revista iluminart 11 - mar / 2014
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REVISTA CIENTFICA ELETRNICA ANO VI N0 11 IFSP - CAMPUS SERTOZINHO MARO / 2014
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Altamiro Xavier de Souza - IFSP
Editor AdjuntoWeslei Roberto Cndido - UEM
Conselho EditorialAltamir Botoso UNIMAR *
Ana Cristina Troncoso UFF *Andria Ianuskiewtz IFSP *
Anne Camila Knoll Domenici IFSPAntonio Sergio da Silva UEG *
Antonio Sousa Santos UFVJM *Carlos Alexandre Terra IFSP * Eduardo Andr Mossin IFSP *
Janete Werle de Camargo Liberatori IFSP *Jos Carlos de Souza Kiihl FATEC *
Mauro Nicola Pvoas FURG *Plnio Alexandre dos Santos Caetano IFSP
Reinaldo Tronto IFSP *Rodrigo Silva Gonzlez UFV *
Wellington Luiz Alves Aranha IFSP*Whisner Fraga Mamede IFSP *
Conselho ConsultivoConselho ConsultivoAlexandre do Nascimento Souza USPAlexandre do Nascimento Souza USPAlexandre Henrique de Martini IFSP
lvaro Jos Camargo Vieira PUC-SP / FITlvaro Jos Camargo Vieira PUC-SP / FITAmadeu Moura Bego IFSPAmadeu Moura Bego IFSPAmanda Leal Oliveira USP Amanda Leal Oliveira USP
Amanda Ribeiro Vieira IFSPAmanda Ribeiro Vieira IFSPngela Vilma Santos Bispo UFRBngela Vilma Santos Bispo UFRB
Araci Molnar Alonso EMBRAPA DFAraci Molnar Alonso EMBRAPA DFCintia Almeida da Silva Santos IFSP Cintia Almeida da Silva Santos IFSP
Cristiane Cinat UNESPCristiane Cinat UNESPCristina Hillen UNESPAR Cristina Hillen UNESPAR
Daielly Melina Nassif Mantovani Ribeiro FMU Daielly Melina Nassif Mantovani Ribeiro FMU Denise Paranhos Ruys IFSPDenise Paranhos Ruys IFSPElcio da Riva Moura - IFSPElcio da Riva Moura - IFSP
Eliana de Oliveira FACFITOEliana de Oliveira FACFITOEmanuel Carlos Rodrigues IFSPEmanuel Carlos Rodrigues IFSP
Eullia Nazar Cardoso Machado IFSPEullia Nazar Cardoso Machado IFSPJosilda Maria Belther IFSPJosilda Maria Belther IFSP
Juliana Barreto de Toledo - IFSPJuliana Barreto de Toledo - IFSP
Kjeld Aagaard Jakobsen USPLeandro Dias de Oliveira UFRRJLeandro Dias de Oliveira UFRRJ
Luciana Brito UENP / UELLus Ricardo de Figueiredo IFSP Lus Ricardo de Figueiredo IFSP
Luiz Carlos Leal Jnior IFSPLuiz Carlos Leal Jnior IFSPLumila Souza Girioli - UNIMEPLumila Souza Girioli - UNIMEPMagno Alves de Oliveira IFBMagno Alves de Oliveira IFB
Marcelo Marchine Ferreira UNESPARMarcelo Marchine Ferreira UNESPARMarcelo Marchine Ferreira UNESPARMarina P. A. Mello FACFITO / UNICAIEIRASMarina P. A. Mello FACFITO / UNICAIEIRASMarina P. A. Mello FACFITO / UNICAIEIRAS
Marsele Machado Isidoro IFSPMarsele Machado Isidoro IFSPMarsele Machado Isidoro IFSPNadja Maria Gomes Murta UFVJM / PUC-SPNadja Maria Gomes Murta UFVJM / PUC-SPNadja Maria Gomes Murta UFVJM / PUC-SP
Olavo Henrique Menin IFSP Olavo Henrique Menin IFSP Olavo Henrique Menin IFSP Pedro Cattapan UFFPedro Cattapan UFF
Pierre Gonalves de Oliveira Filho FIP-PBPierre Gonalves de Oliveira Filho FIP-PBPierre Gonalves de Oliveira Filho FIP-PBRicardo Castro de Oliveira IFSPRicardo Castro de Oliveira IFSPRicardo Castro de Oliveira IFSPRita de Cssia Bianchi UNESPRita de Cssia Bianchi UNESPRita de Cssia Bianchi UNESP
Ronaldo de Oliveira Rodrigues UFPARonaldo de Oliveira Rodrigues UFPARonaldo de Oliveira Rodrigues UFPARosana Cambraia UFVJMRosana Cambraia UFVJMRosana Cambraia UFVJM
Tnia Regina Montanha Toledo Scoparo UENPTnia Regina Montanha Toledo Scoparo UENPVgner Rodrigues de Bessa UFVVgner Rodrigues de Bessa UFV
MonitoriaGabriel Roberto Martins IFSPGabriel Roberto Martins IFSP
Designer GrficocoNildo Xavier de SouzaNildo Xavier de SouzaNildo Xavier de Souza
Coordenao de Extenso do IFSP Coordenao de Extenso do IFSP Coordenao de Extenso do IFSP Campus SertozinhoCampus SertozinhoCampus Sertozinho
Lvia Maria Lovato LaureanoLvia Maria Lovato LaureanoLvia Maria Lovato Laureano
Coordenao de Pesquisa do IFSP Coordenao de Pesquisa do IFSP Coordenao de Pesquisa do IFSP Campus SertozinhoCampus Sertozinho
Eduardo Andr MossinEduardo Andr Mossin
Gerente de Ensino do IFSP - Campus SertozinhoGerente de Ensino do IFSP - Campus SertozinhoGerente de Ensino do IFSP - Campus SertozinhoAlexandre Montagna RossiniAlexandre Montagna Rossini
Diretor Geral do IFSP - Campus SertozinhoDiretor Geral do IFSP - Campus SertozinhoDiretor Geral do IFSP - Campus SertozinhoLacyr Joo Sverzut
Reitor do IFSP Eduardo Antonio ModenaEduardo Antonio Modena
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Pautados pela variedade. Para muitos, sinnimo de inconsistncia, para outros, de riqueza no ma-terial apresentado leitura. Desde o primeiro n-mero da Iluminart este foi um fio de navalha no qual a revista se equilibrou e se manteve ao longo desses seis anos.
No perodo citado acumularam-se treze qualifica-es diferentes na Web Qualis da Capes. Nmero de m sorte para os supersticiosos e de muito trabalho para os que acreditam no mundo acadmico.
Assim, entre supersties e trabalho, equilibrando--se no fio da navalha das crticas cortantes, mas pouco eficientes e contra todos os prognsticos dos profetas de nosso tempo, apresentamos a seguir uma pequena expla-nao dos artigos que compem o presente nmero.nao dos artigos que compem o presente nmero.
O primeiro artigo uma instigante anlise sobre os O primeiro artigo uma instigante anlise sobre os documentos nacionais de educao. Nele o leitor endocumentos nacionais de educao. Nele o leitor en-contrar um panorama do ensino tecnolgico no Escontrar um panorama do ensino tecnolgico no Es-tado de So Paulo e na regio de So Joo da Boa Vistado de So Paulo e na regio de So Joo da Boa Vis-ta-SP, frente s postulaes do governo federal para o ta-SP, frente s postulaes do governo federal para o ensino tecnolgico.
J o segundo artigo, volta-se ao Sudeste, mais proJ o segundo artigo, volta-se ao Sudeste, mais pro-priamente a Bragana Paulista, de onde vem o estudo priamente a Bragana Paulista, de onde vem o estudo sobre as iniciativas do governo, via PRONATEC, para sobre as iniciativas do governo, via PRONATEC, para inserir mais alunos na rede de ensino tecnolgica. O arinserir mais alunos na rede de ensino tecnolgica. O ar-tigo ainda prope uma anlise das consequncias dessa tigo ainda prope uma anlise das consequncias dessa insero e como ser a realidade dos alunos egressos insero e como ser a realidade dos alunos egressos deste sistema de educao voltado ao ensino tcnico. deste sistema de educao voltado ao ensino tcnico.
Quanto ao terceiro artigo o tema ainda educao. Quanto ao terceiro artigo o tema ainda educao. H uma proposta de insero das cincias sociais na H uma proposta de insero das cincias sociais na disciplina de fsica, nos cursos de engenharia, por meio disciplina de fsica, nos cursos de engenharia, por meio de problemas geradores de discusso, que possam levar de problemas geradores de discusso, que possam levar a uma conscincia maior em relao ao meio ambiente a uma conscincia maior em relao ao meio ambiente e sociedade.
Aos interessados nos dados de produo cientAos interessados nos dados de produo cientfica dos sistemas de ps-graduao, o quarto artigo traz dos sistemas de ps-graduao, o quarto artigo traz um estudo sobre os nmeros apresentados pelos proum estudo sobre os nmeros apresentados pelos pro-gramas da rea de Cincia da Informao estabelecidos gramas da rea de Cincia da Informao estabelecidos na regio sudeste, focando a coleta de dados mais espena regio sudeste, focando a coleta de dados mais espe-cificamente nas seguintes universidades: UFMG, USP, camente nas seguintes universidades: UFMG, USP, UNESP, UFF e UFRJ.
Na sequncia tem-se o estudo sobre o sistema Na sequncia tem-se o estudo sobre o sistema OPEN-DATA STARTUP, um sistema para localizao , um sistema para localizao dos servios pblicos que os usurios tm mais necesdos servios pblicos que os usurios tm mais neces-sidade em conhecer o endereo. Para isso desenvolvesidade em conhecer o endereo. Para isso desenvolve--se um sistema de geo-localizao para facilitar vida da -se um sistema de geo-localizao para facilitar vida da populao.
