revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos

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Aula de literatura 2º bimestre

Português – Prof. Domênico

Gêneros literários

Padrões de composição literária utilizados para dar forma à imaginação

Gênero épico

Padrão de composição literária caracterizado por uma narrativa longa em versos e em estilo solene protagonizada

por um herói

Partes de uma epopeia

Proposição (tema / herói)

Invocação (musa inspiradora)

Narração

Conclusão

Século XVIII

Epopeia Romance

Herói épico Herói moderno (anti-herói)

Herói épico Herói moderno

Representa um grupo. É apenas um indivíduo que representa a si mesmo.

Recebe ajuda do alto. Muitas vezes, desvincula-se de um plano sobrenatural.

Tem origem nobre. É um cidadão comum.

Possui características extraordinárias.

Tem características ordinárias.

Enfrenta obstáculos incomuns. Enfrenta problemas do dia a dia.

Gênero lírico

Padrão de composição literária em que um eu lírico, poético ou poemático manifesta

seu mundo interior.

Elementos do poema

Ritmo

Metro

Estrofe

Som (rima)

Ritmo

Sucessão alternada de sílabas tônicas e átonas

Metro

Medida do verso

Número de sílabas Nome do verso

1 Monossílabo

2 Dissílabo

3 Trissílabo

4 Tetrassílabo

5 Pentassílabo (redondilha menor)

6 Hexassílabo

7 Heptassílabo (redondilha maior)

8 Octossílabo

9 Eneassílabo

10 Decassílabo (medida nova)

11 Hendecassílabo

12 Dodecassílabo (alexandrino)

VERSOS MONOSSILÁBICOS

VogarRolarOardolarnaflorháporA

mor(Martins Fontes, “Soneto monossilábico”)

VERSOS DISSILÁBICOS

EstrelasSingelasLuzeiros Fagueiros

(Fagundes Varela, in “Cantos religiosos”)

VERSOS TRISSILÁBICOS

Vem a auroraPressurosaCor de rosa,Que se coraDe carmim;A seus raiosAs estrelas,

Que eram belas,Têm desmaios,

Já por fim.(Gonçalves Dias, in “A tempestade”)

VERSOS TETRASSILÁBICOS

O inverno bradaForçando as portas...

Oh! que revoadaDe folhas mortasO vento espalha

(Alphonsus de Guimaraens)

VERSOS PENTASSILÁBICOS

Não chores, que a vidaÉ luta renhida:Viver é lutar.

(Gonçalves Dias)

VERSOS HEXASSILÁBICOS

Ó sono! ó noivo pálidoDas noites perfumosas,

Que um chão de nebulosasTrilhas pela amplidão!

(Castro Alves)

VERSOS HEPTASSILÁBICOS

Pedir beijo é uma toliceQue não merece perdão.

É como pedir a frutaQue caia na nossa mão.

(Soares da Cunha)

Ubiquidade

Estás em tudo que penso,

Estás em quanto imagino;

Estás no horizonte imenso,

Estás no grão pequenino.

Estás na ovelha que pasce,

Estás no rio que corre:

Estás em tudo que nasce,

Estás em tudo que morre.

Em tudo estás, nem repousas,

Ó ser tão mesmo e diverso!

(Eras no início das coisas,

Serás no fim do universo).

Estás na alma e nos sentidos

Estás no espírito, estás

Na letra, e, os tempos cumpridos,

No céu, no céu estarás.

(Manuel Bandeira)

VERSOS OCTOSSILÁBICOS

Lembra-te bem! Azul-celesteEra essa alcova em que te amei.

O último beijo que me desteFoi nessa alcova que o tomei!

(Olavo Bilac)

VERSOS ENCASSILÁBICOS

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota a gota, do coração.

(Manuel Bandeira)

VERSOS DECASSILÁBICOS

CamõesOs lusíadas

Canto primeiro (Proposição)

(1) As armas e os barões assinaladosQue, da ocidental praia lusitana,

Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçadosMais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaramNovo reino, que tanto sublimaram;

CamõesOs lusíadas

Canto primeiro (Proposição)

(2)E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatandoA Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valerosasSe vão da lei da morte libertando:

Cantando espalharei por toda a parte,Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.

