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Universidade de Coimbra Faculdade de Economia
Marta Alexandra Machado Filipe
Dezembro de 2006
Pobreza Urbana em Portugal
Universidade de Coimbra Faculdade de Economia
Pobreza Urbana em Portugal Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação Sociológica, do 1ºano do curso de Sociologia, leccionada pelo Doutor Paulo Peixoto. Autora do Trabalho:
- Marta Alexandra Machado Filipe - Nº 20060940
Imagens da capa retiradas de: http://www.blogosfera.cl/uploaded_images/la%20pobreza-718334.jpg http://www.eclac.cl/dmaah/noticias/proyectos/6/12336/logo1.jpg http://mensual.prensa.com/mensual/contenido/2005/05/08/hoy/negocios/503345.jpg
Índice 1. Introdução 1
2. Desenvolvimento 2
2.1 Estado das Artes 2
2.1.1 Definição de pobreza urbana 2
2.1.2 Domínios de Vulnerabilidade 5
2.1.3 Grupos de risco 7
2.1.4 Consequências da pobreza 9
2.2 Descrição pormenorizada do processo de pesquisa 10
3. Ficha de Leitura 12
4. Avaliação de uma página Web 14
5. Conclusão 16
6. Referências Bibliográficas 17
Anexo A
“Domínios de Vulnerabilidade”, capítulo da obra Exclusão social:
factores e tipos de pobreza em Portugal (fotocopiado)
Anexo B
Página do Diário de Notícias avaliada
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1. Introdução
Pobreza…quem já não ouviu falar dela. A falta do necessário à vida, a
escassez, a indigência, a penúria… Enfim, uma realidade cada vez mais
notória, habitual, conhecida de todos.
No entanto, “(…) necessários são não apenas os produtos
indispensáveis à manutenção da vida, mas todos aqueles cuja carência
represente uma situação indecente ou indigna, de acordo com o costume do
país, para pessoas dignas ainda que da mais baixa extracção social.” (Smith
apud Abranches, Coimbra e dos Santos, 1994)
E será que todos nós compreendemos este fenómeno da mesma
maneira? Como é que ele surge e porquê? Como tem evoluído ao longo dos
tempos? Porque temos de viver com ele mesmo não estando nós em estado
de pobreza?
Fiquei desde logo interessada e, de entre os possíveis temas escolhi
“Pobreza urbana em Portugal”.
Sendo o tema muito abrangente procurei num primeiro momento
restringi-lo a quatro sub-temas que pessoalmente considerei pertinentes.
Desta forma, o meu Estado das Artes encontra-se subdividido nos seguintes
sub-temas: “definição de pobreza urbana”; “domínios de vulnerabilidade”;
“grupos de risco” e “consequências da pobreza”.
Num outro momento, faço uma descrição mais detalhada de todo o
processo de pesquisa, seguido de uma ficha de leitura do capítulo “Domínios
de Vulnerabilidade” do livro Exclusão social: factores e tipos de pobreza em
Portugal de João Ferreira de Almeida et al. (1992) Por último, procedo a
uma avaliação da página da Internet do Diário de Notícias, onde os idosos e
as crianças são os prioritários quando se fala do combate à pobreza.
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2. Desenvolvimento
2.1 Estado das Artes
2.1.1 Definição de pobreza urbana e sua persistência
À semelhança do que se verifica na generalidade dos países
desenvolvidos, o nosso país tem assistido, nas últimas décadas, a pressões
demográficas que obrigam as cidades a transformações permanentes.
Desde sempre, as cidades foram consideradas como centros de
desenvolvimento económico, cultural e civilizacional. (Faísca, Freitas e Maia,
1992)
A cidade torna-se mais que nos campos, um território de
disponibilidades, um território social. A maneira como as pessoas se
agrupam para viver é diferente da maneira como residem e convivem no
campo.
É daqui que surge o urbanismo.
“O aspecto demográfico do urbanismo é constituído pelos habitantes que das áreas rurais vêm chegando à cidade para aí se fixarem e trabalharem (…) O mais característico do urbanismo, como é entendido actualmente, não é, todavia, a concentração geográfica, nem o número elevado de pessoas que vão viver em cada núcleo, mas a possibilidade enorme de relações e comunicações entre as pessoas duma determinada área.” (Gameiro, 1987: 124)
Desta forma, a cidade começa a ser o modo de vida preferido para as
sociedades. O significado social do urbanismo começa a ser muito plural,
principiando uma espécie de mentalidade colectiva da qual as pessoas se
identificam.
