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PUBLICADO EM RESUMO NO DOE DE ____/____/________PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 12473-13Exercício Financeiro de 2012Prefeitura Municipal de UNA Gestor: Dejair BirschnerRelator Cons. Paolo Marconi

PARECER PRÉVIO Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de UNA, relativas ao exercício financeiro de 2012.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

A Prestação de Contas da Prefeitura Municipal de Una, correspondente ao exercício financeiro de 2012, de responsabilidade do Sr. Dejair Birschner, foi postada nos Correios em 13 de agosto de 2013, mediante Sedex nº SA318687225BR, tendo sido autuada neste Tribunal de Contas sob nº 12473-13, fora do prazo legal, estabelecido no art. 8º da Resolução TCM nº 1060/05.

Consta à fl. 06 dos autos, o Ofício s/nº relativo ao encaminhamento da Prestação de Contas do Poder Executivo ao Legislativo, sem indicativo de recebimento por este, não obedecendo, assim, ao estabelecido pelo art. 63 da Constituição do Estado da Bahia.

Não consta dos autos comprovação de disponibilidade pública das contas do Poder Executivo, para exame e apreciação, juntamente com as contas do Poder Legislativo, pelo período de 60 dias, não cumprindo o estabelecido no art. 31 §3º da Constituição Federal (CF); nos arts. 63 e 95 parágrafo segundo da Constituição Estadual e no art. 54 da Lei Complementar nº 06/91.

Na resposta à notificação anual o Gestor alegou que o atraso no encaminhamento destas contas tanto para o Legislativo Municipal quanto para este Tribunal, e consequentemente a colocação em disponibilidade pública, foi em decorrência de “resistência da atual administração em nos conceder as informações pertinentes ao mês

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de dezembro/12”, o que prejudicou de forma decisiva a elaboração da presente prestação de contas.

O não encaminhamento pelo Prefeito da prestação de contas sob sua responsabilidade à Câmara Municipal para que fosse colocada a disposição do contribuinte, infringe os preceitos legais e constitucionais que tratam da disponibilidade pública, art. 95, parágrafo 2º, da Constituição Estadual e art. 54, parágrafo único, da Lei Complementar nº 06/91, além de prejudicar o envio das contas, por parte do Presidente do Legislativo, a este Tribunal no prazo previsto no art. 8º da Resolução TCM nº 1060/05.

A conduta do Prefeito Municipal que deixa de remeter a documentação à Câmara além de violar o artigo 2º da Carta Magna, na medida em que causa desarmonia entre os Poderes, constitui-se em ilegalidade de natureza grave, configurando falta de transparência da Administração, que priva o cidadão de exercitar o seu direito à fiscalização dos atos de gestão, de modo que o não cumprimento dessas normas repercute negativamente sobre o mérito das contas da Prefeitura, além de autorizar aplicação das sanções legais previstas em quem deu causa ou concorreu para a prática desse ato.

O processo foi instruído com a Cientificação/Relatório Anual de fls. 518 a 942, expedido com base nas análises mensais, elaboradas pela Inspetoria Regional e submetida à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiram o Pronunciamento Técnico de fls. 944 a 969.

Os autos foram distribuídos por sorteio para esta Relatoria em 17/12/2013, quando já tinha findado o prazo estabelecido na Lei Complementar nº 06/91 para apreciação das contas prestadas pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo, motivo pelo qual vem os autos a julgamento nesta oportunidade, após a notificação do Gestor, para que se pronunciasse sobre os registros constantes dos pareceres e relatórios exarados pelas unidades técnicas deste Tribunal, conforme Edital nº 271/2013, publicado no Diário Oficial do Estado, de 18 de dezembro de 2013, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 00374/14, em pasta tipo “AZ” em anexo aos autos.

Dos Exercícios Anteriores

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As prestações de contas dos exercícios financeiros de 2009, 2010 e 2011, todas de responsabilidade deste Gestor, foram aprovadas com ressalvas em 2009, com aplicação de multa de R$ 6.000,00 e ressarcimento de R$ 8.450,00 e rejeitadas em 2010 e 2011 com aplicação de multas de R$ 3.000,00 e R$ 15.000,00, respectivamente, além de imputação de ressarcimento de R$ 96.220,22 em 2011.

Quanto aos exercícios de 2010 e 2011, foram imputadas ainda, as multas de R$ 42.120,00 e R$ 46.800,00, respectivamente, correspondente a 30% dos vencimentos anuais do Gestor, em razão do descumprimento do limite de pessoal imposto pelo art. 20, inciso III, alínea b, da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O alicerce e ponto de partida para qualquer Gestão é o processo de planejamento. A ação planejada na Administração Pública tem como premissa a execução de planos previamente traçados, orientados pelos anseios e necessidades da população, reduzindo assim os riscos e otimizando os recursos do Município.

A Constituição de 1988, em seu art. 165, caput, reforça as atribuições do planejamento e de execução dos gastos públicos, preconizando através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a elaboração do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, os quais passarão a ser objeto de efetivo acompanhamento da gestão, servindo de subsídios para tomadas de decisões e de avaliações periódicas.

Plano Plurianual - PPA

O PPA, contemplado na Carta Magna, no art. 165, inciso I, é o planejamento estratégico das ações governamentais. Com duração de quatro anos, nele serão estabelecidas de forma regionalizada, levando-se em consideração as particularidades e os potenciais de cada Município, a proposição de programas e ações, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para os programas de duração continuada.

Embora não consta dos autos o Plano Plurianual – PPA para o quadriênio 2010/2013, verifica-se que a Lei nº 796/09 (PPA) foi 3

apresentada na Prestação de Contas do exercício anterior e o Pronunciamento Técnico, tendo sido à época registrado o cumprimento ao disposto no art. 165, parágrafo 1° da Constituição Federal e no art. 159, parágrafo 1° da Constituição Estadual, bem como observância ao disposto no art. 48 da LC nº 101/00.Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO

O capítulo da Lei de Responsabilidade Fiscal dedicado ao planejamento dá destaque para o instrumento denominado Diretrizes Orçamentárias, cujas finalidades, inicialmente determinadas no art. 165, § 2º, da Constituição da República, foram ampliadas, conforme se depreende do art. 4º daquela Lei.

A Lei nº 841, de 30 de junho de 2011, aprovou as Diretrizes Orçamentárias –LDO do Município para o exercício de 2012. Não consta nos autos a comprovação da sua publicação, em descumprimento ao art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Da análise da Lei de Diretrizes Orçamentária, verifica-se que ela é omissa com relação às normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamento e não estabeleceu as condições e exigências para as transferências de recursos a entidades públicas e privadas, em desacordo ao previsto no art. 4, I, alíneas “e” e “f”, da LRF.

Embora de responsabilidade da Administração anterior, alerta-se à atual Gestora para que observe tais dispositivos na elaboração da próxima Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Lei Orçamentária Anual – LOA

A Lei Orçamentária Anual estabelece limites de despesas, em função da receita estimada para o exercício financeiro a que se referir, obedecendo os princípios da unidade, universalidade e anuidade.

