reformas da educacao profissional - anos 1920 a 1980

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Reformas da educação profissional: a “modernização do arcaico”

Valéria Bolognini vallmachado@yahoo.com.br

Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida da Silva

Mestrado em Educação Tecnológica

Área educacional campo de embates das forças sociais em disputa por um projeto hegemônico de sociedade

Quais os projetos de sociedade estavam em disputa no Brasil, durante o período de transição política dos anos 1980 e 1990, e as implicações destes para a política educacional brasileira?

Objetivo: _identificar a materialidade dos interesses de classes em disputa nas reformas da Educação Profissional._refletir acerca das dinâmicas das correlações de força entre as classes sociais com poder de propor um projeto de sociedade e de desenvolvimento, de acordo com seus interesses._compreender como concepções contraditórias influenciaram as políticas de Governo e o projeto de desenvolvimento societário adotado nos anos 90.

Distinção entre as concepções e propostas para a educação básica e profissional vinculadas aos interesses de classe (Souza, 2001).

_“ótica do capital” utilização da força de trabalho para a produção da mais-valia, através do aumento da produtividade e da competitividade industrial.

_“ótica do trabalho” utilização da força de trabalho para a produção do valor de uso, através da melhoria das condições de vida.

nível médio de ensino - este segmento sempre se caracterizou pela DUALIDADE entre o ensino propedêutico e o ensino profissionalizante.

distintas concepções que as classes sociais e as frações de classe têm da relação entre sociedade e educação.

A Educação Profissional no início do século.

_as propostas da Organização Racional do Trabalho – Escola Profissional Mecânica do Liceu paulista (década de 20), iniciativa da sociedade civil - parceria das empresas ferroviárias.

_década de 30 - novas parcerias e um outro público, os operários, entram em cena.

_o Estado Novo (1937) - reforma do Ministério da Educação e Saúde (Lei 378) - a Educação Profissional passou a ocupar o mesmo nível que outros ramos e modalidades de ensino.

_a Constituição Federal de 1937 definiu, no artigo 129, o papel do Estado, das empresas e dos sindicatos na formação profissional (CUNHA, 2000).

_1939 - Decreto Lei nº 1.238 – define que empresas com mais de 500 operários deveriam oferecer refeitórios e "cursos de aperfeiçoamento profissional" para seus trabalhadores.

Década de 40: a EP sob a “ótica do capital”.

Decreto 6.029/1940 - o Ministério do Trabalho regulamenta tais cursos, a partir das concepções de formação profissional endossadas pela FIESP, na contramão das reformas educacionais sugeridas por Gustavo Capanema. (SCHWARTZMAN, 2000)

_a força ideológica dos sindicatos patronais da indústria à época – CNI e FIESP principalmente – possibilitou a estes impor sua

concepção de educação para outros segmentos sociais.

Essa concepção se manteve na ideologia desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), que defendeu uma Educação Profissional articulada às transformações e necessidades da produção industrial (SCHWARTZMAN, 2000).

A institucionalização de dois tipos de EP.

Em 1942, o Decreto n 6.029/40 deu lugar a dois outros decretos:

_um que criou o Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial – SENAI – conforme as concepções da CNI, da FIESP e do Ministério do Trabalho;

_e outro que definia a Lei Orgânica do Ensino Industrial, de acordo com as idéias e do Ministério da Educação.

Essa reorganização do sistema de ensino profissional, criou dois tipos de ensino profissional: um mantido pelo sistema oficial e outro, em paralelo, mantido pelas empresas.

A década de 60.

Em 1961 (Lei 4.024) – primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – proposta de formação educacional de cunho profissionalizante; equivalência entre a educação propedêutica e o ensino profissionalizante. Contraditoriamente, consolidou leis anteriores que valorizavam o ramo propedêutico frente ao ensino técnico industrial. (SOUSA, 2005).

Em 1966, o MEC firmou um acordo de cooperação com a Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (AID) com objetivo de reformular o sistema educacional brasileiro, adaptando-o às necessidades capitalistas e “aproximando-o do modelo norte-americano” (SOUSA, 2005).

A década de 70.

Em 1971, o Decreto Lei 5.692, institui a profissionalização compulsória e o Parecer 853/71 do Conselho Federal de Educação, define as doutrinas de currículo, que levou à educação a um empobrecimento em termos de formação geral em nome de uma pretensa profissionalização que não existiu.

A Lei 7.044, de 1982, revogou os dispositivos de profissionalização compulsória instituídos em 1971.

_as propostas desse período espelhavam o caráter anti-democrático do governo militar.

Principais políticas diziam respeito à expansão das universidades e ao combate do analfabetismo (MOBRAL).

Segunda metade da década de 70:

_marcada pelo

• agravamento da crise econômica e

• um mau desempenho na área social

Surgimento de inúmeros movimentos sociais auto-organizados, por melhores condições de vida, que pautaram suas lutas em favor da democracia.

As décadas de 60 e 70 na economia mundial correspondem ao período de esgotamento do modo de produção taylorista-fordista, que se mostrou incapaz de continuar promovendo a acumulação e valorização do capital, com base na produtividade (SILVA, 1994).

Anos 80: a transição de um modelo político ditatorial para um modelo de redemocratização.

_a derrota do governo militar nas eleições de 1974, 1978 e 1982 para a oposição;

_a reorganizaram os sindicatos;

_as grandes greves de 1978 mostraram ás classes capitalistas o poder organizativo da classe trabalhadora.

_a ala progressista da Igreja e organismos representativos dos setores médios da sociedade (principalmente a Ordem dos Advogados do Brasil e Associação Brasileira de Imprensa) também tiveram papel fundamental para o fim do regime militar.

A questão democrática assume centralidade nos debates e nas lutas populares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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