trabalho de psicologia av2
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ATIVIDADE 8
Aspectos Psicológicos das Relações Humanas. Lei Jurídica X Lei Simbólica:
leis organizadoras da vida em sociedade. Comportamento: comportamento
antissocial e violência. Transgressão e Lei Simbólica
Raízes orgânicas e sociais da violência urbana
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora acometa
indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais, é nos bairros pobres que ela se
torna epidêmica. A prevalência varia de cidade para cidade, e de um país para outro.
Como regra, a epidemia começa nos grandes centros e se dissemina pelo interior. A
incidência nem sempre é crescente; a mudança de fatores ambientais pode interferir
em sua escalada.
As estratégias que as sociedades adotam para combater a violência flutuam
ao sabor das emoções; o conhecimento científico raramente é levado em
consideração. Como reflexo, o tratamento da violência evoluiu muito pouco no
decorrer do século XX, ao contrário do que ocorreu com as infecções, câncer ou
AIDS.
Parte I - Raízes Orgânicas da Violência.
Características físicas e índole criminosa:
A explicação para o atraso no desenvolvimento de técnicas eficazes para
tratar a violência está nos erros do passado. No século XVIII, um anatomista
austríaco chamado Franz Gall desenvolveu uma teoria chamada de frenologia, que
seria para regular por regiões específicas do cérebro a maioria das características
humanas, inclusive o comportamento antissocial.
As pessoas com tendências criminosas poderiam, então, ser reconhecidas
pelo exame cuidadoso dessas protuberâncias e depressões ósseas presentes no
crânio.
Com o tempo, a frenologia caiu em descrédito, mas a tentação de identificar a
aptidão para o crime por meio de características físicas persistiu.
Depois de cem anos um italiano especialista em antropologia criminal
chamado Cesare Lombroso criou uma nova doutrina que ressuscitou a associação
das características físicas com uma suposta índole criminosa. Tais características
constituiriam os "stigmata".
Lobotomia e controle medicamentoso da agressividade
Em 1949, Egas Muniz, neurocirurgião português, ganhou o prêmio Nobel de
medicina em reconhecimento por haver introduzido a lobotomia, na prática médica. .
Na lobotomia, são seccionados os feixes nervosos que chegam e os que saem do
lobo frontal, localizado na parte anterior do cérebro, estrutura responsável pela
tomada de decisões a partir das informações captadas pelos sentidos.
Nos últimos 50 anos, essas teorias caíram gradativamente em descrédito, até
se tornarem execradas pelos estudiosos. Hoje, são consideradas exemplos típicos
de ideologias pseudocientíficas que foram utilizadas para justificar arbitrariedades
graves.
A politização afastou a comunidade acadêmica da área e a violência urbana
passou a ser entendida como um fenômeno de raízes exclusivamente sociais.
Qualquer tentativa de caracterizar um substrato orgânico para a agressividade física
gerava debates carregados de emoção e até manifestações políticas.
Aspectos biológicos da violência
Na década de 1970 os americanos tomaram consciência de que as
dificuldades enfrentadas com as minorias do centro deteriorado das grandes cidades
de seu país não desapareceriam espontaneamente. Ao contrário, a violência
aumentava apesar do maior rigor em puni-la.
O comportamento humano, no entanto, não se acha condicionado às
características que herdamos de nossos pais. Ele é resultado de interações sutis
entre genes, condições ambientais e experiências de vida.
Bioquímica e fatores sociais envolvidos na violência
1) O papel do álcool - Numa sociedade como a ocidental, em que o hábito de
tomar dois drinques por dia é considerado abstinência por muitos, não é de se
estranhar que de cada três crimes violentos, dois sejam cometidos sob efeito
de bebidas alcoólicas. Grande parte das agressões mortais tão comuns na
periferia das cidades brasileiras acontece nos bares, e muitos ladrões
ingerem álcool antes de sair para o assalto.
2) Neurotransmissores - A experiência descrita com o álcool deixa claro que
existem mediadores químicos envolvidos nos mecanismos que conduzem à
agressividade. O mediador mais estudado tem sido a serotonina, substância
que transmite sinais entre os neurônios, ligada às sensações de prazer, mas
também às depressões, distúrbios de alimentação e dependência de cocaína.
