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7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
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03/04/2013 POR FELIPE PIMENTA 36 COMENTÁRIOS
Platão foi o maior filósofo de todos os tempos. Na minha opinião, sua filosofia é a mais completa,
metafísica e humana que a de Aristóteles. Seus escritos em forma de diálogo são de uma beleza
incomparável em relação a qualquer outro filósofo que já tenha existido. Vou analisar a filosofia
platônica em seus principais aspectos, como o mundo das Ideias, a psicologia, a existência de Deus,
o domínio da opinião, a moral e a política.
A IdeiaA Ideia
No começo, podemos definir a teoria das Ideias dizendo que o mundo sensível é apenas uma cópia
do mundo ideal, e que o objeto da ciência é o mundo real das Ideias. O mundo inteligível é
estudado na dialética, e o mundo sensível é o domínio da opinião ( DOXA).
A existência do mundo Ideal é baseada em duas provas, segundo Thonnard: uma de ordem lógica,
e outra de ordem ontológica.
A prova lógicaA pr ova lógica: Platão em nenhum momento põe em dúvida a existência da ciência, que para ele
é um fato indiscutível; então, é necessário um objeto estável e permanente, que possa permanecerno espírito. Ora, para Platão, esse objeto não se encontra no mundo sensível, pois ele acredita,
como Heráclito, que o mundo é “um infinito e perpétuo tecido de movimentos”, onde “tudo passa
como as águas das torrentes”, sendo que nada permanece estável. Surge, então, a necessidade da
ciência encontrar seu objeto: o mundo inteligível das Ideias.
Prova OntológicaPr ov a On to lógica: Thonnard diz que o mundo sensível prova a existência do mundo ideal como
sombra da realidade. Sabemos disso pois os objetos desse mundo são mais ou menos perfeitos, e
estas participações supõem a existência de uma fonte que possui a perfeição em estado pleno. Esse
é o mundo inteligível, que é o objeto da ciência.
A pluralidade das Ideias podem ser provadas de duas maneiras: uma prova direta e outra indireta.
Thonnard assim define essas provas: a prova diretaa prova direta é resultado da experiência racional, e o
objetivo é libertar do mundo sensível as perfeições estáveis. O mundo sensível não pode
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Aristóteles e Veneza contra Platão
Curso de Ética e Justiça da
Universidade de Harvard
Curso de Filosofia Política da
Universidade de Yale
Curso de Fundamentos Morais da
Política da Universidade de Yale
Curso sobre a Divina Comédia deDante Alighieri da Universidade de
Yale
Curso sobre o Dom Quixote de
Miguel de Cervantes da
Universidade de Yale
El País
Enciclopédia de Filosofia da
Universidade de Stanford
Estadão
Folha de São Paulo
La Nacion
O Globo
The EconomistWeb Gallery of Art
7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
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apresentar um objeto real que possa ser fonte de um conhecimento científico, por isso é necessário
pedir auxílio ao mundo das Ideias.
Prova indiretaPr ov a in dire ta: Sabemos que negar a pluralidade das Ideias destruiria toda a ciência, pois ela é
um sistema coordenado de juízos. Para a ciência existir são necessários objetos estáveis para um
ser inteligível, e também uma pluralidade de Ideias para construir um conjunto de juízos. Sendo
assim, Thonnard conclui que deve-se conceder a Heráclito que os objetos sensíveis estão em
perpétua variação e misturados com seus contrários; que devemos rejeitar Parmênides, pois o Ser
que tem estabilidade desejada, mas destrói todo o juízo pela sua absoluta unidade; por último,Sócrates liberta do sensível perfeições múltiplas, mas estáveis, que podem definir-se. O objeto da
ciência não é o mundo sensível, mas os gêneros que Sócrates definiu, tantos os substanciais, como
as qualidades, pois esse é o mundo das Ideias.
A natureza das IdeiasA natureza das Ideias
Platão definiu quatro propriedades:
A espiritualidadeA espiri tual id ade, que são de ordem inteligível, portanto, invisíveis aos olhos humanos e
apreendidas pela inteligência
A realidadeA real idade, pois para Platão as Ideias não são conceitos abstratos do espírito, nem pensamentosdo Espírito divino, mas são realidades subsistentes e individuais, sendo objeto da contemplação
científica e fonte das realidades da terra. Da realidade, derivam-se duas propriedades:
A imutabilidadeA imutabil idade, que exclui toda a mudança, pois são eternas;
A purezaA pureza, pois realiza a essência plenamente e sem mistura, e cada uma na sua ordem é perfeita.
Método de PlatãoMétodo de Platão
No filósofo grego, o método principal é o dialético, com um aspecto lógico, um psicológico e a
doutrina metafísica da participação das Ideias.
O aspecto lógicoO aspecto lógico é a continuação do método Socrático, em que Platão insiste no papel da
purificação; propõe que a razão incite à investigação das essências graças à Dialética do amor, e
conduz o espírito por degraus sucessivos até à intuição do mundo ideal.
O método da purificaçãoO método da purificação é àquele que procura liberar a alma intelectual do peso da matéria
através do domínio do eu. Controlando às paixões desordenadas, submetendo as tendências
inferiores à razão, o homem está a caminho das realidades eternas, porque as coisas do mundo
sensível não são mais do que a sombra. Libertando à alma do corpo, ela eleva-se até o mundo das
Ideias, pois o objetivo do filósofo, segundo Platão, é aprender a morrer( Fedon).
O mundo Sensível e o domínio da opiniãoO mundo Sensível e o domínio da opinião
Platão diz no Timeu: ” O que é fixo e imutável supõe razões fixas e imutáveis. Quanto à imitação do
que é imutável, convém falar dela em forma verossímil e analógica& Posto que as minhas
palavras não tenham mais inverossimilhança que as dos outros, há que nos contentarmos com
elas&convém em semelhante matéria limitarmo-nos a discursos verossímeis.” Thonnard explica
que isso sugere explicações de ordem mítica.
O mundo sensível possui em primeiro grau as percepções efêmeras das coisas sensíveis. Thonnard
explica que a atenção para ouvir ou recordar-se de belas músicas, procurando a mais harmoniosa,
só dá origem à conjectura.
No segundo grau temos o esforço de estabilização em que se esboçam as definições científicas;
porém, fica incompleto e provisório porque se baseia em opiniões aceitas pelo povo ou
transmitidas por poetas e tradições religiosas( mitos como o narrado em Fedro, em que o cavalo
branco representa o coração, e o cavalo negro a concupiscência).
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Professor. Bacharel e Licenciado em
Filosofia pela Universidade do Sul de
Santa Catarina. Meus maiores
interesses são a Metafísica, a História, a
política e a psicologia. Meus filósofos
preferidos são Pitágoras,
Heraclito,Parmênides, Platão, Euclides
de Alexandria, Santo Agostinho, Proclo,São Boaventura, Duns Scotus, Nicolau
de Cusa, Leibniz, Berkeley, Hegel,
Schopenhauer e Heidegger. Em filosofia
política, eu gosto de Giambattista Vico,
Tocqueville, Hannah Arendt, Eric
Voegelin e John Rawls. Estudo também
a obra de Carl Gustav Jung.
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7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
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A existência de DeusA existência de Deus
Platão recorre ao mito para provar a existência de Deus. Temos duas provas:
Prova baseada na existência do mundo: Deus é o DemiurgoProv a ba sead a na exis tênc ia d o mu ndo: Deus é o Demi urgo. Platão reconheceu que para
uma obra ter origem, é necessário que haja um artífice, e expõe o seu Demiurgo em linguagem
mítica. Ele, depois de ter contemplado o mundo Ideal, decidiu fazer o universo à sua imagem.
Prova baseada no movimento: Deus é a alma realProva baseada no movimento: Deus é a alma real. Platão verifica que o mundo está sujeitoa um movimento ordenado, como o movimento circular das esferas celestes, que é pela sua
estabilidade, a própria imagem da inteligência. Para que exista o movimento, é necessário um
motor. Platão sugere dois motores: um corpóreo e a alma. O corpo é inerte e é sempre movido por
um outro antes de se mover, e a alma é o motor que tem em si o princípio de seu movimento, e
pode comunicá-lo sem receber antes( As Leis). a alma domina o corpo que morre.
A psicologiaA psicologia
Para Platão, a alma está acidentalmente unida ao corpo, e é uma substância espiritual completa.
Existem três teorias para estabelecer essa doutrina:
A preexistência da alma que é definida pela teoria da reminiscência, porque Platão desconhecia acriação ex nihilo do judaísmo e cristianismo, de forma que explicar a existência de ideias
presentes em nós desde o nascimento ficava impossível a não ser por uma vida anterior. Platão
explica essa vida anterior por um mito em que as almas cometem certas faltas e são punidas com a
união com o corpo humano.
A união acidental da alma com o corpo difere a teoria de Aristóteles, porque Platão acreditava que
o corpo impedia a alma de alcançar à sabedoria por imposição de necessidades tirânicas, e que a
alma prejudicava o corpo porque investigações filosóficas profundas levavam à exaustão corporal.
A imortalidade da alma que pode ser demonstrada pela participação no mundo ideal, na Ideia da
vida e na necessidade moral.
A moralA moral
Platão quer que a Ideia do bem seja derramada na natureza humana. A felicidade para ele não
está identificada com o prazer, pois era isso que os sofistas pregavam. Falta ao prazer estabilidade
e plenitude, pois novos desejos levam a novos sofrimentos em um movimento que parece não ter
fim. Ele identifica a sabedoria com a felicidade, mas acredita na desigualdade das inclinações dos
homens para a prática da virtude; uns se contentariam com a coragem, outros com a temperança;
poucos, no entanto, buscariam à virtude perfeita. Esses possuiriam o germe divino da sabedoria.
O Estado para PlatãoO Estado para Platão
A existência do Estado é necessária para a prática da virtude, mas Platão o concebia como
pequenas cidades autônomas. Dividia o povo em classes sociais como os trabalhadores, os
guerreiros, os arcontes e os escravos. Nesse ponto ,Platão tem uma vantagem monumental sobre
Aristóteles, que Thonnard, fiel ao seu aristotelismo dogmático, não menciona: ele considera a
escravidão um mal e que deveria ser evitado. Nas penas da vida após à morte do Hades platônico
está a de ter possuído escravos. Platão também sugeriu a igualdade de homens e mulheres,
concedendo uma grande dignidade a essas últimas. A educação deveria ser igual para ambos os
sexos. A forma de governo mais adequada para os cidadãos é a aristocracia ou a monarquia, de
preferência governada por um rei-filósofo. A democracia é condenada.
Agora Platão nos narra o seu mito da caverna. Voegelin diz que o mito prepara o conhecimento da
PAIDEIA. A educação de um homem é incompleta se ele não experimentou a verdade da alma, a
PERIAGOGE. Depois do homem ser solto da caverna e ter experimentado a contemplação divina,
ele quer ficar lá para sempre(517). Esse homem( filósofo) que experimentou a eudaimonia irá
sentir-se inclinado a permanecer na contemplação e não irá querer voltar para os seus
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Resumo da Filosofia de Platão:
Teoria das Ideias, Mundo Sensível e
Psicologia
Resumo da Filosofia de Jean-Jacques
Rousseau
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7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
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companheiros prisioneiros. Haveria então a tentação de esse filósofo tornar-se apolítico. Mas ele
deve descer e sacrificar-se à polis.
Ele então desce( KATABATEON). Sócrates desceu para ajudar os prisioneiros da caverna e consegue
discernir as sombras(EIDOLA) das coisas reais. Como o filósofo viu o AGATHON, a polis sob seu
comando será governada com uma mente desperta( HYPAR) em vez de ser conduzida como as
outras Pólis como num sonho(ONAR)
***
A filosofia platônica foi adotada pela igreja católica até o século XIII, herdada pelos padres da
igreja, especialmente Santo Agostinho. A partir de São Tomás de Aquino, e pelas influências de
Aristóteles, a posição da igreja em relação à mulher muda: a igreja que antes concedia grande
liberdade para as mulheres no cristianismo, permitindo até o divórcio, torna-se hostil a essas
liberdades, pregando a clausura para as freiras e impedindo algo completamente natural e
humano que é o divórcio. A mesma filosofia aristotélica que criou dificuldades para São Tomás de
Aquino em relação à escravidão, impediu a igreja católica de oferecer respostas ao gigantesco
tráfico de seres humanos vindos da África para as Américas. Os protestantes ingleses, hostis a
Aristóteles, e mais abertos a Platão, foram aqueles que iniciaram o movimento abolicionista
mundial.
