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Londrina - Paraná 2015
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
SANDRO LUCAS SOFIATI
PHYSIS L14: Sistema de Avaliação Física e Prescrição de Exercício Físico
SANDRO LUCAS SOFIATI
Cidade ano
AUTOR
Londrina - Paraná
2015
PHYSIS L14: Sistema de Avaliação Física e Prescrição de Exercício Físico
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Dartagnan Pinto Guedes
SANDRO LUCAS SOFIATI
PHYSIS L14 - Sistema de Avaliação Física e Prescrição de Exercício Físico
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado
Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre Profissional conferido pela Banca
Examinadora:
_________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Universidade Norte do Paraná
_________________________________________
Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera Universidade Norte do Paraná
_________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo José do Nascimento
(Membro Externo)
_________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Coordenador do Curso
Londrina, 23 de Fevereiro de 2015.
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação
Sofiati, Sandro Lucas S718B PHYSIS: sistema de avaliação física e prescrição de exercício
físico / Sandro Lucas Sofiati. Londrina: [s.n], 2015. 113f. Dissertação (Mestrado). Exercício Físico na Promoção da
Saúde. Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes 1- Educação física - dissertação de mestrado - UNOPAR
2- Exercício físico 3- Software 4- Sistema online 5- Avaliação física 6exercício I- Guedes, Dartagnan Pinto, orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 796
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela vida, pela possibilidade de avançar no
conhecimento e, através dele, proporcionar crescimento e ajuda em nossa
área. Agradeço e glorifico o santo nome de Jesus.
A minha esposa Andréa, a minha filha Ana Clara e ao meu filho Daniel
Stéfanno (in memórian) em todos os momentos dessa realização do Mestrado.
Aos meus pais Moacir e Maria Madalena, que sempre me incentivaram,
me apoiaram de todas as formas que um pai e uma mãe podem realizar para
seus filhos.
Ao meu Orientador Dartagnan Pinto Guedes, que acreditou no meu
potencial e me ofereceu oportunidade para realização do mestrado.
Ao Mazinho e ao Francisco Cusco, que foram pessoas no momento
certo, sem estes grandes amigos talvez não chegaria ao final.
Ao Fernando Henrique, que protagonizou muitos momentos importantes
para que este projeto pudesse chegar onde chegou, meu muito obrigado.
Aos professores da UNOPAR e aos colegas de curso que dividiram
alegrias e dificuldades durante o processo de pós-graduação.
Agradeço aos membros da Banca Examinadora, pelas considerações e
contribuições para o aprimoramento do Relatório Técnico.
A amiga Taiara que me ajudou imensamente, muito obrigado.
Agradeço aos profissionais de educação física que atuam nas
academias que direta ou indiretamente participaram e contribuíram para a
coleta de dados.
“Feliz o homem que acha
sabedoria, e o homem que
adquire conhecimento; porque
melhor é o lucro que ela dá do
que o da prata, e melhor a sua
renda do que o ouro mais fino.
Mais preciosa é do que pérolas,
e tudo o que podes desejar não é
comparável a ela. O alongar-se
da vida está na sua mão direita,
na sua esquerda, riquezas e
honra.”
(Provérbios 3:13-16)
SOFIATI, Sandro Lucas. PHYSIS L14 - Sistema de Avaliação Física e Prescrição de Exercício Físico. Trabalho de Conclusão Final de Curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015.
RESUMO
Objetivo da proposta foi delinear e desenvolver sistema computadorizado,
denominado Physis L14, direcionado à avaliação física e à prescrição de
exercício físico que permite aos profissionais interessados utilizarem ferramenta
apropriada e segura neste campo de atuação. O Physis L14 tem por finalidade
atender duas necessidades principais: reunir protocolos e procedimentos
disponíveis na literatura especializada voltados à avaliação de atributos morfo-
funcionais de interesse para o campo do exercício físico; e disponibilizar rotinas
de prescrição de exercício físico que possam servir de embasamento necessário
para tomada de decisão em sua orientação. O conteúdo do sistema
computadorizado é constituído de 11 rotinas de avaliação morfo-funcional
(anamnese clínica, crescimento físico, maturação biológica, desempenho motor,
composição corporal, proporcionalidade, somatótipo, estado nutricional, prática
habitual de atividade física, aspectos funcional-hemodinâmico e
musculoesquelético) e três rotinas de prescrição de exercício físico direcionadas
aos programas de controle de peso corporal, aptidão cardiorrespiratória e
força/resistência muscular. O software foi desenvolvido em linguagem PHP, Java
Script para ambiente web disponibilizado nos quatro principais navegadores de
Internet: Internet Explorer, Chrome, Mozzila e Opera. Foram realizados testes de
usabilidade e aplicabilidade e registrado no INPI (Registro de Marcas e
Patentes). A expectativa, é que o Physis L14 venha a constituir-se em
ferramenta on-line que possa atender profissionais que prestam serviços
relacionados à avaliação e à prescrição de exercício físico. Acredita-se ainda
que, em razão da qualidade de informações com características acadêmicas
nele contidas, o sistema possa se apresentar como opção de uso na formação
de futuros profissional no campo do exercício físico.
Palavras-Chave: Software, sistema on-line, avaliação física, exercício físico.
SOFIATI, Sandro Lucas. PHYSIS L14 - Sistema de Avaliação Física e Prescrição de Exercício Físico. Completion of Coursework. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2015.
ABSTRACT
Proposal's objective was to delineate and develop computerized system
called Physis L14, directed to physical assessment and exercise prescription
that will allow interested professionals use appropriate and safe tool in this field
of work. The computerized system Physis L14 aims to meet two main needs:
gather protocols and procedures available in the specialized literature aimed at
the evaluation of morphological and functional attributes of interest to the field of
physical exercise; and provide physical exercise prescription routines that may
serve as a necessary basis for decision-making in its orientation. The contents
is structured in 11 routines of morpho-functional evaluation (clinical history,
physical growth, biology maturation, motor performance, body composition,
proportionalidad, somatotype, nutritional status, habitual physical activity,
functional-hemodynamic and musculoskeletal aspects) and three exercise
prescription routines directed to body weight control programs, cardiorespiratory
fitness and muscular strength/endurance, each addressing specific attribute of
interest to the professional. The software was developed in PHP, Java Script for
web environment available in the four major Internet browsers: Internet
Explorer, Chrome, Mozilla and Opera. Usability and applicability tests were
performed and registered with the INPI (the Patent and Trademark Office). The
expectation is that the software will constitute an important working tool for
professionals in the area. At first, the intention is to prepare and manage an
online tool that can meet professionals who provide services related to
assessment and exercise prescription. However, it is believed that, because of
the quality of information with academic features in it, the system can also
present as an option to use university courses in vocational training in the
exercise field.
Key-words: Software, online system, physical evaluation, physical exercise.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................1
1.1 – Justificativa........................................................................................... 2
1.2 – Contribuição esperada......................................................................... 4
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 6
2.1. Composição Corporal.................... .......................................................... 7
2.2. Crescimento Físico................................................................................... 9
2.3. Maturação Biológica................... ........................................................... 12
2.4. Desempenho Motor................................................................................ 14
2.5. Proporcionalidade.................................................................................. 18
2.6. Somatótipo............................................................................................ 20
2.7. Estado Nutricional ................................................................................ 25
2.9. Atividade Física Habitual...................................................................... 28
2.10 Aspectos musculoesquelético.............................................................. 34
2.11 Aspectos funcionais-hemodinâmicos................................................... 43
2.12. Prescrição de exercício físico ............................................................. 60
3.METODOLOGIA .......................................................................................... 64
4.DESENVOLVIMENTO.................................................................................. 65
5. Referências Bibliográficas referente ao Produto......................................... 86
6 - ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................... 90
7. Referências Bibliográficas referente ao artigo.......................................... 106 TABELA 1 ............................................................................................................ 110 FIGURA 1............................................................................................................ 111 TABELA 2 ........................................................................................................... 112 TABELA 3 ........................................................................................................... 113
1
1. INTRODUÇÃO
Objetivo da proposta foi delinear e desenvolver sistema computadorizado,
denominado Physis L14, direcionado à avaliação física e à prescrição de exercício
físico que permite aos profissionais interessados utilizarem ferramenta apropriada e
segura neste campo de atuação.
O sistema computadorizado Physis L14 tem como finalidade atender duas
necessidades principais: reunir protocolos e procedimentos disponíveis na literatura
especializada voltados à avaliação de atributos morfo-funcionais de interesse para o
campo do exercício físico; e disponibilizar rotinas de prescrição de exercício físico
que possam servir de embasamento necessário para tomada de decisão em sua
orientação. O seu conteúdo é estruturado em 11 rotinas de avaliação morfo-
funcional e três rotinas de prescrição de exercício físico, cada uma abordando
atributo específico de interesse para o profissional da área.
Inicialmente, o sistema apresenta protocolo voltado à anamnese clínica do
praticante de exercício físico. Na sequência, disponibiliza protocolos para tratar de
três atributos de interesse exclusivo entre praticantes mais jovens de exercício físico:
crescimento físico, maturação biológica e desempenho motor. Em seguida, o
sistema reuni protocolos sobre avaliação de atributos de cunho morfológico que
devem ser monitorados tanto em jovens quanto em adultos: composição corporal,
proporcionalidade corporal e somatótipo. Depois, os usuários tem a disposição
rotinas de avaliação de dois atributos fortemente vinculados aos hábitos de vida de
jovens e adultos, e motivo de grande interesse para o campo do exercício físico:
estado nutricional e atividade física habitual. As duas outras rotinas de avaliação
focam atributos relacionados aos sistemas funcionais; portanto, estreitamente
associados à capacidade de realização de esforço físico: aspectos funcional-
hemodinâmico e musculoesquelético. Também são disponibilizadas rotinas de
prescrição de exercício físico direcionadas aos programas de controle de peso
corporal, aptidão cardiorrespiratória e força/resistência muscular.
A expectativa é que o software venha a constituir-se como importante
instrumento de trabalho para os profissionais da área. Em um primeiro momento, a
intenção é preparar e dirigir ferramenta on-line que possa atender profissionais que
prestam serviços relacionados à avaliação e à prescrição de exercício físico.
2
Acredita-se ainda que, por causa da qualidade de informações com características
acadêmicas nele contidas, o sistema possa também se apresentar como opção de
uso aos cursos universitários de formação profissional no campo do exercício físico.
1.1. Justificativa
Avaliação de atributos relacionados à prática de exercício físico tem sido
preocupação constante dos profissionais da área. E esse receio se justifica,
considerando que avaliar indicadores que apresentam relação direta ou indireta
com a realização de esforço físico constitui tarefa cuja importância é comparável à
complexidade, à diversidade e à dificuldade que lhes são inerentes. Os profissionais
da área, no desempenho de suas funções, precisam tomar inúmeras decisões
sobre prescrição e orientação da prática de exercício físico; contudo, decidir o
que e como avaliar exige conhecimentos e habilidades específicos cada vez mais
complexos (Guedes, Guedes, 2006).
Os protocolos, os procedimentos e os recursos utilizados para avaliação e
prescrição de exercício físico relacionado à saúde vêm se modificando
extraordinariamente sob influência do desenvolvimento científico e tecnológico
observado nesse campo, que, por sua vez, é muitas vezes determinado por
diferentes tendências acadêmicas e profissionais.
A popularização da internet permitiu reunir pessoas com interesses comuns,
independente de sua localização geográfica e agrupá-las em comunidades virtuais.
Possibilitando ai grande poder de negociação e transferência de conhecimento. O
aumento de investimentos em novas ferramentas tecnológicas, novos portais, sites,
etc., tem sido significativo, proporcionando que empresas entrem e informatize
todos seus conteúdos técnicos e de dados e as que ainda não entraram já estão
definindo metas e se organizando para tal (Maya, Otero, 2002).
A informatização está exercendo influência na sociedade, culturas e no modo
como empresas são dirigidas. Segundo a opinião de estudiosos, a economia da
informação irá se introduzir e mudar quase todos os aspectos da vida diária (Kotler,
Armstrong, 2003). A revolução digital permite que empresas que até então
precisavam de estruturas enormes, atualmente já podem funcionar de maneira
3
virtual 24 horas por dia com estruturas muito reduzidas e, em alguns casos,
entregando produtos para seus clientes no formato digital.
Umas das maiores vantagens da internet consiste em sua disponibilidade
global (Amor, 2000). A informática e a robótica ampliam as possibilidades da
inteligência humana, simplificam os processos, tarefas administrativas, estatísticas
e contábeis e diminuem as necessidades do trabalho humano (Pérez Lindo, 2000).
Para alguns especialistas, uma organização virtual é uma quase-firma, é criada a
partir de ligações digitais entre várias companhias, de tal modo que seria impossível
determinar seus limites (Kenn, 1991).
Não existe como ignorar a participação das tecnologias de informação e
comunicação na sociedade atual. Pesquisador relacionou trabalhos que enfocam
como as tecnologias baseadas em computadores afetam a vida dos indivíduos, os
quais se detêm sobre as transformações que elas trouxeram para a cultura, a vida
doméstica, a vida comunitária, o exercício profissional, as interações sociais, a
qualidade de vida e satisfação no trabalho, e o exercício da cidadania (Palmquist,
1992).
O mundo moderno vem sofrendo constantes transformações com a evolução
da ciência e da tecnologia e, constata-se que as escolas e as universidades
brasileiras não conseguiram acompanhar os avanços, se forem comparados com a
grande maioria dos setores da sociedade brasileira. As transformações tecnológicas
são extremamente notáveis principalmente nas últimas décadas, tanto que
passaram a ser ferramentas indispensáveis ao homem moderno.
Por intermédio da internet o ser humano comunica-se com qualquer parte
do mundo, numa rapidez como nunca ocorreu na história da humanidade. Esse
recurso permite às pessoas, em um curto espaço de tempo, pesquisar,
comercializar, fazer amizades virtuais, entre tantas outras formas de comunicação.
Nesta mesma velocidade tem sido necessário que as pessoas se adaptem e
busquem maior conhecimento e treinamento neste seguimento. Profissionais mais
qualificados são exigidos diariamente e, da mesma forma, produtos com melhor e
maior desempenho. Devido a demanda e grande necessidade proporcionada pela
internet, surgem assim a globalização, que é um dos fatores que ajudam a viver e
estudar na era da informação (Andalécio, 2005).
4
Mudanças têm sido notadas e exigidas nas instituições em geral.
Professores, alunos e a própria sociedade estão se comportando ou já começaram
a se comportar com esta nova mudança em virtude deste fenômeno. Pesquisadores
defendem outra estratégia em que advoga que a comunicação empresarial
necessitará conciliar duas importantes vertentes existentes no campo
organizacional: a vertente institucional e a vertente mercadológica, o que garantirá
um reforço de imagem comprometida com a cidadania, bem como a obtenção de
resultados favoráveis (Bueno, 2003).
O mundo está vivenciando transformações muito rápidas e drásticas, que
estão alterando o comportamento da sociedade como um todo e as organizações
sofrem os reflexos destas alterações de modo cada vez mais intenso e irreversível.
Estudiosos salientam que, atualmente ocorre uma nova forma de relação entre
economia, estado e sociedade, como resultado da revolução tecnológica que está
na base da chamada “sociedade da informação” (Castells, 1999). A Sociedade da
Informação é um conceito utilizado para descrever uma sociedade e uma economia
que faz o melhor uso possível das Tecnologias de Informação e da Comunicação.
Em uma Sociedade da Informação, os indivíduos aproveitam as vantagens das
tecnologias em todos os aspectos das suas vidas: no trabalho, em casa e no lazer,
como por exemplo, a utilização da internet, intranet, correio eletrônico, entre outros
(Ribeiro et al., 2003).
1.2. Contribuição Esperada
Tratando-se de uma ferramenta on-line, o software possibilitará aos
profissionais envolvidos na área de exercício físico maior flexibilidade em suas
ações, potencializando ganho de tempo, aplicação imediata e resposta confiável
aos usuários.
Revisando a literatura e contemplando protocolos de serviço mais atuais
permitirá aos profissionais, estudantes e demais envolvidos utilizarem uma
ferramenta prática, com atualizações frequentes, devidas a facilidade de
manutenção por estar on-line.
Permitindo sua operação de qualquer local por intermédio de um simples
ponto com internet deverá facilitar enormemente o manuseio da ferramenta e
5
permitir acesso e retorno mais facilitado e seguro para o profissional.
Com tais evidências foi proposto o desenvolvimento do sistema
computadorizado em questão, contemplando este software que venha a abranger
conteúdos específicos de avaliação Física e prescrição de exercício físico.
6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O conteúdo do sistema computadorizada está estruturado em 11 rotinas de
avaliação morfo-funcional e três rotinas de prescrição de exercício físico.
2.1. Anamnese clínica
Quanto à necessidade de realizar anamnese clínica, evidências têm
apontado que a principal causa de desistência nos estágios iniciais dos programas
de exercício físico esta associada aos desconfortos induzidos por determinado tipo
de esforço físico, muitas vezes, no momento, contra-indicado diante das condições
atuais de saúde apresentadas pelo indivíduo (Heyward, Gibson, 2014). Portanto,
mesmo aparentemente não havendo qualquer dúvida acerca do estado de saúde do
praticante de exercício físico, este deve ser submetido a minuciosa anamnese
clínica, especialmente aquele que até então havia incorporado hábitos de vida mais
sedentários.
Protocolos empregados em anamnese clínicas devem incluir quantidade
suficiente de informações que permita tomada de decisão adequada quanto à
condição de realização de esforço físico. Neste caso, obviamente, quanto mais
completas e precisas forem as informações, na seqüência, mais segura e acurada
será a avaliação e a prescrição de exercício físico. No entanto, muitas vezes, pelo
custo considerável para o sistema médico, essas condições ideais não são
possíveis. Dessa forma, dependendo da idade e dos hábitos de vida, pode haver
alguma simplificação. Todavia, é conveniente que, previamente ao início da
participação em programas regulares de exercício físico, todos os indivíduos pelo
menos sejam submetidos a uma anamnese clínica, e aqueles com mais de 35-40
anos, além da anamnese, ao perfil de fatores de risco predisponentes às disfunções
cardiovasculares, a fim de identificar aqueles portadores de risco mais elevado
(Jonas, Phillips, 2009).
Diversos profissionais da saúde, como é o caso do educador físico,
reconhecem a importância da avaliação mais específica para indivíduos jovens,
adultos e idosos que iniciam programas regulares de exercício físico (ACSM, 2013).
O histórico de saúde e hábitos pode ser breve; porém, direcionados para que o
profissional possa se necessário intervir ou até mesmo encaminhar ou indicar
7
melhor opção para aquela situação especial.
A anamnese clínica torna-se fundamental para individualizar e oferecer
direcionamentos do exame físico e testes de aptidão física. É importante nesta
triagem a detecção ou a presença de sintomas quando induzidos ao esforço físico,
conhecer sobre hábitos e comportamentos de risco para saúde, também uso de
suplementos dietéticos e elementos ergogênicos (ACSM, 2013).
A morte súbita deve ser vista como uma realidade cada vez mais próxima e
deve ser evitada com todo empenho, para tanto, todas as medidas cabíveis de
prevenção devem ser adotadas (Jonas, Phillips, 2009). Considera-se, então, que
anamnese clínica deve ser seguida de avaliação física quando o indivíduo não se
enquadra em grupo de risco ou de propensão à eventual desfecho mais importante,
e deve ser seguida da realização de exames médicos quando for apontado hábitos
prejudiciais a saúde ou sinais de suspeita de alguma anomalia funcional ou histórico
familiar de doenças cardiometabólicas e respiratórias.
Dos exames físicos, considera-se a realização de teste ergométrico como
indispensável para avaliação cardiorrespiratória. Informações disponibilizadas pela
medicina do exercício físico apontam que este teste possa detectar até 61% das
eventuais desordens cardiovasculares (ACSM, 2013). Especialistas da área
sugerem que todas as pessoas, independente do nível de condicionamento físico,
devam ser incentivadas a realizar testes ergométricos, e não apenas atletas
submetidos a rotinas intensas de treino. Os testes ergométricos são procedimentos
de baixo risco com complicações extremamente raras.
Devido a escassez de informações pertinentes ao tema na área de educação
física, via de regra, busca-se referências de outras áreas da saúde para identificar
e, assim, compor uma definição mais completa para a anamnese clínica. Define-se
a anamnese como a primeira fase de um processo, em que a coleta de dados
permite ao profissional de saúde identificar eventuais problemas, planejar e
implementar sua assistência (Heyward, Gibson, 2014).
2.2. Composição Corporal
Conceitualmente, composição corporal refere-se ao fracionamento do peso
corporal em seus diferentes constituintes e pode oferecer, portanto, valiosas
informações sobre o comportamento de indicadores associados ao crescimento
8
físico e aos programas de controle de peso corporal mediante intervenções
dietéticas e de prática de exercício físico (Ellis, 2000).
Nesse particular, admite-se que, independentemente do período biológico
em que o individuo se encontra os componentes que podem causar maiores
variações nas medidas de peso corporal são os músculos, os ossos, as gorduras e
a água. Em vista disso, torna-se possível levantar hipótese de que, em certos
casos, determinados indivíduos com valores mais elevados para as medidas de
peso corporal não apresentem, necessariamente, excesso de gordura. Nesses
casos, pode ser que os altos valores de peso corporal sejam resultantes de maior
desenvolvimento muscular associado à sólida constituição óssea, e não de
excessiva quantidade de gordura. Em contrapartida, nem sempre medidas de peso
corporal nos limites desejáveis traduzem perfil favorável dos componentes muscular
e ósseo. Pode ser que essas medidas de peso corporal, supostamente adequadas,
estejam sendo compensadas por excesso de gordura em detrimento de outros
componentes, o que reflete indícios de eventual aparecimento do estado de
obesidade.
Desse modo, pode ser que indivíduos, a princípio considerados com excesso
de gordura por apresentar medidas de peso corporal mais elevadas, sejam
simplesmente indivíduos com maior desenvolvimento musculoesquelético. E,
inversamente, indivíduos considerado "magros" por apresentar menores medidas de
peso corporal podem, na realidade, mostrar baixo peso corporal em razão de
deficiências no perfil muscular e/ou ósseo e não na quantidade de gordura.
A importância das informações associadas à composição corporal acentua-
se ainda mais ao se levar em conta a significativa interação observada entre a
proporção de cada um dos componentes do peso corporal e a relação suprimento-
demanda energética. Em vista disso, tanto em indivíduos na fase de crescimento
físico e de maturação biológica como na fase adulta, a proposição de rotinas de
avaliação mais recentemente tende a desconsiderar medidas de peso corporal
tratadas de forma isolada, recorrendo-se invariavelmente às informações
provenientes da composição corporal.
Com relação às técnicas de medida da composição corporal, são
empregados procedimentos de determinação direta, procedimentos laboratoriais e
9
procedimentos clínicos (Heymsfield et al., 2005). Os procedimentos diretos são
aqueles em que o avaliador obtém informações in vitro dos diferentes tecidos do
corpo mediante dissecação macroscópica ou extração lipídica. Apesar da precisão
esse procedimento implica em que suas incisões sejam invasivas, necessidade de
laboratórios extremamente sofisticados e cadáveres humanos. Apesar de eles
serem os mais completos e precisos e oferecer suporte teórico às demais técnicas
de medida, são os procedimentos laboratoriais e clínicos que possibilitam analisar
os componentes de gordura, massa magra ou isenta de gordura.
Nos procedimentos laboratoriais são obtidas informações sobre as variáveis
de domínio físico e químico, já nos procedimentos clínicos são envolvidas equações
de regressão a fim de correlacionar e predizer variáveis associadas aos
procedimentos laboratoriais que promoverão estimativas a respeito dos
componentes da composição corporal. É importante deixar claro que os
procedimentos laboratoriais e clínicos referem-se apenas às estimativas da
composição corporal, passíveis de vieses (Ellis, 2001).
Dois estudos importantes são referidos a área da composição corporal
merecendo destaque: o estudo de Matiegka (1921) realizado no início do século XX,
e o de Clarys et al. (1981), realizado na década de 1980. O de Matiegka
estabeleceu-se fracionamento do peso corporal de forma estanque e isolada entre
cada componente. Apesar de sua importância, este estudo desconsiderou
importantes pontos como princípios metabólicos e funcionais de fundamental
importância biológica, o que acarreta em inúmeras vezes resultados discrepante em
relação aos indicadores reais da composição corporal. Já no de Clarys, tornou-se
possível oferecer importantes contribuições sobre a relação entre os diferentes
tecidos e o peso corporal, surgindo importantes informações de grande interesse a
respeito da validação de vários outros métodos associados à composição corporal,
sobretudo o antropométrico. Diante da grande variedade e métodos associados à
avaliação da composição corporal, a principal preocupação refere-se a qual a
melhor escolha para atender suas necessidades.