Diversos pesquisadores estão concentrados na caracterização dos receptores
aos quais a serotonina se liga na superfície dos neurônios, para exercer seu
efeito. Outro neurotransmissor que parece estar envolvido na modulação da
violência é a vasopressina. Verificaram que níveis mais altos de vasopressina
estavam associados a comportamento mais agressivo.
3) Lobo frontal - Muitos autores acreditam que o córtex do lobo frontal,
camada de massa cinzenta que recobre o lobo, exerce influência importante
no controle da impulsividade e do comportamento violento.
4) A genética - Embora muitos considerem politicamente incorreto, os
estudos conduzidos entre irmãos gêmeos univitelinos (iguais) criados na
mesma família ou crescidos sem contato em lares distantes, são altamente
sugestivos de que um componente genético esteja envolvido na
agressividade.
Em ratos, já foram identificados 15 genes que interferem com a
agressividade, entre eles o da MAOA. A identificação de alguns desses
genes, às vezes, aparece nas manchetes da imprensa leiga, como
representando o descobrimento do "gene da agressividade". Conhecimentos
elementares de genética, entretanto, demonstram que comportamentos
complexos como a violência nunca são regulados por um gene único; estão
sob o comando de uma constelação de genes que interagem através de
mecanismos de extrema complexidade.
5) A violência das crianças - Crianças cronicamente violentas
freqüentemente apresentam comportamento hiperativo, dificuldade de
concentração na escola, ansiedade, confusão mental, impulsividade, ideação
fantasiosa e tendências autodestrutivas. Esses distúrbios emocionais se
agravam quando essas crianças se agrupam com outras, portadoras de
comportamentos semelhantes. É importante ressaltar que a maioria das
crianças violentas deixam de sê-lo na adolescência. No caso dos adultos mais
agressivos, porém, as raízes do comportamento anti-social costumam já estar
presentes na infância, sugerindo que a agressividade seja um fenômeno
bastante estável no decorrer da vida.
Apesar de essas conclusões serem criticáveis por não levarem em conta a
influência poderosa do meio ambiente, a existência da agressividade física na
infância é irrefutável. Se não considerarmos as conseqüências da agressão e
olharmos apenas para o comportamento agressivo, a idade mais violenta de
todas é a de 2 anos.
Predisposição à agressividade e à violência
O estado emocional-afetivo de cada indivíduo é estabelecido por uma
delicada rede de neurônios que convergem para determinadas áreas do cérebro, e
pelos neurotransmissores liberados por eles na condução do estímulo. As reações
individuais dependem, então, da sintonia fina dessa circuitaria de neurônios em
ação.
Como a violência não é um fenômeno homogêneo, suas manifestações são
graduadas por circuitos específicos de neurônios.
Há evidências claras de que genes herdados dos pais influenciam a estrutura e
função dessas circuitarias de neurônios. O fator genético, no entanto, interage com
as influências do ambiente desde as fases mais precoces do desenvolvimento da
criança. A própria estrutura das conexões envolvidas nesses circuitos é
dramaticamente modelada pelos acontecimentos sociais da infância.
Parte II - Raízes Sociais da Violência
Concentração populacional e violência
Em 1962, John Calhoun publicou na revista Scientific American um
experimento sobre as conseqüências do aumento da população de ratos, numa
gaiola com um comedor na parte central e outros distribuídos pelos cantos.
Naqueles anos, o experimento foi um prato cheio para os
comportamentalistas (behavioristas) e o público em geral. Oferecia uma explicação
simples para a epidemia de violência que a TV começava a mostrar nas grandes
cidades: turbas enfurecidas, polícia, bombas de gás lacrimogêneo, saques e as
gangues urbanas. Assim como os ratos se matavam por uma posição no meio da
gaiola, os homens se agrediam no centro das cidades, concluíram todos.
Aprendendo com os chimpanzés
Em 1982, dois holandeses, F. De Waal e K. Nieuwenhuijsen publicaram um
estudo fundamental com os chimpanzés mantidos na colônia de Arnhem. Nela, os
chimpanzés ficavam soltos numa ilha durante o verão e eram recolhidos a uma
clausura com calefação nos meses frios. O espaço nesse ambiente fechado ficava
reduzido a apenas 5% daquele disponível nos meses quentes, na ilha. Depois de
analisar os dados colhidos em centenas de horas de observação de campo, os
autores concluíram que, fechados, os chipanzés pareciam mais irritados, às vezes,
tensos, mas não abertamente agressivos. Entre os primatas, o aumento da
densidade populacional não conduz necessariamente à violência desenfreada.
