os outros!?
Vai ali àquela Barca do Diabrete
e embarca, sua mula.
R. D. Clementina – Ah, ah, mula és tu,
ó minha Anja de m****.
Diabo - Entra, ó azeiteira.
R. D. Clementina – Ah, ah, ah, está bem,
eu entro, ó meu ganda porco.
Rita N. - 9.ºB
Eusébio
Cena 5
Vem o Eusébio e, chegando ao batel infernal, diz:
Eusébio: Hou da Barca! Hou da Barca!
Diabo: Quem é?
Eusébio: Sou o melhor jogador de futebol de sempre.
Diabo: Se és o melhor jogador, o que queres?
Eu cá não vendo bolas!
Eusébio: Não as vendes, mas tens duas.
Diabo: Oh! Meu grande filho da mãe, o que estás a insinuar!?
Eusébio: Eu quero saber se me queres na tua barca.
Diabo: Não, não podes entrar!
Não tenho lugar para ti…
Eusébio: Se não tens lugar, vou pedir a outra gente!
(Dirigindo-se ao Anjo.)
Hou da Barca! Hou da Barca!
Anjo: O que me queres?
Eusébio: Sou o melhor jogador de futebol de sempre.
Anjo: Já percebi, queres embarcar comigo!!!
Eusébio: Eh! Isso mesmo, camarada.
Tens lugar para mim?
Anjo: Claro que sim, foste um homem muito bom na vida terrena.
Por isso, tenho um lugar especialmente guardado para ti.
Eusébio: Muito obrigado pelo elogio!!!
Anjo: Entrai, entrai na minha barca, que te levará para o Paraíso.
Oh, que barca esta!
Ergam asas, que é festa!
Verga baixa, âncora a pique!
Ó Poderoso Pantera Negra,
Cá vós entrais. Que linda barca é esta!
Rodrigo N. e Joana S. - 9.ºB
Hitler
Cena 6
(Adolf Hitler suicida-se e entra no cais da Morte.)
Diabo - Então, senhor Nazi, por cá apareceis?
Hitler - Com a pressão da guerra não me aguentei e me matei!
Diabo - Para te despachares, entra rápido que há mais à espera!
Hitler - Nesta barca não entro eu, e não há ninguém que obrigue Adolf Hitler a entrar nesta
espelunca!
Diabo - Isso dizes tu! Na Terra mandavas em todos, mas aqui quem manda sou eu.
Hitler - Vejo ali uma barca muito mais formosa, digna de uma pessoa com poder como eu.
Diabo - Poder!? Ah, ah, ah, ah, ah! O único poder que tens agora é pegares num dos remos da
barca e remares até à Ilha Perdida(1)!
Hitler - Isso querias tu! Eu vou é até à outra barca mais bonita! Até nunca!
(Hitler dirige-se até à barca do Anjo)
Anjo - O que queres?
Hitler - Ora essa, quero entrar nessa barca, meu lindo Anjo!
Anjo - Não te sabia tão graxista, Hitler!
Hitler - De forma alguma! Deixa-me lá entrar nessa barca tão linda!
Anjo - Tu!? Ah, ah, ah, ah! Vai-te mas é embora. Depois de tudo o que fizeste lá em baixo ainda
queres entrar!? Vai-te mas é embora!
(Hitler regressa à barca do Inferno)
Hitler - Ai, mãe! Está tudo desgraçado! Agora é que estou feito ao bife!
Diabo - E novidades? Isso já eu sabia!
Hitler - Novidades só no Continente!
Diabo - Que piada! Teve tanta, tanta, tanta… que até me esqueci de rir! Espero que também
tenhas esse sentido de humor no Inferno!
Hitler - Venha de lá essa prancha!
(Hitler, de cabeça descaída, entra na Barca do Inferno.)
(1) Ilha Perdida - Inferno
Anónimos - 9.ºA
Cristiano Ronaldo
Cena 7
Chega o Ronaldo ao porto… Diabo: Chega-te aqui à minha beira! Ronaldo: O que se passa, meu? Diabo: Vais fazer publicidade à Linic? Ronaldo: Já não gosto da Linic, agora só uso Pantene. Diz lá… o que queres de mim? Diabo: Anda comigo para a Ilha Perdida. Ronaldo: Mas o que fiz eu, para ir para o Inferno? Diabo: Bateste ao Edimar. Ronaldo: Porque me pareceu o The Rock! Vou ver para onde vai a outra barca! Anjo: Ao pé de mim! Chegai-vos. Ronaldo: Dizei, o que quereis de mim? Anjo: O que quereis de mim?! O que quereis de mim?!! Ronaldo: Para onde vai esta barca? Anjo: Para o Paraíso. Ronaldo: Quero embarcar nela. Anjo: Dai-me razões para isso acontecer! Ronaldo: Pois, sou o maior embaixador de Portugal, ganhei três bolas de ouro, fiz um museu para a minha terra (Madeira)… Anjo: Entrai, então, nesta barca, pois fizestes boas ações! Embarcai, embarcai!
