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'Se o paciente melhorava, que malfaria?', diz criador da 'pílula do câncer'REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
02/03/2016 02h00
O professor aposentado da USP cujo trabalho com achamada "pílula do câncer" acabou mobilizandomilhões de reais em verbas públicas e causandocontrariedade em boa parte da comunidade científicado país diz que o boca a boca entre pacientes emédicos o levou a distribuir por décadas a substância
conhecida como fosfoetanolamina para doentes decâncer.
"Como o médico indicava e o paciente estava melhorando, eu pensei: que malhaveria em dar?", declarou à Folha o químico Gilberto Orivaldo Chierice, 72."Não considerava que aquilo era responsabilidade minha, eraresponsabilidade do médico que fazia a indicação. Eu nunca analiseininguém, até porque não sou médico, o cara é que me trazia o examemostrando o antes e o depois com resultados bons."
Chierice recebeu a reportagem da Folha na varanda de sua casa, que fica apoucos metros de um dos portões do campus principal da USP em São Carlos(SP). Fumando continuamente um cigarro de palha ("Não consigo parar porsemvergonhice mesmo, acho", brinca), o pesquisador se disse convicto daeficácia da molécula estudada por ele e seus colegas, embora ressalte que nãohá "milagre" na ação da substância.
"Não estou dizendo que é uma panaceia. Se vai funcionar 200% em todos ostipos de câncer, não sou eu que tenho de dizer isso, os testes é que vãomostrar, mas por que não deixar que eles sejam feitos?", questiona.
Omar Freitas/Folhapress
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Gilberto Chierice, professor da USP que sintetizava a fosfoetanolamina, substância conhecida como'pílula do câncer'.
No fim de 2015, após uma enxurrada de ações judiciais e manifestações
organizadas pelos pacientes que queriam ter acesso à substância, o MCTI(Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) anunciou que investiria R$ 10milhões para testar a eficácia da fosfoetanolamina, a começar por ensaios comanimais de laboratório.
Ao mesmo tempo, o governo estadual de São Paulo traçou um plano parainiciar estudos controlados da molécula com cerca de 200 pacienteshumanos. Segundo o ministério, os experimentos com animais estão prestes acomeçar. Já o projeto paulista aguarda sinal verde da Conep (ComissãoNacional de Ética em Pesquisa).
Foi justamente a falta de evidências sobre a segurança e eficácia do produtoque levou muitos especialistas a questionar o uso informal e a pressão paraque verbas de pesquisa fossem destinadas ao tema a toque de caixa.
"Até onde sei, há centenas de moléculas mais promissoras que essa sendoavaliadas por pesquisadores brasileiros hoje", resume Rafael Roesler,pesquisador do Departamento de Farmacologia da UFRGS (UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul). "As evidências da possível utilidade dafosfoetanolamina contra o câncer ainda estão num nível muito básico."
De fato, do currículo de Chierice constam só seis trabalhos publicados sobre amolécula em revistas científicas internacionais (de um total de mais de 80envolvendo outras áreas de pesquisa ao longo de sua carreira). As pesquisassaíram entre 2011 e 2013 e versam apenas sobre a ação da "fosfo", como échamada, em culturas de células em laboratório e animais.
Nenhum estudo envolvendo pacientes humanos foi publicado ainda. Adivulgação de resultados em revistas científicas é considerada um passoessencial para validar uma hipótese de pesquisa, já que os dados, antes deserem publicados, precisam passar pelo crivo de outros cientistas da área.
PARCERIA INTERROMPIDA
Chierice, no entanto, argumenta que foram justamente testes controlados emhumanos, os quais teriam sido feitos nos anos 1990, os responsáveis pormotivar o interesse inicial dos pacientes na substância. Ele cita o convênio assinado em 1996 entre o IQSCUSP (Instituto de Químicada USP de São Carlos), onde lecionava, e o Hospital Amaral Carvalho, de Jaú(SP), hoje um dos centros de referência no tratamento de câncer do interiorpaulista, cujo objetivo teria sido avaliar a aplicação clínica da "fosfo".
O trabalho de Chierice inicialmente não tinha nenhuma aplicação médica suaespecialidade era a química analítica, ou seja, as técnicas para quantificar oque acontece numa reação química.
Ele e seus colegas estavam estudando eletrodos que fossem seletivos para oelemento químico cálcio, ou seja, que "atraíssem" o cálcio de forma específica."Para isso, seria interessante ter um cristal de fosfato, talvez um cristalorgânico, e a fosfoetanolamina parecia se encaixar bem nesse perfil", conta.
Ao estudar as propriedades da molécula em meados dos anos 1980, porém,ele diz ter ficado assustado ao ver que trabalhos mais antigos apontavam umarelação entre a "fosfo" e a presença de tumores em animais, o que sugeria queela poderia ser cancerígena. "A gente ficou preocupado em mexer comaquilo", afirma.
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aquilo", afirma.
De acordo com ele, análises mais aprofundadas da literatura científicaindicaram que ela era muito comum em todo o organismo, sendo fabricadanos músculos e no fígado, além de estar presente no leite materno e até emfrutos do mar.
"Aí me veio o estalo: e se for algo que o organismo está produzindo paracombater o tumor?", relembra Chierice. "Parecia algo alvissareiro."
A equipe, que já tinha contato com o Amaral Carvalho e com a Faculdade deMedicina da Unesp de Botucatu, conseguiu que a segunda instituição fizessetestes de toxicidade da "fosfo" em roedores.