Diante da redução do espaço físico, criamos leis mais fortes para controlar os
impulsos individuais e impedir a barbárie. Tal estratégia de sobrevivência tem lógica
evolucionista: descendemos de ancestrais que tiveram sucesso na defesa da
integridade de seus grupos; os incapazes de fazê-lo não deixaram descendentes.
Definitivamente, não somos como os ratos.
Principais causas sociais da violência
1) Desigualdade econômica - a desigualdade parece funcionar como caldo de
cultura para a disseminação do comportamento agressivo. Sociedades que
vivem em estado de pobreza generalizada tendem a ser menos violentas do
que aquelas em que há pequeno número de ricos e uma grande massa de
pobres. A diferença de poder aquisitivo, no entanto, não é causa única. A
violência urbana é uma doença multifatorial. Além disso, a desigualdade não
explica por que num bairro pobre, e até numa mesma família, somente alguns
se desviam para o crime, enquanto os demais respeitam as regras de
convivência social.
2) Uso de armas - A alta concentração de armamento em certas áreas da
cidade cria,
uma "ecologia do perigo". No mundo do crime, as armas são o poder. os que
vivem do crime precisam dispor de armas competitivas em relação às da
polícia e de quadrilhas rivais, instala-se nas cidades uma corrida por
armamentos sem fim, responsável pelos ferimentos mais letais
3) Crack - Segundo o criminologista, a prisão dos líderes mais velhos do tráfico
provocou a chegada dos mais jovens ao comando, e "os jovens não estão
entre os melhores solucionadores de conflito - sempre brigam".
Nas Casas de Detenções a democratização do uso aumentou a demanda de
traficantes, pulverizou o comando, quebrou a ordem interna da cadeia e
resultou em aumento de agressões graves e assassinatos.
4) Quebra dos laços familiares - No mundo todo cresce o número de filhos
criados sem apoio paterno. São crianças concebidas por mães solteiras ou
mulheres abandonadas por seus companheiros.
No Brasil, o problema da gravidez na adolescência é especialmente grave
nas áreas mais pobres. Os estudos mostram que os filhos dessas jovens
apresentam maior probabilidade de serem abandonados, mal cuidados e
sofrer espancamento doméstico.
5) Encarceramento - Muitos dos programas adotados no mundo todo e em
nossas Febems para controlar a agressividade juvenil, podem ser piores do
que simplesmente inúteis. O agrupamento de jovens de periculosidade
variável não acalma os mais agressivos: serve de escola para os ingênuos.
Todos parecem estar de acordo com o fato de que nossas cadeias funcionam
como universidades do crime, mas é importante saber que diversos estudos
confirmam essa impressão.
6) Índices de encarceramento - a sociedade chega a defender posições
antagônicas: muitos acham que se todos os delinqüentes fossem para a
prisão (ou fuzilados, como preferem alguns) a paz voltaria às ruas. Ao
contrário, há quem diga que nossas cadeias são centros de pós-graduação e
que a sociedade ganharia mais construindo escolas do que novos presídios.
Apesar da grande dificuldade em encontrar alternativas ao modelo prisional
clássico, é preciso ter claro que o encarceramento em massa é um
experimento de conseqüências mal conhecidas, com potencialidade para
fortalecer o crime: empobrece e desorganiza famílias, desagrega vínculos
sociais, expõe o presidiário ao contágio com a violência das cadeias e
dificulta sua inclusão posterior no mercado de trabalho.
7) O caso americano - Curiosamente, os crimes violentos que aumentaram
sem parar desde a década de 1960, em 1992 e 1993, começaram a diminuir
de forma significante no país inteiro, e permanecem em queda até hoje.
Muitos interpretam essa queda como resultado da maior eficiência policial,
outros atribuem-na às menores taxas de desemprego resultantes do
desempenho favorável da economia americana nos últimos anos.