Bibliografia: F.J.Thonnard, Compêndio de História da FilosofiaBibliografia: F.J.Thonnard, Compêndio de História da Filosofia
Eric Voegelin, Ordem e História, Platão e AristótelesEric Voegelin, Ordem e História, Platão e Aristóteles
Abaixo seguem alguns resumos das principais obras de PlatãoAbaixo seguem alguns resumos das principais obras de Platão
FileboFilebo
http://resenhasdefilosofia.wordpress.com/2013/06/19/resenha-do-filebo-de-platao/
Filebo é um diálogo que trata do prazer. Sou da opinião que antes de ler esse diálogo o leitor já
deve ter lido o Parmênides e o Político para uma melhor compreensão. Participam do diálogo três
personagens: Sócrates, Protarco e Filebo. No início, Filebo faz a afirmação de que a vida de
prazeres é mais desejável do que a vida do saber. Sócrates então sugere que se for demonstrado
que o prazer é superior e não precisa de nenhum outro bem, então o prazer será o vencedor; caso
seja o saber, o mesmo acontecerá. Uma pequena discussão entre Sócrates e Protarco acontece pelo
fato desse último não fazer uma diferenciação entre os graus dos prazeres. Depois de algumas
perguntas e respostas, Sócrates vence o debate.
Começa então um debate sobre as relações do Uno e do Múltiplo. Nesse ponto, Giovanni Reale(
Para uma nova interpretação de Platão) afirma que “depois de ter destacado que a conexão do Uno
e dos Múltiplos estabelecida pelo raciocínio encontra-se em toda parte e sempre, em todas as
coisas de que se fala, Platão explica que, para superar as dificuldades que isso comporta, é
necessário proceder pela via pela qual foram feitas todas as descobertas no âmbito das artes”.
Platão fala sobre o mito do deus Thoth e como ele criou a arte da gramática, pois o homem com as
vogais e consoantes isoladas não podia, por si só, compreendê-las. A voz, diz Reale,” é uma espécie
de Ideia e também é uma multiplicidade ilimitada em cada um e em todos”. Com isso “obtém-se
uma trama lógico-ontológica traduzível em número, que permite passar, depois, aos sons sensíveis
individuais.”(Reale)
O diálogo fala sobre questões metafísicas na sequência. Sócrates que definir o que é ilimitado, o
limitado e a mistura para saber a natureza do Uno e do bem, pois uma vida apenas de saber ou de
prazer é impossível.Ora, lendo o diálogo entendemos que Sócrates fala sobre o que é ilimitado,
como o são o frio e o quente, e o limitado, que são o dobro e a classe dos números que tudo torna
harmonioso, com isso o que é lento e rápido formam a harmonia da música, e o quente e o frio
geram as estações. Sócrates então afirma: “Essa deusa, belo Filebo, observando como o excesso e aperversidade universal conquistavam a predominância, devido à ausência de limite para os
prazeres e o seu gozo, instaurou a lei e a ordem, que impõem limite. Dirias que ela, com isso,
Santo Agostinho
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causou dano; eu, ao contrário, diria que ela promoveu a salvação.”
Com isso temos quatro categorias: o limitado, o ilimitado, a mescla entre esses dois e a quarta que
é a causa dessa mescla e geração que é o Demiurgo. Com isso estabelecido, Sócrates reafirma que
a inteligência ( Nous) é o nosso rei no céu e na Terra e define o homem como uma mistura de
prazer e saber. O livro é um pouco parecido com a Ética a Nicômaco de Aristóteles. O meio-termo é
buscado durante o diálogo, e o Uno é considerado a causa da mistura, a coisa de supremo valor, e
que por ser o bem, o Uno transforma a mistura em algo bom também( Reale).
Max Pohlenz define de maneira admirável o que Platão entendia como Medida: ” Para Platão, a
eudaimonia consiste em um prazer puro: a alegria refere-se ao belo sensível, no qual entram em
primeiro lugar as formas geométricas e o gozo que traz a atividade espiritual(&) Pode nos parecer
estranha a importância atribuída à medida, posta no vértice da escala de valores: mas na realidade
Platão entende por medida o absoluto, e escolhe essa denominação porque o absoluto inclui em si
não só o bem entendido em sentido finalístico, mas também o belo e um princípio de ordem e de
proporção e constitui a causa primeira do seu existir concreto e a norma da sua exata mistura.” (
citado em Reale)
PolíticoPolítico
http://resenhasdefilosofia.wordpress.com/2013/06/19/resenha-do-politico-de-platao/
Político é um diálogo desafiador de Platão pois envolve mitos e diversas metáforas. Trata-se da
continuação de O Sofista, mas é possível compreender essa obra ( Político) mesmo sem ter lido O
Sofista. Participam desse diálogo Sócrates, Teodoro, o estrangeiro e o jovem Sócrates. Esses dois
últimos dominam o diálogo. Podemos dizer que o tema principal é determinar como seria o
governante ideal da Pólis. O Estrangeiro determina que o Rei será mais teórico ( gnostikes) do que
prático, e que durante o diálogo serão unificados o conhecimento político e o homem político, ou
seja, o conhecimento régio e o Rei. Farei uma exposição do mito dos ciclos cósmicos com a ajuda
do filósofo Eric Voegelin, que escreveu sobre o Político em seu livro Ordem e História-Platão e
Aristóteles.
O mito apresentado pelo Estrangeiro fala de Cronos e seu reinado. Durante um período, diz Platão,o próprio Deus acompanha o universo, e depois de um certo período em que os círculos
completam a medida do tempo, o deus deixa o universo por iniciativa própria. Isso faz com que o
movimento seja feito no sentido contrário. Platão faz uma observação que a imutabilidade
absoluta faz parte das coisas divinas, por isso o corpo não faz parte dessa classe de coisas. Em um
determinado momento o universo é movido circularmente pelo deus. Em uma parte a causa
divina é extrínseca, quando lhe é retransmitida a vida e a imortalidade a partir do Demiurgo. Em
outro momento o universo é deixado por conta de si mesmo.Diz Eric Voegelin:” a alternância de
movimento afeta não só o domínio da natureza, mas também o domínio do homem na sociedade.
No primeiro ciclo, o próprio deus supervisiona o Cosmos, enquanto as várias partes do Cosmos
eram colocadas sob a supervisão de divindades exteriores.” Nesse período, diz ainda Voegelin, “o
próprio Deus era o pastor dos homens; nessa época não havia governo ( poiliteia).” Os homens
tudo possuíam nessa era de Cronos.
O Estrangeiro fala sobre as mudanças que ocorrem no universo. Em algumas épocas grandes
destruições ocorrem aos seres vivos e apenas uma parte dos homens sobrevive. Isso foi causado,
segundo Voegelin, pela introdução do elemento corporal na ordem cósmica. Isso produziu uma
mudança na natureza pois os homens pararam de envelhecer e inverteram o processo, ficando
cada vez mais jovens com o passar do tempo. Os homens nessa época não se reproduziam pelo
sexo, mas nasciam da terra. O Estrangeiro lamenta que o relato dos velhos não sejam mais levados
a sério. Os mortos voltam à vida, pois o processo de nascimento é invertido da mesma forma que o
movimento circular do universo. Só haveria uma exceção que o deus reservou para um outro
destino: essa exceção seriam os filósofos. Nesse período do reinado de Cronos, o governo foi
dividido entre os deuses e os seres vivos eram governados pelos daimons, de maneira que não
eram selvagens e nem se devoravam uns aos outros.
O Estrangeiro pergunta ao jovem Sócrates qual era a melhor época para se viver: a de Cronos ou a
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atual de Zeus? O jovem Sócrates pede uma explicação pois não sabe responder. O Estrangeiro diz
que supostamente os homens nesse tempo aproveitavam todas as oportunidades para se
ocuparem da filosofia e aprenderem com os animais, uma vez que nessa época essa conversação
era possível. Ora, chegou o momento em que o ciclo de renascimentos chegou ao fim e que o
Timoneiro largou o timão e se retirou para o posto de vigia. A era dos homens nascidos da terra
chegou ao fim. O universo passou a se mover inversamente. Houve então uma grande colisão no
universo que produziu um aniquilamento dos seres vivos. Depois de um certo tempo o universo se
estabilizou e pôde recordar os ensinamentos do artífice e pai, no começo de maneira mais exata,
mas depois de uma maneira negligente pela introdução do elemento corpóreo em sua composição.
Então nesse momento, o homem foi abandonado à própria sorte, e ficou exposto às feras selvagens
e teve que aprender a cuidar de si. Como escreve Voegelin, Platão rejeita como mito as fábulas dos
deuses como Prometeu que teriam ajudado os homens em invenções que fariam avançar a
civilização.Enquanto o timoneiro governava, ele produziu poucos males e grandes bens, diz o
Estrangeiro. Nesse momento o mito é encerrado pelo fato do Estrangeiro dizer que é suficiente a
apresentação do governante régio. O mito da Idade do Ouro é rejeitado porque implica uma
renúncia à consciência filosófica, diz Voegelin.
Platão sugere que a ordem será restaurada pelo restaurador Régio, o que se assemelha muito com
a concepção de Joaquim de Fiore do dux. No entanto, como observou Voegelin, “o dux surge de
uma tensão entre uma civilização em crescimento e uma ideia de declínio, enquanto o governanteplatônico surge da tensão entre um declínio político real e uma nova substância espiritual.” A ideia
de Joaquim de Fiore de uma realização plena com representantes do orgulho civilizacional foi
realizada pelos progressistas do século XVIII, por Comte, Marx, Mill, Lenin e Hitler, escreve
Voegelin, enquanto a realização platônica é feita com uma crescente ordenação espiritual de um
mundo em desordem por meio da figura de Alexandre, da ordem imperial romana e de Cristo (
Eric Voegelin, Ordem e História, Volume III).
Político pretende explicar qual será a personalidade e as qualidades que o governante régio
deverá possuir. No final do capítulo que trata do Político, Voegelin escreveu essas palavras:” O
governante régio é o mediador enter a realidade divina da Ideia e as pessoas; ele é o Zeus que
rejuvenesce a ordem que envelheceu; é o médico que cura as almas fazendo-as renascer no meio
celestial ( en daimonio genei); e, ao promover esse renascimento das almas, ele proporciona à pólisuma nova substância comunitária ( homonoia) espiritual. É supérfluo destacar de forma detalhada
o paralelo entre essa evocação platônica e a concepção paulina da comunidade cristã, unida num
só corpo místico por meio do renascimento no Espírito de Cristo, que deriva a sua coerência da
harmonia (homonoia) de seus membros e supera a diferença de talentos e caracteres pelo agape.
Em vez disso, é necessário enfatizar a diferença fundamental de que o renascimento platônico da
comunidade não é a salvação da humanidade, mas um retorno à juventude do cosmos que será
seguido, de acordo com a lei inescrutável de Heimarmene, por um novo declínio”. ( Eric Voegelin,
Ordem e História, Volume III)
ParmênidesParmênides
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Não há filósofo na história que escreva melhor do que Platão; pode-se dizer que desde então a
qualidade literária dos filósofos vem em uma longa decadência. Como foi possível que um tema
tão complexo e que poucas pessoas realmente demonstraram interesse em ler e aprender o que
Platão queria ensinar, pudesse ser colocado em palavras e diálogos tão belos e profundos? Nesse
caso, poucos são aqueles que podem dizer que entenderam esse que é o mais desafiador dos
diálogos de Platão. Se eu dissesse que entendi em profundidade estaria mentindo, por isso,
pretendo mais fazer um resumo do que expor a minha opinião.
Participam do diálogo três personagens principais: Parmênides, filósofo que viveu no século V
antes de Cristo; Zenão de Eleia, que era contemporâneo de Sócrates, e o próprio Sócrates, aqui em
sua juventude. Em um encontro imaginário entre esses três filósofos, uma questão se impõe: existeuma forma de semelhança por ela mesma e que exista outra que seja oposta à primeira forma que
todos nós classificamos como múltiplas e participamos dessas duas? Essa é a pergunta de Sócrates.
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O jovem filósofo questiona a Zenão se as coisas não são unas na sua unidade e múltiplas na sua
multiplicidade. O exemplo de Sócrates é o seguinte: não podemos dizer que somos múltiplos pelo
fato de termos um lado esquerdo e outro direito, da mesma forma que temos nossa frente e nossa
traseira? da mesma forma podemos afirmar que somos unos pois no meio de um grupo de
pessoas podemos dizer que representamos uma unidade nesse grupo.
Vamos ver quais eram as opiniões de Parmênides e de Zenão em termos históricos.
Parmênides acreditava na unidade e imobilidade do Ser, e que esse Ser é uno, eternoParmênides acreditava na unidade e imobilidade do Ser, e que esse Ser é uno, eternoe imutável.e imutável.
Zenão definia Deus como eterno e tendo também como atributo a Unidade. Ele nãoZenão definia Deus como eterno e tendo também como atributo a Unidade. Ele não
teria atributos da multiplicidade como ser limitado e móvel, nem imóvel e ilimitado,teria atributos da multiplicidade como ser limitado e móvel, nem imóvel e ilimitado,
pois essas são características do não-ser.pois essas são características do não-ser.
