revista escola - dança criativa
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7/23/2019 Revista Escola - Dança Criativa
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15/10/2015 Imprima
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EXPERIMENTAÇÃO Na EMEI Brigadeiro
EduardoGomes, as crianças inventam
maneiras de se deslocar. Foto: TatianaCardeal
Dança criativa
Na pré-escola, já é possível trabalhar elementos da linguagem
artística para criar coreografias e desenvolver nos pequenos aexpressividade
Amanda Polato
Mal uma música começa a tocar, as crianças daEMEI Brigadeiro Eduardo Gomes, em São Paulo,começam a se mexer. Criar movimentos diferentes,sempre na forma de brincadeiras e numa constanteinteração com os colegas, já faz parte da rotinadelas. Esse é o resultado de um longo projeto dedança, aplicado sistematicamente pela equipe e nãosó em época de festas. "A dança ainda é entendidade forma equivocada por muitas escolas, quecostumam apresentá-la somente nas datascomemorativas e na forma de reproduções decoreografias prontas", avalia Isabel Marques, doInstituto Caleidos, de São Paulo.
A definição que se dá a ela é um ponto de discórdiaentre especialistas. O Referencial Curricular
Nacional detalha apenas o trabalho com movimento- incluindo conteúdos de expressividade, equilíbrio ecoordenação - e dilui algumas orientações didáticas.Se considerada uma atividade de técnicas e passos
predeterminados relacionados a cada estilo - o que acontece freqüentemente -, a dança setorna uma prática inadequada para a faixa de 4 a 5 anos.
Há, no entanto, diversos especialistas que discordam dessa linha, como MárciaStrazzacappa, da Universidade Estadual de Campinas. "Dança é todo movimentohumanamente organizado com uma intenção", define. Por trás desse conceito está o
pensamento do etnomusicologista e antropólogo britânico John Blacking. Sem estar aprisionada a formatos, ela pode ser vivenciada por pessoas de qualquer idade. "O quevaria é a metodologia de ensino", alerta Isabel.
Como começarAntes de trabalhar essa manifestação artística com a turma, o professor precisa investigar econhecer seus próprios movimentos - afinal, ele é uma referência importante. "O ideal seriauma capacitação com especialistas", avalia Samantha Schleumer, coordenadora pedagógicada EMEI Brigadeiro Eduardo Gomes. Mas é um bom ponto de partida fazer atividades deexploração de movimentos junto com as crianças - em vez de só pedir que elas se mexam -
e fugir de coreografias estereotipadas.Samantha conta que, apesar de muito criativa, a garotada já tem um repertório pronto, commuitas referências vistas na TV. Em momentos como festas de aniversário na escola, nãohá mal nenhum em dançar de maneira conhecida. No entanto, quando há objetivos
pedagógicos, a atividade deve ter como meta principal a ampliação dos conhecimentos
7/23/2019 Revista Escola - Dança Criativa
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15/10/2015 Imprima
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ARTICULAÇÕES Ao imitar as posições em
que está a boneca, a
garotada aprende várias formas de se
dobrar
sobre o corpo em movimento.
Na fase pré-escolar, deve-se levar a meninada a conhecer, explorar e experimentar diferentes maneiras de se deslocar pelo espaço e interagir com os colegas, percebendo eacompanhando ritmos e melodias. A escolha das músicas é parte essencial para um projetocom esse fim. A equipe de professores da EMEI recomenda levar para a sala CDs do grupo
paulistano Barbatuques e do músico norte-americano Bobby McFerrin (que usam o corpo para fazer música), de Naná Vasconcellos (instrumental) e de nomes da MPB, como Tom
Zé. É importante ainda ampliar as referências, abrindo a possibilidade de apreciação devídeos e fotos de espetáculos coreografados.
Movimentos divertidos Na EMEI, as atividades começam com a vivência das principais estruturas da dança. A referência teórica é o bailarino e educador Rudolf Laban (1879-1958), que criouuma ciência chamada coreologia. Para ele, dança éarticulação entre dançarino, som, movimento e espaço - osdois últimos amplamente abordados em sala. Os pequenos
compreendem o movimento - o que é, onde ocorre, comoacontece e com quem se move - em jogos divertidos. Numdeles, cada criança movimenta o amigo ao som da música.
Para tratar do espaço que cada um ocupa, as professorasabordam aspectos como os plAnos (largura, profundidade,altura), as direções (à esquerda, à direita, à frente e aofundo), a distância (perto ou longe) e os níveis da dança(alto, médio e baixo). "Os pequenos percebem que hádiferentes possibilidades de se mover ao som de umamúsica: podem estar agachados, sentados e até mesmo
deitados no chão", exemplifica Samantha.Outras questões relevantes para o projeto da escola estãoligadas às formas que o corpo adquire nas atividades.Uma possibilidade é o uso das tensões espaciais: semovimentar utilizando os vazios. Por exemplo, colocar
uma das mãos na cintura e passar a outra por dentro. É o que se chama de perfuração. "Ascrianças adoram passam por entre as pernas dos colegas de várias formas diferentes", citaSamantha. Outro conceito desenvolvido é o de preenchimento - que se dá quando duasdelas dão as mãos e outra se coloca no meio. Quando Samantha e as demais educadoras daEMEI trabalham as articulações - essenciais a qualquer movimento -, elas distribuem
bonecos dobráveis, que são colocados em diferentes posições, imitadas em seguida por todos.
Um dos resultados mais significativos do projeto foi a criação de danças para a festa junina.Ao som de compositores como o italiano Antonio Vivaldi (1678-1741), as criançasmontaram coreografias para contar a importância cultural da data - todas diferentes datradicional quadrilha, apresentada no fim do evento. "Alguns pais ficaram deslumbrados.Outros levaram um choque, mas já estão entendendo nossa proposta", conta acoordenadora. A consultora Isabel Marques ressalta a importância de valorizar o momentode criação aberto pela escola. "A dança é uma maneira de expressar idéias e emoções. Issonão pode ficar de fora quando se quer formar crianças que descubram o prazer dos
movimentos."
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CONTATOS
EMEI Brigadeiro Eduardo Gomes, R. Santa Eudóxia, 800, 02533-011, São Paulo, SP, tel. (11)3966-0434Isabel Marques
Márcia Strazzacappa
BIBLIOGRAFIA
Dança..., Débora Barreto, 178 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 3289-5930, 33 reais
Dançando na Escola, Isabel Marques, 208 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 28 reais
FILMOGRAFIA
Onqotô, Rodrigo Pederneiras (coreografia), 50 min., Grupo Corpo, tel. (31) 3221-7701
Publicado em NOVA ESCOLAEdição 215, Setembro 2008,
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