A Lei nº 848, de 05 de dezembro de 2011, aprovou o orçamento do Município, fixando-o em R$ 44.000.000,00, sendo R$ 33.015.563,58 relativo ao Orçamento Fiscal e R$ 10.984.436,42 para Seguridade Social, sem constar a respectiva comprovação de sua publicação.

A LOA autorizou a abertura de créditos suplementares nos limites e com recursos abaixo indicados: 4

a) decorrentes de Superávit Financeiro até o limite de 60% (sessenta por cento), do mesmo, de acordo com o estabelecido no art. 43, § 1º, inciso I e § 2º da Lei 4.320/64;

b) decorrentes do excesso de arrecadação até o limite de 60% (sessenta por cento), do mesmo conforme estabelecido no art. 43, § 1º, inciso II, § 3º e 4º da Lei 4320/64;

c) decorrentes da anulação parcial ou total de dotações, conforme o estabelecido no art. 43, § 1º, inciso III da Lei Federal 4.320/64, no limite de 60% (sessenta por cento) das despesas autorizadas;

Da análise da Lei Orçamentária Anual, constata-se ausência do demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, em descumprimento ao que determina o art. 165 § 6º da CRFB/88.

Não foi apresentada a comprovação de disponibilização ao Poder Legislativo e ao Ministério Público dos estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida e as respectivas memórias de cálculo, em descumprimento ao que determina o art. 12, § 3° da LRF.

Deve a atual Administração na elaboração das próximas peças orçamentárias contemplar todas as determinações contidas na Carta Magna e na Lei Federal nº 101/00.

Programação Financeira

Consta dos autos a Programação Financeira e o cronograma mensal de desembolso, sendo este o instrumento instituído pelo art. 8º da LRF que possibilita ao Gestor traçar um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados no exercício, bem como efetivar uma análise comparativa entre o previsto na LOA e a sua realização mensal, compatibilizando a execução das despesas, com as receitas arrecadadas no período, devidamente aprovada pelo Decreto nº 415 de 02 de janeiro de 2012.

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

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Créditos Adicionais Suplementares

Segundo o Pronunciamento Técnico foram abertos e contabilizados créditos suplementares de R$ 16.151.360,63, sendo R$ 13.243.657,38 por anulação de dotação e R$ 2.907.703,25 especiais.Créditos Especiais

Os créditos especiais, por se referirem a despesas novas, devem sempre ser autorizados previamente por lei e abertos por decreto executivo. Conforme decretos, foram abertos R$ 2.907.703,25 de crédito adicional especial, utilizando R$ 5.400,00 por anulação de dotação e R$ 2.902.303,25 por excesso de arrecadação autorizados pelas Leis nº 844, 845, 852, 853, 854 e 855.

Da sua análise, verifica-se que os recursos utilizados por anulação de dotação de R$ 5.400,00, estão dentro do limite estabelecido pela LOA, entretanto, os recursos utilizados por excesso de arrecadação das Fontes de Recursos 22 (R$ 1.481.772,58) e 23 (R$ 545.287,93), foram abertos sem disponibilidade dos recursos financeiros, em descumprimento ao art. 167, V, da Constituição Federal e art. 43 da Lei 4.320/64.

Na diligência anual o Gestor informou que “não houve qualquer descumprimento, visto que, foram abertos os créditos especiais com base nas informações do Governo Federal, ou seja, seria disponibilizado o monte de R$ 2.907.703,25.... quando na verdade, só foram disponibilizados o valor de R$ 2.027.060,51” (sic) com supressão de parte do texto. Ainda nesta esteira, o Gestor informou que dos créditos adicionais abertos, só foram utilizados nas despesas os recursos creditados ao Município, ficando assim, os saldos das dotações.

Constata-se que a justificativa não tem o condão de descaracterizar a irregularidade em função da contabilização do valor de R$ 2.907.703,25 em créditos adicionais especiais, por não ter sido apresentado qualquer decreto onde tenha sido promovida a adequação orçamentária dos decretos abertos ou mesmo comprovado a utilização de parte dos recursos abertos e, finalmente e mais importante, não ter comprovado o excesso de arrecadação nas Fontes de Recursos 22 e 23.

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Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD

O quadro de detalhamento de despesa é elaborado no início do exercício, discriminando os elementos de despesas pelos projetos/atividades, de cada órgão da estrutura administrativa municipal.As alterações no detalhamento de despesa servem para dar maior dinamismo na execução orçamentária, em virtude que não há necessidade de autorização legislativa para que sejam promovidas, pois tais lançamentos não podem alterar os valores das dotações do grupo de despesa em cada Projeto/Atividade.

Consta na defesa às fls. 202/230 o Decreto Executivo aprovando o Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD) do Poder Executivo Municipal para o exercício de 2012, em cumprimento ao art. 33, inciso I, da LDO.

DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia estabeleceu através da Resolução TCM nº 1255/07 uma nova estratégia de Controle Externo, com a implantação do Sistema Integrado de Gestão e Auditoria – SIGA, desenvolvido em modelo WEB, para recepcionar, por meio da internet, dados e informações mensais e anuais sobre a execução orçamentária e financeira das entidades fiscalizadas.

Com o objetivo de aperfeiçoar o controle externo, o TCM instituiu a Resolução nº 1282/09, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos órgãos e entidades da administração direta e indireta municipal remeterem a esta Corte de Contas, pelo SIGA, dados e informações da gestão pública municipal, na forma e prazos exigidos a partir do exercício de 2010.

A 4ª Inspetoria Regional de Controle Externo exerceu a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Município, notificando mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas, devidamente consolidadas no incluso Relatório Anual de fls. 518 a 942 são:

• não apresentação à 4ª IRCE de 22 (vinte e dois) processos licitatórios, dispensas e/ou inexigibilidades para análise mensal, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05: PP 25/2012 – material elétrico (R$ 90.673,26), PP 38/2012 – fornecimento e

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recarga de cartuchos e tonners (R$ 40.340,00), TP 04/2012 – urbanização de bairros (R$ 490.530,02), PP 37/2012 – peças e componentes para veículos (R$ 104.948,27), TP 05/2011 – empresa para elaboração do Plano Municipal de Habitação (R$ 80.820,00), TP 03/2012 – serviços de engenharia para construção do terminal rodoviário (R$ 269.003,10), PP 42/2012 – combustíveis (R$ 19.042,00), PP 41/2012 – aquisição de peças para veículos (R$ 43.890,40), TP 06/2011 – contratação de empresa pra elaboração do plano municipal de saneamento básico (R$ 150.000,00), PP 03/2009 – locação de equipamentos para limpeza pública e coleta de lixo (R$ 114.000,48), PP 52/2012 – material gráfico (R$ 30.380,00), PP 48/2012 – confecção de faixas em TNT e banners (R$ 9.000,00), DL 72P/2011 – locação de software (R$ 4.500,00), IL 004/2009 – assessoria e consultoria contábil (R$ 221.200,00), IL 024A/2010 – consultoria e assessoria jurídica (R$ 83.520,00), IL 032/2009 – locação e manutenção de software (R$ 8.400,00), IL 032/2010 – locação e manutenção de software (R$ 9.600,00), IL 044A/2009 – locação de software (R$ 13.200,00), IL 026/2009 – consultoria e assessoria jurídica (R$ 114.000,00), IL 20/2011 – locação de software (R$ 9.600,00), IL 42/2011 – locação de sistema de folha de pagamento (R$ 7.200,00), DL 014/2009 – locação de software (R$ 12.000,00), totalizando R$ 1.967.047,53;

• irregularidades apresentadas nas licitações, dispensas e/ou inexigibilidade, a exemplo de: ausência de publicação resumida do instrumento de contrato na imprensa oficial; ausência de cópia autenticada da documentação relativa à qualificação técnica;

• atraso na remuneração dos profissionais do magistério em maio;

• contratação de pessoal por tempo determinado sem lei que autorize tais contratações no mês de junho.