Voltando ao diálogo, Parmênides questiona Sócrates sobre a doutrina desse último sobre as
formas. Sócrates responde que não está certo de que exista uma forma ideal do ser humano, assim
como do fogo e da água; ele não crê que existam formas ideais de coisas ridículas. Parmênides
pergunta a respeito se essas formas seriam unas, e Sócrates responde que sim, pois elas
manteriam sua unidade mesmo estando em lugares diferentes. Parmênides dá o exemplo de uma
vela que ilumina várias pessoas ao mesmo tempo e assim mesmo mantém sua unidade. Sócratesconcorda. Mas Parmênides questiona sobre a teoria das formas de Sócrates a respeito de como
outras coisas participariam dessas Formas se delas não podem participar enquanto partes ou
enquanto todos. Sócrates reconhece que isso não é fácil de ser resolvido.
Parmênides acredita que Sócrates confunda o Uno com o que é grande, com isso o jovem filósofo
estaria multiplicando as Formas ao infinito. Sócrates responde que cada uma dessas formas seria
apenas um pensamento. Elas seriam uma coisa singular pensadas por esse pensamento como
sendo algo pertinente a tudo, e como sendo uma forma, diz Parmênides. Sócrates afirma que essas
Formas existem na natureza como modelo ( paradeigmata), e as outras coisas se assemelham a elas
e nada mais.
O diálogo segue com Parmênides fazendo algumas objeções à teoria das Formas de Sócrates e, porfim, diz a ele que os conceitos que ele possui sobre essas Formas e o que é belo são ainda
precipitados pelo fato dele ser jovem. Parmênides, Sócrates , Zenão e um jovem chamado
Aristóteles ( que não é o famoso estagirita) iniciam um novo diálogo com esse último respondendo
perguntas desafiadoras de Parmênides.Ele pergunta o seguinte, entre uma multidão de outras
questões: se o uno existe, não é possível que seja múltiplos, não é mesmo? e o que se segue é um
resumo da doutrina de Parmênides sobre o un ouno em forma de perguntas e respostas.
Em determinado momento desse jogo entre Parmênides e Aristóteles, o primeiro define alguns dos
atributos do uno que o último é obrigado a reconhecer. Parmênides afirma que o uno participa da
existência e do ser. Como comenta Mário Ferreira dos Santos a respeito desse diálogo, o Um não
está no tempo, pois tudo o que está no tempo é sempre da mesma idade; mais velho que si mesmo;
mais jovem que si mesmo; por causa disso, o Um é atemporal. Explica o filósofo brasileiro: ”quando ele( Parmênides) diz: Então o Um não participa do ser de nenhuma maneira ( Oudamos
ara to en ousias metexei ) refere-se à Ousia, que corresponde à substantiados Latinos, o que
constitui o ser ôntico da coisa e também a sua essência, como substância segunda, como forma. O
Um não tem realidade fáctica ( de factum, feito), não é um ser feito, pois tais seres participam do
ser ( ousia). Mas tanto em Platão como em Aristóteles, a ousia é o que se opõe, to me enai , ao não-
ser. Se o ser não é a substância ( ousia) seria um não-ser.”
É um livro fascinante e muito desafiador. Conhecer um pouco da filosofia de Parmênides é
essencial antes de começar a ler esse diálogo. Nele o jovem Sócrates desempenha o papel de
aprendiz diante de um imponente Parmênides. Recomendo para entender melhor esse livro, a
obra de Mário Ferreira dos Santo s- O U m e o Múltiplo e m Platão.Mário Ferreira dos Santos- O Um e o Múltiplo em Platão.
FedroFedro
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Fedro é a continuação do tema discutido em O Banquete, ou seja, o tema é o amor. O diálogo inicia-
se com Fedro se encontrando pelo caminho com Sócrates. Fedro voltava da casa de Lísias, que era
um mestre da retórica e redigia para ambos os lados nos tribunais. Fedro conversa com Sócrates
sobre a bela impressão que um discurso que Lísias proferiu em sua casa causou em sua mente.
Sócrates fica curioso e pede que Fedro o reproduza para que ele possa analisá-lo.
O discurso de Lísias versa sobre o amor entre homens como era comum naquele tempo da Gréciaclássica. Lísias acredita que a paixão entre dois amantes é prejudicial porque nunca é satisfeita, e
está sujeita a muitas aflições, como o medo da separação e o favorecimento após a separação ao
novo amado, em prejuízo do antigo amante. Ele acredita que quem está apaixonado não consegue
manter os seus negócios e nem está em seu juízo normal. Pela conversa entre os amantes, diz
Lísias, podemos até saber se já se uniram ou vão se unir sexualmente. O homem que vive pela
paixão não só por outras pessoas, mas também pelo dinheiro e pelo conhecimento, vivem em
constante angústia pela existência de outros homens que os suplantem em termos financeiros e de
conhecimento. Lísias acredita que é melhor viver sem se apaixonar, e preferir à amizade do que a
paixão. ” Liberto do amor, sou capaz de me dominar”, proclama Lísias. Então começa uma série de
recomendações de Lísias sobre a vantagem da amizade que não espera o amor em troca, do que a
paixão. Dar comida aos mendigos e preferir os amigos que vão estar ao seu lado na velhice e não
apenas na juventude, são alguns dos conselhos dados pelo orador.
Sócrates ouve tudo isso e, ironicamente, diz a Fedro que adorou o discurso. Este último então pede
que ele faça um de seus famosos discursos para que possa compará-lo com o de Lísias. Sócrates
aceita o desafio.Ele então explica que o que Lísias definiu não é o amor verdadeiro, guiado pela
temperança, mas sim a paixão, que é uma forma de amor dominada pela intemperança. Esta
última é dominada pela busca do prazer; o primeiro pela busca do que é melhor. Sócrates define o
homem apaixonado como sendo aquele que deseja que o seu amado seja inferior a ele, pois quem
é movido pela paixão não suporta a ideia da existência de um homem que lhe seja superior. Mais
grave, diz Sócrates: o homem apaixonado acaba por fazer o pior ato em relação ao amado, que é
afastá-lo da filosofia. Outro ato que o apaixonado pratica é não desejar ou permitir que o amado se
case e tenha filhos ( lembremos que o diálogo é sobre o amor entre homens). Sócrates interrompe
seu discurso e Fedro fica decepcionado por esse ter sido tão curto.
É aí que o diálogo muda de tom, pois Sócrates é possuído nesse momento por um daimonion, o
qual faz o filósofo grego se arrepender pelo seu discurso anterior. A partir desse momento,
Sócrates pretende fazer um elogio a Eros e apresentar sua definição da natureza da alma e o seu
destino. Sócrates define a alma como imortal porque tudo aquilo que move a si mesmo e não é
movido por outro é imortal. Nesse ponto Sócrates conta o mito do cocheiro ( ou carro alado): a
alma pode ser comparada a um carro puxado por uma parelha conduzida na sua frente por
cavalos e atrás por um cocheiro. A alma divina é conduzida por cocheiros e cavalos de boa raça; a
dos outros é conduzida por cavalos mestiços. O que Sócrates quer dizer com esse mito? Ele explica
o destino das almas e como elas perdem suas asas. A alma quer contemplar o que é belo e eterno,
pois isso as fazem crescer; do mesmo modo tudo aquilo que é mau e feio faz com que as asas
diminuam. Lá no céu, os deuses preparam um banquete. Os carros alados então começam a subirpor um caminho tortuoso. Nesse momento o carro puxado pelos cavalos de boa raça segue seu
caminho sem dificuldade, enquanto a de raça mestiça puxa para a Terra. Aqueles conduzidos pelos
cavalos de boa raça então chegam e contemplam o universo. Esses serão aqueles que contemplam
a realidade da Ideia, que é a ciência perfeita, após terem passado pela vida e contemplado a
ciência e a justiça, dessa forma quando seus carros chegam ao céu, o condutor dos cavalos dá-lhes
néctar como recompensa. Isso é o que Sócrates define como a vida dos deuses.
Quanto ao destino das almas conduzidas por cavalos mestiços, o seu destino é no momento da
subida, quando os cavalos começam a tropeçar, elas passam a olhar somente para baixo, ou seja,
para a realidade, perdem parte das penas de suas asas e não contemplam o Ser Absoluto, de modo
que elas caem e ficam presas a simples opinião( DOXA). Mais adiante, Sócrates fala sobre o
conceito da reminiscência ( ANAMNESE). A única alma que recebe asas é a do filósofo, pois estacom a evolução da alma sempre relembra das verdades eternas que contemplou. É pelo fato desse
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homem praticar essas recordações que sua vida se assemelha à de um deus. Sócrates considera o
filósofo que ama o que é belo como o verdadeiro amante, pois este quer sempre voar para o alto
ainda aqui na Terra, sendo tomado nesse instante por uma espécie de loucura. Esse homem que foi
iniciado nos mistérios não mais se entregará aos vicíos como a pederastia e nem à realidade desse
mundo. Todo aquele que não foi iniciado ou se corrompeu entregar-se-á aos prazeres da carne.
Depois de terminar o seu discurso, Sócrates volta à realidade, e diz para Fedro que o discurso que
fez quando estava sob a influência do daimonion corrigiu o primeiro, quando ele concordou com o
caráter negativo do amor da mesma forma que Lísias. O Sócrates do segundo discurso fala sobre oamor divino e aos bens espirituais, que são aqueles que ele crê que os homens devam buscar; o
primeiro discurso reflete sua certeza de que o amor ao prazer carnal ( pederastia) e às opiniões
desse mundo são nocivos.
Fedro é um livro muito belo e poético, que define de maneira breve algumas das concepções da
psicologia de Platão. A teoria da reminiscência ( ANAMNESE) será discutida novamente no seu
diálogo A República. Platão acredita que o verdadeiro amante da sabedoria e amigo dos deuses é
aquele que relembra o que viu no mundo das Ideias, quando contemplou a verdade e a justiça.
Quando está nesse mundo, esse homem que vive a vida de filósofo e que pensa e ensina tudo
aquilo que um dia viu e aprendeu, tem a obrigação de ensinar aos que ainda estão presos na
caverna e só observam as sombras na caverna a respeito das verdades eternas, para que possa
libertar àqueles que ainda vivem a vida da DOXA e do amor intemperante, fazendo dessa formaque o verdadeiro amor possa ser dirigido às questões do espírito, liberando o homem da prisão da
carne.
TimeuTimeu
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Timeu é o diálogo mais difícil de Platão pelo fato de ser uma espécie de Gênesis dos gregos. O livro
apresenta em uma forma resumida pelas palavras do pitagórico Timeu, os conhecimentos de
medicina, matemática, cosmologia e psicologia do tempo de Platão. De fato há uma semelhança
com a narrativa bíblica porque o Demiurgo platônico cria o mundo e vê que ele é bom. No Timeu o
mundo criado, o homem e os animais são obra de uma inteligência que tudo criou com bondade eracionalidade. No começo tudo estava em desordem e ao acaso na natureza, até que ela se deixou
persuadir pela Inteligência. Então Deus criou tudo de maneira boa e eliminou toda forma de
imperfeição. Tudo o que o Demiurgo cria é sempre o mais belo segundo o mito da criação
platônico.
Em sua cosmologia não existem uma multiplicidade de universos que teriam servido de modelo
para a criação Divina. Existe na verdade apenas um céu que foi o modelo do qual Deus fez do
nosso uma cópia. Deus criou também a alma antes do corpo e a tornou imortal. O céu e o tempo
também foram criados em semelhança com a eternidade. Antes do nascimento do céu, o tempo e
os dias não existiam. O céu, segundo Platão, foi, é e será, seguindo sempre a lei dos números. Os
planetas foram criados em forma de esfera e são a divindade visível.
O Demiurgo cria a alma do ser humano de uma mistura e as dividiu em um número igual ao dos
astros, ensinando-lhes a natureza do Todo. Nessa parte é importante já ter lido o Fedro. Criando as
almas, Deus deu a todas o mesmo nascimento e as mesmas paixões, de maneira que se os homens
dominassem essas paixões viveriam na justiça; se deixassem elas o dominarem, viveriam na
injustiça. Se vivessem bem, voltariam para o céu onde teriam a vida de um deus; se vivessem na
injustiça, reencarnariam com forma feminina, e se persistissem, assumiriam um corpo de animal.
Mais adiante, Platão diferencia os homens que vivem da opinião e dos que vivem pelo intelecto. A
intelecção ocorre em nós pela ação do pensamento científico e da opinão somos persuadidos. A
intelecção vem acompanhada de uma demonstração verossímil; a opinião não aceita
demonstração. Todos os homens participam da opinião; da intelecção participam os deuses e
apenas uma parte dos homens. Daí nasce a realidade que tem forma imutável e não é perceptívelpela vista e que só é dado ao intelecto contemplar. A outra realidade está submetida aos sentidos e
é acessível à opinião unida à sensação.