2.3. Crescimento Físico
O ser humano não é biologicamente estático. Desde o momento da
concepção até a morte, ocorrem transformações quantitativas e qualitativas, tanto
10
no sentido evolutivo quanto no involutivo. Durante as duas primeiras décadas de
vida, as principais atividades do organismo humano são "crescer" e "desenvolver-
se", fenômenos simultâneos e condicionados à maior ou à menor velocidade do
processo maturacional e de sua interação com indicadores do ambiente.
Por definição, crescimento corresponde ao processo resultante da
multiplicação e da diferenciação celular que determina alterações progressivas nas
dimensões do corpo inteiro ou de partes e segmentos específicos, em relação ao
fator tempo, do nascimento à idade adulta. Em contrapartida, o desenvolvimento
caracteriza-se pela seqüência de modificações evolutivas em órgãos e sistemas do
organismo humano que induzem ao aperfeiçoamento de suas complexas funções
(Malina et al., 2004).
Em vista disso, considera-se que desenvolvimento apresenta conceito mais
abrangente que crescimento; contudo, com base em pressupostos associados às
inter-relações entre atributos morfológicos e funcionais, verifica-se que indicadores
do crescimento físico são pré-requisito para a otimização do processo de
desenvolvimento no organismo jovem, sobretudo no que se refere ao
desenvolvimento motor. Portanto, a monitoração do crescimento físico em crianças
e adolescentes torna-se consensualmente aceita como sensível instrumento de
utilização singular na aferição das condições predisponentes voltadas à
maximização do desenvolvimento orgânico.
A influência de componentes genéticos na determinação dos níveis de
crescimento físico parece ser indiscutível. Entretanto, faz-se necessário considerar
que fatores ambientais como alimentação, atividade física, estímulos psicossociais,
patologias debilitantes e aspectos básicos de saúde pública podem modificar
desfavoravelmente o que o patrimônio genético estabeleceu como predeterminante
(Tanner, 1962). Em vista disso, para a Organização Mundial da Saúde níveis de
crescimento físico entre crianças e adolescentes podem ser considerados
importantes indicadores da saúde e da qualidade de vida individual e coletiva de
uma comunidade. Assim, programa regular de acompanhamento de indicadores
associados ao crescimento físico poderá auxiliar na detecção de eventuais
agressões relacionadas à saúde de crianças e adolescentes (WHO, 2006).
Com relação aos recursos utilizados na avaliação do crescimento físico,
antropometria é o recurso mais empregado. A técnica antropométrica,
11
caracterizada primeiramente por antropologistas, hoje vem sendo utilizada e
aprimorada também por profissionais vinculados a várias outras áreas. Tecni-
camente, medidas antropométricas devem ser realizadas com instrumentos
específicos e procedimentos rigorosamente padronizados e preferencialmente
determinados nos limites de erros de medidas conhecidos (Roche, 1979).
Para escolha das medidas, contudo, devem levar em consideração
fundamentalmente os propósitos da avaliação do crescimento físico. O profissional
de educação física deverá considerar que em determinados momentos algumas
medidas antropométricas podem ser comuns a diferentes tipos de análise do
crescimento físico; outras medidas antropométricas, porém, podem ser específicas
de determinada área de atuação.
O Profissional de educação física observa que o crescimento físico pode
ser visualizado e analisado com base num grupo restrito de medidas
antropométricas que apresentam alguma relação entre si, similaridades em seus
aspectos biológicos. Em relação ao tamanho corporal as dimensões obtidas com
base no eixo longitudinal do corpo são as mais indicadas, considerando estatura
como principal medida, além de outras medidas serem frequentemente utilizadas
como a altura de diferentes seguimentos.
O crescimento fisico relacionado ao tamanho corporal também pode ser
analisado com indicadores da largura do corpo. Quando se deseja obter
informações sobre a estimativa do crescimento de ossos específicos, deve-se
também incluir medidas de comprimento e diâmetros das extremidades dos ossos
envolvidos. Com relação aos membros inferiores, destacam-se os comprimentos
da coxa e da perna e os diâmetros biepicondilar do fêmur e bimaleolar. Quanto aos
membros superiores, têm primazia os comprimentos do braço e do antebraço e os
diâmetros biepicondilar do úmero e biestilóide. Outro grupo de medidas
antropométricas são aquelas relacionadas aos perímetros. Com exceção do
perímetro cefálico(utilizado para o acompanhaento do desenvolvimento das
estruturas cerebrais nos primeiros meses de vida) as demais medidas de períme-
tros devem ser utilizadas com alguma cautela em razão de incluírem participação
simultânea de dimensões associadas aos tecidos ósseo e muscular, circundadas
por camada de gordura subcutânea. Ou seja, não apresentam definição clara com
relação à participação de um único tecido por si só em suas dimensões. No
12
entanto, considerando que nos casos das medidas de perímetros realizadas em
determinados pontos anatômicos localizados nos membros superiores e
inferiores, o tecido muscular pode apresentar importante participação em suas
dimensões, ocasionalmente tem-se recorrido aos perímetros do braço, do
antebraço, da coxa e da perna como indicadores do crescimento físico associado
ao tecido muscular.
Espessuras de dobras cutâneas são medidas antropométricas que também
podem oferecer importantes informações sobre o crescimento fisico de crianças e
de adolescentes. Suas dimensões procuram apresentar indicações sobre a
disposição da gordura corporal localizada nas regiões subcutâneas e as medidas
mais comumente empregadas na monitoração do crescimento físico são
destacadas nas regiões tricipital e subescapular.
A principal medida do crescimento físico com base na massa corporal é,
naturalmente, o peso corporal. No entanto, precauções devem ser tomadas
quando da interpretação de seus valores tendo em vista que, diferentemente das
demais medidas antropométricas consideradas, as dimensões do peso corporal
são resultantes da participação de diferentes constituintes corporais, como ossos,
músculos, gorduras e tecidos residuais. Portanto, para se obterem informações
mais precisas sobre o crescimento físico em relação à massa corporal, os
valores do peso corporal devem vir acompanhados de outras informações que
procurem identificar a proporção dos diferentes constituintes corporais.
O profissional além de considerar cada informação isoladamente pode
também, correlacionar algumas medidas antropométricas uma com as outras
mediante índices corporais, o que proporciona grande contribuição para análise do
crescimento físico.
2.4. Maturação Biológica
Desde o nascimento até à idade adulta, o organismo jovem passa por uma
série de estágios, o que implica grau crescente de maturação e caracteriza o
processo evolutivo da espécie humana. Por definição, maturação biológica refere-se
às sucessivas modificações que se processam em determinado tecido, sistema ou
função até que seu estágio final seja alcançado. Portanto, maturação deve ser
entendida como o processo de amadurecimento mediante o qual se atinge o estado
maduro, ou seja, a maturidade (Malina et al., 2004).
13
Se, por um lado, a dinâmica dos diferentes estágios de maturação dos
sistemas biológicos é semelhante em todos os indivíduos jovens, por outro podem
ocorrer variações individuais significativas em relação à época em que os estágios
maturacionais mais avançados são atingidos. Consequentemente, torna-se possível
distinguir jovens do mesmo sexo com maior ou menor grau de maturação que
outros de mesma idade cronológica, o que leva a algumas dificuldades quando
existe necessidade de desenvolver análises mais confiáveis sobre o processo
evolutivo das características biológicas antes de o indivíduo alcançar o estágio
adulto.
Em vista disso, para o profissional de exercício físico, além da idade
cronológica, informações sobre os estágios de maturação biológica podem definir-
se como de fundamental importância quando do desenvolvimento de análises de
atributos associados aos aspectos morfológicos e funcionais de indivíduos jovens.
Com relação aos recursos utilizados para estimativa da idade biológica,
dentre os inúmeros aspectos que se manifestam no organismo jovem e podem
traduzir diferentes estágios de maturação biológica, os indicadores a serem
utilizados devem satisfazer cinco condições:
(a) refletir mudanças em característica biológica específica;
(b) alcançar o mesmo estágio final em todos os avaliados;
(c) mostrar contínua evolução quantitativa e/ou qualitativa, de maneira que
discretos estágios Nesse continuum possam ser identificados;
(d) ser aplicável durante todo o processo de maturação orgânica; e
(e) ser independente de tamanho.
Ao rever literatura especializada na área, verifica-se que os indicadores mais
comumente utilizados na avaliação da maturação biológica incluem:
(a) idade de erupção dos dentes temporários e permanentes ― maturação
dental;
(b) idade de ossificação e fusões epifisiais ― maturação óssea;
(c) idade de aparecimento das características sexuais secundárias ―
maturação sexual; e
(d) idade de alcance de diferentes proporções em relação à estatura adulta
14
― maturação morfológica.
Quanto à interdependência dos indicadores de maturação biológica
utilizados, não se pode ignorar que nem todos os indicadores apresentam ritmo
maturacional na mesma velocidade. Por exemplo, até o final da primeira década de
vida o fenômeno biológico relacionado à erupção dos dentes permanentes já está
bem avançado; contudo, características sexuais secundárias apresentam-se, nesse
momento, em fase de franca imaturidade, muito mais distante do estágio adulto que
a dentição. Assim, por apresentarem origens embrionárias diferentes, a maturação
dental e a maturação óssea são substancialmente independentes uma da outra. Por
outro lado, identificam-se outros indicadores de maturação biológica que podem se
associar entre si, sobretudo na puberdade. Nesse particular, estágios mais
avançados sobre as características sexuais secundárias (maturação sexual), à
idade com que várias proporções da estatura adulta são alcançadas (maturação
morfológica) e à idade com que diferentes fusões epifisiais são completadas
(maturação óssea) estão fortemente relacionados (Bielicki et al., 1984).
2.5. Desempenho Motor
Infância e adolescência são períodos críticos, extremamente importantes,
associados aos aspectos de conduta e de solicitação motora. Nessa fase do
desenvolvimento humano, além das implicações de cunho fisiológico relacionadas
aos aspectos de maturação biológica, o organismo jovem encontra-se
especialmente sensível à influência de fatores ambientais e comportamentais tanto
de natureza positiva quanto negativa. Assim, o acompanhamento dos índices de
desempenho motor de crianças e adolescentes podem contribuir de forma decisiva
na tentativa de promover prática de atividades físicas no presente e para toda a
vida.
O acompanhamento dos índices de desempenho motor em sujeitos adultos
não está totalmente descartado; contudo, em razão do perfil biológico apresentado,
oferece informações extremamente limitadas e de menor aplicabilidade quando de
análises das capacidades motoras. Recomenda-se que prováveis indicações dos
atributos relacionados ao comportamento motor sejam estabelecidas o mais
precocemente possível com o fim de assegurá-los em níveis esperados até que o
processo de maturação biológica possa completar todo o seu potencial de
15
desenvolvimento.
De modo geral, o principal propósito de acompanhar o desempenho motor é
procurar obter informações do tipo quantitativo que possam propiciar comparações
inter e intra-avaliadores com o objetivo de identificar comportamento relacionado
aos aspectos de conduta e de solicitação motora. Dessa forma, em relação às
estratégias de coleta das informações tem-se disponível uma única opção: a
administração de testes motores.
Os testes motores caracterizam-se pela realização de uma tarefa motora
conduzida em situação que procure solicitar predominantemente uma capacidade
motora específica. Desse modo, um aspecto importante a considerar quando da
utilização dos testes motores refere-se à necessidade de tentar estabelecer a
variável fisiológica que deverá melhor relacionar-se com os resultados a serem
alcançados. No entanto, essa relação não deverá ser considerada como causa e
efeito, pois os resultados dos testes motores deverão envolver uma multiplicidade
de fatores que não podem ser explicados apenas pelos aspectos fisiológicos. Por
sua vez, os testes motores, pelas suas características, não devem ser empregados
como instrumento que possa determinar componentes fisiológicos que influenciam
diretamente a capacidade motora envolvida, mas apenas para servir como indicador
daquele fator fisiológico presumivelmente solicitado naquelas circunstâncias
previamente elaboradas (Guedes, Guedes, 2006).
Em vista disso, a seleção e a administração dos testes motores deverão ser
restritas àqueles que são mais sensíveis e podem responder às variações dos
fatores fisiológicos desejados. Esse método exige, portanto, que estudos prévios
sejam desenvolvidos a fim de serem evidenciados quais fatores fisiológicos os
testes motores possam solicitar prioritariamente.
Se, por um lado, os testes motores apresentam maior facilidade quando de
sua administração e têm como principal vantagem o fato de não exigirem
equipamentos sofisticados e com eles ser possível obter informações com menor
demanda de tempo, seu ponto fraco reside no fato de que os aspectos culturais,
motivacionais e ambientais podem facilmente contaminar seus resultados.
Dessa forma, os testes motores passam a apresentar maior aplicação prática
quando utilizados em avaliações comparativas de resultados de um mesmo
avaliado em diferentes momentos ou entre avaliados que apresentem aspectos
16
culturais e de motivação similares. Devem, portanto, ser evitadas avaliações
comparativas entre resultados de testes motores administrados em avaliados
pertencentes a diferentes realidades em relação aos hábitos de prática de atividade
física.
Ademais, quando da administração de um teste motor admite-se que a
capacidade motora supostamente envolvida com esse teste apresenta interferência
decisiva em sua resposta. Ao examinar seus resultados, porém, torna-se necessário
ponderar que a tarefa motora definida pode demandar habilidades específicas do
avaliado e exigir, portanto, alguma experiência motora anterior. Consequentemente,
a análise confiável da função fisiológica que possa vir a interferir na capacidade
motora envolvida no teste pode ficar prejudicada.
Por intermédio das tarefas motoras, por vezes torna-se impossível isolar a
participação de determinadas capacidades motoras, o que torna os resultados de
alguns testes motores dependentes de mais de uma capacidade motora. Em vista
disso, testes motores têm sido projetados de modo que, pela sua natureza, alguns
deles podem requerer maior número de capacidades motoras que outros. No
entanto, com relação à abrangência do desempenho motor, esta situação não deve
tornar esses testes motores mais relevantes que os demais, tendo em vista a
possibilidade de a menor especificidade de um teste motor comprometer um
diagnóstico mais preciso dos níveis de desempenho motor apresentados.
No tocante à sua interpretação, os resultados provenientes dos testes
motores podem ser analisados, em relação aos propósitos de análise do
desempenho motor, em valores relativos e/ou absolutos. Quando a análise dos
resultados for realizada com base em valores expressos em razão da própria
unidade de medida, como distância, tempo, número de repetições etc., diz-se que a
análise está sendo realizada em termos absolutos. No entanto, quando os
resultados dos testes motores forem corrigidos por relações matemáticas, por
alguma variável morfológica (peso corporal, estatura, comprimento do membro
inferior etc.), diz-se que análise está sendo realizada em termos relativos.
Por conseguinte, torna-se possível que a análise do desempenho motor em
relação ao sexo e à idade cronológica possa refletir comportamento específico ao
se utilizarem os resultados dos testes motores em termos absolutos, mas, ao se
considerarem os resultados desses mesmos testes motores em termos relativos,
17
pode-se obter análise significativamente diferente da anterior, em razão de as
variáveis morfológicas se apresentarem como fator de influência direta em seus
valores. Em vista disso, sugere-se que, quando da realização de análises
comparativas em relação ao desempenho motor, as diferenças entre valores
absolutos e relativos devem ser consideradas.
Cada Teste motor deve apresentar informações com relação a grupo
específico de fatores associados à determinada solicitação motora e se constitui
uma unidade totalmente independente dentro do rol das capacidades motoras. Por
outro lado, o desempenho motor deve ser visto como uma construção multifatorial
resultante do comportamento apresentado pelo conjunto de capacidades motoras.
Fica claro que é basicamente impossível ter visão global do desempenho motor
utilizando somente um dos testes motores. Baseado nisso normalmente usa-se
bateria de testes.
Hoje em dia são utilizadas várias baterias de testes, disponível na literatura
permitindo diversas opções para avaliação do desempenho motor. Todas
apresentam em comum envolver poucos testes para que não interfira nos
resultados dos testes subseqüentes. Neste particular sugere-se de três a quatro
itens quando este envolve avaliar componentes de aptidão física relacionada à
saúde. Entre seis e oito itens quando procura privilegiar componentes relacionadas
ao desempenho atlético.
Quanto à sua administração, quando os mesmo forem aplicados em dois
dias é indicado realizar primeiramente no primeiro dia os testes se concentrem os
testes motores que possam ser aplicados indoor (aqueles que procuram envolver
capacidades motoras associadas à flexibilidade, à potência e a força/resistência
muscular) e no dia seguinte os testes de forma outdoor, como os testes de
caminhada/corrida de curta e longa distância. Sua justificativa é que em razão de as
capacidades motoras de flexibilidade, potência, velocidade e agilidade serem mais
bem testadas no início de uma série de esforços físicos seguida por testes motores
que procuram envolver força/resistência muscular, tendo em vista implicações
fisiológicas que envolvem essas capacidades motoras. Outro ponto é que depois de
aplicado testes de caminhada / corrida de longa distância recomenda-se
recuperação prolongada, por isso a indicação de serem realizadas sempre no final
da seqüência.
18
Outro fato em comum entre as baterias disponíveis é a preocupação com a
segurança a fim de evitar eventuais acidentes. Um ponto a se analisar e conhecer é
que apesar dos testes motores aparentemente apresentarem similaridade, devido
procedimentos diferentes por cada idealizador de seu protocolo não permite
comparações entre seus resultados.
Dentre as baterias de testes motores à disposição na literatura, com relação
às capacidades motoras direcionadas à aptidão física relacionada à saúde, três
delas, de origem norte-americana, vêm recebendo maior aceitação: a Physical Best,
idealizada pela American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and
Dance (1988); a NCYFS (National Children and Youth Fitness Study), preconizada
pelo U.S. Department of Health and Human Services (Ross, Gilbert, 1985; Ross,
Pate, 1987); e a Fitnessgram, proposta pelo Cooper Institute for Aerobics Research
(1999). No que se refere às capacidades motoras identificadas com a aptidão física
relacionada às capacidades atléticas, nos Estados Unidos e no Canadá destacam-
se as baterias de testes motores preconizadas pela American Alliance for Health,
Physical Education, Recreation and Dance (1976) e pela Canadian Association for
Health, Physical Education and Recreation (1980). Em países europeus tem-se
oferecido maior atenção à bateria de testes motores sugerida pelo programa Eurofit
(1988). Após estudos para conciliar aspectos associados à reprodutibilidade e à
garantia de qualidade das informações, idealiza-se, também, bateria de testes
motores direcionada à avaliação do desempenho motor de crianças e adolescentes
brasileiros (Guedes, Guedes, 1997).
2.6. Proporcionalidade
Os indicadores relacionados à proporcionalidade corporal deverão
complementar as informações associadas ao crescimento físico, apesar de ambos
os atributos apresentarem conceitos muito particulares. O crescimento físico refere-
se às alterações progressivas observadas nas dimensões integrais do corpo ou em
suas partes e segmentos específicos, enquanto a proporcionalidade corporal
procura reunir elementos sobre as proporções ou as relações que se estabelecem
entre as dimensões antropométricas dos distintos segmentos do corpo humano.
Para os profissionais da educação física, a utilização dos recursos de análise
da proporcionalidade corporal, além de oferecer importantes subsídios para a
avaliação do crescimento físico, assume papel primordial nos programas de
19
detecção e de promoção de talentos esportivos na medida em que o melhor
desempenho atlético em determinadas modalidades esportivas depende, em
grande parte, da constituição morfológica de seus praticantes, sobretudo das
proporções dos segmentos corporais.
Com relação aos recursos empregados com o fim de reunir informações para
a avaliação da proporcionalidade corporal, duas opções têm predominado: o cálculo
de índices corporais e a análise comparativa com a referência humana Phantom.
Conceitualmente, índices corporais podem ser definidos como os escores
resultantes de relações matemáticas estabelecidas entre medidas de duas
dimensões antropométricas observadas no mesmo avaliado e ajustados em valores
de porcentagem da menor sobre a maior medida (Norton, Olds, 1996).
Considerando a grande quantidade de opções a respeito da seleção de
dimensões antropométricas que se podem estabelecer no corpo humano, torna-se
possível viabilizar o cálculo de grande multiplicidade de índices corporais. Contudo,
faz-se necessário levar em conta que muitos índices corporais, apesar de, em tese,
ser possível de cálculo, não apresentam nenhum significado biológico. Assim
sendo, a unanimidade das relações matemáticas voltadas à análise da
proporcionalidade corporal mediante o cálculo dos índices corporais envolve tão-
somente medidas específicas de comprimentos e de diâmetros ósseos. Nesse
particular, distinguem-se dois tipos de índices corporais: (a) aqueles que envolvem
medidas antropométricas relacionadas ao comprimento e à largura do tronco e (b)
aqueles que são resultado de medidas antropométricas relacionadas ao
comprimento dos membros e de seus segmentos.
O fundamento básico da estratégia Phantom ― que na língua portuguesa
pode significar “ente imaginário” ― consiste em adotar o modelo teórico de um
protótipo antropométrico para o corpo humano, direcionado à análise de segmentos
corporais, mediante comparações entre medidas antropométricas específicas do
avaliado e dimensões proporcionalmente ajustadas que correspondem ao modelo
teórico de referência.
Em tese, a estratégia Phantom define-se como um modelo metafórico,
unissexual e aplicável independentemente do período de desenvolvimento biológico
em que se encontra o avaliado, o que aumenta a possibilidade de realizar
comparações intra e interavaliados, eliminando possíveis vieses devido ao
20
dimorfismo sexual e às diferenças etárias. Embora a estratégia Phantom possa ter
sido concebida, a princípio, para auxiliar na análise de eventuais alterações
proporcionais nos segmentos corporais que possam ocorrer durante o processo de
crescimento físico, e envolva, portanto, avaliados em idades infantis e na
adolescência, vez por outra se verifica sua aplicação também entre avaliados
adultos, sobretudo entre aqueles que atuam no campo esportivo.
A proposição da referência antropométrica Phantom procura reunir
informações referentes às medidas de alturas projetadas, aos comprimentos,
diâmetros ósseos, perímetros e espessuras de dobras cutâneas, expressas em
valores de média e dos respectivos desvios-padrão e ajustadas geometricamente a
uma medida-padrão de estatura. Originalmente, a referência Phantom foi definida
com base em aproximadamente 100 medidas antropométricas. Contudo, verifica-se
que, geralmente, a análise da proporcionalidade corporal é realizada com não mais
que uma série de 8 a10 medidas antropométricas.
A estatura-padrão de ajuste para a referência antropométrica Phantom foi
arbitrariamente designada pelos seus idealizadores em 170,18cm, com intenção de
estabelecer integração de seus procedimentos com a proposta do somatótipo
antropométrico. Valores de média e dos respectivos desvios-padrão atribuídos a
cada dimensão antropométrica que compõe a referência Phantom foram derivados
de dados antropométricos disponíveis na literatura sobre sujeitos de ambos os
sexos selecionados em grandes levantamentos populacionais. Por meio de
exaustivo tratamento estatístico das informações reunidas nos levantamentos
populacionais considerados, buscaram-se valores de média e de desvios-padrão
que pudessem comportar uma distribuição dos dados antropométricos de modo
simétrico e unimodal que atendesse aos princípios teóricos da curva normal.
2.7. Somatótipo
A análise do somatótipo constitui-se em recurso extremamente útil para
detecção e acompanhamento das repercussões associadas à variação da forma
corporal que podem surgir em razão dos processos de crescimento físico e de
maturação biológica e na monitoração das adaptações de cunho morfológico
provenientes de intervenções dietéticas e de programas de exercício físico. Em
linhas gerais, o somatótipo caracteriza-se como técnica derivada da área
biotipológica voltada à descrição e à interpretação da configuração morfológica
21
exterior ou da compleição física apresentada pelo indivíduo na classificação de seu
tipo físico (Carter, Heath, 1990).
Procedimentos a respeito dos cálculos dos três componentes associados ao
somatótipo antropométrico podem ser desenvolvidos com uso de tabelas
construídas especificamente para essa finalidade ou por intermédio da utilização de
equações de regressão. Se, por um lado, o método tabular evita o envolvimento de
recursos matemáticos mais complexos, por outro se torna tarefa extremamente
exaustiva; sobretudo, quando existe grande número de avaliados a serem
acompanhados, e apresenta limitações em relação à capacidade discriminatória de
seus resultados tendo em vista que apresenta valores com definição de apenas 0,5
unidade de medida e em amplitude de variação previamente estabelecida:
endomorfia de 1 a 12, mesomorfia de 0,5 a 9 e ectomorfia de 0,5 a 9 unidades
somatotipológicas (Norton, Olds, 1996).