Hipótese surpreendente
Não há soluções mágicas para bloquear os fatores biológicos e sociais que
aumentam a probabilidade de um indivíduo resolver seus conflitos pessoais por meio
de métodos violentos. A violência urbana deve ser entendida como doença de causa
multifatorial, contagiosa, com aspectos biológicos e sociais que precisam ser
estudados cientificamente para podermos desenvolver estratégias seguras de
prevenção e tratamento.
ATIVIDADE 10
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Infância,
Juventude e Idoso, Infância e Juventude.
O adolescente no Brasil e o ato infracional
A realidade do Brasil configura–se da mesma forma, nas favelas, contribuindo
para a precariedade da vida de seus habitantes, aumentando significativamente a
delinqüência juvenil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente utiliza a terminologia “ato infracional” para
atribuir o fato praticado pelos mesmos, embora enquadrável como crime ou
contravenção na esfera penal. . Assim, para os atos infracionais praticados por
jovens menores de dezoito anos, não se comina pena, mas se aplicam medidas
sócio-educativas.
A maior parte dos jovens infratores brasileiros praticam furtos para garantir
sua sobrevivência. Como também, uma grande parte é viciada em drogas. Estes
jovens procuram nas drogas um refúgio, diante da realidade tão adversa e a prática
de furtos é, tão somente, uma maneira de obter recursos para continuar sua
interminável fuga.
Portanto, o sistema de proteção integral previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente revela que a preocupação maior do ordenamento jurídico é a
reeducação e ressocialização destes agentes. No entanto, os atos infracionais
praticados chocam pela idade dos que os praticam e pela brutalidade com que são
cometidos.
Atualmente, os adolescentes estão ficando cada vez mais violentos e tal
comportamento inicia–se cada vez mais cedo. Outro problema é que as principais
vítimas destes jovens infratores são também crianças e adolescentes. A maioria dos
transgressores esta na mesma faixa etária. Na maioria dos casos, esse quadro se
completa com a desestruturação da família. Boa parte dos infratores são filhos de
pais separados ou alcoólatras. Outro dado preocupante é que 50% dos homicídios
praticados por adolescentes tinham uma certa ligação com o tráfico de drogas, onde
atualmente é praticamente chefiado por menores de idade.
Os atos infracionais comumente praticados por jovens, em alguns casos não
somente são cometidos por aqueles que estão em nível de pobreza; a situação atual
dos adolescentes, no que diz respeito ao ato infracional, alcança também os jovens
da classe média e de alta escolaridade.
Não há, interesse da legislação brasileira em apenas punir, mas tentar resgatar esse
adolescente entregue à delinqüência enquanto ele ainda é passível de tratamento
eficaz de revitalização. Esta legislação específica visa proteger o peculiar estado de
desenvolvimento psicossocial, que entendem os legisladores, não torná-los aptos a
serem punidos por suas ações delituosas como se adultos fossem.
É preciso enxergar o ato infracional como conseqüência de um processo de
exclusão a que estes jovens estão submetidos como: falta de acesso à escola, à
oportunidade de lazer, à opção de vida, ao convívio familiar, à relação com a
comunidade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis medidas sócio-educativas
Advertência - seu propósito é alertar o adolescente e seus genitores ou
responsáveis para os riscos do envolvimento no ato infracional.
Obrigação de reparar o dano - determinando que o adolescente restitua a coisa,
promovendo o ressarcimento do dano, ou outra forma compense o prejuízo da
vítima.
Prestação de serviços à comunidade - na prestação de serviços comunitários,
por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como programas comunitários
ou governamentais.
Liberdade assistida - a medida sócio-educativa da Liberdade assistida se
apresenta com grande relevância, em virtude da possibilidade do adolescente
cumpri-la junto à família, porém com o controle sistemático do Juizado da Infância e
da Juventude.
Inserção em regime de semiliberdade - como regime e política de atendimento,
entende-se como medida sócio-educativa destinada a adolescentes infratores que
trabalham e estudam durante o dia e à noite recolhem-se a uma entidade
especializada.
Medida sócio-educativa de internação - é a mais severa de todas as previstas no
Estatuto, por privar o adolescente de sua liberdade. Deve ser aplicada somente aos
casos mais graves, em caráter excepcional e com observância.