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A harmonia necessária entre a alma e o corpo também é enfatizada no discurso de Timeu. De nada
vale se ocupar somente com questões intelectuais se o corpo é esquecido; ocupar-se também
somente do corpo produz uma revolução nos elementos e produz o que é pior em um homem: a
ignorância. Platão fala sobre isso no diálogo Filebo, ou seja, que o homem são é uma mistura de
saber e prazer. Para tratar da alma, a filosofia é recomendada.
As LeisAs Leis
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No livro III de As Leis, o personagem O Ateniense( Platão) pergunta a Clínias qual é a origem das
constituições. Esse pede ao Ateniense a explicação e esse conta um mito: no princípio, já existiam
cidades e constituições, mas o grande dilúvio que destruiu o mundo ( que é narrado em seu
diálogo Crítias) fez desaparecerem as cidades e as constituições. O Ateniense diz que é fácil de se
presumir que apenas aqueles que viviam nas montanhas, isso é, os pastores conseguiram
sobreviver.
Depois de algum tempo, a humanidade foi se reunindo novamente, e com a ajuda dos deuses
conseguiu recuperar algumas das antigas invenções do homem. Esses homens passaram a se
organizar através da autoridade do pai, que é o primeiro governo que se estabelece com a
autoridade pessoal; o segundo é a reunião de clãs de famílias que se organizaram, e esses formam
a aristocracia; o terceiro é o Estado misto, que Platão classifica como democracia, e por fim, o
quarto que é a confederação desses três Estados associados que formam a nação.
Platão faz algumas observações sobre os Estados que existiam em sua época. Aos persas ela
reprova o fato de que a educação dos reis desde o reinado de Ciro ter sido confiada a mulheres e
eunucos. Com isso o filósofo acredita que os persas desde então foram dominados pela escravidão
e pelo despotismo.
O legislador, segundo o discurso do Ateniense, deve procurar a liberdade, a unidade e a
racionalidade para o Estado que governa. A liberdade no império persa foi perdida pela
escravidão. Mas e quanto a Atenas? Será que Platão considerava essa cidade-estado como aquela
que alcançou as leis mais justas? Não, porque Atenas caiu no erro oposto ao do império persa e
introduziu a liberdade sem limites, isto é, a democracia. Mais uma vez, assim como em A
República, Platão conclui que uma excessiva liberdade e revolução na música seja a característica
de um Estado em que a liberdade destrói os costumes e as leis.
Existe nesse diálogo As Leis toda uma série de recomendações que o legislador deve impor aos
cidadãos do Estado socialista imaginado por Platão. É claro que algumas dessas leis são claramente
impraticáveis, como a comunhão de mulheres e filhos. Isso vai ser descartado por Aristóteles em
sua Política. Platão no entanto estava muito preocupado com a harmonia e a beleza dos pais, dos
filhos e da sociedade como um todo. É por isso que ele vai escrever longamente sobre a educação.
Repetindo algumas das ideias já expostas em A República, Platão concede à música e ao
movimento um grande destaque em sua Paidéia; inclusive é de se espantar que ele considerasse a
educação da criança pela forma que sua mãe agisse durante a gravidez. É durante a gravidez e
quando o bebê ainda está no colo que começa o processo de educação. A criança nesse estágio
seria educada pelo movimento da mãe ao embalá-la e com canções de ninar apropriadas para que
já nesse estágio adquirisse uma personalidade estável e corajosa, visto que Platão queria evitar ao
máximo que o medo penetrasse na alma de uma criança.
A educação seria igual para meninos e meninas, com ambos aprendendo ginástica, equitação e
arco e flecha. Depois de exibir uma misoginia que estava quase que ausente em suas outras obras,
Platão se retrata e defende a igualdade de homens e mulheres, pelo menos nesse ponto. As
mulheres devem aprender ginástica e a arte da guerra para que quando a cidade fosse atacada
elas pudessem se defender e à cidade. A educação dessas crianças também deveria incluir a
matemática, a poesia e a astronomia. Platão quer que o homem se prepare para a guerra para
poder viver em paz. Ele acredita que o homem deva se ocupar de coisas sérias, e nada existe de
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mais sério do que a divindade( Demiurgo). Ora, o homem foi criado como um brinquedo da
divindade, e isso é a melhor parte; portanto o ser humano deve se preocupar com a melhor parte e
divertir-se com os jogos mais excelentes. Devemos, segundo o filósofo, viver sacrificando, cantando
e dançando, vivendo assim em paz e contemplando alguns lampejos da verdade.
O Estado proposto por Platão em As Leis é socialista como em A República, mas em As Leis a
religião possui uma importância muito maior do que na República, e ao contrário da sociedade
imaginada por Sócrates nesse diálogo anterior, em As Leis a escravidão é introduzida e seu
funcionamento é descrito em detalhes.
As Leis não é um livro agradável de se ler, o que pode parecer estranho para quem está
acostumado a ler os diálogos de Platão como o Banquete, Fedro e Político. Não gostei muito, a não
ser quando Platão discute o problema da educação. Nesse momento o diálogo ganha força.
A RepúblicaA República
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A política e o mito em PlatãoA política e o mito em Platão
O filósofo Eric Voegelin analisou a obra a República, de Platão, na sua obra Ordem e História.
Primeiramente Sócrates busca definir o que é um filósofo de verdade. Para ele, o verdadeiro(ALETHINOS) filósofo é o homem que ama olhar com admiração(PHILO THEAMONES) para a
verdade. Aqueles que conseguem ver o “um” nas “muitas” coisas são os verdadeiros filósofos.
Voegelin prossegue: apenas o conhecimento do “ser em si mesmo” pode realmente pretender o
título de conhecimento(EPISTEME); o conhecimento do ser na multiplicidade das coisas é
opinião(DOXA).
A humanidade requer uma teoria verdadeira, pois um homem com uma teologia falsa é um
homem não verdadeiro. Estar enganado na alma sobre o ser (PERI TA ONTA) verdadeiro significa
que a própria mentira (HOS ALETHOS PSEUDOS) tomou posse da parte mais elevada da pessoa
(382). Para a teologia ser verdadeira, Platão destaca duas regras:
1-Deus não é o autor de todas as coisas, mas apenas das coisas boas.
2- Os deuses não enganam os homens em palavras ou atos.
A filosofia para Platão é acima de tudo um ato de salvação para si mesmo e para os outros, e
também um ato de julgamento. Para Voegelin, a filosofia de Platão não é uma filosofia, mas a
forma simbólica que uma alma Dionisíaca expressa sua ascensão para Deus.
Em seus primeiros anos, Platão ainda estava próximo da concepção Socrática de virtude que é o
conhecimento. Agora encontramos uma Sophia que é nutrida pela parte racional da alma, o
LOGISTIKON, presente em todos os homens, que só é despertado quando a sabedoria prevalece
sobre as paixões.
Ao todo são quatro as faculdades do conhecimento: EIKASIA, PISTIS, DIANOIA e NOESIS ou
EPISTEME. A constituição transcendental da alma pode ser alcançada quando um homem
percorre as formas de conhecimento, quando ele ascende do domínio das sombras(EIKASIA) para
o domínio das ideias(EPISTEME), e por fim, para a visão do próprio AGATHON( aquilo que dá aos
objetos do conhecimento a sua verdade a ao conhecedor o poder de conhecer).
A oposição do filósofo aos poetas deve-se ao caráter mimético da sua obras. A mimesis é
repreensível por duas razões, segundo Platão: a imitação não é o original e o filósofo está em busca
do original, da ideia; em segundo lugar o imitador e sua obra é o terceiro grau de afastamento(
596-597). A Paideia do filósofo luta contra a Paideia do mito. Em Sócrates, a alma do homem
encontrou a si mesma. Depois de Sócrates, nenhum mito é possível.
Agora Platão nos narra o seu mito da caverna. Voegelin diz que o mito prepara o conhecimento da
PAIDEIA. A educação de um homem é incompleta se ele não experimentou a verdade da alma, a
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PERIAGOGE. Depois do homem ser solto da caverna e ter experimentado a contemplação divina,
ele quer ficar lá para sempre(517). Esse homem( filósofo) que experimentou a eudaimonia irá
sentir-se inclinado a permanecer na contemplação e não irá querer voltar para os seus
companheiros prisioneiros. Haveria então a tentação de esse filósofo tornar-se apolítico. Mas ele
deve descer e sacrificar-se à polis.
Ele então desce( KATABATEON). Sócrates desceu para ajudar os prisioneiros da caverna e consegue
discernir as sombras(EIDOLA) das coisas reais. Como o filósofo viu o AGATHON, a polis sob seu
comando será governada com uma mente desperta( HYPAR) em vez de ser conduzida como asoutras Pólis como num sonho(ONAR) (520).
A Pólis é boa quando o LOGISTIKON predomina na alma. Ela é uma timocracia quando o
PHILOMIKON predomina; e é uma oligarquia quando as paixões do EPITHIMETIKON e do
PHILOCHREMATON predominam.Platão analisa também a transformação da alma democrática
para a despótica.Em sonhos, a parte ruim da personalidade lança-se em assassinatos, incesto e
perversões. O homem sábio conhece essa possibilidade, e então não dormirá antes de ter
despertado o LOGISTIKON em sua alma. Ele não permitirá a oscilação de seus desejos para que a
contemplação não seja perturbada. O seu sono não será perturbado por sonhos ruins( 571). Já o
homem despótico irá deixar-se dominar pelos seus apetites e a volúpia de seus sonhos irá dominá-
lo em sua vida desperta.
Por fim, há o destino da alma. Ela não pode ser destruída por seus próprios males, sendo
duradoura e imortal(609), e como é imortal sua natureza é semelhante ao divino.
A Nova Paidéia de Platão em A RepúblicaA Nova Paidéia de Platão em A República
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A minha apresentação sobre a nova Paidéia de Platão, como o filósofo grego a apresentou em sua
obra A República.
O debate sobre as artes imitativas aparece no livro III da República. Platão acredita que os poetas
desvirtuam o povo por sua imitação daquilo que o filósofo considera censurável, como, porexemplo, a imitação dos gemidos, os lamentos, os risos e os sons dos animais e do tempo. Do ponto
de vista de Sócrates, as narrativas dos poetas só deveriam mostrar a coragem, a firmeza, ao invés
de mostrar a ambição e a ganância. A poesia também deveria se preocupar com os atributos dos
justos em oposição aos dos injustos. Para Platão, as narrativas de poetas como Homero são
verdadeiramente poéticas, e, por causa disso, menos deveriam ser escutadas pela população que
pretende ser livre e não escrava(387 a-e). Certas palavras usadas pelos poetas são uma influência
negativa para a educação dos guardiões. Platão considera lamentável que os poetas façam homens
respeitáveis e deuses serem atacados por acessos de risos(388 a-e). O mal que essas poesias podem
causar nos jovens e nos governantes é o de fazer crer que os heróis não são em nada melhores que
os homens. O mal nunca vem dos deuses, lembra-nos Platão. Por causa do costume do jovem ou
governante ouvir relatos de maldade dos deuses e heróis como os descrevem os poetas, eles(
jovens ou governantes) acreditarão em desculpas por suas maldades pois os deuses osprecederam(391 a-e). O governante jamais deve ser imitador de algo que os poetas propõe, mas
sim, da coragem, sensatez, pureza, liberdade e todas as qualidades dessa espécie, que aprenderiam
desde a infância. A humanidade( e a Pólis) precisam de uma teologia verdadeira, pois um homem
com uma teologia falsa é um homem não verdadeiro. Estar enganado na alma sobre o ser
verdadeiro( PERI TA ONTA) significa que a própria mentira (HOS ALETHOS PSEUDOS) tomou posse
da parte mais elevada da pessoa( 382 a-e). Para a teologia ser verdadeira, Platão destaca duas
regras:
Primeira: Deus não é o autor de todas as coisas, mas apenas das coisas boas.
Segunda: os deuses não enganam os homens em palavras ou atos.
A nova Paideia que Platão propõe- além da imitação das virtudes citadas acima-, possui alguns
elementos que constituem a sua concepção de educação e de que modo ela deve ser procedida. Na
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República, a sua Paideia se divide entre classes: agricultores, que devem ser educados para o
serviço prático; soldados, que devem ser educados pela ginástica e pela música, para que tenham
agilidade e sensibilidade para a defesa da polis; por fim, tem-se a classe dos governantes, que
devem ser educados pela filosofia, pois é esta classe que vai determinar os rumos da cidade.