No entanto, mais recentemente, com maior aplicação e disseminação dos
recursos da microinformática no campo da educação física, a utilização de
equações de regressão passou a simplificar sobremaneira a determinação dos
componentes do somatótipo e a potencializar a precisão de seus cálculos. Dessa
forma, de acordo com a disponibilidade de recursos, o profissional poderá recorrer a
um ou a outro método, mas deverá ter sempre em mente eventuais limitações
associadas ao método tabular. Na tentativa de tornar o método tabular mais
acessível, os idealizadores da técnica antropométrica para o cálculo do somatótipo
propuseram instrumento específico para essa finalidade.
Mediante tabelas construídas especificas ou por utilização de equações
de regressão é possível calcular os três componentes associados ao somatótipo
antropométrico. Quando existe grande quantidade de avaliados a serem
acompanhados o método tabular torna-se tarefa exaustiva; porém, evita uso de
recursos matemáticos mais complexos.
Para cálculo do componente endomorfo, primeiro passo é realizar
somatório das espessuras das dobras cutâneas medidas nas regiões tricipital,
subescapular e supra-ilíaca. Posteriormente, estabelece-se correção desse valor
mediante estratégia de proporcionalidade corporal com o fim de evitar viés ao
comparar avaliados que apresentam diferentes estaturas.
Inicialmente faz-se ajuste de medidas de perímetros para cálculo do
22
componente mesomorfo, para minimizar participação da gordura corporal nos
tecidos subcutâneos. Sendo assim, é necessário subtrair as medidas
equivalentes as espessuras de dobras cutâneas (tricipital e perna medial). Neste
caso, deve-se observar a necessidade de estabelecer equivalências das medidas
de espessura das dobras cutâneas e perímetros, em que a espessura de dobras
cutâneas deverão ser sempre expressas em cm.
O componente ectomorfo é estabelecido com base no cálculo do índice
ponderal ou razão entre medida de estatura expressa em cm e raiz cúbica da
medida do peso corporal em kg.
Com base nos valores calculados para cada um dos componentes e de
acordo com a ordem de distribuição das magnitudes encontradas, torna-se
possível classificar o somatótipo do avaliado em diferentes categorias. Em teoria,
torna-se possível estabelecer combinações entre os três componentes, o que
resulta na definição de 13 categorias do somatótipo mutuamente exclusivas.
De posse dos valores correspondentes a cada um dos componentes do
somatótipo, próxima preocupação é dispor de recurso visual que possa
complementar as informações obtidas. Nesse particular, chama-se atenção para
necessidade de atender à premissa básica dos conceitos associados ao
somatótipo, que é a interdependência dos componentes. Ou seja, qualquer
modelo gráfico a ser empregado na representação do somatótipo deverá
considerar simultaneamente os três componentes somatotipológicos. A
apresentação isolada dos componentes pode levar a graves deturpações quando
da análise das informações, visto que o somatótipo caracteriza-se pelo
estabelecimento dos três componentes como um conjunto indissociável, e não
pelas dimensões equivalentes à endomorfia, à mesomorfia e à ectomorfia
separadamente. A fim de atender ao conceito de integralidade do somatótipo, a
opção mais frequentemente empregada na apresentação gráfica de seus
componentes é o somatotipograma, também denominado de somatocarta. No
entanto, opção também muito empregada na representação gráfica do somatótipo
é o compograma.
Embora a simples observação sobre a magnitude e a distribuição dos
componentes possa, muitas vezes, atender às expectativas acerca da avaliação
23
do somatótipo, frequentemente é desejável complementar as informações
mediante análises comparativas com indicadores referenciais ou de resultados
obtidos pelo mesmo avaliado em momentos anteriores.
Assim, preocupação fundamental nesse tipo de análise refere-se ao
quanto o somatótipo do avaliado, em dado momento, possa eventualmente se
diferenciar do somatótipo apresentado em momentos anteriores ou do somatótipo
de referencia. Nesse caso, considerando que é necessário manter o conceito de
integralidade do somatótipo, ou seja, mesmo considerando o envolvimento de três
componentes distintos estes deverão ser tratados de maneira a preservar a
unidade do conceito, para realizar as análises comparativas entre os somatótipos.
Em ambos os casos podem ser disponibilizados dois critérios específicos: a
distância de dispersão e a distância espacial entre somatótipos.
A primeira opção, distância de dispersão entre os somatótipos (DDS), do
original Somatotype Dispersion Distance (SDD), apresenta quão distante um
somatoponto se localiza do outro quando plotados no somatotipograma. Na
realidade, esse modelo de análise origina-se do cálculo de distâncias entre dois
pontos em um sistema de coordenadas X e Y, modificando-se apenas no que
caracteriza a relação entre a proporção de unidades X e Y equivalente ao
somatotipograma, que é 3.
Para interpretação dos valores calculados da DDS foi proposto,
arbitrariamente, que as diferenças entre dois somatótipos comparados deverão
ser consideradas significativas quando DDS 2,00, o que corresponde à variação
igual ou superior a uma unidade em um dos componentes (Ross, Wilson, 1973).
No entanto, convém ressaltar que esse critério de análise (DDS 2,00)
não tem capacidade de discriminar onde se encontram as diferenças, por isso é
utilizado somente para indicar que os somatótipos comparados não são similares.
Para apontar onde se encontram as diferenças, a análise comparativa deverá ser
complementada com confrontação de cada componente individualmente.
Outra opção para desenvolvimento de análises comparativas entre dois
somatótipos é o emprego da distância espacial entre eles (DES). Esse critério
surgiu da necessidade de atender aos vieses induzidos pela abordagem
bidimensional associada à DDS, inerente à condensação dos três componentes
24
do somatótipo em um sistema de duas coordenadas X-Y. Desse modo, idealizou-
se novo modelo voltado à comparação de somatótipos com base em visão
tridimensional que envolve valores dos próprios componentes em vez dos
respectivos pontos de localização X-Y no somatotipograma (Carter, Heath, 1990).
Esse modelo tridimensional de análise é referendado na literatura como
Somatotype Attitudinal Distance (SAD); sua tradução literal, porém, não indica
adequadamente a finalidade a que se presta. Por esse motivo, tem sido proposta
a expressão “distância espacial entre os somatótipos”, por esta apresentar o
sentido biológico mais apropriado à língua portuguesa e sugerir mais claramente
análise a realizar.
De maneira análoga ao modelo bidimensional representado pela DDS,
quanto maiores os valores da DES, maiores as diferenças entre os somatótipos
comparados. Nesse sentido, pode-se demonstrar em linguagem matemática que
variações iguais ou superiores a uma unidade em um dos componentes
representam valores de DES 1, contra DDS 2 (Ross, Wilson, 1973).
Proposição de indicadores que possam ser utilizados como somatótipo de
referência e permitam análises comparativas de avaliados em fase de
crescimento físico infelizmente é quase inexistente na literatura. Essa importante
lacuna no campo do conhecimento associado à morfologia humana limita
enormemente o desenvolvimento de avaliações voltadas ao somatótipo e obriga
profissionais da educação física a considerar valores médios provenientes de
estudos amostrais em populações específicas como somatótipo de referência.
Além disso, ao considerar os valores de média como indicadores
referenciais torna-se necessário levar em conta a homogeneidade dos dados
pertencentes ao grupo amostral envolvido no tratamento estatístico. Admitindo-se
a necessidade de garantir o conceito de integralidade entre os componentes do
somatótipo, a variabilidade dos somatótipos individuais em relação ao somatótipo
médio do grupo amostral considerado é estabelecida pelo índice de dispersão dos
somatótipos (IDS), no caso da abordagem bidimensional, e por intermédio do
índice de dispersão espacial dos somatótipos (IDES), no caso da abordagem
tridimensional.
Conceitualmente, IDS refere-se à média das DDSs estabelecida entre as
25
informações apresentadas pelo somatótipo de cada sujeito pertencente à amostra
e o somatótipo médio calculado. Com relação à interpretação, em situação similar
ao uso do desvio-padrão como parâmetro estatístico, quanto menores os valores
do IDS ou do IDES, menores diferenças ocorrem entre os somatótipos individuais
e o somatótipo médio calculado no grupo amostral; portanto, neste caso, a
amostra considerada para proposição do somatótipo de referência é mais
homogênea.
2.8. Estado nutricional
O estado nutricional expressa o grau pelo qual as necessidades
nutricionais, com base no suprimento energético e nas proporções adequadas de
nutrientes, estão sendo atendidas por intermédio dos alimentos habitualmente
ingeridos. Portanto, avaliações sobre o estado nutricional deverão ser
desenvolvidas rotineiramente por todos aqueles profissionais envolvidos com
promoção e educação em saúde, prevenção e reabilitação de doenças. No
entanto, dependendo da área de atuação do profissional, do interesse e do tipo
de intervenção a ser sugerida e caso eventual disfunção nutricional venha ser
observada, diferentes abordagens metodológicas deverão ser adotadas para os
indicadores nutricionais.
Especificamente no campo da educação física, modificações morfológicas
idealmente esperadas associadas ao crescimento físico, à composição corporal e
às adaptações e respostas funcionais diante da prática de exercício físico
dependem fundamentalmente do adequado suprimento energético e da correta
disponibilidade de nutrientes provenientes do consumo de alimentos que
compõem a dieta. Em vista disso, informações sobre estado nutricional tornam-se
de grande importância ao profissional da educação física na medida em que o
suprimento energético deficiente e/ou a oferta deficiente de nutrientes deverão
afetar não somente o funcionamento orgânico em repouso mas, sobretudo,
durante realização de esforços físicos e, na sequência, na fase de recuperação
pós-esforço.
Avaliação do estado nutricional é uma etapa importante no estudo e
acompanhamento de crianças, para que possa ser verificado se o crescimento está
se afastando ou não do padrão esperado. Seja por doenças ou situação e
26
condições sociais desfavoráveis. Tem, portanto, papel fundamental de acompanhar
crescimento e proporções corporais individuais ou de uma comunidade, visando
estabelecer atitudes de intervenção. Sendo instrumento diagnóstico, avaliação
nutricional determina o estado nutricional, resultante do equilíbrio entre ingestão e
perda de nutrientes. Estado nutricional torna-se excelente indicador de qualidade de
vida individual e de uma comunidade (Mello, 2002).
Hábitos alimentares são considerados determinante fundamental para
garantia que as funções orgânicas tenham desempenho satisfatório. Dessa forma,
dietas adequadas em qualidade e quantidade possibilitam que o organismo humano
atenda suas necessidades resultando em boa condição de saúde. Ingestão indevida
mediante consumo alimentar insuficiente (desnutrição) ou em excesso (obesidade)
são amplamente discutidos na literatura. Ainda, sabe-se que os maiores depósitos
de gordura corporal podem resultar da interação entre demanda de energia
associada à prática de atividade física e suprimento energético proporcionado pelos
alimentos ingeridos, o que torna a monitoração de indicadores nutricionais
juntamente com a prática habitual de atividade física importante componente para o
controle do peso corporal (FAO/WHO, 1992).
Recursos utilizados na avaliação do estado nutricional são muito variados e
vão desde técnicas antropométricas tradicionais até sofisticadas medidas
laboratoriais. Ao definir recurso a ser utilizado, deve-se eleger aquele que melhor
atende às finalidades e aos objetivos a serem alcançados. Devem-se considerar,
ainda, os custos financeiros envolvidos em seus procedimentos, o nível de
habilidade específica do avaliador requerida para sua adequada utilização, o tempo
despendido para sua aplicação e a receptividade por parte do avaliado. Quando a
intenção é diagnosticar a possível ocorrência de determinada patologia ou de
distúrbios nutricionais induzidos pela carência de macro ou micronutrientes no
organismo, deve-se recorrer às análises bioquímicas (concentração de glicose,
frações lipídicas, hormônios) associadas aos exames clínicos. Dados psicossociais
baseados em distúrbios psicológicos são empregados para identificar mudanças
drásticas no comportamento nutricional, como bulimia e anorexia nervosa (WHO,
1990).
Contudo, no campo da educação física normalmente deve-se recorrer às
informações provenientes de inquéritos alimentares, nos quais pode ser identificado
27
e traçado o perfil da quantidade e da qualidade da ingestão dos alimentos, de
medidas antropométricas com a finalidade de obter indicadores associados a
eventual déficit relacionado ao crescimento físico e de parâmetros da composição
corporal, por meio dos quais se podem estabelecer diferentes graus de obesidade
(Guedes, Guedes, 2006).
Informações acerca dos inquéritos alimentares podem ser obtidas com base
em diferentes métodos, entre os quais se incluem a pesagem prévia dos alimentos
consumidos, o registro dietético e o questionário de frequência de consumo
alimentar. A opção por um dos métodos depende basicamente do nível de
informação necessária, e não se pode perder de vista que suas informações
referem-se a estimativas relacionadas ao consumo de alimentos em um dado
momento e, portanto, devem ser interpretadas com alguma cautela.
Existem vantagens e desvantagens associadas a cada um dos métodos; no
entanto, independentemente do método utilizado, é importante considerar a
veracidade das informações, uma vez que estas deverão ser levantadas e
registradas pelos próprios avaliados. Outro ponto importante a ser levado em
consideração está associado à percepção e à experiência do avaliador em utilizar
de maneira adequada o método escolhido.
Pesagem prévia dos alimentos consumidos caracteriza-se como um método
relativamente preciso que pode assegurar registros alimentares completos; no
entanto, apresenta como desvantagem a eventual possibilidade de interferir nos
padrões de ingestão do avaliado. Nesses procedimentos, exige-se que o avaliado
identifique e pese todos os alimentos e as bebidas previamente ao seu consumo, o
que torna o método extremamente trabalhoso e, portanto, muitas vezes interfere
nas opções de escolha dos alimentos.
Dessa forma, os métodos de registro dietético e de frequência alimentar,
embora eventualmente menos precisos, parecem ser mais indicados e apresentam
diversas vantagens em relação ao método de pesagem prévia dos alimentos
consumidos. Por exemplo, requer menos tempo e menor investimento financeiro, já
que não exige balanças dietéticas para pesar os alimentos.
Inquéritos alimentares, realizados por meio de diferentes metodologias,
apresentam como principal vantagem a possibilidade de medida direta do consumo
de alimentos e propiciam, portanto, condições para se inferirem com maior precisão
28
o tipo e a quantidade dos alimentos efetivamente consumidos pelo avaliado. Suas
limitações, além das dificuldades em se captar a grande variabilidade da ingestão
de alimentos em período específico de tempo, ficam por conta da necessidade de
elevada colaboração do avaliado em apresentar com fidelidade as informações
necessárias, a qual deverá ser tanto maior quanto maior for o tempo dedicado à
observação do consumo alimentar.
Na tentativa de apresentar metodologia alternativa mais imediata que possa
minimizar eventuais dificuldades em levantar as informações sobre a ingestão
alimentar com base na estreita associação entre as restrições e os excessos
alimentares e as alterações de cunho morfológico no organismo humano sugere-se
também o emprego de medidas antropométricas específicas destinadas a oferecer
indicações sobre o estado nutricional do avaliado.
A expressão “antropometria nutricional” refere-se à utilização de medidas
antropométricas na avaliação do estado nutricional. Em crianças até o início da
puberdade, as informações associadas ao crescimento físico, basicamente medidas
de estatura e peso corporal, têm sido os indicadores antropométricos mais
frequentemente empregados. No entanto, em adolescentes e adultos recomenda-
se, preferencialmente, utilizar medidas equivalentes às espessuras de dobras
cutâneas e aos perímetros para estabelecer estimativas para áreas muscular e de
gordura de segmentos específicos do corpo.
2.9. Atividade física habitual
Os benefícios da prática de atividade física associada à saúde e ao bem-
estar são amplamente apresentados e discutidos na literatura. Menores níveis de
prática de atividade física estão diretamente relacionados à elevada incidência de
cardiopatias, diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose e alguns tipos de
câncer, que se tornam mais prevalentes com o avanço da idade e acarretam
redução na qualidade de vida e da longevidade. Além do mais, entre os portadores
de fatores de risco predisponentes ao aparecimento e ao desenvolvimento de
disfunções crônico-degenerativas a proporção de sujeitos classificados
habitualmente como sedentários é significativamente maior que de sujeitos ativos
fisicamente.
Nesse particular, apesar de o maior número de evidências envolver sujeitos
em idade adulta, não existem dificuldades em selecionar indicações das vantagens
29
de as crianças e de os adolescentes se tornarem adequadamente ativos
fisicamente. Embora raramente sejam identificadas disfunções crônico-
degenerativas na infância e na adolescência, níveis comprometedores da prática de
atividades físicas nessas idades podem induzir a importantes limitações biológicas e
psicoemocionais projetadas para a idade adulta.
Em sendo assim, as informações dos níveis de prática de atividade física
habitual deverão caracterizar-se como componente essencial em rotinas de
avaliação voltadas ao campo da educação física. Contudo, faz-se necessário
considerar que a atividade física constitui-se em fenômeno extremamente complexo
e pode resultar de um conjunto de atributos provenientes de diferentes áreas do
conhecimento. Portanto, para a observação de indicadores associados à atividade
física torna-se de fundamental importância que esta seja clara e inequivocamente
definida a fim de que as estimativas sobre os seus níveis de prática habitual
possam ser estabelecidas com critérios de exatidão, precisão e validação que
atendam aos limites preestabelecidos (Florindo, Hallal, 2011).
Em consulta à literatura, constata-se que, dependendo do enfoque desejado,
diferentes conceitos podem ser apresentados à atividade física. No entanto, ao
levar em conta a preocupação com relação ao aspecto operacional, observa-se que
o conceito proposto em workshop internacional que reuniu especialistas de
diferentes áreas do conhecimento no campo da epidemiologia e da saúde pública é
o que tem obtido maior consenso (Caspersen et al., 1985). Nesse caso, a atividade
física é entendida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos
esqueléticos, que resulta em dispêndio energético acima dos níveis esperados de
repouso. Dessa forma, a quantidade de energia biológica necessária à realização
de determinado movimento do corpo deverá oferecer informações sobre o nível de
atividade física solicitado por este mesmo movimento, assim como a energia
biológica envolvida com todo e qualquer movimento do corpo protagonizado pelo
avaliado em seu cotidiano (desempenho de uma ocupação profissional, cuidados
pessoais, realização de tarefas domésticas, atividades de lazer e de tempo livre,
programas de condicionamento físico, atividades esportivas mais ou menos
organizadas etc.) deverá oferecer informações sobre o nível de prática da atividade
física habitual. Com base nesse modelo conceitual, verifica-se que, apesar de ser
possível eleger um leque de possibilidades voltado à coleta de informações
30
direcionadas à avaliação dos níveis de prática da atividade física, o elemento
essencial nesse caso é o dispêndio energético.
A atividade física deve ser entendida como um constructo multidimensional
em que se incluem variáveis como tipo, intensidade, duração e frequência dos
esforços físicos. Nesse particular, se, por um lado, tanto as circunstâncias em que
se praticam as atividades físicas (altitude, temperatura ambiente etc.) como o
estado emocional ou psicológico do praticante podem modificar os efeitos de uma
atividade física específica, por outro a intensidade, a duração e a frequência devem
ser combinadas para que delas surtam informações acerca do dispêndio energético
considerado para a atividade física em questão (Florindo, Hallal, 2011).
Na literatura pode-se encontrar grande diversidade de métodos e
procedimentos direcionados à determinação dos níveis de prática da atividade física
(Montoye et al., 1996). Essa diversidade justifica-se, em parte, pelo vasto espectro
de dimensões que o fenômeno da atividade física pode apresentar e, sobretudo,
pela complexidade das relações que cada uma dessas dimensões estabelece
diante dos diferentes aspectos do comportamento humano. Portanto, torna-se
evidente a dificuldade em uniformizar as opções de medida relacionadas a um
fenômeno que é multidimensional por natureza e, portanto, cuja análise pode ser
feita de diferentes formas.
Desse modo, de acordo com a dimensão da atividade física que se pretende
analisar deverá emergir o instrumento de medida mais apropriado, levando-se em
conta que cada uma das abordagens associadas aos níveis de prática da atividade
física é susceptível de medir apenas segmentos específicos do fenômeno visto de
modo holístico.
No conjunto de técnicas de medida relativo aos métodos laboratoriais
encontram-se procedimentos de maior objetividade e precisão; estes, porém,
exigem equipamentos altamente sofisticados e dispendiosos, além de processos de
análise das informações muito complexos. Esses métodos não são recomendados
para uso rotineiro em avaliações da atividade física; no entanto, são empregados
como referenciais na tentativa de validação de outros métodos mais acessíveis e
práticos no campo da educação física. Outro grupo de técnicas de medida voltado à
avaliação dos níveis de prática da atividade física é constituído por procedimentos
menos complexos, de menor custo financeiro e de mais fácil aplicação em
31
diferentes contextos do cotidiano. Essas, porém, também fornecem informações
menos precisas. Nesse aspecto, a suposta menor precisão das técnicas de medida
reunidas nesse grupo apresenta controvérsias entre os estudiosos da área,
considerando-se a inexistência de algum método universalmente aceito que possa
oferecer indicações seguras de todos os componentes da atividade física em
condições de situação real do cotidiano.
De maneira geral, no campo da educação física os métodos mais
frequentemente empregados associados à avaliação dos níveis de prática da
atividade física podem ser classificados em quatro categorias: observação direta,
questionário e entrevista, registro recordatório e monitoração mecânica e eletrônica.
Em uma mesma dimensão da atividade física, a opção por um dos métodos de
medida disponível deverá estar intimamente relacionada à idade do avaliado, ao
tempo disponível para levantamento das informações, à aceitabilidade do protocolo
de medida por parte do avaliado e aos custos dos equipamentos.
O método da observação direta consiste no registro de informações
associadas à prática da atividade física simultaneamente à ocorrência do evento,
por tempo limitado e em ambiente físico claramente definido. De maneira
alternativa, na tentativa de aprimorar a qualidade da coleta dos dados
frequentemente são utilizados recursos de filmagens e, a posteriori, o registro das
informações pela análise do videoteipe.
Os procedimentos relacionados à observação direta são mais comumente
empregados em crianças na idade pré-escolar ou em sujeitos que não apresentam
predisposição a serem submetidos a outros instrumentos de medida. As principais
vantagens do método referem-se à oportunidade de registrar diretamente a
ocorrência do evento e à solicitação de menor cooperação do avaliado no registro
das informações. Outros métodos também são capazes de atender a esses itens;
no entanto, a observação direta parece ser mais compreensiva nesse aspecto
considerando-se que não necessariamente se limita a relatar um único atributo. Por
outro lado, as limitações associadas à coleta de informações pelo método de
observação direta referem-se aos eventuais prejuízos sobre a qualidade das
informações, na medida em que o avaliado pode estabelecer propositadamente
situações artificiais ao perceber que está sendo observado, e à exequibilidade de
seus procedimentos, levando-se em conta a disponibilidade do avaliador para
32
acompanhar as ações do avaliado por considerável período de tempo.
Questionários e entrevistas representam os instrumentos de medida de maior
praticidade direcionada à avaliação dos níveis de prática de atividades físicas,
sobretudo em situações em que o número de avaliados a serem analisados atinge
grandes proporções. Seus procedimentos apresentam como principais vantagens
os custos financeiros acessíveis e a facilidade de coleta e análise das informações.
Desse modo, embora possa apresentar alguma preocupação com relação a garantir
níveis satisfatórios de qualidade das informações, fundamentalmente devido à
dificuldade de alguns avaliados em recordar com fidelidade as características das
atividades realizadas e, ainda, à tendência de os avaliados menos ativos
fisicamente superestimarem as informações associadas à duração e à intensidade
das ações desempenhadas, esse método tem apresentado grande aceitação no
campo da educação física.
Especificamente com relação aos questionários que buscam auto-respostas,
estes por vezes podem ser menos interessantes por conta de eventuais limitações
apresentadas pelos avaliados em relação à interpretação de questões associadas à
duração, à intensidade e ao tipo das atividades físicas realizadas. Nesses casos,
sugere-se utilizar instrumentos de medida com essas características somente em
avaliados que apresentam comprovadamente um nível de compreensão suficiente
para que possam interpretar adequadamente as informações solicitadas. A
utilização de questionários e entrevistas direcionados à obtenção de informações
sobre o nível de prática de atividade física em crianças também deve ser evitada,
considerando que essas, muitas vezes, apresentam dificuldades em interpretar o
que está sendo solicitado e em responder corretamente, e tendem a engajar-se em
atividades físicas de elevada intermitência na duração e na intensidade dos
esforços físicos.