Como tal, a urbe vai ser, cada vez mais, um espaço muito instável,
frágil e violento, de tensões sociais, tornando-se portanto, num espaço de
disputa social.
Segundo o mesmo raciocínio, percebemos desde logo que vão
surgindo diversas patologias de todo este fenómeno. Destacam-se entre
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elas o pauperismo urbano e a delinquência associada ao crime, à prática de
roubo, ao saque, à exclusão do trabalho, etc.
Deste ponto de vista e, segundo Mingione apud Mela, podemos
considerar como pobreza a “«ideia de que, por diversas razões e períodos
de tempo variáveis, uma parte da população não tem acesso a recursos
suficientes para lhe permitir sobreviver a um nível de vida mínimo,
determinado histórica e geograficamente, que conduz a consequências
graves em termos de comportamento e relações sociais.»” (1999: 108)
No entanto, definir pobreza torna-se um processo um pouco
complicado. “Se a pobreza se manifesta ao nível de determinadas condições
materiais de existência, caracterizadas por baixo nível de rendimentos,
condições habitacionais, precárias em áreas periféricas, frequentemente
degradadas, ela está igualmente associada a um determinado modo de
estar na vida, a uma forma particular de percepcionar a realidade.” (Faísca,
Freitas e Maia, 1992: 7)
Contudo, podemos destacar dois tipos de pobreza. A pobreza
relativa e a pobreza absoluta. A primeira concentra-se numa comparação
geográfica e histórica, isto é, um indivíduo é considerado pobre quando
comparado com as condições de vida de um grupo de referência, sendo
excluído dos padrões de vida em geral. A pobreza absoluta nasce com o
agravamento da outra, pondo em perigo a integridade física e moral dos
indivíduos, independentemente do nível geral de desenvolvimento da
sociedade. (Costa et al., 1985; Mela, 1999) (sublinhado nosso)
Outros autores, como Castro et al. (2001-2002: 20 - 26) dão maior
importância à pobreza herdada e à pobreza incidental (sublinhado
nosso):
A pobreza é uma condição que se herda. Muitos são os entrevistados que afirmam que já os seus pais eram pobres e referem as dificuldades passadas na infância, especificando as diversas manifestações dessa pobreza: fome ou deficiente dieta alimentar, péssimas condições de alojamento, trabalho árduo dos pais, experiência pessoal de trabalho infantil, abandono precoce da escola para tratar da família, etc. Esse quadro frequentemente aparece associado com alcoolismo, maus tratos e má relação com vizinhos, infância sem brinquedos, etc. (…)
Mas, nem sempre a pobreza é herdada. Existem também outros casos em que a situação de pobreza surgiu ou se instalou
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num momento da vida por forças de acontecimentos inesperados. A toxicodependência é, desde logo, uma das causas que contribui para o empobrecimento extremo de indivíduos e famílias. O declínio progressivo das condições de vida de indivíduos toxicodependentes acontece pela impossibilidade de obter trabalho; pela contracção de outras doenças; pelo desenraizamento no seio das suas famílias de origem e pela discriminação social que sofrem devido à sua toxicodependência. Uma doença ou invalidez de um familiar dependente pode acarretar igualmente um empobrecimento inesperado. A prestação de cuidados a tempo inteiro inviabiliza o desempenho de uma actividade profissional e, consequentemente, a obtenção de rendimentos, o que torna dramática a situação das famílias em que o trabalho é a única fonte de rendimentos. Também as mudanças políticas afectaram a estabilidade das famílias nalguns casos. O contexto socio-político do 25 de Abril determinou um agravamento das condições de vida para cidadãos residentes nas ex-colónias, na medida em que o “regresso forçado” destas famílias a Portugal alterou as condições socio-económicas das mesmas.
A situação de empobrecimento distingue-se não só por níveis de
intensidade mas também pelo seu grau de persistência. Como acabei de
referir, há pessoas que passam pelo estado de pobreza temporariamente,
ao contrário de outras que já nasceram pobres e sempre o continuarão a
ser.