Platão estabelece regras para as letras que terão espaço em sua cidade, que terá, por exemplo, de
ter a obrigação de ser em primeira pessoa, pois esta forma não oculta o narrador. Depois vem a
questão da música, muito importante na República. A música deverá inspirar sentimentos belos, e
combater o vício, a licença, a baixeza e o indecoro(401 a-e). Com isso, desde a infância a criançaseria educada a amar o belo e a odiar as coisas feias e que não possuem harmonia. A ginástica é
outra atividade recomendada por Platão, pois depois de haver tratado do espírito é necessário
tratar do corpo. Essa ginástica seria simples, e com dois aspectos complementares: a alimentação,
que deve ser sem exageros; a medicina, que só deve ser ministrada aos homens sadios. A música e
a ginástica devem ser combinadas para estarem em harmonia, pois quem se dedica somente à
ginástica fica rude e grosseiro, assim como quem só se dedica à música fica mole e doce em
excesso. Por fim, existe a questão de quem governará a Pólis? Segundo o livro didático, entre
aqueles educados na proposta apresentada, serão os melhores os mais velhos, com inteligência
autoridade e sentimento patriótico. Desde pequenos deverão ser postos às provações, e os que
resistirem serão guardiões. Existe também a polêmica questão da eugenia, com sua eliminação dos
mais fracos. Sócrates também propõe a questão da mentira necessária: o mito do nascimento
humano a partir da terra, que seria contada na infância do governante. Essa foi minhaapresentação da proposta de Platão de uma nova Paideia.
A Ideia do Bem e da Paideia no Pensamento de PlatãoA Ideia do Bem e da Paideia no Pensamento de Platão
Felipe Pimenta
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ResumoResumo
A filosofia de Platão é a mais bela e completa que existe. O presente trabalho demonstrará que
desde a criação de um universo como cópia da Ideia, passando por um mundo material que foi
criado por um ato de bondade do Bem, até chegarmos ao filósofo que fará o papel de
intermediário na comunicação desta obra de perfeição do universo aos homens que ainda estão
presos na caverna, a filosofia platônica une a ideia do Bem à educação. O Bem está no centro do
ensinamento da Paideia de Platão. Sua filosofia é uma inversão do princípio dos Sofistas para
quem o homem era a medida de todas as coisas. Platão fará sua filosofia criar uma teologia
verdadeira para o homem. Nela Deus é a medida de todas as coisas. O desejo de criar um homem
que contemple a ordem da criação e através da educação passe a ter domínio de si mesmo
representa todo o esforço e a beleza da filosofia platônica.
Palavras-chave:Palavras-chave: Platão. Sócrates. Werner Jaeger. Eric Voegelin. GiovanniPlatão. Sócrates. Werner Jaeger. Eric Voegelin. Gi ovanniReale.Proclo.Paideia. Timeu.Reale.Proclo.Paideia. Timeu.
AbstractAbstract
The philosophy of Plato is the most complete and beautiful that exists. This present work will
demonstrate that since the Creation of the Universe as an image of the Idea, passing through a
material world that was created as an act of indulgence by The Good, until we come to the
philosopher that will make the role as the intermediate in the communication of this work of
perfection of the universe to the men that are tied at the cave, Plato’s philosophy unite the idea of
the Good with the education of men . The Good is in the core of the teaching of Plato’s Paideia. His
philosophy is an inversion of the principles of the Sophists for who the man was the measure of all
things. Plato will make his philosophy create a true theology for man. On his theology, God is themeasure of all things. The desire to create a man that contemplates the order of the universe and
trough education pass to have control of oneself represents all the effort and the beauty of Plato’s
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philosophy.
Keywords:Keywords: Plato. Socrates. Werner Jaeger. Giovanni Reale. Eric Voegelin. Proclus.Plato. Socrates. Werner Jaeger. Giovanni Reale. Eric Voegelin. Proclus.
Paideia. Timaeus.Paideia. Timaeus.
IntroduçãoIntrodução
A filosofia de Platão possui dois temas que estão unidos: a noção de Bem e a Paideia. No
pensamento platônico, conforme narrado em A República no mito da caverna, o filósofo é como o
prisioneiro da caverna que conseguiu libertar-se e contemplou o mundo das Ideias. O Bem
contemplado pelo filósofo também é visível no universo criado pelo deus-artífice- o Demiurgo-,
que no diálogo Timeu fez um cosmos como cópia da Ideia, tendo com intermediários os Entes
matemáticos e, por último, a realidade sensível. A criação é um Bem que o filósofo reconhece, só
que esse mundo é um reflexo sem a perfeição do mundo das Ideias. A bondade da criação e a visão
do noumenon é o que Platão pretende comunicar aos governantes e à população. Como foi dito
acima, o Bem deve ser transmitido aos homens através de uma educação( Paideia) que tenha como
objetivo formar uma alma bem ordenada. O tema está contido em alguns dos principais diálogosde Platão, porque esse filósofo sempre teve como missão estudar o mundo do phenomenon e do
noumenon, ainda que ele pretenda que tenhamos mais atenção ao último, ele também vê no
mundo físico uma ordenação criada por um ato de bondade do Demiurgo.
O filósofo é aquele vai ensinar aos homens o Bem visto no mundo das Ideias, e irá fazer com
aqueles que ainda não contemplaram essa realidade passem a fixar, segundo Voegelin (Ordem e
História, 2009, pág. 172),
“o olhar de sua alma no bem em si, e devem usá-lo como um paradigma para a ordenação reta da
Pólis, dos cidadãos e de si mesmos para o resto de suas vidas.” A escolha deste tema é importante
para um melhor entendimento de como a filosofia platônica pretendia fazer a alma e o corpo do
homem serem bons como o universo é bom. O Bem e a Paideia precisam ser estudados juntospara que a doutrina de Platão possa ser compreendida com maior profundidade. Como esse é um
tema rico em possibilidades, um trabalho desse tipo pode ser de grande ajuda.
“ O pensar é para o Homem o passeio da alma”
Autor desconhecido
O BemO Bem
1.O Bem como o modelo do Demiurgo: O Timeu1.O Bem como o modelo do Demiurgo: O Timeu
Platão criou uma narrativa da criação que explica as causas da natureza, a alma e a forma
material. O Bem é anterior a todas as coisas do Universo. Depois vem o Paradigma Inteligível.
Junto a ele está o Artífice, chamado por Platão de Demiurgo. Segundo Proclo (1997, pág13),
“Platão antes dessas coisas investiga as causas principais, ou seja, a causa produtora, o paradigma
e a causa final.Ele também põe um intelecto demiúrgico sobre o universo, e uma causa inteligívelna qual o universo subsiste primariamente, e o Bem, que é estabelecido de maneira anterior à
causa produtora na ordem do desejável.”
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entre necessidade e de inteligência.8 De acordo com o texto de Reale, Platão criou as seguintes
analogias para descrever a matéria:
Necessidade, causa errante, receptáculo que tudo gera, aquilo em que se gera o que se gera,
potência que não se esgota ao receber várias coisas que recebe; natureza sempre idêntica a si
mesma no seu fundamento; realidade amorfa; realidade participante de modo complexo do
inteligível; realidade difícil de compreender, obscura e incompreensível; realidade em si invisível,
mas visível nas suas várias manifestações; realidade comparável a uma nutriz, a uma mãe, ao
material de impressão, ao ouro plasmável, ao material mole modelável de várias maneiras e a
líquido inodoro que recebe os vários odores.9
Segundo Proclo (1997, pág 14), a natureza corpórea é produzida com Formas, e dividida por
números divinos; a alma é também produzida pelo Demiurgo e é preenchida com raciocínios
harmônicos, e com símbolos divinos e demiúrgicos.”
O corpo também possui dignidade por causa da iluminação da alma. De acordo com Proclo (1997,
pág 617),
“a alma subsiste com proporções harmônicas e o Todo da natureza corporal formada está em
amizade com ela através da analogia, que é harmoniosamente composta. Nenhum laço pode ser
mais belo, divino e perpétuo, pois apesar da alma ter sido gerada antes do corpo, Platão concedeua este a essência, a harmonia, a figura, a potência e o movimento. O Demiurgo quando colocou o
Intelecto na alma e a alma no corpo, criou o Universo.”
1.3.A Terra e seus elementos geométricos1.3.A Terra e seus elementos geométricos
O Demiurgo criou o mundo inspirado pelo modelo ideal eterno. Conforme foi estabelecido por
Platão acima, aos elementos que formam o universo, como a água, o fogo, o ar e a terra, ele os
associou a elementos geométricos como o tetraedro (fogo), o hexaedro (terra), o octaedro( ar), o
dodecaedro ( modelo dos cosmos) e o icosaedro(água).10
Na República, Platão vai fazer o filósofo ensinar ao povo que deve-se estudar primeiro àquelas
coisas que estão no alto. A geometria fará parte da Paideia que será ensinada na Pólis. Estadisciplina será ensinada junto com a astronomia e a estereometria. A ciência deve começar
estudando o que está no céu. Sócrates diz que a geometria nos faz estudar as coisas celestes. Ela
promove a contemplação e faz parte de um programa de estudos que têm como objetivo fazer a
alma mirar o Ser e o invisível, sem o qual a educação não faz sentido.
1.4.O Poder do Demiurgo1.4.O Poder do Demiurgo
Segundo esta passagem do Timeu, “o Demiurgo produz o bem ao ordenar o caos dos elementos
originais, quando realiza o Bem e o melhor e produz o que é belíssimo.” 11 Platão define isso no
diálogo que querer fazer o bem é tornar as coisas ordenadas. Ainda no Timeu, o filósofo grego diz
que a ciência e a potência de Deus consiste em misturar os muitos em um. O Deus-Artífice
platônico construiu um universo a partir de uma desordem e de sua ação produziu-se o Bem. Em
uma passagem do mesmo diálogo, Platão diz que “Deus possui de maneira adequada a ciência e, ao
mesmo tempo, a potência para misturar muitas coisas na unidade e de novo dissolvê-las da
unidade em muitas coisas. Mas não há nenhum dos homens que saiba fazer nem uma coisa nem
outra, nem haverá no futuro.”11 O homem pode contemplar a Criação e tentar, segundo Reale(
2009, pág 530), “imitar nesse mundo imagens da Ideia através da técnica e da arte” . O homem que
primeiro vai fazer essa contemplação do Mundo das Ideias e transmiti-las aos outros homens é o
filósofo. Isso se dará no diálogo A República.
2.O Filósofo contempla o Bem: A República2.O Filósofo contempla o Bem: A República
Sócrates torna-se a figura central que vai expor a doutrina platônica da contemplação do Bem e da
Ideia. Em um determinado momento do diálogo, Glauco, ansioso, pergunta a Sócrates sobre como
ele crê que o homem possa conhecer o Bem12. Sócrates, então, esclarece que existem coisas do
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mundo visível que são múltiplas, enquanto a cada uma delas corresponde uma ideia que é única,
que chamamos a sua essência. As primeiras diremos que são visíveis, mas não inteligíveis, e de
outra forma diremos que as Ideias são inteligíveis, porém, não visíveis.13
Sócrates então pergunta por que meio vemos aquilo que é visível, e ouve como resposta que é por
meio da visão. Ora, o homem percebe os objetos pela visão por causa da luz, e essa luz tem como
causa o fato dela ser gerada por um deus do céu. Esse deus é o Sol. Ele é o filho do Bem na ordem
da criação platônica. O homem, segundo Damáscio ( apud Proclo, pág 326), ao “aproximar-se do
imenso princípio deve contemplá-lo em um silêncio místico.”
O diálogo prossegue. Sócrates explica que quando nossos olhos são iluminados pela luz do Sol,
nossa alma passa a ser iluminada pela verdade do Ser ela compreende e conhece. Entretanto, se
ela se fixa em objetos na qual se misturam as trevas da noite, ela passa a ter meras opiniões sobre
aquilo que nasce e morre.14 A visão e a luz não podem ser igualadas ao Sol, da mesma forma que a
ciência e a verdade ainda que se assemelhem ao bem, elas não são o Bem em si mesmo. Segundo
Eric Voegelin (2009, pág 173),“essas são as proposições referentes ao sol que servem
como analogon para tornar inteligível o papel do Agathon no domínio noético (noetos
topos ).”Prossegue Voegelin dizendo que “ o Agathon não é nem intelecto ( nous ), nem seu objeto
(nooumenon), mas aquilo que dá aos objetos do conhecimento a sua verdade e ao conhecedor o
poder de conhecer.”
No Timeu, Platão já havia falado sobre a visão com essas palavras:
“em meu entender, a visão foi gerada como causa de maior utilidade para nós, visto que nenhum
dos discursos que temos vindo a fazer sobre o universo poderia de algum modo ser proferido sem
termos visto os astros, o Sol e o céu. Foi o fato de vermos o dia e a noite, os meses, os circuitos dos
anos, os equinócios e os solstícios que deu origem aos números que nos proporcionaram a noção
de tempo e a investigação sobre a natureza do universo. A partir deles foi-nos aberto o caminho da
filosofia, um bem maior do que qualquer outro que veio ou possa vir alguma vez para a espécie
mortal, oferecido pelos deuses. Por que razão havemos de celebrar os outros que são inferiores a
estes, pelos quais só um não-filósofo choraria, se ficasse cego, com lamentos em vão?”15
Começa agora o Mito da Caverna. Sócrates quer que imaginemos um grupo de prisioneiros
algemados pelas pernas e pescoço.Eles só podem olhar para a parede da caverna e nunca para a
sua entrada. Na parede da caverna são refletidas imagens de homens e animais. Essas não passam
de sombras de objetos reais de fora da caverna, mas aqueles prisioneiros não sabem disto.