Pela sua praticidade e capacidade de reunir grande variedade de
informações, como tipo, frequência, intensidade e duração dos eventos de atividade
física, os registros recordatórios vêm sendo os instrumentos de medida mais
empregados nas estimativas dos níveis de prática de atividade física. Sua utilização
pressupõe que o avaliado possa recordar os eventos de atividade física realizados
em espaço de tempo que varia de algumas horas do dia até semanas. Para tanto,
pode-se recorrer a dois procedimentos:
33
(a) informações retrospectivas de auto-recordação com o intuito de levantar
as características dos eventos de atividade física realizados pelo avaliado durante o
espaço de tempo selecionado para análise; e
(b) pedido ao avaliado para que mantenha um anedotário ou um diário em
que todos os eventos de atividade física possam ser registrados imediatamente
após sua realização.
Depois do levantamento dos eventos de atividade física realizados pelo
avaliado, as informações deverão ser codificadas e quantificadas em tempo e
podem ser convertidas em valores estimados de dispêndio energético com o uso de
tabelas de conversão dos conhecidos custos energéticos das atividades cotidianas.
Vários modelos de instrumentos retrospectivos direcionados à avaliação dos
níveis de pratica de atividade física podem ser identificados na literatura. No
entanto, em todos eles o avaliado deverá procurar identificar, com a maior fidelidade
possível, os itens associados às atividades físicas do cotidiano:
(a) classe da atividade física (ocupação profissional, condicionamento físico,
trabalho doméstico etc.);
(b) tipo da atividade física (magistério, exercícios físicos em academia de
ginástica, lavar louça etc.);
(c) posição do corpo (sentado, em pé etc.);
(d) intensidade do esforço físico (leve, moderado, intenso); e
(e) tempo despendido na atividade.
Para conversão dos eventos de atividade física em valores estimados de
dispêndio energético pode-se recorrer ao compêndio de atividade física
recentemente apresentado por um grupo de pesquisadores na área (Ainsworth et
al., 2000). Esse compêndio oferece informações sobre o custo energético, em
unidades de MET, de aproximadamente 500 eventos de atividade física.
Em razão do baixo custo e da facilidade de implementação, parece evidente
que a coleta de informações por meio de uma das técnicas anteriormente
apresentadas; sobretudo, os questionários/entrevistas e os registros recordatórios,
deverão constituir-se em opção preferencial para a avaliação dos níveis de prática
da atividade física. Contudo, não se pode perder de vista que essas técnicas de
medida, por apresentarem informações de natureza subjetiva e, por vezes,
evasivas, podem repercutir limitações indesejáveis. Em sendo assim, torna-se
34
necessário explorar técnicas de medida alternativas que não estejam vinculadas à
capacidade do avaliado em informar e/ou recordar sua rotina de prática de atividade
física, especialmente em idades mais jovens. A monitoração mecânica e eletrônica
de indicadores associados à atividade física, mediante sensores de movimentos e
monitores de frequência cardíaca, pode minimizar parte da subjetividade e da
evasibilidade inerentes às outras técnicas de medida e potencializar a qualidade
das informações.
Sensores de movimentos são instrumentos de medida que permitem
monitorar a realização de movimentos e oferecem a possibilidade de informações
sobre o dispêndio energético associado. Os sensores de movimentos mais
frequentemente empregados como indicadores dos níveis de prática da atividade
física são os acelerômetros portáteis e os pedômetros. Por outro lado, registro
contínuo da frequência cardíaca por período de tempo relativamente longo tem sido
mais uma opção empregada com a finalidade de avaliar os níveis de prática da
atividade física. Os princípios que norteiam esse método decorrem do fato de
aumentos observados na frequência cardíaca estarem relacionados à intensidade
do trabalho metabólico realizado.
2.10. Aspectos musculoesquelético
A capacidade individual para realização de trabalho muscular depende
fundamentalmente do sistema de mobilização energética. Contudo, deve-se
reconhecer a participação não menos importante dos componentes associados ao
sistema musculoarticular. Nesse aspecto, destacam-se dois atributos de particular
interesse: a força/resistência muscular e a flexibilidade.
Especificamente para o profissional da educação física, informações sobre os
atributos voltados ao sistema musculoarticular constituem-se em indicadores de
grande importância para a avaliação de aspectos funcionais direcionados tanto à
aptidão física relacionada ao desempenho esportivo como à aptidão física
relacionada à saúde.
No âmbito esportivo, apesar de a prática de algumas modalidades esportivas
exigir componentes específicos da aptidão física, todos eles, uns mais outros
menos, solicitam envolvimentos simultâneos de força/resistência muscular e de
flexibilidade.
Manutenção de adequados níveis de força/resistência muscular torna-se
35
importante mecanismo da saúde funcional, notadamente no que se refere à
prevenção e ao tratamento de disfunções posturais, articulares e de lesões
musculoesqueléticas. Debilidades na força/resistência apresentadas pelos
músculos do tronco são consideradas indicadores de risco das lombalgias, assim
como avaliados que demonstram níveis mais elevados de força/resistência
muscular deverão estar menos expostos a fadigas localizadas e a menor aumento
da pressão arterial quando submetidos a esforços físicos mais intensos. Níveis
adequados de força/resistência muscular podem desempenhar, também, importante
papel na regulação hormonal e no metabolismo de alguns substratos,
particularmente na sensibilidade insulínica dos tecidos musculares (Powers,
Howley, 2011).
Aqueles indivíduos que apresentam níveis de flexibilidade mais elevados
tendem a mover-se com maior facilidade e são menos susceptíveis a lesões quando
submetidos a esforços físicos mais intensos e, geralmente, apresentam menor
incidência de problemas na esfera osteomioarticular. Dificuldades de movimentos
nas regiões do tronco e dos quadris em consequência de menores níveis de
flexibilidade nessas regiões demonstram elevada associação com o aparecimento
de desvios posturais e, muitas vezes, com problemas lombares crônicos
irreversíveis que acarretam desconforto, dor, incapacidades e queda no rendimento
das atividades do cotidiano (Powers, Howley, 2011).
Para seleção adequada de recursos a serem empregados na coleta de
informações voltadas à avaliação da força/resistência muscular deve-se levar em
conta, inicialmente, o tipo de contração a ser envolvida na ação muscular. Nesse
caso, considera-se a existência de três categorias de teste de força/resistência
muscular coincidentes com os tipos de contração muscular: estático, dinâmico e
isocinético.
Para a coleta de informações associadas à avaliação da força/resistência
muscular, porém, torna-se necessário considerar os aspectos relacionados à
especificidade da participação de músculos ou de grupos musculares específicos no
teste em questão. Nesse caso, procedimento fundamental é identificar o músculo ou
o grupo muscular que se pretende avaliar, e em seguida selecionar um movimento
anatômico que empregue esse músculo/grupo muscular em sua ação primária
(agonista). A maioria dos dinamômetros disponíveis comercialmente e alguns
36
equipamentos de levantamento de pesos direcionados aos testes de carga variável
permitem obter informações de movimentos anatômicos de articulações específicas.
Os aspectos relacionados à acessibilidade e à conveniência na seleção dos
instrumentos de medida direcionados a levantar informações sobre a
força/resistência muscular do avaliado também devem ser levados em
consideração. Atualmente, existem no mercado dinamômetros que podem oferecer
informações de elevada precisão e exatidão com o uso recursos computadorizados.
Contudo, existem situações em que as melhores das intenções para estabelecer
características de avaliação “ótima” podem ver-se truncadas em razão da
inacessibilidade a equipamentos apropriados.
Alguns equipamentos computadorizados voltados à avaliação da
força/resistência muscular são de elevado custo, o que pode dificultar sua utilização
e muitas vezes levar o avaliador a optar por recursos disponíveis e compatíveis com
sua realidade de atuação. Portanto, nesses casos, chama-se atenção para a
preocupação que se deve ter com a qualidade das informações mesmo diante de
limitações apresentadas pelos recursos de medida utilizados.
Os aspectos relacionados à conveniência tornam-se importantes quando são
envolvidos avaliados que apresentam restrições à realização de trabalho muscular
próximo ao limite máximo. É o caso, por exemplo, de avaliados que apresentam
idades mais avançadas e merecem atenção especial ou de avaliados que
apresentam limitações no condicionamento físico.
Na coleta de informações voltadas à avaliação da força/resistência muscular,
a fim de prevenir lesões e aprimorar a qualidade dos dados deve-se procurar
oferecer instruções claras e objetivas com relação aos procedimentos de execução
dos movimentos. Deve-se também procurar levar o avaliado a praticar os
movimentos a serem executados no aparelho antes de iniciar o teste com a
intenção de adaptá-lo ao esforço físico específico e certificar-se de que esse
entende perfeitamente como realizar o teste e de que seus procedimentos não
deverão elevar o risco de lesões. A estabilização do corpo do avaliado também é
importante não só por razões de segurança, mas também, para evitar o uso de
padrões de movimentos de substituição que possam resultar em medidas errôneas
de força/resistência muscular.
Com relação às unidades de medida associadas à força estática e à força
37
dinâmica, embora excepcionalmente possam ser utilizados valores expressos em
libras (lb) o usual é recorrer a indicadores expressos em quilogramas (kg) ou em
newtons (N). Em relação às equivalências de medidas, uma libra corresponde a
454g, enquanto 1kg = 9,8N, ou seja, a força exercida externamente multiplicada
pela aceleração da gravidade. No caso da força isocinética, os dispositivos
empregados para oferecer informações nesse sentido encorajam a utilização de
unidades de medidas expressas em newtons por metro (Nm).
As informações equivalentes aos indicadores de força estática ou isométrica
podem ser convenientemente obtidas com o uso de tensiômetros de cabo e de
dinamômetros especialmente projetados para essa finalidade. No entanto, embora
ambos os recursos sejam igualmente úteis, em razão das características de seus
procedimentos os recursos associados aos tensiômetros de cabo têm sido
empregados particularmente no campo da fisioterapia para acompanhamento de
intervenções terapêuticas voltadas às lesões musculoarticulares. No âmbito da
educação física, por conta de interesses específicos nas ações musculares os
dinamômetros têm-se tornado o dispositivo mais atraente e efetivo direcionado à
coleta de informações relacionadas à força estática.
As informações associadas aos indicadores de força dinâmica de grupos
musculares específicos podem ser obtidas com a aplicação dos chamados testes
de carga, que envolvem movimentos convencionais padronizados para
mover/levantar pesos com participação de halteres de anilhas ou de aparelhos
comerciais com multiestações ajustáveis.
Se, por um lado, os movimentos padronizados realizados com halteres de
anilhas exigem menor custo na aquisição e na manutenção dos equipamentos, por
outro exigem maior cuidado com relação aos riscos de eventuais lesões induzidas
pela realização dos movimentos sob postura inadequada do avaliado. Ao contrário,
os aparelhos com pesos ajustáveis podem minimizar a possibilidade de ocorrência
de lesões na medida em que permitem ao avaliado adotar postura mais adequada à
realização dos movimentos, e, eventualmente, melhor definem a participação de
grupos musculares específicos na realização dos movimentos padronizados.
Como limitação, considerando que os aparelhos com pesos ajustáveis são
constituídos por placas seletoras, estes demonstram menor definição de medida
pelo fato de os pesos serem movidos/levantados pelo avaliado. Torna-se também
38
aconselhável mostrar certo ceticismo em relação aos valores dos pesos anunciados
pelos fabricantes nas placas seletoras dos aparelhos. Para a obtenção de
informações de maior confiabilidade com relação aos indicadores de
força/resistência dos avaliados convém comprovar, com procedimentos de aferição
adequada, se os valores de peso anunciados pelos fabricantes dos aparelhos nas
referidas placas efetivamente correspondem aos seus valores reais e, se for
necessário, estabelecer novos valores às placas. A aferição dos valores dos pesos
das placas pode ser realizada com a pesagem, em escala de medida confiável, de
forma independente, de cada uma das placas que compõem os aparelhos.
As informações sobre os indicadores de força isocinética somente podem ser
obtidas mediante o emprego de sofisticados equipamentos eletromecânicos,
denominados de dinamômetros isocinéticos. As principais características desses
equipamentos são os dispositivos neles contidos direcionados ao controle da
velocidade de rotação da articulação e da variação da força exercida externamente
contra o segmento envolvido no movimento.
Com os dinamômetros isocinéticos, quando a velocidade angular do
movimento iguala ou excede ao limite da velocidade preestabelecida certos
dispositivos do equipamento são acionados para compensar com uma contraforça
que garanta a velocidade constante ao movimento (não ao grupo muscular
acionado). Esse procedimento permite que o grupo muscular envolvido no
movimento gere certa tensão em seu potencial máximo para todo o alcance cinético
da articulação.
Em sendo assim, os dinamômetros isocinéticos deverão ser previamente
ajustados para induzir o grupo muscular que está sendo avaliado a gerar tensão
máxima durante todas as fases angulares do movimento previsto para ser realizado,
em velocidade constante e predeterminada pelo avaliador. Portanto, as medidas
associadas à força isocinética apresentam basicamente duas vantagens muito bem
definidas em relação às de força dinâmica: (a) levam o grupo muscular que está
sendo avaliado a produzir tensão máxima e idêntica por todo o curso do movimento;
e (b) estabelece em qual velocidade deverá ser executado o movimento que está
sendo avaliado.
Informações utilizadas na avaliação da flexibilidade devem incluir medidas da
amplitude de movimento em articulação específica ou em conjunto de articulações
39
que procuram indicar a capacidade das estruturas articulares envolvidas em
alongar-se em seu limite fisiológico, levando em conta as restrições impostas por
aspectos morfofuncionais decorrentes da anatomia articular.
Nesse sentido, deslocamento angular da articulação, aferido por meio de
medidas angulares, tem sido considerado procedimento mais adequado. No
entanto, considerando algumas limitações, medidas lineares e adimensionais
também podem ser empregadas na avaliação da flexibilidade.
Medidas angulares, lineares ou adimensionais associadas à flexibilidade
devem ser consideradas como característica específica de cada articulação
separadamente, ou de um conjunto de articulações, e de suas ações
musculoarticulares. Desse modo, considerando o número de articulações do corpo
humano, as possibilidades de realização de movimentos e os músculos que atuam
sobre essas articulações destaca-se a necessidade de estabelecer sistema de
organização das ações articulares com objetivo de definir o tipo de movimento
articular a ser realizado, o plano e o eixo de execução. Também se deve considerar
as estruturas musculares acionadas nas ações articulares.
Medidas angulares utilizadas na avaliação dos níveis de flexibilidade
procuram oferecer informações quantitativas, expressas em graus, sobre a
amplitude do movimento articular observado entre os segmentos corporais
adjacentes que se opõem à estrutura articular de interesse. Para obter as medidas
angulares associadas à flexibilidade pode-se recorrer aos chamados procedimentos
diretos e indiretos. Por intermédio dos procedimentos diretos procura-se registrar a
medida do ângulo formado particularmente pelos segmentos ósseos envolvidos no
movimento de amplitude articular. Para tanto, torna-se necessário recorrer às
técnicas de radiografia ou de imagens geradas por recursos de ressonância
magnética. Por outro lado, com procedimentos indiretos determina-se o ângulo de
deslocamento observado no movimento de amplitude articular. Nesse caso, as
medidas angulares são estabelecidas por meio de equipamentos portáteis e de fácil
manuseio denominados de goniômetros e flexômetros.
Pelas características dos recursos utilizados e pela sofisticação de seus
equipamentos, os procedimentos diretos de medidas angulares apresentam enorme
dificuldade de utilização no campo da educação física, mas têm sido aceitos como
indicadores de medida real da amplitude do movimento articular. Dessa forma,
40
podem ser empregados como padrão de referência em estudos específicos de
validação de outras técnicas de medida direcionadas à avaliação da flexibilidade.
Por se definir como método que utiliza escala angular, mais apropriada para
medir a amplitude dos movimentos articulares, conseguir isolar movimentos
articulares de cada articulação separadamente e oferecer informações menos
afetadas pelas diferentes proporções dos segmentos corporais, o que permite
realizar comparações intra e interavaliadores mais confiáveis, o método de medida
angular tem recebido a preferência dos especialistas da área.
Goniômetro é identificado como equipamento que se assemelha aos
transferidores. Tipicamente inclui um corpo, formado por um círculo completo ou um
semicírculo, e duas extensões estreitas denominadas de hastes. A escala de
medida localiza-se em um ou em ambos os lados do corpo. Uma das hastes é fixa
ao ponto zero da escala de medida, e a outra é móvel e ligada ao fulcro no centro
do corpo do goniômetro por dispositivo do tipo parafuso que lhe permite movimento
livre sobre o corpo do equipamento. O comprimento das hastes varia, entre os tipos
de goniômetros, de aproximadamente 2 a 40cm. Essas variações representam uma
tentativa de seus fabricantes de adaptar o tamanho das hastes às dimensões
anatômicas das articulações. A escala de medida, nos equipamentos de círculo
completo, apresenta amplitude de valores entre 0 e 360 graus, ou de 360 a 0 grau,
enquanto nos equipamentos de meio círculo entre 0 e 180 graus ou de 180 a 0
grau. Definição das escalas de medida pode variar de 1 a 10 graus. Esses
instrumentos podem ser construídos com metal ou plástico e apresentar vários
tamanhos e configurações, mas adotam sempre o mesmo delineamento básico.
Outro instrumento que também pode ser empregado para estabelecer
medidas angulares associadas à amplitude dos movimentos das articulações é o
flexômetro. Esse equipamento consiste de uma escala de medida em círculo
completo de 360 graus, com agulha de gravidade em seu centro, que se move
livremente, acompanhada de velcro para fixação ao segmento articular a ser
medido. Seu funcionamento baseia-se no controle da amplitude do movimento
articular pela gravidade. Assim, ao fixar o flexômetro ao segmento articular que está
sendo medido, na posição inicial do movimento a agulha de gravidade e o ponto
zero da escala de medida deverão coincidir, e a escala de medida do flexômetro
deverá estar posicionada paralelamente à articulação em sua posição neutra. Ao
41
realizar o movimento articular a agulha de gravidade deverá mover-se na escala de
medida e apontar o deslocamento angular ocorrido. Modelo original do flexômetro
foi idealizado por Leighton há aproximadamente 50 anos. Contudo, hoje estão
disponíveis modelos tecnologicamente mais avançados e precisos.
Em comparação com goniômetro, o uso do flexômetro para estabelecer
medidas angulares torna-se mais vantajoso em razão de o avaliador não necessitar
definir o eixo de rotação do segmento articular nem alinhar as hastes do aparelho
aos segmentos ósseos enquanto o avaliado executa o movimento ao longo da
amplitude articular. Com o flexômetro também se torna possível padronizar mais
rigorosamente a posição inicial para o movimento de amplitude articular em razão
de a agulha de gravidade, previamente ao início do movimento, se posicionar no
ponto zero da escala de medida.
Medidas lineares caracterizam-se por expressar resultados em uma escala de
distância, tipicamente com grandezas expressas em centímetros, entre pontos
anatômicos específicos ou a partir de objetos externos. As medidas lineares entre
pontos anatômicos específicos somente deverão oferecer informações sobre os
movimentos de flexão das colunas cervical, torácica e lombar. Para tanto, recorre-
se ao uso de fita métrica e à técnica modificada de Schober, descrita na literatura
por Macrae e Wright (1969). Principal característica desse método é o baixo custo
do equipamento empregado, a facilidade de medida e o satisfatório índice de
validade diante de técnicas radiográficas quando comparado com os métodos de
goniometria e flexometria. Esse método, porém, limita-se aos movimentos de flexão
do tronco.
Para realização das medidas lineares por esse método deve-se utilizar lápis
dermográfico para assinalar pontos de reparo nas vértebras do avaliado, os quais,
na sequência, deverão ser utilizados como referência para sua consignação. A
respeito da técnica de medida, com o avaliado em posição ortostática, em pé,
assinalam-se os pontos de reparo na proeminência dos processos espinhosos
equivalentes à primeira vértebra sacral (S1) e à sétima vértebra cervical (C7) e na
protuberância occipital externa do crânio.
Para determinar a amplitude de flexão das colunas lombar e torácica, com
avaliado na posição inicial estabelece-se com fita métrica a distância entre os
pontos de reparo equivalentes ao processo espinhoso S1 e C7. Em seguida,
42
solicita-se do avaliado que, com pernas estendidas, flexione o tronco à frente
procurando tocar o solo com as mãos e registra-se a nova distância até os pontos
de reparo S1 e C7. Diferença entre as distâncias registradas na posição inicial e na
posição com o tronco fletido à frente indica a medida de amplitude da flexão das
colunas lombar e torácica.
Com relação à medida de amplitude de flexão da coluna cervical, utiliza-se
procedimento idêntico àquele empregado na medida de amplitude de flexão das
colunas lombar e torácica; no entanto, registra-se a diferença entre os pontos de
reparo equivalentes ao processo espinhoso C7 e à protuberância occipital externa
do crânio. Nesse caso, solicita-se do avaliado que flexione a cabeça à frente,
procurando tocar com o queixo a região do esterno.
No que se refere às medidas lineares obtidas com o uso de objetos externos,
o teste motor originalmente descrito há cinco décadas por Wells e Dillon (1952) e,
ao longo do tempo, modificado e aprimorado por vários outros estudiosos da área,
convencionalmente denominado de “sentar-e-alcançar”, caracteriza-se como a
única opção para essa finalidade. O teste motor “sentar-e-alcançar” consiste em
medir a distância que a ponta dos quirodáctilos do avaliado alcança ao projetar o
tronco à frente, estando sentado no solo e com ambas as pernas estendidas. Em
sendo assim, a extensibilidade dos músculos posteriores das pernas, das coxas e
da região lombar define-se como o principal fator limitante para o avaliado
apresentar maiores resultados.
Contudo, apesar de as medidas lineares associadas ao teste de “sentar-e-
alcançar” serem extremamente fáceis de obter apresentam graves problemas
inerentes à sua interpretação como indicador de amplitude de movimento articular,
sobretudo por não controlarem prováveis interferências associadas às dimensões
corporais do avaliado (altura tronco-cefálica e comprimento de pernas e de braços)
em seus resultados, o que dificulta confrontações com os dados normativos e
comparações entre avaliados. Ainda, por envolver combinações de vários
movimentos articulares simultaneamente, esse teste não define claramente que
estrutura musculoarticular está sendo medida.
Consequentemente, com a proposição de outros métodos igualmente
acessíveis e de fácil utilização, tem-se procurado abandonar a prática das medidas
lineares obtidas com a aplicação do teste de “sentar-e-alcançar” como indicador dos
43
níveis de flexibilidade. Em vista disso, esse recurso passou a ser empregado
exclusivamente como instrumento de medida associado a um dos componentes de
desempenho motor.
Informações sobre movimentos de amplitude articular que não apresentam
unidades convencionais de medidas para expressar seus resultados, como ângulos
ou centímetros, são definidas como medidas adimensionais. Principal vantagem das
medidas adimensionais é que não dependem de nenhum tipo de equipamento, pois
nelas utilizam-se unicamente mapas de análise preestabelecidos com relação à
amplitude articular.
Literatura especializada tem procurado descrever vários protocolos cujo
objetivo é oferecer medidas adimensionais, sobretudo com finalidades de
desenvolver diagnósticos de eventuais disfunções musculoarticulares e de
acompanhar intervenções fisioterápicas (Carter, Wilkinson, 1964). No entanto, no
campo da educação física a proposta denominada de Flexiteste, inicialmente
apresentada por Pavel e Araújo (1980) e posteriormente modificada por Araújo
(2005), tornou-se recurso adimensional mais frequentemente empregado na
monitoração dos níveis de flexibilidade com o propósito de condicionamento físico.
O Flexiteste consiste de um protocolo que procura oferecer informações
sobre níveis de flexibilidade pela execução de movimentos articulares com
alongamento muscular passivo, ou seja, com auxílio do avaliador. A princípio, são
oferecidos 20 movimentos articulares, que abrangem as articulações de tornozelo,
joelho, quadris, tronco, punho, cotovelo e ombro. Cada um dos movimentos é
retratado por meio de uma escala crescente e descontínua de valores inteiros que
varia de 0 a 4, o que permite a ocorrência de cinco graduações possíveis (0, 1, 2, 3
ou 4). Nesse caso, a mais elevada amplitude articular possível alcançada
especificamente pelo movimento é representada pelo valor 4, e, ao contrário, a
menor amplitude articular é representada pelo valor 0.