Segundo outros autores, nomeadamente, Costa e Silva (1989), as
situações de pobreza permanente são as de maior expressão numérica
atingindo os 64%. Contudo, 34% dos inquiridos afirmam já terem estado
melhor e, os restantes 4% já estiveram pior. No entanto, os que
consideraram já terem estado em melhores circunstâncias, não significa que
nunca tenham passado pela pobreza, assim como os que afirmam já terem
estado pior, também não manifesta terem abandonado efectivamente a
pobreza.
Conclui-se assim, que o empobrecimento denota-se ou dentro da
própria pobreza, ou pelo contrário, exprime-se numa nova experiência, uma
nova situação que a realidade nos coloca. (idem, 1989: 178)
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2.1.2 Domínios de vulnerabilidade
A problemática da pobreza é profundamente marcada por
especificidades de carácter nacional, social ou cultural. No que se refere a
infra-estruturas, escolaridade, qualificações profissionais, aos níveis de vida
das famílias, assim como todos os outros graus de modernização
tecnológica e organizacional, o território nacional tem ficado aquém da
maioria dos outros países da Comunidade Europeia.
Subentende-se daqui, que a pobreza urbana não é então apenas
caracterizada pelas insuficiências económicas mas também sociais,
culturais, religiosas, políticas e até mesmo geográficas.
Em face disto, são vários os domínios onde a pobreza urbana se
manifesta, destacando-se com maior relevância três campos: a habitação, a
saúde e a educação, tal como nos revela Almeida et al. (1992: 47-51):
As áreas urbanas são as mais afectadas pelos problemas relativos às condições de habitação. Os elevados custos de habitação obrigam muitas famílias a recorrer ao subaluguer e aos alojamentos precários como as casas de madeira, alojamentos móveis, entre muitos outros. Outros alojamentos muito característicos com carências de infra-estruturas sanitárias e equipamentos colectivos são os denominados “bairros de lata”.
Embora tenha dito que a pobreza urbana não se caracteriza apenas
pelas insuficiências económicas, as condições de saúde continuam ainda
dependentes dos meios económicos:
Ao nível da saúde, a esperança média de vida à nascença dá-nos ideia da longevidade de um indivíduo, mas esta é naturalmente influenciada pelas condições de alimentação, pelas condições ambientais, pelo rendimento, pela capacidade de oferta em quantidade, qualidade e eficiência de serviços de saúde e da sua acessibilidade. Por assim dizer, está fortemente relacionada com o nível de desenvolvimento socio-económico. (idem, 1992: 51-56)
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Apesar de existir o conceito de obrigatoriedade no que respeita ao
ensino escolar, as estatísticas do analfabetismo revelam que nunca foi
efectivamente levado à prática:
É conhecido um elevado grau de analfabetismo do nosso país quando comparado com os outros países europeus. (…) A insuficiência do analfabetismo intensifica-se (…) onde a subsistência da família se apoiava também no trabalho dos mais jovens e, onde a escola se encontrava muitas vezes a distâncias que dificultavam a presença regular. (…) Nos centros urbanos os migrantes vindos do meio rural contribuíram para aí engrossar a população de analfabetos. (idem, 1992: 56-62)
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2.1.3 Grupos de risco
Em meu entender, não é necessário um grande esforço ou uma
grande especulação para percebermos quais os grupos sociais mais
ameaçados pelas características que definem a pobreza. Facilmente
entendemos que estas categorias sociais estendem-se aos idosos e às
crianças; aos desempregados, bem como a pessoas sem qualificação; aos
inválidos; toxicodependentes ou alcoólicos; mendigos e sem-abrigo e às
famílias mono parentais.
No entanto, para fortificar o meu trabalho, baseei a minha pesquisa
em duas obras: “Exclusão social: factores e tipos de pobreza em Portugal”
de João Ferreira de Almeida et al. e “A pobreza em Portugal” de Alfredo
Bruto da Costa et al.
No entendimento de Almeida et al. (1992: 119):
“(…) os idosos pensionistas são os que constituem a categoria mais numerosa. O facto de lhes aparecer uma nova realidade, a reforma; o aumento das despesas com a saúde; a renda da casa; o custo de vida em geral, leva a que percam um certo estatuto económico. Os seus rendimentos muito baixos não atingem, em qualquer dos regimes estabelecidos, o salário mínimo nacional.”
Costa (1985: 191) acrescenta ainda que “(…) os valores das pensões
actualmente existentes encontram-se totalmente desajustados em relação à
inflação, o que gera situações de verdadeira pobreza para os indivíduos
inactivos que não tenham outras fontes de rendimento.”