Imaginemos então que um dos prisioneiros conseguisse sair da caverna. A primeira coisa que lhe
aconteceria é que seus olhos não estariam acostumados à luz do sol. O que ele teria que fazer seria
primeiro olhar para as sombras dos objetos, depois para os homens e animais e, por último, para
as estrelas e a lua no céu. Depois que ele conseguisse fazer isto, a contemplação do Sol seria
possível.16
2.1.O Filósofo desce à caverna2.1.O Filósofo desce à caverna
Após ter contemplado o Mundo das Ideias, o prisioneiro que se libertou ( que é a imagem do
filósofo), tem vontade de ficar fora da caverna para sempre, já que a realidade da mesma não mais
o atrai. Porém, este homem deve descer novamente à caverna e ensinar aos que ainda não
contemplaram a verdade o que ele viu. Não é uma tarefa simples, pois envolve o risco dele ser mal
interpretado. Mas ele tem que começar a ensinar aos seus companheiros o seu programa da
Paideia. A caverna é uma imagem da Pólis, e esta na concepção de Platão “tem o direito de exigir o
sacrifício do filósofo porque ela lhe proporcionou educação que deve habilitá-los a unir a
Pólis.”17 O filósofo viu o Agathon, e a “Pólis sob seu comando será governada com uma mente
desperta (hypar) em vez de ser conduzida, como a maioria das Pólis de hoje, obscuramente como
num sonho (onar).”18
3.O Eros como o amor pelo Bem: O Banquete3.O Eros como o amor pelo Bem: O Banquete
Este divertido diálogo tem como o tema principal uma discussão sobre o Eros. Vários são os
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participantes do banquete, mas o que nos interessa é o discurso do Sócrates. Vamos a ele. Sócrates
define primeiramente Eros como o desejo indefinido daquilo que nos falta. Sócrates faz o outro
participante do diálogo, Agaton, lembrar-se do que havia dito em seu discurso de que Eros é
carente do belo.19 Questionado por Sócrates, Agaton confirma que Eros é carente do belo e que o
belo é o bem. Neste momento do diálogo, Sócrates interrompe a conversa com Agaton para
relembrar-se de um diálogo que teve com a sacerdotisa Diotima. Essa lhe fez perguntas na ocasião
sobre Eros, e Sócrates a responde que Eros era belo e que pendia ao bem. Diotima diz,
contrariamente a Sócrates, que Eros não é belo nem bom. Ora, o não-belo não quer dizer que Eros
é feio, esclarece Diotima.20 Mais adiante, Diotima faz Sócrates reconhecer que Eros deseja o bem e
o belo, que são coisas que lhe faltam. Eros está entre o mortal e o imortal. Ele é um daimon, que é
um intérprete e mensageiro. Ele leva aos deuses os assuntos humanos e aos humanos ele traz
mensagens divinas. Leva preces e sacrifícios e traz respostas aos sacrifícios. Diotima diz que Deus
e o homem não se misturam, mas que é através de Eros que este contato é possível. Mais adiante,
Diotima conta a mitologia de Eros, que é filho de Penúria e Caminho. Ele é carente de beleza, mas
herdou do pai o pendor por coisas belas e boas. Ele ocupa o meio termo entre o saber e a
ignorância. Deus não filosofa ,pois já sabe de tudo. Os ignorantes não filosofam nem desejam ser
sábios. Os ignorantes não filosofam uma vez que não sentem que lhe falta alguma coisa. Sócrates
então questiona Diotima sobre quem filosofa. Ela o responde: quem se encontra no meio entre o
saber e a ignorância.21 Eros é um deles. Eros é a posse perpétua do bem. Segundo Jaeger (1995,pág
740), “ o Eros socrático é o anseio de quem se sabe imperfeito por se formar espiritualmente a sipróprio, com os olhos sempre fitos na Ideia. É, em rigor, o que Platão entende por filosofia: a
aspiração de conseguir modelar dentro do homem o verdadeiro Homem.” Agora surge, por fim, o
papel do educador. Para terminar esse capítulo, uma citação de Voegelin faz-se necessária:
“ Apontamos antes que permanece um mistério o modo como o homem, na dimensão temporal do
ser (thnetos de Platão), pode experimentar o eterno. Há, então, a necessidade de um mediador que
interprete e diga aos deuses o que está acontecendo entre os homens, a aos homens o que está
acontecendo entre os deuses. O papel de mediador é atribuído por Platão a um espírito muito
poderoso, pois todo o reino do espiritual ( pan to daimonion) jaz entre (metaxo) Deus e o homem.
Este espírito (daimon) deve misturar, pela força de sua posição de intermediário, o que não se
mistura, à medida que está em confronto objetivo, e os dois polos ele há de fundir num grande
todo. O simbolismo discretamente aponta para o cerne da matéria: é o homem que não ésimplesmente thnetos, mas experimenta em si mesmo a tensão para o ser divino e, então, está
entre o humano e o divino. Quem quer que tenha esta experiência se eleva acima do mortal e se
torna um homem espiritual, o daimonios aner .”22
A PaideiaA Paideia
4.A educação como um ato de anamnese: o Menon e o Fédon4.A educação como um ato de anamnese: o Menon e o Fédon
Menon pergunta a Sócrates: e de que modo procurarás, Sócrates, aquilo que não sabes exatamente
o que é? Pois procurarás propondo-te que tipo de coisa, entre as coisas que não conheces? Ou
ainda que, no melhor dos casos, a encontres, como saberás que isso é aquilo que não conhecias?
23 Sócrates responde com o argumento de que a alma já renasceu diversas vezes e que quandopassou pelo Hades aprendeu muitas coisas, e que quando a alma renasce é possível que ela se
lembre daquilo que já viu. Procurar e aprender, para Sócrates, são a mesma coisa, ou seja, uma
rememoração.Sócrates, então, propõe demonstrar a sua tese com o auxílio de um escravo de
Menon. Com o auxílio da matemática, que faz parte do programa da Paideia, Sócrates faz o escravo
traçar desenhos geométricos no chão, e como no papel de professor, ele vai aos poucos trazendo à
mente do escravo conceitos que esse último parecia ignorar. Com a sequência do ensinamento,
Sócrates leva o escravo à aporia. O Filósofo lembra a Menon sobre a ironia que este fez a ele
dizendo que ele parecia com um peixe-elétrico que entorpecia quem se aproximava. O fato do
escravo estar entorpecido por experimentar a aporia como faria o peixe-elétrico não quer dizer
que tenhamos causado algum dano a ele.24 Logo após este aparente impasse, o escravo
“rememora” a solução do problema matemático que Sócrates o propôs. Possuir ciência, para
Sócrates, é relembrar-se do que já sabíamos de vidas passadas.
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No Fédon, Sócrates ensina que o saber é uma reminiscência. Ele dá um exemplo: a lira traz à
mente das pessoas a imagem do amor, dessa maneira quando o apaixonado vê um destes
instrumentos, ele se lembra da pessoa amada.25 E isso é uma forma de anamnese. A alma cada vez
que renasce esquece temporariamente o que sabia, e é por isso que a Paideia vai fazer o homem
instruir-se pelo método da recordação.
5.Paideia sofística ou Paideia socrática?5.Paideia sofística ou Paideia socrática?2626: Protágoras: Protágoras
Sócrates é surpreendido um dia com o chamado de seu amigo Hipócrates. Esse o avisa que nacidade encontra-se o famoso sofista Protágoras. Sócrates percebe a excitação de seu amigo com o
fato, mas tenta fazê-lo se acalmar com algumas perguntas. Entre elas é saber no quê o
ensinamento de Protágoras melhora ou transforma a pessoa? Hipócrates o responde dizendo que
Protágoras transforma seus alunos em sofistas. Isso não agrada a Sócrates. Hipócrates acrescenta
que os sofistas ensinam a seus alunos como tornarem-se excelentes oradores, mas Sócrates o faz
ver que tornar-se orador para defender algo indefinido não será de muita utilidade, e o adverte
que a aula de Protágoras pode colocar sua alma em risco27. Os sofistas não são pessoas em que se
possa confiar.
É a vez de Protágoras apresentar-se e expor sua doutrina. Ele vê os sofistas como pessoas que
vestem a roupagem da poesia, da música e do atletismo. Estas atividades faziam parte da Paideia
dos sofistas e isso lhes causava grande orgulho. O objetivo do sofista é tornar a pessoa melhor, diz
Protágoras. Enquanto outros sofistas ensinam aos seus alunos a arte do quadrivium, Protágoras se
preocupa mais com aulas sobre política e assuntos do Estado.
Sócrates por sua vez acha impossível que Protágoras possa ensinar a arte da política a alguém
porque os assuntos de Estado podem ser dominados por pessoas de qualquer profissão, e ele
prossegue dizendo que é muito difícil que o talento político do pai possa ser transmitido ao filho, e
dá como exemplos os filhos de Péricles presentes no diálogo. Protágoras responde à observação de
Sócrates com um mito. No início, quando os deuses criaram a raça humana, dois Titãs, Prometeu e
Epimeteu ficaram responsáveis por distribuírem habilidades aos humanos. Epimeteu ficou com
esta responsabilidade e dotou humanos e animais com algumas características. Porém, o estado do
ser humano foi considerado lamentável por parte de Prometeu. Em um gesto desesperado, ele
roubou o fogo divino aos deuses e o deu aos seres humanos. No entanto a arte política era
desconhecida do homem. Prometeu, então, roubou o fogo de Hefaístos e a arte de Atena e
novamente deu aos humanos. Nasceu, assim, a religião. O homem, mesmo assim, continuou a
viver em grupos espalhados sendo destruídos por animais selvagens. Faltava-lhes a arte da
política. Zeus então enviou Hermes para distribuir justiça a todos sem exceção. Todo o ser humano
compartilha deste quinhão da Justiça, caso contrário não seriam humanos.28
Protágoras insiste no valor da educação e na possibilidade do ensino da virtude dando como
exemplo o fato dos pais preocuparem-se tanto com a educação dos filhos, inclusive pagando a
professores para essa tarefa. Ele questiona o porquê de Sócrates se espantar com tudo isto.
Sócrates, por sua vez, apenas direciona o diálogo para o problema do saber e do conhecimento. Ele
se preocupa com o fato de muitos possuírem o saber mas acabarem sendo arrastados e vencidospelo prazer. A Paideia socrática acredita que um homem com um conhecimento verdadeiro sobre
o mal jamais agirá injustamente. Protágoras concorda com a opinião de Sócrates de que a
sabedoria e o conhecimento são as coisas mais poderosas. Sócrates o faz ver que mesmo que isso
seja algo que a maioria concorda, isso não faz necessariamente com que vivam desta maneira. A
pessoa que recusa o bem é aquela que escolhe o mal maior em detrimento do bem menor.29 Ser
vencido pelo prazer é uma ignorância, e só age dessa forma quem não tem o conhecimento.
Ninguém busca voluntariamente o mal. A Paideia socrática pretende fazer do conhecimento do
verdadeiro e do Bem uma maneira de evitar a ignorância de uma vida vivida pela busca de
prazeres.
6.A Paideia como formação do verdadeiro político: Górgias6.A Paideia como formação do verdadeiro político: Górgias
No Górgias uma batalha é travada entre dois políticos com formações diferentes: Sócrates e
Cálicles. O começo do diálogo é um confronto dialético entre Sócrates e dois sofistas, Górgias e
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Polo. Sócrates consegue vencer os dois com relativa facilidade. Presente na cena está o experiente
político Cálicles, que logo pergunta a Querofonte se Sócrates não está brincando.30 Ele percebe que
o que Sócrates ensina pode virar o mundo de cabeça para baixo. Sócrates o responde dizendo que
ele e Cálicles estão apaixonados por duas coisas diferentes: ele pela filosofia, e Cálicles pelo
povo.31 A fúria de Cálicles deve-se ao fato de Sócrates ter dito anteriormente que cometer injustiça
é pior do que sofrê-la. Para Cálicles, nenhum homem desejaria sofrer injustiça a não ser um
escravo. Como uma espécie de Nietzsche avant la lettre , ele julga que este tipo de convenção foi
feita pelos fracos para dominarem os mais fortes. A lei da natureza é implacável e supõe o domínio
dos mais fortes sobre os mais fracos. O homem forte rompe com os grilhões da lei e da moral.