O leitor tambm encontrar um estudo de caso a resO leitor tambm encontrar um estudo de caso a res-peito de uma empresa de corretagem de seguros. Utilipeito de uma empresa de corretagem de seguros. Utilipeito de uma empresa de corretagem de seguros. Utili-zando o zando o Viable System ModelViable System Model pretende-se estudar o amViable System Model pretende-se estudar o amViable System Model -biente de trabalho e as relaes de entre gestores com este biente de trabalho e as relaes de entre gestores com este biente de trabalho e as relaes de entre gestores com este meio, a meio, a fim de propor uma nova organizao empresarial m de propor uma nova organizao empresarial com vistas ao resultado obtido pela pesquisa. com vistas ao resultado obtido pela pesquisa. com vistas ao resultado obtido pela pesquisa.
O prximo artigo se pe como um ensaio que quer O prximo artigo se pe como um ensaio que quer O prximo artigo se pe como um ensaio que quer interpretar a questo das bases da historiograinterpretar a questo das bases da historiograinterpretar a questo das bases da historiografia liter-ria no Brasil, com vistas anlise da coleo ria no Brasil, com vistas anlise da coleo ria no Brasil, com vistas anlise da coleo Como e por que ler, publicada pela editora Objetiva em 2004. Assim, publicada pela editora Objetiva em 2004. Assim, publicada pela editora Objetiva em 2004. Assim, atenta-se para o papel de formao de leitores assumido atenta-se para o papel de formao de leitores assumido atenta-se para o papel de formao de leitores assumido por essa coleo e como isso afeta a leitura dos textos por essa coleo e como isso afeta a leitura dos textos por essa coleo e como isso afeta a leitura dos textos cannicos e pode causar certa repulsa pelos clssicos. cannicos e pode causar certa repulsa pelos clssicos. cannicos e pode causar certa repulsa pelos clssicos.
O presente nmero da O presente nmero da Iluminart ainda contempla a rea de Servio Social que estuda a questo das poltirea de Servio Social que estuda a questo das poltirea de Servio Social que estuda a questo das polti-cas de desenvolvimento cas de desenvolvimento versus excluso social. Assim, a excluso social. Assim, a partir da reviso bibliogrfica deste assunto, pretendeca deste assunto, pretende--se alcanar uma compreenso melhor das polticas go-se alcanar uma compreenso melhor das polticas go-vernamentais de incluso social das classes menos favovernamentais de incluso social das classes menos favovernamentais de incluso social das classes menos favo-recidas. Aps pensar as questes acima, o prorecidas. Aps pensar as questes acima, o prorecidas. Aps pensar as questes acima, o profissional de servio social encontrar outro artigo que estuda as de servio social encontrar outro artigo que estuda as de servio social encontrar outro artigo que estuda as perspectivas de sua properspectivas de sua profisso frente aos desasso frente aos desafios enfren-tados pela rea e as necessidades criadas pela prpria tados pela rea e as necessidades criadas pela prpria tados pela rea e as necessidades criadas pela prpria disciplina para formar o prodisciplina para formar o prodisciplina para formar o profifissional de maneira crtica e reflexiva.
Neste equilbrio no fifio da navalha, transita-se do o da navalha, transita-se do Servio Social para a psicanlise. O dcimo artigo Servio Social para a psicanlise. O dcimo artigo Servio Social para a psicanlise. O dcimo artigo uma discusso dos caminhos metodolgicos dos estuuma discusso dos caminhos metodolgicos dos estuuma discusso dos caminhos metodolgicos dos estu-dos psicanalticos e seu objeto de estudo: o inconsciendos psicanalticos e seu objeto de estudo: o inconsciendos psicanalticos e seu objeto de estudo: o inconscien-te. Para comprovar as ideias expostas pelo artigo se prote. Para comprovar as ideias expostas pelo artigo se prote. Para comprovar as ideias expostas pelo artigo se pro-pe uma anlise de fragmentos da biogrape uma anlise de fragmentos da biogrape uma anlise de fragmentos da biografia da estilista Coco Chanel.
A Qumica tambm est presente neste nmero. O A Qumica tambm est presente neste nmero. O A Qumica tambm est presente neste nmero. O ltimo artigo um estudo da composio dos minerais ltimo artigo um estudo da composio dos minerais ltimo artigo um estudo da composio dos minerais presentes nos mis de abelha do estado do Par. Estudo presentes nos mis de abelha do estado do Par. Estudo presentes nos mis de abelha do estado do Par. Estudo que interessa a qumicos e, com certeza, aos proque interessa a qumicos e, com certeza, aos proque interessa a qumicos e, com certeza, aos profissio-nais da apicultura.
As ltimas linhas do presente nmero da As ltimas linhas do presente nmero da Iluminartficam por conta da resenha do livro cam por conta da resenha do livro Palavras comparti-lhadas: figuras femininas em contos de Orlanda Amarlis guras femininas em contos de Orlanda Amarlis guras femininas em contos de Orlanda Amarlis e Maria Judite de Carvalho, que uma proposta compae Maria Judite de Carvalho, que uma proposta compae Maria Judite de Carvalho, que uma proposta compa-rativa da Literatura Africana de Lngua Portuguesa.rativa da Literatura Africana de Lngua Portuguesa.rativa da Literatura Africana de Lngua Portuguesa.
Weslei Roberto CndidoWeslei Roberto CndidoWeslei Roberto CndidoEditor AdjuntoEditor AdjuntoEditor Adjunto
Docente da UEM Universidade Estadual de MaringDocente da UEM Universidade Estadual de MaringDocente da UEM Universidade Estadual de Maringweslei79@gmail.comweslei79@gmail.comweslei79@gmail.com
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Revista(Iluminart(|(Ano(VI(|(n(11(|(ISSN(1984(:(8625(|(Maro/2014(|((9(
O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
Darlan Marcelo Delgado
RESUMO: O artigo aborda a poltica educacional do Ensino Mdio no contexto das novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para esse nvel de ensino. Empregaram-se anlises de dados
sobre matrculas e populao em idade escolar referentes ao Estado de So Paulo e a regio de
So Joo da Boa Vista-SP, alm de anlise documental de textos do Ministrio da Educao
(MEC). Verificou-se que as matrculas ocorrem majoritariamente na rede pblica de ensino,
cabendo, ento, s polticas pblicas o duplo desafio de ampliar a oferta de vagas e de
proporcionar uma formao humana plena, para a vida social e para o trabalho, no cenrio de
uma sociedade intensiva em conhecimento tcnico-cientfico.
Palavras-chave: Poltica Educacional; Poltica de Cincia, Tecnologia e Inovao; Ensino Mdio.
THE PUBLIC HIGH SCHOOL AND THE SCIENCE, TECHNOLOGY AND INNOVATION POLICY:
CHALLENGES AND POSSIBILITIES OF FULL FORMATION OF THE HUMAN BEING
ABSTRACT: The article discusses the educational policy of high school in the context of the new
National Curriculum Guidelines for this level of education. Data analyses on enrollment and school
age population for the State of So Paulo and So Joo da Boa Vista-SP region were employed
and documents of the Department of Education (MEC) were also analysed. It was found that
enrollments are located mostly in the public schools. Thus, public educational policies must
face the dual challenge of increasing the supply of vacancies and providing a full and rich
human formation for social life and for work in the scenario of an intensive technical
and scientific knowledge society.
Keywords: Educational Policy; Science, Technology and Innovation Policy; High School.
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!DARLAN MARCELO DELGADO!
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INTRODUO
Aps a estabilizao econmica proporcionada pelo Plano Real, implantado em 1994, e com
a crescente relevncia econmica conferida ao pas no cenrio internacional, a Cincia e a
Educao passaram a merecer ainda mais a ateno e a preocupao dos policy makers em trs
esferas de atuao da poltica pblica, a saber, a Poltica Industrial, a Poltica de Cincia,
Tecnologia e Inovao (CT&I) e a Poltica Educacional.
A discusso apresentada neste artigo refere-se ao contexto de uma pesquisa sobre as
interconexes das referidas polticas, tendo como objeto de investigao a Educao Bsica, em
especial o Ensino Mdio. Tem-se como pano de fundo dessa pesquisa o quadro das recentes
reformulaes e orientaes do papel da cincia no contexto de crescente competitividade
capitalista internacional entre empresas (e entre os prprios pases). Tal competitividade
calcada na gerao de produtos, servios e processos de produo inovadores, marca patente da
globalizao dos mercados no atual patamar de concorrncia capitalista, da reestruturao dos
paradigmas produtivos e tambm das novas configuraes de atuao do Estado atravs de suas
diversas polticas. Nesse quadro, tanto a Poltica Cientfica, Tecnolgica e de Inovao (CT&I)
quanto a Poltica Educacional so tomadas como arenas de embate entre distintos projetos de
sociedade e de trajetrias de desenvolvimento econmico pelos diversos atores sociais
envolvidos. Verifica-se, em amplo debate acadmico, que h uma ntida e marcante tendncia da
racionalidade de mercado conduzir no sentido de subordinar e de condicionar as polticas de
Cincia e de Educao. Isso implica que as exigncias e necessidades inerentes Poltica
Industrial, lcus da racionalidade de mercado, acabariam pressionando as outras duas esferas de
ao poltica. Verifica-se, dessa forma, um embate de diferentes concepes de desenvolvimento
(e crescimento) econmico em disputa, lado a lado com tambm antagnicas concepes de
sociedade, de cincia e de educao e seus fins.
A guinada brasileira para a rpida valorizao da inovao nos ltimos anos vem
mobilizando as aes de polticas pblicas, de modo particular o Ministrio da Cincia, Tecnologia
e Inovao (MCTI)1. Isso se verifica atravs das propostas oriundas das Conferncias Nacionais
de Cincia, Tecnologia e Inovao (CNCT&I), especialmente a partir da 2 CNCT&I, ocorrida em
2001. Nela fica claro o movimento poltico de alar a inovao condio privilegiada nas
1 O Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) teve seu nome alterado, passando a incorporar o termo
inovao a partir de 03 de agosto de 2011 (publicao no Dirio Oficial da Unio). Isso est em consonncia com as mudanas que vem ocorrendo desde a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao (2001), com a Lei da Inovao (Lei n 10.973/2004) e com a chamada Lei do Bem (Lei n 11.196/2005). Percebe-se, assim, que a inovao um fenmeno que se estabelece oficialmente no pas nesse incio de milnio, especialmente no que tange ao aperfeioamento de seu marco regulatrio.