"Ficou demonstrado que ela não era tóxica, muito pelo contrário, e que podiaser usada em qualquer ser vivo", afirma Chierice. Segundo ele, isso teriaanimado a equipe e levado ao estabelecimento de um protocolo de testes empacientes do hospital de Jaú.
ALTAS DOSES
É nesse ponto que não está totalmente claro o que aconteceu. Quando a Folhaquestionou o Amaral Carvalho sobre a parceria com a equipe de Chierice, aresposta inicial foi que o convênio só se referia ao teste de próteses feitas apartir de óleo de mamona, outra linha de pesquisa do químico na época.
A reportagem obteve então cópias do convênio assinado em 1996, o qualincluía, além da menção aos produtos derivados de mamona, a previsão deestudos conjuntos sobre "novas moléculas para disfunções celulares" segundo Chierice, esse era o termo então usado para designar a "fosfo".
A Folha perguntou se o hospital confirmava essa informação, mas, por meiode sua assessoria de imprensa, a direção do Amaral Carvalho disse que nãoiria se manifestar sobre o tema.
Chierice, porém, afirma que alguns pacientes chegaram a receber doses altasda molécula inicialmente, teriam sido 30 comprimidos por dia e teriam tido
melhoras significativas. Para atender à demanda, diz que desenvolveu ummétodo mais eficaz de síntese da "fosfo". "Passamos a produzir um sal comaltíssimo grau de pureza", afirma. Embora o convênio tenha expirado em2001, sem que o hospital continuasse a linha de pesquisa, Chierice afirma queo sucesso inicial fez com que outros médicos que tinham ficado sabendo dainiciativa sugerissem que seus pacientes fossem buscar a droga em SãoCarlos.
"Aí o médico ainda vinha pegar para ele, para a mãe, para a avó e para tia. Emuitos coleguinhas da USP também vinham pedir, embora eu nunca tenhafeito propaganda", ironiza o químico.
Ao longo dos anos, diz que nunca distribuiu menos de 40 mil pílulas por mês.Dividindo esse número por 60 (a dose mensal que recomendava para cadadoente), ele estima que cerca de 700 pessoas recebiam a "fosfo" todos osmeses.
Para ele, esse número "já prova" que a molécula é eficaz, afirmação da qualquase todos os demais especialistas discordam sem um controle rígido doestado de saúde de cada paciente e um acompanhamento constante de longoprazo, é impossível saber se a causa da melhora desses pacientes foi mesmo a"fosfo".
"É um processo que está completamente fora da maneira como se estuda ummedicamento contra câncer. Você cai num ciclo de pensamento mágico", dizRoesler.
Chierice diz que tentou retomar a avaliação clínica da droga diversas vezesdesde 2001, mas teve dificuldade de encontrar interessados. Foi por meio deuma parceria com pesquisadores do Instituto Butantan que a equipeconseguiu publicar os trabalhos que parecem elucidar o mecanismo de açãoda "fosfo" no organismo.
Segundo esses estudos, a molécula seria capaz de alterar radicalmente ofuncionamento das células tumorais, que normalmente são anaeróbicas(grosso modo, não "respiram" oxigênio). A substância forçaria as células decâncer a ficarem aeróbicas, ativando suas mitocôndrias (as usinas de energiadas células).
das células).
"Se você enfia a fosfo numa célula de câncer, é como colocar gasolina azul[usada em aviões] num Fordinho 1929: vai voar pistão para todo lado",compara Chierice.
"CIENTISTA TÍPICO"
Antigos colegas de Chierice, do IQSC, se mostraram relutantes em conversarcom a reportagem a Folha apurou que o caso da "fosfo" causou malestargeneralizado. Um deles, que preferiu não se identificar e é professor da USPhá mais de 20 anos, conta que, enquanto o pesquisador estava na ativa, adistribuição constante das pílulas para pacientes não despertou nenhumareação coletiva entre seus pares.
"Mesmo que isso causasse surpresa, num ambiente como a universidade, oque você poderia fazer para coibir uma atividade de alguém que estava nomesmo nível administrativo que você? A rigor, nada. Não se vê isso comonegligência, mas simplesmente como não fazer algo que não é da sua alçada,caso você não tenha um cargo administrativo", explica o pesquisador.
Segundo ele, Chierice nunca pareceu fugir do perfil típico dos demaispesquisadores da universidade. "Sempre me pareceu um cara simples, nadele", diz. Para o químico, o surpreendente é que situações parecidas nãosejam mais comuns. "A falta de regulação ainda é muito mais a regra do que aexceção na universidade."
Chierice, de fato, descrevese como um sujeito "comum demais". Pai de umcasal de filhos e avô de cinco netos, descendente de italianos e natural dapequena Rincão (SP), afirma não ter ídolos entre os grandes nomes daciência. "Sou o único cientista que acredita no Criador", brinca, dizendose"católico, mas muito ecumênico". Gosta muito de pescar, "mas antes de meaposentar não tinha tempo para isso, e agora a 'fosfo' me pegou de jeito".
O químico atribui o tamanho da polêmica sobre o produto à proibição de suafabricação na USP depois que ele se aposentou. "Com 700 pessoas usando pormês, é lógico que haveria ações judiciais", diz. "Não me chamaram deprofessorzinho aposentado, de garrafeiro? Pois agora que provem que nãofunciona de verdade."
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"Pois agora que provem que não funciona de verdade." Típica declaração cientificamente
desonesta. Em ciência tem que se "provar que funciona", para o que há regras e normasestabelecidas e não argumentar pedindo uma prova de que não funciona. Pode se fazerconjecturas como "há vida em parte" e como argumento dizer "prove que não há vida em marte".
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Peter J (8341) (07h36) há 8 minutos 0 0 Denunciar
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