Nas palavras de Almeida et al. “os agricultores de baixos
rendimentos, proprietários de pequeníssimas parcelas de terra, encontram-
se remetidos para regimes de exploração agrícola incapazes de ultrapassar
uma auto-subsistência de carências e privações. Deste modo, a pobreza
acompanha o ciclo de vida do próprio indivíduo e da família.” (1992: 119)
Para o mesmo autor (1992: 119), “(…) a existência de elevado
número de situações de clandestinidade legal e laboral constitui, na
categoria das minorias étnicas, factor complementar de vulnerabilidade.”
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Em meu entender, são frequentemente incapazes de estabelecer relações
de sociabilidade com outros grupos e não possuem uma real estratégia de
vida nem uma percepção do tempo fora da sua dimensão cíclica.
Ao nível de desemprego e emprego, as causas mais imediatas deste
tipo de pobreza passam mesmo pela falta deste (longas esperas para
encontrar o primeiro emprego ou um novo) e a insuficiência dos salários.
“(…) os assalariados com baixo nível de remunerações têm uma forte
correlação com a idade e o tempo de actividade profissional dos indivíduos.
De um modo geral, baixos salários nos escalões etários mais velhos e
prolongados correspondem a situações de carência duradouras.” (idem,
1992: 119 e 120) Ainda dentro desta categoria, por assim dizer, depara-se
também com o que Costa (1985: 190) intitula de
“Trabalhadores manuais não qualificados, levados a cabo pela insuficiente criação de empregos em relação à procura de trabalho, uma vez associada à mentalidade que não valoriza devidamente o trabalho manual. Como causas disto, aparecem então os salários baixos e as condições de trabalho insatisfatórias, à luz de critérios mínimos de dignificação da actividade humana.”
Por último, para podermos perceber a situação dos jovens, temos de
ter em conta a sua condição de vida no presente, condicionada também
pela situação familiar. Se, como é óbvio, a sua família não aparenta uma
situação económica capaz de garantir a si própria uma vida segura,
naturalmente que o jovem também se encontrará na mesma circunstância.
Numa outra análise, se considerarmos as taxas de insucesso escolar e de
abandono precoce do sistema de ensino, facilmente percebemos as
dificuldades que um jovem de baixas qualificações tem quando procura o
primeiro emprego. Questão esta ligada a fortes probabilidades de no futuro
encarar-se com situações duradouras de pobreza. (Almeida et al., 1992:
120)
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2.1.4 Consequências da pobreza
Uma das principais questões que faz com que, nos dias de hoje, os
pobres estejam no centro das atenções, é a sua quase global exclusão da
vida social. O analfabetismo; a grande incidência no trabalho agrícola nas
pessoas mais idosas; o abandono da actividade laboral com a consequente
reforma; as baixas pensões; o facto de serem desempregados; de
mendigarem pelas ruas; entre muitos outros, explicam o facto da maioria
das situações de pobreza no nosso país envolverem pessoas excluídas.
Tal como nos relata Cardoso, “a exclusão dos pobres relativamente
às estruturas de participação social impede a formação de um sentimento
de pertença, contribui para o seu isolamento, logo dificulta o rompimento
do ciclo de empobrecimento.” (1993: 145)
O mesmo autor (1993: 145) afirma que, “o afastamento dos pobres é
reafirmado com a sua ocultação na sociedade. Ocultação esta reforçada
pela ignorância da pobreza, por parte da opinião pública.”
Algumas rupturas tais como as doenças físicas ou psicológicas, a
morte de um parente, a toxicodependência e o alcoolismo, etc, explicam a
existência de um percurso demorado de exclusão e isolamento. Causas e
consequências, actuam em mutualidade, chegando à situação limite que
leva os indivíduos a serem beneficiários do Rendimento Mínimo Garantido.
Daqui conclui-se que a situação de isolamento está centrada não só na
condição de pobreza mas também na discriminação social. Para Castro
(2001-2002: 21) “nas situações de discriminação, a própria condição de
pobreza e de dificuldade de inserção no mercado de trabalho são
condicionantes às relações de sociabilidade [dos indivíduos], em particular,
às suas próprias redes de vizinhança.”