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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estratgias de elaborao das polticas pblicas de cincia e tecnologia do pas, sendo 2002 eleito
o Ano da Inovao.
Em 2010 ocorreu a 4 CNCT&I, foro no qual se produziu ampla discusso nacional sobre as
propostas inerentes consolidao de um Sistema Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao
como poltica de Estado. Entre os temas integrantes das agendas de debates, a Educao Bsica
foi o objeto da sesso plenria intitulada Educao e C,T&I: educao de qualidade desde a
primeira infncia. Diversas contribuies de entidades das reas acadmica, cientfica,
educacional, tecnolgica e do setor empresarial compem as duas publicaes principais
contendo os consensos e as recomendaes finais do evento (BRASIL, 2010a; 2010b). A partir
dessa conferncia destacou-se o papel crucial cumprido pela educao, de modo especial a
Educao Bsica.
Resulta do evento o consenso sobre a necessidade de uma revoluo desde a Educao
Bsica at o Ensino Superior, dadas as defasagens presentes nos indicadores educacionais do
Brasil em comparaes internacionais, particularmente com os pases da Organizao para a
Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) e os pases emergentes. Nesse contexto,
como se pretende abordar na prxima seo, o Ensino Mdio passa a merecer uma ateno
adicional, dado o carter estratgico ocupado por esse nvel de ensino, como terminalidade da
Educao Bsica e, portanto, como etapa que forma egressos para o prosseguimento de estudos
e para o mundo do trabalho.
Pretende-se discutir os limites e apresentar as possibilidades de formao humana plena
para a prtica social cidad e para o trabalho latentes no interior da poltica educacional do
Ensino Mdio no cenrio acima descrito.
METODOLOGIA
O artigo uma abordagem analtica sobre as recentes polticas educacionais de Educao
Bsica, de modo particular do Ensino Mdio, alicerado em dados oriundos dos Censos Escolares
realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira/Ministrio
da Educao (INEP/MEC)2, disponibilizados pela Fundao Sistema Estadual de Anlise de
Dados (SEADE), a qual os organiza por regies (administrativa, de governo), alm de anlise
documental da legislao sobre esse nvel de ensino com foco no Parecer CNE/CEB n 5/2011
(BRASIL, 2012a) e na Resoluo CNE/CEB n 2/2012 (BRASIL, 2012b) que definem as novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (DCNEM) e de literatura correlata. O
2 Os dados foram acessados atravs do site da Fundao SEADE, apresentado nas referncias.
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!DARLAN MARCELO DELGADO!
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recorte histrico adotado para a anlise a primeira dcada do sculo XXI, portanto, o perodo de
2000 a 2010. O recorte geogrfico de interesse da pesquisa a Regio de Governo de So Joo
da Boa Vista-SP, conforme diviso administrativa do Estado de So Paulo, tendo-se como
comparao os dados do Estado de So Paulo. Essa regio de governo, que contempla
dezesseis municpios3, est subordinada Regio Administrativa de Campinas-SP.
O presente artigo no tem a pretenso de propor uma agenda de aes polticas tampouco
tem carter conclusivo. Sua contribuio reside na possibilidade de apresentar uma discusso e
compartilhar posies polticas e terico-metodolgicas de abordagem da poltica educacional
para o Ensino Mdio.
A EDUCAO BSICA E O ENSINO MDIO NO INCIO DO SCULO XXI E ENTRE A
CINCIA, A TECNOLOGIA E A INOVAO
A epgrafe de Luiz Davidovich, Secretrio Geral da 4 CNCT&I, no Livro Azul4 expressa o
teor das intenes e valores acordados ao longo do evento:
O Brasil, em virtude do momento histrico em que vive, das caractersticas de seu territrio, de sua matriz energtica, de sua diversidade regional e cultural, do tamanho de sua populao, e do patamar cientfico que j alcanou, tem uma oportunidade nica de construir um novo modelo de desenvolvimento sustentvel, que respeite a natureza e os seres humanos. Um modelo que necessariamente dever se apoiar na cincia, na tecnologia e na educao de qualidade para todos os brasileiros. (BRASIL, 2010a, p. III)
Nota-se que para avanar economicamente o pas precisaria se apoiar sobre o trip da
cincia, da tecnologia e da educao de qualidade para todos os brasileiros. O consenso
resultante do evento considera que esse conjunto, em estreita articulao, poderia proporcionar as
condies capazes de promover a insero econmica, de modo competitivo, do Brasil no cenrio
internacional na atual dcada (2011-2020).
Na sua contribuio institucional 4 CNCT&I, a Sociedade Brasileira para o Progresso da
Cincia (SBPC)5, ao discutir o valor da educao para a formao de cidados ativos na
construo da sociedade pautada pela sustentabilidade ambiental, indica a necessidade de
3 Agua, guas da Prata, Caconde, Casa Branca, Divinolndia, Esprito Santo do Pinhal, Itobi, Mococa,
Santa Cruz das Palmeiras, Santo Antonio do Jardim, So Joo da Boa Vista, So Jos do Rio Pardo, So Sebastio da Grama, Tamba, Tapiratiba e Vargem Grande do Sul.
4 Ttulo completo da obra: Livro Azul da 4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel (BRASIL, 2010a).
5 O texto da SBPC foi assinado por Marco Antnio Raupp e Helena Nader, presidente e vice-presidente da instituio, respectivamente. Em janeiro de 2012 Raupp assumiu o cargo de Ministro de Estado no MCTI.
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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confluncia entre a educao para a vida e a educao para o trabalho, compondo dimenses
indissociveis do processo educacional em todos os nveis de ensino e que est relacionado s
trajetrias do prprio desenvolvimento cientfico-tecnolgico (BRASIL, 2010c).
Segundo a SBPC, trata-se de problema central a educao ainda apresentar-se
extremamente deficiente no pas em todos os nveis, particularmente a Educao Bsica, com
altas taxas de evaso escolar, baixo ndice de atendimento da populao na idade adequada
especialmente no Ensino Mdio e ndices inexpressivos obtidos nas avaliaes nacionais (Prova
Brasil, Provinha Brasil, ENADE) e internacionais (particularmente o PISA6) nas reas de leitura e
compreenso de textos, matemtica e cincias. Resolver definitivamente os problemas no Ensino
Fundamental e no Ensino Mdio: esta a prioridade zero (BRASIL, 2010c, p. 6).
Como se pode depreender da leitura dos documentos oriundos das Conferncias Nacionais
de Cincia, Tecnologia e Inovao, alm de outros documentos e artigos de outras instituies, a
revoluo na educao desde a Educao Bsica (EB) at o Ensino Superior, passou a ser um
fator estratgico de polticas de Estado, que demandam uma articulao7 fina entre o sistema
nacional de educao (Ministrio da Educao/MEC) e o sistema nacional de cincia, tecnologia e
inovao (Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao/MCTI). A importncia da Educao Bsica
reside na compreenso de que ela o nvel educacional chave para garantir o acesso, a
permanncia e o prosseguimento de formao para a vida e para o trabalho nas modalidades
educacionais subsequentes.
Recentemente o Governo Federal, atravs do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e
Comrcio Exterior (MDIC), lanou o Plano Brasil Maior 2011-2014 (BRASIL, 2011)8, no qual uma
das metas aumentar a qualificao de recursos humanos das empresas, passando de um
percentual de 53,7% (base 2010) de trabalhadores da indstria com pelo menos o Ensino Mdio
para se atingir 65% at o ano de 2014. Verifica-se que a Poltica Industrial brasileira apresenta
exigncias de inovao e de formao e qualificao profissional e o gargalo da formao e
qualificao profissional estaria na Educao Bsica, mais precisamente no Ensino Mdio.
Tendo-se este pano de fundo e voltando-se ao mbito da Poltica Educacional da Educao
Bsica, uma das aes a emenda constitucional n 59 de 2009, que alterou o inciso I do art. 208
da Constituio Federal, passando o Estado a garantir a Educao Bsica como obrigatria e
gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade. Em conformidade com essa alterao
6 Sigla de Programme for International Student Assessment, avaliao realizada pela OCDE (Organizao
para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico). 7 No Livro Azul, uma das recomendaes a de que o Estado participe no esforo de integrao entre
poltica de C&T, poltica industrial, poltica educacional e de desenvolvimento regional. (BRASIL, 2010a, p.68).
8 O lema do Plano Inovar para competir. Competir para crescer. Verifica-se, assim, que a competio se apresenta como motor das polticas pblicas, como nesse caso da Poltica Industrial.
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encontra-se a meta 3 do Projeto de Lei (PL) n 8.035/2010 sobre o Plano Nacional de Educao
para o decnio 2011-2020 (ANPED, 2011), a qual refere-se a universalizar, at 2016, o
atendimento escolar para toda populao de quinze a dezessete anos e elevar, at 2020, a taxa
lquida de matrculas no Ensino Mdio para 85%, nessa faixa etria.