Na resposta à notificação anual o Gestor limitou-se a dizer que estaria providenciando a documentação necessária para a defesa, que seria encaminhada posteriormente através de ofício complementar.

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - LEI nº 4.320/64

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Os Demonstrativos Contábeis foram assinados por Contabilista, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, sendo afixado o selo de Declaração de Habilitação Profissional – DHP, em cumprimento ao disposto na Resolução n° 1363/2011, do Conselho Federal de Contabilidade.Confronto com as Contas da Câmara

A consolidação das contas do Legislativo Municipal com as da Prefeitura apresentou divergências. Enquanto no Demonstrativo de Despesa do Executivo do mês de dezembro a Unidade Câmara Municipal apresentou como total das despesas empenhadas, liquidadas e pagas valores de R$ 1.444.726,25, R$ 1.444.726,25 e R$ 1.409.271,56, respectivamente, o Demonstrativo Contábil do Legislativo apresentou registros de R$ 1.449.998,95, R$ 1.449.998,95 e R$ 1.414.544,26.

O Demonstrativo de Receita de Dezembro apresentada pela Câmara Municipal registra repasse de Duodécimo de R$ 1.377.516,15, divergente em R$ 29.000,00 do contabilizado nas Demonstrações das Variações Patrimoniais de R$ 1.406.516,15.

Na defesa o Gestor informou que as informações corretas “são as fornecidas pelo Executivo”, sem no entanto, apresentar qualquer documento comprobatório, embora da análise do Demonstrativo de Contas do Razão - DCR e do Demonstrativo da Variações Patrimoniais – DVP, constate-se o registro do valor de acordo com as informações do Gestor.

Adverte-se a atual Prefeita Municipal e o Presidente do Legislativo, para que realizem a consolidação das Contas Públicas corretamente para que reflitam a real situação patrimonial do Município, em obediência ao art. 110 da Lei Federal nº 4.320/64. Frise-se que o art. 50, III, determina que:

“as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive a empresa estatal dependente”.

Balanço Orçamentário

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O confronto das receitas e despesas previstas com a realizada, conforme previsto no art. 102 da Lei nº 4.320/64, demonstra no quadro abaixo o resultado orçamentário do exercício.

Receita Orçamentária

De acordo com o Balanço Orçamentário, a arrecadação foi de R$ 39.206.768,36, inferior em 10,89% à sua previsão, o que demonstra que a previsão de receita foi superestimada. As receitas correntes, destinadas a cobrir as atividades governamentais alcançaram R$ 36.266.993,37, enquanto as receitas de capital, decorrentes de alienação de bens e transferências de capital, foram de R$ 2.939.774,99.

Despesa Realizada

As despesas fixadas no orçamento foram majoradas em R$ 2.902.303,25, passando para R$ 46.902.303,25. Em comparação com o valor originalmente previsto, houve economia orçamentária, vez que foram gastos R$ 42.343.914,62, ante uma fixação de R$ 44.000.000,00. Assim, as despesas efetivamente executadas corresponderam a 90,28% do valor autorizado.

A Despesa Realizada em 2011 e 2012 comportou-se conforme tabela abaixo:

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RECEITA DESPESA

Prevista 44.000.000,00 Autorizada 46.902.303,25

Realizada 39.206.768,36 Realizada 42.343.914,62

Despesas 2011 2012 Variação(%)Despesas Correntes 34.226.218,33 38.379.166,65 12,13Pessoal e Encargos 19.816.934,34 22.447.499,94 13,27

Juros e Encargos da dívida 55.155,12 84.362,03 52,95Outras despesas correntes 14.354.128,87 15.847.304,68 10,40

Despesas de Capital 2.724.861,03 3.964.747,97 45,50Total 36.951.079,36 42.343.914,62 14,59

Para as despesas com manutenção e o funcionamento dos serviços públicos, classificadas como Despesas Correntes, tiveram um incremento de 12,13% em relação ao exercício de 2011, representando em 2012, 90,64% do total das despesas realizadas no exercício.

Resultado da Execução Orçamentária

Em relação ao exercício de 2011, verifica-se que a receita cresceu 6,09% e a despesa 14,59%. A execução orçamentária superavitária de R$ 3.345,18 do exercício anterior passou a deficitária no exercício em R$ 3.137.146,26, conforme quadro abaixo:

Visando um melhor acompanhamento da realização orçamentária, a Associação Brasileira de Orçamento Público – ABOP desenvolveu uma tabela com índices de acompanhamento, tanto da receita quanto da despesa em relação aos valores orçados. Utilizando-se desses critérios, no que concerne aos desvios de 10,89% para a receita e 9,72% para as despesas, conclui-se que a Administração obteve um conceito “deficiente” quanto ao planejamento orçamentário do município.

ÍNDICES DA ABOP

CONCEITO CRITÉRIOS

ÓTIMO Diferença < 2,5%

BOM Diferença entre 2,5% e 5%

REGULAR Diferença entre 5% e 10%

DEFICIENTE Diferença entre 10% e 15%

ALTAMENTE DEFICIENTE Diferença > 15%

Fica assim evidente que o orçamento foi elaborado sem atender a critérios adequados de planejamento, inobservando a efetiva realidade financeira da entidade. Com advento da Lei de Responsabilidade Fiscal não mais é permitido às entidades públicas elaborarem seus orçamentos sem as imprescindíveis determinações constantes de suas disposições normativas, sob pena de responsabilidade. 11

Descrição 2011 (R$) 2012 (R$) %Receita 36.954.424,54 39.206.768,36 6,09

Despesa 36.951.079,36 42.343.914,62 14,59Resultado 3.345,18 -3.137.146,26

Balanço Financeiro

Esta peça contábil tem o objetivo de evidenciar o fluxo financeiro ocorrido na entidade, ilustrando a receita e despesa compreendidas na execução orçamentária, bem como os recebimentos e pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior e os que são transferidos para o exercício seguinte.

O resultado do Balanço Financeiro foi o seguinte:

Do total de R$ 47.274.172,32 de ingressos, R$ 39.206.768,36 são orçamentários, R$ 6.345.818,83 de origem extraorçamentária e R$ 1.721.585,13 oriundos do exercício anterior.

O Pronunciamento Técnico destaca que a contabilização de “Outras Operações” no valor de R$ 13.640,89, correspondente ao Ativo Realizável “Caixa Econômica Federal”, não observa as disposições do artigo 103 da Lei n°4.320/64. Além do mais, a contabilização do saldo para o exercício seguinte do Balanço Financeiro de R$ 709.396,63, diverge do saldo disponível em Bancos no Balanço Patrimonial registrado em R$ 422.814,19.