Centro de Atendimento Sócio-Educativo é o lugar onde é cumprido o art. 121 do
ECA. A internação de um menor infrator não é aprovada por crimes como roubar
um par de tênis. No Case, estão os jovens que cometeram assassinatos, estupros,
roubos seguidos de morte e tráfico de drogas. Na visão de alguns dos menores o
Case é um hotel cinco estrelas. Em comparação ao que eles tinham na rua. No
Case, bem ou mal, eles têm alimento, escola e psicólogo. Tudo que a sociedade
deveria manter.
Conselho Tutelar
Seus membros são escolhidos pela comunidade local orienta a Lei 8.069/90,
assim a sociedade confia a eles que zelem para que sejam cumpridos os direitos
fundamentais que a Constituição e as Leis prescrevem no que se refere à criança e
ao adolescente, sujeitos então destes direitos.
O Conselho Tutelar não deve ser acionado sem que antes o munícipe tenha
acessado o serviço público específico de que necessita para si, para seu familiar ou
vizinho.
Este órgão, não foi previsto para fazer aquilo que os que deveriam fazer não o
fazem; atender em substituição ou na ausência de. Sua criação se deu exatamente
para corrigir os desvios daqueles que, devendo prestar certo serviço e/ou cumprir
certa obrigação não o fazem, seja por negligência, seja por falta de vontade, seja
porque simplesmente repetem antigos hábitos, usos e costumes do abolido Código
de Menores. Caracteriza-se por um espaço que protege e garante os direitos da
criança e do adolescente, no âmbito municipal.
Reunindo as características que definem o Conselho Tutelar, podemos dizer
que este órgão, formado por pessoas, desempenha e executa suas atribuições,
especificadas no Estatuto da Criança e do Adolescente, de forma contínua e
ininterrupta (permanente), com independência funcional para deliberar e realizar
suas ações sem qualquer interferência externa (autonomia), não lhe cabendo
apreciar e julgar os conflitos de interesses (não-jurisdicional), função, esta, própria
do Poder Judiciário.
A integração da criança e do adolescente é um problema considerado de
importância fundamental para os magistrados. A atração exercida pelo tráfico de
drogas e a miséria em que estão submetidas as famílias são itens comuns em que
se pautam as preocupações dos juízes da infância e da juventude. O enfrentamento
dos problemas de ordem política e social envolve o cotidiano dos juizados. Neste
sentido, as atribuições dos juízes ultrapassam a função assistencial e judiciária,
pois eles estão sendo levados a abandonar a cômoda posição de administradores
do direito, passando a utilizar da autoridade da Justiça para cobrar a efetivação dos
direitos da criança e do adolescente. A doutrina da proteção integral transforma os
juízes em atores políticos legítimos na luta pela execução do Estatuto, pois ao
aplicar as medidas em prol da "cidadania infantil", eles muitas vezes são levados ao
enfrentamento direto com a classe política. A garantia dos direitos à criança e ao
adolescente depende da mobilização de diversos agentes, inclusive do Poder
Judiciário, a fim de transformar a luta pelo exercício da cidadania infantil numa
questão de prioridade na agenda política governamental.
A inquietação dos juízes da infância reflete a pressão por eles sentida de ter
que levar a lei onde os direitos não chegaram. Num esforço em cumprir o Estatuto,
os juízes estão entrando em conflito com outros órgãos políticos do estado. O
principal desafio do juiz, atualmente, é fazer cumprir o artigo 227 da Constituição
Federal, que determina para a família, a sociedade e o Estado o dever de assegurar
com absoluta prioridade os direitos da criança e do adolescente.
De acordo com o Estatuto, as condições à execução das medidas sócio-
educativas devem ser providenciadas pelo Executivo.
Idéias que dão certo
Para conquistar a confiança de um garoto marginalizado é preciso um
trabalho permanente, que começa em aceitar seu jeito de ser, para que possa
vivenciar novos valores, em oposição aos valores de violência. É um processo longo
e permanente. Essa é a filosofia dos projetos em prol destes garotos.
Projetos como este, são merecedores de destaque, porem ainda há muito que
ser feito.