Tomando-se os dados de matrculas e da Populao em idade escolar de 15 a 17 anos no
site da Fundao SEADE, referentes ao total do Estado de So Paulo e Regio de Governo de
So Joo da Boa Vista-SP para o perodo da ltima dcada (2001-2010), tendo-se como ano-
base o ano 2000, pode-se fazer algumas consideraes. Para melhor compreenso da dinmica
das matrculas no Ensino Mdio prope-se observar os dados do ano 2000 e depois a segunda
metade da dcada, ano a ano. Os dados localizam-se nas Tabelas 1, 2 e 3.
possvel verificar na Tabela 1 o total de 2.079.141 matrculas em todas as redes de ensino
que ofertam o Ensino Mdio no Estado de So Paulo, sendo 22.779 na Regio de Governo de
So Joo da Boa Vista, no ano 2000. Observa-se que houve reduo nas matrculas neste nvel
de ensino tanto no total do Estado (1.913.616) quanto na regio objeto do estudo (21.186), no ano
2005 em relao ao ano 2000. Tomando-se o ano 2000 como ano-base, pde-se calcular a taxa
mdia (geomtrica) de reduo de 1,65% ao ano na dinmica das matrculas totais no Estado de
So Paulo no Ensino Mdio no primeiro quinqunio (2001-2005), enquanto a reduo mdia na
Regio de So Joo da Boa Vista foi de 1,44% ao ano no mesmo perodo. Essas redues
ocorridas nas matrculas foram maiores do que as redues das taxas mdias (geomtricas)
calculadas para a Populao em idade escolar de 15 a 17 anos (mdia de reduo de 0,85% ao
ano para o total do Estado e de 1,21% ao ano na regio de Governo de So Joo da Boa Vista).
2000 2005 2000 2005Estadual 1.774.296 1.636.359 17.827 17.319Pblica 1.798.298 1.655.143 19.482 18.097Particular 280.843 258.470 3.297 3.089Total 2.079.141 1.913.613 22.779 21.186Populao de 15 a 17 anos 2.171.708 2.080.640 26.495 24.929% Rede Estadual 85,34% 85,51% 78,26% 81,75%% Rede Pblica 86,49% 86,49% 85,53% 85,42%% Rede Particular 13,51% 13,51% 14,47% 14,58%
Estado de So Paulo
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados obtidos no site da Fundao Sistema Estadualde Anlise de Dados (SEADE). A Fundao SEADE no fornece os dados de matrculas narede federal de ensino. As matrculas na rede municipal de ensino foram omitidas por seremnfimas em termos de participao.
Tabela 1 - Matrculas no Ensino Mdio, por redes de ensino, e Populao de 15 a 17 anos, Estado de So Paulo e Regio de Governo de So Joo da Boa Vista, 2000 e 2005
Redes de EnsinoRegio de Governo de So
Joo da Boa Vista
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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Observando os dados do segundo quinqunio (2006-2010) da dcada na Tabela 2, agora
tomando 2005 como ano-base, pode-se visualizar que houve redues tanto das matrculas
quanto da Populao em idade escolar de 15 a 17 anos em 2006 (queda de 5,23% nas matrculas
em relao a 2005) e 2007 (queda de 4,97% em relao a 2006), tendo-se aumentos sucessivos
nos anos seguintes, respectivamente de 1,24% (2008/2007), 0,72% (2009/2008) e 4,68%
(2010/2009). Tem-se a taxa mdia geomtrica de -0,79% ao ano na dinmica das matrculas no
perodo 2006-2010 para o total do Estado de So Paulo, enquanto a Populao de 15 a 17 anos
recuou em mdia taxa de 1,19% ao ano no mesmo perodo.
Ano2006 2007 2008 2009 2010 2011
Estadual 1.545.115 1.475.023 1.483.839 1.492.642 1.567.127 -0,86% 1.590.929Pblica 1.562.316 1.496.149 1.505.830 1.514.795 1.590.677 -0,79% 1.615.369Particular 251.239 227.343 239.004 242.549 248.858 -0,76% 257.518Total 1.813.555 1.723.492 1.744.834 1.757.344 1.839.535 -0,79% 1.872.887Populao de 15 a 17 anos 2.058.561 2.034.759 2.010.135 1.984.781 1.959.289 -1,19% 1.982.065% Rede Estadual e Mdia2 85,20% 85,58% 85,04% 84,94% 85,19% 85,19%2 84,95%% Rede Pblica e Mdia3 86,15% 86,81% 86,30% 86,20% 86,47% 86,39%
386,25%
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados obtidos no site da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados(SEADE). () Taxa Mdia Geomtrica calculada a partir do ano 2005, como base, at 2010.(2) Mdia Aritmtica dospercentuais de Matrculas no Ensino Mdio na Rede Estadual em relao ao Total de Matrculas no Ensino Mdiopara os anos de 2006 a 2010. (3) Mdia Aritmtica dos percentuais de Matrculas na Rede Pblica (Estadual,Federal e Municipal) em relao ao Total de Matrculas no Ensino Mdio para os anos de 2006 a 2010.
Tabela 2 - Matrculas no Ensino Mdio, por redes de ensino, e Populao de 15 a 17 anos, Estado de So Paulo, 2006 2011
Redes de EnsinoAnos Taxa
Mdia
Ainda no segundo quinqunio, a Regio de Governo de So Joo da Boa Vista
experimentou uma taxa mdia de reduo das matrculas maior do que a do Estado de So Paulo,
sendo de 1,55% ao ano, conforme pode ser observado na Tabela 3. Isso est associado a uma
reduo mdia de 1,59% ao ano da Populao em Idade Escolar de 15 a 17 anos, tambm maior
do que a mdia estadual.
Para a dcada (2001-2010) calculou-se a taxa mdia geomtrica (tendo como ano-base
2000) igual a -1,217% ao ano para as matrculas e -1,024% ao ano para a Populao em idade
escolar de 15 a 17 anos, considerando o total do Estado de So Paulo. J para a Regio de So
Joo da Boa Vista as taxas mdias das matrculas no Ensino Mdio e da populao na faixa etria
adequada foram respectivamente de -1,496% a.a. e -1,399% a.a. O fenmeno que se verifica na
totalidade do Estado de So Paulo tambm se repete na regio de So Joo da Boa vista, a
saber, uma tendncia de descrscimo das matrculas no Ensino Mdio maior do que o decrscimo
mdio da populao de 15 a 17 anos. Esse fenmeno pode ser visualizado no Grfico 1, o qual
apresenta os dados da regio objeto de interesse da pesquisa.
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Ano2006 2007 2008 2009 2010 2011
Estadual 16.391 15.865 16.190 15.943 16.205 -1,32% 15.872Pblica 17.058 16.409 16.631 16.527 16.858 -1,41% 16.512Particular 2.955 2.787 2.839 2.669 2.733 -2,42% 2.822Total 20.013 19.196 19.470 19.196 19.591 -1,55% 19.334Populao de 15 a 17 anos 24.574 24.197 23.810 23.413 23.013 -1,59% 23.134% Rede Estadual e Mdia2 81,90% 82,65% 83,15% 83,05% 82,72% 82,69%2 82,09%% Rede Pblica e Mdia3 85,23% 85,48% 85,42% 86,10% 86,05% 85,66%
385,40%
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados obtidos no site da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados(SEADE). () Taxa Mdia Geomtrica calculada a partir do ano 2005, como base, at 2010.(2) Mdia Aritmtica dospercentuais de Matrculas no Ensino Mdio na Rede Estadual em relao ao Total de Matrculas no Ensino Mdiopara os anos de 2006 a 2010. (3) Mdia Aritmtica dos percentuais de Matrculas na Rede Pblica (Estadual,Federal e Municipal) em relao ao Total de Matrculas no Ensino Mdio para os anos de 2006 a 2010.
Tabela 3 - Matrculas no Ensino Mdio, por redes de ensino, e Populao de 15 a 17 anos, Regio de Governo de So Joo da Boa Vista, 2006 2011
Redes de EnsinoAnos Taxa
Mdia
Percebe-se, atravs da verificao dos dados das Tabelas e da observao do Grfico, que
o fenmeno do decrscimo das matrculas est associado reduo da populao na faixa etria
estudada. Mas h outros fatores que contribuem para a reduo das matrculas no Estado de So
Paulo, como a taxa de evaso escolar que era de 10,44% no ano 2000, passando a 6,0% em
2005 e chegando a 4,5% em 2010 , a taxa de reprovao que, contrariamente ao
comportamento de reduo observado na taxa de evaso, passou de 6,72% no ano 2000 a 14%
em 2005 e 12,6% no ano de 2010 e a distoro idade-srie. As taxas de evaso e de
reprovao so ainda maiores na rede pblica, formada pelas redes municipal, estadual e federal.
Apenas para ilustrar, as taxas de evaso do Ensino Mdio referentes apenas s escolas da rede
pblica para os anos de 2000, 2005 e 2010 so, respectivamente, de 11,8%, 6,9% e 5,2% do
alunado matriculado.
Na regio de So Joo da Boa Vista, apesar de a Taxa de Evaso ser maior (11,21%) que a
verificada no Estado de So Paulo (10,44%) no ano 2000, ela foi reduzida 4,2% em 2010,
portanto menor do que o dado assinalado para o nvel estadual. Quanto s Taxas de Reprovao,
elas tambm ainda so altas na Regio de So Joo: 6,1% em 2000, 13,7% em 2005 e 9,9% em
2010, mas ainda assim menor que a do Estado de So Paulo nesse ltimo ano observado. Para
complementar a anlise das variveis educacionais preciso acrescentar que no ano 2000
apenas 41,88% da populao de 18 a 24 anos apresentavam o Ensino Mdio Completo no
Estado de So Paulo, enquanto na Regio de So Joo esse indicador era de minguados 35,14%
da populao na mesma faixa etria. Houve melhoria substancial para o ano de 2010: 58,68% no
Estado de So Paulo e 54,53% da populo na regio objeto de estudo, na faixa etria, possuam
o Ensino Mdio completo, contudo pode se perceber ainda o enorme dficit de atendimento
educacional nesse nvel.
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Matrculas no Ensino Mdio e Populao em Idade Escolar de 15 a 17 anos, Regio de Governo de So Joo da Boa Vista-SP, 2000-2011
17.000
18.000
19.000
20.000
21.000
22.000
23.000
24.000
25.000
26.000
27.000
28.000
29.000
30.000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
anosPopulao de 15 a 17 anos Matrculas (Total)
Grfico 1 Matrculas no Ensino Mdio e Populao em Idade Escolar de 15 a 17 anos, Regio de Governo de So Joo da Boa Vista-SP, 2000-2011.