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2.2 Descrição pormenorizada do processo de
pesquisa
Escolhido o tema (“Pobreza urbana em Portugal”) e, já com algumas
ideias formuladas sobre este, procurei num primeiro momento concentrar-
me na formulação de um índice para que não ocorressem prováveis desvios
do que realmente era pretendido. De um certo modo, já interessada pelo
trabalho, o entusiasmo pela pesquisa não parava de aumentar. Não
gostando, particularmente, de artigos em formato electrónico, optei por
recorrer a fontes, para mim, mais fiáveis, preferindo então a literatura
impressa.
Perante isto, dirigi-me numa primeira fase à Biblioteca da Faculdade
de Economia da Universidade de Coimbra, talvez pelo facto de ser o recurso
mais perto e mais rápido à minha disposição. Desta forma, a minha
pesquisa toma início com uma prospecção no catálogo da mesma fazendo
uma pesquisa simples introduzindo em assuntos os conceitos «pobreza», no
qual obtive 43 resultados e, de entre estes seleccionei apenas dois: “Dizer
não à pobreza: um combate para ganhar: erradicação da pobreza 1997-
2006” do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Departamento de
Estudos, Prospectiva e Planeamento e, “Exclusão social: factores e tipos de
pobreza em Portugal” de João Ferreira de Almeida et al. Sendo muitos
destes artigos sobre outros países e não apenas ao solicitado, modifiquei o
conceito em assuntos para «pobreza + Portugal». Desta vez apareceram
apenas três resultados mas, por sua vez, não pertinentes e alguns deles
iguais aos da pesquisa anterior. Resolvi então inserir «pobreza urbana em
Portugal» não obtendo, por incrível que pareça, o que pretendia. Querendo
também abordar os sub-temas “exclusão”; “dependência”; “isolamento”
entre outros, continuei a pesquisa introduzindo estes mesmos conceitos.
“As cidades e os rostos da exclusão” de Adalberto Dias de Carvalho (1999),
foi o único livro que me despertou interesse. Ainda não satisfeita, numa
última fase, nesta biblioteca, pesquisei manualmente recolhendo os
restantes livros: “Política social e combate à pobreza” cujos autores são
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Sérgio Henrique Abranches, Wanderley Guilherme dos Santos e Marcos
Antônio Coimbra; “Avaliação de impactes do Rendimento Mínimo Garantido”
vol. 4 e 5 de Alexandra Castro et al.; “ A sociologia das cidades” de Alfredo
Mela; “A pobreza e a marginalização social do séc. XV aos nossos dias” de
João Paulo Ferreira Delgado; “Pobreza urbana em Portugal: um inquérito a
famílias em habitat degradado, nas cidades de Lisboa, Porto e Setúbal”
cujos autores são Manuela Silva e Alfredo Bruto da Costa; “ A pobreza em
Portugal” de A. Bruto da Costa e, por último, “Iniciação à dinâmica das
sociedades e dos grupos” de Aires Gameiro.
Dada a insuficiência de algo que me parecia fundamental e, devido
também a esta biblioteca estar repleta de alunos à procura dos mesmos
objectivos, procurei num segundo momento, tentar completar um pouco
mais o meu trabalho. Dirigi-me, assim, à Biblioteca Geral da Universidade
de Coimbra, pesquisando da mesma forma como no primeiro momento. Dos
quarenta e oito resultados obtidos retirei apenas dois livros, para mim mais
relevantes, sendo eles: “A outra face da cidade: pobreza em bairros
degradados de Lisboa” de Ana Cardoso e “Para um estudo das
representações sociais da pobreza em meio urbano” de Hortense Lopes
Maia, Maria João Freitas e Luís Faísca.
Num outro momento, no que respeita a pesquisa on-line, centralizei-
me apenas em dois motores de busca, o Google e o Sapo, recurso este
usado apenas como complemento informativo e não como essencial. Uma
das razões desta opção não foi pela falta de insuficiência de informação mas
pelo grande ruído que esta fonte nos dá nos dias de hoje. Exactamente,
pela informação ser muita, a Internet estimula muito ao plágio e à preguiça.
Outra desvantagem é o facto de não oferecer nenhuma protecção contra os
vírus que contaminam a pesquisa/ informação. No entanto, um dos
“requisitos” do trabalho era a avaliação duma página da Internet, tendo
esta sido retirada, desta forma, do Google.
Finalmente, no que toca à ficha de leitura os meus critérios de
avaliação para escolha do livro a avaliar assim como o seu capítulo,
residiram apenas no livro em que me senti mais à vontade na sua leitura e
interpretação e, que de uma forma, a informação me pareceu pertinente.