Na defesa o Gestor apresentou novos Balanços Financeiro e Patrimonial, que não foram acatados por esta Relatoria, tendo em vista que os demonstrativos contábeis após disponibilidade pública não podem ser alterados. Os eventuais ajustes devem ser realizados nas contas subsequentes, acompanhados das devidas notas explicativas.

Balanço Patrimonial

Apresenta o estado patrimonial da Entidade ao final do exercício, através de seus investimentos e de sua origem, representando os bens, direitos e obrigações. 12

RECEITA (R$) DESPESA (R$)Orçamentária 39.206.768,36 Orçamentária 42.343.914,62Extra orçamentária 6.345.818,83 Extra orçamentária 4.207.220,18Outras operações 0,00 Outras operações 13.640,89Saldo exercício anterior 1.721.585,13 Saldo exercício seguinte 709.396,63Total 47.274.172,32 Total 47.274.172,32

A situação patrimonial ao final do exercício sob análise está demonstrada abaixo:

O Resultado Patrimonial do exercício anterior foi composto por um Passivo Real Descoberto de R$ 16.445.953,40. De acordo com a Demonstração das Variações Patrimoniais - DVP, houve no exercício um Resultado Patrimonial deficitário de R$ 9.357.271,46, fato que resultaria em um Passivo Real Descoberto atual de R$ 25.803.224,86. Porém foi contabilizado no Balanço Patrimonial de 2012 um Passivo Real Descoberto no valor de R$ 24.218.276,52.

Na defesa o Gestor apresentou novo Balanço Patrimonial que não foi acatado pelos mesmos motivo já consignado acima.

Vale salientar, que inconsistências nos registros contábeis não retratam fidedignamente e com integridade os fatos envolvendo as variações patrimoniais, inclusive distorcendo informações relevantes, sendo recomendado aos atuais responsáveis pelo Controle Interno e Contabilidade Municipal a adoção de providências, a fim de corrigir tais impropriedades.

ATIVO Disponibilidade de recursos

Conforme Balanço Patrimonial, as disponibilidades financeiras do Município ao final do exercício, alcançaram R$ 422.814,19, valor este 75,44% inferior ao apresentado no exercício anterior.

Observa-se que a contabilização do disponível em bancos, inapropriadamente, não segrega os recursos próprios dos vinculados, assim como, os recursos provenientes de conta-corrente e de aplicações financeiras.

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ATIVO PASSIVO

FinanceiroDisponível 422.814,19

Financeiro 8.712.364,19Realizável 300.223,33

Permanente 21.119.045,11 Permanente 37.347.994,96Passivo Real 24.218.276,52 Ativo Real Liquído

Total Ativo 46.060.359,15 Total Passivo 46.060.359,15

Ativo Realizável

Este grupo do ativo evidenciou diversas contas totalizando R$ 300.223,33, que representam valores relevantes pendentes para ingressar no Tesouro Municipal, devendo a Administração evitar que estas pendências perdurem nas contas subsequentes.

Questionado sobre a origem desses direitos, bem como as medidas que estão sendo adotadas para a sua regularização, o Gestor foi silente.

Ativo Permanente

Adverte-se a Administração para que observe a Resolução CFC nº1.136/08 e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.9, apropriando a depreciação dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Inicia-se a Depreciação com a colocação do uso do bem, e deve ser obrigatoriamente reconhecida pela Entidade, adotando o método que seja compatível com a vida útil econômica do ativo.

Dívida Ativa Tributária

No exercício sob exame a cobrança da Dívida Ativa Tributária foi de R$ 137.376,27, que representa 2,29% do saldo da Dívida Ativa Tributária no exercício de 2011, que foi de R$ 5.989.893,09, resultando ao final do exercício um saldo de R$ 5.852.516,82.

Contudo é importante destacar que a validação do saldo contabilizado como Dívida Ativa no Balanço Patrimonial ficou comprometida, pois não foi apresentada a relação completa discriminada por contribuinte, em descumprimento ao item 28, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05, assim como, não ter sido contabilizado no Anexo XV os valores das multas no total de R$ 55.320,57.

Dívida Ativa Não Tributária

Quanto a Dívida Ativa não Tributária, como não houve cobrança e inscrição de dívida, permaneceu o mesmo saldo do exercício de 2011, que foi de R$ 335.260,52.

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Outro aspecto importante a ser evidenciado é que constam no Sistema de Multas e Ressarcimentos do TCM diversos débitos imputados a ex-gestores deste Município e que em face da data de vencimento e não liquidados, já deveriam estar inscritos na Dívida Ativa não Tributária, sem que conste sua contabilização no Balanço Patrimonial desta natureza.

A falta de ação deixa patente a omissão do Gestor, demonstrando descaso na cobrança dos débitos inscritos na divida ativa, podendo caracterizar, por sua reincidência, renúncia de receita, conforme previsto na Lei Complementar nº 101/00, cabendo-lhe fazer anualmente a atualização do débito e promover medidas para o ingresso dessa receita à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, bem como instaurar competente processo administrativo para as respectivas baixas dos valores cuja cobrança se demonstrem inexequíveis, sob pena de responsabilidade.

É salutar mencionar que por “renúncia de receita” deve se entender a desistência do direito sobre determinado tributo, por abandono ou desistência expressa do ente federativo competente por sua instituição. A não cobrança da Dívida Ativa só é permitida quando o montante do débito for inferior aos respectivos custos de cobranças, conforme § 3º, art. 14 da LRF, entretanto, para se estabelecer quais os débitos que são inexequíveis se faz necessário manifestação da Procuradoria Jurídica do Município e da Secretaria de Administração e Finanças, estabelecendo os parâmetros e critérios para os débitos de pequeno valor, observando todos os ditames estabelecidos no Código Tributário Nacional, em seus arts. 175 a 182.

Reitera-se também o alerta contido no exercício anterior e não observado pelo Gestor, que o Manual da dívida ativa, instituído pela Portaria n° 467 da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que os créditos inscritos em dívida ativa são objeto de atualização monetária, juros e multas, previstos em contratos ou em normativos legais, que são incorporados ao valor original inscrito. A atualização monetária deve ser lançada no mínimo mensalmente, de acordo com índice ou forma de cálculo pactuada ou legalmente incidente. Contudo não foi identificado qualquer lançamento contábil na Demonstração das Variações Patrimoniais que demonstre que esse

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procedimento está sendo adotado pela Administração Pública Municipal.

Determina-se ao Gestor que faça a correção ou atualização do saldo da Dívida Ativa na Demonstração das Variações Patrimoniais – Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária, conforme disposto na Portaria STN nº 564, de 27/12/2004.

Inventário

Não foi apresentado o Inventário Patrimonial, em desobediência às exigências do art. 9º, item 18, da Resolução TCM nº 1060/05.

O valor dos Bens registrado no Balanço Patrimonial é de R$ 14.931.267,77.