Os dados evidenciam que a rede pblica, majoritariamente a rede estadual de ensino,
responsvel por mais de 85%, em mdia, das matrculas dos jovens que cursaram o Ensino Mdio
no perodo analisado. No incio da atual dcada (2011) 86,25%, um total de 1.615.369, das
matrculas se deram em escolas da rede pblica no Estado de So Paulo, no sendo diferente na
regio de So Joo, com 85,40% das matrculas do Ensino Mdio na rede pblica. Esses dados
implicam que as polticas pblicas de educao precisam mirar no apenas a expanso da oferta
de vagas, com o objetivo de universalizar e democratizar o acesso dos jovens trabalhadores ao
Ensino Mdio, como tambm garantir a construo de um projeto poltico-pedaggico associado a
mecanismos e instrumentos de gesto educacional eficazes e efetivos9 na garantia da
permanncia e concluso dos estudos com qualidade social, de modo anlogo ao que prope
Kuenzer (2000).
relevante recordar, para os propsitos do presente artigo, que o artigo 205 da Constituio
Federal (CF) de 1988 assegura que: 9 Os critrios de eficcia e de efetividade na educao so utilizados nesse artigo na mesma acepo
empregada por Sander (2007). A eficcia na gesto educacional o critrio com o qual se avalia a real consecuo dos objetivos intrinsecamente educacionais propostos. A efetividade um critrio poltico que reflete a capacidade administrativa para satisfazer as demandas, em termos educacionais, emanadas pela sociedade.
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A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (BRASIL, 2012c, p. 42).
De forma anloga, e reforando esse princpio constitucional, a Lei Federal n 9.394/96, Lei
de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), assegura no seu art. 2 do Ttulo II Dos
Princpios e Fins da Educao Nacional que a educao tem por finalidade [...] o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para
o trabalho (CURY, 2002, p. 85). Essas duas transcries so relevantes devido ao fato de se ter
vvida a compreenso de que a Educao um direito social assentado em trs pilares, a saber, i)
a formao plena do educando, ii) o preparo para o exerccio da cidadania (para a construo de
uma sociedade democrtica) e iii) a qualificao para o trabalho.
O Ensino Mdio caracterizado no artigo 35 da LDB como a etapa final da Educao
Bsica, sendo que esta ltima tem por finalidades, conforme o contedo do art. 22 da LDB,
desenvolver o educando, assegurando-lhe a formao comum indispensvel para o exerccio da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. J as
finalidades especficas do Ensino Mdio so expressas atravs dos incisos I a IV do art. 35 da
mesma LDB. O artigo 36 da LDB aborda o currculo do Ensino Mdio destacando como diretrizes
a educao tecnolgica bsica, a compreenso do significado da cincia, das letras e das artes,
o processo histrico de transformao da sociedade e da cultura, a lngua portuguesa como
instrumento de comunicao, acesso ao conhecimento e exerccio da cidadania. exatamente
sobre a organizao do currculo que tratam o Parecer CNE/CEB n 5/2011 (BRASIL, 2012a) e a
Resoluo CNE/CEB n 2/2012 (BRASIL, 2012b) que definem as novas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Mdio (DCNEM).
Os fatores que legitimaram o trabalho de elaborao de novas DCNEM so as atuais
exigncias educacionais decorrentes da acelerao da produo e difuso de conhecimentos, a
ampliao do acesso s informaes, a criao de novos meios de comunicao, as alteraes do
mundo do trabalho e tambm as mudanas de interesses dos jovens nessa etapa educacional.
As novas DCNEM, tanto em seu Parecer CNE/CEB n 5/2011 (BRASIL 2012a) quanto na
sua Resoluo CNE/CEB n 2/2012 (BRASIL, 2012b), apontam que o pas precisa realizar um
duplo esforo: investir fortemente na ampliao de sua capacidade tecnolgica e na formao de
profissionais de nvel mdio e superior. Dessa forma, sem uma tenaz expanso do Ensino Mdio
pode-se comprometer a formao de jovens, os quais poderiam se engajar diretamente no mundo
do trabalho ou encaminharem-se educao superior. Reside exatamente aqui o destaque
estratgico conferido ao Ensino Mdio nas polticas pblicas de educao. A escola precisa ser
um efetivo espao social de formao integral dos sujeitos para o exerccio da cidadania, para a
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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preparao para o trabalho, incluindo a formao tica e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crtico, sendo necessria uma educao pautada no currculo que
articule dialeticamente trabalho, cincia, tecnologia e cultura. Eis os quatro feixes centrais que
estruturam as novas DCNEM e os respectivos princpios educacional, pedaggico e geral
norteador.
Em termos da qualidade da educao, o Parecer CNE/CEB n 5/2011 aborda o conceito de
qualidade social da educao, uma noo que vem sendo historicamente gestada pelos
movimentos sociais, de renovao pedaggica e por grupos polticos. Essa abordagem est
assentada no direito educao acessvel a todos, exigncia de participao e de
democratizao e ainda comprometida com a superao das desigualdades sociais e
econmicas. A Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura
(UNESCO) defende posio semelhante. Para alm da eficcia e da eficincia, advoga que a
educao de qualidade, como um direito fundamental, deve ser antes de tudo relevante,
pertinente e equitativa (BRASIL, 2012a, p. 8).
No documento Cincia, Tecnologia e Cidadania: desafios para a sociedade (UNESCO,
2010), fica clara sua posio quanto aos aspectos relacionados s potenciais melhorias sociais
ativadas pela educao cientfica de qualidade, incluindo-se a a formao para o exerccio da
cidadania. Um dos objetivos apontados pela UNESCO nesse documento de contribuio 4
CNCT&I sobre a dimenso social da C&T, a qual geralmente ofuscada pelos discursos
hegemnicos do papel dessa na gerao de benefcios econmicos imediatistas. Segundo a
UNESCO (2010), uma das linhas de ao como prioridade estratgica seria a de Tecnologias
para o Desenvolvimento Social.
No Parecer CNE/CEB n 5/2011 so apresentados os pressupostos e fundamentos para um
Ensino Mdio de qualidade social. As dimenses da formao humana so as quatro categorias
citadas anteriormente, a saber, o trabalho, a cincia, a tecnologia e a cultura. O trabalho o
ponto de partida para a produo de conhecimentos e de cultura pelos grupos sociais, dado que
entendido e conceituado atravs de sua perspectiva ontolgica de transformao da natureza pela
ao do homem, ou seja, como realizao inerente ao ser humano e como mediao no
processo de produo da sua existncia. Sendo assim, o conhecimento produto da ao
humana sobre a realidade material (natural e social) pelo trabalho, atravs do qual a ao do
homem exige o uso de sua razo. Nessa prxis o conhecimento social e historicamente
produzido, sistematizado e acumulado pelo homem ao longo do processo de hominizao. A
cincia o resultado do processo dialtico de ao e interao do homem sobre a realidade a
partir de suas necessidades. A apropriao e o emprego dos conhecimentos como fora produtiva
sintetizam-se no conceito de tecnologia.
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Percebe-se, atravs da tomada de posio terico-metodolgica dos relatores do Parecer
CNE/CEB n 5/2011, que o trabalho a forma atravs da qual o homem satisfaz suas
necessidades empregando-se do uso da razo, ou seja dos conhecimentos que se produzem e se
reproduzem social e historicamente. a esse conjunto de saberes que se nomeia de tecnologia e
sua funo ltima seu tlos sempre o homem. Sendo assim, a cultura entendida, no seu
modo mais ampliado, como a articulao entre o conjunto de representaes e comportamentos e
o processo dinmico de socializao, constituindo o modo de vida de uma dada populao.
A construo terica apresentada no documento oficial apresenta uma unicidade entre as
dimenses ou categorias cientfico-tecnolgico-cultural, tendo como raiz o trabalho em seu sentido
ontolgico, ou seja, tomando-se a compreenso do modo histrico de formao do prprio
homem. Isso significa a adoo da concepo da prxis e, portanto, da dialtica e supera a viso
dicotmica do formar apenas para o trabalho educao meramente instrumentalizadora, a qual
serviria to-somente adptao, conforme Adorno (2010) ou apenas para o saber generalista,
ou seja, uma educao puramente propedutica, enciclopedista, que apenas prepararia para o
Ensino Superior.
Retomando o relatrio do Parecer CNE/CEB n 5/2011 verifica-se que a posio poltica
adotada toma o trabalho como princpio educativo, o que significa que esse ponto nodal pelo
qual se articulam os outros princpios e tambm a partir do qual se apresenta uma base para a
organizao e desenvolvimento curricular em seus objetivos, contedos e mtodos.
Como a sociedade atual se configura como uma sociedade da informao ou ainda uma
sociedade tecnificada, com acelerao da produo-difuso de conhecimento tcnico-cientfico,
das mdias e de sua presena desde as atividades mais corriqueiras do dia a dia at as rotinas
profissionais, com o crescente espao que o uso da internet ganha tambm na vida pessoal e
profissional das pessoas, alm do impacto das novas tecnologias da microeletrnica, da
biotecnologia, das fontes alternativas de energia e da prpria intensificao da informtica a
necessidade de aprender ao longo de toda vida passa a ser algo colocado no lugar daquela
concepo de etapas de educao como terminalidade definitiva dos estudos. Esse cenrio
inspira o princpio da pesquisa como princpio pedaggico na elaborao das novas DCNEM
(BRASIL, 2012b).
O que se almeja com esse princpio, na organizao e no desenvolvimento da proposta
pedaggica pelas unidades escolares, no processo de construo do projeto poltico-pedaggico e
de seu respectivo currculo, criar ambientes de aprendizagem favorveis ao estmulo da
curiosidade dos adolescentes sobre o mundo e a realidade que os envolve, assim como o
desenvolvimento de uma atitude cientfica e metodologicamente problematizadora diante das
situaes-problema que se apresentam. Residem aqui, ento, possibilidades de elaborao
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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curricular que possam apresentar elementos capazes de superar os bices intrnsecos
semiformao ou Halbbildung, conceito de Adorno (2010) que expressa a formao na
sociedade da Indstria Cultural, pautada pela atrofia da conscincia, pela rendio do
pensamento crtico, pelo irracionalismo arrasador dos poderes econmicos que impem sua
razo instrumental (e seus critrios de eficincia e produtividade) a todas as dimenses da vida
social (MARCUSE, 1967).