2.11. Aspectos funcionais-hemodinâmicos
Em situação não-patológica, o organismo humano habitualmente solicita
apenas discreta proporção da condição funcional apresentada por seus órgãos e
sistemas, apesar de, em tese, poder apresentar importante reserva funcional em
estado latente. Com exposição a esforços físicos controlados e de alguma
importância fisiológica, torna-se possível estabelecer análises da reserva funcional
44
disponível no organismo e, desse modo, desenvolver inferências com relação às
suas potencialidades adaptativas.
Em sendo assim, genericamente pode-se caracterizar a avaliação dos
aspectos funcionais por intermédio da identificação da magnitude e da qualidade
dessa reserva funcional usando como subsídio o comportamento de indicadores
fisiológicos específicos observados durante realização de esforços físicos
padronizados. Portanto, em síntese, avaliações relacionadas aos aspectos
funcionais oferecem informações sobre a disposição funcional de diferentes
sistemas orgânicos para realização de esforços físicos.
Para o campo da educação física, entre as diferentes finalidades que se
pode atribuir ao desenvolvimento de avaliações associadas aos aspectos funcionais
destacam-se: (a) realização de diagnóstico sobre o nível de aptidão física; e (b)
otimização e monitoração de programas estruturados de exercício físico. Portanto,
seus procedimentos envolvem, sobretudo, recursos próprios da fisiologia do
exercício físico que se ocupa com testes e medidas destinadas a identificar as
respostas funcionais durante a realização de esforços físicos.
Nesse sentido, sistemas de mobilização energética chama particularmente a
atenção de profissionais da educação física. Instrumentos de medida direcionados a
oferecer informações sobre os sistemas de mobilização energética são delineados
com o fim de medir a eficiência individual das diferentes vias metabólicas de
ressíntese de ATPs. Em sendo assim, instrumentos de medida nessa área
consistem em propor situações padronizadas de esforço físico em que as
reconstituições dos ATPs possam ser realizadas por meio de determinada via
metabólica. Logo, identificar as distintas vias metabólicas de energia e sua efetiva
participação nas diferentes situações de esforço físico torna-se de fundamental
importância para melhor entendimento dos protocolos de medida disponíveis na
literatura. Nesse particular e tendo como referência os diferentes substratos
energéticos, o organismo humano apresenta basicamente três sistemas de
reconstituição dos ATPs: sistema fosfágeno, sistema ácido lático e sistema
oxidativo (Power, Howley, 2011).
Tipo de substrato energético e via metabólica com que os ATPs são
ressintetizados em cada um desses sistemas dependem, fundamentalmente, da
intensidade e da duração do trabalho muscular. Assim, para efeito de delineamento
45
dos instrumentos de medida direcionados a oferecer informações sobre avaliação
dos sistemas de produção de energia o trabalho muscular deverá ser classificado
em duas categorias: (a) aquele de elevada intensidade, porém de curta ou
curtíssima duração; e (b) aquele de moderada a elevada intensidade, mas de média
a longa duração.
Com relação aos instrumentos de medida que possam ser empregados na
coleta de informações voltadas à avaliação dos sistemas de mobilização energética,
os testes de esforço físico constituem-se em ferramenta de fundamental
importância. Nesse contexto, os testes de esforço físico consistem em submeter o
avaliado a trabalho muscular específico, com protocolo padronizado, que permita
monitorar respostas fisiológicas por intermédio da verificação e do registro de
parâmetros hemodinâmicos, metabólicos e bioquímicos que possam ser utilizados
como indicadores associados aos diferentes sistemas de produção de energia
biológica.
Principal característica dos testes de esforço físico é a tentativa de exposição
do avaliado a trabalho muscular que possa maximizar a participação da fonte de
produção de energia objeto de análise na ressíntese dos ATPs, ao mesmo tempo
em que venha a minimizar sua interação com as demais fontes de produção de
energia. Desse modo, informações obtidas com aplicação de um teste de esforço
físico específico deverão oferecer subsídios direcionados à avaliação do potencial
individual do avaliado em produzir energia predominantemente por aquele sistema
de mobilização energética em questão.
Testes de esforço físico direcionados à avaliação dos sistemas de
mobilização energética podem ser classificados em duas categorias: testes
ergométricos e testes de campo. Os testes ergométricos envolvem equipamento
denominado ergômetro, que permite padronizar e quantificar com alguma
segurança o trabalho muscular realizado pelo avaliado. Por outro lado, testes de
campo procuram estabelecer tarefa motora a ser realizada pelo avaliado
considerando-se que seus resultados possam traduzir a realização de trabalho
muscular específico e de magnitude conhecida.
Testes ergométricos constituem a origem e o fundamento básico dos testes
de esforço físico direcionados à avaliação dos sistemas de mobilização energética.
Em situação de esforço físico, faz-se necessária realização de consistente trabalho
46
interno voltado à utilização da energia química armazenada no organismo para
produzir o trabalho mecânico externo. Ergômetros adequadamente delineados e
calibrados deverão impor esforço físico (carga externa) sempre igual, mas podem
requerer esforços biológicos (carga interna) diferentes de acordo com fatores
individuais associados ao sexo, à idade, à constituição morfológica e aos aspectos
ergonômicos e biomecânicos, entre outros. A relação entre carga externa e carga
interna deverá determinar o nível de eficiência dos sistemas de mobilização
energética.
Os ergômetros, equipamentos que permitem ajustar cargas de trabalho em
teste ergométrico, impõem ao avaliado resistência perfeitamente quantificável por
meio de pesos, forças eletromagnéticas e outros sistemas mecânicos ou
eletromecânicos e obrigam o avaliado à realização de determinado movimento a
velocidade ou ritmo prefixados. Os ergômetros deverão reproduzir movimentos que
não solicitem habilidades específicas a fim de que os testes de esforço físico
possam ser realizados com eficiência mecânica similar por todos os avaliados.
Calibração dos ergômetros deverá ser preocupação constante e realizada com
periodicidade necessária para assegurar a correta magnitude das cargas de
trabalho.
Avanço tecnológico observado nos últimos anos tem propiciado surgimento
de grande variedade de ergômetros, como é o caso do ergômetro de manivela,
remo, canoa, esqui e piscina ergométrica. Contudo, banco, cicloergômetro e esteira
rolante são os ergômetros clássicos mais empregados na área da educação física.
Os testes ergométricos empregados para oferecer informações sobre a
eficiência dos sistemas de mobilização energética são delineados para maximizar a
utilização de determinada via de energia para ressíntese de ATPs, ao mesmo
tempo em que procuram minimizar a utilização de outras vias de energia. Nesse
particular, supondo que o trabalho muscular é controlado diretamente pelo ritmo
com que os ATPs podem ser ressintetizados por processos predominantemente
aeróbios ou anaeróbios, tem-se sugerido a classificação dos testes ergométricos
em duas categorias: os testes de esforço aeróbios e os testes de esforço
anaeróbios, embora a última categoria possa ser classificada entre as condições
lática e alática.
Em relação aos testes ergométricos que envolvem predominantemente as
47
fontes de energia aeróbia, aqueles empregados com maior frequência destinam-se
à medida ou à estimativa do consumo de oxigênio, sobretudo do consumo máximo
de oxigênio, representado pela sigla VO2máx. Por definição, VO2máx representa a
capacidade máxima do avaliado em captar (pulmões), transportar (coração e vasos
sanguíneos) e utilizar o oxigênio (principalmente pelos músculos esqueléticos)
durante a realização de esforços físicos de caráter dinâmico envolvendo grande
massa muscular corporal (ACSM, 2013). Assim, considera-se que, quanto maiores
os valores equivalentes ao VO2máx do avaliado, mais elevada é sua condição de
ressintetizar ATPs pelos processos de produção de energia predominantemente
aeróbios.
Outro importante indicador fisiológico direcionado a oferecer informações
sobre a capacidade aeróbia do avaliado refere-se ao limiar anaeróbio.
Conceitualmente, limiar anaeróbio está associado ao momento de transição entre
produção de energia com predominância do metabolismo aeróbio e produção de
energia em que o metabolismo anaeróbio se torna o mais importante (Power,
Howley, 2011). Em tese, ultrapassando esse limiar (limite), a ressíntese dos ATPs
envolvidos no trabalho muscular deverá ocorrer pelos processos anaeróbios de
produção de energia.
Com finalidade específica de avaliação, diferentemente do que ocorre
quando do levantamento de informações relacionadas ao sistema de produção de
energia pelas vias aeróbias, torna-se extremamente difícil, senão impossível,
selecionar algum indicador fisiológico que possa ser utilizado como referencial
seguro e confiável associado à eficiência dos sistemas de produção de energia por
intermédio de vias anaeróbias.
Isso se explica porque testes ergométricos direcionados a essa finalidade
são delineados para oferecer informações sobre a capacidade dos sistemas de
produção de energia em ressintetizar ATPs quando o oxigênio disponível é
insuficiente; portanto, as ações metabólicas que deverão ocorrer se situam
exclusivamente nos músculos. Em sendo assim, nessas situações os músculos
envolvidos em esforços físicos específicos deverão operar em condições
metabólicas que independem de fontes extramusculares de substratos energéticos,
como, por exemplo, do sistema cardiovascular-respiratório. Nesses casos,
consideram-se as informações sobre os resultados dos próprios testes ergométricos
48
ou de campo expressos em unidades de medida da capacidade ou potência do
trabalho mecânico.
Para determinação do VO2máx pode-se recorrer a informações provenientes
de protocolos de medida direta e de recursos que envolvem valores preditos. A
utilização dos protocolos de medida direta, em algumas situações, como é o caso
de estudos científicos ou de avaliações direcionadas ao diagnóstico clínico e ao
acompanhamento de desempenho atlético específico, torna-se imprescindível, por
serem estes consideravelmente mais precisos e exatos. No entanto, quando existe
necessidade de minimizar custos e simplificar os procedimentos, o que ocorre em
situações rotineiras no campo da educação física, para fins de monitoração da
eficiência da produção de energia por mecanismos aeróbios em avaliados
aparentemente saudáveis, sugere-se recorrer aos recursos que envolvem valores
preditos.
Protocolos de medida direta baseiam-se na verificação de trocas gasosas
respiratórias, por meio da determinação dos volumes de oxigênio e de dióxido de
carbono da ventilação pulmonar, realizadas pelo avaliado quando este é submetido
a trabalho muscular progressivamente mais elevado até o esforço máximo, o que
exige, portanto, equipamentos de ergoespirometria extremamente sofisticados.
A par disso, predição dos valores do VO2máx está alicerçada na suposta
relação linear entre a capacidade de realização de trabalho muscular e as variações
de frequência cardíaca. Nesse caso, considerando que o trabalho externo realizado
ou a potência, expressa em watts/min ou kgm/min, apresenta estreita associação
com a quantidade de oxigênio consumida durante o esforço físico, torna-se possível
estimar valores máximos de consumo de oxigênio mediante modelos matemáticos
desenvolvidos e validados para um segmento específico da população.
Testes de esforço físico, independentemente de as medidas equivalentes ao
VO2máx serem determinadas de forma direta ou mediante valores preditos, podem
apresentar incrementos de cargas contínuas ou descontínuas. Quando os testes de
esforço físico são aplicados sem que sejam permitidos intervalos de tempo para
repouso entre uma carga e outra, denominam-se testes de carga contínua. No caso
dos testes de carga descontínuas são realizados pequenos intervalos entre as
cargas de trabalho.
Testes de cargas contínuas devem ser iniciados com cargas de esforço físico
49
relativamente baixas, e progressivamente vai-se incrementando a intensidade do
trabalho muscular, de forma contínua e mediante estágios de tempo
predeterminado, até que o avaliado venha a apresentar exaustão voluntária. Maioria
dos protocolos de cargas contínuas sugere incrementos de intensidade de trabalho
muscular em estágios de carga com duração de 2 a 3min para que o avaliado possa
apresentar algum nível de adaptação fisiológica à carga de esforço antes de passar
à carga seguinte. Mais recentemente, tem-se popularizado o método de carga
contínua que procura incrementar a carga de trabalho muscular de forma
progressiva minuto a minuto. Esse enfoque, também denominado de teste de
rampa, permite alcançar medidas de VO2máx mais rapidamente; contudo, exige
participação de potência aeróbia extremamente mais elevada.
Em testes de cargas descontínuas devem ser propostos estágios únicos de
trabalho muscular, com determinada intensidade de esforço físico, com duração
entre 6 e 8min, após breve período de aquecimento. Esse enfoque tem como
limitação a dificuldade em estabelecer corretamente a carga de trabalho e julgar se
o avaliado alcançou efetivamente o VO2máx. O fato de se estabelecer carga única
implica, ao longo do processo, aguardar que o avaliado se recupere do trabalho
muscular realizado para, na sequência, estabelecer nova carga de trabalho com
intensidade mais elevada do que a anterior na tentativa de observar eventual platô
do consumo de oxigênio. Desse modo, emprego de repetidos estágios de esforço
físico acompanhados de intervalos caracteriza teste de carga descontínua e
progressiva que requer excessivo tempo para sua realização. Esse problema pode
ser minimizado com testes preliminares que possam proporcionar subsídios para
eleger a carga de trabalho mais próxima do VO2máx real. No entanto, esse
processo também requer tempo significativo maior e torna-se necessário realizar
várias tentativas anteriores direcionadas à estabilização do VO2máx para que se
possa estabelecer com segurança que efetivamente se alcançou o VO2máx.
Em geral, protocolos de cargas contínuas são mais empregados, já que
protocolos de cargas descontínuas tornam-se particularmente mais demorados, o
que eleva o custo de sua aplicação. Por outro lado, os protocolos de cargas
descontínuas são mais indicados quando se procura minimizar a interferência de
uma carga de esforço sobre a seguinte, o que leva o avaliado a realizar maior
quantidade de trabalho total, com menores concentrações de lactato sanguíneo, em
50
razão da provável remoção parcial deste durante as pausas, notadamente nos
casos de repouso ativo.
A respeito do estabelecimento das cargas de esforço físico, existe duas
opções: mediante cargas múltiplas ou modelo triangular e mediante carga única ou
modelo retangular. No primeiro caso, deverão ocorrer incrementos progressivos na
intensidade das cargas de esforço a fim de alcançar o nível máximo de consumo de
oxigênio em intervalos de tempo predeterminados. Em contrapartida, no caso do
modelo retangular utiliza-se de uma carga constante por determinado tempo;
portanto, são testes de estágio único. Testes de cargas múltiplas são os de maior
aceitação na determinação do VO2máx; no entanto, os teste de carga única podem
ser muito úteis quando da utilização de protocolos de envolvem valores preditos.
Valores associados ao VO2máx podem ser apresentados em unidades
absolutas, expressos em litros/minuto (L.min–1) ou em relação à massa corporal,
expresso em mililitros por quilograma de peso corporal por minuto de esforço físico
[ml(kg/min)–1]. Considerando que a eficiência na produção de energia pode variar
em razão da massa corporal, VO2máx expresso em ml(kg/min)–1 torna-se mais
adequado.
Atualmente, espirometria de circuito aberto computadorizada vem sendo a
técnica mais empregada na determinação direta do VO2máx. Em seus
procedimentos de medida, o avaliado inspira ar ambiente, por intermédio de
dispositivo tubular introduzido em sua boca e que fornece fluxo unidirecional, com
clipes que obstruem sua respiração nasal com o fim de assegurar que toda troca
gasosa ocorra na boca, e tem sua expiração direcionada para uma câmara de
mistura com analisadores eletrônicos de gases. Com mensurações da ventilação
pulmonar por fluxômetro e considerando frações constantes de oxigênio e de
dióxido de carbono inspirados (20,93 e 0,03%, respectivamente), as diferenças
entre medidas obtidas no ar expirado e no ar inspirado possibilitam estabelecer
informações sobre a quantidade de oxigênio e de dióxido de carbono produzida.
Por conta da computadorização dos sistemas de análise dos gases, essas
informações podem ser determinadas em intervalos de alguns segundos ou, até
mesmo, a cada ciclo respiratório. O fato de estarem sendo medidos gases
respiratórios obriga o avaliador a levar em conta fatores que podem afetar a
determinação de seu volume, como é o caso da temperatura ambiente, da pressão
51
barométrica e da umidade relativa do ar na sala em que os testes de esforço físico
estão sendo administrados. Por convenção, as trocas gasosas respiratórias em
humanos devem ser analisadas em condições STPD, ou seja, temperatura
ambiente de 0oC, pressão barométrica de 760mmHg e sem vapor de água no ar
atmosférico. Geralmente, os equipamentos de ergoespirometria disponíveis no
mercado apresentam processadores que, uma vez calibrados, automaticamente
realizam ajustes para as condições STPD.
Medida de VO2máx pode ser determinada por qualquer tipo de ergômetro ou
protocolo. Contudo, em razão da elevada sensibilidade dos espirômetros utilizados,
a calibração dos equipamentos previamente ao início de cada teste de esforço
torna-se indispensável uma vez que variações nas condições ambientais na sala de
avaliação podem afetar a concentração de oxigênio inspirado.
Para identificar os valores equivalentes ao VO2máx com recursos de
ergoespirometria considera-se que, em teste de esforço físico progressivamente
máximo, o aumento do consumo de oxigênio com a elevação da intensidade da
carga de trabalho muscular deverá apresentar platô apesar de a carga de trabalho
muscular continuar seu aumento. Nesse momento, considera-se que, em tese, foi
alcançado o limite fisiológico associado ao sistema de fornecimento e de utilização
de energia mediante o oxigênio, ou seja, alcançou-se o VO2máx.
No entanto, apesar da elevada definição de medida de alguns equipamentos
de ergoespirometria nem sempre é possível observar com segurança ocorrência
desse platô em determinados avaliados. Em vista disso, têm-se adotado também,
embora menos precisos, indicadores fisiológicos associados ao VO2máx: (a) razão
de trocas respiratórias ≥ 1,1; (b) frequência cardíaca próxima ou acima máxima da
prevista para idade; (c) níveis sanguíneos de lactato ≥ 8mmol; e (d) aumento no
consumo de oxigênio menor que 2ml/kg/min para aumentos entre 5 e 10% na
intensidade da carga de trabalho muscular (Power, Howley, 2011).
Deve-se ressaltar que não é esperada ocorrência simultânea desses
indicadores em um mesmo teste para se considerar o alcance do VO2máx. Além do
mais, na eventualidade de os indicadores fisiológicos para determinação do
VO2máx não serem identificáveis ou na possibilidade de ocorrerem limitações de
ordem muscular para continuidade do teste de esforço físico, e não por mecanismos
hemodinâmicos centrais, sugere-se empregar a expressão “consumo de oxigênio
52
de pico” (VO2pico) em vez de VO2máx, uma vez que a determinação dos valores do
VO2máx implica a ocorrência de um platô de consumo de oxigênio em esforços
físicos extenuantes.
Por definição, considera-se que o VO2pico representa maior consumo de
oxigênio alcançado durante realização de esforços físicos realizados até a
exaustão. Em sendo assim, considera-se VO2pico quando o avaliado apresenta
sinais e sintomas de fadiga previamente à ocorrência do platô de consumo de
oxigênio e, portanto, não pode ser considerado o VO2máx. Estudos disponíveis na
literatura têm demonstrado que o platô de consumo de oxigênio é mais evidente
apenas em avaliados bem condicionados fisicamente e razoavelmente motivados
para a realização dos testes de esforço físico; portanto, não deve ter aplicação
generalizada em testes padronizados (ACSM, 2013).
Na eventualidade de não ser possível ou exequível determinar o VO2máx
pela verificação de trocas gasosas respiratórias com equipamentos de
ergoespirometria, podem-se estabelecer estimativas de seus valores por intermédio
do uso de modelos matemáticos construídos especificamente para essa finalidade.
A literatura especializada na área oferece equações de regressão que procuram
estabelecer a relação entre as informações sobre o trabalho mecânico ou sobre as
respostas de frequência cardíaca e de VO2máx do avaliado submetido a teste de
esforço físico.
Chama-se atenção ao fato de que a utilização dessas equações de
regressão deve ser recomendada somente nos casos em que os dispositivos
ergométricos (banco, cicloergômetros, esteira rolante, etc.) estão disponíveis para
aplicação do teste de esforço físico; no entanto, o acesso aos equipamentos de
ergoespirometria torna-se dificultoso porque, apesar de a quantidade de oxigênio
consumido em determinado esforço físico, medido por intermédio das técnicas de
ergoespirometria, ser altamente reprodutível em um mesmo avaliado, a
variabilidade interavaliadores relativa ao VO2máx pode ser extremamente elevada
e, em certos casos, induzir a erros de estimativa de até 7% entre o VO2máx medido
e o VO2máx predito pelas equações. No entanto, apesar da advertência, o uso
adequado e criterioso das equações de regressão pode constituir-se em ferramenta
valiosa para o profissional da educação física que não dispõe de recursos de
ergoespirometria, sobretudo em situações em que são exigidas apenas
53
comparações intra-avaliado.
Se, por um lado, em situações de medida do VO2máx por intermédio de
recursos de ergoespirometria o avaliado deverá ser submetido a trabalho muscular
progressivamente mais elevado até o esforço máximo, por outro, nas situações em
que o VO2máx deverá ser estimado por intermédio de equações de regressão, de
maneira opcional pode-se recorrer aos testes de esforço submáximo.
Protocolos de testes de esforço físico máximo e submáximo dependem dos
critérios ou das condições de interrupção do teste. Entende-se por teste de esforço
máximo aquele em que o avaliado é levado à exaustão voluntária
independentemente de ter alcançado ou não a frequência cardíaca máxima teórica
prevista para idade. Considera-se ainda teste de esforço máximo aquele em que a
execução é interrompida em razão do aparecimento de sintomas ou alterações
clínicas relevantes.
Em contrapartida, consideram-se testes de esforço submáximo aqueles que
preconizam trabalho muscular a ser realizado com respostas de frequência cardíaca
por volta de 70-85% da frequência cardíaca máxima teórica ajustada para a idade.
Para optar por um dos protocolos, máximo ou submáximo, devem-se levar em conta
as características do avaliado a ser testado. O teste de esforço físico máximo dever
ser direcionado aos sujeitos bem condicionados fisicamente e aos atletas
habituados a esforços físicos próximos dos limites máximos, enquanto o teste de
esforço submáximo torna-se útil nos demais casos.
Em tese, pressuposto básico associado às estimativas dos valores do
VO2máx, mediante uso de equações de regressão com teste de esforço físico
máximo, está alicerçado na relação linear observada entre intensidade do trabalho
muscular, respostas de frequência cardíaca e volume de oxigênio consumido
durante a realização de esforços físicos progressivamente mais intensos. Nesse
caso, à medida que a intensidade do trabalho muscular e a frequência cardíaca se
eleva, considera-se que o avaliado está consumindo maior quantidade de oxigênio.
Para proposição de equações de regressão realizam-se estudos
experimentais prévios com técnicas de ergoespirometria em sujeitos pertencentes a
amostras representativas da população. Nesses estudos são registrados valores do
consumo de oxigênio de cada sujeito pertencente à amostra em diferentes
intensidades de trabalho muscular e sua equivalente resposta de frequência
54
cardíaca. Na sequência, após tratamento estatístico dessas informações
estabelecem-se coeficientes de regressão que, com erro de estimativa conhecido,
permitem predizer os valores equivalentes ao VO2máx com base no trabalho
muscular realizado pelo avaliado ou pela resposta de frequência cardíaca diante de
esforço físico específico.
Estimativas relativas ao VO2máx por intermédio de teste de esforço físico
com intensidades de trabalho muscular submáximo fundamentam-se na suposição
da provável relação linear perfeita entre VO2máx e frequência cardíaca máxima
teórica para idade. Portanto, ao registrar a frequência cardíaca apresentada pelo
avaliado em esforços físicos submáximos conhecidos, mediante aproximações
matemáticas, torna-se possível estabelecer os valores estimados de VO2máx.
Decisão sobre seleção e aplicação de testes de esforço físico máximo ou
submáximo direcionados à estimativa do VO2máx depende, fundamentalmente, das
características do avaliado a ser submetido ao teste, do nível de exigência de
precisão e exatidão das informações a serem coletadas e da disponibilidade de
profissionais especializados para a supervisão do teste.
Comparados com testes de esforço físico submáximo, testes de esforço
físico máximos tendem a oferecer informações equivalentes ao VO2máx com menor
erro de estimativa; todavia, são mais demorados, exigem que o avaliado se exercite
até a fadiga voluntária e, portanto, oferecem ao avaliado risco mais elevado de
eventual acidente cardiorrespiratório. Em vista disso, testes de esforço físico
máximo devem ser reservados para situações em que o avaliado apresente
excepcional condição cardiorrespiratória, esteja habituado a realizar esforços físicos
de elevada intensidade e haja disponibilidade de profissionais e equipamentos
adequados para a supervisão do teste.