CamõesOs lusíadas

Canto primeiro (Invocação)

(4)E vós, Tágides minhas, pois criado

Tendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebrado

Foi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloquo e corrente,Por que de vossas águas Febo ordene

Que não tenham inveja às de Hipocrene.

CamõesOs lusíadas

Canto primeiro (Invocação)

(5)Dai-me uma fúria grande e sonorosa,

E não de agreste avena ou frauta ruda,Mas de tuba canora e belicosa,

Que o peito acende e a cor ao gesto muda;Dai-me igual canto aos feitos da famosaGente vossa, que a Marte tanto ajuda:Que se espalhe e se cante no universo,Se tão sublime preço cabe em verso.

EscravaÓ meu Deus, ó meu dono, ó meu Senhor,

Eu te saúdo, olhar do meu olhar,

Fala da minha boca a palpitar,

Gesto das minhas mãos tontas de amor!

Que te seja propício o astro e a flor,

Que a teus pés se incline a Terra e o Mar,

P’los séculos dos séculos sem par,

Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu Senhor!

Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,

E, de mãos postas, em sentida prece,

Canto teus olhos de oiro e de veludo.

Ah! esse verso imenso de ansiedade,

Esse verso de amor que te fizesse

Ser eterno por toda a Eternidade!...

(Florbela Espanca)

VERSOS HENDECASSILÁBICOS

Alvas pétalas do lírio de tua alma...(Hermes Fontes)

VERSOS DODECASSILÁBICOS

No meio das tabas de amenos verdores,Cercadas de troncos – cobertos de flores,

Alteiam-se os tetos d’altiva nação;São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,Temíveis na guerra, que em densas coortesAssombram das matas a imensa extensão

São rudos, severos, sedentos de glória,Já prélios incitam, já cantam vitória,Já meigos atendem à voz do cantor:

São todos Timbiras, guerreiros valentes!Seu nome lá voa na boca das gentes,

Condão de prodígios, de glória e terror!(Gonçalves Dias, in “I-Juca Pirama”)

Gonçalves Dias“A tempestade”

Um raioFulgura

No espaçoEsparso,De luz;

E trêmuloE puro

Se aviva,S’esquiva,

RutilaSeduz!

Vem a auroraPressurosaCor de rosa,Que se coraDe carmim;A seus raiosAs estrelas,

Que eram belas,Têm desmaios,

Já por fim.

O sol despontaLá no horizonte,

Doirando a fonte,E o prado e o monte

E o céu e o mar;E um manto beloDe vivas cores

Adorna as floresQue entre verdores

Se vê brilhar.

Um ponto aparece,Que o dia entristece,O céu, onde cresce,De negro a tingir;Oh! vede a procelaInfrene, mas bela,No ar s’encapelaJá pronta a rugir!

Não solta a voz canoraNo bosque o vate alado,

Que um canto d’inspiradoTem sempre a cada aurora;

É mudo quanto habitaDa terra n’amplidão.A coma então luzenteSe agita do arvoredo

E o vate um canto a medoDesfere lentamente,

Sentindo opresso o peitoDe tanta inspiração.

Fogem do vento que rugeAs nuvens aurinevadas,

Como ovelhas assustadasDum fero lobo cerval;

Estilham-se como as velasQue no alto mar apanha,

Ardendo na usada sanha, Subitâneo vendaval.

Bem como serpentes que o frioEm nós emaranha – salgadas

As ondas s’estanham, pesadasBatendo no frouxo areal.

Disseras que viras vagandoNas furnas do céu entreabertasQue mudas fuzilam, – incertas Fantasmas do gênio do mal!

E no túrgido ocaso se avistaEntre a cinza que o céu apolvilha,

Um clarão momentâneo que brilha,Sem das nuvens o seio rasgar;

Logo um raio cintila e mais outro,Ainda outro veloz, fascinante,

Qual centelha que em rápido instanteSe converte d’incêndios em mar.

Um som longínquo cavernoso e oco rouqueja e n’amplidão do espaço morre;

Eis outro ainda mais perto, inda mais rouco,

Que alpestres cimos mais veloz percorre,Troveja, estoura, atroa; e dentro em poucoDo Norte ao Sul – dum ponto a outro corre:

Devorador incêndio alastra os ares,Enquanto a noite pesa sobre os mares.