Os direitos humanos aparecem como princpio norteador, pois as escolas, como outras
instituies sociais, tm papel fundamental a desempenhar na garantia do respeito a esses
direitos, especialmente no que tange compreenso da barbrie, marca patente de uma
sociedade que, apesar de todo avano tcnico-cientfico, convive com toda variedade e
amplitudes de violncias, mais uma marca da semiformao. Da a relevncia da cultura como
feixe articulador entre trabalho, cincia e tecnologia. A compreenso e aceitao das
diferenas, a pluralidade de valores em embate na sociedade, as distintas manifestaes
religiosas, simblicas, estticas e culturais so marcas intrnsecas de sociedades efetivamente
democrticas. A formao para o exerccio pleno da vida em sociedade, tendo-se a cincia e a
tecnologia como meios e instrumentos, condio mpar para se buscar a consolidao das
prticas sociais democrticas, tendo-se o homem como finalidade. Sendo assim, os frutos da
cincia e da tecnologia deveriam estar subsumidos a uma orientao tica e no sob a gide da
razo instrumental.
A escola, assim, vista como um dos loci de aprendizagem e vivncia dessas prticas. Mais
do que isso, o processo de ensino uma prtica social e, assim, a escola precisa ser tambm
inclusiva e acolhedora, calcada em valores que possam nortear sua concepo de educao em
funo do tipo de sociedade e de homem que se almeja formar. Alm dos direitos humanos,
apontou-se no Parecer a sustentabilidade ambiental como meta universal, o que pode ser
tomada como posio em favor dos valores de respeito manuteno da vida, enfim, do meio
ambiente e qualidade de vida das geraes futuras, superando a viso puramente economicista
de sustentabilidade.
CONSIDERAES FINAIS
Ao se analisar o Parecer CNE/CEB n 5/2011 pode-se verificar que as recomendaes ali
presentes foram incorporadas na Resoluo CNE/CEB n 2/2012. Isso significa que os princpios
educativo, pedaggico e norteador, respectivamente, o trabalho, a pesquisa e os direitos
humanos, alm da sustentabilidade ambiental como meta universal (artigo 13 da Resoluo) se
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tornam os eixos atravs dos quais o currculo, em sua conceituao ampliada, das escolas de
Ensino Mdio devem se orientar. Dito de outra forma, fica assegurado pela poltica educacional
exarada que as unidades escolares devem orientar a definio de toda proposio curricular
fundamentada na seleo dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaos,
arranjos alternativos e formas de avaliao tendo presente cada um desses princpios j
enunciados (e amplamente explicados no Parecer n 5/2011), alm de enfatizar as dimenses do
trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre o conhecimento de
distintas naturezas, o que dever ser feito, no currculo e na proposta pedaggica (projeto poltico-
pedaggico), contextualizando-os em sua dimenso histrica e em relao ao contexto social
contemporneo.
A relao articulada trabalho-cincia-tecnologia-cultura proporciona o conceito de educao
tecnolgica (KUENZER, 2000), ou seja, a educao capaz de superar a dicotomia entre
propedutico-generalista e profissionalizante-tecnicista e avanar para alm da dualidade entre
formao puramente intelectual e formao para o trabalho. Cabe preponderantemente ao Ensino
Mdio pblico o papel social de avanar como lcus de formao plena dos jovens trabalhadores
de tal forma que possam se apropriar com autonomia dos conhecimentos e dos fundamentos
cientfico-tecnolgicos dos processos sociais e produtivos historicamente acumulados,
possibilitando-lhes a preparao bsica para a vida social e para o trabalho, como est no artigo
35 da LDB (Lei n 9.394/96).
escola pblica do Estado de So Paulo e na regio de S.J. da Boa Vista-SP, so
apresentadas duas tarefas, uma quantitativa e outra qualitativa. Quanto primeira, universalizar o
acesso da populao jovem ao Ensino Mdio, garantindo com eficcia, na acepo de Sander
(2007), condies de permanncia e concluso de estudos, conforme j prev a legislao e a
meta do PL n 8.035/2010. Na dimenso qualitativa, est o desafio poltico e de gesto
educacional (em termos de instrumentos adequados) de propiciar uma educao emancipatria,
efetivamente tecnolgica (os frutos da cincia e tecnologia estariam a servio da melhoria da vida
do ser humano) e com qualidade social, de forma que os indivduos possam ter um ambiente
escolar acolhedor, favorvel aprendizagem e ao prazer pelo conhecimento rigoroso. Os
aspectos ntrinsecos do conhecimento cientfico e tcnico em sua relao dialtica com o trabalho
precisam enfrentar o obstculo das concepes reificadoras e economicistas de aplicabilidade e
rentabilidade do saber esfera produtiva, tpica da semiformao. Assim seria possvel pensar
uma formao humana plena para os indivduos se realizarem enquanto cidados, construrem
sua autonomia intelectual e alcanarem emancipao em acepo inerente ao corpo terico da
Escola de Frankfurt contribuindo de forma ativa na prtica social e no mundo do trabalho para a
consolidao de uma sociedade democrtica, inclusiva, justa e solidria.
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! O ENSINO MDIO PBLICO E A POLTICA DE CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE FORMAO HUMANA PLENA
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REFERNCIAS
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PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES NO ANO DE 2013 NOS CURSOS TCNICOS INTEGRADOS E CONCOMITANTE
DO IFSP - BRAGANA PAULISTA
Edilson(Rosa(Barbosa(de(Jesus(Valria(Tomi(Kamijo(de(Moraes(Jesus
RESUMO: Nos ltimos anos, o governo tem empenhado grande esforo e fortes investimentos
com o objetivo de propiciar o aumento no nmero de cursos, e, consequentemente, a oferta de
vagas em cursos de formao tcnica de nvel mdio, para atendimento demanda existente no
mercado de trabalho. Criado em 2011, o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Tcnico e Emprego) apresenta-se atualmente como a principal estratgia do governo para atingir
esses objetivos, atravs do qual tem sido possvel o aumento da oferta de cursos e
consequentemente do nmero de vagas, pela possibilidade de participao de diversas
instituies educacionais das diferentes esferas do governo, instituies particulares e tambm do
sistema S (SENAI, SENAC, SENAR, SENAT...); e, intercmbio entre elas. O programa tem
possibilitado ainda a expanso e reestruturao da rede federal de ensino tcnico, responsvel
nos ltimos anos por parte da qualificao de profissionais para o mercado, entretanto, sem
condies para atender a demanda atual. O estudo do perfil dos alunos ingressantes nestas
instituies a partir da implementao das inmeras iniciativas governamentais, podem
eventualmente fornecer um indicativo preliminar das possibilidades de sucesso do projeto
(PRONATEC e outras iniciativas). Algumas observaes realizadas a partir do presente estudo
sugerem que se estabelea desde j um estado de alerta, no sentido de avaliar a necessidade de
mudanas e/ou adaptaes no s no perfil dos cursos oferecidos, bem como no perfil do pblico
alvo a ser alcanado, uma vez que se observam indcios que a estrutura atual no garante
necessariamente que os alunos ingressantes concluam o curso ou atuem na rea de formao
dos respectivos cursos.
Palavras chave: concomitante; expectativa; evaso; ensino tcnico; integrado.
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!EDILSON ROSA BARBOSA DE JESUS | (VALRIA TOMI KAMIJO DE MORAES JESUS
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PROFILE OF THE ENTERING STUDENTS ON INTEGRATED AND CONCURRENT
TECHNICAL COURSES OF IFSP-BRAGANA PAULISTA IN 2013 YEAR
ABSTRACT: In recent years, the government has made great effort and large investments in order
to encourage the rise in the number of courses, and consequently, the number of opportunities in
technical training courses for mid-level to attend the demand of the labor market. Created in 2011 ,
the PRONATEC (National Program for Access to Technical Education and Employment) is
currently the main strategy of the government to achieve these goals, through which it has been
possible to increase the supply of courses and consequently the number of opportunities, with the
possibility of participation of several educational institutions from different levels of government,
private institutions and also the institutions of S system (SENAI , SENAC , SENAR , SENAT...);
and the interchange between them. The program has also enabled the expansion and restructuring
of federal technical education system, responsible in the last years for qualified professionals to
market, however, unable to attend the current demand. The study of the profile of students
entering these institutions through the implementation of numerous government initiatives may
eventually provide a preliminary indication of the chances of success of the project (PRONATEC
and others initiatives). Some observations from this study suggest that a state of alert should
already be established in order to evaluate the need for changes and/or adjustments not only in the
profile of offered courses, but also in the profile of the target public, once observed evidence that
the current structure does not necessarily guarantee that incoming students will graduate or work
in the area of their training courses .
Keywords: concurrent; expectation; evasion; technical education; integrated.
1. INTRODUO
Devido a alta demanda do mercado por profissionais com formao tcnica de nvel mdio,
sobretudo em reas como construo civil, bens de capital e mais recentemente gs e leo
(devido as descobertas do pr-sal), o governo tem empenhado nos ltimos anos grande esforo
com o objetivo de se adequar e se capacitar estruturalmente para atender s exigncias e suprir
as necessidades do mercado.
Segundo Giesteira (2013), ocupaes pouco comuns, como manuteno em aeronaves,
minerao, mecatrnica, construo civil, petrleo e gs, lideram a lista das 21 profisses tcnicas
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! PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES NO ANO DE 2013 NOS CURSOS TCNICOS INTEGRADOS E CONCOMITANTE DO IFSP-BRAGANA PAULISTA
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mais procuradas do Brasil, conforme pesquisa da CNI (Confederao Nacional das Indstrias). O
Mapa do Trabalho Industrial 2012, elaborado pelo SENAI, mostrou as profisses que estaro em
alta nos prximos trs anos. Conforme estudo, o Brasil precisar formar 7,2 milhes de
trabalhadores em nvel tcnico (1,1 milho para novas oportunidades e o restante em
treinamentos de qualificao) at 2015.
