redação forense - aula i

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Profª. Bruna Vieira

Redação Forense I

1. Princípio da Verdade

• dever ético e profissional;

• respeito aos direitos humanos;

• ato de cidadania;

• indispensável para a vida em sociedade;

• Evitar: mentira, o subterfúgio, o propósito de enganar.

Afirmações genéricas tiram a credibilidade do texto.

Exemplos: “O Brasil é um país atrasado, que nunca alcançará as grandes nações”.

“Todo político é corrupto” O texto deve vir pautado em dados concretos e comprovados por meio de fontes seguras.

“ Em textos jurídicos é imposição legal que os fatos venham expostos em juízo conforme a verdade”;

art. 14 do Código de Processo Civil: “não podem ser formuladas pretensões, nem alegada defesa, destituídas de fundamento;

art. 17, II do Código de Processo Civil: “a lei pune o litigante de má-fé, ou seja, aquele que alterar a verdade dos fatos.

Evitar: desvio de argumentação, sofismas ou imprecisões, pois esvaziam o bom texto.

2. Princípio da Clareza

Pressupõe :

• exercício constante;

• forma simples;

• frases curtas e objetivas;

• parágrafos curtos.

Trecho extraído de uma sentença:

“Relativamente aos depoimentos das testemunhas arroladas pelo requerido, são cheias de evasivas, exceção feita à antiga companheira, a qual afirma a existência de um imóvel que foi vendido e o valor rateado entre ambos, o mesmo ocorrendo com um veículo entre ambos adquirido, anotando mais que haviam adotado um filho durante a vida em comum, sendo que o requerido não pagava pensão para a criança porque o pai, ao falecimento, deixou o mesmo como seu beneficiário, sendo que o réu vem pagando um plano de saúde”.

Informações que constam do texto:

- depoimentos das testemunhas - testemunhas arroladas pelo requerido- antiga companheira- venda de imóvel - rateio de valores- veículo - adoção- pensão- morte - plano de saúde”.

Exercício: reescrever esse texto, tornando-o legível e compreensível.

Outro exemplo de falta de clareza extraído do texto de um acadêmico:

“Direito, ao meu ver, é o fenômeno social e só existe, pois a sociedade necessita do mesmo. Sem sociedade não se teria direito, pois o mesmo não vive sem a mesma”.

Exercício: aclarar o texto acima.

3. CoerênciaA palavra “coerência” (do latim “co-haerentia”, ligação, harmonia) indica a conexão ou nexo entre os fatos, ou as idéias;

Silogismo- premissa maior- premissa menos-Conclusão

O importante é não se contradizer: uma vez adotada uma tese, ou escolhido um ponto de vista, cumpre desenvolver o raciocínio pertinente até o fim, usando argumentos bem encadeados.

Incorreta uma sentença, na qual o juiz considerou que os fatos ficaram provados, o réu era culpado, mas absolveu-o ... por falta de provas. Pura distração, desatenção, descuido – o que seja, mas a lógica não pode ser sacrificada: é preciso observar sempre o antecedente para afirmar o conseqüente.

Dicas para o texto obter coerência:- partir do silogismo- reflexão- pensar antes de escrever- redigir um rascunho, quando possível- redigir notas que ajudarão a memória (documentos, folhas dos autos, artigos da lei, precedentes da jurisprudência etc.).

Observação: o Código de Processo Civil considera inepta a petição inicial, entre outras hipóteses, quando “da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão”, ou quando “contiver pedidos incompatíveis entre si” (incisos II e IV do parágrafo único, do art. 295).

- É um a própria lei que obriga àquele que escreve a ser coerente.

“Daí a responsabilidade do advogado ao redigir a inicial, sem dúvida a peça mais importante do processo. E a própria escolha do tipo de ação a ser ajuizada é tarefa das mais árduas, que exige o máximo de cuidados técnicos, bom senso e diligência.

O mesmo ocorre com o juiz, que deverá observar os requisitos essenciais da sentença (art. 458 do CPC), o que às vezes envolve questões muito complexas, nas quais a lógica e a clareza da expressão disputam, ao lado da verdade, a primazia da boa redação”.

Dicas: - a apresentação gráfica do texto é fundamental para a clareza. Com o uso do computador, é fácil escolher o tipo e o tamanho das letras, que facilitem a leitura. Deve ser adotado um padrão de composição (letras, margens, espaços); nada de letras muito miúdas, ou garrafais, nem de caracteres extravagantes.

-numa prova escrita essa apresentação gráfica deve se dar por meio da estética da prova: alinhamento, utilização correta do espaço.

4. Concisão

A palavra CONCISÃO, do latim concisione, indica o ato de cortar, de partir em pedaços; conciso significa cortado, curto, limitado.

“A concisão é a luxúria do pensamento”. No texto de Fernando Pessoa, quer significar que a concisão é a riqueza (a beleza) do pensamento (luxúria = exuberância, superabundância, viço das flores).

Dicas para escrever de forma concisa:- seja objetivo e direto;- não repita idéias ou palavras;- não alongue o texto desnecessariamente;- vá direto ao assunto;- tome cuidado para não fugir do tema abordado;-analise a situação prática de forma reflexiva antes de escrever a tese.

O jurista Moniz de Aragão apontou o defeito da falta de objetividade: "A leitura de peças forenses é desanimadora. Escritas em linguagem que beira o ridículo pelo palavreado,

falta-lhes a limpidez necessária a esclarecer as questões submetidas a julgamento" ("O Processo Civil no limiar de um novo século", in "Cidadania e Justiça", Revista da AMB, n. 8, 2000, p. 58).

O Código de Processo Civil é severo no policiamento da linguagem, reiterando preceitos tendentes a evitar os abusos :

-art. 282 (requisitos da petição inicial)

-art.302 ("na contestação, cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial") e assim por diante.

Não seria necessário que a lei fizesse tais observações, se todos - advogados, promotores, juízes - cuidassem de escrever de forma concisa, apenas o necessário. A citação de autores, obras jurídicas, textos legais deve limitar-se ao essencial; inútil transcrever matéria estranha, precedentes de jurisprudência repetidos, que nem sempre se aplicam com pertinência ao caso.

Observação:Nos trabalhos acadêmicos, sobretudo monografias, teses e dissertações de pós graduação, permite-se (às vezes é até necessário) desenvolver um pouco mais o texto, digamos “incrementá-lo” com citações mais longas,

em língua estrangeira quando pertinentes, antecedentes históricos e outras colocações, que o bom estudante, o mestrando ou o doutorando saberão selecionar.

O que se recomenda, apenas, é que esse alargamento não venha a tornar o texto excessivamente “derramado”, como se o autor tivesse começado a escrever e não encontrasse a saída para concluir; ou sob outra perspectiva, como se o redator pretendesse mostrar uma sabedoria esnobe, sem se desculpar perante os demais mortais pela sua imensa superioridade intelectual.

Enfim, aqui fica uma sábia lição do jesuíta espanhol Baltasar Gracián, da obra "A arte da prudência", escrita em 1647: "A brevidade é agradável e lisonjeira, além de dar mais resultado. Ganha em cortesia o que perde pela concisão. As coisas boas, se breves, são duplamente boas. Todos sabem que o homem prolixo raramente é inteligente. Diga brevemente e terá bem dito“

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