No últimos cimos dos montes erguidosJá silva, já ruge do vento o pegão;

Estorcem-se os leques dos verdes palmares,Volteiam, rebramam, doudejam nos ares,

Até que lascados baqueiam no chão.

Remexe-se a copa dos troncos altivos,Transtorna-se, tolda, baqueia também;E o vento, que as rochas abala no cerro,

Os troncos enlaça nas asas de ferro,E atira-os raivoso dos montes além.

Da nuvem densa, que no espaço ondeia,Rasga-se o negro bojo carregado,

E enquanto a luz do raio o sol roxeia,Onde parece à terra estar colado,

Da chuva, que os sentidos nos enleia,O forte peso em turbilhão mudado,

Das ruinas completa o grande estrago,Parecendo mudar a terra em lago.

Inda ronca o trovão retumbante,Inda o raio fuzila no espaço,

E o corisco num rápido instanteBrilha, fulge, rutila e fugiu.

Mas se à terra desceu, mirra o tronco,Cega o triste que iroso ameaça,

E o penedo, que as nuvens devassa,Como tronco sem viço partiu.

Deixando a palhoça singela,Humilde labor de pobreza,Nivela os fastígios sem dó;

E os templos e as grimpas soberbas,Palácio ou mesquita preclara,

Que a foice do tempo poupara,Em breves momentos é pó.

Cresce a chuva, os rios crescemPobres regatos s’empolam,E nas turbas ondas rolamGrossos troncos a boiar!

O córrego qu’inda há poucoNo torrado leito ardia,

É já torrente braviaQue da praia arreda o mar.

Mas ai do desditoso,Que viu crescer a enchente

E desce descuidosoAo vale, quando sente

Crescer dum lado e d’outroO mar da aluvião!

Os troncos arrancadosSem rumo vão boiantes;

E os tetos arrasados,Inteiros, flutuantes,

Dão antes crua morte,Que asilo e proteção!

Porém no ocidenteS’ergue de repente

O arco luzente,De Deus o farol:

Sucedem-se as cores,Qu’imitam as flores,

Que lembram primoresDum novo arrebol.

Nas águas pousa;E a base viva

De luz esquiva,E a curva altivaSublima ao céu;

Inda outro arqueia,Mais desbotado,Quase apagado,Como embotadoDe tênue véu.

Tal a chuvaTransparece,

Quando desceE ainda vê-se

O sol luzir;Como a virgem,Que numa hora

Ri-se e cora,Depois choraE torna a rir.

A folhaLuzente

Do orvalhoNitenteA gotaRetrai:Vacila,Palpita;

Mais grossa,Hesita,E tremeE cai.

Estrofe

Linha (verso) ou agrupamento de linhas (versos)

Número de versos Nome da estrofe

1 Monóstico

2 Dístico ou parelha

3 Terceto

4 Quarteto ou quadra

5 Quinteto ou quintilha

6 Sexteto ou sextilha

7 Sétima, septena ou septilha

8 Oitava

9 Novena ou nona

10 Décima

DÍSTICO OU PARELHA

Embora seja céu de estio,As estrelas morrem de frio.

(Alphonsus de Guimaraens, in “Barcarola”)

Os miseráveis, os rotosSão as flores dos esgotos.

São espectros implacáveisOs rotos, os miseráveis.

São prantos negros de furnasCaladas, mudas, soturnas.

(Cruz e Sousa, in “Litania dos pobres”)

TERCETO

Negrinho do Pastoreio,venho acender a velinha

que palpita em teu louvor.(Augusto Meyer, in “Oração ao negrinho do

pastoreio)

QUADRA OU QUARTETO

Trigueirinha, – foge, foge, – Vê que eu não sou trovador,

Eu sou filósofo, – ouviste?Eu não entendo de amor.

(Junqueira Freire, in “A trigueirinha”)

QUINTILHA

Numa colina azul brilha um lugar calado.Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,

Com teu chapéu de palha, desabado,Tu continuas na azinhaga: ao ladoVerdeja, vicejante, a nossa vinha.