Os números mostram que cerca de um terço – ou mais de 500 adolescentes –
estão na faixa etária de 12 a 13 anos representando mais de um caso atendido por
dia na delegacia. É a precocidade no mundo do crime. Essa é a pura realidade, são
garotos envolvidos de uma forma ou de outra com o tráfico de drogas. Esses
adolescentes chegam trazidos pela prática de furtos, roubo, uso ou tráfico de drogas
e porte ilegal de armas, além de homicídios. Tanto no caso do furto como do roubo
ou do porte, são infrações geralmente cometidas para o sustento do vício.
Registram-se casos envolvendo garotos de 11 anos, mas o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) permite que somente a partir dos 12 anos seja levado para a
DEA. O ECA considera infrator a partir dos 12 anos. Antes disse, o menor é
encaminhado para o Conselho Tutelar da Criança.
ATIVIDADE 11
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Área Cível:
Família.
Psicologia aplicada ao Direito de Família
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988,
adquiriu, pela sua própria constitucionalização e ante a sua maior abrangência,
abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma
abordagem multidisciplinar.
Os novos direitos de família estão a exigir, em benefício de suas próprias noções
fundamentais e do efetivo exercício que eles reclamam, a atuação interprofissional
daqueles que direta ou indiretamente participam das questões familiares, de forma
preponderante no âmbito judicial.
Não há como negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse
profissional, a consolidar, na maioria das vezes, o caráter de obrigatoriedade no
Juízo de Família, a que tanto essa atuação tem sido institucionalizada na estrutura
judiciária, mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias
de quadros próprios, aparelhados para as suas atribuições específicas.
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial
sob a moldura da intervenção do psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a
avaliação técnica do caso.
O âmbito de intervenção da psicologia jurídica, em face do direito de família,
tem sido reconhecido, proclamado e expandido, eis que predominante o caráter
multidisciplinar das demandas perante o juízo de família, não mais restringida a
atuação do psicólogo apenas às situações de disputa de posse, guarda e visitação
de filhos.
A importância de uma equipe técnica profissional e interprofissional nas Varas
de Família, diante da sua revelada magnitude, reclama, destarte, tratamento próprio
e adequado em termos da estrutura de serviços judiciários, não devendo, ademais,
descuidar a lei a respeito, que deve cogitar da necessária intervenção dos
profissionais da área psicossocial em tais processos.
É significativo, apontar, portanto, no propósito desse trabalho, dentre muitas
questões, as seguintes:
01.A busca e apreensão de filhos tem a sua aplicação como procedimento
inerente aos incidentes dos institutos da guarda judicial ou da visitação, e
resulta como medida de tutela de urgência diante das circunstâncias do caso
concreto, sem que, necessariamente, diga respeito às hipóteses em que a
criança buscada esteja em situação de risco (físico ou psicológico).
Evidencia-se nesse tipo de disputa de posse e guarda o manifesto risco de
dano psicológico à criança, a demonstrar uma severa necessidade, em casos
judiciais que tais, da intervenção do psicólogo jurídico, tudo a confirmar a
conveniência da medida, diante da própria natureza instrumental ou provisória
de que pode se revestir, impedindo, com efeito, a abusividade ou a
agressividade de sua aplicação.
02.Novas concepções para a abrangência das indenizações por dano moral,
causado por uma conduta lesiva de um cônjuge (ou convivente) ao outro,
levantadas pela doutrina e pela jurisprudência, reclamam a intervenção do
psicólogo, na compreensão e detecção do problema.
A abrangência e extensão do dano moral puro, consagrado em pergaminho
constitucional (art. 5º, incisos V e X), embora ainda limitadas em sede do
direito de família, podem ser alcançadas na consideração do ato lesivo
diretamente associado às consequências do sofrimento psicológico dele
resultante, instigando o psicólogo jurídico a definir, pelas particularidades da
causa, o elmo protetor do instituto.
O dano moral pressupõe dor física ou moral, e se configura sempre que
alguém aflige outrem injustamente, sem com isso causar prejuízo patrimonial.
Exemplos fundamentais dizem respeito ao dano moral provocado por injúrias,
sevícias e agressões físicas praticadas pelo cônjuge ou convivente contra o outro,
caracterizadoras da insuportabilidade da vida em comum, ou ainda pela infidelidade,
quando a quebra desse dever pode gerar o dever de indenizar, observadas as
circunstâncias do caso. Nessa última hipótese, tenha-se presente, o entendimento
de o dever de "fidelidade recíproca" para os cônjuges guardar similitude ao dever
"respeito e consideração mútuos" exigido aos conviventes.
Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras,
subjetivas, a verdade do litígio judicial não tem, a rigor, uma precisão absoluta.
Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa ruptura
está em função das versões que se apresentam, e, muitas vezes, não se poderá
saber se aquela causa que é apresentada como a que provocou a separação será, a
rigor, a sua própria consequência. E nessa sensação de perda, os próprios cônjuges
(ou conviventes) não sabem responder as causas que os levaram a esse
rompimento da sociedade conjugal (ou da união estável). Talvez os filhos saibam
responder melhor, mas não o farão, porque as grandes dores são mudas, e o juiz se
coloca numa situação difícil de saber superar essa perplexidade, para definir se
aquela ruptura do casamento (ou da união estável) decorreu de situações pelas
quais os próprios cônjuges (ou conviventes) não contribuíram de forma deliberada.
Também é certo, ainda em direito de família, a responsabilização civil entre
pais e filhos, quando aspectos singulares norteiam a relevância do tema nas
relações familiares. O abandono material dos pais em face dos filhos, a partir da
clássica falta de provimento alimentar, ausente justo impedimento, ou a atitude do
pai que se recusa ao reconhecimento voluntário do filho, quer por deliberada
omissão, quer por resistência ao processo investigatório da paternidade, constituem,
induvidosamente, situações que desafiam uma aferição de dano moral, provocando
o contributo do psicólogo jurídico.
É justamente o comprometimento da personalidade do ofendido incapaz,
visualizado pelo ato ilícito da falta de reconhecimento da paternidade, quando
afastada qualquer dúvida, ou quando do próprio desinteresse manifesto de afastá-la,
que gera o dano moral, ao ter negado ao filho o direito à sua verdade biológica, que
serve de interesse maior à formação da personalidade. Haverá de ser visto pelo
psicológico jurídico "o ânimo e a potencialidade de agressão do ofensor", e a
extensão do dano sofrido, inclusive para efeito de sua quantificação econômica,
independentemente dos níveis de percepção da ofensa pelo incapaz, certo que o
interesse dominante é o do resguardo da integridade moral da criança, tutelado por
lei e pela dignidade humana.
Desse modo, as indicadas situações danosas para a incidência indenizatória
em direito de família, estão a exigir, cada vez mais, o trabalho da psicologia jurídica,
principalmente para estabelecer a identificação da causa determinante ensejadora
da reparação civil, definindo a etiologia do evento, com a fixação da relação de
causalidade.
03.Outra prática de intervenção tem, por certo, reconhecer um novo modelo de
responsabilidade parental que se apresenta no instituto da guarda
compartilhada.
Ele é defendido por atualizados estudiosos do Direito de Família, atentos à
valorização do efetivo convívio da criança com ambos os pais, assim
verificado pelo exercício comum da autoridade do poder familiar, praticada
esta de forma costumeira e não apenas episódica.
Nessa perspectiva, é fácil constatar a importância do psicólogo jurídico, com
intervenção capaz de realçar e privilegiar a oportunidade do instituto,
pontificando que a convivência conjunta (e não alternada) com os pais faz-se
oportuna sobre o integral desenvolvimento da criança.
04.De igual importância tem lugar a intervenção profissional em apoio
psicológico aos filhos de casais em processo de separação da sociedade
conjugal ou da união estável.
No desenrolar dessas demandas, os filhos são, induvidosamente, os mais
vulneráveis e os que melhor precisam ser amparados, durante a litigiosidade
judicial dos pais.
05.A averiguação oficiosa de paternidade prevista na Lei nº 8.560, de 29 de
dezembro de 1992, sob procedimento plenamente cabível e oportuno nos
Juizados Informais de Família, cujo modelo pioneiro teve criação e
funcionamento no Poder Judiciário do Estado de Pernambuco ( Resolução nº
150/2001, do TJPE, de nossa iniciativa ), deve contar, para o êxito do
reconhecimento espontâneo de filho, com a intervenção do psicólogo jurídico.
Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão oportunizando
uma visão jurídica mais avançada e reconstrutiva do próprio Direito familiar, na
medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate jurisdicional.