PASSIVO

No grupo do Passivo, integrante também do Balanço Patrimonial, estão registradas as dívidas de curto e longo prazos do Município, a seguir representada:

Passivo Financeiro

Foram identificadas no Passivo Financeiro obrigações a pagar perante o INSS de R$ 42.005,50, oriundas de retenções de servidores.Determina-se ao Gestor que faça imediatamente os recolhimentos devidos, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos servidores caracterizam ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

Passivo Permanente

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PASSIVO VALOR

Passivo Financeiro 8.712.364,19

Passivo Permanente 37.347.994,96

Total do Passivo Real 46.060.359,15

A análise da Dívida Fundada do Município demonstra que R$ 37.347.994,96 correspondem às dívidas com o INSS, PASEP, EMBASA e COELBA. Em relação ao exercício de 2011 houve um crescimento de 18,39% em 2012.

Do total da Dívida Fundada do Município, 96,17% corresponderam a compromissos com o INSS e comparando o exercício de 2011 com o de 2012, houve um aumento de 16,07%, evidenciando que administração da dívida de longo prazo não está adequada, podendo comprometer no futuro o equilíbrio das contas públicas municipais. Conforme Balanço Patrimonial, das dívidas perante o INSS, R$ 35.257.629,12 pertencem à Prefeitura e R$ 663.601,16 são débitos da Câmara Municipal.

Foram apresentados documentos comprobatórios da Dívida Fundada Interna do Município, em cumprimento ao quanto disposto no item 39, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.Constam dos autos às fls. 240/247, os documentos que comprovam os saldos registrados no Balanço Patrimonial, estando divergente a Dívida Fundada com a Coelba em R$ 4.541,10, o que indica a não contabilização do parcelamento informado na Certidão emitida pela Coelba de nº 0402/OAIN/2013.

O Gestor na diligência anual alegou que solicitou aos órgãos competentes os valores das dívidas acima citadas, atualizadas até 31/12/2012, entretanto, a resposta da Coelba só ingressou na Prefeitura após o encerramento do exercício, motivo pelo qual não houve o registro.

Dívida Consolidada Líquida

Conforme valores demonstrados no Balanço Patrimonial do exercício, a Dívida Consolidada Líquida do Município foi correspondente a R$ 38.510.129,11, representando 106,19% da Receita Corrente Líquida de R$ 36.266.993,37, situando-se, assim, no limite de 1,2 vezes a Receita Corrente Líquida, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução n.º 40, de 20/12/2001, do Senado Federal.

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Precatórios Judiciais

De acordo com o Balanço Patrimonial do exercício e ofício NACP 0474/2012 de origem do Poder Judiciário às fls. 246/247, não houve saldo em precatórios judiciais.

Restos a Pagar

Da análise do Balanço Patrimonial, conforme demonstrado na tabela abaixo, fica evidenciado que não há saldo suficiente para cobrir os Restos a Pagar do Exercício de R$ 1.584.948,34 e das Despesas de Exercícios Anteriores – DEA de R$ 23.831,52, em descumprimento ao previsto no artigo 42 da LRF.

Consta às fls. 220/225 a Relação de Restos a Pagar, em cumprimento do quanto disposto no item 29, do art. 9º da Resolução TCM nº 1060/05.

Despesas de Exercícios Anteriores

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DESCRIÇÃO Valor R$

Passivo Permanente 37.347.994,96

(-)Ativo Disponível 422.814,19

(-)Haveres Financeiros -

(+)Restos a Pagar Processados do Exercício 1.584.948,34

(=)Dívida Consolidada Líquida 38.510.129,11

Receita Corrente Líquida 36.266.993,37

(%) Endividamento 106,19%

DISCRIMINAÇÃO VALOR

(+) Caixa e Bancos 422.814,19

(+) Haveres Financeiros 0,00

(=) Disponibilidade Financeira 422.814,19

(-) Consignações e Retenções -7.004.316,72

(-) Restos a Pagar de exercícios anteriores -123.099,13

(=) Disponibilidade de Caixa -6.704.601,66

(-) Restos a Pagar de Exercício -1.584.948,34

(-) Despesas de exercícios anteriores -23.831,52

(=) Saldo -8.313.381,52

No exercício financeiro foram pagas Despesas de Exercícios Anteriores – DEA de R$ 811.928,37, que representa 1,92% das Despesas Orçamentárias realizadas, mantendo-se o equilíbrio fiscal do Município e a programação estabelecida para o exercício.

Ressalte-se que as Despesas de Exercícios Anteriores só podem ocorrer nos casos previstos no art. 37, da Lei Federal nº 4.320/64, conforme abaixo transcrito:

“As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida sempre que possível a ordem cronológica.”

Demonstração das Variações Patrimoniais

A Demonstração das Variações Patrimoniais registra VariaçõesAtivas de R$ 47.492.066,51 e Passivas de R$ 56.849.337,97, resultando em déficit patrimonial de R$ 9.357.271,46.

DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Educação - artigo 212 da Constituição Federal

O município cumpriu o determinado no art. 212 da Constituição Federal, aplicando em Educação R$ 16.385.844,56, correspondentes a 29,04% da receita resultante de impostos e transferências, de acordo com o Pronunciamento Técnico, dos exames efetuados pela Inspetoria Regional de Controle Externo e registros constantes do SIGA, na documentação de despesa apresentada aí incluídos os “Restos a Pagar”, com os correspondentes saldos financeiros, quando o mínimo exigido é de 25%.

Fundeb – Lei Federal nº 11.494/07

O Município cumpriu o art. 22 da Lei Federal n.º 11.494/07, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 19

Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação - FUNDEB, aplicando 80,83% dos recursos, correspondentes a R$ 9.806.954,33, na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, quando o mínimo exigido é de 60%. Conforme informação da Secretaria do Tesouro Nacional, a receita do Município proveniente do FUNDEB foi de R$ 12.123.360,06.

Não consta nos autos o Parecer do Conselho Municipal do FUNDEB não observando ao art. 31 da Resolução TCM n° 1.276/08.

Despesas do FUNDEB – art. 13 § único da Resolução TCM nº 1.276/08

Conforme Pronunciamento Técnico foi observado o limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de crédito adicional, nos moldes do art. 13, § único da Resolução TCM nº 1.276/08, não restando valores a serem aplicados pelo Município.

Débitos pendentes do FUNDEF OU FUNDEB

Conforme registros constantes dos arquivos desta Corte de Contas, encontram-se pendentes de recolhimento as glosas a seguir discriminadas:

Processo Responsável (eis) Natureza Valor R$ Observação

05182-06 JOSE BISPO SANTOS FUNDEF R$ 53.438,59 PROC 03413-13 ENV A IRCE P/ ATESTAR PAGTO E CONTAB

08791-07 JOSE BISPO SANTOS FUNDEF R$ 171.108,53 PROC 03413-13 ENV A IRCE P/ ATESTAR PAGTO E CONTAB

07527-08 JOSE BISPO SANTOS FUNDEB R$ 17.643,14 PROC 03413-13 ENV A IRCE P/ ATESTAR PAGTO E CONTAB

Foi apresentado na defesa o comprovante de ingresso na Inspetoria Regional do processo TCM 03413-13 no qual consta a comprovação de restituição à conta do FUNDEB dos valores acima mencionados na tabela. Fica determinado à 2ª CCE promover as baixas devidas no Sistema de Ressarcimentos deste Tribunal, caso sejam comprovados os ressarcimentos.