Abordagens utilizadas para a determinação do VO2máx, seja por intermédio
de análise de trocas de gases respiratórios ou por estimativas mediante equações
de regressão derivadas especificamente para essa finalidade, concentram-se nas
informações relacionadas ao estágio final alcançado pelo avaliado. Nesse particular,
diferentes protocolos têm sido disponibilizados na literatura, como banco,
cicloergômetro e esteira rolante, o que oferece rol de opções muito amplo. Contudo,
na escolha por um dos protocolos deve-se estar atento à necessidade de adequar
suas características às condições individuais do avaliado na medida em que o
55
incremento das cargas de trabalho muscular de um estágio para outro e a duração
de cada estágio podem modificar as respostas fisiológicas apresentadas pelo
avaliado.
Protocolos que preconizam incrementos mais elevados das cargas de
trabalho entre um e outro estágio, por exemplo, podem ser mais adequados para
avaliados jovens e de melhor condicionamento físico, enquanto os protocolos com
incrementos menores tornam-se mais indicados para testar avaliados com idades
mais avançadas e com menor condicionamento físico. Além disso, protocolos que
sugerem estágios de maior duração e incremento de cargas de trabalho desiguais à
medida que progridem podem superestimar a capacidade de trabalho muscular dos
avaliados que demonstram menor condicionamento físico.
Testes de esforço físico mediante protocolos de cargas máxima e submáxima
podem proporcionar medidas do VO2máx por intermédio dos procedimentos de
trocas de gases ou por estimativas que envolvam expressões matemáticas
altamente reprodutíveis e, portanto, em tese, relativamente confiáveis. No entanto,
infelizmente a utilização desses protocolos requer laboratórios equipados com
instrumentos de alto custo, equipe especializada de profissionais bem treinada nos
diferentes procedimentos de testes e dispêndio de demasiado tempo dos avaliados
e dos avaliadores. Além disso, por vezes a carga de trabalho necessária para
atender aos pressupostos exigidos pelos protocolos é excessivamente exigente, o
que demanda elevada motivação e tolerância diante dos desconfortos
característicos de esforços físicos realizados em condições laboratoriais, com
avaliado rodeado de equipamentos e de profissionais especializados. Em vista
disso, de maneira alternativa têm-se idealizado testes de campo com caminhadas e
corridas que, com menor sofisticação, baixo custo e mais fácil administração em
grupos numerosos de avaliados, permitem estabelecer estimativas das medidas de
VO2máx com razoável nível de precisão.
A esse respeito, merece ressalva o fato de que informações mais uniformes e
confiáveis com testes de campo são alcançadas quando se trata de estabelecer
estimativas sobre valores médios do VO2máx de grupos específicos de avaliados.
Nessas circunstâncias, eventuais dispersões a mais em relação às medidas reais
do VO2máx podem ser neutralizadas com dispersões a menos, e assim os valores
médios obtidos podem tornar-se representativos da amostra de avaliados analisada.
56
No entanto, quando se considera cada avaliado individualmente as informações
provenientes dos testes de carga máxima ou submáxima tornam-se mais indicados.
Desconhece-se na atualidade procedimento de medida que possa oferecer medidas
do VO2máx que venham igualar a exatidão e a precisão das informações obtidas
pela técnica de análise de gases respiratórios.
Além disso, com os testes de campo pode-se ter alguma dificuldade em
acompanhar características específicas das respostas funcionais apresentadas pelo
avaliado sob as cargas de trabalho, dado que as respostas de frequência cardíaca e
de pressão arterial, além da percepção subjetiva de esforço, apresentam
dificuldades para ser acompanhadas e registradas durante a realização dos testes
de campo.
Com relação aos protocolos sugeridos para testes de campo, aqueles que
apresentam maior sensibilidade para estimar as medidas do VO2máx baseiam-se
no registro do tempo despendido para caminhar e/ou correr distâncias previamente
estabelecidas ou da distância percorrida em determinado tempo prefixado. Outros
protocolos procuram apresentar velocidades progressivas a cada estágio em
distâncias fixas, registrando-se o estágio em que o avaliado apresentou exaustão
voluntária.
Testes de campo baseiam-se no pressuposto de que aquele avaliado que
apresenta mais elevada medida de VO2máx deverá caminhar/correr determinada
distância em menor tempo ou caminhar/correr distância maior em certo período de
tempo. No entanto, testes de campo com protocolos de corridas são indicados para
oferecer informações acerca do VO2máx somente quando os avaliados apresentam
familiarização com realização de esforços de corrida contínua, de modo que
possam dosar suas energias com o fim de evitar esgotamento excessivo prematuro
e, ao mesmo tempo, consigam manter a intensidade do esforço físico próxima ao
seu limite máximo.
A esse respeito, fator mais crítico para estabelecer a velocidade ótima nos
testes de campo com corrida de longa distância parece ser a distância a percorrer
ou o tempo que o avaliado deverá correr no teste. Se o tempo for curto, a energia
necessária para o esforço físico a ser realizado poderá provir de fontes energéticas
anaeróbias, e, se o tempo for demasiadamente longo, poderão ocorrer fadiga
excessiva e falta de motivação, o que deverá afetar negativamente os resultados do
57
teste como indicador do VO2máx. Nesse caso, os testes de campo mais comumente
empregados direcionados à estimativa das medidas do VO2máx implicam correr,
continuamente, distâncias entre 1.000 e 2.400m ou com tempo de duração entre 12
e 15min. Com relação às estimativas do VO2máx, considera-se que a velocidade de
corrida empregada na realização do teste corresponde ao máximo que o avaliado
pode empregar; logo, custo energético equivalente a essa velocidade deverá
corresponder ao VO2máx do avaliado em questão.
Durante prática de esforços físicos em intensidades progressivas, enquanto o
consumo de oxigênio deverá aumentar de forma linear diante do incremento do
trabalho muscular, a concentração do lactato sanguíneo pouco se modifica em
relação aos níveis de repouso até por volta de intensidades equivalentes a 40-70%
do VO2máx. Ultrapassado esse limite de intensidade, deverão ocorrer aumentos
abruptos nas concentrações do lactato sanguíneo, com ventilação pulmonar/minuto
(VE) e produção de dióxido de carbono (VCO2) crescendo desproporcionalmente ao
aumento do trabalho muscular.
Por definição, limiar anaeróbio refere-se ao limite crítico associado à
intensidade do esforço físico, expresso em unidades de consumo de oxigênio,
watts, metros/minuto, frequência cardíaca, etc., em que a produção de energia por
intermédio do metabolismo aeróbio torna-se insuficiente para suprir o dispêndio
energético induzido pelo trabalho muscular, pois a partir desse momento o
metabolismo anaeróbio torna-se preponderante para o sistema de produção de
energia. Logo, limiar anaeróbio representa a transição de passagem única a partir
da qual deverá ocorrer crescente predomínio do metabolismo anaeróbio na
produção de energia.
O limiar anaeróbio pode ser determinado pelas informações associadas à
lactacidemia, às alterações ventilatórias e às respostas de frequência cardíaca.
Protocolos dos testes de esforço físico voltados à detecção do limiar anaeróbio
deverão iniciar-se com um período prévio de 3 a 5min de aquecimento, com cargas
de trabalho muito baixas. Depois, mediante estágios de curta duração, estabelece-
se intensidade de trabalho progressivamente mais elevada até que o avaliado
demonstre clara sensação de desconforto. O mais usual é adotar estágios com
duração de 1min, considerando que a magnitude do aumento do lactato sanguíneo
e da redução do bicarbonato de sódio é mais acentuada no primeiro minuto do
58
aumento da intensidade do esforço que nos precedentes, de modo que as
alterações ventilatórias e de lactacidemia tornam-se mais nítidas. Contudo, as taxas
de incremento das intensidades de trabalho deverão ser baixas com o fim de prover
melhor resolução na detecção do limiar anaeróbio. Desse modo, a duração total do
teste, independentemente do nível de condicionamento físico do avaliado, deverá
se aproximar de 8-12min.
Técnica invasiva de lactacidemia consiste na dosagem de concentrações
séricas de lactato por meio da coleta e análise de sucessivas amostras de sangue.
Suas informações representam a cinética do lactato sangüíneo diante das
diferentes intensidades de esforço físico. Em sendo assim, amostras sanguíneas
são coletadas entre um estágio e outro do teste de esforço físico. Quando o lactato
sanguíneo é utilizado como indicador voltado à detecção do limiar anaeróbio, este é
referido como limiar de lactato. Detecção do limiar de lactato baseia-se na inspeção
visual de desenhos gráficos, envolvendo concentrações plasmáticas do lactato
observadas a cada estágio do teste de esforço (Eixo y) e alguns indicadores
associados à intensidade do esforço físico previsto para aquele estágio, como, por
exemplo, VO2, watts, velocidade de corrida, frequência cardíaca, etc. (Eixo x).
Considerando que o acúmulo de lactato plasmático é acompanhado por
hiperventilação pulmonar por causa do excesso de dióxido de carbônico
proveniente do tamponamento do ácido láctico e da acidose lática, o limiar
anaeróbio também pode ser detectado por meio de informações associadas à VE,
ao VO2 e ao VCO2. Portanto, pela observação de alterações ventilatórias torna-se
possível analisar o limiar anaeróbio com técnica não-invasiva, o que representa
atrativo evidente tanto para o avaliado quanto para o avaliador.
Considerando que em seus procedimentos são envolvidos parâmetros
ventilatórios e, sobretudo, com o fim de diferenciar da metodologia empregada na
detecção do limiar anaeróbio que utiliza lactato sanguíneo, frequentemente, nesse
caso, tem-se observado o emprego da expressão limiar ventilatório. Para detecção
do limiar ventilatório faz-se necessário recorrer aos procedimentos de
ergoespirometria, muito similares àqueles apresentados para determinação do
VO2máx. Nesse caso, as informações apresentadas pelo avaliado relativas à VE, ao
VO2, ao VCO2 e ao QR são acompanhadas com recursos informatizados
simultaneamente à realização do teste de esforço.
59
Limiar ventilatório também pode ser detectado pela inspeção visual no
comportamento de parâmetros ventilatórios observados a cada estágio do teste de
esforço representado graficamente. Nesse caso, procura-se representar no eixo y
informações sobre a VE, o equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2) e o
equivalente ventilatório de dióxido de carbono (VE/VCO2); e no eixo x alguns
indicadores associados à intensidade do esforço físico equivalente ao estágio do
teste de esforço a que o avaliado está sendo submetido.
As estimativas relativas ao limiar anaeróbio com base em informações
associadas às respostas de frequência cardíaca estão alicerçadas no pressuposto
de que, em esforços físicos progressivamente mais intensos, as respostas de
frequência cardíaca guardam estreita relação linear até dada intensidade do
trabalho muscular, equivalente, em tese, ao limiar de lactato. Acima desse nível de
intensidade, deverá ser observado aumento não-linear das respostas de frequência
cardíaca, o que permite estabelecer inferências no crescente predomínio do
metabolismo anaeróbio na produção de energia.
Desse modo, mesmo considerando as evidências disponíveis na literatura
que apontam acentuada variabilidade individual na coincidência entre o ponto de
inflexão na curva de resposta da frequência cardíaca e do limiar de lactato (Haff,
Dunke, 2012), na verdade o recurso que envolve informações sobre as respostas
de frequência cardíaca é um método não-invasivo, econômico e de grande
aplicação no campo da educação física, o qual pode ser considerado nas
estimativas do limiar anaeróbio.
Maior atrativo para o uso das respostas de frequência cardíaca diante de
esforços físicos progressivos é o fato de com elas ser possível determinar o limiar
anaeróbio não apenas com técnicas ergométricas, mas também por intermédio de
testes de campo. O grupo de pesquisadores liderado por Conconi (1982) foi o
idealizador e o precursor dos testes de esforço voltados à estimativa do limiar
anaeróbio por meio das respostas de frequência cardíaca. Protocolos dos testes de
esforço físico mediante recursos de ergometria são similares àqueles empregados
na determinação do limiar de lactato e ventilatório. No caso dos testes de campo, o
avaliado com monitor de frequência cardíaca deverá correr, em terreno plano e sem
obstáculos, trechos de 200m em velocidades crescentes.
Principal característica dos testes ergométricos com fontes de energia de
60
predominância anaeróbia é a solicitação de trabalho muscular máximo ou muito
próximo do máximo. Os critérios utilizados para tentar diferenciar a participação
predominante dos diferentes sistemas de produção de energia anaeróbia que se
pretende avaliar baseiam-se no tempo de duração do trabalho muscular. Por
conseguinte, enquanto os testes ergométricos voltados à obtenção de informações
sobre o sistema anaeróbio alático exigem trabalho muscular máximo por período de
tempo muito breve (< 20s), os testes de esforço físico direcionados ao sistema
anaeróbio lático solicitam trabalho muscular máximo, ou próximo do máximo, por
período de tempo mais prolongado (entre 30 e 60s).
Ambas categorias de testes de esforço anaeróbio baseiam-se em conceitos
associados à potência e à capacidade anaeróbia: trabalho muscular realizado por
unidade de tempo refere-se à potencia anaeróbia, enquanto quantidade total de
trabalho muscular realizado nos testes de esforço físico refere-se à capacidade
anaeróbia. Nesse caso, considera-se que, enquanto informações associadas à
potência anaeróbia alática procuram indicar o ritmo com que o CP pode ser
hidrolisado, informações sobre potência anaeróbia lática sugerem o ritmo com que
os ATPs podem ser ressintetizados por intermédio da glicólise anaeróbia.
No que se refere ao delineamento dos testes de capacidade anaeróbia
alática, considera-se que o limite extremo dessa fonte de energia se caracteriza por
acentuada redução na concentração de CP em razão de seu elevado ritmo de
depleção, o que tem como consequência redução da disponibilidade de energia
para manutenção do trabalho muscular, na medida em que a regeneração dos
ATPs por unidade de tempo, mediante a glicólise anaeróbia, é menor. De maneira
similar, delineamentos dos testes de capacidade anaeróbia lática baseiam-se no
princípio de que a ressíntese de ATPs, pela via da glicólise anaeróbia, apresenta
potencial finito além do qual o trabalho muscular tende a decrescer drasticamente
em razão de o sistema de produção de energia aeróbia não conseguir atender à
síntese de ATPs no mesmo ritmo. Informações sobre testes de esforço anaeróbios
podem ser obtidas por intermédio de ergômetros integrados a sistemas
computadorizados ou em testes de campo.
2.12. Prescrição de exercício físico
Em analogia com prescrição de fármacos ou de dietas alimentares,
prescrição de exercícios físicos é um processo mediante o qual são recomendados
61
ao indivíduo esforços físicos que, ao serem executados de maneira sistemática e
individualizada, deverão induzir adaptações desejadas no organismo. Nesse
particular, para que programas de exercício físico possam ser seguros e venham a
apresentar repercussões positivas em termos de promoção da saúde, torna-se
necessário planejar, organizar e orientar os estímulos físicos observando alguns
pressupostos básicos.
Inicialmente, os programas de exercício físico devem envolver todos os
componentes voltados à dimensão funcional-motora: resistência cardiorrespiratória,
resistência de força e flexibilidade; e, dessa forma, interferir favoravelmente nas
dimensões morfológica, fisiológica e comportamental da aptidão física relacionada à
saúde. Supõe-se que seus estímulos acompanhem os três princípios biológicos
voltados à relação esforço físico-adaptações funcionais e orgânicas; ou seja,
princípio de sobrecarga, progressão e individualidade, princípio de especificidade e
princípio de reversibilidade. Os componentes frequência, volume, intensidade,
disposição sequencial e modalidade/tipo também são aspectos importantes a serem
considerados na elaboração dos programas de exercício físico direcionados à
promoção da saúde. Ainda, elemento essencial na prescrição de programas de
exercício físico é a realização de avaliação prévia e atualizada periodicamente, a
fim de obter subsídios quanto às reais condições do indivíduo e, com isso, promover
ajustes nos estímulos oferecidos, procurando maximizar os resultados (Garber et
al., 2011).
Para que possam ser aprimorados e mantidos em níveis satisfatórios os
índices de aptidão física relacionada à saúde torna-se necessário desenvolver
exercício físico que possam estimular o sistema cardiorrespiratório. Neste particular,
mesmo admitindo que a força/resistência muscular e a flexibilidade sejam
considerados importantes componentes na preservação do melhor estado funcional
e orgânico, na realização de qualquer esforço físico é fundamental que os sistemas
cardiovascular e respiratório respondam eficientemente para captar e transportar o
oxigênio necessário até os músculos ativos. Portanto, uma melhor resposta desses
dois sistemas, o que no aspecto físico corresponde à aptidão cardiorrespiratória,
representa algo de enorme importância no cotidiano de qualquer indivíduo.
Exercício físico direcionado ao desenvolvimento ou à manutenção da aptidão
62
cardiorrespiratória são os chamados exercícios aeróbios e, de forma bastante
particular, são caracterizados por esforço físico de média a longa duração e
intensidades moderada-a-vigorosa, que possam envolver grandes grupos
musculares de maneira dinâmica e com ritmo relativamente constante.
Caminhada, corrida, natação e ciclismo são exemplos típicos de exercício
físico que podem ser realizados de maneira aeróbia e, portanto, induzir a
adaptações importantes na aptidão cardiorrespiratória. De maneira geral, a
eficiência dos programas de exercício aeróbios esta diretamente relacionada ao
dispêndio energético solicitado pelo esforço físico, associado à combinação
adequada de freqüência, intensidade e duração do exercício físico.
Além da aptidão cardiorrespiratória, a prescrição de programas de exercício
físico direcionados à promoção da saúde deve contemplar também ações voltadas
ao desenvolvimento e à manutenção da aptidão músculo-esquelética, ou das
capacidades físicas resistência de força e flexibilidade.
De particular interesse para a aptidão física relacionada à saúde é a
resistência de força muscular dos músculos da região inferior do abdome. Esses
músculos são solicitados para flexionar a coluna vertebral, além de auxiliar a manter
órgãos da região abdominal em sua posição adequada. Debilidades nos músculos
abdominais podem provocar deslocamento à frente dos órgãos contidos no abdome
e, por sua vez, contribuir na ocorrência de lordoses. Portanto, a manutenção de um
bom nível de resistência de força nos músculos abdominais torna-se procedimento
importante na prevenção das disfunções posturais que podem manifestar dores nas
regiões inferiores das costas (Garber et al., 2011).
Obtenção de níveis adequados de resistência de força nos músculos dos
braços e da região superior do tronco também é importante fator a considerar
quanto à aptidão física relacionada à saúde. Freqüentemente, nas atividades
diárias, é necessário levantar, segurar ou transportar objetos pesados. Se os
músculos dos braços e do tronco se mostrarem enfraquecidos, esta tarefa poderá
ser dificultada. Já deficiências na resistência de força nos músculos das pernas
podem dificultar a execução de atividades cotidianas, como subida de degraus ou
até mesmo o simples ato de se levantar do chão ou de uma poltrona mais baixa.
Essas dificuldades poderão contribuir para ocorrência de acidentes e lesões
63
músculo-esqueléticas e/ou articulares, particularmente em indivíduos de menor
condição física (Garber et al., 2011).
Outro componente da aptidão músculo-esquelética, a flexibilidade, é
responsável pela manutenção de amplitude de movimento adequada das
articulações, levando o indivíduo a se movimentar com maior facilidade e eficácia.
Níveis satisfatórios de flexibilidade são importantes tanto para o bom funcionamento
articular como para manter os músculos com grau de elasticidade desejado. Níveis
de flexibilidade inadequados podem resultar no aumento da probabilidade de
ocorrer lesões músculo-esqueléticas, ou ainda impossibilitar realização de
determinados movimentos. Especialmente importante é a manutenção de níveis de
flexibilidade nas regiões lombar e posterior da coxa. Debilidades nessas regiões
aumentam o risco de aparecimento de lombalgias e que pode tornar-se crônica
(ACSM, 2013).
Por outro lado, exercício físico vem sendo proposto como importante ação
colaboradora em programas de controle do peso corporal, não somente pelo maior
dispêndio energético oferecida à equação de equilíbrio energético, mas, sobretudo,
pelas adaptações favoráveis observadas no sistema neuro-endócrino, responsável
pelo maior acúmulo de gordura corporal (Power, Howley, 2011).
Entre as rotinas disponíveis de exercício físico, o procedimento mais
indicado para induzir impacto positivo no controle do peso corporal consiste na
participação de esforço físico que envolve a utilização de grandes grupos
musculares, de caráter dinâmico, ritmo constante, intensidade baixa-moderada e de
média a longa duração, para que possa solicitar todo o sistema orgânico de
oxigenação, também denominado de exercícios aeróbios (Power, Howley, 2011).
Bastante similar a situação da aptidão cardiorrespiratória, caminhada,
corrida, ciclismo e natação são opções bastante interessante de exercício físico que
podem ser delineados para envolver esforços físicos de grande magnitude aeróbia
e, portanto, induzir a importantes adaptações metabólicas e funcionais para controle
do peso corporal. Contudo, outras modalidades de exercício físico, como é o caso
de exercícios resistidos e hidroginástica, apesar de algumas limitações, também
podem ser praticadas com predominância aeróbia e oferecer alguma contribuição
ao controle do peso corporal.
64
3. Metodologia:
O software foi desenvolvido utilizando linguagem de programação PHP
(PHP-5), Java Script 2.0. No Projeto foi analisado custo benefício, levantamento real
de custos para desenvolvimento, estipulado critérios para escolha das linguagens
de programação e banco de dados. Tendo preocupação quanto a usabilidade para
o cliente final, a linguagem foi definida pelo fato do código JavaScript rodar
localmente no navegador do usuário, e não em um servidor remoto, o navegador
pode responder a tais ações rapidamente, fazendo uma aplicação mais responsiva.
Entre as ferramentas para Gerenciamento do Projeto foram selecionadas Scrum e
GanttProject.
O software está hospedado em site com domínio específico para ferramenta
(http://www.l14.com.br) e pode ser acessado por meio de navegadores da internet
(Internet Explorer, Mozilla, Google Crome). Foi utilizado banco de dados MSQL
(web) e sua interface foi exposta a testes de usabilidade e aplicabilidade no
Laboratório de Testes de Software do Estado do Paraná – SENAI Londrina. O
mesmo foi submetido a registro de patente no INPI (Registro de Marcas e
Patentes).
65
4. DESENVOLVIMENTO
MANUAL PARA USO DO SISTEMA
1. Apresentação
Empresa e Profissional Responsável.
Razão Social: Ginasium Sistemas e Equipamentos de Informática Ltda.
CNPJ: 07.791.077/0001-76
I.E. 903.60787-47
Av. Paraná, 427 sl 808 Centro Londrina-PR CEP: 86010-923 Telefone: (43) 3028-2143
Profº Sandro Lucas Sofiati
CREF: 007675-G/PR
Consultor Técnico
Diretor Administrativo
Programador Responsável:
Fernando Henrique Rodrigues de Oliveira
Programador Responsável
2. Requisitos de Sistema
Software desenvolvido para ambiente on-line, com compatibilidade de uso para os principais navegadores de internet.
66
3. Instalação do sistema
Sem necessidade de instalação, solicita apenas a captação de um sinal de internet.
4. Configuração do sistema
CADASTRO DE AVALIADOR
# Preencher os dados cadastrais do Profissional responsável;
# Possibilidade de adicionar ou excluir outros avaliadores no sistema; - O usuário MASTER pode adicionar ou excluir outros usuários para uso do sistema, mediante liberação de senhas para o novo usuário ou bloqueio de senha já liberada.
# Possibilidade de cadastrar e enviar LOGIN e SENHA para usuários (por email);
67
- O usuário MASTER terá acesso a todo conteúdo e configurações do sistema; porém, não é o caso dos demais usuários do sistema .
# Troca de senha;
Após inserir a senha atual, a nova senha escolhida e repetindo-a no campo
CONFIRMAÇÃO, clicar em ENVIAR. Imediatamente o sistema deverá
apresentar a mensagem “NOVA SENHA REGISTRADA”
# Acesso a área de suporte técnico.
68
Acesso ao manual de utilização (Base de Conhecimento) online.
69
Possibilidade de cadastro de exercício físico (1), alimentos (2) e grupos (3).
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5. Utilitários
Estatística e Relatórios:
6. Impressão
A Impressão é realizada em dois formatos: Detalhada e Compactada
Detalhada: impressão de todas as rotinas realizadas, sendo cada
rotina de avaliação/prescrição de exercício físico separadamente em
cada página.
Compactada: impressão de todas as rotinas realizadas de maneira
sequencial, independentemente das trocas de páginas; logo, deverá
estar disposta em menor quantidade de folhas impressas.