(Cesário Verde, in “De verão”)

SEXTILHA

Amigo! O campo é o ninho do poeta...Deus fala, quando a turba está quieta,

Às campinas em flor.– Noivo – Ele espera que os convivas

saiam...E n’alcova, onde lâmpadas desmaiam,

Então murmura – amor – (Castro Alves, in “Sub tegmine fagi”)

SÉTIMA, SETENA OU SETILHA

– Estavam todos dormindoEstavam todos deitados

DormindoProfundamente

Quando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São João

Porque adormeci(Manuel Bandeira, in “Profundamente”)

OITAVA

Se eu morrer muito novo, oiçam isto:Nunca fui senão uma criança que brincava.

Fui gentio como o sol e a água,De uma religião universal que só os homens

não têm.Fui feliz porque não pedi coisa alguma,

Nem procurei achar nada,Nem achei que houvesse mais explicaçãoQue a palavra explicação não ter sentido

nenhum.(Fernando Pessoa, in “Poemas inconjuntos”)

NONA

Quando eu nasci, raiavaO claro mês das garças forasteiras;

Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,Nadando em luz na oscilação das ondas,

Desenrolava a primavera de ouro:E as leves garças, como folhas soltasNum leve sopro de aura dispersadas,Vinham do azul do céu turbilhonandoPousar o voo à tona das espumas...

(Vicente de Carvalho, in “Palavras ao mar”)

DÉCIMA

Também eu ergo às vezesImprecações, clamores e blasfêmias

Contra essa mão desconhecida e vagaQue traçou o meu destino... Crime absurdo

O crime de nascer! Foi o meu crime.E eu expio-o vivendo, devorado

Por esta angústia do meu sonho inútil.Maldita a vida que promete e falta,

Que mostra o céu prendendo-nos à terra,E, dando as asas, não permite o voo!

(Vicente de Carvalho, in “Palavras ao mar”)

Rimas finais

Identidade ou semelhança de sons no final dos versos

Rimas paralelas(emparelhadas ou geminadas)

AABB

Pode em redor de ti, tudo se aniquilar:– Tudo renascerá cantando ao teu olhar,

Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,Porque a vida perpétua arde em tuas

entranhas!(Olavo Bilac, in “A alvorada do amor”)

Rimas intercaladas(interpoladas, opostas ou contrapostas)

A - - A

Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno

E brincava na praia; o mar bramiaE, erguendo o dorso altivo, sacudiaA branca espuma para o céu sereno.

(Casimiro de Abreu, in “Deus”)

Rimas alternadas(cruzadas, entrecruzadas ou entrelaçadas)

ABAB

Filhos do Novo Mundo! ergamos nós um grito

Que abafe dos canhões o horríssono rugir,Em frente do oceano! em frente do

infinito!Em nome do progresso! em nome do

porvir.(Castro Alves, in “No meeting do comité du

pain”)

Rimas pobres

Entre as ruinas de um convento,De uma coluna quebrada

Sobre os destroços, ao ventoVive uma flor isolada

(Alberto de Oliveira, in “Flor santa”)

Rimas ricas

O coração que bate neste peitoE que bate por ti unicamente,

O coração, outrora independente,Hoje humilde, cativo e satisfeito.

(Luís Guimarães, Jr. in “O coração que bate...”)

Rimas consoantes

Casos de amor! tenho os ouvidos cheiosDe ouvi-los relatar em prosa e em versos:

Juras, ingratidões, ciúmes, anseios,Almas traidoras, corações perversos.

(Bastos Tigre, in “Amores alheios”)

Rimas toantes

Em cima daquele morropassa boi, passa boiada;

também passa uma meninade cabelo encacheado.

Rimas toantes

“Na encruzilhada da vidaMuitas vidas vi passar...”

Disse-me o poeta, naquelaNoite clara, ao pé do mar.

E nas mãos magras e longasOs dedos punha a contar:

“Uma sombra, duas sombras...Mas passaram sem parar.”

(Olegário Mariano, in “Romance ao pé do mar”)

Rimas toantes

O cristal do Tejo AnardaEm ditosa barca sulca;

Qual perla, Anarda se alinda,Qual concha, a barca se encurva.(Botelho de Oliveira, in “Romance I”)

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