Em juízo de família, não se resolvem apenas os litígios; resolvem-se pessoas.
ATIVIDADE 12
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. O psicólogo
na área penal e no sistema prisional.
O Sistema Prisional Brasileiro e a Psicologia
“Por mais elevadas que sejam as qualidades de um povo, se ele não tiver
força moral, energia e perseverança, jamais o direito poderá prosperar” (Rudolf von
Ihering).
No Brasil, o primeiro tipo de normas jurídicas aplicadas no Brasil adveio de
Portugal, das Ordenações Manoelinas, que posteriormente foram substituídas pelo
Código de Dom Sebastião, que em seguida dava lugar às Filipinas. Essas
legislações eram resquícios, ainda, do direito medieval, embutido de uma
religiosidade inenarrável. O crime era confundido com o pecado, puniam-se os
hereges, apóstatas, feiticeiros e benzedores. As penas, severas e cruéis (açoites,
degredo, mutilação, queimaduras etc.). Além da larga cominação da pena de morte,
executada pela forca, com tortura pelo fogo, dentre outras, eram comuns as penas
infamantes, o confisco e as galés.
Situação contemporânea
É público e notório, a vilipendiação do Sistema Prisional Brasileiro, quanto à
capacidade de ressocialização e de assistência ao apenado, pois se nota o total
despreparo da máquina estatal em tratar do fruto da sua repressão, exprimida pelas
desigualdades sociais.
. O perfil do detento brasileiro indica que ele é, em sua maioria, do sexo
masculino, pobre, branco, tem baixa escolaridade, e geralmente cometeu crime
contra o patrimônio: furto ou roubo, e que, sendo condenado ao regime fechado, ele
reincide em 45% dos casos. O homicídio é o segundo crime mais cometido,
perdendo apenas para o delito do roubo, observava-se que, o homicida era aquele
criminoso que cometia o crime, geralmente, sob forte emoção ou pressão
psicológica, mas, nota-se, cada vez mais, a prática deste crime por motivos fúteis.
A sociedade tem que refletir sobre a questão da criminalidade e aceitá-la
como sendo ela a genitora de tal situação. Tem que haver mais exemplos como o da
cidade de Itaúna/MG, que diante da rebelião que destruiu a cadeia pública do
município, através do Juiz e do Promotor, sensibilizou toda a população no sentido
de que a execução é antes de tudo responsabilidade de cada cidadão.
A psicologia tem feito um esforço sobre-humano para amenizar a situação,
baseada nas ideias pioneiras de Feuerbach e Romagnosi, trata do diagnóstico e
prognóstico criminais. Ocupa-se com o estudo das condições psicológicas do
homem na formação do ato criminoso, do dolo e da culpa, da periculosidade e até
do problema objetivo da aplicação da pena e da medida de segurança. Tal estudo
torna-se imprescindível na prevenção do crime e na disciplina dos institutos da
liberdade condicional, da prisão aberta, das penas alternativas e outros. Divide-se
em Psicologia individual, criada por Adler, com base na psicanálise criminal (Freud,
Adler, Jung), em que se estuda o delinquente isoladamente no sentido da
reconstrução dinâmica do delito, considerado algumas vezes como resultado do
conflito psíquico; Psicologia coletiva, que tem por finalidade o estudo da
criminalidade das multidões em especial; e Psicologia Forense (ou judiciária), que se
ocupa do estudo dos participantes do processo judicial (réu, testemunhas, juiz,
advogado, vítima etc.).
Dentro do presídio, a psicologia trabalha com etapas (basicamente):
Entrevista inicial; Entrevista de orientação; Orientação Psicológica; Grupos de
Convivência e Grupos de Convivência.
O sistema punitivo necessita de uma reorganização. Tem que se mudar os
métodos arcaicos de tentativa de ressocialização, as penas alternativas têm que sair
da ideia para prática, o corpo penal tem de fazer uma reciclagem, a realidade fática
que se nos apresenta é diversa da pretendida na Lei Maior Brasileira (Constituição)
e pela Legislação Penitenciária. Deve-se tirar o recluso da ociosidade, reeducá-lo,
formando a pessoa humana, dando-lhe uma vocação, para reinseri-lo na sociedade.
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