71
Também é possível realizar impressão de COMPARATIVOS, sendo possível visualizar comparações entre resultados das avaliações/prescrições já realizadas.
Existe possibilidade de selecionar as rotinas de avaliação/prescrição que deseja gerar em arquivo PDF para impressão.
72
7. Cópia de Segurança – Back-up
Possibilidade de back-up do banco de dados em mídia externa mediante uso de ferramenta específica. 8. Registro do Sistema
O Sistema Physis L14 tem seu Registro de Programa de Computador realizado no INPI sob o número de Registro: BR 51 2014 000906 8
73
CADASTROS CADASTRO DE CLIENTES: 1 – Clicar no ícone indicado (Clientes).
2- Preencher os campos obrigatórios (assinalado na cor vermelha): Grupo, nome, data de nascimento e sexo.
74
3 – Clicar em Salvar para gravar o cadastro do cliente.
4 – Como opção torna-se possível incluir foto do Cliente. Formato aceito: JPG, GIF e PNG.
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CADASTRO DE GRUPOS
Na tela (menu inicial) para incluir cadastro de novo grupo o usuário
deverá clicar no ícone (Grupos) no qual permitirá acesso ao local de
cadastro mostrando os grupos já cadastrados listados. Para os grupos já
cadastrados apresentará botão editar para realizar alterações caso
desejado. Para novos grupos basta clicar no botão (Novo Grupo) no qual
apresentará tela modal (conforme imagem acima) na qual o usuário pode
inserir o nome do Novo grupo e clicar no botão gravar para confirmar seu
cadastro ou cancelar para recomeçar o processo novamente.
76
CADASTRO DE EXERCÍCIO FÍSICO
Na tela (menu inicial) para incluir cadastro de novo exercício físico o
usuário deverá clicar no ícone (Exercícios) no qual permitirá acesso ao local
de cadastro mostrando os exercícios já cadastrados listados e também a
possibilidade de filtro por tipo (aeróbios/musculares/equivalente energético
por atividade física – MET). Para os exercícios já cadastrados apresenta
botão editar para realizar alterações caso desejado e botão de exclusão.
Para incluir novos exercícios basta clicar no botão (Novo Exercício) no qual
apresentará tela modal (conforme imagem acima) na qual o usuário pode
inserir o nome do novo exercício e clicar no botão gravar para confirmar seu
77
cadastro ou cancelar para recomeçar o processo novamente.
CADASTRO DE ALIMENTOS
Na tela (menu inicial) para incluir cadastro de novo alimento o usuário
deverá clicar no ícone (Alimentos) no qual permitirá acesso ao local de
cadastro mostrando os Alimentos já cadastrados listados, opção de inclusão
de medidas caseiras e também a possibilidade de filtro por tipo (ex:
açucares e doces, bebidas, etc). Para os alimentos já cadastrados
apresenta botão editar para realizar alterações caso desejado e botão de
exclusão. Para incluir novos alimentos deve-se clicar no botão (Novo
Alimento) no qual apresentará tela modal (conforme imagem acima) na qual
o usuário pode inserir o nome do novo alimento e clicar no botão gravar
78
para confirmar seu cadastro ou cancelar para recomeçar o processo
novamente.
LANÇAMENTO DE AVALIAÇÃO FÍSICA 1 – Para o lançamento de informações associadas às avaliações físicas e às prescrições de exercício físico é necessário clicar na tela principal no ícone CONSULTAS.
2 – No Box CLIENTE deverá ser digitado o nome do cliente já cadastrado para sua busca. Se, eventualmente, o cliente ainda não estiver cadastrado, para realizar o cadastro deste cliente deverá ser acessado o ícone NOVO CLIENTE.
3 – Ao localizar o cliente desejado, são disponibilizadas três opções: MOSTRAR CONSULTAS, NOVA CONSULTA ou COMPARATIVO DE RESULTADOS.
79
4 – Ao clicar em MOSTRAR CONSULTAS deverão ser mostradas as avaliações físicas e as prescrições de exercício físico já realizadas por aquele cliente. Neste caso, para que as informações registradas possam ser visualizadas é necessário clicar na data correspondente.
5 – Ao clicar em NOVA CONSULTA abrirá a tela principal de lançamentos
para avaliação física e prescrição de exercício físico. Neste caso, o
profissional deverá selecionar a rotina de avaliação física ou prescrição de
exercício físico de sua escolha.
80
6 – Ao clicar em COMPARATIVO DE RESULTADOS deverá ser
disponibilizada tela com todas as rotinas de avaliação física e prescrição de
exercício físico já realizadas por aquele cliente. Ao acionar o ícone
VIZUALIZAR COMPARATIVO as informações registradas serão
disponibilizadas na tela.
81
PERGUNTAS FREQUENTES (F.A.Q.) 1 – Após o prazo de validade de consultas expirar consigo acesso ao sistema? R: Sim, você tem acesso a todas suas avaliações e prescrições podendo imprimir, enviar novamente ou mesmo editá-las! A partir do momento que realize nova aquisição de crédito já poderá lançar novas consultas. 2 - Como imprimir as avaliações físicas comparativas? R: Ao acessar as avaliações comparativas neste local será permitido tanto a geração do arquivo em formato PDF como o envio para seu cliente por emal. 3 - Posso gerar a avaliação física em PDF e enviar por email? R: Sim, esta rotina está no módulo de impressão, lá você terá as opções de geração e envio para email do cliente. 4 - Posso realizar somente as avaliações físicas e não lançar prescrição de exercício? Posso lançar somente um (1) item da avaliação física e deixar o outros em aberto? R: Sim. Você tem esta flexibilidade dentro do sistema podendo escolher quais rotinas quer lançar lembrando que alguns dados são (obrigatórios) como peso e estatura. 5 - Quando lanço uma consulta é descontado quantos créditos? R: A cada consulta será deduzido 1 crédito.
82
6 - Posso cadastrar mais de um avaliador físico por conta? R: Sim, quantos forem necessários. 7 - O suporte técnico é cobrado a parte? Qual horário é disponibilizado? R: Não. O serviço de suporte técnico já é incluso. É disponibilizado através de suporte remoto, email e telefone com pré agendamento em horário comercial. 8 - Posso trocar minha senha quantas vezes eu precisar? R: Sim. Pode realizar dentro do próprio sistema na tela de menu inicial. 9 - Posso realizar quantas consultas desejar para um mesmo avaliado? R: Sim, tendo créditos pode fazer quantas vezes achar necessário. 10 - Posso vincular um avaliado em mais de 1 grupo? R: Não. Para cada cadastro será possível vincular somente a 1 grupo, o que é possível é editar e mudar o grupo deste indivíduo.
83
ROTINAS DE AVALIAÇÃO FÍSICA DISPONIBILIZADAS
Anamnese
Componentes Clínicos Risco Coronariano Análise Postural
Composição Corporal
Antropometria Bi-Compartimental o Deurenberg - IMC ( ≥ 6.5 anos ) o Durnin&Womersley (≥ 15.5 anos ) o Guedes & Guedes ( 17.5 a 35 anos ) o Jackson & Pollock ( ≥ 17.5 anos ) o Petroski( ≥ 17.5 anos ) o Slaughter( 6.5 a 17 anos )
Antropometria Multi-Compartimental o Protocolo de Kerr
Bioimpedância Elétrica
Crescimento Físico
Posicionamento da Estatura Posicionamento da Massa Corporal
Maturação Biológica
Maturação Sexual o Desenvolvimento Mamário o Desenvolvimento da Genitália o Desenvolvimento da Pilosidade Pubiana o Aparecimento da Menarca
Maturação Morfológica o Estatura de Referência o Estatura Adulta
Desempenho Motor
Bateria de Testes Motores o Referenciada por Critérios
Physical Best Fitnessgram
o Referenciada por Normas Indicadores Nacionais Indicadores Norte-Americanos Indicadores Europeus
Testes Motores Individuais
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Proporcionalidade
Índices Corporais Estratégia de Phantom
Somatótipo
Método Matemático
Estado Nutricional
Inquérito Alimentar o Frequência Alimentar
Delineamento com 6 Grupos de Alimentos Delineamento com 10 Grupos de Alimentos Delineamento com 15 Grupos de Alimentos
o Registro Dietético Antropometria Nutricional
o Crescimento Físico o Área de Músculo e de Gordura
Atividade Física Habitual
Registro Recordatório o Auto-Recordação das Atividades do Cotidiano o Compêndio de Atividades Físicas
Questionários o Questionário de Baecke et al. o Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ
(Versão Curta) o Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ
(Versão Longa)
Aspectos Musculoesquelético
Testes Motores o Sentar-e-Alcançar o Flexão/Extensão de Braços Frente ao Solo o Dinamometria
Preensão Manual Direita Preensão Manual Esquerda Dorsal/Membros Inferiores
Testes de Sobrecarga o Carga Máxima o Repetições Máximas
Mobilidade Articular
85
Aspectos Funcionais-Hemodinâmicos Sistema Aeróbio
o Carga Máxima Banco - Nagle/Balke Cicloergômetro - Astrand Cicloergômetro - Balke Esteira Rolante - Bruce Esteira Rolante - Bruce Modificado Esteira Rolante - Ellestad Esteira Rolante - Balke/Ware
o Carga Submáxima Banco - Astrand-Ryhming Cicloergômetro - Astrand-Ryhming Cicloergômetro - Fox Esteira Rolante - Balke
o Testes de Campo Caminhada Corrida Contínua Corrida "Ida-e-Volta"
Sistema Anaeróbio o Escada - Margaria-Kalamen o Saltos - Bosco o Cicloergômetro/Perna - Wingate
PROCEDIMENTOS DE PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO DISPONIBILIZADOS
Controle do Peso Corporal
Caminhada Corrida Ciclismo Cicloergômetro Natação - Nado Crawl Hidroginástica
Aptidão Cardiorrespiratória
Corrida Cicloergômetro
Força/Resistência Muscular
Exercícios Resistidos o Exercícios que foram selecionados para avaliação na
Rotina de Testes de Carga Máxima
86
Referência Bibliográfica:
AAHPERD – American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and
Dance. Youth Fitness Test Manual. Washington, DC., AAHPERD. 1976.
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Ainsworth BE, Haskell WL, Whitt MC, Irwin ML, Swartz AM, Strath SJ et al.
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90
Artigo Científico
BEHAVIORAL REGULATION IN EXERCISE QUESTIONNAIRE:
TRADUÇÃO E VALIDAÇÃO PSICOMÉTRICA PARA USO EM ADULTOS
BRASILEIROS
BEHAVIORAL REGULATION IN EXERCISE QUESTIONNAIRE:
TRANSLATION AND PSICOMETRIC VALIDATION FOR USE IN BRAZILIAN
ADULTS
Título Abreviado:
BREQ para adultos brasileiros
Autores:
Sandro Lucas Sofiati
Dartagnan Pinto Guedes
Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde
Universidade Norte do Paraná - UNOPAR
91
Resumo
Os objetivos do estudo foram traduzir para o idioma português, realizar a
adaptação transcultural e identificar as propriedades psicométricas para adultos
brasileiros do Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire – Version 3
(BREQ-3). A versão original foi traduzida de acordo com recomendações
internacionais. Um comitê de juízes foi formado para analisar as versões
traduzidas do questionário. O comitê utilizou como critério de análise as
equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. A versão final do
questionário traduzido foi administrada em uma amostra de 1041 adultos
praticantes de exercício físico da área metropolitana da cidade de Londrina,
Brasil (470 mulheres e 571 homens) com idades ≥ 18 anos. Para identificar as
propriedades psicométricas foi realizada análise fatorial confirmatória e, na
sequência, para análise da consistência interna de cada fator associado à
motivação para a prática de exercício físico, foi empregado coeficiente alfa de
Cronbach. Após discretas modificações apontadas no processo de tradução, o
comitê de juízes considerou que a versão para o idioma português do BREQ-3
apresentou equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. A análise
fatorial confirmou a estrutura de seis fatores originalmente proposta, mediante
indicadores estatísticos equivalentes à χ2/gl = 1,91, ao GFI = 0,938, AGFI =
0,954 e RMSR = 0,059 (IC95% 0,051-0,069). O alfa de Cronbach apresentou
coeficientes entre 0,67 e 0,87. Concluindo, a tradução, a adaptação
transcultural e as qualidades psicométricas do BREQ-3 foram satisfatórias, o
que viabiliza sua aplicação em futuros estudos no Brasil.
Palavras-chaves: BREQ; Questionário; Psicometria; Exercício Físico;
Motivação; Brasil.
92
Abstract
The objectives of this study were to translate for the Portuguese
language, describe the cross-cultural adaptation and identify the psychometric
properties to the Brazilian adults of the Behavioral Regulation in Exercise
Questionnaire – Version 3 (BRSQ-3). The original questionnaire was translated
following international recommendations. Translated versions of the
questionnaire were analyzes by a committee of experts. The committee used
semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalences as criteria of analysis.
The final version of the translated questionnaire was administered in a sample
of 1041 adults exercise participants (470 women and 571 men) aged ≥ 18
years-old. To identify the psychometric properties confirmatory factorial analysis
were completed. Cronbach’s alpha coefficient was used to assess the internal
consistency of each factor of the BREQ-3 associated to motivation for the
practice of exercise. After minor changes identified in the translation process,
the committee of experts considered that the Portuguese version of the BREQ-3
showed semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalences. The factorial
analysis confirmed the structure of six factors originally proposed, through
statistical indicators equivalent to χ2/gl = 1,91, GFI = 0,938, AGFI = 0,954 e
RMSR = 0,059 (IC95% 0,051-0,069). The Cronbach-alpha ranged from 0,67 to
0,87. In conclusion, the translation, cross-cultural adaptation and psychometric
qualities of the BREQ-3 were satisfactory, thus enabling its application in future
studies in Brazil.
Keywords: BREQ; Questionnaire; Psychometrics; Exercise; Motivation; Brazil.
93
Introdução
Os múltiplos benefícios que a prática adequada de exercício físico possa
oferecer à promoção do bem-estar e à minimização dos riscos predisponentes
ao aparecimento e ao desenvolvimento de disfunções degenerativas são bem
documentados na literatura (Warburton et al., 2006; Haskell et al., 2007;
Sassen et al., 2010; Reiner et al., 2013). Porém, contraditoriamente,
levantamentos epidemiológicos têm apontado que pequena parcela da
população pratica exercício físico com alguma regularidade (Varo et al., 2003;
Fechio, Malerbi, 2004; Ferreira, Najar, 2005) e, entre aqueles que iniciam a sua
pratica, a elevada quantidade de casos de abandono torna-se bastante
preocupante (Anderson, 2003; Ebben, Brudzynski, 2008). Neste sentido, tem-
se apontado o perfil motivacional individual como elemento decisivo para
identificação e adesão a prática de exercício físico (Gill, Williams, 2008).
Diante desta situação, estudos mais recentes vêm procurando se utilizar
de pressupostos assumidos por diferentes abordagens teóricas elaboradas no
domínio da psicologia para demarcar e conhecer atributos vinculados aos
componentes motivacionais que possam levar alguém a praticar exercício físico
(Gill, Williams, 2008). A identificação de atributos associados à motivação
subjacentes ao exercício físico permite que sejam delineadas ações de
incentivo para o início de sua prática e que possam levar o praticante a
alcançar em sua maior plenitude as metas propostas, promovendo, desse
modo, clima motivacional favorável, o que aumenta as chances de adesão e,
por consequência, minimiza eventual possibilidade de abandono.
Mais recentemente, sobretudo nas duas últimas décadas, a Teoria de
Autodeterminação (TaD) tem se constituído na abordagem teórica de maior
relevância e que vem recebendo considerável atenção para estudo da
motivação voltada à prática de exercício físico (Deci, Ryan, 1985; 2012; Ryan,
Deci, 2000). A TaD é uma teoria geral do comportamento humano que tem
conexão com a personalidade individual e o contexto social em que se esta
inserido. Neste sentido, procura explicar a motivação em diversas áreas, como
educação, música, saúde, política, esporte e exercício físico, entre outras. Em
síntese, postula que a motivação para assumir condutas específicas pode
variar ao longo de um continuum de acordo com o grau percebido de
94
autodeterminação, estando alicerçado nas três necessidades psicológicas
básicas – (a) autonomia: tomar decisões, ter liberdade de escolha; (b)
competência: sentir-se eficaz e capaz de alcançar os objetivos; e (c)
relacionamento: manter uma relação amistosa com as pessoas (Vallerand,
2007).
Em um extremo do continuum de autodeterminação está situado o
construto denominado amotivação, que implica na ausência de qualquer tipo de
motivação (intrínseca ou extrínseca) para a prática de exercício físico. A
amotivação supõe o menor grau de autodeterminação, considerando que,
neste caso, o indivíduo não encontra nenhum valor ou sentido na atividade que
realiza e, portanto, considera que o exercício físico não reportará satisfação ou
qualquer tipo de benefício. No outro extremo do continuum se encontra a
motivação intrínseca. Este tipo de motivação supõe a forma mais
autodeterminada de motivação, considerando que o indivíduo pratica exercício
físico por vontade própria, ou seja, pelo prazer e satisfação que a atividade
oferece a ele. Entre os dois polos do continuum (amotivação e motivação
intrínseca) encontra-se a motivação extrínseca.
A TaD distingue quatro tipos de regulação dentro da motivação
extrínseca, que podem variar grandemente dependendo do grau de
internalização das metas e dos valores associados a conduta de exercício
físico: regulação externa: não existe internalização e o exercício físico é
praticado unicamente por conta de recompensas externas ou para satisfazer
alguém de seu convívio; regulação introjetada: surge um mínimo de
internalização e o exercício físico é praticado para evitar sentimentos de
culpabilidade; regulação identificada: apresenta grau de internalização mais
elevado quanto ao valor da conduta, de tal modo que o exercício físico é
praticado em razão da importância e dos benefícios individuais que sua prática
pode propiciar; e regulação integrada: existe maior grau de internalização e a
prática de exercício físico é considerada como parte do seu estilo de vida.
Estudos experimentais têm mostrado que indivíduos com perfis
motivacionais direcionados à regulação identificada, à regulação integrada e à
motivação intrínseca tendem a apresentar atitudes mais favoráveis para a
prática de exercício físico, mediante mais elevada autoestima, satisfação,
95
esforço e persistência; enquanto indivíduos com perfis motivacionais
direcionados à regulação introjetada, à regulação externa e à amotivação
tendem a apresentar processos adaptativos para a prática de exercício físico
menos favoráveis, aumentando as chances de abandono (Hagger,
Chatzisarantis, 2009; Sicilla et al., 2014; Vallerand, 2007).
Se, por um lado, os fundamentos da TaD, por serem baseados em
características inerentes ao ser humano, são possíveis de generalização para
diferentes culturas (Chirkov, 2009); por outro, existe necessidade de dispor de
instrumentos de medida traduzidos e validados para diferentes culturas
capazes de identificar e dimensionar os construtos associados ao continuum de
autodeterminação. Neste particular, no panorama internacional, encontram-se
disponíveis na literatura dois questionários idealizados especificamente para
atender o contexto de exercício físico: Exercise Motivation Scale – EMS (Li,
1999) e Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire – BREQ (Mullan et al.,
1997; Markland, Tobin, 2004; Wilson et al., 2006).
A proposição do EMS recebeu severas críticas, entre outros motivos,
por não proporcionar apoio psicométrico específico para os itens da regulação
integrada, caracterizada como a forma mais autônoma de motivação extrínseca
prevista na TaD. Ainda, análise das correlações inter-construto apontou que as
diferentes formas de motivação extrínseca não se associavam conforme
postulado pela TaD, tendo sido encontrada correlação mais elevada entre a
regulação integrada e a regulação introjetada, que entre a regulação integrada
e a regulação identificada. Em vista disso, o EMS vem passando despercebido
pelos estudiosos da área, sendo dispensada maior atenção ao uso do BREQ.
O BREQ foi originalmente idealizado por Mullan et al. (1997) e, na
sequência, foi revisado e complementado mediante duas outras versões. A
primeira versão do BREQ foi proposta para oferecer indicações vinculadas à
motivação intrínseca e a três regulações da motivação extrínseca: regulação
externa, introjetada e identificada. Apesar dos esforços de seus idealizadores,
na sequência, reconheceu-se importante limitação da versão original, em razão
da ausência de itens relacionados à amotivação. Neste sentido, foi
disponibilizada versão ajustada do BREQ, o que se denominou BREQ-2,
mantendo os quatro fatores da estrutura original da escala; porém, adicionando
96
quatro novos itens equivalentes à amotivação (Markland, Tobin, 2004). A
versão mais recente do BREQ, o chamado BREQ-3, foi sugerida com intuito de
adicionar itens direcionados a atender a regulação integrada, passando, desse
modo, a contemplar todos os seis construtos do continuum de
autodeterminação (Wilson et al., 2006).
Todas as três versões originais do BREQ foram propostas em língua
inglesa; no entanto, pesquisadores de países de outros idiomas se
interessaram pela sua tradução e validação, o que vem permitindo a expansão
de seu uso para outras culturas (Moreno et al., 2007; Palmeira et al, 2007;
Moustaka et al., 2010; Farmanbar et al., 2011). No momento, tem-se
constituído em um dos instrumentos mais utilizado na literatura internacional
sobre a TaD relacionada ao contexto de exercício físico (Verloigne et al., 2011;
Cid et al., 2012; Sibley et al., 2013; Craike et al., 2014; Rutten et al., 2014).
Especificamente em idioma português foram identificadas duas
tentativas de tradução e validação do BREQ. Uma primeira tentativa envolveu o
idioma português europeu e contemplou o BREQ-2 (Palmeira et al., 2007).
Neste caso, foram mantidos na versão traduzida os 19 itens propostos
inicialmente, com disposição fatorial similar a encontrada originalmente e com
aceitáveis indicadores de validação psicométrica. Contudo, pelo fato do BREQ
tratar-se de um instrumento que contém extensa lista de diferentes razões para
a prática de exercício físico expressos em frases, sua tradução para outro
idioma, mesmo um idioma bastante similar ao utilizado no Brasil como é o caso
do português europeu, pode comportar divergências em expressões
idiomáticas e de matrizes provenientes de diferenças culturais. Assim, sua
utilização na realidade brasileira pode levar a viés idiomático importante.
Tentativa de adaptar o BREQ para uso no Brasil foi realizada por Viana
(2009). Contudo, neste caso, foi utilizado como referência a versão já traduzida
para o idioma português europeu do BREQ-2, ao invés de recorrer a versão do
instrumento no seu idioma original (inglês). Desse modo, no delineamento do
estudo são identificadas importantes limitações metodológicas associadas à
tradução e à adaptação transcultural de questionários com essas
características, o que pode comprometer sua aplicação na população
brasileira. Somado a isso, a amostra envolvida no estudo para identificar os
97
indicadores psicométricos foi constituída por 87 adolescentes, com idade média
de 16 anos, quantidade insuficiente de sujeitos para que se possa alcançar
ajuste do modelo fatorial estatisticamente adequado com 19 itens. Por
consequência, sólidos critérios conceituais cederam preferência aos
comprometidos achados estatísticos.
Em sendo assim, diante da necessidade de disponibilizar instrumento de
medida apropriado à cultura brasileira que possa ser empregado para
identificar, dimensionar e ordenar os tipos de motivação voltados à prática de
exercício físico à luz da TaD, os objetivos do estudo foram traduzir para o
idioma português, realizar a adaptação transcultural e identificar as
propriedades psicométricas para adultos brasileiros do BREQ-3.
Métodos
Instrumento
A versão BRSQ-3 foi concebida com 23 itens, precedidos pelo
enunciado “Why do you engage in exercise?”, em que o respondente indica o
grau de concordância que mais se aplica ao seu caso, por intermédio de uma
escala de medida tipo Likert de cinco pontos (0 = “Not true for me”; 2 =
“Sometimes true for me”; 4 = “Very true for me”). Na sequência, mediante
tratamento dos escores atribuídos a cada item e baseando-se no continuum de
autodeterminação, torna-se possível identificar, dimensionar e ordenar seis
escalas de motivação: (a) amotivação – AMOT; (b) motivação extrínseca de
regulação externa – REEX; (c) motivação extrínseca de regulação introjetada –
REIJ; (d) motivação extrínseca de regulação identificada – REID; (e) motivação
extrínseca de regulação integrada – REIG; e (f) motivação intrínseca – MOTI
(Wilson et al., 2006).
Tradução e Adaptação Transcultural
Os protocolos de tradução e adaptação transcultural acompanharam
procedimentos sugeridos internacionalmente (Hambleton, 2005). A tradução
inicial do idioma original (inglês) para o português foi realizada de maneira
independente por dois pesquisadores com entendimento detalhado do BREQ.
