obrigado, meu filho ariovaldo cavarzan meu filho, em mais este segundo domingo de agosto, quero...
Post on 18-Apr-2015
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OBRIGADO, MEU FILHO
Ariovaldo Cavarzan
Meu filho,Em mais este segundo
domingo de agosto, quero fazer uma
nova caminhada com você, para conversarmos
mais um pouco a respeito da circunstância
de termos sido escolhidos por Deus
para desempenharmos nesta vida os papéis de
filho e pai.
Sabe, meu filho, nunca me incomodou o fato de você
não conseguir fazer algumas coisas sozinho,
porque, com isso, me concede a oportunidade de
ajudá-lo a complementar aquilo que você não é
capaz, e isso para mim é quase nada, porque você sabe fazer a maioria das
coisas.
Aprecio muito caminhar junto com você e gosto
também de nossas saídas a dois, para um passeio de carro, ouvindo aquela sua
música preferida.A vida inteira senti muito
orgulho de ter você ao meu lado, concedendo-me a oportunidade de fazê-lo
meu companheiro, "assessor" e ajudante, sempre que possível.
Adoro quando chega a sexta feira e você me
lembra que é dia de levá-lo à lanchonete, aqui perto de casa, ou aquele dia incerto da semana, que
você escolhe para comemorarmos qualquer coisa, na mesma pizzaria
de sempre.
O dia do recebimento da mesada, então, é sempre o mais esperado, ainda
mais agora que o acréscimo de novas e
pequenas tarefas caseiras lhe garantem uns
quebrados a mais, para engordar seus
caraminguás ajuntados.
Não me importo se você não conseguiu aprender a ler e
a escrever como outras pessoas. Afinal, infelizmente
vivemos num país pouco afeito à cultura e à formação de
consciências voltadas para os valores do caráter, da cidadania e da dignidade. Então, porque exigir tudo isso, justamente de
você? O importante, para mim, é que você tenha uma boa
qualidade de vida e que seja feliz.
Mas faço questão de que você nunca falte a seus
compromissos na entidade que freqüenta, localizada no
sítio aqui perto, e em vista do qual a palavra campo para nós acabou se transformando em "campus". Como você viaja
diariamente de "van", junto com seus colegas, vocês não
puderam escapar de ganhar o carinhoso apelido de "bóias
frias".
Não me preocupa o fato de ter que explicar a você
que nem todo mundo consegue namorar, casar,
dirigir automóveis, ou freqüentar faculdades,
porque sempre tenho na ponta da língua exemplos
de pessoas que você conhece e que não fazem
nada disso.
E também não faz mal que você tenha que caminhar segurando em meu
braço. Não sinto nenhum incômodo com isso, porque você é meu filho.
São muitos os momentos iluminados que juntos vivenciamos, como naquele dia em que fizemos um
passeio de "teco-teco" e você me perguntou se estávamos no céu e,
ante minha resposta afirmativa, manifestou o desejo de
rever seu avô, ensejando-me a ocasião de explicar-lhe que, se naquele momento isso não era
possível, um dia certamente todos haveremos de nos reencontrar,
porque uns sempre precisam partir antes que os outros.
Na verdade, considero-me um pai privilegiado, porque você
nunca deixou de demonstrar que também me ama, derramando-se
em demonstrações de afeto e saudades, sempre que nos reencontramos, mesmo que tenha sido breve a ausência.
Você me ensejou a oportunidade preciosa de enxergar a vida com
os olhos da sensibilidade, da aceitação, do amor, da paciência,
do perdão, da renúncia e da esperança, fazendo dela um
permanente exercício de aprendizado.
Neste mundo em que vivemos, não deveria existir lugar para a
violência, as guerras, a exclusão, o ressentimento, a
revolta, a inveja, o preconceito, o desamor e a falta de
solidariedade entre as pessoas e os povos, porque estamos
aqui apenas de passagem, e a jornada de cada um começa e
acaba no tempo de um relâmpago, como a do seu avô
e de tantas outras pessoas queridas, que já retornaram para o lugar de onde vieram.
Os desafios importantes de nossas curtas jornadas,
deveriam servir, isto sim, para forjar sentimentos bons e corrigir trajetórias de vida, fazendo com que, no curso da caminhada, todos nos
ocupássemos de amealhar apenas os valores do bem,
exatamente aqueles capazes de acrescentar maior
transcendência à existência de cada um.
E é exatamente isso que você me ajuda a descobrir, a todo
instante. Obrigado, filho, por ter-me feito
abrir os olhos e o coração, tornando-me sensível às suas
necessidades, para, a partir delas, melhor compreender
as demandas dos meus semelhantes.
Obrigado por ter sido, desde sempre, fator de equilíbrio
e afeto em nossa casa, onde experienciamos as mais
variadas circunstâncias de vida.
Deus não nos teria outorgado o privilégio de protagonizarmos
nossos papeis nesta existência, se não possuíssemos perfis e
condições adequadas para isso. Tenho a certeza de que Ele confia muito em nós dois.
Portanto, que Deus o abençoe em mais este Dia dos Pais.
E que abençoando-o, abençoe também todos os outros filhos com necessidades especiais,
caminhando pela vida ao lado de seus pais, por este mundo a fora.
E que abençoe também aqueles que já perderam os
seus pais.Desejo sinceramente que você
prossiga sempre feliz.Obrigado pelos seus trinta e
três anos de vida, e pelo grande orgulho que me faz sentir quando me chama de
"Papai", um privilégio reservado apenas a certos pais numa altura desta da
jornada ao lado de seus filhos.
Não sei por quanto tempo ainda andaremos juntos, mas, obrigado meu filho,
por estar me transformando, a cada dia, numa pessoa um
pouco melhor.
Ariovaldo Cavarzan acavarzan@uol.com.br
CRÉDITOS
Formatação: Prado Slides
E-mail: jpamador@superig.com.br
Autor do texto: Ariovaldo Cavarzan
Imagens: Internet
Música: Memory
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