Cálicles julga que Sócrates está com o espírito amolecido por causa da filosofia, pois essa é tida por
ele como sendo adequada apenas à juventude, e nunca ao homem amadurecido.32
Segundo Jaeger(1995, pág 668),
“este esboço de uma doutrina da sociedade baseada na teoria da luta pela sobrevivência deixa à
educação um papel inferior. Sócrates opunha a filosofia da educação à filosofia da força. Era a
Paideia que era para ele o critério da felicidade humana, contida na kalokagathia do justo”
Cálicles possui uma alma tirânica e faz uma espécie de advertência a Sócrates. Se Sócrates fosse
acusado injustamente por causa de seus ensinamentos filosóficos, mesmo que o acusador fosse um
patife, Sócrates só conseguiria balbuciar palavras desconexas em sua defesa, e se fosse condenado
à morte, teria necessariamente que morrer. Cálicles crê que Sócrates seria um daqueles que
poderia levar uma bofetada impunemente.
Sócrates mantém a calma e faz uma pergunta ao político Cálicles: é a mesma pessoa que ele chama
de melhor e superior? É o múltiplo superior ao Uno? Cálicles responde que sim. Ele acredita que o
superior deve ter a cota maior, mas não de coisas como alimentos, bebidas e sapatos como
Sócrates ironicamente disse, mas sim do poder político. Mas e o problema do governo de si mesmo,
questiona Sócrates. Os melhores teriam mais do que si mesmos. Cálicles explode. Nas palavras de
Voegelin (Ordem e História, 2009,pág 96),”um homem não deve governar a si próprio. Ao
contrário, o bem e a justiça consistem na satisfação dos desejos. Luxo, licenciosidade e liberdade (
tryphe, akolasia, eleutheria), se tiverem meios para se manter, são virtude e felicidade.”
Desta Paideia distorcida pelo político Cálicles, Sócrates irá propor a sua antítese, que é a Paideia
que tem junto a ela a noção de Bem. A satisfação de nossos desejos só é permitida quando algo nos
falta quando estamos com saúde33. Quando estamos doentes nunca podemos satisfazer nossos
desejos das coisas.. A mesma regra, diz Sócrates, aplica-se à alma. Quando ela não possui
inteligência, é indisciplinada, injusta e ímpia, torna-se necessário que refreemos seus instintos
para que ela melhore.34 Porque o mal que está na ação procede do falso que está no
conhecimento, como diz Proclo (1997, pág 926).Cálicles não quer ser disciplinado pela Paideia.O
prazeroso e o Bem não andam juntos, conforme Sócrates explica, e Cálicles vê-se obrigado a
concordar. O verdadeiro político educado pela Paideia respeitará a Deus e aos homens. Essa
educação que o político ensinará ao povo produzirá homens melhores.
7.O Programa da Paideia: A República e As Leis7.O Programa da Paideia: A República e As Leis
Em A República, Platão através de Sócrates vai definir a Paideia de seu Estado ideal. Sabemos que
a poesia era muito valorizada pelos Sofistas, principalmente Homero. É a partir de uma noção de
uma verdadeira teologia que Platão fará sua crítica da poesia de seu tempo. Homero será criticado
por suas descrições “caluniosas” do Hades.35 Palavras como as que os poetas usam para descrever
este local podem ser bonitas, mas não devem ser ouvidas por homens livres. Nomes terríveis que
designam o além-túmulo, além de reproduções de gemidos e lamentos devem ser eliminados.36 Da
mesma forma, o riso de homens e deuses não podem ser reproduzidos. Platão, cujo pensamento
coincide com os dramaturgos Ésquilo e Sófocles, quer que seja ensinada através da poesia a
bondade dos deuses. Ele reprova Homero por atribuir diversos vícios aos deuses. É impossível que
o mal venha deles.37 Uma crítica também será feita à imitação. No Estado ideal de Platão, aqueles
que forem os guardiões devem se ocupar de garantir a liberdade do Estado, portanto não devem
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imitar outra coisa a não ser a coragem, a pureza, a liberdade e etc. Tudo aquilo que é baixo não
pode ser imitado. Isto inclui a imitação de escravos, de gemidos, das dores da maternidade,
profissões como ferreiros, o relinchar dos cavalos, o murmúrio dos rios, etc.38
As profissões devem ser especializadas, evitando que um profissional exerça mais de uma
atividade.39 Platão ensina que a música tem uma importância fundamental na sua Pólis. Todo tipo
de música sem harmonia ou que produza uma cidade efeminada são proibidas. A música deve ser
harmoniosa para que a criança cresça com uma alma sadia e amando o Bem. O mal seria odiado
desde cedo por causa da sua fealdade. 40 A música na Pólis platônica deve reproduzir o som da
música das esferas celestes41. A harmonia do céu criado pelo Demiurgo é a inspiração para a
criação de sons que unam a música à astronomia. Este é o programa pitagórico. Depois da música,
o jovem deve aplicar-se à ginástica, mas a educação musical não deve ser excluída. Alguém que só
escutasse música e não exercitasse o corpo ficaria frouxo; aquele que só praticasse exercícios
físicos mas não desse atenção à alma ficaria embrutecido. Segundo Jaeger(1995, pág 810)
“ a sinfonia da alma é o resultado de uma combinação acertada de dois elementos: a música e a
ginástica. Esta cultura coloca o espírito em tensão e o alimenta de belos pensamentos e
conhecimentos afrouxando as rédeas da parte corajosa por meio de exortações contínuas e
educando-a pela harmonia e o ritmo.”
A educação das mulheres assemelha-se à dos homens. As mulheres devem estudar música,
ginástica e a arte da guerra.42 Platão reconhece que homens e mulheres têm naturezas distintas. A
solução que ele oferece para a divisão do trabalho é que cada profissão será destinada a
determinado sexo de acordo com as aptidões de cada um dos dois; porém, se ambos os sexos forem
competentes naquele ofício, o fato da mulher dar à luz e do homem procriar será indiferente.
Nas Leis, Platão propõe a sua pedagogia para a infância.43 As mães devem desde quando
estiverem com seus filhos recém-nascidos, começarem a balançá-los para que se acalmem e
adormeçam. Esse balanço produziria na alma da criança um frenesi semelhante ao de Baco. Platão
preocupa-se com isto porque ele quer eliminar da alma da criança qualquer noção de medo. Mais
tarde, a criança, tanto meninos quanto meninas receberão um treinamento sobre o manejo de
armas.44
7.1.A Filosofia supera a Poesia como modelo de educação7.1.A Filosofia supera a Poesia como modelo de educação
No livro X da República, Platão faz um ataque ao modelo de Paideia feita pela poesia, modelo esse
que era muito utilizado pela sofística. A principal crítica é feita à arte da mimese dos poetas. Na
mente de Platão, o Artífice é aquele que cria as coisas que estão no céu e na terra; aquele que criou
os deuses e o Hades e o que existe embaixo da terra. Os objetos criados pelo Artífice foram criados
à imagem da Ideia. Ora, o marceneiro em sua profissão também é um Artífice, porque também
cria um objeto. Porém, um pintor jamais pode ser chamado de Artífice, porquanto é apenas um
imitador da obra do Artífice. O mesmo se dá com o poeta para Platão, que também não passa de
um produtor de imitações. Criar é ser paradigmático como o Demiurgo. Imitar é apenas
“energizar”. Não é a mesma coisa criar pela existência, e “energizar” pelo conhecimento, dizProclo (1997,pág 287). Segundo o filósofo de Constantinopla, “a alma produz vida pela existência,
mas produz vida artificialmente pelo conhecimento. Criar é obra do Demiurgo, porque a geração é
a primavera do Ser.”45
Platão pela boca de Sócrates questiona: qual cidade tornou-se melhor pela poesia de Homero? Era
ele um educador de Homens? Não, segundo Platão. Jaeger (1995, pág 982) nos ensina sobre este
ponto:
“o repúdio da poesia não significa tanto o seu afastamento violento da vida do homem, como uma
delimitação nítida da sua influência espiritual para quantos aderirem às conclusões de Platão. A
poesia estraga o espírito dos que a ouvem, se eles não possuírem o remédio do conhecimento da
verdade. Isto quer dizer que se deve fazer descer a poesia para um degrau mais baixo. Continuará
a ser matéria de gozo artístico, mas não lhe será acessível a dignidade suprema: a de se converter
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em educadora do homem. O problema de seu valor aborda-se no ponto que necessariamente tinha
de ser o decisivo para Platão, o da relação entre a poesia e a realidade, entre a poesia e o
verdadeiro Ser.”
A filosofia tornar-se-á a base da educação. O filósofo é aquele que saber tornar os homens
melhores e conhece o tema sobre o qual está falando.
8.Deus como a medida de todas as coisas: As Leis8.Deus como a medida de todas as coisas: As Leis
Fazendo um contraponto a Protágoras para quem “o homem era a medida de todas as coisas”,
Platão faz de Deus o centro de sua Paideia. Jaeger escreve: (1995,pág 876) “ na República, a ideia
do Bem é a norma absoluta que serve de base à noção da filosofia como suprema arte da medida, a
qual aparece muito cedo no pensamento platônico e nele se mantém até o final.”
No final do diálogo As Leis, Platão conclui que a astronomia, que é a ciência abençoada, é um meio
de contemplação da divindade. Segundo suas palavras :
“ supondo que todas essas coisas são como dissemos, qual a finalidade de aprendê-las? Para dar
conta desta questão é preciso nos referirmos ao elemento divino presente no mundo gerado, que
consiste da espécie mais excelente e mais divina de coisas visíveis que a Divindade permitiu aos
seres humanos observar”. Ele prossegue:“precisamos inclusive, deter um conhecimento apuradoda exatidão do tempo, captar como ele cumpre com precisão todos os fenômenos celestes. Se o
fizermos, então todos os que creem na verdade de nosso raciocínio segundo o qual a alma é a uma
vez mais velha e mais divina que o corpo deverão reconhecer que o adágio tudo está repleto de
deuses é cabalmente correto e suficiente e, ademais que nunca somos negligenciados devido ao
esquecimento ou incúria dos seres que nos são superiores”.46
9. A Filosofia Platônica e o ensino da beleza do universo através da educação9. A Filosofia Platônica e o ensino da beleza do universo através da educação
Platão nos ensina que o universo foi criado pelo Bem, que também criou o princípio material. O
Demiurgo é um deus que molda a matéria. No cosmos platônico, o mundo é bom, pois foi moldado
pelo Demiurgo com base no Paradigma Inteligível. Na criação do homem, a beleza também está
presente. Isso foi muito enfatizado por Proclo, que não deixa de nos recordar isto, mas sempremantendo-se fiel à concepção do seu mestre Platão de que o corpo não tem a mesma dignidade da
alma, o que não quer dizer que haja nele algum elemento de maldade como os gnósticos da era
cristã pregavam. O platonismo não é um sistema pessimista como o gnosticismo. É curioso como a
filosofia de Platão foi acusada por alguns filósofos cristãos de criar uma noção errônea da matéria.
O que vimos foi que a união da alma e do corpo é algo desejada na ordem de sua filosofia,
semelhante ao hilemorfismo aristotélico. A coleção de citações sobre como o bem está presente na
matéria citadas por Reale acima demonstram como Platão a tinha em grande estima. “A realidade
da matéria é invisível ao mesmo tempo em que a vemos em suas várias manifestações”, diz o
filósofo grego. Platão é muito científico, porque mesmo a ciência moderna ainda busca a essência
da matéria. A concepção da matéria em Platão é muito importante de se ter em mente contra
aqueles que quiserem fazer da filosofia de Platão uma antecipação do gnosticismo da era cristã.
Depois de haver descrito essa ordem de maneira tão bela, Platão enfatiza que o noumenon deveser a base do conhecimento para o homem. Platão queria uma ciência não do mundo físico, mas
sim do mundo eterno das Ideias. O que primeiro deve ser feito é a libertação do mundo das
aparências do mundo físico. O homem sem a contemplação da Ideia é semelhante a um prisioneiro
da caverna que só enxerga as sombras. Quem fará a descoberta do mundo das Ideias e as
comunicará aos homens que ainda estão presos às aparências é o filósofo. No mito de Eric
Voegelin, o filósofo é como o daimonios aner , ou seja, o homem espiritual. É esta a função do
filósofo em A República, pois ele é quem faz a intermediação do mundo divino com o mundo dos
homens. Este homem espiritual, entretanto, segundo Voegelin, não poderá ser apolítico e viver
preso à contemplação da Ideia, pois a cidade precisa dele.
A polis platônica necessita de cidadãos educados, principalmente para o surgimento de
governantes com a alma ordenada. Platão, portanto, criou um método de educação que visa aensinar aos homens o Bem contemplado antes dessa vida, pois seu pensamento exige uma
preexistência da alma. Caindo no mundo físico, a alma esquece do que já havia aprendido. Com a
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Paideia, a alma pode recordar-se do que já sabia através do método da anmenese. Este método é
ensinado no diálogo Menon. O método de relembrar-se leva o estudante à aporia, que é um
impasse. Cabe ao professor ensinar ao aluno como sair desta situação, e através da resposta, este
último encontrará uma solução de que nada mais é do que uma recordação de algo que ele já sabe
desde uma vida passada no mito platônico.