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Aplicação Mínima em Ações e Serviços Públicos de Saúde – art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Foi cumprido o art. 7º, da Lei Complementar 141/12, pois as aplicações realizadas em ações e serviços públicos de saúde foram de R$ 4.953.291,99, correspondentes a 24,69% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º, da Constituição Federal, com a exclusão de 1% (um por cento) do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55/07, quando a aplicação mínima exigida é de 15%.

Não foi apresentado o Parecer do Conselho Municipal de Saúde, em descumprimento ao art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/0.

Deve a atual Administração notificar formalmente o Conselho Municipal de Saúde para que exerça seu papel fiscalizador sobre os recursos públicos aplicados em ações e serviços públicos de saúde.

Transferência de Recursos ao Poder Legislativo – art. 29-A da C.F.

O valor fixado para a Câmara Municipal foi de R$ 1.450.000,00, inferior ao limite máximo de R$ 1.479.835,85, estabelecido pelo artigo 29-A da Constituição Federal. Desse modo a dotação orçamentária é o limite para repasse ao Legislativo, observado o comportamento da receita orçamentária.

Conforme Relatório Técnico a Prefeitura transferiu ao Poder Legislativo R$ 1.377.516,15, inferior a limite para repasse.

Na diligência anual o Gestor informou que transferiu ao Legislativo R$ 1.406.516,15 e foram devolvidos R$ 29.000,00, o que foi verificado por esta Relatoria nos registros do Demonstrativo de Contas do Razão - DCR e do Demonstrativo da Variações Patrimoniais – DVP, valor esse, ainda assim, inferior ao limite estabelecido pelo artigo 29-A da Constituição Federal e pelo fixado na Lei Orçamentária Anual, em descumprimento ao legalmente estipulado.

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Registre-se, por oportuno, que o repasse a menor no último ano do mandato do Presidente da Câmara pode influenciar no cálculo de disponibilidade financeira para quitar os Restos a Pagar do exercício.

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 770, de 03 de outubro de 2008, fixou os subsídios do Prefeito em R$ 13.000,00, os do Vice-Prefeito em R$ 6.500,00 e os dos Secretários Municipais em R$ 4.150,00, depreendendo-se das informações contidas no Pronunciamento Técnico que os valores por eles percebidos obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos.

Não foram apresentadas as folhas de pagamento de junho do Prefeito e Vice-Prefeito e algumas folhas dos Secretários Municipais, conforme tabela abaixo:

Nomes Meses AusentesRony Claudio Souza MaioValdecy Birschner Maio e de setembro a dezembro

Aziel Brito Abril a dezembroMonica Barros Maio e de julho a dezembro

Valdir Hora MaioAntonio Raimundo Santana Maio

Tiago Birschner Janeiro, fevereiro, abril, maio, agosto e setembroGleiciane Birschner Janeiro, fevereiro e agosto

Joselito Soares Janeiro a outubroCosmira Souza Janeiro a outubro

Jean Andrade Janeiro a novembroJosé Eugênio Batista Janeiro a maio e de julho a novembro

Na resposta à notificação anual o Gestor informou que apresentaria as folhas reclamadas posteriormente, não tendo este Tribunal condições de dar quitação dos pagamentos efetuados. Determina-se à atual Administração do Poder Executivo Municipal remeter à 2ª CCE a documentação reclamada, no prazo de 30 dias do trânsito em julgado deste decisório, devendo àquela Unidade de Controle Externo proceder a análise da regularidade dos pagamentos dos subsídios dos agentes políticos citados e, se constatar

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irregularidades, lavrar Termo de Ocorrência contra o Gestor destas contas.

CONTROLE INTERNO

Não foi apresentado o Relatório do Controle Interno, em descumprimento dos arts. 74, incisos I a IV da Constituição Federal, 90, incisos I a IV, da Constituição Estadual e 9º, item 33, da Resolução TCM nº 1.060/05. Registre-se que às folhas 275/276 foi acostado Processo TCM nº 37726-13, referente ao não envio do Relatório de Controle Interno do mês de dezembro e o Anual de 2012.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Pessoal

De acordo com dados do SIGA, a Prefeitura, no exercício de 2011, ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF aplicando 59,00% em despesa com pessoal. Consoante o que estabelece o art. 23 da LRF, o Município deveria eliminar, no exercício subseqüente, pelo menos 1/3 (um terço) do percentual excedente no primeiro quadrimestre e o restante no segundo quadrimestre. Contudo, a Prefeitura no 1º quadrimestre de 2012 voltou a ultrapassar o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF ao aplicar 60,73% da Receita Corrente Líquida em despesa com pessoal, quando deveria ter eliminado o percentual excedente do exercício de 2011, que não o fez.

De acordo com o Relatório Mensal de agosto, relativo ao 2º quadrimestre, a despesa de pessoal alcançou R$ 22.832.058,96, correspondendo a 63,13% da Receita Corrente Líquida de R$ 36.164.417,95, constatando-se, assim, mais uma vez o descumprimento ao art. 23 pela não recondução do percentual excedente do quadrimestre anterior.

Ao final do exercício, a despesa com pessoal da Prefeitura alcançou R$ 23.179.890,88, correspondente a 63,91% da Receita Corrente Líquida de R$ 36.266.993,37, ultrapassando o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, conforme tabela abaixo:

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Alega o Gestor que nos cálculos procedidos pela IRCE foram incluídas despesas que não deveriam ser computadas, a exemplo de consultorias e assessorias jurídica, contábil, em publicidade, limpeza pública e outros serviços terceirizados.

O reexame dessa matéria, efetuado nos Relatórios Mensais Complementados, demonstra não ter havido erro nos cálculos procedidos, pois todas as despesas assim computadas naqueles documentos, ora questionadas pelo Prefeito, foram corretamente caracterizadas como despesas de pessoal, por serem atividades típicas da administração, realizadas em caráter contínuo e cujas contratações com terceiros caracterizam substituição de mão-de-obra.

CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL

O parágrafo único do art.21, da Lei Complementar nº 101/000 (LRF), dispõe:

“Art. 21

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular de respectivo Poder ou órgão referido no art.20.”

O total da despesa com pessoal efetivamente realizado pela Prefeitura, no período de julho de 2011 a junho de 2012, foi de R$ 22.501.051,49. A Receita Corrente Líquida somou o montante de R$ 36.230.467,57, resultando no percentual de 62,11%.

No período de janeiro a dezembro de 2012, o total da despesa com pessoal efetivamente realizado pela Prefeitura correspondeu a R$ 23.179.890,88, equivalente a 63,91% da Receita Corrente Líquida

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D E S P E S A C O M P E S S O A L Receita Corrente Líquida 36.266.993,37 Limite máximo – 54% (art. 20 LRF) 19.584.176,42 Limite Prudencial – 95% do limite máximo (art. 22) 18.604.967,60 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) 17.625.758,78 Despesa realizada com pessoal 23.179.890,88

Percentual da Despesa na Receita Corrente Líquida 63,91

de R$ 36.266.993,37, constatando-se acréscimo de 1,80% em relação ao período de julho de 2011 a junho de 2012.

Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal

Publicidade - arts. 6º e 7º, da Resolução nº 1.065/05

Aponta o Pronunciamento Técnico que foi apresentada pelo Gestor às fls. 291/306, 322/382 e 389/513 a comprovação de publicidade dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, correspondentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e 1º, 2º e 3º quadrimestres, em cumprimento aos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00 e 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05.

Audiências Públicas

Foi cumprido o § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, que dispõe que “até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1º, do art. 166, da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais”. Encontra-se às fls. 226/233 as cópias das atas das audiências públicas.

DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

ROYALTIES - Resolução TCM nº 931/04 e CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE – Resolução TCM nº 1.222/05

Conforme Pronunciamento Técnico, o Município recebeu recursos oriundos do Royalties/Fundo Especial e da CIDE nos montantes de R$ 222.044,80 e R$ 34.484,91, respectivamente, não tendo sido no exercício glosadas despesas destas naturezas. Conforme Relatórios Mensais, não foram identificadas despesas incompatíveis com a legislação vigente.

Repasse de Recursos a Entidades Civis - Resolução TCM nº 1.121/05

Conforme Relatórios Mensais Complementados, a Prefeitura Municipal repassou para as entidades civis abaixo relacionadas, 25

sem constar dos autos as respectivas prestações de contas, bem como a autorização por lei específica, em descumprimento aos arts. 26, da Lei Complementar n.º 101/00 e 4º e 5º, da Resolução TCM nº 1121/05.

Entidade Valor R$

ALBERGUE BEZERRA DE MENEZES 4.354,00

APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 9.762,48LIGA DESPORTIVA DE UNA - LDU 3.000,00

PIA - Associação da Divina Misericórdia - Una (Ba) 15.200,36

Determina-se, portanto, o prazo de 60 (sessenta) dias para a atual Administração apresentar dos documentos que compõem as Prestações de Contas referidas, conforme disposto no art. 6º, da Resolução TCM nº 1.121/05, devendo a competente Coordenadoria de Controle Externo realizar acompanhamento desta determinação.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.060/05

Demonstrativo dos Resultados Alcançados

Não foi apresentado o Demonstrativo dos Resultados Alcançados pelas medidas adotadas, descumprindo o previsto no art. 13 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF e no item 30, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Relatório de Projetos e Atividades

Encontra-se nos autos às fls. 234/238, uma relação e não Relatório de Projetos e Atividades da Prefeitura Municipal acerca dos projetos e atividades concluídos e em conclusão, não observando as diretrizes estabelecidas no item 32 do art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único do art. 45 da Lei Complementar nº 101/00.

TRANSMISSÃO DE GOVERNO – RESOLUÇÃO TCM N° 1.311/12

Conforme Pronunciamento Técnico, consta às folhas 383/386 o Relatório Conclusivo da Comissão de Transmissão de Governo, relaciona diversas irregularidades encontradas na Administração Pública, culminando na orientação à atual Gestora para encaminhamento deste documento à esta Corte de Contas e ao Ministério Público.

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RESOLUÇÃO TCM nº 1.282/09

Como o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Ente jurisdicionado no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, e de seus respectivos relatórios, relativos aos gastos do Poder Executivo Municipal com obras e serviços de engenharia, servidores nomeados e contratados, bem como o total de despesa de pessoal confrontado com o valor das receitas no semestre e no período vencido do ano, além dos gastos com noticiário, propaganda ou promoção, no exercício 2012, conforme disposto nos inc. I, II e III, do § 2º, combinado com o § 3º, ambos do art. 6º da Resolução TCM nº 1.282/09, de 22/12/2009, deixa esta Relatoria de se manifestar sobre estas questões, sem prejuízo de exame e julgamento em eventuais questionamentos.

MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências:

Multas

Processo Multado Cargo Vencimento Valor R$ 08774-10 DEJAIR BIRSCHNER Prefeito 22/01/2011 6.000,0008694-11 DEJAIR BIRSCHNER Prefeito 04/06/2012 3.000,0008694-11 DEJAIR BIRSCHNER Prefeito 04/06/2012 42.120,0008197-12 DEJAIR BIRSCHNER Prefeito 21/01/2013 15.000,0008197-12 DEJAIR BIRSCHNER Prefeito 21/01/2013 46.800,0008791-07 JOSE BISPO SANTOS Prefeito 06/11/2008 5.000,0007527-08 JOSE BISPO SANTOS Prefeito 27/12/2008 9.000,00

08442-09 JOSE BISPO SANTOS Prefeito 24/03/2010 1.000,0008442-09 DAVI CERQUEIRA Prefeito 24/03/2010 5.000,00

03673-07 JOSÉ BISPO SANTOS Ex Prefeito 12/08/2010 700,0003330-07 JOSÉ BISPO SANTOS Ex Prefeito 30/09/2010 800,00

07988-10 JOSÉ BISPO SANTOS Prefeito 07/11/2010 1.500,0005381-11 JOSÉ BISPO SANTOS Ex-Prefeito 05/10/2011 300,00

05702-11 JOSÉ BISPO DOS SANTOS Ex-Prefeito 24/10/2011 1.000,0008150-12 NILTON NOGUEIRA DA

SILVAPresidente 13/01/2013 2.000,00

Ressarcimentos 27

Processo Responsável(eis) Cargo Vencimento Valor R$

05789-04 DEJAIR BIRSCHNER PREFEITO 14/12/2004 48.443,53

08774-10 DEJAIR BIRSCHNER PREFEITO 13/06/2011 8.450,00

08197-12 DEJAIR BIRSCHNER PREFEITO 21/01/2013 96.220,2205883-97 EDUARDO PARADA COSTA VEREADOR 30/07/2000 3.063,27

04630-96 ROBERVAL PEREIRA PINTO VEREADOR 30/09/1998 780,27

04630-96 DAVI CERQUEIRA DOS SANTOS VEREADOR 30/09/1998 1.066,09

04630-96 NATAN MENDES DA SILVA VEREADOR 30/09/1998 1.760,78

04630-96 ADALTO SABAIANE VEREADOR 30/09/1998 780,27

05883-97 GETÚLIA LAVIGNE DO NASCIMENTO

VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

05883-97 NILTON NOGUEIRA DA SILVA VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

05883-97 REGINALDO QUINTO DE SOUZA VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

05883-97 PEDRO JERVAN DE SOUZA VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

05883-97 ANA MARIA M. DOS SANTOS VEREADORA 30/09/1998 3.063,27

05883-97 JOSÉ ORLANDO R. DE SANTANA VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