Os dois pesquisadores tinham como idioma nativo o português e amplo
98
domínio do idioma inglês, com experiência em traduções de textos
acadêmicos. Além da tradução, foi solicitado que registrassem expressões que
poderiam oferecer dúbia interpretação.
Um grupo bilíngue formado por três pesquisadores da área de exercício
físico comparou os textos traduzidos, uniformizando o uso de expressões
divergentes, e foi produzida uma versão única do questionário que sintetizou as
duas versões anteriores. Em seguida, ocorreu a retrotradução do questionário
por dois outros tradutores de maneira independente. Os tradutores escolhidos
para essa etapa tinham como idioma nativo o inglês, domínio do idioma
português e atuação como docente universitário em Instituição brasileira.
Solicitou-se aos tradutores que registrassem expressões que pudessem gerar
dúvidas no processo de retrotradução. O grupo bilíngue comparou ambos os
textos retrotraduzidos, produzindo versão única.
Um comitê analisou o processo de tradução e os resultados alcançados
nas etapas anteriores. O comitê foi formado por nove membros, incluindo os
autores do estudo, tradutores que participaram do processo de
tradução/retrodução e três docentes universitários da área do esporte, todos
bilíngue inglês-português. O comitê realizou revisão das sete versões do BREQ
disponível: versão original em língua inglesa, duas versões traduzidas para o
idioma português, versão síntese de ambas as traduções para o idioma
português, duas versões de retrotradução e versão síntese de ambas as
retrotraduções.
O comitê realizou apreciação dos tipos de equivalências entre o
instrumento original e a versão no idioma português. Os membros receberam
orientações por escrito sobre o objetivo do estudo e as definições adotadas
para as equivalências. Cada um respondeu individualmente a um formulário de
análise que comparava cada item do questionário original, da versão síntese
traduzida para o idioma português e da versão síntese de retrotradução, em
relação às equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. O
formulário de análise foi estruturado mediante escala diferencial com
alternativas discretas: “inalterada”, “pouco alterada”, “muito alterada” e
“completamente alterada”.
99
Sujeitos
Próxima etapa do estudo foi realizar testagem do BREQ-3 traduzido
para o português, com intuito de identificar os indicadores de validade
psicométrica. Para tanto, o BREQ-3 foi aplicado em uma amostra de adultos
frequentadores de Clube de Fitness da cidade de Londrina, Paraná. Para
seleção dos sujeitos para compor a amostra, em vista da impossibilidade de
utilizar procedimento de aleatoriedade simples, e considerando-se a dificuldade
de relacionar todo universo da população tratada, optou-se por visitar todos os
Clubes de Fitness identificados na cidade de Londrina por três vezes, em dias
da semana e em horários diferentes, e convidar para participarem
voluntariamente do estudo aqueles sujeitos que eventualmente foram
localizados. Após serem informados sobre o estudo e concordarem em
participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e
receberam o instrumento de medida autoaplicável e anônimo para
preenchimento. Neste caso, a amostra foi constituída por 1041 sujeitos (470
mulheres e 571 homens), com idades entre 18 e 54 anos.
Procedimentos
Para caracterização da amostra envolvida no estudo, adicionalmente
aos itens do BREQ-3, foram levantadas informações quanto ao sexo, à idade e
ao histórico de prática de exercício físico: modalidade praticada, frequência
semanal, duração das seções, longevidade de pratica e principal objetivo com
a prática de exercício físico.
A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro e julho de
2014 por um único pesquisador, conhecedor do instrumento e treinado quanto
aos procedimentos. A aplicação do instrumento de medida ocorreu no próprio
local de realização de exercício físico do sujeito, sendo mantidos em todos os
casos os mesmos critérios e condições de aplicação. Por vezes, para não
prejudicar a seção de exercício físico do sujeito selecionado para o estudo,
foram agendados dia e horário específicos para retorno do pesquisador e
aplicação do instrumento.
Os participantes do estudo receberam o instrumento de medida com
instruções e recomendações para autopreenchimento, não sendo estabelecido
100
limite de tempo para o seu término. O instrumento de medida foi respondido
individualmente, sem qualquer contato com outras pessoas. Eventuais dúvidas
manifestadas pelos respondentes foram prontamente esclarecidas pelo
pesquisador que estava acompanhando a coleta de dados. Após o seu
preenchimento, o instrumento de medida foi armazenado pelo respondente em
uma urna juntamente com todos os demais, garantindo-se, dessa forma, o
anonimato. As aplicações dos instrumentos de medida tiveram duração de 15 a
30 minutos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da Universidade Norte do Paraná – Plataforma
Brasil (Parecer 208.975/2013).
Tratamento Estatístico
No intuito de identificar a validade de construto do BREQ-3 para uso na
análise do continuum de autodeterminação de adultos foi empregada a análise
fatorial confirmatória com o método de estimativa Maximum Likelihood (máxima
verossimilhança). Inicialmente, com auxílio do Gráfico de Bigodes, descartou-
se a presença de casos outliers, atendendo-se, desse modo, importante
pressuposto para os procedimentos da análise fatorial confirmatória. Para
testar o ajuste entre o modelo teórico proposto e a matriz de coleta de dados
foram utilizados múltiplos critérios: razão entre qui-quadrado e graus de
liberdade (χ2/gl), Goodness-of-Fit Index (GFI), Adjusted Goodness-of-Fit Index
(AGFI) e Root Mean Square Residual (RMSR). Neste caso, χ2/gl < 2, GFI e
AGFI ≥ 0,9 juntos com valores de RMSR ≤ 0,08 sugerem um bom ajuste de
modelo (Hu, Bentler, 1999).
Na sequência, a validade fatorial dos escores derivados dos 23 itens foi
observada mediante análise da saturação fatorial itens-escalas/subescalas.
Para tanto, recorreu-se as correlações bivariadas por intermédio do coeficiente
de correlação de Pearson. Neste caso, foi assumido como critério de exclusão
aqueles itens com saturação fatorial inferior a 0,40 ou que estivessem
representados em mais de um fator com saturação fatorial ≥ 0,40.
Para análise da consistência interna foram empregados os cálculos de
alfa de Cronbach. Também, foram calculados valores de média e desvio-
padrão, acompanhados das indicações de simetria e curtose de cada item do
101
questionário e escala/subescala identificada no modelo. Os dados foram
tratados utilizando-se os pacotes estatísticos computadorizados SPSS versão
20.0 e AMOS versão 17.0.
Resultados
Discretas divergências no uso de expressões foram observadas nas
etapas do processo de tradução. As eventuais divergências foram discutidas no
comitê de análise e prevaleceram as expressões de mais fácil compreensão e
de uso frequente para facilitar o entendimento. Dos 23 itens da versão
traduzida do BREQ-3, em 18 deles (78%) os membros do comitê de análise
apontaram como “inalterada” as equivalências semântica, idiomática, cultural e
conceitual. Nos cinco restantes (22%), os membros do comitê apontaram
“pouco alterada” pelo menos em uma das equivalências. Nenhum item da
versão traduzida do BREQ-3 apresentou as opções “muito alterada” ou
“completamente alterada” assinaladas em comparação com a versão original.
Características da amostra selecionada para o estudo estão descritas na
tabela 1. Dos 1041 sujeitos envolvidos no estudo, 54,9% eram homens e,
considerando ambos os sexos, 50,6% deles tinham entre 21-30 anos e
proporção similar se distribuiu em idades ≤ 21 anos e ≥ 31 anos. Com relação
ao nível econômico, 67,1% dos sujeitos apresentaram informações
equivalentes ao estrato econômico intermediário; contudo, maior proporção de
mulheres (21,7%) se localizou no estrato mais elevado economicamente e
maior proporção de homens (20,7%) no estrato mais baixo.
No que se refere ao histórico de prática de exercício físico, constatou-se
predomínio de prática de exercícios resistidos; sobretudo nos homens (79,9%
versus 53,8%). No entanto, maior proporção de mulheres relatou praticar
exercícios cardiorrespiratórios (26,2%), pilates e outras modalidades
alternativas de exercício físico (17,2%). Quanto à frequência das seções de
prática de exercício físico, identificou-se menor quantidade de seções/semana
entre as mulheres, sendo que, 44,3% delas apontaram realizar exercício físico
≤ 5 vezes/semana em comparação com 61,5% dos homens. Com frequência
equivalente a 3-4 vezes/semana observou-se 50,4% das mulheres e 35,6% dos
102
homens. De maneira similar em ambos os sexos, menor proporção de sujeitos
reunidos na amostra relataram se exercitar ≤ 60 minutos/seção (22,3%),
enquanto 32,6% apontaram se exercitar entre 60-90 minutos/seção. Quanto à
longevidade de prática de exercício físico, identificou-se menor experiência
entre as mulheres, sendo que, 41,1% delas apontaram ter ≤ 6 meses de prática
de exercício físico em comparação com 26,4% dos homens. Com prática de
exercício físico ≥ 2 anos observou-se 21,7% das mulheres e 40,1% dos
homens. Se, entre as mulheres, estética (36,8%) foi o principal objetivo a ser
alcançado com a prática de exercício físico, no caso dos homens, prevaleceu
condicionamento físico (47,8%). Objetivos de saúde foram apontados
igualmente em ambos os sexos por aproximadamente ¼ dos sujeitos reunidos
no estudo.
Quanto à validade de construto, em um primeiro momento, a análise
fatorial confirmatória foi conduzida considerando o conjunto dos 23 itens do
BREQ-3, e os resultados apontaram indicadores estatísticos equivalentes à
χ2/gl = 1,91, ao GFI = 0,938, AGFI = 0,954 e RMSR = 0,059 (IC95% 0,051-
0,069). Na sequência, ao testar o modelo separadamente por sexo, verificou-se
que as dimensões de adequação ao modelo teórico encontrado, tanto para as
mulheres (χ2/gl = 1,99; GFI = 0,916; AGFI = 0,928; RMSR = 0,068 - IC95%
0,060-0,077), como para os homens (χ2/gl = 1,81; GFI = 0,963; AGFI = 0,972;
RMSR = 0,049 - IC95% 0,043-0,056), atenderam aos critérios sugeridos.
Quanto à validade fatorial, por intermédio da figura 1 visualizam-se
informações equivalentes à saturação fatorial do modelo proposto. De imediato,
constata-se que todos os valores de r encontrados apontaram significância
estatística (p < 0,001), não sendo encontrados itens com saturação fatorial ≥
0,40 em mais de um fator ou com saturação insuficiente. Portanto, constata-se
que a totalidade dos 23 itens originalmente considerados na proposição do
BREQ-3 também oferece melhor solução fatorial para ser utilizado na amostra
de atletas jovens selecionada no estudo.
Valores de média e desvio-padrão acompanhados dos índices de
assimetria e curtose para cada item individualmente são apresentados na
tabela 2. As pontuações atribuídas aos 23 itens inclusos no modelo, de
maneira geral, apresentaram distribuição de dados normal (assimetria e
103
curtose no intervalo ± 1). Os índices mais elevados de assimetria e curtose
foram obtidos no item 2 – Não sei por que tenho que fazer exercício físico
(assimetria = 1,17 e curtose = 1,21). Valores de média variaram de 0,52 a 3,48,
com desvios-padrão associados entre 0,51 e 1,25. No caso dos escores
calculados para as escalas que compõe o BREQ-3, estes também atenderam
os pressupostos teóricos de distribuição normal dos dados e apresentaram
valores médios de 0,81 a 3,24, com desvios-padrão associados entre 0,58 e
1,03 – tabela 3.
Esses achados referentes à estatística descritiva fundamenta fortemente
a confiabilidade das estimativas de consistência interna, considerando que o
valor médio de nenhum dos itens, ou das escalas, isoladamente, se aproximou
dos escores extremos possíveis (0 ou 4). Destaca-se, ainda, que a
variabilidade dos escores individuais foi restrita, denotando-se, portanto,
alguma homogeneidade em sua dispersão, independente do fator considerado.
Ao procederem os cálculos dos coeficientes alfa de Cronbach foram
identificadas dimensões que variaram de 0,67 (REID) a 0,87 (MOTI), o que
aponta para índices desejáveis de consistência interna para ambos os formatos
da versão traduzida do BREQ-3.
Discussão
A efetivação das etapas do processo de tradução do instrumento não
apresentou maior dificuldade devido à metodologia adotada e à estrutura
simples e objetiva de formulação dos itens do BREQ-3. A tradução inicial
realizada pelos dois tradutores foi pouco modificada nas etapas subsequentes.
A retrotradução, quando comparada ao instrumento original, apresentou
discretas discrepâncias, resultantes de ajustes realizados para atender
especificidades de determinados itens. A análise das equivalências semântica,
idiomática, cultural e conceitual, equivalente à adaptação transcultural, como a
etapa de tradução, indicou que o instrumento foi de fácil tradução.
A análise das equivalências mostrou que os domínios do BREQ-3 são
apropriados e os atributos utilizados na versão original do instrumento são
igualmente válidos para a cultura-alvo, o que atende a equivalência cultural. A
104
equivalência conceitual indicou que poucos itens necessitaram de ajustes. Os
itens puderam ser considerados de maneira semelhante ao formato original,
indicando, mais uma vez, que a estrutura de formulação do BREQ-3 foi bem
elaborada. No que se refere à equivalência idiomática, a versão traduzida
mostrou que quase a totalidade dos itens foram avaliados como “inalterado” e
nenhum membro do comitê de análise considerou algum item como “muito
alterado” ou “completamente alterado”, quando da comparação entre as
versões dos instrumentos original, traduzido e retrotraduzido.
Quanto à estrutura fatorial do BREQ-3 traduzido e adaptado no presente
estudo para o idioma português, constatou-se disposição semelhante a
encontrada na versão original proposta por Wilson et al. (2006), sendo extraída
idêntica quantidade de fatores equivalentes à motivação. Ainda, com exceção
da REID que apresentou valor equivalente ao alfa de Cronbach de 0,67, os
demais fatores de motivação extraídos da estrutura fatorial apresentaram
consistência interna superior a 0,70. Considerando que o fator associado à
REID é o único do instrumento com três itens, assume-se que sua consistência
interna pode ser marginalmente considerada. Portanto, existem indicações de
que a versão traduzida do BREQ-3 apresenta critérios de aceitabilidade quanto
à consistência interna, o que aponta sua confiabilidade para analise do perfil de
motivação em adultos praticantes de exercício físico no contexto brasileiro.
Porém, observou-se que, em comparação com a versão original, a
consistência interna de cada escala de motivação, de modo geral, foi
discretamente mais baixa na estrutura fatorial do BREQ-3 traduzido para o
idioma português. Também, a amplitude de variação entre os escores mais
elevado (0,87) e mais baixo (0,67) foi superior a apresentada pela versão
original do BREQ-3 (0,86 e 0,73, respectivamente), o que sugere menor
equilíbrio entre os fatores de motivação na versão traduzida para o idioma
português.
Provável justificativa para esses achados possam estar associada às
características das amostras selecionadas em um e outro estudo.
Originalmente, o BRSQ-3 foi aplicado e validado em uma amostra
universitários do Canadá, com idade média próxima de 20 anos, enquanto no
presente estudo foram reunidos sujeitos frequentadores de Clube de Fitness
105
com idades entre 18 e 54 anos. Portanto, é possível que os contextos em que
ambos os estudos foram realizados possam ter definido diferenças quanto ao
perfil de interesse e motivos para a prática de exercício físico.
Outra opção de análise da validade dos fatores teóricos que compõem o
BRSQ-3 traduzido para o idioma português é mediante as dimensões dos
coeficientes de correlação inter-fatores decorrentes da definição dos
construtos, como forma de complemento da análise fatorial, uma vez que, em
teoria, devem se portar de acordo com o continuum de autodeterminação.
Neste caso, constata-se que a disposição dos valores de r entre os fatores
observados na estrutura fatorial confirmam a presença do continuum de
autodeterminação na versão traduzida do BRSQ-3, considerando que
regulações próximas uma das outras no continuum mostraram estar fortemente
correlacionadas em um sentido positivo, quando comparadas com regulações
mais afastadas no continuum. Fato similar também foi relatado no estudo
original de proposição do BRSQ-3, o que reforça a tese de que este
instrumento se define como ferramenta de análise das regulações de
motivação de praticantes de esporte sob a luz da TaD.
Entre as possíveis limitações derivadas da aplicação do BRSQ-3 como
instrumento de coleta de dados, está a veracidade das respostas com que os
sujeitos se posicionaram em relação à prática de exercício físico, considerando
que as informações apresentadas no questionário são auto-relatadas. No
entanto, auto-relato é o procedimento corrente em levantamentos com essas
características, sendo a forma mais viável de reunir dados em estudos com
este propósito. O fato de alguns itens, individualmente, apresentar discreto
desvio da distribuição normal, também deve ser considerado. Outra limitação
do estudo consiste na situação de que, mesmo que a amostra tenha reunido
grande quantidade de sujeitos (n=1041), a seleção não foi aleatória. Portanto,
pode não ser verdadeiramente representativa da população delimitada.
Concluindo, o instrumento BRSQ-3 traduzido e adaptado para o idioma
português alcançou bom desempenho psicométrico frente à amostra do
presente estudo, apresentando satisfatórios coeficientes alfa de Cronbach
calculados para os fatores de motivação gerados. A solução fatorial encontrada
mediante a análise fatorial confirmatória foi similar à apresentada
106
originalmente. Desta maneira, a versão do BRSQ-3 disponibilizada no presente
estudo mostra-se promissora para utilização em futuras intervenções com
objetivo de analisar as regulações de motivação para a prática de exercício
físico de adultos brasileiros.
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110
Tabela 1 – Características da amostra analisada no estudo.
Moças (n = 470)
Rapazes (n = 571)
Ambos os Sexos (n = 1041)
Idade ≤ 20 Anos
21 – 30 Anos 31 – 40 Anos
≥ 41 Anos Nível Econômico
Elevado Intermediário
Baixo Modalidade de Exercício
Cardiorrespiratórios Resistidos
Pilates/Alternativos Aquáticos
Frequência ≤ 2 seções/semana 3-4
seções/semana ≥ 5 seções/semana
Duração ≤ 60 minutos/seção
60-90 minutos/seção ≥ 90 minutos/seção
Tempo de Prática ≤ 3 meses 3-6 meses
6-12 meses 1-2 anos 2-5 anos ≥ 5 anos
Objetivo Estéticos
Condicionamento Físico Saúde Lazer
107 (22,8%) 232 (49,4%) 93 (19,8%)
38 (8,2%)
100 (21,3%) 316 (67,2%) 54 (11,5%)
123 (26,2%) 253 (53,8%) 81 (17,2%) 13 (2,8%)
25 (5,3%)
237 (50,4%) 208 (44,3%)
104 (22,1%) 216 (46,0%) 150 (32,0%)
101 (21,5%) 92 (19,6%) 78 (16,6%) 97 (20,6%) 61 (13,0%)
41 (8,7%) 173 (36,8%) 158 (33,6%) 122 (25,9%)
17 (3,6%)
137 (24,0%) 295 (51,7%) 95 (16,7%)
44 (7,8%)
71 (12,5%) 382 (66,9%) 118 (20,7%)
82 (14,4%)
456 (79,9%) 24 (4,2%) 9 (1,6%)
17 (3,0%)
203 (35,6%) 351 (61,5%)
128 (22,4%) 238 (41,7%) 205 (35,9%)
87 (15,2%) 64 (11,2%) 96 (16,8%) 95 (16,6%)
115 (20,1%) 114 (20,0%) 129 (22,5%) 273 (47,8%) 138 (24,2%)
31 (5,5%)
244 (23,4%) 527 (50,6%) 188 (18,1%) 82 (8,0%)
171 (16,4%) 698 (67,1%) 172 (16,5%)
205 (19,7%) 709 (68,1%) 105 (10,1%) 22 (2,1%)
42 (4,1%)
440 (42,3%) 559 (53,7%)
232 (22,3%) 454 (43,6%) 355 (34,1%)
188 (18,1%) 156 (15,0%) 174 (16,7%) 192 (18,4%) 176 (16,9%) 155 (14,9%)
302 (29,0%) 431 (41,4%) 260 (25,0%) 48 (4,6%)
111
Amotivação
RegulaçãoExterna
RegulaçãoIntrojetada
RegulaçãoIdentificada
RegulaçãoIntegrada
.57
.70
.78
.72
Item 2
Item 8
Item 14
Item 20
Item 6
Item 12
Item 18
Item 23
Item 4
Item 10
Item 16
Item 19
Item 1
Item 7
Item 13
Item 5
Item 11
Item 17
Item 22
.68
.74
.77
.71
.63
.60
.76
.79
.69
.86
.75
.80
.82
.79
.74
.69
.58
.52
.54
.61
.49
.47
.51
.64
.69
.47
.39
.68
.32
.42
.37
.35
.41
.43
.76
.34
.54
.72
.25
- .37
- .21
- .33 .32
- .53
MotivaçãoIntrínseca
Item 3
Item 9
Item 15
Item 21
.84
.78
.86
.81
.32
.37
.29
.31
.72
- .58 - .27
.09
.71
Figura 1 – Estrutura fatorial do Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire (BREQ) traduzido e aplicado em adultos brasileiros. As elipses representam as escalas e os retângulos os itens do questionário. As variâncias residuais são mostradas nos círculos menores.
112
Tabela 2 - Estatística descritiva equivalente aos itens do Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire (BREQ) traduzido e aplicado em adultos brasileiros
Item Média Desvio-Padrão
Assimetria Curtose
1. É importante para mim fazer exercício físico regularmente 2. Não sei por que tenho que fazer exercício físico 3. Acredito que o exercício físico é divertido 4. Sinto-me culpado/a quando não faço exercício físico 5. Faço exercício físico porque é consistente com meus objetivos de vida 6. Porque outras pessoas dizem que devo fazer exercício físico 7. Valorizo os benefícios do exercício físico 8. Não vejo sentido em fazer exercício físico 9. Gosto das minhas sessões de exercício físico 10. Sinto-me envergonhado/a quanto falto a uma sessão de exercício físico 11. Considero que o exercício físico faz parte de mim 12. Meus amigos/familiares dizem que devo fazer exercício físico 13. Penso que é importante fazer algum esforço para praticar exercício físico 14. Não sei por que tenho que me incomodar em fazer exercício físico 15. Acho que o exercício físico é uma atividade prazerosa 16. Sinto-me fracassado/a quando não faço exercício físico por algum tempo 17. Vejo o exercício físico como parte fundamental do que sou 18. Outras pessoas vão ficar insatisfeitas comigo se não fizer exercício físico 19. Sinto-me ansioso/a se não fizer exercício físico regularmente 20. Acredito que fazer exercício físico é uma perda de tempo 21. Sinto-me bem e satisfeito quando faço exercício físico 22. Considero que o exercício físico esta de acordo com meus valores pessoais 23. Sinto-me pressionado pelos meus amigos/família para fazer exercício físico
2,79 0,52 3,34 1,86 2,75 1,19 2,71 0,72 3,48 1,73 3,24 1,12 2,49 1,03 3,17 1,76 3,22 0,99 2,38 0,65 2,98 3,01 0,93
1,09 0,54 0,73 0,93 0,93 0,90 1,14 0,51 0,73 0,84 0,81 0,91 1,23 0,80 0,88 0,91 0,98 0,85 1,25 0,48 0,82 0,80 0,81
-0,77 1,17 -0,63 0,41 -0,45 1,05 -0,65 0,94 0,70 0,68 -0,69 0,89 -0,48 0,92 -0,94 0,52 0,55 0,96 -0,40 1,13 -0,12 -0,40 -0,90
-0,54 1,21 0,86 -0,82 -0,61 0,89 -0,79 1,01 0,77 0,75 0,16 0,93 -0,96 0,97 -0,16 -0,91 0,87 1,14 -0,85 1,10 -0,90 -0,55 1,01
113
Tabela 3 – Estatística descritiva e coeficiente alfa de Cronbach das escalas do Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire (BREQ) traduzido e aplicado em adultos brasileiros.
Média Desvio-padrão
Assimetria Curtose Alfa de
Cronbach
AMOT
REEX
REIJ
REID
REIG
MOTI
0,81
1,05
1,78
2,59
3,05
3,24
0,58
0,82
0,88
1,03
0,85
0,78
0,98
0,89
0,38
-0,47
-0,11
-0,53
0,84
0,91
-0,59
-0,65
0,86
0,78
0,71
0,76
0,73
0,67
0,83
0,87
AMOT: amotivação; REEX: motivação extrínseca de regulação externa; REIJ: motivação extrínseca de regulação introjetada; REID: motivação extrínseca de regulação identificada; REIG: motivação extrínseca de regulação integrada; MOTI: motivação intrínseca.
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