A filosofia e a Paideia de Platão são majestosas, pois conseguem unir o espiritual ao mundo físico
sem cair nos problemas que Aristóteles enfrentou, pois este tinha muita dificuldade de imaginar
uma sobrevivência da alma sem o corpo. Platão quer que os homens através da educação tenhamuma alma sadia da mesma forma que o corpo, pois ambos nos recordam da bondade de Deus. O
universo é bom, a alma unida ao corpo é algo desejável e a harmonia da ordem divina está
presente em tudo o que vemos.
ConclusãoConclusão
A criação do universo como cópia da Ideia foi algo bom e belo. Platão apresentou-nos uma teologia
em que os deuses são bons.No Timeu, Deus é considerado bom (agathos )47, livre de inveja ( Peri
oudenos oudepote phthonos )48, melhor das causas(o d`aristos tôn aitiôn)49 e produz o mais
belo( to kalliston)50. O homem foi definido como o mais belo dos Inteligíveis.51 Sua Paideia cria um
homem que desde criança aprende a experimentar o Bem. O trabalho concluiu que o papel do
filósofo como educador é o de transmitir a beleza da Ideia e do Cosmos àqueles que ainda são
prisioneiros do mundo dos sentidos. A Paideia começa pela contemplação através do sentido da
visão da Ideia eterna. O papel do educador é o de ensinar aos alunos os objetos do intelecto
(nooumena) e começar o ensino através do processo da anamnese. O trabalho atingiu o seu
objetivo de explicar esta ligação entre o Bem e a Paideia. O filósofo, tal como lemos no diálogo O
Banquete, é aquele que está sempre apaixonado e com os olhos sempre mirando na Ideia. Ele
deseja que os membros da Pólis tenham em mente o Bem do mundo eterno. A Paideia atinge seu
objetivo quando faz do homem, que é imperfeito, um ser que deseja aprimorar-se espiritualmente.
Este trabalho representou uma grande realização intelectual para mim. A filosofia de Platão é a
mais perfeita que existe e ele é a grande inspiração para que eu possa exercer o papel de filósofo.
______________________
! Timeu, 28b
" Ibid
# Reale, pág 445
4 Ibid
5 Timeu, 29e
6 Timeu, 38d
7 Reale, pág 474
8Timeu, 47e
9 Reale, pág 4
10Timeu, 54a
11 Timeu, 68d
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12 República, 506a-e
13República,507a-e
14República,508a-e
15 Timeu, 47b
16 República, 514a-516a-e
17 Ordem e História, pág 176
18 Ibid
19Banquete, 201b
20 Banquete,201e
21Banquete, 204b
22 Anamnese, pág 406
23Menon, 80d
24Menon, 84b
25Fédon, pág 41
26 Jaeger, pág 620
27 Protágoras,313ª
28Protágoras,321b-322d
29Protágoras, 355e
30Górgias, 481b
31 Górgias, 481d
32Górgias, 484d
33Górgias, 505a
34Górgias, 505b
35República, 387a-e
36Ibid
37 República, 391a-e
38República, 395-396a-e
39República, 397a-e
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Resumo da Filosofia de Kant: O Problema Crítico e a Classificação dos Juízos »
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05441@;2
RogerRoger says:says:
27/10/2013 às 15:43
Mto bom.
ResponderResponder
Assa tomas cossaAssa tomas cossa says:says:
28/10/2013 às 15:15
artigo bastante interesante
ResponderResponder
gagriellagagriella says:says:
10/11/2013 às 17:28
Platão foi o maior filósofo de todos os tempos. Sua filosofia é a mais completa, metafísica e humana
que a de Aristóteles. Seus escritos em forma de diálogo são de uma beleza incomparável em relação a
qualquer outro filósofo que já tenha existido. Vou analisar a filosofia platônica em seus principais
aspectos, como o mundo das Ideias, a psicologia, a existência de Deus, o domínio da opinião, a moral ea política.
ResponderResponder
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ju ci le ne ol iv ei ra ju ci le ne ol iv ei ra sa ys :says:
23/01/2014 às 9:51
como Platão definia a filosofia?
ResponderResponder
Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
23/01/2014 às 10:33
Para Platão, a filosofia é a ciência das Ideias. O verdadeiro filósofo é aquele que se preocupa com o
noumena antes do phenomenon. A ciência platônica valoriza o Nous, ou seja, os objetos da
consciência. Fazer filosofia pelo método platônico, é utilizar-se do método da anamnese, isto é,
recordar-se daquilo que você já sabe por ter vivido antes no mundo da Ideias.
ResponderResponder
Maria Isabel TochettoMaria Isabel Tochetto says:says:
09/04/2014 às 20:00
É um artigo muito completo, muito bom mesmo! Mas eu não consegui entender o q realmente era
Deus pra Platão, ou seja, quem era o Demiurgo e oq ele faz?
ResponderResponder
Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
09/04/2014 às 22:15
Olá! Platão foi o filósofo que mais aproximou-se da ideia de um Deus único. Esse Deus “único”
seria aquele a quem Platão denomina de ” O Bem “. O Bem é quem cria a matéria no universo
platônico. Mas é preciso dizer que o Bem ( Deus) não exclui outras divindades. A principal delas é
o Demiurgo, que não cria a matéria, mas sim é o Artífice que tem a tarefa de modelá-la. Os outros
deuses gregos também são admitidos por Platão.
ResponderResponder
Manoel de Jesus Monteiro da SilvaManoel de Jesus Monteiro da Silva says:says:
10/07/2014 às 12:02
Precisamos trazer para nossos dias a riqueza que carrega em si o conhecimento de Platão, usando em
sala de aula nos anos/séries iniciais, numa expectativa de reconhecimento do que cada um pode
representar na sociedade enquanto vivente.
ResponderResponder
vasco Antonio Manjatevasco Antonio Manjate says:says:
25/08/2014 às 7:19
bem,realmente concordo com platao.pois tudo parte de um conceito.na minha Visao Segundo platao o
mundo das ideias.logo nao existiria ciencia sem nenhum conceito.
ResponderResponder
ana beatriz silvaana beatriz silva says:says:
03/09/2014 às 21:42
platão foi um dos filósofos que mais me impressionou ! ele sim sabia viver a vida e aproveitar suasidéias para coisas boas e não para bobagens tipo hoje !
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ResponderResponder
lucaslucas says:says:
18/11/2014 às 21:33
se tudo o que vemos( aparência) e falso onde estará a verdadeira beleza?
ResponderResponder
Fernando Tchivinga CaheteFernando Tchivinga Cahete says:says:
01/12/2014 às 20:32
ê um maravilhoso texto saiu hj na prova de filosofia adorei o texto
ResponderResponder
Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
03/12/2014 às 22:15
Obrigado! Legal essa informação!
ResponderResponder
Maria aparecida do NascimentoMaria aparecida do Nascimento says:says:
09/12/2014 às 16:24
Texto maravilhoso!Obrigada por colocá-lo no google! Sou psicóloga e amo o conhecimento.
Maria aparecida do Nascimento-psiaparecida@gmail.com
ResponderResponder
Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
11/12/2014 às 17:02
Muito obrigado!
ResponderResponder
tamirestamires says:says:
01/03/2015 às 14:29
boa tarde Felipe, estou fazendo um trabalho para a faculdade, sobre os metodos educacionais
dos filósofos Platão e Aristóteles, mas com o material que tenho não estou conseguindo
entender muito.
li seu artigo e consegui compreender um pouco mais sobre Platão, teria algum site ou outro
artigo para me indicar para ler e assim finalizar meu trabalho?
meu e-mail tamyand@live.com
obrigada.
Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
06/03/2015 às 8:57
Oi Tamires! Olha, eu geralmente só consulto livros que tenho aqui em casa ou pego na
biblioteca. Sites eu só consulto em inglês como a enciclopédia de Stanford. Você pode tentar em
português o Scielo que tem vários artigos acadêmicos. Boa sorte!
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chenaokevarachenaokevara says:says:
19/12/2014 às 15:41
Perfeito! Mui instrutivo e nada massante!
ResponderResponder
Ja im e Feli sb er to Ja im e Ja im e Feli sb er to Ja im e says:says:
04/03/2015 às 10:10
muito bem, excelente!!!!!!!!!!!!!!
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lulululu says:says:
11/03/2015 às 16:30
oi, voce me dizer as teorias do Platão, Aristoteles, Pitagoras, Newton, a teoria da relatividade, fisica
quantica Sub e Supralunar e é apenas isso se puder responder hoje mesmo e bem resumidinho
agradeço,
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
11/03/2015 às 21:09
Não entendi seu comentário. Está confuso.
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KaylaneKaylane says:says:
25/03/2015 às 11:09
Por que Platão dizia que as coisas que se vê são cópias de ideias?
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
27/03/2015 às 18:17
Porque a filosofia de Platão vê o nosso mundo como imperfeito, sendo apenas uma imagem que
não corresponde à perfeição da Criação por parte de Deus, pois a matéria distorce tudo. Sua
filosofia é contrária ao realismo de Aristóteles, que basicamente acredita que as coisas são como
são, e tende a se contentar com esse mundo.
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mathuskaamathuskaa says:says:
31/03/2015 às 21:22
manuw q bang foda tenho um trabalho de filosofia deve conter a questao corpo e alma que envolvem
a dualidade platônica e que explique suas convicções morais
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An aAna says:says:
01/04/2015 às 10:21
Quais os elementos da filosofia de Parmênides e Heráclito que estão presentes na filosofia de Platão ?
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7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
http://slidepdf.com/reader/full/resumo-da-filosofia-de-platao-teoria-das-ideias-mundo-sensivel-e-psicologia 30/31
04/08/15 01:21Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
08/04/2015 às 16:27
Platão reconciliou os dois filósofos, pois ele concorda com Heráclito que o nosso mundo físico
sempre muda, mas afirma que existe algo que é fixo e imutável, da mesma forma que Parmênides,
e esse é o mundo das Formas Eternas.
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SoniaSonia says:says:
04/04/2015 às 17:10
O que é Teoria Platônica ?
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
08/04/2015 às 16:31
Envolve muitas coisas como a teoria de que o conhecimento é uma forma de recordação. Platão
era um Criacionista e tinha um pensamento em nível teológico avançado. Seus ensinamentosenvolviam aspectos éticos e políticos. Para ele, o filósofo deve contemplar o mundo das ideias e
depois comunicar o que viu aos outros seres humanos, seja através da política ou da educação.
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BrendaBrenda says:says:
16/04/2015 às 13:06
Oi, preciso fazer um trabalho escolar, mas não estou encontrando “Método Sistemático “. Poderiam
me ajudar? Obrigado.
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
16/04/2015 às 15:54
http://www.coladaweb.com/direito/hermeneutica-e-interpretacao-constitucional-metodos-e-
principios
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LuisaLuisa says:says:
03/05/2015 às 22:45
olá,tenho uma duvida,porque Aristóteles foi chamado de sistemizador?
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
04/05/2015 às 9:14
Olá! Ele foi considerado o sistematizador porque reuniu todo o saber acumulado pelos filósofos
desde Tales e fez críticas sobre cada um deles. Ele foi o primeiro historiador da Filosofia e
acreditava que os filósofos anteriores falharam ao explicar a causa das coisas
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7/23/2019 Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
http://slidepdf.com/reader/full/resumo-da-filosofia-de-platao-teoria-das-ideias-mundo-sensivel-e-psicologia 31/31
04/08/15 01:21Resumo da Filosofia de Platão: Teoria das Ideias, Mundo Sensível e Psicologia – Filosofia, História e Política
Gabriel AlvesGabriel Alves says:says:
12/05/2015 às 19:01
Cara pode me ajudar? Como se processam os fenomenos mentais? E oque é o conehcimento e coo ter
a certeza que o conhecimento é verdadeiro?
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AmgaunaAmgauna says:says:
25/05/2015 às 10:59
Achei o texto muito claro, bem detalhado e objetivo. Gostei muito de lêr. Bom dia.
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Maria Eduarda BicegoMaria Eduarda Bicego says:says:
26/05/2015 às 22:00
Quais pontos positivos e negativos de Platão?
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Felipe PimentaFelipe Pimenta says:says:
01/06/2015 às 13:31
Considero a filosofia platônica a melhor para defender a integridade do ser humano por suas
ideias igualitárias sobre o o homem e a mulher, por valorizar a criança e não defender de maneira
explícita a escravidão. Ele é a principal inspiração para que possui uma mente Metafísica e que
busca conciliar ciência e religião. Platão conseguiu unir Heráclito e Parmênides em sua Filosofia.
O nosso mundo não permite um conhecimento estável como esses dois filósofos enfatizaram,
porém, através da ciência das Ideias podemos conseguir um conhecimento daquilo que não muda.
Entretanto, Platão também cometeu erros ao não valorizar a poesia de maneira adequada como
Aristóteles fez.
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