Tiago Silva, Rodrigo Bernardo, Afonso Tomás, Rodrigo Tomé - 9.ºB
Bêbado
Cena 8
Chega o bêbado, Jerónimo Margarido, ao cais da Morte.
Diabo - Então, minha peste da sociedade, que vens aqui fazer?
J.M. (falando em tons de embriagado) - Vim passear.
Diabo - Credo, Senhor do Carmo! O teu hálito tresanda. Vá, entra lá na Barca e cala-te.
J.M. - Ai!! Não entro aí! Peço desculpa, mas a sua barca é feia!
Diabo - Se é feia, então, combina contigo!
J.M. - Eu não sou feio!
Diabo - Ai não é?!? Tu não passas de um embriagado horrível.
J.M. - Eu só sou embriagado porque o álcool é a única coisa que me resta.
Diabo - Olha, agora vai começar com histórias…
J.M. - Não são histórias, é a realidade! (Dito em tons de choro) A minha mãe morreu, o meu pai está na prisão, a minha irmã fugiu de casa e a minha mulher deixou-me e levou o meu filho com ela…
Diabo - Sim, sim…entra lá na Barca e depois contas os pormenores.
J.M. - Não! Já disse que não vou entrar aí. Vou dirigir-me àquela barca, parece mais o meu género.
Diabo – Ah, ah, ah, ah, ah, ah! Boa sorte!
(O bêbado dirige-se à Barca do Paraíso.)
J.M. - Olá! Está aqui alguém? Preciso de ajuda.
Anjo - Sim! Fala o Anjo! O que deseja?
J.M. - Preciso de um sítio para onde ir. Estou sozinho! Perdi os meus pais, mulher, filho e, até, a minha irmã.
Anjo - Bem, tens aí uma bela história para novela. Mas sabes que o álcool simplesmente só piora?
J.M. - Sim! Eu sei! Mas que mais posso fazer?
Anjo - Basta que sigas a tua vida, sem beber! Eu ajudo-te! Deixo-te entrar nesta barca se deixares a bebida.
J.M. - Eu prometo! Faço o resto da minha jornada, sem álcool, sem mais pecados…
Anjo - Eu confio em ti! Entra lá na Barca! Temos de partir!
Anónimo - 9.ºA
Ministro da Saúde
Cena 9
Chega ao Cais o Ministro da Saúde.
Ministro: Mas que raio, isto não são as minhas urgências!
Diabo: Pois não, são as urgências da morte!
Mini: Urgências da morte!?! E que mal fiz eu?
Diabo: Nada, nada, não fizeste nada, absolutamente nada.
Mini: Então, porque é que aqui estou?
Diabo: Por boa coisa não é, de certeza (risos).
Mini: Mas, afinal, para onde vai esta... esta coisa?
Diabo: “Esta coisa”? “Esta coisa” é muito melhor que as tuas urgências. E vai para o Inferno
finito (risos)!
Min. (com cara de assustado): O quê, para o Inferno?
Dia: Sim, para o Inferno. Pois tu pessoas mataste, para a morgue as enviaste. As urgências
cobraste.
Mini: Eu nunca fiz nada disso. Eu, nessa coisa, não entro, nem morto!
(O ministro dirige-se à Barca da Glória.)
Mini: Está aí alguém?
Anjo: Quem és? O Ministro da Morte?
Mini: Mas o quê, tu também sabes disso? Como?
Anjo: Tu não andas dentro de nenhum saco.
Tu nesta barca nunca entrarás, nem morto.
Mini: Estou arrependido e já paguei às famílias e, por ser ministro, acho que devia entrar
nesta barca.
Anjo: Desculpe, senhor Ministro, mas não entrará nesta barca.
(O Ministro dirige-se outra vez à Barca do Inferno.)
Mini: Ok, ok… venha essa prancha de lá.
Diabo: Eu sabia que voltarias às urgências da morte!
Mini: Será que vou aqui encontrar alguns pacientes?
Diabo: Quem sabe… e se não te farão a vida num inferno!
Maria de Fátima M.
Patrícia Q.
9.º A
top related