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3. Ficha de Leitura
Título da publicação: Exclusão social: factores e tipos de pobreza em
Portugal
Autor: João Ferreira de Almeida et al.
Local onde se encontra: Biblioteca Geral da U.C e na Biblioteca da
F.E.U.C
Data de publicação: 1992
Edição: 1ª
Local de edição: Oeiras
Editora: Celta Editora
Título do capítulo: Domínios de Vulnerabilidade
Cota: 5-53-11-38 (Biblioteca Geral da U.C)
Nº de páginas: 26
Assunto: reflexão da pobreza em Portugal no que respeita aos pontos mais
fracos onde esta fere
Palavras-chave: qualidade, carências, habitação, alojamentos, saúde,
esperança de vida, educação, analfabetismo, rendimento económico, salário
mínimo e subsídio.
Data de leitura: 11-10-2006
Observações: nenhuma a registar
Notas sobre o autor
João Ferreira de Almeida, autor desta obra, é figura preponderante
na área da pobreza e, em geral, na de sociologia. Nasce a 12 de Junho de
1941, licenciando-se em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa em 1964. Mais tarde, tira o doutoramento em
Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em
1984, sendo por isso, amplamente reconhecido.
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Resumo
No capítulo analisado, que não tendo nunca sido citado no decorrer
do presente trabalho, muito contribui para a formação da minha opinião. O
autor analisa os vários domínios onde a pobreza se manifesta.
Posteriormente, faz uma abordagem à evolução e distribuição das fontes de
rendimento pela sociedade.
Estrutura
Num primeiro momento do texto o autor procura demonstrar que as
áreas urbanas são as mais afectadas pelos problemas relativos às condições
de habitação, saúde e educação.
Na verdade, esta situação passa-nos muitas vezes ao lado, mas é
uma realidade cada vez mais palpável e preocupante.
Ulteriormente, o autor tenta então descrever mais
pormenorizadamente cada um destes embaraços e obstáculos dos sujeitos
pobres.
Num terceiro e último momento, o autor destaca outra questão que
não deixa também de ser pertinente: os efeitos da inflação nos diferentes
grupos sociais, sublinhando a importância da redistribuição justa entre os
diversos grupos sociais.
No meu entender, este texto apresenta-se bem construído,
fornecendo ao leitor uma esclarecedora visão sobre uma boa parte do
processo de pobreza, nomeadamente nas zonas urbanas. Peca, no entanto,
pela inexistência de uma eventual síntese das duas problemáticas, que a
meu ver, seria pertinente. Contudo, é um texto muito explícito e claro o que
é importantíssimo para que não se perca o interesse do leitor.
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4. Avaliação de uma página da Internet
No âmbito dos objectivos deste trabalho, optei por avaliar a página
do Diário de Notícias
<http://dn.sapo.pt/2005/10/18/sociedade/combate_a_pobreza_prioridade_
a_idoso.html> dada a essencial informação que dela se pode retirar, entre
outros critérios quando em comparação com outras páginas encontradas.
No meu entender, é uma página com um bom alcance no que toca a
um campo vasto e ao tratamento do tema, sendo as dimensões da sua
informação tratadas de uma maneira genérica.
Na verdade, em termos de leitura, consulta ou impressão, é uma
página acessível, não exige um software específico, podendo ser consultado
em qualquer computador com ligação à Internet. Acrescento ainda que o
seu lado fluído permite uma fácil e acessível navegação, o que acaba por
transmitir alguma amabilidade para com a página.
Apesar da sua data de edição ser um pouco antiga (18 de Outubro de
2005), a cobertura da página, para mim ainda se encontra actual, uma vez
o tema em estudo não ser um problema que tenha eclodido dias atrás. É
um problema, a meu ver, que sempre foi e sempre será vigente na nossa
sociedade.
Respeitante à integridade da página, não me parece que seja de
algum modo tendenciosa. Apenas assenta em realidades políticas, sociais,
culturais e económicas, mas penso que se assim não fosse também não
despertaria uma certa credibilidade ao leitor.
Outro ponto positivo a assinalar é o facto da página se encontrar
escrita em português, o que a mim me facilita imenso. Do mesmo ponto de
vista, podermos aceder, nos dias de hoje, a páginas gratuitas é uma grande
vantagem, o que é o caso desta.