Nesse sentido, com base no PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico
e Emprego) lanado pelo governo federal em outubro de 2011, diversos outros programas tm
sido propostos e implementado em prtica pelas demais esferas governamentais (estados e
municpios) em parceria com o governo federal e instituies de ensino.
O PRONATEC um programa do governo federal criado para intensificar a educao
profissional e tecnolgica no pas. Segundo matria de O Estado de So Paulo (OESP, 2013), at
2014 a meta oferecer cursos tcnicos e de formao inicial e continuada a 8 milhes de
estudantes e trabalhadores. O programa conta com a participao de renomadas instituies de
reconhecida excelncia e qualidade em programas de ensino tais como, Institutos Federais
(antigas escolas tcnicas federais/CEFETs), Centro Paula Souza, escolas tcnicas ligadas a
universidades federais, escolas tcnicas estaduais e entidades integrantes do sistema S (SENAI,
SESI, SENAC, SENAT, SENAR, etc), alm de instituies particulares de ensino.
Conforme mencionado anteriormente, o estudo do perfil dos alunos admitidos a partir das
iniciativas governamentais para suprir o mercado com profissionais qualificados, pode
eventualmente fornecer um indicativo preliminar das possibilidades de sucesso desses programas
de governo.
Situada no interior paulista com uma rea territorial de 513,59Km2, a cidade de Bragana
Paulista divide com a cidade vizinha Atibaia a condio de maior plo industrial e comercial da
regio em que se encontra (FIESP, 2013).
Sua populao de 150.351 habitantes (SEADE 2012), com IDH (ndice de
Desenvolvimento Humano) de 0,7760 (PNUD 2010). Bragana Paulista possui o 1 IDH entre as
12 cidades da regio e o 89 do Estado de So Paulo (Ibid).
Com um PIB total de 2.769,88 (em milhes de R$), podemos representar a participao dos
setores no PIB da seguinte forma: servios 59%, indstria 27,3%, administrao pblica 12,1%,
agropecuria 1,6% (Ibid).
A mdia salarial em torno de R$ 2.030,90 (RAIS 2012) no setor industrial, acima da mdia
dos outros setores, refora a relevncia de um bom curso de qualificao profissional para os
alunos do Instituto Federal e de outras instituies ligadas aos projetos do governo, visto que
pesquisas realizadas pelo RAIS - Ministrio do Trabalho 2012, indicam que a grande maioria da
mo-de-obra da cidade possui o Ensino Mdio Completo (21.101 trabalhadores, ou seja, 51,08%),
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seguidos por trabalhadores com Ensino Superior Completo (5.357 trabalhadores - 12,97%) e
trabalhadores com Ensino Fundamental Completo (4.910 trabalhadores - 11,89%) (Ibid).
Deste modo, o objetivo do presente trabalho apresentar os resultados de um levantamento
realizado no incio do ano de 2013, quanto ao perfil dos alunos ingressantes nos cursos mdios
integrados em mecnica e tcnico concomitante em mecatrnica do Instituto Federal de Educao
Cincia e Tecnologia de So Paulo Campus Bragana Paulista.
2. METODOLOGIA
O levantamento das informaes para composio do perfil dos alunos ingressantes foi feito
a partir de um questionrio elaborado com o objetivo no s de conhecer as expectativas e
perspectivas do aluno em relao ao curso, mas principalmente resgatar de algum modo o
histrico de vida e profissional familiar do aluno, j que segundo Ribeiro (2003), o histrico familiar
pode sobredeterminar o futuro profissional do aluno. O que implica dizer que as experincias
familiares ancestrais, de algum modo, podem exercer influncia nos encaminhamentos
profissionais das geraes futuras. Tais influncias so fortemente verificadas tambm nas
anotaes de Gomes (1997),(o qual faz referncia a diversos outros autores que exploram esta
mesma linha de pensamento.((((Embora o tamanho do grupo amostral no tenha sido suficiente para permitir a conduo de
uma abordagem estatstica mais aprofundada, os resultados obtidos no presente trabalho
fornecem indicativos bastante interessantes que apontam tendncias e permitem estabelecer
algumas hipteses que merecem ser exploradas e aprofundadas em trabalhos posteriores.
Os grupos de alunos avaliados no presente estudo compreendiam basicamente as
seguintes caractersticas:
- Uma turma de ingressantes do curso tcnico integrado em mecnica, com um total de 48
alunos matriculados inicialmente, onde apenas 46 alunos estavam cursando efetivamente por
ocasio do levantamento do presente estudo: 21 do sexo masculino e 25 do sexo feminino (45% e
55% respectivamente) com idades variando entre 14 e 18 anos (sendo a maior parte com
predominncia entre 14 e 15 anos).
- Uma turma de ingressantes do curso tcnico integrado em mecnica (parceria com o
Estado), com um total de 38 alunos matriculados inicialmente, onde apenas 34 alunos estavam
cursando efetivamente por ocasio do levantamento do presente estudo: 30 do sexo masculino e
4 do sexo feminino (88% e 12% respectivamente) com idades variando entre 14 e 17 anos (sendo
a maior parte predominante entre 14 e 15 anos).
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Tais resultados remetem reflexo sobre a viabilidade dos investimentos empenhados por
parte do governo na criao e manuteno dos cursos tcnicos integrados puramente
institucionais e o efetivo retorno desses investimentos em termos de alcance dos objetivos
almejados pelo governo, quais sejam o abastecimento do mercado de trabalho com profissionais
tcnicos de nvel mdio; uma vez que boa parte desses alunos frequentam os cursos tcnicos
oferecidos pelas instituies federais objetivando principalmente uma boa formao que possibilite
imediato ingresso na universidade.
Krger e Tambara (2006),(exploram muito bem este assunto e explicam que por ocasio da
criao das Escolas Tcnicas em 1909, o objetivo era basicamente a formao de mo de obra
operacional para o mercado de trabalho a partir de indivduos das camadas mais pobres da
sociedade. Durante longos anos, at o final dos anos 70, estas escolas eram frequentadas pelos
filhos dos trabalhadores, pessoas humildes, que viam ali uma grande oportunidade de educao
de seus filhos.
Krger e Tambara observam ainda que as Escolas Tcnicas Federais firmaram-se ao longo
do tempo como excelentes escolas que ofereciam um Ensino Tcnico de nvel mdio de altssima
qualidade, pblico e gratuito. Nos anos 80, com a perda do poder aquisitivo da classe mdia alta,
ocorre uma reverso no perfil do estudante da Escola Tcnica Federal. A sociedade, ao descobrir
que as escolas tcnicas estavam oferecendo aos seus alunos um ensino secundrio, pblico,
gratuito e reconhecidamente de alta qualidade, v ali uma grande alternativa para seus filhos.
H um aumento de procura por vagas nas escolas tcnicas federais, cujos processos
seletivos tornam-se altamente concorridos, culminando com a elitizao das mesmas a partir do
ingresso de alunos mais abastados, oriundos de boas escolas ou que tiveram possibilidades de
frequentar cursos preparatrios. S que esse estudante, que chega ao segundo grau tcnico,
agora com uma faixa etria de 14 e 15 anos e nvel socioeconmico mais elevado, em geral, no
tem o interesse de exercer a atividade de tcnico. A preocupao dessa elite era ingressar no
Ensino Superior, usando para isso os conhecimentos adquiridos na formao de 2 Grau Tcnico.
Neste sentido Castro (2005, p.156 apud Krger e Tambara, 2006) observa que as Escolas
Tcnicas Federais estavam preparando tcnicos que rarissimamente se tornavam tcnicos. Eles
vinham cada vez mais das classes mdia e alta, e no pensavam em nada alm dos vestibulares
para as melhores universidades, fossem os de direito, fossem os de medicina.
Verificao semelhante feita por Valaski (2012): Outro quesito em que os cursos em
questo assumem posturas diferentes a respeito do estgio. s vezes facultativo como nos
cursos de Mecnica e Jogos Digital ou obrigatrio como curso de Contabilidade, isso ocorre em
virtude da concepo do curso. Observa-se que existe uma preocupao em no sobrecarregar o
aluno, com o estgio, pois ele talvez esteja mais preocupado em ir para a faculdade, do que para
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3.2 ESCOLARIDADE DOS PAIS
Outro aspecto avaliado no presente estudo, diz respeito aos nveis de escolaridade dos pais
dos alunos dos cursos tcnicos integrados em mecnica, figura 2, com foco principal para as
formaes de nvel mdio e superior.
Observa-se que os pais dos alunos do curso Integrado Mecnica, que possuem um nvel de
escolaridade um pouco mais elevado do que o grupo parceria com o Estado, so os pais dos
alunos que responderam em sua maioria que pretendem cursar uma universidade (48%, sendo
que 59% desse montante declararam abertamente esse objetivo). J no grupo da parceria com o
Estado apenas 12% declarou que pretende cursar uma universidade futuramente.
De acordo com matria publicada no site portal do consumidor do governo federal (BRASIL,
2013a), uma tese de doutorado defendida na UFMG revelou que nos ltimos anos, houve um
aumento do acesso de filhos de pais analfabetos ou com pouca escolaridade s universidades.
Entretanto, ao cruzar nmeros da Pnad 2009 e do Censo 2010, Arnaldo Montalvo, socilogo e
autor da pesquisa detectou que:
Filhos de pais com ensino fundamental completo tm duas vezes mais chances de chegar
ao ensino superior.
Filhos de pais com ensino mdio completo tm quatro vezes mais chances de chegar ao
ensino superior.
E os filhos de pais com nvel superior completo, tm at 16 vezes mais chances.