05883-97 TADEU CLAÚDIO FRANÇA VERSULOTE

VEREADOR 30/09/1998 3.063,27

08791-07 JOSÉ BISPO DOS SANTOS PREFEITO 29/03/2008 19.147,54

07527-08 JOSÉ BISPO SANTOS PREFEITO 27/12/2008 515,20

08442-09 DAVI CERQUEIRA DOS SANTOS PREFEITO 13/12/2009 58.000,00

05702-11 JOSÉ BISPO DOS SANTOS PREFEITO 23/08/2011 166.577,44

08150-12 NILTON NOGUEIRA DA SILVA PRESIDENTE 13/01/2013 5.593,46

Na defesa o Gestor informou que toda a dívida não tributária do município foi inscrita na Dívida Ativa e que encaminhou a este Tribunal através do processo TCM 11818-12 cópia dos números dos processos de execução fiscal impetrado contra parte dos devedores acima relacionados. Deve ser extraída cópia deste documento (fl. 238) e encaminhado à 2ª CCE para atualização do Sistema de Multas e Ressarcimentos deste Tribunal. Registre-se que o Gestor tem por obrigação adotar medidas efetivas de cobrança, inclusive judiciais, das multas e ressarcimentos impostos pelo TCM a agentes políticos municipais, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força do estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

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Ressalte-se que em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a responsabilidade fiscal”. A omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do prejuízo causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa, pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

VOTO

Em face do exposto, com base no art. 40, inciso (II) (III), c/c o art. (42) (43), da Lei Complementar nº 06/91, vota-se pela rejeição, porque irregulares das contas da Prefeitura Municipal de UNA, exercício financeiro de 2012, constantes do presente processo, de responsabilidade do Sr. Dejair Birschner, pelos seguintes motivos:

• descumprimento do artigo 42 da Lei Complementar 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal, por não haver disponibilidade de caixa suficiente para quitar os Restos a Pagar do exercício em R$ 1.584.948,34 e das Despesas de Exercícios Anteriores – DEA de R$ 23.831,52;

• abertura de Crédito Suplementar Especial por Excesso de Arrecadação sem a existência de recursos disponíveis para acorrer à despesa, em descumprimento ao disposto nos arts. 167, inciso V da Constituição Federal e 43 da Lei 4.320/64;

• infringência aos preceitos legais e constitucionais que tratam da disponibilidade pública (art. 95, parágrafo 2º, da Constituição Estadual e art. 54, parágrafo único da Lei Complementar nº 06/91), ao não encaminhar a presente prestação de contas à Câmara;

• não apresentação à 4ª IRCE de 22 (vinte e dois) processos licitatórios, dispensas e/ou inexigibilidades para análise mensal, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05, totalizando R$ 1.967.047,53;

• reincidência do Gestor no descumprimento de determinação deste Tribunal, pelo não pagamento de três multas e dois ressarcimentos a ele imputados, no total de R$ 108.013,53.

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As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos Técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar, ainda, as seguintes ressalvas:

• descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, em face da falta de eliminação de pelo menos 1/3 do percentual excedente do limite do total das despesas de pessoal nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2011;

• descumprimento do limite da despesa com pessoal, estabelecido no art. 20, inciso III, “b”, da Lei Complementar nº 101/00, tendo gasto o equivalente a 63,91% da Receita Corrente Líquida;

• descumprimento do artigo 29-A da Constituição Federal, ao transferir para o Poder Legislativo duodécimo a menor do que o legalmente estabelecido;

• existência de déficit orçamentário, demonstrando que o Município gastou mais do que arrecadou;

• descumprimento ao art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal ao não comprovar publicação da LDO e da LOA;

• reincidência na indisponibilidade financeira para adimplemento das obrigações pactuadas constantes do Passivo Financeiro;

• orçamento elaborado sem critérios adequados de planejamento;

• descumprimento das Resoluções TCM nº 1.276/08 e 1.277/08, em decorrência da ausência dos Pareceres do Conselho Municipal de Educação e de Saúde assinado por seus membros;

• tímida cobrança da dívida ativa;

• descumprimento ao previsto no art. 13 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF e no item 30, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 ao não apresentar o Demonstrativo dos Resultados Alcançados;

• divergências detectadas nos valores registrados nos balancetes mensais e os Anexos que compõem esta Prestação de Conta, que afetam o resultado da Execução Orçamentária e Patrimonial

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do exercício, demonstrando descontrole na elaboração das peças contábeis;

• omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

• ausência da relação analítica dos elementos que compõem os Passivos Financeiro e Permanente (Resolução TCM nº 1.060/05, art. 9º, item 19);

• descumprimento da Resolução TCM 1.060/05, item 18 do art. 9º, pela não apresentação do Inventário Patrimonial do Município;

• ausência do Relatório do Sistema de Controle Interno;

• ausência de cópia do relatório das atividades do Poder Executivo encaminhado à Câmara Municipal (Resolução TCM nº 1.060/05, art. 9º, item 23);

• descumprimento ao estabelecido no item 32 do art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único do art. 45 da Lei Complementar nº 101/00 ao não apresentar o Relatório de Projetos e Atividades da Prefeitura Municipal;

• não apresentação do original ou cópia autenticada legível de extratos registrando os saldos bancários do mês de janeiro do exercício subsequente (Resolução TCM nº 1.060/05, art. 9º, item 21);

• outras ocorrências consignadas no Relatório Anual expedido pela CCE, notadamente, irregularidades apresentadas nas licitações, dispensas e/ou inexigibilidade, a exemplo de: ausência de publicação resumida do instrumento de contrato na imprensa oficial; ausência de cópia autenticada da documentação relativa à qualificação técnica; atraso na remuneração dos profissionais do magistério em maio; contratação de pessoal por tempo determinado sem lei que autorize tais contratações no mês de junho.

Por esses motivos, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, inciso I, da mesma Lei Complementar, multa de R$ 38.065,00 (trinta e oito mil e sessentsa e cinco reais), lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais. Subsidiariamente, em razão do descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, aplica-se ao Gestor 31

multa de R$ 46.800,00 (quarenta e seis mil e oitocentos reais), correspondentes a 30% dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso IV, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000, em decorrência da não execução de medidas para a redução do montante da despesa total com pessoal que excedeu ao limite máximo estabelecido no art. 20 da LRF, lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais, quantias estas que deverão ser quitadas no prazo e condições estipulados nos seus arts. 72, 74 e 75.

Determinações à atual Gestora:

1− Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força do estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

2− Adotar medidas urgentes para o recolhimento de “INSS”, com saldo de R$ 42.005,50, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes, caracteriza ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

3− Enviar a prestação de contas das Entidades Albergue Bezerra de Menezes, APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Liga Desportiva de Una – LDU e da PIA - Associação da Divina Misericórdia para a 2ª Coordenadoria de Controle Externo, no prazo de 60 dias a contar do trânsito em julgado deste decisório, para as análises devidas;

4− No prazo de 30 (trinta) dias a contar do trânsito em julgado deste processo para remessa dos processos de pagamento ausentes, ficando a competente Coordenadoria de Controle Externo incumbida da realização das apurações devidas e caso seja verificada a existência de irregularidades, lavrar Termo de Ocorrência.

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Em face das irregularidades consignadas nos autos, notadamente descumprimento do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei nº 8.666/93, determina-se a formulação de representação, por intermédio da Assessoria Jurídica deste TCM, ao douto Ministério Público Estadual, com fundamento nos arts. 1º, inciso XIX e 76, inciso I, letra “d”, da Lei Complementar nº 06/91.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 18 de fevereiro de 2014.

Cons. Paulo Maracajá PereiraPresidente

Cons. Paolo Marconi Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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