Apesar de não ter um autor designado, a presença em destaque do
Jornal de Notícias; o reconhecimento de que esta instituição goza; a
presença de múltiplos links, variados documentos e outros pareceres, dá
uma fiabilidade destacada. Da mesma maneira que falo desta fiabilidade,
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reitero também da apresentação gráfica da página. É atractiva mas simples,
não prejudicando por isso a sua leitura.
Concluo fazendo uma avaliação positiva no geral da página, quer pelo
contributo que me deu ao trabalho, quer pela sua funcionalidade para quem
a consulte ou já tenha consultado. Destaco ainda, numa avaliação mais
crítica, o facto do texto não ser inédito, mas, por sua vez, atractivo, não
repetitivo e bem escrito.
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5. Conclusão
Um dos dados mais relevantes da recomposição social da população
portuguesa é precisamente o seu empobrecimento. Este é visível tanto nas
sociedades mais desenvolvidas e industrializadas como nas mais
subdesenvolvidas. Ainda que o processo da pobreza seja uma realidade do
país, à semelhança do que se verifica na Europa, também no território
nacional, a distribuição da população mais pobre não é homogénea. Há
distinção entre os pobres pertencentes aos diferentes grupos de
funcionalidade; entre a população urbana e rural; entre homens e
mulheres; etc.
Desta maneira, tentei da forma mais pormenorizada possível, no
decorrer do presente trabalho, explicar todo o fenómeno da pobreza urbana
no território português, uma vez o tema ser muito abrangente.
Espero, de facto, que tenha conseguido responder aos sub temas que
mencionei no início, numa visão clara mas de elevada pertinência.
No âmbito dos objectivos da cadeira, penso ter, de entre o que já
sabia e do que aprendi na cadeira, o que foi muito, correspondido ao que
me foi pedido a partir do momento em que me interessei pela realização
deste trabalho. Confesso que um trabalho académico não é tão simples
quanto pensava. Ao início aparentou-me algumas dificuldades, no entanto,
considero que foi uma experiência gratificante de profunda aprendizagem e
convívio com os mais variados meios e técnicas.
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6. Referências Bibliográficas
Abranches, Sérgio Henrique; Coimbra, Marcos António e Santos, Wanderley
Guilherme dos (1994), Política social e combate à pobreza. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor.
Almeida, João Ferreira de et al. (1992), Exclusão social: factores e tipos de
pobreza em Portugal. Oeiras: Celta Editora.
Cardoso, Ana (1993), A outra face da cidade: pobreza em bairros
degradados de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa.
Carvalho, Adalberto Dias de (1999), As cidades e os rostos da
exclusão. Porto: Universidade Portucalense Infante D. Henrique.
Castro, Alexandra et al. (2001-2002), Avaliação de impactes do Rendimento
Mínimo Garantido. Lisboa: Instituto para o Desenvolvimento Social, vol. 4 e
5.
Costa, Alfredo Bruto da (1985), A pobreza em Portugal. Lisboa: Serviços da
Cáritas Portuguesa.
Costa, Alfredo Bruto da e Silva, Manuela (1989), Pobreza urbana em
Portugal: um inquérito a famílias em habitat degradado, nas cidades de
Lisboa, Porto e Setúbal. Lisboa: Centro de Reflexão Cristã: Departamento
de Pesquisa Social, Cáritas Portuguesa.
Delgado, João Paulo Ferreira (2000), A pobreza e a marginalização social do
séc. XV aos nossos dias. Porto: Universidade Portucalense Infante D.
Henrique.
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Faísca, Luís Miguel; Freitas, Maria João e Maia, Hortense Lopes (1992), Para
um estudo das representações sociais da pobreza em meio urbano. Lisboa:
LNEC.
Gameiro, Aires (1987), Iniciação à dinâmica das sociedades e dos grupos.
Porto: Edições Salesianas.
Mela, Alfredo (1999), A sociologia das cidades. Lisboa: Editorial Estampa.
Ministério do Trabalho e da Solidariedade (1998), Dizer não à pobreza: um
combate para ganhar: erradicação da pobreza 1997-2006. Lisboa:
Departamento de Estudos, Prospectiva e Planeamento.
Anexo A
“Domínios de Vulnerabilidade”, capítulo da obra Exclusão social:
factores e tipos de pobreza em Portugal (fotocopiado)
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