3.3 NVEIS DE RENDA FAMILIAR
Relativo renda familiar, considerando o que j foi explanado anteriormente acerca das
estatsticas do governo quanto s subdivises de classes e de acordo tambm com informaes
da Fundao Getlio Vargas, em 20 anos houve um crescimento da classe C (R$ 1.200,00 a R$
5.174,00) de 46 milhes para 105 milhes de brasileiros (um aumento de mais de 100%)
(BRASIL, 2013b).
A figura 3 mostra a diviso da renda familiar dos alunos entrevistados, onde possvel notar
que eles se enquadram justamente na categoria denominada de classe C (em torno de 65%), sem
contabilizar alguns alunos que poderiam tambm se enquadrar nessa faixa, cuja renda familiar
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! PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES NO ANO DE 2013 NOS CURSOS TCNICOS INTEGRADOS E CONCOMITANTE DO IFSP-BRAGANA PAULISTA
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de at R$ 1.500,00 (levando em conta que segundo o governo a classe C est compreendida
entre R$ 1.200,00 a R$ 5.174,00).
Figura 3 Nveis de renda familiar dos discentes dos cursos tcnicos integrados
3.4 INSTITUIO DE ORIGEM
Quanto ao tipo de escola frequentada anteriormente pelos alunos, observa-se que a grande
maioria frequentou algum tipo de escola pblica, conforme podemos observar no grfico da figura 4.
Uma observao interessante que o perfil dos alunos do integrado e do integrado (parceria) muito
prximo em relao ao tipo de instituio de origem, o que nos leva a refletir acerca do porque da
diferena dos nveis de evaso entre os dois grupos de alunos conforme ser discutido mais adiante.
Observamos que grande parte dos alunos procedem de escolas estaduais, mas, que existe
tambm uma grande migrao de alunos oriundos de escolas particulares. Acreditamos que o
elevado nvel do ensino mdio proporcionado pelas instituies federais, seja um dos principais
motivos pelo qual os alunos tm sido atrados para os cursos tcnicos integrados dessas
instituies. Entendemos com esses dados que o aluno que possuir alm do curso superior um
curso tcnico renomado, poder ser beneficiado numa disputa empregatcia, pois ela poder fazer
a diferena nesses casos e a grande maioria est procurando esse diferencial.
Loponte (2010), em seu trabalho verifica tambm essa questo, pois cita que o curso
tcnico pode significar a diferena no currculo, porm daquele que possuir o nvel superior. A
formao tcnica pode ser sim um diferencial e at mesmo uma porta de entrada para o mercado,
porm o ensino superior aparece no plano pessoal do jovem estudante.
0(10(20(30(40(50(60(70(80(90(
100(
At(R$(1.500,00(
De(R$(1.501,00(a(R$(3.000,00(
De(R$(3.001,00(a(R$(5.000,00(
Acima(de(R$(5.000,00(
Integrado(Mecnica((%)(
Integrado(Mecnica((Parceria)((%)(
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Figura 4 Instituies de origem dos discentes
Com relao ao questionamento do motivo pelo qual o aluno teria optado por fazer um curso
tcnico profissionalizante, a grande maioria alega ter sido por deciso prpria, embora exista a
suspeita de que nos casos dos cursos integrados tenha existido forte influncia por parte dos pais.
3.5 EVASO
A evaso escolar tem se colocado como um dos maiores obstculos a ser superado pelos
Institutos Federais em todo o Brasil. Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da Unio,
apontou uma taxa de evaso mdia de 24% nos cursos profissionalizantes voltados a alunos dos
EJAs (Educao de Jovens e Adultos) e de 19,4% nos cursos feitos por estudantes que acabaram
de completar o ensino mdio. Entre os alunos que fazem cursos tcnicos concomitantemente com
o ensino mdio, a evaso foi menor: 6,4% nvel semelhante ao dos cursos superiores nas reas
de licenciatura (8,7%), bacharelado (4,0%) e tecnlogo (5,8%) (UOL Educao, 2013). A realidade
em algumas unidades de ensino em particular chega a ser assustadora, como o caso, por
exemplo, dos alunos do curso de suporte e manuteno de computadores (PROEJA FIC)
implantado no primeiro semestre de 2010 no Instituto Federal de Sergipe - Campus Lagarto, com
um ndice de evaso de 63% aps um ano de implantao do curso (ROSA e BEZERRA, 2012).
Conforme matria publicada pelo UOL (UOL Educao, 2013), o relatrio do PNUD
(Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento), posiciona o Brasil entre os 3 pases com
maior taxa de evaso escolar (24,3%) entre 100 pases com maior IDH (ndice de
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! PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES NO ANO DE 2013 NOS CURSOS TCNICOS INTEGRADOS E CONCOMITANTE DO IFSP-BRAGANA PAULISTA
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Desenvolvimento Humano), perdendo apenas para a Bsnia Herzegovina (26,8%) e ilhas de So
Cristovam e Nvis no Caribe (26,5%).
Segundo o Relatrio 2012, divulgado no dia 14 de maro de 2013, uma a cada quatro
crianas que inicia o ensino fundamental em nosso pas, abandona a instituio escolar antes de
concluir a ltima srie. Com taxas de evaso superiores na Amrica Latina, podemos destacar a
Guatemala (35,2%) e a Nicargua (51,6%). No houve divulgao dos ndices do Haiti.
Apesar dos avanos das ltimas duas dcadas, o IDH do Brasil (85 no ranking) ainda
menor que a mdia dos pases da Amrica Latina e do Caribe, que analisa a conta de expectativa
de vida, renda per capita e acesso ao conhecimento.
No caso especfico do presente trabalho, os ndices de evaso tambm no so
animadores, principalmente em se tratando do pblico que em princpio teria maior potencial de
atuao no mercado de trabalho na funo para a qual estaria sendo formado, conforme o que foi
observado no item 3.1 figura 1. Enquanto que no curso tcnico integrado em mecnica dos 48
alunos matriculados no incio de 2013, 44 ainda permaneciam frequentando o curso no final de
setembro de 2013 (8% de evaso); no curso integrado em mecnica em parceria com o Estado,
dos 38 alunos inicialmente matriculados apenas 22 permaneciam frequentando o curso no final do
mesmo ms (42% de evaso). J no curso tcnico concomitante em mecatrnica, dos 40 alunos
matriculados no primeiro semestre de 2013, apenas 25 concluram o semestre (38% de evaso),
sendo que destes apenas 9 alunos foram aprovados, ou seja, habilitados a dar continuidade ao
semestre seguinte (figura5).
Figura 5 Comparao entre os ndices de evaso dos cursos avaliados
Os elevados ndices de evaso apresentados no grupo dos alunos do curso integrado em
mecnica em parceria com o Estado e no grupo dos alunos do curso tcnico concomitante em
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!EDILSON ROSA BARBOSA DE JESUS | (VALRIA TOMI KAMIJO DE MORAES JESUS
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mecatrnica, podem estar associados principalmente s deficincias de conhecimento e
dificuldades de aprendizado de contedos das disciplinas do ncleo comum, o que resulta,
portanto, na ausncia de um pr-requisito mnimo necessrio ao acompanhamento das disciplinas
tcnicas.
Sem adentrar no mrito de discusso das diferenas qualitativas e quantitativas que
eventualmente possam existir entre as instituies de ensino, vale lembrar que a maioria dos
alunos ingressantes nos institutos federais so advindos de sistemas pblicos de ensino,
conforme constatado no presente trabalho e mostrado na figura 4.
importante ressaltar, ainda, que a oferta das disciplinas do ncleo comum ocorre de forma
diferenciada para os alunos de ambos os cursos integrados. Enquanto que no integrado mecnica
tais disciplinas so ofertadas pelos prprios institutos federais, no integrado mecnica em parceria
com o Estado essas disciplinas so ofertadas pelo mesmo.
J no caso do tcnico concomitante, as disciplinas do ncleo comum esto sendo ou foram
ofertadas em sua grande maioria pelo Estado, entretanto, h casos de oferta tambm por parte de
instituies particulares de ensino. Os casos mais crticos nos cursos concomitantes so aqueles
em que o aluno j se encontra h algum tempo sem frequentar a escola aps ter concludo o
ensino mdio de segundo grau. Em alguns casos, o aluno sequer chega a frequentar os dois
primeiros meses de aula.
4. CONCLUSO
Os resultados do presente estudo sugerem que existem atualmente dois tipos distintos de
alunos que ingressam nos cursos de formao tcnica do IFSP Campus Bragana Paulista. O
primeiro deles compreende um grupo um pouco mais elitizado que ingressa no curso tcnico
integrado por meio de vestibular e geralmente procura o curso no instituto federal como meio de
facilitao de acesso ao nvel superior. O segundo tipo de aluno compreende aqueles que
ingressam por intermdio de convnio com o Estado e/ou vestibular, e que buscam a instituio
objetivando em princpio o ingresso ou uma melhor colocao no mercado de trabalho. As
constataes quanto s expectativas dos discentes e principalmente quanto aos ndices de
evaso revelam um quadro que de certo modo se coloca na contramo do que em princpio seria
o esperado pelo governo, e sugerem que se estabelea desde j um estado de alerta, no sentido
de avaliar a necessidade de mudanas e/ou adaptaes no s no perfil dos cursos oferecidos,
bem como tambm no perfil do pblico-alvo a ser alcanado, j que a situao atual no garante
necessariamente que o aluno ingressante v se formar, ou que aqueles eventualmente formados
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vo exercer efetivamente a funo para a qual foram capacitados. Algumas iniciativas
interessantes talvez pudessem ser a implementao de cotas, objetivando alcanar um nmero
maior de alunos das classes menos favorecidas nos cursos integrados institucionais e tambm a
facilitao para o recebimento de bolsas para esses alunos e para os que esto na parceria com o
Estado. Alm disso, seria importante uma ateno maior na melhoria da qualidade do ensino das
disciplinas do ncleo comum oferecidas aos alunos das redes pblicas (municipal e estadual).
5. RE
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